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UNIPESU – CENTRO UNIVERSITÁRIO DO RECIFE

CURSO DE PSICOLOGIA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO BÁSICO I

RECIFE-PE
2023
UNIPESU – CENTRO UNIVERSITÁRIO DO RECIFE
CURSO DE PSICOLOGIA

Ana Cristina Lopes de Melo


Antônio Luiz dos Santos Filho
Erika Myrella de Araújo Cunha Ferraz
Fábio Hussein Cavalcanti de Siqueira
Giseli Gomes de Lima
Jeferson Oliveira Rodrigues Torres
José Gustavo Fagundes Albino

RELATÓRIO DE ESTÁGIO BÁSICO I

Relatório apresentado ao Curso de Psicologia


da UNIPESU – Centro Universitário do Recife,
para relatar as Atividades de Estágio Básico I,
desenvolvido através de observação e
entrevista científicas, cujo tema explorado foi
Candomblé e Psicologia, sob a supervisão e
orientação do Professor Marcos Lucena da
Fonseca.

RECIFE-PE
2023
SUMÁRIO

1. Introdução...................................................................................................5
2. Fundamentação Teórica.............................................................................5
3. Procedimentos - Atividades Desenvolvidas................................................6
4. Discussão....................................................................................................7
5. Considerações Finais..................................................................................8
6. Anexos (Entrevistas)...................................................................................10
DADOS DOS ESTAGIÁRIOS

Estagiária Ana Cristina Lopes de Melo, inscrita sob a matrícula PE2110009,


email acristinmelo@gmail.com; estagiário Antônio Luiz dos Santos Filho, inscrito sob
a matrícula PE21200297, email antonio.luiz.sf50@gmail.com; estagiária Erika
Myrella de Araújo Cunha Ferraz, inscrita sob a matrícula PE21100119, email
erikamyrella@yahoo.com.br; estagiário Fábio Hussein Cavalcanti de Siqueira,
inscrito sob a matrícula PE, email fabiohussein34@gmail.com; estagiária Giseli
Gomes de Lima, inscrita sob a matrícula PE21100186, email
giseligomes2010@yahoo.com.br; estagiário Jeferson Oliveira Rodrigues Torres,
inscrito sob a matrícula PE21200129 e estagiário José Gustavo Fagundes Albino,
inscrito sob a matrícula PE21200155, email gustavo.fag@gmail.com, acadêmicos do
curso de Psicologia do 4º e 5 Períodos Noturno da turma Psicologia, no primeiro
semestre de 2023, da UNIPESU – Centro Universitário do Recife. Tiveram como
campo de estágio a observação científica do cotidiano, envolvendo a temática do
Candomblé e Psicologia, sob supervisão técnica do Profº Me. Marcos Lucena da
Fonseca que exerce a função de professor da s disciplinas Psicologia do Cotidiano e
Psicologia Comunitária na UNIPESU – Centro Universitário do Recife.
A data de início do estágio corresponde ao dia 01 de março de 2023 e o
término no dia 05 de abril de 2023. A jornada de observação e entrevista foi dividida
em dois dias, quarta-feira e sexta-feira respectivamente, com jornada de 2 horas
diárias, totalizando 8hs. O estágio teve como carga horária total 60hs, sendo estas
divididas em 8hs em campo, 12hs de supervisão acadêmica e dramatizações, 10hs
de escrita e 30hs conhecimento teórico, sendo 3hs das 30hs, para realização de
uma avaliação de aprendizagem.
1. INTRODUÇÃO

