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PROPÓSITO
Compreender o conceito e a prática de bem-estar animal aplicados aos animais de produção e
aos animais de companhia.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever os conceitos gerais de bem-estar animal
MÓDULO 2
MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
Na nossa sociedade, percebemos uma grande dificuldade de se chegar a um meio-termo entre
os interesses humanos e o bem-estar dos animais. Desde que os seres humanos passaram a
consumir produtos de origem animal, há uma relação de predação na qual os animais
permanecem em notória desvantagem. Além disso, a própria aproximação entre humanos e
animais de companhia pode gerar impactos em seu bem-estar.
Nesse contexto, vamos aprender a avaliar quando um animal tem qualidade de vida adequada
no ambiente em que habita e como podemos adequar os processos, com a finalidade de
oferecer o bem-estar físico e psicológico aos animais de produção e de companhia. Além disso,
vamos relacionar os dispositivos legais, levando em conta a evidência científica sobre os
sentimentos dos animais.
MÓDULO 1
O conceito de bem-estar é um tema bastante amplo, mas pode ser resumido no somatório de
contribuições para a melhora da vida dos animais. Assim, eles podem usufruir de harmonia
com o ambiente em que vivem, além de poderem ter condições físicas e mentais adequadas.
Para isso acontecer, o animal não pode sofrer maus-tratos, sentir medos, dores, aflições ou
enfrentar quaisquer situações desagradáveis que causem abalo em sua saúde física ou
psicológica. Além disso, o bem-estar requer prevenção de doenças, cuidados médico-
veterinários, manejo adequado e instalações que forneçam segurança. Portanto, em termos
práticos, o bem-estar animal estabelece o grau no qual as necessidades físicas, psicológicas,
fisiológicas, sociais, comportamentais e ambientais dos animais estão satisfeitas.
Fonte: Shutterstock.com
DOCUMENTOS LEGAIS
Dada a importância e a necessidade das práticas de bem-estar animal, em 2008, por meio da
Portaria nº 185, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) estabeleceu a
Comissão Técnica Permanente de Bem-estar Animal, que deve coordenar as distintas ações
de bem-estar animal indicadas pela Instrução Normativa nº 56/2008, que descreve as
Recomendações de Boas Práticas de Bem-Estar para Animais de Produção e de Empenho
Econômico (Rebem), abrangendo a produção e o transporte dos animais.
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A lei que oferece proteção aos animais é a Lei nº 9.605/1998, que tipifica condutas de abuso,
maus-tratos, ferimentos ou mutilações de animais, prevendo pena que varia de dois a cinco
anos de reclusão, além de multa e proibição de guarda de novos animais.
https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/sustentabilidade/bem-estar-
animal/arquivos/arquivos-legislacao/in-56-de-2008.pdf
LEI Nº 9.605/1998
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm
HISTÓRICO
Desde a década de 1980, a preocupação com o bem-estar animal passou por vários níveis de
evolução e, a partir dos anos 2000, começou a fazer parte dos principais meios de
comunicação do agronegócio. Porém, o conceito de bem-estar animal foi citado pela primeira
vez vários anos antes, em 1965, pelo comitê Brambell, um grupo dentro do Ministério da
Agricultura da Inglaterra que tinha como função avaliar as condições em que os animais eram
mantidos no sistema de criação intensiva.
Além disso, engloba os cuidados dispensados a esse animal. O nível de conforto oferecido e a
sua adaptabilidade ao meio têm extrema importância durante a avaliação do BEA, já que
alterações desses parâmetros podem afetar a saúde e a qualidade de vida dos animais.
Ademais, o bem-estar mental tem relação com o bem-estar físico e o natural. Podem ser
consideradas:
A EMOÇÃO
A COGNIÇÃO
A SENSAÇÃO
A PERCEPÇÃO
Nesse sentido, deve-se evitar qualquer fator que possa resultar em estresse ao animal. A
interação dos humanos com os animais, por exemplo, pode causar medo. Da mesma forma,
recintos próximos a barulhos, outras espécies predadoras, odores etc. podem causar
desconforto aos animais.
Fonte: Shutterstock.com
Ainda, para que sejam realizadas avaliações adequadas, fatores como a espécie, o sexo, a
raça e a idade não podem ser esquecidos, devido às diferenças de comportamento, fisiologia e
necessidades individuais.
