Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Andreia R. Schneider Nunes. Políticas Públicas
Andreia R. Schneider Nunes. Políticas Públicas
TOMO 6
COORDENAÇÃO DO TOMO 6
Nelson Nery Jr.
Georges Abboud
André Luiz Freire
Editora PUCSP
São Paulo
2020
ENCICLOPÉDIA JURÍDICA DA PUC-SP
DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
DIRETOR
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA
Pedro Paulo Teixeira Manus
DE SÃO PAULO
DIRETOR ADJUNTO
FACULDADE DE DIREITO Vidal Serrano Nunes Júnior
CONSELHO EDITORIAL
1.Direito - Enciclopédia. I. Campilongo, Celso Fernandes. II. Gonzaga, Alvaro. III. Freire,
André Luiz. IV. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
1
ENCICLOPÉDIA JURÍDICA DA PUC-SP
DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
POLÍTICAS PÚBLICAS
Andréia R. Schneider Nunes
INTRODUÇÃO
SUMÁRIO
Introdução ......................................................................................................................... 2
Referências ..................................................................................................................... 25
1
CARVALHAES, Andréia R. Schneider Nunes. Limites e aferição do controle judicial de políticas
públicas.
2
ENCICLOPÉDIA JURÍDICA DA PUC-SP
DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
2
BUCCI, Maria Paula Dallari. Fundamentos para uma teoria jurídica das políticas públicas, p. 37.
3
Idem, p. 39.
4
DWORKIN, Ronald. Levando os direitos a sério, p. 36.
3
ENCICLOPÉDIA JURÍDICA DA PUC-SP
DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
5
COMPARATO, Fabio Konder. Ensaio sobre o juízo de constitucionalidade de políticas públicas. Revista
de Informação Legislativa, nº 138.
6
BUCCI, Maria Paula Dallari. Buscando um conceito de políticas públicas para a concretização dos direitos
humanos. Direitos humanos e políticas públicas, p. 10.
7
DWORKIN, Ronald. Levando os direitos a sério, p. 90.
8
BUCCI, Maria Paula Dallari. Op. cit., p. 12.
9
BUCCI, Maria Paula Dallari. Direito administrativo e políticas públicas, p. 264.
4
ENCICLOPÉDIA JURÍDICA DA PUC-SP
DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
10
BUCCI, Maria Paula Dallari. Direito administrativo e políticas públicas, p. 39.
11
Idem, p. 269.
12
SMANIO, Gianpaolo Poggio. O direito e as políticas públicas no Brasil, p. 12.
13
BUCCI, Maria Paula Dallari. Op. cit., p. 97.
5
ENCICLOPÉDIA JURÍDICA DA PUC-SP
DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
14
BUCCI, Maria Paula Dallari. Direito administrativo e políticas públicas, p. 31.
15
Ibidem.
16
GRINOVER, Ada Pelegrini. O controle jurisdicional de políticas públicas. O controle jurisdicional de
políticas públicas.
17
BUCCI, Maria Paula Dallari. Op. cit., p. 194.
6
ENCICLOPÉDIA JURÍDICA DA PUC-SP
DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
18
DUARTE, Clarice Seixas. O direito e as políticas públicas no Brasil.
19
“Política pública é o programa de ação governamental que resulta de um conjunto de processos
juridicamente regulados – processo eleitoral, processo de planejamento, processo de governo, processo
orçamentário, processo legislativo, processo administrativo, processo judicial – visando coordenar os meios
à disposição do Estado e as atividades privadas, para a realização de objetivos socialmente relevantes e
determinados”. BUCCI, Maria Paula Dallari. Políticas públicas: reflexões sobre o conceito jurídico, p. 39.
7
ENCICLOPÉDIA JURÍDICA DA PUC-SP
DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
20
BUCCI, Maria Paula Dallari. Direito administrativo e políticas públicas, p. 146.
21
Ibidem.
22
Idem, p. 149.
8
ENCICLOPÉDIA JURÍDICA DA PUC-SP
DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
23
DUARTE, Clarice Seixas. O direito e as políticas públicas no Brasil, p. 26.
24
Idem, p. 27.
25
Idem, p. 31.
26
Idem, p. 33.
