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Nação e Civilização No Trópicos
Nação e Civilização No Trópicos
Século XIX marcado pela prática de pensar a história e elaborar formas de se pensa-la
de acordo com parâmetros definidos. (homogeneizador)
Historiador passa de “homem de letras” a pesquisador.
Disciplinarização da História está intimamente relacionada ao interesse no debate
acerca da construção da história numa perspectiva nacional. Justificação da criação do
Estado Nacional.
Historiadores do Brasil eleitos por seleção das elites, que marcará a forma de se
escrever e produzir sobre a nação brasileira.
1838 – criação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, dentro de uma comissão
da SAIN. Reflete a materialização de ideais de modelos a partir dos quais a história
nacional, bem como sua identidade, seria forjada.
Essa identidade foi pensada pelos letrados da Elite à luz das ideias iluministas.
Identidade própria, atuando tanto externa quanto internamente; não é pensada como
oposição à Metrópole, e sim como uma continuação de seu projeto colonial e tarefa
civilizadora; união/junção de Estado, Nação e Coroa; o “outro” seria aquele que estaria
à margem dos parâmetros de civilização preconizados pela continuidade da
perspectiva colonial; o “outro” definido externamente diz respeito aos critérios
políticos de diferenciação da organização de Estado. Em outras palavras, o outro
(externo) seria aquele cuja forma de governo corresponda a um regime republicano,
como os países latino-americanos.
Hierarquização dos detentores e produtores do conteúdo historiográfico.
O IHGB surge como instituição responsável por explica a gênese da nacionalidade
brasileira e legitimar intelectualmente o Estado Nacional em seu projeto
homogeneizador.
Soberania do princípio nacional enquanto critério fundamental definidor de uma
identidade social.
Choque de ideias/contradições desta criação: instaurar um modelo nacional que segue
ideia de continuação da civilização branca e europeia numa sociedade como o Brasil,
diversa e fundamentalmente agrária.
Ideias de progresso e desenvolvimento que excluem do projeto nacional as camadas
menos favorecidas, ou melhor, mais subjugadas: negros e indígenas.
Objetivo: globalização da história nacional, integrando todas as regiões brasileiras,
cujas produções deveriam convergir para o centro da produção a partir do qual seria
pensada uma identidade homogênea e global. A partir do Rio de Janeiro.
Instalação do Paço Imperial (espaço do Estado)
1851 – produção historiográfica e etnográfica.
Revista do IHGB – publicação de biografia dos “heróis nacionais” para fixar um
modelo de exemplos a serem seguidos e gerando certo patriotismo.
SAIN – Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional (1827);
Raimundo José da Cunha Matos e (frase apagada no último parágrafo da página 8,
referindo-se às figuras importantes na SAIN) que empreenderam os primeiros passos
para a instituição histórica ser criada, por meio de proposta apresentada ao conselho
da SAIN em 18 de agosto de 1838.
Primeiro secretário do IHGB: Januário da Cunha Barbosa.
IHGB incentiva a criação de institutos históricos provinciais com centralização no Rio
de Janeiro.
A organização administrativa do IHGB funciona de forma independente da SAIN.
Financiado pelo Estado
Preocupação de alguns membros em definir a instituição em termos cicentífico-
culturais e não políticos, a fim de forjar uma posição neutra em relação às disputas.
As regras de recrutamento do Instituto seguiam uma ordem de natureza social e não
intelectual, ou seja, os candidatos eram elegidos por meio de relações sociais
(compartilhando as mesmas ideias que os contratantes) e não por sua formação
específica, esta era dispensável.
‘o papel do Estado Nacional como o eixo central a partir do qual se lê a História do
Brasil, produzida nos círculos restritos da elite letrada imperial.” (final do primeiro
parágrafo p. 9)
Boa parte doa 27 fundadores vieram de Portugal no contexto das invasões
napoleônicas.
O Instituto ganha mais força após 1849-50 com a estabilidade do poder central
monárquico.
As inaugurações de novas instalações do instituto, em 1849, representam um
recomeço marcado pelo aprofundamento de sua relação com o Estado. O imperador
se torna cada vez mais presente e a partir disso vai-se forjando a imagem do monarca
letrado. Sua atuação fica mais clara com: sugestão de temas para discussão e reflexão
dos membros; no estabelecimento de prêmios para trabalhos de natureza científica; e
no apoio financeiro que assegura o processo de expansão da instituição. (p. 10)
A partir desta data (15 de dezembro de 1849) o foco principal volta-se para a produção
historiográfica da história nacional e não mais pela coleção de documentos. Tais
mudanças são materializadas nos estatutos promulgados em 1851.
Pensamento evolucionista.
Tradição historiográfica do Instituto bastante vinculada ao Institut Historique de Paris,
fundado em 1834, e com o qual o IHGB manteve relações intensas durante seus
primeiros anos de existência. O Instituto Parisiense foi o fornecedor dos parâmetros
de trabalho historiográfico ao IGHB.
História como forma de compreender o percurso necessário rumo ao progresso.
Expoentes da visão intelectual parisiense no IHGB: Manuel de Araújo Porto Alegre,
Domingos José Gonçalves de Magalhães e Francisco Sales Torres Homem.
Produção historiográfica do IHGB não somente como exemplar, mas também
teleológica. Leitura da história como legitimação do presente. Característica iluminista
portuguesa; católica e conservadora.
Medidas tomadas dentro do IHGB a fim de legitimar sua centralidade no discurso
sobre a história nacional: sugestão de 1842 que consistia em transformar sua
biblioteca no depósito central obrigatório de todas as produções publicadas no Brasil;
pedido de relatórios anuais a serem enviados pelos presidentes das províncias à
Capital; plano de Januário da Cunha Barbosa de transformar o IHGB numa central de
dados de natureza estatística, levantados nas províncias.
Primeiro passo para concretização da elaboração da história nacional: Januário da
Cunha Barbosa define, em 1840, um prêmio para o letrado que melhor elaborasse um
plano para se escrever história nacional para o Brasil. Texto premiado foi o do alemão
von Martius, em 1847. O texto já fora publicado na Revista em 1844 e nele estão
definidas as linhas mestras de um projeto historiográfico capaz de garantir uma
identidade. A identidade se assegurava, nessa perspectiva, na compreensão da
natureza da missão da Nação: realizar a ideia da mescla das três raças, lançando os
alicerces para a construção do mito da democracia racial. (p. 16)
Nessa construção: indígenas como seres primitivos que necessitavam da ajuda do
cavaleiro civilizador branco. E os negros como empecilho do processo de civilização.
Apresentar a nação como homogênea, seguindo um percurso evolutivo pro qual
convergem todos acontecimentos.
Embora tenha recusado a tarefa de produzir o esboço do percurso pelo qual se
escreveria a história nacional, as ideias de von Martius ganham contorno claro na obra
de Francisco Adolfo Varnhagen, “História nacional”.
Preocupação em localizar as fontes primárias, tanto interna quanto externamente será
central para o IHGB. Em 1841, é publicado o trabalho de Rodrigo de Souza da Silva
Pontes, na Revista, que continha as linhas mestras que definiriam os parâmetros de
localização de fonte no trabalho historiográfico.
3 temas incidentes nas publicações da Revista eram: a questão indígena, as viagens e
explorações científicas e, por fim, o debate da história regional.
Estratégia da monarquia em tratar assiduamente a questão indígena: assegurar o
controle sobre as populações indígenas fronteiriças, garantindo o poder do Estado
Nacional nesses espaços. (p. 21)
Visava também solucionar o problema da mão-de-obra, tal como pode-se constatar
nas publicações de Januário da Cunha Barbosa,
Preocupação em integralizar as regiões fronteiriças, a exemplo da colônica do
Sacramento.
Histórias regionais empreendidas a partir da perspectiva central do Rio de Janeiro.