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Universidade Federal de Pernambuco

Departamento de Expressão Gráfica

Apostila
Volume Teórico

GEOMETRIA GRÁFICA
TRIDIMENSIONAL

Autoras:
Profª Andiara Lopes
Prof ª Mariana Gusmão

2019
APRESENTAÇÃO e AGRADECIMENTOS

Caro(a) Estudante(a),

Esta é uma apostila desenvolvida especialmente para os alunos da disciplina


Geometria Gráfica Tridimensional, ministrada no Ciclo Básico do Curso de Engenharias da
Universidade Federal de Pernambuco.

Essa apostila surgiu da necessidade de registrar soluções didáticas encontradas em


sala de aula e discussões posteriores realizadas periodicamente por uma equipe de
professores que ministram essa disciplina desde 2009. Vale salientar que essa equipe de
professores não é fixa e, portanto, não há como registrar nominalmente cada um dos
membros que contribuiu com as discussões.

Essa apostila aborda três tipos de projeções bastante utilizadas em desenho técnico:
Cavaleira, Desenho Isométrico e Sistema Mongeano. Além disso, aborda temas como Vistas
Auxiliares, Verdadeira Grandeza e o estudo da Seção Plana nos sólidos básicos.

A apostila está dividida em seis capítulos. O primeiro capítulo é introdutório e aborda


algumas noções básicas sobre desenho, representação, projeção e perspectiva, bem como
materiais de desenho e sua utilização. O segundo capítulo trata da Perspectiva Cilíndrica
Cavaleira. O terceiro capítulo aborda o Desenho Isométrico, que é uma simplificação da
Perspectiva Cilíndrica Isométrica. O quarto capítulo tem como tema o Sistema Mongeano de
Representação. Finalmente, o quinto e sexto capítulos tratam dos estudos de Verdadeira
Grandeza e Seção Plana, respectivamente.

Os exercícios foram retirados, em parte, de livros e apostilas, especialmente do livro


do professor Mário Duarte e da apostila anterior da disciplina, do professor João Duarte. Outra
parte dos exercícios foi retirada de provas anteriores elaboradas pela equipe de professores já
citada acima. Nessa versão , 2019, as imagens do capítulo seis foram produzidas pela
professora Ana Carolina Puttini Iannicelli.

Agradecemos a todos que de alguma forma participaram da elaboração desse


trabalho, que tem como objetivo principal compartilhar e disseminar o conhecimento na área
da Geometria Gráfica.

Atenciosamente,

Andiara Lopes e Mariana Gusmão


SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – Noções Básicas

1.1. A Disciplina Introdução ao Desenho 4


1.2. Instrumentos de Desenho 4
1.3. Elementos Básicos do Desenho 6
1.4. O Desenho como Linguagem 7
1.5. Ortoedro de Referência 9
1.6. Sistema de Projeção 11
1.7. Tipos de Projeção 12
1.7.1. Projeção Cônica 13
1.7.2. Projeção Cilíndrica 15
1.8. Aplicabilidade da Perspectiva Cilíndrica 16

CAPÍTULO 2 – Perspectiva Cilíndrica Cavaleira

2.1. Caracterização da Perspectiva Cilíndrica Cavaleira 19


2.2. Eixos Coordenados 19
2.3. O Eixo y 21
2.4. Parâmetros da Perspectiva Cilíndrica Cavaleira 22
2.4.1. A Direção da Cavaleira (α) 22
2.4.2. Fator de Deformação (K) 23
2.5. Rotação da Peça 24
2.5.1. Diferença entre Rotação e Variação do Quadrante de Projeção do 25
Eixo y
2.5.2. Diferença entre Faces e Vistas 26
2.6. Trabalhando com Arestas que não Estão Paralelas aos Eixos Coordenados
2.7. Cilindros e Cones 28
2.7.1. Cilindros 29
2.7.2. Cones 30
2.7.3. O Desenho da Elipse 31

CAPÍTULO 3 – Desenho Isométrico

3.1. Caracterização da Axonometria 36


3.2. Caracterização do Desenho Isométrico 37
3.3. Desenho Isométrico na Prática 38
3.4. Os Eixos Coordenados e o Ortoedro de Referência 39
3.4. 1. A Visualização de Todas as Faces 39
3.4.2. Rotação da Peça 40
3.5. Cilindros e Cones 40
3.5.1. O Desenho da Elipse e da Oval 42
3.6 Furo Cilíndrico 47
CAPÍTULO 4 – A Perspectiva Cilíndrica Ortográfica

4.1. Introdução 49
4.2. Caracterização da Perspectiva Cilíndrica
Ortográfica 50
4.3. Observador, Objeto e Planos de Projeção 52
4.3.1. Primeiro e Terceiro Diedros 53
4.3.2. Segundo e Quarto Diedros 54
4.3.3. Sistemas Alemão e Americano 54
4.4. As Seis Vistas 55
4.5. Os Eixos Coordenados 59
4.6. Visualização das Vistas Mongeanas e da Peça 60
4.7. A Escolha das Vistas 61
4.8. Desenhando as Primeiras Peças em Mongeano 62
4.8.1. Exercícios Passando de Vista para Perspectiva 65
4.9. Os Sólidos Básicos: Prismas, Pirâmides, Cilindros, Cones e Esferas 66
4.9.1. Prisma 67
4.9.2. Pirâmides 68
4.9.3. Cilindros 70
4.9.4. Cones 72
4.9.5. As Geratrizes de Limites de Visibilidade nos Cilindros e Cones 74
4.9.6. Esferas 80
4.9.7. Partes da Esfera 83

CAPÍTULO 5 – Verdadeira Grandeza

5.1. Definições e Usos 88


5.1.1. Compreendendo as Três Posições Básicas: Paralela, pendicular e 88
Oblíqua
5.2. Sistema Mongeano e Plano Auxiliar 90
5.3. Mudança de Plano 93
5.4. Caso 1 93
5.5. Caso 2 95
5.6. Caso 3 97

CAPÍTULO 6 – Seção Plana

6.1. Introdução ao Conceito de Seção Plana e


Interseção 100
6.1.1. Superfície e Sólido 100
6.1.2. Interseção e Seção 102
6.2. Seção Plana de Sólidos Geométricos Básicos 103
6.2.1. Seção Plana de Prismas 103
6.2.2. Seção Plana de Pirâmides 106
6.2.3. Seção Plana de Cilindros 111
6.2.4. Seção Plana de Cones 117
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CAPÍTULO 1 – Noções Básicas
CAPÍTULO 1 – Noções Básicas

1.1. A Disciplina Introdução ao Desenho

O conteúdo dessa disciplina é importante para os estudantes de engenharia porque a prática


profissional inclui a resolução de problemas que envolvem a visualização e representação de objetos
e construções em diversas escalas nos projetos de engenharia.

O principal objetivo da disciplina Introdução ao Desenho é desenvolver as habilidades de


visualização espacial, expressão e interpretação gráficas. Isso quer dizer que ao final do semestre, se
espera que os alunos possam visualizar sólidos geométricos, se expressar graficamente e representar
objetos em cavaleira, desenho isométrico e no sistema mongeano.

Para tanto, a metodologia utilizada na disciplina inclui aulas expositivas e resolução de


exercícios em sala. No entanto, para atingir um nível satisfatório na disciplina é necessário que o
aluno reserve tempo extra-aula para complementar com resolução de exercícios.

A disciplina será divida em três unidades: I) cavaleira e desenho isométrico; II) sistema
mongeano e; III) verdadeira grandeza e seção plana. Ao final de cada unidade será realizada uma
prova. O assunto é cumulativo. O calendário do curso é fixo, portanto as datas das provas são
definidas no início do semestre. As informações e materiais trocados entre professor e aluno deverão
ser feitas em sala de aula e através de e-mail.

1.2. Instrumentos de Desenho

É muito importante que os alunos das disciplinas de desenho tenham total domínio do uso dos
instrumentos básicos de desenho.

1. Lapiseira: recomenda-se o uso de lapiseira com grafite do tipo HB com espessura de 0,5 mm,
para evitar perda de tempo e imprecisão.
2. Borracha: recomenda-se o uso de borracha branca macia, se possível borracha específica para
desenho técnico.
3. Régua: recomenda-se o uso de régua transparente de plástico ou acrílico, com 15 ou 20 cm.
4. Compasso de Metal: recomenda-se o uso de compasso de metal. O compasso é um
instrumento utilizado para desenhar arcos e circunferências, mas ele também pode ser usado
para transportar medidas e ângulos.
5. Par de Esquadros: recomenda-se o uso de um par de esquadros que não tenham marcação
de escala. No par, um deve ter dois ângulos de 45ᵒ e o outro um ângulo de 60ᵒ e um de 30ᵒ.
Veja as figuras 1.1 e 1.2. O tamanho dos esquadros é medido pelo lado maior, a hipotenusa
do triângulo formado pelo esquadro de 45ᵒ e o lado de tamanho médio, cateto maior, do
esquadro de 60ᵒ.
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CAPÍTULO 1 – Noções Básicas

Fig. 1.1

Fig. 1.2

Os esquadros são vendidos em pares por duas razões: primeiro porque um serve de
apoio para o outro no traçado de linhas paralelas e perpendiculares e segundo, porque
quando usados em conjunto com a régua T ou a régua paralela, seus ângulos permitem a
formação de diversos outros ângulos. Ver figura 1.3.

Fig. 1.3

6. Papel: recomenda-se o uso de papel branco com formato A4. A quantidade a ser utilizada é
de aproximadamente meia resma. O formato básico de papel designado de A0 (A zero)
considera um retângulo de 841 mm (altura “a”) por 1.189 mm (largura “l”) correspondente a
1 m² de área. Deste formato derivam-se os demais formatos na relação l = a√ 2 , conforme
figura 1.4.

Fig. 1.4
http://blog.creativecopias.com.br/simplificando-o-tamanho-e-formato-dos-papeis/

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CAPÍTULO 1 – Noções Básicas
1.3. Elementos Básicos do Desenho

O desenho possui quatro elementos básicos por meio dos quais podemos expressar ideias.
São eles: o ponto, a linha, a superfície e o volume. Esses elementos são conceitos ou ideias, portanto
são abstratos. Quando desenhamos um ponto, uma linha, uma superfície ou um volume esses
conceitos deixam de ser conceitos e passam a ser formas ou representações.

1. O Ponto: É o elemento mais básico e mais fundamental do desenho. Ele indica uma posição,
não possui formato ou dimensão, não ocupa um lugar no espaço. É também o lugar do
cruzamento de duas ou mais linhas. O ponto marca o início e o fim de uma linha. É
representado por uma letra maiúscula do alfabeto latino (A, B, D, K). Observe as figuras 1.5,
1.6 e 1.7.

Fig. 1.5 Fig. 1.6 Fig. 1.7

2. A linha: À medida que o ponto se move, a sua trajetória se torna uma linha. Assim, a linha é o
enfileiramento de pontos unidos. Possui apenas uma dimensão (comprimento); mas possui
posição e direção. Porém, a posição e a direção são sempre relativos a um referencial,
conforme veremos. É representada por uma letra minúscula do alfabeto latino (a, b, c, r, p, q,
v, x). A linha define os limites de uma superfície e podem ser classificadas de acordo com o
Formato e de acordo com o Traço.

Nessa disciplina utilizaremos, com relação ao formato, linhas retilíneas e linhas curvas.
Com relação ao tipo de traço, utilizaremos três tipos de linhas, conforme o quadro abaixo.

NOME DO ESPESSURA USO


TIPO
LAYER (LAPISEIRA) CAVALEIRA E ISOMETRIA MONGEANO
Representar linhas auxiliares
Linha de 0,3 e/ou de construtivas gerais,
Contínua fina Ortoedro de Referência
construção arestas não visíveis e Ortoedro
de Referência
Linha de
Contínua grossa 0,5 Representar as arestas visíveis Representar as arestas visíveis
aresta visível
Linha de 0,3 Representar a projeção das
Contínua fina -
chamada projetantes
Representar as linhas de terra,
Contínua
Linha de terra 0,7 - i.e., o encontro dos planos
+grossa
mongeanos
Linha de
Tracejada Representar as arestas não
aresta não 0,5 -
grossa visíveis
visível
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CAPÍTULO 1 – Noções Básicas

3. A superfície: Na medida em que a linha se desloca, a sua trajetória, que não seja a sua direção
intrínseca, se torna uma superfície. Assim, a superfície é o enfileiramento de linhas unidas. As
superfícies possuem apenas duas dimensões, profundidade e largura. A superfície define os
limites de um volume. Porém, a posição e a direção são sempre relativas a um referencial,
conforme veremos. É representada por uma letra do alfabeto grego (α, β, γ, δ, λ, π, φ).

4. O Volume: A trajetória de uma superfície em uma direção, que não seja a sua direção
intrínseca, se torna um volume. O volume tem uma posição no espaço e possui também três
dimensões: largura, altura e profundidade. No espaço o volume é limitado por planos. Ver
figura 1.8.

Fig. 1.8

1.4. O Representação Gráfica como Linguagem

De maneira geral, a representação gráfica é uma forma de linguagem. Em outras palavras,


pode-se dizer que um dos interlocutores usam-na para representar uma ideia e, assim, transmiti-la
para o outro. No campo das engenharias, ela adquire um caráter específico, uma vez que precisa
representar a forma, dimensão e posição de um objeto de acordo com as necessidades de cada
projeto. Para os desenhos dessa natureza dá-se o nome de Desenho Técnico.

Nas engenharias, como em muitas áreas de conhecimento existe a necessidade de se criar


formas, desde um parafuso até uma edificação. A base desse processo está numa etapa chamada de
criação, sendo seu produto um projeto. Esse último consiste na representação daquilo que está no
plano das ideias, para que essas sejam compreendidas e executadas pelos outros profissionais
envolvidos no processo precisam ser desenhadas. Esse desenho não pode ser feito de qualquer
maneira, deve obedecer a alguns padrões e procedimentos que visem sua universalização. Dessa
maneira, o desenho técnico cumpre sua função, que é a de estabelecer a comunicação entre as
partes envolvidas no processo de criação e execução de objetos.

Em um desenho artístico a representação é uma escolha do artista, este não tem compromisso
com o que é real, sua representação é livre e é feita de acordo com a interpretação do objeto no
contexto de sua visão do mundo. Nesse caso, cada artista possui uma linguagem própria, única e
quanto mais particular for essa linguagem mais marcante será seu estilo. Diferentemente do desenho

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CAPÍTULO 1 – Noções Básicas
artístico, o desenho técnico é comprometido com a representação da realidade. Essa sua
característica possibilita a comunicação entre as partes envolvidas no processo de produção de um
objeto através da linguagem universal. Observe as figuras abaixo e reflita um pouco sobre as
diferenças entre o desenho artístico, à esquerda, e o desenho técnico, à direita.

Kandinsky, Arch and Point, 1923


http://aordemsinequanonoide.blogspot.com.br/2010/12/desenho-
http://www.invisiblebooks.com/Kandinsky.htm
tecnico-mecanico.html
Fig. 1.9
Fig. 1.10

Para representar um objeto é importante perceber que todos os objetos que estão a nossa
volta possuem três dimensões: largura, altura e profundidade. Quando vamos fazer a representação
desse objeto, as dimensões precisam ser desenhadas em uma superfície com apenas duas
dimensões, como é o caso do papel ou da superfície da tela do computador. Como fazer essa
representação é exatamente o objetivo dessa disciplina.

É importante salientar, mais uma vez, que a representação para o desenho técnico, não pode
ser feita de maneira aleatória, ela deve obedecer a normas específicas para garantir a universalidade
da linguagem. Tanto quem desenha como quem lê o desenho precisa falar a mesma língua, ou seja,
dominem a representação na qual o desenho foi feito. Visando padronizar as possíveis
representações de um objeto foram criados sistemas de representação.

Os sistemas de representação são como linguagens a qual os profissionais da área dominam.


Quem desenha e que lê o desenho sabem em qual sistema de representação o objeto foi desenhado,
sabe retirar/interpretar do próprio desenho as informações necessárias para a sua construção. As
representações dentro dos Sistemas de Representação são chamadas de perspectivas.

O principal objetivo perspectivas é representar em uma superfície bidimensional as três


dimensões de um objeto. Existem duas etapas nessa representação. A primeira diz respeito ao
processo cognitivo de transpor a imagem do objeto real para a representação do mesmo no papel. A
outra etapa é, exatamente, percorrer o caminho inverso, o qual consiste em perceber a
tridimensionalidade do objeto quando ele está representado em duas dimensões, ou seja, no papel.
Ambos os processos requerem o domínio das regras que diferenciam asperspectivas.

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CAPÍTULO 1 – Noções Básicas
A palavra perspectiva possui origem grega e deriva da palavra Perspicere, que significa “ver
através de”. A maneira mais simples de definir perspectiva é: Perspectiva é a representação de um
objeto ou paisagem – que possui três dimensões – em desenho, ou pintura, ou outra forma de
representação gráfica, em duas dimensões. Ou ainda, a representação de três dimensões em duas
dimensões.

PERSPECTIVA = 3D 2D

Abaixo estão diferentes representações de um mesmo objeto utilizadas no desenho técnico,


figuras 1.11, 1.12, 1.13 e 1.14.

Axonometria Cônica Isometria Cavaleira Mongeano


Fig. 1.11 Fig. 1.12 Fig. 1.13 Fig. 1.14

Essas representações se diferenciam em função de dois aspectos:


1°) Posicionamento do ORTOEDRO DE REFERÊNCIA, que imaginariamente envolve o objeto,
em relação ao plano de projeção e;
2°) Tipo de projeção.
A seguir será explicado o significado de cada um desses termos.

1.5. Ortoedro de Referência

A utilização do ortoedro de referência é uma técnica muito útil quando se trabalha com
representações em geral. Ela consiste em imaginarmos o objeto que queremos desenhar dentro de
uma caixa, mas não de uma caixa qualquer. Essa caixa também pode ser chamada de ortoedro
auxiliar, ortoedro envolvente, ou ainda, de paralelepípedo de referência. Ver figura 1.15.

O ortoedro de referência possui características que facilitam a visualização espacial do objeto,


são elas:
1. Todas as suas arestas são paralelas a algum dos três eixos coordenados x, y e z, largura,
profundidade e altura, respectivamente;
2. Possui faces retangulares;
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CAPÍTULO 1 – Noções Básicas
3. As faces formam ângulos retos umas com as outras;
4. As faces opostas são iguais entre si.

Fig. 1.15

As figuras 1.16 e 1.17 mostram um mesmo objeto inserido em dois ortoedros de referência
diferentes. Esse exemplo nos mostra como o mesmo objeto pode ter interpretações diferentes,
dependendo da colocação do ortoedro. Na figura 1.16 a face ABC está perpendicular ao chão, colada
com a face frontal do ortoedro. Já na figura 1.17 a face ABC está inclinada, ou oblíqua ao chão, como
uma rampa.

Figura 1.16 Figura 1.17

A técnica do ortoedro de referência é um artifício que utilizamos para desenhar objetos


quaisquer. É muito importante que ortoedro envolva o objeto completamente e, além disso, que
fique bem “colada” ao objeto, de modo que possibilite a coincidência de faces e arestas do objeto
com faces do ortoedro. Dessa maneira, o ortoedro de referência seria a MENOR CAIXA POSSÍVEL
capaz de conter o objeto que queremos desenhar.

Muitas vantagens podem ser vistas quando usamos o ortoedro de referência:


1. O ortoedro é um objeto simples de ser desenhado;
2. O uso do ortoedro faz com que possamos controlar quais faces queremos mostrar, porque
primeiro decidimos como fica o desenho do ortoedro e só então colocamos o objeto
dentro dele;
3. Como o ortoedro possui todas as suas arestas paralelas a um dos três eixos coordenados,
é fácil fazer uma correlação entre as medidas do objeto e as medidas do ortoedro;
4. Qualquer objeto pode ser colocado, ou imaginado, dentro de um ortoedro, especialmente
os objetos com faces curvas ou muito detalhadas. Quando mais detalhado é o objeto mais
precisamos do ortoedro de referência. A figura 1.18 mostra um objeto qualquer e a figura
1.19 mostra o mesmo objeto inserido no Ortoedro.

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Fig. 1.18 Fig. 1.19

1.6. Sistema de Projeção

As representações têm em seu arcabouço sistemas de projeção. Para entender como funciona
um sistema de projeção o exemplo mais comumente utilizado é o da sombra. Ver figura 1.20.

http://well31.comunidades.net/index.php?pagina=1305455344
Fig. 1.20

Na figura 1.18, da fonte de luz (F) saem os raios luminosos que iluminam o objeto e a parede
atrás do objeto. A sombra acontece porque os raios que iluminam o objeto não chegam até a parede,
deixando a projeção da imagem do objeto na superfície bidimensional da parede.

Um sistema de projeção funciona de forma semelhante. Para representar um objeto


primeiramente é necessário projetá-lo. O processo de projeção funciona como uma cena, para
compreendê-la precisamos conhecer alguns elementos básicos que a compõe. São eles:
a. Observador: centro de projeção;
b. Objeto: o objeto é o que queremos representar;
c. Projetantes: raios visuais que partem dos olhos do observador;
d. Plano de Projeção: é o plano onde será desenhada a projeção.

A cena funciona da seguinte maneira: o observador observa o objeto. Para perceber o objeto,
dos olhos do observador partem raios visuais, ou projetantes, que conectam os olhos do observador
aos limites do objeto, projetando o objeto no plano de projeção. Os pontos, onde as projetantes
“passam” ou “tocam” no plano de projeção definem o desenho da projeção do objeto, que consiste
em uma imagem bidimensional proporcional ao objeto tridimensional.

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Na figura 1.21 abaixo o centro de projeção está representado pela lanterna, os raios de luz
que saem da lanterna (projetantes) incidem sobre o objeto projetando-o no plano do quadro (plano
de projeção).

http://edificacacaomoderna.blogspot.com.br/2012/03/projecoes-conicas.html
Fig. 1.21

Na situação anterior o exemplo foi dado a partir de um objeto real, porém, podemos imaginar
uma situação na qual o objeto é virtual, ou seja, existente apenas como uma ideia. Sendo assim, é
necessário um grau de abstração relativamente maior para imaginar toda essa cena primeiramente
em nossa mente, para, só então, representar no papel a projeção final do processo.

1.7. Tipos de Projeção

Existem dois tipos de projeção bastante conhecidos e utilizados, a PROJEÇÃO CÔNICA e a


PROJEÇÃO CILÍNDRICA. Nessa disciplina serão abordadas as projeções Cilíndricas: cavaleira, isometria
e sistema mongeano. Observe abaixo um quadro síntese que mostra o mesmo objeto sendo
representado em cada um dos tipos de projeção.

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1 FUGA

PROJEÇÃO
2 FUGAS
CÔNICA

3 FUGAS

TIPOS DE
PROJEÇÃO

CAVALEIRA

ISOMETRIA

PROJEÇÃO
CILÍNDRICA AXONOMETRIA DIMETRIA

TRIMETRIA

SISTEMA
MONGEANO
O

1.7.1. Projeção Cônica

Na projeção Cônica o centro de projeção é chamado de PRÓPRIO, isso porque ele está a uma
distância finita do objeto. Esse sistema é bem semelhante ao exemplo dado anteriormente, que
comparou o centro de projeção com uma lanterna. No exemplo da figura 1.22 é fácil perceber que as
projetantes que partem dos olhos do observador formam um feixe cônico. Por essa razão o sistema é
chamado de Cônico. Esse feixe projeta o objeto, a esfera, no plano de projeção, ficando a imagem
projetada em forma de circunferência.

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CAPÍTULO 1 – Noções Básicas
Na figura 1.23 temos um exemplo da uma projeção cônica de um objeto bidimensional, o
triângulo ABC, o qual projetado segundo um centro de projeção O, forma a imagem A’B’C’.

Projeção cônica
Fig. 1.22

http://det.ufc.br/desenho/?page_id=86
Projeção cônica
Fig. 1.23

Nesse curso nós não estudaremos esse tipo de projeção. Mas é importante sabermos que a
projeção cônica imita a visão humana. Por isso, seu desenho é mais facilmente percebido, mesmo
por pessoas que não conhecem o desenho.

Nas figuras 1.24 e 1.25 temos a mesma cena vista de ângulos diferentes. A cena mostra uma
projeção cônica com o plano de projeção localizado entre o observador e o objeto. Ao observarmos
as duas imagens, podemos perceber claramente a relação entre observador, projetantes, objeto e
sua imagem.

http://edificacacaomoderna.blogspot.com.br/2012/03/projecoes-conicas.html
Fig. 1.24

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http://edificacacaomoderna.blogspot.com.br/2012/03/projecoes-conicas.html
Fig. 1.25

1.7.2. Projeção Cilíndrica

Na projeção Cilíndrica o observador está uma distância infinita do objeto. Nesse caso o centro
çde projeção é IMPRÓPRIO, ver figura 1.26.

As projetantes ao invés de serem concorrentes (num ponto que é o centro de projeção), como
ocorre no sistema cônico de projeção, elas são paralelas. Isto é, as projetantes partem do centro de
projeção num feixe em forma de cilindro, é por essa razão que esse sistema de projeção é chamado
de cilíndrico. Um exemplo que ilustra bem a mecânica desse sistema de projeção é o dos raios
luminosos que partem do sol. O sol está a uma distância tão grande da terra que ao chegar à sua
superfície os raios luminosos estão quase paralelos entre si e aí projetam a sobra dos objetos sobre a
superfície terrestre de forma cilíndrica.

http://edificacacaomoderna.blogspot.com.br/2012/03/projecoes-
conicas.html
Fig. 1.26

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CAPÍTULO 1 – Noções Básicas

No sistema cilíndrico de projeção podemos ter as projeções cilíndricas oblíquas (figura 1.27) e
as projeções cilíndricas ortogonais (figura 1.28). O que diferencia uma da outra é exatamente o
ângulo de incidência das retas projetantes no plano de projeção. Nas projeções cilíndricas oblíquas o
ângulo é diferente de 90° e nas projeções cilíndricas ortogonais esse ângulo é igual a 90°. Reparem a
diferença:

http://det.ufc.br/desenho/?page_id=86 http://det.ufc.br/desenho/?page_id=86
Projeção Cilíndrica Oblíqua Projeção Cilíndrica Ortogonal
Fig. 1.27 Fig. 1.28

1.8. Aplicabilidade da Perspectiva Cilíndrica

Uma coisa muito importante e motivadora para aprender um novo assunto é saber sobre a
aplicabilidade do que se está aprendendo. Uma pergunta sempre válida diante de um novo
conhecimento é “Que usos esse assunto possui?”. No caso dessa disciplina a pergunta seria? Que
usos a representação de objetos tridimensionais em duas dimensões pode ter para um futuro
engenheiro?

A primeira aplicação seria a representação de objetos que muitas vezes estão apenas no plano
das ideias. Quando é necessário comunicar uma ideia para outros, apenas palavras não explicam
tudo, especialmente quando as ideias tratam de formas.

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As Perspectivas Cilíndricas são indispensáveis para todas as áreas do conhecimento que
trabalham ou estudam a FORMA: Arquitetura, Engenharia, Arte, Design, Expressão Gráfica, entre
outras. Tal tipo de representação é a base do desenho técnico.

Outra aplicação das Perspectivas Cilíndricas está presente em manuais de equipamentos


sejam de móveis, de máquinas e até de brinquedos. Esses se utilizam das perspectivas cilíndricas tipo
cavaleira ou axonometria (usualmente o desenho isométrico) para representar peças e
equipamentos. Veja a figura 1.29 de um manual virtual para montagem de um brinquedo. Observe
que desde as peças do menu até a representação da peça a ser montada estão em desenho
isométrico.

http://www.baixaki.com.br/download/lego-digital-designer.htm
Fig. 1.29

Uma terceira forma de aplicação das perspectivas está nos ambientes virtuais de jogos e
manuais. Nesse ambiente a visão isométrica é um recurso amplamente utilizado, como mostra a
figura 1.30.

http://www.tecmundo.com.br/1085-o-que-e-visao-isometrica-.htm
Fig. 1.30

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CAPÍTULO 1 – Noções Básicas

Na área das Engenharias a aplicabilidade das perspectivas em geral é quase uma


obrigatoriedade, porque não há como falar de objetos, sejam reais ou virtuais, sem lançar mão do
uso de algum tipo de representação da forma (ver figura 1.31). As perspectivas nesse caso são o
recursos que estabelecem a comunicação na área. Nesse caso é possível utilizar tanto as perspectivas
feitas à mão livre, quanto as feitas com esquadros e compasso, até mesmo as feitas com o auxílio de
softwares especializados. Independentemente de como as perspectivas são elaboradas, para
desenhá-las são necessários conhecimentos específicos sobre o assunto.

HTTP://WWW.NAVAL.COM.BR/BLOG/2012/03/09/AVISOS-HIDROCEANOGRAFICOS-FLUVIAIS-AVHOFLU-RIO-SOLIMOES-E-RIO-
NEGRO/
Fig. 1.31

Muitos acreditam que com o amplo uso do computador não será mais necessário aprender
certos conceitos, essas pessoas esquecem que o computador não realiza procedimentos sozinho.
Para que o desenho seja feito com softwares é preciso efetuar comandos, caso contrário, mesmo
com os mais avançados softwares disponíveis no mercado, o desenho pode findar incorreto ou
incompleto.

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CAPÍTULO 2 - Cavaleira

CAPÍTULO 2 – PERSPECTIVA CILÍNDRICA CAVALEIRA

2.1. Caracterização da Perspectiva Cilíndrica Cavaleira


Conforme visto no item 1.4 do capítulo anterior, as representações de objetos em perspectiva
se diferenciam em função de dois aspectos:
1. Posição do ortoedro de referência em relação ao plano de projeção, e;
2. Tipo de projeção.
No caso da Perspectiva Cilíndrica Cavaleira, que está representada na figura 2.1, a posição
característica ortoedro de referência é tal que sua face frontal SEMPRE ficará paralela ao plano de
projeção.
Já a projeção é do tipo CILÍNDRICA OBLÍQUA, ou seja, as retas projetantes são paralelas entre
si, porque o observador está em um ponto impróprio, e essas encontram o plano de projeção de
forma oblíqua, fazendo, portanto, um ângulo diferente de 90ᵒ, como aparece na figura 2.1.

Fig. 2.1
Fonte: DUARTE, 2008. Fig. 2.2

A análise da figura 2.2, que traz a representação em Perspectiva Cilíndrica Cavaleira do objeto
da figura 2.1, mostra que os ângulos retos existentes na face frontal são mantidos em sua verdadeira
grandeza, ou seja, a Perspectiva Cilíndrica Cavaleira mantém a VG das medidas angulares, bem como
lineares na face frontal da peça. Lembrando que isso ocorre porque a face frontal encontra-se
paralela ao plano de projeção. Além disso, as arestas referentes às profundidades e às alturas são
paralelas entre si.

2.2. Eixos Coordenados


A visualização de objetos tridimensionais se dá com mais facilidade quando se utilizam os
eixos coordenados, uma vez que eles funcionam como uma estrutura que dá suporte a todo o
desenho. A figura 2.3 traz um desenho esquemático dos três eixos coordenados. Nele está o eixo x,
que é o eixo referente às larguras; o eixo y que é o eixo referente às profundidades, e o eixo z, que é
o eixo referente às alturas. Dessa forma, todas as larguras da peça ficarão paralelas ao eixo x, todas
as profundidades ficarão paralelas ao eixo y e todas as alturas ficarão paralelas ao eixo z.

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Fig. 2.3 Fig. 2.4

Posicionamento das Faces


A figura 2.4 mostra um dado desenhado em Perspectiva Cilíndrica Cavaleira e referenciado
pelos eixos coordenados. A face que contém o número um do dado é a FACE SUPERIOR do objeto, a
face que contém o número dois é a FACE FRONTAL e a face que contém o número três é a FACE
LATERAL DIREITA. A face oposta à face frontal é a FACE POSTERIOR, já a face oposta à face superior é
a FACE INFERIOR e, finalmente, a face oposta à face lateral direita é a FACE LATERAL ESQUERDA.

ATENÇÃO!
É muito comum confundir a denominação das faces laterais, esquerda e direita.
A face lateral esquerda fica do lado esquerdo de quem observa. Consequentemente, a face
lateral direita fica do lado direito.
Lembrem-se de que desenhos são inanimados, eles não possuem consciência e referência próprias.
O observador é quem denomina as partes, direções e demais elementos do desenho. Portanto, é o
referencial de quem observa que é levado em consideração.

Quando os eixos coordenados são desenhados, como na figura 2.3, é possível perceber alguns
aspectos particulares desse tipo de Perspectiva Cilíndrica Cavaleira. O primeiro deles é a manutenção
da ortogonalidade entre os eixos x e z. Se considerarmos o espaço tridimensional, é possível afirmar
que todos os eixos fazem 90ᵒ entre si. No entanto, se considerarmos a representação em Perspectiva
Cilíndrica Cavaleira só enxergamos 90ᵒ de fato entre os eixos x e z. Essa característica confere à
Perspectiva Cilíndrica Cavaleira um aspecto importante que é o fato dos ângulos e medidas contidas
na face frontal e posterior do ortoedro de referência manterem suas verdadeiras grandezas (VG), isto
é, as medidas do desenho são iguais às medidas do objeto real. É por essa razão que se diz que na
Perspectiva Cilíndrica Cavaleira as faces paralelas ao plano de projeção estão em VG. Já as outras
faces sofrem algum tipo de deformação, fato que será estudado com mais detalhes adiante. Dessa
maneira, quando se desenha uma Perspectiva Cilíndrica Cavaleira os eixos x e z SEMPRE fazem 90ᵒ
entre si, ou seja, eles ficam fixos nessa posição, já o eixo y não tem uma posição fixa. A variação da
direção do eixo y e as implicações dela serão estudadas no próximo item.

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CAPÍTULO 2 - Cavaleira
2.3. O Eixo y
As perspectivas sempre mostram três faces. No caso da Perspectiva Cilíndrica Cavaleira a
face frontal, que fica paralela ao plano de projeção, SEMPRE é mostrada. Esta é, em geral, a
principal face da peça. Usualmente, são mostradas as três faces que contêm mais detalhes ou as
três que melhor definem o objeto. Sendo assim, podemos ter apenas as seguintes combinações:
 Frontal, lateral direita e superior;
 Frontal, lateral esquerda e superior;
 Frontal, lateral direita e inferior, e;
 Frontal, lateral esquerda e inferior.
A representação de um ou de outro conjunto de faces, acima listados, depende da direção
escolhida para projetar o eixo coordenado y, pois, como foi mencionado, os eixos x e z ficam fixos,
fazendo 90° entre si. Assim, caso a direção escolhida para o eixo y seja como a que está na figura 2.5,
as faces mostradas são a FRONTAL, a LATERAL ESQUERDA e a SUPERIOR. Já se a direção de y for
como na figura 2.6 as faces mostradas são FRONTAL, LATERAL DIREITA e INFERIOR.

Fig. 2.5 Fig. 2.6

A figura 2.7 traz a síntese das quatro possíveis direções que o eixo y pode assumir, bem como
as faces que são mostradas em cada caso. Quando a direção escolhida para a projeção do eixo y é a
que está no quadrante 1, são mostradas as faces: FRONTAL, LATERAL ESQUERDA e INFERIOR. No
quadrante 2 são as faces: FRONTAL, LATERAL DIREITA e INFERIOR. No quadrante 3, as faces:
FRONTAL, LATERAL DIREITA e SUPERIOR; e, finalmente, no quadrante 4, as faces mostradas são:
FRONTAL, LATERAL ESQUERDA e SUPERIOR.

2 1

3 4

Fig. 2.7 21
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2.4. Parâmetros da Perspectiva Cilíndrica Cavaleira
Para que uma Perspectiva Cilíndrica Cavaleira possa ser elaborada dois parâmetros precisam
ser previamente definidos: a direção da Cavaleira (α) e o fator de deformação (k).

A figura 2.8 apresenta a projeção de um


objeto em Perspectiva Cilíndrica Cavaleira.
Nessa representação podemos perceber que
as arestas referentes à largura (ex.: AC) e à altura (ex.:
AD) são paralelas ao plano de projeção e quando
projetadas aparecem nesse plano exatamente com a
mesma medida que possuem no real. Isso significa
que na Perspectiva Cilíndrica Cavaleira elas estão em
VG.
No entanto, as arestas referentes à
profundidade (ex.: AB), que no espaço estão
perpendiculares ao plano de projeção, quando
projetadas, aparecem de maneira deformada. Essa
deformação vai depender da direção tomada pelas
retas projetantes (ex.: AA’). Tal direção pode ser
determinada por dois ângulos (α e β). No próximo
item tais ângulos e as relações que eles têm com os
parâmetros determinantes da Perspectiva Cilíndrica
Cavaleira serão estudados.
Fig. 2.8
Fonte: DUARTE, J., 2008.

2.4.1. A Direção da Cavaleira (α)

DEFINIÇÃO: O ângulo α pode ser definido como sendo o ângulo formado pela horizontal da projeção
(ex.: A’C’) e pela projeção da profundidade do objeto (ex.: A’B’), como podemos ver na figura 2.8.
Não existe uma medida definida para α, ou seja, uma Perspectiva Cilíndrica Cavaleira pode ser
desenhada com α medindo qualquer ângulo entre 0ᵒ e 90ᵒ. No entanto, a medida de α vai influir na
porção vista das faces. Na prática, os ângulos existentes nos esquadros (30ᵒ, 45ᵒ e 60ᵒ) acabam
sendo, pela praticidade, os ângulos mais utilizados na elaboração de Perspectivas Cilíndrica Cavaleira,
mas nada impede que outras medidas sejam adotadas. Veja nas três figuras abaixo uma comparação
mostrando o que acontece quando variamos os valores de α.

Fig. 2.9 Fig. 2.10 Fig. 2.11


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CAPÍTULO 2 - Cavaleira
O que podemos concluir após a análise das figuras acima é que mesmo que estejam sendo
mostradas as mesmas faces (FRONTAL, LATERAL DIREITA e SUPERIOR), quando o ângulo α varia,
porções diferentes das faces FRONTAL e LATERAL DIREITA são mostradas. No entanto, o mesmo não
ocorre com a face FRONTAL, a qual aparece da mesma forma nas três figuras. Isso acontece porque
ela está paralela ao plano de projeção e, consequentemente, em VG. Dessa forma, suas medidas
lineares e angulares são resguardadas mesmo depois da sua projeção.
Na figura 2.9, α mede 30°, e a face LATERAL DIREITA aparece com bem mais destaque do que
a face SUPERIOR. Já na figura 2.10, onde α mede 45ᵒ, ambas as faces aparecem com o mesmo
destaque. Finalmente, na figura 2.11, que tem α medindo 60°, vemos uma porção bem menor da
face LATERAL DIREITA do que da face SUPERIOR. O mesmo pode ser feito com as outras combinações
de faces.
ATENÇÃO!
Ao escolher a medida de α, evite os ângulos 90ᵒ e 180ᵒ, porque com esses valores só é
possível mostrar duas das faces do ortoedro.

Fig. 2.12
Fonte: DUARTE, J., 2008.

2.4.2. Fator de Deformação (K)

DEFINIÇÃO: O fator de deformação (K) consiste na relação constante entre o comprimento real de
um segmento (ex.: AB, da figura 2.13) e o comprimento dele depois de projetado (ex.: A’B’).

Essa relação também é dada pela tangente do


ângulo β, o qual está contido no triângulo AOA’ da figura
2.13.
DEMONSTRAÇÃO: K = tg (β)

tg (β) = cateto oposto = A’O = A’B’


cateto adjacente AO AB

Assim: K = A’B’
AB
A’B’ = K x AB
Fig. 2.13
Se K = 1; A’B’ = AB
Se K = 0,5; A’B’ = 0,5 x AB
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ATENÇÃO!
O fator de deformação (K) atua apenas nas projeções das arestas que são paralelas ao eixo
coordenado Y, ou seja, aquelas que no espaço, são ortogonais ao plano de projeção. As projeções
das arestas paralelas ao plano de projeção permanecem com o tamanho real.

O fator de deformação (K) é utilizado nos casos em que se quer mostrar uma face em
detalhes. Muitas vezes o desenho da Perspectiva Cilíndrica Cavaleira sem deformação (K=1), ou seja,
com as medidas iguais às do objeto real faz com que porções de uma determinada face não
apareçam, ver figura 2.14. Se uma face não estiver sendo vista completamente é possível aplicar o
fator de deformação (K) de forma que essa face seja mostrada completamente, ver exemplo das
figuras 2.14 e 2.15. Na primeira figura K = 1 e na segunda k = 0,4.

Fig.2.14 Fig.2.15
Fonte: DUARTE, J., 2008 Fonte: DUARTE, J., 2008

ATENÇÃO!
A prática mostrou que se o fator de deformação (K) variar entre 0,5 e 1 a representação da
peça se assemelha bastante ao aspecto real da mesma. Portanto, para que a perspectiva se
assemelhe à peça real utilize esses valores.
Quando uma peça está representada em perspectiva cavaleira e não está indicado acima dela
qual é o seu fator de deformação K devemos assumir que o K=1.

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2.5. Rotação da Peça
A rotação é uma operação gráfica utilizada
no aprendizado da visualização espacial. Uma
maneira de realizar essa rotação ainda no plano das
ideias é utilizar os eixos coordenados como
referência e imaginar o objeto sendo rotacionado
em torno de um dos eixos, ver figura 2.16.
Dessa forma, a rotação depende:
1. do eixo escolhido como referência: x, y ou z;
2. do sentido da rotação, se horário ou anti-
horário, e;
3. da extensão da rotação, ou seja, com
quantos graus deverá ser feito o giro.
Fig. 2.16

As figuras 2.17 e 2.18 mostram um exemplo de rotação. Na primeira figura tem-se a peça na
posição original, já a figura 2.18 mostra a representação da mesma peça após uma rotação de 90ᵒ,
em torno do eixo z, no sentido anti-horário.

Figura 2.17 Figura 2.18

2.5.1. Diferença entre ROTAÇÃO e VARIAÇÃO DA DIREÇÃO DA PROJEÇÃO DO EIXO Y

É importante não confundir a ROTAÇÃO, discutida no item 2.5, com a VARIAÇÃO DA DIREÇÃO
DA PROJEÇÃO DO EIXO Y, discutido no item 2.3. Tais procedimentos podem ocorrer em comandos
distintos, ou num mesmo comando. Se esse for o caso, a rotação ocorrerá primeiro e somente no
plano das ideias (mentalmente), ou seja, o objeto será rotacionado em torno de um dos eixos e, em
seguida, serão escolhidas as faces que serão mostradas após a rotação. Essa escolha dependerá da
direção tomada pela projeção do eixo y.
A peça da figura 2.17 após rotacionada 90ᵒ, em torno do eixo z, no sentido anti-horário, pode
ser representada de quatro maneiras, conforme mostra a figura 2.19. É possível perceber na figura
abaixo que os quatro desenhos mostram a peça na mesma posição, porém as faces mostradas
variam.
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Fig. 2.19
2.5.2. Diferença entre Faces e Vistas

Existe uma diferença entre FACES e


VISTAS. A face pertence ao objeto, enquanto que
a vista é própria do ortoedro de referência.
As vistas do ortoedro de referência se
configuram num referencial fixo de
posicionamento. Por exemplo, na figura 2.20, a
face do objeto que contém o número um
corresponde à vista SUPERIOR do ortoedro de
referência. Da mesma maneira, a face do objeto
que contém o número dois corresponde à vista
FRONTAL do ortoedro. Já a face do objeto que
contém o número três corresponde à vista
Fig. 2.20
LATERAL DIREITA do ortoedro.

2.6 Trabalhando com Arestas que não Estão Paralelas aos Eixos Coordenados
Em inúmeras situações precisaremos trabalhar com arestas e planos que não estão paralelas a
uns dos três eixos coordenados. O melhor exemplo desse tipo de arestas e planos são as rampas.

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Fig. 2.21: prisma mostrando as vistas F, S e LD. Fig. 2.22: prisma mostrando as vistas F, I, e LD.

As figuras 2.21 e 2.22 acima nos mostram o mesmo prisma representado com vistas
diferentes. na primeira figura vemos as vistas F, S e LD. Já na segunda figura podemos ver as vistas F,
I, e LD. A única diferença é que escolhemos trocar a vista Superior pela Inferior. Observe que não
rotacionamos nem modificamos o alfa nem o “K” da peça.
Observando a Face ABCD na primeira figura podemos ver que as arestas AB e CD possuem
uma dimensão, esta dimensão não está paralela a nenhum dos eixos coordenados. Agora,
comparando a dimensão das arestas AB e CD em ambas as figuras podemos facilmente perceber que
as dimensões mudam de uma figura para a outra. No caso as arestas AB e CD ficam bem menores na
segunda figura.
Mas o que aconteceu? O que ocorre é que as arestas que não estão paralelas aos eixos
coordenados não têm dimensões confiáveis, porque elas podem variar devido ao efeito da
perspectiva. Foi o que acabamos de ver, apenas ao trocar a mostrada da vista superior pela vista
inferior causou uma mudança de dimensão na representação das arestas AB e CD.
Mas como trabalhar com esse tipo de aresta então? A resposta é: trabalhar com os
invariantes! Mas o que são invariantes? Nesse caso, os invariantes são as arestas que estão paralelas
aos eixos coordenados AP, PB, DQ e QC. Observe que essas arestas que acabamos de citar não têm
suas dimensões modificadas de uma figura para a outra. A aresta AP está paralela ao eixo z; a aresta
PB está paralela ao eixo y; a aresta DQ está paralela ao eixo z e a aresta QC está paralela ao eixo y.
Na prática podemos trabalhar com esse tipo de aresta? Para traçar a aresta AB, você deve
partir de um dos pontos. Por exemplo, se você localizou o vértice A, para chegar em B você vai
percorrer a aresta AP e depois PB, quando localizar o vértice B você terá segurança para traçar,
finalmente, a aresta AB.
Além disso, uma outra percepção que ajuda é ver que os vértices A e B possuem a mesma
coordenada x, assim como os vértices C e D também possuem a mesma coordenada x. em ambos os
casos devemos então trabalhar com as outras coordenadas variantes, em ambos os casos, y e z. É por
isso que é tão importante utilizar o Ortoedro de Referência (ou Ortoedro Envolvente) porque
podemos facilmente visualizar essas relações uma vez que temos o Ortoedro.
O que aprendemos sobre a representação de arestas que não estão paralelas aos eixos
coordenados será aplicado para as perspectivas cilíndricas isométricas, mais especificamente o

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CAPÍTULO 2 - Cavaleira
desenho isométrico (ver Capítulo 3) bem como para o Sistema de representação Mongeano (ver
Capítulo 4).

2.7. Cilindros e Cones

Cilindros e cones são sólidos geométricos


gerados segundo algumas “leis de geração”.
Pode-se dizer, por exemplo, que o cilindro é
uma superfície gerada por uma reta (geratriz)
paralela a um eixo, a qual se desloca em torno de
uma circunferência (diretriz), como aparece na
figura 2.21.
Outra forma de gerar uma superfície
cilíndrica é quando uma circunferência (geratriz) se
desloca ao longo de um eixo. Esse movimento,
também, gera uma superfície cilíndrica.
Portanto, um cilindro possui geratrizes retas
(primeiro exemplo), bem como geratrizes curvas
(segundo exemplo).

Fig. 2.21

Superfícies cônicas podem ser geradas de


forma semelhante à descrita acima. No primeiro
caso, tem-se uma reta g (geratriz) apoiada num
eixo Hh que se desloca em torno de uma
circunferência (diretriz). Outra forma de gerar
um cone é quando uma circunferência (geratriz)
se desloca ao longo de um eixo, e na medida em
que se desloca tem seu raio diminuído até
chegar ao vértice, onde o raio é igual a zero. Ver Fig. 2.22
figura 2.22. http://www.solucaomatematica.com.br/?p=1873

Nesta disciplina trataremos apenas de Cilindros e de Cones de Revolução. Eles são casos
particulares dos cilindros e cones uma vez que possuem uma propriedade específica que diz que todo

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CAPÍTULO 2 - Cavaleira
plano perpendicular ao eixo desses sólidos cortará a superfície desse sólido segundo uma
circunferência. Na representação de objetos em forma de cilindros e cones de revolução em
Perspectiva Cilíndrica Cavaleira são utilizados segmentos curvos (circunferências e elipses) para
representar as faces planas, e segmentos retos para representar a superfície curva. Tais segmentos
retos são chamados de geratrizes de limite de visibilidade. Elas, em geral, estão paralelas a um dos
eixos coordenados. Na figura 2.23 as geratrizes de limite de visibilidade estão paralelas ao eixo z,
enquanto que na figura 2.24 elas estão paralelas ao eixo x, já na figura 2.25 elas estão paralelas ao
eixo y.

Fig. 2.23 Fig. 2.24 Fig. 2.25


No caso da representação de objetos em forma
de cones de revolução as geratrizes de limite de geratriz de
visibilidade concorrem em um ponto chamado vértice. limite de
visibilidade
Tais elementos serão estudados mais adiante.

Fig. 2.26

2.7.1. Cilindros
No espaço, um objeto em forma de cilindro possui duas faces planas e uma superfície curva. O
desenho das faces planas em Perspectiva Cilíndrica Cavaleira é composto por circunferências e arcos
de circunferência. É preciso chamar a atenção para o fato de que as faces planas do cilindro possuem
forma de circunferência quando estão no espaço. No entanto, quando são representadas em duas
dimensões, elas podem permanecer com forma de circunferência ou tomar forma de elipse,
dependendo da posição dessas faces em relação aos eixos coordenados, como mostram as figuras
2.27 e 2.28.

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Fig. 2.27 Fig. 2.28

A figura 2.29 traz a representação de um cilindro cujas faces planas são paralelas aos eixos x e
y. Nessa situação, as curvas assumem a forma de elipse. Situação semelhante ocorre com o cilindro
da figura 2.30, onde as curvas aparecem como elipses. Nessa figura, as faces planas são paralelas aos
eixos y e z. Já na figura 2.31, as faces planas aparecem como circunferências, nesse caso, elas estão
paralelas aos eixos x e z.
É importante destacar que as faces que aparecem como circunferências estão paralelas ao
plano de projeção, portanto em VG. Quando estão perpendiculares a este plano, elas aparecem
como elipse, uma vez que sofrem deformação causada pelo eixo y.

Fig. 2.29 Fig. 2.30


Fig. 2.31

2.7.2. Cones

Situações semelhantes ocorrem na representação de objetos em forma de cone. As figuras


2.32, 2.33 e 2.34, mostram que a face plana do cone pode aparecer em forma de circunferência ou
de elipse pelas mesmas razões explicadas acima para o cilindro.

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Fig. 2.32 Fig. 2.33 Fig. 2.34

Na figura 2.32 a face plana do cone aparece como uma circunferência porque ela está paralela
ao plano de projeção, portanto em VG. Já os cones das figuras 2.33 e 2.34 têm suas faces planas
representadas em forma de elipses. Essas faces estão perpendiculares ao plano de projeção,
portanto sofrem deformação.

2.7.3. O Desenho da Elipse

Existem alguns procedimentos para facilitar o traçado da elipse. A seguir serão apresentados
dois deles para a Perspectiva Cilíndrica Cavaleira: o procedimento dos 8 pontos, também chamado de
procedimento das diagonais, e o procedimento dos “n” pontos.

Procedimento dos 8 Pontos

Para desenhar uma elipse parte-se de parâmetros que valem para uma circunferência inscrita
em um quadrilátero, ou seja: a circunferência tangencia o quadrado na qual está inscrita em quatro
pontos, os pontos 1, 2, 3 e 4 da figura 2.35. Esses quatro pontos são os pontos médios dos lados do
quadrado. As diagonais do quadrado interceptam a circunferência inscrita nele em outros quatro
pontos, que são os pontos 5, 6, 7 e 8 da figura 2.36.

Fig. 2.35 Fig. 2.36


Colocados os parâmetros que valem para a circunferência, é possível transpô-los para a
representação da circunferência em perspectiva, ou seja, da elipse. Ver figura 2.37. Vamos começar
pelo desenho do quadrado em perspectiva, que será um paralelogramo posicionado de forma
perpendicular ao plano de projeção, ou seja, paralelo aos eixos x e y. No paralelogramo, desenham-
se os mesmos parâmetros vistos acima para o quadrado, ou seja, as retas que ligam os pontos
médios dos lados e as diagonais. Dessa maneira, encontram-se os primeiros quatro pontos, que são
31
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CAPÍTULO 2 - Cavaleira
os pontos de tangência da elipse no paralelogramo: pontos 1’, 2’, 3’ e 4’ da figura 2.37. Esses pontos
estão localizados nos pontos médios de cada lado do paralelogramo e correspondem aos pontos 1, 2,
3 e 4 do quadrado.

Fig. 2.37 Fig. 2.38

Para encontrar os pontos correspondentes aos pontos 5, 6, 7 e 8 do quadrado, é necessário


levá-los para o paralelogramo por meio de duas linhas, uma paralela ao eixo z, que liga os pontos 6 e
7 e outra paralela ao eixo y, que ao cruzar com as diagonais do paralelogramo, liga os pontos 6’ e 7’,
como aparece na figura 2.38. O mesmo procedimento é feito para encontrar os pontos 5’ e 8’.

Fig. 2.39 Fig. 2.40

Para determinar a elipse traçamos a mão livre uma linha curva que passe pelos oito pontos
encontrados anteriormente, ver figura 2.39. Para desenhar uma elipse na face lateral direita do
objeto procede-se de maneira análoga, como mostra a figura 2.40.
Um exercício muito interessante, que pode ser realizado tanto com o procedimento que
acabou de ser apresentado, quanto com o procedimento que será apresentado a seguir, consiste em
desenhar a elipse em todas as faces do ortoedro de referência.

DICA IMPORTANTE!
É possível determinar os pontos correspondentes aos pontos 5’, 6’, 7’ e 8’ do exemplo

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CAPÍTULO 2 - Cavaleira
anterior sem que seja necessário desenhar um quadrado com uma circunferência circunscrita
previamente.
Para isso encontra-se o segmento AB, da figura 2.41, através da fórmula: AB = r x 0,3.
A justificativa desse procedimento se baseia no fato de que:
AB = OB – OA = r – r cos (45o)
AB = r (1 - cos (45o)) = r (1 - 0,707)
AB = 0,293 x r, ou seja, AB = r x 0,3
O ponto D do paralelogramo corresponde ao ponto C do quadrado.

Fig. 2.41
Fonte: DUARTE, J. 2008.

Procedimento dos “n” Pontos


Existe outro procedimento que determina pontos da elipse, auxiliando a construção dessa
curva, o chamado procedimento dos “n” pontos. Com esse procedimento é possível determinar
quantos pontos se desejar, ou seja, “n” pontos. Enquanto que o procedimento anterior determina no
máximo oito pontos da elipse. Quanto mais pontos da elipse forem conhecidos, mais precisa será a
construção da mesma, sobretudo se o desenho for feito à mão livre. Portanto, a vantagem desse
procedimento é o desenho mais preciso da circunferência em perspectiva.
Partimos do paralelogramo que circunscreve a elipse que se quer construir. Em seguida,
determinam-se os quatro pontos médios dos lados do paralelogramo: M1, M2, M3 e M4. A partir
desses pontos, divide-se o paralelogramo em quatro quadrantes.

Fig. 2.42 Fig. 2.43


Dividem-se os segmentos destacados na figura 2.44 em qualquer quantidade de partes iguais.
Nesse exemplo, os segmentos foram divididos em três partes iguais. É muito importante que os
segmentos sejam divididos no mesmo número de partes. Ver na página seguinte como se divide um
segmento em partes iguais. Não importa que largura, altura ou profundidade, tenha o paralelogramo
que envolve a elipse, os dois segmentos que formam cada quadrante devem ser divididos no mesmo

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CAPÍTULO 2 - Cavaleira
número de partes. Depois, enumeram-se os segmentos destacados da mesma forma como aparece
na figura 2.44 e 2.45.

Fig. 2.44 Fig. 2.45


Para demonstrar como desenhar a elipse vamos realizar o procedimento no 1° quadrante (fig.
2.46) e, depois, repeti-lo nos demais quadrantes. Liga-se o ponto A ao ponto 1 do segmento oblíquo
e o ponto B ao ponto 1 do segmento horizontal. O cruzamento dos segmentos A1 e B1 é um dos
pontos da elipse, o ponto C. Para determinar mais um ponto no mesmo quadrante, repita a operação
anterior ligando o ponto A ao ponto 2 do segmento oblíquo e o ponto B ao ponto 2 do segmento
horizontal, o cruzamento dos segmentos A2 e B2, resulta no ponto D, figura 2.47.

Fig. 2.46 Fig. 2.47


Já é possível traçar à mão livre a elipse nesse quadrante. Para isso, inicia-se o traçado no
ponto B (que é um dos ponto de tangência da elipse com o quadrilátero que a circunscreve), e segue-
se traçando o arco de elipse até o ponto D, em seguida, segue-se ao ponto C e finaliza-se o arco de
elipse no ponto O (que é outro ponto de tangência da elipse com quadrilátero que a circunscreve),
ver a figura 2.49.

Figura 2.49 Fig. 2.50

Para traçar a elipse nos outros quadrantes, inicia-se o traçado em um dos pontos de tangência
da elipse e procede-se analogamente, como mostra a figura 2.49. A elipse completa fica como na
figura 2.50.

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CAPÍTULO 2 - Cavaleira

DIVISÃO DE UM SEGMENTO EM PARTES IGUAIS


Tomamos como exemplo o segmento AB (figura 2.51), que será dividido em “n” partes iguais.

Fig. 2.51

Fig. 2.52

O primeiro procedimento consiste na construção de uma linha auxiliar partindo de uma das
extremidades do segmento AB, formando um ângulo qualquer com o segmento AB, figura 2.52. Em
seguida, divide-se a linha auxiliar no número de partes que queremos dividir o segmento AB (nesse
exemplo dividiremos em três partes iguais). Essa divisão pode ser feita com escala ou utilizando uma
mesma abertura no compasso, como mostra a figura 2.52.
Em seguida, liga-se a extremidade da última divisão à extremidade do segmento, nesse caso
o ponto A, traçando assim o segmento 3A, como mostra a figura 2.53. Para finalizar deve-se traçar
segmentos paralelos ao segmento 3A passando pelos pontos 1 e 2. Dessa maneira, os segmentos
traçados irão interceptar o segmento AB dividindo-o em 3 partes iguais, como se vê na figura 2.54.

Fig. 2.53 Fig. 2.54

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CAPÍTULO 3 – Desenho Isométrico
CAPÍTULO 3 – DESENHO ISOMÉTRICO

3.1. Caracterização daAxonometria


A isometria faz parte de um sistema de representação chamado AXONOMETRIA. Conforme foi
explicitado no capítulo 1, os sistemas de representação se diferenciam por duas características:

1. Posição de ortoedro de referência com relação ao plano de projeção;


2. Tipo de projeção.

Na axonometria a projeção é CILINDRICA ORTOGONAL, ou seja, as retas projetantes são paralelas


entre si e formam um ângulo de 90° com o plano de projeção.

Fig. 3.2
Fig. 3.1

Fonte: Duarte, 2008

No caso da axonometria o ortoedro de referênciaestá posicionado de tal maneira com relação


ao plano de projeção que se as três arestas que partem de um mesmo vértice A forem prolongadas
todas elas encontrarão o plano de projeção nos pontos E, F e G (ver figura 3.1). Diferente da
cavaleira, na qual apenas uma das três arestas encontraria o plano de projeção caso fossem
prolongadas. Quando todas as faces do objeto são projetadas obtém-se uma imagem como mostra a
figura 3.2. Como não existem faces paralelas ao plano de projeção, pois estão todas oblíquas em
relação a ele, não existe nenhuma face em VG, ou seja, as três faces sofrem deformação ao serem
projetadas.
Como cada face, ao ser projetada, faz com o plano do desenho um determinado ângulo
podem ocorrer três situações:(1) se os três ângulos são diferentes entre si, temos a TRIMETRIA, onde
as faces que têm maiores ângulos têm menos destaque, ver figura 3.3; (2) se dois dos ângulos são
iguais e apenas um deles é diferente, temos a DIMETRIA, onde duas faces terão mais destaque do
que a outra, ver figura 3.4;(3) se os três ângulos são iguais, temos a ISOMETRIA, onde as três faces
sofrem a mesma deformação. O ângulo que as faces fazem com o plano de projeção é igual a 120°
(pois 360°/3 = 120°, ver figura 3.5).

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CAPÍTULO 3 – Desenho Isométrico

Fig. 3.3 Fig. 3.4 Fig. 3.5

3.2. Caracterização doDesenho Isométrico


Dentre as projeções axonométricas, a isometria é a mais utilizada. Principalmente a
perspectiva isométrica na sua forma simplificada, o DESENHO ISOMÉTRICO ou ISOMETRIA
SIMPLIFICADA, que não carece de coeficientes de redução.
O termo isométrico significa igual medida. Nos desenhos de perspectiva isométrica, o objeto
está oblíquo em relação ao plano de projeção, conforme mostra a figura 3.5. Essa obliquidade em
relação ao plano de projeção faz com que a projeção das dimensões do objeto no plano de projeção
seja reduzida igualmente em cada direção dos eixos.Dessa maneira, na isometria, todas as arestas da
peça que possuem direção igual a uma das direções das arestas de um ortoedro envolvente (AB, AC
ou AD) têm a mesma inclinação em relação ao plano de projeção. Portanto as projeções ortogonais
dessas arestas têm a mesma deformação (nesse caso, uma redução):

A’B’= 0,816 x AB
A’C’= 0,816 x AC
A’D’= 0,816 x AD

Veja a demonstração na figura 3.6:


Os pontos E, F e G são as interseções dos
prolongamentos das arestas AB, AC e AD
com o plano de projeção. Traçando por A
e B perpendiculares a EG determina-se o
segmento A’’ B’’.
A’’B’’ = AB x cos(45o) = A’B’ x cos(30o) 
A’B’= cos(45o) / cos(30o) x AB = 0,816 x AB

Fig. 3.6
Fonte: Duarte, J. 2008

Sendo assim, o desenho da projeção fica como a figura 3.6 Com todas as arestas reduzidas
com relação à peça real. Observe abaixo a diferença entre a perspectiva isométrica e o desenho
isométrico feito para a mesma peça. O DESENHO ISOMÉTRICO, figura 3.7 é maior porque não há
redução das arestas. O Desenho Isométrico é muito utilizado para o ensino de disciplinas
introdutórias de desenho e para o desenho em softwares.

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CAPÍTULO 3 – Desenho Isométrico

Isometria Exata Desenho Isométrico

Fig. 3.7 Fig. 3.8


Fonte: Duarte, J. 2008 Fonte: Duarte, J. 2008

Repetindo: No Desenho Isométrico as projeções das arestas não são reduzidas (A’B’= AB,
A’C’= AC e A’D’= AD). Os desenhos feitos com esquadros nessa disciplina serão executados
adotando o Desenho Isométrico.

3.3. Desenho Isométrico na prática


Na prática, a construção do ortoedro envolvente em desenho isométrico começa com o
desenho de uma linha horizontal de referência. Em seguida é escolhido um ponto nessa linha para a
partir dele desenharmos duas linhas formando 30o com a linha horizontal (ver figura3.9).

Fig. 3.9

Para desenhar as linhas com 30° comece desenhando uma reta vertical e posicione os
esquadros como indicado na fig. 3.10 Desloque o esquadro de 30o na direção da seta e desenhe a
reta destacada. Em seguida posicione os esquadros como indicado na fig. 3.11 e desenhe a reta
destacada nessa figura.

Fig. 3.10 Fig. 3.11

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CAPÍTULO 3 – Desenho Isométrico
Determine a altura, a largura e a espessura da peça de acordo com os eixos coordenados e
complete o ortoedro traçando as paralelas indicadas, conforme veremos no próximo item.

3.4. Os Eixos Coordenados e o Ortoedro de Referência


Da mesma forma como foi demonstrado para a perspectiva cavaleira, podemos visualizar as
peças desenhadas com mais facilidade quando relacionamos suas dimensões com os eixos
coordenados. Ao pensarmos que tudo a nossa volta possui três dimensões facilitamos a transposição
do objeto real para o objeto desenhado no papel.Dessa maneira, teremos o eixo das larguras, o eixo
x; o eixo das profundidades, o eixo y e o eixo das alturas, o eixo z. Observe o exemplo abaixo.

As figura 3.12 mostra como fica a posição dos eixos coordenados no desenho isométrico. Na
literatura o eixo z sempre aparece localizado verticalmente, porém, não há um consenso com relação
ao posicionamento dos eixos coordenados x e y. Algumas vezes é adotado o eixo x posicionado à
esquerda e o eixo y à direita. No entanto, muito autores da área (Duarte, M. 1996; Duarte, J., 2008 e
Bortolucci) adotam o eixo x posicionado à direita e o eixo y à esquerda. Nessadisciplina adotaremos
esse último posicionamento, conforme mostra a figura 3.12.
A representação padrão exibe o objeto como na figura 3.13, que mostra um dado desenhado
em isometria e referenciado pelos eixos coordenados. A face que contém o número um do dado
corresponde àvista superior do ortoedro de referência;a face que contém o número dois do dado
corresponde à vistafrontal do ortoedro de referência e, consequentemente, a face que contém o
número três do dado corresponde à vista lateral direita do ortoedro de referência.Todas as peças
desenhadas em desenho isométrico seguirão essa mesma convenção.

Fig. 3.12
3.13

3.4.1. Visualização de Todas as Faces

A exemplo da Perspectiva Cavaleira, no Desenho Isométrico são sempre mostradas três faces
do ortoedroenvolvente. Na figura 3.13 foram mostradas as faces frontal, lateral direita e superior,
sendo esta a forma mais usual de apresentação na isometria. No entanto, é possível, embora não
seja muito usual para isometria, mostrar as outras faces do objeto, podemos ter as seguintes
combinações:
• Frontal, lateral direita e superior (default);
• Frontal, lateral esquerda e superior;

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CAPÍTULO 3 – Desenho Isométrico
• Frontal, lateral direita e inferior, e;
• Frontal, lateral esquerda e inferior.

Dada a peça da figura 3.14, desenhada em Desenho Isométrico, que mostra as vistas: frontal,
superior e lateral direita do ortoedro de referência, podemos representá-la de forma a mostrar as
outras faces da peça, conforme mostram as peças da figura 3.15. Nesse caso, tem-se que
rotacionar a peça em torno de algum dos eixos coordenados ou variar a posição do eixo y, como foi
visto para a Perspectiva Cavaleira.
z z
z z
x

y
x

y x x y
Fig. 3.14 y Fig. 3.15

3.4.2. Rotação da Peça

No Desenho Isométrico a rotação de uma peça


pode ocorrer da mesma maneira como vimos na
Perspectiva Cavaleira. Porém, deve ser observada a
posição dos eixos coordenados. Observe a figura 3.16
ao lado e veja como fica a rotação para cada um dos
eixos coordenados.
Dessa forma, a rotação depende:
1. Do eixo escolhido como referência: x, y ou z;
2. Do sentido da rotação, se horário ou anti-horário;
3. Da extensão, em graus, da rotação.
Fig. 3.16

3.5. Cilindros e Cones

As propriedades geométricas dos cilindros e cones não se alteram em funcão do tipo de


representação escolhida. Assim, a conceituação para leis de geração e geratrizes de limite de
visibilidade se aplicam para o Desenho Isométrico da mesma forma como foi visto para o desenho da
Perspectiva Cavaleira.

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CAPÍTULO 3 – Desenho Isométrico
Na representação do cilindro e do coneem
Desenho Isométrico as faces que têm forma de
circunferência, quando são representadas em
duas dimensões sempre irão tomar forma de
elipse, porque no caso do Desenho Isométrico
nenhuma das faces do ortoedro de referência
está paralela ao plano de projeção.
Fig. 3.17 Fig. 3.18

O cilindro pode assumir três posições básicas no desenho isométrico, com relação aos eixos
coordenados.

Fig. 3.19 Fig. 3.20 Fig. 3.21

Na figura 3.19, a face plana do cilíndro, que possui forma de circunferência quando está no
espaço, está representada paralela aos eixos y e x, tomando forma de uma elipse. Atenção ao
ortoedro envolvente para facilitar a visualização. Na figura 3.20 quando a face plana do cilíndrofica,
na representação, paralela aos eixos x e z toma a forma de uma elipse. Nesse caso, diferentemente
da cavaleira, na qual a face em forma de circunferência do cilindro fica na forma de
circunferência.Por último, na figura 3.21a face plana do cilíndro, está representada paralela aos eixos
y e z e, também, toma forma de elipse.

Em Isometria e também em Desenho Isométrico a circunferência sempre toma forma de


elipse, não importa a que eixos a face em forma de circunferência ou arco de circunferência
esteja paralela. Isso ocorre porque em Isometria todos ou eixos estão oblíquos com relação ao
plano de projeção.

Pode-seaplicar para o caso do cone o mesmo que foi visto para o cilindro, uma vez que as
situações são semelhantes.
Na primeira figura, 3.22, a face plana do cone está paralela aos eixos x e y. Vai acontecer o
mesmo que aconteceu com o cilindro, ou seja, a face em forma de circunferência vai aparecer na
perspectiva como uma elipse.

41
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CAPÍTULO 3 – Desenho Isométrico

Fig. 3.22 Fig. 3.23 Fig. 3.24

No segundo caso, figura 3.23, a face plana do cone está paralela aos eixos y e z e, a exemplo
do cilindro, também se torna uma elipse.No último caso, figura 3.24, a face curva do cone agora está
paralela aos eixos x e z, nesse caso a circunferência também tomará a forma de elipse.

3.5.1. Desenho daElipsee da Oval

A exemplo da Perspectiva Cavaleira existem alguns procedimentos para facilitar o traçado da


elipse. Veremos três deles para o Desenho Isométrico. Os dois primeiros tipos são semelhantes aos
procedimentos já vistos para a Perspectiva Cavaleira: o traçado da elipse com 8 pontos, usando as
diagonais e o traçado da elipse com “n” pontos, usando a divisão do quadrilátero em quadrantes. O
terceiro procedimento não é utilizado na Perspectiva Cavaleira, ele é utilizado apenas na Isometriae
no Desenho Isométrico, que é o desenho da oval regular de quatro centros.

Procedimento dos 8 pontos


Para desenhar a elipse em Desenho Isométrico, a exemplo do que aprendemos para a
Perspectiva Cavaleira, serão utilizados parâmetros que valem para uma circunferência inscrita em um
quadrilátero, ou seja:

Na figura 3.25:
1) a circunferência tangencia o quadrado na
qual está inscrita em 4 pontos: 1, 2, 3 e 4.
Esses 4 pontos são os pontos médios dos lados
do quadrado, e;
2) as diagonais do quadrado cruzam com a
circunferência inscrita em mais 4 pontos: 5, 6,
7 e 8. Fig.3.25

Esse mesmos parâmetros são transpostos para realizar o desenho da elipse em Desenho
Isométrico. O primeiro procedimento é o do desenho do quadrilátero em desenho isométrico, que
será um paralelogramo paralelo aos eixos x e y.No paralelogramo são desenhados os mesmos
parâmetros do quadrado. Assim encontram-se os primeiros 4 pontos, que são os pontos de tangência
da elipse no quadrilátero, pontos M1, M2, M3 e M4, como na figura 3.26. Esses pontos estão
localizados nos pontos médios de cada lado do quadrilátero e equivalem aos pontos 1, 2, 3 e 4.

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CAPÍTULO 3 – Desenho Isométrico
O segundo procedimento, figura 3.27, é encontrar os equivalente dos pontos 5, 6, 7 e 8 para a
elipse, através do traçado das diagonais. Observe que no desenho isométrico as diagonais ficam na
vertical e na horizontal.

Fig.3.26 Fig.3.27

Para determinar os pontos 5, 6, 7 e 8, não é necessário desenhar a circunferência. Basta


utilizar o parâmetro: AB = r x 0.3, da mesma forma como vimos na Perspectiva Cavaleira, ou seja,
mede-se o raio, multiplica-o por 0,3 e descobre-se o tamanho do segmento AB. Em
seguida,posiciona-se o segmento AB em uma das arestas do ortoedro e, assim, determinam-se os
pontos 5, 6, 7 e 8, conforme a figura 3.28.

AB

AB

Fig.3.28 Fig.3.29

Para determinar a elipse traça-se uma


curva à mão livre prestando bastante atenção
para que essa passe por todos os pontos
determinados, ver figura 3.29.
Um exercício muito interessante e que
ajuda a fixar os conhecimentos aprendidos é
desenhar a elipse em todas as faces do ortoedro,
como mostra a figura 3.30.

Fig. 3.30

43
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CAPÍTULO 3 – Desenho Isométrico
Procedimento dos “n” pontos

O outro procedimento, demonstrado para a Perspectiva Cavaleira, também pode ser utilizado
na Isometria. Ele permite determinar não apenas 8, mas sim inúmeros pontos da elipse. Essa é a
vantagem da utilização desse procedimento, pois quanto mais pontos forem utilizados para dar
suporte ao traçado da curva à mão livre, mais preciso fica o desenho da curva.

Parte-se de alguns princípios semelhantes


ao procedimento anterior, ver figura 3.31:
1. A elipse será desenhada inscrita em um
quadrilátero;
2. Determinam-se 4 pontos de tangência nesse
quadrilátero, sendo as tangentes e seus pontos
médios;
3. O quadrilátero é divididoem 4 quadrantes.
Fig.3.31
Os quadrantes são trabalhadosum a um, como mostram as figuras 3.32 e 3.33. No primeiro
quadrante dividem-se suas laterais em um número de partes iguais. Nesse exemplo dividiu-se ambos
os segmentos em 3 partes iguais. É muito importante queos dois segmentos que formam cada
quadrante sejam divididos no mesmo número de partes, ou seja, se dividirmos um em duas partes,
devemos dividir o outro também em duas partes.
Para demonstrar como desenhar a elipse vamos realizar o procedimento no 1° quadrante e
depois repetí-lo nos demais quadrantes. Ligue o ponto A ao ponto 1 do segmento mais próximo e o
ponto B ao ponto 1 do outro segmento, o cruzamento dos segmentos A1 e B1 será um ponto da
elipse, o ponto C. Observe na figura 3.32. Para determinar mais um ponto no mesmo quadrante, ligue
o ponto A ao ponto 2 do segmento mais próximo e o ponto B ao ponto 2 do outro segmento, o
cruzamento dos segmentos A2 e B2 será outro ponto da elipse, o ponto D. Observe na figura 3.32. Já
é possível traçar, à mão livre, a elipse nesse quadrante.
Para fazer isso inicie o traçado no ponto B (que é um ponto de tangência da elipse no
quadrilátero envolvente), siga traçando o arco de elipse até o ponto D e depois ao ponto C e finalize o
arco de elipse no ponto 0 (que também é um ponto de tangência da elipse no quadrilátero
envolvente).
Quando esse procedimento é repetido nos outros três quadrantes o resultado é como o da
figura 3.33.

Fig.3.32
Fig.3.33

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CAPÍTULO 3 – Desenho Isométrico
Desenho da Oval
No caso daIsometriae do Desenho Isométrico, o desenho da elipse pode ser realizado
utilizando uma curva chamada de ovalregular de quatro centros. Como a oval é muito semelhante a
elipse, ela também é conhecida como falsa elipse.
Muitas pessoas preferem desenhar a oval a desenhar elipse, porque a oval pode ser
desenhada totalmente com instrumentos (esquadros e compasso), eliminando assim a parte do
traçado à mão livre que precisa ser feita quando se desenha uma elipse.
Para desenhar a oval parte-se da mesma ideia
inicial dos procedimentos anteriores, ou seja, da divisão
do quadrilátero em 4 quadrantes. Sendo os pontos M1,
M2, M3 e M4 os pontos médios de cada lado, como
mostra a figura 3.34. Ao final do procedimento serão
desenhados com o compasso quatro arcos de
circunferências com quatro centros diferentes, um em
cada quadrante. Fig. 3.34

O primeiro centro de arco, o ponto C1, é definido


no vértice de maior ângulo do quadrilátero, desse
primeiro centro C1são traçados dois segmentos de reta
ligando-o aos pontos médios dos lados opostos M1 e M2,
ver figura 3.35.

Fig.3.35
O procedimento descrito acima é repetido no vértice oposto nomeando-o de C2. De C2 são
traçados mais dois segmentos de reta ligando-o aos pontos médios dos lados opostos M3 e M4,
como mostra a figura 3.36.
O cruzamento de C1M1 com C2M4 gera o ponto C3, que será o centro de um dos arcos que
compõe a oval. Da mesma forma, o cruzamento de C1M2 com C2M3 gera o ponto C4, que será o
centro de um dos arcos que compõe a oval, ver figura 3.36.Agora já é possível a traçar a oval.
Resumindo:
1. C1 e C2 são centros de dois arcos maiores de mesmo raio;
2. C3 eC4 são centros de dois arcos menores de mesmo raio;
3. Todos os arcos começam e terminam nos pontos médios do quadrilátero.
Para traçar a oval regular de quatro centros basta colocar a ponta seca do compasso em C1 e
fazer uma abertura (raio) até M1, em seguida, traçar um arco até M2. De forma semelhante,
mantendo a mesma abertura (raio), centrar a ponta seca do compasso em C2 e traçar um arco de M3
até M4, conforme a figura 3.37.

45
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CAPÍTULO 3 – Desenho Isométrico

Fig.3.36
Fig.3.37

Para concluir a oval, centra-se a ponta


seca do compasso em C3, faz-se uma abertura
(raio) até M1 e traça-se um arco até M4. De
forma semelhante, mantendo a mesma abertura
(raio) centra-se a ponta seca do compasso em C4
e traça-se um arco de M3 até M2conforme a
figura 3.38.
Fig.3.38

Um exercício muito interessante e que ajuda a fixar os conhecimentos aprendidos é desenhar


a oval regular de quatro centros em todas as faces do ortoedro, como na figura 3.39.

Fig.3.39

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CAPÍTULO 3 – Desenho Isométrico
3.6 Furo Cilíndrico

A ideia de realizar um furo em uma peça é muito útil e importante. Em todas as engenharias a
ideia de perfurar um objeto é essencial. Por exemplo, na engenharia mecânica essa ideia é
fundamental quando pensamos em encaixes.
Furar uma peça é retirar dela uma parte. Essa parte retirada pode vazar toda a peça ou apenas
parte desta. Para furar, cavar, vazar devemos pensar em uma primeira peça, a qual queremos furar, e
em uma segunda peça, que terá a forma da parte que queremos retirar da primeira. Dessa maneira,
introduzimos a segunda peça na primeira de forma a cavar nesta um determinado volume.
Quando furamos uma peça, na verdade estamos criando um vazio na peça furada e esse vazio é
representado por novas arestas. Os furos também podem ter diferentes formatos. Por exemplo,
cilíndrico (ver figura 3.40)

Fig. 3.40: exemplo de um prismacom furo cilíndrico

Para representarmos um furo em uma peça devemos proceder o entendimento dessa interseção plano a
plano. Veja o exemplo da inserção de um furo cilíndrico em uma peça nas figuras abaixo (3.41, 3.42, 3.43 e
3.44).

Fig. 3.41: peça inicial antes do furo Fig. 3.42: peça inicial com linhas de construção,
preparação para o furo

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CAPÍTULO 3 – Desenho Isométrico

Fig.3.43: peça com o furo Fig.3.44: peça com o furo, mostrando o furo
perfurando toda a peça

48
     
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UFPE – Departamento de Expressão Gráfica
CAPÍTULO 5 – Verdadeira Grandeza

CAPÍTULO 5 - Verdadeira Grandeza

5.1. Definições e Usos

Verdadeira Grandeza (VG) são as medidas angulares e lineares reais de uma das arestas ou
faces de um objeto - como altura, largura e profundidade. Na área de conhecimento das Engenharias
é imprescindível o conhecimento das medidas reais, ou verdadeiras grandezas, de um objeto, seja ele
um parafuso ou um telhado. Geralmente, o uso das verdadeiras grandezas de um objeto está
atrelado ao cálculo de áreas, e realmente, sem o conhecimento da real medida do perímetro de uma
superfície, por exemplo, é impossível realizar o cálculo de sua área com precisão. No entanto, saber
“ler” ou, mais ainda, saber extrair as verdadeiras grandezas de um objeto que está representado no
Sistema Mongeano é importante não somente no cálculo de áreas, mas também em diversas
atividades da prática profissional da engenharia, como, por exemplo, análise de projetos e pareceres
técnicos.

Nem sempre as características geométricas do objeto representado possibilitam a extração


direta de suas verdadeiras grandezas, ou seja, algumas vezes mesmo a representação de todas as
vistas de um objeto não mostram todas as partes deste objeto em VG. Para lidar com situações dessa
natureza, deve-se dominar o uso de operações gráficas para determinar a VG de superfícies ou de
arestas. Existem, na Geometria Descritiva, algumas operações gráficas, as principais são:
 Mudança de Plano;
 Rotação; e
 Rebatimento.

Todas as operações citadas possuem o mesmo objetivo, que é o de determinar a VG de


objetos geométricos. No entanto, nessa disciplina optou-se por trabalhar com a operação da
Mudança de Plano para determinar a VG de faces e arestas. Essa opção foi feita porque essa
operação é a mais versátil, ou seja, com ela se resolve qualquer caso de obtenção de VG.

5.1.1. Compreendendo as três posições básicas: paralela, perpendicular e oblíqua

Para compreender o conceito de Verdadeira Grandeza é imprescindível conhecer as três


posições básicas de referência posicional entre os elementos geométricos que compõem um objeto
(arestas ou faces) e, principalmente, de referência posicional entre os elementos desse objeto e os
planos de projeção. São três as posições básicas que um ente geométrico pode assumir: paralela,
perpendicular e oblíqua. Em outras palavras, arestas e faces podem estar paralelas, perpendiculares
ou oblíquas entre si ou entre si e os planos de projeção.

No capítulo 4, onde estudou-se o Sistema Mongeano, essas três posições foram trabalhadas,
no entanto, o que será feito agora é compreender como cada uma dessas posições pode interferir na
visualização da VG de arestas e superfícies.

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CAPÍTULO 5 – Verdadeira Grandeza

Tomando como exemplo a situação da casa da figura 5.1, observa-se a superfície ABCD que
compõe a coberta. Atenção para a aresta AD e suas projeções nas vistas frontal, superior e nas
laterais. Na vista superior, a aresta AD está sendo representada por um segmento de reta. Na vista
frontal, AD está representada por um único ponto e, finalmente, nas vistas laterais, AD aparece
novamente sendo representada por um segmento de reta. Analisando as quatro vistas
conjuntamente percebe-se que a aresta AD está perpendicular ao plano de projeção da vista frontal
e por isso aparece representada por um ponto nessa vista. Todas as vezes que um elemento está
perpendicular ao plano de projeção, diz-se que ele está em vista básica (VB) nesse plano. Dessa
maneira, a aresta AD está em VB. Já com relação aos outros três planos de projeção, a aresta AD está
paralela a esses planos, aparecendo com as mesmas dimensões, que são exatamente as suas
dimensões reais. Portanto, na vista superior e nas laterais a aresta AD está em verdadeira grandeza.
É importante ressaltar que a única posição que um objeto pode tomar para que ele esteja em VG é
quando ele está paralelo a um plano no qual se fará a projeção ortogonal.

Na mesma figura, a 5.1, a aresta AB está representada por um segmento de reta em todas as
vistas. No entanto, ela não está na mesma posição com relação a todos os planos de projeção. Na
vista frontal a aresta AB está em VG, porque está paralela ao plano vertical. Já nas outras três vistas,
a aresta AB aparece com dimensões reduzidas em relação à suas medidas reais. Isso ocorre porque
ela está oblíqua aos planos de projeção horizontal e verticais.

Casa esquemática representada em vistas ortográficas


Figura 5.1
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CAPÍTULO 5 – Verdadeira Grandeza

Portanto, podemos concluir que dependendo da posição da aresta com relação aos planos de
projeção, podemos ter essa aresta em verdadeira grandeza (VG), em vista básica (VB) ou com
dimensões reduzidas. Veja o quadro síntese abaixo:

objeto paralelo ao plano de projeção = objeto em verdadeira grandeza (VG)


objeto perpendicular ao plano de projeção = objeto em vista básica (VB)
objeto oblíquo ao plano de projeção = objeto com dimensões reduzidas

O mesmo raciocínio utilizado para compreender as posições relativas de uma aresta com
relação aos planos de projeção deve ser aplicado para as faces do objeto. Como será visto no
próximo item.

5.2. Sistema Mongeano e Plano Auxiliar

Tomando como exemplo uma situação na


qual é solicitado o cálculo da área da superfície da
coberta da casa representada em épura na figura
5.2, para que se possa fazer o cálculo do
quantitativo de telhas para cobrir o telhado,
percebe-se que nem a vista superior da casa
(projeção no plano horizontal), nem na vista frontal
(projeção no plano vertical) as medidas da
superfície da coberta são as medidas reais.

Casa com épura


Figura 5.2

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Quatro vistas ortográficas


Figura 5.3

Na figura 5.3 é possível notar que a superfície ABCD (que corresponde à metade da superfície
da coberta) aparece nas projeções, porém com medidas deformadas. Na vista superior, e nas duas
laterais, a face aparece com suas medidas reduzidas, já na vista frontal, ela aparece em VB. Dessa
forma, nenhuma das quatro vistas ortográficas fornece as medidas reais da face ABCD. Isso ocorre
porque o plano em que a superfície da coberta se apoia é oblíquo tanto ao plano de projeção
horizontal (π1), quanto aos planos verticais - principal (π2) e auxiliares (π3, π4). Para que o plano
ABCD fosse mostrado em VG seria necessário que estivesse representado paralelo a um dos planos
mongeanos. No entanto, embora o plano ABCD não apareça em VG em nenhuma das projeções
mongeanas, algumas arestas do plano estão representadas em VG em algumas das vistas. E é
exatamente a noção da união das partes que estão em VG que irá nos auxiliar na aplicação do
método da Mudança de Plano para a extração da VG de ABCD.

Observe que na vista frontal a coberta ABCD está representada em VB. Lembrando que a VB
ocorre quando o objeto representado está perpendicular ao plano de projeção. Consequentemente,
se o objeto for um segmento de reta, sua representação em VB será um ponto, e se o objeto for um
plano, sua representação em VB será uma reta, como é o caso do plano ABCD.

Observe também que os segmentos AB e CD estão paralelos ao plano vertical de projeção


(π2), portanto estando em VG nessa vista. Os segmentos AD e BC estão paralelos tanto ao plano
horizontal (π1), como aos planos verticais de projeção (π3 e π4), consequentemente estando em VG
nessas vistas. Se pudéssemos unir essas partes que estão em VG do plano ABCD teríamos a VG desse
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CAPÍTULO 5 – Verdadeira Grandeza

plano. Contudo, esse raciocínio, embora útil, é difícil de ser aplicado para o caso de uma face com
muitas arestas, ou aresta com medidas diferentes por exemplo. Para isso existe a operação da
Mudança de Plano, com ela podemos reunir as partes da face, da qual se quer a VG, que estão com
suas medidas reais representadas em planos mongeanos diferentes.

Para que se conheçam as medidas reais da coberta é necessário se produzir mais uma
projeção. Vale ressaltar que a condição essencial para se trabalhar no Sistema Mongeano é operar
dentro de diedros. Portanto, o primeiro passo de uma operação de mudança de plano é criar um
novo diedro. Um novo diedro terá que ser criado porque nenhum dos diedros já conhecidos (os que
fornecem as seis vistas mongeanas) colocam o plano que apoia a face da qual se quer a VG na posião
necessária para se obter suas VGs. Em outras palavras, é preciso criar um diedro, no qual o novo
plano seja perpendicular a um dos planos mongeanos e ao mesmo tempo seja paralelo à face ABCD,
como mostra a figura 5.4, visto que somente essa posição fornecerá a VG da face ABCD. No caso do
exemplo da figura, o novo diedro é composto pelo plano π2 e por um novo plano, também chamado
de Plano Auxiliar (PA). Por isso é que se dá o nome de “Mudança de Plano” para essa operação
descritiva. Criado o novo diedro, projeta-se a face ABCD ortogonalmente no PA.

Casa esquemática para mostrar a projeção do telhado no plano auxiliar


Figura 5.4

No entanto, temos que realizar a projeção no PA trabalhando de forma bidimensional, ou


seja, em épura. Para isso o PA deve ser inserido perpendicularmente (ortogonalmente ou em VB),
com relação a um dos seis planos mongeanos para criar um novo diedro. Como mostra a figura 5.4,
observe que o PA criou um novo diedro com o plano vertical π2.

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5.3. Mudança de Plano

Em resumo, na operação da Mudança de Plano utilizamos um novo plano, um plano auxiliar


(PA) que deve ser paralelo à face da qual se quer a VG. Sabemos também que esse PA deve criar um
novo diedro com um dos planos mongeanos, portanto ele é inserido em VB em um dos seis planos
mongeanos.
Concluímos, portanto, que para se extrair a VG de uma aresta ou face utilizando a Mudança de
Plano devemos ter duas premissas em mente:
1. Para visualizar uma face ou aresta em VG, essa face ou aresta precisa ser projetada num PA
paralelo a ela;
2. O PA é sempre inserido perpendicularmente (em vista básica) a um dos seis planos
mongeanos. Essa condição de perpendicularidade ocorre porque é necessário que criar um
novo diedro.

Se o PA deve, simultaneamente, ser inserido em VB em um dos seis planos mongeanos e


estar paralelo à face da qual irá se extrair a VG, logo a face tem que estar em VB em pelo menos
uma das vistas.

Dentro da lógica da mudança de plano existem três situações possíveis de posicionamento


entre os entes geométricos e os planos de projeção. Tais situações serão estudadas a seguir. Cada
uma das três situações são chamadas de Casos, temos assim: caso 1; caso 2 e caso 3. Essa divisão não
existe na literatura, ela é resultado de uma opção didática elaborada pelos professores dessa
disciplina ao longo dos semestres. Elas reúnem todas as possibilidades de posicionamento de uma
aresta ou face em relação aos planos de projeção.

No caso 1, a face da qual se quer a VG aparece em VB em pelo menos uma das seis vistas
mongeanas. No caso 2, a face da qual se quer a VG não está em VB em nenhuma das seis vistas
mongeanas, mas pelo menos uma de suas arestas aparece em VG em pelo menos uma das seis vistas
mongeanas. Finalmente, no Caso 3, a face da qual se quer a VG não está em VB em nenhuma das seis
vistas mongeanas, e também nenhuma de suas arestas aparece representada em VG em nenhuma
das seis vistas mongeanas.

5.4. Caso 1
Identificamos que a situação está no Caso 1, quando a face da qual se quer a VG já aparece
em vista básica, ou seja, ela aparece reduzida a um segmento de reta em pelo menos um dos seis
planos mongeanos. Nas situações do caso 1 é necessário apenas um único procedimento para extrair
a VG da face.

93
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CAPÍTULO 5 – Verdadeira Grandeza

Qual é a VG da face 122’1’?

1. Localizar se há algum plano no qual a face


122’1 esteja representada em VB.
2. No plano da vista superior (π1) a face 122’1
está com as arestas 1’2’e 12 em medidas
reduzidas. Mas as arestas 11’ e 22’ estão em
VG.
3. No plano da vista lateral (π3) direita a face
122’1 também está com as arestas 1’2’e 12
em medidas reduzidas. Mas as arestas 11’ e
22’ estão em VG.
4. Na vista frontal (π2) as arestas 12 e 1’2’ estão
em VG.
5. A face 122’1’ está em VB no plano da vista
frontal, pois está reduzida a um segmento de
reta.

Identificando a posição da face que se quer a VG


Figura 5.5

Procedimento 1: determinar a VG da
face 122’1’
1. A face 122’1 está em vista básica no
plano π2. Pois está reduzida a um
segmento de reta.
2. Inserimos o plano auxiliar, π4, em VB
com relação ao plano π2 e paralelo a VB
da face 122’1’, que também está em VB.
3. Cria-se o diedro entre π2 e π4.
4. As arestas 12 e 1’2’ que estavam em VG
em π2 têm suas medidas projetadas em
π4, isso é feito através das linhas de
chamada.
5. Rebatemos π4 para que ele apareça na
representação.
6. Transportamos as medidas com o
compasso a partir da linha de terra π1 π2
até os pontos 1’, 1, 2 e 2’ para o PA.
Com o cuidado de, no momento do
transporte, centrar na linha de terra
Determinando a VG da face 121’2’ com um procedimento π2π4 (ver quadro síntese na próxima
Figura 5.6 página).
7. Após o transporte das medidas
fechamos a linha poligonal unindo os
vértices.
Se houver dúvidas no fechamento da linha poligonal, podemos observar a face da qual estamos
extraindo a VG em alguma das projeções mongeanas.
94
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CAPÍTULO 5 – Verdadeira Grandeza

IMPORTANTE:
Um aspecto relevante sobre as linhas de chamada é o fato de que estas estabelecem uma
relação de ortogonalidade dentro do diedro. As linhas de chamada transportam medidas de um plano
a outro dentro do diedro formado por ambos. Portanto, as linhas de chamada sempre estão
perpendiculares à linha de terra do diedro ao qual pertence.
Outro aspecto que merece atenção é o transporte das medidas para o PA. Há uma dúvida
recorrente com relação ao transporte de medidas no momento de rebater o Plano Auxiliar. Existem
duas maneiras de visualizar de que lugar devemos extrair as medidas para o transporte:
1) Observar os eixos coordenados. Se por exemplo o PA foi inserido em π2, estamos
trabalhando com larguras (x) e alturas (z), portanto quando rebatermos o PA as medidas
que aparecerão serão as profundidades (y).
2) Observar a relação do diedro. Se fecharmos os diedros do desenho, voltando a relação em
3D, podemos, facilmente, observar de onde deveremos extrair as medidas que queremos.
É importante lembrar que esse transporte deve ser feito com o compasso e utilizando as
distâncias de plano a ponto, para evitar erros.

5.5. Caso 2
Identificamos que a situação está no Caso 2, quando a face da qual se quer a VG não aparece
em vista básica. No entanto, existe pelo menos uma aresta, pertencente à face, em VG. Esse será
nosso ponto de partida.
Nas situações do Caso 2 são necessários dois procedimentos para extrair a VG da face. Isso
ocorre porque para extrair a VG da face precisamos que ela esteja em VB, só assim podemos inserir o
PA, também em VB, paralelo a face da qual se quer a VG. Como a face não está em VB, precisamos
realizar um procedimento anterior ao que realizamos para o Caso 1. Esse procedimento anterior
consiste em fazer uma vista auxiliar (utilizando um plano auxiliar) para reduzir a face para a VB. Após
esse procedimento inicial teremos a face em VB, voltando assim para uma situação de Caso 1.
Observe a figura.

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CAPÍTULO 5 – Verdadeira Grandeza

Qual é a VG da face 122’1’?


1. Localizar se há algum plano no qual 122’1’
esteja representada em VB. Nesse caso
não há.
2. Precisamos fazer uma vista auxiliar,
utilizando um plano auxiliar para reduzir a
face 122’1’ à VB.
3. Para que um PA visualize a face 122’1’ em
VB esse plano precisa estar perpendicular
à face. Para simplificar: se o PA estiver
perpendicular a qualquer aresta
pertencente a face 122’1’ irá reduzir essa
aresta à VB (que é um ponto),
consequentemente irá reduzir toda a face
122’1’ à VB (que é um segmento de reta).
4. Mas para fazer isso, precisamos trabalhar
com a VG de uma aresta pertencente à
face 122’1’ que está em VG.
5. Em π2, identificamos que as arestas 1’2’ e
12 estão paralelas à π1, portanto, em π1
Identificando a posição da face que se quer a VG
essas arestas estão em VG. Figura 5.7
6. Faremos o procedimento com base na VG
do segmento.

Procedimento 1: determinar a VB da
face 122’1’
1. Para o PA visualizar a face 122’1’ em VB
ele precisa estar perpendicular a VG de
uma aresta dessa face.
2. Em π2, identificamos que as arestas 1’2’
e 12 estão paralelas à π1, portanto, em
π1 essas arestas estão em VG.
3. Inserimos o PA perpendicular à VG da
aresta 1’2’ (nesse caso, também
poderia ser a aresta 12).
4. Projetamos a face no PA.
5. Rebatemos o PA, transportando de
compasso as medidas a partir da linha
de terra π1PA até os pontos 1’, 1, 2 e 2’
para o PA. Com o cuidado de, no
momento do transportar, centrar na
linha de terra π1PA. (observar o texto
relativo ao transporte de medidas).
6. A face 122’1’ aparece projetada em VB
no PA.
7. Voltamos a ter a condição do Caso 1, na Determinando a VB da face 121’2’ com o primeiro procedimento
qual temos a face da qual queremos a Figura 5.8
VG em VB.
96
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CAPÍTULO 5 – Verdadeira Grandeza

Procedimento 2: determinar a VG da
face 122’1’
1. A face 122’1’ está em VB no plano
auxiliar π4, pois está reduzida a um
segmento de reta.
2. Inserimos um plano auxiliar, π5, em VB
com relação a π4 e paralelo à VB da face
122’1’.
3. Cria-se o diedro entre π4 e π5.
4. Projeta-se a face 122’1’ em π5.
5. Rebatemos π5, transportando as
medidas com o compasso a partir da
linha de terra π1 π4 até os pontos 1’, 1, 2
e 2’ para π5. Com o cuidado de, no
momento do transporte, centrar na
linha de terra π4π5 (para esse
transporte, perdemos a referência dos
eixos coordenados, devemos utilizar a
relação do diedro).
6. Após o transporte das medidas
fechamos a linha poligonal unindo os
vértices 1, 2, 1’ e 2’.

Determinando a VG da face 121’2’ com o segundo procedimento


Figura 5.9

5.6. Caso 3
Identificamos que a situação está no Caso 3, quando a face da qual se quer a VG não aparece
em vista básica e nenhuma aresta pertencente à face está em VG em nenhum dos seis planos
mongeanos.
Nas situações do Caso 3, a exemplo do que ocorreu nas situações do Caso 2, também são
necessários dois procedimentos para extrair a VG da face. Isso ocorre porque para extrair a VG da
face precisamos que ela esteja em VB, só assim podemos inserir o PA, também em VB, paralelo à face
da qual se quer a VG. Como a face não está em VB, precisamos realizar um procedimento anterior ao
que realizamos para o Caso 1. Esse procedimento anterior consiste em fazer uma vista auxiliar
(utilizando um plano auxiliar) para reduzir a face para a VB. Após esse procedimento inicial teremos a
face em VB, voltando assim para uma situação de Caso 1. Observe a figura.

97
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CAPÍTULO 5 – Verdadeira Grandeza

PROCEDIMENTO INICIAL: destacar a VG


de segmento da face 123
1. Precisamos projetar a VB da face 123 para
extrair sua VG.
2. Para projetar a face 123 em VB precisamos
de uma aresta em VG. Porém, nenhuma
aresta pertencente a face 123 está em VG.
3. A partir de um vértice da face, no caso da
figura, o vértice 2, traçamos o segmento de
reta 2P, paralelo à π1. Se P pertence a
aresta 31, irá, consequentemente,
pertencer a todas as projeções de 31.
Sendo assim, descemos uma linha de
chamada a partir de P até a sua projeção
em π1.
4. Em π1, o segmento de reta 2P está em VG.
Dessa forma, voltamos a uma situação
semelhante ao caso 2.

Identificando a posição da face que se quer a VG


Figura 5.10
Procedimento 1: determinar a VB da
face 123
1. Posicionar π4 perpendicular ao
segmento 2P.
2. Projetamos a face 123 em π4 .
3. Rebatemos π4, transportando de
compasso as medidas a partir da
linha de terra π1π2 até os pontos 1, 2
e 3 para π4. Com o cuidado de, no
momento de transportar, centrar na
linha de terra π1 π4.
4. A face 123 aparece projetada em VB
em π4.
5. Voltamos a ter uma condição do
Caso 1, na qual temos a face da qual
queremos a VG em VB.

Determinando a VB da face 123 com o primeiro procedimento


Figura 5.11

98
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CAPÍTULO 5 – Verdadeira Grandeza

Determinando a VG da face 123 com o segundo procedimento


Figura 5.12

Procedimento 2: determinar a VG da face 123


1. A face 123 está em vista básica no Plano auxiliar π4. Pois está reduzida a um segmento de reta.
2. Inserimos um plano auxiliar π5, em VB com relação a π4 e paralelo a VB da face 123.
3. Cria-se o diedro entre π4 e π5.
4. Projeta-se a face 123 em π5.
5. Rebatemos π5, transportando as medidas com o compasso a partir da linha de terra π1 π4 até os
pontos 1, 2 e 3 para π5. Com o cuidado de, no momento do transportar, centrar na linha de terra
π4 π5. (para esse transporte, perdemos a referência dos eixos coordenados, devemos utilizar a
relação do diedro).
6. Após o transporte das medidas fechamos a linha poligonal unindo os vértices 1, 2 e 3. Se houver
dúvidas no fechamento da linha poligonal, podemos observar a face da qual estamos extraindo a
VG em alguma das projeções mongeanas.

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CAPÍTULO 6 – Seção Plana

CAPÍTULO 6 – SEÇÃO PLANA

6.1. Introdução ao Conceito de Seção Plana e Interseção

6.1.1. Superfície e Sólido

Superfície é uma região que possui dois comprimentos. Segundo Rangel (1979) a definição
mais básica e abrangente para qualquer superfície é a definição de Gaspar Monge: “Superfície é o
limite da extensão a três dimensões”. Porém, no intuito de ampliar o entendimento de superfícies
Rangel apresenta mais três definições: “a) Superfície é a película sem espessura que separa duas
regiões no espaço tridimensional; b) É o lugar geométrico dos pontos comuns a duas regiões
tridimensionais e; c) É todo lugar bidimensional” (Rangel, 1979, p. 97).

Portando, as superfícies podem possuir diferentes formas. As figuras abaixo mostram


diferentes exemplos de superfícies. As figuras 6.1, 6.2 e 6.3 mostram uma superfície cilíndrica, uma
superfície cônica e uma superfície esférica, respectivamente, as três possuem leis de geração, sendo
assim consideradas superfícies geométricas: “Toda superfície geométrica pode ser gerada por uma
linha que se move segundo uma lei dada” (Chaput, 1949, p. 193).

As figuras 6.4 e 6.5 trazem exemplos de superfícies não geométricas, porque possuem uma
forma irregular que não estãosubmetida a nenhuma lei de geração. A figura 6.6 é um caso particular
de superfície, pois trata-se de uma superfície plana. A superfície plana também é um exemplo de
superfície geométrica.

Superfície Cilíndrica Superfície Esférica


Superfície Cônica
Figura 6.1 Figura 6.3
http://www.mat.ufmg.br/
Figura 6.2
http://www.professores.uff.br/
http://www.professores.uff.br/

100
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CAPÍTULO 6 – Seção Plana

Superfície curva qualquer Superfície de um bule


Figura 6.4 Figura 6.5 Superfície plana
http://knowledge.autodesk.com/support/autoc http://knowledge.autodesk.com/support/autoc Figura 6.
6.6
ad/ ad/ http://7dasartes.blogspot.com.br/

As superfícies fechadas, a exemplo da superfície esférica, figura 6.3, admitem interior e


exterior. O espaço interior à superfície é o seu volume e todo o restante é o espaço exterior. A soma
da superfície com o espaço interiorr chama
chama-se sólido (Rangel, 1982, p. 3). Por exemplo, a esfera é um
sólido composto pela superfície esférica somada a toda região compreendida por essa superfície. Os
sólidos podem ser classificados em dois grandes grupos: o oss poliedros e os sólidos de revolução. A
esfera é um exemplo de sólido de revolução (figura 6.7). Já os sólidos da figura 6.8, são exemplos de
poliedros.

Esfera Poliedros
Figura 6.7 Figura 6.8
http://geometriaespacial-3g.blogspot.com.br/
3g.blogspot.com.br/ http://www.reidaverdade.net/o-que--sao-poliedros.html

Nessa
sa apostila serão trabalhados sólidos geométricos básicos, são eles:
eles prisma, cone,
pirâmide e cilindro,, como mostra a figura 6.9
6.9.

Prisma Cone Pirâmide Cilindro


Figura 6.9

101
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CAPÍTULO 6 – Seção Plana

6.1.2. Interseção e Seção

O conceito de interseção na Geometria é


o mesmo da Matemática, isto é, os elementos
que fazem parte do conjunto interseção são os
elementos comuns aos conjuntos relacionados.
Na Geometria uma interseção ocorre entre entes
geométricos: retas, sólidos e superfícies. A figura
6.10 mostra a interseção (I) entre a porção de
uma superfície esférica (E) e um cone (C).
Interseção entre superfícies
Figura 6.10
http://www.mat.uel.br/geometrica/

A interseção mais simples e mais facilmente percebida é da figura 6.11, que ilustra a
interseção entre duas retas, marcada por um ponto comum às duas retas. A interseção entre uma
reta é uma superfície também pode ser marcada por um ponto (figura 6.12) ou por mais pontos
(figura 6.13).
A interseção entre um plano e uma reta, não pertencente a este, é marcada por um ponto (A),
como ilustra a figura 6.14. A interseção entre dois planos é marcada por um reta. No caso da figura
6.15, onde os planos são perpendiculares entre si, a interseção entre é chamada de Linha de Terra,
ou, simplesmente, LT, como vimos no estudo do sistema mongeano.

Interseção entre duas retas Interseção entre superfície e reta Interseção entre superfície e reta
Figura 6.11 (um ponto) (vários pontos)
Figura 6.12 Figura 6.13

Interseção entre reta e plano


Figura 6.14 Interseção entre planos perpendiculares entre si.
Interseção = Linha de Terra
Figura 6.15

102
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CAPÍTULO 6 – Seção Plana

Foram vistos alguns exemplos de interseções, porém não foram esgotadas todas as
possibilidades, podem existir interseções entre superfícies, entre superfícies e sólidos ou ainda entre
sólidos.
A definição de seção em Geometria também pode ser encontrada nos dicionários:
“Seção: 1 Ato ou efeito de seccionar. 2 Lugar onde uma coisa está cortada. 3 Cada uma das
partes em que um todo foi seccionado ou separado; segmento. (...) 6 Desenho da figura que
resultaria do corte de qualquer coisa por um plano, geralmente vertical. (...) 8 Geom Figura
proveniente da interseção de um sólido ou superfície por um plano. (...).”
(http://michaelis.uol.com.br/)
O conceito de seção está incluso no conceito de interseção porque para realizar o estudo da
seção, por exemplo, entre um plano de seção, também chamado de plano setor, e um objeto, temos
que determinar pontos e arestas em comum entre ambos, ou seja, temos que determinar as
interseções entre o plano da seção e os elementos do objeto que está sendo seccionado. Dessa
forma, podemos afirmar que toda seção é uma interseção.

6.2. Seção plana de sólidos geométricos básicos


A seção plana envolve um plano e um sólido ou superfície. O plano “corta” o sólido ou
superfície. No caso da seção plana de uma superfície, a seção será a linha de interseção entre o plano
e esta superfície. No caso da seção plana de um sólido, a seção resultante será uma figura plana, que
compreende toda a região de interseção entre o plano e o sólido.

As possibilidades de posição de plano setor são infinitas. Nessa apostila, por uma opção
didática, o plano setor será sempre fornecido em vista básica em uma das vistas mongeanas. Além
disso, serão exploradas algumas posições que melhor representam essa variedade de possibilidades e
que, consequentemente, ilustram grande parte das situações encontradas na atividade profissional
de um engenheiro. Dessa forma, serão exemplifica das várias posições de plano setor para cada
sólido geométrico. Para facilitar o entendimento, o plano horizontal (também chamado de plano do
chão, ou ainda π1) sempre será a referência para a posição do plano setor.

6.2.1 Seção Plana de Prismas

Para trabalhar com a seção de prismas, será usado como exemplo um prisma reto de base
retangular. Estudaremos as seções de prismas em três situações, que são:

1) Plano de Seção Paralelo ao Plano Horizontal (PH): no caso do prisma de base retangular da
figura 6.16, a seção produzida é um polígono igual ao polígono da base, como mostra a figura
6.17.

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CAPÍTULO 6 – Seção Plana

Prisma seccionado por um plano paralelo ao PH Prisma truncado após a seção


Figura 6.16 Figura 6.17

A figura 6.18(a) mostra como fica a representação, em vistas mongeanas, da seção de um plano
paralelo ao PH em um prisma de base retangular e a figura 6.18(b) mostra o resultado dessa seção (o
Sistema Mongeano de representação foi estudado no capítulo 4).
Observe que plano setor α está dado na vista frontal, e nela ele aparece em vista básica. A
seção propriamente dita também aparece em vista básica nessa vista. O mesmo ocorre na vista
lateral, onde a área seccionada está reduzida a um segmento de reta. Na vista superior a área
seccionada, representada por uma hachura, é uma região igual a da base.

Vistas mongeanas de um prisma a ser seccionado Vistas mongeanas do resultado um prisma seccionado
por um plano paralelo ao PH. por um plano paralelo ao PH.
Figura 6.18(a) Figura 6.18(b)
2) Plano de Seção Oblíquo ao Plano Horizontal (PH): no caso da figura 6.19, a seção produzida é
um polígono diferente do polígono da base, conforme mostra a figura 6.20.

104
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CAPÍTULO 6 – Seção Plana

Prisma seccionado por um plano oblíquo ao PH Prisma truncado após a seção


Figura 6.19 Figura 6.20
A figura 6.21(a) mostra como fica a representação, em vistas mongeanas, da seção de um plano
oblíquo ao PH em um prisma de base retangular e a figura 6.21(b) mostra o resultado dessa seção.
Observe que plano setor α está dado na vista frontal, em vista básica. A área seccionada
também aparece em vista básica nessa vista. Nas vistas superior e lateral, as áreas seccionadas estão
representadas por hachuras, ambas são regiões quadrangulares com dimensões diferentes das
dimensões da base e do topo.

Vistas mongeanas de um prisma seccionado Vistas mongeanas do resultado de um prisma


por um plano oblíquo ao PH seccionadopor um plano oblíquo ao PH
Figura 6.21(a) Figura 6.21(b)
3) Plano de Seção Perpendicular ao Plano Horizontal (PH): nesse exemplo, o plano setor está
perpendicular ao plano do chão e está paralelo à face frontal do prisma (ver figura 6.22). Nesse caso,
a seção produzida é um polígono igual à face frontal, conforme mostra a figura 6.23.

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CAPÍTULO 6 – Seção Plana

Prisma seccionado por um plano perpendicular ao PH Prisma truncado após a seção


Figura 6.22 Figura 6.23

A figura 6.24(a) mostra como fica a representação, em vistas mongeanas, da seção de um


plano perpendicular ao PH em um prisma de base retangular e a figura 6.24(b) mostra o resultado
dessa seção.
Observe que plano setor α está dado na vista superior, portanto nessa vista ele aparece em
vista básica. A seção também está em vista básica nessa vista mongeana. O mesmo ocorre na vista
lateral, onde a seção também está em vista básica. Já na vista frontal, a área seccionada,
representada por uma hachura, é um polígono igual à face frontal, uma vez que o plano está paralelo
a essa face.

Vistas mongeanas de um prisma seccionado Vistas mongeanas do resultado de um prisma


por um plano perpendicular ao PH seccionadopor um plano perpendicular ao PH
Figura 6.24(a) Figura 6.24(b)

6.2.2 Seção Plana de Pirâmides

Para trabalhar com a seção de pirâmides, será usada como exemplo uma pirâmide reta de
base quadrangular. Serão estudadas quatro posições básicas para o plano de seção, são elas:

106
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CAPÍTULO 6 – Seção Plana

1) Plano Paralelo ao PH: no caso da pirâmide de base quadrangular da figura 6.25, a seção
produzida é um polígono semelhante ao polígono da base, como mostra a figura 6.26. Nas
pirâmides, a seção resultante de um plano setor paralelo ao chão é diferente da do prisma
porque nas pirâmides as faces laterais concorrem no vértice, ou seja, as arestas laterais não
são paralelas entre si, como nos prismas, e por isso, não mantêm as distâncias entre si.

Pirâmide seccionada por um plano paralelo ao PH Pirâmide truncada após a seção


Figura 6.25 Figura 6.26
A figura 6.27(a) mostra como fica a representação, em vistas mongeanas, da seção de um
plano paralelo ao PH em uma pirâmide de base quadrangular e a figura 6.27(b) mostra o resultado
dessa seção.

Observe que plano setor α está dado na


vista frontal, portanto em vista básica. A área
seccionada, também está em vista básica nessa
vista. O mesmo ocorre na vista lateral, onde a
seção está reduzida a um segmento de reta, pois
também está em vista básica. Já na vista
superior, a área seccionada, representada por
uma hachura, é uma região semelhante, porém
menor que a da base da pirâmide.

Vistas mongeanas de uma pirâmide seccionada


por um plano paralelo ao PH
Figura 6.27(a)

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CAPÍTULO 6 – Seção Plana

Vistas mongeanas do resultado de umapirâmide


seccionadopor um plano paralelo ao PH
Figura 6.27(b)

2) Plano de Seção Oblíquo ao PH: no caso da figura 6.28, a seção produzida é um polígono
diferente do polígono da base, conforme mostra a figura 6.29.

Pirâmide seccionada por um plano oblíquo Pirâmide truncada após a seção


Figura 6.28 Figura 6.29

A figura 6.30(a) mostra como fica a representação, em vistas mongeanas, da seção de um plano
oblíquo ao PH em uma pirâmide de base quadrangular e a figura 6.30(b) mostra o resultado dessa
seção.

Observe que plano setor α está dado na vista frontal em vista básica, portanto a área
seccionada nesta vista coincide com a representação do plano, ou seja, também está em vista básica.
Nas vistas superior e lateral as áreas seccionadas estão representadas por hachuras, ambas são
regiões quadrangulares de dimensões diferentes das da base, observe que a base é um quadrado e as

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CAPÍTULO 6 – Seção Plana

seções das vistas superior e lateral são trapézios, isso ocorre por conta da obliquidade do plano setor
α.

Vistas mongeanas de uma pirâmide seccionada Vistas mongeanas do resultado de uma pirâmide
por um plano oblíquo ao PH seccionada por um plano oblíquo ao PH
Figura 6.30(a) Figura 6.30(b)

3) Plano de Seção Perpendicular ao PH: no caso da pirâmide, como mostra a figura 6.31, a seção
produzida é um polígono diferente do polígono da face frontal, conforme mostra a figura 6.32.

Pirâmide seccionada por um plano perpendicular ao PH Pirâmide truncada após a seção


Figura 6.31 Figura 6.32

A figura 6.33(a) mostra como fica a representação, em vistas mongeanas, da seção de um


plano perpendicular ao PH em uma pirâmide de base quadrangular e a figura 6.33(b) mostra o
resultado dessa seção.

Observe que plano setor α está dado na vista superior, portanto, nessa vista, tanto o plano
de seção quanto a área seccionada aparecem em vista básica. Na vista lateral, a área seccionada

109
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CAPÍTULO 6 – Seção Plana

também está em vista básica, portanto, reduzida a um segmento de reta. Já na vista frontal, área
seccionada representada por uma hachura, é um polígono diferente do polígono da face frontal.
fronta

Vistas mongeanas de uma pirâmide seccionada Vistas mongeanas do resultado de uma


um pirâmide
por um plano perpendicular ao PH seccionada por um plano perpendicular ao PH
Figura 6.33(a) Figura 6.33(b)

4) Plano de Seção Perpendicular ao PH P Passando pelo Vértice: no


o caso da pirâmide como mostra a
figura 6.34,, a seção produzida é um triângulo semelhante à face frontal, conforme mostra a figura
6.35.

Pirâmide seccionada por um plano perpendicular Pirâmide truncada


cada após a seção
ao PH que passa pelo vértice Figura 6.35
5
Figura 6.34

A figura 6.36(a) mostra como fica a representação, em vistas mongeanas, da seção dde um
plano perpendicular ao PH que passa pelo vértice de uma pirâmide de base quadrangular e a figura
6.36(b) mostra o resultado dessa seção
seção.

Observe que plano setor α está dado na vista superior, portanto, nessa vista, tanto p plano
de seção quanto a seção propriamente dita aparecem em vista básica. Na vista lateral a área
seccionada também está reduzida a um segmento de reta, portanto em vista vista básica. Já na vista

110
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CAPÍTULO 6 – Seção Plana

frontal área seccionada, representada por uma hachura, é um triângulo semelhante ao da face
frontal, observe que as medidas do triângulo da seção são um pouco menores do que as medidas
das arestas da face.

Vistas mongeanas de umapirâmide seccionado Vistas mongeanas do resultado de umapirâmide


por um plano perpendicular ao PH que passa pelo vértice seccionadopor um plano perpendicular ao PH
Figura 6.36(a) que passa pelo vértice
Figura 6.36(b)

6.2.3 Seção Plana de Cilindros


Para trabalhar com a seção de sólidos curvos,, como o cone e o cilindro, é necessário utilizar os
conceitos de lei de geração e de geratrizes de limite de visibilidade. Para realizar qualquer seção em
um cilindro, ou um cone, serão utilizadas suas geratrizes retas e suas geratrizes curvas, conforme
mostram as figuras 6.37 e 6.38.

As geratrizes retas e curvas de um cilindro reto As geratrizes retas e curvas de um cone reto
Figura 6.37 Figura 6.38
Fonte: http://www.uel.br/cce/mat/geometrica/php/i
geometrica/php/i Fonte: http://www.uel.br/cce/mat/geometrica/php/i
http://www.uel.br/cce/mat
mg/gif/gd/gd_16t/1.gif
16t/1.gif mg/gif/gd/gd_16t/1.gif
16t/1.gif

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CAPÍTULO 6 – Seção Plana

Para o estudo da seção plan


plana de cilindros será utilizado como exemplo um cilindro reto. A
exemplo da pirâmide, estudaremos quatro posições básicas:

1) Plano de Seção Paralelo ao PH:: no caso do cilindro reto da figura 6.39,, a seção produzida é um
uma
circunferência igual à circunferência da base
base, como mostra a figura 6.40.

Cilindro seccionado por um plano paralelo Cilindro truncado após a seção


Figura 6.39 Figura 6.40

A figura 6.41(a) mostra como fica a representação, em vistas mongeanas, da seção de um


plano paralelo ao PH em um cilindro reto e a figura 6.41(b) mostra o resultado dessa seção.
Observe que plano setor α está dado na vista frontal, portanto em vista básica. Do mesmo
modo, a área seccionada aparece reduzida a uma reta nessa vista. Na vista lateral, a área seccionada
também aparece em vista básica. Na vista superior, a área seccionada, representada por uma
hachura, é uma região igual a da base, ou seja, uma circunferência.
Como o cilindro é um sólido redondo, para determinar os pontos da seção que “cortam” a
face curva deve-se
se trabalhar com as geratriz
geratrizes de limite de visibilidade.

Vistas mongeanas de um cilindro reto seccionado Vistas mongeanas do resultado de um cilindro reto
por um plano paralelo ao PH seccionadopor um plano paralelo ao PH
Figura 6.41(a) Figura 6.36(b)

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CAPÍTULO 6 – Seção Plana

Na vista frontal, as geratrizes


atrizes são g1 e g2, como mostra a figura 6.41 6.41(a). A partir delas
determinamos os pontos 1 e 2 em todas as vistas. Tais pontos pertencem tanto à seção como à face
curva do cilindro. Na vista lateral, os limites de visibilidade são as geratrizes g3 e g4
g4. A partir delas
foram determinados os pontos 3 e 4 em todas as vistas.

2) Plano de Seção Oblíquo sem Cortar a Base


Base: no caso da figura 6.42,, o plano setor está oblíquo ao
PH e “corta” as geratrizes retas e curvas da face curva do cilindro.. A seção produzida é uma elipse,
conforme mostra a figura 6.43.

Cilindro seccionado por um plano oblíquo ao PH Cilindro truncado após a seção


Figura 6.42 Figura 6.43

A figura 6.44(a) mostra como fica a representação, em vistas mongeanas, da seção de um plano
oblíquo ao PH em um cilindro reto e a figura 6.44(b) mostra o resultado dessa seção.
Observe que plano setor α está dado na vista frontal, portanto tanto o próprio plano de seção
quanto a seção aparecem em vista básica. Na vista superior a área seccionada, que está hachurada,
tem sua representação igual a da circunferência da base
base,, no entanto a curva da seção é u
uma elipse.
Isso ocorre porque quando a elipse é projetada na vista superior ela fica aparentemente com as
mesmas dimensões da base.

Vistas mongeanas de um cilindro seccionado Vistas mongeanas de um cilindro seccionado


por um plano oblíquo ao PH por um plano oblíquo ao PH
Figura 6.44(a) Figura 6.44(b)
44(b)

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CAPÍTULO 6 – Seção Plana

Na vista lateral direita a área seccionada, que está representada por hachura, corresponde a
uma elipse com dimensões reduzidas no sentido do eixo menor por conta do plano setor que está
oblíquo à vista lateral.

Para determinar os pontos da seção que “cortam” o cilindro deve deve-se


se trabalhar com as
geratrizes de limite de visibilidade. Na vista frontal, as geratrizes são g1 e g2, a partir delas del
determinamos os pontos 1 e 2 em todas as vistas. Tais pontos p pertencem
ertencem tanto à seção como à face
curva do cilindro. Na vista lateral os limites de visibilidade são as geratrizes g3 e g4, a partir delas
foram
am determinados os pontos 3 e 4 em todas as vistas.

