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Hermanos Del Plata

Segredos que nunca seriam revelados em uma família que nunca seria destruída.

Sinopse:

Hanna Gutierrez é filha de Miguel e Anastácia Gutierrez. Dois grandes nomes no mundo da
máfia e esquemas perigosos, totalmente fora da lei. A garota desde pequena havia sido
treinada para comandar a "El Plata" máfia de seu pai. Contudo, perder sua mãe logo cedo
não estava nos seus planos, muito menos que seu pai adotaria dois irmãos, com
personalidades totalmente diferentes.
Atlas e Thomas, os dois irmãos tiveram de começar a seguir a jornada de Hanna, no intuito
de ajudá-la no futuro a pedido de Miguel. Contudo, um segredo guardado a muito tempo,
voltaria à tona, e Hanna perceberá que nem todos ao seu redor são amigos.

Para todos aqueles que desejam a verdade.


Alexie.
Prólogo

Naquela casa havia uma festa. Uma festa enorme e cheia de alegria. Pessoas chiques de
roupas, mas humildes de alma. Dançando, pulando, bebendo e festejando todos juntos da
mesma forma. Porque Hanna Gutierrez havia chegado no mundo são e salva. O mais feliz da
festa é Miguel, pai da garota. Que pula e dança sem parar enquanto sorri meigo para sua
mulher, que mantém o sorriso no rosto enquanto todos aplaudem conforme o som da
música ecoa pelo local. Era novo, diferente mas reconfortante.
Todos sabiam que seria diferente, e que a partir de agora uma mulher iria estar no poder,
quando seu pai lhe desse esse poder. Todos sabiam disso, mas deixaram esse pensamento
para mais tarde e resolveram apenas festejar a chegada desse grande líder.
Hanna nasceu com grandes responsabilidades, e talvez isso custará caro no futuro, mas
agora, tudo que querem é sorrir, dançar e esperar que o amanhã chegue.
Capítulo 1

Hanna corria pela casa em busca de seu pai. Estava nervosa e sabia que a única pessoa que
poderia lhe tranquilizar naquele momento seria ele. Miguel por si estava no pátio de
entrada do grande casarão que tinha em Beverly Hills. Grande, confortável e bem
protegida. E ao seu lado estava Atlas. Seu filho adotivo. Hanna assim que desceu as escadas
e saiu para fora, se sentiu mais aliviada ao ver o seu pai ali. Ele estava feliz, e um pouco
exaltado. A mesma lhe abraçou por trás, fazendo seu pai dar um pequeno salto pelo susto.
Mas naquele momento, Hanna e Miguel sentiram que aquele momento poderia durar uma
eternidade caso eles quisessem, mas sabiam também que o momento de Hanna havia
chegado. Era hora dela assumir a liderança que lhe foi dada desde o ventre da mãe. Por
isso, naquela manhã todo aquele medo e ansiedade, era porque nessa noite, teria a festa de
passagem. Hanna deixaria de ser apenas a filha de Miguel e se tornaria Hanna Gutiérrez, a
líder da El Plata.

— Bom dia para você também, minha filha. — Miguel se virou para a mesma, fazendo com
que seus olhares se encontrassem e neles transmitiu as mais singelas e acolhedoras
energias. Ele quer que sua filha se sinta feliz, não nervosa ou algo do tipo—

Hanna sentiu aquele amor, e bem, tudo que poderia fazer é agradecer por ter um pai tão
bom ao seu lado. Ela realmente estaria perdida sem ele naquela manhã. A garota estava tão
envolvida com seu pai que esqueceu de Atlas, que lhe olhava dos pés a cabeça até que
finalmente se soltasse de Miguel.

—Bom dia para você também, Hanna. —Seu tom sarcástico era notável. Certo, talvez Hanna
tenha sido um tanto mal educada por não ter lhe visto ali. Mas foi porque estava precisando
de seu pai —

—Desculpa por não lhe cumprimentar, Atlas. Realmente estava absorta em meus
pensamentos que mal lhe vi.

—Está tudo bem. Não que eu me importe com seus bons dias melosos. —Riu de canto,
percebendo a indignação de Hanna no olhar— Apenas brincando senhorita.

Miguel riu dos dois, que logo já não estavam mais prestando atenção em si próprios, mas
sim nele. Os dois vivem em uma guerra entre si. São criados juntos desde a infância, mas
nada disso fez com que eles se juntassem. Não como Thomas e Hanna. Atlas é um homem
maduro, cheio de responsabilidades e ainda atua no papel de irmão mais velho. Miguel
entendia isso, Hanna não. Ela é nova e pode ser ingênua e isso faz com que Miguel queira
fazer com que ela amadureça mais rápido. Porém ele entende que não pode adiantar o
processo de alguém. Portanto, apenas esperaria o momento de Hanna.
—Vocês deveriam tentar se entender mais. Conversar mais, que tal? —Insinuou Miguel,
olhando o rosto incrédulo da filha—

—Sem chances! Eu já tentei uma vez, lembra? E o que ele fez? Foi super grosso e horrível
comigo.

