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ANDERSON LUCENA DE SOUSA

SEGURANÇA DO TRABALHO: ESTUDO DE CASO SOBRE OS ACIDENTES DE


TRABALHO NO PROCESSO DE EXPLORAÇÃO DA PEDRA ITACOLOMY DO
NORTE EM OURO BRANCO - RN

Monografia apresentada ao curso de


Bacharelado em Administração, pela
Faculdade Católica Santa Teresinha,
como requisito parcial para obtenção do
título de Bacharel em Administração.

Orientadora: Profª. Esp. Roxana Silva

CAICÓ – RN
2011
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CATALOGAÇÃO NA FONTE
Faculdade Católica Santa Teresinha

S725s Sousa, Anderson Lucena de.

Segurança do trabalho: estudo de caso sobre os acidentes de trabalho no


processo de exploração da pedra Itacolomy do Norte em Ouro Branco – RN.
/ Anderson Lucena de Sousa. – Caicó [RN], 2011.

72 f.

Orientador (a): Profª. Esp. Roxana Silva.

Monografia do curso de graduação em Administração da Faculdade


Católica Santa Teresinha.

1. Segurança do trabalho - Monografia. 2. Mineradores - Monografia. 3.


Equipamentos de Proteção - Monografia. 4. Riscos - Monografia. I. Sousa,
Anderson Lucena de. II. Faculdade Católica Santa Teresinha. III. Título.

RN/BU/FCST CDU 331.45


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ANDERSON LUCENA DE SOUSA

SEGURANÇA DO TRABALHO: ESTUDO DE CASO SOBRE OS ACIDENTES DE


TRABALHO NO PROCESSO DE EXPLORAÇÃO DA PEDRA ITACOLOMY DO
NORTE EM OURO BRANCO - RN

Monografia apresentada ao curso de Bacharelado em Administração, pela Faculdade


Católica Santa Teresinha, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel
em Administração.

MONOGRAFIA APROVADA EM 08 / 11 / 2011.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________
Profª. Esp. Roxana Silva
Faculdade Católica Santa Teresinha
(Orientadora)

___________________________________________
Prof. Esp. Halyson Rodrigo de Araújo Dantas
Faculdade Católica Santa Teresinha
(Examinador)

DEDICATÓRIA
4

Dedico este trabalho à minha esposa, Heloisa


Régis Medeiros dos Santos e aos meus filhos,
Rael Victor Santos de Sousa e Ryu Gabriel
Santos de Sousa (in memorian)

Galera, essa é pra vocês!


5

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus “o grande administrador do universo” pela


oportunidade de estar vivo e pelo privilégio de poder compartilhar este trabalho
como outros seres iguais a mim.

Aos meus pais Antônio Lucena de Sousa e Marina Maria Lucena de Sousa por
fazerem com que eu não desviasse dos meus estudos, estando ali, sempre
presentes, mesmo após sua separação judicial, e que sempre participaram de minha
vida, me instruindo para me tornar um cada vez mais centrado nas minhas
responsabilidades, tanto pessoal como profissional.

Aos meus irmãos, Alex Lucena de Sousa, Alan Lucena de Sousa “o capipil”, pelos
momentos oscilantes de nossa convivência, e em especial à minha irmã Adriana
Lucena de Sousa pela ajuda financeira na compra de parte dos livros que utilizei
para a realização deste trabalho.

A todos os professores que passaram por minha vida, em especial à Roxana Silva,
pelos momentos das orientações que foram bastante significativas para a conclusão
do trabalho.

A todos os meus colegas de curso, que passaram comigo momentos de aflição e


descontração, pelo compartilhamento de materiais e seminários, onde nos tornamos
grandes amigos nesses quatro anos de curso, em especial a Daniel Fernandes de
Araújo e Fernando Jorge de Morais, pelas histórias hilariantes.

A todos os colaboradores da Faculdade Católica Santa Teresinha, de todos os


setores, por sempre se fazerem prestativos no momento em que precisei.

Aos amigos, Caerlívia Dalila Regilene de Medeiros Freitas, Christiano Rafael de


Souza, Francisco Assis de Araújo, Jean Aparecido de França e João Batista dos
Santos, por me fornecerem material bibliográfico e informações relevantes para o
desenvolvimento desta monografia.
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A Janete Medeiros Azevedo de Oliveira, por permitir que eu estagiasse em seu


estabelecimento comercial, onde tive a oportunidade de por em prática os
conhecimentos obtidos em sala de aula.

A todos os mineradores que participaram da pesquisa e das entrevistas, em especial


ao minerador José Severo Neto, que procurou me ajudar de todas as formas para
que eu obtivesse êxito na realização da pesquisa na Serra do Poção.

A Darlihelman Alves de Medeiros, pelas primeiras orientações do projeto de


pesquisa.

A Goreti Lucena, por ceder parte do seu material fotográfico da Serra do Poção.

A Milton Dantas da Silva, por disponibilizar o seu tempo corrigindo este trabalho.

Ao Presidente da Câmara Municipal de Ouro Branco, Ediwilson Azevedo de Araújo


por me conceder dias de folga para a realização da pesquisa de campo.

Ao Governo Federal, por proporcionar essa oportunidade com a criação do


Programa Universidade para Todos (PROUNI).

Ao cantor Gabriel “O Pensador” por despertar meu senso crítico através de suas
músicas, onde foi de bastante ajuda no ano em que fiz o ENEM, ganhado assim,
essa oportunidade de estar nesse momento escrevendo esse agradecimento.
ÍGRAFE
A todos vocês, muito obrigado!
7

“As questões de segurança no trabalho são


objetos de atenção contínua nos diversos
segmentos, pois as consequências
apresentadas pelos acidentes do trabalho
afetam tanto aos trabalhadores, o governo e a
sociedade como um todo”.
Arthur João Donato
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RESUMO

O presente trabalho vem apresentar um estudo de caso sobre os acidentes de


trabalho que ocorrem no processo de exploração da pedra Itacolomy do Norte,
encontrada na Serra do Poção em Ouro Branco - RN, com o intuito de buscar
respostas para esses frequentes acontecimentos. Aborda como problemática o
seguinte questionamento: Porque os mineradores sofrem constantes acidentes de
trabalho na Serra do Poção? Tem como objetivo compreender os acidentes de
trabalho no processo de extração da Pedra Itacolomy do Norte. A partir da realização
de observações in loco de todo o processo de extração que a pedra passa, inicia-se
uma pesquisa bibliográfica a fim de compreender melhor o campo de estudo da
segurança de trabalho, seus conceitos e suas normas para que se possa desenvolver
técnicas que venham a diminuir ou eliminar os frequentes acidentes que ocorrem
durante esse processo de exploração da pedra Itacolomy do Norte, criando a partir
destas técnicas, uma cultura organizacional voltada para prevenção contínua de
acidentes.

Palavras-chave: Segurança do trabalho. Mineradores. Equipamentos de Proteção.


Riscos.
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RESUMEN

El presente trabajo viene presentar um estudio de caso sobre los accidentes de trabajo
que suceden el proceso de exploración de la piedra Itacolomy del Norte, encontrada
la Sierra del Poção en Ouro Branco - RN, con el propósito de buscar respuestas para
esos consecutivos acontecimientos. Aborda con problemática el siguiente
questionamiento: ¿Porque los mineradores sufren seguídos accidentes de trabajo de
la Sierra del Poção? Tiene con objetivo entender los accidentes de trabajo el proceso
de extración de la piedra Itacolomy del Norte. A partir de la realización de
observaciones in loco de todo el proceso de extración que la piedra pasa, iniciarse
una pesquisa bibliográfica con la finalidad de comprender mejor el campo de estudio
de la seguridad de trabajo, sus conceptos y sus normas para que se pueda desarrollar
técnicas que vengan a disminuir o eliminar los consecutivos accidentes que suceden
durante eso proceso de exploración de la piedra Itacolomy del Norte, creando a partir
de esas técnicas, una cultura organizacional vuelta para prevención contínua de
accidentes.

Palabras llaves: Seguridad del Trabajo. Mineradores. Equipamiento de Protección.


Riesgo.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Imagem 1 – Simbologia do mapa de riscos


30
...............................................................................................................
Fotografia 1 – Perfuração feita na pedra itacolomy do norte ................................. 35
Fotografia 2 – Mineradores operando o guincho ................................................... 35
Fotografia 3 – Sequência de banquetas ................................................................ 41
Fotografia 4 – Lastro de pedras ............................................................................. 42
Fotografia 5 – Interior de uma barraca .................................................................. 43
Fotografia 6 – Paiol de explosivos ......................................................................... 44
Fotografia 7 – Momento onde mineradores abrem os blocos de pedras ............... 48
Fotografia 8 – Luva completamente desgastada ................................................... 52
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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - NR-5 – Tabela I - anexo IV - Classificação dos principais riscos


ocupacionais em grupos, de acordo com a sua natureza e a
padronização das cores correspondentes .......................................... 25
Tabela 2 - Classificação Nacional de Atividades Econômicas 2.0 (Quadro 1) ...... 26
Tabela 3 - Classificação Brasileira de Ocupações ................................................ 38
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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Quantidade de acidentes do trabalho, segundo a Classificação Nacional


de Atividades Econômicas (CNAE), no Brasil - 2007/2009, no setor de
mineração............................................................................................... 36
Gráfico 2 - Quantidade de acidentes do trabalho, segundo a Classificação Nacional
de Atividades Econômicas (CNAE), no RN - 2007/2009, no setor de
mineração............................................................................................... 37
Gráfico 3 - Percentual de mineradores que já sofreram acidente de trabalho na Serra
do Poção ................................................................................................ 53
Gráfico 4 - Acidentes já sofridos pelos mineradores entrevistados .......................... 54
Gráfico 5 - Percepção dos entrevistados quanto à prevenção de acidentes ............ 55
Gráfico 6 - Conhecimento dos mineradores sobre EPI ............................................ 56
Gráfico 7 - Percentual dos mineradores que usam algum tipo de EPI ..................... 56
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AMOB - Associação dos Mineradores de Ouro Branco


CBO - Classificação Brasileira de Ocupações
CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
CLT - Consolidação das Leis Trabalhistas
CNAE - Classificação Nacional de Atividades Econômicas
DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral
EPC - Equipamento de Proteção Coletiva
EPI - Equipamento de Proteção Individual
FUNDACENTRO - Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do
Trabalho
GB - Grupo de Base
GG - Grande Grupo
GR - Grau de Risco
IBRAM - Instituto Brasileiro de Mineração
IETEC - Instituto de Educação Tecnológica
MTE - Ministério do Trabalho e Emprego
NR - Norma Regulamentadora
NR’s - Normas Regulamentadoras
PB - Paraíba
PGS - Plano de Gestão de Segurança
PIB - Produto Interno Bruto
PPRA - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
RN - Rio Grande do Norte
SG - Subgrupo
SSST - Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho
SST - Saúde e Segurança do Trabalho
ST - Segurança do Trabalho
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 16
2 SEGURANÇA DO TRABALHO: BREVE HISTÓRICO E CONCEITOS ...... 20
2.1 CONCEITO DE SEGURANÇA DO TRABALHO .......................................... 21
2.2 ACIDENTE DE TABALHO ............................................................................ 22
2.1.1 Causas do Acidente de Trabalho .............................................................. 23
2.3 RISCOS OCUPACIONAIS E SEUS GRUPOS ............................................. 23
2.3.1 Grupo de Risco ........................................................................................... 24
2.3.2 Grau de Risco ............................................................................................. 25
2.4 AGENTE IMPACTANTE E ALVO ................................................................. 26
3 AS NORMAS LEGISLATIVAS E ALGUMAS FERRAMENTAS DA ST ...... 28
3.1 AS NORMAS REGULAMENTADORAS ....................................................... 28
3.2 A COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES – CIPA ......... 28
3.3 O PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS – PPRA....... 29
3.4 O MAPA DE RISCOS ................................................................................... 29
3.5 OS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO........................................................ 31
3.5.1 Equipamento de Proteção Individual – EPI .............................................. 31
3.5.2 Equipamento de Proteção Coletiva – EPC ............................................... 32
4 MINERAÇÃO: CONCEITO E CARACTERÍSTICAS GERAIS ..................... 33
4.1 OS TIPOS DE LAVRAS NA MINERAÇÃO ................................................... 34
4.1.1 Os Processos da Mineração a Céu Aberto ............................................... 34
4.2 A MINERAÇÃO COMO PROFISSÃO DE RISCO ........................................ 36
4.3 O PROFISSIONAL DA MINERAÇÃO ........................................................... 37
5 CARACTERIZAÇÃO DA SERRA DO POÇÃO ............................................ 39
5.1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA ............................................................ 39
5.1.1 Localização ................................................................................................. 40
5.1.2 Setores ........................................................................................................ 40
5.1.2.1 Banqueta ...................................................................................................... 41
5.1.2.2 Lastro............................................................................................................ 42
5.1.2.3 Barraca ......................................................................................................... 43
5.1.2.4 Paiol de Explosivos....................................................................................... 44
5.2 PERFIL DOS MINERADORES ..................................................................... 45
5.2.1 A Associação dos Mineradores .................................................................... 45
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6 A EXTRAÇÃO DA PEDRA ITACOLOMY DO NORTE ................................ 47


6.1 OS ACIDENTES PERCEBIDOS NA EXPLORAÇÃO DA PEDRA ................ 49
6.1.1 A Percepção dos Mineradores quanto aos Riscos de Acidentes .......... 50
6.1.2 A Ocorrência de Acidentes pelo não uso de EPI’s .................................. 51
7 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS ........................................................ 53
7.1 PERCEPÇÃO DOS MINERADORES QUANTO AOS ACIDENTES............. 53
7.2 PERCENTUAL DE ACIDENTES SOFRIDOS PELOS ENTREVISTADOS .. 53
7.3 ACIDENTES QUE OCORREM COM MAIOR FREQUÊNCIA ...................... 54
7.4 PERCEPÇÃO DOS ENTREVISTADOS QUANTO À PREVENÇÃO DE
ACIDENTES ................................................................................................. 54
7.5 PERCEPÇÃO DOS ENTREVISTADOS QUANTO AO CONHECIMENTO
SOBRE EPI's ................................................................................................ 55
7.6 PERCENTUAL DOS MINERADORES ENTREVISTADOS QUE USAM
ALGUM TIPO DE EPI ................................................................................... 56
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 58
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 61
APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ............ 64
APÊNDICE B - INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ..................................... 65
APÊNDICE C – ESTATUTO DOS MINERADORES DE OURO BRANCO .............. 66
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1 INTRODUÇÃO

