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ZILA,

TODA POESIA
VOLUME 1

ROSA
DE
PEDRA
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Zila Mamede

ZILA,
TODA POESIA
VOLUME 1

ROSA
DE
PEDRA

Natal 2023
Fundada em 1962, a Editora da UFRN continua
até hoje dedicada à sua principal missão:
produzir impacto social, cultural e científico
por meio de livros. Assim, busca contribuir,
permanentemente, para uma sociedade mais
digna, igualitária e inclusiva.

Coordenadoria de Processos Técnicos


Catalogação da Publicação na Fonte.UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede

Mamede, Zila.
Rosa de Pedra [recurso eletrônico] / Zila Mamede. – Dados eletrônicos
(1 arquivo: 3.031 KB). – Natal, RN : EDUFRN, 2023. – (Zila, toda poesia; v. 1)

Modo de acesso: World Wide Web


<http://repositorio.ufrn.br>.
Título fornecido pelo criador do recurso
ISBN 978-65-5569-300-3

1. Poesia brasileira. 2. Literatura brasileira. I. Título.

CDD B869.1
RN/UF/BCZM 2022/27 CDU 821.134.3-1

Elaborado por: Vânia Juçara da Silva – CRB-15/805

Todos os direitos desta edição reservados à EDUFRN – Editora da UFRN


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NOTA
EDITORIAL
Em 1978, sob a organização de Zila Mamede, foi publicado o Navegos,
obra que reunia sua produção poética até aquela data: Rosa de pedra (1953),
Salinas (1958), O arado (1959), Exercício da palavra (1975) e Corpo a corpo
(1978). Tratava-se de um marco dedicado aos 25 anos de sua carreira lite-
rária. Em 2003, em comemoração aos 50 anos do Rosa de pedra, a Editora
da UFRN (EDUFRN) resgatou e publicou a poesia de Zila vista em Na-
vegos, acrescida de A herança (1984), título lançado no ano anterior à sua
morte. Esse volume nomeou-se tão somente Navegos, A herança.

Em 2023, a EDUFRN tem a satisfação de oferecer mais uma vez ao


público a totalidade da poesia publicada de Zila Mamede. Afora reedi-
ções esparsas de um ou outro título, agregamos agora o conjunto com-
pleto. Os volumes, nessa oportunidade, ganham nova materialidade sob
a coleção Zila, toda poesia. Com isso, buscamos nos referir não apenas
ao conjunto da sua poesia mas também simbolizar o mergulho literário
da artista, sendo ela, toda, de corpo e alma, palavra poética.

É importante anotar que tanto a edição de 1978 quanto a de 2003 fo-


ram cotejadas para a construção desta coleção. Ao fim de cada volume,
adicionamos o Tempo de Zila, uma linha cronológica com informações ex-
traídas da pesquisa de mestrado da bibliotecária Tércia Marques. Ademais,
compõem a publicação, ilustrações de capa que envolvem o trabalho da
artística plástica Angela Almeida e do designer Rafael Campos.

É a partir desse rico conteúdo que a EDUFRN propõe este registro,


que tem por finalidade última resgatar e exaltar uma das maiores referên-
cias da literatura potiguar. Desse modo, com imenso orgulho, anunciamos
Zila, de novo, hoje e sempre, toda poesia.
SUMÁRIO
MARÉS DE INFÂNCIA ..... 9

Mar morto ..... 11


Flor extinta ..... 12
Frustração ..... 13
Soneto da tua paisagem interior ..... 14
Soneto transitório ..... 15
Soneto geométrico ..... 16
Soneto do sonho geográfico ..... 17
Soneto das variações ..... 18
Mero soneto invernal ..... 19
Soneto de insônia ..... 20

Soneto da fúria inútil ..... 21


Soneto transcendental ..... 22
Soneto de apenas madrugada ..... 23
Soneto dos olhos que eu não vi ..... 24
Soneto da tua vinda antecipada ..... 25
Soneto das mãos aquáticas ..... 26
Soneto do sonho náufrago ..... 27
Soneto irresoluto ..... 28
Soneto para os olhos quase cegos de Maria Clara ..... 29
Soneto para as crianças que brincam com soldadinhos de chumbo .....
30
Soneto para a mocidade holandesa ..... 31
Soneto para as crianças que estão comendo xique-xique ..... 32
Soneto inesperado como a tua presença ..... 33
Soneto de um instante no findo abril ...... 34
Soneto para o momentâneo reencontro da perdida infância ..... 35
Soneto para a morta menina da casa branca ..... 36
Soneto quase noturno para o jarro morto ...... 37
Soneto noturno para o rio Capibaribe ..... 38
Soneto para a construção do arranha-céu ...... 39
Soneto triste para minha infância ..... 40

MAR ABSOLUTO ..... 41

Canção do sonho oceânico ..... 42


Canção da rosa de pedra ..... 50
Canção da rua que não existe ..... 51
Canção do vento e do teu amor ..... 52
Canção da minha rua ..... 53
Poema nº 17 ..... 55
MARÉS DE
INFÂNCIA
Mar morto

Parado morto mar de minha infância


sem sombras nem lembranças de sargaços
por onde rocem asas de gaivotas
perdendo-se num rumo duvidoso.

