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e ROMANTISMO De origem alam’ ¢ inglesa © Romantismo espalhou-se por toda a Europa desde 0s finais do século XVI, perpatsedo pel ideologia da Revolugto Francesa. Surge por oposigia 20 Classicism, (© Romantismo em Portugal esta ligado & transformacso revolucionérie de sociedace portuguesa no inicio do século XIK. Deve notarse, no entanto, que, anteriomente & revolucde liberal, se vinham desenvolvenco temas e estllos due anteviam a eriag8o de um novo concelto de Literatura: j& 105 Arcades procurevem um estilo mais dtecto, descritivo e individuelizante, ‘posto, a0 estilo classco. Tambem eles atribuiram @ Literatura uma Tung social 9 nacional que seré porto de partic para os primeiros roménticos. Na origem do Romantisme esta o acesso da burquesia & Literatura, com 0 avango do joralisma que nasce em meados do século XVll e se dosonvolve durante 0 séc. XVil, spesar co controlo exercido polo poder central sobre as publicagSes peridcicas. Com as revolugdes ocortidas entre 1820-1891 verificam-se grandes vagas de emioragSo, tendovse os emigrados repartido entre Franga © Inglaterra, onde 0 Romentisma esteva em florescimento. & em plena emigrarSo que Almeida Garrett publica at suas primetras obras: Games @ D. Branca (1825 e 1626). em Paris. Com o ragresso dos emigrados, devido @ vitéria dos liberais na guerra civil de 1832-34, 0 Romantismo canhou firmeza, com a participagio activa de Alexandre Herculano e Almeida Garratt, vindo @ ter 0 seu apegeu com Camilo Castelo Branco e sendo substituido pelo Realism em 167! (© Romentismo caracteriza-se pela rejelofo, por um lado, das {tradigdos do Classicismo como models 0, por outro, do racionaismo do século val Principals caractersticas: = Valoriza-se 0 Individue em si mesmo, a sensbiiiade, 0 sentimento @ a fexaltagao do eu interior, estando inerentes a Inquletagso @ © desequlrio, assim como 0 sofrimento, a melancola,e Fatalidade; da nostalgia courada pela Impossibilidade de aleancar 0 absoluto e da frustragdo da condiglo humana, nasoo 0 ml du sicle» que pode ter como manifestapso 0 protesto politico: Andlise da obra “Frei Luis de Sousa” - Resumo de elementos chave = Verifice-se 0 contraste entre a realidade ideslizada e a Histéria © privilegio-se @ liberdade © o nacionalisma, no send @ este alhelo 0 Introsso pola Idade Nédia como dpoca representative do surgimonto as ragdes, pela afirmarso des nacionalidades e indeperdéncis politics, t80 caro 20s roménticas que na sua época aderem a causes ‘sutonomistas e liberais, sendo tambem de por em relevo os tempos moder; + Prvilegiase & fupa no tempo @ no espago. a evasso no sono, na rmeditagdo, no mistério, na morte, no fantistico © o gosto pela ‘radio, pelo agradavel © popular, sintomatico do que ¢ préprio @ clonal @ nfo alholo, como se manifestavam as noxmas do Classielsmo: = Enaltece-se a imaginogdo, a espontaneidade, o natural, 0 ser genial Ge cada incviduo, a rligido, 0 misticismo: + Contra-se nos jogos de contrastes © antiteses, regstando-so com frequencia a iwonia eo sercasmo, afluéncia vocabular predominantemente emocional o gosto pelo coloquialismo do dscutso com marcas nitidas da oralidade; liberalize-e a forma, nomeadamente ho uso do verso lire, ectrofes leregulares © da prosa no género ‘ramatico = 0 -heréi roméntico € incompreendido e persequido pele sue finguaridade: busca © infinite, © ebeelute do amor, 9 justia, 3 Vvordsdo © da boloza; © excossvo, fatal, solitario, dominaco pelo coragéo, rebelde, procurando a sua pureza imaginaria através de una contestacdo ds rogras da sociedade; © homem transfere-e para a obra, fazondo desta areslizagao Imaginéria da sua vida, dos sous desajos a raiva contra os seus préprios limites enguanto ser human; este & ‘assumida como um mista de sublime e de grotesco: = A paisagem roméntica ¢ revolte, tumultuess, agreste, sombria, ppovoada por seres selvagens, noctivagos (slocus horrendusy), associada 208 estados de alms @ capaz de provocer sensaptes violent, Tendo em conta algumas caractericticas da época anterior (Classicism), que contrastam com as acima mancionacs, notese quo ea fa natureza cléssica (locus amoenuss) € aprazivel, primaveril, diuma, simétrica; os artistas do Renascimento (am Portugal sobretudo no século XV, {apresentando um cunho proprio resultante da expansto ultremarina) basosram 2 sun doutrina na imitagio da Antiguidade Cléssica (grega = romana, seus modelos e reoras). na imitacSo da Natureza,valorizando o primado da razBo @ dai 0 equilibrio corpo / exprito, forma / contetdo, harmonia, sobriedade & serenidads, (© ROMANTISMO NA OBRA (0 Fret Luts de Sousa apresenta alguns dos topics romanticos como: = Sebastlantsmo - Tolmo @ Mariano delxam do fazer referdncle & cronga ro mito de D. Sebastido; patriotisme © naclonalismo - o comportamento de Manuel de Souse Coutinho so incondiar 0 seu proprio palécio pars imped que fosso ‘cupaco pelos Governadores ao servca de Castel; = erengas © superstigdes - de Nadalena, Telmo e Maria, em contextos diversos mas sempre relacionados com o regresso de D. JoB0 0 final trasico que vira a ter lugar; = roligiosidade- de todas as personagens = tema da morte ~ pare os romanticos @ morte foi sempre tide como colugdo de cont; em Fret Luts de Sousa vertica-c: ‘1a morte fisica do Maria (morre tuborculosa); ‘+a morte simbdlica de Medalena © de Manuel, que tomam © habito, rmorrendo para a vida mundane: ‘morte simbolica de D. Jo30 do Portugsl quo morre uma sogunda vez, ‘quando Telmo, depots de Ihe ter desejado a morte fsica como unica manera de salvar a sua menina, o seu anjo (Marla) aceta coleborar com 0 Romeiro no sentido de afirmar que se trate de um impostor, numa ultima tentativa de evitar a eatastrote; + morte gsicologica de Telmo, devido aos acontecimantos traglen. Andlise da obra “Frei Luis de Sousa” - Resumo de elementos chave ALMEIDA GARRETT > Joo Baptista da Silva Loltdo de ALMEIDA GARRETT (Porto 4/2/1788 - Lisboa 9/12/1854) fol uma das principals figuras da literatura portuguesa f De sua inféncle € de salienter @ Infludncle que dus criadas terao exercido nele, despertando 0 gosto palo felcore e pela mentalidade e sabedoria populares. Perante as invasbes francesss, @ familia de Garrett refugiouse ros Agores em 1809, onde este foi educado por dois tos, Dr. Joo Carlos Leltao e D. Fret Alexandre da Sagrada Familia. A cua vocagao no era porém a ectesastica, mas antes @ de oredor @ hamem de taatro, a qual {oi estimulada peta letura de tragécis gregese latinas, pelo abandon a carreira ecteséstica e pola frequéncie do curso de Direito em Colmer, Em 1621, Ja formado, veio para Lisboa onde desempennou papel importante na politica. Em 1823, aquando da Vila-Frencada, que Poliu @ Consituigdo de 1822, viu-se forgado, como muitos outros berais perseguides, a procurar aslo, com a mulher, em Inglaterra. © contacto com o melo inglés marcou para sempre o exprito de Garret, tendo a paisegem inglesa com seus castelos em ruinas atraido Garrett, fazendo-o encaminhar para 0 Romantismo. As primelras manifectacSes Iitararias de Romantismo neste autor forem os poamas Camées (1825) @ , Branca (1828), excritos aquando duma curta permanéncia em Paris, como correspondente comercial Na obra do Garrett, consoguo-se distinguir 0 homer social do hhomem interior, através dos temas do remorso, do desabafo e do reconhecimento, Os grandes temas da sua obra dramstica so liberdade ‘ou morte, confronto entre o passado eo presente (revelando saudade o primaire), palxde pecaminosa, renuncia,reliolosidade e exagerado patriotism. “As suas personapens ou sto litratos, como Bernardin Ribeiro, Gil Vicente, Frei Luis de Souse ou figures préximas do anonimato, como D. Filipa de Vilhona, Ferndo Vaz ou a Sobrinha do Marques. Gerrettsuolimou os homors de cutrore com 8s quslidades @ ea virtuces qe faltavam aos do presente, numa tentative de cigificar os tempos passades. ‘Com a revolugao de Setembro (1836), Passos Manuel sublu 30 poder © ercorregeu Garrett de proceder a reformas cullurais, entre elas «a ‘organizagSo de um teatro nacional». Garrett fundou, entio, 0 Teatro Nacional (actual 0. Maria 11, em Lisboa), uma escola para formar actores (0 Conservatério) @ Iniciou @ produgso de obras de teatro que seduzlssem 0 pablo. De 1837 a 1841 decorreu o idilio amoroso de Adeleide Deville € Garrett, que aos dezoito anos ce apaixonou palo poeta, morrendo aos vinte & ols deixando uma fina de meses, As dolorosas recordaghes em que Garrett vivia aquande da sua permanéncia em Benfica, onde morau com Adelaide, apse a morte desta, forneceramlne os momentos de cancentragdo para criar Frei Lufs de Sousa. A obra sofreu forozescritcss a0 sorvigo do Cabralismo, tendo sido ate acurada de Imitagio de uma obta de um autor francis sobte # mesma personagem, intitulads Luis de Souse e, por tal, impedida de ser representada (esta proibicso sd fol interrompida em 1860 quando o Teatro D. Varia Ifo oficaimente inaugured) Garrett escrevou Um Auto de Gil Voonte (1838), D. Filla de Viena (1940), 0 Alfageme de Gantarém (1842), Frei Luis de Sousa (1849), & Sobrinhe do Marques (1848). Na proza, destacou-ce com Viagans na miona Terra (1843) € ra poesia com Flores som Fruto (1845) 0 Folhas Caldas (1853). 'A ar de homem ge letras, Garrett foi também um politico activo, ‘ore apolado, ofa perseauido. Liberal que era, opte-se aos regimes de D. Miguel (Absolutismo) e de Costa Cabral (Cabraliso). FREI LUIS DE SOUSA - PERSONAGEM HISTORICA © titulo cesta obra @ a sua acgBo tem um fundo historia. As parsonagens exstram na realidade, as relagtes entre elas igualmente, embore ‘9 autor diga na «Neméria eo Conservetério Reals no ter seguide Figorosamente a cronclogia dos acontecimentos nem a verdade hitérica: {Es0u%9 clzer-vos, senhores, que me no Julguel obrigedo a ser escravo 8 Andlise da obra “Frei Luis de Sousa” - Resumo de elementos chave ‘ronologia nem a rejeitar por impréprio da cena tudo quanto a severa critica medema inciitou como ariscado de se epurar para a historia, Eu sacifico as musas do Homero, ndo a de Herédoto: © quom ssbe, por fim, em qual dos dos altares arde 0 fogo da melhor verdacer FREI LUIS DE SOUSA (Manuel de Sousa Coutinho, corca de 1555 1632) sofreu vide acidentaca na Asia © em Africae prestou servigos a Filipe Ide Espanha. Regressando a Portugal, cas0u, por 1584-86, com 1. Nadalena de Vilhena, vive de D. Joo de Portugal, desaperecido na batatha de Alescer Oubir a 4 de Agosto de 1578, Em 1899 muda-se para Almada, nomeaco capitao-nor dessa focalidade, No. ano seguinte, devido @ pesto que sssola Lisboa, os ‘overnadores do reine pretendem abrigar-e em Almada, numa casa de Manuel que, por questées pessoas, Ine lanca fogo_ para. nBo thes ‘cedor abrigo. Em 1613, 9p0s o falecimento da fila unica do casl, 0. Nanuel © D. Madalena seguem o exemplo recente dos Condes’ do Vimioso, dando ele entrada no cenvento de &. Domingos de Benfica @ «la no convento co Sacramento. D. Manuel, ento Fret Luls de Sousa, desenvolveu alguns projectosliterérios 2té& sua morte como A Vids de 0. Frei Bartolome os Nartires, & Historia de 5. Domingos Particular do Reino e Conqustas o Reine, a partie de materais dlxace por Frei Lule de Cécegae, num estilo claro, fluente, chelo do naturalidade © poder expresso quo rmarcou a prosa cléssica portuguesa, Correram diversas versBes acerca a causa da morte para 0 mundo de D. Meruel e D. Medalena, partindo uma doles. do um biografo dequole, segundo o qual um porogrino lrouera a noticia de que D. Jodo de Portugal estaria ainda vivo na Terre Santa, 35 anos apbs o seu deseperecimento, sendo 0 casamento e D. Nenuel eD. Nadatena impossvel. Foi este facto que deu origem a Frei Lule de Souse de Garret, FREI LUIS DE SOUSA - DRAMA OU TRAGEDIA? a «Memoria a0 Consorvatiria Real» aos conceitos ‘de Drama o Tragédla Seque-se um excerto da «Meméria ao Conservatio Reals, cuja ele fuleral € a dstinggo entre drama e trepédia que o autor pretende fazer e 6 indicagdo dat rezbes que lavaram a designacdo que aribulu a esta sua obra rime Esta é ume verdadeira tragéia(..).NBo Ihe de? todavia este nome porque ndo quie romper de vieira cam oF estafermes respeltades dos séculos ‘que, formados de pegas que no ofendem nem defendem no actual uerreer; Inanimades, ocos e postos a0 canto da sala para onde ninguém vai de ropésito -alnde tm contudo a nossa venerazio, ainda nos inclinamos diante defes quando all passamos por scato, ‘emals, posto que eu no crela no verso como lingua dramatica possivel para assuntos tho modemos, também ndo sou to desabusado contudo {que me atreva @ dar a ume composigéo em prose o titulo sofene que as musas gregas delcaram consagrad & mais subline e diel! de todes as composicses ostias. (0 que eu escrevi em prosa, pudera escrevé-fo em verso: ~@ 0 nosso verso colto este provado que @ deel! e Ingenuo bastante para der todos of efeitos de arte sem quebrar ne neturezs. Nas sempre hava de aperecer mals artfieio do que a indole especial do assunto podia sofrer-E d-lo-ei porque é verdade ~ repugnava-me também pér na boca do Frei Luis de Sousa outro ritmo que no fesse o de elegante poss portugues que ele, mais do que hinguam, decizts com tanta harmania e suavidace. Gem ee/ que atti fcara mals clara a impossiilidade de imitar 0 grande modelo: mas antes iso. do {que fazer feler por versos meus 0 mats perfeito prosador de lingua. (..) [Nem amores, nem aventuras, ner palxSes, nem caracteres violentos de nenfum género. Com uma acpéo que se passe entre pal mée e filha, um frade, um escudeiro velho, ¢ um peregrina que apenes entra em duas ou trés cenae - tudo gante honesta e temente a Deus com um mau pare contract, sem um tran que se mate ou mate s/guem, pelo menos no ultimo acto, como Andlise da obra “Frei Luis de Sousa” - Resumo de elementos chave fram as tragédias dantes -sem ume danca macabra de assssiios, de ‘adulterios © de incestos, tripudieda 20. som de blasfemias © das Imatiigées, como hoje se quer fazer 0 drama - eu quit ver 62 era [possvelexciter fortemente o feror @ 3 piedade 2o cadaver das nossas plateias. gastas © caqutticas pelo uso continuo de estimulantes violentos, getvanizé-fo com estes sos dos metas dl “Repitavinceramente no seis 0 coneegul:.). Nem paresa que estou dando grandes palavras @ pequenas cofsas: 0 drama 6 a exaressdoliteréria mals verdadeira do estado 08 socledade: a sociedad de hoje ainda se néo sate 0 que 8: 0 drama fine se ndo sabe 0 que &: a Iteratura actual ¢ pelaura, ¢ 0 verbo, finde bafbuclante de uma sociedade indefinida, e contudo ja influi sobre ela: 4, coma disse, a sua expresséo, mas reflecte a modifiear os ppensamentos que a produziram.(..) Aims arte, llr a6 Conran eae (ls mii 18), \Yejamos agors definigdes puras e simples que @ Enciclopedia os fornace sobre estes dois génerosliterdrios para que possam ser uma ‘ajuda na classificagso da natureza desta peca DRAMA - Drama ¢ também um género dramatico, © mals importante do testro sério dapois da tragédla como 0 @ a farsa no teatro comico depois da comeédia ...) Drama € um género teatral que se caracteriza pelo sério das situagses e pelo seu desenlace funesto, mas néo & fragico, Distinguo-so funcamentaimente de tragédia por sorom as Personagens que, por declsio prépria, canduzem a intriga a um Gesfecho infliz, a0 passo que na tragédia 0 destino se exerce Inexoravelmente eté final, limitando-se as personagens @ lutar contra la, sem esperanga, ate 8 consumarao do que tem de acontecer Eheldopéia sera ce Cul, Verba TTRAGEDIA - A trogédia, om sentido restrite, goralmente chamada regular, deixou do exstr com © Romantisma. Em sentido lato, pocomos elisa inclu neste género toda a pepe de teatro que, independentemente de sve estrutura, possua um certo «pathos» trdgice, como os mistélos mediavais @o chamad drama romantico ou raalista 0, de Um modo garal todo 0 tostro série ‘que ple em causa o destino @ a iberdece do homam em stuapSes ieradutivee ra) (0 "Romantiemo portugués teve expressio mais alta ne obra. dramtica de Almeida Gartett, que fol o teu introduter em Portugal com o cama Um auto de Gil Vicente (1838). A su obra-prima, a tragédia romantica Frei Luis de Sousa (1840), ¢ também a obra~prime do teatro roméntico portugues © ume das mas bolas obras da Ieratura cramatica universal elope Lute Sana de Cultus, Vers. ‘A Tragédia Classica: estrutur yentos | tragéiaclasica & 0 mais nobre dos géneros para os oragos @ consta de chico partes: 0 prélogo (1° acto), os epislos (2%. 3, 4° actos) eo dxodo (Sacto): 0 Drotagonista ¢ geralmente uma pessos de estirpe elevada, justa e sem culpe que, apesar disso, petcorre o caminho arduo da desta, embora terna fnteriormente conhecido@ flicdade: existe uma personagem colectva (Coro) com @ fungSo de prever © comentar 0 desenroler dos acontecimentos, manifestando a vez do bom-sento perante a exaltagio das personagens: 6 sassunto © geralmenta co cariz politica @ sociel, ou Felativo @ uma situacso insolta a linguagem da tragécia € em verso erespeita a lel das trés unldades (espace, tempo e aczio), no havendo madara de censtlo, oeupando @ aebo {9 maximo de 24 horas e centrando-so num Unico problema. & tragedia classics tem 0 fulero da ae¢io rum canfita (Agon) que leva a: personagens @ Interrogarem-se sobre a sua existéncia eo destino (Ananké).fazendo com que © individvo lance um desefio (Hybris) 8s autoridades, aos deuses, a6 leis de Natureza cu a ordem. Como reaecdo, sufge a punicde, © castigo - a Némesis diva, que tam como oansequeércia 0 sfrimento das personagans (Pathos). Os acontecimentos desenrolam-s segundo os actos das personagens: o conflite do protagonista adonsa-ce o avoluma-se (Climax) ¢, por vezes, os acontocimentos Dreciptem a acrao no sou curso através de altoragses (Peripécla) Andlise da obra “Frei Luis de Sousa” - Resumo de elementos chave ‘que acebam por inverter 0 rumo dos acontecimentos em sentido Inasperado, dando lugar ao desenlace fatal (Catéstrofe). Um roconhecimento (Anagnérise) 6 quo muitas vez0s dosencadela osta rmuianga brusca. A catdstrofe dave ser sugerida desde o inicio pois # 0 resultado da luta entre @ Hybris @ 0 Destino cruel e inevitavel. Estes contecimentos € este conflte criam no espectador uma terséo, uma curisidade @ expectaiva tis, levando-o a partilpar dot eentimentos @ apreensées das personagens’(Catarse) como forma de purficar as Paixtes dos espectadores, semelhantes é do protagonist, através de uma acgde geracora de compalxao e temar. [A Tragédla Clissca om Frel Luis de Sousa Almeida Gerrottcriou 8 soso do Froi Lis de Souss @ luz da tragéia grage, cancratizando o: varios elementos trégions numa acgSo repleta de ansiedade, de pressigios na qual cade membro da familia. protagonista vive 0 drama colectivo. Assim, O. Madalena cometeu um crime de amor, a0 amar Vanust de Sousa Coutinno enquanto casada com D. Joo de Fortugel, desefiou @ordem existent que serla guards fidelidade ao marido (Hybris) 0 conflito (Agon) parte desta situagso, ecenvolvendo-ta com a mudanga de cendrle - Ineéndio do palseio da Manuel © mudanga da familia para 0.00 D. Jodo de Portugal (Perici) = © adensa-se com 9 regresso e reconhecimente do primeiro marigo Julgedo morto, na figure de um Romeira (Anegndrise), imprevisto que provoca ¢ desfecho com a morte do varias porsonagons (Catasrofe). O {esencolar dos acontacimentos dé-nos conta da sofrimento (Pathos), principalmente de Madalena com os seus profundes estades de Imelancolia terror, alimentados pelos pressgios de Telmo (Coro) que fe intansifcam atravas 6a fatalidade dat datas, desteuigao co retrato de Nanuet de Sousa Coutinho © mudanga da habitacdo (Climax), conduzindo 90 desenlace. © sofrimento age sobre os espectadores, eepertando nales of sentimentot de tertere pladade para os purifier (Caters, elisa Tal como na tragécia clssia, ofatalismo é uma presenca constante, © Destino apresenta-se como a forea que move os acontecimentos e o futuro das porsonagens, tomando @ obra na sua concepcéo essoncialmonto trgica - 8 familia de Narwel de Sousa Coutinho nao se pode escapar inflexibilidede do destino apesar da sus nobreza einteoridade. © Drama em Fret Luis de Sousa Almeida Garrett recorreu @ muitos elementos de trageuia cléssica, ‘mas elaberou um drama romantico ond cobrestaem o& estados peleologias das personagens; substitula 0 verso pola press, utilzou ums linguagem cologual, fuente © proxima des realidades vividas pelas personagens © dos seus estados de espirite, bem diferente de uma linguagem cléssca; nfo se preocupou com slgumas regras, como a lol das trés unicades (apenas cumnpriu a unidade de acgloy; retirou a presence do Coro (embora Telmo possa ter afinidedes com esse personagem, na medida em que coments, faz juizos de valor perente as situagSes que vive/ asiste) foi buscar a materia @ realidece do seu pais, com um fundo histerico(batalha de Alcdcer Quibir) ‘Sagunda Vietor Hugo, © drama é uma peca que retrata @ vide real das Dersonagens onde as regras podem seralteradas. As personagens podem ser dotadas de sentimentos vivos © profundos © © desfecho pode ser ou nto ‘rapico, nfo sendo no entanto revestido da tens8o que caracterza a tragedia classca, Come s0 pode vorficar, @ obra om estudo posibilita ume classficagto dupla, tal coma esta patante nas palavras de Almele Garratt com 3s quals concluimos: «Contento-me para a minha obre com o titulo modesto de dram; 9 pego que a nao julguem peles leis que regem, ou devem reger, essa composiclo de forma e indole nova; porque a minha, se na forma ddasmerece da categoria, pela indole hd-de flea pertencendo sempre ao antigo ‘nero tragico.» tn ori ae contenatinlo Resl Andlise da obra “Frei Luis de Sousa” - Resumo de elementos chave PERSONAGENS . Madalena de Vilhena ©. Desde 0 Inicio da pega D. Nadatena de Vilhena & uma personagem dominada por pressentimentos, temores @ terrores(ahlas eu. (..) 0 estado em que eu vivo... este edo, estes continues terrores, que ainda me no debearam gozar uni sé momento (..)) que a fazem viver fem permenente desasssseqo, pénico © infelickiade Pathos - devido a duvida quanto a existencia do primeira ‘marido, slimentade pola convioe8o de Tolmo Pais nosso sontico. Tal esassossego tem como base facto de se sentir culpada por ter amado Manuel de Sousa Coutinho elnde durante o seu primeira casamento = Hybrs (eConto. Este amor - que hoje esta sentificado» até emis deve {i do que ao esposon) @ & agudizado pala vida qua Ihe atormenta o espirito ( sDivida de fiel servidoro até amas que tam atormentado 0 rmeu...»). € uma personagem completamente dominada pelo Destino & pelo fataliemo e impotente contra ambos. Regstem-se, como exempos, 8 tentativa do salvar o retrato do marido, parecendo paver 0 que dai adviria (Ai, © 0 retrato de meu maride! ...Salver-me aquele retrato.»}; e/a constatagio do dia de sexta-flra, dia em que 0 marido @ 8 filha delxam sozinne, que 6 um dla replato do lembrancas de outros acontecimentos «Logo hoje... Este dia de haje € pior.. se fesse ‘amanha, se fosse passado hoje!..r: «Oh, Mara, Maria... também tu me quores deixar! -tambem tu me dosamparas,... @ hojols). A sua personalidede Traca, sensWel influenclvel leva # nda conseguir Tesistir & realidade dos factos. quando D. Joo de Portugal vegresse, fazendo-a tomer consciéncia da relagao ilegitima que vive. Porem, O. Nadalena, por no querer admitir 0 testemunno sia, real do seu Pecado, cu por total Ingenuidade, no reconhece imediatamente 0. sio8o de Portugal dsfargaco de Fomeiro («Santa vide levastes, tom Tomeiro. / Sempre hat parentes, amigos... / Haverd tio m4 gente... 2 10 vil, que tal faga?»). 0 regresso do D. Joso de Portugal vom sendo elisa anunciado 20 longo de toda a pea pelos pressgios de Telmo Pais e pelo pavor de D. Madslana, dei nio surpreender 0 espectador (Ct. exemplos do bleco Toferente a Telmo), D. Madalena renuncia posteriormente @ vida muncna, dando entrada num convento (morte psicolégica) - Catéstrofe. Esta heroina vive muito para si, muito dentro dos seus problemas pessoas, no revela ‘outros interesses que nd0 os relacionados com a sua felicidade e, por extensde, a da sua familia, transmitindo Garrett, deste modo, © ambiente social do inicio do seo XV Nanuet de Sousa Coutinho 0 mesma esting que sm egos - morte pscolgica - oc Manel Go Sue Couto - Ctatote no devo &faqezs do crttr, mas por contra logtiage oa sua provoge neue care, naps Ta (ee eat Get VEPs o autor da minha deroa da sue deans dle): a yt cue sre ssou peta intone, mere etrende, nes ees de tarts deat un te parscra ara 8 onucay# deterniada stuaio (nda do seUpalacio'@ dostio Ce ccofesa) Com ached 39 romeo / DJs Ge Forti, eie #9 dre daqucla cit, mand de wua ler, Nant do Sousa cout eirose Ss won (ara ro a sn na sna ostan motes (france os hats ce Sina ce Sanct) wa eptr de um aaa) Notes wet root 4 trterermerte, © smodlumo do retrto qsinado, de Manual de Sous Couto qu il smpar por setts 7 oppo, noe Ats I, txchntwcate ta presen GoD. loo de Portia quet pel Tpreaiae Detrea, quer pelo seu renscnento cae Rere.Nanual Ge Soe Cautions meres os rece de sun espa quanto © msaremss pero © palace Dee, pcre do vt qmeras de clanar apie tr evden, longo Se page, aller tena eastrongienta no tctento sibmetese so Destin, ele qoe mostra 80 lanes epee ser capes do cesar (bri endl 20 polo ora no dar asjanent oot Sovran) © spor (erent @ seh), nao soa Ivor Andlise da obra “Frei Luis de Sousa” - Resumo de elementos chave pelo pinioo da esposa), parecendo livre nas sues resclugdes, est contudo, a contribuir drastcamente para a fatalidade, 0 Fado que sobre olo - 0 portuguGs, © marido, 0 pal -calu juntamonte com a sua fornia). A par de tal dinamismo, Manuel revela-se ingénuo © pouco perspicaz no menosprezo pare com as inguietagées de sua esposa (GWladelenal / On! querida mulher minha, parece que vou eu agora femberear num galedo para a India..0ra vamos;s), 20 mesmo tempo ‘que esta sua atitude tome um care irénico para 0 expactador ( xE 0 presente, esse € meu, meu s6, todo meu (..), uma vez que Manuel de Sousa Coutinho nio se apercebo que, de facto, o sou presente, a sua Vide inclu! necesseriamento . Madalena 0, & vida desta, esta inerante a presenga de D, Jo8o de Portugal: Nanuel de Sousa Coutinho mostrou se determinado em separar 0 pastado do presente, mas. fol lrromediavelmante condenado por este («( ...) srastel na minha queda, que lancel nesse ablsmo ce vergonta, (.)»). Manuel de Sousa Coutinho ao refugiar-se num convento, que Ihe proporciona 0 lsolamento necessario escrita, encarna 0 mito romantica do escritor Tolmo Pals <: Telmo Pais, 0 Mel servicor de seus amos, primeiramente do D. Jo8o do Portugal, agora do Manuel de Sousa ve Coutinho e familia, & a personificagso dos pressgios, ‘agoures que asiolam aquela familia, 20 manter-se ‘convict, 20 fim de vinto @ um anos, da existencia do sou primeiro| amo (eMadalena (assustada) - Esta bom: no fentramos com os teus agouros e profectas do costume: $80 sempre de aterrar... Deixemo-n0s de futurs...n; «E €5 tu 0 que ances Continuamente e quase por acinte, a sustentar essa quimera, alevantar esse fantasmat ..) esses continuos agouros, em que andes sempre da uma desgraga que esta iminente sobre @ nossa familia...»; carta elxada por D. Jodo em cujas palavras assenta um dos pilares da ‘redulidade de Teimo). elmo culpa Madslona pelo seu segundo ea casamento («Oh minha senhora, minha senhoral mas essa coisa em que vos apartastes dos meus conselhos..»), embora esta tivesse dedicado sete anos a busca infrutiforas. Ama Maria sposar do sor o resultado de uma ligagao que fe considerou adiltera (x(..) a0 principio era uma crianga que eu no pediav até eque Ihe quero mls do que seu pain) 4 lel a Manuel de Souse Coutinho 1 quem respeits © venera («Manuel de Sous... 0 senhor Meruel de Souse Coutinne ¢ guapo cavalhei, nonrado fdalgo, bom portugues...» / «A mina vida que ele queira & sua. E a minha pena, toda a minha pena # que o 180 conheci, que 0 no estimel sempre no que ele velia.»). Telmo Pals € @ Dersonagem que condensa em si proprio o pasado {ligagdo a D. Jodo de Portugal), 0 presente {fidelidace & familia do 0. Madalona) © o futuro {antevisdo dos aoontecimentos que se vieram a concretizar), Note-s ainda que Telmo 6 jt idoso, tal como vefho esto ciclo de felicidade de D. Madalena & Menust do Sous Coutinno, uma vez que ira torminar om Drove. Toimo & também, por deformacso, servil, amigo e inimigo, comprovando a sua verdaceira personalidade com 0 répresso do antigo aro. Telmo equipara-s, ainda, ao coro as tragesies na medida em que comenta, ejuiza(«(..) tenho c& uma coisa que me diz que antes de muito se hé-de ver quem @ que quer mais @ nessa manina nesta casa»; «Tera.» ~ pGe em duvda @ morte de O. Joie) ¢ vaticina («As palavras, ax formals palavres daquela carta escrita ne Drooria madrugaéa do dia da batalha, e entregue a Fret Jorge, que vole {roin, - ive au mortos = razava ela evivo ou marto,..» NBO me esqueCeU uma letra daqueles palavs: © eu sei que homem era meu amo pera as escrover em vBo: wo ou morto, Madalane, hel-de vervos pelo menos ainda uma vez neste mundo.», «Mas no s0 ia som aparocar tamb6m ao seu aio veh Maria de Noronha, ‘Outravitina & Marla - dil flsleamente, desde oado se pravé que © seu desenvolvimento precoce, a nivel psiolbgico, a faz sofrer (oE eu agora 6 que fago de fore e azseadan até «sobre a minha mae tamioém, que € © mesmo.»; «ge, mae, eu bem o sia, Andlise da obra “Frei Luis de Sousa” - Resumo de elementos chave runca to cisse, mas sableo:e; «€ @ vor de meu pail Meu pai que chegou. / Poisclco au muito claro.») e que a sua fraca saude agudiza 1:80 sofrimente ~ Pathos - «Que febro quo ola tom hoje, mou Deus! (queimamthe as mios... e aquelasrosetas nas faces..»; «Naquele corpo tao franzino» eté todo manchado de sangue.»). Marla reforga 0 sebastianismo de Teimo pelo seu entencimento profético,fazendo com {que 0 passado esteja sempre presente; & adulta nas suas preocupagées Felativas as injustigas socials (eColtado do povole até «amparo cos recessitados.») e pela cultura «Menina e moga me leveram da casa de ‘aus pas's até ventendo-o au.»). Marla é a prova clara e conereta da situacio ilegitims do seus pals: a prova do crime por oles cometico 0, come tal, n8o sobrevive-por um lado por ver a decislo de rentncia 2 ‘mundo tomada por ambos, que adora, nib consequindo resstir 20 seu sofrimento (eEspersl: aqu no morro ringuém som mim...) Que Deus 6 esse que esta nesse altar, © quer roubar 0 pal @ @ mBe a sua filha? ..) Mate-me, mateme, se quer, mas deixem-me este as, esta mle, {ue s80 meus.»); por autto lado, por perceber precocemente o pecado a sua existéncia (morte Msica) -Catastrofe - («Essa filha € flha do crime @ do pecado!.." N8o sou; dize, mou pal, n30 sou... dze a essa gente toda, dize que no sou.»i eWirha mée, meu pal, cobri-me bem estas Taces, que morro da vergonha... (escande 0 rosto no solo da me) ‘morro, morro... 40 vorgonha... (Cal © flea morta.no cho. Manuel do Sousa e Macalene prostram-se ao pé do cadaver da filha.») Maria é a ‘mulheranjo bom, é 0 modelo de mulher roméntica 1. Jodo de Portugal ¢ @ personagem sempre presente ao longo da pega, apesar de primar pela auséncia. Toma iversas formas, como as de personagem apenas referide, pertencendo & tm espago e tempo representados (amo de Teme Pate, primelro marigo de D. Madalena, suposta merta fm Aleécer Quibit: porsonagem simbolica, onirca, sempre elisa presente nos agouros de D. Madalena (aParece-me que é voltar ao poder dele» até que nos vel separar para sempre...r), ligada 20 sebestianismo, a suspoitas do Narie © osporanas de Tolmo «(..) aquelo do melo bem sabes so Conhecerein até «rai D, Sebasti.»; / «Mas o outro, © outro...» até «nem ‘outro amor nesta vida..») e personagem wequiveco» /'slsfarce>, responsavel pela - Peripscia © Anagnérise / Reconnecimento, num espage e tempo ca Fepresentagio © come motor @ desfecho do confito dramatica: @ morte de Maria. Manvel de Sousa © D. Madalena (cs dois éltimes como morte Dsicolégica), Apesar de D. JoBo de Portugal ter determinado esta Catastrofe, Testo inconscientamente em corsequéncia de protencer reaver a sua posigae a sua casa © na sua familla; note-so 0 seu elevado caricter moral pols Fendncia 20 seu lugar, uma vez constatados os inimeras. esforgos femoreencides per sua expose, a quem agore ndo quer pun, transferindo tal sofrimonto para si proprio (sAgor= ¢ preciso romediar © mal feito. Ful Imprudente, Tul injust, Tui dura # cruel. (..) cizeihe que Talaste com o Fomeiro. que o examinaste, que o corwenceste de felso e de impostor... dizeo que quiseres, mas salva a ela da vergonhe ( ..¥);eVel, va; vé se ainde € tempo: slva’os, slva-os, que aici podes...). 1 figura de 0’ JoBo de Portugal funciona como um invsiel centro de circunferéncia, provocando a violencia psicoloica das restantes personegens. [Apenat revela @ sua Kdentidade na Acto Il (que fora minimizaca até Tevolagao «Ninguoms), no sondo anteriormente tribuida & porsonagem qualquer importancia -apenas um intruso -como se prove no facto de nenhuma ‘utra ce Ihe referr. empregando o seu rome wlorge = aquele / esse homer / © Fomeiro.»; slanvel - Onde esta ole... / e566 homem.»). D. Joo pode sor considerado 0 fantasma do passado @ concentra em si o fulero da obra, podendo tal ser visto como a condenacSo de um povo que tem de enfrentar permanentemente esse fantasm, 0 qual acaba por destruo. Frat Jorge Frei Jotge ¢ a figura mediatora, apaziguadora (recomenda Druséreie & Manuel de Sousa Coutinho quando este comunice & Andlise da obra “Frei Luis de Sousa” - Resumo de elementos chave ecisdo de seir de cass), aparecendo quando a cpio dramatica sofre alteragdes, por exemplo, quando o Romeiro chega. Revela-se prudente © roflectiso, tranqullizndo D. Nacalona, ansiosa polo rogresso Jo Lista de Manuel de Sousa Coutinho; fazendo-Ihe compania a faticica sexte-feira para que Msria bossa acompanhar 0 pal a Lisboa e visitar 0 Convento do Sacramento. Como sacerdote pode ser confidente de D. Nadalena e dapols de Manvel de Sousa Coutinho, seu irmao. Pressente 3 eseniace trégico, tal como se nota no seu mandloge do Act Il, que funcione como prenincio da tragédia: «A todos parece que 0 coragso Ine acivinna dasgraga... E eu quase que também ja se me poga o mal Dus se}e connoscots [ACCAO, ESPACO E TEMPO “Todas as personagens se movimentam num determinado espagoe tempo. ‘A aogdo gira em tomo dos. estados emacionsis das personayens, dos confits ¢ recelos -polarizande-o¢ 0. Wadalena - 2 & Condicionada pela presenga marcante do Destino. Sendo assim, verfics= se 8 existéncia de unidade de aor8o, na media em que esta se cinge a lum unico problema/assunto, no havendo dispersde para cutras acgSes poriféricas/secundias. Desto modo, enquanto acedo decorre no palécio de Manvel de Sousa Coutinho (Acto