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• Lei nº 11.445/07.

Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento


básico e para a política federal de saneamento básico;

• Decreto nº 6.514/08. Dispõe sobre as infrações e sanções


administrativas ao meio ambiente, estabelece o processo administrativo
federal para apuração destas infrações;

• Resolução CONAMA nº 05/88. Trata do licenciamento de obras de


saneamento;

• Resolução CONAMA nº 237/97. Define as atividades ou


empreendimentos sujeitos ao licenciamento ambiental;

• Resolução CONAMA nº 274/97. Define a classificação das águas


doces, salobras e salinas essencial à defesa dos níveis de qualidade,
avaliados por parâmetros indicadores específicos (condições de
balneabilidade);

• Resolução CONAMA nº 357/05. Dispõe sobre a classificação dos


corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem
como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes;

• Resolução CONAMA nº 375/06. Define critérios e procedimentos para


o uso agrícola de lodos de esgoto gerados em estações de tratamento de
esgoto sanitário e seus produtos derivados;

• Resolução CONAMA nº 377/06. Dispõe sobre licenciamento ambiental


simplificado de Sistema de Esgotamento Sanitário;

• Resolução CONAMA nº 397/08. Altera o Inciso II do §4º e a Tabela X


do §5º, ambos do Art. 34º da Resolução CONAMA nº 357/2005.

• Resolução CONAMA nº 430/11. Dispõe sobre condições e padrões de


lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução CONAMA nº 357
de 2005.

6 .2 .1 .2 . N o r m a s T é c n ic a s

• ABNT/NBR 9648/86. Estudo de concepção de sistemas de esgoto


sanitário;

• ABNT/NBR 9649/86. Projeto de redes coletoras de esgoto sanitário;

• ABNT/NBR 9800/87. Critérios para lançamento de efluentes líquidos


industriais no sistema coletor público de esgoto sanitário;

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• ABNT/NBR 9814/87. Execução de rede coletora de esgoto sanitário;

• ABNT/NBR 9897/87. Planejamento de amostragem de efluentes


líquidos e corpos receptores;

• ABNT/NBR 9898/87. Preservação e técnicas de amostragem de


efluentes líquidos e corpos receptores;

• ABNT/NBR 12207/92. Projeto de interceptores de esgoto sanitário;

• ABNT/NBR 12208/92. Projeto de estações elevatórias de esgoto


sanitário;

• ABNT/NBR 12209/92. Projeto de estações de tratamento de esgoto


sanitário;

• ABNT/NBR 12266/92. Projeto e execução de valas para assentamento


de tubulação de água, esgoto ou drenagem urbana;

• ABNT/NBR 7229/93. Projeto, construção e operação de sistemas de


tanques sépticos;

• ABNT/NBR 13969/97. Tanques sépticos – Unidades de tratamento


complementar e disposição final dos efluentes líquidos – projeto, construção
e operação;

• ABNT/NBR 8890/03. Tubo de concreto, de seção circular, para águas


pluviais e esgotos sanitários – requisitos e métodos de ensaio;

• ABNT/NBR 7362-1/05. Sistemas enterrados para condução de esgoto,


Parte 1: Requisitos para tubos de PVC com junta elástica;

• ABNT/NBR 7362-2/05. Sistemas enterrados para condução de esgoto,


Parte 2: Requisitos para tubos de PVC com junta maciça;

• ABNT/NBR 7362-3/05. Sistemas enterrados para condução de esgoto,


Parte 3: Requisitos para tubos de PVC com dupla parede;

• ABNT/NBR 7362-4/05. Sistemas enterrados para condução de esgoto,


Parte 4: Requisitos para tubos de PVC com parede de núcleo celular.

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6.2.2. PRINCÍPIOS E DIRETRIZES ESPECÍFICOS

Um sistema de esgotamento sanitário só poderá ser considerado


como eficaz e eficiente se atender aos seus usuários e ser atuo-suficiente
financeiramente, com o concomitante atendimento dos seguintes princípios e
diretrizes:

• Deverá se buscar a universalização dos serviços;

• A qualidade dos esgotos tratados, mediante a implantação de sistema


de esgotamento sanitário público deverá estar a qualquer tempo de acordo
com as Resoluções CONAMA nº 357/05 e CONAMA nº 375/06;

• O serviço deverá ocorrer com regularidade e continuidade na prestação


de serviços de coleta e tratamento;

• O usuário deverá ser a razão de ser da operadora, independente da


mesma ser pública, mista, autarquia ou privada;

• A prestação de serviços originadas pelos usuários deverá atender a


suas expectativas em termos de prazos de atendimento e qualidade de
serviço prestado;

• O custo do m³ cobrado pelo esgoto coletado e tratado deverá ser justo e


que possa ser absorvido pela população, mesmo a de baixa renda, sem
causar desequilíbrio financeiro e de modo a não inviabilizar os planos de
investimentos necessários;

• A operadora deverá atuar com isonomia na prestação dos serviços a


seus clientes;

• Deverão ser previstas nos projetos de implantação das obras,


condições de minimizar as interferências com a segurança e tráfego de
pessoas e veículos;

• Os serviços de manutenção preventiva/preditiva deverão ter


prevalência em relação aos serviços corretivos;

• Deverá ser disponibilizado um bom sistema de geração de informações,


e que os dados que venham a alimentar a variáveis dos indicadores sejam
verídicos e obtidos com qualidade técnica;

• Os indicadores selecionados deverão permitir ações oportunas de


correção e otimização da operação dos serviços;

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• Deverá buscar-se permanentemente a promoção de soluções
otimizadas aos clientes;

• Deverá ser aplicada a melhor e mais avançada tecnologia viável e


disponível, adequada às operações dos serviços prestados;

• Deverá ser viabilizado o desenvolvimento técnico e pessoal dos


profissionais envolvidos nos trabalhos, de forma a possibilitar a estes uma
busca contínua da melhoria do seu desempenho.

6.2.3. OBRIGAÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL

Para que as diretrizes e princípios fixados sejam atendidos é


necessário o estabelecimento de obrigações a serem cumpridas pela
operadora dos serviços de esgotamento sanitário. Para tanto, cabe a
administradora Municipal:

• A administração municipal deverá constituir ou delegar ao órgão


competente a regulação dos serviços, conforme previsto em Lei;

• Desenvolver, ou a quem delegar a operação dos serviços, um sistema


de indicadores, o qual deverá ser utilizado para o acompanhamento do
cumprimento das metas estabelecidas pelo PMSB;

• Dar os subsídios necessários para que a entidade reguladora dos


serviços possa acompanhar de forma eficaz a evolução das metas, utilizando
o sistema de indicadores desenvolvido. Caberá a entidade reguladora dos
serviços atuar de forma firme, sempre que ocorrerem distorções, garantindo
o fiel cumprimento das metas fixadas, sejam elas quantitativas ou
qualitativas;

• Obter, ou a quem a mesma delegar a operação dos serviços de


esgotamento sanitário, as licenças ambientais, tanto para execução de obras
como para a própria operação dos serviços. Isto se deve em função da
necessidade de licenciamento ambiental nos termos da legislação específica
vigente.

• Garantir ou a quem a mesma delegar a operação dos serviços de


esgotamento sanitário, que as obras e serviços venham a ser executados
atendendo toda a legislação referente à segurança do trabalho;

• Implantar, ou a quem a mesma delegar a operação dos serviços de


esgotamento sanitário, um sistema de qualidade ISO 9001/2000, envolvendo
todas as etapas do processo de coleta, transporte, tratamento e destinação
final dos esgotos.

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6.2.4. DIAGNÓSTICO DO ESGOTAMENTO SANITÁRIO

Atualmente no Município de Alvorada do Sul não existe sistema


coletivo de coleta de esgotos sanitários, havendo apenas os sistemas
individuais em cada domicílio. As soluções individuais são aquelas que
visam o atendimento unifamiliar, consistindo no lançamento dos esgotos
domésticos gerados em uma unidade habitacional. Segundo a Associação
Brasileira de Normas Técnicas – ABNT o sistema desejável para sistemas
individuais de esgotamento sanitário são sistemas de tanques sépticos
(ABNT – NBR 7229/93).

Segundo a Norma, um sistema de tratamento é constituído pelo


conjunto de rede coletora, tratamento e disposição de águas residuárias. O
sistema de tanque séptico é constituído por uma unidade destinada ao
tratamento e a disposição de esgotos, mediante a utilização de tanque
séptico (Figura 34) e unidade complementar de tratamento e/ou disposição
final de efluentes e lodo. As unidades de tratamento complementar podem
ser do tipo filtro anaeróbio, filtro aeróbio, filtro de areia, vala de filtração,
sumidouro, escoamento superficial e desinfecção.

Figura 34: Esquema do sistema de tanque séptico com sumidouro


Fonte: CAESB, 2010.

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Atualmente existem cerca de 4700 domicílios rurais e urbanos
no Município (baseado no número de unidades residenciais atendidas pela
SAAE (2014) e apenas 400 destes, localizados na Sede do Município,
possuem o sistema de tanque séptico instalado. Isto porque são unidades
habitacionais financiadas, em que o banco fomentador exigiu em projeto, a
instalação do sistema para aprovação. Já as unidades restantes possuem
como sistema de tratamento de esgotos domésticos as chamadas fossas
negras (Figura 35).

Figura 35: Ilustração do sistema de tratamento de esgotos domiciliares


do tipo fossa negra.
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

As fossas negras são caracterizadas por uma escavação sem


revestimento interno onde os dejetos são lançados, parte se infiltra e parte
fica retida no fundo, em processo de decomposição, não existindo deflúvio ou
sistema de filtração. Com esse tipo de sistema, existe a possibilidade de
contaminação das águas subterrâneas e também das superficiais, podendo
causar doenças de veiculação hídrica às populações, tais como hepatite,
cólera, feco-orais, parasitismos e outras (NOVAES et al., 2007).

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No ano de 2013 foram registrados cerca de 723 casos de diarréia
no Município de Alvorada do Sul. A diarréia é caracterizada pela infecção do
ser humano por vírus, bactéria ou parasita, que causa o aumento do
número de evacuações e a perda de consistência das fezes, causando a
desidratação do corpo. Este processo diminui as reservas de água do corpo
humano, constituído por cerca de 75% de água e reduz os níveis de dois
importantes minerais: sódio e potássio. Indivíduos adultos são mais
resistentes, mas bebês, crianças e idosos desidratam-se com facilidade. Boca
seca, lábios rachados, letargia, confusão mental e diminuição da urina são
sintomas de desidratação.

Segundo o Instituto Trata Brasil (2013) os baixos índices de


coleta de esgoto resultam em altas taxas de internação por doenças
diarréicas – que respondem por mais de 80% das enfermidades que o
saneamento ambiental inadequado.

No Município existe uma forte exploração de lazer ao longo das


margens da Represa Capivara, que são áreas extremamente vulneráveis a
contaminação pelo atual sistema individual de esgotamento sanitário das
residências (fossas negras). O lençol freático representa a água armazenada
no solo e esta reserva de água é responsável por reabastecer rios e lagos nos
períodos de seca (Figura 36).

Figura 36: Reserva de águas subterrâneas


Fonte: Colombo, 2012.

O uso de fossas negras, que são sistemas unitários de


esgotamento ineficientes, proporciona o risco de contaminação dos solos e do
lençol freático. Esta contaminação pode atingir as águas da Represa
Capivara e consequentemente expor a população que se utiliza do banho e
lazer da Represa a doenças (LIMA, 2003).

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Outro problema com o atual sistema de esgotamento dos
domicílios urbanos é que em muitos casos existe a instalação das fossas
negras nas vias públicas (calçadas) (Figura 37), podendo apresentar riscos
de acidente a pedestres e outas em situações de desmoronamento das
estruturas. Segundo a Prefeitura Municipal de Alvorada do Sul, atualmente
estima-se que existam por domicílio cerca de 2 a 3 fossas negras, totalizando
aproximadamente 10.000 unidades.

Figura 37: Instalação irregular de fossas negras em vias públicas


Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

Segundo o Código Municipal de Edificações e Obras, Art. 68, “as


edificações situadas em áreas desprovidas de rede pública de coleta de esgotos
deverão ser providas de instalações para destinação de efluentes. Em se tratando de
fossas, as mesmas deverão ser sépticas, estarem situadas dentro dos lotes e
afastadas 1,50 m (um metro e cinquenta centímetros) das divisas e edificações”.

Porém, atualmente o Município não possui fiscalização, de modo


que ocorre a instalação dos dispositivos irregulares (fossas negras). A
instalação das fossas em vias públicas vem ocorrendo ao longo do tempo
quando as primeiras vão sendo saturadas e com a falta de espaço no interior
dos imóveis, acabam por serem instaladas nas vias públicas.

Em resumo, a problemática sanitária e ambiental do atual


sistema individual de esgotamento sanitário do Município possui os
seguintes problemas:

• Inexistência do serviço de esgotamento sanitário público, visto a


necessidade de investimento neste setor;

• O atual sistema utilizado pelos domicílios não atende aos requisitos


básicos de tratamento de esgoto, podendo acarretar na contaminação do solo
e das águas superficiais e subterrâneas;

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• O custo/benefício de construção de novas fossas negras é maior do
que a realização da limpeza das já instaladas. Desta forma, os moradores
acabam por construir novas unidades no domicilio;

• Existência de fossas negras instaladas nas vias de passeio público,


acarretando risco de acidentes graves;

• Inexistência de fiscalização referente a instalação de fossas nas vias de


passeio público e cumprimento da Legislação Municipal.

6.2.5. CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESGOTAMENTO SANITÁRIO

A elevada carga de esgotos sanitários são uma consequência


natural da vida humana, sendo que os centros urbanos representam elevado
potencial poluidor dos recursos hídricos e dos solos. Esta contaminação
agrava a saúde da população, considerando a densidade populacional, o que
acarreta na elevada geração dos esgotos fechando-se o ciclo. Os sistemas de
esgotamento sanitário representam uma importante ferramenta na gestão,
uma vez que possuem o papel de coletar, transportar e efetuar o tratamento
adequado.

O Município de Alvorada do Sul não possui sistema público de


esgotamento sanitário, sendo este efetuado, na grande maioria, por soluções
individuas em cada residência por fossas negras. Devido às suas
características estruturais, essas fossas representam potencial de
contaminação dos solos, águas superficiais e subterrâneas e
consequentemente, riscos à saúde da população. Ressalta-se o potencial
poluidor das fossas negras localizadas nos Loteamentos construídos às
margens da Represa Capivara, que são extensivamente utilizadas como lazer
pela população local e regional.

Outro problema relevante é a ausência de fiscalização sobre a


construção de novas fossas negras, que devido ao custo de manutenção das
antigas unidades de tratamento, acabam sendo construídas irregularmente
nas vias de passeio públicos, propiciando o risco de acidentes aos pedestres.

Mesmo que o processo de implantação de esgotamento sanitário


público esteja em andamento, de modo geral o esgotamento sanitário no
Município de Alvorada do Sul apresenta sérios problemas referentes a
qualidade ambiental e a saúde da população, necessitando de investimentos
imediatos de implantação de soluções tecnicamente eficazes ao tratamento
dos esgotos sanitários.

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6.2.6. PROGRAMA DE IMPLANTAÇÃO DE ESGOTAMENTO
SANITÁRIO

Segundo a Prefeitura Municipal, recentemente foi aprovado pela


Fundação Nacional da Saúde - FUNASA, a destinação de recursos
estimados em R$ 30.000.000,00 para a implantação de sistema de
esgotamento sanitário no Município. Deste montante, aproximadamente
R$ 200.000,00 foi destinado à elaboração do projeto, que ficou a cargo da
empresa ECOSOL Engenharia.

Foram solicitados, à empresa responsável pela elaboração do


projeto, informações a respeito da concepção e dimensionamento, porém não
foi disponibilizada nenhuma informação, uma vez que segundo a Empresa
ECOSOL Engenharia, o projeto ainda não foi finalizado.

O conceito básico de sistema de esgotamento sanitário coletivo


consiste em canalizações que recebem o lançamento dos esgotos,
transportando-os ao seu destino final, de forma sanitariamente adequada. A
solução de esgotamento sanitário mais frequentemente usada se faz através
dos sistemas denominados convencionais. Este tipo de sistema é organizado
por unidades, sendo as unidades básicas as seguintes:

• Rede Coletora: canalizações, coletores, interceptores e emissários;


• Estações elevatórias;
• Órgãos complementares e acessórios;
• Estações de tratamento;
• Disposição final.

Os principais conceitos referentes às unidades que constituem


os sistemas de esgotamento sanitário convencional são:

Rede Coletora: Conjunto de canalizações destinadas a receber e


conduzir as águas de esgotos. São formados por coletores secundários –
recebem diretamente as ligações prediais; coletores tronco – coletor principal
de uma bacia de drenagem de esgotos, que recebe a contribuição dos
coletores secundários, conduzindo seus efluentes a um interceptor ou
emissário; Interceptor – canalização que recebe coletores ao longo do seu
cumprimento, não recebendo ligações prediais diretas; Emissários –
canalizações destinadas a conduzir os esgotos a um destino conveniente,
tais como estações de tratamento e/ou lançamento, sem receber
contribuições em marcha.

Estação Elevatória: Quando as profundidades das tubulações


tornam-se demasiadamente elevadas, devido à baixa declividade do terreno,
195
que devido a necessidade de se transpor uma elevação, torna-se necessário
bombear os esgotos para um nível mais elevado. A partir desse ponto, os
esgotos podem voltar a fluir por gravidade. As unidades que realizam o
bombeamento são denominadas elevatórias e as tubulações que transportam
o esgoto bombeado são denominadas linhas de recalque.

Órgãos Complementares e Acessórios: São dispositivos que


evitam ou minimizam entupimentos nos pontos singulares das tubulações,
como curvas, pontos de influência de tubulações e etc. São constituintes
dessas estruturas, poços de visita – é uma câmara que, através de abertura
existente em sua parte superior, permite o acesso de pessoas e
equipamentos para executar serviços de manutenção; é composta de
chaminé e balão; terminais de limpeza – colocados no início de coletores,
permitem a introdução de equipamentos de limpeza; caixa de passagem –
câmaras sem acesso, localizadas em curvas e mudanças de declividade; tubo
de inspeção e limpeza – dispositivos não visitáveis que permite a inspeção e
introdução de equipamentos de limpeza.

Estação de Tratamento (ETE): A finalidade das estações de


tratamento de esgotos é remover os poluentes dos esgotos, os quais
poderiam causar uma deterioração da qualidade dos corpos d’água.

Disposição Final: Após o tratamento, os esgotos podem ser


lançados ao corpo d’água receptor ou, eventualmente, aplicados ao solo. Em
ambos os casos, há que se levar em conta os poluentes eventualmente ainda
presentes nos esgotos tratados, especialmente os organismos patogênicos e
metais pesados. As tubulações que transportam estes esgotos são também
denominadas emissários.

6 .2 .6 .1 . P r a z o s e M e ta s p a r a o E s g o ta m e n to S a n itá r io

Considerando a atual situação dos sistemas unitários de


esgotamento sanitário, as fossas negras deverão ser adequadas a fim de
viabilizar a implantação do futuro sistema de esgotamento sanitário. Os
principais problemas concentram-se na Sede do Município, onde ocorre a
alocação de fossas negras nas vias de passeio público (calçadas).

Além disso, como o Município não dispõe de órgão sanitário


municipal de fiscalização, os atos de irregularidade dos sistemas unitários de
esgotamento são realizados sem controle. Desta forma, foram estabelecidos
os seguintes procedimentos a fim de viabilizar o processo de adequação do
atual sistema de esgotamento do Município:

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• Conceder a responsabilidade administrativa a órgão ou setor da
administração Municipal de Alvorada do Sul, de fiscalizar os sistemas
unitários de esgotamento sanitário;

• Realizar mapeamento e identificação dos proprietários das fossas


negras instaladas em vias de passeio público;

• Estabelecer a proibição legal da instalação de sistema individual de


esgotamento sanitário em vias de passeio público;

• Estabelecer prazo legal para a remoção e extinção de sistemas


unitários de esgotamento sanitário em vias de passeio público;

• Estabelecer sanções econômicas aos proprietários que não


readequarem, dentro do prazo, as situações de sistema individual de
esgotamento irregulares;

• Tornar a instalação do sistema de fossas sépticas como um pré-


requisito para a emissão de habite-se;

• Limitar o número de unidades de sistema individual de esgotamento


sanitário por propriedade.

Como mecanismos de avaliação das medidas, deverão ser


atendidas as etapas de elaboração e implementação a curto, médio e longo
prazos, descritas no Quadro 58. Considera-se o ano de 2015, o primeiro (ano
1) de implementação do PMSB.

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Prazo Ano Meta Medida/Indicador
Elaborar programa de Viabilidade técnica e
mapeamento de fossas financeira para efetuar o
irregulares levantamento
Estabelecimento de prazo
Regularização de estruturas
para adequação das
irregulares
irregularidades
Estabelecimento legal de
Estabelecimento de sanções multa para o não
econômicas cumprimento da
readequação
Fossas sépticas como pré-
1 requisito de aprovação de
Estabelecimento de
obras e limitação do
parâmetros construtivos e
número de unidades de
legais
sistema individual de
esgotamento sanitário
Fiscalização dos sistemas Estabelecimento de órgão
Curto
unitários de esgotamento fiscalizador
sanitário Fiscalização de novas obras
Estabelecer diretrizes,
Elaborar Programa de
metas, cronograma, e
substituição de fossas
recursos financeiros
negras – área rural
necessários
Elaboração de Programa de Elaboração do projeto
Banco de dados para executivo
construção de indicadores Busca de recursos
Elaborar programa de Elaboração do projeto
aquisição de autofossa executivo
municipal Busca de recursos
Mapeamento das fossas
2 Mapeamento sede
irregulares
Mapeamento das fossas
3-4 Mapeamento loteamentos
irregulares
Mapeamento de fossas
Mapeamento rural
irregulares
Estabelecimento de Implantação do sistema de
indicadores indicadores
Implantação do programa
Médio e 5 em
de substituição de fossas Educação técnica
Longo diante
negras – área rural
Aplicação de multa por não
Aplicação das sanções atendimento a
econômicas regularização das fossas
irregulares
Aquisição e início da
Aquisição e prestação do prestação de serviço de
serviço autofossa limpeza de fossas no
município.
Quadro 58: Metas e medidas propostas referente as potencialidades e
oportunidades do esgotamento sanitário no Município de Alvorada do Sul.
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

198
6.2.6.1.1. Programas para Implantação das Metas

As metas propostas para o esgotamento sanitário foram


agrupadas na forma de planejamento de curto, médio e longo prazos. Para
cada meta será proposto um programa de implementação com o intuito de
nortear o planejamento e a organização para elaboração das propostas
sugeridas no PMSB.

6.2.6.1.1.1. Curto Prazo

• Elaboração de Programa de Mapeamento de Fossas Irregulares

O primeiro passo para a reestruturação do esgotamento


sanitário do Município de Alvorada do Sul é levantar o atual cenário dos
sistemas unitários de tratamento de esgotos irregulares. Desta forma, deverá
ser estabelecido um programa para o levantamento das residências que
possuem sistemas unitários de esgotamento sanitário irregular, tais como
fossas negras e fossas que estejam instaladas nas vias de passeio público.

O programa deverá ser elaborado no intuito de estabelecer os


materiais, recursos financeiros, operacionais e funcionários necessários para
a execução do mapeamento das irregularidades. Estabelece-se como meta
para o 1º ano (2015) de implantação do PMSB a elaboração de programa
executivo e de viabilidade técnico-operacional para a execução deste
mapeamento.

A regularização das fossas instaladas nas vias de passeio


público só evoluirá mediante a fiscalização, que tem como pré-requisito o
conhecimento das situações de irregularidade e os respectivos responsáveis.
Desta forma o programa de mapeamento das fossas irregulares é de elevada
prioridade para o desencadeamento dos demais.

• Regularização de Fossas Irregulares

Como medida inicial de regularização no uso de fossas,


estabelece-se como meta, a criação de instrumento legal que estabeleça a
obrigatoriedade da retirada de fossas que estejam alocadas nos passeios
públicos e a adequação das fossas negras para fossas sépticas.

As fossas sépticas são exigidas por Lei no Código de Edificações


do Município, na ausência de sistema de esgotamento sanitário público e as
fossas instaladas nas vias de passeio público estão em localização irregular
segundo o Art. 68 do mesmo Código.
199
Sugere-se que o primeiro ano de implantação do PMSB (2015)
seja destinado a informar a população sobre a Lei, por meio de cartazes
informativos instalados em locais de grande circulação de pessoas, palestras,
carros de som, dentre outros. Para a regularização, sugere-se o prazo
máximo de 5 anos (2016 – 2020) para a readequação das fossas irregulares.
Este prazo foi sugerido para viabilizar a readequação por parte de famílias
carentes evitando prejudicar o equilíbrio financeiro.

• Estabelecimento de Sanções Econômicas

Juntamente com o estabelecimento do prazo de regularização


das fossas irregulares deverá se estabelecer instrumento financeiro legal,
para os casos de não atendimento à regularização.

Sugere-se que seja notificado o proprietário que não regularizar


a situação das fossas no prazo determinado e no período de 30 (trinta) dias
corridos, quando será realizada nova inspeção. Na reincidência da não
regularização, deverá ser cobrado o valor referente as obras necessárias para
a construção da fossa séptica, com a finalidade de viabilizar financeiramente
estas obras de adequação.

• Estabelecimento de Parâmetros Construtivos e Legais

Na forma de exigência de instalação de fossas sépticas nas novas


residências, sugere-se que seja requerido legalmente, como pré-requisito, a
apresentação de projeto de fossa séptica para a aprovação junto ao
Município.

Sugere-se que seja limitado legalmente o número de sistemas


unitários de esgotamento sanitário por residência. Esta medida visa o
incentivo à manutenção de unidades de tratamento já existentes, uma vez
que habitualmente, a população do Município possui a tendência de
construir novas fossas ao invés de realizar a limpeza das já existentes.

• Fiscalização dos Sistemas Unitários de Esgotamento Sanitário

Como observado no diagnóstico, destacou-se a necessidade da


fiscalização dos sistemas unitários de esgotamento sanitários existentes nas
edificações do Município. Como a Vigilância Sanitária não possui
representatividade em Alvorada do Sul, sugere-se como meta a definição de
um órgão que deverá fiscalizar a novas obras, referentes a instalação de
fossas, conforme o Código de Obras do Município.

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• Mapeamento de Fossas Irregulares na Sede

Com a definição dos recursos necessários ao mapeamento das


situações de irregularidade referente as fossas instaladas nas vias de passeio
público e o uso de fossas negras, deverá se proceder o efetivo levantamento
das situações de irregularidade.

O levantamento deverá ser realizado por edificação, registrando


o número de fossas negras instaladas no passeio público, o tipo de fossa
utilizada no local e o respectivo proprietário do imóvel. Deverá ainda ser
informado o prazo para readequação e as sanções financeiras quando do não
cumprimento.

O levantamento das fossas irregulares na Sede do Município é


prioritário, devido a densidade populacional se apresentar mais elevada
nesta localidade. Se estabelece como meta que o levantamento das
irregularidades na Sede do Município seja efetuado no 2º ano de
implantação do PMSB (2016).

• Mapeamento de Fossas Irregulares nos Loteamentos localizados às


margens da Represa Capivara

Nos loteamentos situados às margens da Represa Capivara, a


situação é mais crítica, uma vez que, pelo fato de estarem próximos à
Represa, o nível do lençol freático também é mais próximo da superfície,
tornando-o mais vulnerável à contaminação.

Desta forma, estabelece-se como meta que os levantamentos das


irregularidades nestes Loteamentos sejam realizados no 3º e 4º anos de
implantação do PMSB (2017 e 2018). A metodologia deverá ser a mesma
efetuada na Sede do Município.

• Elaborar Programa de Substituição de Fossas Negras na Área Rural

O atendimento do futuro sistema de esgotamento sanitário do


Município de Alvorada do Sul prevê o atendimento para a região urbana,
estando a área rural fora da abrangência do sistema. Assim, a viabilidade
técnica financeira para sistemas unitários de esgotamento sanitário destas
áreas permanece sendo a instalação de fossas sépticas.

Desta forma, é necessária a formulação de um programa de


substituição de fossas negras nas áreas rurais. Este programa deverá
disponibilizar assistência técnica para a implantação de sistema individual

201
de esgotamento sanitário adequado, considerando a condição financeira e o
nível de conhecimento técnico das famílias e empreendimentos atendidos.

Segundo o IBGE (2010), Alvorada do Sul possuía em 2010 cerca


de 2.945 habitantes na área rural e segundo a Prefeitura Municipal a
estimativa é que na área rural existam cerca de 2.864 fossas negras.

Através das análises de população realizadas no item 2.6.6.3,


estima-se que no período de planejamento do PMSB, 30 anos, haverá o
crescimento de cerca de 2.017 domicílios rurais. Admitindo-se também a
substituição das fossas negras para os novos sistemas unitários de
esgotamento sanitário, prevê-se a instalação de cerca de 4.717 fossas
sépticas até 2045 na área rural do Município.

Para a área rural o sistema de fossa séptica mais indicado é o


biodigestor. Segundo a Embrapa (2010) as fossas sépticas biodigestoras
garantem o Saneamento Básico na Área Rural porque permitem o
tratamento das fezes e da urina depositadas no vaso sanitário das
edificações rurais (Figura 38).

Figura 38: Esquema do sistema de fossa séptica biodigestora.


Fonte: Novaes et. al, 2001. apud. EMBRAPA, 2010.

202
O tratamento é realizado por meio da chamada biodigestão, que
compreende um processo que utiliza esterco bovino fresco ou de outro
animal ruminante, a exemplo de cabras e ovelhas, para eliminar micróbios e
bactérias dos dejetos expelidos pelo ser humano. No final do processo de
biodigestão, é produzido um adubo natural líquido, sem cheiro desagradável
nem vermes nocivos à saúde humana e ao meio ambiente, podendo ser
utilizado para fertilizar e irrigar o solo, contribuindo para melhorar a
qualidade do solo e também a renda dos agricultores.

Segundo a Embrapa (2001) o preço médio para a instalação do


sistema de fossa séptica biodigestora é de R$ 1.500,00 a R$ 2.000,00. Estas
informações deverão ser utilizadas para subsidiar a formulação do
programa, de forma a promover o incentivo ao uso das fossas sépticas. O
programa deverá prever os recursos financeiros para elaboração de material
e assistência técnica a estas famílias.

As mudanças de cenário do esgotamento sanitário rural só


ocorrerão mediante a mudança de pensamento da população que reside
nestas regiões. Para isso, propõe-se a elaboração de programa de educação
sanitária ambiental visando a informatização da população rural a respeito
da natureza dos recursos hídricos subterrâneas, da contaminação dos solos
e das águas superficiais pelo uso de fossas negras, dos riscos à saúde
provenientes da contaminação das águas por fezes e da importância do uso
de sistemas ecológicos de esgotamento sanitário.

Este programa deverá prever os recursos financeiros e


procedimentos técnicos operacionais, mediante o estabelecimento de
cronograma de implantação. E deverá ser promovido mediante a elaboração
de material didático entregue nas residências rurais, escolas, postos de
saúde e hospitais.

• Elaboração de Programa de Banco de Dados para Construção de


Indicadores

A elaboração de indicadores é uma importante ferramenta de


desenvolvimento dos sistemas de esgotamento sanitário, uma vez que não
existem ferramentas desta natureza com a finalidade de avaliar o sistema
existente.

Os indicadores só poderão ser elaborados mediante a


implantação de sistema de banco de dados sistematizado, nos quais as
informações devem ser visualizadas e disponibilizadas de forma fácil e
acessível. Estabelece-se como meta a curto prazo, do 1º ao 3º ano (2015 à
2017) a elaboração do programa de criação do banco de dados e o 4º ano
(2018) o de aquisição das informações para aferição dos indicadores.
203
Os indicadores das áreas rurais serão estabelecidos
posteriormente, com implantação a médio e longo prazos.

No Quadro 59 podem ser observados os indicadores destacados


no Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento.

Indicadores
IE1 – Índice de residências (Urbano + Rural) com sistema individual de esgotamento
sanitário (fossa séptica) (%)
IE2 – Índice de residências urbanas com sistema individual de esgotamento sanitário
(fossa séptica) (%)
IE3 – Índice de residências (Urbano + Rural) com sistemas de esgotamento irregular
(fossas negras) (%)
IE4 – Índice de residências urbanas com sistemas de esgotamento irregular (fossas
negras) (%)
IE5 – Índice de residências (Urbano + Rural) sem sistema de esgotamento sanitário (%)
IE6 – Índice de residências urbanas sem sistema de esgotamento sanitário (%)
Quadro 59: Indicadores propostos para Alvorada do Sul.
Organização: Brasil Ambiental, 2014

Para a elaboração dos indicadores, serão necessários os registros


sistematizados de informações do esgotamento sanitário. A construção
destes indicadores só poderá ser realizada posteriormente ao levantamento
das fossas irregulares presentes no Município, sendo de vital importância
que obedeçam o cronograma proposto. Os parâmetros de sistematização
para elaboração dos indicadores serão:

Número de residências com sistema individual de esgotamento sanitário;


Número de residências com sistema individual de esgotamento sanitário
irregular (fossas negras);
Número de residências sem sistema de esgotamento sanitário.

A implantação do banco de dados demanda recursos financeiros


e operacionais. Portanto, no programa deverá constar os recursos
financeiros e operacionais necessários, organizados em um cronograma de
implantação.

• Elaborar Programa de aquisição de veículo autofossa municipal

A elaboração do programa para aquisição de veículo auto fossa


funcionará como ferramenta complementar ao programa de substituição das
fossas negras no município de Alvorada do Sul. Uma vez que o serviço tem

204
apresentado custo elevado na região devido à falta de prestadores deste
serviço.

Os sistemas de auto fossa estão disponíveis de duas formas no


mercado, na forma de veículo, o qual o caminhão já vem com todos os
equipamentos necessários a prestação do serviço e na forma de conjunto
motobomba e tanque de armazenamento. O primeiro varia no mercado de
R$ 100.000,00 a 200.000,00 e o segundo de R$ 10.000,00 a 20.000,00.

Sugere-se que seja implementado na proposta que parte da taxa


de prestação do serviço de limpeza das fossas negras, seja destinado a
fomentar financeiramente o pagamento do equipamento ou veículo
adquirido.

O programa deverá abordar o objetivo da aquisição do equipamento e


a respectiva tomada de valores aquisição. Estabelece-se como meta a curto
prazo (2015) a elaboração do programa de aquisição de veículo autofossa
municipal.

6.2.6.1.1.2. Médio e Longo Prazo

• Mapeamento de Fossas Irregulares Rurais

Estabeleceu-se a médio prazo o mapeamento do uso de fossas


irregulares na região rural do Município. O mapeamento pode ser
acompanhado da execução do Programa de Substituição das Fossas Negras
e do Programa de Educação Ambiental.

• Estabelecimento dos Indicadores

Os parâmetros de avaliação para a construção dos indicadores


deverão ser registrados no prazo mínimo de 1 (um) ano, para que possuam
validade técnica. Para o estabelecimento dos indicadores deverão ser
considerados as seguintes equações e definições:

IE1 – Índice de residências (Urbano + Rural) com sistema individual de


esgotamento sanitário (fossa séptica) (%);

205
IE2 – Índice de residências urbanas com sistema individual de esgotamento
sanitário (fossa séptica) (%);

IE3 – Índice de residências (Urbano + Rural) com sistemas de esgotamento


irregular (fossas negras) (%);

IE4 – Índice de residências urbanas com sistemas de esgotamento irregular


(fossas negras) (%);

IE5 – Índice de residências (Urbano + Rural) sem sistema de esgotamento


sanitário (%);

IE6 – Índice de residências urbanas sem sistema de esgotamento sanitário


(%);

• Implantação dos Programas de Substituição de Fossas Negras e de


Educação Ambiental

Estabeleceu-se que a partir do 5º ano de implantação do PMSB


(2019), a médio e longo prazo, seja realizada a implantação dos programas
propostos, devido a necessidade da busca de recursos financeiros e da
espacialização das residências localizadas na área rural.

Estes Programas deverão, ao longo do tempo, serem reavaliados,


juntamente com o Plano Municipal de Saneamento Básico, mediante as
mudanças socioeconômicas e de população.

206
• Aplicação de Sanções Econômicas

Como medida corretiva e educativa, estabelece-se que a partir do


6º ano (2020) de implantação do PMSB sejam aplicadas as sanções
econômicas estabelecidas para o não cumprimento da readequação de
situações de irregularidade das fossas negras e fossas instaladas nas vias de
passeio público. Os recursos arrecadados deverão ser utilizados para
viabilizar a readequação das irregularidades.

• Aquisição e prestação do serviço autofossa

A aquisição do caminhão ou do sistema de autofossa deverá ser


adquirido a fim de subsidiar o projeto de retirada e desativação das fossas
negras no município de Alvorada do Sul. Posterior a desativação total das
fossas o equipamento ainda poderá ser utilizado como ferramenta de
manutenção e limpeza dos sistemas de drenagem do Município.

A taxas cobras pelo serviço deverão subsidiar o custo pelo


translado, manutenção e fomentar a aquisição do equipamento.

207
6 .3 . D R E N A G E M U R B A N A

De acordo com a Lei n° 11.445/2007, a drenagem e o manejo


das águas pluviais urbanas são compreendidos como um “conjunto de
atividades, infraestrutura e instalações operacionais de drenagem urbana de
águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de
vazões de cheias, tratamento de disposição final das águas pluviais drenadas
nas redes urbanas”.

Com o processo de urbanização, passa a ser necessária a


construção de sistemas de drenagem que possam escoar o excesso de água
das chuvas e suavizar os riscos de possíveis inundações, já que o processo
de escoamento e infiltração natural foi prejudicado pela impermeabilização
da superfície.

Desta maneira, com o crescimento das áreas urbanizadas, há


um aumento no nível e na frequência destas inundações que prejudicam o
meio ambiente, principalmente a qualidade da água e as populações que ali
vivem. Estes problemas ocorrem devido a falta de planejamento adequado,
ocupação de áreas impróprias e de risco, ausência de controle sob o uso do
solo e sistemas de drenagem ineficientes. Outra complicação é a ocupação
em áreas utilizadas pelos rios como zonas de passagem de inundação em
períodos chuvosos, o que dificulta o escoamento e leva à inundação do leito
maior.

Os sistemas tradicionais de drenagem urbana compreendem


dois tipos de sistemas, o de microdrenagem ou sistema inicial de drenagem,
composto por canais e dispositivos que transportam as águas pluviais desde
o dispositivo de coleta até o seu destino final, normalmente constituído por
sarjetas, bocas-de-lobo, redes de galerias de águas pluviais e tubulação de
drenagem, e o sistema de macrodrenagem, constituído por canais de maior
dimensão, como reservatórios de detenção, galerias e bueiros, sistemas de
comporta, entre outros. Do mesmo modo, existem medidas que visam a
infiltração das águas pluviais por meio da conservação nas próprias áreas
urbanas de locais com áreas verdes, cobertas por gramíneas, por exemplo.

Para que o espaço urbano não sofra com inundações, existem


medidas de prevenção classificadas como estruturais e não-estruturais, que
tem como objetivo diminuir os danos causados pelas inundações e amenizar
os impactos sobre o solo e os cursos d’água.

As medidas estruturais envolvem a construção de obras ou


ações adotadas que são classificadas em intensivas ou extensivas. A
primeira compreende o aceleramento do escoamento por meio de obras de
canalização, o retardamento do fluxo com a construção de reservatórios ou
similares, o desvio de escoamento através de túneis de derivação ou canais
208
de desvio, entre outros. Já as intensivas promovem o florestamento e o
controle das erosões do solo.

As formas não-estruturais visam o planejamento por meio da


organização do espaço e se divide entre medidas preventivas e corretivas. A
primeira executa a regularização do uso e ocupação do solo, preservação das
áreas ao redor dos cursos d’água e das matas ciliares, criação ou
manutenção de áreas verdes e ordenação das cidades, conscientização
ambiental, controle dos sistemas de esgoto e água, entre outros. Já as
corretivas compreendem ações imediatistas, como a desocupação de áreas
impróprias, legislação aplicável, etc.

Como foi indicado anteriormente, Alvorada do Sul está inserida,


em escala nacional, na região hidrográfica do rio Paraná e na Bacia do
Paranapanema 3, em escala estadual. Inseridas no território do Município,
encontram-se cinco sub bacias hidrográficas.

6.3.1. LEGISLAÇÕES, RESOLUÇÕES E NORMAS ESPECÍFICAS

O manejo das águas pluviais e dos sistemas de drenagem


envolvem uma série de legislações nas esferas federais, estaduais e
municipais, destacando-se as mais relevantes.

• Lei nº 11.445/07. Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento


básico, altera as Leis nº 6.766/79, nº 8.036/90, nº 8.666/93, nº 8.987/95,
revoga a Lei nº 6.528/78.

• Lei nº 12.651/12. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera


as Leis nº 6.938/93, nº 9.393/96 e nº11.428/06, revoga as Leis nº
4.771/65, nº 7.754/89, e a medida provisória nº 2.166-67/01.

• Lei º 9.433/97. Instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos e


criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.

6 .3 .1 .1 . L e g is la ç ã o M u n ic ip a l

No que se refere à legislação municipal vigente sobre a drenagem


urbana, serão apresentados a seguir, os principais artigos relacionados.O
título II da Lei Orgânica de Alvorada do Sul aborda as competências do
Município, sendo que o artigo 5° compreende:

"XIII. Estabelecer normas de edificação do


loteamento, de arruamento e de zoneamento urbano,

209
bem como as limitações urbanísticas convenientes à
ordenação de seu território;"

O capítulo VI da Lei Orgânica do Município discorre a respeito


das normas para o meio ambiente em Alvorada do Sul e o Artigo 163
destaca:

"Art. 163 - Cabe ao Município, através de seus órgãos


de administração direta, indireta e fundacional:
......
II - Executar, com a colaboração da União, do Estado
e de outros órgãos e instituições, projetos de
recuperação do solo, de reflorestamento e de
aproveitamento dos recursos hídricos;
III - Estimular e promover o reflorestamento ecológico
em áreas degradadas, objetivando especialmente a
proteção de encostas, fundos de vale, margens dos
rios e dos recursos hídricos, bem como a consecução
de índices mínimos de cobertura vegetal;
.....
VI. O Município regulamentará o abastecimento de
máquinas ou implementos que possam poluir ou
envenenar as águas dos pequenos rios do Município."

O capítulo III aborda a política rural que deve ser regulamentada


no Município, sendo que o item XIII do artigo 107 discorre sobre as obras
implantadas nas áreas rurais para a drenagem urbana.

"Art. 107 - A política rural será executada, integrando


recursos, meios e programas dos vários organismos
de iniciativa privada e dos poderes públicos
municipal, estadual e federal, contemplando,
principalmente:
....
XIII - No que se diz respeito ao sistema viário do
Município, o Poder Público Municipal deverá
gestionar, prazo máximo, para disposições
transitórias, que todas as obras rodoviárias, rurais,
pavimentações ou não, implantadas ou readequadas
pela União, Estado ou o próprio Município, tenha nas
suas laterais, obras tecnicamente adequadas, de
controle ao escorrimento das águas das chuvas, a
fim de preservar da erosão as propriedades
marginais; que todas as propriedades implantam
práticas tecnicamente adequadas de controle a
erosão, para evitar a entrada das águas pluviais
destas propriedades no leito ou laterais das estradas
municipais."

210
A Lei nº 1.521/2008 é referente à organização do parcelamento e
remembramento do solo urbano. O artigo 8 do Capítulo II estabelece que os
requisitos mínimos a serem atendidos durante o parcelamento do solo em
loteamentos, deverá:

"III - salvo disposição decorrente de estudos


específicos que recomende distâncias ainda maiores,
ao longo e distanciadas de 80 (oitenta) metros das
margens dos cursos de águas correntes e dormentes
e das nascentes será obrigatória a execução de uma
via de, no mínimo, 15 (quinze metros) de largura;"

"VII - todos os loteamentos deverão ser dotados, pelo


loteador, no mínimo, de: marcação das quadras e
lotes, guias e sarjetas, rede de galerias de águas
pluviais e obras complementares necessárias à
contenção da erosão, pavimentação de vias, rede de
abastecimento de água, rede de fornecimento de
energia elétrica, iluminação pública, arborização de
vias e rede coletora de esgotos domiciliares;"

"X - nos conjuntos habitacionais de interesse social,


de iniciativa do Poder Executivo, as obras de
pavimentação de vias, guias e sarjetas, galerias de
águas pluviais, exigidas no inciso VIII desse artigo,
poderão ser dispensadas, a critério do órgão
competente de planejamento do Poder Executivo
Municipal, mediante a aprovação do Conselho do
Plano Diretor Municipal."

O Artigo 10 apresenta as diretrizes gerais para o loteamento das


terras, as quais compreendem a existência de:

"V - os coletores principais de águas pluviais e


esgotos e a localização de hidrantes de combate a
incêndio quando eles existirem ou estiverem
previstos;"

"VIII - as Áreas de Preservação Permanente de


nascentes, córregos, rios, as faixas de proteção de
linhas de transmissão de energia em alta tensão, as
faixas de domínio de dutos, estradas rurais e
rodovias."

O projeto de Lei do Plano Diretor Municipal orienta e serve como


instrumento básico para políticas de desenvolvimento em Alvorada do Sul,
sendo que o Artigo 10 do Capítulo II apresenta as diretrizes para a política de
infraestrutura pública e dentre estas destacam-se:

211
"I - ampliar e recuperar a infraestrutura urbana e
rural."

E no Artigo 11:

"I - Ampliar e recuperar a pavimentação e a


drenagem urbana."

A Lei n° 1.532 de 2008 aborda o Código de Posturas do


Município, sendo que o Artigo 4° do Capítulo II evidencia que:

"Art. 4° - Incumbe aos moradores, aos prestadores de


serviços, comerciantes e industriais a
responsabilidade pela limpeza do passeio e sarjetas
fronteiriças ao seu imóvel."

O Artigo 5° apresenta as proibições no que se refere à


preservação do asseio em vias e logradouros, dentre estas:
"I - lançar lixo ou detritos de qualquer natureza nos
passeios e nas bocas de lobo das vias públicas;"
....
"IV - impedir ou dificultar, sob qualquer pretexto, o
livre escoamento das águas para a rede de galeria
de águas pluviais, sarjetas ou canais;"
.....
"VI - conduzir, sem as devidas precauções, quaisquer
materiais que possam comprometer o asseio das vias
e logradouros públicos."

Referente ao Destino das Águas Pluviais e suas Galerias:

"Art. 10 - Os esgotos não podem ser lançados nas


galerias de águas pluviais;"

"Art. 12 - As águas pluviais não podem ser lançadas


na rede de esgotos."

O Artigo 36 da Seção III expõe as ações proibidas em estradas


rurais, dentre as quais destacam-se:

"IV - destruir, obstruir ou danificar pontes, bueiros,


mata-burros e valetas laterais das estradas
municipais;"
"VI - impedir, por qualquer meio, o escoamento de
águas pluviais das estradas públicas para os
terrenos marginais;
....

212
VII - escoar águas servidas ou pluviais para o leito
das estradas públicas, exceto quando devidamente
autorizados pelo órgão competente do Poder
Executivo Municipal."

6.3.2. PRINCÍPIOS E DIRETRIZES

Os sistemas de drenagem urbana só poderão ser considerados


como eficientes se atenderem aos seus usuários e serem autossuficientes,
devendo ser seguidas as seguintes condições:

• Os serviços e sistemas de drenagem urbana deverão ser prezados e


implantados buscando a universalização do serviço e, uma vez atendido,
deverá ser mantido ao longo do período do PMSB;

• Toda a área do Município, seja urbana ou rural, deverá possuir os


serviços de drenagem e manejo das águas pluviais adequados a sua
necessidade local;
• Deverão ser criados mecanismos que minimizem o impacto a jusante
sob enfoques integrados, garantindo que os impactos de quaisquer medidas
não sejam transferidos;

• As águas pluviais urbanas deverão ser coletadas e sua disposição final


deverá buscar o atendimento aos dispositivos legais vigentes ou aqueles que
venham a ser fixados pela administração do sistema;

• Buscar a melhoria contínua da qualidade dos serviços prestados;

• Deverá ocorrer a prevalência da manutenção preventiva em relação aos


serviços corretivos;

• A qualidade dos serviços deverá estar, a quaisquer tempos, dentro dos


padrões, no mínimo atendendo aos dispositivos legais ou aqueles que
venham a ser fixados pela administração do sistema;

• O operador do sistema deverá atuar com isonomia na prestação dos


serviços a seus usuários;

• Deverá ser disponibilizado um bom sistema de geração de informações,


onde as informações e dados técnicos que venham alimentar as variáveis
sejam verídicos e obtidos de boa qualidade técnica;

• Que sejam recebidas, apuradas e promovidas as soluções de


reclamações dos usuários, quando julgadas procedentes;

213
• Que seja viabilizado o desenvolvimento técnico e pessoal dos
profissionais envolvidos nos trabalhos;

• Buscar a melhoria continua do desempenho do corpo profissional


envolvido.

6.3.3. OBRIGAÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL

Para que os princípios e diretrizes estabelecidos sejam


atendidos, é necessário o estabelecimento de obrigações e metas a serem
cumpridas pelo operador dos sistemas de drenagem.

• Deverá ser disponibilizado um sistema de geração de informações e


que os dados que venham a alimentar as variáveis dos indicadores sejam
verídicos e obtidos em qualidade técnica. A administração municipal deverá
desenvolver e implementar um sistema de indicadores informatizado, que
deverá ser utilizado para o acompanhamento do cumprimento das metas
estabelecidas;

• A entidade reguladora dos serviços deverá acompanhar a evolução das


metas, utilizando o sistema de indicadores e etapas, atuando sempre que
ocorrerem distorções, garantindo o fiel cumprimento das metas e medidas
fixadas, sejam elas quantitativas e/ou qualitativas;

• A administração municipal deverá obter todas as licenças ambientais


para execução de obras e manutenção dos serviços de drenagem urbana e
manejo das águas pluviais, tendo em vista que diversas dessas obras são
passíveis de licenciamento ambiental nos termos da legislação específica;

• A administração deverá ser responsável pela complementação dos


custos envolvidos nas ações estruturais e não estruturais da drenagem
urbana e manejo das águas pluviais;

• A administração deverá garantir que as obras e serviços venham a ser


executados atendendo todas as legislações referentes à segurança do
trabalho.

6.3.4. A BACIA HIDROGRÁFICA COMO UNIDADE DE


PLANEJAMENTO

A partir da necessidade de preservação dos recursos escassos,


principalmente da água, entendeu-se que os recursos naturais estão
intimamente interligados e são dependentes. A partir disto, ao trabalhar o

214
equilíbrio ecológico, seria necessário reconhecer e compreender a dinâmica
das águas e reconsiderar os limites geográficos impostos, o que resultou no
reconhecimento das bacias hidrográficas como um sistema.

O desenvolvimento recorrente tanto em áreas rurais quanto nas


áreas urbanas é permeado pela disponibilidade das águas doces, seja
referente à sua qualidade ou quantidade. Para promovê-la e permitir o
intercâmbio entre as regiões, foi importante que o país adotasse um sistema
nacional neste sentido, utilizando a bacia hidrográfica como unidade
territorial para a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, o
que ocorreu com a instituição da Lei n° 9.433/1997. Além disso, a Lei n°
11.445/2007 que orienta o Plano Municipal de Saneamento Básico reafirma
a necessidade de utilização das bacias hidrográficas em sua elaboração.

Foram instituídos novos organismos para a gestão


compartilhada do uso das águas, como o Conselho Nacional de Recursos
Hídricos, que delibera a respeito das decisões na área de legislação de
recursos hídricos; os Comitês de Bacias Hidrográficas, que são compostos
por partícipes de prefeituras, da sociedade civil e dos governos federais e
estaduais; as Agências da Água, que auxiliam os comitês para gerir os
recursos da cobrança pelo uso da água, dentre outras organizações.

6.3.5. ESTUDOS HIDROLÓGICOS

6 .3 .5 .1 . Ín d ic e s F ís ic o s

Os índices físicos abordam características geométricas das


bacias hidrográficas em estudo e no presente PMSB serão considerados o
comprimento e a declividade do talvegue principal para que seja feito o
cálculo de tempo de concentração das sub bacias hidrográficas presentes no
Município.

Entende-se como tempo de concentração o espaço de tempo


decorrente desde o início da precipitação até o momento em que toda a Bacia
passa a contribuir para o escoamento das águas em direção à jusante do rio.

A equação de Kirpich será utilizada para definir o tempo de


concentração das sub bacias hidrográficas de Alvorada do Sul. A seguinte
fórmula considera Tc como tempo de concentração, L como o comprimento
do canal principal em km e S como a declividade do curso d’agua principal:

215
Para determinar a declividade média do talvegue é utilizada a
equação:

Nesta, considera-se Lt como comprimento do talvegue em km e


Ht como a altura deste.

No Quadro 60 são apresentados o comprimento do talvegue, a


declividade e o tempo de concentração das sub bacias hidrográficas do
Município.

Comprimento do Declividade Tempo de


Sub bacias
talvegue (km) (km) concentração (min)
Pedregulho 8,61 0,0148 106,70
Vermelho 7,25 0,0206 81,62
Paranapanema 2,21 0,0312 25,40
Ribeirão Barbosa 8,04 0,0118 93,21
Ribeirão Bonito 9,39 0,0176 105,99
Quadro 60 Tempo de concentração das sub bacias hidrográficas de Alvorada do Sul.
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

No que concerne às precipitações decorrentes no Município, o Quadro


61 demonstra a média de precipitações, o total diário máximo em cada mês e
o ano de ocorrência e o total médio de dias chuvosos. Os dados são
provenientes da Estação do Município de Bela Vista do Paraíso, que se
localiza próxima a Alvorada do Sul.

Precipitação Precipitação Ano de Total médio de


Meses
média mensal máxima (24h) ocorrência dias chuvosos
Janeiro 226,9 122,4 1994 15
Fevereiro 164,4 102,2 1980 13
Março 128,5 141,0 1996 11
Abril 98,4 132,4 1999 7
Maio 107,0 109,4 2005 8
Junho 91,2 230,8 2012 7
Julho 61,9 80,0 2007 5
Agosto 46,2 78,8 1972 5
Setembro 107,5 76,0 1999 8
Outubro 144,0 96,2 1975 10
Novembro 154,0 119,4 1985 10
Dezembro 188,4 110,0 1984 13
Quadro 61: Precipitação média, máxima e a média de dias chuvosos
de acordo com o mês e o ano.
Fonte: IAPAR, 2014.

216
Pode-se perceber que o Município apresenta menores índices de
precipitação principalmente no inverno, ao contrário do que ocorre nos
meses de dezembro, janeiro, fevereiro e março, época de verão. Este
fenômeno é natural em climas subtropicais em transição com o clima
tropical, como é o caso de Alvorada do Sul.

6 .3 .5 .2 . P e r m e a b ilid a d e d o s S o lo s

A permeabilidade é a propriedade que o solo apresenta ao


permitir o escoamento de líquidos por meio de seus poros. Uma das
maneiras de determinar a permeabilidade pode ser de acordo com as classes
pedológicas existentes em determinado espaço.

Como já apresentado anteriormente, a maior parte dos solos de


Alvorada do Sul são do tipo Nitossolos Vermelhos, anteriormente
denominados como Terra Roxa Estruturada, os quais, segundo a EMBRAPA,
são constituídos de material mineral de textura argilosa (36 a 60% de argila),
de coloração vermelha a brunada, porosidade considerável, assim como sua
permeabilidade, e em relevos muito ondulados são suscetíveis a erosão.

Do mesmo modo, estão presentes no Município solos do tipo


Latossolo Roxo Distrófico e Eutrófico, os quais possuem grande espessura, o
que é evidência da grande exposição a intemperismos. São originados por
rochas básicas, com teor de sílica abaixo de 65%, também são
moderadamente argilosos, friáveis, apresentam boa resistência a erosões e
são bem drenados. Esta classe pedológica tem origem na decomposição de
rochas máficas, possuindo características como horizonte maciço poroso e
horizonte B latossólico.

Já a pequena porção correspondente ao Latossolo Vermelho-Escuro


Eutrófico A, possui alta suscetibilidade a erosão hídrica, principalmente no
que se refere a formação de voçorocas, por exemplo.

6 .3 .5 .3 . E r o s ã o e F a to r d e E r o b ilid a d e

Entende-se por erosão os processos de desagregação e remoção


de partículas ou fragmentos do solo e das rochas por meio de processos
físicos ou químicos, como vento, gravidade, água, gelo e organismos como
plantas e animais.

Em geral, distinguem-se dois tipos de processos erosivos, um


deles considerado natural, que ocorre em equilíbrio com a formação do solo e
o meio e um segundo que se desenvolve com maior intensidade, não
permitindo uma recuperação natural do solo, denominado como erosão

217
acelerada ou antrópica. Esta última pode ser decorrente de atividades
humanas como desmatamento, abertura de estradas e transformações no
curso natural do rio, como em barragens, por exemplo.

No que se refere a erosão hídrica ou erosão do solo pela água,


esta ocorre em dois processos, primeiro a erosão por desagregação das
partículas, decorrente do impacto das gotas de água na superfície e
posteriormente, o transporte por meio da erosão por escoamento superficial.

Na existência de barragens, o fluxo de materiais perde velocidade


quando encontra as águas mais calmas, se depositando na área de remanso
do reservatório, resultando em assoreamento e elevação dos níveis de
enchente a montante do curso d’água. Além disso, com o aumento da
deposição de materiais, a capacidade de armazenamento diminui e mais
sedimentos passam a escoar para a jusante.

Segundo Oliveira (1994), os principais problemas relacionados


ao assoreamento em reservatórios são: a diminuição do armazenamento de
água, destruição de habitats aquáticos, bloqueio de canais de cursos d’água,
queda na qualidade da água para consumo humano, preenchimento de
pequenos lagos e açudes com sedimentos, aumento da turbidez, veiculação
de poluentes como fertilizantes, pesticidas, entre outros.

Em 2011, segundo levantamento do IAP, as águas da Represa


Capivara, localizada em Alvorada do Sul eram impróprias para banho, já que
contavam com altos indicadores de floração de algas que poderiam ser
tóxicas por ingestão da água ou em contato primário.

6 .3 .5 .4 . U s o e O c u p a ç ã o d o S o lo U r b a n o – Á r e a s P e r m e á v e is

A escassez de áreas verdes e permeáveis no solo urbano se


configura como um dos problemas das cidades atualmente. A presença de
solo permeável contribui para o equilíbrio das temperaturas e as construções
e calçamentos resultam em mudanças nos processos de radiação e absorção
de calor, o que leva à formação de ilhas de calor. Além disso, em áreas
arborizadas, a cobertura vegetal estabiliza os efeitos do clima sobre seus
arredores, diminuindo condições de extremos térmicos e hídricos, além de
manter a biodiversidade, controlar a poluição atmosférica e sonora e ser um
item essencial para a prevenção de inundações e erosões na malha urbana.

Na cidade de Alvorada do Sul, não existe arborização


principalmente nos vazios urbanos, que correspondem a 14,38% do total de
lotes na área urbana e estão situados, sobretudo, entre a área antiga da
cidade e os conjuntos habitacionais. Um exemplo é o Jardim Josefa Palma,
datado dos anos 1990, que é um bairro relativamente novo e pouco povoado

218
de acordo com mapas integrantes no Plano Diretor Municipal. Ademais, de
modo geral, pode-se dizer que nos locais mais densamente povoados da
cidade, com áreas residenciais que correspondem a 60% de toda a área
urbana é onde se concentra também a arborização mais densa. Há também
um espaço de reserva próximo ao Cemitério Municipal, com uma mata em
uma área de aproximadamente 182 m².

Entretanto, é possível afirmar que os vazios urbanos da cidade


são locais em que há a infiltração das águas pluviais por possuírem solo
exposto, ao contrário dos locais em que há arborização, onde o solo foi
impermeabilizado graças ao calçamento e cobertura asfáltica, presente nas
ruas.

6 .3 .5 .5 . C o e fic ie n te d e E s c o a m e n to S u p e r fic ia l

Quando as águas pluviais atingem a superfície terrestre, podem


infiltrar-se no solo ou escoar superficialmente. Para determinar a parcela
das águas pluviais que escoam na superfície, existem diversas formas e
métodos para estimativa.

O coeficiente de escoamento superficial, também conhecido por


coeficiente de deflúvio ou coeficiente de runoff, se define como a razão entre o
volume de água escoado na superfície e o volume de água precipitado,
podendo ser relativo a uma chuva isolada ou a um intervalo de tempo em
que as chuvas ocorreram.

Por meio da determinação, em relação a uma chuva intensa de


certa duração é possível definir o escoamento em outras precipitações de
diversas intensidades, sendo que a duração entre estas deve ser a mesma.
Neste sentido, pode-se dizer que quando o resultado do coeficiente é 0,90,
significa que 90% das águas pluviais escoaram na superfície e apenas 10%
infiltraram no solo.

O Quadro 62 demonstra valores do coeficiente C no que se refere


ao tipo de solo, declividade e cobertura vegetal em solos permeáveis.

219
Cobertura vegetal Declividade (%) Solo franco Solo argiloso
0-5 0,30 0,40
Florestas 5-10 0,35 0,50
10-30 0,50 0,60
0-5 0,30 0,40
Pastagens 5-10 0,35 0,55
10-30 0,40 0,60
0-5 0,50 0,60
Terras cultivadas 5-10 0,60 0,70
10-30 0,70 0,80
Quadro 62: Valores do coeficiente de escoamento superficial conforme a cobertura vegetal,
declividade e tipo de solo.
Fonte: IAPAR, 2014.

No que se refere aos solos impermeáveis, o coeficiente de


escoamento depende de características de urbanização e das especificidades
de cada Bacia, como demonstrado no Quadro 63:

Zonas Valores de C
Edificação muito densa: área central densamente construída de uma
cidade com ruas e calçadas pavimentadas 0,70 a 0,95

Edificação não muito densa: área adjacente ao centro, com menor


intensidade de habitações, mas com ruas e caçadas pavimentadas. 0,60 a 0,70
Edificação com pouca superfície livre: área residencial com construções
cerradas e ruas pavimentadas. 0,50 a 0,60

Superfícies asfaltadas em bom estado 0,85 a 0,90


Subúrbios com alguma edificação: partes de arrebaldes com pequena
densidade de construções. 0,10 a 0,25

Quadro 63: Valores do coeficiente de escoamento superficial de acordo com as


características de urbanização da bacia.
Fonte: Wilken (1978); Villela e Mattos (1980).
Organização: Brasil Ambiental, 2014.

A partir dos dados apresentados nos Quadros e em comparação


com as condições presentes em Alvorada do Sul, pode ser feita uma relação
para determinar, de maneira geral, qual a situação a respeito do coeficiente
de escoamento superficial no Município.

Desta forma, considerando que as declividades concentram-se


em sua maioria entre 0% e 10%, que a maior parte do Município abrange
terras com cultivos temporários e que o solo é predominantemente argiloso,
pode-se afirmar que o coeficiente de escoamento está compreendido entre
0,60 e 0,70 em grande parte da área rural. Na área urbana, segundo o Plano

220
Diretor Municipal, predominam as superfícies asfaltadas em estado bom a
regular, portanto, neste caso, o coeficiente C varia de 0,85 a 0,90, o que
significa uma baixa infiltração no solo. Além disso, em Alvorada do Sul
predominam as edificações com poucas superfícies livres, construções
cerradas e ruas pavimentadas e o coeficiente C, está compreendido entre
0,50 e 0,60.

Assim, pode-se afirmar que de modo geral, grande parte do


Município possui solo com média a pouca infiltração, já que dentre as
situações apresentadas, o coeficiente de escoamento superficial se
estabeleceu entre 0,50 e 0,90.

6 .3 .5 .6 . C h u v a s In te n s a s

Quando determinada a intensidade de precipitação de


determinado local, é possível estabelecer o controle de inundações e a erosão
do solo. Estes podem ser verificados pelo cálculo de chuvas intensas, que
são caracterizadas por apresentarem alta lâmina precipitada durante
pequeno intervalo de tempo.

As equações de chuvas intensas foram publicadas por Roberto


Fendrich (1998) para todo o Estado do Paraná, sendo que dentre os
Municípios nos quais o autor elaborou as equações de chuva, Londrina é o
Município que se localiza mais próximo de Alvorada do Sul. A equação de
chuvas intensas analisa as precipitações de uma determinada região e o
respectivo cálculo para Londrina está evidenciado abaixo:

No que se refere a equação:

i = Intensidade de precipitação (mm/h). Apresenta a altura (quantia)


precipitada no tempo.

Tr = Tempo de retorno (anos). Expressa o número médio de anos em que, em


uma mesma duração de precipitação, a intensidade pluviométrica é igualada
ou ultrapassada ao menos uma vez.

td = Tempo de duração da tormenta (minutos). Indica o tempo de


concentração da seção analisada da bacia.

221
Relacionando as variáveis de intensidade, duração e frequência,
é possível obter a variação da intensidade de acordo com o tempo de retorno
e a duração das chuvas. A Figura 39 demonstra a situação com dados
obtidos no Município de Londrina, o qual possui uma Estação relativamente
próxima a Alvorada do Sul.

Figura 39: Relação entre intensidade, duração e frequência para


chuvas intensas em Londrina.
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

A relação entre intensidade, duração e frequência (IDF) das


chuvas intensas tem importância na área de hidrologia por sua aplicação em
estimativas de vazões para o dimensionamento de obras, principalmente de
drenagem urbana. Para a realização da equação de Fendrich (1998) para o
Município de Alvorada do Sul, também foram utilizados dados da estação de
Londrina. Este cálculo determina a intensidade de precipitação no
Município, sendo que o tempo de duração da tormenta pode ser adotado
como equivalente ao tempo de concentração determinado para cada Bacia, o
qual foi indicado anteriormente. Desta maneira, o Quadro 64 apresenta a
intensidade de precipitação nas sub bacias hidrográficas de Alvorada do Sul
de acordo com a equação proposta por Fendrich (1998) e com base no tempo
de retorno.

222
Intensidade de Precipitação (i)
30 100 130 150
Sub bacias 50 anos 80 anos
anos anos anos anos
Pedregulho 31,92 32,07 32,21 32,28 32,52 32,56
Vermelho 38,61 38,80 38,97 39,05 39,14 39,20
Paranapanema 74,55 74,91 75,39 75,41 75,57 75,68
Ribeirão Barbosa 35,19 35,36 35,52 35,59 35,68 35,72
Ribeirão Bonito 32,08 32,23 32,37 32,44 32,52 32,56
Quadro 64: Intensidade de precipitação nas sub bacias de Alvorada do Sul.
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

6.3.6. CARACTERÍSTICAS DAS SUB BACIAS HIDROGRÁFICAS DE


ALVORADA DO SUL

Para o estudo analítico de uma bacia hidrográfica devem ser


abordadas: hierarquia fluvial, análise areal, análise linear e análise
hipsométrica. Desta forma, foi utilizada a metodologia de Horton (1945) para
a ordenação dos canais, em que são considerados de 1ª ordem os canais que
não possuem afluentes, de 2ª ordem aqueles que recebem somente canais de
1ª ordem, de 3ª ordem quando recebem canais de 2ª e 1ª ordem, e 4ª ordem
ao que possuírem afluentes de ordens inferiores e assim sucessivamente.

Posteriormente, foi determinada a hierarquia fluvial da bacia e


finalmente analisados os aspectos lineares, areais e hipsométricos dos
canais principais das cinco sub bacias de Alvorada do Sul.

223
Figura 40: Bacias hidrográficas do Município de Alvorada do Sul.
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

Na análise morfométrica linear objetiva-se determinar o


comprimento médio por ordem dos segmentos, o que demanda um cálculo
dos:

Lu – Comprimento dos canais de mesma ordem.


Nu – Número de segmentos da respectiva ordem.

Sendo que Lm (comprimento médio por ordem dos segmentos) =


Lu/Nu.

224
Para se definir o gradiente do canal principal, o qual indica a
declividade do curso d’água, considera-se:

Hcp – Altura do canal principal, o qual é determinada pela subtração da cota


altimétrica da nascente pela cota da foz.

Lcp – Comprimento do canal principal, que compreende a distância entre a


nascente e a foz, ao longo do canal principal.

Em que se obtém o Gcp (gradiente do canal principal) = Hcp/


Lcp

E quando pretende-se indicar a extensão do percurso superficial,


em que é representada a distância média entre o interflúvio e o canal
permanente, utiliza-se a fórmula: Eps = 1 / 2 Dd, em que:

Eps – Extensão do percurso superficial

1 e 2 – Constantes

Dd – Valor da densidade de drenagem

Para a análise areal, deve ser determinado o comprimento da


bacia (Lb), o qual se calcula pela medição da distância em linha reta da foz
até o ponto divisor da Bacia. Também deve ser indicado o coeficiente de
compacidade, em que é feita a relação entre o perímetro e a √ da área da
mesma, sendo que quanto mais próxima do formato circular, maior
tendência a sofrer enchentes. O coeficiente é adquirido pela fórmula Kc
(coeficiente) = 0,28 * P / √A, em que:

P – Perímetro da bacia (km);

A – Área da bacia (km²).

Os índices de referência determinam que a Bacia apresenta


formato circular quando o resultado se aproxima de 1,0, o que revela uma
tendência maior à enchentes graças ao escoamento superficial mais rápido.
Mas, quando o resultado se aproxima de 1,8, a bacia hidrográfica apresenta
formato mais alongado, e portanto, menor a tendência a enchentes.

O fator de forma (Kf) também é utilizado para medir a propensão


a enchentes, neste sentido, faz-se a relação entre a largura média (Lm), o
comprimento (L) e área da bacia, empregando-se a fórmula: Kf = A/L².
Assim, quanto menor o Kf, maior o comprimento da bacia e reduzida é a
tendência a enchentes.

225
Para determinar a densidade hidrográfica da Bacia (Dh), que
compreende uma relação entre a área da bacia e a quantidade de segmentos
de 1ª ordem, é utilizada a fórmula: Dh = N1 / A, em que:

N1 = Número de rios de 1ª ordem;

A = Área da bacia (km²).

No que se refere a densidade de drenagem (Dd), bacias


hidrográficas com pouca capacidade de drenagem apresentam índice
próximo de 0,5 km/km² e bacias bem drenadas chegam até a 3,5 km/ km²
ou mais, sendo que a fórmula utilizada para a avaliação é: Dd = Lt /A, sendo
que:

Lt = Comprimento dos canais (km);

A = Área da bacia (km²).

O diagnóstico hipsométrico compreende uma análise altimétrica


da Bacia. É feita, neste sentido, a relação de relevo (Rr), a qual determina a
energia do rio nas encostas, assim, quanto maior for seu índice, maior o
aprofundamento do leito, e quanto menor, mais provável é a acumulação de
materiais no fundo. A relação de relevo se baseia em uma relação entre a
altura de determinada bacia e a maior extensão da mesma quando medida
equidistantemente ao rio principal; esta relação é obtida por meio da
fórmula: Rr = Hb / Lb, em que:

Hb = Altura da bacia (m);

Lb = Comprimento da bacia

• Sub bacia do Rio Pedregulho

A sub bacia do rio Pedregulho é a única que abrange a área


urbana do Município, ocupando uma área total de 45,34 km².

Por meio do ordenamento dos canais percebe-se que a mesma é


de 3ª ordem na hierarquia fluvial. O Quadro 65 demonstra a hierarquia dos
canais e o comprimento total e médio dos mesmos.
Quadro 58, quadro 59, Quadro

226
Comprimento médio
N° de Comprimento
Ordem por ordem de
segmentos total (m)
segmentos
1ª 7 20.076 2.868
2ª 2 2.398 1.199
3ª 1 537 537
Quadro 65: Segmentos dos canais da sub bacia do Rio Pedregulho de acordo com a
hierarquia.
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

O Quadro 66 demonstra os parâmetros morfométricos da sub


bacia, compreendendo os aspectos lineares, arreais e hipsométricos.

Critérios Valor / unidade


Altura do canal principal (Hcp) 128 m
Comprimento do canal principal (Lcp) 8,61km
Gradiente do canal principal (Gcp) 14,86 m/km
Extensão do percurso superficial (Eps) 0,253 km/km²
Densidade de drenagem (Dd) 0,507 km/km²
Comprimento da bacia (L) 8,38km
Perímetro da bacia (P) 48 km
Área da bacia (A) 45,34 km²
Largura média (Lm) 5,41 km
Fator de forma (Kf) 0,645
Coeficiente de compacidade (Kc) 1,99 (alongada)
Altura da bacia (Hb) 161 m
Relação de relevo (Rr) 19,21 m/km
Densidade hidrográfica (Dh) 0,154 rios/ km²
Comprimento dos canais (Lt) 23,01 km
Quadro 66: Parâmetros morfométricos
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

Através da análise morfométrica, percebe-se que a bacia é


alongada, apresentando um índice de 1,99 o que é comprovado por análise
visual. Também apresenta uma densidade de drenagem regular, o que
significa uma razoável capacidade de escoamento, com um índice de
0,507 km/km². Ao mesmo tempo, evidencia uma baixa densidade
hidrográfica com 0,154 rios por km².

• Sub bacia Rio Vermelho

No Município de Alvorada do Sul, a sub bacia do rio Vermelho é


a maior em extensão, compreendendo uma área de 145,86 km².

227
Através do ordenamento dos canais, percebe-se que a sub bacia
é de 3ª ordem na hierarquia fluvial. O Quadro 67 apresenta a hierarquia dos
canais da sub bacia e o comprimento total e médio dos mesmos.

N° de Comprimento total Comprimento por


Ordem
segmentos (m) ordem dos segmentos
1ª 18 48.546 3.911
2ª 2 3.805 1.902
3ª 1 7.251 7.251
Quadro 67: Segmentos dos canais da sub bacia do Rio Vermelho
de acordo com a hierarquia
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

O Quadro 68 apresenta os parâmetros areais, lineares e


hipsométricos da sub bacia do rio Vermelho.

Critérios Valor / unidade


Altura do canal principal (Hcp) 150 m
Comprimento do canal principal (Lcp) 7,25 km
Gradiente do canal principal (Gcp) 20,68 m/km
Extensão do percurso superficial (Eps) 0,204 km/km²
Densidade de drenagem (Dd) 0,408 km/km²
Comprimento da bacia (L) 31,71 km
Perímetro da bacia (P) 89,30 km
Área da bacia (A) 145,86km²
Largura média (Lm) 4,59 km
Fator de forma (Kf) 0,145
Coeficiente de compacidade (Kc) 2,05 (alongada)
Altura da bacia (Hb) 212 m
Relação de relevo (Rr) 6,68 km/m
Densidade hidrográfica (Dh) 0,123 rios/km²
Comprimento dos canais (Lt) 59,60 km
Quadro 68: Parâmetros morfométricos.
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

A partir dos parâmetros morfométricos verifica-se que a sub


bacia do rio Vermelho possui forma alongada, pois a largura média (4,59 km)
é bem inferior ao comprimento (31,71 km). Além disso, o índice de
compacidade equivale a 2,05. Desta forma, a sub bacia possui baixa
tendência a sofrer enchentes.

A sub bacia também apresenta pobre densidade de drenagem e


baixa densidade hidrográfica, com indicadores de 0,408 km/km² e
0,122 rios/km², respectivamente.

228
• Sub bacia Rio Paranapanema

Através do ordenamento dos canais, percebe-se que a sub bacia


do rio Paranapanema é de 2ª ordem na hierarquia fluvial. O Quadro 69
apresenta a hierarquia dos canais da sub bacia e o comprimento total e
médio dos mesmos.

N° de Comprimento Comprimento por ordem


Ordem
segmentos total (m) dos segmentos
1ª 6 7.517 1.252
2ª 1 262 262
Quadro 69: Segmentos dos canais da sub bacia do Rio Paranapanema
de acordo com a hierarquia
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

O Quadro 70 demonstra os parâmetros areais, lineares e


hipsométricos da sub bacia do rio Paranapanema.

Critérios Valor / unidade


Altura do canal principal (Hcp) 69 m
Comprimento do canal principal (Lcp) 2,21 km
Gradiente do canal principal (Gcp) 31,22 m/km
Extensão do percurso superficial (Eps) 0,257 km/km²
Densidade de drenagem (Dd) 0,514 km/km²
Comprimento da bacia (L) 2,10 km
Perímetro da bacia (P) 28,68 km
Área da bacia (A) 15,11 km²
Largura média (Lm) 7,19 km
Fator de forma (Kf) 3,42
Coeficiente de compacidade (Kc) 2,07 (alongada)
Altura da bacia (Hb) 122 m
Relação de relevo (Rr) 58,09 m/km
Densidade hidrográfica (Dh) 2,51 rios/km²
Comprimento dos canais (Lt) 7,779 km
Quadro 70: Parâmetros morfométricos.
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

Das sub bacias hidrográficas inseridas no Município de Alvorada


do Sul, a sub bacia do Paranapanema é a menor, com área de 15,11 km².

Por meio da análise morfométrica, percebe-se que a densidade


hidrográfica é baixa, com 2,51 rios por km². Também apresenta baixa
densidade de drenagem, evidenciando um índice de 0,514 mais alto

229
coeficiente de compacidade, demonstrando que a mesma exibe forma
alongada, conforme demonstra igualmente a análise visual.

• Sub bacia Ribeirão Barbosa

De acordo com o ordenamento dos canais, percebe-se que a sub


bacia do ribeirão Barbosa não apresenta canais com hierarquia fluvial
superior à 1ª ordem, ou seja, nenhum dos canais da sub bacia possui algum
afluente, estes se encaminham diretamente ao rio Paranapanema.

O Quadro 71 apresenta a hierarquia dos canais da sub bacia e o


comprimento total e médio dos mesmos.

N° de Comprimento Comprimento por ordem


Ordem
segmentos total (m) dos segmentos
1ª 5 12.825 2.565
Quadro 71: Segmentos dos canais da sub bacia do Ribeirão Barbosa
de acordo com a hierarquia.
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

O Quadro 72 apresenta os parâmetros areais, lineares e


hipsométricos da sub bacia.

Critérios Valor / unidade


Altura do canal principal (Hcp) 95 m
Comprimento do canal principal (Lcp) 8,04 km
Gradiente do canal principal (Gcp) 11,81 m/km
Extensão do percurso superficial (Eps) 0,200 km/km²
Densidade de drenagem (Dd) 0,400 km/km²
Comprimento da bacia (L) 6,89 km
Perímetro da bacia (P) 47,03 km
Área da bacia (A) 32,12 km²
Largura média (Lm) 4,66 km
Fator de forma (Kf) 0,677
Coeficiente de compacidade (Kc) 2,18 (alongada)
Altura da bacia (Hb) 122 m
Relação de relevo (Rr) 17,70 m/km
Densidade hidrográfica (Dh) 0,13 rios/km²
Comprimento dos canais (Lt) 12,82 km
Quadro 72: Parâmetros morfométricos.
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

230
Os parâmetros morfométricos da sub bacia do Ribeirão Barbosa
demonstram que esta possui forma alongada, além de pobre densidade de
drenagem e baixa densidade hidrográfica, evidenciando um índice de apenas
0,13 rios por km².

• Sub bacia Ribeirão Bonito

De acordo com o ordenamento dos canais, percebe-se que a sub


bacia do Ribeirão Bonito apresenta hierarquia fluvial de 2ª ordem. O Quadro
73 apresenta a hierarquia dos canais da sub bacia e o comprimento total dos
mesmos.

Comprimento por
Ordem N° de segmentos Comprimento total (m)
ordem de segmentos
1ª 10 25.263 2.526
2ª 1 9.394 9.394
Quadro 73: Segmentos dos canais da sub bacia do Ribeirão Bonito
de acordo com a hierarquia.
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

O Quadro 74 apresenta os parâmetros areais, lineares e


hipsométricos da sub bacia.

Critérios Valor / unidade


Altura do canal principal (Hcp) 166 m
Comprimento do canal principal (Lcp) 9,39 km
Gradiente do canal principal (Gcp) 17,67 m/km
Extensão do percurso superficial (Eps) 0,195 km/km²
Densidade de drenagem (Dd) 0,391 km/km²
Comprimento da bacia (L) 23,89 km
Perímetro da bacia (P) 73,28 km
Área da bacia (A) 88,45 km²
Largura média (Lm) 3,70 km
Fator de forma (Kf) 0,154
Coeficiente de compacidade (Kc) 2,18 (alongada)
Altura da bacia (Hb) 182 m
Relação de relevo (Rr) 7,61 m/km
Densidade hidrográfica (Dh) 0,113 rios/km²
Comprimento dos canais (Lt) 34,65 km
Quadro 74: Parâmetros Morfométricos.
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

231
Os parâmetros morfométricos demonstram uma considerável
diferença entre o comprimento (23,89 km) e a largura média da sub bacia
(3,70 km), evidenciando que esta possui formato alongado, o que é
corroborado com o coeficiente de compacidade de 2,18. A densidade de
drenagem é pobre, apresentando baixa capacidade, assim como a densidade
hidrográfica, que apresenta índice de apenas 0,113 rios por km².

6.3.7. MICRODRENAGEM

Uma das maiores dificuldades na manutenção da


microdrenagem urbana está relacionada ao monitoramento de
entupimentos, que acabam ocasionando prejuízos ao Poder Público
Municipal e à população. Além dos custos de manutenção e reparo das
estruturas de drenagem, o entupimento das galerias de drenagem podem
causar o acúmulo de umidade na base da pavimentação, a fragilidade de sua
estrutura, tornando-a mais suscetível a danificação, além de eventualmente
provocar a contaminação dos solos e riscos de inundações.

A microdrenagem urbana é definida pelo sistema de condutos


pluviais em nível de loteamentos ou de rede primária urbana. O
dimensionamento de uma rede de águas pluviais é baseado nas etapas de
subdivisão da área e traçado, determinação de vazões que afluem à rede de
condutos, dimensionamento da rede de condutos e dimensionamento das
medidas de controle (PMSP, 1999; PMPA, 2005).

Segundo Fernandes (2002), o sistema de microdrenagem urbana


é composto por uma série de unidades e dispositivos hidráulicos com
terminologia própria e cujos elementos mais frequentes são conceituados da
seguinte forma:

• Greide – é uma linha do perfil correspondente ao eixo longitudinal da


superfície livre da via pública;
• Guia – também conhecida como meio-fio, é a faixa longitudinal de
separação do passeio com leito viário, constituindo-se geralmente de
concreto argamassado ou concreto extrusado e sua face superior no mesmo
nível da calçada;
• Sargeta – é o canal longitudinal, em geral triangular, situado entre a
guia e a pista de rolamento, destinado a coletar e conduzir as águas de
escoamento superficial até os pontos de coleta;
• Sargetões – canal de seção triangular situado nos pontos baixos ou
nos encontros dos leitos viários das vias públicas destinados a conectar
sargetas ou encaminhar efluentes para os pontos de coleta;

232
• Bocas coletoras – também denominadas de bocas de lobo, são
estruturas hidráulicas para captação das águas superficiais transportadas
pelas sarjetas e sargetões; em geral situam-se sob o passeio ou sob a sarjeta;
• Galerias – são condutos destinados ao transporte das águas captadas
nas bocas coletoras e ligações privadas até os pontos de lançamento ou nos
emissários, com diâmetro mínimo de 0,40 m;
• Condutos de ligação – também denominados de tubulações de ligação,
são destinados ao transporte de água coletada nas bocas coletoras até as
caixas de ligação ou poços de visita;
• Poço de visita e/ou de queda – são câmaras visitáveis situadas em
pontos previamente determinados, destinadas a permitir a inspeção e
limpeza dos condutos subterrâneos;
• Trechos de galeria – é a parte da galeria situada entre dois poços de
visita consecutivos;
• Caixas de ligação – também denominadas de caixas mortas, são caixas
de alvenaria subterrâneas não visitáveis, com finalidade de reunir condutos
de ligação ou estes à galeria;
• Emissários – sistema de condução das águas pluviais das galerias até
o ponto de lançamento;
• Dissipadores – são estruturas ou sistemas com a finalidade de reduzir
ou controlar a energia no escoamento das águas pluviais como forma de
controlar seus efeitos e o processo erosivo que provocam;
• Bacias de drenagem – é a área abrangente de determinado sistema de
drenagem.

6 .3 .7 .1 . D e s c r iç ã o d o S is te m a d e M ic r o d r e n a g e m d e A lv o r a d a d o S u l

Considerando os componentes do sistema de microdrenagem


urbana, pode-se considerar as vias públicas e consequentemente as sarjetas,
como uma das partes mais significativas no escoamento superficial das
águas pluviais, uma vez que a maioria das águas que precipitam nos lotes
vão para estas vias e escoam para as captações (boca de lobo) e depois para
os cursos d’água.

Para compor o PMSB foram levantados cerca de 24 Km lineares


de arruamentos na Sede do Município de Alvorada do Sul e
aproximadamente 33,4 Km referente às áreas loteadas às margens da
Represa Capivara. Também foram solicitadas informações pertinentes aos
projetos de drenagem referentes aos loteamentos da Sede do Município,
porém não puderam ser apresentados, vista a falta de sistematização das
informações referentes a estas estruturas.

233
Desta forma, foram levantadas as seguintes informações a
respeito da drenagem urbana do Município de Alvorada do Sul, limitadas
pelo tempo disponibilizado para a elaboração do PMSB.

• Quantificação das bocas de lobo existentes;


• Quantificação de poços de visita;
• Quantificação de caixas de passagem;
• Localização de lançamento de drenagem de águas pluviais;
• Localização de estruturas deficientes;
• Localização de pontos de alagamento;
• Localização de áreas com deficiência de drenagem.

Com estas informações foi possível caracterizar e elaborar mapas


e diagnósticos decorrentes das informações coletadas.

6 .3 .7 .1 .1 . M ic r o d r e n a g e m U r b a n a d a S e d e d o M u n ic íp io

O sistema de microdrenagem da Sede do Município é gerenciado


pela Secretaria de Obras que realiza a manutenção conforme a demanda.
Como citado anteriormente, foram realizados levantamentos das drenagens
da Sede do Município e do Distrito Esperança do Norte, totalizando cerca de
24 Km lineares de vias públicas.

Na Sede foram observadas 345 bocas de lobo, 15 poços de


inspeção, 15 caixas de ligação e 13 pontos de lançamento de drenagem das
águas pluviais. No Distrito de Esperança do Norte foram observadas 20
bocas de lobo, 03 poços de visita e 01 (um) ponto de lançamento das águas
pluviais.

Mediante o diagnóstico foi possível elaborar o Mapa do Sistema


de Drenagem da Sede do Município de Alvorada do Sul demonstrando
também a localização dos principais problemas referentes a drenagem
urbana na Sede do Município (Figura 41 e Anexo III).

234
Figura 41: Mapa da drenagem da sede do Município de Alvorada do Sul.
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

Não foram observadas estruturas de dissipação de energia nas


áreas urbanizadas, sendo que normalmente estas estruturas são alocadas
nos pontos de lançamento da drenagem urbana com o objetivo de reduzir a
energia cinética das águas drenadas, para que não ocorram processos
erosivos nos pontos de lançamento. Muitas vezes, estas estruturas são
dimensionadas também para reter o carreamento de sedimentos como
medida preventiva ao assoreamento dos corpos hídricos receptores (ABES,
2009).

Foram observados 13 pontos que lançam a drenagem das águas


pluviais na Lagoa dos Patos, sendo que nenhum possui sistema de
dissipação de energia ou contenção de sedimentos carreados. Existem ainda
7 bacias de acumulação na região nordeste da Sede do Município, que estão
associadas à região onde estão sendo construídas novas unidades
habitacionais. O mapa de localização destas estruturas está apresentado na
Figura 42 (Anexo IV).

235
Figura 42: Mapa das estruturas de drenagem da sede do Município de Alvorada do Sul.
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

Dos 13 pontos de lançamento, nenhum apresenta problemas


referentes a processos erosivos. Porém, foram observadas 04 localidades em
que ocorrem processos de acúmulo de sedimentos no local de lançamento,
sendo que a longo prazo podem causar o assoreamento do corpo receptor. A
Figura 43 representa o assoreamento A-2 resultante da drenagem L-1,
conforme Figura 42 e Anexo IV).

236
Figura 43: Assoreamento A-2 resultante da drenagem L-1.
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

A Figura 44 apresenta o assoreamento A-4 resultante da


drenagem L-3 (Figura 42 e Anexo IV).

Figura 44: Assoreamento A-4 resultante da drenagem L-3.


Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

Na Figura 45 pode-se observar o assoreamento A-3 resultante da


drenagem L-2 (Figura 42 e Anexo IV).

237
Figura 45: Assoreamento A-3 resultante da drenagem L-2.
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

Estes processos de acúmulo de sedimentação no principal corpo


hídrico receptor, a Lagoa dos Patos, é resultante do carreamento de
sedimentos provenientes das áreas urbanizadas da Sede do Município, mas
principalmente, de solos expostos em processo de erosão na PR-437 e PR-
090 (Figura 46).

Figura 46: Processo erosivo às margens da PR-437 (A) e PR-090 (B).


Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

238
Pode-se observar também na Figura 41 e Anexo III a formação de
assoreamento (A-1) ao oeste da Lagoa dos Patos. Este processo de acúmulo
de sedimentos está associado ao processo erosivo que vem ocorrendo na
estrada rural que circunda a lagoa (Figura 47).

Figura 47: Processo erosivo na estrada rural (A) e assoreamento A-1 (B) e (C).
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

Referente às outras problemáticas da drenagem, foi possível


observar 55 bocas de lobo com algum tipo de depreciação estrutural,
necessitando de intervenção de manutenção das estruturas, sendo as
deficiências das mais diversas como necessidade de manutenção parcial,
limpeza, troca de parte da estrutura e até reconstrução total (Figura 48).
Este tipo de deficiência nas estruturas de microdrenagem pode acarretar o
entupimento da rede subterrânea e concomitantemente em alagamentos.

239
Figura 48: Estruturas da microdrenagem urbana com necessidade de manutenção.
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

Além destes locais, pode-se observar deficiências relacionadas a


drenagem efetuada pelas vias públicas e estruturas, tais como as guias e
sarjetas (Figura 49). Foram observadas 06 localidades na Sede do Município
que necessitam de manutenção estrutural. As deficiências das vias públicas
apresentadas são do tipo desgaste e rachadura estrutural, que com o passar
do tempo e ação da circulação de veículos e intempéries naturais, tendem a
aumentar de escala e gravidade.

240
Figura 49: Deficiências encontradas em vias públicas com necessidade de manutenção.
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

Na microdrenagem urbana estas deficiências de drenagem


promovidas pelas estruturas das vias públicas estão diretamente
relacionadas a ocorrência de alagamentos e inundações. As deficiências
estruturais na drenagem, somadas às características topográficas destas
localidades proporcionam a potencialização destes problemas, necessitando
de intervenção e manutenção.

A ocorrência de alagamentos e inundações está associada


apenas aos problemas referentes a microdrenagem urbana. Segundo a
Prefeitura Municipal, não há registros de inundações, alagamentos ou
enchentes em função da elevação dos corpos hídricos no Município. A cota
limite de lâmina d’água da Represa Capivara é de 334 metros, sendo as
áreas urbanas da Sede do Município e os Loteamentos localizados acima da
cota 340.

6 .3 .7 .1 .2 . M ic r o d r e n a g e m n o D is tr ito E s p e r a n ç a d o N o r te

O Distrito Esperança do Norte apresenta drenagem urbana


parcialmente estruturada, com parte das vias pavimentadas, apresentando
estruturas características de drenagem urbana. As condições das estruturas

241
de drenagem se encontram regulares, necessitando apenas de obras de
manutenção (Figura 50).

Figura 50: Condição geral da drenagem urbana do Distrito Esperança do Norte.


Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

A condição mais crítica da drenagem urbana do Distrito


Esperança do Norte refere-se ao ponto de lançamento das águas pluviais no
curso d’água, local que apresenta processo evoluído de erosão do solo
(Figura 51).

Figura 51: Processo erosivo em estágio evoluído no Distrito Esperança do Norte.


Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

6 .3 .7 .1 .3 . M ic r o d r e n a g e m d o s L o te a m e n to s in s ta la d o s à s m a r g e n s d a
R e p r e s a C a p iv a r a

Segundo o zoneamento do Município de Alvorada do Sul os


loteamentos instalados às margens da Represa Capivara são classificados
como área urbana de zoneamento Residencial 2. Porém, apesar de serem
classificados como área urbana, os loteamentos apresentam características

242
de área rural, com 31,1% das vias sendo de terra batida com pedrisco e
68,9% somente de terra batida.
Dos Loteamentos analisados, apenas o Recanto Tucunaré,
Riviera do Nascente e Riviera do Poente apresentam estruturas
características de drenagem, como pavimentação, bocas de lobo, sarjetas
canaletas e dissipadores de energia. Sendo que destes, apenas o Recanto
Tucunaré possui pavimentação asfáltica, possuindo os outros dois a
pavimentação de terra batida com pedrisco (Figura 52, 53 e 54).

Figura 52: Estruturas de drenagem do loteamento Riviera do Poente.


Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

Na Figura 52 pôde-se observar as estruturas de drenagem


presentes no Loteamento Riviera do Poente. Dos loteamentos residenciais
que apresentam sistema de drenagem este foi o que apresentou as melhores
condições, não se verificando até a data dos levantamentos, problemas
referentes a assoreamento e erosão dos solos. Todas a estruturas
apresentavam-se em bom estado de conservação, algumas apenas
necessitando de manutenção básica.

243
Figura 53: Estruturas e problemas da drenagem no loteamento Riviera do Nascente.
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

Na Figura 53 observa-se as estruturas de drenagem urbana do


Loteamento Riviera do Nascente e, apesar de apresentar sistema estruturado
com dissipadores de energia e bacias de acumulação, apresenta problemas
principalmente referentes a erosão dos solos localizados na saída das
drenagens onde são lançadas as águas pluviais captadas na Represa
Capivara.

244
Figura 54: Estruturas problemas de drenagem do loteamento Recanto Tucunaré.
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

Como o descrito anteriormente, o Loteamento Recanto Tucunaré


é o único que apresenta pavimentação asfáltica, porém as estruturas básicas
do sistema de drenagem apresentam-se em más condições de manutenção.
Além disso, o sistema não conta com dissipadores ou bacias de acumulação,
de forma que foram registrados problemas de drenagem, principalmente
referentes a erosão dos solos (Figura 54).

Os demais Loteamentos não apresentam sistema de drenagem


urbana bem estruturado, sendo verificado apenas a presença de estrada de
terra batida nestas localidades. Além disso, as residências apresentam
características de área rural, com predominância de área com superfície
permeável. Esta característica garante a estas localidades contribuições
mínimas de escoamento superficial de águas pluviais. O problema mais
relevante nestes locais fica por conta do acúmulo de água nas estradas de
terra batida (Figura 55).

245
Figura 55: Acúmulo de águas pluviais em estradas de terra batida localizadas em
loteamentos às margens da represa Capivara.
Legenda: (A) Loteamento Recanto Alvorada e (B) Estrada de Acesso ao
Loteamento Recanto Dois Irmãos 1.
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

6.3.8. POTENCIALIDADES E OPORTUNIDADES DE MELHORIA


PARA OS SISTEMAS DE DRENAGEM DO MUNICÍPIO

Após análise dos sistemas de macrodrenagem e microdrenagem


da Sede, do Distrito Esperança do Norte e dos Loteamentos instalados às
margens da Represa Capivara verificou-se a ausência de informações e
indicadores de qualidade do sistema a respeito dos serviços e operações
relacionados a manutenção das drenagens do Município. Além disso, foi
constatado uma série de problemas relacionados a estruturas depredadas
que se encontravam em estado de desgaste e avariadas.

Os principais problemas ambientais concentram-se na saída dos


sistemas de drenagem das águas pluviais, que apresentam acúmulo de
sedimentos transportados pelas águas e a formação de erosão no solo.

Destacam-se os principais problemas e potencialidades


referentes aos sistemas de drenagem das águas pluviais:

• Necessidade de elaboração de banco de dados integrados, contendo


informações técnicas a respeito dos sistemas de drenagem, serviços
operacionais e custos;
• Necessidade de manutenção das estruturas desgastadas e depredadas;
• Necessidade de intervenção nas estruturas de drenagem com o intuito
de conter processos de degradação do meio ambiente;
• Fiscalização das estruturas de drenagem nos Loteamentos instalados.

246
6.3.9. CONSIDERAÇÕES SOBRE A DRENAGEM URBANA

O manejo e drenagem das águas pluviais é uma importante


ferramenta no saneamento básico que visa a proteção ambiental e estrutural
no que tange a estrutura urbana, a drenagem natural e a preservação do
solo e dos corpos hídricos do Município.

Todos os setores do saneamento devem buscar a integridade e a


sistematização de suas atividades e componentes, a fim de tornar as ações
mais eficazes, alcançando resultados satisfatórios na preservação dos
serviços de saneamento básico.

No Município de Alvorada do Sul, somente a Sede do Município,


o Distrito Esperança do Norte e alguns Loteamentos particulares possuem
sistema de manejo e drenagem de águas pluviais implantados. Nestas
localidades, a drenagem urbana apresenta estruturação regular, sendo
observada a existência de problemas de manutenção nas estruturas de
microdrenagem, problemas de erosão e assoreamento, além da falta de
estrutura de dissipação de energia das águas pluviais.

Somado a este cenário, o Município não possui órgão de


fiscalização para estruturas de drenagem e sistema integrado de banco de
dados que contenha informações técnicas referentes a administração,
operação e manutenção dos sistemas de drenagem.

Desta forma, há necessidade de manutenção das estruturas


existentes, implantação de estruturas de proteção e prevenção de impactos
ambientais e implantação de fiscalização nos sistemas de drenagem
instalados.

6 .3 .9 .1 . P r a z o s e M e ta s p a r a a M ic r o d r e n a g e m U r b a n a d a S e d e e d o
D is tr ito E s p e r a n ç a d o N o r te

Como o estabelecido anteriormente no item 6.3.8, foram


destacadas potencialidades e oportunidades para os sistemas de drenagem
de águas pluviais urbanas localizados na Sede do Município e no Distrito
Esperança do Norte. A seguir serão destacadas metas, organizadas em
medidas e propostas a curto, médio e longo prazos e os indicadores para
acompanhamento.

Como mecanismos de avaliação das implementações das metas e


objetivos, deverão ser atendidas as etapas de elaboração e implementação
descritas no Quadro 75. Considera-se o ano de 2015, o primeiro (ano 1) de
implementação do PMSB.

247
Prazo Ano Meta Medida/Indicador

Estabelecimento de
Definição legal da obrigatoriedade de
Instrumentos de drenagem
área permeável em residências
obrigatório
1

Proposta de cobrança pelos Implantação da cobrança dos serviços de


serviços de drenagem operação e limpeza da drenagem urbana

Elaboração do projeto executivo


Elaboração Programa de Busca de recursos
Banco de Dados
Mapeamento da drenagem urbana

Elaboração de projeto executivo


Elaboração de Programa para
Curto Manutenção das deficiências Busca de recursos financeiros
1-5
Elaboração de Programa de Elaboração de projeto executivo
Contenção ao Assoreamento Busca de recursos financeiros
Elaboração de Programa de
Monitoramento do assoreamento e
Monitoramento ambiental da
erosões
drenagem

Exigência dos instrumentos Exigência das estruturas de drenagem


de drenagem residencial a imóveis novos

Implantação de sistema de Disponibilização das informações


banco de dados técnicas
5
Estabelecimento de
Implantação do sistema de indicadores
Indicadores
Manutenção das estruturas Executar a manutenção de bocas de
Médio 5-10
deficientes lobos e vias deficientes
5 em Monitoramento ambiental da Monitoramento do assoreamento na
Longo
diante drenagem Lagoa dos Patos e erosões indicadas
Quadro 75: Metas e indicadores para os sistemas de drenagem urbana da sede e do Distrito
Esperança do Norte.
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

Para efeito de cumprimento da evolução das metas


estabelecidas, devem ser apurados e revisados os objetivos e metas ano a
ano.

248
6 .3 .9 .1 .1 . P r o g r a m a s d a M ic r o d r e n a g e m U r b a n a d a S e d e e d o D is tr ito
E s p e r a n ç a d o N o r te

As metas propostas para o manejo e operação dos sistemas de


drenagem urbana da Sede e do Distrito Esperança do Norte foram agrupadas
na forma de planejamento de curto, médio e longo prazos. Para cada meta,
será proposto um programa de implementação com o intuito de nortear o
planejamento e organização para elaboração das propostas sugeridas no
PMSB.

6.3.9.1.1.1. Curto Prazo

• Estabelecimento de Instrumentos de Drenagem Obrigatórios

Como discutido anteriormente foi constatado que nos sistemas


de drenagem da Sede do Município foram observados problemas referentes
ao assoreamento do corpo hídrico receptor. O assoreamento dos corpos
hídricos ocorre principalmente pelo carreamento de sedimentos pelas águas
pluviais drenadas, acumulando-se no corpo hídrico que recebe a drenagem.
No contexto do Município de Alvorada do Sul propõem-se inicialmente que se
promova a redução do escoamento das águas pluviais por meio do aumento
de áreas permeáveis nos lotes e de áreas que apresentem solo exposto.

Entre os fatores que influenciam o processo de infiltração de


água nos solos pode-se destacar a ocupação do solo, onde os processos de
urbanização e retirada da vegetação diminuem drasticamente a quantidade
de água infiltrada e a presença de cobertura vegetal, uma vez que a mesma
tende a aumentar a capacidade de infiltração do solo, pois atenua a ação da
chuva e facilita a atividade de insetos e outros animais no processo de
escavação. Ainda, por dificultar o escoamento superficial e por retirar a
umidade do solo, possibilita a ocorrência de maiores valores da capacidade
de infiltração (JUNIOR, 2010).

Desta forma, propõem-se o estabelecimento da obrigatoriedade


da destinação de 20% da área total do terreno para solo permeável. Este
procedimento poderá ser efetuado com implantação de área gramada ou solo
coberto por pedrisco. Para áreas públicas ou privados que apresentem solo
exposto, obriga-se legalmente a cobertura com grama e/ou pedrisco.

Estabelece-se como o 1º ano de implantação do PMSB (2015) a


meta de elaboração do instrumento legal de obrigatoriedade deste
instrumento de drenagem para novos imóveis.

249
• Proposta de Cobrança pelos Serviços de Drenagem

A Lei nº 11.445/07 estabelece em seu Art. 29 que “os serviços


públicos de saneamento básico terão a sustentabilidade econômica financeira
assegurada, sempre que possível, mediante remuneração pela cobrança dos
serviços: III - de manejo de águas pluviais urbanas: na forma de tributos,
inclusive taxas, em conformidade com o regime de prestação do serviço ou de
suas atividades”.

Sugere-se que seja definida uma taxa fixa para que a prestação
do serviço possua sustentabilidade econômica e financeira, e deverá ter
como base o custo financeiro da operação e manutenção dos sistemas de
drenagem e manejo das águas pluviais. Além disso, o valor cobrado deverá
ser variável de acordo a capacidade financeira familiar de modo que não
exerça desequilíbrio financeiro a famílias carentes.

Para o estabelecimento dos custos do sistema de drenagem


urbana para fins de financiamento, são considerados os custos de
manutenção (limpeza de bocas de lobo e redes de ligação, vistorias em canais
e recuperação de estruturas) em razão das áreas impermeabilizadas da
drenagem urbana. O custo total por m² impermeabilizado – CTD (R$/m²) é
representado pela equação a seguir.

A parcela do solo impermeabilizado é o determinante essencial


do dimensionamento dos sistemas de drenagem e o maior responsável pelo
escoamento urbano das águas pluviais em relação ao escoamento gerado em
um ambiente natural. Por isso, o custeio de manutenção e operação destes
serviços são alocados sobre as áreas permeáveis.

Assim, a taxa sobre os serviços de drenagem, seria realizada


sobre demandas individuais calculadas sobre a área impermeabilizada de
cada imóvel.

Taxa de drenagem (R$) = CTD (R$/m²) x área impermeabilizada


do imóvel (m²).

Deverá ser realizado previamente um estudo de viabilidade


econômica e social, a fim de verificar a viabilidade de implantação de taxa
sobre os serviços de drenagem urbana, uma vez que, segundo a legislação,
serviços prestados para uma pluralidade de pessoas, onde não é possível
determinar qual seria a mais diretamente aquinhoada, devem ser

250
financiados pelos cofres públicos. Porém, se o beneficiário é passível de
identificação, deve-se cobrar diretamente dele.

A taxa financeira deverá ser definida pelo Poder Público


Municipal e poderá ser cobrada juntamente com o IPTU – Imposto Predial
Territorial Urbano.

• Elaboração de Programa de Banco de Dados e Indicadores

Foi contatado que no Município de Alvorada do Sul não há


sistematização das informações técnicas e operacionais a respeito da
operação e administração dos sistemas de drenagem urbana do Município.
Desta forma, sugere-se como meta a implantação de banco de dados que
contenha informações técnicas a respeito dos sistemas de microdrenagem,
cronograma de manutenções, número de manutenções, gastos com
manutenções, funcionários e etc.

Além destas informações, o banco de dados deverá subsidiar a


criação de indicadores de eficiência do sistema. A elaboração de indicadores
é uma importante ferramenta de desenvolvimento dos sistemas de drenagem
urbana no Município de Alvorada do Sul, uma vez que não existem
ferramentas desta natureza com a finalidade de avaliar o desempenho dos
serviços prestados.

Porém, os indicadores só poderão ser elaborados mediante a


implantação de sistema de banco de dados sistematizado, nos quais as
informações necessárias devem ser visualizadas e disponibilizadas de forma
fácil e acessível. Estabelece-se como meta a curto prazo, do 1º ao 4º ano
(2015 à 2017) a elaboração do programa de criação do banco de dados e o 5º
ano (2018) o de aquisição das informações para aferição dos indicadores.

O banco de dados deverá contemplar informações necessárias


para estabelecer os indicadores, conforme Quadro 76.

Indicadores
IDU01 - Índice de Qualidade dos Corpos Receptores
IDU02 - Índice de Ligações de Esgotos Irregulares
IDU03 - Índice de Cobertura do Sistema de Microdrenagem
IDU04 – Índice de Eficiência do Sistema de Microdrenagem
IDU05 - Custo unitário médio do serviço de manutenção de
estruturas da microdrenagem urbana
IDU06 – Custo unitário médio do serviço de manutenção e
limpeza da microdrenagem urbana
Quadro 76: Indicadores de drenagem urbana (IDU) propostos.
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

251
Para a elaboração dos indicadores, serão necessários os registros
sistematizados de informações do sistema de drenagem, de modo a serem
organizadas e a resultar nos indicadores conforme será discutido a seguir.
Além disso, será necessária a execução de levantamentos a respeito das
estruturas da microdrenagem urbana. Desta forma, serão os parâmetros de
sistematização para elaboração dos indicadores:

Ligações de esgoto regularizadas: número de residências com o


esgotamento encaminhado ao sistema individual de esgotamento sanitário
(fossa séptica);
Total de ligações de esgoto na rede pluvial: número de residências com
esgotamento ligado à rede pluvial (mediante a levantamento);
Extensão de vias urbanas pavimentadas com sistema de
microdrenagem; extensão em metros das vias públicas que possuem sistema
de microdrenagem urbana implantado.
Total de vias urbanas pavimentadas; extensão total em metros das
vias públicas da área de estudo.
Pontos do sistema de drenagem com falhas/deficiências: número de
estruturas que apresentam deficiências estruturais, tais como rachaduras,
quebras, fissuras, entupimentos, soterramentos e etc.

A implantação do sistema de banco de dados demanda recursos


financeiros e operacionais, estabelecendo-se como meta a elaboração de
programa executivo de banco de dados, o qual deverá descrever os recursos
financeiros e operacionais necessários, organizados em um cronograma de
implantação.

• Elaboração de Programa para Manutenção das Deficiências

Foram constatados 70 problemas nas redes de microdrenagem


urbana, sendo 69 localizados no Distrito Sede e 01 (um) no Distrito
Esperança do Norte, sendo 55 referente a bocas de lobo com estruturas
depreciadas, 04 vias públicas em condições irregulares, 03 locais de
alagamentos, 04 assoreamentos e 03 erosões.

Para as 55 bocas de lobo deficientes deverá ser realizada a


manutenção das estruturas danificadas.
Para as 04 vias públicas com problemas na drenagem, deverá ser
efetuado o recapeamento e manutenção das sarjetas.
Para os 03 locais com ocorrência de alagamentos, deverá ser avaliada
a atual drenagem a fim de ser reestruturada para que seja minimizada a
ocorrência destas situações.
252
Para os assoreamentos, a curto prazo, sugere-se a retirada dos
sedimentos acumulados no local e o florestamento e/ou paisagismo da área.
A longo prazo deverá ser efetuada a minimização do carreamento de
sedimentos ao corpo hídrico receptor por meio da redução do escoamento
superficial e instalação de estruturas de contenção de sedimentos como
bacias de contenção.
Nas 02 (duas) erosões localizadas na região da Sede do Município
deverá ser realizado o manejo do solo para a reparação da erosão e posterior
plantio de grama ou cobertura de pedriscos. A erosão localizada no Distrito
Esperança do Norte é a que apresenta situação emergencial pelas dimensões
do impacto. Para este problema sugere-se a instalação de dissipador
hidráulico na saída da drenagem das águas pluviais e a instalação de bacia
de acumulação.

A fim de regularizar estes problemas e viabilizar as medidas,


deverá ser elaborado um programa executivo, em que seja descrito os
recursos financeiros e operacionais, organizados em um cronograma de
implantação. Deverá se proceder também a busca dos recursos necessários
a sua implantação. Estabelece-se como meta o 1º ano de implantação do
PMSB (2015) para a elaboração do programa e busca de recursos.

• Elaboração de Programa de Contenção do Assoreamento

O programa de contenção do assoreamento visa minimizar os


problemas levantados principalmente no assoreamento que vem ocorrendo
na Lagoa dos Patos pelo carreamento de sedimentos. Como discutido
anteriormente, o carreamento dos sedimentos que tem se depositado nas
margens da Lagoa dos Patos possui origem no processo erosivo da estrada
de terra batida a sudoeste do lago e ao sul, onde constatou-se a presença de
estruturas com solo exposto e processos erosivos na PR-090.

Após avaliação da topografia e relevo da região de impacto,


sugere-se que para a solução deste problema ocorra a mitigação dos
processos erosivos e a implantação de áreas cobertas por grama e/ou
pedrisco, a pavimentação asfáltica da referida estrada de terra e a
implantação de bacias te contenção ao longo da estrada, com o intuito de
reduzir o carreamento de sedimentos dos solos expostos.

Estima-se a necessidade da pavimentação de 1250m de estradas


de terra batida, a implantação de 65.400 m² de área coberta com grama
e/ou pedrisco, o manejo de 1.500 m² de áreas erodidas e a implantação de
04 bacias de contenção. As bacias de contenção deverão ser recobertas por
vegetação do tipo grama e rochas no fundo de maneira a minimizar
processos erosivos.

253
O projeto executivo deverá ser elaborado, prevendo os recursos
financeiros e operacionais necessários a adequação destas estruturas,
mediante um cronograma de implantação. Estabelece-se como meta o 1º ano
de implantação do PMSB (2015) para a elaboração do programa e busca de
recursos.

• Elaboração de Programa de Monitoramento Ambiental da


Drenagem

O monitoramento ambiental é uma importante ferramenta de


preservação do meio ambiente, em especial no caso dos recursos hídricos e
ambientais relacionados a drenagem urbana. Desta forma, fica estabelecido
como meta a implantação de programa de monitoramento dos impactos
ambientais nos corpos hídricos receptores da drenagem urbana de águas
pluviais.

O Projeto executivo deverá ser elaborado, prevendo os recursos


financeiros e operacionais necessários a adequação destas estruturas,
mediante um cronograma de implantação. Estabelece-se como meta o 1º ano
de implantação do PMSB (2015) para a elaboração do programa e busca de
recursos.

• Exigência dos Instrumentos de Drenagem

Estabelece-se que no 1º ano de implantação do PMSB a


exigência de área permeável a imóveis novos já seja exigida. Sugere-se que
esta exigência seja feita na aprovação do projeto do imóvel ou para retirada
do habite-se.

• Implantação de Sistema de Banco de Dados

Estabelece-se que até o 5º ano de implantação do PMSB o banco


de dados sobre informações técnicas, operacionais e financeiras esteja
implementado e disponibilizadas as informações para todos os cidadãos.

• Estabelecimento de Indicadores

Os parâmetros de avaliação para a construção dos indicadores


deverão ser registrados no prazo mínimo de 1 (um) ano, para que possuam
validade técnica. Para o estabelecimento dos indicadores deverão ser
consideradas as seguintes equações e definições:

254
IDU01 - Índice de Qualidade dos Corpos Receptores

Comparação dos parâmetros do corpo hídrico receptor: Oxigênio


Dissolvido (OD); Coliforme Fecais; Potencial Hidrogeniônico (pH); Demanda
Bioquímica de Oxigênio (DBO); Nitrogênio Total; Turbidez; Sólidos Totais e
Temperatura, com a Resolução CONAMA 357/2005.

IDU02 - Índice de Ligações de Esgotos Irregulares (%)

IDU03 - Índice de Cobertura do Sistema de Microdrenagem (%)

IDU04 – Índice de Eficiência do Sistema de Microdrenagem (%)

IDU05 - Custo unitário médio do serviço de manutenção de estruturas da


microdrenagem urbana (R$/m² de manutenção);

IDU06 - Custo unitário médio do serviço de manutenção e limpeza da


microdrenagem urbana (R$/ metros lineares);

6.3.9.1.1.2. Médio Prazo

• Implantação do Programa de Manutenção das Estruturas


Deficientes

Mediante a elaboração do Programa de manutenção das


estruturas deficientes e obtenção dos recursos financeiros e operacionais
necessários, deverá se proceder as obras de readequação e reparo. Nos
Quadro 77, 78, 79, 80 e 81 pode-se observar a localização geográfica das
estruturas e problemáticas referentes a microdrenagem urbana da Sede do
Município.

255
Estruturas de Drenagem Deficientes
Ponto X Y Ponto X Y
1 476488 7480028 29 476770 7480971
2 476496 7480041 30 476748 7481005
3 476532 7480172 31 476886 7481071
4 476207 7480118 32 476784 7481051
5 476224 7480252 33 476778 7481086
6 476240 7480266 34 476809 7481121
7 476143 74800336 35 476843 7481098
8 476001 7480478 36 476881 7481146
9 476014 7480491 37 476848 7481163
10 476091 7480526 38 476831 7481174
11 476462 7480526 39 476838 7481182
12 476623 7480581 40 476885 7481151
13 476515 7480643 41 476870 7481175
14 476462 7480688 42 476911 7481186
15 476256 7480546 43 476894 7481031
16 475874 7480766 44 476844 7480979
17 475829 7480978 45 477002 7481182
18 475925 7480985 46 477050 7481153
19 475951 7481126 47 477121 7481142
20 476142 7481177 48 477121 7481196
21 476414 7480898 49 477215 7481132
22 476763 7480728 50 476589 7481173
23 476775 7480737 51 476972 7481144
24 476807 7480775 52 477019 7481116
25 476818 7480787 53 477305 7481074
26 476851 7480826 54 477352 7481043
27 476861 7480836 55 476502 7480807
28 476639 7480937
Quadro 77: Localização geográfica das estruturas de drenagem deficientes.
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

Assoreamento
Ponto X Y
1 475375 7480989
2 475825 7480513
3 475879 7480511
4 475925 7480522
Quadro 78: Localização geográfica dos processos de assoreamento.
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

256
Vias Públicas deficientes
Ponto X Y
1 476036 7481624
2 476687 7481097
3 477131 7480976
4 477227 7481888
Quadro 79: Localização geográfica das vias públicas deficientes.
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

Áreas Inundáveis
Ponto X Y
1 476025 7480348
2 476750 7481167
3 476787 7481214
Quadro 80: Localização geográfica das áreas com ocorrência de inundação.
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

Erosão
Ponto X Y
1 475589 7480078
2 475245 7481133
Quadro 81: Localização geográfica dos processos erosivos.
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

Fica estabelecido como meta a adequação e manejo das


problemáticas apontadas acima a partir do 5º ano de implantação do PMSB
(2019). Estabelece-se que no 5º ano sejam recuperados os problemas
referentes às estruturas de drenagem deficientes, no 6º ano sejam
recuperados os problemas referentes aos assoreamentos, vias públicas
deficientes e erosões e no 7º ano a reestruturação da drenagem para as
localidades com ocorrência de inundação.

No Quadro 82 pode-se observar a localização do principal


problema referente a drenagem existente no Distrito Esperança do Norte.
Estabelece-se o 5º ano como meta para a reestruturação deste processo
erosivo.

Erosão
Ponto X Y
1 474678 7479126
Quadro 82: Localização geográfica do processo erosivo no Distrito Esperança do Norte.
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

257
• Implantação do Programa de Contenção do Assoreamento

A médio prazo estabelece-se que sejam aplicadas as medidas de


contenção do assoreamento na Lagoa dos Patos. Como citado anteriormente,
estima-se a necessidade da pavimentação de 1.250 m de estradas, a
implantação de 65.400 m² de área com grama ou pedrisco, o manejo de
1.500 m² de áreas erodidas e a implantação de 04 bacias de contenção. As
bacias de contenção deverão ser recobertas por vegetação do tipo grama e
rochas no fundo, para prevenção de processos erosivos.

As localizações geográficas para a implantação das bacias de


contenção estão apresentadas no Quadro 83. Os locais de implantação das
medidas podem ser observados na Figura 56 e Anexo V.

Bacias de Contenção
Ponto X Y
1 475653 7480175
2 475716 7480259
3 475832 7480362
4 475852 7480477
Quadro 83: Localização geográfica de implantação das bacias de contenção.
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

Estabelece-se que no 5º ano de implantação do PMSB sejam


instaladas as bacias de contenção, no 6º seja efetuada a pavimentação da
referida via e no 7º ano sejam adequados os solos expostos com a cobertura
de grama ou pedrisco.

258
Figura 56: Implantação de estruturas de remediação da drenagem.
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

6.3.9.1.1.3. Longo Prazo

• Monitoramento Ambiental da Drenagem

Como medida preventiva a futuros problemas de drenagem nas


áreas urbanizadas do Município, propõe-se a implantação do monitoramento
ambiental da drenagem urbana, mais especificamente das áreas urbanas da
Sede e do Distrito Esperança do Norte, localidades em que se concentram os
impactos registrados.

Desta forma, deverão ser monitorados o estado de conservação e


funcionamento das estruturas que compõem a microdrenagem e a formação
de processos erosivos e de assoreamento indicados no PMSB. Além disso, o
programa de monitoramento tem o objetivo de identificar novos impactos que
possam surgir ao longo do tempo.

259
6 .3 .9 .2 . Prazos e Metas da Microdrenagem dos Loteamentos as
m a r g e n s d a R e p r e s a C a p iv a r a

Como estabelecido no item 6.3.8, foram destacadas


potencialidades e oportunidades sobre o sistema de drenagem de águas
pluviais dos Loteamentos as margens da Represa Capivara. A seguir serão
destacadas metas, organizadas em medidas e propostas a curto, médio e
longo prazos. Posteriormente serão propostos indicadores para o
acompanhamento.

Como mecanismos de avaliação das implementações das metas e


objetivos deverão ser atendidas as etapas de elaboração e implementação
descritas no Quadro 84. Considera-se o ano de 2015, o primeiro (ano 1) de
implementação do PMSB.

Prazo Ano Meta Medida/Indicador

Estabelecer Órgão de Estabelecimento de órgão de


Fiscalização fiscalização dos loteamentos

Elaboração do projeto executivo


Elaboração de Programa de
implantação de Pedrisco
Curto 1- 5 Busca de recursos

Estabelecimento da
obrigatoriedade da instalação de
Estabelecimento de
dissipadores de energia em
instrumento legal
loteamentos com pavimentação e
sistema de microdrenagem

Operação e obras de implantação


Implantação do Programa de
de pedriscos nas vias dos
Médio 5 - 10 implantação de Pedrisco
loteamentos

Monitoramento dos processos


5 Monitoramento dos
erosivos e estruturas de
Longo em problemas ambientais
drenagem dos loteamentos
diante
Quadro 84: Metas e indicadores para os sistemas de drenagem urbana dos loteamentos às
margens da represa Capivara.
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

Para efeito de cumprimento da evolução das metas


estabelecidas, devem ser apurados e revisados os objetivos e metas ano a
ano.

260
6 .3 .9 .2 .1 . P r o g r a m a s de M ic r o d r e n a g e m dos L o te a m e n to s
im p la n ta d o s à s m a r g e n s d a R e p r e s a C a p iv a r a

As metas propostas para o manejo e operação dos sistemas de


drenagem urbana dos Loteamentos instalados às margens da Represa
Capivara foram agrupadas na forma de planejamento de curto, médio e
longo prazos. Para cada meta será proposto um programa de implementação
com o intuito de nortear o planejamento e organização para elaboração das
propostas sugeridas no PMSB.

6.3.9.2.1.1. Curto Prazo

• Estabelecer Órgão de Fiscalização

Foram observados problemas referentes a drenagem urbana


principalmente voltados aos Loteamentos que possuem sistema estruturado
de microdrenagem urbana. Desta forma, propõe-se o estabelecimento de
órgão ou setor municipal responsável por fiscalizar as estruturas de
drenagem destes Loteamentos.

Estabelece-se como meta no 1º de implantação o


estabelecimento deste órgão fiscalizador para a execução imediata do
levantamento dos Loteamentos com sistema de microdrenagem estruturado.

• Elaboração de Programa de Implantação de Pavimentação com


Pedriscos

O principal problema observado na maioria dos Loteamentos que


não possuem sistema de microdrenagem é a falta de pavimentação, o que
acaba ocasionando, em épocas chuvosas, o alagamento de trechos das vias
sem cobertura (terra). Isto ocorre pelo fato de que estradas de terra perdem
suas características e estabilidade estrutural em períodos úmidos.

Desta forma, estabelece-se como meta a execução da melhoria


das vias públicas nos Loteamentos sem sistema de microdrenagem. Como
medida mitigadora sugere-se a aplicação de pedrisco para que ocorra a
melhoria estrutural destas vias, prevendo-se a necessidade desta
implantação em cerca de 26 Km de vias públicas.

Este programa deverá ser elaborado e implantado prevendo os


recursos financeiros e operacionais necessários, organizados em um
cronograma.

261
• Estabelecimento de Instrumento Legal

Nos Loteamentos que possuem sistema de microdrenagem


estruturado, o principal problema é a ocorrência de erosões localizadas nas
saídas das drenagens das águas pluviais. Em algumas localidades foi
observado a presença de dissipadores de energia e bacias de acumulação
para a contenção de processos erosivos e de assoreamento, mas não são
todos os pontos de lançamentos que estão protegidos por estes sistemas.

Desta forma, propõe-se o estabelecimento de exigência legal para


a instalação de medidas de contenção e redução de energia hidráulica em
todos os pontos de lançamento de drenagem. Este programa só será eficiente
se executados juntamente com a fiscalização destas localidades. Assim,
posterior a implantação da fiscalização, propõe-se que seja estabelecido o
prazo de 1 ano para a adequação das estruturas.

6.3.9.2.1.2. Médio Prazo

• Implantação do Programa de Implantação de Pavimentação com


Pedrisco

Mediante a elaboração do Programa de implantação de pedrisco


nas vias públicas dos Loteamentos localizados às margens da Represa
Capivara e definição dos recursos financeiros e operacionais destinados a
sua implementação, estabelece-se a médio prazo a implementação da
pavimentação das vias públicas internas. Estima-se que será necessária a
estruturação de aproximadamente 26 Km de estradas de terra. Propõe-se
que a implementação destas estruturas seja realizada a partir do 5º ano de
implementação do PMSB (2019) e que sejam reestruturadas 20% por ano.

6.3.9.2.1.3. Médio e Longo Prazo

• Monitoramento dos Problemas Ambientais

Estabelece-se a médio e longo prazo o monitoramento dos


problemas ambientais referente as drenagens dos Loteamentos,
principalmente os relacionados aos locais que possuem microdrenagem das
águas pluviais estruturados. Para os demais Loteamentos deverá se proceder
o monitoramento referente ao surgimento de impactos ambientais
relacionados a drenagem urbana, uma vez que atualmente apresentam
impactos mínimos, mas com o passar do tempo e com a expansão urbana,
podem apresentar problemas relacionados.
262
6 .4 . R E S ÍD U O S S Ó L ID O S

O gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos é um importante


instrumento no saneamento básico e se reflete diretamente na qualidade de
vida da população. É de responsabilidade do poder público o exercício do
planejamento e execução dos serviços de gerenciamento dos resíduos
sólidos, de forma a promover o desenvolvimento político e de
sustentabilidade econômica e ambiental.

Para isso deverá ocorrer a caracterização da situação atual do


Município, no que se refere aos serviços prestados de coleta, destinação e
tratamento dos resíduos gerados, bem como a caracterização dos resíduos
coletados através de estudos técnicos e pesquisas, a fim de indicar a
população atendida, a geração per-capita, a regularidade e a eficiência dos
serviços prestados pelo poder público municipal.

A problemática dos resíduos sólidos gerados em um município


não é apenas de responsabilidade do poder público, mas de um conjunto de
responsabilidades que envolvem a população e a municipalidade, cabendo a
maior parcela à Prefeitura, já que esta dispõe de meios para realizar a
educação da população, impor exigências mediante as leis e a execução ou
terceirização dos serviços de saneamento básico.

Neste contexto, o PMSB surge com o objetivo de diagnosticar a


atual situação da gestão dos resíduos sólidos no Município por meio da
caracterização dos serviços prestados como coleta, transporte, destinação e
tratamento dos resíduos sólidos, bem como avaliar o processo gestor com o
intuído de levantar potencialidades, riscos e oportunidades, levando em
consideração a necessidade de organização, ampliação e intensificação das
práticas sanitárias por parte do poder público.

A seguir far-se-á uma introdução aos conceitos, normas e leis


utilizados no sistema de limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos, com
o objetivo de facilitar a compreensão das análises efetuadas neste
diagnóstico. Considerando a definição de saneamento básico expressa na Lei
Federal nº 11.445/07, foi enfatizada as questões relacionadas aos resíduos
domésticos e originários da varrição e limpeza de logradouros públicos, com
base nas informações disponíveis e fornecidas pelos órgãos municipais e
outros setores, no tempo pertinente a elaboração deste PMSB.

263
6.4.1. LEGISLAÇÃO, RESOLUÇÕES E NORMAS TÉCNICAS

O gerenciamento dos resíduos sólidos no Município envolve uma


série de esferas da sociedade, pressupondo o envolvimento da população, do
poder público municipal, estadual e federal, com base em legislações e
normas técnicas que fundamentam e tratam do assunto.

6 .4 .1 .1 . L e is , D e c r e to s e R e s o lu ç õ e s

• Lei nº 12.305/02. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos.

• Decreto nº 7.404/10, Regulamenta a Lei nº 12.305, cria o Comitê


Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos e cria o Comitê
Orientador para a implantação dos Sistemas de Logística Reversa.

• Lei nº 10.308/01, dispõe sobre a seleção de locais, a construção, o


licenciamento, a operação, a fiscalização, os custos, a indenização, a
responsabilidade civil e as garantias referentes aos depósitos de rejeitos
radioativos.

• Resolução CONAMA nº 303/02 dispõe sobre o Inventário Nacional de


Resíduos Sólidos Industriais.

• Resolução CONAMA nº 307/02, estabelece diretrizes, critérios e


procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil, disciplinando
as ações necessárias de forma a minimizar os impactos ambientais.

• Resolução CONAMA nº 23/96, regulamenta, no território brasileiro, a


aplicação das disposições da Convenção da Basiléia, definindo os resíduos
cuja importação e/ou exportação são permitidas ou proibidas, bem como as
condições para que estas se realizem.

• Resolução CONAMA nº 316/02, disciplina os processos de tratamento


térmico de resíduos e cadáveres, estabelecendo procedimentos operacionais,
limites de emissão e critérios de desempenho, controle, tratamento e
disposição final de efluentes, de modo a minimizar os impactos ao meio
ambiente e à saúde pública, resultantes destas atividades.

• Resolução da Diretoria Comissionada - RDC ANVISA nº 306/04,


dispõe sobre o regulamento técnico para o gerenciamento de resíduos de
serviços da saúde.

• Resolução CONAMA nº 275/01, estabelece código de cores para


diferentes tipos de resíduos na coleta seletiva.

264
• Resolução CONAMA nº 316/02, dispõe sobre procedimentos e critérios
para o funcionamento de sistemas de tratamento térmico de resíduos.

• Resolução CONAMA nº 005/93, estabelece definições, classificação e


procedimentos mínimos para o gerenciamento de resíduos oriundos de
serviços de saúde, portos e aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários.

• Resolução CONAMA nº 401/08, estabelece os limites máximos de


chumbo, cádmio e mercúrio para pilhas e baterias comercializadas no
território nacional e os critérios e padrões para o seu gerenciamento
ambientalmente adequado.

• Resolução CONAMA nº 404/08, estabelece critérios e diretrizes para o


licenciamento ambiental de aterro sanitário de pequeno porte de resíduos
sólidos urbanos.

• Resolução CONAMA nº 416/09, dispõe sobre a prevenção à


degradação ambiental causada por pneus inservíveis e sua destinação
ambientalmente adequada.

• Resolução da Diretoria Comissionada – RDC ANVISA nº 33/03, aprova


o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de
saúde.

• Resolução CONAMA nº 334/03, dispõe sobre os procedimentos de


licenciamento ambiental de estabelecimentos destinados ao recebimento de
embalagens vazias de agrotóxicos.

6 .4 .1 .2 . N o r m a s T é c n ic a s

• ABNT/NBR 7500 – Símbolos de risco e manuseio para transporte e


armazenamento de material.

• ABNT/NBR 9191 – Especificação. Sacos plásticos para


acondicionamento.

• ABNT/NBR 13853 – Requisitos e métodos de ensaio para coletores


para resíduos de serviços de saúde perfurantes ou cortantes.

• ABNT/NBR 12980 – Define termos utilizados na coleta, varrição e


acondicionamento de resíduos sólidos urbanos.

265
• ABNT/NBR 13221 – Especifica os requisitos para o transporte
terrestre de resíduos, de modo a evitar danos ao meio ambiente e proteger a
saúde pública.

• ABNT/NBR 13463 - Classifica a coleta de resíduos sólidos urbanos


dos equipamentos destinados a esta coleta, dos tipos de sistema de trabalho,
do acondicionamento destes resíduos e das estações de transbordo.

• ABNT/NBR 11174 – Fixa as condições exigíveis para obtenção das


condições mínimas necessárias ao armazenamento de resíduos classes II –
não inertes e III – inertes, de forma a proteger a saúde pública e o meio
ambiente.

• ABNT/NBR 14619 – Estabelece os critérios de incompatibilidade


química a serem considerados no transporte terrestre de produtos perigosos.

• ABNT/NBR 12810 – Fixa os procedimentos exigíveis para coleta


interna e externa dos resíduos de serviços de saúde, sob condições de
higiene e segurança.

• ABNT/NBR 14652 – Estabelece os requisitos mínimos de construção e


de inspeção dos coletores e transportadores rodoviários de resíduos de
serviços de saúde do Grupo A.

• ABNT/NBR 12235 – Fixa as condições exigíveis para o armazenamento


de resíduos sólidos perigosos de forma a proteger a saúde pública e o meio
ambiente.

• ABNT/NBR 10007 – Fixa os requisitos exigíveis para amostragem de


resíduos sólidos.

• ABNT/NBR 15051 – Estabelece as especificações para o gerenciamento


dos resíduos gerados em laboratórios clínicos. O seu conteúdo abrange a
geração, a segregação, o acondicionamento, o tratamento preliminar, o
tratamento, o transporte e a apresentação à coleta pública dos resíduos
gerados em laboratório clínico, bem como a orientação sobre os
procedimentos a serem adotados pela equipe.

• ABNT/NBR 13896 – Fixa as condições mínimas exigíveis para projeto,


implantação e operação de aterros de resíduos não perigosos, de forma a
proteger adequadamente as coleções hídricas superficiais e subterrâneas
próximas, bem como os operadores destas instalações e populações vizinhas.

266
6.4.2. PRINCÍPIOS E DIRETRIZES ESPECÍFICOS

O gerenciamento dos resíduos sólidos no Município só poderá


ser considerado eficiente se atender aos usuários e se tornar autossuficiente.
Para isso, devem ser seguidas as seguintes condições:

• Deve ser observada a prioridade no gerenciamento dos resíduos


sólidos urbanos, seguindo a seguinte ordem: não geração, redução,
reutilização, reciclagem, tratamento e disposição final ambientalmente
adequada dos rejeitos;

• Deve ser buscada a universalização dos serviços de coleta de resíduos


sólidos urbanos, e uma vez atendido, deverá ser mantida ao longo do tempo;

• A qualidade dos serviços deve estar dentro dos padrões legais vigentes
e/ou aqueles que venham a ser fixados pela administração;

• O Município deve dispor de dispositivos ou exigir a existência dos


mesmos, quanto a garantia do atendimento dos serviços de coleta,
tratamento e disposição final dos resíduos sólidos urbanos;

• O usuário deverá ser a razão e a prioridade de atendimento dos


serviços prestados, independente do mesmo ser realizado pelo poder público,
por prestação de serviço, autárquico ou privado;

• A prestação de serviços deve ser prestada buscando o pleno


atendimento dos usuários, atendendo as condições de regularidade,
continuidade, eficiência, segurança e cortesia na prestação dos serviços;

• Que seja elaborado e implantado procedimentos de atendimento dos


serviços para situações de emergência, mantendo alternativas de recursos
materiais e humanos;

• Se forem impostas cobranças sobre o serviço, estas deverão ser justas


e passíveis de absorção pela população, garantindo que não ocorram
desequilíbrios financeiros para populações de baixa renda e que não
inviabilizem os planos de investimentos e o equilíbrio econômico-financeiro
dos contratos ou serviços;

• O operador dos serviços deve atuar com isonomia na prestação dos


serviços;

• Que seja garantida a disponibilidade das informações de forma


verídica e de qualidade técnica;

267
• Que sejam recebidas, apuradas e promovidas soluções decorrentes de
reclamações dos usuários, quando julgadas procedentes;

• Que seja priorizada e promovida a melhoria contínua da qualidade e o


incremento da produtividade dos serviços prestados;

• Que sejam divulgados com antecedência, ao público em geral, a


ocorrência de situações excepcionais, a adoção de procedimentos especiais
de operação e realização de obras e serviços, ressaltando os eventos onde
ocorrerá a interrupção dos serviços prestados;

• Que sejam promovidas informações aos usuários de caráter educativo


quanto ao manuseio, acondicionamento e disposição dos resíduos.

6.4.3. OBRIGAÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL

Para que os princípios e diretrizes sejam atendidos, faz-se


necessário o estabelecimento de obrigações e metas a serem cumpridas pelo
operador dos sistemas. Desta forma, são as obrigações da administração
municipal:

• A administração municipal deverá ser a reguladora do serviço ou


delegar a competente, a regulação dos serviços, conforme a lei;

• A administração municipal ou quem seja responsável, deverá


desenvolver sistemas de indicadores, o qual deverá ser utilizado para
acompanhar o cumprimento das metas estabelecidas;

• A entidade reguladora dos serviços deverá acompanhar a evolução das


metas, utilizando o sistema de indicadores desenvolvido, a fim de garantir o
cumprimento das metas;

• A entidade reguladora deverá obter as licenças ambientais pertinentes


exigidas por lei, para a execução de obras e operação dos serviços de limpeza
e manejo dos resíduos sólidos;

• A entidade reguladora deverá garantir a prestação de serviços e/ou


execução de obras atendendo todas as legislações referentes à segurança do
trabalho.

268
6.4.4. CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT NBR


10004/2004, os resíduos sólidos são definidos como resíduos nos estados
sólidos e semi sólidos, que resultam de atividades de origem industrial,
doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam
incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de
água, sejam aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de
poluição, bem como determinados líquidos, cujas particularidades tornem
inviável o lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou
exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à
melhor tecnologia disponível.

Segundo a norma NBR 10004, a classificação de resíduos sólidos


envolve a identificação do processo ou da atividade que lhes deu origem e de
seus constituintes e características e a comparação destes constituintes com
listagens de resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio
ambiente é conhecido. Desta forma, os resíduos são classificados como:

• Resíduos Classe I – Perigosos: São aqueles que apresentam


periculosidade, ou seja, apresentam características que em função de suas
propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas, podem apresentar
riscos à saúde pública e ao meio ambiente. Apresentam características tais
como inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e
patogenicidade;

• Resíduos Classe II – Não Perigosos

• Classe II A – Não inertes: Aqueles que não se enquadram


nas classificações de resíduos Classe I – ou de resíduos classe II B – inertes,
e podem apresentar propriedades tais como biodegradabilidade,
combustibilidade ou solubilidade em água.

• Classe II B – Inertes: Qualquer resíduo que, quando


amostrado de uma forma representativa, segundo a ABNT NBR 10007 e
submetido a um contato dinâmico e estático com água destilada ou
desionizada, à temperatura ambiente, conforme ABNT NBR 10006, não
tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações
superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor,
turbidez, dureza e sabor, conforme anexo G da Norma NBR 10004.

Caracterizar e discriminar os resíduos sólidos é uma ferramenta


no planejamento e gestão dos serviços de saneamento básico, visto a
necessidade de se reutilizar, reaproveitar e reciclar os materiais passíveis

269
deste procedimento, minimizando a quantidade de resíduos que deverão ser
alocados em aterros sanitários.

Segundo o Decreto Estadual Nº 6.674/02 que aprova o


regulamento da Lei Estadual 12.493/99, são considerados resíduos sólidos
urbanos aqueles provenientes de residências ou de qualquer outra atividade
que gere resíduos com características domiciliares, bem como os resíduos de
limpeza pública urbana.

6.4.5. GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS EM ALVORADA


DO SUL

A geração de resíduos de qualquer natureza é intrínseca ao


desenvolvimento socioeconômico. No processo de transformação da matéria
em produtos, bens e serviços, existem perdas no sistema produtivo, sejam
eles de energia ou matéria e muitas vezes essas perdas ocorrem na forma de
resíduos. A transformação da matéria e a produção de resíduos fazem parte
integrante da vida e das atividades humanas. A quantidade em que é gerado
depende de diversos fatores, tais como renda, localidade, padrão de vida,
desenvolvimento socioeconômico, clima, sexo e idade (CAMPOS, 2009;
BIDONE e POVINELLI, 1999).

Desta forma, os sistemas de gestão e gerenciamento dos


resíduos sólidos devem buscar a sustentabilidade e a redução da degradação
ambiental. O compromisso entre a sociedade e os setores da administração
pública deve existir a fim de buscar práticas sustentáveis de produção e
consumo dos recursos, buscando a redução, reutilização e reciclagem dos
resíduos sólidos. Além disso, os resíduos que não são passíveis do reuso ou
reaproveitamento sustentável devem receber a destinação e tratamento
adequados, a fim de minimizar seu impacto ao meio ambiente e à saúde
pública. Para o perfeito funcionamento dos sistemas de gestão de resíduos é
necessária a ampliação dos serviços de saneamento básico e o
comprometimento da população.

A média per capita de geração de resíduos sólidos no Brasil


corresponde a 0,98 Kg/hab/dia (IBGE, 2008). Em 2009, a massa coletada de
resíduos sólidos domiciliares e públicos em Kg/hab/dia variou de 0,77 a 1,1
e a média foi de 0,96. No Quadro 85, pode ser observada a média de geração
per capita de resíduos segundo a faixa populacional no Brasil.

270
Geração per capita
Faixa Populacional (hab.)
(Kg/hab/dia)
Até 30.000 0,81
30.001 a 100.000 0,77
100.001 a 250.000 0,81
250.001 a 1.000.000 0,97
1.000.001 a 3.000.000 1,19
Mais de 3.000.000 0,95
Média 0,92
Quadro 85: Geração per capita por faixa de população.
Fonte: Campos, 2009 apud. IBGE, 2008.
Organização: Brasil Ambiental, 2014.

No Município de Alvorada do Sul não existe controle e/ou


registro quantitativo da coleta de resíduos sólidos, de forma que para
estimar a atual geração de resíduos admitiu-se a faixa de população de até
30.000 habitantes. Consequentemente, a geração per capita utilizada foi de
0,81 Kg/hab/dia. Assim, pode-se estimar que atualmente no Município são
gerados diariamente cerca de 9.304 Kg de resíduos sólidos domiciliares. Para
o ano final do planejamento do PMSB (2045), estima-se uma população total
de 33.119 habitantes, com a geração diária de cerca de 25.502 Kg de
resíduos sólidos.

Segundo Zveibil (2001) a geração média de resíduos da varrição,


limpeza de logradouros e entulhos é estimada em cerca de 0,3 Kg/hab/dia.
Na ausência de registros quantitativos, estima-se que atualmente são
gerados cerca de 3.446 Kg/dia de resíduos da varrição, limpeza de
logradouros e entulhos. Para o ano de 2045 são estimados a geração de
9.936 Kg/dia de resíduos da varrição, limpeza de logradouros e entulhos.

Atualmente, os resíduos sólidos domiciliares são encaminhados


ao Aterro Sanitário em readequação do Município e os resíduos de entulhos,
poda de árvores e varrição são encaminhados para o antigo lixão. A
localização destas áreas pode ser observada na Figura 57 e Anexo VI.

271
Figura 57: Localização do Aterro Sanitário e do antigo lixão do Município.
Fonte: Plano Diretor do Município de Alvorada do Sul, 2007.
Organização: Brasil Ambiental, 2014.

6 .4 .5 .1 . R e s íd u o s S ó lid o s D o m ic ilia r e s

A Prefeitura Municipal é a responsável pelo gerenciamento e


coleta dos resíduos sólidos domiciliares, varrição das vias públicas e coleta
de entulhos na área urbana da cidade. A população que se concentra na
área rural não possui o serviço de coleta de resíduos e representa cerca de
28% da população do Município, responsável por gerar aproximadamente
2.500 Kg/dia de resíduos sólidos urbanos.

A área urbana é composta pela Sede do Município, pelo Distrito


Esperança do Norte e pelos Loteamentos instalados às margens da Represa
Capivara. Toda a área urbana é atendida pelo serviço de coleta, sendo
gerados por dia, cerca de 6.800 Kg de resíduos sólidos domiciliares. Como
citado, a responsável por gerenciar a coleta de resíduos é a Prefeitura
Municipal, que conta com 2 caminhões compactadores e 7 funcionários
fixos, sendo realizada a coleta nas segundas, terças, quartas, sextas e
sábados. O itinerário está apresentado no Quadro 86.

272
Itinerário
Segunda Feira Sede (Residencial 1, Comercial, Industrial)*
Loteamentos as margens da Represa
Terça Feira
(Residencial 2)*
Quarta Feira Sede (Residencial 1, Comercial, Industrial)*
Loteamentos as margens da Represa
Sexta Feira
(Residencial 2)*
Sábado Sede (Residencial 1, Comercial, Industrial)*
Quadro 86: Frequência e itinerário de coleta.
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.
*Segundo nomenclatura de zoneamento do Município de Alvorada do Sul.

A disposição final dos resíduos domésticos é realizada no Aterro


Sanitário do Município que encontra-se em readequação (Figura 58).

Figura 58: Aterro sanitário em readequação.


Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

6 .4 .5 .2 . R e s íd u o s d e V a r r iç ã o , E n tu lh o s e P o d a d e Á r v o r e s

No Município não há funcionários contratados dedicados


exclusivamente a este fim, de forma que a varrição, o recolhimento de
entulhos e a poda de árvores são realizados pelos servidores da Secretaria de
273
Obras, que atendem a região urbana do Município em eventos especiais, os
chamados mutirões. A disposição final de todos estes resíduos é efetuada em
um antigo lixão (Figura 59).

Figura 59: Antigo lixão do Município e atual disposição final de entulhos,


resíduos de varrição e poda de árvores.
Fonte: Brasil Ambiental, 2014.

Após o mutirão, os resíduos são alocados nas vias públicas


temporariamente e posteriormente, coletados e depositados no antigo lixão
do Município. Os serviços são prestados por 04 funcionários, com apoio de
01 caminhão caçamba. Este serviço não é prestado na área rural.

6 .4 .5 .3 . R e s íd u o s d o s S e r v iç o s d e S a ú d e

De acordo com a RDC ANVISA nº 306/2004 e a Resolução


CONAMA nº 358/2005, são definidos como geradores de RSS (resíduos do
serviço de saúde) todos os serviços relacionados com o atendimento à saúde
humana ou animal, inclusive os serviços de assistência domiciliar e de
trabalhos de campo; laboratórios analíticos de produtos para a saúde;
necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de
embalsamento, serviços de medicina legal, drogarias e farmácias inclusive de
manipulação; estabelecimentos de ensino e pesquisa na área da saúde,
centro de controle de zoonoses; distribuidores de produtos farmacêuticos,
importadores, distribuidores produtores de materiais e controles para
diagnóstico in vitro, unidades móveis de atendimento à saúde; serviços de
acupuntura, serviços de tatuagem, dentre outros similares (ANVISA, 2006).

Segundo a Resolução RDC nº 306/2004, que dispõe sobre o


regulamento técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde,
aos geradores é atribuída a responsabilidade de elaborar o Plano de
Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde. Além disso, a Resolução
CONAMA nº 358/2005, que dispõe sobre o tratamento e a disposição dos

274
resíduos dos serviços de saúde estabelece que é de responsabilidade dos
geradores o gerenciamento dos resíduos desde a geração até a disposição
final, de forma a atender aos requisitos ambientais e de saúde pública e
ocupacional.

Em Alvorada do Sul não há legislação específica referente ao


gerenciamento dos resíduos dos serviços de saúde como também não há
ferramentas de controle quantidade e registro deste tipo de resíduo gerado
na cidade.

Não há informação compilada sobre a coleta e destinação destes


resíduos por farmácias e clínicas particulares. Porém, segundo a Prefeitura
Municipal, com o objetivo de atender as exigências legais no âmbito nacional
e estadual, os resíduos dos serviços de saúde produzidos pelas Unidades de
Saúde do Município, farmácias, clinicas e outros são encaminhados, uma
vez por mês, à empresa SERQUIP/PR, especializada em coleta, transporte e
tratamento de resíduos da saúde. Necessitando, desta forma que seja
implementado controle da produção destes resíduos por parte da prefeitura

6 .4 .5 .4 . R e s íd u o s P e r ig o s o s

Segundo a NBR 10.004 da Associação Brasileira de Normas


Técnicas (ABNT), a periculosidade de um resíduo é definida como a
característica apresentada por um resíduo que, em função de suas
propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas, pode apresentar:

• Risco à saúde pública, provocando mortalidade, incidência de doenças


ou acentuando seus índices;

• Riscos ao meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado de forma


inadequada.

Os resíduos perigosos são aqueles que apresentam


periculosidade ou uma das seguintes características: inflamabilidade,
corrosividade, reatividade, toxicidade ou patogenicidade.

Os resíduos provenientes da indústria e do uso agrícola muitas


vezes, por suas características, são caracterizados como resíduos perigosos.
No contexto agrícola, as embalagens de agroquímicos, tais como pesticidas,
biocidas e agrotóxicos, em geral, apresentam características tóxicas e tem
sido tratado por legislação específica, definindo cuidados na sua destinação
final e por vezes, co-responsabilizando a própria indústria por estes
resíduos, visto o seu potencial risco a saúde e ao meio ambiente.
275
Os resíduos sólidos industriais provêm das mais diversas
atividades e segundo a matéria prima e o processo de produção, geram
diversos tipos de resíduos com variável diversidade de componentes tais
como lodos, óleos, resíduos alcalinos, ácidos, escorias, vidros, metais etc.
Nesta categoria incluem-se parte dos resíduos considerados tóxicos.

No Município de Alvorada do Sul não há controle sobre a


produção dos resíduos industriais, como também não existe legislação
municipal específica que regule o seu gerenciamento. Desta forma, o
Município necessita implantar leis e normas que regulamentem o
gerenciamento, assim como estabeleçam as responsabilidades aos geradores.
O gerenciamento destes resíduos deve ser realizado de forma integrada,
sendo regulado pela elaboração de Planos de Gerenciamento de Resíduos
Sólidos.

Segundo a Prefeitura, a AMPARA é responsável por receber os


resíduos da agricultura no Município.

6 .4 .5 .5 . L o g ís tic a R e v e r s a n o M u n ic íp io

Não foram observados politicas municipais destinadas a


regulação de logística reversa no município de Alvorada do Sul. Segundo a
Política Nacional dos Resíduos Sólidos, Lei Federal 12.305/2010, Art. 33,
são obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa,
mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma
independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos
sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de
agrotóxicos, pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes, lâmpadas
fluorescentes, de vapor de sódio, de mercúrio e de luz mista e produtos
eletroeletrônicos e seus componentes.

Desta forma o poder público municipal não possui a responsabilidade


de efetuar a logística reversa, sendo o dever de o faze-lo os fabricantes,
importadores, distribuidores e comerciantes.

6 .4 .5 .6 . D ia g n ó s tic o d o s S e r v iç o s d e C o le ta , T r a n s p o r te e
D e s tin a ç ã o d o s R e s íd u o s S ó lid o s U r b a n o s

Diante da atual situação dos serviços de coleta, transporte e


destinação dos resíduos domiciliares, entulhos, resíduos de varrição, poda
de árvores e resíduos dos serviços de saúde e industriais foram observadas
potencialidades no processo de gestão. Como não existem procedimentos
legais que exijam prioridades e parâmetros mínimos de gestão dos resíduos,
além de aspectos referentes ao planejamento dos processos, propõem-se que

276
sejam avaliados os seguintes critérios e propostas no desenvolvimento da
gestão de resíduos sólidos no Município de Alvorada do Sul:

• Estabelecer e caracterizar na forma de Lei, pequeno e grande gerador,


suas respectivas responsabilidades no que se refere ao gerenciamento dos
resíduos sólidos e no que diz respeito aos seus tipos: resíduos domiciliares,
resíduos da construção civil, resíduos industriais e resíduos dos serviços de
saúde;

• Exigir na forma de Lei, a elaboração de Plano de Gerenciamento de


Resíduos Sólidos, Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil
e Plano de Gerenciamento de Resíduos do Serviço de Saúde.

• Exigir estes Planos de Gerenciamento para renovação de Alvarás;

• Estabelecer órgão e/ou setor fiscalizador;

• Elaborar o Plano de Coleta de Resíduos Domésticos detalhando a


periodicidade e o itinerário;

• Elaborar o Plano de Coleta de Resíduos de Entulho, Varrição e Poda de


Árvores detalhando datas, periodicidade e itinerário;

• Estabelecer locais estratégicos de triagem e transbordo temporário


para o atendimento de coleta de resíduos sólidos domésticos na área rural;

• Estabelecimento de banco de dados e indicadores dos serviços


prestados.

6 .4 .5 .7 . D ia g n ó s tic o d o S e r v iç o d e C o le ta S e le tiv a

A coleta seletiva é uma importante ferramenta no planejamento


dos resíduos sólidos urbanos, o qual tem o papel de realizar a destinação e
tratamento diferenciado dos resíduos passiveis de reaproveitamento,
reutilização e reciclagem. No contexto ambiental, a coleta seletiva visa
reduzir a quantidade de resíduos sólidos urbanos dispostos na forma de
rejeito no meio ambiente, trazendo estes materiais novamente ao ciclo
produtivo.

Para que a coleta seletiva seja efetiva, devem ser implantadas


políticas públicas visando a sensibilização da população, conscientizando-a,
uma vez que a mesma é responsável por parte deste processo,
principalmente no que diz respeito a separação dos resíduos recicláveis na

277

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