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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA POLITÉCNICA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL
ENGL27 – TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUAIS

PROJETO DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTOS


SANITÁRIOS DO MUNICÍPIO DE SIMÕES FILHO

SALVADOR/BA
2023
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA POLITÉCNICA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL
ENGL27 – TRATAMENTO DE ÁGUA RESIDUAIS

CANDY SANTOS ACOSTA


CAMILA SOUZA DIAS

PROJETO DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTOS


SANITÁRIOS DO MUNICÍPIO DE SIMÕES FILHO

Trabalho apresentado para avaliação


parcial na disciplina de Tratamento de
Águas Residuais, do curso de
Engenharia Sanitária e Ambiental, da
Universidade Federal da Bahia.
Professor orientador: Luciano Matos de
Queiroz

SALVADOR/BA
2023
Sumário
1. DESCRIÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO DE SIMÕES FILHO................................4

2. POPULAÇÃO DE PROJETO...............................................................................5

2.1 Introdução.......................................................................................................5

2.1.1 Projeção populacional..............................................................................5

2.1.2 Método Geométrico..................................................................................5

2.1.3 Método Aritmético....................................................................................8

2.1.4 Método Taxa de Crescimento Decrescente...........................................10

3. DIMENSIONAMENTO DA ETE DO MUNICÍPIO DE SIMÕES FILHO...............13

3.1 Pré-dimensionamento...................................................................................14

3.1.1 Calha Parshall........................................................................................14

3.1.2 Gradeamento.........................................................................................15

3.1.3 Caixa de Areia........................................................................................20

3.2 Dimensionamento do Reator UASB.............................................................24

3.2.1 Memorial de Cálculo..................................................................................25

3.2.2 Dimensionamento do separador trifásico..................................................35

3.3 Dimensionamento do Tanque de Aeração de Lodos Ativados.....................56

3.4 Dimensionamento do Decantador Secundário.............................................58

4. REFERÊNCIAS..................................................................................................58
1. DESCRIÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO DE SIMÕES FILHO

Localizado no Território de Identidade Metropolitano de Salvador, o município de


Simões Filho foi criado pela Lei Estadual nº 1.532, de 15 de agosto de 1961. Além
de Simões Filho, Camaçari, Candeias, Dias D’Ávila, Itaparica, Lauro de Freitas,
Madre de Deus, Mata de São João, Pojuca, Salvador, São Francisco do Conde, São
Sebastião do Passé e Vera Cruz são os municípios que compõem o Território de
Identidade Metropolitano de Salvador.(Figura 1-1)

Figura 1-1 – Localização do município de Simões Filho/BA

Fonte: Google Maps. Extraído em 27/09/2023.

Simões Filho está localizado entre as coordenadas aproximadas de latitude -12º47´8


´´ Sul e longitude 38º24´20´´ Oeste, a uma altura média de 30 m acima do nível do
mar e caracteriza-se pelo clima tropical úmido. Faz divisa com os municípios de
Salvador e Camaçari. Com uma área total de 201,2 km², Simões Filho fica distante

4
30 Km de Salvador, capital do Estado da Bahia. A rodovia BR-324 e a rodovia BR-
093 são as principais vias de acesso ao município, que não possui aeroporto.

2. POPULAÇÃO DE PROJETO
2.1 Introdução

O estudo de projeção de população do projeto da estação de tratamento de


esgoto sanitário do município de Simões e Filho abrange toda a área urbana. Esse
estudo foi baseado em dados estatísticos do IBGE, derivados dos Censos
Demográficos de 1991, 2000 e 2010, e informações de órgãos atuantes do estado
da Bahia. As memórias de cálculos, gráficos e considerações admitidas para o
estudo populacional, encontram-se apresentadas a seguir:

2.1.1 Projeção populacional

A primeira etapa do dimensionamento de um projeto da estação de


tratamento de esgoto sanitário consiste na estimativa populacional para determinado
horizonte de projeto. Antes mesmo de calcular as vazões de projeto é necessário
estimar a população para fim de plano, pois o sistema deve ser concebido com o
intuito de atender à essa demanda.

Para este projeto, será considerado o horizonte de 20 anos. Dessa forma,


será estimada a população da cidade de Simões Filho para 2023, considerando
como início de plano, e 2043, final de plano.

Para o projeto serão utilizados três métodos matemáticos de projeção


populacional, utilizando-se os censos disponibilizados pelo IBGE: geométrico, taxa
de crescimento decrescente e aritmético.

2.1.2 Método Geométrico

5
No Método Geométrico é considerada constante a porcentagem de
crescimento populacional para iguais períodos de tempo (TSUTYIA, 2006). O que
difere do Aritmético é a taxa constante, já que no Geométrico considera uma
porcentagem constante, kg, que é denominada de taxa de crescimento geométrico.
dP
Matematicamente, tem-se =Ka∗Pop , sendo Pop a população a ser estudada.
dt

A expressão geral do Método Geométrico para estimar a população num


determinado tempo t, conforme deduzida por Tsutiya e Alem Sobrinho (1999), é
dada por:

2 kg(t −t 2)
P=P . e

Onde,

P=População no tempo t [ habitantes ] ;

P ₂=População do último censo[habitantes]

P 1=População do penúltimo censo [ habitantes ]

kg=Constante de crescimento geométrico ;

t=ano de estimativa [ ano ] ;

t ₂=ano do último censo [ ano ] ;

t 1=ano do penúltimo censo [ ano ] ;

ln ln P 2−ln ln P 1
kg=
t 2−t 1

Tendo em vista que t2 = 2010 e t1 = 1991 e suas respectivas populações P 2 =


118.047 e P1 = 75.526, pode-se calcular a taxa de crescimento populacional
geométrico (kg) e as populações de início (P2023) e final de plano (P2043).

6
Assim:
ln ln ( 118.047 )−ln ln ( 75.526 )
kg= =0,0235
2010−1991

Seguem resultados obtidos conforme mostra a Figura 2-2.

Figura 2-2 - Projeção populacional do município de Simões Filho pelo Método Geométrico
MÉTODO GEOMÉTRICO
Item T (anos) População (hab)
0 1991 75.526
1 2000 94.066
2 2010 118.047
T (anos) População projetada (hab) Kg
Fase 1 2023 160.237 0,0235
Fase 2 2043 256.407

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

A Figura 2-3 conforme apresenta taxa de crescimento exponencial da


população de Simões Filho.

Figura 2-3 – Projeção populacional de Simões Filho pelo Método Geométrico

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

7
2.1.3 Método Aritmético

O Método Aritmético é fundamentado na premissa de que o crescimento


populacional aumenta a uma taxa constante ao longo dos anos, expressa na forma
dP
=ka , ou seja, admite-se que o crescimento populacional se dará linearmente
dt
(TSUTIYA, 2006). Para isso, são utilizados os últimos dados censitários conhecidos.

A utilização desse método para longos períodos de tempo torna os resultados


muito discrepantes, pois admite um crescimento ilimitado da população, sendo que
existe um limite de crescimento denominado população de saturação, em que há um
valor populacional máximo. É recomendado o uso desse método para pequenos
entre 1 e 5 anos (TSUTIYA, 2006).

Matematicamente, o Método Aritmético pode ser descrito da seguinte forma:

P=P ₂+ka . (t−t ₂)

Onde,

P=População no tempo t [ habitantes ] ;

P ₂=População do penúltimo censo [habitantes]

P 1=População do último censo [ habitantes ]

kg=Constante de crescimento aritmético ;

t=ano de estimativa [ ano ] ;

t ₂=ano do penúltimo censo [ ano ] ;

t 1=ano do último censo [ ano ] ;

8
ln ln P ₂−ln ln P 1
kg=
t ₂−t 1

Dessa forma, para cálculo pelo método aritmético foram utilizados dados do
IBGE a partir do ano de 1991 e estimativas as populações de anos que não foram
localizados dados, mas que foram necessários para uma melhor projeção.

Com os resultados obtidos conforme mostra a Figura 2-4, foi plotado o gráfico
de projeção populacional onde é possível observar a linha de crescimento constante,
como mostra a Figura 2-5.