O presente relatório que será apresentado a seguir tem como origem o


Estágio Básico I em Psicologia do Cotidiano e Psicologia Comunitária que foi
realizado através de observação e entrevista científicas, com a supervisão técnica
do Profº Me. Marcos Lucena da Fonseca.
Esse relatório tem como objetivo descrever de forma escrita as observações e
experiências vividas no campo de estágio que foram realizadas com pessoas que
cultuam o Candomblé, em seus respectivos ambientes sociais e de trabalho entre o
período de 30 dias. Além disso, mostra a importância desse estágio na formação
acadêmica do Curso de Psicologia.
O psicólogo nestas áreas devem desenvolver seu trabalho descrevendo-o e
intervindo no cotidiano e nas comunidades, observando as práticas que são
desenvolvidas nesses contexto e nas relações sociais que são estabelecidas entre
as pessoas.
Umas das relevâncias da construção desse relatório é a possibilidade de
entender que cotidiano também possui muitas demandas que devem ser
trabalhadas pelo profissional da Psicologia e profissionais de várias áreas de
conhecimento. Diante disso, ver-se a necessidade de um relato escrito sobre o que
foi desenvolvido durante o período de estágio, assim podemos transmitir
conhecimentos sobre o assunto.
Este relatório apresentará em seu desenvolvimento a fundamentação teórica,
embasamento teórico, segundo a ABNT, procedimentos práticos, visitas in loco e
entrevistas; assim como discussão e considerações finais sobre a temática a ser
discutida.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O candomblé é uma religião afro-brasileira que tem suas raízes na África e foi
trazida ao Brasil pelos escravos africanos. É uma religião que cultua divindades
(orixás) que representam forças da natureza e elementos da vida humana. Os
praticantes do candomblé acreditam em uma força divina chamada de Olorum, que
é considerada a origem de tudo.

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Durante as observações do candomblé, é possível identificar uma série de
fenômenos relacionados ao culto dos orixás. Um dos principais rituais do candomblé
é o toque de tambor, que é utilizado para chamar os orixás e estabelecer uma
conexão com o divino. Durante o toque, os praticantes dançam e cantam em
homenagem aos orixás, e muitas vezes entram em transe.
Outro fenômeno comum no candomblé é o uso de oferendas para os orixás.
Essas oferendas podem ser alimentos, bebidas, roupas e outros objetos, e são
oferecidas aos orixás como forma de agradecimento ou para pedir proteção e ajuda
em situações específicas.
As observações do candomblé geralmente ocorrem em casas de candomblé,
que são locais de culto onde os praticantes se reúnem para realizar seus rituais. É
importante lembrar que o candomblé é uma religião que possui suas próprias
tradições, crenças e valores, e deve ser respeitada como tal.
Como observador, é importante adotar uma postura respeitosa e não interferir
nos rituais. Também é crucial lembrar que as observações do candomblé podem ser
afetadas por preconceitos e estereótipos culturais, e que é necessário ter uma
abordagem sensível e cuidadosa para evitar julgamentos ou interpretações
equivocadas.
No que diz respeito às normas éticas para a pesquisa envolvendo seres
humanos, é fundamental obter o consentimento informado dos participantes,
respeito da privacidade e confidencialidade dos dados coletados e garanta a
segurança e o bem-estar dos participantes envolvidos na entrevista.

3. PROCEDIMENTOS - ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Como ferramenta de trabalho utilizamos um questionário desenvolvido pelos


estudantes de psicologia do quinto período, que foram aplicados aos praticantes da
religião. O objetivo do questionário foi entender como os praticantes vivenciavam a
religião, quais eram suas crenças e valores, e como eles percebiam a relação entre
a religião e sua vida cotidiana com ênfase nas atitudes discriminatórias sofridas.
As discussões e sistematização das informações colhidas foram realizadas
em grupo, durante reuniões regulares. Durante essas reuniões, foram
compartilhados os dados obtidos nas observações e nas entrevistas, e os membros
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do grupo discutiram suas impressões e interpretações sobre os dados. As
discussões foram se desenvolvendo à medida que o grupo aprofundava suas
reflexões sobre as práticas e crenças do candomblé, bem como sobre as
implicações sociais psicológicas dessas práticas e crenças para os praticantes da
religião em situação discriminatória.
Ao longo das discussões, o grupo identificou algumas questões importantes,
como a importância da religião na vida dos praticantes do candomblé, a conexão
entre a religião e a cultura afro-brasileira, e a relação entre a religião e a identidade
dos praticantes focando também nas suas vivências em grupos de pessoas não
praticantes nos mais variados contextos cotidianos dando ênfase a narrativa de
intolerância religiosa. Com base nesses insights, o grupo chegou a algumas
conclusões importantes sobre a religião, suas práticas e suas implicações para os
praticantes.