Compreender as relações existentes entre o trabalho e seus riscos


ocupacionais nas empresas não é somente um objeto de estudo no campo da
segurança do trabalho, mas também de competência da administração, pelo fato de
que a maioria dos empresários e empreendedores visa somente lucro nos seus
investimentos, deixando de se preocupar com a integridade física de seus
empregados, fazendo com que os mesmos fiquem expostos aos fatores de risco que
englobam todo o ambiente organizacional, e que no momento em que o acidente de
trabalho ocorre, gera gastos para a organização e principalmente sofrimento para o
acidentado e sua família.
O presente trabalho trata de um estudo de caso na área de extrativismo mineral
com enfoque sobre os acidentes de trabalho no processo de extração da pedra
Itacolomy do Norte, extraída na Serra do Poção em Ouro Branco – RN. Apresenta-se
como um estudo indispensável na busca de respostas aos diversos questionamentos
inerentes a esses acidentes.
Para compreender melhor a temática abordada e orientar esta investigação,
partiremos do seguinte problema: Por que os mineradores sofrem constantes
acidentes de trabalho?
Juntamente com o problema observado, os seguintes questionamentos foram
formulados: Quais os acidentes que acontecem com maior frequência? A quem são
informados os acidentes? São usados equipamentos de segurança? Qual o estado
das ferramentas de trabalho? Com que frequência essas ferramentas são
substituídas? Quais as providências adotadas pelos trabalhadores em caso de
acidente de trabalho?
Seguiremos essa linha de questionamentos procurando extrair o máximo de
informações pertinentes ao tema abordado para um melhor entendimento da real
situação dos riscos de acidentes enfrentados por esses trabalhadores durante todo o
processo da extração da pedra Itacolomy do Norte.
A Saúde e Segurança do Trabalho (SST) teve sua origem a partir da Medicina
do Trabalho. Segundo Mendes e Dias (1991) a medicina do trabalho como fator a ser
considerado uma vertente de preocupação dos gestores, teve seu início na Inglaterra
por volta da primeira metade do século XIX, onde os problemas relacionados com a
saúde intensificaram-se a partir da Revolução Industrial, exigindo uma intervenção
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para que se tornasse viável a continuação do próprio processo produtivo, agravado


por uma exaustiva jornada de trabalho, resultante de um acelerado e desumano ritmo
de produção, fazendo com que homens, mulheres e crianças trabalhassem além da
sua capacidade física e em locais de trabalho sem a mínima capacidade de higiene e
segurança.
Em 08 de junho de 1978, foi aprovada a Portaria nº 3.214 pelo Ministério do
Trabalho e Emprego, tratando das Normas Regulamentadoras, conhecidas por NR's,
elaboradas com o objetivo de orientar os profissionais da área de saúde e segurança
do trabalho como também os gestores nas tomadas de decisões quanto aos riscos de
acidentes expostos nas empresas. Essas normas, juntamente com essas
ferramentas, são de grande valia na questão da resolução da diminuição ou
eliminação dos riscos de acidentes encontrados nos mais variados locais de trabalho.
Segundo Medeiros (2008) o extrativismo mineral é hoje uma atividade muito
conhecida no Brasil, tendo em vista sua importância na história econômica deste país.
A era do ouro, precedida pela do pau-brasil (extrativismo vegetal) iniciou e fez
alavancar a procura, a valorização e também a cobiça pelos ricos minérios destas
terras, fazendo com que hoje o Brasil seja conhecido mundialmente pela produção de
recursos minerais não só metálicos, mas também os não metálicos, como petróleo,
areia, pedra, encontrados espalhados por todo o território nacional.
A atividade de mineração foi fundamental para o desenvolvimento da
humanidade e hoje ainda apresenta extrema importância tendo em vista que fornece
matéria prima base para a indústria siderúrgica, pela indústria da construção ou pela
metalúrgica, contudo, é uma das atividades que mais colaboram com acidentes de
trabalho, haja vista que os mineradores passam muito tempo dentro das minas sendo
expostos aos mais variados fatores de risco existentes nessa atividade.
A extração mineral sempre foi um meio de trabalho no Rio Grande do Norte,
como forma de sustento financeiro das famílias que se viam necessitadas de recursos
financeiros para custear seus alimentos, roupas, lazer, entre outros, em um cenário
onde a sustentação familiar dependia, quase que exclusivamente, da agropecuária.
No município de Ouro Branco, a extração da pedra Itacolomy do Norte é
atualmente uma das principais atividades econômicas, juntamente com seu processo
de industrialização que é realizado no próprio município.
Essa pesquisa mostra-se como um estudo de extrema necessidade, haja vista
que os acidentes são visíveis na Serra do Poção e que contribuirá para futuras
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pesquisas acadêmicas desenvolvidas na área de segurança do trabalho para os


acadêmicos da Faculdade Católica Santa Teresinha.
Portanto, entender a causa desses acidentes, reforça a relevância desta
pesquisa na busca por soluções que possam contribuir para uma melhor qualidade de
vida não só para os mineradores de Ouro Branco, mas também a todos os
trabalhadores que exercem esse tipo de profissão e que estão expostos a esses
riscos, sinalizando um possível trabalho de conscientização quanto à relevância do
uso dos equipamentos de segurança.
Para tanto, se faz necessário atingir o objetivo geral, que é compreender a
causa dos acidentes de trabalho nos processos de extração da Pedra Itacolomy do
Norte, tendo como parâmetros norteadores os objetivos específicos que são:
Descrever o processo de trabalho na extração da pedra Itacolomy do Norte; Identificar
os riscos de acidentes mais evidentes no processo da exploração da pedra; Averiguar
a percepção dos trabalhadores em relação aos fatores de risco e investigar o uso de
Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) pelos trabalhadores no processo de
extração da pedra.
No que tange a metodologia empregada, a forma de estudo será descritiva,
pois todo o processo de extração da pedra será observado e descrito detalhadamente,
a fim de facilitar a compreensão do problema exposto.
Quanto ao objeto de estudo, a pesquisa será de campo, pois se pretende fazer
visitas in loco, entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o
problema pesquisado, fotografias, filmagens e questionários que serão aplicados
(APÊNDICE B). Tais dados serão representados de modo quali-quantitativo, por
meios de gráficos, tabelas e transcrições das falas dos mineradores, possibilitando
respostas ao problema proposto nesse estudo.
Em relação aos procedimentos técnicos da pesquisa, serão utilizadas
referências bibliográficas de autores que já pesquisaram sobre o tema proposto
juntamente com o estudo de caso, onde se pretende estudar a fundo sobre o problema
a ser analisado de forma que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento.
A população será constituída pelos trabalhadores da serra. A amostra será
composta por 35 mineradores que estiverem dispostos a fazer parte da pesquisa após
a assinatura do termo de consentimento (APÊNDICE A).
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2 SEGURANÇA DO TRABALHO: BREVE HISTÓRICO E CONCEITOS

A Saúde e Segurança do Trabalho (SST) teve sua origem a partir da Medicina


do Trabalho. Segundo Mendes e Dias (1991) a medicina do trabalho como fator a ser
considerado uma vertente de preocupação dos gestores, teve seu início na Inglaterra
por volta da primeira metade do século XIX, onde os problemas relacionados com a
saúde intensificaram-se a partir da Revolução Industrial, exigindo uma intervenção
para que se tornasse viável a continuação do próprio processo produtivo, agravado
por uma exaustiva jornada de trabalho, resultante de um acelerado e desumano ritmo
de produção, fazendo com que homens, mulheres e crianças trabalhassem além da
sua capacidade física e em locais de trabalho sem a mínima capacidade de higiene e
segurança.
Mendes e Dias ainda afirmam que

Quando Robert Dernham, proprietário de uma fábrica têxtil, preocupado com


o fato de que seus operários não dispunham de nenhum cuidado médico a
não ser aquele propiciado por instituições filantrópicas, procurou o Dr. Robert
Baker, seu médico, pedindo que indicasse qual a maneira pela qual ele, como
empresário, poderia resolver tal situação (1991, p. 341).

Percebe-se que, naquela época, alguns gestores já tinham dado conta de que
as transformações causadas pela crescente demanda industrial, juntamente com
elevadas jornadas de trabalho em locais de trabalho que não eram propícios para a
realização de atividades industriais e que um operário doente causaria futuros
transtornos fazendo com que esses gestores se vissem meio que obrigados a
procurarem auxilio médico, objetivando soluções para as constantes doenças e
acidentes que ocorriam no interior das fábricas, surgindo então o primeiro serviço de
medicina do trabalho.
No Brasil, A SST é regida por uma legislação que ainda é considerada recente.
Só em 1919 surgiu a primeira lei tratando da questão dos riscos ocupacionais como
um fator a ser considerado à atividade profissional exercida.
Em 1943, através do Decreto-lei nº 5.452, sancionada pelo presidente Getúlio
Vargas, foi criada a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), unificando toda a
legislação trabalhista existente no Brasil, regulamentando as relações individuais e
coletivas do trabalho (BRASIL, 2011).
20

No ano de 1944, as leis de trabalho foram reformuladas através do Decreto Lei


de nº 7.036, onde toda uma legislação foi reestruturada, visando maiores benefícios
aos acidentados, como indenização e também multa aos empregadores pelo
descumprimento das normas estabelecidas no decreto (BRASIL, 2011).
Em 21 de outubro de 1966, instituída pela Lei nº 5.161, criou-se a Fundação
Centro Nacional de Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho, hoje Fundação Jorge
Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (FUNDACENTRO) (BRASIL,
2011).
Em 1967, surgiu a Lei nº 5.316, conciliando a Integração do Seguro de
Acidentes do Trabalho à Previdência Social, propício para a realização de mais
segurança aos trabalhadores.
Outra medida que veio colaborar com a qualidade de vida dos trabalhadores
surgiu em 1978, onde foi aprovada através da Portaria nº 3.214 as Normas
Regulamentadoras (NR’s), estabelecendo a obrigatoriedade de serviços e de
programas responsáveis inerentes à saúde e segurança no ambiente de trabalho
(BRASIL, 2011).
Todas essas leis e portarias foram sancionadas visando proteger a saúde e a
integridade física do trabalhador, com regras impostas para que as organizações
buscassem métodos prevencionistas que viessem minimizar os acidentes de trabalho,
tornando assim importantes instrumentos à disposição dos empregados e
trabalhadores.

2.1 CONCEITO DE SEGURANÇA DO TRABALHO

Relacionado à questão da segurança do trabalho, temos como conceito o


“conjunto de medidas técnicas, educativas, médicas e psicológicas empregadas para
prevenir acidentes, quer eliminando as condições inseguras do ambiente, quer
instruindo ou convencendo as pessoas de práticas preventivas” (CHIAVENATO apud
CARVALHO, 2004, p.313).
A segurança do trabalho pode ser entendida como todo esforço que é realizado
para prevenir ou eliminar os acidentes, podendo para isso, utilizar métodos técnicos
no ambiente de trabalho, palestras educativas para atingir a conscientização dos
trabalhadores para a prevenção dos acidentes, entre outros, procurando sempre
meios que venham agregar à segurança desses trabalhadores.
21

2.2 ACIDENTE DE TRABALHO

Sobre o conceito de acidente de trabalho, a Lei nº 8.213 de 24 de julho de 1991


da Previdência Social define em seu artigo 19 que:

Acidente do Trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho, a


serviço da empresa ou ainda, pelo serviço de trabalho de segurados
especiais, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a
morte, a perda ou redução da capacidade para o trabalho, permanente ou
temporária. (BRASIL, 2011)

Diante dessa informação, percebe-se que o acidente de trabalho é um fato


indesejado que ocorre quando o trabalhador está a serviço da empresa, e que além
de causar lesões corporais, distúrbios funcionais, pode levar também à morte.
No item III e na alínea “d” do item IV do artigo 21 da Lei nº 8.213/91, equipara-
se também ao acidente de trabalho, “a doença proveniente de contaminação acidental
do empregado no exercício de sua atividade” e “todo o acidente sofrido pelo
empregado no percurso da residência para o local de trabalho, ou vice-versa, qualquer
que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do empregado”
(BRASIL, 2011).
Sendo assim, caracteriza-se também como acidente de trabalho, toda doença
adquirida durante o tempo de exposição do trabalhador na realização de suas
atividades profissionais ou que venha posteriormente adquirir em função da atividade
exercida. É preciso, porém, salientar que no momento em que o trabalhador está se
locomovendo para a empresa e se desvia de seu trajeto para resolver algo pessoal,
mesmo estando no horário de trabalho, não se caracteriza acidente de trabalho.
Colaborando com os estudos sobre acidentes de trabalho, Machado e Gomez
(2011) verificaram que a mineração apresenta uma proporção global de 8,4% de
mortalidade, tratando-se, de uma atividade com extrema periculosidade1, onde
certamente os índices de mortalidade são elevados nesses locais, devido esse tipo
de trabalho apresentar condições de ambiente bastante perigoso, com condições
precárias de se trabalhar.

1Periculosidade é algo perigoso, risco de vida, perigo iminente de acidente. Possibilidade de algo vir
a ser perigoso. Exposição da vida em situações de perigo iminente.
22

A mineração2 é uma das atividades que mais colaboram com acidentes de


trabalho, haja vista que os mineradores passam muito tempo dentro das minas sendo
expostos aos mais variados fatores de risco existentes nessa atividade como
pancadas, cortes, fraturas, mutilações, desmoronamentos, entre outros. Esses fatores
estão presentes desde o manuseio de uma simples ferramenta que em geral são
bastante precárias até o próprio processo de exploração que na maioria dos casos se
mostra bastante rudimentar.

