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Mariana Turra
Relatório Final
O meu percurso nesse projeto me fez perceber que era necessário investir na
produção de encontros e se possível, bons encontros. Assim, notei que o meu principal
papel era mediar modos de aproximações entre os idosos e as crianças para a criação de
relações entre eles. Isso significava o nosso grande desafio desde o momento do
planejamento da atividade até no momento da execução.
Nessa oficina os idosos disseram que o encontro foi bom. Sr. J. acrescentou que
o menino R. o ajudou a fazer a boneca abayomi, achei esse relato interessante pareceu
que foi uma ação espontânea do R. e que inverte a relação unidirecional que somente o
idoso ajuda a criança. Importante reconhecer que a criança também pode auxiliar o
idoso. Outra expressão dessa interação entre idosos e crianças se sintetizou na fala do Sr.
Z.R. “eu recebi um abraço, foi um encontro de dois mundos”, fiquei emocionada com a
sua colocação esse Sr. é morador de uma ILPI, acredito que nessa condição de moradia
ainda é mais dificultoso se encontrar com uma criança.
Além disso, o idosos Sr. T. me disse “Isso aqui me lembra quando era criança, fui
um pestinha risos”, outros relatos como esse apareceram ao longo das oficinas
expressando lembranças e reflexões acerca do que é ser criança e ou idoso. Importante
para pensarmos nos papéis que temos em cada fase da vida e reviver momentos
passados ou imaginar momentos futuros.
Considero que eu e minhas colegas da prática no Cecco tivemos uma boa relação
de cooperação e companheirismo, acredito que conseguimos compartilhar tarefas para
nos organizar para as ações no Cecco e nas atividades da disciplina. Dentre as atividades
que realizamos conjuntamente, além da atuação na oficina, fizemos uma síntese com
nossas impressões para o relatório de atividades do Cecco, preparação e apresentação
dos seminários e a coordenação das atividades em uma oficina. Importante ressaltar que
as nossas conversas sobre as práticas no Cecco extrapolavam momentos da supervisão,
sentíamos a necessidade de compartilhar as experiências e refletir sobre elas
conjuntamente. Devido a isso penso que precisávamos de mais momentos de
supervisão.
Conforme ocorriam as práticas no Cecco fui compreendendo a importância deste
equipamento para entender a concepção de saúde ampliada. Este serviço público
municipal tem atividades gratuitas com intuito de promover a inclusão social de grupos
historicamente excluídos, a produção de encontros, convivências e espaços de
socialização possibilita a produção de saúde e cuidado, assim como, a prevenção e
promoção da saúde. Apesar do Cecco enfrentar um momento de sucateamento deste
serviço, com diminuição de financiamento e por consequência redução do quadro de
funcionários e poucos recursos para efetivar suas ações, ainda permeia práticas de saúde
importante para a Rede de Atenção à Saúde.
Assim, acredito que o nosso grupo de estagiárias contribuiu com o grupo para
flexibilizarmos mais o planejamento das atividades segundo a emergência de interesses
e vontades dos participantes e possibilitar espaços para a cooperação e criação deles
próprios. Enfatizamos esse aspecto na oficina que coordenamos as ações, pois
modificamos a dinâmica da ciranda conforme a sugestão do Sr. T. e cantamos músicas
conforme o interesse de alguns participantes e incluímos brincadeiras que não estavam
prescritas no planejamento. Assim acredito que cumprimos o papel como futuros
terapeutas ocupacionais em fazer a interlocução entre os participantes da oficina e os
coordenadores dos espaços no Cecco.
Com a minha participação das aulas, seminários e por meio da leitura dos textos
a compreensão conceitual de rede e suas características são fundamentais para entender
as suas potencialidades e dificuldades nas práticas de atenção à saúde. Entendo que há
uma dificuldade estrutural a ser enfrentada pela Rede de Atenção à Saúde, a origem do
Sistema de Saúde foi a partir de um gama de serviços de variados, já existentes e
contratados pelo Inamps. Conforme Magalhães esses serviços " não seguiram nenhuma
lógica ou sistema de planejamento e organização, portanto, não teve por base qualquer
indício do conceito de rede articulada e integrada da atenção"(MAGALHÃES J., 2014,
p.52). Devido a essa estruturação o SUS enfrenta desde do início da sua
concepção problemas como a fragmentação, baixa cooperação e participação na gestão
dos serviços e das necessidades da população, assim, é necessário alargar o mecanismo
de participação e compreender a importância da construção e fortalecimento das redes
pelos profissionais de saúde e diversos atores sociais.
Por outro lado, conhecer e estudar o conceito Rede Vivas ampliou a visão sobre
o conceito rede e o entendimento do protagonismo do usuário na produção de saúde.
No decorrer da experiência cotidiana os usuários criam as suas redes configurando-se
com diferentes conexões e os profissionais podem reconhecer que “os usuários são Redes
Vivas de si próprio” e assim colaborar com o seu processo de construção de projetos de
existência e produção de cuidado. (MERHY et al., 2014)