4. DISCUSSÃO

Durante as observações realizadas pelo grupo de estudantes de psicologia,


no candomblé, foi possível constatar a presença de diversas formas de
discriminação social em relação aos praticantes dessa religião. Infelizmente, esses
fenômenos não são exclusivos do ambiente religioso, mas também são percebidos
em outras esferas da sociedade, como na mídia, na escola, no trabalho e até
mesmo no próprio meio quando se trata de praticantes de pele branca.
Ao analisar os relatos dos praticantes do candomblé sobre suas experiências
com discriminação, percebemos que essa questão está muito presente em suas
vidas. Eles relatam serem vítimas de preconceito em diversas situações, desde o
acesso a serviços públicos básicos também na convivência com vizinhos e
familiares. Além disso, frequentemente são alvo de piadas e comentários pejorativos
por parte da mídia e de outras pessoas que não compreendem suas crenças.
Infelizmente, essa forma de discriminação não é uma novidade em nossa
sociedade. A mídia tem um papel importante na perpetuação desse preconceito,
seja através de estereótipos e caricaturas que retratam os praticantes do candomblé
como pessoas primitivas ou inferiores, ou pela falta de representatividade positiva
dessas religiões na mídia em geral.

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No entanto, é importante lembrar que a discriminação social contra
praticantes do candomblé é uma violação de direitos humanos, e deve ser
combatida por toda a sociedade. É papel dos governos, das instituições religiosas e
da própria mídia, contribuir para a promoção do respeito e da tolerância às
diferenças culturais e religiosas.
Em resumo, as observações realizadas pelo grupo de estudantes de
psicologia no candomblé evidenciaram a presença de diversas formas de
discriminação social contra praticantes dessa religião. Essa questão está presente
em várias esferas da sociedade e tem reflexos na mídia. É necessário combater
essa forma de preconceito e promover o respeito e a tolerância às diferenças
culturais e religiosas.
Apesar de existirem avanços na luta contra a discriminação religiosa, ainda há
muito a ser feito. Essa discriminação pode ser percebida tanto em atitudes
individuais quanto em estruturas institucionais que perpetuam a exclusão e
marginalização de determinados grupos sociaisPraticantes do candomblé relataram
dificuldades em conseguir emprego devido à sua religião, ou em serem aceitos em
espaços públicos sem serem alvo de olhares e comentários preconceituosos.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este relatório apenas foi uma demonstração de tudo o que foi vivenciado
durante este estágio, ele permitiu uma relação entre a teoria e a prática, confirmando
e/ou confrontando aquilo que já tínhamos como conhecimento teórico/prático. Esta
experiência proporcionou um maior conhecimento da Psicologia do Cotidiano e
como esta pode contribuir para uma melhoria da vida de pessoas. Esse estágio
trouxe para minha formação uma experiência ímpar aprimorando ainda mais meus
conhecimentos.
É necessário reprisar a importância da atuação do psicólogo do cotidiano, que
é .... utilizando da teoria em psicologia aplicando a prática, e propondo a execução
de um plano de ação, trabalhando individualmente ou em uma equipe ou e
multidisciplinar, realizando atividades que desenvolva o ambiente do cotidiano,
inserido como um fator de transformação pessoal e social.
Esse estágio foi muito especial pois a colaboração dos entrevistados foi sem
igual, a supervisão acadêmica contribuiu bastante para as nossas práticas como
futuros profissionais de Psicologia. Existiram diversos desafios, desde o primeiro até
o último dia, porém como equipe e como acadêmicos buscamos superar as barreias
e focar nas soluções que melhor pudessem conduzir o nosso trabalho.
Em suma, as observações realizadas durante as entrevistas e a análise de
artigos da mídia apontam para a persistência do preconceito e da discriminação
contra praticantes do candomblé e outras religiões de matriz africana. Esses
fenômenos são complexos e multifacetados, envolvendo questões de ordem cultural,
social, política e econômica.
Para combater essa realidade, é necessário desenvolver políticas públicas
efetivas de promoção da igualdade e da valorização da diversidade religiosa e
cultural, além de campanhas educativas e de conscientização para a população em
geral. As entrevistas realizada pelo grupo, teve como objetivo contribuir para essa
reflexão e para o fortalecimento da luta contra a discriminação religiosa em todas as
suas formas.