Uma das primeiras estratégias utilizadas para avaliar o bem-estar dos animais foi a criação das
Cinco Liberdades dos Animais, princípios que visam à avaliação dos animais por meio da
inspeção e da observação de seus aspectos físicos, mentais e naturais.
Segundo esses princípios, para que um animal tenha seu bem-estar protegido, ele deve estar:
LIVRE DE FOME, SEDE E DESNUTRIÇÃO
O animal deverá ter acesso a água e alimento em quantidade e qualidade adequadas para a
sua espécie, a fim de manter a saúde e o vigor.
LIVRE DE DESCONFORTO
O ambiente no qual o animal vive deve ser adequado a sua espécie, com oferta de abrigo e de
local para descanso, facilidade de locomoção e conforto térmico.
Os animais devem usufruir de liberdade para agir de acordo com seu comportamento natural,
sendo, para isso, necessário um espaço adequado, instalações adequadas e companhia de
outros animais da mesma espécie, favorecendo, assim, a expressão de comportamentos
naturais.
Os animais não devem ser submetidos a condições que ofereçam sofrimento mental ou físico.
Dessa forma, podemos perceber que o bem-estar dos animais pode ser avaliado a partir da
análise desses cinco parâmetros, sendo, portanto, o resultado do somatório de cada liberdade
mensurada. Assim, é possível avaliar de forma abrangente os fatores que possam, de alguma
maneira, interferir negativamente na qualidade de vida de cada animal.
Fonte: EnsineMe.
Figura 1 - Cinco liberdades do bem-estar animal.
ATENÇÃO
Fonte: EnsineMe.
Figura 2- Os aspectos do bem-estar animal.
Neste vídeo, você conhecerá um pouco sobre os conceitos gerais de bem-estar animal.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) Cinco Facilidades.
B) Cinco Liberdades.
C) Cinco Produtividades.
D) Cinco Felicidades.
E) Cinco Qualidades.
A) Necessidades comportamentais.
B) Necessidades ambientais.
C) Necessidades psicológicas.
D) Necessidades fisiológicas.
E) Necessidades familiares.
GABARITO
1. Ao estudarmos sobre bem-estar animal (BEA), entendemos que, para o animal ter uma
boa qualidade de vida, é necessário um conjunto de ações. Dentre essas ações, uma
estratégia relacionando cinco pontos de relevância para que o animal viva bem é
amplamente utilizada em vários lugares do mundo. Essa estratégia é denominada:
Uma das primeiras estratégias utilizadas para avaliar o bem-estar dos animais foi a criação das
Cinco Liberdades, que consistem em princípios que visam à avaliação dos animais por meio da
inspeção e da observação de aspectos físicos, mentais e naturais dos animais.
2. Em termos práticos, o bem-estar animal estabelece que as necessidades dos animais
sejam satisfeitas. Dentre essas necessidades, as que não estão inclusas são as:
MÓDULO 2
Fonte: Shutterstock.com
A intensificação da produção animal observada nos últimos anos contribuiu para que as
pessoas perdessem parte da sensibilidade em relação ao sofrimento dos animais. Nesse
sentido, a World Animal Protection (antes conhecida como WSPA) percebeu a necessidade
de resgatar essa sensibilidade perdida, dando ênfase ao sofrimento desnecessário dos animais
envolvidos na cadeia produtiva de carne, leite, ovos e subprodutos em geral.
Além disso, a organização estabeleceu o programa Steps, que tem a intenção de empregar as
práticas de proteção do bem-estar aos animais de produção. Essa sociedade tem como
objetivo trabalhar para melhorar a qualidade de vida dos animais e evitar o seu sofrimento.
O programa Steps foi publicado no Brasil em 2012, com o apoio de diversas instituições, como
o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), o Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa) e a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE). O programa
estabelece melhorias no bem-estar dos animais de produção.
Não é o objetivo do nosso estudo discutir se é necessário ou não o consumo de carne na vida
das pessoas.
Porém, é um fato cientificamente comprovado que o excesso faz muito mal para a saúde. Tanto
o vegetarianismo (não consumo de carnes) como o veganismo (não consumo de nenhum
produto de origem animal) estão crescendo rapidamente em todo o mundo. Isso ocorre tanto
por questões éticas e religiosas quanto por uma grande busca pela saúde.
A Índia é o país com maior concentração de vegetarianos, somando 360 milhões de pessoas.
