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CITAÇÕES E CONTEÚDOS

Qual é a esperança suprema do cristão? Há esperança de mudança, de


resgate, de transformação, de novas possibilidades no presente? A
resposta a essas
perguntas precisa levar em conta o seguin te: enquanto entendermos
que a “esperança cristã” é “ir para o céu”, e que a “salvação” é algo
essencialmente distante deste mundo, as duas perguntas parecerão
inevitavelmente inconciliáveis.

se a “esperança cristã” é para a nova criação de Deus, para “novos


céus e nova terra” — e se essa esperança já se manifestou na vida de
Jesus de Nazaré — então
estamos certos ao unir as duas perguntas. E se de fato é assim,
constatamos que as respostas estão também relacionadas.

Em geral, as pessoas supõem que os cris tãos creem numa “vida após
a morte” no sentido genérico,e não ima ginam como as noções mais
específicas sobre ressurreição, juízo,se gunda vinda de Cristo e outras
se encaixam nesse sistema de crenças, nem como se relacionam com
os interesses urgentes do mundo real.A questão não é simplesmente
estabelecer o que devemos crer em relação a alguém que morreu, ou
sobre o nosso provável destino pós-morte, embora isso também seja
importante. Trata-se de refletir seri amente sobre os propósitos de
Deus para o mundo e o que ele tem feito nesse sentido, como parte
desses propósitos.

Para muitos outros, novamente a julgar pela lite ratura disponível, a


reencarnação tem sido uma nova maneira de se praticar a psicanálise e
descobrir aspectos da personalidade decorren tes de vidas passadas.
Isso tudo se encaixa no contexto mais amplo da Nova Era, numa
mistura de diferentes crenças esotéricas com ilusões de autoajuda e
autorrealização.

Muitos pseudocristãos tentam persuadir a si mesmos e a outros que


esse ciclo contínuo de reencarnações corresponde, de fato, ao ensino
tradicional sobre
a imortalidade da alma e a ressurreição dos mortos.
Por fim, nas camadas populares, a crença em fantasmas e a
possibilidade de contato com os mortos têm resistido longamente aos
ataques da secularização.

Não pretendo apresentar uma descrição deta lhada das


diferentes crenças, mas apenas destacar algumas característi cas,
chamando a atenção para o fato de que todas são bem diferentes do
que podemos
considerar como a crença cristã ortodoxa. Posso afir mar, pelo que
pude observar, que a maioria das pessoas simplesmente não conhece
a crença cristã ortodoxa.

“um convite para redescobrir a beleza da vida, não porque a


temporalidade em si seja fonte de alguma graça, mas porque olhar para
o ordinário, a partir da extraordinariedade de Deus, faz com que tudo
assuma a cor e a forma da graça divina. Se tudo é dádiva, por tudo
temos que ser gratos. Nossa rotina não é fonte de sentido, mas também
não pode ser fonte de alienação do sagrado. O ordinário deve assumir
uma função, quase como um meio de graça. Mas para isso, é necessário
retomar a noção de que nosso mundo deve ser transparente, como um
vitral, através do qual os raios da eternidade e da glória de Deus
penetram nosso mundo.” (Igor Miguel – No Prefácio do Livro Liturgia do
Ordinário)

TISH Harrison Warren – Liturgia do Ordinário


“Como cristãos, acordamos a cada manhã como batizados. Somos
unidos a Cristo e a aprovação do Pai é declarada sobre nós. Somos
marcados desde o nosso primeiro momento da manhã por uma
identidade que nos foi dada pela graça: uma identidade que é mais
profunda e mais real do que qualquer outra identidade que vestiremos
nesse dia.”