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6. ANEXOS (ENTREVISTAS)

ENTREVISTA - 1

O presente questionário foi elaborado por um grupo de alunos do curso de


Psicologia do 4º e 5º períodos da UNIPESU e tem por objetivo subsidiar a
apresentação do trabalho da disciplina Psicologia do Cotidiano.

Para tanto, ressaltamos que suas informações pessoais não serão divulgadas em
hipótese alguma.

Gostaríamos de iniciar essa conversa pedindo que você nos situe um pouco,
pedindo que nos explique algumas coisas, já que não temos essa experiência
cotidiana em nossas vidas... poderia nos dizer:

O que é e o que significa Candomblé?


R- Para mim ele é tudo, embora seja uma religião de muito preconceito, o
candomblé é minha base, a natureza viva, e tudo que eu vejo nas águas, na mata,
no elemento ferro, no elemento fogo. É você reverenciar todas essas forças dentro
do seu ponto de vista, ao próximo e aos seus antepassados. A força que rege o ser
humano no contexto geral.

Qual a diferença de Candomblé e Umbanda?


R- No antigo testamento nós oferecíamos a Deus o melhor que tínhamos em
animais, como em frutas, colheita. Então para mim a umbanda é o candomblé
renovado aonde não se faz mais sacrifícios, as entidades não bebem ou fumam, são
ofertadores, flores, perfumes, a energia não entra em contato direto com esses
objetos, a umbanda a energia vem só para trabalhar em prol do próximo, o médium
não bebe ou fuma, mostrando que estão mais evoluídos, o candomblé é a energia
mais nato, abalamos o Exú, ele bebe e dança, se faz sacrifício de animais.

O que são os orixás e o que eles representam?

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R- Simbolizam as forças da natureza, o fogo representa os orixás Xangô e Iansã, o
vento também simbolizam Iansã, as águas salgadas Iemanjá, Oxum as águas
doces, a lama simboliza Nanã (avó de todos os orixás). Pedra também é Xangô
O que a cor branca representa para o Candomblé?
Cor branca significa Pai orixalá (pai de todos os orixás), que no secretismo religioso
significa Jesus Cristo

Por que o Candomblé é majoritariamente cultuado por pessoas negras?


R- Por ser uma religião afro-brasileira, por pessoas que tem consciência das nossas
raízes, fomos escravizados e massacrados. Somos fortes.

Como religiões afrobrasileiras veem o branqueamento dos terreiros?


R- Não vemos problema, pelo contrário significa uma aceitação maior da nossa
religião, independentemente da cor da pele, as pessoas estão se conscientizando e
respeitando e isso todos ganham, porque independente de cor somos seres
humanos e a cor da pele não vai definir a religião e sim o que acreditamos.

Gostaríamos também de te conhecer um pouco melhor...


Quem é você no seu dia a dia, o que você faz?
R- Sou Katia, mãe, mulher negra, amiga, esposa, cabelereira e amo o candomblé.

Como você conheceu o Candomblé? Como iniciou? Foi uma escolha? O que te
fez escolher essa religião?
R- A convite de uma amiga, fiz consulta, super me identifiquei e vi que era a religião
que eu buscava.

Em quê sua vida muda a partir da sua Religião...?


R- A ter mais fé e compreender essas forças da natureza, sabendo também que
dentro de nós existe o anjo bom e o diabo que só depende da gente escolher quem
vai escutar.

Há alguma norma/regra que discorde? Qual(is)?


R- Discordo quando nem todos os candomblecistas usam torços por se
preocuparem com a opinião dos outros.

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Você já pensou em mudar de religião? Por qual(is) motivos?
R- Não, porque eu acredito no candomblé e é também uma forma de honrar meus
antepassados.

Como as pessoas olham para o Candomblé e para os candomblecistas?


R- Com discriminação achando que somos pessoas do mal.

Há constrangimentos? Em quais situações e/ou espaços? Como são


percebidas as intolerâncias religiosas dentro desses espaços?
R- Alguns candoblecistas tem vergonha de usar o TORÇO (Pano que envolve a
nossa cabeça para nos proteger e ter a conexão com os orixás.

