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Conduta de médicos(as) veterinários(as) em

casos de crueldade e maus-tratos com


animais
Deontologia e Legislação Médica Veterinária

1.
Introdução
Em 26 de outubro de 2018, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) aprovou a
Resolução Nº 1236, que define e caracteriza crueldade, abuso e maus-tratos contra animais
vertebrados, dispõe sobre a conduta de médicos(as) veterinários(as) e dá outras providências.

Os pressupostos para que o Conselho Federal de Medicina Veterinária aprovasse uma resolução que
define maus-tratos a animais e orienta os profissionais médicos(as) veterinários(as) são:

1. O artigo 32, da Lei Federal nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, que trata dos crimes
ambientais, proíbe atos de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais nativos ou exóticos,
domésticos, domesticados ou silvestres.
2. A Emenda Constitucional nº 96/2017 e a Lei Federal nº 13.364/2016, que tratam sobre o
rodeio e a vaquejada, como expressões artístico-culturais elevando-as à condição de
manifestação cultural nacional e de patrimônio cultural imaterial.
3. As atribuições dos Conselho Federal e Regionais de Medicina Veterinária de fiscalizar o
exercício da medicina veterinária, bem como orientar, supervisionar e disciplinar as atividades
dos profissionais, sempre com a finalidade de promover o bem-estar animal e em respeito aos
direitos e interesses da sociedade.
4. Resolução CFMV nº 1.138, de 16 de dezembro de 2016, que aprova o Código de Ética do Médico
Veterinário e norteia comportamentos baseados na manutenção da saúde e na promoção do
bem-estar animal.
5. O fato que os médicos(as) veterinários(as) são os profissionais capacitados para identificar,
caracterizar e diagnosticar casos de crueldade, abuso e maus-tratos em animais.
6. A necessidade de orientar a equipe envolvida nos locais sob responsabilidade técnica de médico
veterinário no que se refere à necessidade de prevenir e evitar a crueldade, abuso e os maus-
tratos aos animais.
7. A crescente preocupação da sociedade quanto ao bem-estar animal e o impedimento ético e
legal de crueldade, abuso e maus-tratos contra animais.
2.
Caracterização de crueldade, abuso e
maus tratos contra animais vertebrados
Devido à falta de definição para a caracterização de “crueldade”, “abuso” e “maus tratos” aos
animais na legislação, principalmente nas situações que envolvam a perícia e julgamentos
executados pelos profissionais, foram estabelecidos os seguintes conceitos:

1. Animais vertebrados

Conjunto de indivíduos pertencentes ao reino animal, filo dos Cordados, subfilo dos Vertebrados,
incluindo indivíduos de quaisquer espécies domésticas, domesticadas ou silvestres, nativas ou
exóticas.

2. Maus-tratos

Qualquer ato, direto ou indireto, comissivo ou omissivo, que intencionalmente ou por negligência,
imperícia ou imprudência provoque dor ou sofrimento desnecessário aos animais.

3. Crueldade

Qualquer ato intencional que provoque dor ou sofrimento desnecessário nos animais, bem como
intencionalmente impetrar maus tratos continuamente aos animais.

Exemplo de crueldade: Elefante acorrentado, impedindo-o de deslocar conforme a sua vontade.

4. Abuso

Qualquer ato intencional, comissivo ou omissivo, que implique no uso despropositado, indevido,
excessivo, demasiado, incorreto de animais, causando prejuízos de ordem física e/ou psicológica,
incluindo os atos caracterizados como abuso sexual.

5. Abate
Conjunto de procedimentos utilizados nos estabelecimentos autorizados para provocar a morte de
animais destinados ao aproveitamento de seus produtos e subprodutos, baseados em conhecimento
científico, visando minimizar dor, sofrimento e/ou estresse.

6. Transporte

Deslocamento do(s) animal(is) por período transitório no qual subsiste com ou sem suporte
alimentar e/ou hídrico.

Transporte de suínos por via terrestre de uma propriedade para a outra ou para um abatedouro.

7. Comercialização

Situação transitória de exposição de animais para a venda no qual subsiste com ou sem suporte
alimentar e/ou hídrico.