“E a cada novo dia, esta é a rodada que o meu coração precisa jogar: eu
estou vivendo esta vida, a que está bem na minha frente. Está aqui em
que casamentos são difíceis. Está aqui em que não estamos vivendo
como deveríamos ou como gostaríamos. Está aqui onde estamos
cansados, onde queremos fazer a diferença, mas não temos certeza de
onde começar, onde precisamos colocar comida na mesa e escovar os
dentes das crianças, onde temos dor nas costas e semanas entediantes,
onde as nossas vidas parecem pequenas, onde temos dúvidas, onde
lutamos com a falta de sentido, onde nos preocupamos com quem
amamos, onde lutamos para encontrar o nosso próximo e amar os mais
íntimos, onde ficamos de luto, onde esperamos. E neste dia particular,
Jesus me conhece e declara que sou dele. Neste dia, ele está redimindo
o mundo, avançando o seu reino, nos chamando para nos arrepender e
crescermos, ensinando a sua igreja a adorar, se aproximando de nós e
nos tornando um povo todo seu.”

“O salmista declara: “Este é o dia que o Senhor fez”. Este aqui. Não
acordamos para uma misericórdia vaga ou genérica de um Deus
distante. Deus, com prazer e em sabedoria, fez, nomeou e abençoou
este dia comum. O que eu na minha fraqueza vejo como mais um dia
monótono numa série de dias, Deus me deu como um presente singular.
Quando Jesus morreu pelo seu povo, ele me conhecia pelo nome na
particularidade deste dia. Cristo não redimiu a minha vida teoricamente
ou abstratamente, a vida que eu sonhei viver ou a vida que eu pensava
que deveria viver, idealmente. Ele sabia que eu estaria hoje do jeito que
eu estou, na minha casa do jeito que ela está, nos meus
relacionamentos com sua beleza e miséria específicas, nos meus
A nova vida em que somos batizados é
pecados e lutas peculiares.
vivida em dias, horas e minutos. Deus está nos formando como
novas pessoas. E o lugar dessa formação é os pequenos
momentos do hoje.”

“Examinar a minha liturgia diária enquanto liturgia — como algo que


tanto revelou quanto moldou o que eu amo e adoro — me permitiu
perceber que as minhas práticas diárias estavam me distorcendo, me
deixando menos viva, menos humana, menos capaz de dar e receber
amor por meio do meu dia. Mudar esse ritual me permitiu formar um
novo hábito repetitivo e contemplativo que me apontaram para uma
forma diferente de estar no mundo.”


Nosso culto junto como igreja nos forma de uma maneira específica.
Precisamos ser formados como pessoas que valorizam o que dá vida,
não só o que está na moda ou que é barulhento ou excitante. Eu me
preocupo ao pensar que, quando o nosso culto se parece com um show
de rock ou um programa de entretenimento, estamos sendo formados
como consumidores, pessoas que estão atrás de arrepios e sobressaltos,
quando o que precisamos é aprender uma maneira de estar no mundo
que nos transforma diariamente com ritmos de arrependimento e fé.
Precisamos aprender os lentos hábitos de amar a Deus e aos que estão
ao nosso redor.
Nosso vício em estímulos, impulsos e entretenimento nos esvazia e nos
torna chatos, incapazes de abraçar as maravilhas ordinárias da vida em
Cristo.”
“O tipo de vida espiritual e as disciplinas necessárias para sustentar a
vida cristã são silenciosas, repetitivas e ordinárias. Eu frequentemente
quero pular as coisas entediantes e diárias para ter o êxtase de uma fé
ousada. Mas é no cotidiano da fé cristã, arrumar a cama, lavar a louça,
orar pelos nossos inimigos, ler a Bíblia, o silencioso, o pequeno, que a
transformação de Deus se baseia e cresce.”

“O ponto de trocar a minha liturgia matinal foi me habituar com a


repetição, com o tangível, com a tarefa diante de mim; me treinar,
dessa forma minúscula, a viver com os meus olhos abertos para a
presença de Deus neste dia ordinário.(...)
Eu precisava retreinar a minha mente a não se assustar com o primeiro
indício de tédio ou dar sobressaltos diante da quietude. Isso exigiu o
cultivo de um hábito.”

O LUGAR DA ESPERA NA VIDA CRISTÃ – Vanessa Belmonte

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