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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE PAULISTA

MEDICINA VETERINÁRIA

ANDRÉ RENATO HERREIRA

BEM-ESTAR ANIMAL: CONCEITO E QUESTÕES RELACIONADAS – REVISÃO


RESUMO

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO – SP


2023
ANDRÉ RENATO HERREIRA

BEM-ESTAR ANIMAL: CONCEITO E QUESTÕES RELACIONADAS – REVISÃO


RESUMO

Trabalho da matéria de bem estar animal, consiste


em um resumo sobre um artigo que é uma revisão
de literatura do tema.

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO – SP


2023
SUMÁRIO
BEM-ESTAR ANIMAL: CONCEITO E QUESTÕES RELACIONADAS –
REVISÃO
RESUMO

Este texto aborda o conceito de bem-estar animal e questões relacionadas a ele. O


bem-estar é um termo amplamente utilizado, mas para uso científico e profissional, é necessária
uma definição precisa que permita a relação com outros conceitos como necessidades,
liberdades, felicidade, adaptação, controle, sentimentos, sofrimento, dor, ansiedade, medo,
tédio, estresse e saúde. O texto destaca a importância da definição do bem-estar animal para
profissionais que lidam com a interação entre humanos e animais.

No Brasil, a profissão médico-veterinária está passando por mudanças


significativas devido à crescente valorização do bem-estar dos animais. O Conselho Federal de
Medicina Veterinária e o Ministério da Educação e Cultura reconhecem a importância do
comprometimento com a saúde e o bem-estar animal por parte dos médicos veterinários.

O texto também aborda os requisitos para a definição de bem-estar animal,


enfatizando que essa definição deve se referir às características do animal individual, não ao
que é proporcionado pelo ser humano. O bem-estar animal pode ser afetado por várias
circunstâncias, como doença, traumatismos, fome, estimulação benéfica, interações sociais,
condições de alojamento, tratamento inadequado, transporte, procedimentos laboratoriais,
mutilações, tratamento veterinário e alterações genéticas.

Uma definição de bem-estar animal está relacionada ao estado mental e


comportamental dos indivíduos, destacando a importância do controle da estabilidade mental e
corporal na enfrentamento de problemas. A adaptação também é mencionada como um
mecanismo crucial para o bem-estar animal.

O bem-estar de um indivíduo é definido como seu estado em um dado momento,


variando de muito bom a muito ruim, e é mensurável. A avaliação do bem-estar envolve
considerar a biologia do animal e medir tanto seu estado físico quanto seus sentimentos
associados a esse estado.
Para avaliar o bem-estar, são utilizados indicadores que auxiliam na localização do
estado do animal na escala de bem-estar. Alguns indicadores são mais relevantes para
problemas de curto prazo, como medidas relacionadas ao manejo ou a condições físicas
adversas temporárias, enquanto outros se aplicam a problemas de longo prazo. O texto
menciona que existem discussões detalhadas sobre medidas de bem-estar animal em trabalhos
anteriores.

Sinais de bem-estar precário podem ser evidenciados por mensurações fisiológicas,


como aumento da freqüência cardíaca, atividade adrenal, resposta imunológica reduzida ou
outras alterações. No entanto, essas medidas devem ser interpretadas com cuidado, pois
algumas alterações fisiológicas podem indicar um estado pré-patológico.

Além das medidas fisiológicas, o comportamento é uma ferramenta valiosa na


avaliação do bem-estar. O comportamento de evitar ou esquivar-se de objetos ou eventos
fornece informações sobre os sentimentos do animal e, consequentemente, sobre seu bem-estar.
Comportamentos anormais, como estereotipias, automutilação, canibalismo em suínos e bicar
de penas em aves, indicam baixo bem-estar.

Em algumas situações, é possível observar que o animal está tentando enfrentar


situações adversas, e a extensão dessas tentativas pode ser medida. Em outros casos, as
respostas do animal são patológicas e indicam baixo bem-estar, independentemente de suas
tentativas de adaptação.

São discutidos indicadores de baixo bem-estar animal, relacionados a doença,


ferimento, dificuldades de movimento e anormalidades de crescimento. Tais indicativos
sugerem um baixo grau de bem-estar nos animais. Quando dois sistemas de criação são
comparados em um experimento e a incidência desses problemas é significativamente maior
em um deles, isso indica que o bem-estar dos animais é pior nesse sistema.