—Como? Eu fui grosso com você? Não sei se percebeu mas sou um cavaleiro. Meu
sobrenome diz isso por mim. —O mais velho sorriu, fazendo Hanna revirar os olhos—

—Terão de se aturar na Máfia. Você sabe que ele é um dos líderes, não sabe? —Se referiu a
Hanna, enquanto Atlas se afastava aos poucos— Vocês terão de conversar muito ainda.

Um pouco brava, Hanna puxou seu pai para dentro da casa, deixando Atlas para trás com
todo o seu serviço.
A mesma sabia que seu pai falava a verdade, e isso lhe fez ter um certo receio. E se ninguém
gostar dela? E se ninguém achar que ela é capaz?
Esses pensamentos se penduraram na cabeça de Hanna até o último degrau da escada que
subiu junto de seu pai. O mesmo deixou sua filha na porta de seu quarto, se despedindo
com um selar na testa da garota e indo embora logo após. A mesma sem muita escolha
entrou em seu quarto, fechando a porta atrás de si para que as empregadas —que corriam
para lá e pra cá pelos corredores— não a fizesse entrar em um surto mental.
Ela se sentou em sua cama, sentindo os lençóis e a textura. Aquele quarto deixaria de ser
seu. Para comandar a El Plata teria de viajar para outro lugar. Uma nova vida, um novo
destino. Sempre foi seu mas ela nunca havia visto isso. Não até agora.

Assim que percebeu que precisava se arrumar, a mesma não perdeu tempo. Foi para o
banheiro tomar um banho quente e relaxante, porém rápido. Logo mais escolheu seu
vestido verde claro. Caia perfeitamente bem em seu corpo. O vestido tem uma abertura
completa nas costas, e um decote caprichado em V sobre seus seios. O vestido além de ser
lindo, tinha uma abertura na coxa até os pés. E o verde combina com seus olhos claros e
cabelos em um tom forte de castanho misturado com um tom de ruivo. Em seus pés, um
salto preto simples lhe trazia o charme.
Em seu rosto delicado, apenas uma leve maquiagem foi posta. Seus lábios vermelhos
naturais lhe traziam um ar mais suave enquanto seus olhos penetrantes lhe tornavam
confiante. Seria bom se utilizasse desse mesmo olhar em outras horas.
Para que não ficasse tão simples, passou um delineado feito de sombra em seus olhos, os
marcando bem.
Seu pai havia lhe pedido para ficar esplêndida, e assim ficaria.
Assim que se olhou no espelho, duas batidas na porta ecoaram pelo quarto. Hanna foi
rápida em abrir, dando de cara com Thomas. Seu sorriso se abriu assim que viu o mesmo
parado em sua porta com um buquê de flores.

—Feliz aniversário, Mi flor. —Seu sorriso encantador fez com que Hanna soltasse um alívio
de suspiro, sorrindo de volta para seu único—e fiel— amigo.

Hanna sem delongas o puxou para um abraço apertado e cheio de saudades. O mesmo
estava viajando a meses e provavelmente teria de faltar a esse evento, mas no fim, ele
conseguiu vir. Esse simples ato fez com que o dia de Hanna se tornasse cem por cento
melhor. Eles são como irmãos de sangue, vivendo juntos desde a infância e rindo das
mesmas piadas que Miguel fazia. Era algo diferente e encantador que os fazia estar juntos.
Hanna se lembra de cada momento em que viveram e passaram juntos e talvez isso fosse o
mais significante para ela. Estar tomando uma decisão tão importante seria o pior dos
pesadelos se ele não estivesse aqui para apoiá-la em tudo isso. Hanna poderia respirar mais
aliviada agora.

—Estava com tanta saudade assim? —Disse se desprendendo do abraço para olhar a
mesma. Um sorriso juvenil e florescente brotou em seus lábios, fazendo Thomas suspirar
com aquela feição—

—Sim! Ah, quanto tempo! —Choramingou olhando para o mais velho, que sorriu da sua
atitude—

Hanna sem muita delonga o puxou para dentro de seu quarto, e o colocou sentado sobre
sua cama. A garota estava tão animada que quase esqueceu das rosas, que só foram
entregues depois de Hanna perceber que Thomas estava a segurando por um longo tempo.
Era diferente agora, o mesmo não poderia julgá-la por estar tão inquieta e ansiosa. Era seu
aniversário, e passagem de liderança. Qualquer um se sentiria assim. Thomas não pode
negar que é engraçado ver Hanna dessa forma, tão sem controle, mas independente de
tudo, isso a tornava mais incrível.

—Me conte Mi flor. Como estão sendo as coisas por aqui?

—Ah, estão bem agitadas como pode ver… Há milhares de pessoas correndo pela casa para
deixá-la perfeita até a noite. Também temos todas aquelas baboseiras de “Agora deverá ser
uma grande mulher” sinceramente, exaustivo!

A garota olhava para Thomas com um semblante cansado, sua maquiagem mesmo que
tentasse encobrir o fato, Thomas nunca deixaria de perceber. Seu olhar, mesmo que
marcante, demonstrava sua falta de sono, de fome e de toda pressão que estava tendo que
suportar. É claro que os outros não veriam isso, mas ele viu. O porquê? Porque está a tempo
suficiente para conhecer até o mais simples detalhe de Hanna.