Como e quando descobriu que cultuava uma religião que sofre preconceitos?
R- Desde sempre, mas acredito que seja por pura ignorância.

Quais estigmas (“aquilo que é considerado indigno, desonroso”) são


encarados?
R- Não soube responder.

Sente em algum momento, incômodo, mal estar, acanhamento, em dizer que


faz parte da religião?
R- Não, pelo contrário tenho orgulho.

Têm dificuldade em arrumar trabalho por declarar sua fé?


R- Sempre fui empreendedora

Sente dificuldades em se relacionar com colegas de trabalho ao assumir sua


religião?
R- Nenhuma, o preconceito estão neles.

Há algum serviço essencial (saúde, educação, segurança, ofertas de trabalho e


lazer...) que vá de encontro aos preceitos legais? Alguma distinção
institucionalizada...?
R-Desconheço

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Qual o olhar candomblecista, no que diz respeito à inclusão de crianças
praticantes do Candomblé, no ambiente escolar?
R- Super necessário, quanto mais conhecimento menos preconceito.

Na introdução das religiões de matriz africana no Brasil, a sociedade as


comparava com bruxaria, supostamente, o que levou ao preconceito logo no
seu surgimento. Ainda hoje se observa esse comportamento mesmo que de
forma menos evidente. Como os praticantes do Candomblé vivenciam esse
comportamento social e qual(is) o(s) posicionamento(s) da religião para o
combate a intolerância religiosa?
R- Não respondeu

Você já sofreu algum tipo de ataque de grupos intolerantes quando se assumiu


candomblecista?
R- Não que lembre

Também há intolerância dentro dos terreiros?


R- No terreiro que faço parte não.

Na sua opinião, as Yalorixás e/ou Mães de Santo, sofrem algum tipo de


discriminação por outras lideranças religiosas (que em boa parte dos casos
são masculinas) pelo simples fato de serem lideranças religiosas femininas?
R- Acredito que não seja só porque é feminina, mas também por serem
candomblecistas.

Desde o seu início na religião, é possível para pontuar mudanças positivas e


negativas em relação ao combate à intolerância religiosa em terreiros de
Candomblé?
R- Mudanças positivas é a busca maior de conhecimento em relação ao candomblé
e a aceitação de que é uma religião.

Você acredita que a sociedade está mais “aberta” para conhecer o


candomblé?
R- Sim, mesmo que seja apenas por curiosidade

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O que podemos fazer para que o Candomblé seja respeitado como outras
religiões?
R- Abrir mais espaços e momentos de reflexões e discussões sobre a religião

Como a psicologia e os psicólogos podem atuar de forma a contribuir e


minimizar essas situações de preconceitos-
R- Trabalhar com grupos de candomblé, escutando suas dificuldades e criando
projetos que possam desmistificar essa religião tão séria e importante.

ENTREVISTA - 2

O presente questionário foi elaborado por um grupo de alunos do curso de


Psicologia do 4º e 5º períodos da UNIPESU e tem por objetivo subsidiar a
apresentação do trabalho da disciplina Psicologia do Cotidiano.

Para tanto, ressaltamos que suas informações pessoais não serão divulgadas em
hipótese alguma.

Gostaríamos de iniciar essa conversa pedindo que você nos situe um pouco,
pedindo que nos explique algumas coisas, já que não temos essa experiência
cotidiana em nossas vidas... poderia nos dizer:

O que é e o que significa Candomblé?


R- Candomblé para mim é mais que uma religião de matriz africana, é um
reencontro com nossos antepassados e seus ensinamentos.

Qual a diferença de Candomblé e Umbanda?


R- Candomblé é um é uma religião de matriz africana e Umbanda é uma religião de
brasileira que mescla outras religiões.

O que são os orixás e o que eles representam?

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R- São divindades, deuses da natureza.
O que a cor branca representa para o Candomblé?
R- A cor de Oxalá, pai maior.

Por que o Candomblé é majoritariamente cultuado por pessoas negras?


R- Porque foi trazida da África por escravos

Como religiões afrobrasileiras veem o branqueamento dos terreiros?