I), D. Madalena vive em esasossego: com 0 Incéndio dé-se fim @ uma felicidade duvidose: a ‘mutianga para o palecio do D. Jo8o de Portugsl (Actos i Il) lovs-a 20 pico, ao desespero, suplicando e implorardo a0 marido que mude de Idols @ ¢, ne verdade, no palécio de D. JoBo de Portugal que este egressa, dando-se 0 Climax da acp80 ~ D. Jo8o voltou @ sua casa, @ sua rmulhar © encontra outre a seu lugar. Verificamos existir. quer no espaco (Paldcio de Manuel da Sousa Coutinho - modern, luxuoso, aroso; Palacio de D. Joe - antigo, abandonado, escuro; © capela), quer no tempo (Acto I fim de tarde & rite; Acto i= tarde de um outro aa Act Il pete do mesmo dia) um elisa estreitamento, um afunilamento, pois 0 tempo vai-se condensando © 0 espago vai diminuindo, determinando © desenlace, sem permit qualquer possolidads do slteracto. Para tal inoviteblidado contribul também = suparstgfo grave co dia de sexta-feira que corresponde, per um lado, ao dia fem que se dé o desenlace apts e chegada do Romeiro no vigésimo primeira sniversrio oa Batalha de Aloacer Cuibir © da morte/desaparecimento de O. Sebastido (04/08/1478), por outto, 20 aniversério do. dia do. primeira casamento de 0. Macialens e, ainda, 20 dia er que esta viu @ amou Wanwuel de Sousa Coutinto pela orimeira vez. Note-se igualmente que @ referida chegade do Remeiro se verfica uma semana apés a transferencia da familia do palacio de Nanuol de Sousa Coutinho para 0 de D. Jo8o de Portugal, polo que nao fo respeitada a lei das trés unidades, romeadamente quanto ao tempo (que ro devia utrapessar as vnte © quatro horas) ao especo (a desenrclar num nico lugar). © contexto da anglo situa-se na época pés-batalha de Alcscer Quibir, «partir da qual nascau © mito do Sebastlanismo (presente e vivo em Talo & Maria), © qual vai durar durante muitos anos e que representa a crengs, & convicgio de todos aqueles que esperavam restituir a prosperideds a Portugal ® Herta 0 pals do dominio castelhano. Com a morte/desaparecimento de D. Sebestiso, com a perda de bons militares na bata o dispéndio de elevades {quantias para resgatar os cobreviventes, catlvos, © pale Nicou vulneravel. uitos portuguoses acreditavam onto no ragresso do rol, 0 quo so transformou numa esperanga de resttuir a0 pals a sua ordem antiga, visto entretanto Portugal ter sie submetid & nfluéncia @ ee dominio de Expanna (Flies) LINGUAGEM E ESTILO DA OBRA Um aspecto tama importante a ser considera # @ da linguagem em «que a pega veio & luz: solene, bem a0 gosto céssco, ate para néo desmerecer ‘quele que da titulo & obra e que fol um prosador exemplar: 0 verso soarla faleo, pelo menos saul Andlise da obra “Frei Luis de Sousa” - Resumo de elementos chave Neste excerto de “Memiria 20. Conservatério Real” Garrett presenta a sua obra: 0 que eu escrevi em prose, pudera escrevé-lo ‘om vorso; » @ 0 nosso verso solto esté provado quo ¢ docile ingenuo bastante para dar todos os sfsitoe de arte sem qusbrar na natureze Mas sempre havie de parecer mais artiticio do que a indole especial do sssunto pocia soffer. E di-lo-el porque & verdade - repugnave-me também per na boce de Frei Lule de Sousa outro ritme que nao fosee o a elegante prosa portuguesa que ele, mals do que ninguém, deduzly com tanta harmonia e suavidade." Garrett procurou a elegdncia, a simplicidade, a raturaldade @ usou as Potoncalidades da lingua ao servigo dos efeitos quo protendia com a sua obra: 1 -vocabulario de so corrento, scessiel 8 qualquer publica: 2 = algunas palaveas e construgdes antiges. contribuindo pare a \erosimilhange ce fola das personagers: ingano, irijer, ha meuberte, Jnfaco, intendia, Incostem-nes; quitaram-te; 180 "bom tinhagem (imascitino): tamanhinha, © teu coragao e as tuas méos estSo puras. (oncordéncie no feminino); feredes; us; epenar des flores: € foi ‘quem acabou com a8 outro (quem persuedi 0: outros, acabando com a sus rolutancia); bem estreado; donzefa dolorkis; vivir: 3 ~substantives abstractes, adequados & revelacdo de sentimentos, de ‘omogées, de valoros: sz, alegrie dima, engano, fortuna, msdo, terrores, desgrasa,pravidade, vives, espirto, conse, ascendente, confianga. respelte, amor, carinho, formosura, bondade, devocdo Jealdede, tc.; 4 = délogos vivo, em interacrSo verbal constante + flas cutas; eso Anse da bra “Fl Ls de Sousa” ~ Resume desamentos have Seaseaa co cee eee eee ieee 0 ultimo.: Emendé-lo.; Tontinhal: Meninal: Sable.: Tenho.: Poraué? Madstenai; Levaram.; Catho?..: + periodas constitudos por sequéncias de monossilabos: Pols sim...; Se soul: O qué! Sim. O meu; O que 7 Qual... a que foP..: J, sim. A ‘meu pall; Simt; Eu néo,; A mim Sim, mas... 0 qué: Po vos: Eu el; Por vee; Ele foP; eu vou + periodos consuls com frases curtas 1+ frases exclamativas interogativas * interrupgoes no silogo, traduzinds @ naturalidade das Intervengéee: (x) Ito de a pafaura de Deus estar asim numa lingua que @ gente (que foda a gente ndo intend... confessowos que aquele mercador (--) No the azer + fas do. interupgdo da fala da outa porsonagem, rovelendo 0 persaments, com naturalidade, espontaneamente: £ multo amigo ela, Telma’: Filka da minha alma: Iso agora...: E @ ainguém mais ficou resto de divide... / Sendo @ mim.; Jesus, homem!; Néo, néo, fenhots 5 -ollogos entrecortados de Jogos ce ideas, de subentendidos: Que /4 4 vai {ue era outro tempo.; Tere...) digna de meftor... ée mefo...: em mo dala 0 corspto!; Oxelel; Ja néo tenho familia.; néo-de jurer que me néo conhecem,; So hd ofersa verdadeira sendo as que se fazer a Deus. Ped-sbe vos perdi a ele, que vos no faltaré de qué. Néo, imméo, nko, decerto. & Ele tere compaixéo. de. mim. Ters..; (..) um honredo homer... @ quem Lnicamente devi a lberdde... @ ninguem mals.; Come se me visse @ mim mesmo num espefho.; Minguém!; 5 - despojamento da linguagem