—Sabe, Mi flor. Na máfia não será tão diferente. Você terá que lidar com diversos problemas
e ainda irão falar que você não faz mais que sua obrigação. Porém, tem suas vantagens;
Você pode comandar o quanto quiser e desfrutar de seu poder de uma forma equilibrada.
Não se preocupa Mi corazón. Tudo ficará bem.

Hanna olhou para o mesmo em um gesto simples, mas grata por suas palavras. Era
diferente, complicado e mais rígido. Ela não poderia ser essa Hanna para sempre e isso
significa que teria de fazer uma grande mudança, e Hanna odeia mudanças.
Assim que Thomas segura suas mãos para lhe dar apoio de certa forma, a porta logo atrás
se abre, dando vista a Miguel e Atlas logo atrás. Thomas, delicadamente, retira suas mãos
das dela e se vira para os dois logo atrás. Mas tudo que podia ver, foi o olhar furioso de seu
irmão, o que lhe trouxe uma dúvida, e uma confusão.

—Desculpe atrapalhá-los mas Hanna, você precisa comer alguma coisa. A noite será agitada
demais e não sei se terá tempo de se alimentar bem antes de seguir viagem. —O mesmo lhe
entregou um prato, com saladas e uma fatia incrivelmente boa de lasanha. Hanna olhou
agradecida para o pai, antes de pegar o garfo e desfrutar daquele almoço—

Atlas ainda em silêncio, cruzou os braços e se escorou perto da porta. Seu olhar caia
fixamente em Thomas, e horas e outras em Hanna que parecia uma criança faminta. Seus
olhos brilhavam, seja lá o porque. Atlas é difícil de compreender. Uma hora quer se manter
afastado de Hanna, outrora quer que todos se afastem dela. Ele é indescritível.

—Mas como assim seguir viagem? Ela mal faz aniversário e já terá de ir? —Atlas se
pronuncia pela primeira vez. Sua voz fez com que Hanna desse uma leve engasgada, já que
não havia percebido o mesmo ali—

—São as regras meu filho. Eu achava que entenderiam. Até porque foi da mesma forma com
vocês dois. —O mesmo se sentou na poltrona ao lado da filha, cruzando as pernas enquanto
olhava para os dois rapazes— Isso me lembra certas coisas que tenho para dizer…

—Quais coisas? —Questionou Thomas—

—Hanna será a chefe de tudo, e isso me lembra que vocês são líderes de certas partes da
máfia. Então, serei breve. Hanna ainda não tem total conhecimento sobre tudo, e isso
significa que deverão ajudá-la. Mas, se souber que abusaram de seus poderes como líderes,
ou que estão rebaixando minha filha por ser uma mulher, não importa se são meus filhos,
eu retiro o cargo dos dois.
Thomas e Atlas se entreolharam com uma expressão que apenas os dois poderiam
distinguir. Hanna os observava enquanto aproveitava de sua refeição, que já estava
chegando ao fim. Miguel estava quieto, e com um semblante sério, por mais que sua voz
tivesse soado doce. O clima estava tenso, até que Hanna se levantou.

—Já estou satisfeita. Quando os convidados chegarão? Estou ansiosa.

—Eles chegarão mais tarde. Terá tempo de arrumar as malas e curtir seus últimos
momentos aqui.. —Miguel se levantou, abraçando a filha com tanto amor que faltaria
palavras para explicar. Assim que se desfez do abraço, desceu deixando os três irmãos
sozinhos—

Hanna queria se pronunciar, dizer alguma coisa mas o silêncio predominava naquele
quarto. Atlas esperava a mesma coisa, algum som, alguma coisa que tirasse aquela tensão.
Thomas só desejava que Atlas fosse embora, e deixasse eles a sós. Mas isso não aconteceria.
Hanna então, novamente se levanta, pára em frente ao guarda roupa e abre as portas, e
finalmente resolve falar.

—Sabe, eu agradeço que estejam aqui. Sei que você não me suporta— Se referiu a Atlas, que
sorriu— e que Thomas tinha milhares de coisas para fazer, mas preferiu deixar todas elas
pra me ver. E eu queria dizer que esse momento é importante para mim, então agradeço
por estarem aqui…

Aos poucos, Hanna começa a retirar suas roupas dos cabides, enquanto Atlas retirava as
malas de cima do armário, Thomas ajudava Hanna com a seleção das roupas. E a tarde foi
assim, com Hanna e ajudando a mesma a ser uma nova pessoa. Atlas a detesta, mas já
esteve em seu mesmo lugar. Preocupado com o futuro que o aguardava. Mesma coisa com
Thomas, que desde o princípio apenas queria viver, mas abandonou isso, para viver algo
que não escolheu. Os três estavam emboscados em algo que talvez não quisessem no
começo, mas com o tempo iriam começar a gostar.

