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Introdução ao

cálculo
combinatório

12ºano
Matemática A
1
Princípios fundamentais de contagem

Quando nas suas atividades de contagem (contar objetos, pessoas, …) uma


criança utiliza, por exemplo, os dedos das mãos ou a lista “um, dois, três, …”
está a estabelecer uma correspondência biunívoca entre o conjunto que se
pretende contar e um conjunto cujo cardinal já é conhecido.
Estes processos elementares de contagem baseiam-se no seguinte princípio:

Dois conjuntos 𝐴 e 𝐵 têm o mesmo cardinal se e somente se existir uma


bijeção de 𝐴 sobre 𝐵.

Nota: Exemplo:
O número de elementos
de um conjunto 𝐴 pode #𝐴 = #𝐵
representar-se por #𝑨 e
lê-se cardinal de 𝑨. Os conjuntos 𝐴 e 𝐵 dizem-se equipotentes
porque têm o mesmo cardinal. 2
Princípio geral da adição

Princípio geral da adição:


Dados dois conjuntos 𝐴 e 𝐵 tais que 𝐴 ∩ 𝐵 = ∅, tem-se que:
#(𝐴 ∪ 𝐵) = #𝐴 + #𝐵.

𝐴 𝐵 #(𝐴 ∪ 𝐵) = #𝐴 + #𝐵
𝐴∩𝐵 =∅

Se para realizar um processo existirem duas alternativas que se excluem


mutuamente, e se existirem 𝑛1 maneiras de realizar a primeira alternativa e
𝑛2 maneiras de realizar a segunda, então o processo pode ser realizado de
𝑛1 + 𝑛2 maneiras.

Este princípio pode ser generalizado a um qualquer número de alternativas. 3


Princípio geral da multiplicação

Cardinal do produto cartesiano:

Dados dois conjuntos 𝐴 e 𝐵 de cardinais respetivamente iguais a 𝑛 ∈ ℕ e a


𝑚 ∈ ℕ, tem-se que o cardinal do produto cartesiano 𝐴 × 𝐵 é igual a 𝑛 × 𝑚.

O cardinal do produto cartesiano conduz ao princípio geral da


multiplicação.

Princípio geral da multiplicação:

Consideremos um processo constituído por duas etapas. Se existirem 𝑛1


maneiras de realizar a primeira etapa e se, para cada uma destas, existirem
𝑛2 maneiras de realizar a segunda etapa, então todo o processo pode ser
realizado de 𝑛1 × 𝑛2 maneiras diferentes.

Este princípio pode ser generalizado a um processo com um qualquer


número de etapas.
4
Exercício 1

Num determinado restaurante o menu do dia tem quatro pratos principais


diferentes, duas escolhas para a sopa e três sobremesas.

Se o João comer um dos pratos principais, uma das sopas disponíveis e uma
sobremesa, quantas refeições diferentes pode fazer?

Sugestão de resolução:

O restaurante dispõe de quatro pratos principais.

Para cada uma dessas opções, há duas alternativas para a sopa.

Por fim, o João dispõe de três opções para a sobremesa.

Logo, existem 4 × 2 × 3 = 𝟐𝟒 refeições diferentes.

Prato Sopa Sobremesa


4 × 2 × 3 = 𝟐𝟒

5
Exercício 2

Uma sequência de algarismos cuja leitura da esquerda para a direita e da


direita para a esquerda resulta no mesmo número designa-se por capicua.

Quantas capicuas de quatro algarismos existem?

Sugestão de resolução:
Os números 3223 e 8008 são exemplos de capicuas de quatro algarismos.
Já 0550 não é um número de quatro algarismos, porque o 0 da esquerda não
é significativo.
Há nove escolhas para o 1.º algarismo, porque o 0 não pode ser utilizado.
Há dez escolhas para o 2.º algarismo.
Para o 3.º e 4.º algarismos não há escolha porque vão repetir o 2.º e o 1.º
algarismo, respetivamente.
Logo, existem 9 × 10 × 1 × 1 = 𝟗𝟎 capicuas.
1.º algarismo 2.º algarismo 3.º algarismo 4.º algarismo
9 × 10 × 1 × 1 = 𝟗𝟎 6
Exercício 3

Quantos números de três algarismos diferentes começados por 5 têm a


soma dos seus algarismos ímpar?
Sugestão de resolução:
Dado que 5 é ímpar, a soma dos outros dois algarismos que constituem o
número tem que ser par.
Para tal, os outros dois algarismos serão ambos ímpares ou ambos pares.
 O 2.º e o 3.º algarismos são ambos ímpares.
Há uma escolha para o 1.º algarismo, o 5.
Há quatro escolhas para o 2.º algarismo (1, 3, 7 ou 9).
Para o 3.º algarismo temos três escolhas, pois não podemos usar nenhum
dos dois números ímpares já utilizados.

1.º algarismo 2.º algarismo 3.º algarismo


1 × 4 × 3 = 12
7
Exercício 3 | Sugestão de resolução
 O 2.º e o 3.º algarismos são ambos pares.
Há uma escolha para o 1.º algarismo, o 5.
Há cinco escolhas para o 2.º algarismo (0, 2, 4, 6 ou 8).
Para o 3.º algarismo temos quatro escolhas, pois não podemos usar o
número par utilizado no 2.º algarismo.

1.º algarismo 2.º algarismo 3.º algarismo


1 × 5 × 4 = 20

No total, existem 𝟑𝟐 números nas condições solicitadas.


1 × 4 × 3 + 1 × 5 × 4 = 𝟑𝟐

8
Exercício 4

Considera o conjunto 0, 1, 2, 3, 4, 5 .
a) Quantos números de três algarismos diferentes se podem escrever com
os algarismos do conjunto.
Sugestão de resolução:
a) Dado que o 0 não pode ser utilizado, há cinco escolhas para o algarismo
das centenas (1, 2, 3, 4 ou 5).
Há cinco escolhas para o 2.º algarismo. Se não podemos usar o 1.º
algarismo, já podemos usar o 0 como algarismo das dezenas.
Por último, para o algarismo das unidades há quatro escolhas, pois não
podemos utilizar nenhum dos dois números já utilizados.
Logo, existem 5 × 5 × 4 = 𝟏𝟎𝟎 números diferentes.
1.º algarismo 2.º algarismo 3.º algarismo
5 × 5 × 4 = 𝟏𝟎𝟎
9
Exercício 4

Considera o conjunto 0, 1, 2, 3, 4, 5 .
b) Quantos números pares de três algarismos diferentes se podem escrever
com os algarismos do conjunto.
Sugestão de resolução:
b) O número para ser par tem que terminar em 0 ou em 2 ou em 4.
 Números de três algarismos diferentes terminados em 0.
O 1.º algarismo pode ser 1, 2, 3, 4 ou 5, ou seja, temos cinco escolhas.
Para o 2.º algarismo temos quatro possibilidades, pois não podemos
usar o 1.º algarismo e o 0 é o algarismo das unidades.
Logo, existem 5 × 4 × 1 = 𝟐𝟎 números.

1.º algarismo 2.º algarismo 3.º algarismo


5 × 4 × 1 = 20

10
Exercício 4 | Sugestão de resolução

 Números de três algarismos diferentes terminados em 2.


O 1.º algarismo pode ser 1, 3, 4 ou 5, ou seja, temos quatro escolhas.
O 2.º algarismo já pode ser 0, mas não pode ser o número que
escolhemos para algarismo das centenas nem 2 que é o algarismo das
unidades. Assim, há quatro possibilidades.
Logo, existem 4 × 4 × 1 = 𝟏𝟔 números.
1.º algarismo 2.º algarismo 3.º algarismo
4 × 4 × 1 = 16

11
Exercício 4 | Sugestão de resolução

 Números de três algarismos diferentes terminados em 4.


O 1.º algarismo pode ser 1, 2, 3 ou 5, ou seja, temos quatro escolhas.
O 2.º algarismo pode ser 0, mas não pode ser o número utilizado como
algarismo das centenas nem 4 que é o algarismo das unidades. Assim,
há quatro possibilidades.
Logo, existem 4 × 4 × 1 = 𝟏𝟔 números.
1.º algarismo 2.º algarismo 3.º algarismo
4 × 4 × 1 = 16

Assim, conclui-se que, no total, existem 𝟓𝟐 números nas condições pedidas.


5 × 4 × 1 + 4 × 4 × 1 + 4 × 4 × 1 = 𝟓𝟐

20 16 16

12
Arranjos com repetição

 Dado o conjunto 1, 2, 3, 4, 5 , quantos números de quatro algarismos, não


necessariamente diferentes, se podem escrever com os algarismos do
conjunto?

Utilizando o princípio geral da multiplicação, tem-se que:


O 1.º algarismo pode ser 1, 2, 3, 4 ou 5, isto é, há cinco possibilidades.
Como os algarismos do número não são necessariamente diferentes,
resulta que o algarismo das centenas tem cinco possibilidades, tal como o
algarismo das dezenas e o das unidades.

1.º algarismo 2.º algarismo 3.º algarismo 4.º algarismo


5 × 5 × 5 × 5 = 𝟓𝟒
= 𝟔𝟐𝟓

Assim, 625 é o número total de sequências de quatro elementos, não


necessariamente distintos, escolhidos de entre os cinco elementos dados.
13
Arranjos com repetição

Diz-se que existem 625 arranjos com repetição de 𝟓 elementos 𝟒 a 𝟒.


Escreve-se 5 𝐴′4, que é igual a 54 = 625.

Definição:
Chama-se arranjos com repetição de 𝒏 elementos 𝒑 a 𝒑 ao número de
sequências de 𝑝 ∈ ℕ0 elementos, não necessariamente distintos, escolhidos
num conjunto de cardinal 𝑛 ∈ ℕ. Representa-se por 𝑛 𝐴′𝑝 .

Propriedade:
𝑛 𝐴′ = 𝑛𝑝
𝑝

14
Arranjos com repetição

 Uma caixa contém cinco bolas numeradas


de 1 a 5, indistinguíveis ao tato.
De quantas maneiras distintas podemos
extrair sucessivamente e com reposição
quatro dessas bolas?
Utilizando o princípio fundamental da multiplicação, tem-se que:
1.ª extração 2.ª extração 3.ª extração 4.ª extração
5 × 5 × 5 × 5 = 𝟓𝟒

Assim, 54 é o número de formas distintas de dadas cinco bolas efetuar


quatro extrações sucessivas de uma dessas bolas, repondo a bola
escolhida após cada uma das extrações.

A situação apresentada corresponde a arranjos com repetição de 𝟓


elementos 𝟒 a 𝟒.
15
Arranjos com repetição

Propriedade:

Dados 𝑛 objetos, existem exatamente 𝑛 𝐴′𝑝 formas distintas de efetuar 𝑝


extrações sucessivas de um desses objetos, repondo o objeto escolhido
após cada uma das extrações.

16
Exercício 5

Quantas matrículas de automóveis diferentes, com a configuração de duas


letras, dois números e duas letras, podem existir no sistema atual português?
Sugestão de resolução:
O número de matrículas de automóvel que podem existir em Portugal, no
sistema atual, pode ser representado por 10 𝐴′4 × 23 𝐴′
2.
10 𝐴′ 23 𝐴′
4 × 2 corresponde ao produto do número de sequências de quatro
algarismos, não necessariamente diferentes, pelo número de sequências de
duas letras, também repetidas ou não.

1.º dígito 2.º dígito 1.ª letra 2.ª letra 3.º dígito 4.º dígito
10 × 10 × 23 × 23 × 10 × 10

Assim, existem 104 × 232 = 10 000 × 529 = 𝟓 𝟐𝟗𝟎 𝟎𝟎𝟎 matrículas diferentes.

17
Exercício 6

Quantos subconjuntos tem o conjunto 𝑉 = 𝑎, 𝑒, 𝑖, 𝑜, 𝑢 .

Sugestão de resolução:

Podemos associar a cada subconjunto do conjunto 𝑉 um código formado por


uma sequência de zeros e uns, com comprimento 5.

Por exemplo, ao subconjunto {𝑒, 𝑢} associamos o código 01001, em que o 1


significa que o elemento pertence ao subconjunto e 0 significa que o
elemento não pertence ao subconjunto.
𝑎 𝒆 𝑖 𝑜 𝒖
0 𝟏 0 0 𝟏
 Ao subconjunto {𝑎, 𝑒, 𝑜} associamos o código 11010;

 O subconjunto {𝑎, 𝑒, 𝑖, 𝑜, 𝑢} corresponde ao código 11111;

 O código 01000 corresponde ao subconjunto {𝑒};

 Ao subconjunto ∅ associamos o código 00000.


18
Exercício 6 | Sugestão de resolução

Uma vez que a cada subconjunto do conjunto 𝑉 corresponde um e um só


código, e que dada uma sequência de zeros e uns, com comprimento 5,
existe um e um só subconjunto de 𝑉 que tem essa sequência como código,
então o número de subconjuntos de 𝑉 é igual ao número de sequências de
zeros e uns, com comprimento 5.
Assim, o número de subconjuntos do conjunto 𝑉 é:
2 𝐴′ = 25 = 𝟑𝟐
5

19
Arranjos com repetição

O processo de resolução do exercício anterior pode ser aplicado a qualquer


conjunto com um número finito de elementos.
Assim, dado um conjunto com 𝑝 elementos, o número de subconjuntos desse
conjunto é dado por 2 𝐴′𝑝 .

