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Bem Estar E Legislação De Animais Silvestres Em

Zoológicos E CETAS

INTRODUÇÃO

Bem-estar animal é o estado de completa satisfação fisiológica, emocional e social, na qual


eles se sentem livres para agir e viver como quiserem, onde fiquem à vontade e não haja limitações ou
impedimentos, sem controlar ou restringir seus hábitos e costumes. Ou seja, refere-se à promoção da
qualidade de vida dos animais em um determinado ambiente, ao qual estejam inseridos.

Esse termo deve ser relacionado à outros conceitos, como necessidades, liberdade,
adaptação, controle, sentimentos, sofrimento, dor, ansiedade, medo, tédio, estresse e saúde, que se
interligam e convergem para a ocorrência do bem-estar animal.

Trata-se de algo inerente e exclusivo dos animais, que não pode ser dado pelo homem, ele
apenas fornece condições adequadas para que os animais possam construir seu bem-estar no local
em que se encontram.

Os zoológicos não são apenas locais de lazer e observação de animais, eles possuem um
importante papel na conservação de espécies, desenvolvimento e aperfeiçoamento profissional,
pesquisa científica e educação ambiental.

Por esse motivo, é preciso que sejam cumpridas diversas exigências relacionadas à aquisição
dos animais e o modo como eles são mantidos em cativeiro, já que o espaço em que vivem deve ser
semelhante ao seu habitat natural, e portanto, oferecer condições dignas de saúde, alimentação e lazer,
que propiciem um adequado bem-estar para seus moradores.

OBJETIVOS

Inicialmente, os zoológicos foram criados com o propósito de exibir animais exóticos ou


selvagens ao público. Mas atualmente os objetivos desses locais vão muito além do lazer e diversão,
incluindo a conservação e preservação das espécies, com foco na reprodução de animais em cativeiro,
principalmente daqueles ameaçados de extinção, ou seja, cuja população e habitat estão
desaparecendo rapidamente, de forma que a reprodução natural não consegue mais manter o número
de indivíduos da espécie crescendo. Dessa forma, os animais que são adquiridos pelos zoológicos
passam por um processo de estudo, feito por biólogos e veterinários, que visam a conservação das
espécies ameaçadas e sua reintrodução na natureza.

Também é preciso ressaltar o desenvolvimento e aperfeiçoamento constante dos profissionais


que lidam com os animais, para que se tenha uma boa interação, e não haja prejuízos para ambos.

A pesquisa científica é outro ponto muito beneficiado pelos zoológicos, tanto para trazer cada
vez mais melhorias para esses lugares, quanto para aprimorar o trabalho que é feito com os animais.

A educação ambiental vem sendo muito divulgada pelos zoológicos, na tentativa de


conscientizar as pessoas à respeito da importância da conservação e preservação das espécies, e o
ecossistema ao qual cada uma delas pertence, englobando conceitos como, zoologia, ecologia,
botânica, fisiologia etc. Dessa forma, esse método de estudo vem sendo muito aplicado na sociedade,
devido aos seus resultados positivos, o que faz com que as escolas procurem os zoológicos com o
intuito de proporcionar um conhecimento dinâmico para os alunos, que podem ter contato com os
animais, conhecer seus hábitos e entender a importância de sua preservação.

Não podemos deixar de destacar o lazer como um dos objetivos de um zoológico, pois oferece
às pessoas a chance de conhecer animais exóticos, naturais de outros países, que provavelmente elas
não poderiam conhecer facilmente. No entanto, é preciso garantir à esses animais uma forma de
enriquecimento ambiental, para que ele seja o mais parecido possível com seu habitat natural, proteção
para que as pessoas não possam se aproximar de suas jaulas e nem oferecer alimento, e
principalmente que eles não sejam estressados desnecessariamente.

BEM ESTAR E ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL

Os zoológicos devem oferecer um ambiente adequado à cada tipo de espécie animal que ele
abriga, visando a manutenção de seu bem estar físico e social, fazendo com que o local em que ela
esteja inserida seja o mais parecido possível com seu habitat natural, proporcionando liberdade,
diversão, saúde e conforto, como por exemplo, adequação do tamanho da jaula, inserção de ambientes
mais verdes, construção de lagos ou rios artificiais, visando otimizar o bem estar dos bichos, e fazendo
com que eles sintam que estão na natureza da qual vieram.

