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Brazilian Applied Science Review 1068

ISSN: 2595-3621

Estudo do aproveitamento do calor dissipado em condensadores de


ares condicionados para aquecimento da água para o banho

Study on the use of dissipated heat in air conditioners for heating


water for the bath

DOI:10.34115/basrv5n2-033

Recebimento dos originais: 23/03/2021


Aceitação para publicação: 13/04/2021

José Alexandre Tostes Linhares Júnior


Engenheiro Mecânico
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF)
Av. Alberto Lamego, 2000, Campos dos Goytacazes - RJ
E-mail: tosteslinhares@gmail.com

David Coverdale Rangel Velasco


Mestrando em Engenharia e Ciência dos Materiais
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF)
Av. Alberto Lamego, 2000, Campos dos Goytacazes - RJ
E-mail: davidc.r.v2014@gmail.com

Herman Lima de Souza Filho


Engenheiro Mecânico
Universidade Candido Mendes (UCAM)
Av. Anita Peçanha, 100, Campos dos Goytacazes - RJ
E-mail: herman_lsf@hotmail.com

Sidnei José Gomes Sousa


Doutor em Engenharia e Ciência dos Materiais
Universidade Candido Mendes (UCAM)
Av. Anita Peçanha, 100, Campos dos Goytacazes - RJ
E-mail: sidnei_rjsousa@yahoo.com.br

Carlos Maurício Fontes Vieira


Doutor em Engenharia e Ciência dos Materiais
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF)
Av. Alberto Lamego, 2000, Campos dos Goytacazes - RJ
E-mail: vieira@uenf.br

RESUMO
O Brasil é o país em que as pessoas tomam mais banho no mundo. Em média, toma 20
banhos por semana. Desta forma, os chuveiros elétricos são um dos principais
consumidores de energia nas residências brasileiras. Outro equipamento com
significativo consumo de energia é o ar condicionado. Contudo, a quantidade de energia
que é liberada no ar condicionado é muito superior, podendo esta ser mais do que 5 vezes

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a quantidade de energia consumida. Esse calor é dissipado na unidade condensadora dos


aparelhos de ar condicionado, diante disto, este trabalho tem por objetivo, estudar a
viabilidade de se aproveitar este calor para o aquecimento da água utilizada no banho. O
trabalho analisa o potencial impacto econômico que isto causaria e o comportamento da
troca térmica, entre o condensador de uma bancada de refrigeração e a água. Os resultados
foram promissores, mediante a água ter alcançado uma temperatura acima da de conforto.

Palavras-Chave: Ar Condicionado, Chuveiro Eletríco, Energia Elétrica,


Sustentabilidade.

ABSTRACT
Brazil is the country where people bathe the most in the world. On average, he takes 20
baths a week. Thus, electric showers are one of the main consumers of energy in Brazilian
homes. Another equipment with significant energy consumption is air conditioning.
However, the amount of energy that is released in the air conditioner is much higher,
which can be more than 5 times the amount of energy consumed. This heat is dissipated
in the condensing unit of air conditioning units. In view of this, this work aims to study
the feasibility of using this heat to heat the water used in the bath. The work analyzes the
potential economic impact that this would cause and the behavior of the thermal
exchange, between the condenser of a refrigeration bench and the water. The results were
promising, as the water reached a temperature above that of comfort.

keywords: Air Conditioning, Electric Shower, Electricity, Sustainability.

1 INTRODUÇÃO
Segundo REN21 (2011, apud TIEPOLO, 2012) uma nova tendência positiva vem
crescendo na engenharia. O desenvolvimento sustentável vem sendo cada vez mais
requerido no que tange principalmente a energias, tanto que no final de 2009, 16% da
energia consumida no planeta era de fonte renovável. Ainda assim grande parte da energia
produzida é a base de combustíveis fósseis, o que gera uma pressão da sociedade para
melhorias na área sustentável, aumentando o desenvolvimento tecnológico no ramo.
O indivíduo inserido na sociedade possui diversas necessidades de consumo, essas
necessidades são relativas, esbarrando no aspecto cultural peculiar de cada povo. O
brasileiro, possui em seus hábitos, o banho, que enquanto em alguns lugares, não possui
tanta significância, se tomando as vezes dois banhos por semana, no Brasil,
costumeiramente se tomam aproximadamente três banhos por dia, normalmente entre 20
a 30 minutos, mesmo com as recomendações dos fabricantes e órgãos ambientais para
uma duração de 10 minutos. Assim, o chuveiro elétrico é um dos maiores consumidores
de água e energia de uma residência. A demanda calórica para o aquecimento da água é
elevada, eletrodomésticos corriqueiramente utilizados como ferros de passar roupas,