Pesado mar sem gesto, mar sem ânsia,


sem praias, sem limites, sem espaços,
sem brisas, sem cantigas, mar sem rotas,
apenas mar incerto, mar brumoso.

Criança penetrando no mar morto


em busca de um brinquedo colorido
que julga ver no morto mar vogando.

Infância nesse mar que não tem porto,


num mar sem brilho, vago, indefinido,
onde não há nem sonhos navegando.

11 Rosa de Pedra
Flor extinta

Extinta flor azul na correnteza,


desfeita luz na face transitória
do tempo, voz perdida na memória
em traços, mudas formas de beleza.

Sob folhas de mangue acobertada,


extinta flor azul entorpecida
numa corola resta vã, sem vida,
navega na torrente, atormentada.

Distantes, já, em sombras liquefeitas


as pétalas marejam sóis, desfeitas
em mil fragmentações, gestos sem cor.

Nas brumas, morto caule inconformado


liberto foi de corpo ensanguentado,
perdido corpo azul de extinta flor.

12 Zila Mamede
Frustração

O poeta, em verde sonho desposado


perdeu-se na fumaça, descontente.
Onde o gesto, onde a musa permanente
fincou raiz? em solo devastado?

Palavras. Só palavras. Concentrado


o pensamento voga, de repente,
por mares de salina, indiferente
ao poeta, àquele sonho evaporado.

Fantasmas de mil coisas na retina:


um grito azul – nas sombras da neblina,
inconsequente flor a soluçar.

Em vestes de loucura embevecida,


o poeta, a muda face desprendida,
o morto sonho verde atira ao mar.

13 Rosa de Pedra
Soneto da tua paisagem interior

Para que azul manhã no pensamento


gerando louros sonhos impossíveis?
Lá fora o céu já não semeia orvalhos
e longo, o mar vai sombras sepultando.

Há corvos devorando a vil matéria


abandonada a ventos e rochedos.
O verde não é verde; é triste asfalto,
caminho vão de inúteis suicidas.

Até a branca rosa do canteiro


jaz insepulta em negra lama impura.
Não queiras desvendar inacessíveis

segredos pelos vales derramados,


pois nunca saberás, ó grande inquieto,
das flâmulas trementes nos penhascos.

14 Zila Mamede
Soneto transitório

Fumaça que se perde pelos ares


igual ao pensamento dissolvido
no medo já distante, ora fugido
na dispersão de cânticos lunares.

Desejos repousando noutros mares


- talvez em louro mar desconhecido,
talvez em branco gesto impercebido
perdendo-se nas rotas estrelares.

Paisagem transformada no momento,


ideias, mitos, transfiguração
de cinzas em canção e movimento.

Fumaça nas alturas consumida,


instante luz, total sublimação
dessa hora mansa, clara e impressentida.

15 Rosa de Pedra
Soneto geométrico

Ventre da noite, incesto, cavernoso,


gerando ideia longitudinal.
O frio vento insólito e anguloso
vertendo em gesto azul a flor do mal

que vinda foi de rio caudaloso


e após ter sido areia e também sal
fundiu-se logo em ângulo brilhoso
descrito num momento horizontal,

por causa de um desejo da neblina


que, pura, quis traçá-lo na retina,
em formas, já, de justificação.

Tranquila, a flor do mal purificada


despiu-se, pois, de forma avermelhada
por branco horizontal de redenção.

16 Zila Mamede
Soneto do sonho geográfico

Quisera regressar, mas o seu nome


extraviou-se além da Polinésia
onde foi rei, marujo, réu, tenente,
dançou baião cantando o Boi-Bumbá,

vestiu-se de xerife, passou fome,


despois, se descobriu roxo de amnésia,
quando julgou ser livre continente
vestido de saudades do Amapá.

Desprezo pelos moldes das Antilhas:


- tomou café com peixe e marmelada,
dormiu dentro do mar, e, após, risonho

guardou num girassol todas as ilhas


trazendo-as de presente à loura amada
que ao desembarque, iria, do seu sonho.

17 Rosa de Pedra
Soneto das variações

Branca praia da minha adolescência


absorta em breves flores de canção.
Calaram-se meus ecos luminosos
de crença numa Estrela da Manhã.