R- Normalmente é vista com preconceito.

Gostaríamos também de te conhecer um pouco melhor...


Quem é você no seu dia a dia, o que você faz?
R- Sou o João Paulo, tenho 26 anos, sou casado, trabalho e tenho uma vida bem
saudável e ativa nos esportes.

Como você conheceu o Candomblé? Como iniciou? Foi uma escolha? O que te
fez escolher essa religião?
R- Curiosidade, iniciei por uma cobrança e escolhi ser do santo.

Em quê sua vida muda a partir da sua Religião...?


R- Tudo! Os orixás são nossos guardiões.

Há alguma norma/regra que discorde? Qual(is)?


R- Não

Você já pensou em mudar de religião? Por qual(is) motivos?


R-Não

Como as pessoas olham para o Candomblé e para os candomblecistas?


R- Ainda com preconceito, mas hoje já se observa o crescimento dos terreiros.

Há constrangimentos? Em quais situações e/ou espaços? Como são


percebidas as intolerâncias religiosas dentro desses espaços?
R- Sim, todos os lugares, são percebidas sim.

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Como e quando descobriu que cultuava uma religião que sofre preconceitos?
R- Aos 16 anos, preconceito dentro de casa já de início.

Quais estigmas (“aquilo que é considerado indigno, desonroso”) são


encarados?
R- Não obedecem os preceitos,resguardados.

Sente em algum momento, incômodo, mal-estar, acanhamento, em dizer que


faz parte da religião?
R- Sim, já pensei em desistir várias vezes.

Têm dificuldade em arrumar trabalho por declarar sua fé?


R- Já tive, hoje não exponho.

Sente dificuldades em se relacionar com colegas de trabalho ao assumir sua


religião?
R- Sim

Há algum serviço essencial (saúde, educação, segurança, ofertas de trabalho e


lazer...) que vá de encontro aos preceitos legais? Alguma distinção
institucionalizada...?
R- Não

Qual o olhar candomblecista, no que diz respeito à inclusão de crianças


praticantes do Candomblé, no ambiente escolar?
R- O praticante da religião vê como vitória.

Na introdução das religiões de matriz africana no Brasil, a sociedade as


comparava com bruxaria, supostamente, o que levou ao preconceito logo no
seu surgimento. Ainda hoje se observa esse comportamento mesmo que de
forma menos evidente. Como os praticantes do Candomblé vivenciam esse
comportamento social e qual(is) o(s) posicionamento(s) da religião para o
combate a intolerância religiosa?
R- Sempre vai existir preconceito, porém as leis estão mudando e hoje é visto como
crime.

Você já sofreu algum tipo de ataque de grupos intolerantes quando se assumiu


candomblecista?
R- Não

Também há intolerância dentro dos terreiros?


R- Não

Na sua opinião, as Yalorixás e/ou Mães de Santo, sofrem algum tipo de


discriminação por outras lideranças religiosas (que em boa parte dos casos
são masculinas) pelo simples fato de serem lideranças religiosas femininas?
R-Não acho, para chegar na patente de Pag Babá tem Ové passar e aguentar
desafios de todo resto.

Desde o seu início na religião, é possível para pontuar mudanças positivas e


negativas em relação ao combate à intolerância religiosa em terreiros de
Candomblé?
R- Sim, estamos conseguindo leis a nosso favor.

Você acredita que a sociedade está mais “aberta” para conhecer o


candomblé?
R- Hoje não, ainda temos muito trabalho pela frente.

O que podemos fazer para que o Candomblé seja respeitado como outras
religiões?
R- Só mostrar a verdade sobre nossa religião

Como a psicologia e os psicólogos podem atuar de forma a contribuir e


minimizar essas situações de preconceitos-
R- Na minha opinião é importante se preocupar com o povo preto de periferia que
são humilhados no dia a dia.
ENTREVISTA - 3

O presente questionário foi elaborado por um grupo de alunos do curso de


Psicologia do 4º e 5º períodos da UNIPESU e tem por objetivo subsidiar a
apresentação do trabalho da disciplina Psicologia do Cotidiano.

Para tanto, ressaltamos que suas informações pessoais não serão divulgadas em
hipótese alguma.

