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Eutanásia

Deontologia Veterinária e Ética Profissional


Introdução

“Eutanásia é a indução da cessação da vida, por meio de método


tecnicamente aceitável e cientificamente comprovado, realizado, assistido
e/ ou supervisionado por médico veterinário, para garantir uma morte
sem dor e sofrimento ao animal.”

Resolução nº 1236 de 26 de outubro de 2018 do CFMV, art. 2º, inciso IX

“Eutanásia é a utilização ou emprego de substância apta a produzir a


insensibilização e inconscientização antes da parada cardíaca e respiratória
do animal.”

Lei estadual nº 11.977, de 25 de agosto de 2005, art. 23º,


parágrafo único, número 4
Quais casos a eutanásia é indicada?
Na resolução nº 1000, de 11 de maio de 2012, do CFMV, em seu art. 3º,
dispõem que a eutanásia é indicada quando:

“I - o bem-estar do animal estiver comprometido de forma irreversível, sendo


um meio de eliminar a dor ou o sofrimento dos animais, os quais não podem
ser controlados por meio de analgésicos, de sedativos ou de outros
tratamentos;
II - o animal constituir ameaça à saúde pública;
III - o animal constituir risco à fauna nativa ou ao meio ambiente;
IV - o animal for objeto de atividades científicas, devidamente aprovadas por
uma Comissão de Ética para o Uso de Animais - CEUA;
V - o tratamento representar custos incompatíveis com a atividade produtiva
a que o animal se destina ou com os recursos financeiros do proprietário.”
Quais casos a eutanásia é indicada?

Resolução nº 1236 de 26 de outubro de 2018 do CFMV, art. 5º, § 1º, considera:

“A eutanásia, o abate e a depopulação para fins de controle sanitário,


especialmente de animais sinantrópicos, não são considerados maus-tratos,
desde que seguidas as normas e recomendações técnicas vigentes para as
referidas práticas.”

No código de ética profissional do Médico Veterinário, capítulo II, no art. 6º é


dever:
“XIII - realizar a eutanásia nos casos devidamente justificados, observando
princípios básicos de saúde pública, legislação de proteção aos animais e
normas do CFMV;”
Quais casos a eutanásia é indicada?

Na Lei estadual nº 11.977, de 25 de agosto de 2005, estabelece em seu


artigo 35º, que o animal só poderá ser submetido à eutanásia de acordo
com protocolos estabelecidos pelos órgãos técnicos nacionais, estaduais ou
referendados por estes, sob estrita obediência às prescrições pertinentes a
cada espécie, sempre que encerrado o procedimento ou em qualquer de
suas fases, quando ética e tecnicamente recomendado, ou quando da
ocorrência de sofrimento do animal.
Vedação/Proibição

“Artigo 2º - Fica vedada a eliminação da vida de cães e de gatos pelos órgãos de


controle de zoonoses, canis públicos e estabelecimentos oficiais congêneres, exceção
feita à eutanásia, permitida nos casos de males, doenças graves ou enfermidades
infecto-contagiosas incuráveis que coloquem em risco a saúde de pessoas ou de outros
animais.”

§ 2º - Ressalvada a hipótese de doença infecto-contagiosa incurável, que ofereça risco


à saúde pública, o animal que se encontre na situação prevista no "caput" poderá ser
disponibilizado para resgate por entidade de proteção dos animais, mediante assinatura
de termo de integral responsabilidade.