Figura 2-4 – Projeção populacional do município de Simões Filho pelo Método Aritmético

MÉTODO ARITMÉTICO
Item T (anos) População (hab)
0 1991 75.526
1 2000 94.066
2 2010 118.047

T (anos) População projetada (hab) Ka


Fase 1 2023 147.140 2237,95
Fase 2 2043 191.899
Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

Figura 2-5 - Projeção populacional de Bom Jesus da Serra pelo Método Aritmético

9
Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

Esse modelo de projeção limita-se a períodos curtos devido à alta


discrepância que se acentua a cada acréscimo no período.

2.1.4 Método Taxa de Crescimento Decrescente

A população estimada com base na hipótese de que, com o crescimento da


área urbana, a taxa de crescimento anual torna-se gradativamente menor. Nesse
caso, estima-se uma população de saturação e calcula-se a taxa de crescimento
decrescente (kd), sendo que este método tende ao seguinte equacionamento:

S−P 2
−ln ln = kd (t2 – t1)
S−P 1

S−P2
−ln ln
S−P1
kd =
t 2−t 1

Onde,

✔ S = População de saturação, calculada através da seguinte expressão:

S= ( 2 x P 0 x P1 x P 2 )−¿¿

✔ O conhecimento de três populações referentes a três épocas diferentes e

equidistantes no tempo;

✔ Que as populações estudadas apresentem sempre crescimento, ou seja P 0 <

P1< P2;

✔ Que satisfaçam a condição de inflexão da curva, através de P1² > P0 x P2.


10
Uma vez que os dados populacionais do município de Simões Filho
apresentados na P atendem as três condições descritas acima, foi calculada uma
população de saturação de – 528.243 habitantes para o município. Já as populações
referentes aos demais anos são calculados através da seguinte expressão,
conforme mostra a N.

P=P 0+ ¿

Figura 2-6 – Projeção populacional do município de Simões Filho pelo Método Taxa de
Crescimento Decrescente

MÉTODO TAXA DE CRESCIMENTO DECRESCENTE


Item T (anos) População (hab)
0 1991 75.526
1 2000 94.066
2 2010 118.047 Ps
-528.243
T (anos) População projetada (hab)
Fase 1 2023 148.853 Kd
Fase 2 2043 199.139 -0,003581931

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

Figura 2-7 – Projeção populacional de Simões Filho pelo Método Taxa de Crescimento

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)


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Quando se trata de projeção populacional, uma taxa de crescimento decrescente
pode indicar um melhor resultado em termos de estabilidade e sustentabilidade a
longo prazo. Uma taxa de crescimento decrescente significa que a taxa na qual a
população está aumentando está diminuindo ao longo do tempo. Em suma, uma
taxa de crescimento decrescente pode indicar uma projeção populacional mais
estável e sustentável.

Entretanto, para esse projeto em estudo, e de acordo com os dados calculados


anteriormente, o método geométrico apresentou melhores resultados para a
população do município de Simões Filho.

12
3. DIMENSIONAMENTO DA ETE DO MUNICÍPIO DE
SIMÕES FILHO

Para o correto dimensionamento da Estação de Tratamento, é necessário ter


disponíveis os valores de vazões médias de esgoto afluente à estação, além
dos valores de vazão máxima e vazões de picos, para projetar reatores que
funcionem bem nos diversos momentos do dia. De acordo com Tsutyia e
Sobrinho (1999), é possível calcular estas vazões utilizando as seguintes
fórmulas:

( )
3
m
Q méd=Pop x q x C (1)
dia

( )
3
m
Q máx=k 1 x Pop x q x C (2)
dia

( )
3
m
Q pico=k 1 x k 2 x Pop x q x C (3)
dia

Onde q é o coeficiente de consumo de água per capita, C é o coeficiente de


retorno água/esgoto e k1 e k2 são coeficientes de variação de consumo. De
acordo com Heller e Pádua (2006), quando os coeficientes de variação de
consumo não são dados, é recomendado adotar 1,2 e 1,5 para k 1 e k2,
respectivamente. Além disso, recomenda-se adotar valores de consumo per
capita entre 250 a 300 l/hab.dia para populações acima de 100.000 habitantes.

Foi utilizado o valor de consumo per capita q=120 L/hab . dia no município de
Simões Filho, que representa o valor que cada indivíduo produz de águas
residuárias por dia.

Com estas informações, foi possível encontrar as seguintes vazões conforme a


Figura 3-8:

13
Figura 3-8 – Vazões esgoto sanitário projeto ETE Simões Filho/BA

Mínima Média Máx. Diária Máx. Horária


Início 93,5 186,9 224,3 336,5
Meio 118,2 236,5 283,8 425,7
Final 149,6 299,1 359,0 538,5

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

3.1 Pré-dimensionamento
3.1.1 Calha Parshall

A água bruta chega na ETE no canal de entrada onde está posicionado o


medidor de vazão do tipo calha Parshall. Esta unidade é a primeira a receber a
água bruta e tem a finalidade de possibilitar a medição indireta da vazão.

Com largura de garganta de W = 1 1/2’ e capacidade de medição entre 4,25 L/s


e 696,2L/s, a calha Parshall tem porte compatível e oferece carga hidráulica
adequada à vazão máxima final da ETE de 538,5L/s e também à vazão mínima
de 93,5 L/s.

● Cálculo da altura da água e velocidade na seção de medição:

Equação da calha :Q=1,054∗H 1,538

⇒ H=altura da lâmina líquida emmetros

⇒ Q=vazão emm ³ /s

 Para Qmax = 538,5L/s:

0,5385=1,054∗Hmax 1,538

Hmax=0,6462 m
14
 Para Qmin = 93,5L/s

0,0935=1,054∗Hmin1,538

Hmin=0,2070 m

● Cálculo da altura do degrau:

Para calcular a altura do degrau Z, usa-se a seguinte equação:

Qmin H min −Z
=
Qmax H max −Z

Em que é utilizado a ferramenta solver para que Z seja tal que ambos os
lados da equação se igualem. Logo:

Z=0,115 m

Z=11, 5 cm

Como Z > 5 cm, a escolha da calha está adequada. Por fim, calcula-se Y min e
Ymax através da fórmula:

Y =Z−H

Então,

Ymin=0,207−0,115=0,092m

Ymax=0,6462−0,115 m=0 , 53 m

15
3.1.2 Gradeamento

A grade é a estrutura que impede que resíduos sólidos de determinado


tamanho que foram descartados inapropriadamente na rede de esgoto
adentrem a ETE. Para dimensionamento desta estrutura, adotou-se os
seguintes valores:

✔ t = 5mm

✔ a = 25 mm

Em que:

✔ t = Espessura das barras

✔ a = Espaçamento entre as barras

Segundo a NBR 12.209, grades finas possuem espaçamento entre 10 e 20


mm, grades médias entre 20 a 40 mm e grades grossas entre 40 a 100 mm.
Portanto, a grade a ser utilizada para a ETE Simões Filho será média.

Para velocidade de passagem das barras, adotou-se o valor de:

v=0 , 8 m/s

Como a vazão de dimensionamento é superior a 250 L/s, é obrigatório que a


limpeza das grades seja mecanizada.

 Eficiência da grade:

Para calcular a eficiência da grade, foi utilizada a seguinte fórmula:

16
t
E=
t +a

5
E=
5+ 25

E=0 , 83

E=83 %

 Área útil:

Para calcular a área útil:

Q
Au=
v

0,5385
Au=
0,8

Au=0 , 67 m ²

 Área da seção do canal:

Para o cálculo da área da seção do canal:

Au
S=
E

0 , 67
S=
0 , 83

S=0 , 8 m²

 Largura do canal à montante da grade:

Por fim, a largura do canal se calcula através de:

17
S
b=
Hmax −Z

0,8077
b=
0,646−0 ,11

b=1 ,5 m

 Verificação da velocidade de passagem na grade e velocidade no canal


à montante da grade:

Para cada valor de vazão do projeto, é necessário verificar o valor da


velocidade de passagem na grade, que deve estar entre 0,6 e 1,2 m/s para
limpeza mecanizada, e o valor da velocidade no canal à montante da grade,
que deve ser maior do que 0,4 m/s. Para isso, é preciso seguir o seguinte
procedimento exemplificado para a vazão mínima de início de plano (93,5 L/s).