A presença de doença sempre está associada a um bem-estar mais pobre em


comparação com animais saudáveis, embora ainda haja muito a ser estudado sobre os efeitos
exatos das doenças no bem-estar dos animais. A magnitude do sofrimento associado a muitas
doenças também é uma área de pesquisa em andamento.
O texto também menciona um exemplo específico em que o bem-estar é
comprometido devido à redução severa da possibilidade de exercício. Estudos em galinhas e
porcas demonstraram que animais alojados em condições mais confinadas apresentavam ossos
mais fracos em comparação com aqueles que tinham a oportunidade de se exercitar. A fraqueza
óssea indica um menor sucesso adaptativo dos animais em seu ambiente, sinalizando um baixo
bem-estar. Além disso, a quebra dos ossos pode causar dor considerável, piorando ainda mais
o bem-estar.

O texto menciona a avaliação da dor como um aspecto importante na determinação


do bem-estar dos animais, utilizando medidas como aversão, medidas fisiológicas, efeitos de
analgésicos e a existência de neuromas.

Por fim, discute estudos que envolvem a preferência dos animais em relação a
diferentes condições. Esses estudos fornecem informações sobre a posição do animal em uma
escala de bem-estar, variando de muito alto a muito baixo. As preferências dos animais podem
ser usadas como indicadores de bem-estar, e os pesquisadores desenvolveram técnicas
avançadas para medir a intensidade das preferências dos animais em experimentos de
preferência.

São apresentados métodos e exemplos de avaliação do bem-estar animal. São


mencionados três métodos genéricos para avaliar o bem-estar, descritos na TABELA 1.

1. Indicadores diretos de bem-estar pobre: Este método envolve a observação de


indicadores diretos que sugerem um baixo grau de bem-estar nos animais, como
comportamentos de esquiva ou preferências. Por exemplo, no caso de porcas pré-parturientes,
foi observado que elas pressionavam um painel para ter acesso a alimentos até dois dias antes
do parto, indicando que o alimento era mais importante para elas nesse momento do que a palha.
No dia anterior ao parto, quando normalmente construiriam ninhos, pressionaram o painel com
frequência igual para obter palha e comida.

2. Medida da possibilidade de expressão de comportamento normal e outras


funções biológicas: Este método envolve a avaliação do grau de privação de desenvolvimento
comportamental, fisiológico e anatômico normal dos animais em determinadas condições de
manutenção. Por exemplo, galinhas preferem bater suas asas de vez em quando, mas isso é
impossível em gaiolas industriais. Bezerros criados para produção de vitela e alguns animais de
laboratório tentam se limpar exaustivamente, o que não é possível em espaços muito pequenos.

3.Grau de pobreza: Este método avalia o grau em que os animais têm que conviver
com situações ou estímulos dos quais preferem evitar. Envolve medir o esforço que um animal
está disposto a fazer para obter um determinado recurso. Por exemplo, em um estudo com ratos
de laboratório, observou-se que eles levantavam uma porta mais pesada para ter acesso a um
piso sólido para descanso em comparação com um piso de arame.

É importante notar que, em qualquer avaliação de bem-estar, é necessário


considerar as variações individuais na resposta dos animais a adversidades e nos efeitos dessas
adversidades sobre eles. O tempo de exposição a determinadas condições pode afetar a
quantidade ou o tipo de comportamento anormal. Além disso, as respostas fisiológicas e
comportamentais dos animais podem variar quando confrontados com situações sociais
competitivas, levando a diferentes estratégias de enfrentamento.

Esses métodos fornecem maneiras de avaliar o bem-estar dos animais, levando em


conta suas necessidades e preferências, bem como o impacto das condições de alojamento e
manejo sobre seu comportamento e saúde.

O texto destaca a importância de incluir uma ampla gama de medidas ao avaliar o


bem-estar animal, devido às diferenças individuais nas respostas fisiológicas e
comportamentais às condições e desafios enfrentados pelos animais. É essencial aprimorar o
conhecimento sobre como diferentes variáveis estão associadas e quais são suas consequências
para a severidade do problema.

O texto também discute a natureza relativa do conceito de bem-estar. Em vez de ser


visto como um estado absoluto (existente ou não), o bem-estar deve ser entendido como uma
escala que pode variar, tanto melhorando quanto piorando. Portanto, o conceito de bem-estar
não deve ser limitado à porção "boa" da escala, mas sim abranger tanto o bem-estar adequado
ou bom quanto o pobre ou ruim. Embora a língua portuguesa ainda não tenha muitos adjetivos
específicos para qualificar o bem-estar, o texto sugere o uso de termos como "bem-estar
adequado" e "bem-estar pobre" ou alternativamente "alto grau de bem-estar" e "baixo grau de
bem-estar" para evitar ambiguidades na expressão.
Além disso, o texto lista uma variedade de indicadores e medidas que podem ser
utilizados na avaliação do bem-estar animal. Esses indicadores incluem desde a demonstração
de comportamentos normais até indicadores fisiológicos e comportamentais de prazer ou
sofrimento, bem como indicadores de saúde e adaptação. Essas medidas ajudam a compreender
a posição do animal em uma escala de bem-estar, variando de adequado a pobre.
O texto aborda a relação entre bem-estar animal, necessidades e preferências dos
animais. Aqui estão os principais pontos:

1. Bem-estar como um conceito amplo: O texto enfatiza que o bem-estar animal


não deve ser limitado a uma perspectiva que considera apenas o que é bom ou preferível para
os animais. Em vez disso, o bem-estar deve ser avaliado em termos do nível de funções
biológicas, como a presença de ferimentos, nutrição adequada, grau de sofrimento e
experiências positivas ou negativas.

2. Bem-estar versus saúde: O texto faz uma distinção entre bem-estar e saúde,
destacando que ambos os conceitos podem ser qualificados como "bom" ou "pobre". A saúde
é um aspecto do bem-estar e pode incluir a ausência de ferimentos ou doenças.

3. Necessidades dos animais: O texto discute como os animais têm vários sistemas
funcionais que lhes permitem controlar aspectos de seu ambiente, como temperatura corporal e
interações sociais. Quando um animal enfrenta desafios que perturbam seu equilíbrio
homeostático ou quando precisa responder a estímulos específicos, isso é considerado uma
"necessidade".

4. Necessidades associadas a sentimentos: Algumas necessidades estão


associadas a sentimentos ou experiências subjetivas nos animais. Por exemplo, quando um
animal tem uma necessidade não satisfeita, pode experimentar sentimentos desagradáveis que
o motivam a agir para satisfazer essa necessidade. Os sentimentos desempenham um papel na
motivação e na busca de objetivos adaptativos.

5. Preferências como indicadores de necessidades: As preferências dos animais,


ou seja, suas escolhas comportamentais em relação à presença ou ausência de recursos ou
atividades específicas, podem fornecer informações valiosas sobre suas necessidades. As
preferências estão frequentemente relacionadas a itens importantes para o sucesso biológico
dos animais.

6. Variação na urgência das necessidades: As necessidades dos animais podem


variar em urgência, e as consequências de não satisfazer essas necessidades podem variar de
ameaçadoras à vida a relativamente inócuas a curto prazo.

7. Distinção entre "Bedarf" e "Bedürfniss": Em alemão, existem duas palavras


diferentes para se referir a necessidades: "Bedarf" e "Bedürfniss". "Bedarf" se refere a
necessidades essenciais para a sobrevivência, enquanto "Bedürfniss" se refere a necessidades
que um indivíduo deseja ter satisfeitas. Essa distinção destaca a importância de considerar
cuidadosamente as necessidades em relação ao bem-estar animal.

O texto enfatiza a complexidade do bem-estar animal e a importância de


compreender as necessidades e preferências dos animais para avaliar seu bem-estar de maneira
abrangente e precisa.

Sobre sentimentos e estresse:

1. **Importância dos sentimentos no bem-estar animal:** O texto enfatiza que os


sentimentos subjetivos dos animais desempenham um papel crucial em seu bem-estar. O
sofrimento, um sentimento subjetivo negativo e desagradável, deve ser reconhecido e prevenido
sempre que possível.

2. Complexidade da avaliação de sentimentos: Embora seja importante


considerar os sentimentos dos animais ao avaliar seu bem-estar, o texto reconhece que medir
diretamente esses sentimentos é desafiador. Em vez disso, o bem-estar animal é frequentemente
avaliado por meio de uma variedade de indicadores, incluindo preferências comportamentais,
respostas fisiológicas, presença de doenças, entre outros.

3. Evolução dos sentimentos: Os sentimentos são considerados aspectos da


biologia dos animais que evoluíram para ajudá-los a sobreviver, assim como outros aspectos de
anatomia, fisiologia e comportamento. Portanto, não é lógico limitar a definição de bem-estar
apenas aos sentimentos, excluindo outros mecanismos biológicos relevantes.
4. Problemas com a ênfase exclusiva nos sentimentos: Se o bem-estar fosse
definido apenas com base nos sentimentos, isso excluía a capacidade de avaliar o bem-estar de
animais que não estão experimentando sentimentos devido a sono, anestesia, medicação ou
doença que afeta a consciência. Além disso, muitos dos indicadores de bem-estar (como
presença de neuromas, respostas fisiológicas extremas, doenças) não seriam considerados
evidência de bem-estar pobre, a menos que fossem diretamente associados a sentimentos
negativos.