Uma das principais formas de manter o bem estar desses animais é o Enriquecimento
Ambiental, capaz de melhorar a vida dos animais que vivem em cativeiro. Essa pratica reduz o estresse,
previne o surgimento de comportamentos anormais ou promove o tratamento de tais comportamentos
na vida em cativeiro. Com isso, animais que vivem em um ambiente enriquecido tendem à ter
comportamentos semelhantes aos que demonstram na natureza, onde teriam a oportunidade de
trabalhar para sobreviver, podendo interagir, através de diferentes reações, às invenções e aos objetos
colocados em seu recinto. É preciso ressaltar que na natureza os animais estariam constantemente
procurando por comida, fugindo de predadores, procurando e disputando por parceiros, ou seja, à todo
momento estariam tendo uma troca com um ambiente dinâmico, devido aos desafios diários que seriam
obrigados à lidar. Mas nos recintos dos zoológicos a alimentação é fornecida periodicamente, e eles
são protegidos de qualquer inconveniência, o que não prejudicial, mas pode comprometer a ação dos
animais frente ao inesperado, devido à falta de desafios e imprevistos, que seriam corriqueiros na vida
selvagem.

Com isso, animais que não são estimulados, física e mentalmente, ou que sejam colocados em
condições que não permitam a demonstração de comportamentos específicos, podem vir a apresentar
estereotipias ou ficarem entediados.

Mais de 85 milhões de animais que vivem em cativeiro, sejam eles de produção, laboratório ou
zoológico, apresentam algum tipo de estereotipia (transtorno) comportamental, como por exemplo
jogada da cabeça para traz, sentido ao flanco. Porém, uma análise demonstrou 90% de eficiência na
prática de enriquecimento ambiental, reduzindo assim os comportamentos anormais das espécies.
Além de promover o bem-estar dos animais em cativeiro, um ambiente rico também pode reduzir o
estresse, e fazer o tratamento de tais comportamentos (McPhee and Carlstead, 2010). Também alivia
os efeitos do estresse na fisiologia sexual, o que beneficia a reprodução, auxilia em possíveis
reintroduções dos animais na natureza, já que por estarem habituados à esse ambiente, sua adaptação
não seria prejudicada.

Basicamente, o Enriquecimento Ambiental consiste na colocação de diversas formas criativas


de interação nos recintos dos animais, visando a manutenção do bem estar em cativeiro, devendo ser
adequado à espécie em questão, e garantindo a segurança de todos.

Segundo Thomas et al. (2005), o enriquecimento ambiental é um melhoramento no


funcionamento biológico do animal, através do aumento no sucesso reprodutivo e melhora na saúde
física, como resultado das modificações do seu ambiente. De acordo com (McPhee and Carlstead,
2010) existem cinco tipos de EA – Enriquecimento Ambiental, sendo os seguintes:

Físico: Está relacionado à estrutura física do recinto. Consiste na introdução de aparatos que
deixam o ambiente semelhante ao habitat natural da espécie, como colocação de poleiros e cordas
para aves, tanques para hipopótamos e ursos, galhos e cordas para macacos;

Sensorial: Consistem em estimular os cinco sentidos do animal, auditivo, visual, olfativo, tátil e
gustativo, através da colocação de sons com vocalizações, odores de fezes e urina, “trilhas de cheiros”
com o objetivo de estimular a busca por alimentos, utilizando essências de limão, alecrim, canela,
citronela e até mesmo fezes de animais de outros recintos, visando a marcação de território;

Cognitivo: Tem como objetivo estimular a inteligência dos animais. Ocorre através de
dispositivos mecânicos que precisam ser manipulados, como “quebra-cabeças” por exemplo;
Social: Caracterizada por interações internas (podem ocorrer relações entre espécies ou
interespécies, colocando diferentes espécies no mesmo local). Os animais têm a oportunidade de
interagir com outros, ou com indivíduos da mesma espécie que coexistem na natureza;

Alimentar: De acordo com os hábitos de cada espécie, pode promover um ambiente que se
aproxime do habitat natural do animal, podendo ser feito através de alterações na forma como a
alimentação é fornecida, fazendo com que os animais tenham que obter sua própria comida, como no
caso dos carnívoros, escondendo ossos no recinto ou em pneus.

Essa forma de aumentar o bem estar dos animais pode ser feita com o auxílio de tubos de
PVC, bolas de plástico duras, bambus, ratos de brinquedo, frutas congeladas, gravetos, capim e folhas
secas, cordas, garrafas pet, sangue, urina e fezes. Todos esses itens precisam ser atóxicos, não podem
facilitar a fuga dos animais ou ocasionar ferimentos à eles, e também não podem arremessados,
podendo ferir outras pessoas. Além disso, devem se adequar ao tipo de recinto que irão integrar, não
podendo permanecer por muito tempo nele, já que isso deixaria de ser uma novidade para o animal,
por isso faz-se necessários que essas alterações sejam feitas com determinada frequência. Por último,
é preciso respeitar o direito de escolha, ou seja, eles não são obrigados à interagir com todos os itens
oferecidos.