Tendo o valor da vazão Qmin = 93,5 L/s, calcula-se o valor de H pela equação
da calha:

1,538
Q=1,054∗H
1,538
0,0935=1,054∗H

H=0,2070 m

Sabendo-se que Z = 11 cm:

H−Z=0,0970

É calculado então o valor de S:

S=b∗(H−Z )

18
S=b∗(0,0970)

S=0,1461 m²

A área útil é obtida através de:

Au=S∗E

Au=0,1461∗0 , 83

Au=0,1217 m ²

A partir da área útil calcula-se a velocidade de passagem na grade:

Q
V=
Au

0,0935
V=
0,1217

V =0,7679 m/s

E é calculada também a velocidade do canal à montante:

Q
Vo=
S

0,0935
Vo=
0,1461

Vo=0,6399 m/s

Como V está entre 0,6 m/s e 1,2 m/s e o valor de V o está acima de 0,4 m/s, o
dimensionamento está adequado para a vazão mínima. O mesmo
procedimento foi adotado para todas as vazões de projeto de início, meio e
final de plano, sendo obtidos os seguintes valores:

19
Quadro 3-1 – Verificação das Velocidades no gradeamento

Q (L/s) V (Q/Au) Vo (Q/S)


93,5 0,7679 0,6399
149,6 0,6969 0,5808
186,9 0,6933 0,5777
299,1 0,7201 0,6001
224,3 0,6989 0,5824
359,0 0,7400 0,6167
336,5 0,7324 0,6103
538,5 0,8000 0,6667
Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

Então, os valores estão apropriados para todas as vazões.

 Perda de carga na grade obstruída:

Para o cálculo da perda de carga, utilizou-se a fórmula de Metcalf & Eddy para
os valores de velocidade da vazão máxima horária de final de plano:

2
43∗V −Vo ²
∆ H =1 ,
2∗g
2
43∗0 , 8 −0 ,6667²
∆ H =1 ,
2∗9 , 81

∆ H =0,0143 m

Para a verificação com a grade obstruída, considera-se que a obstrução é de


50%, logo o valor de V torna-se 2 vezes o valor de V da grade não obstruída:

2
43∗(2∗V ) −Vo ²
∆ H =1 ,
2∗g

∆ H =1 , 43∗¿¿

∆ H =0,1542 m

A perda de carga máxima permitida para a obstrução máxima de 50% é de


0,10 m para a limpeza mecanizada, logo, o valor obtivo não está adequado.
20
Entretanto, é possível utilizar esse dimensionamento aumentando a frequência
de limpeza de forma a evitar que a perda de carga ultrapasse 0,10m.

3.1.3 Caixa de Areia

A caixa de areia é a estrutura que visa promover a remoção de areia presente


no esgoto sanitário. Para isso, serão utilizados os seguintes dados:

✔ Hmax = 0,646 m;

✔ Z = 0,11 m;

✔ Qmáx.h = 538,5 L/s.

A princípio, adota-se o valor de v como 0,3 m/s. Depois, calcula-se o valor da


área:

Q
A=
V

0,5385 m ³ /s
A=
0 , 3 m/s

A=1 ,79 m ²

O valor da largura do canal é calculado por:

A
B=
Hmax−Z

1 , 79 m²
B=
0,646−0 , 11

B=3 , 35 m

21
E para o cálculo do comprimento, adota-se como prática de projeto que L/H
deve ser um valor entre 22,5 e 25. Logo, utilizando-se 22,5 como referência,
obtêm-se:

L
=22 ,5
H

L=22 , 5∗H

L=22 , 5∗0,646

L=12 , 06 m

Sendo:

✔ H: valor do Hmáx (m).

 Taxa de escoamento superficial resultante:

A taxa de escoamento superficial é calculada através de:

Q Q∗86 , 4
=
As B∗L

Q 538 ,5 (L/s)∗86 , 4
=
A s 3 , 35 m∗12 , 06 m

Q 3
=1152m /m ².dia
As

Sendo que 86,4 é o valor utilizado para transformação das unidades.

 Verificação da velocidade para vazão mínima:

Sendo a vazão mínima de início de plano:

22
✔ Qmin = 93,5 L/s

É necessário calcular a velocidade para conferir se o dimensionamento está


apropriado tanto para final quanto para início de plano.

Sabe-se que:

✔ Hmin = 0,21 m

Logo:

Hmin−Z=0,091 m

O valor da área então é:

A=( Hmin−Z )∗B

A=0,091∗3 , 35

A=0 , 32m ²

Então a velocidade é:

Q
v=
A

3
0,0935 m / s
v=
0 , 32m ²

v=0 , 29 m/s

Logo, o valor da velocidade não tem grande alteração de final para início de
plano.

23
 Rebaixo da caixa de areia

Para a taxa de 300/1000m³ e vazão média de final de plano Q = 299,1 L/s, tem-
se que o volume diário de areia retida na caixa é:

Vol=Taxa∗Qméd∗86 , 4

Vol=0 ,03∗299 , 1∗86 , 4

Vol=755 , 4 L

Então, o rebaixo na caixa de areia é:

Vol
h=
L∗B

(775 , 4 /1000)m ³
h=
12, 06 m∗3 ,35 m

h=0,019 mm

3.2 Dimensionamento do Reator UASB

Os reatores UASB têm sido uma tecnologia de tratamento de esgoto doméstico


muito utilizada, principalmente em regiões tropicais (VERSTRAETE;
VANDEVIVERE, 1999). É uma tecnologia muito disseminada em países como
Brasil, Colômbia e Índia (NOYOLA et al., 2012; CHERNICHARO et al., 2015;
CHERNICHARO et al., 2015). As vantagens deste sistema de tratamento é ele
ser compacto, não exigindo grandes quantidades de área, possui um baixo
custo de implantação e de operação, baixa produção de lodo, baixo consumo
de energia (já que não são utilizados agitadores o consumo de energia ocorre
somente se forem necessárias bombas elevatórias), satisfatória eficiência de
remoção de DQO e DBO , conforme Figura 3-9 e possibilidade de rápido
reinício, mesmo após longas paralisações e elevada concentração e boa
desidratabilidade do lodo excedente.

24
É comum a utilização de reator UASB seguido de um pós-tratamento com a
finalidade de adequar o efluente aos padrões requeridos pela legislação
ambiental e proteger os corpos d’água receptores (MERGAERT;
VANDERHAEGEN;VERSTRAETE, 1992; CHERNICHARO, 2006) e outras
finalidades , e a associação de reatores UASB com sistemas de Lodos ativados
é amplamente utilizado, em nível mundial, para o tratamento de despejos
domésticos , em situações em que são necessários uma elevada qualidade do
efluente , associado a reduzidos requisitos de área . Segundo Kassab et al.
(2010), a configuração de tratamento anaeróbio seguido pelo tratamento com
filtros biológicos, apresenta contribuições significativas no desempenho geral
dos sistemas, principalmente no que diz respeito à redução no consumo de
energia e na produção de lodo, quando comparado com o sistema aeróbio
convencional.

Em várias plantas com este tipo de associação de tratamento, os resultados


encontrados sugerem que esse sistema é bastante adequado e seguro para o
tratamento de esgoto sanitário, apresentando elevadas eficiências médias
globais de remoção de DBO (90%), DQO (85%), amônia (76%), sólidos
sedimentáveis (95%) e em suspensões totais (92%). Este sistema não se
mostra eficaz na totalidade para a remoção de nutrientes como N. P, embora
para a destinação projetada, estes fatores não sejam condicionantes restritivas,
e especialmente por agregarem contribuição no consumo do vegetal.