2.2.1 Causas do Acidente de Trabalho

Marras (2000) afirma que os acidentes acontecem porque são provocados


mediante duas razões, sendo a primeira razão definida por um ato inseguro,
“provocado pelo trabalhador” mediante um movimento errado, uma atitude
impensada, cansaço, entre outros. Percebe-se que são atos executados de forma
contrária às NR’s. Exemplo: subir em objeto inadequado para trocar uma lâmpada.
A segunda razão é constituída de uma condição insegura, que são deficiências,
defeitos, irregularidades técnicas do ambiente de trabalho e que podem ocasionar um
acidente, tais como escadas sem corrimão.

2.3 RISCOS OCUPACIONAIS E SEUS GRUPOS

Para melhor compreensão do que envolve o acidente de trabalho, é necessário


compreender alguns termos básicos que constituem a área de saúde e segurança do
trabalho.
Esses termos envolvem os fatores de risco, os riscos ocupacionais, os grupos
de riscos, o grau de risco e os agentes impactantes. Para Mauro et al, fator de risco é
“toda característica ou circunstância que acompanha um aumento de probabilidade
de ocorrência do fator indesejado, sem que o dito fator tenha a intervir
necessariamente em sua causalidade” (2004, p. 342).
Percebe-se então que os riscos ocupacionais são todos os fatores que
envolvem a saúde e a segurança do trabalhador em condições de ambientes bastante
perigosos, onde no momento que não são controlados ou eliminados, ocasionam

2 Mineração é a depuração dos minérios extraídos das minas.


23

acidentes e doenças profissionais. Esses riscos estão dispostos por todos os setores
de uma organização, seja ela de qualquer atividade econômica ou tamanho.

2.3.1 Grupo de Risco

Os grupos de riscos são divisões dos riscos ocupacionais, que foram


elaboradas por profissionais da área de saúde e segurança do trabalho para que se
tenha um melhor controle e entendimento desses riscos. Em seus estudos, Facchini,
Weiderpass e Tomasi afirmam que

A ordenação dos riscos do ambiente de trabalho é feita em quatro grupos:


Grupo 1. Riscos que estão presentes no ambiente dentro e fora do local de
trabalho - temperatura, iluminação, ruído, umidade e ventilação; Grupo 2.
Riscos característicos do ambiente de trabalho - poeiras/pós, gases, vapores
e fumaças; Grupo 3. Riscos referentes à fadiga derivada do esforço físico -
levantamento e transporte de peso excessivo, posição viciosa; e Grupo 4.
Riscos capazes de provocar stress ou tensão emocional - monotonia, ritmos
excessivos, repetitividade, ansiedade e responsabilidade (1991, p. 395).

Essa divisão dos riscos ocupacionais em quatro grupos elaborados por


Facchini, Weiderpass e Tomasi deixam um questionamento em relação aos riscos de
acidentes de trabalho, que não estão expostos em nenhum dos grupos mencionados.
Em seus questionamentos, Milkovick e Boudreau caracterizam os riscos
ocupacionais em dois grupos: riscos para a segurança que “são aqueles fatores do
ambiente de trabalho que tem potencial de causar um acidente imediato a um
empregado, ocorrendo, às vezes, até acidentes violentos” e riscos para a saúde que
“são aspectos do ambiente de trabalho que, vagarosa e cumulativamente (e, em geral,
irreversivelmente), levam à deterioração da saúde de um empregado” (2000, p.481).
Essa divisão já demonstra uma percepção diferente de Facchini, Weiderpass e
Tomasi, que se preocuparam mais na questão da saúde do trabalhador e que
Milkovick e Boudreau já incluíram em suas discussões o risco referente à segurança
dos trabalhadores como, cortes, pancadas, fraturas, entre outros.
Contribuindo com as reflexões sobre os riscos, Oliveira classifica os riscos
ocupacionais em cinco grupos: riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de
acidentes (2009).
A tabela 1 define claramente como esses grupos estão distribuídos, e os riscos
que compõem cada grupo.
24

Tabela 1 – NR-5 – tabela I - anexo IV - Classificação dos principais riscos ocupacionais em grupos,
de acordo com a sua natureza e a padronização das cores correspondentes.

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5

Riscos Riscos Riscos Riscos Riscos de


Físicos Químicos Biológicos ergonômicos Acidentes
(Verde) (Vermelho) (Marrom) (Amarelo) (Azul)
Esforço físico Arranjo físico
Ruídos Poeiras Vírus
intenso inadequado
Levantamento e Máquinas e
Vibrações Fumos Bactérias transporte equipamentos
manual de peso sem proteção
Exigência de Ferramentas
Radiações
Névoas Protozoários postura inadequadas ou
ionizantes
inadequada defeituosas
Radiações não Controle rígido de Iluminação
Neblinas Fungos
ionizantes produtividade inadequada
Imposição de
Frio Gases Parasitas Eletricidade
ritmos excessivos
Probabilidade de
Trabalho em
Calor Vapores Bacilos incêndio ou
turno e noturno
explosão
Substâncias
compostas ou Jornada de
Pressões Armazenamento
produtos trabalho
anormais inadequado
químicos em prolongada
geral
Monotonia e Animais
Umidade
repetitividade peçonhentos
Outras situações
Outras situações
de risco que
causadoras de
poderão contribuir
stress físico e/ou
para a ocorrência
psíquico
de acidentes
Fonte: http://www.trabalhoseguro.com/NR/nr5_old/nr05c.htm

Conforme exposto na tabela, percebe-se que a classificação dos riscos


ocupacionais exposto por Oliveira (2009), leva-nos a uma melhor definição da
classificação dos riscos ocupacionais encontrados no ambiente de trabalho, onde
cada grupo de risco é representado por uma cor específica, como também possui uma
natureza de risco específica.

2.3.2 Grau de Risco

A Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), em sua versão


2.0, anexada na Norma Regulamentadora - 4 (NR-4) em seu (Quadro 1), atribui a cada
atividade um Grau de Risco (GR) numerados de 1 a 4, este último representando o
grau maior. Onde, no mesmo anexo, o item 08 – Extração de Minerais não metálicos,
25

e subitem (0810-0) - Extração de Pedra, Areia e Argila, apresenta o Grau de Risco 4.


“Cumpre esclarecer que ‘grau de risco’ é a gradação realizada pelo Ministério do
Trabalho a cada tipo de atividade, relativamente ao risco que aquela atividade
proporciona aos seus empregados” (MARRAS, 2000, p. 221, grifo do autor).
A tabela 2, exemplifica como estão dispostas as informações referentes ao
(Quadro 1) da (CNAE) 2.0, juntamente com seu código e seu grau de risco.
Tabela 2 – Classificação Nacional de Atividades Econômicas 2.0 (Quadro 1)
Grau de
Código Atividade
risco
13.10-2 Extração de minério de ferro 4
27.22-7 Produção de ferro, aço e ferro-ligas... 4
17.71-9 Fabricação de tecidos de malha 2
92.32-0 Gestão de salas de espetáculos 1
62.10-3 Transporte aéreo, regular 3
55.11-5 Estabelecimentos hoteleiros, com restaurante 2
55.22-0 Lanchonetes e similares 2
Fonte: Adaptado de (MARRAS, 2000, p. 221)

O quadro exemplificado por Marras mostra algumas atividades econômicas


nacionais, juntamente com seu grupo de atividade e seu grau de risco. Percebe-se
que a atividade de extração de minério de ferro possui o grau de risco 4, ou seja, essa
atividade, como todas as outras atividades de exploração de minérios, recebem o grau
de risco 4 devido a todo tipo de risco a que os trabalhadores estão expostos.

2.4 AGENTE IMPACTANTE E ALVO

Para entender o que vem a ser agente impactante, “Considere-se a ação entre
dois entes. O que exerce a ação é o agente impactante e o que sofre a ação é o alvo.
O agente impactante que tem potencial para causar danos e perdas é agente
agressivo. O alvo pode ser humano, patrimonial e ambiental”. (CARDELLA, 2010,
p.212)
Percebe-se que o agente impactante é quando um trabalhador exerce qualquer
ação para a realização de suas atividades profissionais, e que, em função dessas
atividades, pode chegar a ser um agente agressivo, com característica causadora de
perdas e danos. É considerado alvo quem recebe a ação do agente impactante, ou
seja, o ambiente de trabalho, os processos realizados nesse ambiente e outros
trabalhadores.
26

Ainda se tratando de agente impactante e alvo, Cardella (2010) afirma que o


agente impactante também pode ser alvo e o alvo também pode ser agente
impactante, resultando uma ação reflexiva. Um exemplo que pode reforçar esse
questionamento se faz no momento em que o trabalhador exerce a ação sobre o alvo,
e o alvo retorna essa ação ao trabalhador, gerando, assim, um acidente de trabalho.
27

3 AS NORMAS LEGISLATIVAS E ALGUMAS FERRAMENTAS DA ST

As normas legislativas e ferramentas da segurança do trabalho são definidas


por um conjunto de regras e documentos que foram elaborados com o objetivo de
orientar os profissionais da área de saúde e segurança do trabalho como também os
gestores nas tomadas de decisões quanto aos riscos de acidentes expostos nas
empresas. Essas normas, juntamente com essas ferramentas, são de grande valia na
questão da resolução da diminuição ou eliminação dos riscos de acidentes
encontrados nos mais variados locais de trabalho.

3.1 AS NORMAS REGULAMENTADORAS

As Normas Regulamentadoras, conhecidas por NR's, são regulamentações


aprovadas pelo MTE através da Portaria nº 3.214 de 08 de junho de 1978, que visa
proteger o trabalhador, em que regulamentam e fornecem orientações sobre
procedimentos obrigatórios relacionados à medicina e segurança no trabalho.
O disposto no item 1.1 da NR-1 esclarece que as NR’s são de observância
obrigatória por todas as empresas públicas ou privadas e pelos órgãos públicos da
administração direta e indireta, como também pelos órgãos dos Poderes Legislativo e
Judiciário, que possuam empregados regidos pela CLT.
Atualmente a legislação brasileira é composta por 34 NR’s, onde estabelecem
a obrigatoriedade de serviços e implantação de programas responsáveis inerentes à
saúde e segurança no ambiente de trabalho, independentemente do porte da
organização.

3.2 A COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES – CIPA

Regulamentada pelos artigos 162 a 165 da Consolidação das Leis Trabalhitas


(CLT) e pela NR – 5 aprovada pela Portaria de nº 3.214 de 8 de junho de 1978 pelo
Ministério do Trabalho, a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) é uma
comissão que visa tratar da prevenção de acidentes, das condições de trabalho e
todos os fatores que envolva a saúde e segurança dos trabalhadores na organização.
A CIPA é formada por representantes dos colaboradores e por representantes
do empregador, com objetivo de trabalharem em conjunto, estabelecendo métodos
28

que diminuam os riscos ocupacionais, melhorando a qualidade de vida e a segurança


dos trabalhadores no ambiente de trabalho.
De acordo com Schwab e Stefano (2008) um dos trabalhos importantes que
deve ser realizado pela CIPA é o de elaborar o mapa de riscos, juntamente com a
participação de um maior número possível de colaboradores, para que sejam
apontados o máximo possível de riscos no ambiente de trabalho, e definir ações que
venham a alertar aos trabalhadores sobres os riscos ocupacionais do ambiente de
trabalho, para que seja elaborado o PPRA da empresa.

3.3 O PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS – PPRA

Conforme disposto no item 9.1.1 da NR – 9, o Programa de Prevenção de


Riscos Ambientais (PPRA) é um programa de segurança que tem a finalidade de
preservar a saúde e a integridade do trabalhador. Sua publicação foi através da
Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978.
Ainda conforme o item 9.9.1 dessa mesma norma, o PPRA tem como meta
antecipar, reconhecer, avaliar e controlar as possíveis ocorrências de riscos
ambientais presentes ou que venham acontecer no ambiente de trabalho.
O item 9.2.1 da NR – 9 mostra que o PPRA deve conter a seguinte estrutura:
a) Planejamento anual com estabelecimento de metas, prioridades e
cronograma;
b) Estratégia e metodologia de ação;
c) Forma de registro, manutenção e divulgação dos dados;
d) Periodicidade e forma de avaliação do desenvolvimento de PPRA.
O PPRA deve ser elaborado preferencialmente pela CIPA juntamente com os
trabalhadores da empresa, porém, não havendo uma CIPA formada, o gestor poderá
indicar um funcionário com maior conhecimento do assunto para fazê-lo.

3.4 O MAPA DE RISCOS

Segundo Hall et al. (2000), o mapa de riscos consiste em uma ferramenta


gráfica onde estão representados os riscos existentes no ambiente de trabalho,
objetivando informar aos trabalhadores sobre a ocorrência dos riscos ocupacionais
29

daquele setor através de imagens de fácil compreensão, bem como estimular sua
participação nas atividades de prevenção.
No que tange à elaboração do mapa de riscos, Schwab e Stefano diz que

É obrigação da CIPA a sua elaboração segundo o item 5.16 letra “a”


da NR 5 – “identificar os riscos do processo de trabalho, elaborar o
mapa de riscos, com a participação do maior número de
trabalhadores”. (2008, p. 12)

O mapa de riscos é elaborado pelos integrantes da CIPA, onde é feito uma


análise detalhada dos riscos encontrados em cada setor da empresa e que a partir
das informações coletadas, elabora-se uma planta baixa de cada seção com todos os
tipos de riscos definidos, classificados por: tipo de risco e grau de perigo.
A imagem 1, representa a simbologia utilizada em um mapa de risco, com os
tipos de riscos ambientais representados por cores e o grau de risco representado por
círculos de tamanhos diferentes.
Imagem 1 – Simbologia do mapa de riscos

Fonte: http://www.uff.br/enfermagemdotrabalho/mapaderisco.htm

A imagem 1, mostra que os tipos de riscos são representados por cores e


dispostos em cinco grupos: vermelho, verde, marrom, amarelo e azul. Cada grupo
corresponde a um tipo de agente: químico, físico, biológico, ergonômico e de
acidentes. A gravidade dos riscos é simbolizada por círculos de três tamanhos
distintos.
Conforme a explicação de Oliveira (2009, p.30) “os riscos serão simbolizados
por círculos de três tamanhos distintos: pequeno, com diâmetro de 2,5 cm; médio,
30

com diâmetro de 5 cm; e grande, com diâmetro de 10,0 cm”. O círculo pequeno
simboliza os riscos pequenos por sua essência ou por ser risco médio controlado, o
círculo médio simboliza o risco que gera relativo incômodo, mas que pode ser
controlado e o círculo grande simboliza o risco que pode matar, mutilar, gerar doenças
e que dispõe de mecanismos para redução, neutralização ou controle.
Ainda de acordo com Oliveira (2009) o mapa de risco deve ser colocado em um
local visível para que todos os trabalhados tomem conhecimento dos riscos
encontrados nos setores da empresa e se conscientizem quanto ao uso do
equipamento de segurança.