8. Depopulação

Procedimento para promover a eliminação de determinado número de animais simultaneamente,


visando minimizar sofrimento, dor e/ou estresse, utilizado em casos de emergência, controle
sanitário e/ou ambiental.

9. Eutanásia

Indução da cessação da vida, por meio de método tecnicamente aceitável e cientificamente


comprovado, realizado, assistido e/ou supervisionado por médico veterinário, para garantir uma
morte sem dor e sofrimento ao animal.

10. Animais sinantrópicos

Animais que se adaptaram a viver junto ao homem, a despeito da vontade deste. Podem causar
prejuízos econômicos, transmitir doenças, causar agravos à saúde do homem ou de outros animais,
portanto, são considerados, em muitos casos, indesejáveis e problemas de saúde pública e/ou
ambiental.

11. Corpo de delito


Conjunto de vestígios materiais resultantes da prática de maus-tratos, abuso e/ou crueldade contra
os animais.

12. Contenção física

Uso de mecanismos mecânicos ou manuais para restringir a movimentação visando a proteção do


animal ou de terceiros durante procedimentos.

13. Contenção química

Uso de fármacos analgésicos, anestésicos ou psicotrópicos, cujo uso é de competência exclusiva de


médico veterinário, para restringir a movimentação visando a proteção do animal ou de terceiros
durante procedimentos.

Todas as práticas que ferem as cinco liberdades dos animais que são: livres de doenças; dor e
desconforto; fome e sede; medo e estresse; e também livre para expressar seu comportamento
natural, são consideradas crueldade e maus-tratos.

Conheça mais sobre as cinco liberdades dos animais. Acesse este site.

Na mesma Resolução, foram caracterizadas as situações consideradas maus tratos na rotina de


trabalho dos médicos(as) veterinários(as).

Situações que envolvem qualquer cidadão, inclusive médico(a) veterinário(a):

1. Abandonar animais;
2. Agredir fisicamente ou agir para causar dor, sofrimento ou dano ao animal;
3. Quando o tutor ou responsável não buscar assistência aos animais sob sua responsabilidade
quando necessária;
4. Não adotar medidas atenuantes a animais que estão em situação de clausura junto com outros
da mesma espécie ou de espécies diferentes, que o aterrorizem ou o agridam fisicamente;
5. Manter animal sem acesso adequado à água, alimentação e temperatura compatíveis com as
suas necessidades e em local desprovido de ventilação e luminosidade adequadas, exceto por
recomendação de médico(a) veterinário(a), observando-se critérios técnicos, princípios éticos e
as normas vigentes para situações transitórias específicas como transporte e comercialização;
6. Manter animais de forma que não lhes permita acesso a abrigo contra intempéries, salvo
condição natural que se sujeitaria;
7. Manter animais em número acima da capacidade de provimento de cuidados para assegurar
boas condições de saúde e de bem-estar animal, exceto nas situações transitórias de transporte
e comercialização;
8. Manter animal em local desprovido das condições mínimas de higiene e asseio;
9. Dificultar ou impedir a movimentação ou o descanso de animais;
10. Manter animais em condições ambientais de modo a propiciar a proliferação de
microrganismos nocivos;
11. Submeter ou obrigar animal a atividades excessivas, que ameacem sua condição física e/ou
psicológica, para dele obter esforços ou comportamentos que não se observariam senão sob
coerção;
12. Submeter animal, observada espécie, a trabalho ou a esforço físico por mais de quatro horas
ininterruptas sem que lhe sejam oferecidos água, alimento e descanso;
13. Utilizar animal enfermo, cego, extenuado, sem proteção apropriada ou em condições
fisiológicas inadequadas para realização de serviços;
14. Transportar animal em desrespeito às recomendações técnicas de órgãos competentes de
trânsito, ambiental ou de saúde animal ou em condições que causem sofrimento, dor e/ou
lesões físicas;
15. Adotar métodos não aprovados por autoridade competente ou sem embasamento técnico-
científico para o abate de animais;
16. Mutilar animais, exceto quando houver indicação clínico-cirúrgica veterinária;
17. Executar medidas de depopulacão por métodos não aprovados pelos órgãos ou entidades
oficiais, como utilizar afogamento ou outras formas cruéis;
18. Induzir a morte de animal utilizando método não aprovado ou não recomendado pelos órgãos
ou entidades oficiais e sem profissional devidamente habilitado;
19. Utilizar de métodos punitivos, baseados em dor ou sofrimento com a finalidade de
treinamento, exibição ou entretenimento;
20. Utilizar agentes ou equipamentos que causem dor ou sofrimento com o intuito de induzir
comportamentos desejados durante práticas esportivas, de entretenimento e de atividade
laborativa, incluindo apresentações e eventos similares, exceto quando em situações de risco de
morte para pessoas e/ou animais ou tolerados enquanto estas práticas forem legalmente
permitidas;
21. Submeter animal a eventos, ações publicitárias, filmagens, exposições e/ou produções artísticas
e/ou culturais para os quais não tenham sido devidamente preparados física e emocionalmente
ou de forma a prevenir ou evitar dor, estresse e/ ou sofrimento;
22. Fazer uso e/ou permitir o uso de agentes químicos e/ou físicos para inibir a dor ou que
possibilitam modificar o desempenho fisiológico para propiciar a sua participação em
competição, exposições, entretenimento e/ou atividades laborativas;
23. Utilizar alimentação forçada, exceto quando para fins de tratamento prescrito por médico(a)
veterinário(a);
24. Estimular, manter, criar, incentivar, utilizar animais da mesma espécie ou de espécies
diferentes em lutas;
25. Estimular, manter, criar, incentivar, adestrar, utilizar animais para a prática de abuso sexual;
26. Realizar ou incentivar acasalamentos que tenham elevado risco de problemas congênitos e que
afetem a saúde da prole e/ou progenitora, ou que perpetuem problemas de saúde pré-
existentes dos progenitores.

