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AGA0215 - Estudo Dirigido de Astronomia

Habitando Urano

Caroline Macedo Guandalin (7994990)


Jessica Caroline Simplício (7652588)
Nícolas Massarico Kawahala (7994364)
Tiago Ferreira Lourenço (7994281)

01 de julho de 2013

Resumo
A cção ambicionada por cientistas e visionários de habitar planetas extraterrestres, nos
dias de hoje, não é mais um mero sonho. Missões levam humanos em viagens espaciais e logo
a colonização de novos planetas irá além das barreiras utópicas da mente humana. Neste
estudo mostraremos como seria habitar um dos planetas exteriores, Urano (do grego, deus
do céu). Na primeira seção apresentaremos uma breve descrição do planeta; na segunda
seção, ideias de como poderiam ser as habitações no planeta são apresentadas; na terceira
seção, características físicas serão dadas e, por m, na quarta seção falaremos um pouco
sobre como poderia ser o ecossistema nativo do planeta.
1 Descrição
a) A atmosfera de Urano é composta elemento mais abundante da atmosfera é o hidrogênio
molecular (82.5%), seguido por hélio (15%) e metano (2%). Uma pequena porcentagem de
gelos de amônia, hidrosulfeto de amônio, água e metano também constituem a atmosfera.

Urano não tem uma superfície rme. Os gases que constituem sua atmosfera se misturam
gradualmente com o uido que há em seu interior. É considerado superfície a parte da
atmosfera a partir da qual a pressão excede 1 atm.

Devido à falta de oxigênio na atmosfera seria necessário levar oxigênio da Terra para poder
viver lá. Dada grande distância, a criação de estações espaciais ao longo da trajetória entre
a Terra e Urano facilitaria o transporte de oxigênio e outras coisas que precisaremos para a
colonização. Também poderíamos fazer negociações com colonizadores de outros planetas
vizinhos para conseguir recursos, pois seria bem mais rápido e menos custoso o transporte
até eles.

Como Urano não possui superfície, seria mais viável habitar um de seus satélites, pois estes
possuem a superfície rme. Como a atmosfera dos satélites também não possui oxigênio,
continuamos tendo que importá-lo. Para tornar a colonização mais sustentável, o ideal seria
a criação no satélite de um sistema fechado no qual pudéssemos reciclar oxigênio e outros
elementos essenciais para a vida terrestre, em algo parecido com os ciclos biogeoquímicos.

b) O período de rotação de Urano é de 17 horas e 14 minutos e o de translação é 84 anos


terrestres.

O eixo de rotação de Urano tem uma inclinação de 98


◦ em relação ao eixo perpendicular

de sua órbita. Sendo assim, há momentos em que o polo sul aponta diretamente para o Sol
(solstício de verão do sul). Um observador próximo a esse polo vê o Sol descrever círculos
no céu, completando um ciclo a cada 17 horas, enquanto que um observador próximo ao
polo norte não recebe luz solar. O planeta continua seu movimento de translação e no
equinócio de outono (21 anos após o solstício de verão do sul) o dia e a noite tem durações
iguais: 8,5 horas cada. Os dias vão se encurtando e as noites se tornando mais longas até
chegar um período de total escuridão após 42 anos terrenos: o solstício de inverno para
o sul e solstício de verão para o norte. Agora o sul não recebe luz nenhuma, enquanto o
observador do norte vê o sol descrever círculos no céu, com um ciclo a cada 17 horas.

Do ponto de vista de um observador no equador, o verão e o inverno são as estações mais


frias, já que nestas estações os raios solares não chegam diretamente à ele. Sendo assim, o
outono e a primavera são as estações mais quentes, já que o Sol passa sobre o observador
durante o dia.

As estações duram 21 anos terrenos em Urano.

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Figura 1: Eixo de rotação de Urano


c) A temperatura média de Urano é de aproximadamente -220 C, o que torna extremamente
difícil a criação de ecossistemas como os que existem na Terra. O mesmo ocorre para
o satélite no qual optamos por habitar (Titânia), onde a temperatura média é de apro-

ximadamente -203 C. Para a criação de ecossistemas num local como este precisaríamos
transformá-lo. Como já mencionado anteriormente, teríamos de criar um ambiente fe-
chado, isolado, de maneira a manter uma temperatura adequada. Poderíamos importar o
gás amônia de planetas gasosos vizinhos e o metano da atmosfera uraniana para criar um
efeito estufa. A água pode ser extraída do gelo cristalizado na superfície de Titânia.