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fornos elétricos ou secadores de cabelo, trabalhando em suas plenas capacidades, chegam


a consumir de 1500 a 2500 watts, para tensões de 127 e 220 volts respectivamente,
enquanto que um chuveiro chega a consumir de 5500 a 7500 watts (FRANCESCHI,
2013).
De acordo com uma estimativa feita pelo Programa Nacional de Conservação de
Energia Elétrica (PROCEL) as famílias brasileiras têm onerado seus gastos com energia
elétrica devido a um crescente na utilização de aparelhos climatizadores e de chuveiros
elétricos, ambos ocupam em linhas gerais a maior fração do valor gasto mensalmente com
energia elétrica
(http://www.procelinfo.com.br/main.asp?Team=%7BADA5FF68%2D8ACD%2D4E33
%2D81DF%2D413F0C48516B%7D).
Este trabalho objetiva aprofundar o estudo no ramo da energia elétrica, gasta
corriqueiramente nos ares condicionados e chuveiros elétricos. Na unidade condensadora
ocorre um grande desperdício energético, já que todo calor retirado do ambiente
climatizado é dissipado sem nenhuma utilização, por isto se essa energia for utilizada para
o aquecimento da água do chuveiro poderá ocorrer um grande ganho econômico.
O dimensionamento da carga térmica foi baseado em um ambiente hipotético
apresentado neste trabalho, em seguida foi calculado o calor rejeitado, mediante uso de
um campo amostral variados condicionadores de ar, então o valor gasto anualmente com
energia proveniente do chuveiro elétrico foi calculado, baseado nos parâmetros
encontrados na literatura, para assim apresentar o potencial montante que seria
economizado.
Experimentos na bancada de refrigeração, pertencente a Universidade Cândido
Mendes, na unidade de Campos dos Goytacazes-RJ, foram realizados com a finalidade
de se analisar a eficiência da troca térmica, de um ar condicionado e a água, apontando
ou não uma temperatura de conforto mínima, que segundo dados oficiais do Hospital das
Clinicas UFG (2020), orbita entre 29°C e 38°C, pois apresenta muita semelhança a
temperatura corporal humana, sendo acima disto, considerado um banho quente.

2 MATERIAIS E MÉTODOS
A metodologia deste trabalho foi dividida em quatro etapas. A primeira visa
estimar a carga térmica de um ambiente enquanto a segunda o calor dissipado por um ar
condicionado no mesmo. A terceira o potencial de economia ao substituir um chuveiro
elétrico pela utilização e a validação do sistema proposto por meio uma simulação em

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uma bancada de refrigeração. Assim, as etapas supracitadas serão explicadas nas


subseções seguintes.

2.1 DIMENSIONAMENTO DA CARGA TÉRMICA


Visando dimensionar a carga térmica mínima necessária para atender um quarto,
neste trabalho foi utilizada a NBR 5858/1983. Embora esta norma tenha sido substituída
pela NBR 16401/2008, a razão pela qual a mesma foi substituída foi para que o
dimensionamento da carga térmica fosse mais preciso e considera-se as especificidades
de uma construção. Assim, como neste trabalho a finalidade do dimensionamento da
carga térmica não utiliza como referência especificamente uma construção, foi utilizada
a NBR 5858/1983. Quanto ao dimensionamento da carga térmica, um ambiente com
dimensões próximas as mínimas exigidas de um quarto segundo o código de obras do
munícipio de Campos dos Goytacazes. São elas:
• Área mínima: 8 m²;
• Dimensão mínima: 2,5 m;
• Pé-Direito: 2,6 m;
• Vão de iluminação e ventilação (fração da área do piso): 1/6.
Neste trabalho foi simulado um quarto quadrado, pois este formato possui um
perímetro mínimo, o que implica numa área de paredes inferior. As medidas e orientação
das paredes podem ser observadas na Figura 1, sem o pé direito do quarto igual a 2,6m.

FIGURA 1. Ambiente dimensionado. Fonte: Autores (2020).

Para o cálculo da carga térmica, considerou-se que este quarto estava em uma
residência com um único pavimento, com duas pessoas e com potência total dos aparelhos

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elétricos igual a 200W, referente a utilização de uma televisão, um notebook. O


coeficiente regional assumiu o valor de 1, este valor varia conforme a Figura 2.