3.5 OS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO

Sabe-se que os riscos de acidentes estão presentes em todo local de trabalho


e para minimizá-los é preciso que haja algumas estratégias para proteger os
trabalhadores, já que, às vezes, não é possível a eliminação e o controle desses
riscos.
Uma das estratégias utilizadas é o uso dos equipamentos de proteção, que é
todo tipo de equipamento, seja ele, Equipamento de Proteção Individual (EPI) ou
Equipamento de Proteção Coletiva (EPC), com função de manter a preservação da
saúde e a integridade física do trabalhador, estando diretamente ligados ao
crescimento da produtividade e aos lucros para a empresa, onde seu uso propicia a
redução dos acidentes e doenças do trabalho e consequentemente o prejuízo
financeiro que a empresa terá de arcar com o acidentado.

3.5.1 Equipamento de Proteção Individual – EPI

Conforme a Portaria de N.º 25, de 15 de outubro de 2001, a NR-6, em seu item


6.1 define, para os fins de aplicação da NR-6, considera-se Equipamento de Proteção
Individual (EPI), de fabricação nacional ou estrangeira, todo dispositivo de uso
individual destinado aos trabalhadores para minimizar a exposição a riscos
ocupacionais específicos, a fim de eliminá-los ou reduzi-los, protegendo assim, a
saúde e a integridade física do trabalhador (BRASIL, 2011).
31

Conforme a NR – 6, os (EPI’s) devem assegurar a proteção da cabeça, dos


membros superiores e inferiores, a audição, a respiração, o tronco e a pele do usuário,
como também proporcionar proteção contra quedas.
Podemos elencar como exemplos de EPI’s: máscaras, luvas, capacete, protetor
auricular, óculos de proteção para os olhos, botas, entre outros. O uso desse tipo de
equipamento é apenas um elemento de um completo programa de segurança, que vai
desde a mudança na cultura organizacional da empresa até à aquisição e utilização
dos mesmos, visando manter um ambiente ocupacional saudável e seguro.

3.5.2 Equipamento de Proteção Coletiva – EPC

Na literatura não consta um conceito sobre Equipamento de Proteção Coletiva


(EPC) devido ao fato de que esse tipo de proteção não seja obrigatório e sim de
conscientização do gestor da empresa, em adotar medidas diretamente onde ocorra
algum risco com a finalidade de eliminá-lo, para que uma pessoa não se machuque
caso não perceba ou não preste atenção.
Esse tipo de proteção pode ser entendido como medida de ordem geral e
executada em todo o ambiente de trabalho, tanto nos maquinários e ferramentas,
quanto ao comportamento dos trabalhadores para evitar atos inseguros dos mesmos.
Porém, se esse tipo de proteção adotada no ambiente de trabalho não satisfizer
o disposto no item 6.1 da NR – 6, o empregado deverá usar o EPI para garantir sua
segurança.
A vantagem de se usar a proteção coletiva é que, de modo geral, sua eficiência
independe do comportamento dos trabalhadores, onde o acidente só ocorrerá por
falha dessa proteção coletiva, e não por descuido do trabalhador. Por outro lado, o
uso do EPI está relacionado diretamente com o comportamento humano. O
trabalhador só usará o equipamento se tiver consciência da importância do uso do
mesmo para a preservação de sua saúde e integridade física.
O processo de escolha entre o tipo de equipamento de proteção a ser utilizado,
deve ser analisada para cada caso, haja vista que para algumas operações, a única
solução tecnicamente e financeiramente viável será o uso especificamente do EPI.
4 MINERAÇÃO: CONCEITO E CARACTERÍSTICAS GERAIS
32

Segundo matéria publicada no site do Departamento Nacional de Produção


Mineral (DNPM), mineração é uma palavra que deriva do latim medieval - mineralis -
relativo a mina e a minerais. Diante da ação de cavar minas, criou-se o verbo “minar”
no século XVI por consequência das práticas utilizadas nas batalhas de escavar
fossos em torno das fortalezas, com a finalidade de fazê-las desabar, adotando-se
também a palavra “mina” para designar explosivos militares. A associação das duas
atividades deu origem ao termo mineração, visto que a escavação das minas se faz
frequentemente com o auxílio de explosivos (BRASIL, 2011).
Segundo a classificação internacional adotada pela ONU apud DNPM define-
se mineração como sendo

A extração, [...] incluindo-se aí todas as atividades complementares para


preparar e beneficiar minérios em geral, na condição de torná-los
comercializáveis, sem provocar alteração, em caráter irreversível, na sua
condição primária. (BRASIL, 2011)

Diante dessa informação, percebe-se que a mineração pode ser considerada


como todo tipo de extração dos minerais existentes nas rochas ou no solo de natureza
fundamentalmente econômica. A atividade de mineração foi fundamental para o
desenvolvimento da humanidade e hoje ainda apresenta extrema importância tendo
em vista que fornece matéria prima base para a indústria siderúrgica, pela indústria
da construção ou pela metalúrgica.
Segundo o artigo publicado por Vieira (2011) no site do Instituto de Educação
Tecnológica (IETEC) o Brasil apresenta um grande potencial mineral,
internacionalmente reconhecido, que de certa forma se destaca na variedade da
produção mineral brasileira, registrando oficialmente a produção de oitenta e três
substâncias minerais diferentes, e que apresenta um percentual de 3% do Produto
Interno Bruto Brasileiro (PIB).
Ainda sobre mineração Vieira (2011, p. 4) afirma que

Os empreendimentos minerais desenvolvem regiões desfavorecidas, muitas


vezes tendo que investir em infraestrutura e criar novos núcleos urbanos. A
mão-de-obra empregada diretamente é de cerca de 100 mil pessoas e outras
500 mil estão ligadas informalmente ao setor. A mineração é, portanto, um
setor de profunda importância para o país, pois, além do que já representa
para a economia atual, tem potencial de crescimento.
A mineração provoca o desenvolvimento de uma região empregando centenas
de mineradores que por sua vez se instalam no local próximo às minas onde
33

posteriormente se formam cidades que terão sua economia oriunda da exploração


desse minério.
Percebe-se, porém, que a informalidade é predominante neste setor, haja vista
ser uma atividade que exige bastante investimento financeiro.

4.1 OS TIPOS DE LAVRAS NA MINERAÇÃO

A mineração possui dois tipos de lavras predominantes: A subterrânea e a de


céu aberto, sendo que a de céu aberto se diferencia pelo fator de ser explorada sem
muitos recursos financeiros e no tipo de mineral, que pode ocorrer em camadas
superiores e, assim, permitir a exploração de superfície. A lavra3 predominante na
Serra do Poção é a de céu aberto, onde as minas são razoavelmente profundas e de
tamanhos irregulares.

4.1.1 Os Processos da Mineração a Céu Aberto

Conforme matéria publicada no site do DNPM (2011) a mineração é uma


atividade com investimentos altos e bastante complexa. Tem início com a localização
de jazidas4 minerais cuja produção provável venha a compensar os custos de
extração. Logo em seguida são realizados cálculos, mapas geológicos da superfície
e do subsolo por meio de equipamento de sondagens, poços, galerias, trincheiras
entre outros, que definirão a melhor técnica a ser utilizada na exploração do minério.
Diante do exposto por Germani (2002), a exploração de minas a céu aberto
envolve quatro operações, sendo:
• Perfuração da rocha: método onde é feito furos com brocas. Geralmente se
utiliza sondas de percussão, que impactam a rocha com uma broca em forma
de talhadeira, feita de carbonato de tungstênio extremamente duro; ou sondas
rotativas, dotadas de cabeças rotativas com dentes de metal duro, que
entalham, raspam, quebram e trituram a rocha. A Fotografia 1, mostra uma
perfuração em um bloco de pedra da Serra do Poção.
Fotografia 1 – Perfuração feita na Pedra Itacolomy do Norte

3 Lavra é ação ou maneira de lavrar a terra; Extração de minérios.


4 Jazida é o depósito natural de minérios.
34

Fonte: acervo pessoal de Anderson Lucena de Sousa

Na imagem percebe-se um bloco de pedra perfurado com o compressor e no


canto superior direito vemos outro bloco de pedra que ainda mostra o caminho da
perfuração após a explosão.
• Desmonte: Processo em que é realizado o preenchimento das perfurações
com explosivos, dos quais os mais comuns utilizam compostos de carbono,
hidrogênio, nitrogênio e oxigênio.
• Carregamento e transporte: O carregamento do material extraído da mina se
faz através de poços e galerias, em vagonetes que são depois içados até a
superfície. No caso da pedra Itacolomy do Norte, os blocos de pedra explodidos
e abertos são içados para fora da mina através de um guincho. A Fotografia 2,
mostra como é utilizado o guincho nesse transporte.
Fotografia 2 – Mineradores operando o guincho

Fonte: acervo pessoal de Goreti Lucena

Percebe-se pela fotografia acima que o guincho é posicionado em uma das


laterais da mina, sendo operado por dois ou mais mineradores onde um deles fica
35

responsável pela alavanca de içagem das pedras que são depositadas em um pneu
localizado na extremidade do cabo de aço.

4.2 A MINERAÇÃO COMO PROFISSÃO DE RISCO

Segundo Iramina et al (2009) a preocupação como o setor de mineração no


que tange à saúde e à segurança tem crescido em função da concientização por parte
de seus operários, uma vez que vem aumentando, nos últimos anos, o número de
acidentes e doenças ocupacionais.
Segundo Tunes, diretor de assuntos minerários do Instituto Brasileiro de
Mineração (IBRAM), em sua publicação nº 11 – Ano II, informou que

O setor mineral vem lidando com a dura realidade de ser o líder das taxas de
mortalidade no país,[...] tal realidade contrasta com o que a mineração vem
demonstrando nos últimos anos, especialmente quanto à liderança na
balança comercial (IBRAM, 2007, p.17).

Diante dessa informação, nota-se que o aumento da extração mineral nos


últimos anos trouxe junto o aumento de acidentes de trabalho ocorridos em todo o
território nacional.
O gráfico 1, mostra a ocorrência dos acidentes de trabalho nos anos de 2007 a
2009 do setor de mineração ocorridos no Brasil.
Gráfico 1 – Quantidade de acidentes do trabalho, segundo a Classificação
Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), no Brasil -
2007/2009, no setor de mineração.

acidentes de trabalho na mineração com CAT


acidentes de trabalho na mineração sem CAT

1359 1278
1158

422 356
285

2007 2008 2009

Fonte: Adaptado do DATAPREV, CAT, SUB.


36

O gráfico 1 mostra que durante os anos de 2007 a 2009 o setor de mineração


acumulou um total de 4858 acidentes de trabalho, sendo estes 3.795 registrados
através de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) e 1063 sem registro no CAT.
Ainda conforme o Portal da Previdência Social (2011), o Rio Grande do Norte
por sua vez registrou um baixo índice de acidentes no setor de mineração se
comparado ao total nacional. O gráfico 2, mostra a ocorrência dos acidentes de
trabalho nos anos de 2007 a 2009 do setor de mineração ocorridos no RN.
Gráfico 2 – Quantidade de acidentes do trabalho, segundo a Classificação
Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), no RN - 2007/2009,
no setor de mineração.

acidentes de trabalho na mineração com CAT


acidentes de trabalho na mineração sem CAT

5
4
3 3

2007 2008 2009

Fonte: Adaptado do DATAPREV, CAT, SUB.

Percebe-se pelo gráfico 2 que durante os anos de 2007 a 2009 o setor de


mineração acumulou um total de 23 acidentes de trabalho, sendo 15 registrados
através de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) e 8 sem registro no CAT.
A realidade atual mostra que são bastante frequentes os acidentes de trabalho
no setor de mineração no RN, porém, por falta de um controle mais rígido, os mesmos
não são contabilizados.

4.3 O PROFISSIONAL DA MINERAÇÃO

Conforme publicação no portal do Ministério do Trabalho e Emprego a


Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) é um documento que busca reconhecer,
nomear e classificar as ocupações do mercado de trabalho, bem como descrever suas
funções.
Conforme a CBO, a atividade de mineração pertencente a um Grande Grupo
(GG), a um Subgrupo (SG), este último, desmembra-se a outros Grupos de Base (GB),
37

onde se pode observar o Grupo de Base 7111-15, que denomina essa classificação
como: Destroçador de Pedra.
Observando a tabela 3 de ocupações, pelas descrições, é possível evidenciar
semelhança com as atividades que os trabalhadores desempenham na Serra do
Poção, e por ela, tem-se uma vaga ideia de como ocorre o processo de trabalho na
extração da pedra Itacolomy do Norte.
Tabela 3 – Classificação Brasileira de Ocupações

Nº da CBO: 7111-15 Título: Destroçador de pedras


Função resumida: Aparelhador de pedra (mina), Cunhador - na extração de pedras,
Encunhador - na extração de pedras, Encunhador de pedreira, Macaqueiro - na extração
de pedras, Marreteiro - na extração de pedras, Marroeiro, Marteleiro - na extração de
pedras, Operador de desintegrador de pedras, Operador de desmineralizadora, Operador
de pedreira, Quebrador - na extração de pedras.