Os parâmetros adotados no presente projeto do Reator UASB foram


fundamentados nos critérios estabelecidos pela ABNT NBR 12209 de 2011,
que aborda as condições recomendadas para a concepção de projetos e
processos de Estações de Tratamento de Esgoto Sanitário (ETE). Este projeto
visa atender à cidade metropolitana de Simões Filho, na Bahia, contemplando
a população nas fases inicial, intermediária e final do plano. O memorial de
cálculo abrangerá detalhadamente a fase de dimensionamento do Reator,
incluindo todos os parâmetros de projeto empregados.

25
26
Figura 3-9 – Fluxograma da ETE do município de Simões Filho

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

27
3.2.1 Memorial de Cálculo

3.2.1.1 Parâmetros Iniciais

O projeto será iniciado em 2023, com uma visão de longo prazo estendendo-se
até 2043, com abrangência no município de Simões Filho, situado no estado da
Bahia. Para a projeção da população, adotou-se o Método Geométrico, com a
expectativa de refletir a tendência de crescimento populacional na área do
empreendimento, considerando que o período em questão não é
excessivamente extenso. Utilizando a base de dados do IBGE, realizou-se a
projeção populacional, e as estimativas para o horizonte do projeto estão
detalhadas na Figura 3-10.

Figura 3-10 – Projeção pelo Método de Crescimento Geométrico para início, meio e final
de plano

Dados
Pop 2023 160.237
Pop 2033 202.697
Pop 2043 256.407

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

Adotou-se para o município de Simões Filho um per capita (CPC) médio de


1250 L/hab.dia. Em Simões Filho, o verão é longo, quente e de céu quase
encoberto; o inverno é curto, morno, com precipitação e de céu quase sem
nuvens. Durante o ano inteiro, o tempo é opressivo. Ao longo do ano, em geral
a temperatura varia de 22 °C a 31 °C e raramente é inferior a 19 °C ou superior
a 33 °C.

Nos dados preliminares para o dimensionamento, o Coeficiente de Retorno foi


definido, e foram considerados valores constantes ao longo do tempo,
independentemente da variação populacional, para a aplicação dos

28
Coeficientes de Variação da Vazão. Esses coeficientes foram estabelecidos
conforme a NBR 9649/1986, na ausência de dados locais. Dessa maneira, é
possível verificar os parâmetros iniciais por meio da Figura 3-11.

Figura 3-11 – Parâmetros iniciais para o dimensionamento

Dados
CPC (L/hab.dia) 120
C 0,8
K1 1,2
K2 1,5
K3 0,5
g 9,81
Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

Com base nos dados iniciais delineados na Figura 3-11 e nas populações
projetadas para o período abrangido pelo projeto, conforme apresentado na
Figura 3-10, procedeu-se ao cálculo de todas as vazões relacionadas aos
coeficientes de variação e ao coeficiente de retorno. O resumo das vazões para
o período de abrangência do projeto encontra-se na Figura 3-12.

Figura 3-12 – Vazões de início, meio e final de plano

Mínima Média Máx. Diária Máx. Horária


Início 93,5 186,9 224,3 336,5
Meio 118,2 236,5 283,8 425,7
Final 149,6 299,1 359,0 538,5

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

1) Cálculo da carga afluente média de DQO (Lo-UASB-DQO):

L 0−UASB−DQO=S o−UASB−DQO x Q méd=0,600 kg /m ³ x 3.000 m ³ /d=1.800 kgDQO/d

29
Conforme mencionado por Jordão e Pessoa (1994), o tempo de detenção
hidráulico geralmente é situado entre 6 e 10 horas. Seguindo as diretrizes da
ABNT NBR 12209 de 2011, conforme destacado na Figura 3-13, optou-se por
estabelecer um tempo de detenção hidráulico de 8 horas para a vazão média,
levando em consideração a temperatura média de 23 °C no município de
Simões Filho, Bahia.

Figura 3-13 – Tempos de detenção hidráulica

Fonte: ABNT NBR 12209/2011.

O tempo de detenção desempenha um papel crucial na modulação da


velocidade ascendente do fluxo e deve ser estabelecido de modo a prevenir o
surgimento de velocidades elevadas que poderiam ocasionar o arraste do lodo
junto ao efluente, resultando na redução da eficiência do sistema
(CHERNICHARO, 1997). Após a determinação do tempo de detenção, torna-se
possível calcular o volume total do reator para o término do plano, com base na
vazão média afluente, conforme expresso na equação 1 a seguir:

Equação 1:

V =Qméd x td

V =1076 , 91 x 8

V =8615 ,27 m³

Onde:

 Volume total do reator : V (m³)


 Vazão média Qméd (m³/h)
 Tempo de detenção: td (h)

30
Assim, a partir do cálculo do volume requerido, foi estabelecida a implantação
de número de reatores Nr = 08 (oito) reatores com volume mínimo requerido de
1076,90 m³, sendo adotado como volume de segurança 1089 m³. Foi
estabelecida a profundidade útil total de 4,5 metros.

 Volume de cada reator (Vr)

V
Vr=
Nr

8615 , 27
Vr=
8

Vr=1076 , 90 m ³

Continuando com as fases de dimensionamento, torna-se possível calcular a


área de cada reator, utilizando a profundidade útil total previamente
estabelecida e o volume mínimo necessário para cada reator, conforme será
determinado na na equação 2:

Equação 2:

Vreator
A=
H

8615 , 27
A=
4,5

A=239 ,31 m ²

Onde:

 Área: A (m²)
 Volume do reator: Vreator (m³)
 Altura: H (m)

31
Com base na área encontrada da equação 2, foi calculada a dimensão com
largura de 11 metros e comprimentos de 22 metros, para cada reator. Com
essas medidas, torna-se viável realizar uma correção na área total necessária
e, por conseguinte, no volume total requerido, proporcionando, desse modo,
uma margem de segurança na construção. Todas as dimensões para o sistema
estão detalhadas na Figura 3-14.

Onde:

− Áreatotal corrigida : A t=N r x A r=22 x 11=242 m ²

−Volume total corrigido :V t= A t x H=242 x 4 , 5=1089 m ³

−Tempo de detenção hidráulicacorrigido :t=V t /Q méd=1089/(1076 , 91/8)=8 , 08 h

Figura 3-14 – Dimensões calculadas e corrigidas para os Reatores

Número de reatores 8
Número de reatores no início 5
Número de reatores no meio 7
V (m³) Total 8615,2752
V (m³) por UASB 1076,9094
H (m) 4,5
Ar (m²) 239,3132
a/b 0,5
Largura (m) 11
Comprimento (m) 22
Acorrigidal (m²) 242
Volume Corrigido (m³) 1089
TDH (h) 8,089817026

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

Considerando o volume de segurança determinado, procede-se ao cálculo, por


meio da equação 3, dos tempos de detenção projetados para o início, meio e
final do plano, abrangendo as vazões médias, máximas diárias e máximas

32
horárias. Os resultados para cada tipo de vazão e os diferentes períodos do
projeto estão apresentados na Figura 3-15.

Equação 3 :

Vs
td=
Q
Onde:

 Tempo de detenção: td (h)


 Volume de segurança: Vs (m³)
 Vazão média, máxima diária e máxima horária: Q (m³/h)

Figura 3-15 – Verificação do Tempo de Detenção Hidráulico para início, meio e final de
plano para as vazões médias, máxima diária e máxima horária

Q média Q max.d Q max.h


Inicio 8,1 6,7 4,5
Meio 9,0 7,5 5,0
Final 8,1 6,7 4,5

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

Todos os resultados obtidos para o período de detenção situam-se nos


intervalos delineados por Chernicharo (1997, p. 218), levando em conta a
temperatura do município de Simões Filho. Isso representa um elemento de
vital importância para assegurar uma eficiência apropriada para o sistema.

3.2.1.2 Verificação das Velocidades Superficiais

As velocidades superficiais são determinadas pela equação 4, considerando o


volume total ajustado do reator e a área, detalhados na Figura 3-14.