Atualmente, o Brasil ocupa o oitavo lugar em todo o mundo em relação à quantidade de
pessoas vegetarianas. Portanto, a preocupação com o bem-estar dos animais está atingindo
grandes proporções, fazendo com que, de fato, sejam criados parâmetros a fim de poupá-los
de sofrimentos desnecessários.
Fonte: Shutterstock.com
Fonte: Shutterstock.com
Do ponto de vista estritamente econômico, os animais têm sido vistos apenas como recursos a
serem empregados visando à produção e ao lucro. A preocupação atual com o bem-estar
animal provém do fato de que a busca pelo aumento da produção de alimento e a necessidade
da diminuição do custo de produção acarretaram o desenvolvimento de tecnologias cada vez
mais eticamente inaceitáveis nos sistemas de produção.
Por outro lado, os consumidores estão cada vez mais atentos às formas de produção mais
naturais, éticas e que promovam o bem-estar dos animais. Isso se reflete em um conflito entre
os interesses dos animais e dos produtores, e cabe à sociedade fazer essa escolha.
Com isso, práticas de enriquecimento ambiental são indicadas nos meios produtivos, para que
os animais recebam tratamento mais natural e que garanta o seu bem-estar.
Fonte: Shutterstock.com
ATENÇÃO
A criação de animais confinados, por exemplo, reduz o trabalho do produtor, facilita seu manejo
e diminui a perda energética.
Fonte: Shutterstock.com
Criação de vacas leiteiras confinadas.
Fonte: Shutterstock.COM
Descorna de uma cabra.
Outro fator comum na produção de animais para abate é a criação conjunta sem levar em
consideração os comportamentos das espécies. No caso da avicultura, por exemplo, a criação
de aves em alojamentos únicos pode levar a comportamentos agressivos, como a bicagem de
penas e o canibalismo. Assim, em muitos casos, é realizada a debicagem, que consiste na
remoção de parte do bico dessas aves para minimizar tais problemas. A debicagem é uma
prática que diminui o bem-estar animal, porém ainda é muito utilizada pela indústria de
produção.
Fonte: Shutterstock.com
Ave com bico parcialmente removido, processo conhecido
como debicagem, que reduz o bem-estar animal.
Fonte: Shutterstock.com
Grade de amamentação de suínos.
Outra prática comumente utilizada e que diminui o bem-estar dos animais é a grade de
amamentação de suínos. Uma das situações mais problemáticas na criação de suínos é o
espaço disponível para o parto e o cuidado dos leitões recém-nascidos. Ainda são comuns as
gaiolas individuais, com utilização de gradeamento para amamentação, que visam evitar o
esmagamento dos filhotes. Nesses espaços, as matrizes não conseguem se movimentar e
interagir com os leitões e são submetidas a grande sofrimento.
Outra prática comum é a transferência de leitões de ninhadas distintas para a creche, fazendo
a mistura de duas leitegadas de 9 a 12 semanas. Tem sido observado que essa mistura
provoca agressividade e inquietação. Manter os leitões nos mesmos lotes desde a maternidade
promove o comportamento mais natural entre eles.
Por muito tempo, o bem-estar dos animais e a alta produtividade foram considerados
antagônicos, porém estudos têm demonstrado que o estresse excessivo e o sofrimento dos
animais têm efeito negativo na produtividade e na qualidade dos alimentos. Quando o bem-
estar é pobre, pode haver quedas na produção de ovos e leite, na reprodução e no
crescimento, aumento da incidência de doenças e produção de carne de qualidade inferior.
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A velocidade do meio de transporte deve ser moderada e constante, para que os animais não
se machuquem ou se estressem.
Deve-se evitar paradas durante o percurso, porque elas dificultam a ventilação dos animais e
aumentam muito o tempo do transporte, estressando os animais.
Caso seja muito necessário realizar a parada, que seja feita em terreno plano e na sombra.
Caso ocorra um acidente durante o percurso, o transportador deve avisar o responsável pelo
BEA imediatamente.
ATENÇÃO
ATENÇÃO
É de extrema importância a avaliação do grau de severidade das lesões dos animais que se
feriram no acidente para que eles tenham um encaminhamento diferenciado dos demais. Caso
não seja possível a remoção do animal de dentro do veículo acidentado, desde que não
ofereça riscos ao operador, o abate será realizado no local, com a pistola e posterior sangria.
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O caminhão a ser utilizado para o transporte dos animais deve ter no máximo dois pisos.
Ao chegar à propriedade para carregar os animais, o caminhão deve ter sido previamente
higienizado e desinfetado, evitando, assim, a exposição a eventuais agentes contaminantes.