Descrição sumária: Pesquisam subsolo da jazida e retiram amostras de minerais sólidos,


carvão e outros tipos de rochas, pedras preciosas e semipreciosas da superfície e do interior
de minas, pedreiras, terra firme, barrancos e leitos de rios, por meio de furos de sondagem.
Inspecionam frentes de trabalho para operação de equipamentos. Instalam cavilhas e
chumbadores nos tetos ou paredes da galeria (mina subterrânea). Realizam desmonte
mecânico, hidráulico e manual de rochas e controlam o transporte e o tráfego de tais
produtos.
Fonte: http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/pesquisas/BuscaPorCodigo.jsf

A tabela 3 mostra a ocupação referente a atividade de mineração, juntamente


com suas funções. A descrição sumária dessa CBO em questão exemplifica as
funções que são desempenhadas pelos mineradoers na exploração de pedras.
38

5 CARATERIZAÇÃO DA SERRA DO POÇÃO

Como a extração da pedra Itacolomy do Norte não é feita por uma organização
registrada e suas atividades são de forma autônoma, sua caracterização pode ser
construída através de relatos históricos a partir de entrevistas e conversas informais
com ex-mineradores e mineradores que trabalham na Serra do Poção.

5.1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA

Segundo Medeiros (2008), por volta de 1905, Ouro Branco tinha como base de
sua economia o cultivo do algodão mocó, que serviu de fonte de renda ao povo do
município por várias décadas, mas devido as grandes estiagens, essa fonte de renda
foi diminuindo com o tempo, chegando a seu declínio na década de 1980, trazendo a
decadência da produção algodoeira e fazendo surgir novas perspectivas de
subsistência. Neste intervalo de tempo, outro recurso natural de atividade primária
surge como suporte de sustentação econômica às famílias do município: a extração
da Pedra Itacolomy do Norte na Serra do Poção, que é a principal serra do município.
Em uma conversa informal, o senhor Costa, de 75 anos de idade, relatou que
a exploração da pedra Itacolomy do Norte começou por volta da década de 1943,
quando seu pai, o senhor João Dias da Costa, começou a extrair as pedras a pedido
dos fazendeiros da época, para serem colocadas em calçadas e também usadas em
alicerces de construções (COSTA, 2011).
O Senhor Costa relatou ainda que a pedra Itacolomy do Norte só foi explorada
comercialmente por volta dos anos 80, onde os mineradores da época extraíam as
pedras e comercializavam na cidade de Caicó – RN.
Desde o início da exploração da pedra Itacolomy, os mineradores já utilizavam
ferramentas de uso manual como alavancas, marretas, cunhas, algumas vezes em
mau estado de conservação, e que esta característica de se trabalhar permeia até os
dias de hoje, onde os mineradores só substituem as ferramentas velhas caso
realmente necessite. Com relação ao transporte dessas pedras extraídas, as mesmas
eram transportadas em jumentos, levando até mesmo dias para chegarem ao local de
destino. Hoje, esse transporte é realizado por vários tipos de caminhões que a todo
momento se encontram circulando pela Serra.
39

Medeiros (2008) já afirmava que a extração da pedra era feita ainda de forma
artesanal, com condições de trabalho extremamente precárias, e sem equipamentos
adequados para a devida segurança dos mineradores. Essa precariedade no método
de exploração da pedra na Serra do Poção se estende até os dias de hoje, pelo fato
de serem trabalhadores autônomos, sem condições suficientes para disporem de
máquinas com tecnologia avançada e ferramentas que os auxiliem melhor durante
esse processo de extração.
O nome Itacolomy do Norte dado ao quartzito5 encontrado na Serra do Poção
é de origem duvidosa, e mesmo os mineradores mais velhos, ainda vivos, não sabem
a sua procedência, mas alguns dizem que é por causa da aparência do minério com
o quartzito encontrado na serra Itacolomi6, no Estado de Minas Gerais.

5.1.1 Localização

A Serra do Poção localiza-se aproximadamente a 9 km da cidade de Ouro


Branco, estando dividida entre os estados do Rio Grande do Norte e Paraíba. O
acesso à serra se dá através de dois caminhos, sendo um disponível através da divisa
entre Ouro Branco-RN e Várzea-PB, passando por dentro das propriedades dos
verdadeiros donos das terras que são exploradas e o outro caminho, através da
rodovia que liga Várzea- PB à Caicó-RN.

5.1.2 Setores

Mesmo sendo um trabalho explorado a céu aberto, o processo de exploração


da pedra Itacolomy do Norte pode ser entendido como um processo organizacional,
devido ao fato de que todas as suas atividades são exercidas em locais definidos
pelos mineradores. Reforçando essa afirmação, Cardella diz que:
As atividades da organização compreendem as que são executadas em
locais bem determinados, como almoxarifados, laboratório, unidade de
processo, prédio administrativo e as que podem ser realizadas em qualquer
local, como soldagem, pintura e limpeza. (2010, p.29)

5 Quartzito é uma rocha composta essencialmente de quartzo. O quartzo é encontrado sob a forma de
cristais separados e também como o material aglutinante que une os cristais. O quartzito é uma rocha
resistente. O quartzito pode ser sedimentar ou metamórfica. O quartzito sedimentar é formado quando
o material aglutinante se deposita entre cristais separados de quartzo e se cristaliza. O quartzito
metamórfico se origina quando o arenito de quartzo recristaliza sob pressão e temperatura altas.
6 Itacolomy é uma palavra tupi-guarani onde (ita=pedra e colomi = menino)
40

Toda organização tem seus processos bem distribuídos, sejam eles por
departamentos, por setores, ou locais próprios definidos pelos gestores. Na Serra do
Poção acontece a mesma coisa, onde cada fase do processo de extração da pedra
ocorre em locais definidos pelos mineradores.

5.1.2.1 Banqueta

Banqueta é o nome dado pelos mineradores ao local de onde é extraída a


pedra, ou seja, é a mina propriamente dita. São demarcadas perante acordo entre o
minerador que pretende explorar a pedra e o dono do terreno, que recolhe um valor
em dinheiro equivalente a 10% por cada metro de pedra explorado, sendo pagos na
passagem do caminhão por uma guarita que se encontra na entrada da Serra, junto à
estrada que liga Várzea – PB a Caicó – RN.
As banquetas são bastante irregulares em termos de nivelação, devido seguir
a estrutura geológica do terreno. Não há setores de exploração definidos; os
mineradores vão explorando conforme o melhor segmento de pedra que vai
aparecendo depois de realizadas às explosões. A fotografia 3, mostra como é uma
banqueta na Serra do Poção.
Fotografia 3 – Sequência de banquetas

Fonte: acervo pessoal de Anderson Lucena de Sousa

A fotografia 3 mostra um setor com várias banquetas, onde podemos perceber


em uma dessas minas alguns blocos de pedras que já haviam sido descolados por
explosões. Percebe-se também que o acesso a essas banquetas é, de certa forma,
41

perigoso, pois a qualquer momento uma barreira pode ceder ou até mesmo o
carroçador pode desequilibrar e cair devido ao desnivelamento do terreno.
Dentro e nas mediações da banqueta que se encontra na parte inferior da
imagem, podemos notar a presença de pneus, utilizados para amortecer a queda das
barreiras no momento das explosões com dinamites. Percebe-se ainda que os
entulhos retirados de dentro das banquetas são depositados próximo a elas e ao fundo
da imagem, na parte superior direita, podemos ver o local que eles chamam de lastro.

5.1.2.2 Lastro

Segundo os mineradores da Serra do Poção, o lastro é o local onde são


distribuídas as pedras depois de extraídas das banquetas, sendo, em seguida,
realizada sua metragem, contagem e armazenamento. A fotografia 4, define melhor o
que é o lastro.
Fotografia 4 – Lastro de pedras

Fonte: Acervo pessoal de Anderson Lucena de Sousa

A foto retrata dois mineradores trabalhando no lastro, onde um dos homens está
exercendo a função de carroçador, trazendo as pedras em um carrinho de mão e
colocando as pedras no chão e o outro homem está distribuindo as pedras no chão
do lastro para serem riscadas com o esquadro, medidas com o cordão e, em seguida,
organizadas de forma “vertical”, encostadas em outras pedras.
Percebe-se também que a segurança para esses trabalhadores é mínima, pois
os mesmos não estão usando nenhum tipo de EPI correspondente a essa atividade,
onde, no mínimo, eles deveriam estar usando botas para proteger os pés, como
42

também, estarem usando luvas para evitarem cortes nas mãos e máscaras, para
evitarem a respiração do pó da pedra.
Quanto ao carrinho de mão, nota-se que o mesmo já se encontra em fase
bastante avariado e precisando ser substituído por um novo; contudo, esse modelo
de carrinho não é ideal para esse tipo de atividade, e que o correto seria o uso de um
carrinho de transporte de carga.

5.1.2.3 Barraca

A barraca é um local designado pelos mineradores para que possam ser


realizadas algumas atividades como: refeições, descanso, alojamento das
ferramentas, dentre outras. Em geral, a estrutura das barracas é composta por
paredes de pedras amontoadas, recobertas com telhas comuns ou palhas de
coqueiros. Esse tipo de estrutura diminui a sensação de calor proporcionado nas
horas em que a temperatura está mais alta. A segurança das barracas é composta
por portões, que são trancados com cadeados. Há barracas mais organizadas que
outras, mas em geral são todas parecidas. A fotografia 5 abaixo, mostra o interior de
uma barraca.
Fotografia 5 – Interior de uma barraca

Fonte: acervo pessoal de Anderson Lucena de Sousa

Conforme mostrado na fotografia 5, podemos perceber que a barraca serve


para alojar todo tipo de ferramenta, objetos pessoais e alimentos. Pode-se perceber
também que as barracas são construídas com as próprias pedras, a fim de
proporcionar um ambiente mais frio para a hora do descanço, que se dá por volta de
11:00 às 13:00.
43

5.1.2.4 Paiol de Explosivos

No paiol são armazenados todos os explosivos e combustíveis utilizados nas


explosões necessárias para o descolamento das rochas. É construído de alvenaria e
controlado somente por um minerador, que possui um curso ministrado pelo exército
para o controle e manuseio correto desse material.
A fotografia 6, mostra a estrutura do paiol de explosivos.
Fotografia 6 – Paiol de explosivos

Fonte: acervo pessoal de Anderson Lucena de Sousa

Percebe-se que o paiol de explosivos possui uma estrutura pequena, com


ventilação bastante deficiente e que não tem condições adequadas para manter
explosivos guardados, onde a qualquer momento corre o risco de explodirem, porém,
a área onde estão localizados os paióis de explosivos fica distante das banquetas,
sendo cercada por arames para evitar a entrada não autorizada de pessoas e também
de animais que ali rodeiam.
Ainda conforme a fotografia 6, nota-se também a existência de um extintor de
incêndio do lado de fora do paiol, contudo, não tivemos condições de examiná-lo para
ver se o mesmo ainda se encontrava válido, pois o local estava fechado e o
responsável pelo paiol não se encontrava no momento de nossa visita.

5.2 PERFIL DOS MINERADORES


44

O perfil dos mineradores da Serra do Poção é definido por características


semelhantes. Sobre o ponto de vista escolar, após a análise dos dados coletados,
percebemos que 53% possuem o ensino fundamental incompleto e 27% ainda não
concluíram o ensino médio, sendo que desse percentual alguns estudam à noite e que
por outro lado, 20% dos mineradores entrevistados só assinam o nome.
Em conversa informal com o senhor Severo Neto, o mesmo nos contou que
antigamente muitas crianças trabalhavam na serra ajudando seus pais em várias
atividades. “Os menino fazia todos os serviço que nóis fazia, buscava água nos
jumento para as barraca, abria pedra, cavaco7, cortava mufada8, carroçava, buscava
lenha pro fogo” (SEVERO NETO, 2011).
Hoje, devido a legislação ser mais rígida em relação a exploração do trabalho
infantil, e que o conselho tutelar permanece em constante fiscalização, não
encontramos mais crianças trabalhando na Serra e que os mineradores mais jovens
estão na faixa etária de 18 anos, por outro lado, constatamos também que ainda na
serra trabalham pessoas com idade avançada para esse tipo de serviço, estando na
faixa etária de 60 anos de idade.
O horário de trabalho é dividido em dois turnos, que eles mesmos
determinaram. O primeiro turno geralmente vai das 6:00 a 11:00, com uma pausa de
aproximadamente 20 minutos para um café, isso por volta de 8:00. O segundo turno
começa por volta de das 13:00 e se encerra as 17:00, onde a visibilidade já começa a
ficar precária pela falta de iluminação no local das banquetas.