3) Plano de Seção Oblíquo ao PH Cortando uma das Superfícies Planas do Cilindro:


Cilindro no caso da figura
6.45,, o plano setor está oblíquo “cortando” a face curva do cilindro
cilindro, mas também “corta” a face
plana, que tem forma de circunferência. Nesse caso, a seção produzida é um arco de elipse somado a
um segmento de reta, conforme
onforme mostra a figura 6.46.
6.4

Cilindro seccionado por um plano oblíquo ao PH Cilindro truncado após a seção


Figura 6.45 Figura 6.46

A figura 6.47(a) mostra como fica a representação, em vistas mongeanas, da seção de um


plano oblíquo ao PH, que passa por uma das suas superfíc
superfícies
ies planas, em um cilindro reto e a figura
6.47(b) mostra o resultado dessa seção.
Observe que plano setor α está dado na vista frontal, em vista básica, portanto nessa vista a
área seccionada coincidee com a repr
representação do plano. Na vista superior, a área seccionada, que
está representada por hachura, é limitada por um arco de circunferência somado a um segmento de
reta. O arco de circunferência corresponde ao arco de elipse projetado na vista superior, o
segmento de reta corresponde à região na qual o plano setor “corta” a base.

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CAPÍTULO 6 – Seção Plana

Vistas mongeanas de um cilindro seccionado Vistas mongeanas do resultado de um cilindro


por um plano oblíquo ao PH que passa pela seccionadopor um plano oblíquo ao PH
superfície plana superior que passa pela superfície plana superior
Figura 6.47(a) Figura 6.47(b)

Na vista lateral a área seccionada, que está representada por hachura, corresponde a um arco
de elipse somado a um segmento de reta. O arco de elipse apresenta um tamanho reduzido no
sentido do eixo maior.
Para determinar os pontos da seção que “cortam” o cilindro deve-se trabalhar com as
geratrizes de limite de visibilidade. Na vista frontal, as geratrizes são g1 e g2, porém a seção não
passa pela geratriz g1. A partir de g2 determinamos o ponto 2 em todas as vistas. Tal ponto pertence
tanto à seção como a face curva do cilindro. Ainda na vista frontal, determinamos os pontos 1 e 1’
que estão no topo do cilindro, que é a face plana do cilindro em forma de circunferência. Na vista
lateral direita, os limites de visibilidade são as geratrizes g3 e g4, a partir delas foram determinados
os pontos 3 e 4, em todas as vistas

4) Plano de Seção Perpendicular ao PH: no caso da figura 6.48, o plano setor está perpendicular
“cortando” as geratrizes curvas da face curva. A seção produzida é um quadrilátero (nesse caso um
retângulo), sendo dois dos lados iguais às geratrizes retas e os outros dois lados secantes às
circunferências da base e do topo do cilindro, conforme mostra a figura 6.49.

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CAPÍTULO 6 – Seção Plana

Cilindro seccionado por um plano perpendicular ao PH Cilindro truncado após a seção


Figura 6.48 Figura 6.49
9

A figura 6.50(a) mostra como fica a representação, em vistas mongeanas, da seção de um


plano perpendicular ao PH em um cilindro
cilindro reto e a figura 6.50(b) mostra o resultado dessa seção.

Observe que plano setor α está dado


na vista superior, portanto a área
seccionada nesta vista coincide com a
representação do plano, ou seja, também
está em vista básica. Na vista frontal,
ontal, a área
seccionada, que está representada por
hachura, corresponde a um quadrilátero,
sendo os segmentos 13 e 24 iguais às
geratrizes retas do cilindro. Os segmentos
12 e 34 são secantes à face plana do
cilindro que tem forma de circunferência.
Na vista
sta lateral, a área seccionada, está
representada por um segmento de reta,
uma vez que o plano setor se encontra em
vista básica. Observe que o plano setor não
interceptou as geratrizes de limite de
Vistas mongeanas de um cilindro seccionado
secciona
visibilidade. por um plano oblíquo ao PH que passa
pelo topo do cilindro
Figura 6.50(a)

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CAPÍTULO 6 – Seção Plana

Vistas mongeanas do resultado de um cilindro


seccionado por um plano oblíquo ao PH
que passa pelo topo do cilindro
Figura 6.50(b)

6.2.4 Seção Plana de Cones

O estudo de seções planas nos cones poderia ser um capítulo à parte. Isso porque elas geram
as quatro curvas cônicas, conforme mostra a figura 6.51: circunferência(a), parábola(b), elipse(c) e
hipérbole (d). Cada curva cônica possui propriedades geométricas específicas. O tipo de curva cônica
depende da posição que o plano de seção toma em relação ao PH quando está cortando a superfície
cônica.

As quatro curvas cônicas: circunferência (a), parábola (b), elipse (c) e hipérbole (d)
Figura 6.51
Conforme foi dito anteriormente, para trabalhar com a seção de sólidos redondos, como o
cone e o cilindro, é necessário utilizar os conceitos de lei de geração e de geratrizes de limite de
visibilidade. Para realizar qualquer seção emcones serão utilizadas suas geratrizes curvas e suas

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CAPÍTULO 6 – Seção Plana

geratrizes retas, as quais são mostradas nas figuras 6.52 e 6.53. O cone esquemático da figura 6.54
será tomado como referência.

Vista esquemática do cone com seus


As geratrizes retas do cone As geratrizes curvas do cone
elementos formadores
Figura 6.52 Figura 6.53
Figura 6.54

Para o estudo da seção plana do cone será utilizado como exemplo um cilindro reto.
Diferentemente dos outros sólidos estudados, estudaremos cinco posições básicas para o plano de
seção, são elas:

1) Plano de Seção Paralelo ao PH - circunferência: caso do cone reto da figura 6.55, a seção
produzida é uma circunferência semelhante à circunferência da base, como mostra a figura 6.56.

Cone truncado após a seção


Cone seccionado por um plano paralelo Figura 6.56
Figura 6.55

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CAPÍTULO 6 – Seção Plana

A figura 6.57 mostra um cone esquemático


sendo cortado pelo plano setor α. Quando o
plano setor está paralelo ao PH – ou ainda,
perpendicular ao eixo gerador “e” – irá produzir
uma seção em forma de circunferência.
Importante: a circunferência é um caso particular
que ocorre apenas quando o plano setor está
perpendicular ao eixo “e”.
A figura 6.58(a) mostra como fica a
representação, em vistas mongeanas, da seção
de um plano paralelo ao PH em um cone reto e a
figura 6.58(b) mostra o resultado dessa seção.
Cone esquemático mostrando a posição do
plano de seção paralelo ao PH
Figura 6.57
Observe que o plano setor α está dado na vista frontal, portanto a área seccionada nesta vista
coincide com a representação do plano, ou seja, está em vista básica. Na vista lateral, a área
seccionada está reduzida a um segmento de reta, porque também está em vista básica. Na vista
superior, a área seccionada, representada por uma hachura, é uma região semelhante à da base, ou
seja, uma circunferência com diâmetro menor do que a circunferência da base.
Como o cone é um sólido redondo, para determinar os pontos da seção que “cortam” a face
curva deve-se trabalhar com as geratrizes de limite de visibilidade.

Vistas mongeanas de um cone seccionado Vistas mongeanas do resultado de um cone seccionado


por um plano paralelo ao PH por um plano paralelo ao PH
Figura 6.58(a) Figura 6.58(b)
Na vista frontal, as geratrizes são g1 e g2, a partir delas determinamos os pontos 1 e 2 em
todas as vistas, os quais pertencem tanto à seção como à face curva do cilindro. Na vista lateral, os

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CAPÍTULO 6 – Seção Plana

limites de visibilidade são as geratrizes g3 e g4, a partir delas foram determinados os pontos 3 e 4 em
todas as vistas.

2) Plano de Seção Oblíquo ao PH - elipse: no caso da figura 6.59, o plano setor está oblíquo ao PH, ou
seja, “cortando” as geratrizes retas e curvas da face curva do cone. A seção produzida é uma elipse,
conforme mostra a figura 6.60.

Cone seccionado por um plano oblíquo ao PH Cone truncado após a seção


Figura 6.59 Figura 6.60

A figura 6.61 mostra um cone esquemático


sendo cortado por um plano setor oblíquo ao PH.
Quando o plano setor forma um ângulo Ω com o PH,
irá produzir uma seção em forma de elipse. β é o
ângulo que a geratriz do cone forma com o PH.
Enquanto Ω for menor do que β teremos vários
casos de elipse.

Resumindo: diferentemente da seção em forma de


circunferência, que é um caso particular, ou seja, o
caso em que o plano setor é paralelo ao PH, com o
plano setor oblíquo podemos ter vários casos de Cone esquemático mostrando a posição do
elipse, desde que Ω < β. plano oblíquo ao PH
Figura 6.61

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CAPÍTULO 6 – Seção Plana

A figura 6.62(a) mostra como fica a


representação, em vistas mongeanas, da
seção de um plano oblíquo ao PH em um
cilindro reto e a Figura 6.62(b) mostra o
resultado dessa seção.
Observe que plano setor α está
dado na vista frontal, portanto a área
seccionada nesta vista coincide com a
representação do próprio plano de
seção, ou seja, também está em vista
básica. Na vista superior, a área
seccionada corresponde a uma elipse,
que está representada por hachura. Na
vista lateral, a área seccionada, também
está representada por hachura, e
também corresponde a uma elipse. Esta
Vistas mongeanas de um cone seccionado possui dimensões reduzidas no sentido
por um plano oblíquo ao PH do eixo menor por conta do plano setor
Figura 6.62(a)
que está oblíquo à vista lateral. Para
determinar os pontos da seção que
“cortam” o cone deve-se trabalhar com
as geratrizes de limite de visibilidade. Na
vista frontal, as geratrizes são g1 e g2, a
partir delas determinamos os pontos 1 e
2, em todas as vistas. Tais pontos
pertencem tanto à seção como à face
curva do cone. Na vista lateral,os limites
de visibilidade são as geratrizes g3 e g4,
a partir delas foram determinados os
pontos 3 e 4, em todas as vistas.

Vistas mongeanas do resultado de um cone seccionado


por um plano oblíquo ao PH
Figura 6.62(b)

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CAPÍTULO 6 – Seção Plana

3) Plano de Seção Oblíquo ao PH e Paralelo à Geratriz do Cone - parábola: no caso da figura 6.63, o
plano setor está “cortando” as geratrizes retas e curvas da face curva do cone. A seção produzida é
umaparábola, conforme mostra a figura 6.64.

Cone seccionado por um plano oblíquo ao PH Cone truncado após a seção


Figura 6.63 Figura 6.64

A figura 6.65 mostra um cone esquemático


sendo cortado pelo plano setor. Quando o plano
setor está oblíquo ao PH e paralelo à geratriz do
cone, ele forma um ângulo Ω com a base do cone.
A seção resultante tem a forma de uma parábola.
Se o plano setor é paralelo à geratriz do cone, os
ângulos Ω e β, que é o ângulo que a geratriz do
cone forma com o plano do chão, são iguais.

Importante: a parábola é um caso particular que


acontece apenas quando o ângulo que o plano
setor forma com o chão “Ω” for igual ao ângulo
que a geratriz do cone forma com o chão “β”.

Cone esquemático mostrando a posição do


plano paralelo à geratriz
Figura 6.65

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CAPÍTULO 6 – Seção Plana

A figura 6.66(a) mostra como fica a


representação, em vistas mongeanas, da
seção de um plano oblíquo ao PH e
paralelo à geratriz de um cone reto e a
Figura 6.66(b) mostra o resultado dessa
seção.
Observe que plano setor α está
dado na vista frontal, portanto a área
seccionada nesta vista coincide com a
representação do plano, ou seja, está em
vista básica. Na vista lateral, a área
seccionada, que está hachurada,
corresponde a uma parábola. Na vista
superior, a área seccionada também
Vistas mongeanas de um cone seccionado
corresponde a uma parábola. No entanto,
por um plano oblíquo ao PH e paralelo a uma de suas geratrizes
Figura 6.66(a) esta possui dimensões reduzidas no
sentido vertical devido ao plano setor
estar oblíquo à vista lateral. Para
determinar os pontos da seção que
“cortam” o cone deve-se trabalhar com as
geratrizes de limite de visibilidade.

Vistas mongeanas do resultado de um cone seccionado por um


plano oblíquo ao PH e paralelo a uma de suas geratrizes
Figura 6.66(b)

Na vista frontal é possível identificar as geratrizes são g1 e g2. A partir de g1 determinamos o


vértice da parábola, o ponto 1. Ainda na mesma vista, a base do cone, está em vista básica, portanto,
representada por um segmento de reta, neste determinamos os pontos 2 e 5. Deve-se determinar os
pontos 1, 2 e 5 em todas as vistas. Na vista lateral os limites de visibilidade são as geratrizes g3 e g4,
a partir delas foram determinados os pontos 3 e 4, em todas as vistas.

123
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CAPÍTULO 6 – Seção Plana

4) Plano oblíquo ao PH – hipérbole qualquer: quando o plano setor está oblíquo ao plano do chão.
No caso da figura 6.67, o plano setor está oblíquo “cortando” as geratrizes retas e curvas da face
curva do cone. A seção produzida é uma hipérbole qualquer, conforme mostra a figura 6.68.

Cone seccionado por um plano oblíquo ao PH Cone truncado após a seção


Figura 6.67 Figura 6.68

A figura 6.69 mostra um cone esquemático


sendo cortado por um plano de seção. Quando
este plano está oblíquo ao plano horizontal,
formando um ângulo Ω com este, o resultado é
uma seção em forma de hipérbole. β é o ângulo
que a geratriz do cone forma com o plano do
chão. Enquanto Ω for maior do que β teremos
vários casos de hipérbole.

Resumindo: com o plano setor oblíquo ao PH


podemos ter vários casos de hipérbole, desde que
Ω > β.

Cone esquemático mostrando a posição do


plano oblíquo ao PH
Figura 6.69

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CAPÍTULO 6 – Seção Plana

A figura 6.70(a) mostra como fica a


representação, em vistas mongeanas, da seção
de um plano oblíquo em um cone reto e a
figura 6.70(b) mostra o resultado dessa seção.
Observe que plano setor α está dado na
vista frontal, portanto a área seccionada nesta
vista coincide com a representação do plano,
ou seja, também está em vista básica. Na vista
superior, a área seccionada corresponde a uma
hipérbole, representada por hachura, com
dimensões reduzidas no sentido vertical por
conta do plano setor que está oblíquo à vista
lateral. Na vista lateral, a área seccionada, que
também está representada por hachura,
corresponde a uma hipérbole. Para determinar
os pontos da seção que “cortam” o cone deve-
se trabalhar com as geratrizes de limite de
visibilidade. Na vista frontal, as geratrizes são
Vistas mongeanas cone seccionado
g1 e g2. A partir delas determinamos os pontos
por plano oblíquo
Figura 6.70(a) 2 e 3, em todas as vistas. Tais pontos
pertencem tanto à seção como à face curva do
cone. Na vista lateral, os limites de visibilidade
são as geratrizes g3 e g4. A partir delas foram
determinados os pontos t’ e t”, em todas as
vistas. Nas bases foram determinados dois
pares de pontos, que são: 1, 1’ e 4, 4’.

Vistas mongeanas do resultado de um cone seccionado


por plano oblíquo
Figura 6.70(b)

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CAPÍTULO 6 – Seção Plana

5) Plano de Seção Perpendicular ao PH – hipérbole equilátera: no caso da figura 6.71, o plano setor
está perpendicular ao PH, “cortando” as geratrizes curvas e passando pelas geratrizes retas da face
curva do cone. A seção produzida é uma hipérboleequilátera, conforme mostra a figura 6.72. Uma
hipérbole dessa natureza possui seus dois ramos com iguais características geométricas.

Cone seccionado por um plano oblíquo Cone truncado após a seção


Figura 6.71 Figura 6.72

A figura 6.73 mostra um cone


esquemático sendo cortado pelo plano setor.
Quando o plano setor está perpendicular ao
plano horizontal, ou seja, quando ele for
paralelo ao eixo “e”, a seção resultante tem a
forma de uma hipérbole equilátera.

Resumindo: a hipérbole equilátera é um caso


particular que acontece apenas quando o plano
setor está perpendicular ao chão, ou ainda,
quando o plano setor é paralelo ao eixo “e”.

Cone esquemático mostrando a posição do plano


setor perpendicular ao PH
Figura 6.73

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CAPÍTULO 6 – Seção Plana

A figura 6.74(a) mostra como fica a


representação, em vistas mongeanas, da seção
de um plano perpendicular ao PH em um cone
reto e a Figura 6.74(b) mostra as vistas
mongeanas do resultado dessa seção.
Observe que plano setor α está dado na
vista frontal, portanto a área seccionada nesta
vista coincide com a representação do plano, ou
seja, também está em vista básica. Na vista
superior, a área seccionada também está em
vista básica, correspondendo a um segmento de
reta. Na vista lateral, a área seccionada, que
está representada por hachura, corresponde a
uma hipérbole com dimensões em verdadeira
grandezaporque o plano setor está paralelo à
vista lateral.
Para determinar os pontos da seção que
“cortam” o cone deve-se trabalhar com as
Vistas mongeanas de um cone seccionado
por um plano perpendicular ao PH geratrizes de limite de visibilidade. Na vista
Figura 6.74(a) frontal, as geratrizes são g1 e g2. A partir delas
determinamos os pontos 2 e 3, em todas as
vistas. Tais pontos pertencem tanto à seção
como à face curva do cone. Na vista lateral, os
limites de visibilidade são as geratrizes g3 e g4.
Observe que não há pontos que tangenciam
essas geratrizes. Nas bases foram determinados
dois pares de pontos, que são: 1, 1’ e 4, 4’, em
todas as vistas.

Vistas mongeanas do resultado de um cone seccionado


por um plano perpendicular ao PH
Figura 6.74(b)

127

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