Devem ser respeitadas as dimensões mínimas e máximas de transporte dos animais nos
veículos utilizados. O produtor deve conhecer e atender as indicações particulares, que incluem
veículos adequados, espaço e medidas de segurança para cada espécie de animal que está
sendo transportada.
O transporte deve ser efetuado com calma, de preferência durante a noite, sempre
aproveitando as horas de menor temperatura. O cuidado deve ser redobrado quando o
transporte for feito em estradas não pavimentadas ou irregulares.
Quando o transporte exceder a duração de três horas, devem ser adotados cuidados especiais.
O primeiro passo importante para que todo o processo de abate saia corretamente e se
obtenha qualidade do produto é o manejo dos animais, que já tem início antes mesmo da
entrada do animal no caminhão para transporte.
O manejo pré-abate não é caracterizado somente pelas boas condições físicas que o animal
apresenta, mas também por uma viagem curta que ofereça conforto, para que,
consequentemente, o animal não apresente estresses desnecessários.
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O transporte adequado de animais deve seguir as indicações técnicas específicas para
cada espécie.
Nos últimos anos, após uma série de investimentos em treinamentos dos profissionais
encarregados pelo transporte, foi percebida uma considerável melhora na adoção de boas
práticas, reduzindo significativamente as ocorrências de mortes e amenizando o sofrimento dos
animais.
A duração do transporte dos animais tem ligação direta com as condições físicas e
psicológicas. A temperatura, o tipo de veículo, a movimentação durante o trajeto, o embarque e
o desembarque, o horário e o uso de equipamentos adequados influenciam no abate, porque,
quando realizados da maneira errada, acarretam sobrecarga para o animal e consequentes
problemas no produto final.
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Os animais não devem ser transportados de maneira irregular.
Processo eficaz de insensibilização, que induz a imediata perda da consciência, de modo a não
permitir a possibilidade de recuperação, para não ocorrer sofrimento até a morte do animal.
Para que o programa de BEA seja efetivo, é necessário que todos os profissionais envolvidos
estejam completamente comprometidos com os preceitos do bem-estar animal.
O Brasil, por ser um país exportador, é signatário da OIE, que estabelece diretrizes mundiais
para o abate humanitário no sentido de assegurar que os animais de produção não sofram
durante o período de pré-abate e abate. Segundo essas diretrizes:
MANEJADORES
Os manejadores deverão compreender o comportamento dos animais.
ABATIMENTO HUMANITÁRIO
Animais que se machucaram durante o transporte e estejam sem condições de se movimentar
deverão ser abatidos de forma humanitária e imediatamente.
TRANSPORTE
Os veículos utilizados para transporte deverão estar em bom estado de conservação, limpos e
adequados para o peso e o volume transportados.
EQUIPAMENTO
O equipamento alternativo de emergência para insensibilização deve estar disponível para o
caso de o primeiro método não ser eficaz.
CONDIÇÕES FÍSICAS
Animais conscientes não poderão ser arrastados ou forçados a fazer movimentos caso não
estejam em boas condições físicas.
Além de todas as exigências nacionais, existem também exigências internacionais, que são
embasadas em boas práticas de manejo, com a finalidade de minimizar o distresse (estresse
excessivo dos animais, que causa sofrimento) durante as etapas do processo de abate.
ESTABELECIMENTOS
Todos os estabelecimentos de abate devem ser acompanhados por um profissional
responsável pelo BEA (bem-estar animal).
FISCALIZAÇÃO DIRETA
Esse profissional deverá realizar a fiscalização direta, intensificando as prioridades na rotina e
determinando ações que supram todas as necessidades de bem-estar do animal.
QUALIFICAÇÃO
Qualificação da mão de obra, com treinamentos em bem-estar animal intensificados e
atualizados.
TREINAMENTOS
Registro de treinamentos de bem-estar animal e os respectivos treinamentos de reciclagem.
MANUTENÇÃO
Os equipamentos deverão ter toda a manutenção em dia.
MONITORAMENTO
Os registros de monitoramento deverão ser completos.
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BOVINOS
Essa etapa só pode ser iniciada a partir do momento em que todos os operadores estejam
prontos para fazer a insensibilização. Portanto, deve ocorrer de maneira precisa e rápida.
Dessa forma, faz-se importante a capacitação do operador e a manutenção em dia dos
equipamentos para funcionarem de maneira correta.