FIGURA 2. Fator geográfico. Fonte: ABNT (1983).

2.2 DETERMINAÇÃO DO CALOR LIBERADO


Utilizando como ponto de partida a carga térmica calculada na subseção anterior,
foi selecionado uma potência de ar condicionado comercializada que atendesse a
demanda dos presentes. Por meio dos dados do Instituto Nacional de Metrologia,
Qualidade e Tecnologia (INMETRO) foi possível determinar qual a Eficiência Energética
(EE) média para um ar condicionado para a carga térmica (CT) calculada na subseção
anterior, sendo estas variáveis utilizadas para determinar o trabalho do compressor (W)
por meio da Equação 1. Por fim, foi possível determinar o calor rejeitado (CR) pelo
condicionador de ar por meio da Equação 2.

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2.3 DETERMINAÇÃO DO POTENCIAL DE ECONOMIA MONETÁRIA


Para determinar o potencial de economia financeira, primeiramente calculou-se a
tarifa a ser cobrada pela energia. Neste cálculo utilizou-se o valor base estabelecido pela
Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) para as concessionárias, aplicou-se então
variáveis como valores dos tributos a serem recolhidos e o valor da bandeira tarifária,
específicos da região escolhida para o estudo, o município de Campos dos Goytacazes,
pertencente a região norte fluminense.
Para determinação da tarifa base, é necessário se fixar a classe de consumo, sendo
neste estudo escolhido a classe residencial, visto que o dimensionamento da carga
térmica, foi realizado com base em quarto de dimensões mínimas, de uma residência
familiar Campista. Sendo assim a tarifa base possui um valor de R$ 683,67/MWh, ou
seja, o valor residencial (B1), sendo necessário ainda adiante, acrescentar valores
relacionados a impostos e bandeira tarifária (ANEEL, 2020).
A bandeira tarifária é relacionada ao meio de geração da energia, sendo uns mais
baratos e outros mais caros, pois dependem de diversos fatores. Na Tabela 1 abaixo, se
encontram os valores que são acrescidos a tarifa base e a média ponderada destes valores
entre os anos de 2018 e 2019, onde o peso foi o número de meses que cada bandeira foi
cobrada neste período. O ano de 2020 foi excluído do estudo, mediante as peculiaridades
causadas pela COVID 19, tendo a ANEEL fixado a bandeira verde no período.

TABELA 1. Bandeiras tarifárias.


BANDEIRA VALOR QUANTIDADE
Verde R$ 0,00 10
Amarela R$ 13,43 6
Vermelha - p1 R$ 41,69 3
Vermelha - p2 R$ 62,43 5
Média ponderada R$ 21,575 -
Fonte: Aneel (2020).

A tributação incidida sobre a tarifa, pode ser estadual ou federal. O Imposto sobre
circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), é da esfera estadual, e varia conforme o
consumo. A alíquota cobrada no estado do Rio de Janeiro, é descrita na Tabela 2 abaixo.
Para este estudo, foi utilizado 18% de alíquota, mediante o consumo referente a este
percentual, estar na faixa média das residências brasileiras (EPE, 2020).

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TABELA 2. Alíquotas de ICMS do estado do Rio de Janeiro incidentes sobre a energia elétrica.
FAIXA ALÍQUOTA
0 A 50 kWh 0%
51 A 299 kWh 18%
300 A 450 kWh 31%
450 kWh ou superior 32%
Fonte: Rio de Janeiro (1996).

A tributação federal, passa pelo Programa de Integração Social (PIS) e


Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (CONFINS), onde as taxas e
valores cobrados variam todo mês, de maneira imprevisível. Nesta pesquisa, mediante as
peculiaridades da COVID 19 no ano de 2020, que podem ter afetado estas alíquotas, este
ano foi desconsiderado, utilizando-se apenas de um valor médio dos anos de 2018 e 2019
para o cálculo destas tributações, sendo este 4,69%.
A tarifa final (TF), foi calculada com a utilização da Equação 3 abaixo, aplicando
os parâmetros descritos como, tarifa base (Tb), bandeira tarifária (Bt) e os tributos (ICMS,
PIS e CONFINS).

Após o cálculo da tarifa a ser paga, foi necessário obter o valor potencial gasto
com o chuveiro elétrico, em uma residência. O chuveiro arbitrado para o estudo, foi o
Maxi Ducha, do fabricante Lorenzetti, exposto na Figura 3 abaixo, bem como suas
características elétricas na Tabela 3.

FIGURA 3. Chuveiro elétrico LORENZETTI. Fonte: Lorenzetti (2020).

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TABELA 3. Características elétricas do chuveiro.


CARACTERÍSTICAS ELÉTRICAS
Tesão (Volts) 127
Potência (Watts) 3200
2
Fios (mm ) 4
Disjuntor (A) 30
Fonte: Lorenzetti (2020).

A partir da potência do chuveiro, de 5500 W, foi possível o cálculo do valor de


potencial economia. O tempo estimado de acordo com Rotogine (2010), para o uso do
chuveiro, foi de 5 minutos por banho, isto é, o tempo em que o mesmo ficou atuante, não
o tempo de banho, dito que o banho muitas vezes possui etapas em que o chuveiro está
fechado, o número de pessoas ocupantes na residência simulada neste trabalho, foi 4, o
número de banhos semanais por cada integrante desta família segundo Franceschi (2013)
foi de 19,8.

2.4 EXPERIMENTO EM BANCADA


A bancada de refrigeração, que foi utilizada neste trabalho pertence a
Universidade Cândido Mendes, unidade de Campos dos Goytacazes-RJ e é composta
pelos componentes indicados na Figura 4 conforme a numeração a seguir:
1. Condensador de placas
2. Tablet para operação de bancada
3. Tanque de circulação de água através do condensador de placas
4. Radiador
5. Compressor
6. Evaporador de placas
7. Tanque de circulação de água através do evaporador de placas
8. Painel de alimentação
9. Resistência de aquecimento da água (carga térmica)
10. Válvula de expansão

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FIGURA 4. Bancada de refrigeração da Universidade Cândido Mendes. Fonte: Autores (2020).

O fluido refrigerante utilizado no ciclo de refrigeração da bancada de testes é o R-


134a (CH2FCF3). Podem ser adicionados parâmetros de entrada para obtenção de dados
no condensador, simulando uma situação real de refrigeração. O compressor e a bomba
podem ser acionados de duas maneiras, sendo elas, PID e ON/OFF. Quando utilizado o
acionamento PID, a bancada ajusta automaticamente a velocidade a partir do ajuste de
pressão de sucção, regulada pelo usuário no tablet de operação. No acionamento ON/OFF,
a velocidade de operação é fornecida em termos percentuais, entre 60% e 120% e pode
ser modificada pelo usuário, manipulando as seguintes variáveis:
• Adição de carga térmica no sistema;
• Velocidade do compressor;
• Fechamento e abertura da válvula do evaporador;
• Fluxo de água nas bombas dos reservatórios.
O equipamento de testes reproduz uma situação real de refrigeração, onde o
mesmo possui dois reservatórios os quais são ligados, um a unidade evaporadora e o outro
a unidade condensadora. Entre o reservatório ligado ao condensador existe um radiador
com a finalidade de resfriar a água antes da mesma retornar ao reservatório. Cada
reservatório possui independentemente, um sistema de circulação, que utiliza bombas
hidráulicas. No interior do reservatório referente à unidade evaporadora, existe uma
resistência elétrica que pode ser variada até a potência máxima de 3200 W, com o
propósito de simular uma determinada carga térmica.

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A carga térmica fixa que foi aplicada na resistência, presente no tanque de água,
foi igual ao calor dissipado calculado na subseção 2.2. A bancada de testes foi ligada por
15 minutos para estabilização do sistema e então foram adicionados os parâmetros de
entrada citados abaixo:
• Compressor habilitado em modo ON/OFF: 80%;
• Velocidade do compressor: 1400 RPM;
• Ajuste de pressão de sucção (desligar compressor): 2,5 bar;
• Bomba água evaporador: velocidade de 50%;
• Bomba de água condensador: Velocidade de 60%;
• Temperatura de saída do evaporador (abre válvula): 13 ºC;
• Temperatura de saída do evaporador (fecha válvula): 9 ºC.

3 RESULTADOS E CONCLUSÕES
Os procedimentos experimentais, cálculo da carga térmica, quantidade de calor
dissipado, cálculo de potencial economia e os experimentos em bancada foram realizados,
os resultados são descritos a seguir. Através dos parâmetros adquiridos, foi possível
realizar conclusões de considerável importância, mediante os objetivos propostos neste
trabalho.

3.1 CARGA TÉRMICA


O cálculo de carga térmica, foi efetuado e descrito no Quadro 1 abaixo. O valor
de calor a ser retirado do ambiente, foi de 7919 BTU/h, sendo indicado o uso de
condicionadores de ar com capacidade de 9000 BTU/h, para compor o campo amostral
do estudo. Desta forma avaliados 94 ares condicionados com sendo obtida a Tabela 1
uma consolidação dos dados, com valores máximos e mínimos da eficiência energética,
assim como a média e mediana dos valores encontrados na amostra supracitada.