Lei estadual nº 12.916, de 16 de abril de 2008.


e
Lei federal nº 14.228, de 20 de outubro de 2021.
Métodos Permitidos

De acordo com o Guia Brasileiro de boas práticas para eutanásia em animais, a


escolha do método de eutanásia, deverá considerar a espécie envolvida, a idade
e o estado fisiológico dos animais, bem como os meios disponíveis para a
contenção destes, a capacidade técnica do executor e o número de animais.
Devendo, ainda, o método ser:
1. compatível com os fins desejados e embasado cientificamente;
2. seguro para quem o executa;
3. realizado com o maior grau de confiabilidade possível, comprovando-se
sempre a morte do animal;
4. aprovado institucionalmente na Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA),
no caso de fins científicos.
Métodos Permitidos

Na resolução nº 1000, de 11 de
maio de 2012, do CFMV.
Métodos Permitidos

Na resolução nº 1000, de 11 de
maio de 2012, do CFMV.
Métodos Permitidos

Na resolução nº 1000, de 11 de
maio de 2012, do CFMV.
Procedimento
Art. 4º São princípios básicos norteadores dos métodos de eutanásia:
I - elevado grau de respeito aos animais;
II - ausência ou redução máxima de desconforto e dor nos animais;
III - busca da inconsciência imediata seguida de morte;
IV - ausência ou redução máxima do medo e da ansiedade;
V - segurança e irreversibilidade;
VI - ausência ou mínimo impacto ambiental;
VII - ausência ou redução máxima de risco aos presentes durante o
procedimento;
VIII - ausência ou redução máxima de impactos emocional e psicológico
negativos no operador e nos observadores;

Na resolução nº 1000, de 11 de maio de 2012, do CFMV.


Métodos Proibidos

Art. 15. São considerados métodos inaceitáveis:


I - embolia gasosa;
II - traumatismo craniano;
III - incineração in vivo;
IV - hidrato de cloral para pequenos animais;
V - clorofórmio ou éter sulfúrico;
VI - descompressão;
VII - afogamento;
Na resolução nº 1000, de 11 de maio de 2012, do CFMV.
Métodos Proibidos

VIII - exsanguinação sem inconsciência prévia;


IX - imersão em formol ou qualquer outra substância fixadora;
X - uso isolado de bloqueadores neuromusculares, cloreto de potássio ou sulfato de
magnésio;
XI - qualquer tipo de substância tóxica, natural ou sintética, que possa causar
sofrimento ao animal e/ou demandar tempo excessivo para morte;
XII - eletrocussão sem insensibilização ou anestesia prévia;
XIII - qualquer outro método considerado sem embasamento científico.

Na resolução nº 1000, de 11 de maio de 2012, do CFMV.


Dever do Médico Veterinário
Resolução nº 1000, de 11 de maio de 2012, do CFMV.

Art. 6º O médico veterinário responsável pela supervisão e/ou execução da eutanásia


deverá:
I - possuir prontuário com os métodos e técnicas empregados, mantendo estas
informações disponíveis para fiscalização pelos órgãos competentes;
II - garantir o estrito respeito ao previsto no artigo 4º;
III - ser responsável pelo controle e uso dos fármacos empregados;
IV - conhecer e evitar os riscos inerentes do método escolhido para a eutanásia;
V - prever a necessidade de um rodízio profissional, quando houver rotina de
procedimentos de eutanásia, com a finalidade de evitar o desgaste emocional
decorrente destes procedimentos;
Dever do Médico Veterinário
VI - garantir que a eutanásia, quando não realizada pelo médico veterinário, seja
executada, sob supervisão deste, por indivíduo treinado e habilitado para este
procedimento;
VII - esclarecer ao proprietário ou responsável legal pelo animal, quando houver, sobre
o ato da eutanásia;
VIII - solicitar autorização, por escrito, do proprietário ou responsável legal pelo animal,
quando houver, para a realização do procedimento.

Art. 7º Os animais deverão ser submetidos à eutanásia em ambiente tranquilo e


adequado, respeitando o comportamento da espécie em questão.

Art. 9º Os animais submetidos à eutanásia por métodos químicos não podem ser
utilizados para consumo, salvo em situações previstas na legislação específica.
Dever do Médico Veterinário

Complementando o Art. 6º da Resolução nº 1000, de 11 de maio de 2012, do


CFMV, o Guia Brasileiro de boas práticas para eutanásia em animais traz os
seguintes itens.