ATENÇÃO
Durante a passagem do animal pelo boxe, não se deve empurrar nem gritar, porque isso deixa
o animal em aflição, podendo ocasionar problemas sérios, como fraturas provocadas por
tumultos ou erros na insensibilização.
Etapa 2 – Insensibilização
Fonte: Shutterstock.com
Boxe de insensibilização.
1
Pistola pneumática de penetração.
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Pistola pneumática de penetração com injeção de ar.
3
Pistola de dardo cativo acionada por cartucho de explosão.
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Marreta.
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Martelo pneumático não penetrante.
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Eletronarcose e processos químicos.
As pistolas de dardos não penetrantes, em sua maioria, possuem a ponta do dardo em forma
de cogumelo, fazendo com que o crânio do animal sofra uma depressão sem perfuração,
resultando em perda da consciência. Quando os animais pesam acima de 10 kg, o dano ao
cérebro é menor e, devido a isso, o período de inconsciência pode ser mais curto, havendo o
grande risco de o animal acordar antes mesmo da realização da sangria.
ATENÇÃO
Segundo essa lei, a opção de abate é a eliminação do máximo de sangue possível do animal,
por meio de degola, que é o corte das artérias carótidas e veias jugulares. Todavia, nesse
processo não há insensibilização prévia à degola, portanto não são atendidas as exigências
éticas e técnicas para manutenção do bem-estar animal.
Fonte: Shutterstock.com
Área de vômito.
ATENÇÃO
Na área de vômito, não é permitido mais de um animal por boxe, para garantir que todos
passem para a sangria devidamente inconscientes e livres de qualquer dor.
Por isso, o tempo é um fator crucial. Os sinais de insensibilização deficiente são reflexos,
vocalizações, contração dos membros e movimentos oculares.
Etapa 4 – Sangria
Consiste na perda de sangue e na morte do animal. O procedimento consiste na realização de
uma incisão nos grandes vasos que emergem do coração (artérias carótidas e cerebrais).
Dessa forma, o coração fica impedido de bombear o sangue e ocorre o choque hipovolêmico,
seguido da morte do animal. O tempo entre a insensibilização e a sangria é de 60 segundos.
SUÍNOS
Fonte: Shutterstock.com
Outro ponto importante é o jejum de 16 horas de alimento dos suínos antes do abate. O
fornecimento de água deve ser mantido sem restrições. Outro procedimento realizado para
favorecer o relaxamento dos animais é deixá-los em galpões com luzes apagadas no dia
anterior ao abate.
ATENÇÃO
Segundo especialistas, essa prática contribui significativamente para a redução das taxas de
mortalidade durante o período de transporte e aumenta a rapidez do processo de evisceração,
possibilitando, assim, maior segurança alimentar.
Etapa 2 – Insensibilização
Consiste na instantânea e completa inconsciência e é realizada por meio de choque elétrico,
com voltagem de 350 a 750 volts e baixa amperagem, de 0,5 a 2 amperes.
Esse procedimento é realizado atrás da orelha do animal, nas fossas temporais, e dura em
média de seis a dez segundos.
Fonte: EnsineMe.
Aplicação de choque atrás das orelhas do animal (fossas temporais).
Para que o animal não seja submetido a uma quantidade de choques em excesso, é de
extrema importância o bom preparo do profissional responsável por realizar o procedimento de
insensibilização. O excesso de choques pode causar queimaduras e dores desnecessárias.
Atualmente, existem alguns frigoríficos que realizam a insensibilização por inalação de gás
CO2 em altas concentrações. Nesse tipo de procedimento, a função neural do animal fica
Etapa 3 – Sangria
Segundos após a insensibilização, os animais são encaminhados para o procedimento de
sangria para a remoção total do sangue. Em seguida, é feita a escaldagem, procedimento em
que o animal é colocado em um tanque com água aquecida. Com isso, prepara-se a carcaça
para a remoção dos pelos.
A sangria é a técnica de abate dos suínos que só deverá ser realizada após se ter a certeza de
que os animais estão completamente insensibilizados. Deve ser feita imediatamente após a
insensibilização, garantindo que o sangue escoe por completo, antes que o animal volte à
consciência.
Fonte: Shutterstock.com
Sangria.
O procedimento de sangria pode ser feito com o animal na horizontal ou na vertical. O tempo
entre a insensibilização e o início da sangria deve ser de, no máximo, trinta segundos. Nesta
técnica, é feita uma secção dos grandes vasos com uma faca, perfurando o peito do animal.