✧༺♥༻✧

Enquanto a noite caía lentamente, os convidados entravam na grande casa de Miguel


Gutiérrez com apenas um desejo: ver Hanna Gutiérrez tomar posse do que lhe pertence e
começar sua nova jornada. Os olhares, as vozes, os risos e até mesmo os cochichos
poderiam ser ouvidos por Miguel e Thomas, mas principalmente por Hanna. Em alguns
minutos a festa se iniciaria, e todos iriam lhe cercar como corvos em cadáveres frescos.
Assim que a casa começou a lotar, uma moça com um uniforme de segurança veio na
direção de Hanna, com uma prancheta em suas mãos.
—Senhorita Hanna? Desculpa lhe atrapalhar, mas seu pai pediu para que eu lhe passasse a
ordem de todo o evento.
—Assim que Hanna concordou, a mesma começou a falar novamente— Primeiramente, irá
descer as escadas com o irmão mais velho. Assim que chegar, seu pai lhe conduzirá até o
centro —Apontou com as mãos, bem onde havia uma poltrona, como a de grandes reis— lá,
ele lhe determinará como líder da El Plata. Após isso, poderá aproveitar sua grande festa, e
depois por volta das meia noite, dançará com seus irmãos e pai.

—Certo, mas onde está Atlas? —Se perguntou, vendo que o mesmo não estava perto de seu
pai nem ao menos no andar de cima—

—Ele saiu. —Thomas chegou logo atrás de si, lhe causando um leve susto, mas sua
indignação lhe tomou tão rápido que o susto mal lhe afetou— Eu o vi saindo pelos fundos
da casa.

—Como? Como ele pode ser capaz disso? Eu ainda fui capaz de agradecer por aquele
cretino estar aqui e ele vai embora dessa forma? —Sua voz embargou por conta da raiva que
sentia naquele momento. Sinceramente, esperava bem mais de Atlas. Mas já sabia que ele
faria alguma coisa do tipo. Afinal, é Atlas—

A mesma se escorou no corrimão da escada, olhando para baixo decepcionada. Thomas


falava com a mulher que estava encarregada da organização da festa. Até que sentiu uma
coisa gelada em seu pescoço. Não teve muito tempo para raciocinar. Assim que se virou, viu
Atlas sorrindo para ela. A garota não entendeu nada, até que tocou em seu pescoço,
sentindo um colar. Era pequeno e sem muito brilho ou extravagante, mas era bonito. O
pingente era uma pequena flecha de cupido, com alguns detalhes brilhantes. Hanna apenas
sorriu, e abraçou Atlas tão espontaneamente que o mesmo se assustou.

—Achava que tinha ido embora! —Disse a mesma para ele, ainda abraçada, o que a fez
estranhar por ele não ter negado o toque e nem a retirado de seus braços. Assim que desfez
o abraço, o mesmo lhe olhou—

—Não fui embora, fui apenas pegar o presente. Tinha esquecido na cabana perto das rosas.
Miguel me proibiu de sair, já que terei de te acompanhar até a máfia, creio eu. —Atlas se
explicava com calma, mas logo atrás de si, um par de olhos furiosos lhe observava como
águia. Thomas não estava gostando dessa aproximação, nem um pouco—

Hanna sorria, mais do que nunca naquela noite. Até que chegou o momento de descer e se
misturar com os demais. Hanna não sabia como funcionava a questão de passar a liderança,
mas todos sempre diziam que era de forma honrosa e graciosa. Atlas e Hanna foram até a
ponta da escada. As luzes se desligam, até que uma grande luz branca foca somente nos
dois. Atlas entrelaça seus braços com os de Hanna, e lentamente descem a escada ao som
de um violino calmo, mas emocionante. A cada passo que Hanna dava, Atlas parecia se
assegurar de que a mesma não cairia por conta do vestido. Lentamente suas mãos
desceram até a cintura da garota em uma forma de apoiá-la com os passos e lhe guiar. Os
dois se entreolharam profundamente, em um misto de sentimentos que nenhum dos dois
poderia imaginar. Uma brasa leve e calma, porém quente de iniciou no peito de Atlas, assim
como em Hanna, que suspirou ao sentir. Os dois estavam tão ligados, que mal perceberam
que já haviam chegado. Miguel beijou a testa da filha, fazendo com que a troca de olhares
de Atlas e Hanna se quebrasse.
Miguel foi quem conduziu Hanna desta vez. Todos os olhares estavam sobre a garota, podia
até mesmo ouvir certas pessoas falando sobre seu vestido, seu cabelo e até mesmo sobre
sua coragem. Seu pai, assim que chegou no centro, pediu para que a garota sentasse na
poltrona que havia visto lá de cima. E assim, começou com a passagem.

—Nossa trajetória começa muito antes de todo esse luxo. —Iniciou Miguel com suas
palavras— Começou quando meu pai jurou que iria liderar um Império. E com isso, ele
cortou sua mão, e derramou seu sangue sobre um punhal de prata. Essa foi a confirmação
de sua audácia, de sua ambição. Após sua partida, seu legado cresceu comigo, e da mesma
forma que continuará com minha filha e seus futuros filhos. A El Plata é uma família, que
foi construída com muito esforço e luta. Nessa noite, eu confio na minha filha, para seguir
com o meu legado.

O mesmo se afastou de Hanna, e dentro de um pequeno baú, do lado de uma mesa que
provavelmente seria onde se sentaria mais tarde, seu pai tirou um punhal, e seguiu em sua
direção novamente. Hanna não estava com medo, muito pelo contrário. Sentia o sangue
pulsar em suas veias pela ansiedade.

