Material 1: Átomos, Íons e Mol

ÁTOMOS
Por agora, os “ÁTOMOS” serão entendidos como partículas constituídas de entidades
subatômicas, dentre elas, PRÓTONS (Z), NÊUTRONS (n) e ELÉTRONS (e–). Cada uma
dessas entidades possui uma massa e uma carga característica. Temos, assim...

PARTÍCULA MASSA (g) CARGA REPRESENTAÇÃO

0
Elétron 9,109383 x 10–28 –1 1e ou e–
1
Próton 1,672622 x 10–24 +1 1p ou p+
1
Nêutron 1,674927 x 10–24 0 0n ou n0

Uma vez que cada entidade possui uma massa característica, a MASSA (A) de um
átomo será a soma das massas dos prótons, nêutrons e elétrons. Contudo, observa-se
que a massa do elétron é significativamente menor que a massa dos prótons e
nêutrons. Neste sentido, a massa de um átomo pode ser obtida por meio da soma das
massas dos prótons e nêutrons. Observe que a massa de um elétron contribui sim para
a massa de um átomo, mas de maneira menos significativa que as outras entidades,
podendo então ser desprezada.

Temos então a seguinte relação:

A=p+n

O átomo é geralmente representado por:

A
ZX onde X = símbolo químico; A = massa do átomo; Z = número atômico e A > Z.

EXEMPLO 1:

Considere os elementos abaixo e forneça o número de prótons, elétrons e nêutrons.

23 208
a) 11Na c) Pb82

92 138
b) 238U d) Ba79

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Observe que cada átomo possui um número de prótons em seu núcleo. Esse número
de prótons pode ser entendido como a “impressão digital” de cada elemento, mesmo
que esse fique omitido.

Considere, por exemplo, os elementos 7Li e 23Na. Observe que as representações

expressam apenas um valor. Quando temos uma representação com apenas um único
valor, o mesmo diz respeito à massa do elemento. O lítio possui número atômico igual
a 3 (Z = 3) e o sódio possui número atômico igual a 11 (Z = 11). Assim, todo o lítio
presente na natureza possui Z = 3 e todo sódio possui Z = 11.

Olhando os elementos como se os mesmos fossem únicos em sua natureza, isto parece
um pouco óbvio. Contudo, os átomos possuem em sua constituição outras partículas
subatômicas que variam em quantidades e, consequentemente, em suas
propriedades, tais como massa, características físico-químicas, reações e outras.

Vamos considerar, por exemplo, as seguintes espécies: 11B e o 10B.

Ambos são átomos de boro, ou seja, Z = 5. Poderíamos escrever da seguinte maneira:

11 10
5B e 5B. Observe que a massa não é a mesma.
Sabemos que A = p + n. Neste caso, p = 5, pois trata-se do elemento boro. Então, a
quantidade de nêutrons presente em cada átomo é quem fez com que a massa não
permaneça constante. Dizemos que as duas espécies de boro são “ISÓTOPOS” e que
11B e 10B são “NUCLÍDEOS” (átomo de um isótopo).

➢ ISÓTOPOS: átomos que possuem o mesmo número atômico e o número de massas

diferentes (em função da quantidade diferente do número de nêutrons presente
no núcleo).

A maioria dos átomos de uma amostra natural de um determinado elemento

apresenta massa (A) diferente. Ou seja, possuem isótopos. Poucos átomos, tais como
Al, P e F não possuem isótopos. Consequentemente, esses átomos possuem a mesma
massa.

Saber a quantidade de isótopos presentes em uma amostra é muito importante, pois

as características dos compostos formados são afetadas.

Considere, por exemplo, os isótopos de hidrogênio, cujo número atômico é igual a 1 (Z

= 1).
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NUCLÍDEO CARACTERÍSTICA/PARTÍCULAS REPRESENTAÇÃO DENOMINAÇÃO

1H A=1;p=1;n=1–1=0 1 Prótio (H)
1H
2H A=2;p=1;n=2–1=1 2 Deutério1 (D)
1H
3H 3
A=3;p=1;n=3–1=2 1H Trítio (T)
1 Também denominado “Hidrogênio Pesado”.

Sabe-se que a molécula de água é formada por dois átomos de hidrogênio e um átomo
de oxigênio. Geralmente, ao adicionar um cubo de gelo em um recipiente de água,
observa-se que o gelo fica sobrenadando, pois é menos denso que a água. Neste caso,
a água é H2O(l) e o gelo é H2O(s). Contudo, se o gelo for constituído por dois átomos de
hidrogênio pesado (D), ou seja, D2O(s), o cubo apresentará uma maior densidade e
afundará.

Observa-se então que a densidade, assim como outras propriedades, é afetada pelo
tipo de isótopo presente na amostra. Daí a importância de saber a quantidade de
isótopos presentes em cada amostra.

OBSERVAÇÃO: A forma de se calcular a massa atômica de um átomo com diferentes

isótopos encontra-se disponível em www.ufsj.edu.br/frankimica.

Observe que os átomos apresentados na tabela periódica não apresentam cargas. Ou

seja, são neutros. Entretanto, o núcleo de um átomo pode receber ou perder elétrons,
tornando-se assim, carregado. Essas novas espécies carregadas (com carga positiva ou
negativa), são denominadas “ÍONS”.

➢ ÍONS: Átomo (ou moléculas) com carga positiva ou negativa.

Os íons de carga negativa são denominados “ÂNIONS”, enquanto os íons de carga

positiva são denominados “CÁTIONS”. Lembre-se que a carga positiva é função do
excesso de carga positiva devido à deficiência de elétrons, assim como a carga negativa
é função do excesso de carga negativa. Essa denominação de cargas parece

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redundante, mas, ao aplicá-la para os átomos/íons, estamos falando de partículas

carregadas positivamente e negativamente. Ainda considerando os átomos/íons,
devemos ter em mente que somente os elétrons transitam na eletrosfera. Ou seja,
apenas elétrons entram ou saem da eletrosfera, enquanto os prótons permanecem no
núcleo, salvo em processos radioativos.

Adaptado de Pearson Education

EXEMPLO 2:

Considere as espécies abaixo e forneça o número de elétrons.

20 8 2−
a) 40C𝑎2+ d) 16𝑂

b) 14N73− 56
e) 26F𝑒 3+

26 3+ 56
c) 13A𝑙 f) 26F𝑒 2+

A princípio, assumiremos o seguinte conceito, que será criticamente discutido no

decorrer do semestre:

➢ METAIS: Geralmente perdem elétrons, formando cátions.

➢ NÃO – METAIS: Geralmente ganham elétrons, formando ânions.

Os íons formados através do ganho ou perda de elétrons são denominados

“MONOATÔMICOS”.

➢ ÍONS MONOATÔMICOS: Átomos solitários que ganham ou perdem elétrons.

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Adaptado de Pearson Education

Estas espécies (íons monoatômicos) possuem as seguintes regras para nomenclatura:

➢ ÂNIONS: Terminação “ETO”.

EXEMPLOS:

Cl–: ClorETO Br–: BromETO F–: FluorETO H–: hidrETO

I–: IodETO S2–: sulfETO O2–: Óxido N3–: nitrETO
Te2–: TelurETO

➢ CÁTIONS NÃO-METÁLICOS: Nome do elemento formador do cátion, precedido da

palavra “íon”.

➢ CÁTIONS METÁLICOS: Para os elementos que apresentam apenas uma carga (+1 ;
+2 ou +3), o nome é dado pelo nome do elemento formador do cátion, precedido
da palavra “íon”. Contudo, alguns elementos possuem mais de um número da
carga1. Um exemplo bastante corriqueiro é o ferro (Fe), cujos íons podem ser o Fe2+
e o Fe3+. Outro exemplo seria o cobre (Cu), cujos íons podem ser o Cu+ e o Cu2+.
Para esses elementos que possuem mais de um número de carga, emprega-se o
nome do elemento, seguido pelo número da carga, escrito em algarismos romanos,
entre parênteses e sem espaçamento. Um sistema mais antigo, mas ainda bastante
comum é o emprego da terminação “OSO” para íons com menor carga e “ICO”
para íons com maior carga.

1
Esse número de carga é o número de oxidação (NOX), também chamado de número de Strock, em
homenagem ao químico alemão criador desse sistema de numeração, Alfred Strock.
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EXEMPLOS:

Segue abaixo exemplos de cátions bastante comuns. Complete a tabela.

CARGA FÓRMULA NOME CARGA FÓRMULA NOME

H+ Íon hidrogênio Mg2+ Íon magnésio
Li+ Íon lítio Ca2+ Íon cálcio
Na+ Íon sódio Sr2+ Íon estrôncio
1+ 2+
K+ Íon potássio Ba2+ Íon bário
Cs+ Íon césio Zn2+ Íon zinco
Ag+ Íon prata Cd2+ Íon Cádmio
3+ Al3+ Íon alumínio

FÓRMULA NOME FÓRMULA NOME

Cu+ Íon cobre(I) ou cuprOSO Fe 2+ Íon ferro(II) ou ferrOSO
Cu2+ Íon cobre(II) ou cúprICO Fe3+ Íon ferro(III) ou férrICO
Co2+ Íon cobalto(II) ou cobaltOSO Cr 2+ Íon cromo(II) ou cromOSO
Co3+ Íon cobalto(III) ou cobáltICO Cr 3+ Íon cromo(III) ou crômICO

Independente da carga, seja ela positiva ou negativa, um único átomo possui

dimensões atômicas e uma massa muito pequena. Assim, sua medida é extremamente
difícil. Ainda sim, é possível ser medido.

A massa de partículas atômicas é expressa em UNIDADES DE MASSA ATÔMICA (u ;

1
u.m.a. ou Da). Uma “u” corresponde a 12 da massa de um átomo de carbono com Z = 6
e n = 6, ou seja, 12C.

A massa de um único átomo de 12C, medido em um equipamento denominado

ESPECTRÔMETRO DE MASSAS, é 1,9926 x 10–23 g. Então, a massa de uma única “u”
pode ser calculada da seguinte maneira:

1,9926 × 10-23 g
u= = 1,66 x 10–24 g ou 1,66 x 10–24 g/u
12

EXEMPLOS:

1) Um átomo de fósforo com 16 nêutrons possui uma massa de 30,9738 u. Qual é a

massa, em gramas, deste átomo?

2) O níquel com 32 nêutrons possui uma massa de 59,930788 u. Qual é a massa, em

gramas, deste átomo?

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3) Forneça a massa, em gramas, dos seguintes átomos:

33 112 76
a) As
75 b) Cd
48 c) Os190

RESPOSTAS:

1) 5,14 x 10–23 g 2) 9,95 x 10–23 g

3 a) 1,24 x 10–22 g 3 b) 1,86 x 10–22 g 3 c) 3,15 x 10–22 g

QUANTIDADE DE MATÉRIA (MOL) - n

A “QUANTIDADE DE MATÉRIA”, também chamada de “NÚMERO DE MOLS”, é uma
quantidade equivalente ao número de átomos presentes em 12,0 g de 12C. Esta
quantidade de átomos é 6,0221 x 1023 átomos, e é denominada “CONSTANTE DE
AVOGADRO” (NA).

Dizemos assim que 6,02 x 1023 átomos de sódio equivalem a 1 mol de átomos de
sódio. Dizemos ainda que, se apenas um átomo possui uma massa, que é
extremamente pequena, podemos dizer que 1 mol de átomos também possui uma
massa. Esta massa é denominada “MASSA MOLAR” (MM).

➢ MASSA MOLAR (MM): É a massa de um mol de átomos, compostos ou qualquer

entidade. A massa molar é comumente expressada em g mol–1 (gramas por mol),
que também pode ser escrito como g/mol.

Verifica-se nas tabelas periódicas que as massas podem ser atômicas ou molares.
Quando considera apenas um único átomo, a massa é referente à massa atômica.
Contudo, ao considerar um mol de átomos, a massa é referente à massa molar.

Pensando ...

Considere, por exemplo, o átomo de cálcio, cuja massa na tabela é 40,08. Este valor
quer dizer 40,08 u ou 40,08 g?

Quando se trata de apenas um único átomo, tem-se que a massa é 40,08 u. Contudo,
ao considerar um mol de átomos de Ca, ou seja, 6,0221 x 1023, a massa é 40,08 g.

PROVANDO...

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pesa
1 átomo de cálcio → 40,08 u

pesa
6,0221 x 1023 átomos de cálcio → x

6,0221 x 1023 átomos de cálcio × 40,08 u

X= = 2,4137 × 1025 u
1 átomo de cálcio
pesa
1u → 1,6605 x 10–24 g

pesa
2,4137 x 1025 u → x

2,4137 x 1025 u × 1,6605 x 10-24 g

X = = 40,08 g
1u
RELAÇÕES IMPORTANTES:

Massa Molar (MM) = massa de um mol de entidade = 6,0221 x 1023 entidades.

Observação: No curso de Química Fundamental, adotaremos o seguinte valor para a

Constante de Avogadro, com o objetivo de simplificar os cálculos: 6,02 x 1023.

EXEMPLOS:

1) Calcule a quantidade de matéria e o número de átomos de Al presentes em 270

mg de alumínio. MMAl = 27.

2) (Adaptado de Atkins). Calcule a quantidade de matéria e o número de átomos de F

presentes em 22,5 g de flúor. MMF = 19 g/mol.

3) Qual é a quantidade de matéria e o número de átomos de enxofre, presentes em

0,454 kg do elemento? MMS = 32.

4) Sabe-se que uma amostra de vitamina C possui, entre outros átomos, 1,29 x 10 24
átomos de hidrogênio. Qual é a quantidade de matéria de átomos de hidrogênio
nessa amostra? Qual é a massa de hidrogênio presente nessa amostra? MMH =
1,0.

5) (Adaptado de Atkins). Uma amostra de uma droga extraída de u fruto usado pela
tribo peruana Achuar Jivaro para tratar infecções fúngicas contém 2,58 x 1024

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átomos de oxigênio. Calcule a quantidade de matéria e o número de átomos de

oxigênio presentes na droga extraída. MMO = 16.

6) Uma proveta contém 32 cm3 de Hg (densidade = 13,534 g/cm3). Qual é a

quantidade de matéria na proveta? MMHg = 200,6.

RESPOSTAS:

1) 10 mols e 6,02 x 1024 átomos 2) 1,18 mols e 7,13 x 1023 átomos

3) 14,19 mols e 2,36 x 1023 átomos 4) 2,14 mols e 2,14 gramas

5) 4,29 mols e 68,57 gramas 6) 2,16 mols

Outros exercícios
1) (Adaptado de Brow: Química: a ciência central). Complete a tabela abaixo,
admitindo que cada coluna representa um átomo neutro.

Símbolo 52Cr

Prótons 33 77
Nêutrons 42 20
Elétrons 20 86
Nº de massa 222 193

2) (Adaptado de Brow: Química: a ciência central). Complete a tabela abaixo

Símbolo 102Ru3+ Ce
Prótons 34 76
Nêutrons 46 116 74 82
Elétrons 36 54
Carga Líquida 2+ 1– 3+

REFERÊNCIAS:

1. Princípios de química: questionando a vida moderna e o meio ambiente. Peter

Atkins e Loreta Jones. 3. Ed. Porto Alegre, 2006.
2. Química, a ciência central. Theodore L. Brown, H. Eugene LeMay, Jr., Bruce E.
Bursten. 9. Ed. São Paulo, 2005.

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