A recriação da atmosfera terrestre em Titânia estará completa com a adição de outros gases
como nitrogênio, oxigênio e dióxido de carbono e hidrogênio. O oxigênio já foi mencionado
como pode ser obtido, o dióxido de carbono é encontrado em Titânia, o hidrogênio pode
ser obtido de Urano e o nitrogênio poderíamos importar.

Sabendo que a distancia entre o Sol e Urano é 2.877.000.000 km e a luminosidade do Sol é


3.9 × 1026 J/s, encontramos o valor de 3.75 W/m
2 para o uxo que Urano recebe do Sol.

2 Habitação
a) Levando em conta que os ventos no planeta podem atingir cerca de 900 km/h, as habita-
ções em Urano poderiam ser construídas fora do planeta, orbitando-o como satélites para
evitar o risco de colisões entre as habitações e turbulências. Mas, se esse fator fosse contor-
nado, por exemplo, colocando-se propulsores nas habitações de forma a mantê-las estáveis
contra os ventos, deveriam ser levadas em consideração as baixíssimas temperaturas do

planeta, podendo atingir mínimas de -224 C. Imaginemos essas habitações como cúpulas,
ou balões, revestidos por vários materiais isolantes e com um sistema aquecedor extrema-
mente eciente. Assim como aqui na Terra temos canos que transportam gás para casas
e apartamentos, poderiam ser criadas redes para capturar hélio (elemento extremamente
abundante em Urano, que poderia abastecer a Terra durante 4 milhões de anos) e então
transportá-lo, através de tubulações até as cúpulas, para suprir as necessidades energéticas
das habitações. Essas cúpulas deveriam ter uma proporção de gases de forma a mantê-las
próximas ao limite da atmosfera do planeta, pois quanto mais nos aproximássemos do
centro, a pressão iria aumentando cada vez mais, até nalmente matar os habitantes.

b) Com exceção do hélio, que serve como fonte energética, as cúpulas deveriam ser construí-
das na Terra e depois transportadas até Urano e materiais deveriam ser importados da
Terra: basicamente, todo material necessário para a sobrevivência humana não estaria à
disposição no planeta, já que ele é gasoso e não possui nenhum tipo de recurso com o qual

2
um grupo de pessoas possa sobreviver. Água deveria ser importada, pois os únicos traços
de H2 O são originários de cometas ou encontram-se em forma de gelo.

c) c) Nenhum tipo de animal, com exceção dos domésticos que podem ser criados juntamente
com a população dentro das habitações, poderia sobreviver nesse ambiente. Qualquer
espécie de animal ou vegetal como conhecemos aqui na Terra não sobreviveriam a menos
que zoológicos e estufas, feitos no mesmo modelo que as habitações, fossem construídos
especialmente para a criação de animais e plantação.

d) A gravidade não inuenciaria na construção de prédios, uma vez que não há chão para
construirmos algo. Qualquer tipo de construção deveria ser uma espécie de balão que
utua pela atmosfera do planeta, como já foi dito. Para que conseguíssemos construir algo
em solo, em Urano, deveríamos partir para seu núcleo rochoso; contudo, a pressão nesta
região esmagaria qualquer ser humano ou equipamento que tentasse chegar ao seu centro.

e) Exploração eólica seria realmente viável, já que teríamos ventos de 900 km/h. Para isto,
espécies de mini aerogeradores colocados na base das habitações produziriam energia eólica.
Mas a principal exploração energética seria a de hélio, que é extremamente raro na Terra.
Tubos coletariam gás e, através de anéis de destilação fracionada, separariam o hélio dos
outros gases. O hélio então seria armazenado em cilindros e parte dele seria utilizada
para o aquecimento da habitação, enquanto outra parte serviria de reserva energética.
Poderíamos até pensar em mandar balões de hélio, pois assim utuariam na camada de
hélio do planeta, para capturar o gás e trazer para a Terra. Vale ressaltar que Urano não
possui fonte de calor interna, então a exploração de energia térmica é inviável.

Figura 2: Exemplo de habitação. (1) Tubo coletor de gás (2) Anel de destilação fracionada (3)
Propulsores (4) Aerogerador (5) Tubo transportador de gás responsável pelo suprimento energé-
tico da habitação e aquecimento (6) Tampa para o fechamento da habitação.