—Esse punhal, tem o sangue do meu pai, o meu sangue e agora terá o de minha filha.
—Hanna entregou seu braço para o pai, que beijou antes de criar um pequeno corte em sua
palma. Não foi fundo, mas foi o suficiente para derramar algumas gotas de sangue em cima
do punhal.— Com esse mesmo punhal, que agora tem o seu sangue, eu lhe nomeio Hanna
Gutiérrez, Chefe-lider da El Plata. —Com o punhal novamente, Miguel encosta a ponta nos
ombros da mesma, e logo a abraçou—

Os aplausos vieram logo em seguida, todos ali estavam sendo testemunhas de uma nova
jornada na vida de Hanna. Uma na qual nem ela, e nem eles poderiam imaginar. Mas no
fundo, Hanna sentia que se sairia bem. O abraço se desfez, e Hanna com ajuda de Thomas
desceu do Centro, e se dirigiu a sua mesa, onde iria fazer um pequeno curativo em sua
mão.
Atlas a olhava de longe, com as mãos nos bolsos da calça que usava. Ele parecia sério, sério
até demais. Hanna apenas sorriu para ele, que lhe devolveu o sorriso com uma piscadela.

—Machucou muito minha filha? —perguntou seu pai—

—Não, na verdade foi mais superficial. —Explicou a garota, vendo seu pai sorrir com a
resposta— Aliás, onde está meu bolo? Até porque é meu aniversário!

—Sabia que iria me perguntar isso, mas ainda não deu meia noite, só poderemos comer o
bolo nesse horário. E Irá dançar comigo antes, quando for a hora. Agora trate de ir
conversar com os convidados. Seja receptiva.

Hanna se levantou com cuidado de sua mesa e se direcionou até as demais, indo
comprimentar cada um ali presente. As pessoas lhe olhavam, cochichavam baixinho entre
si, coisas que Hanna nunca poderia saber, ao menos que alguém lhe dissesse. Se sentia
desconfortável, observada e sabia que isso era por ter sido escolhida para comandar os
esquemas de seu pai. A mesma recebia a todos, indo de mesa em mesa ver se todos estavam
bem e confortáveis. Assim que terminou seu árduo trabalho, se sentou em uma mesa vaga
qualquer e bebeu o primeiro champanhe que viu pela frente. Hanna sentiu a presença de
alguém então forçou um sorriso, caso fosse algum convidado, mas era apenas Atlas.
O mesmo riu da expressão forçada de Hanna, e lhe ofereceu um guardanapo para arrumar
o batom borrado pela taça.

—Você fica horrível tentando ser o que não é. —Disse fazendo Hanna revirar os olhos,
mesmo ele estando certo. Isso a irritava, ele estava certo.—

—Todos nós ficamos. Olhe para essas pessoas —Disse baixinho, como se fosse um segredo,
se aproximando de Atlas— Todos eles fingindo que se importam com o rumo da máfia de
meu pai. Só quero que essa festa acabe logo. —Se afastou, rapidamente após perceber que
Atlas lhe encarava —

—Bem, sua festa logo será mais divertida. Faltam poucos minutos para dar meia noite. Seu
pai está programando uma Valsa e logo depois uma playlist que eu e Thomas ajudamos a
fazer. —O mesmo disse confiante, olhando para a mesma que ria de sua atitude. Atlas
bebeu um pouco de seu whisky, confiante—

Thomas rapidamente apareceu, sentando-se ao lado de Atlas, que não gostou de sua
atitude. Hanna sentiu uma tensão entre os dois, porém se manteve quieta sobre esse
assunto. Os dois estavam assim desde a chegada de Thomas. Sem falar que o mesmo havia
mentido, dizendo que Atlas havia ido embora, sendo que na verdade o mesmo apenas tinha
ido buscar seu presente. Seja lá o que há entre os dois, não deve ser nada bom.
Não que essa tensão entre os dois já não existia antes, mas agora parecia mais sério. Os
olhares desafiadores que ambos trocavam, as brigas constantes e tudo isso os faziam ser
insuportáveis juntos. Uma rivalidade que nunca deveria ter existido.

—Sobre o que estavam falando? —Thomas pareceu curioso, sentado ao lado de Atlas que
não lhe dirigia o olhar. Hanna se sentia estranha quando ambos ficaram assim—

—Nada demais. Apenas conversávamos sobre a playlist que criamos. —Disse Atlas simplista,
como se não fosse nada de mais. —

Thomas lhe encarou sério, talvez a resposta que queria não fosse a dele. Hanna estava
começando a se irritar. A situação toda a irritava. Os saltos estavam esmagando seus pés, o
cabelo estava lhe incomodando, o vestido lhe apertava, os olhares lhe perturbavam e o som
lhe dando dor de cabeça. Thomas e Atlas eram apenas um dos motivos de Hanna querer
surtar. E talvez essa fosse sua melhor ideia até agora.
O que a impedia de cometer tal ato era seu pai. Ele fez de tudo para que essa noite fosse
perfeita. A própria filha e aniversariante estragar tudo não seria uma boa coisa.

—Sabe meninos, tô achando que se pudéssemos adiantar logo essa festa de aniversário
seria incrível! —Segurando a taça já vazia, olhava pros dois homens a sua frente, que lhe
encaravam dessa vez com um olhar divertido—

—Se apressar o tempo terei que ir embora. — Atlas disse, vendo Hanna lhe olhar sem
entender— Irei para o escritório quando terminarmos de dançar. Recebi uma ordem de seu
pai assim que Thomas chegou. O lugar está sem comandantes. E de longe é difícil manter a
ordem. Espero que entenda.

—Tudo bem, eu consigo compreender. Só achava que ficaria mais um pouco. Sabe, é
divertido estar com vocês quando não estamos brigando. —Riram juntos pois Hanna
realmente estava certa. —

As luzes da festa se apagaram, então Hanna sentiu um toque em seu braço. Thomas e Atlas
já estavam em pé ao seu lado. Era hora da valsa.
Hanna foi guiada por Thomas até o centro, enquanto uma luz forte branca seguia seus
passos e movimentos. Assim que chegou em seu pai, deixou escapar um sorriso que para
ele, significou muito.
A música finalmente começou a tocar, era um estilo diferente, era calmo e aconchegante
que quase esqueceu que várias pessoas lhe observavam. Seu pai lhe guiava assim como
quando criança. Era diferente, era a última dança que teriam juntos por um bom tempo.
Enfim veio a troca, Hanna dançou primeiramente com Atlas, já que o mesmo teria que
partir rapidamente.
Seus braços lhe rodearam fortemente, Hanna se viu presa em seu cheiro amadeirado. Seus
olhos de encontro ao dele deram o sinal de que estavam prontos para seguir com a dança.
Atlas lhe guiava assim como seu pai. Era como mágica. Seus braços o seguravam
firmemente enquanto seus passos e olhares mais profundos eram capturados com
facilidade por Atlas. Tendo seus olhares e suspiros íntimos abafados pela música.
Finalmente a vez de Thomas. Que parecia nervoso em questão dos passos mas veio
confiante ao seu encontro, enquanto Atlas parecia nervoso, e saia sem olhar para trás.
Os passos eram os mesmos, as mãos continuavam no mesmo lugar e Thomas pareceu ser o
único empolgado ali. Mas continuaram a dançar, a olhar profundamente um para o outro.

—Não aguento mais dançar. Meus pés pedem socorro! —Disse ela rindo, enquanto Thomas
se certificava de não estar errando nenhum passo—

—Estou com medo de errar, isso sim! —Hanna riu do medo de Thomas, provavelmente
seria algo engraçado, caso acontecesse—

A música enfim parou, Hanna suspirou aliviada. Seu pai veio ao seu encontro lhe abraçar,
outras pessoas também vieram lhe desejar os parabéns. Mas Hanna sabia que aquilo só
significava uma coisa:Hora de dar adeus por um longo tempo.
Atlas já não estava ali, Thomas já estava no andar de cima, provavelmente certificando de
que nada importante ficaria em seu quarto, o qual ficaria fechado por tempo suficiente.

—É necessário isso pai? —Perguntou tristonha, olhando tudo em volta, revivendo os


fragmentos de sua infância—

—Para o seu amadurecimento e espírito de liderança, sim. Mas não se preocupe, me


certificarei de que nada saia do normal, e que não tenha que se machucar ou coisa do tipo.
E além de tudo, Atlas e Thomas estão lá por você. Finalmente terei meu querido descanso
das brigas de vocês. —O mesmo brincou, fazendo ambos rirem,mas no fundo Hanna estava
triste —
✧༺♥༻✧

A noite já estava chegando ao fim. Havia apenas um grupo de pessoas sentadas ao redor do
balcão onde estava sendo servido as bebidas. Hanna já estava cansada e com sono, seus pés
formigam pela fadiga, seu vestido incomoda e as luzes fazem seus olhos arderem. Já ao seu
lado, seu pai Miguel estava confortável, por mais que estivesse cansado. Suas últimas
palavras foram a ordem para colocar as malas de Hanna no carro e aguardar até a hora de
levá-la ao aeroporto, onde iria rumo ao seu novo caminho.

Hanna estava triste e feliz ao mesmo tempo, pois sabia que foi treinada para isso, e que
realmente queria ser uma líder de exemplo, como seu pai. Mas nunca pensou que para isso,
seria necessário abandonar toda a sua vida ao lado dele e seguir sozinha
Por mais que estivesse com seus irmãos, Hanna sabe que não seria a mesma coisa. Sua
cabeça estava a mil com todos esses pensamentos, ela sabia que quando a hora de se
despedir chegasse teria que ser forte para não chorar na frente dele, e iria tentar se manter
calma, para depois que estivessem fora dos portões da casa, pudesse chorar.

Hanna sentiu o toque de seu pai sobre seu ombro, naquele momento seus olhos se
encheram d'água. Era a hora. Os olhos de seu pai se encontraram com os seus, e naquele
exato minuto tudo que conseguiu fazer foi puxar seu pai para um abraço apertado e cheio
de saudade precoce.
Miguel sabia que seria difícil, tanto para ele quanto para ela, mas era necessário. Um futuro
que nenhum dos dois poderia emitir e negar. O abraço se desfez e Miguel sem dirigir uma
palavra, apenas guiou a filha para a fachada da casa, onde o carro que a levaria para o
aeroporto estava ao seu aguardo. Hanna olhou brevemente para trás,vendo algumas
pessoas —As que permaneceram até o final— lhe desejando sorte e sorrindo para ela.