Cabe ao Médico Veterinário:


✓ atestar a morte do animal, observando a ausência dos parâmetros vitais;
✓ permitir que o proprietário ou responsável legal pelo animal assista ao
procedimento, sempre que o proprietário assim desejar, desde que não
existam riscos inerentes.
Documentação
Resolução nº 1.321 de 24 de abril de 2020, institui normas sobre os documentos no de
consentimento e esclarecimento para a prática de serviços e atos de Médicos
Veterinários.

Art. 10, VII - Termo de consentimento livre e esclarecido para realização de eutanásia.

No Art. 2º, inciso XIX, dessa mesma resolução traz a explicação sobre o termo citado
acima:
XIX - termo de consentimento livre e esclarecido para realização de eutanásia:
documento a ser apresentado por médico-veterinário para assinatura do responsável
pelo animal com o objetivo de formalizar a ciência e livre consentimento ou
autorização para realização de eutanásia no animal;
Outras atualização legislativas

Em 17 de setembro de 2019 o Supremo Tribunal Federal (STF) vedou o abate de


animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos, apreendidos em
situação de maus-tratos.

Em seu voto, o ministro Gilmar Mendes afirmou que a Constituição Federal é expressa
ao impor à coletividade e ao poder público o dever de defender e preservar o meio
ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gerações.
Outras atualização legislativas

O relator também destacou que, de acordo com a Lei dos Crimes Ambientais, os
animais apreendidos devem ser reintegrados preferencialmente ao seu habitat natural
ou entregues a instituições adequadas, como jardins zoológicos, fundações ou
entidades assemelhadas. Entretanto, autoridades públicas têm se utilizado da norma
de proteção em sentido inverso ao estabelecido pela Constituição, para determinar a
opção preferencial de abate de animais apreendidos em situação de risco.

Fonte: https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=473273&ori=1
Punições

Na Lei estadual nº 12.916, de 16 de abril de 2008, em seu Art. 8º impõe multa


pecuniária no valor correspondente a 500 (quinhentas) Unidades Fiscais do Estado de
São Paulo - UFESP, aplicadas em dobro na hipótese de reincidência, para os casos de
infração aos dispositivos desta lei.

Já as punições as infrações da Lei federal nº 14.228, de 20 de outubro de 2021 estão


presentes na Lei nº 9.605, de 12 de setembro de 1998, que dispõe sobre as sanções
penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.

Por fim, na Resolução nº 1000, de 11 de maio de 2012, do CFMV, parágrafo único do


art. 15º, diz que a utilização dos métodos inaceitáveis para eutanásia constitui infração
ética.
Bibliografia
✓ Resolução nº 1.236 de 26 de outubro de 2018 do CFMV.
✓ Lei estadual nº 12.916, de 16 de abril de 2008.
✓ Lei federal nº 14.228, de 20 de outubro de 2021.
✓ Lei federal nº 9.605, de 12 de setembro de 1998.
✓ Lei estadual nº 11.977, de 25 de agosto de 2005.
✓ Resolução nº 1000, de 11 de maio de 2012, do CFMV.
✓ Resolução nº 1.321 de 24 de abril de 2020, do CFMV.
✓ Guia Brasileiro de Boas Práticas em Eutanásia em Animais - Conceitos e Procedimentos
Recomendados - Brasília, 2012, CFMV.
✓ Site:https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=473273&ori=1
✓ Site:https://g1.globo.com/mato-grosso/agrodebate/noticia/2014/08/conselho-apura-erros-em-sacrificio-
de-cavalo-com-mormo-em-cuiaba.html
✓ https://gauchazh.clicrbs.com.br/geral/noticia/2014/06/Veterinario-e-processado-por-maus-tratos-a-caes-
usados-em-pesquisa-na-UFSM-4527360.html
✓ https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/noticias/2022/maio/juiz-suspende-eutanasia-de-cachorro-
com-leishmaniose
“Os animais são seres sencientes. Sentem amor, alegrias,
remorso e solidão. Respeitar os direitos dos animais é
celebrar a vida…” Prof. Jeferson Botelho Pereira

Obrigado.

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