3
3 Características Físicas
a) O manto de Urano é formado principalmente por gelo, mas não é composto, de fato, pelo
gelo convencional, mas de um uido quente e denso consistindo de água, amônia e outros
voláteis. Portanto, a sua superfície é inabitável e teríamos que habitar umas de suas luas,
caso queiramos um local rme, diferentemente das habitações propostas na seção 2. Por
ser a maior lua e com diâmetro de, aproximadamente, 1576.7 km, vamos escolher Titânia
para nos instalar. Sua composição consiste de proporções relativamente iguais de gelo de
água e componentes densos que não são gelo, que podem ser feitos de rocha e materiais
ricos em carbono, incluindo compostos orgânicos pesados. Sua superfície é cortada por
um sistema de enormes falhas geológicas, além de inúmeras crateras. Contudo, as regiões
próximas de algumas escarpas e da cratera Ursula têm relevo suave e possuêm vestígios de
gelo de água, ejetado ao redor da cratera e, portanto, seria o local ideal para construção
da capital.

b) Titânia é rica em carbono, gelo de água, além de gelos de outros elementos. Poderíamos
transportar a água e os materiais baseados carbono provenientes do satélite para a Terra
em troca de minérios que nos faltam.

c) A presença de dióxido de carbono na superfície sugere que Titânia pode ter uma tênue
atmosfera sazonal de CO2 . Outros gases como nitrogênio e metano provavelmente não
estão presentes em consequência da sua baixa gravidade que não os impede de escapar. O
que contrasta muito com a atmosfera terrestre que é muito rica em nitrogênio e oxigênio,
sendo assim possível observar do satélite radiações em comprimentos de ondas diferentes
dos da Terra, isso nos permite ter uma melhor perspectiva observacional, o que é muito
vantajoso para a pesquisa astronômica.

4 Ecossistema
a) O programa norte-americano de pesquisa espacial Voyager foi iniciado em 1977 com o
intuito de estudar Júpiter e Saturno. Posteriormente foi ampliado, tornando-se a única
sonda a estudar Urano. Em 1988, Voyager 2 passou por Urano, estudando seus anéis e seus
satélites, além de constatar uma atmosfera serena em comparação aos gigantes gasosos.
Entretanto, nos objetivos dessa missão não fora incluída a busca por vida extraterrestre.
Por isso, não existem comprovações cientícas sobre a não existência de vida em Urano.

b) Urano é um planeta gasoso composto por 83% de Hidrogênio molecular (H2 ), 15% de
Hélio (He) e 2% de Metano (CH4 ). Com uma temperatura mínima de 49K na atmos-
fera do planeta, supostas formas de vida habitantes de Urano teriam que ser simples e
não poderiam gastar muita energia. Podemos imaginar seres gasosos envoltos por uma
membrana resistente à baixas temperaturas que permitisse trocas com os outros gases
da atmosfera. Portanto sua locomoção pela atmosfera seria simples e não exigiria muita
energia, aproveitando-se das correntes de ar do planeta.

Como a atmosfera de Urano é composta basicamente por hidrogênio, nossa forma de vida
hipotética respiraria principalmente este gás. Entretanto, hélio e metano presentes em
menor concentração na atmosfera também desempenhariam algum papel no organismo
desses seres.

Quanto à alimentação, consideremos que os organismos mais simples de Urano dependam


da luz solar como principal fonte de energia. Como o planeta está distante do Sol, mais

4
uma vez eles deveriam consumir pouca energia e migrarem a cada 42 anos terrestres para
a parte iluminada de Urano. Esses organismos poderiam servir de alimento para outras
formas de vida que necessitassem de mais energia, assim como o papel desempenhado pelas
plantas aqui na Terra.

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Bibliograa
1. Smoluchowski, Roman. The Solar System. W. H. Freeman, 1983.

2. Zeilik, M.; Gregory, S. A. e Smith, E. V. P. Introductory Astronomy and Astrophysic.


Saunders, 1998.

3. Seeds, M. A. e Backman, D. Foundations of Astronomy. Cengage Learning, 2010.

4. http : //pt.wikipedia.org/wiki/T it%C3%A2nia − (sat%C3%A9lite)

5. http : //www.if.uf rgs.br/ast/solar/portug/uranus.htm

6. http : //pt.wikipedia.org/wiki/U rano − (planeta)

7. http : //pt.wikipedia.org/wiki/U rsula − (cratera)

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