5. Estresse como parte do bem-estar: O termo "estresse" é usado para descrever


a parte do bem-estar que se refere à falha na adaptação de um indivíduo às dificuldades. Quando
um estímulo ambiental sobrecarrega os sistemas de controle de um animal e reduz sua
capacidade de adaptação, isso é considerado estresse. O estresse está intrinsecamente ligado ao
bem-estar, pois sempre que existe estresse, o bem-estar é comprometido.

6. Definição de estresse: O estresse não deve ser definido apenas como um


estímulo ambiental que causa atividade do córtex adrenal, pois isso não tem valor científico ou
prático. Em vez disso, o estresse deve ser definido como um estímulo ambiental que
sobrecarrega os sistemas de controle do animal e reduz sua adaptação.

7. Inclusão do bem-estar pobre: É importante incluir no conceito de bem-estar


não apenas situações em que ocorre estresse, mas também situações em que um animal está
enfrentando dificuldades em se adaptar. Portanto, o bem-estar pobre deve ser definido de forma
abrangente para abranger todas as condições em que um animal não está em seu estado ideal.

O texto destaca a complexidade da avaliação do bem-estar animal, que envolve a


consideração de uma variedade de indicadores, incluindo sentimentos, estresse e adaptação às
condições de vida.

Neste trecho, o texto aborda a avaliação do bem-estar animal e sua relação com
questões éticas. Aqui estão os principais pontos destacados:

1. Aspectos éticos no estudo do bem-estar animal: O texto reconhece a presença


de considerações éticas em estudos sobre bem-estar animal. Isso começa com a decisão de que
existe um problema relacionado ao bem-estar dos animais, o que envolve considerações éticas,
como a crença de que o bem-estar dos animais não deve ser muito pobre.

2. Componentes da pesquisa científica: O texto descreve quatro componentes em


um estudo sobre bem-estar animal. Os dois primeiros componentes envolvem aspectos éticos
na decisão de estudar o problema e na apresentação dos resultados à sociedade. Os dois
componentes intermediários (o estudo científico em si e a coleta/análise de dados) devem ser
conduzidos de forma objetiva, sem viés ético.

3. Sensibilidade do público em relação ao bem-estar animal: O texto menciona


que o público costuma se sensibilizar mais com animais de estimação ou animais com os quais
as pessoas têm uma identificação mais imediata. Isso pode resultar em maior preocupação com
animais de companhia do que com animais de produção, mesmo quando eles enfrentam
problemas semelhantes de bem-estar.

4. Impacto das condições de vida: O texto enfatiza que as condições de vida ao


longo da vida de um animal têm um impacto significativo em seu bem-estar. Portanto, é
importante considerar não apenas eventos dolorosos de curta duração, mas também as
condições em que os animais são mantidos por longos períodos.

5. Problemas de bem-estar animal mais severos: O texto lista problemas de bem-


estar animal que são considerados particularmente graves. Isso inclui questões como o
confinamento de galinhas poedeiras em gaiolas industriais, problemas de patas em frangos de
corte, o confinamento de porcas em baias e amarras, entre outros.

6. Classificação centrada nos animais: A lista de problemas de bem-estar animal


é apresentada com base na severidade do impacto nos animais, em vez de ser baseada na
percepção da maioria das pessoas. O texto enfatiza que é importante que as pessoas sejam
informadas sobre a importância do bem-estar animal e como avaliá-lo cientificamente, para que
possam reconhecer os problemas mais graves.

Este trecho destaca a complexidade da avaliação do bem-estar animal e como


questões éticas estão envolvidas em várias fases do processo, desde a decisão de estudar o
problema até a consideração dos resultados e a conscientização pública.
Conclusão

Os profissionais que trabalham com animais enfrentam hoje três desafios emanando
de preocupações com bem-estar animal:
(1) reconhecer que a evolução social alterou as
relações entre o ser humano e os animais,
freqüentemente em detrimento dos últimos, e que
deve-se rever esta situação;
(2) manter-se informado sobre as explicações que a ciência vem
propondo para determinadas respostas dos animais a alguns problemas que os
mesmos enfrentam; e
(3) refinar as formas de se medir o grau de bem-estar dos animais, para que estas
avaliações possam ser utilizadas no sentido de se aprimorar as relações entre seres
humanos e animais, até que se atinja um nível considerado apropriado por uma sociedade
informada e justa. Esta revisão enfocou o conceito de bem-estar animal visando alicerçar uma
definição objetiva do tema, para permitir ao leitor uma iniciação à ciência do bem-estar animal.

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