QUADRO 1. Cálculo da carga térmica.


Carga
Fonte de calor Valor Tipo Fator
térmica
Janela de Insolação: 1978 kJ/h
Leste 1,75 m² Sem proteção 1130 1978 kJ/h
Janela de Transmissão: 368 kcal/h
Vidro comum 1,75 m² - 210 368 kJ/h
Paredes: 1800 kcal/h
Externas, orientação diferente do Sul 14,89 m² Externa Leve 84 1251 kJ/h

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Internas, ambientes não condicionados 16,64 m² - 33 549 kJ/h

Telhado sem
Teto: 10,24 m² 210 2150 kJ/h
isolação

Piso, exceto sob o solo: 0,00 m² - 55 0 kJ/h


Número de Pessoas: 02 pessoas - 630 1260 kJ/h
Iluminação, aparelhos elétricos: 200 W - 4 800 kJ/h
Porta ou vãos, constantemente abertas: 0,00 m² - 630 0 kJ/h
Fator de geográfico: 8355 kJ/h - 1 8355 kJ/h
Converter para BTU: 8355 kJ/h - 0,948 7919 BTU/h
Fonte: Autores (2020).

Tabela 4. Consolidação da amostra de dados utilizada.


Eficiência energética (W/W)

Máximo 3,94
Média 3,32
Mínimo 3,21
Mediana 3,24
Fonte: Autores (2020).

3.2 QUANTITATIVO DE CALOR LIBERADO


Utilizando a eficiência média, de 3,32, foi possível calcular o trabalho (W) por
meio da Equação 1, obtendo-se aproximadamente 699,1 W, por conseguinte, convertendo
a carga térmica de BTU para Watts, o valor assumido foi de 2321 W, e efetuando a soma
conforme descrito pela Equação 2, foi obtido um valor de calor rejeitado de 3020 W por
hora.

3.3 POTENCIAL DE ECONOMIA MONETÁRIA


Dado a potência do chuveiro de 5500 W, o tempo de uso descrito do chuveiro de
5 minutos por banho, para 4 moradores, o quantitativo de banhos semanais por pessoa de
19,8. Com base nesses parâmetros o tempo semanal de funcionamento chega a 6,6 horas
e consequentemente 344 horas anuais. A tarifa final calculada, agregando impostos e
acréscimos referentes a bandeira tarifária, foi de R$ 912,23/MWh, resultando assim em
um potencial de economia monetária anual estimado em R$ 1.004,60.

3.4 EXPERIMENTO EM BANCADA


Como descrito neste trabalho, a eficiência do compressor da bancada foi ajustada
para 80%. As temperaturas aferidas de entrada e saída do evaporador foram 9,1°C e
21,0°C respectivamente. Á água do sistema, que simula o ambiente a ser climatizado,

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chegou ao evaporador a uma temperatura de 29,5°C e saiu a 24,6°C. A resistência


presente no tanque de água introduz uma carga térmica de 3000 W. A vazão mássica do
sistema de circulação de água, que contém a resistência, foi de 0,12306 Kg/s e a de fluido
refrigerante, de 0,02866 Kg/s.
No compressor, por meio do produto entre tensão e corrente, observou-se uma
potência de 891,66 W. Sendo assim, utilizando a Equação 2 deste trabalho, somou-se o
trabalho envolvido na compressão com a carga térmica introduzida, obtendo-se um
montante energético de 3891,66 W.
Constatou-se no condensador, que a temperatura da água após trocar calor no
condensador tem o valor de sua temperatura elevada de 34,1°C para 45,1°C absorvendo
do mesmo 2704 W de energia, representando aproximadamente 70% do calor presente na
unidade. Valor este sendo suficiente para que a água atinja uma temperatura satisfatória
de conforto, entre 29 e 38°C. Assim, mesmo que a água esteja entre 18 e 27 °C seria
possível atender uma temperatura de conforto.