Situações que envolvem somente médico(a) veterinário(a):

1. Executar procedimentos invasivos ou cirúrgicos sem os devidos cuidados anestésicos,


analgésicos e higiênico-sanitários, tecnicamente recomendados;
2. Permitir ou autorizar a realização de procedimentos anestésicos, analgésicos, invasivos,
cirúrgicos ou injuriantes por pessoa sem qualificação técnica profissional;
3. Deixar de orientar o tutor ou responsável para que busquem assistência sanitária aos animais
sobe sua responsabilidade quando necessária;
4. Deixar de adotar medidas minimizadoras de desconforto e sofrimento para animais em
situação de clausura isolada ou coletiva, inclusive nas situações transitórias de transporte,
comercialização e exibição, enquanto responsável técnico ou equivalente;

É importante destacar que a eutanásia, o abate e a depopulação para fins de controle sanitário,
especialmente de animais sinantrópicos, não são considerados maus-tratos, desde que seguidas às
normas e recomendações técnicas vigentes para as referidas práticas.

Os sistemas produtivos ou de experimentação (ensino e pesquisa) que utilizam alojamento que


restringem severamente a movimentação e expressão de comportamentos naturais como, por
exemplo,gaiolas, celas, baias e práticas de manejo, são tolerados enquanto estes sistemas forem
legalmente permitidos.

3.
Conduta de médicos(as) veterinários(as)
Os atos de crueldade, abuso e maus-tratos aos animais constituem crime ambiental. Se praticados
por médicos(as) veterinários(as), constituem-se em infração ética profissional.

É dever de todo cidadão manter constante atenção à possibilidade da ocorrência de crueldade,


abuso e maus-tratos aos animais. Porém, a responsabilidade do médico veterinário é muito maior,
pois faz parte do juramento da profissão. Além disto, médico(a) veterinário(a) tem o dever de
prevenir e evitar atos de crueldade, abuso e maus-tratos, recomendando procedimentos de manejo,
sistemas de produção, criação e manutenção alinhados com às necessidades fisiológicas,
comportamentais, psicológicas e ambientais das espécies.