ATENÇÃO
A sangria deve ocorrer por pelo menos três minutos e devem ser retirados, aproximadamente,
50% do sangue do animal. Durante a sangria, não é recomendada a manipulação do animal.
AVES
Etapa 1 – Pendura
Fonte: Shutterstock.com
Pendura.
Compressão.
Essa é uma etapa potencialmente dolorosa para a ave, em que comumente ocorrem lesões
hemorrágicas. A dor no processo de pendura está diretamente relacionada ao tamanho das
pernas do animal. Os machos têm pernas mais longas e grossas, então a pressão do gancho é
aumentada. As aves têm em torno de 21 receptores de dores nas pernas. Assim, à medida que
a pressão aumenta, maior é a dor das aves.
ATENÇÃO
Uma das mais recentes inovações é a utilização do atordoamento a gás no abate de frangos,
tendo como agente o CO2, um gás anestesiante. Esse processo faz com que as aves fiquem
inconscientes, relaxando seus músculos, beneficiando diretamente a qualidade e o rendimento
do processo e zelando pelo seu bem-estar.
Porém, mesmo com esse método, a realização da pendura é feita normalmente, ocasionando
extrema dor aos animais.
Etapa 2 – Insensibilização
Fonte: Shutterstock.com
Insensibilização.
Os animais são imersos em uma cuba com água eletrificada para serem submetidos à perda
da consciência imediata. Esse sistema elétrico é mais utilizado porque o custo é bem mais
baixo quando comparado ao da insensibilidade por gás.
ATENÇÃO
A alta voltagem apenas causará insensibilização, não a parada cardíaca. Assim, pode ocorrer o
retorno da consciência caso a ave não passe pela sangria rapidamente.
Etapa 3 – Sangria
A sangria é realizada seccionando-se os grandes vasos que emergem do coração da ave, em
um corte preciso. O processo deve perdurar por no mínimo três minutos. O tempo de
permanência da ave em estado de inconsciência e sangria é curto.
A sangria é indicada em 100% dos casos, mesmo quando é feita a eletroforese seguida de
parada cardíaca, porque não é possível garantir quando a ave está realmente morta. Em
seguida, o animal irá para o tanque de escaldagem.
Neste vídeo, você conhecerá um pouco sobre as técnicas de bem-estar animal para animais de
produção.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
B) Evacuação.
C) Insensibilização.
D) Mentalização.
E) Desmineralização.
A) Dois minutos.
B) Dez minutos.
C) Sete minutos.
D) Um minuto.
E) Três minutos.
GABARITO
MÓDULO 3
Ter um animal de estimação está entre as melhores escolhas que um ser humano pode fazer,
inclusive para melhorar a sua saúde. A convivência com eles ajuda no tratamento da
depressão, da ansiedade, do estresse e até das doenças cardiovasculares. Porém, uma das
grandes dificuldades encontradas atualmente diz respeito à humanização. Essa postura que os
humanos vêm adotando está causando sobrecargas nos animais, que acabam não
reconhecendo mais a sua própria essência e podem desenvolver problemas comportamentais
devido ao excesso de cuidados por parte dos tutores.
Quando nos referimos aos cães, muitos passam a mudar os comportamentos normais da
espécie, como, por exemplo:
1
Perdem a capacidade de farejar.
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Não interagem com outros animais.
3
Não se sujam.
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Dentre todas as responsabilidades que um tutor deve ter com seus animais, a castração é uma
das mais importantes. Os benefícios para machos e fêmeas, cães e gatos, adultos ou filhotes
são inúmeros. Além dos vários pontos positivos à saúde animal, a responsabilização dos
tutores evita a superpopulação, inexistindo a possibilidade de crias indesejáveis e de filhotes
abandonados.
OS BENEFÍCIOS OFERECIDOS PELA CASTRAÇÃO
VÃO DESDE A PREVENÇÃO DE ALGUNS TIPOS DE
CÂNCERES ATÉ A DIMINUIÇÃO DO ESTRESSE EM
DEMARCAR TERRITÓRIOS (MACHOS) E A
POSSIBILIDADE DE UMA GRAVIDEZ PSICOLÓGICA E
FRAGILIDADE NA SAÚDE QUE O CIO PROVOCA NAS
FÊMEAS. O AUMENTO DA EXPECTATIVA DE VIDA
TRAZIDA PELA CASTRAÇÃO JÁ É CIENTIFICAMENTE
COMPROVADO.