Migurativa,conferingo naturalidade as falas das parsonagens: quase sua ou outra metéfora (um anjo como aque. 0 meu {anfo do céur a lor da nossa gente; feticera), uma ou outra gradagao (viva, rf sem ninguém; na formesurs, no engenho, nes dotes admiravels daquele ano) 7 = repetigSes: Calai-vos, cale-vos, peles dores de Jesus Cristo, Ihomem.; Néo posto, no posto ver...: Véem, wéen: Que fazes? que Tzsste!; Mou Deus, meu Deusl...; Parti! part; {8 pantuopio expressive, reveladora dos sentimentas # do pansamanto 8s porsonagens: constantes pontos de exclamacSo, de Interropacso @ retioencias; 8 = mondlogos de paquena extensio. mantendo o leitor (espectador) reso 20 pensar da personagem (acto I, cenas 1 © 9; ect Ill, cena 4): 10 -conas do curta durecto. ‘iMBOLOS MAIS EVIDENTES NA OBRA Varios elementos estdo catrepados de simbologia, muitas vezes a pressagiar 0 desenrolar da acoto e a desgrace das personagens, Apenas como raferéncia, podemot encontrar algumas situapsas e dacos simbeileas: 1 = A toitura doe vereae de Camées reterem-se 20 trdgleo fim dot amores de D. Inés de Castro quo, como D. Madslone, também vila uma Felicidade aparente quando a desgraca se abateu 2 Por outro lado, 0 facto do Garratt tor colocado Madalena a lor O¢ Lusiadas propia a segunda fala de Telma (cena i), que considera este livre scome no ha cutro, tirante 0 respelto devido ao da palaura de Deuss, que nto conhece por ndo saber latim como 0 seu usenhor». Tal dito, aparentemente um lapso do dominlo co subconsciente, fol 0 suficlente para que Telmo, como que censurado pelo sau consciente, comrigsse: «..quero dizer, come o Sr. Manuel de Souse Coutinho». Esta correcgie evidencia © confito extente antra ambas ae personagent, 46 que 0 quo Tolmo protendo 6 justamonte lombrer @ Nsdalena que o ‘ ei Andis da cra ‘Fl Lls do Sousa" sumo d elementos chave seu senhor continua a ser D, JoBo de Portugal, em cuja morte néo acresita, como podemes verificar no decurso da mesma cena 3-0 tempo dos principais momentos da acglo sugere o dia aziago: sexta- feira, fim de tarde @ noite (Acto I) sexta-feira, tarde (Acto Il), sextafeira, alta noite (Acto Il); © tempo da acgdo concentra-se em uma semena, de ume Sexta-eira, do final de tarde as nove horas da noite, no acto I, até & outra Soxta-eira, durante o dia até a0 final da tarde, no acto Ill ena madrupad de sébado e esta impreanado de um valor simbelico que suplanta seu aspecte uramente cronologico. Sexta-folr, 0 dia da palo de Cristo; sexta-feira é lum dla multe representativo na vida de Madatona, marcado por uma série de cincidéncias: no mesmo dia do més e da semana, casase com D. Jodo, conhece Manuel da couse e econtece @ funeste batalha. Também & numa soxta-oira que Manuel delta fogo om sou palacio 6, por fim, 0 primeiro marico Fegressa, na pele de um Romeo © destroi uma familia. A apreensto ce adelens com a data fatidica se tracuz no cidlogo com Frel Jorge, quando di: “Hoje... hoje! Pois hoje 6 o dia da mine vida que mais tent receado... que ainda temo que no acabe sem multo grande desorapa... um dia fatal para mim: faz noje anos que. que case a primeira vez, faz anos que se pardeu o> rel D. Sebastiso, e faz anos também que... vi pela primeira vez a Manuel de Sousa.” 4A numerologia parece também ter sido escolhida intencionalmente: 4) mimoros 3 © 7 - Madalena casou 7 anos depois do 0. Jodo haver esaparacide na batalha de Alodoer-Quibir; na 14 anes que vive com Manvel de Sousa Coutinho: a desgraca, com o aparecimento do Romeo, sueede 21 anos depois da batalhe (21°3%7). 0 nlimero 7 & um numero primo que se liga a0 ciclo lunar (cada fase da Lua dura cerca de sete dias) © 20 ciclo vital (as celulas humanas renovamse de sete om sete anos). representa 0 descanso no fim da criagfo e pode-se encontrar em mutes Fepresentagées da via, do universe, do homam ou da religido; O numero 7 6 0 simoolo da totalidade perteita, do snuncio do uma mudanga, indica 0 fim de um ciclo peridico, Para além disso, é uma porta aberta do conecido para 0 desconnecido: um ciclo encerrou-se, como seré 0 soguinte? Sete, a0 lado do trés, ¢ © mals importante dos rumeres Sagrados na tradigho das culturas orientais; sete sS0 os dias da semana, 0s pecedos capitals, o tempo da crag do mundo. (© numero 3 tem wma grande importancia simblica de uni8o © quilt, aparecendo na Santissima Trindade, nos ts poderes uriico,” executivo, lepislativo), atc... sendo recorrente sua Dresenga na literatura e nas artes. O trés tambem é usado como Peale de socorro. Para pedir socorto no deserto ou em alguma Dutra regito, basta fazer tr@s foguelres, porque trés é um cdo mundial. Este € 0 numero da criagio e representa o circulo perfeito. Exprime o percurso da vida: nascimento, crescimento @ ‘morte. © numero 21 corresponde a 3x7, ou soja, 26 nascimento do luma nova realidad (7 anos foi o cielo da busca de noticias sobre D 4JoBo de Portugal e 0 descanso apds tanta procura): 14 anos fol 0 tempo de vide com Nanuel de Souss (2x7, 0 erescimento de uma upla felicidade: como esposa de Manuel e'como mae de Mara): 21, ‘anos completa # triade de 7 sprasentands-se como a mote, como 0 fencerrar do crculo dos 3 cclos periédicos O numero 7 aparece, por vezes, a sgnificar dectino, fatalidade (Imagem do. completar Corigatorio do ciclo da vide). enquanto 0 3 indics perfeigso; 0 21 significa, entao, a ftalidade perfita ) nlimero 13 - Maria vive apenas 13 anos. Na crenga popular 0 13 Indica azar. Embora como numero Impar dava apresentar uma conotagio postive, em numerologia & gerade pelo 1364, um numero par, de influéncias negatives, que representa limites raturais, Maria v8 Umitacos 9 seus mamantoe dvi, Ines ress co mani danse ca ors Fre Ls. Sous sor oe Dole Perera Tez Lases Agu Tio, Tes Estos, 056

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