Caso o(a) médico(a) veterinário(a) constate ou suspeite de crueldade, abuso ou maus-tratos, deve
registrar no prontuário médico, parecer ou relatório para se eximir da participação ou omissão em
face do ato danoso ao(s) animal(is), indicando responsável, local, data, fatos e situações
pormenorizados, finalizando com sua assinatura, carimbo e data do documento. Este documento
deverá ser enviado imediatamente ao Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV) do
Estado de onde estiver inscrito, por qualquer meio físico ou eletrônico, para registro temporal. O
CRMV poderá enviar o respectivo documento para as autoridades competentes.

Nas situações em que seja constatado ou houver suspeita da prática de crueldade, abuso e/ou
maus-tratos realizados por médico(a) veterinário(a), a comunicação deve ser feita também ao
Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV) do Estado, onde o referido profissional atuar.

O(a) médico(a) veterinário(a) tem liberdade de atuação durante as suas atividades, determinados
prejuízos passageiros para o bem-estar animal, ações com os exclusivo propósito protegê-lo e/ou
curá-lo, e no menor tempo possível para que seja reestabelecida uma boa condição de bem-estar,
devendo documentar todo o período de intervenção como, por exemplo, orientar um produtor de
aves a transportar os animais em gaiolas pequenas para que não se machuquem durante o
deslocamento.

Transporte de aves em gaiolas na carroceria de um caminhão de uma propriedade para a outra ou para um abatedouro.

Cabe ao médico(a) veterinário(a) o dever de orientar os tutores ou proprietários de animais sobre


as práticas que impliquem em maus-tratos, abusos, crueldade e suas consequências, bem como
sobre a sua responsabilidade quanto ao bem-estar dos animais e suas necessidades.

A caracterização de crueldade, abuso e maus-tratos depende dos seguintes fatores:

a) avaliação da duração;

b) grau de severidade.

Os(as) médicos(as) veterinários(as) poderão diagnosticar crueldade, abuso e maus-tratos mediante


exame de corpo de delito consubstanciado em laudo pericial ou parecer técnico, podendo incluir
exames necroscópicos ou, em caso de animais vivos, a avaliação da saúde física e comportamental e
do grau de bem-estar dos animais, considerando os conjuntos de indicadores nutricionais,
ambientais, de saúde e comportamentais, validados em protocolos reconhecidos
internacionalmente.

A lei é para todos e não exime o(a) médico(a) veterinário(a) de arcar com as consequências éticas
além de penais. Portanto, caso o ato de crueldade, abuso e maus-tratos contra animais seja causado
por médico(a) veterinário(a), além de denunciar nos órgãos competentes (delegacia, Ministério
Público ou Ibama), a denúncia deve ser encaminhada para o Conselho Regional de Medicina
Veterinária do ES (CRMV-ES), que vai apurar os fatos e fiscalizar o exercício legal da profissão.

Será considerada infração ética a não observância do estabelecido na Resolução discutida neste
tópico, estando o profissional sujeito às penalidades previstas nos Códigos de Ética, sem prejuízo
das sanções cíveis, penais ou administrativas, no que couber.
4.
Lei de Crimes Ambientais
O art. 32 da lei 9.605/98 define o crime de maus-tratos da seguinte forma:

“Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou
domesticados, nativos ou exóticos:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

§ 1º. Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo,
ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.

§ 2º. “A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.”

Este artigo teve como mérito a uniformização do tratamento aos animais silvestres e domésticos.
Antes desta lei, apenas os maus-tratos praticados contra a fauna silvestre eram considerados crime.
Os maus-tratos aos animais domésticos consistiam em mera contravenção penal.

Outro avanço desta lei foi a de responsabilizar a pessoa jurídica, sem deixar de punir as pessoas
físicas. Desta maneira, permite, por exemplo, processar e punir empresas organizadoras de rodeios
e companhias de circo, independentemente das pessoas físicas que comandem ou promovam tais
atividades.

5.
Como reunir provas
A crueldade, abuso e maus-tratos contra animais pode ou não deixar vestígios como, por exemplo,
marcas ou sinais aparentes de sua ocorrência. Nas situações em que são deixados vestígios
(envenenamento, traumatismo, queimaduras, etc.), é imprescindível que seja realizado um laudo
pelo(a) médico(a) veterinário(a) para comprovar a causa da morte do animal.