Além disso, a castração evita a superpopulação de animais de rua, que não têm suas
necessidades básicas atendidas e são submetidos a extremo sofrimento. Assim, a castração é
um importante instrumento na busca do bem-estar animal.
Diferentes espécies animais são tidas como companhia ao homem, sendo que as mais
populares são o cão e o gato. Em alguns casos, mesmo animais comumente observados como
de produção podem ser encontrados servindo como de companhia. No caso de cães e gatos,
tem sido muito mais comum verificar as discussões sobre bem-estar mescladas a assuntos
como abandono, maus-tratos e controle populacional.
Na última década, houve uma mudança significativa na importância dos animais de companhia
em relação ao indivíduo e à família, sendo criado até mesmo o termo “família multiespécie”
para denotar famílias que agregam um animal de companhia em seu núcleo. Um conceito mais
emocional e subjetivo vem sendo atribuído cada vez mais ao animal.
Se, por um lado, isso favoreceu a preocupação com o bem-estar dos animais de companhia,
por outro, houve certa banalização da sua presença, culminando em abandono ou destrato
diante de insatisfações do tutor ou de quaisquer problemas que o animal venha apresentar.
Além disso, seu comportamento natural vem sendo suprimido por uma crescente atribuição de
caracteres nitidamente comuns ao gosto e às necessidades do homem.
ATENÇÃO
A maior parte dos criadouros e canis não exclui do processo de seleção características
indesejáveis, pois isso envolveria a exclusão de alguns indivíduos da linha reprodutiva, o que
diminuiria a margem lucrativa da produção. Assim, a seleção artificial de cães e gatos, na
maioria das vezes, provoca a seleção de doenças e características indesejadas, pois é feita de
forma irresponsável.
Cães da raça pug são muito demandados no mercado de compra de animais de estimação. No
entanto, têm uma série de problemas de saúde, como questões respiratórias, hipotireoidismo e
doenças de pele que resultam da seleção artificial de suas características.
Fonte: Shutterstock.com
Raça pug.
Fonte: Shutterstock.com
A eutanásia de animais domésticos pode ser indicada para
diminuir a dor e o sofrimento dos animais doentes. No entanto,
deve ser feita por profissional habilitado e utilizando
técnicas que atendam às exigências do BEA.
EUTANÁSIA
Outra questão bastante polêmica e que deve ser levada a sério é a necessidade de eutanásia
de animais domésticos. Em diversos momentos, o acúmulo de doenças e problemas físicos
impõe aos bichos domésticos dor e sofrimento intensos, sendo indicada a eutanásia profilática.
POSSE RESPONSÁVEL
A posse responsável pode ser compreendida como uma série de ideias que ajudam os tutores
e responsáveis por animais a compreenderem suas necessidades. Ou seja, é um conjunto de
regras básicas que deverá ser seguido por quem é responsável por um animal,
independentemente do porte, com a finalidade de garantir a saúde física e mental das
espécies.
Portanto, a posse responsável pode ser compreendida, ainda, como a condição na qual o
responsável compromete-se com o bem-estar, assumindo uma série de responsabilidades e
deveres voltados às necessidades físicas, psicológicas e ambientais de seu animal de
companhia.
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Mesmo para esses animais, a prevenção de possíveis riscos, como transmissão de doenças e
agressão a terceiros, também deve ser avaliada.
Atualmente, existem cinco passos a serem seguidos por todos aqueles que se disponibilizam a
ter um animal sob sua responsabilidade:
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Outro fator muito importante a ser pensado é se o animal poderá acompanhar a família durante
as férias. O uso de avião para as férias é muito normal; sendo assim, deve-se pensar
previamente sobre o porte do animal e o valor a ser pago para que ele possa acompanhar a
família na viagem aérea. Caso a família se desloque para lugares onde não há a possibilidade
de levar o animal ou as viagens sejam muito prolongadas, é necessário pensar em qual lugar o
animal irá ficar, não esquecendo que, se for um local comercial, deve-se procurar referências
para atestar que o bem-estar do animal será mantido.
Cuidar bem de um animal vai muito além de fornecer alimentos de qualidade e água limpa. Os
pets precisam de carinho, brincadeiras, conforto e cuidados veterinários. Os profissionais da
área devem conhecer essas questões e orientar corretamente seus clientes sempre que forem
procurados antes da adoção de um animal.