Equação 4

A
vs=
Vtc

Onde:

33
 Velocidade superficial: vs (m/h)
 Área: A (m²)
 Volume total corrigido: Vtc: (m³)

As verificações para as velocidades superficiais nas vazões média, máxima


diária e máxima horária, utilizando a equação 4, são apresentadas na Figura 3-
16. Esses resultados estão em conformidade com os critérios indicados pela
ABNT NBR 12209/2011, como ilustrado na Figura 3-17, para os projetos de
reatores UASB no tratamento de esgotos domésticos.

Figura 3-16 – Verificação das velocidades superficiais de início, meio e final de plano

Q média Q max.d Q max.h


Inicio 0,556 0,667 1,001
Meio 0,503 0,603 0,905
Final 0,556 0,668 1,001

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

Figura 3-17 – Velocidades superficiais recomendadas para o projeto de reatores UASB,


tratando esgoto doméstico

Fonte: Adaptado de Lettinga & Hulshoff Pol (1995)

Considerando os critérios especificados no Quadro 9, constatou-se que as


velocidades superficiais, ao longo de todo o período abrangido pelo plano de
projeto, estão em conformidade com as diretrizes estabelecidas pela NBR
12209 de 2011. A velocidade superficial máxima do reator é notavelmente
influenciada pelo tipo de lodo presente no sistema.

34
3.2.1.3 Carga Hidráulica Volumétrica

Definida por Chernicharo (1997, p. 216) como o volume de esgoto introduzido


diretamente no reator por unidade de seu volume, a Carga Hidráulica
Volumétrica (CHV) é determinada de acordo com a equação

Q
CHV =
Vtc

 Onde:
 Carga Hidráulica Volumétrica: CHV (m³/m³.d)
 Vazão: Q (m³/d)
 Volume total Corrigido: Vtc

A carga hidráulica volumétrica não deve exceder 5 m³/m³.d, o que corresponde


a um tempo de retenção mínimo estimado em 4,8 horas. Todos os valores
calculados e apresentados no Quadro 10, para o período abrangido pelo
projeto, atenderam a esse critério, conforme demonstrado.

Figura 3-18 – Valores encontrados da CHV para início, meio e final de plano

Q média Q max.d Q max.h


Inicio 1,78 2,14 3,20
Meio 1,61 1,93 2,89
Final 1,78 2,14 3,20

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

A ausência de uma Carga Hidráulica apropriada pode impactar a chance de


arrastar lodo junto ao efluente; resultando na diminuição do nível de
estabilização de sólidos e potencial falha no sistema. No contexto deste projeto
específico, todos os valores identificados foram confirmados como adequados
em relação aos parâmetros definidos na

35
Figura 3-19 – Resumo dos principais critérios e parâmetros hidráulicos para o projeto de
reatores UASB tratando esgotos domésticos

Fonte: Chernicharo, 1997

3.2.1.4 Carga Orgânica Volumétrica

A Massa Orgânica Volumétrica é descrita por Chernicharo (1997, p. 219) como


a quantidade de matéria orgânica aplicada diretamente ao reator por unidade
de volume do mesmo, podendo ser calculada conforme a equação (8). O
Quadro 12 exibe os resultados das massas orgânicas volumétricas para o
início, meio e término do plano.

Equação 5

Q x So
C v=
Vtc

Onde:

 Carga Orgânica Volumétrica:Cv (kgDQO /m ³. d)


 Vazão:Q(m ³ /d)
 Concentração de DQO: S 0(kgDQO/m ³)
 Volume total Corrigido: Vtc (m ³)

36
Figura 3-20 – Valores encontrados da Carga Orgânica volumétrica de início, meio e final
de plano

Q média Q max.d Q max.h


Inicio 1,78 2,14 3,20
Meio 1,61 1,93 2,89
Final 1,78 2,14 3,20

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

Uma carga orgânica volumétrica elevada tem um impacto direto no volume do


reator. Foi estabelecido como critério o limite máximo de 15 kgDQO/m³.d para
garantir o adequado desempenho do sistema projetado.

3.2.2 Dimensionamento do separador trifásico

Conforme Chernicharo, o dispositivo de segregação de gases, sólidos e


líquidos (separador trifásico) é uma componente crucial que requer instalação
na parte superior do reator. O principal propósito desse separador é preservar
o lodo anaeróbico dentro do reator, permitindo a operação do sistema com
prolongados tempos de retenção de sólidos (idade do lodo elevada). Esse
resultado é alcançado, inicialmente, por meio da segregação do gás presente
na mistura líquida, favorecendo, como resultado, a manutenção de condições
ideais de sedimentação no compartimento de digestão.

3.2.2.1 Dimensionamento das Aberturas

De acordo com a quantidade de reatores determinada, optou-se pelo uso de 06


dispositivos de separadores trifásicos por reator. Igualmente, escolheu-se o
número de aberturas simples por separador e a largura de cada abertura
simples. Desse modo, para a elaboração das dimensões das aberturas, serão
empregadas diversas formulações que serão detalhadas a seguir.

37
nºseparador nº abertura simples
I. Nabsc=nº reator x x
reator separador

nº separador nºabertura simples


II. Nabsl=nº reator x x
reator separador

nº aberturas dupla
III. Nabdl=nº reator x
reator

IV. Cabls=largura do reator−(2 x a)

V. Ceqabsl=Neqabsl x Cabsl

aberturas
VI. Ceqabsc=nº reator x comprimento x
reator

VII. Aab=( Ceqabsl+Ceqabsc ) x a

Onde:

Número de abertura simples – Nab-s-c (unidades)

Número de aberturas simples – Nab-s-l (unidades)


Número de aberturas duplas – Nab-d-l (unidades)
Número equivalente de abertura simples – Neq-ab-s-l (unidades)
Comprimento de cada abertura simples – Cab-s-l (m)
Área total das aberturas – Aab (m²)
Largura de cada abertura simples – a = 0,35 m

Efetuou-se o cálculo utilizando as fórmulas fornecidas para toda a fase de


dimensionamento das aberturas do separador trifásico, culminando na Figura
3-21, que sumariza os valores obtidos. Todos os demais dados empregados
foram anteriormente escolhidos para garantir a conformidade com os
parâmetros explicitados ao longo deste documento de cálculo.

38
Figura 3-21 – Dimensionamento das aberturas

Final Inicio Meio


Reatores 8 Reatores 5 Reatores 7
Separadores/reator 6 Separadores/reator 6 Separadores/reator 6
Nab-s-c 96 Nab-s-c 60 Nab-s-c 84
Nab-s-l 16 Nab-s-l 10 Nab-s-l 14
Nab-d-l 32 Nab-d-l 20 Nab-d-l 28
a (m) 0,35 a (m) 0,35 a (m) 0,35
Cab-s-l (m) 10,3 Cab-s-l (m) 10,3 Cab-s-l (m) 10,3
Ceq ab-s-l (m) 988,8 Ceq ab-s-l (m) 618 Ceq ab-s-l (m) 865,2
Ceq ab-s-c (m) 352 Ceq ab-s-c (m) 220 Ceq ab-s-c (m) 308
Aab (m²) 469,28 Aab (m²) 293,3 Aab (m²) 410,62

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

As aberturas desempenham um papel facilitador na condução do esgoto,


viabilizando a segregação dos gases antes da área de decantação. Ao
determinar as quantidades, comprimentos e larguras das aberturas, procedeu-
se com verificações das velocidades por meio delas, conforme estabelecido na

Equação 6

Q
vab=
Aab

Onde:
m
Velocidade através das aberturas - vab( )
h
Vazão – Q ¿)
Área total das aberturas – A ab (m ²)

A Figura 3-22 exibe os resultados das velocidades das aberturas do separador


trifásico para as vazões, avaliadas no início, meio e final do plano.