Entretanto, como esses animais são criados em ambientes mais complexos, sua aprendizagem
pode ser afetada, já que isso pode alterar a forma como eles se adaptam a novas situações, mas
contribuiria com programas de reintrodução de espécies, já que eles teriam mais chances de sobreviver
em um ambiente natural, por já estarem familiarizados à ele.

Outro fator importante para o bem estar é a alimentação e a nutrição dos animais, que deve
ser baseada naquilo que eles estão acostumados a ingerir na natureza, levando-se em consideração
fatores como crescimento, gestação, lactação, doença, convalescença, a época do ano, o tipo de
alojamento etc.

Uma alimentação inadequada pode ocasionar prejuízos à saúde, podendo causar doenças pela
má nutrição, obesidade ou perda de peso e até mesmo a morte. Deve-se considerar que esses animais
gastam menos energia por não estarem em seu habitat natural, o que implica na formulação de suas
dietas.

LEGISLAÇÃO

Assim como as leis regem toda a sociedade, elas também se destinam aos zoológicos e os
animais que vivem neles, garantindo seus direitos e exigindo a manutenção de seu correto bem estar.

São leis que priorizam as necessidades do bem estar animal dentro de um zoológico,
destacando todos os direitos que esses animais possuem e o correto funcionamento desses locais,
garantindo saúde, segurança, manejo e conforto para as espécies.

De acordo com a Lei Federal 7173/83, sobre o estabelecimento e funcionamento de jardins


zoológicos:

Artigo 1°: Para os efeitos desta lei, considera-se jardim zoológico qualquer coleção de animais
silvestres mantidos vivos, em cativeiro ou em semiliberdade expostos à visitação pública.

Artigo 2°: Para atender a finalidades sócio culturais e objetivos científicos, o Poder Público
Federal poderá manter ou autorizar a instalação e o funcionamento de jardins zoológicos.

§ 1º - Os Governos dos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios poderão instalar e


manter jardins zoológicos, desde que seja cumprido o que nesta lei se dispõe.

§ 2º - Excepcionalmente, e uma vez cumpridas as exigências estabelecidas nesta lei e em


regulamentações complementares, poderão funcionar jardins zoológicos pertencentes a pessoas
jurídicas ou físicas.

Artigo 3º - O reconhecimento oficial do jardim zoológico não significa, quanto aos exemplares
da fauna indígena, nenhuma transferência de propriedade por parte do Estado.
Artigo 4º - Será estabelecida em ato do órgão federal competente classificação hierárquica
para jardins zoológicos de acordo com gabaritos de dimensões, instalações, organização, recursos
médico-veterinários, capacitação financeira, disponibilidade de pessoal científico, técnico e
administrativo e outras características.

Artigo 5º - Os estabelecimentos enquadrados no art. 1º da presente lei são obrigados a se


registrarem no Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal - IBDF, mediante requerimento
instruído com todas as características de situação e funcionamento que possuam.

Parágrafo único - O registro, com classificação hierárquica, representa uma licença de


funcionamento para jardim zoológico e poderá ser cassado temporária ou permanentemente, a critério
do IBDF, no caso de infração ao disposto na presente lei e à proteção à fauna em geral.

Artigo 6º - O enquadramento, na classificação mencionada no art. 4º da presente lei, poderá


ser revisto para atualização, mediante requerimento do interessado ou por iniciativa do IBDF.

Artigo 7º - As dimensões dos jardins zoológicos e as respectivas instalações deverão atender


aos requisitos mínimos de habitabilidade, sanidade e segurança de cada espécie, atendendo às
necessidades ecológicas, ao mesmo tempo garantindo a continuidade do manejo e do tratamento
indispensáveis à proteção e conforto do público visitante.

Artigo 8º - O funcionamento de cada alojamento está condicionado ao respectivo certificado


de "habite-se" que será fornecido após a devida inspeção, pelo IBDF.

Artigo 9º - Cada alojamento não poderá comportar número maior de exemplares do que aquele
estabelecido e aprovado pela autoridade que concedeu o registro.

Dessa forma, o número de animais por alojamento, e o próprio alojamento, devem ser capazes
de proporcionar um adequado bem estar para os animais, que necessitam de uma instalação correta,
de acordo com sua espécie, e que proporcione um ambiente seguro, arejado e confortável.

Artigo 10° - Os jardins zoológicos terão obrigatoriamente a assistência profissional


permanente de, no mínimo, médico-veterinário e um biologista.