9
ENCICLOPÉDIA JURÍDICA DA PUC-SP
DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
10
ENCICLOPÉDIA JURÍDICA DA PUC-SP
DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
definição de Robert Alexy sobre direitos sociais tidos como direito a prestações materiais
em sentido estrito, concretizados mediante políticas públicas.
Direitos à prestação em sentido estrito são direitos do indivíduo, em face
do Estado, a algo que o indivíduo, se dispusesse de meios financeiros
suficientes e se houvesse uma oferta suficiente no mercado, poderia
também obter de particulares. Quando se fala em direitos fundamentais
sociais, como, por exemplo, direitos à assistência à saúde, ao trabalho, à
moradia e à educação, quer-se primariamente fazer menção a direitos a
prestação em sentido estrito.27
É sabido que em se tratando de direitos à prestação cabe, primacialmente, ao
Estado, na figura do legislador, a incumbência de definir as metas prioritárias e a
elaboração de políticas públicas, ao Executivo a proposta, a implementação e execução
de tais políticas e ao Judiciário, por sua vez, o controle da legalidade.
Significa dizer que o Estado, enquanto Social e Democrático de Direito, tem a
tarefa de promover prestações necessárias e serviços públicos adequados para o
cumprimento dos objetivos fundamentais constitucionais e, tão logo, proporcionar o
desenvolvimento da dignidade humana. Ou seja: “para cumprir os ideais do Estado
Social, a ação dos governantes deve ser racional e planejada, o que ocorre por meio da
elaboração e implementação de políticas públicas”.28
A concretização das políticas públicas está condicionada a uma série de
processos de natureza administrativa, legislativa e orçamentária, interligados à
discricionariedade da Administração Pública e do próprio legislador, sob o escopo de
alcançar a consecução dos direitos sociais.
No entanto, importante ressaltar que conveniência e oportunidade jamais podem
ser convertidas em inércia do Estado, já que a tomada de decisão deve ser no sentido de
conceber políticas públicas para cumprir prestações positivas e materiais, atenuando
desigualdades e promovendo a liberdade e a igualdade substantiva entre os indivíduos.
Segundo Ingo Wolfgang Sarlet:29
27
ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais, p. 499.
28
DUARTE, Clarice Seixas. O direito e as políticas públicas no Brasil, p. 17.
29
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos direitos
fundamentais na perspectiva constitucional, p. 199.
11
ENCICLOPÉDIA JURÍDICA DA PUC-SP
DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
30
DUARTE, Clarice Seixas. O direito e as políticas públicas no Brasil, pp. 25-26.
12
ENCICLOPÉDIA JURÍDICA DA PUC-SP
DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
31
BUCCI, Maria Paula Dallari. Direito administrativo e políticas públicas, p. 192.
32
Entre o ano de 2010 e 2015, houve o aumento da judicialização da saúde em mais de 90%, segundo dados
extraídos da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo.
13
ENCICLOPÉDIA JURÍDICA DA PUC-SP
DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
direitos sociais, bem como manter viva a rede de articulação, coordenação e participação
de todos os envolvidos.
33
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos, p. 05.
34
ABBOUD, Georges. Processo constitucional brasileiro, p. 49.
35
MONTESQUIEU. O espírito das leis, p. 166.
14
ENCICLOPÉDIA JURÍDICA DA PUC-SP
DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
36
MONTESQUIEU. O espírito das leis, p. 168.
37
NUNES, Andréia Regina Schneider. Judicialização da política: o Poder Judiciário como instrumento de
realização dos direitos fundamentais, p. 122.
38
GRINOVER, Ada Pelegrini. O controle judicial de políticas públicas. O controle judicial de políticas
públicas, p. 126.
15
ENCICLOPÉDIA JURÍDICA DA PUC-SP
DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
39
GRINOVER, Ada Pelegrini. O controle judicial de políticas públicas. O controle judicial de políticas
públicas, p. 127.
40
CANELA JUNIOR, Oswaldo. Controle judicial de políticas públicas, p. 22.
16
ENCICLOPÉDIA JURÍDICA DA PUC-SP
DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
41
JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de direito administrativo, p. 13-14.
42
CANELA JUNIOR, Oswaldo. Controle judicial de políticas públicas, p. 95.
43
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos direitos
fundamentais na perspectiva constitucional, p. 282.