3.5 CONCLUSÕES
Pode-se concluir por meio dos cálculos e experimentos deste estudo, que o mesmo
apresenta um potencial caminho para o desenvolvimento de tecnologias mais sustentáveis
e econômicas. O calor calculado, dissipado na unidade condensadora das amostras
simuladas, foi de aproximadamente 3020 W por hora, sendo este inferior ao simulado na
bancada de refrigeração, 3892 W. Contudo, mesmo que com uma potência superior ao do
ar condicionado simulado, uma vez somente 70% da energia liberada foi aproveitada, não
foi possível substituir de forma plena o chuveiro elétrico supracitado. Contudo, a troca
térmica com o condensador da bancada de testes alcançou uma temperatura satisfatória,
variando de 34,1°C para 45,1°C, sendo esta, 7,1°C acima da encontrada na literatura,
como temperatura de conforto ideal para um banho quente. O excedente na temperatura,
é potencialmente positivo, pois a água aquecida desta forma poderia em um caso
hipotético, ser armazenada em uma caixa de água termicamente isolada, ou seja, com a
incidência de todos efeitos que geram perdas energéticas, como exemplo a segunda lei da
termodinâmica, essa água tenderia a cair de maneira sutil, a uma temperatura muito
aproximada do ideal. A utilização da caixa d’água seria viável também para a utilização
de sistemas como potências inferiores como o ambiente simulado neste trabalho, pois
possibilitaria um acumulo de energia térmica de forma a compensar a diferença entre a o
calor liberado pelo condensador e o chuveiro elétrico.

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Para fins comparativos, o chuveiro possuindo uma potência de 3200 W, possui


um gasto energético, consideravelmente superior aos 3020 W calculados dos ares
condicionados e ligeiramente inferior aos 3891,66 W, pertencentes a bancada de testes,
porém, a água conseguiu desempenhar uma boa eficiência na troca térmica, alcançando a
temperatura já citada, satisfatória, absorvendo 2704 W, ou seja, 70% do calor presente
no sistema de refrigeração de testes. Considerando o mesmo aproveitamento para a carga
térmica calculada, seria possível que este sistema se equivale a uma potência de 2114 W.
Sendo está 2 terços da potência máxima do chuveiro utilizado neste trabalho, o que já
representa um valor significativo.
O estudo em linhas gerais apresenta resultados promissores, abrindo
possibilidades de estudos mais específicos, que possam viabilizar o projeto de um
equipamento, simulado pela bancada, que atue realizando esta troca térmica, por
conseguinte o aproveitamento energético e economia financeira. Deve-se ponderar que o
potencial equipamento, passaria por estudos de viabilidade energética, pois o seu
investimento deveria ser viável e seu saldo energético positivo. As possibilidades são
amplas, como outro exemplo hipotético, nos locais onde a carga de calor rejeitado não
seria suficiente, para o aquecimento da água, seria possível recorrer a utilização de duas
ou mais unidades evaporadoras ligadas em um único condensador, algo já presente no
mercado, concentrando o calor dissipado.
Ressalta-se que uma residência popular do município de Campos dos Goytacazes,
que abriga uma família com 4 integrantes e seja um consumidor normal (B1), possui uma
fração considerável de sua renda anual comprometida com o chuveiro elétrico, gastando
em um ano aproximadamente R$ 1.005. Tendo em vista que o salário mínimo atual é de
R$ 1045 e que segundo a UNOPAR (2020) o salário médio do brasileiro é 2.261, a
potencial economia de energia possui um significativo no impacto no orçamento na
maioria das pessoas.

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REFERÊNCIAS

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Resolução homologatória Nº


2.666. Brasília, ANEEL, 2020.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉNICAS. NBR5858 – Condicionador de


ar doméstico. ABNT, 1983.

EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA. Balanço Energético Nacional 2020: Matriz


Energética Nacional 2020 - Ano Base 2019. Rio de Janeiro, EPE, 2020.

FRANCESCHI, M. T.; FREITAS, M. M.; DAHER, D. A. P.; FERREIRA, D. D.;


AZAVEDO, L. F.; DOMICIANO, M. O.; VIANA, A. L. O. Chuveiro Inteligente. E-
Locução Revista Científica da FAEX, v. 03, 2013.

HOSPITAL DAS CLINICAS UFG. Qual é a temperatura ideal para o banho? Hospital
das clínicas de Goias, 2020. Disponível em: < http://www2.ebserh.gov.br/web/hc-
ufg/noticias/-/asset_publisher/mUhqpXBVQ6gZ/content/qual-e-a-temperatura-ideal-
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INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, QUALIDADE E TECNOLOGIA.


Tabelas de consumo/eficiência energética: condicionadores de ar, 2020. Disponível em:
<http://www.inmetro.gov.br/consumidor/pbe/condicionadores.asp>. Acesso em: 22 set.
2020.

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