Artigo 11° - A aquisição ou coleta de animais da fauna indígena para os jardins zoológicos
dependerá sempre de licença prévia do IBDF, respeitada a legislação vigente.

Artigo 12° - A importação de animais da fauna alienígena para os Jardins zoológicos


dependerá:

a) do cumprimento do artigo 4º da Lei nº 5.197, de 3 de janeiro de 1967;

b) da comprovação de atestado de sanidade fornecido por órgão credenciado do país de origem;

c) do atendimento às exigências da quarentena estabelecidas pelo IBDF;

d) da obediência à legislação em vigor e aos compromissos internacionais existentes.

Artigo 13 °- Os locais credenciados pelo IBDF para atender às exigências da quarentena


poderão cobrar os serviços profissionais prestados a terceiros, comprometendo-se a prestar
assistência médico-veterinária diária.

Artigo 14° - Os jardins zoológicos terão um livro de registro para seu acervo faunístico,
integralmente rubricado pelo IBDF, no qual constarão todas as aquisições, nascimentos, transferências
e óbitos dos animais, com anotação da procedência e do destino e que ficará à disposição do poder
público para fiscalização.

Artigo 15° - Os jardins zoológicos poderão cobrar ingressos dos visitantes, bem como auferir
renda da venda de objetos, respeitadas as disposições da legislação vigente.

Artigo 16° - É permitida aos jardins zoológicos a venda de seus exemplares da fauna
alienígena, vedadas quaisquer transações com espécies da fauna indígena.
§ 1º - A título excepcional e sempre dependendo de autorização prévia do IBDF poderá ser
colocado à venda o excedente de animais pertencentes à fauna indígena que tiver comprovadamente
nascido em cativeiro nas instalações do jardim zoológico.

§ 2º - Nos mesmos termos do parágrafo primeiro deste artigo poderá o excedente ser
permutado com indivíduos de instituições afins do país e do exterior.

Artigo 17° - Fica permitida aos jardins zoológicos a cobrança de multas administrativas de até
um salário mínimo mensal local, por danos causados pelo visitante aos animais.

De acordo com a Lei Federal 9.605/98 é vetado:

Artigo 32°: Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos
ou domesticados, nativos ou exóticos.

Fica exposto assim, de acordo com essa lei, que deve-se oferecer o mínimo de direitos aos
animais, não podendo ser submetidos à tratamentos cruéis, práticas que coloquem em risco a sua
função ecológica ou a preservação de sua espécie, e evitar situações desfavoráveis, que possam
ocasionar estresse, depressão e comportamentos anormais devido ao confinamento.

TRÁFICO DE ANIMAIS

O tráfico de animais movimenta um comércio lucrativo de 20 bilhões de dólares por ano, ficando
atrás somente do tráfico de drogas e armas. Trata-se da retirada de animais de seus habitats naturais
para a comercialização, através de captura ilegal da natureza para venda.

O Brasil possuí uma biodiversidade muito grande, se tornando um dos principais alvos do tráfico
de animais, sendo também a falta de fiscalização e punições fatores positivos para traficantes agirem
no território brasileiro. Com isso, cerca de 90% dos animais capturados são comercializados no próprio
território, pois a sociedade vê essa prática com impunidade, o que faz com que hajam cada vez mais
feiras, lojas irregulares e criadouros clandestinos.

Uma grande parte dos animais capturados não sobrevivem, pois são confinados em locais com
pouco espaço, sem água ou alimento, causando estresse e fazendo com que se mutilem e se matem.
Uma das principais causas é o transporte, pois, como no caso de papagaios, eles são sedados e
escondidos em tubos de PVCs, já as cobras são colocadas em meias de nylon. Além disso são
provocados diversos desequilíbrios ambientais, causando redução na abundância de determinadas
populações, e fazendo com que o ecossistema sofra modificações, alterando sua comunidade e sua
relação com o meio em que vive.

Em Julho de 2020, houve o caso do estudante de medicina veterinária, em Brasília, que foi
picado por uma cobra que ele criava ilegalmente. De acordo com a Polícia Civil do DF, o jovem criava,
além da cobra, mais 18 serpentes. Após o incidente, se intensificaram as investigações por parte da
polícia sobre criação ilegal de espécies exóticas na capital, com isso foi descoberto um esquema de
tráfico de animais que poderia estar ligado com o comércio ilegal internacional desses animais.

Os zoológicos proporcionam atendimento para os animais resgatados dos comércios ilegais.