44
Idem, p. 284.
17
ENCICLOPÉDIA JURÍDICA DA PUC-SP
DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
45
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos direitos
fundamentais na perspectiva constitucional, p. 199.
46
Idem, p. 191.
47
ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais, p. 433.
48
Idem, pp. 263-264.
18
ENCICLOPÉDIA JURÍDICA DA PUC-SP
DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
49
GRINOVER, Ada Pelegrini. O controle jurisdicional das políticas públicas. O controle jurisdicional das
políticas públicas, p. 140.
50
TORRES, Ricardo Lobo. O mínimo existencial e os direitos fundamentais. Revista de direito
administrativo, v. 177, p. 35.
51
Idem, p. 40.
52
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos direitos
fundamentais na perspectiva constitucional, p. 199.
19
ENCICLOPÉDIA JURÍDICA DA PUC-SP
DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
53
TORRES, Ricardo Lobo. O mínimo existencial e os direitos fundamentais. Revista de direito
administrativo, v. 177, p. 40.
54
SARLET, Ingo Wolfgang. Op. cit., p. 207.
55
Idem, p. 285.
20
ENCICLOPÉDIA JURÍDICA DA PUC-SP
DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
56
PIRES, Luis Manuel Fonseca. Controle judicial da discricionariedade administrativa: dos conceitos
jurídicos indeterminados às políticas públicas, p. 288.
57
Em atenção à devida destinação de recursos pelo Poder Público, segue crítica de Luis Manuel Fonseca
Pires: “(...) entendemos que esta constatação não pode restringir-se à leitura simplista e estreita do que os
olhos conseguem enxergar. Em contraste com este discurso titubeante da Administração Pública toda vez
que demandada judicialmente também devemos considerar que há atividades concretas – e igualmente
notórias – de empenho de quantias exorbitantes de recursos públicos – financeiros, de pessoal e de material
– em campanhas de propagandas das realizações do governo, em projetos cujos bens almejados (festas
populares, monumentos etc.) são de discutível prioridade em relação aos valores preteridos (saúde,
educação, segurança pública e outros), enfim, há diversas situações em que é possível cotejar os discursos
de larga lamentações que são formulados pela Administração Pública em sua defesa nas ações judiciais
com o dispêndio de vultosas quantias com outras atividades que não se justificam como máxima prioridade
de um Estado Social.” (PIRES, Luis Manuel Fonseca. Op. cit., p. 309).
58
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos direitos
fundamentais na perspectiva constitucional, p. 287; SCAFF, Fernando Facury. Reserva do possível,
mínimo existencial e direitos humanos. Diálogos constitucionais: direito, neoliberalismo e
desenvolvimento em países periféricos, p. 153.
59
HOLMES, Stephen; SUNSTEIN, Cass R. The cost of rights. Why liberty depends on taxes.
60
SARLET, Ingo Wolfgang. Op. cit., p. 204.
61
Idem, p. 206.
21
ENCICLOPÉDIA JURÍDICA DA PUC-SP
DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
evidências fáticas e não teses jurídicas. (...) As políticas públicas, igualmente, envolvem
gastos”.62
Justamente em razão de os recursos públicos serem finitos, é preciso priorizar as
escolhas em que o dinheiro público será investido. Isso deve ser não apenas por
deliberação política, mas em observância aos compromissos constitucionais.63
A partir desse cenário, Ana Paula de Barcellos estabelece as premissas a serem
observadas:
(i) a Constituição estabelece como um de seus fins essenciais a promoção
dos direitos fundamentais; (ii) as políticas públicas constituem o meio pelo
qual os fins constitucionais podem ser realizados de forma sistemática e
abrangente; (iii) as políticas públicas envolvem gasto de dinheiro público;
(iv) os recursos são limitados e é preciso fazer escolhas; logo (v) a
Constituição vincula as escolhas em matéria de políticas públicas e
dispêndio de recursos públicos.64
E, ainda, faz a ressalva de que a definição dos gastos públicos deve ser dada
primacialmente pela via da deliberação político-majoritária, mas tal discricionariedade
não estará livre do controle judicial para o cumprimento do dever constitucional.65
É inegável que ao se falar do cumprimento dos fins constitucionais, atrela-se à
promoção do mínimo existencial e à proteção dos direitos fundamentais. A pergunta que
se faz é: se o poder público diante das metas constitucionais, em tese, deve priorizar o
gasto de dinheiro público disponível em políticas públicas que alcancem tal resultado e
não o faz, qual o grau de ingerência autorizado ao Poder Judiciário por meio do controle
judicial?
Ana Paula de Barcellos propõe três parâmetros a serem observados.
O primeiro é de natureza puramente objetiva relacionado à quantidade de recurso
que deverá ser destinado à implementação de política pública para o cumprimento dos
62
BARCELLOS, Ana Paula de. Neoconstitucionalismo, direitos fundamentais e controle das políticas
públicas. Revista diálogo jurídico, nº 15, p. 11.
63
Idem, p. 12.
64
Ibidem.
65
Idem, p. 14.
22
ENCICLOPÉDIA JURÍDICA DA PUC-SP
DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
66
BARCELLOS, Ana Paula de. Neoconstitucionalismo, direitos fundamentais e controle das políticas
públicas. Revista diálogo jurídico, nº 15, p. 18.
67
Idem, p. 19.
68
Idem, p. 20.
69
Idem, p. 20.
70
Idem, p. 21.
23
ENCICLOPÉDIA JURÍDICA DA PUC-SP
DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
ser considerado na tomada de decisão no tocante à escolha das políticas públicas. É certo
que por meio das políticas públicas é que se busca concretizar os fins constitucionais,
mas, para tanto, envolve gasto de dinheiro público.71
É inegável que a previsão de despesas deve integrar o plano plurianual, as
diretrizes orçamentárias, sendo vedado o início de programa ou projeto não incluídos na
lei orçamentária anual, mas como afirma Luis Manuel Fonseca Pires:72
Não há amarras à Administração Pública com rubricas detalhadas
minimamente precisas sobre o emprego do dinheiro público, o que representa,
inclusive, a espargida liberdade discricionária de que goza o Executivo na
escolha das políticas públicas e respectiva definição dos meios. Se a
Administração prefere, quanto à verba destinada à educação, construir mais
escolas, erigir um plano de carreira aos professores, implementar uma política
salarial diferenciada, investir em pesquisa, reformar a grade escolar com o
investimento em computadores, laboratórios ou outras atividades de ensino,
há uma expressiva liberdade. Por isso, diante da pluralidade de opções padece
o argumento que pretende afastar o controle judicial com fundamento na
legislação orçamentária como se à Administração fosse conferida apenas uma
única opção de ação, como se fosse uma competência vinculada.
No entanto, para que a escolha de políticas públicas para o cumprimento de meta
concreta constitucional seja eficiente, Ana Paula de Barcellos propõe o terceiro parâmetro
que envolve o controle da própria definição das políticas públicas a serem implementadas,
atividade reservada pela Constituição aos entes majoritários.73
Se nos dois parâmetros anteriores prezou-se pelo cumprimento de meta
constitucional considerando o recurso público disponível, este terceiro parâmetro trabalha
em como atingi-lo, ou seja, o objetivo é assegurar uma eficácia mínima às ações estatais.74
Isso porque,
As políticas públicas têm de contribuir com uma eficiência mínima para a
realização das metas estabelecidas na Constituição; caso contrário, não apenas
71
BARCELLOS, Ana Paula de. Neoconstitucionalismo, direitos fundamentais e controle das políticas
públicas. Revista diálogo jurídico, nº 15, p. 31.
72
PIRES, Luís Manuel Fonseca. Controle judicial da discricionariedade administrativa: dos conceitos
jurídicos indeterminados às políticas públicas, pp. 288-289.
73
BARCELLOS, Ana Paula de. Op. cit., p. 23.
74
Ibidem.
24
ENCICLOPÉDIA JURÍDICA DA PUC-SP
DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
REFERÊNCIAS
75
BARCELLOS, Ana Paula de. Neoconstitucionalismo, direitos fundamentais e controle das políticas
públicas. Revista diálogo jurídico, nº 15, p. 24.
25
ENCICLOPÉDIA JURÍDICA DA PUC-SP
DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
26
ENCICLOPÉDIA JURÍDICA DA PUC-SP
DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
27