Gostaríamos de iniciar essa conversa pedindo que você nos situe um pouco,
pedindo que nos explique algumas coisas, já que não temos essa experiência
cotidiana em nossas vidas... poderia nos dizer:

O que é e o que significa Candomblé?


R- O Candomblé é uma religião de matriz africana que cultua os orixás. O termo
candomblé vem da junção das palavras quimbundo candombe (dança com
atabaques) + iorubá ilê (casa), que significa casa da dança com atabaques.

Qual a diferença de Candomblé e Umbanda?


R- Candomblé é uma religião afrobrasileira que foi trazida pelos africanos
escravizados, já a umbanda é totalmente brasileira e tem influência do catolicismo,
espiritismo entre outras religiões afrobrasileiras também.

O que são os orixás e o que eles representam?


R- Os orixás são, e representam as forças da natureza. Cada elemento da natureza
seria dominado por um orixá, e assim cultuado pelos povos em devoção a natureza
e a tudo que ela representa e nos oferece.

O que a cor branca representa para o Candomblé?


R- A cor branca primeiramente significa pureza e paz por isso é a cor geralmente
mais utilizada, porém a cor branca representa o orixá oxalá, o pai de todos os orixás
e por respeito a ele, se é vestido o branco.
Por que o Candomblé é majoritariamente cultuado por pessoas negras?
R- O candomblé é majoritariamente cultuado por pessoas negras pois esse culto
veio trazido de África (continente majoritariamente povoado de pessoas negras)
pelos povos escravizados. Como o Candomblé é uma religião ancestral, a maioria
das pessoas que o cultuam hoje em dia são também pessoas negras.

Como religiões afrobrasileiras veem o branqueamento dos terreiros?


R- O candomblé pode e deve ser cultuado por diversas pessoas independente de
sua cor, o que não é pode é acontecer o apagamento da origem do Candomblé que
é da África. Então nós de Candomblé, principalmente as pessoas negras lutamos
contra o apagamento e embranquecimento de nossas raízes.

Gostaríamos também de te conhecer um pouco melhor...


Quem é você no seu dia a dia, o que você faz?
R- No Candomblé existe uma função que é denominada de "Ekedy", são funções
praticadas por mulheres. Essas mulheres são escolhidas pelo orixá para cuidar
deles e tudo relacionado a eles durante as atividades religiosas. Não dá para
explicar com detalhes o que fazemos, mas no dia a dia no terreiro eu sou essa
pessoa.

Como você conheceu o Candomblé? Como iniciou? Foi uma escolha? O que te
fez escolher essa religião?
R- Eu sou nascida e criada dentro de terreiro, porém minha mãe não me batizou no
candomblé, assim como não me batizou em nenhum outro lugar para que eu
pudesse escolher quando eu crescesse. Quando cresci, escolhi continuar na religião
pelo amor que eu tinha por ela e por simplesmente me fazer bem.

Em quê sua vida muda a partir da sua Religião?


R- O candomblé Candomblé faz parte de mim e de quem eu sou, está presente em
tudo oq eu faço e em minhas convicções.

Há alguma norma/regra que discorde? Qual(is)?


R- Não é uma regra absoluta, vc tem o livre arbítrio de escolher, mas no candomblé
não se é permitido doar órgãos após o falecimento de alguém de dentro da religião.
Isso porque se acredita que nosso corpo é emprestado da terra, e por isso, quando
morremos temos que devolver a terra como nos foi dado. Eu entendo e acredito
nisso, porém discordo pela simples questão de que a doação de um órgão pode
salvar várias vidas, inclusive de pessoas próximas.

Você já pensou em mudar de religião? Por qual(is) motivos?


R- Não, nunca pensei em mudar de religião.

Como as pessoas olham para o Candomblé e para os candomblecistas?


R- A maioria das pessoas veem o Candomblé como uma religião do mal,
simplesmente por falta de informação. Foi nos ensinados desde sempre que essa
religião é um coisa ruim e infelizmente muitas pessoas acreditam nisso sem se quer
pesquisar e se informar sobre.