—Filha, quero que se lembre que independente do que pode ocorrer lá, eu estou aqui. Me
mande notícias, ligue a qualquer horário, estarei sempre disponível. Não se machuque e
fique longe de cogumelos, você é alérgica. —Seu pai parecia estar listando todos os deveres
e afazeres de Hanna, mas no fundo ela sabia que o mesmo estava com medo de deixá-la
partir— eu te amo filha.

As últimas palavras fizeram o plano que Hanna, havia feito de chorar mais tarde fosse por
água abaixo. Seus olhos se encheram d'água, enquanto suas mãos tremiam para se afastar
das do pai. Thomas, que saiu de dentro do carro, foi ao encontro dos dois, ponto um fim
naquele momento doloroso entre pai e filha.

—Está na hora Hanna… —Disse tristonho, olhando Hanna secar as lágrimas—


—Certo. Não se preocupe pai, farei o meu melhor. E eu também te amo.

Com um último abraço, o momento foi encerrado com Hanna entrando no carro, e vendo
sua casa aos poucos ficando cada vez mais distante, ao ponto de não conseguir mais
enxergá-la. Muito menos conseguir ver seu próprio pai. Que aos poucos desaparecia pela
distância, e tudo que Hanna se lembra é de seu pai que lhe dava adeus com as mãos,
olhando com um ar de orgulho e pesar. Hanna jamais conseguiria esquecer essa cena.
O carro percorria rápido pela cidade, indo para o aeroporto da cidade. Seu pai decidiu não
levá-la até lá por medo de não conseguir dar adeus, e deixá-la ir. Thomas que estava ao seu
lado apenas observava a cena dos olhos de Hanna marejados, borrando um pouco de sua
maquiagem. Ele jamais diria que tudo ficaria bem, pois não tinha certeza disso. Ele apenas
mantinha-se atento a Hanna, olhando ela com pesar e consolação.

—Hey Mi flor… —Thomas puxa Hanna para um abraço apertado e forte, contudo com amor
e carinho. O mais velho levou sua mão até os cabelos da mesma, fazendo carinho em seus
cabelos ondulados, enquanto a mesma tentava se manter calma.—

Hanna estava um pouco desolada, não sabia como as coisas seriam e tudo que vagava em
sua mente era a incerteza. Será que consigo? Posso ser o que papai me ensinou a ser? As vozes
jamais cessaram em sua cabeça. Desde a madrugada até agora, no momento em que aquilo
se tornaria real. Thomas entendia isso, pois era a mesma coisa com ele.

—Eu estou bem, estou bem…—Disse baixo, se desprendendo do abraço com delicadeza,
sentando-se um pouco afastada agora. Hanna precisava de tempo para organizar os
pensamentos. — Só preciso pensar um pouco.

—Tudo bem, Mi flor. Apenas não pense demais. As coisas vão se resolver, e você verá que
todos na El Plata são bons.

El Plata? Hanna nunca havia ouvido o nome da máfia antes. Isso era sinal de que as coisas
estavam mudando. Agora ela não é mais Hanna, a garota que foi treinada para ser uma
líder. E sim a Sra.Gutiérrez, A líder da porra toda.
O caminho percorrido até o aeroporto foi em completo silêncio.

✧༺♥༻✧

Hanna e Thomas haviam entrado no avião que já estava no aguardo dos dois. Um avião
particular que seu pai, Miguel, havia ganhado anos atrás em um acordo. Levaria horas para
Hanna chegar na Itália. Destino que só soube quando ouviu o chamado de uma das
aeromoças, dizendo para ter uma boa viagem de ida à Itália. Hanna quase surtou. Thomas
por si parecia acostumado com isso. Sentou-se em uma poltrona perto da janela, Hanna o
acompanhou sentou-se na poltrona à sua frente, conseguindo ter vista dos céus também. E
por um momento, quando apertou seu cinto e sentiu o tremor do avião iniciando voo,
sentiu náuseas, vontade de rir e chorar. Apenas grudou suas mãos no braço da poltrona e
segurou até que o tremor e o barulho das turbinas cessassem. Hanna estava tendo a melhor
sensação da vida dela, olhando as nuvens que pareciam estar abaixo do avião, sentindo-se
livre. Mesmo que com medo.

Esse seria apenas um capítulo da etapa de sua nova vida.


Capítulo 2

"É um novo amanhecer,é um novo dia


É uma nova vida para mim. E eu estou me
Sentindo bem."

—Feeling good. Michael Bublé.

✧༺♥༻✧

Acordo com um pequeno empurrãozinho sobre meus ombros, me fazendo despertar de


uma forma rápida e violenta. Thomas estava de pé ao meu lado, rindo agora de minha cara
amassada e cabelos bagunçados. Eu havia dormido a viagem inteira por conta do cansaço
de minha festa de aniversário. Olho para a janela do avião e percebo com atraso que já
havíamos pousado. Thomas falava algo mas eu ainda não conseguia distinguir, estava com
sono. Passo a mão sobre meus cabelos os jogando para cima e fazendo um coque, e então
dou uma pequena balançada em meu rosto para espantar o sono. Era por volta das seis ou
sete da tarde, e eu estava completamente acabada.
Thomas aos poucos começou a me trazer de volta à vida. Dizendo sobre eu me vestir no
banheiro do avião para que as pessoas não se espantassem comigo andando de vestido
longo de festa pelo aeroporto.
Uma aeromoça com delicadeza e cuidado se aproxima de nós com um carrinho contendo
algumas torradas, café, suco e frutas. Eu pego uma torrada e bebo o café e em seguida visto
as roupas que Thomas me disse para trocar no banheiro. Quando sai, o mesmo estava
ansioso em frente a porta do avião, esperando para sairmos.
Eu ainda não havia dito nada, estava com um pouco de sono e zonza. Thomas compreendia
isso, portanto apenas me guiava como se eu fosse uma criança.

—Se alguém perguntar o que faz na Itália, diga que veio a passeio. —O mesmo fala sério,
ajeitando sua postura e olhando ao redor. — Não confie em ninguém. Essa é a primeira
regra para sobreviver. —O olhar de Hanna se desperta, ficando mais vivo a cada palavra do
maior— As pessoas sabem quem eu sou. Bem, a maioria delas. —Sorri— Então tome
cuidado.
Hanna concorda com a cabeça, seguindo Thomas com cuidado e agora também mantendo
sua guarda alta. O lugar estava lotado de pessoas, malas e crianças para todos os lados.
Poderia se perder de Thomas, isso se o mesmo não estivesse lhe segurando pelas mãos, e
guiando o caminho todo até a entrada movimentada do lugar.
Um carro preto e sofisticado estava ao aguardo dos mesmos. Hanna apenas pode ver um
homem alto e bonito sair do automóvel, cumprimentando Thomas.

—Atlas quem te mandou, Pietro? —Ele pergunta risonho, vendo a careta que o homem do
carro que deve ser Pietro faz— porque para você estar aqui, só por obrigação mesmo.

Pietro abre o porta malas, olhando com uma carranca para o outro a sua frente. Contudo
sua atenção foi voltada para Hanna que olhava tudo sem entender nada. Mas mantinha uma
postura séria.

—É um prazer lhe conhecer Senhorita Hanna. —Pietro se aproxima, e então a mesma pode
notar suas características. Provavelmente 1,90. Seus cabelos eram negros junto de seus
olhos intensos e bem escuros. Seu corpo provavelmente é forte já que a roupa apertada
detalha alguns de seus músculos. Mas o que mais chamou a atenção de Hanna foi o colar de
militar pendurado sobre o pescoço do mesmo—

Hanna aperta a mão do mesmo, olhando em seus olhos e finalmente dizendo algo.

—Prazer. Militar? —Ela olha curiosa, vendo a reação surpresa de Pietro. O mais velho sorriu
e Thomas olha a situação.—

—Ex-militar. Uso pois as pessoas acham atraente ou temem. —Ele solta sua mão, abrindo a
porta do carro para a mesma—

Hanna sorri, adentrando no automóvel e logo após Thomas e Pietro. Os dois homens falam
algo que ela não consegue entender, então volta sua atenção ao local, vendo que a noite aos
poucos se sobressai no céu. Sua ansiedade estava atacando ainda mais. Curiosa e inquieta
no banco começou a remoer seus pensamentos com todas as aulas e ensinamentos de seu
pai.

—Está ansiosa Hanna? —Seu tom foi de pergunta. Queria ter certeza que a mesma não se
incomodaria em ser chamada apenas de Hanna. O mesmo sorriu ao ver que ela deu de
ombros para isso.—

—Um pouco. —Mentiu, estava muito. — Mas me sairei bem.


—É assim que deve pensar Mi flor! —Thomas indaga ao seu lado, sorrindo orgulhoso ao
ouvir a mesma falar—

A garota tentava se manter tranquila. Respirando fundo de vez em quando. O carro fazia
seu percurso sobre Itália, lugar que Hanna só percebeu quando viu a bandeira pairando
sobre o ar, no centro do lugar.
Ela podia sentir tudo, podia sentir a adrenalina de estar ali, de ser quem nasceu para ser.
Era bom, viciante. O sentimento de estar no poder.
Pietro lhe olhava pelo retrovisor uma vez ou outra, fazendo Hanna se perguntar o que ele
queria. Era difícil ler seus olhos, mas ela poderia ler sua boca.

—O que tanto olha, Pietro? —Ela pergunta, agora mais tranquila. Abrindo a janela do carro
e experimentando a sensação do vento bagunçar seus cabelos—

Ele rapidamente retira o olhar do espelho, focando apenas na estrada. Um pouco


envergonhado por ter sido pego assim.
Hanna apenas sorriu com tudo isso.

—Eu apenas estava me perguntando o quanto você cresceu. —Sua voz grave e grossa
soaram pelo carro.— Te conheço desde os teus catorze e hoje tem vinte. É muito tempo.

—Realmente. —concordou— Você e Atlas são amigos a quanto tempo? —Sua pergunta foi
descontraída, sentindo sua energia voltar ao normal—

—Mais do que me lembro. —Ele ri, virando em outra rua— Estamos perto. O pessoal já deve
estar se preparando para abrir, chegará em uma hora boa.

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