Fonte: Shutterstock.com
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É fundamental que sejam mantidas a higiene e as condições
sanitárias adequadas para promover a saúde, não
só do animal, mas de toda a família.
Ainda, a escolha do animal deve levar em conta as características do ambiente onde ele irá
viver. Não é apropriado colocar um animal de grande porte em uma casa pequena; também
não é indicada a criação de um animal típico de inverno em locais quentes. Nesse sentido, é
importante que o ambiente atenda às necessidades fisiológicas do animal, que envolvem, por
exemplo, a área disponível e o clima adequado.
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É importante que o animal tenha condições ambientais
apropriadas às necessidades da espécie. O husky siberiano,
por exemplo, é um animal de climas extremamente frios e
não deve viver em locais com clima quente, pois isso
não atende às exigências de BEA.
Devemos falar, ainda, da necessidade de estímulos e atividades que variam de acordo com as
espécies. Algumas espécies de animais precisam de muitos estímulos e atividades diárias para
gastar a energia. Outras espécies, por sua vez, precisam de menos tempo de atividade diária.
Na posse responsável, o proprietário deve estar disponível para estimular a espécie de acordo
com suas necessidades. O estímulo inadequado pode influenciar no BEA e causar alterações
comportamentais, por exemplo. É muito comum que animais pouco estimulados se lambam
excessivamente e realizem automutilação.
Nesse caso, o enriquecimento ambiental, com a inclusão de estímulos no ambiente, pode ser
uma alternativa bastante interessante. Fornecimento de brinquedos e desafios que distraiam os
animais é uma ótima alternativa.
Atualmente, há diversas instituições que realizam um trabalho muito sério resgatando animais
abandonados, fazendo a castração e doando-os para famílias responsáveis.
Se a opção for por um animal de raça, é de extrema importância pesquisar sobre criadores
sérios, que realmente amem os animais. Infelizmente, a maioria se preocupa apenas com o
lucro, não prezando pelo mínimo bem-estar dos animais.
Fonte: Shutterstock.com
O enriquecimento do ambiente com diferentes estímulos
é uma alternativa para garantir o BEA de animais domésticos.
Adestramentos que ofereçam estímulos dolorosos, como choques e pancadas, não são
aceitos. Qualquer método que ofereça medo e pavor aos animais não é indicado. Temos que
pensar que, dentro dos objetivos do BEA, devemos garantir que os animais estejam livres de
dor, doença, desconforto, medo e estresse.
O adestramento pode ser muito interessante para garantir o BEA, pois diminui a ansiedade nos
animais e traz conforto. No entanto, as técnicas utilizadas devem atender aos princípios do
BEA, não sendo aceitáveis as que causem sofrimento durante processo.
Fonte: EnsineMe.
Etapas que deverão ser seguidas antes da aquisição de um animal de companhia.
Neste vídeo, você conhecerá um pouco sobre a importância do bem-estar para animais de
companhia.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) A regra de que quem doa o animal só pode entregá-lo para seus parentes, para que tenha
controle de como será cuidado.
C) A entrega de um animal para uma família com amigos que ajudarão, financeiramente, nos
tratamentos e na alimentação de que o animal precisará no decorrer da vida.
A) Infecção urinária.
D) Gravidez psicológica.
E) Controle populacional.
GABARITO
A posse responsável pode ser compreendida como uma série de ideias que ajudam os donos e
responsáveis por animais a compreenderem suas necessidades. Ou seja, é um conjunto de
regras básicas que deverá ser seguido por quem está responsável por um animal,
independentemente do porte e da espécie, com a finalidade de garantir sua saúde física e
mental.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer dos nossos estudos, vimos a dificuldade de conciliar o BEA com os interesses
financeiros e alimentares humanos. Foi possível perceber que os animais têm senciência.
Assim, os procedimentos servem apenas para minimizar o sofrimento, contudo não é possível
extingui-lo completamente.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, E. H. P. Maus-tratos contra animais. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, v. 17, n. 122,
mar. 2014.
DEFINITION of Companion Animal. ASPCA, 2018. Consultado em meio eletrônico em: 17 dez.
2020.
Busque, na internet, a Declaração Universal dos Direitos dos Animais e compare-a com as
práticas atuais. Os direitos são respeitados?
CONTEUDISTA
Maria Fernanda Cagliari Guimarães de Oliveira
CURRÍCULO LATTES