Há constrangimentos? Em quais situações e/ou espaços? Como são


percebidas as intolerâncias religiosas dentro desses espaços?
R- Em quase todos os espaços, mas no transporte público foi onde eu mais
presenciei. Pessoas olhando torto, cochichando e até nos atacando diretamente com
xingamentos são violências que sofremos com frequência.

Como e quando descobriu que cultuava uma religião que sofre preconceitos?
R- Por eu fazer parte desde pequena, quando eu era criança eu não entendia o que
era preconceito e nem que eu poderia sofrer isso por conta da minha religião. Em
uma situação em que eu precisei usar as vestimentas do candomblé no ambiente
escolar eu senti na pele o que era o preconceito, pois havia sofrido isso de todos ao
meu redor na escola.

Quais estigmas (“aquilo que é considerado indigno, desonroso”) são


encarados?
(entrevistado não respondeu a essa pergunta)

Sente em algum momento, incômodo, mal estar, acanhamento, em dizer que


faz parte da religião?

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R- Luto contra isso todos os dias, tento ao máximo me posicionar. Porém em alguns
ambientes existem sim o receio de dizer qual a minha fé.

Têm dificuldade em arrumar trabalho por declarar sua fé?


R- Até então nunca sofri com isso, mas tenho consciência que várias pessoas
sofrem ou já sofreram.

Sente dificuldades em se relacionar com colegas de trabalho ao assumir sua


religião?
R- Depende, se eu percebo que uma pessoa é intolerante eu não faço questão de
ter uma relação. Mas se caso for uma pessoa que eu tenha que lidar de fato, existe
sim uma certa dificuldade e receio

Há algum serviço essencial (saúde, educação, segurança, ofertas de trabalho e


lazer...) que vá de encontro aos preceitos legais? Alguma distinção
institucionalizada...?
R- Eu não tenho conhecimento sobre, mas é interessante pesquisar.

Qual o olhar candomblecista, no que diz respeito à inclusão de crianças


praticantes do Candomblé, no ambiente escolar?
R- O ambiente escolar é um dos mais violentos para as crianças de terreiro e é
muito doloroso vê oq muitas delas sofrem sem nem saber o motivo desses ataques.
A inclusão para essas crianças são mínimas e existem muitas escolas onde as
crianças não são autorizadas a usar uma simples vestimenta da religião.

Na introdução das religiões de matriz africana no Brasil, a sociedade as


comparava com bruxaria, supostamente, o que levou ao preconceito logo no
seu surgimento. Ainda hoje se observa esse comportamento mesmo que de
forma menos evidente. Como os praticantes do Candomblé vivenciam esse
comportamento social e qual(is) o(s) posicionamento(s) da religião para o
combate a intolerância religiosa?
R- Recorrer sempre as autoridades, e pressionar para que a lei seja cumprida pois
caso contrário nada acontecerá com o agressor.
Você já sofreu algum tipo de ataque de grupos intolerantes quando se assumiu
candomblecista?
R- Nunca sofri, mas tem pessoas próximas a mim que sofreram.
Também há intolerância dentro dos terreiros?
R- Eu nunca presenciei nem ouvi falar sobre.

Na sua opinião, as Yalorixás e/ou Mães de Santo, sofrem algum tipo de


discriminação por outras lideranças religiosas (que em boa parte dos casos
são masculinas) pelo simples fato de serem lideranças religiosas femininas?
R- No candomblé existe muito respeito entre os sacerdotes, mas ainda assim,
muitas yalorixás sofrem machismo de lideranças masculinas e muitas das vezes não
são levadas a sério.

Desde o seu início na religião, é possível para pontuar mudanças positivas e


negativas em relação ao combate à intolerância religiosa em terreiros de
Candomblé?
R- Sim, muito se vem fazendo a partir dos coletivos e movimentos sociais em
parceria com o governo. Políticas públicas começaram a surgir e leis também. Isso
foi um grande avanço para o combate a intolerância religiosa.

Você acredita que a sociedade está mais “aberta” para conhecer o


candomblé?
R- Acredito que sim pois hoje em dia com a internet e as redes de comunicação, tá
sendo possível e fácil expandir conhecimento.

O que podemos fazer para que o Candomblé seja respeitado como outras
religiões?
R- