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SERTÃOPUNK – Histórias de um Nordeste do Amanhã

Manifesto por Alec Silva, GG Diniz e Alan de Sá


Experiência de leitura @livro.stan: 4,5 estrelas / publicação independente

📖 “Não somos um sotaque, estado ou bioma.”

O movimento sertãopunk nasceu de um incômodo com como a região nordestina é


comumente representada na cultura afora. Vê-se de maneira negativa, como algo
homogêneo e estereotipado, às vezes até “exótico”, focando-se na seca e miséria. Esta
seria uma resposta nordestina para trazer realidades e vivências distintas.

Esta é uma coletânea de apresentação que traz textos de apoio e dois contos ilustrativos.
Para desconstruir essa imagem nacional, os autores discorrem sobre pluralidade, lugar
de fala, apropriação cultural, apagamento e até sustentabilidade. Isto porque, como
subgênero da ficção especulativa, é uma proposta que bebe do realismo mágico,
afrofuturismo e solarpunk.

No conto de G.G. Diniz, “Os olhos dos cajueiros”, vemos essas influências no dia a dia
de uma delegada. Ao investigar um assassinato no Centro de Ciências da Universidade
Federal do Ceará, a narrativa adentra a ficção científica e o gênero policial.

Já no conto de Alan de Sá, “Schizophrenia”, vamos para Feira de Santana, na Bahia,


viver um dia perturbador junto ao protagonista. Ao retratar a esquizofrenia e um
tratamento experimental duvidoso, acompanhamos a resposta do corpo em meio ao
realismo mágico e horror, aqui bem sintetizados.

O que vemos são histórias extraordinárias que trabalham a representatividade em vários


recortes sociais. E embora a obra seja curta, por vezes pode ser bem densa.

Apesar de algumas problemáticas (como a introdução apressada, algumas poucas falhas


na revisão e o final pouco conclusivo no primeiro conto), isso não interfere no
entendimento do movimento e vemos que é um bom primeiro passo para o “lançamento
do gênero”.

Só nos mostra que as portas estão aí abertas para a nossa pluralidade correr solta como
ela é. Muito válido para você que pouco conhece sobre fantasia e ficção científica BR e
menos ainda sobre recortes fora do eixo sudestino.

E aí, o que você acha de repensar o que é ser nordestino?

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