Branca praia perdida na falência


de infante mundo, azul contemplação,
fendeu-se em mil detalhes pantanosos
bebendo a minha Estrela da Manhã.

Não mais a branca praia como outrora


- festa de búzios com risos de luar
no meu encantamento de menina.

Pesada e real, diversa é a praia agora:


se toda eu quero inteira a areia, o mar,
afogo os meus desejos na retina.

18 Zila Mamede
Mero soneto invernal

Se me incorporo à chuva, pedra e vento


sugerem guarda-chuvas disfarçados
que abrigam meus cabelos coloridos
contra os pingos agudos das biqueiras

que vindas são de beco onde detento


se irrita o sol com nuvens e pedaços
de gelo que navegam derretidos
molhando, incautos, velho chão de esteiras.

Mas essa fria chuva retardada


me surpreendendo, rude e lamentosa,
na rua revestida de incolor,

não quero que me deixe amedrontada


quando buscar, eu for, a branca rosa
nascente na manhã do meu amor.

19 Rosa de Pedra
Soneto de insônia

Sombra de minhas mãos se projetando


na tímida parede esbranquiçada.
Tão longa e triste a sombra em seu contorno,
tão fria essa parede indiferente.

Da sombra vai, sutil, se libertando


um pensamento e busca angustiada:
o pensamento escapa sem retorno,
a busca morre em lábios de indigente.

Cansada sombra, mãos insatisfeitas


confundem tons, procuras e desejos
nesse mural de febre e de umidade,

até que foge a luz, sendo desfeitas


sombras e mãos, perdidos meus ensejos
da reversão de sombra em realidade.

20 Zila Mamede
Soneto da fúria inútil

Inútil vendaval na praia mansa


a sacudir marasmos de rochedos.
Silente, a branca areia não se cansa
de apreender mar em fugas e segredos.

Inconsequente, o mar avança, avança


armado de mil braços, cem mil dedos
buscando intimidar a praia mansa:
tão quieta, livre, nela não há medos.

Insone, aguarda os êxtases do mar.


Divisa-lhe facetas, pranto, enleios,
sabe-lhe instintos a gemer, gritar.

Ornando-se dum gesto bem seu, franco,


verte a fúria do mar noutros anseios:
- entrega-lhe o seu corpo puro e branco.

21 Rosa de Pedra
Soneto transcendental

O morto amor, os olhos indormidos,


a alma faminta e céptica e vazia,
e silenciado o grito adolescente,
falidos, o sonho, o corpo amortecido,

seguindo sempre vãos itinerários,


buscando abstrata fuga inconsequente,
deixando, além, vadio, o pensamento
e toda inatingida, a trajetória;

da vida, longe, irreal, distante, à toa,


arranco de mim mesma essa matéria
lançando-me nos mundos transcendentes:

ali diviso ingentes horizontes


onde instantes me afirmo, vivo, sou,
onde existir possível me é, sem mágoa.

22 Zila Mamede
Soneto de apenas madrugada

Sinuosa, a madrugada aconteceu


acobertando pântanos e medos.
Há lembranças de vozes insepultas
transformando-se em caules de manhã.

O tempo se reencontra nas sarjetas


com trapos, fome, rosa, sexo e morte.
Os ventos insondáveis jazem mudos
e o mar, sonhando náufragos distantes.

A paz fictícia que debrua as horas


esconde uma enxurrada de protestos,
um grito a derramar-se pelos charcos.

Tudo silêncio, embora o desespero


se dependure em cada negro poste
como estandarte de ínvios navegantes.

23 Rosa de Pedra
Soneto dos olhos que eu não vi

Prendi nas mãos, teus olhos – poeira e cactos –


depois que, transformados em nevoeiros,
tingiram-se de brisas vindas de astros.
Dispersos, vi teus olhos quase espinhos.

Olhar, o teu navega pensamentos


de rubras virgens – pastos e montanhas
onde improvisa rios, sons, poesia,
redescobrindo terras prometidas.

Depois, apenas cactos, interpreta


circum-navegação nas puras ilhas,
colhendo, rubras, virgens e montanhas.

Teus olhos se escaparam dos meus dedos.


Teus olhos que fundiram minha infância,
hoje os descubro agônicos, em sangue.

24 Zila Mamede
Soneto da tua vinda antecipada

Chegaste antecipado de mistérios


tendo na face, amorfo, o meu segredo.
Na argila do teu beijo adolescente
trazes canções molhadas de esperanças

sobrepairando lábios e hemisférios


onde se oculta, informe, o teu degredo.
Te vejo aproximado e intransparente,
te sinto inatingido de lembranças.

Por onde andaste, ó ave de granito,


plantando os pensamentos? Onde a veste
a seduzir-te chamas, branco e espaços?

Meus olhos te investiram de infinito


guardando, intato, o amor que não trouxeste
na tarde prematura dos teus braços.

25 Rosa de Pedra
Soneto das mãos aquáticas

Ilimitado, o gesto sem fronteiras


cuidou apenas mãos no promontório
onde indefeso nauta finge enseadas,
surpreende tripulantes, rosa e dunas.

Há nuvens sugerindo naus costeiras


em rumos disfarçados por velório:
o nauta em vão flutua as mãos pesadas
plantando-as no desejo das escunas.

Irresistindo gestos e abandonos,


as mãos, sofridas mãos de nauta e rosas,
dormiram promontórios e estaleiros.

Agora o nauta espera sempre outonos


trazendo naus às verdes mãos viçosas,
inquietas mãos de estranhos marinheiros.

26 Zila Mamede
Soneto do sonho náufrago

Infecundoso, o ventre dos rochedos


guardou meu sonho – agora morto sonho.
O mar varando as rochas traz nos olhos
esfinges de paisagens incolores

enquanto as algas trançam nos seus dedos


sargaços – a mortalha do meu sonho
e as conchas anunciantes dos escolhos
fingindo esquifes, pensam luto e flores.

Não marés, não rochedos, não sargaços


bebendo essa orfandade em que naufraga
ferido e nu, meu sonho – lenda e espumas.

O meu sonho antes lua – hoje mormaços –


beijou, irreverente, estéril fraga,
depois que, estrelas, viu-se pó, nas brumas.

27 Rosa de Pedra
Soneto irresoluto

Se tu, viajando luas impossíveis,


recriasses mãos de cacto em teus instantes,
te pediria fontes e medulas
dormindo girassóis na madrugada.

Não me arrojasses mundos adventícios,


nem me impedisses cantos e corolas
restauraria espelhos como as fontes
dormindo girassóis na madrugada.

Teu rosto põe-se antigo de incertezas


entre o ser e o não ser dos meus cabelos,
entre o câmbio das águas, verso e lótus.

Não bebesses no verso musgo e imagens


definirias fontes, puras fontes
dormindo girassóis na madrugada.

28 Zila Mamede
Soneto para os olhos
quase cegos de Maria Clara

Não carregues meus olhos para as sombras


nem deixes que se percam nos espelhos.
Eu quero a luz molhando os pensamentos
desses meus olhos hoje loucamente

férteis olhos aquáticos, depois


apenas duas conchas vomitadas
pelo ventre do mar, nas marés cheias,
numa promiscuidade de sargaços.

Desvirtuados olhos afogaram-


se em rotas da que fora rubra estrela
e viu-se anoitecendo poeira infecta.

Perdi meus claros olhos nas areias:


proscritos e afogados no mar morto,
eu os sinto roucos, mudos, sangrando íris.

29 Rosa de Pedra
Soneto para as crianças
que brincam com
soldadinhos de chumbo

Infantes, os narcisos divorciados


quiseram passaportes fratricidas
e os caules já dementes se calaram
vestindo maldições impronunciadas.

Desembarcados, morrem-se os narcisos


(antecipadamente concebidos):
seu verde sangue asfalta ancoradouros
como inútil semente corrompida.

Que resta dos narcisos navegados?


- arestas penetrando sóis estranhos
a dissimular nomes e troféus.

Dementes caules, caules destronados


assistem, rotos, nus, irremissíveis,
à imolação de púberes narcisos.

30 Zila Mamede
Soneto para a
mocidade holandesa

Itinerando chuvas e nevadas


os mares se antecipam volumosos
nas águas para o beijo de outras águas,
nas terras para a morte de outras terras.

Planície investigando lama e caos


no estágio de criança em luto e espumas:
navios inumanos absorvendo
canções de morta carne adolescente.

Os mares bipartindo dique e faces:


sofrida baixa terra oceanizada
os seus humanos peixes navegando.

Depois, a funerária pescaria;


depois, as esqueléticas memórias
nos olhos das tulipas defloradas.

31 Rosa de Pedra
Soneto para as crianças
que estão comendo xique-xique

Emudecendo as serras derramaram


a última raiz umedecida
- famintos breves lábios dilatando-
se em hastes de vertigens e nudez.

Miséria improvisando creche e estufas


de rotos esqueletos prematuros.
A terra navegada em funerais
de fogo e sangue, em maldição e exílio.

Distantes litorais dulcificados


recusam salivar os xique-xiques
- fantasmas absorvendo salvações.

Desertos polvilhados de molambos,


os campos se antecipam cemitérios
sem cruz dos pelotões de flagelados.

32 Zila Mamede
Soneto inesperado
como a tua presença

Em meio ao inesperado dos teus lábios


confunde-me caminho inconsistente
criando em minhas mãos sem contextura
um ricto de espessura mineral.

Guardasse o teu intento irrevelado


a chama na semente consumida
o mito agora oculto assentaria
pousada no teu rosto imaginário.

Não sei por que te feres de esquivanças


permanecendo limitado e ausente
no rio de espantada lucidez.

Estende, insone, as tuas mãos longínquas


e beberás sonatas e esperanças
nas águas dos meus olhos temporários.

33 Rosa de Pedra
Soneto de um instante
no findo abril

Morri. Comigo, inúteis, as lembranças


compondo, absortas, funeral concluso.
Chuva lavando o sujo da memória
no findo abril de noites aguacentas.

Os esmaltados olhos recuperam


o brilho antigo e seu; nos azulejos,
traçando agudas florações de sono,
reveem seus idos olhos infantis,

num findo abril sem fugas e incertezas:


que o verde investigando a ressurgida,
faz tranquilas promessas outonais,

passeia luz nas flores dos meus sonhos,


e as cantigas dos olhos revividos
colorem-se nas mãos do findo abril.

34 Zila Mamede
Soneto para o momentâneo
reencontro da perdida infância

Não. Esse não, porque esse quadro encerra


os seus limites infantis de outrora
quando plantava as mãos de medo e terra
nos flocos de algodão sujos de aurora.

Não esse quadro antigo em que se aferra,


surda, uma dor que uma antes criança chora
perdida no caminho que a desterra
e no pranto que então seus anos mora.

Esse não: que ainda busca o procurado


abismo de onde os traços seus, feridos,
surpreendam voz pedindo claros sons.

Não essa inútil forma em céu crestado


descolorindo os ecos ressurgidos
nos dedos que inventaram lírio e tons.

35 Rosa de Pedra
Soneto para a morta
menina da casa branca

Aquela casa branca, assim tão branca


vai-se perdendo em cores, na retina
da que vira nascer tranquilamente,
da que fora narciso ou embrião.

O nome da nascida, agora, arranca


do seu rigor de casa; e da menina
deixando-se partir indiferente,
nem mais o sono guarda, em gestação,

porque seu leve corpo foi plantado


numa outra casa, antiga e que, sem teto
vai desmanchar-lhe as rendas dos vestidos;

E nenhum riso, ali, será pintado,


que os lábios da menina, no trajeto,
em pó ficaram: líquidos, perdidos.

36 Zila Mamede
Soneto quase noturno
para o jarro morto

Partido o jarro e, com ele, o derradeiro


vestígio que me prende a vão celeiro
onde as marés derramam permanências
de medo e o tempo, amarga estagnação.

Detalhes de cerâmica atirados


num canto de varanda; vai minha alma
sumindo neles, longamente neles,
numa incorporação de flor e espaços.

O jarro não retorna à sujeição


de primitivas formas, ao marasmo
de jarro e expectação de apenas cor.

Aos cacos do antes jarro me enraízo


para levada, ser, a novos mares,
na renascida espera das estrelas.

37 Rosa de Pedra
Soneto noturno para
o rio Capibaribe

Nos mistérios do rio me perdi,


na amargura do rio me encontrei
na sombra que beijava a flor do rio
senti minha saudade anoitecer.

O rio fez-se ventre onde nasci:


sua água tem o pranto que chorei
quando o vento, pousando o leito, frio,
quis da espuma meu sangue recolher.

Sou pontes, sou granito, sou letreiros,


sou mangues, sou barcaças, sou cantigas
desenhando petróleos na torrente.

Sou rio que compõe os seus barqueiros


dos soluços da margem que, ora, antiga,
gera flores e lama, indiferente.

38 Zila Mamede
Soneto para a construção
do arranha-céu

Os braços de concreto vão crescendo


como pensassem nuvens conversar.
Dedos crispados, poros gotejantes,
os braços de concreto vão-se erguendo.

Longamente se formam, projetando-


se em organismo estranho e vertical:
injetados de areia, mágoa e ferro
os braços de concreto estão chorando.

Atiram-se tranquilos nos espaços:


são hastes de grandeza, ângulos de força,
ou de mutilação de humanos braços.

Estruturando pedras e cimento,


os braços de concreto, nus, se vestem
de fantasmas de morte e sofrimento.

39 Rosa de Pedra
Soneto triste para
minha infância

De silêncios me fiz, e de agonia


vi, crescente, meu rosto saturado.
Tudo de mágoa e dor, tudo jazia
nos meus braços de infante degredado.

Culpa não tinha a voz que em mim nascia


pedindo esses desejos – sonho ousado
por onde o meu olhar navegaria
de cores e de anseios penetrado.

Buscava uma beleza antecipada


– a condição mais pura de harmonia
nessa infância de medos tatuada,

querendo-me embeber de inacabada


procura que, em meu ser, superaria
a minha triste infância renegada.

40 Zila Mamede
MAR
ABSOLUTO
Canção do sonho oceânico

I
Empossei-me dos caminhos
convergentes para o mar.
Três dias nasci areias
depois, conchas esquecidas
na memória dos rochedos
que julgavam ser navios
carregados de luar.

Fui areia, agora, búzios


chamando os ventos do mar.
Quando me senti sargaços
pedi às algas tranquilas
que me emprestassem coroas,
e vestindo lenda e sal
arranjei sete concertos
na paisagem mineral.

Compus meus olhos marinhos


quando a fuga da maré,
carregando os pensamentos
dos corais e dos recifes,
conduziu-me em sete fontes
dormindo peixes e estrelas
no outro sono do mar.

42 Zila Mamede
Agora nascida estrela
algas, recife e coral,
não me contentam areias
nem me prende litoral.
Pedindo o voo das gaivotas
em rumos desconhecidos,
sonhando estradas marinhas
compondo sete oceanos
para neles navegar.

Sou como o sal das salinas,


pois fui nascida no mar.

II
Que mundos não conhecidos
beberei nos sete mares?
Que fantasmas soluçantes
terei de então consolar?
Ó brisas, ó tempestades,
cantai bem alto, cantai
para embalar leves sonhos
cometidos em alto mar.

43 Rosa de Pedra
Deixei meus olhos dormindo
nas mãos de musgos medrosos
enquanto em busca de estrelas
converti-me em brancas ilhas
beijadas por sóis distantes,
pelo ímpeto das ondas
vestindo-me tule e neve,
para a surpresa das bodas
da minha alma irrequieta
com a alma triste do mar.

Onde o meu sonho ancorado?


Onde a bandeira da paz?

Velhos navios perdidos,


sem rotas, a flutuar,
dormindo na madrugada,
fingindo portos ao sol,
ficai perdidos, ficai:
sois o meu presente aos tempos
por deixarem de contar.

Navego nas minhas asas,


de que me investi no mar.

44 Zila Mamede
Irei brincar com fantasmas,
os governantes do mar.
falarei língua das ondas,
cantarei canções marujas,
escreverei meus poemas
nos lábios dos caramujos:
levá-los-ão chuvas, ventos
aos peixes e caravelas
que brincarão de cirandas
nos recôncavos do mar.

Dormi o sono dos deuses


no ventre dos sete mares.
despertei boiando acácias
deixadas por navegantes
que tocaram meus caminhos
em naves feitas de sonhos.

Passai, marujos, passai,


que não voltarei do mar:
oceânica persisto;
sou produto desse mar
que compus nas minhas mãos
da verdura do meu sangue,
das águas dos olhos meus.

Como pois ser continente


Se fui nascida no mar?

45 Rosa de Pedra
III
Renasço purificada
desse meu sonho de mar.
As virgens águas libertas
arrastam meus pensamentos
que, se investindo de abismos,
são liberdade também.

Sonho meu acorrentado,


voai ligeiro, voai
no galope azul das ondas,
nos soltos ventos do mar,
deixai de lado coxilhas,
esquecei-vos de planícies
para encurtar os caminhos
convergentes para o mar.

Ó marés de minha infância,


onde acabastes de ser?
Onde o feitiço dos olhos
das sereias de luar?
Onde piratas e medos
meus sonhos a povoarem?

46 Zila Mamede
Meus vividos oceanos,
minha infância, meu terror,
deixai liberto o meu sonho,
não maculeis seu calor.
Quero esposá-lo tranquilo
como o canto das estrelas,
quero-o acordes e sonatas
nos meus olhos de coral,
pois meu livre sonho verde
nem por sete continentes
deixaria de ser mar.

O meu noivado marinho


teve alianças de sal.
Mas, que mar satisfazendo
os meus anseios de mar?
Que liberdade habitando
minhas plagas, meus grilhões?

Vinde, amados oceanos,


beijai meus olhos, beijai,
soltai-me de vãos navios,
deixai-me pura, vagar:
eu só quero a liberdade
para nela me afogar.

Não sou livre continente,


mas peço liberto mar.

47 Rosa de Pedra
IV
Não plantes os teus caminhos
nas vizinhanças do mar.

Sete veredas marítimas


te darei desde as nascentes,
abrir-te-ei enseadas
e ver-te-ei flutuar.
Navegarás meus caminhos
conduzido em sete fontes,
dormirás brancas estrelas
num outro sono de mar.

Depois, seremos regatas


em costas sempre esquecidas.
Serão teus meus oceanos,
meus rochedos, meus corais.
Os ventos e tempestades
falar-te-ão de acalantos
remando os teus verdes braços
as claras águas do mar.
Por que gerar mais estradas
nesses caminhos de mar?

48 Zila Mamede
Das puras algas tranquilas
hei de tecer-te um lençol:
hás de sonhar meus navios
desprendidos a chorar;
hás de sentir-me em teu sono
como nascida no mar.
De ti compus meus caminhos,
meus sete sonhos de mar.

49 Rosa de Pedra
Canção da rosa de pedra

Essa, a rosa da promessa


da noite do nosso amor,
murcha rosa indiferente,
sem alma, escassa de olor?

Por que essa rosa de pedra,


o meu presente nupcial?
- Pantanosa flor de lama
gerada em brisas de sal.

O riso da minha infância,


gritam-no abismos de sangue
onde boia impura, incauta,
flor de pedra, flor de mangue.

A vã promessa incumprida
na noite do nosso amor
repousa em praias de sombra
navega em mares de dor.

50 Zila Mamede
Canção da rua que não existe

Ideia da cor da rua


que não tem cor nem tem nome,
sem gesto, cansada, nua,
rua pavilhão da fome.

Rua asfaltada de lama,


tetos negros de fumaça.
A calçada fria é cama
para os que bebem cachaça.

Ideia que não tem cor


verteu-se negra do fumo
daquela rua da dor,
da rua que não tem rumo.

Perdida ideia na rua,


na rua que não existe
mas que, sem gesto, que nua,
ao tempo, incerta, resiste.

51 Rosa de Pedra
Canção do vento e do teu amor

O vento que vem de longe,


o vento que vem do mar,
o vento que chega à toa,
vem à toa me chamar.

Velho vento intrometido,


aos pulos, solto, vadio,
invade a minha janela,
enche o meu quarto vazio.

Vento, vento foi-se embora


levando um pouco de mim.

Teu amor é como o vento:


chega e foge sempre assim.

52 Zila Mamede
Canção da minha rua

Rua triste
rua feia
rua velha
sem calçadas
rua fria
tão distante...

Sim, és triste
feia e velha
és distante
mas não importa.

Mesmo assim
és minha rua
onde vivo os meus sonhares
onde sofro os meus pesares
onde sinto os meus amores.

53 Rosa de Pedra
Para mim
tu tens belezas
que não há
nas outras ruas.

Se alguém
te tem desprezo
deixa
que eu te quero bem.

Eu conheço a tua história


tu me contas teus sonhares
tu me contas teus pesares
tu me dizes
bem baixinho
teus segredos
teus amores.

54 Zila Mamede
Poema nº 17

Quando já não exista,


restarão silêncios
na vida que se foi,
restarão silhuetas de morte
confundindo-se nas sombras da noite.
Quando já não exista,
haverá fragmentos de vida
em mausoléu sombrio,
e serei cinzas,
e estarei no topo das cruzes,
na poeira dos túmulos
e no canto triste dos ciprestes.
Mas, quando no Grande Dia
tudo sendo reunido
brotarei das cinzas e do pó
evoluindo-me do silêncio e da morte
e cessarão tristezas,
já não havendo canto lúgubre.
Então serei para sempre
e ressurgirei, vivendo eternamente!

55 Rosa de Pedra
O TEMPO
DE ZILA
1943

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1936 a 1946
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1928 a 1941
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Zila estuda na Escola


Zila estuda no Grupo Técnica de Comércio
Nasce Zila Mamede,
Escolar Capitão Mór “Imaculada Conceição”,
no povoado Nova
Galvão, da primeira no curso ginasial
Palmeira, município de
a sexta série do curso comercial básico.
Picuí, na Paraíba.
primário.
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1935 1942
Zila e sua família Zila e sua família
transferem-se para mudam-se para Natal-
Currais Novos, interior RN, uma vez que seu pai
do Rio Grande do Norte. havia sido contrato para
a construção da Base
Aérea de Parnamirim.

58 Zila Mamede
1954

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Zila exerce a função
de auxiliar de escritório no
Departamento de Reeducação
tangiam-nos serenos com as cantigas e Assistência Social.
aboiadeiras e um bastão de lírios
Julho
Os bois assim dormindo caminhavam Zila representa o Rio Grande
destinos não de bois mas de meninos do Norte no 1º Congresso de
libertos que vadiassem chão de feno; Biblioteconomia realizado na
cidade de Recife-PE.

e ausentes de limites e porteiras Setembro a novembro


arquitetassem sonhos (sem currais)
Zila integra a turma do curso
nessa paz outonal de bois dormindo. intensivo de Biblioteconomia,
1951
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voltado à assistência técnica


É um poema lírico, um tratamento às bibliotecas brasileiras,
Março a outubroabsolutamente lírico, mas, aqui,
promovido pelo Instituto
entra um elemento que
Zilase chama
atua como liberdade, que estáNacional
velado do nessa “paz
Livro.
contadora
outonal de bois dormindo”, no escritório
“arquitetassem sonhos (sem currais)”. Já é
da “Sérgio Severo”.
um poema em que eu penso em liberdade, que era uma coisa que não
me preocupava.

Eu gostaria... O entrevistado pode ter vontade?

ALVAMAR FURTADO – É exatamente neste ponto que nós quería-


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1947grama – e foi um dos1951


mos chegar. Porque acho que já estamos encerrando o nosso pro-
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a 1949 aprogramas
1953 altos da nossa série Memória Viva,
sobretudo pela bela Zila
liçãoatua
decomo 1954
sensibilidade, de poesia, da presença
Zila realiza o curso
simpática que Zila nos deu –no
contadora que,
a 1962
como encerramento do nosso pro-
Serviço
técnico de contabilidade, Social da Indústria.
grama,
na Escola escolhesse
Técnica de o poema que mais aprecia, mais Zila assume, ados
emociona convite
que
do governador Sylvio
já escreveu, e encerrasse o nosso programa declarando
Comércio “Imaculada esseo cargo
poema.
Conceição”.
Pedroza, de 1953
diretora da Biblioteca do
ZILA MAMEDE – Vou ler o poema dedicado ao meu
Zila publica avô, que faz
Instituto de Educação,
parte do livro O arado, e, se houver
Rosa detempo,
pedra. gostaria de
queler um apoema
sediava Escola
do meu próximo livro que será A morte da máquina. Normal de Natal eo
Atheneu Norte-rio-
grandense.o que foi o
“O ALTO (O AVÔ)” é um poema que descreve, exatamente,
meu avô materno, com quem convivi toda a minha infância e adoles-
cência. O ALTO é o nome do sítio (O AVÔ).
59 Rosa de Pedra
1957
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Zila exerce a função
1958

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de redatora no jornal
Diário de Natal. Zila publica
Zila é designada Salinas.
correspondente do
jornal O Globo no
Congresso Mundial
da Juventude Católica
Operária, na Itália.
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1955 1957
a 1956 a 1961
Zila realiza o Zila atua como
curso superior de bibliotecária da
Biblioteconomia, Sociedade Cultural
promovido pela Brasil-Estados
Biblioteca Nacional Unidos
do Rio de Janeiro. de Natal.

60 Zila Mamede
1959 1961

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2 de maio 6 a 16 de abril
Zila é nomeada pelo Zila realiza estágio no
Reitor Onofre Lopes Washington International
como Bibliotecária Center.
Diretora do Serviço
Central de Bibliotecas 9 a 16 de julho
da UFRN. Zila é uma das convidadas
estrangeiras da 80ª Conferência
1959 Anual da Associação
a 1961 Americana de Bibliotecas,
realizada em Cleveland, EUA.
Zila assume
interinamente a Diretoria 17 a 30 de novembro
de Documentação Zila realiza estágio na
e Cultura, órgão da biblioteca da universidade
Prefeitura de Natal. americana de Syracuse.
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1959 1960
a 1980 Zila é indicada pelo
Zila exerce a função de governador Dinarte de
Bibliotecária Diretora Medeiros Mariz, para
do Serviço Central compor o Conselho
das Bibliotecas da Estadual de Cultura do
Universidade do Rio Rio Grande do Norte.
Grande do Norte (1959-
60); da Universidade
Federal do Rio Grande
do Norte (1960-74) e,
posteriormente, Diretora
da Biblioteca Central da
UFRN (1974-80).

1959
Zila publica
O arado.
61 Rosa de Pedra
1970 1976

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Zila publica Luís da Zila é designada para


Câmara Cascudo: 50 compor o conselho
anos de vida intelectual, de redação da revista
1918-1968: bibliografia Tempo Universitário.
anotada, por meio da
Fundação José Augusto.
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1964 a 1965
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Zila cursa o mestrado


1975 1978
em Biblioteconomia na Zila publica Zila publica
Universidade de Brasília, Exercício da Corpo a corpo.
mas não recebe o título palavra.
de mestre, por não haver
concluído o curso.

62 Zila Mamede
1980
...........................................................................

28 de março
Zila aposenta-se,
transmitindo a direção
da Biblioteca Central
1984
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da UFRN para a
bibliotecária Sônia
Zila publica
Campos Ferreira, sua
A herança.
discípula e vice-diretora
desde 1967.
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1985
13 de dezembro
Zila falece. Após
proposta do Reitor
Genibaldo Barros, e por
meio da Resolução nº
120/85-CONSUNI, de
13 de dezembro de 1985,
foi aprovada a mudança
do nome da Biblioteca
Central para Biblioteca
Central “Zila Mamede”.

63 Rosa de Pedra
Este livro foi produzido
pela equipe da EDUFRN
em maio de 2023.

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