5.2.1 A Associação dos Mineradores

Conforme o Art. 1º de seu estatuto, a Associação dos Mineradores de Ouro


Branco (AMOB), fundada em 03 de dezembro de 2002, é uma sociedade civil,
autônoma, sem fins econômicos, oriunda da mobilização espontânea dos
comunitários, de duração indeterminada, com sede na Escola Estadual Manoel
Correia, na Cidade de Ouro Branco – RN (Ouro Branco, 2002).
A AMOB foi fundada com o objetivo de trazer benefícios aos mineradores
associados a ela. Entre esses objetivos, podemos destacar:

7 Cavaco é a pedra de forma irregular que não tem como ser medida para ser serrada.
8 Mufada era um acabamento de pedra em forma retangular feita com o auxílio do martelo.
45

▪ A promoção e o desenvolvimento econômico dos associados através da


realização de obras e melhoramentos, com recursos próprios ou obtidos por
doações ou empréstimos;
▪ O fortalecimento econômico, social e político dos mineradores associados,
visando o processo de construção da cidadania e do desenvolvimento
sustentado.
▪ A racionalização da atividade da mineração, através do desenvolvimento de
formas de cooperação que ajudem na produção e comercialização,
estabelecendo melhorias de renda e criação de empregos para os mineradores
associados.
▪ A garantia dos direitos dos associados junto ao poder público, principalmente
no atendimento das necessidades de educação, saúde, habitação e lazer.
O processo de aceitação de um associado se dá através do preenchimento da
proposta de inscrição remetido à Diretoria Executiva, contudo, é preciso que o
manifestante seja trabalhador na atividade de mineração ou possua algum vínculo
nessa área e que também seja residente no município de Ouro Branco.
A associação tem como fonte de recursos financeiros a contribuição social dos
associados, onde é pago uma mensalidade de 1 % (um por cento) do salário mínimo
vigente, destinado a custear todas as necessidades dos associados. O seu patrimônio
é formado por bens móveis e imóveis adquiridos por compra, doação, legados ou
outros meios jurídicos, auxílios dos poderes públicos, empréstimos em instituição
financeira e rendas inerentes à prestação de serviços próprios dos seus objetivos
sociais.
46

6 A EXTRAÇÃO DA PEDRA ITACOLOMY DO NORTE

Durante a visitação in loco à Serra do Poção, tivemos a oportunidade de


observar todo o processo de extração da pedra Itacolomy do Norte, onde detalhamos
todo esse processo em cinco fases.
A primeira fase consiste em duas possibilidades. A possibilidade 1 ocorre,
quando qualquer pessoa que esteja disposta a explorar a pedra faz um acordo com o
dono das terras e demarcando seu local de exploração, onde, logo em seguida, o
minerador, já de posse do local arrendado, começa o processo de limpeza do local,
utilizando um trator retroescavadeira.
A possibilidade 2 é quando a pessoa arrenda uma banqueta já iniciada por
outros, comprando os direitos de exploração do outro mineiro e não aos donos do
terreno.
A segunda fase consiste na extração propriamente dita, iniciando-se com as
furações para colocação dos explosivos. Nessa etapa é chamada uma pessoa que
opera o compressor para realizar as perfurações nas banquetas. O funcionamento
desse compressor é através do combustível “óleo diesel” e essas perfurações são
realizadas de acordo com a necessidade da raiação9, e seu tamanho varia de 1 a 3
metros, que é o limite das brocas de furação.
Na terceira fase, os mineradores vão abrindo os blocos de pedras de acordo
que se encontram espalhadas após a explosão. Para realizarem essa atividade eles
usam vários tipos de ferramentas como:
▪ Alavancas: usadas para moverem os blocos de pedras e facilitar a aproximação
dos mesmos;
▪ Cunhas: usadas para marcarem a abertura dos blocos de pedra;
▪ Talhadeiras: usadas para abrir os blocos de pedras;
▪ Marretas: usadas para bater nas cunhas;
▪ Marrão: são marretas mais pesadas que facilitam na hora de bater nas cunhas;
▪ Pneu: usado para amortecer a queda dos blocos de pedras, evitando que se
dividam em blocos menores;
Nessa fase também é feita a separação dos tipos de blocos de pedras. Os
“blocos de pedras” que servem para ser abertos e os “cepos de pedras” que servem

9Raiação é o nome que os mineradores deram para o processo de furação das rochas para por os
explosivos.
47

para cavacos, e que também serão abertos, só que armazenados em local diferente
do lastro.
A fotografia 7, mostra o momento em que os mineradores exercem a tarefa
descrita na terceira fase.
Fotografia 7 – Momento onde mineradores abrem os blocos de pedras

Fonte: acervo pessoal de Goreti Lucena

Percebe-se na fotografia acima, que dois mineradores abrem os blocos de


pedras que se desprenderam após a explosão. Ainda na imagem, nota-se as
ferramentas utilizadas por eles e os cepos de pedras, que estão no canto inferior
direito da imagem.
A quarta fase do processo de exploração consiste na retirada das pedras já
abertas de dentro das banquetas, onde, às vezes, é preciso a utilização de um guincho
para retirar as pedras das minas de maior profundidade. Também é retirado das
banquetas, todo o entulho que não serve de material comercializável.
A quinta fase é o processo de medição e armazenamento da pedra. Depois de
retiradas das banquetas por carroças e às vezes com o uso dos guinchos, as pedras
são levadas para o lastro, onde são arrumadas no chão para serem medidas,
contadas e armazenadas. A metragem passa por duas etapas:
▪ Riscamento das pedras com o auxílio do esquadro10, onde o minerador risca
as medidas de acordo com o que dá mais certo;
▪ Contagem métrica das pedras com o cordão11, que utilizado para ajudar na
contagem dos metros de pedras.

10
Esquadro é uma ferramenta artesanal feito de ferro com medida de 50cm x 40cm e várias
marcações métricas, utilizado na hora da metragem das pedras.

11Cordão é uma corda de 2 metros com nós que demarcam medidas específicas para a contagem
dos metros de pedras.
48

Macedo (1998) já dizia que a área de rochas ornamentais já demonstrava bem


as características de produção mineral subdesenvolvida, com técnicas de extração
rudimentar, onde já era comum a extração ser feita por empreiteiros, que recebiam
por m3 (metro cúbico) produzido, e que mantinham relações informais com as
companhias detentoras dos direitos minerários e com seus trabalhadores.

6.1 OS ACIDENTES PERCEBIDOS NA EXPLORAÇÃO DA PEDRA

No processo de extração de minério, de modo geral, os mineradores estão


expostos a vários tipos de acidentes como: pancadas, cortes, fraturas, mutilações,
explosões, desmoronamento e o risco de morte, entre outros.
Todos esses acidentes puderam ser facilmente percebidos durante o processo
de exploração da Pedra Itacolomy do Norte, haja vista que se trata de uma atividade
exercida a céu aberto, e que além de estar presente o risco de morte e de acidentes
como: cortes nas pedras, fraturas de ossos, luxações por pancadas, entre outros;
também podem ser presenciados os riscos à saúde dos mineradores devido ao tempo
prolongado de exposição ao ambiente de trabalho, aonde futuramente esses
trabalhadores vêm adquirir doenças como: problemas respiratórios, câncer de pele,
envelhecimento precoce, doença na coluna, entre outros, que levam o trabalhador a
sofrer e afastar-se do trabalho.
Contudo, de todos esses perigos mencionados, ficou evidenciado através da
pesquisa realizada com os mineradores, que os acidentes que acontecem com mais
frequência são: cortes, pancadas e fraturas. Os cortes acontecem no momento em
que os mineradores pegam na pedra para movê-la, seja para fora da banqueta ou no
momento da organização das pedras no lastro, devido suas arestas serem muito
afiadas e que o uso da luva, além de se tornar incômodo, porque não é uma luva
apropriada para essa atividade, se desgasta rapidamente.
As pancadas são resultantes de dois acontecimentos:
▪ No momento de displicência dos mineradores que se acidentam com as
próprias ferramentas e;
▪ Acidentes provocados por ferramentas em condições precárias de uso.
Segundo o minerador Costa, as ferramentas só são substituídas quando não
há mais condições de serem utilizadas ou quando se quebram, principalmente as
49

cunhas, que são ferramentas caras por causa do seu material que é de aço (SEVERO
NETO, 2011).
Em relação às fraturas e mutilações, o minerador Azevedo nos contou que
esses acidentes são difíceis de acontecer, mas já aconteceram algumas vezes,
inclusive com ele no momento em que abria uma pedra, onde a mesma se partiu
resvalando em sua perna (AZEVEDO, 2011).
O minerador Azevedo nos disse ainda em conversa informal que, quando
acontece um acidente na serra, o ferido é atendido no local e levado ao hospital pelos
próprios mineradores que estão por perto no momento. A associação possui um
veículo que é destinado a ajudar os mineradores em várias atividades, principalmente
em uma emergência, porém, inexplicavelmente, esse veículo não se encontra
circulando pela serra (AZEVEDO, 2011).

6.1.1 A Percepção dos Mineradores quanto aos Riscos de Acidentes

Todos os mineradores entrevistados mostraram uma certa preocupação com


os riscos a que estão expostos e isto já é um sinal de que eles percebem que a
qualquer momento podem sofrer algum tipo de acidente, porém, conforme mostrado
no gráfico 5 – pág 53, a linha de percepção deles em relação ao que se deve fazer
para evitar esses riscos, mostra-se de maneira mais acentuada ao contexto de “tomar
cuidado no serviço” e não de usar equipamentos de proteção. Essa percepção pode
ser compreendida pelo fato de serem trabalhadores com recursos financeiros
insuficientes para adquirir os EPI’s necessários à atividade de exploração exercida.
A associação dos mineradores, cuja finalidade é angariar fundos para investir
em melhorias para os mesmos, fica, de certa forma, impedida de adquirir esses
equipamentos devido a dois fatores:
▪ A mensalidade paga pelos associados, que é de 1% do salário mínimo vigente,
conforme o Art. 7º do estatudo da AMOB, e que apesar de ter bastante
mineradores envolvidos no processo de exploração da pedra Itacolomy do
Norte, poucos são associados, rezultando, assim, pouca receita por parte das
mensalidades (Ouro Branco, 2002);
▪ Outro fator que impede a associação de crescer, se dá por culpa dos próprios
mineradores em não dar direito a qualquer pessoa se associar, e visto que o
grau escolar dos mineradores, de modo geral é baixo; os mesmos não
50

possuem conhecimento suficiente para elaborar projetos que venham trazer


algum benefício para eles.
Contudo, devido as circunstâncias do próprio ambiente de trabalho, se torna
difícil desenvolver algum tipo de prevenção de acidentes por eles mesmos, haja vista
que elaborar um projeto que venha abranger todas as banquetas envolve bastante
dinheiro e tempo até que toda a estrutura preventiva seja montada, tornando, assim,
um projeto difícil de ser almejado com os recursos dos mineradores, o que os leva a
procurar outros métodos de se prevenirem contra esses acidentes.

6.1.2 A Ocorrência de Acidentes pelo não uso de EPI’s

A ocorrência dos acidentes ocorridos na Serra do Poção se deu pelo fato dos
mineradores não estarem usando os EPI’s necessários para sua prevenção. Isso é
um fato determinante para que se possa entender as causas dos acidentes, haja vista
que a maioria dos mineradores nem sequer tem conhecimento sobre os EPI’s, e os
que possuem esse conhecimento não usam por serem incômodos e caros.
Na entrevista concedida pelo minerador Severo Neto, ele conta que “se você
for perguntar a qualquer minerador aqui, todos vai dizer que não usa capacete de jeito
nenhum por causa que machuca e as luva se rasga ligeiro, por isso nóis usa as bota
que é a proteção que nóis acha melhor [sic]” (SEVERO NETO, 2011).
De certa forma, podemos concordar com as palavras do minerador Severo
Neto, porém devemos salientar que existem EPI’s específicos para todos os tipos de
atividades, e que usar um EPI errado é a mesma coisa que não usar nenhum
equipamento.
Um exemplo que pode ser citado seria o uso da simples luva de couro, que se
desgasta ligeiro por causa das arestas da pedra que é bastante afiada e que também
não amortiza a pancada, se por ventura o minerador venha a sofrer um impacto nas
mãos.
A fotografia 8, mostra o desgaste de uma luva não apropriada para esse tipo
de atividade, usada na Serra do Poção.
Fotografia 8 – Luva completamente desgastada
51

Fonte: acervo pessoal de Anderson Lucena de Sousa

A foto mostra que mesmo sendo uma luva de couro reforçada, o seu desgaste
na região dos dedos é notório, mostrando que esse tipo de luva não é o ideal para
este tipo de atividade, onde nota-se também as arestas da pedra, que se tornam
verdadeiras navalhas.
52

7 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS

A análise do dados coletados na pesquisa de campo realizada com uma


amostra de 35 mineradores da Serra do Poção, fez compreender os fatores que levam
aos acidentes de trabalho que permeiam todo o processo de exploração da pedra
Itacolomy do Norte, como também obteve-se respostas ao problema abordado, a fim
de chegar a uma melhor decisão para uma futura implantação de um plano de gestão
de segurança.

7.1 PERCEPÇÃO DOS MINERADORES QUANTO AOS ACIDENTES

No que diz respeito à percepção dos mineradores quanto ao perigo a que os


mesmos estão expostos na realização da atividade de exploração da pedra Itacolomy
do Norte e ainda respondendo à pergunta 2.1 do questionário de pesquisa, quando
perguntando aos mineradores se o trabalho deles ofereciam riscos, 100% dos
mineradores afirmaram que “sim”, ou seja, todos os entrevistados reconheceram que
seu trabalho oferece risco de acidentes.

7.2 PERCENTUAL DE ACIDENTES SOFRIDOS PELOS ENTREVISTADOS

O griafico 3, esclarece em percentual a pergunta 2.2 do questionário de


pesquisa, onde foi perguntado a cada minerador entrevistado se o mesmo já tinha
sofrido algum acidente de trabalho na Serra do Poção.
Gráfico 3 – Percentual de mineradores que já sofreram acidente de
trabalho na Serra do Poção.

sim não
3%

97%

Fonte: Dados primários (2011)


53

Pelo gráfico 3, percebemos uma maioria bastante significativa dos mineradores


entrevistados que já sofreram algum acidente de trabalho na Serra do Poção. Esses
97% representam precisamente 34 dos 35 mineradores entrevistados.

7.3 ACIDENTES QUE OCORREM COM MAIOR FREQUÊNCIA

No que tange aos acidentes que ocorrem com maior frequência com os
mineradores, o gráfico 4, detalha em percentual os tipos de acidentes pesquisados,
juntamente com os três tipos de acidentes que se destacaram na entrevista.
Gráfico 4 – Acidentes já sofridos pelos mineradores entrevistados

Cortes Pancadas Fraturas Mutilações Queimaduras

5% 0% 0%

43%

52%

Fonte: Dados primários (2011)

Através do gráfico 4 podemos peceber que os acidentes que ocorrem com


maior frequência são: pancadas, atingindo 52% dos mineradores entrevistados;
cortes, atingindo 43% dos mineradores entrevistados; e fraturas, ocasionadas em 5%
dos mineradores entrevistados.
Na Serra do Poção, ainda não houve registro de acidentes de trabalho que
resultasse em queimaduras e nem mutilações, um dado de certa forma animador, haja
vista o grau de periculosidade dessa atividade. Em relação à mortes, em todos esses
anos de extração só ocorreram duas vítimas fatais, uma no ano de 1994 e a outra não
se sabe precisamente o ano que aconteceu.