39
Figura 3-22 – Verificação das velocidades das aberturas do separador trifásico para
início, meio e final de plano

Qméd Qmáx.d Qmáx.h


Inicio 2,295 2,753 4,130
Médio 2,073 2,488 3,732
Final 2,295 2,177 3,265

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

Os parâmetros estabelecidos na Figura 3-23 seguir evidenciam que as


velocidades apresentadas na Figura 3-22 estão dentro dos limites estipulados.
A manutenção de velocidades apropriadas durante o período de execução do
projeto permitirá, juntamente com a otimização de outro parâmetro, o retorno
de sólidos sedimentados do decantador para o compartimento de digestão. Em
casos de velocidades elevadas, a redução do tempo de detenção no
decantador é esperada, o que pode resultar em uma deterioração na qualidade
do efluente e possíveis falhas no sistema de tratamento.

Figura 3-23 – Velocidades através das aberturas de passagem para o decantador

Fonte: Chernicharo, 1997

Portanto, baseado na Figura 3-21, teremos um resumo conforme a Figura 3-24


representando as dimensões para cada abertura do decantador.

40
Figura 3-24 – Dimensões para cada abertura

Abertura simples comprimento: Dimensões


Comprimento 22
Largura 0,35

Abertura simples largura


Comprimento 10,3
Largura 0,35

Abertura dupla comprimento


Comprimento 10,3
Largura 0,7

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

3.2.2.2 Área superficial do compartimento de decantação

No compartimento de decantação, optou-se por estabelecer a largura de cada


coletor de gás, adjacente à interface líquido-gás, como sendo 0,4 m. Além
disso, determinou-se que a parede do coletor de gás seria fabricada com
material de fibra de vidro. Assim, algumas equações serão empregadas para
calcular a área superficial necessária no dimensionamento do compartimento
de decantação.

Ct dec=N dec x C dec

L g=L i+(2 x e)

L dec=¿

A tdec=C tdec+ L dec

Onde:

Comprimento total de decantadores: Cted (m);


Largura de cada coletor de gás, junto à interface líquido-gás (L i): Valor
adotado de 0,4 m
Espessura da parede do coletor de gás (e): Valor adotado em 0,005 m

41
Largura útil de cada compartimento de decantação: Ldec (m)
Área total de decantadores: Atdec (m)

Podemos examinar todos os resultados obtidos ao utilizar as formulações


anteriores na Figura 3-25.

Figura 3-25 – Dimensionamento da área superficial do compartimento de decantação

Coletores de gás 6
Ndec 48
Cdec (m) larg 11
Ctdec (m) 528
Li 0,4
e 0,005
Lg 0,41
Ldec (m) 2,966666667
Atdec(m²) 1566,4

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

Depois de calcular a área superficial do compartimento de decantação,


procede-se à verificação da taxa superficial. Nessa etapa, examina-se a
velocidade do fluxo ascendente na parte do decantador, assegurando que
esteja dentro dos limites estabelecidos pela norma NBR 12.209/11, visando a
eficácia na decantação dos sólidos na região do digestor. Essa análise é
conduzida com base na equação 7 nos estágios inicial, intermediário e final do
plano do projeto.

Equação 7

Q
qs−dec =
Atdec

Onde:

m
Taxa de aplicação superficial nos decantadores: qdec ( )
h
Vazão: Q ¿)

42
Área total dos decantadores: Atdec (m ²)

A Figura 3-26 demonstra os resultados das taxas superficiais nos


decantadores, e de acordo com a Figura 3-27 podemos verificar que os valores
encontrados estão dentro dos parâmetros estabelecidos pela NBR 12.209/11.
Sendo assim, conforme mostra a Figura 3-28, foi estabelecido os valores das
dimensões de cada compartimento de decantação.

Figura 3-26 – Verificação das taxas de aplicações superficiais nos decantadores para
vazões média, máxima diária e máxima horária para início, meio e final de plano

Qméd Qmáx.d Qmáx.h


Inicio 0,688 0,652 0,978
Médio 0,543 0,652 0,978
Final 0,688 0,825 1,238

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

Figura 3-27 – Taxas de aplicação superficial no compartimento de decantação

Fonte: Chernicharo, 1997

Figura 3-28 – Dimensão do compartimento de decantação

Comprimento 11
Largura 3,0

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

43
3.2.2.3 Volume do compartimento de decantação

Para calcular o volume do compartimento de decantação, é essencial adotar


como critério de projeto um valor para a altura da aba inclinada (h 1) e a altura
da aba vertical (h2) do compartimento de decantação. Conforme preconizado
pela Norma NBR 12209/2011, a altura mínima do compartimento de
decantação é estabelecida em 1,50 m, com a altura vertical sendo, no mínimo,
0,30 m. Algumas fórmulas serão empregadas para fundamentar o resultado
final.

L aba=( L dec /2)−a

A dec 1=( Laba x h 1)/2

A dec 2=h 1 x (2 x a)

A dec 3=h 2 x L dec

A dec=( A dec 1 x 2)+ A dec 2+ A dec 3

V dec=N dec x C dec x A dec

h1
α =tg
Laba

Onde:

Largura da aba inclinada do compartimento de decantação: Laba (m)


Área triangular, compreendida entre as paredes inclinadas do
decantador: Adec1 (m²)
Área retangular, compreendida entre as áreas triangulares: Adec2 (m²)
Área retangular, compreendida entre as paredes verticais do
decantador: Adec3 (m²)
Área total, ao longo da profundidade do decantador: Adec (m²)
Volume total de decantadores: Vdec (m³)
Inclinação da aba do compartimento de decantação, em relação à
horizontal (α )

44
Podemos examinar todos os resultados obtidos ao utilizar as formulações
anteriores na

Figura 3-29 – Volume do compartimento de decantação

Final Meio Início


Nr 8 Nr 7 Nr 5
h1 (m) 1,400 h1 (m) 1,400 h1 (m) 1,400
Laba (m) 1,278 Laba (m) 1,278 Laba (m) 1,278
h2 (m) 0,600 h2 (m) 0,600 h2 (m) 0,600
Adec1 (m²) 0,895 Adec1 (m²) 0,895 Adec1 (m²) 0,895
Adec2 (m²) 0,980 Adec2 (m²) 0,980 Adec2 (m²) 0,980
Adec3 (m²) 1,780 Adec3 (m²) 1,780 Adec3 (m²) 1,780
Adec (m²) 27,298 Adec (m²) 27,298 Adec (m²) 27,298
Vdec (m³) 2402,224 Vdec (m³) 2101,946 Vdec (m³) 1501,39
a (inclinação) 1,9 a 1,9 a 1,9
a (rad) 0,8 a 0,8 a 0,8
a (graus) 47,6 a 47,6 a 47,6

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

Depois de obter o Volume total dos decantadores (V dec), procede-se ao cálculo


do tempo de retenção hidráulica nos decantadores para cada fase do projeto,
de acordo com a equação 8.

Equação 8

Vdec
tdec=
Q

No qual:

Tempo de detenção hidráulica nos decantadores: t dec(h)


Volume total de decantadores: V dec (m ³)
Vazão: Q ¿)

45
Os resultados derivados da aplicação da equação 8 foram registrados na
Figura 3-30, em conformidade com as diretrizes preconizadas pela NBR
12209/2011, detalhadas na Figura 3-31. Esses dados são fundamentados nos
requisitos essenciais para as vazões média, máxima diária e de pico (horária),
abrangendo as variações previstas ao longo do período do projeto.

Figura 3-30 – Verificação do Tempo de Detenção Hidráulica nos decantadores

Qméd Qmáx.d Qmáx.h


Inicio 2,231 1,859 1,239
Médio 1,764 1,470 0,980
Final 2,231 2,351 1,568

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

Figura 3-31 – Tempos de Detenção Hidráulica no compartimento de decantação

Fonte: Chernicharo, 1997

3.2.2.4 Remoção de DQO e DBO

Segundo o exposto por Chernicharo (1997, p. 237), a previsão da remoção de


DQO e DBO nos reatores UASB ainda está em andamento, fundamentada em
resultados experimentais de reatores em funcionamento, por meio da aplicação
de relações empíricas, culminando em equações e constantes. Dessa forma, é
necessário reconhecer a restrição dessas aplicações para situações mais
particulares, uma vez que há uma utilização restrita de dados na formação dos
valores das constantes identificadas empiricamente. É possível notar, nas

46
equações 9 e 10, as relações empíricas empregadas para a elaboração do
dimensionamento deste projeto.

Equação 9

( −0 ,35 )
EDQO=100 x (1−0 ,68 x t )

No qual:

Eficiência do reator UASB, em termos de remoção de DQO: EDQO (% )


Tempo de detenção hidráulica: t (h)

Equação 10

( −0 ,50 )
EDBO=100 x (1−0 ,70 x t )

No qual:

Eficiência do reator UASB, em termos de remoção de DBO: EDBO(% )


Tempo de detenção hidráulica: t (h)

Dessa forma, com base nos tempos de detenção relativos à vazão média,
determinados para a extensão do projeto, conforme computado na Figura 3-15,
são obtidas as projeções para a eficácia na remoção de DBO e DQO, conforme
indicado na Figura 3-32.

Figura 3-32 – Determinação das Estimativas da Eficiência de Remoção de DQO e DBO

EDQO (%) 67,28624717


EDBO (%) 75,38903229
EDQO adotado (%) 65
EDBO adotado (%) 70

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

47
Adotou-se como parâmetro de projeto a eficiência de remoção de 65% e 70%
para DQO e DBO respectivamente.

3.2.2.5 Concentração de DQO e DBO no Efluente

A previsão da DQO do sistema é determinada na formulação (33), empregando


os valores previamente identificados da concentração de DQO afluente e da
eficácia de remoção da DQO.

(E x S 0)
S=S 0−
100

S=210 mg/L

No qual:

mg
Concentração de DQO efluente: S ( )
L
mg
Concentração de DQO afluente: S 0( )
L
Eficiência de remoção de DQO: E(%)

No que diz respeito à projeção da concentração de DBO do sistema, esta é


estabelecida na formulação (34), fazendo uso dos valores previamente
determinados da concentração de DBO afluente e da eficácia de remoção da
DBO.

(E x S 0)
S=S 0−
100

S=90 mg/ L

No qual:

mg
Concentração de DBO efluente: S ( )
L
mg
Concentração de DBO afluente: S 0( )
L
Eficiência de remoção de DBO: E(%)

48
A projeção das concentrações de DQO e DBO no efluente permanece
constante no início, meio e final do plano, como evidenciado na Figura 3-33.

Figura 3-33 – Estimativa das concentrações de DQO e DBO para início, meio e final de
plano

SUASB-DQO (mgDQO/L) 210


SUASB-DBO (mgDBO/L) 90

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

3.2.2.6 Avaliação da Produção de Biogás

Na análise da geração de biogás, observa-se a previsão da carga de DQO


afluente no reator, sendo convertida em gás metano. Assim, para calcular a
fração transformada em gás metano, emprega-se a equação 11.

Equação 11

DQOCH 4=Q x (S o x S)– (Y OBS x Q x S o)

No qual:

Carga de DQO convertida em metano: DQO CH 4( kgDQOCH 4 /dia)


Vazão de esgoto afluente: Q(m ³ /d)
Concentração de DBO efluente: S(kgDQO/m ³)
Concentração de DBO afluente: So(kgDQO /m ³)
Coeficiente de produção de sólido no sistema, em termos de DQO:
Y obs (kgDQO lodo/kgDQO apl)

Optou-se pelo Coeficiente de Produção de Sólidos no sistema, expresso em


termos de DQO, com o valor de 0,11 kgDQO lodo/kgDQOapl como referência de
projeto, conforme a faixa recomendada por Chernicharo (p. 239, 1997). Em
seguida, é essencial calcular o Fator de Correção para a temperatura
operacional do reator por meio da equação 12.

Equação 12

49
f ( t )=¿ ¿

No qual:

Fator de correção para temperatura operacional do reator:


f (t)(kgDQO/m ³)
Pressão atmosférica: P(1 atm)
DQO correspondente a um mol de CH4: K DQO(64 Gdqo/ MOL)
Constante dos gases: R(0,08206 atm . L/mol . k)
Temperatura operacional do reator: T (ºC)

É preciso realizar a transformação da massa de metano (kgDQOCH4/d) em


produção volumétrica (m³DQO/d), utilizando a equação 13.

Equação 13

DQOCH 4
QCH 4=
f (t)

No qual:

Produção volumétrica de metano: QCH4 (m³/dia)


Carga de DQO convertida em metano: DQOCH4 (kgDQOCH4/dia)
Fator de correção para temperatura operacional do reator:
f (t)( kgDQO/m ³)

Para calcular a produção total de biogás, emprega-se a equação 14. Segundo


Chernicharo (p. 240, 1997), estima-se que o metano constitui
aproximadamente 70% a 80% da composição do biogás no tratamento de
esgoto.

Equação 14

QCH 4
Qbiogás=
C CH 4

No qual:

Produção volumétrica de biogás: Qbiogás (m ³ /dia)


Produção volumétrica de metano:QCH 4 (m ³/d )
Concentração de metano no biogás: C CH 4 (%)

50
De acordo com as equações previamente fornecidas, é possível examinar os
resultados alcançados durante o período de alcance de projeto por meio da
Figura 3-34.

Figura 3-34 – Avaliação da produção de biogás

DQOCH4 (kgDQO/d) 6823,297958


f(T) 2,634855182
QCH4 m³/dia 2589,629216
CCH4 0,75
Qbiogás (m³/dia) 3452,838955

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

3.2.2.7 Coletor de Gás

A eventual liberação excessiva de biogás pode resultar na emissão de odores


desagradáveis e na liberação de gás metano, contribuindo para a intensificação
do efeito estufa, além de representar um material perigoso devido ao seu teor
combustível. Por isso, é desejável que haja a captura do biogás para medição,
possível utilização ou queima. Os gases gerados são reunidos na área interna
dos separadores trifásicos. No processo de dimensionamento, foram instalados
6 coletores de gases em cada reator, totalizando 48 coletores no conjunto. Os
parâmetros adotados para o dimensionamento dos coletores de gases estão
disponíveis na Figura 3-35.

Figura 3-35 – Dimensionamento dos coletores de gases

Número de coletores de gases (Ncg) 48


Largura 11
Laba + a 1,628333333
Comprimento de cada coletor - Cg (m) 7,743333333
Comprimento total de coletores de gases - Ctg 371,68
Largura de cada coletor, junto à interface líquido-gás - Li (m) (adotado) 0,25
Área da interface líquido-gás - Ai (m²) 92,92

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

51
Determinada a Área da interface Líquido-gás, é possível calcular a verificação
da taxa de liberação de biogás nos coletores (kg), utilizando a equação 15.

Equação 15

Qbiogás
Kg=
Ai

No qual:

3
m
Taxa de liberação de biogás: Kg( 2
. h)
m
Produção volumétrica de biogás:Qbiogás (m³/h)
Área da interface líquido-gás: Ai (m²)

Chernicharo (p. 231, 1997) afirma que existe uma recomendação de taxa de
liberação mínima de 1,0 m³gás/m².h e uma máxima de 3,0 a 5,0 m³gás/m².h.
Assim, analisa-se na Figura 3-36 a conformidade com os critérios estipulados.

Figura 3-36 – Verificação da taxa de liberação de biogás

Taxa de liberação do biogás - Kg 1,548302731

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

Assim, as dimensões do coletor pode ser constatado na Figura 3-37.

Figura 3-37 – Dimensão do coletor de gás

Comprimento (m) 7,743333333


Largura (m) 0,25

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

3.2.2.8 Sistema de Distribuição do Esgoto Afluente

52
Um dos requisitos para o eficaz desempenho do reator é a adequada
distribuição do esgoto, assegurando o contato efetivo com o lodo. O número de
distribuidores de esgoto é determinado com base na aplicação da equação 16.

Equação 16

At
Nd=
Ad

No qual:

Número de distribuidores: Nd
Área Total: At (m ²)
Área de influência de cada distribuidor: Ad(m²)

Chernicharo (p. 228, 1997) apresenta as orientações iniciais para a


determinação da extensão de influência dos distribuidores de vazão em
reatores UASB, o que viabilizou a seleção da área de influência de 2,0 m². O
conjunto será composto por um total de 8 coroas de distribuição em cada
reator, cada uma constituída por 16 tubos em cada compartimento de
distribuição, conforme pode ser verificado na Figura 3-38 com os valores gerais
para o dimensionamento do sistema de distribuição do esgoto afluente.

Figura 3-38 – Dimensionamento do sistema de distribuição do esgoto afluente

Área de influência (m) 2


Nd calc 121
Nd adotado 128
-ao longo do comprimento 8
-ao longo da largura 16
Área de influência equivalente (m) 1,9

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

53
3.2.2.9 Produção de Lodo

De acordo como mencionado por Chernicharo (p. 248, 1997), a retenção de


sólidos biológicos acontece após alguns meses de funcionamento em um
modelo contínuo. O tipo de esgoto exercerá um impacto direto na taxa de
acúmulo de sólidos. Nos reatores UASB, existe a viabilidade de empregar o
lodo desidratado como adubo para a agricultura, após os procedimentos
específicos necessários devido à presença de organismos patogênicos. Uma
das características significativas do lodo anaeróbio de reatores UASB é o alto
nível de estabilização, levando em consideração o extenso período de
permanência celular no sistema.

A projeção da produção de lodo pode ser realizada utilizando a equação 17.

Equação 17

Plodo =Y x Lo DQO

No qual:

Produção de sólidos no sistema: Plodo (kgSST/d)


Coeficiente de sólidos no sistema: Y (kgSST/kgDQOaplicada)
Carga de DQO aplicada ao sistema: Lo DQO (kgDQO/d)

Chernicharo (p. 249, 1997) menciona os Y valores para águas residuais


domésticas variando de 0,10 a 0,20 kgSST/kgDQO aplicada. Desse modo, a
análise da produção em volume de lodo pode ser conferida na equação 18.

Equação 18

P lodo
V lodo =
γ x C lodo

No qual:

3
m
Produção volumétrica de lodo:V lodo ( )
d

54
kg
Massa específica do lodo:γ ( 3
)
m
Concentração do lodo: C lodo (% )

De acordo com as fórmulas anteriores, é viável conferir os resultados


alcançados para a geração de lodo para o projeto conforme mostra a Figura 3-
39. A massa específica do lodo foi fixada em 1030 kg/m³, como indicado na
faixa comumente empregada na ordem de 1020 a 1040 kg/m³, conforme
mencionado por Chernicharo (p. 250, 1997).

Figura 3-39 – Produção de lodo

Produção de Lodo
Coeficiente de sólido (Y) 0,18 (kgSST/kgDQOaplic)
Produção de lodo (Plodo) 2791,3491648 (kgSST/d)
Concentração de lodo (Clodo) 4%
Massa específica do lodo g 1030 (kg/m³)
Produção volumétrica de lodo 67,7511933203883 (m³/d)

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

3.2.2.10 Dimensionamento dos Leitos de Secagem

Para calcular a quantidade de lodo removido dos reatores em cada ciclo de


operação dos leitos (Mc), foi escolhido o Ciclo de operação dos leitos de
secagem (tc) com a duração de 18 dias, para todos os momentos do projeto,
conforme a equação 19

Equação 19

M c =Plodo x t c

No qual:

Massa do lodo retirado dos reatores, por ciclo de operação do leito:


M c (kgSST )

55
kgSST
Produção de sólido no sistema: Plodo ( )
d
Ciclo de operação dos leitos de secagem: t c (d)

De acordo com a produção em volume do lodo, identificada com base na


equação 18, é viável empregar a equação 20 para obter o volume do lodo
removido dos reatores, a cada ciclo de operação do leito (𝑉𝑐).

Equação 20

V c =V lodo x t c

No qual:

Volume do lodo retirado dos reatores, por ciclo de operação do leito:


3
V c (m )
3
m
Produção volumétrica de lodo: V lodo ( )
d
Ciclo de operação dos leitos de secagem:t c (d)

Determina-se a Área requerida do leito de secagem (𝐴leito), usando a equação


21, em seguida, a Altura da lâmina de lodo (Hlodo), conforme a equação 22.

Equação 21

Mc
Aleito =
T leito

No qual:

Área necessária do leito de secagem: Aleito (m2)


Massa de lodo retirado dos reatores, por ciclo de operação do leito:
M c (kgSST )
kgSST
Taxa de aplicação de sólido nos leitos: T leito ( 2
)
m

Equação 22

56
Vc
H lodo =
A leito

No qual:

Altura da lâmina de lodo: H lodo (m)


Volume do lodo retirado dos reatores, por ciclo de operação do leito:
3
V c (m )
2
Área necessária do leito de secagem: Aleito (m )

Chernicharo (p.252, 1997) estabelece como parâmetros para a taxa de


aplicação de sólidos nos leitos (Tleito) valores na faixa comum entre 10 e 15
kgST/m², da mesma forma que o Ciclo de operação dos leitos de secagem com
intervalos geralmente entre 15 e 20 dias. No contexto deste projeto, os valores
selecionados, assim como todos os valores computados, estão apresentados
na Figura 3-40.

Figura 3-40 – Dimensionamento do leito de secagem

tc (adotado (dias)) 15
Mc (kgSST) 41870,23747
Vc 1016,2679
Tleito (kgSST/m²) 10
Aleito (m²) 4187,023747
Número de células 4
Área de célula 1046,755937
Comprimento (m) 35
Largura (m) 30
Hlodo (m) 0,242718447

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

57
3.3 Dimensionamento do Tanque de Aeração de Lodos Ativados

Sabendo-se que a carga de DBO no esgoto bruto a ser tratado pela ETE é a
que consta no Quadro 1.

Quadro 3-2 – Carga de DBO no esgoto bruto

Início (kg/dia) 4846


Meio (kg/dia) 6130
Final (kg/dia) 7754
Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

E como a remoção de DBO no reator UASB foi considerada 70%, a carga de


DBO afluente ao tanque de aeração será a mostrada no Quadro 2.

Quadro 3-3 – Carga de BDO afluente ao tanque de aeração

Início (kg/dia) 1454


Meio (kg/dia) 1839
Final (kg/dia) 2326
Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

O fator de carga f foi considerado 0,22 kgDBO/kgSS.dia, o que corresponde a


alimento/microorganismo (A/M) = 0,28 kgDBO/kgSSV.d e a concentração de
sólidos em suspensão foi considerada 0,32 kgSS/m³ equivalente à
concentração de SSV de 2,56 kg/m³. O volume dos tanques de aeração foram
de:

Carga de DBO
V AT =
SS∗f

58
2.326
V AT =
3 , 2∗0 , 22

V AT =3.304 m ³

Foram adotados 2 tanques de aeração visando flexibilidade operacional e o


funcionamento do sistema mesmo em casos de manutenção do tanque, logo,
cada tanque terá 1.652 m³. Será utilizado sistema de aeração por ar difuso em
que a necessidade de oxigênio é:

NEC O 2∗Carga de DBO


NEC O 2=
24

2∗2.326
NEC O 2=
24

NEC O 2=194 kgO 2/hora

Sendo que:

 NECO2apl: necessidade de oxigênio por kg de DBO considerada 2


(kgO2/kgDBOapl)
 Carga de DBO: carga de DBO média de final de plano (kgDBO)
 O valor foi dividido por 24 a fim de transformar a unidade.

Para o dimensionamento dos sopradores, a vazão de ar necessária será:

NEC O 2
Q AR=
ρ∗O2 %∗η∗60

194
Q AR=
1 , 2∗0,232∗0,008∗60

Q AR=145 m ³ ar /min

Sendo:

59
 ρ: a massa específica do ar (kg/m³);

 O2%: porcentagem de O2 no ar;


 η: rendimento do soprador (%)

O soprador deverá possuir pressão o suficiente para vencer a carga


correspondente à profundidade útil do tanque mais cerca de 0,5. De perda de
carga na linha de ar.

3.4 Dimensionamento do Decantador Secundário

60
4. REFERÊNCIAS

61

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