Esses atendimentos são especializados e feitos por diversos especialistas, como médicos veterinários,
biólogos e zootecnistas, dando todo apoio que o animal necessita. Se o animal se recupera bem e tem
condições de sobreviver no seu habitat natural, este é devolvido para o mesmo, porém se o animal ficar
com alguma sequela ou não tiver condições de sobreviver sozinho na natureza, este permanece no
zoológico.

CETAS

Os Centros de Triagem de Animais Silvestres são órgãos gerenciados pelo IBAMA, ou por
outras instituições ambientais, responsáveis pelo manejo de animais silvestres recebidos por ações
fiscalizatórias, resgate ou entrega voluntária de particulares.
Seus objetivos são receber, identificar, marcar, triar, avaliar, recuperar, reabilitar e destinar os
animais silvestres, a fim de devolvê-los à natureza, podendo também realizar e subsidiar pesquisas
cientificas, de ensino ou de extensão.

Todos os CETAS do país são vinculados ao Projeto Cetas-Brasil, e devem atender à certos
requisitos para poderem funcionar, como a presença de um biólogo, um médico veterinário e/ou
zootecnista e tratadores.

Os animais encaminhados são identificados taxonomicamente, mas caso pertençam à alguma


espécie exótica, não podem ser reintroduzidos na natureza. Depois são alojados em locais adequados,
onde serão realizados os tratamentos, e após serem examinados devem ficar em quarentena para
receberem nutrição adequada e identificação de possíveis doenças.

Após esse período são transferidos preferencialmente para zoológicos, criadouros particulares
registrados no IBAMA ou centros de pesquisa, pois animais vítimas de acidentes, tráfico, ou aqueles
mantidos como de estimação por longos períodos de sua vida apresentam grande dificuldade de
adaptar-se à vida livre, o que pode impossibilitar sua soltura e acarretar na ida para cativeiros. As
solturas desses animais são responsabilidade de programas específicos de manejo para cada espécie.
Já aqueles ameaçados de extinção devem ser transportados separadamente, de acordo com
recomendações de comitês internacionais, se existentes.

CONCLUSÃO

É constatado que a maioria da população busca os zoológicos como uma forma de lazer,
educação e também como contato com a natureza. Porém, pouco se é falado sobre sua relação com
pesquisas e práticas de conservação. Isso se dá provavelmente pela baixa divulgação desse tipo de
trabalho e também devido à capacidade de atingir o público, havendo ai a necessidade de investimento
na parte de divulgação dos serviços realizados nos zoológicos, e também nos meios mais eficientes de
informação ao público, fazendo com que sejam evidenciado os trabalhos que ali são realizados e a
importância dos mesmos para as pessoas que já frequentam, e para as outras haja a curiosidade de
conhecer de perto.

Com relação a educação ambiental os zoológicos têm a capacidade de fornecer conhecimentos


relacionados às áreas da botânica, zoologia, ecologia, fisiologia, etc, trazendo uma enorme vantagem
nessa inter-relação entre alunos e zoológicos, despertando ainda mais o interesse dos estudantes em
relação a essas matérias de uma forma mais prática.

Com relação ao tráfico de animais silvestres podemos dizer que a América do Sul é um grande
alvo desta prática, devido à sua rica biodiversidade de fauna e flora, esse mercado gera muito dinheiro
pelo mundo todo, porém resulta em muitos animais machucados, traumatizados, e muitos também vão
à óbito. Grande parte desses animais, que são vítimas desse mercado, estão em extinção ou acabam
entrando pela grande quantidade que é retirada de seu hábitat, muitas vezes dizimando a população
de algumas espécies. É aí que entram os zoológicos, que recebem os animais em condições precárias,
desenvolvem com eles trabalhos como atendimento veterinário, reabilitação, estudos científicos,
reintrodução, reprodução e muito mais.

Os animais que forem atendidos e estiverem em condições de serem reintroduzidos na


natureza serão devolvidos ao seu hábitat natural assim que possível, animais que por algum motivo se
tornarem dependentes de cuidados serão mantidos e tratados para que consigam sobreviver, já que o
mesmo não seria mais possível na natureza. Animais em extinção podem reproduzir em cativeiro,
ajudando assim no repovoamento de espécies ameaçadas.

Assim, podemos concluir o importante papel dos zoológicos no cenário atual, que conseguem
manter ainda muitas espécies, e a necessidade de que esse trabalho seja difundido, para que possa
ser alavancado e poder realizar suas funções em larga escala.
REFERÊNCIAS

FISCHER, M. L.; PROHNII, S. S.; ARTIGAS, N. A. S.; SILVERIO, R. A. Os Zoológicos sob a perspectiva
da bioética ambiental: uma análise a partir do estudo de caso dos felídeos cativos.

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