7.4 PERCEPÇÃO DOS ENTREVISTADOS QUANTO À PREVENÇÃO DE


ACIDENTES

O gráfico 5, mostra em percentual a percepção dos mineradores entrevistados


quanto à prevenção de acidentes.
54

Gráfico 5 – Percepção dos entrevistados quanto à prevenção de


acidentes

Sim Mais ou menos Não

13%
27%

60%

Fonte: Dados primários (2011)

Percebe-se, através da análise do gráfico 5, que 60% dos mineradores


entrevistados responderam “mais ou menos”, chegando a uma afirmação de que
“tomar cuidado no serviço” já é um método de prevenção digamos “suficiente”.
Outro fator que nos leva a entender a baixa percepção dos mineradores sobre
prevenção de acidente é que 13% dos entrevistados não sabem o que deve ser feito
para se prevenirem, ou seja, são pessoas completamente sem informação a respeito
de prevenção e sobre o perigo a que estão expostos diariamente.

7.5 PERCEPÇÃO DOS ENTREVISTADOS QUANTO AO CONHECIMENTO SOBRE


EPI's

A percepção dos mineradores em relação ao conhecimento do que seja EPI se


mostra de maneira bastante preocupante, haja vista que vários mineradores não
sabem o que vem a ser EPI, porém, muitos usam.
A questão deles não conhecerem esses tipos de equipamentos está
relacionada à falta de informação sobre o assunto, haja vista que quando foi
perguntado a eles se já tinha acontecido algum tipo de palestra ou explanação sobre
os EPI’s, 100% dos mineradores entrevistados afirmaram que nunca houve esse tipo
de divulgação na Serra do Poção.
55

O gráfico 6, retrata o conhecimento dos mineradores sobre os EPI’s.


Gráfico 6 – Conhecimento dos mineradores sobre EPI

Sabem o que é EPI Não sabem o que é EPI

27%

73%

Fonte: Dados primários (2011)

Percebe-se que 73% dos mineradores entrevistados não sabem o que é EPI e
para que serve esse de tipo de equipamento e que, por outro lado, 27% dos
mineradores entrevistados sabem plenamente o que é um EPI como forma de
prevenção.

7.6 PERCENTUAL DOS MINERADORES ENTREVISTADOS QUE USAM ALGUM


TIPO DE EPI

Pelo incômodo que alguns EPI’s causam aos mineradores e também do preço
desses equipamentos serem consideravelmente caros, o percentual de mineradores
que usam algum tipo de EPI se mostra bastante satisfatório.
O gráfico 7, mostra a quantidade em percentual de mineradores entrevistados
que usam algum tipo de EPI.
Gráfico 7 – Percentual dos mineradores que usam algum tipo de EPI

Usam Não usam As vezes usam

7%
13%

80%

Fonte: dados primários (2011)


56

Percebe-se pelo gráfico que 80% dos mineradores entrevistados usam algum
tipo de EPI, na maioria “botas de borracha” por acharem que é o único EPI que dá
certo na atividade de exploração da pedra. Nota-se também que 7% dos entrevistados
usam algum EPI de vez em quando por acharem incômodos e que 13% não usam
EPI porque não gostam e não veem necessidade.
Um fator que chamou a atenção durante a análise desse gráfico é que os 80%
que afirmaram que usam EPI, correspondem a maioria dos entrevistados, porém, de
acordo com o gráfico 6, só 27% afirmaram conhecer esses tipo de proteção, ou seja,
a maioria dos mineradores usam EPI, porém, nem todos que usam conhecem a sua
real importância para a proteção contra os acidentes de trabalho.
Outro fator que nos levou a perceber a falta de um plano de gestão de
segurança diz respeito à aquisição desses equipamentos, onde 100% dos
mineradores que estavam usando algum tipo de proteção afirmaram que os mesmos
foram comprados através de recursos próprios e que a Associação dos Mineradores
só forneceu esse material uma única vez, sendo ainda um material de baixa qualidade.
57

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As considerações finais ora apresentadas pretendem relatar, através desta


monografia, os constantes acidentes de trabalho que acontecem na Serra do Poção,
durante a atividade de exploração da pedra Itacolomy do Norte em Ouro Branco – RN.
Os mineradores, como principais agentes impactantes desse processo de
extração mineral, enfrentam grandes dificuldades para se protegerem dos riscos de
acidentes que acontecem a todo momento nessa atividade profissional que é
classificada de acordo com a CNAE 2.0 como uma atividade de Grau de Risco 4, ou
seja, risco máximo de perigo.
A constante visitação in loco, juntamente com a pesquisa bibliográfica, foi o
embasamento necessário que nos permitiu elencar pontos importantes sobre os
vários fatores que englobam a Segurança do Trabalho.
No que diz respeito à percepção dos mineradores quanto ao perigo a que os
mesmos estão expostos na realização da atividade de exploração da pedra Itacolomy
do Norte, todos os entrevistados reconheceram que seu trabalho oferece risco de
acidentes.
Conclui-se ainda que os acidentes que ocorrem com maior frequência são
pancadas, atingindo 52% dos mineradores entrevistados; por outro lado, ainda não
houve acidentes que resultaram em queimaduras e em mutilações, um dado de certa
forma animador, haja vista o grau de periculosidade dessa atividade, sendo que a
maioria dos mineradores entrevistados responderam que o simples fato de “tomar
cuidado no serviço” já é um método de prevenção digamos “suficiente”, porém, sendo
uma atividade de grau de risco máximo, é preciso que esses mineradores criem uma
cultura organizacional voltada para a prevenção de acidentes, porque a qualquer hora
pode acontecer uma fatalidade, e eles estando cientes desse perigo os riscos são
menores.
Em relação à baixa percepção dos mineradores sobre prevenção de acidente
de trabalho, notamos que são pessoas completamente sem informação a respeito do
assunto e sobre o perigo a que estão expostos diariamente, nos levando a crer o
porquê do alto índice de mineradores não conhecerem ou não saberem o que são os
EPI’s e para que servem esses tipos de equipamentos.
Conclui-se também que a maioria dos mineradores entrevistados usam algum
tipo de EPI, mas somente botas de borracha são usadas, sendo os outros
58

equipamentos como luvas, máscaras, capacetes e óculos são descartados, haja vista
o desconforto que causam e também pelo preço de aquisição, que é bastante alto, já
que são adquiridos pelos próprios mineradores.
Por isso, ao analisar todo o processo de extração da pedra Itacolomy do Norte
em várias banquetas, vimos a importância de aprender e conhecer todo esse trabalho
de extração, para chegarmos às seguintes considerações finais:
1º. O processo de extração da pedra ainda é bastante rudimentar;
2º. Todos os mineradores entrevistados reconhecem que seu trabalho é
perigoso e que a qualquer momento podem vir a sofrer um acidente;
3º. Os acidentes mais frequentes são pancadas, cortes e fraturas, porém
não pôde ser feita uma análise dessa frequência devido ao fato dos
acidentes não serem registrados, sendo somente informados ao
Hospital onde o minerador acidentado é atendido;
4º. A maioria usa algum tipo de EPI, porém, poucos conhecem ou sabem o
que é;
5º. Só são usadas botas de borracha como EPI, ficando o restante do corpo
exposto a acidentes;
6º. As ferramentas de trabalho só são substituídas quando necessário,
causando assim grande parte dos acidentes;
7º. O Estatuto da Associação dos Mineradores se encontra desatualizados
para a situação atual.
Contudo, esse aglomerado de situações faz com que o problema pesquisado,
que é de compreender porque os mineradores sofrem constantes acidentes, seja, de
certa forma, entendido, aonde chegamos a uma conclusão de que a falta de uma
cultura prevencionista por parte dos mineradores, juntamente com a falta de
informação dos mesmos sobre Equipamentos de Proteção, se transforma no fator
significativo que leva esses trabalhadores aos Acidentes de Trabalho.
Entendemos que para diminuir os acidentes de uma forma significativa é
preciso que:
1º. Seja reformulado o Estatuto dos Mineradores, estipulando um valor maior
de contribuição, para que se torne possível à aquisição de mais
equipamentos necessários para facilitar a extração da pedra e para
segurança dos mineradores;
59

2º. Que a presidência tome decisões mais enérgicas em relação à


inadimplência dos associados com a associação;
3º. Se construa um posto médico nas mediações da Serra, agilizando o
atendimento aos acidentados, onde a Prefeitura entraria com a
disponibilidade de profissionais da área da saúde.
4º. Que o veículo da AMOB faça rondas diariamente entre as banquetas,
auxiliando os mineradores no que for necessário.
5º. As autoridades municipais, juntamente com a equipe de saúde e os
mineradores, elaborem um Plano de Gestão de Segurança (PGS), onde
para isso é preciso que se contrate um profissional da área de segurança
de trabalho, a fim de buscar soluções viáveis que venham melhorar a segurança
desses trabalhadores, como também proporcionar uma melhor qualidade de vida.
6º. Se faça periodicamente explanações sobre segurança do trabalho e todo
tipo de perigo a que eles estão expostos.
Por fim, essas possíveis intervenções já proporcionarão aos mineradores uma
condição de trabalho mais segura e uma compreensão mais ampliada dos saberes
necessários à prevenção de acidentes de trabalho em que estão expostos.
60

REFERÊNCIAS

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Lucena de Sousa. Ouro Branco, 26 set. 2011.

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______. Câmara dos Deputados. Legislação. Decreto-lei de nº 7.036, de 10 de


novembro de 1944. Reforma da Lei de Acidentes do Trabalho. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 13 nov. 1944, Seção 1, p. 19241.

______. Câmara dos Deputados. Legislação. Lei nº 5.161, de 21 de Outubro de


1966. Autoriza a instituição da Fundação Centro Nacional de Segurança, Higiene e
Medicina do Trabalho e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília,
DF, 25 out. 1966, Seção 1, p. 12300.

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______. Ministério da Previdência Social. Anuário estatístico de acidentes de


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Portaria nº 3.214, 08 de junho de 1978. Aprova as Normas Regulamentadoras - NR -
do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas a
Segurança e Medicina do Trabalho. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 06 jul.
1978, suplemento.

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______. Ministério do Trabalho e Emprego. Secretaria de Inspeção do Trabalho.


Portaria n.º 25, de 15 de outubro de 2001. Altera a Norma Regulamentadora que
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Disponível em: <http://www.ietec.com.br/site/techoje/categoria/detalhe_artigo/957>.
Acesso em: 1 nov. 2011.
63

APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Nome da Pesquisa: SEGURANÇA DO TRABALHO: ESTUDO DE CASO SOBRE OS


ACIDENTES DE TRABALHO NO PROCESSO DE EXPLORAÇÃO DA PEDRA
ITACOLOMY DO NORTE EM OURO BRANCO - RN

Pesquisador Responsável: Anderson Lucena de Sousa


Orientador: Profª. Esp. Roxana Silva.

Informações sobre a pesquisa: Estamos realizando um estudo sobre os acidentes


decorrentes da extração da Pedra Itacolomy, para isso, solicitamos sua colaboração
respondendo a algumas questões relacionadas a esse assunto.

Objetivo da pesquisa: compreender a causa dos acidentes de trabalho nos


processos de extração da Pedra Itacolomy do Norte

Por isso, necessitamos da sua autorização para que possamos lhe entrevistar
e desde já nos comprometemos que seus dados ficarão em absoluto sigilo e só serão
utilizados mediante interesse científico.

Sendo assim, eu ________________________________________________,


concordo e dou meu consentimento para que realizem a coleta de dados necessária
para o estudo.

Ouro Branco – RN, ______ de ___________________ de 2011.

POLEGAR DIREITO

________________________________________
Assinatura do Participante

________________________________________
Assinatura do Pesquisador Responsável
64

APÊNDICE B – INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

1. DADOS DE CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA:


Nome: ______________________________________________________________
Idade: ________ Escolaridade: _____________________________
Estado Civil: ______________________________________________
Função no Trabalho: ________________________________
Jornada de Trabalho em horas: _______________________
Tempo de serviço: __________________________________

2. DADOS RELACIONADOS AO CONHECIMENTO DOS RISCOS DURANTE O


PROCESSO DE TRABALHO:
2.1 O senhor acha que seu trabalho oferece riscos?
[ ] Sim [ ] Não

2.2 O senhor já sofreu algum acidente relacionado ao trabalho?


[ ] Sim [ ] Não
Se sim, qual tipo de acidente?
⧠ Cortes ⧠ Pancadas ⧠ Queimaduras ⧠ Fraturas ⧠ Amputações

2.3 O senhor sabe o que deve fazer para evitar tais acidentes?
[ ] Sim [ ] Não [ ] Mais ou menos

2.4 O senhor costuma usar algum equipamento de proteção?


[ ] Sim [ ] Não [ ] Às vezes
Se SIM, quais os equipamentos utilizados?
⧠ Luvas ⧠ Capacete
⧠ Botas ⧠ Macacão térmico
⧠ Óculos ⧠ Máscaras
Se NÃO, Porquê?
⧠ Não quer usar ⧠ Não possui ou não são fornecidos

2.5 Por quem esses equipamentos são fornecidos?


[ ] Pela Associação [ ] Recursos próprios

2.6 Com que frequência as ferramentas de trabalho são substituídas?


[ ] Periodicamente [ ] Anualmente [ ] Só quando é necessário
65

APÊNDICE C – ESTATUTO DOS MINERADORES DE OURO BRANCO – AMOB

AMOB – ASSOCIAÇÃO DOS MINERADORES DE OURO BRANCO – RN

ESTATUTO SOCIAL

CAPÍTULO I
Da denominação, sede, duração e objetivos

Art. 1° – É constituída a Associação dos Mineradores de Ouro Branco - AMOB - sendo


uma sociedade civil, autônoma, sem fins econômicos, oriunda da mobilização
espontânea dos comunitários, de duração indeterminada, com sede na Escola
Estadual Manoel Correia, na Cidade de Ouro Branco-RN, e foro na comarca de Jardim
do Seridó-RN, reger-se-á pelo presente Estatuto, regimento interno e demais leis
aplicáveis.