Definição:
Seja 𝐸 um conjunto.
Designa-se por conjunto das partes de 𝑬 o conjunto formado pelos
subconjuntos de 𝐸 e representa-se por 𝒫(𝐸).

Exemplo: Seja 𝐴 = 2, 4, 6 .
O número de subconjuntos do conjunto 𝐴 é dado por 2 𝐴′3 = 23 = 8.

Assim, 𝒫 𝐴 = ∅, 2 , 4 , 6 , 2, 4 , 2, 6 , 4, 6 , 2, 4, 6 .

20
Arranjos com repetição

Propriedade:
Seja 𝐸 um conjunto.
Se 𝐸 tiver 𝑝 ∈ ℕ0 elementos, então 𝒫(𝐸) tem 2𝑝 elementos.

Assim, tem-se que #𝒫(𝐸) = 2#𝐸 .

Exemplo: Seja 𝑉 = 𝑎, 𝑒, 𝑖, 𝑜, 𝑢 .
O conjunto 𝑉 tem 32 subconjuntos.
De facto, #𝒫(𝑉) = 2#𝑉 = 25 = 32.

21
Exercício 7

O João tem uma caixa com seis marcadores.


Para realizar um trabalho para a escola, o João pretende usar pelo menos
dois dos marcadores. De quantas maneiras diferentes pode o João escolher
os marcadores que vai utilizar na realização do seu trabalho?
Sugestão de resolução:
O João pode utilizar dois ou três ou quatro ou cinco ou seis marcadores.
Portanto, pretende-se determinar o número de subconjuntos de dois
elementos, de três elementos, de quatro elementos, de cinco elementos e de
seis elementos do conjunto dos seis marcadores.
26 é o número total de subconjuntos de um conjunto com seis elementos.
Como não interessa contabilizar o conjunto vazio (que corresponde a usar
zero marcadores) nem os seis conjuntos constituídos por um elemento (que
corresponde ao uso de apenas um marcador), o número de possibilidades é:
26 − 1 − 6 = 64 − 7 = 𝟓𝟕 22
Permutações

 Dado o conjunto 1, 2, 3, 4 , de quantas maneiras é possível ordenar os


quatro elementos do conjunto?

Utilizando o princípio geral da multiplicação, tem-se que:


O 1.º elemento pode ser 1, 2, 3, ou 4, isto é, há quatro possibilidades.
Após escolher o 1.º elemento, restam três possibilidades para o 2.º.
Já para o 3.º elemento, existem duas possibilidades.
Por fim, há apenas uma escolha possível para o 4.º elemento.

1.º elemento 2.º elemento 3.º elemento 4.º elemento


4 × 3 × 2 × 1 = 𝟐𝟒

Assim, diz-se que 24 é o número total de permutações de 4 elementos.

23
Permutações

De um modo geral, ao ordenar 𝑛 elementos de um dado conjunto, tem-se 𝑛


formas distintas de escolher o elemento que ocupará o primeiro lugar, 𝑛– 1

formas de escolher o elemento que ocupará o segundo lugar, 𝑛– 2 formas de


escolher o elemento que ocupará o terceiro lugar, ..., 1 forma de escolher o
elemento que ocupará o último lugar.

Assim, 𝒏 × (𝒏 – 𝟏) × (𝒏 – 𝟐) × ⋯ × 𝟐 × 𝟏 é o número de formas de ordenar


os elementos de um conjunto de cardinal 𝑛 ≥ 1.

Definição:
A uma maneira de ordenar 𝑛 elementos distintos dá-se o nome de
permutação dos 𝑛 elementos.

24
Permutações

Propriedade:
O número de permutações de 𝑛 elementos de um conjunto de cardinal 𝑛 ≥ 1
é igual a 𝑛 × (𝑛 – 1) × (𝑛 – 2) × ⋯ × 2 × 1 e representa-se por 𝑛!

𝑛! lê-se 𝑛 fatorial.

 Em geral, para qualquer 𝑛 ∈ ℕ, tem-se que: 𝒏! = 𝒏 × 𝒏 – 𝟏 !

 Convencionou-se que 𝟎! = 𝟏.

Exemplo:  5! = 5 × 4 × 3 × 2 × 1 = 120
 1! = 1  6! = 6 × 5 × 4 × 3 × 2 × 1 = 720
 2! = 2 × 1 = 2  7! = 7 × 6 × 5 × 4 × 3 × 2 × 1 = 5040

 3! = 3 × 2 × 1 = 6 𝟔!
 4! = 4 × 3 × 2 × 1 = 24 Repara que 7! = 7 × 6!
25
Exercício 7

De quantas maneiras diferentes é que se podem sentar cinco pessoas numa


fila de cinco lugares?

Sugestão de resolução:

Ao sentar cinco pessoas em cinco lugares, pretende-se determinar o número


de permutações de cinco elementos.

Assim, 5! = 5 × 4 × 3 × 2 × 1 = 𝟏𝟐𝟎 é o número de maneiras diferentes de


sentar cinco pessoas numa fila de cinco lugares.

26
Exercício 8

De quantas maneiras distintas se podem colocar em fila um grupo de dois


rapazes e quatro raparigas de modo a que um casal de namorados, o João e
a Rita (que fazem parte do grupo), fique sempre junto?

Sugestão de resolução:

O esquema seguinte sugere as várias formas do casal ocupar os lugares,


ficando o João (J) sentado à esquerda e a Rita (R) à direita:
J ___
___ R ___ ___ ___ ___
J ___
___ ___ R ___ ___ ___
J ___
___ ___ ___ R ___ ___
J
___ ___ ___ ___ R ___
___
J
___ ___ ___ ___ ___ R
___
São cinco possibilidades, mais outras cinco, pois o João e a Rita podem
trocar entre si as posições. 27
Exercício 8 | Sugestão de resolução

Para cada posição que o casal ocupa, os outros amigos têm 4! maneiras de
ocupar os quatro lugares que ficam livres.

____ J
____ R
____ ____ ____ ____

4 opções 3 opções 2 opções 1 opção

Assim, conclui-se que há 5 × 2 × 4! = 𝟐𝟒𝟎 maneiras do grupo se colocar em


fila, de modo que o casal fique junto.

28
Exercício 9

Simplifica:
9! − 8!
a)
7!
(𝑛 − 3)!
b) ,𝑛≥3
(𝑛 − 1)!

Sugestão de resolução:
9! − 8! 9 × 8! − 8! 8! × 9 − 1 8! × 8 8 × 7! × 8
a) = = = = = 8 × 8 = 𝟔𝟒
7! 7! 7! 7! 7!

(𝑛 − 3)! (𝑛 − 3)! 1 𝟏
b) = = =
(𝑛 − 1)! (𝑛 − 1) × (𝑛 − 2) × (𝑛 − 3)! (𝑛 − 1) × (𝑛 − 2) 𝒏𝟐 − 𝟑𝒏 + 𝟐

29
Arranjos sem repetição

 Dado o conjunto 1, 2, 3, 4, 5 , quantos números de três algarismos


diferentes se podem escrever com os algarismos do conjunto?

Utilizando o princípio geral da multiplicação, tem-se que:


O 1.º algarismo pode ser 1, 2, 3, 4 ou 5, isto é, há cinco possibilidades.
Para o algarismo das dezenas há quatro possibilidades, enquanto que
para o algarismo das unidades existem três escolhas possíveis.

1.º algarismo 2.º algarismo 3.º algarismo


5 × 4 × 3 = 𝟔𝟎

Assim, 60 é o número total de sequências de três elementos distintos,


escolhidos de entre os cinco elementos dados.

30
Arranjos sem repetição

Diz-se que existem 60 arranjos sem repetição de 𝟓 elementos 𝟑 a 𝟑.


5!
Escreve-se 5 𝐴3 , que é igual a 5 × 4 × 3 = = 60.
2!

Definição:
Chama-se (número de) arranjos sem repetição de 𝒏 elementos 𝒑 a 𝒑 ao
número de sequências de 𝑝 ∈ ℕ0 elementos distintos, escolhidos num
conjunto de cardinal 𝑛 ∈ ℕ. Representa-se por 𝑛 𝐴𝑝 .

De um modo geral, o 1.º termo de uma sucessão particular de 𝑝 elementos


distintos de um determinado conjunto com 𝑛 ≥ 𝑝 elementos pode ser
escolhido de 𝑛 maneiras distintas.

Em seguida, sobram 𝑛– 1 objetos para escolher como 2.º elemento e

para 3.º elemento estão disponíveis 𝑛– 2 objetos.

31
Arranjos sem repetição

Reproduzindo este raciocínio até se chegar ao termo de ordem 𝑝 da


sucessão haverá no total 𝑛 × (𝑛 – 1) × (𝑛 – 2) × ⋯ × (𝑛– (𝑝 – 1)) maneiras
de escolher todos os termos de uma tal sucessão.

1.º elemento 2.º elemento 3.º elemento … p-ésimo elemento


𝑛 × (𝑛 – 1) × (𝑛 – 2) × … × (𝑛– (𝑝 – 1))

(𝑝 – 1) extrações

Propriedades: Para 0 ≤ 𝑝 ≤ 𝑛, tem-se que:

𝑛𝐴
 𝑝 = 𝑛 × (𝑛 – 1) × (𝑛 – 2) × ⋯ × (𝑛– (𝑝 – 1))

𝑛𝐴 𝑛!
 𝑝 =
𝑛−𝑝 !

32
Arranjos sem repetição

 Uma caixa contém cinco bolas numeradas


de 1 a 5, indistinguíveis ao tato.
De quantas maneiras distintas podemos
extrair sucessivamente e sem reposição
três dessas bolas?
Utilizando o princípio fundamental da multiplicação, tem-se que:
1.ª extração 2.ª extração 3.ª extração
5 × 4 × 3 = 𝟔𝟎

Assim, 60 é o número de formas distintas de dadas cinco bolas efetuar


três extrações sucessivas de uma delas, não havendo reposição da bola
escolhida após cada uma das extrações.

A situação apresentada corresponde a arranjos sem repetição de 𝟓


elementos 𝟑 a 𝟑.
33
Arranjos sem repetição

Propriedade:

Dados 𝑛 objetos, existem exatamente 𝑛 𝐴𝑝 formas distintas de efetuar 𝑝


extrações sucessivas de um desses objetos, sem repor o objeto escolhido
após cada uma das extrações.

34
Exercício 10

Considera todos os números de quatro algarismos diferentes.


Quantos desses números são pares?
Sugestão de resolução:
Um número par termina em 0, 2, 4, 6 ou 8.
 O algarismo das unidades é 0.
O número total de números de quatro algarismos diferentes é o número de
sequências de 3 algarismos diferentes escolhidos entre 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8
e 9.
Assim, há 9 𝐴3 números nestas condições.

1.º algarismo 2.º algarismo 3.º algarismo 4.º algarismo


9 × 8 × 7 × 1 = 𝟓𝟎𝟒
𝟗𝑨
𝟑

35
Exercício 10 | Sugestão de resolução

 O algarismo das unidades é 2, 4, 6 ou 8.


Há quatro hipóteses para o algarismo das unidades.
Para cada uma das hipóteses anteriores, há oito escolhas para o
algarismo das unidades de milhar (não pode ser 0, nem o algarismo
escolhido para as unidades)
Por fim, para cada par de escolhas efetuadas, tem-se 8 𝐴2 maneiras de
escolher a sequência dos dois algarismos do meio.
Há oito números disponíveis: todos exceto os que já foram utilizados para
os algarismos das unidades de milhar e unidades.
1.º algarismo 2.º algarismo 3.º algarismo 4.º algarismo
8 × 8 × 7 × 4 = 𝟏𝟕𝟗𝟐
𝟖𝑨
𝟐

Assim, conclui-se que há 𝟗 𝑨𝟑 + 𝟖 × 𝟖 𝑨𝟐 × 𝟒 números pares de quatro


algarismos distintos, ou seja, 𝟐𝟐𝟗𝟔 números. 36
Exercício 11

O balcão de uma gelataria tem recipientes com capacidade para 12 sabores


de gelado, distribuídos por duas filas de 6.
a) De quantos modos diferentes se podem arrumar oito qualidades de
gelado diferentes?

Sugestão de resolução:
a) Destes 12 recipientes interessa-nos escolher, ordenadamente e sem
repetição, 8 deles (uma vez que o mesmo recipiente não pode receber
mais do um sabor de gelado).
O número total de maneiras de colocar os 8 sabores nos 12
compartimentos disponíveis é dado por 12 𝐴8 = 𝟏𝟗 𝟗𝟓𝟖 𝟒𝟎𝟎.

37
Exercício 11

O balcão de uma gelataria tem recipientes com capacidade para 12 sabores


de gelado, distribuídos por duas filas de 6.
b) Na arrumação de oito qualidades de gelado diferentes, o gerente
pretende colocar os sabores “morango”, “chocolate” e “caramelo” na fila
de trás. De quantos modos diferentes se podem arrumar os oito sabores
de gelado?

Sugestão de resolução:

b) Há 𝟔 𝑨𝟑 formas de dispor os sabores “morango”, “chocolate” e “caramelo”


na fila de trás.

Após arrumar estes sabores, há 𝟗 𝑨𝟓 maneiras de arrumar os restantes


cinco sabores nos 9 recipientes que ficam disponíveis.

Conclui-se que há 𝟔 𝑨𝟑 × 𝟗 𝑨𝟓 maneiras de arrumar os sabores de gelado,


ou seja, 𝟏𝟐𝟎 × 𝟏𝟓𝟏𝟐𝟎 = 𝟏 𝟖𝟏𝟒 𝟒𝟎𝟎 maneiras. 38
Combinações

 Dado o conjunto 1, 2, 3, 4, 5 , quantos subconjuntos de três elementos


desse conjunto é possível formar?

Procura-se determinar o número de subconjuntos de três elementos


escolhidos de entre cinco elementos dados.

Cada um desses conjuntos é uma combinação de 𝟓 elementos 𝟑 a 𝟑.


Neste caso, a ordem de escolha dos elementos é irrelevante, ou seja, uma
troca de posição dos elementos escolhidos não origina uma situação
diferente.

Nota:
 1, 2, 3 = 1, 3, 2 = 2, 1, 3 = 3, 1, 2 = 2, 3, 1 = 3, 2, 1
 1, 2, 3 ≠ 1, 3, 2 ≠ 2, 1, 3 ≠ 3, 1, 2 ≠ 2, 3, 1 ≠ 3, 2, 1

Uma combinação, como conjunto que é, não tem elementos repetidos


nem se altera quando se escrevem os elementos por outra ordem. 39
Combinações

De seguida, apresenta-se a lista de todas as sequências (arranjos) de três


elementos distintos do conjunto 1, 2, 3, 4, 5 :

1, 2, 3 1, 2, 4 1, 2, 5 1, 3, 4 1, 3, 5 1, 4, 5 2, 3, 4 2, 3, 5 2, 4, 5 3, 4, 5

1, 3, 2 1, 4, 2 1, 5, 2 1, 4, 3 1, 5, 3 1, 5, 4 2, 4, 3 2, 5, 3 2, 5, 4 3, 5, 4

2, 1, 3 2, 1, 4 2, 1, 5 3, 1, 4 3, 1, 5 4, 1, 5 3, 2, 4 3, 2, 5 4, 2, 5 4, 3, 5
𝟓𝑨
𝟑
3, 1, 2 4, 1, 2 5, 1, 2 4, 1, 3 5, 1, 3 5, 1, 4 4, 2, 3 5, 2, 3 5, 2, 4 5, 3, 4

2, 3, 1 2, 4, 1 2, 5, 1 3, 4, 1 3, 5, 1 4, 5, 1 3, 4, 2 3, 5, 2 4, 5, 2 4, 5, 3

3, 2, 1 4, 2, 1 5, 2, 1 4, 3, 1 5, 3, 1 5, 4, 1 4, 3, 2 5, 3, 2 5, 4, 2 5, 4, 3

1, 2, 3 1, 2, 4 1, 2, 5 1, 3, 4 1, 3, 5 1, 4, 5 2, 3, 4 2, 3, 5 2, 4, 5 3, 4, 5 𝟓𝑪
𝟑

combinações de 𝟓 elementos 𝟑 a 𝟑
40
Combinações

Cada coluna diz respeito a uma única combinação, para a qual existem
seis sequências distintas, uma vez que as sequências diferem apenas na
ordem pela qual os números estão escritos, dando origem apenas a uma
combinação.

1, 2, 3 Repara que, o número de arranjos é seis vezes

1, 3, 2 superior ao número de combinações.

2, 1, 3
Assim, podemos obter o número de
1, 2, 3 combinações de 5, 3 a 3, dividindo o número
3, 1, 2
de arranjos de 5, 3 a 3, por 6 (número de
2, 3, 1
permutações de três elementos):
3, 2, 1 5𝐴 5𝐴
5 3 3
𝐶3 = = = 𝟏𝟎
6 3!

41
Combinações

Definição:
Chama-se (número de) combinações de 𝒏 elementos 𝒑 a 𝒑 ao número de
subconjuntos de 𝑝 elementos 0 ≤ 𝑝 ≤ 𝑛 de um conjunto 𝑛 ∈ ℕ0 elementos.
𝑛
Representa-se por 𝑛 𝐶𝑝 ou 𝐶𝑝 𝑛 ou 𝑝 .

𝑛𝐴
𝑛!
𝑛𝐶 𝑝 𝑛−𝑝 ! 𝑛!
𝑝 = = =
𝑝! 𝑝! 𝑝! 𝑛 − 𝑝 !

Propriedade: Para 0 ≤ 𝑝 ≤ 𝑛, tem-se que:


𝑛𝐴
𝑛𝐶
=
𝑝 𝑛!
𝑝
𝑝! =
𝑝! 𝑛 − 𝑝 !

42
Combinações

Notas:
𝑛 𝑛! 𝑛!
 𝑛 𝐶0 = 1, dado que 𝐶0 = = =1
0! 𝑛 − 0 ! 1 × 𝑛!

𝑛! 𝑛! 𝑛!
 𝑛 𝐶𝑛 = 1, porque 𝑛𝐶
𝑛 = = = =1
𝑛! 𝑛 − 𝑛 ! 𝑛! × 0! 𝑛! × 1

𝑛!
 O quociente 𝑝! 𝑛−𝑝 !
é um número natural, pois representa o número de

subconjuntos de 𝑝 elementos de um conjunto com 𝑛 elementos.

43
Combinações

 Uma caixa contém cinco bolas numeradas de


1 a 5, indistinguíveis ao tato.
De quantas maneiras distintas podemos
extrair simultaneamente duas dessas bolas?
Por se tratar de uma extração simultânea, não interessa considerar a
ordem das bolas, mas sim quais as três bolas escolhidas,
Assim, o número de formas distintas de dadas cinco bolas escolher duas é
igual ao número de subconjuntos de dois elementos de um conjunto
com cinco elementos.
A situação apresentada corresponde a combinações de 𝟓 elementos, 𝟐
a 𝟐, que é igual a: 5 𝐶2 = 𝟏𝟎.
Propriedade:
Dados 𝑛 objetos, existem exatamente 𝑛 𝐶𝑝 formas distintas
de escolher 𝑝 𝑝 ≤ 𝑛 desses objetos. 44
Exercício 12

No concurso “Euromilhões” aposta-se


em cinco números e duas estrelas.
Quantas apostas diferentes se podem
fazer?

Sugestão de resolução:
Uma aposta no “Euromilhões” é um conjunto de 5 números escolhidos de
entre 50, bem como um conjunto de 2 estrelas escolhidas de entre 12.
Assim, o número de apostas diferentes é 𝟓𝟎 𝑪𝟓 × 𝟏𝟐 𝑪 .
𝟐

50 𝐶 12 𝐶
5 × 2 = 2 118 760 × 66 = 𝟏𝟑𝟗 𝟖𝟑𝟖 𝟏𝟔𝟎

45
Exercício 13

Numa turma de 25 alunos, 10 rapazes e 15 raparigas, vão escolher-se 6


alunos.
a) De quantos modos diferentes pode ser feita a escolha?

Sugestão de resolução:
a) Para contabilizar todas as possibilidades de se escolherem seis alunos de
um grupo de 25 basta calcular o número de combinações de 25, 6 a 6.
Assim, o número de escolhas possíveis é 𝟐𝟓 𝑪𝟔 = 𝟏𝟕𝟕 𝟏𝟎𝟎.

46
Exercício 13

Numa turma de 25 alunos, 10 rapazes e 15 raparigas, vão escolher-se 6


alunos.
b) De quantas formas pode efetuar-se a seleção dos alunos, garantindo que
o grupo tem pelo menos 2 raparigas?
Sugestão de resolução:

b) Após contabilizar, na alínea anterior, todas as possibilidades de se


escolherem seis alunos de 25, basta retirar as escolhas que contemplam
zero raparigas e as que contemplam apenas uma aluna.
10 15
 O grupo tem 6 rapazes e 0 raparigas: 𝐶6 × 𝐶0
10 15 𝐶
 O grupo tem 5 rapazes e 1 rapariga: 𝐶5 × 1

Assim, o número de escolhas possíveis é:


25 𝐶 − 10 𝐶 × 15 𝐶 − 10 𝐶 × 15 𝐶 = 177 100 − 210 × 1 − 252 × 15
6 6 0 5 1
= 177 100 − 210 − 3 780
= 𝟏𝟕𝟑 𝟏𝟏𝟎 47
Resumo

Nos problemas de contagem há dois aspetos que se devem ter em conta:


 se a ordem pela qual se considera os elementos influencia ou não a
contagem;
 se é possível ou não que os elementos se repitam.

Arranjos com 𝑛 𝐴′
Com repetição 𝑝 = 𝑛𝑝
repetição
Arranjos
Arranjos sem 𝑛𝐴
𝑛!
Sim Sem repetição 𝑝 =
𝑛−𝑝 !
repetição

Interessa Caso particular Permutações


(𝑛 = 𝑝)
a ordem?
𝑛𝐴 = 𝑛!
Sem 𝑛
Não
repetição 𝑛!
𝑛𝐶
Combinações 𝑝 =
𝑝! 𝑛 − 𝑝 ! 48

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