Caso não haja provas como, por exemplo, o corpo do animal não seja encontrado, podem ser
colhidos depoimentos de testemunhas, fotos ou filmagens, que atestem que os maus-tratos tenham
acontecido. Há situações que podem não deixar vestígios. Por exemplo: o animal fica a maior parte
do dia acorrentado ou preso na pequena sacada do apartamento. Neste caso, não há participação
do(a) médico(a) veterinário(a), exceto se for causado por ele(a).

6.
Como denunciar
Segundo o Art. 23 da Constituição Federal Brasileira, é competência comum da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios:

VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas.

VII – preservar as florestas, a fauna e a flora.

De acordo com o art. 225, também da Constituição Federal Brasileira, todos têm o direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de
vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para os
presentes e futuras gerações.

§ 1.º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público:

VII – “proteger o Meio Ambiente adotando iniciativas como: proteger a fauna e a flora,
vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoque a
extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade.”.

Portanto, a denúncia pode ser feita nas delegacias comuns ou nas especializadas em meio-ambiente
ou animais. Também se pode denunciar diretamente no Ministério Público ou no IBAMA.

A Polícia Civil tem o Núcleo de Proteção aos Animais (NPA) localizado na Delegacia de Meio
Ambiente para atender casos de maus-tratos. O NPA funciona de segunda a sexta-feira, 9h às 18h,
mas as denúncias podem ser feitas em qualquer delegacia.

Na delegacia

É dever da autoridade policial receber a denúncia e fazer o boletim de ocorrência. Caso o policial se
negue a receber e registrar a denúncia, estará cometendo crime de prevaricação (retardar ou deixar
de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para
satisfazer interesse ou sentimento pessoal - art. 319 do Código Penal). Caso isso aconteça, o
denunciante deverá queixar-se ao Ministério Público ou à Corregedoria da Polícia Civil.

Às vezes, o denunciante fica com medo de ser o autor do Processo judicial. Entretanto, isto não
ocorre. O Decreto 24645/1934 descreve em seu artigo 1º: “Todos os animais existentes no país são
tutelados do estado”. Desta maneira, uma vez concluído o inquérito para apuração do crime ou
elaborado o Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), o Delegado o encaminhará ao juízo para
abertura da competente ação penal onde o autor da ação será o Estado.

No Ministério Público (MP)

O Ministério Público é quem tem a autoridade para propor ação contra os que causam atos de
crueldade, abuso e maus-tratos aos animais. Portanto, pode-se fazer a denúncia diretamente no
MP, o que dá mais rapidez ao processo.

Veja a relação abaixo dos locais que recebem as denúncias.


Núcleo de Proteção aos Animais (NPA) - Delegacia de Meio Ambiente - Rodovia BR 262, km 0,
Jardim América – Cariacica - Tel.: (27) (27) 3236-8136

Polícia Militar: ligue 190

Ouvidoria do Ministério Público do ES - Tel.: 127 / (27) 3194-4500

Delegacia Online - Tel.: (27) 3236-8139 ou (27) 3236-7269

7.
Conclusão
Ao publicar a Resolução nº 1.236, que institui o regulamento para conduta do médico-veterinário
em relação à constatação de crueldade, abuso e maus-tratos aos animais, o Conselho Federal de
Medicina Veterinária (CFMV) institui pela primeira vez uma norma com conceitos claros e que
diferencia práticas de maus-tratos, de crueldade e de abuso. Com isso, fortalece a segurança
jurídica, auxilia os profissionais que atuam em perícias médico-veterinárias, além de servir de
referência técnica-científica para decisões judiciais relacionadas aos maus-tratos praticados contra
animais.

8.
Referências
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA VETERINÁRIA. Resolução nº 1236, de 26 de outubro de
2018, que define e caracteriza crueldade, abuso e maus-tratos contra animais vertebrados, dispõe
sobre a conduta de médicos veterinários e zootecnistas e dá outras providências. Disponível em:

http://portal.cfmv.gov.br/lei/index/id/903

Acesso em: 09 nov. 2018.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil:


promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

Acesso em: 12 nov. 2018.

BRASIL. Lei Federal Nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras
providências. Disponível em

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9605.htm

Acesso em 12 nov. 2018.

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