Art. 2° – Constituem objetivos da Associação:

I – Promover o desenvolvimento econômico dos associados através da realização de


obras e melhoramentos, com recursos próprios ou obtidos por doações ou
empréstimos.

II – Fortalecer a organização econômica, social e política dos mineradores associados,


que desenvolvem suas atividades na Serra do Poção ou em qualquer outra área que
vier a ser explorada, visando o processo de construção da cidadania e do
desenvolvimento sustentado.

III – Buscar a racionalização da atividade da mineração, através do desenvolvimento


de formas de cooperação que ajudem na produção e comercialização, estabelecendo
melhorias de renda e criação de empregos para os mineradores associados.

IV – Garantir os direitos dos associados junto ao poder público, principalmente no


atendimento das necessidades de educação, saúde, habitação e lazer.

V – Contribuir e participar da organização de movimentos voltados para preservação


ambiental.

CAPÍTULO II
Dos associados, e dos requisitos para a sua admissão, punição e exclusão.

Art. 3° – Serão associados da AMOB todos aqueles que atenderem aos seguintes
requisitos:

I – Manifestarem seu desejo de vincular-se à AMOB, preenchendo a correspondente


proposta de inscrição.
66

II – Ser trabalhador da atividade de mineração.

III – Residir no Município de Ouro Branco ou possuir vínculo com a área de atuação
da Associação. .

IV – Pagarem a contribuição mensal prevista neste Estatuto.

V – Ter o pedido de inscrição aprovado pela Assembleia Geral através do voto secreto.

Art. 4° – O associado que infringir as disposições deste Estatuto ou normas e


regulamentos da AMOB, ficará sujeito às seguintes punições à critério da Diretoria
Executiva, cabendo recurso à Assembleia Geral que decidirá através de voto secreto:

I – Advertência, sempre por escrito e em caráter reservado;

II – Suspensão de direitos de um a 12(doze) meses:

a) Os reincidentes em infração punida com advertência;


b) Os que estejam em atraso, há mais de três meses ao pagamento de
contribuições sociais;

III – Eliminação:

a) Os reincidentes em infração punidos com suspensão;


b) A apresentação de recursos não terá caráter suspensivo, nem a pena de
suspensão isenta o associado de suas obrigações.

CAPÍTULO III
Dos direitos e deveres dos associados.

Art. 5° – Os associados quites com o que determina este Estatuto tem os seguintes
direitos : Votar; Ser votado desde que seja sócio há pelo menos seis meses; Auferir
de todas as vantagens garantidas e conquistadas pela Associação; Recorrer de
quaisquer decisões da Diretoria Executiva; Consultar os livros e documentos da
Associação em qualquer época; Requerer a convocação da Assembleia geral em
caráter extraordinário; Apresentar sugestões que visem o funcionamento dos
trabalhos da AMOB; Ser respeitado em sua condição social, de cor, raça, religião,
sexo e partido político, de cada membro da AMOB.

Art. 6° – Os associados quites com o que determina este Estatuto, tem os seguintes
deveres: Cumprir o Estatuto e as decisões da Assembleia Geral e da Diretoria
Executiva; Exercer os cargos para os quais foram eleitos, salvo nos casos de
impedimentos justificados; Zelar pela boa conservação das obras e equipamentos de
serviços comuns; Pagar em dia a contribuição mensal prevista neste Estatuto;
Participar das Assembleias Gerais bem como de todas as reuniões convocadas pela
Associação.
67

CAPÍTULO IV
Do patrimônio da associação, seus recursos e balanços financeiros.

Art. 7° – A associação tem como fonte de recursos a contribuição social dos


associados que será de 1 % (um por cento) do salário mínimo vigente. O seu
patrimônio será formado por bens móveis e imóveis adquiridos por compra, doação,
legados ou outros meios jurídicos, auxílios dos poderes públicos, empréstimos em
instituição financeira, rendas inerentes à prestação de serviços próprios dos seus
objetivos sociais.

§ 1 ° – Nenhum bem pertencente ao patrimônio da Associação poderá ser vendido,


alienado, penhorado ou hipotecado sem expressa autorização de 2/3 (dois terços) dos
associados quites com suas obrigações sociais em Assembleia Geral.

§ 2° – O balanço geral, incluindo o confronto das receitas e despesas, será levantado


no dia 31 de dezembro de cada ano e apresentado em Assembleia no dia 20 de abril
do ano seguinte e os resultados serão apurados segundo a natureza das operações
ou serviços.

§ 3° – Em caso de extinção da Associação, as questões referentes ao seu patrimônio


serão submetidas ao disposto no artigo 61 do Código Civil.

CAPÍTULO V
Da constituição e funcionamento dos órgãos deliberativos e administrativos.

Art. 8° – A Associação é constituída pelos seguintes órgãos, com funções e


atribuições específicas:

I – Assembleia Geral;

II – Diretoria Executiva;

III – Conselho Fiscal.

Art. 9° – As eleições para os cargos eletivos serão realizadas a cada 04 (quatro) anos,
no final de cada mandato. As eleições da Diretoria e do Conselho Fiscal serão
realizadas conjuntamente na mesma data.

I – Só poderão participar de chapas como candidatos nas eleições os associados em


dia com as mensalidades e demais obrigações perante a Associação e no mínimo
seis meses de associado. Como também poderá votar após três meses que faz parte
do quadro social.

II – Os membros eleitos para Diretoria e Conselho Fiscal tomarão posse


imediatamente após as eleições.
68

III – O Presidente afixará na sede da Associação com antecedência mínima de 30


(trinta) dias antes das eleições os competentes editais de convocação, especificando
a natureza das eleições, o local, o dia e a hora da realização da mesma.

IV – Com uma antecedência mínima de vinte e cinco dias, a diretoria criará uma
comissão eleitoral, constituída de três associados não ocupantes de cargos eletivos
ou candidatos do pleito, com a finalidade de:

a) Elaborar instruções gerais das eleições;


b) Elaborar os modelos das cédulas;
c) Organizar as mesas receptoras e junta apuradora;
d) Controlar a votação;
e) Apurar os votos;
f) Afixar o resultado da eleição.

V – Concluídos os trabalhos do pleito e entregue todos os documentos e materiais à


diretoria, a comissão eleitoral será dissolvida automaticamente, sem maiores
formalidades.

Art. 10 – A Assembleia Geral é a reunião plenária, e o órgão supremo da Associação,


constituída por todos os sócios em pleno exercício de seus direitos. Reunir-se-á
mensalmente, ordinariamente, ou extraordinariamente, por convocação da Diretoria
Executiva ou mediante requerimento de 1/5 (um quinto) de seus associados.

I – A convocação da Assembleia será feita através de edital, fixado na sede da AMOB,


divulgado nos veículos de comunicação disponíveis, com antecedência de 08 (oito)
dias.

II – A Assembleia Geral reúne-se e delibera em primeira convocação com a presença


da maioria absoluta dos associados; em segunda convocação uma hora após, com a
presença de no mínimo 1/3 (um terço) dos associados com direito a voto; e não
havendo esse número mínimo na segunda convocação, será determinada nova data
para a realização da Assembleia.

III – Compete privativamente à Assembleia Geral Ordinária:

a) Apreciar a gestão administrativa e financeira da AMOB, após parecer do


Conselho Fiscal;
b) Aprovar o plano de trabalho e o orçamento apresentado pelo Diretoria, para o
novo exercício social;

IV – Compete privativamente à Assembleia Geral Extraordinária:

a) Reformar o Estatuto;
b) Autorizar a realização de empréstimos, convênios, e outras obrigações
pecuniárias bem como a constituição de garantias exigidas;
c) Aprovar a admissão de novos sócios;
69

d) Dissolução da Associação;
e) Autorizar a alienação de bens.
f) Eleger os membros da Diretoria e do Conselho Fiscal.

V – Preside as Assembleias Gerais o Presidente da Associação, ou em sua ausência,


o Vice Presidente ou qualquer associado escolhido pelos representantes.

Art. 11 – A Diretoria Executiva da Associação terá a seguinte composição: Presidente,


Vice - Presidente; 1º Tesoureiro, 2º Tesoureiro; 1º Secretário, 2º Secretário; com
mandato de 04 (quatro) anos, podendo ser reeleitos uma só vez.

I – Compete à Diretoria Executiva:

a) Cumprir e fazer cumprir o presente Estatuto, bem como as deliberações


tomadas pela Assembleia Geral;
b) Elaborar anualmente o plano de trabalho da Associação, submetendo-o à
apreciação da Assembleia, e coordenar a sua execução;
c) Propor a criação de grupo de trabalho, comissões ou departamento para
coordenar atividades específicas, quando for o caso;
d) Acolher quaisquer reclamações dos Associados;
e) Propor à Assembleia Geral a contribuição mensal para os associados;
f) Apresentar a Assembleia Geral Ordinária o relatório e as contas da sua gestão,
bem como o parecer do Conselho Fiscal;
g) Examinar propostas de convênios e encaminhá-las à Assembleia Geral para a
aprovação;
h) Convocar as Assembleias Gerais.

II – Compete ao Presidente:

a) Presidir as reuniões da Diretoria Executiva e da Assembleia Geral;


b) Representar ativa e passivamente, judicial ou extrajudicialmente a Associação;
c) Realizar, mediante aprovação da Assembleia Geral, contratos de empréstimos,
convênios e outras transações pecuniárias;
d) Movimentar contas e emitir cheques, juntamente com o tesoureiro;
e) Receber doações;
f) Encaminhar à Assembleia Geral, proposta de inscrição de novos sócios para
exame;
g) Assinar com o Secretário as correspondências da Associação.

Parágrafo Único: Compete ao Vice-Presidente substituir o Presidente em caso de


ausência, afastamento, impedimento ou vacância; auxiliar o Presidente nos
encaminhamentos das atividades da Associação.

III – Compete ao 1º Secretário:

a) Secretariar e lavrar as atas das reuniões da Diretoria e das Assembleias Gerais;


b) Dirigir os serviços de expediente, arquivo e fichário dos sócios;
70

c) Redigir ofícios e comunicações;


d) Manter em dia a correspondência da Associação;
e) Ter sob sua guarda os livros sociais da Associação;
f) Assinar, juntamente com o Presidente as correspondências da Associação.

Parágrafo Único: Compete ao 2º secretário substituir o primeiro em caso de ausência,


afastamento, impedimento, ou vacância; auxiliar o 1º secretário nas atividades de
funcionamento da Secretaria da Associação.

IV – Compete ao 1º Tesoureiro:

a) Ter sob sua responsabilidade, devidamente' rubricados pelo Presidente e


Tesoureiro, todos os livros contábeis indispensáveis à execução das receitas e
despesas, bem como os documentos relativos à tesouraria;
b) Movimentar contas bancárias e assinar cheques juntamente com o Presidente;
c) Assinar com o Presidente contratos de convênios, empréstimos e outras
negociações pecuniárias;
d) Arrecadar as receitas e obrigações previstas nesse Estatuto, e depositar as
quantias em contas designadas pela Diretoria Executiva;
e) Zelar por toda a parte contábil da Associação.

Parágrafo Único: Compete ao 2º Tesoureiro substituir o primeiro em caso de ausência,


afastamento, impedimento ou vacância; e auxiliar nas atividades de funcionamento da
tesouraria.

Art. 12 – O Conselho Fiscal é órgão de fiscalização das atividades financeiras da


Associação, sendo autônomo no exercício de suas funções, e é composto por 06
(seis) associados: 03 (três) titulares e 03 (três) suplentes, eleitos junto com a Diretoria
Executiva em Assembleia Geral com mandato de 04 (quatro) anos, podendo ser
reeleitos uma só vez.

I – As decisões do Conselho Fiscal só poderão se realizar com a presença de no


mínimo 2/3 (dois terços) de seus membros sendo as decisões tomadas por maioria
simples de votos dos conselheiros presentes;

II – Compete ao Conselho Fiscal, fiscalizar todo o movimento financeiro da


Associação; Verificar se os livros contábeis e fiscais exigidos pela legislação
específica, estão sendo utilizados e processados com a devida pontualidade;
Fiscalizar a gestão da Diretoria Executiva, fazendo exame e emitindo pareceres sobre
as prestações de contas das atividades administrativa e financeira, bem como no
tocante ao cumprimento deste Estatuto.

III – O conselho fiscal reunir-se-á trimestralmente para examinar as contas da


Associação, assim como avaliar o movimento administrativo da Diretoria Executiva,
ou em caráter extraordinário, quando julgar necessário.
71

CAPÍTULO VI
Das disposições gerais.

Art. 13 – O presente Estatuto somente poderá ser reformado em Assembleia Geral


convocada especialmente para isso, e pelo voto de 2/3 (dois terços) dos associados
quites com suas obrigações sociais.

Art. 14 – Além do cumprimento fiel das deliberações da Assembleia Geral, caberá à


Diretoria Executiva elaborar o Regimento Interno e resolver os casos omissos do
presente Estatuto Ad Referendum da primeira Assembleia Geral seguinte.

Art. 15 – Este estatuto foi aprovado pela Assembleia Geral de constituição, convocada
e realizada no dia 03 de Dezembro de 2002, às 11:30 horas, e alterado e reformado
no dia 12 de Dezembro de 2004, passando a vigorar a partir de seu registro e
averbação no Cartório Único de Ouro Branco - RN.

Ouro Branco -RN, 12 de Dezembro de 2004.

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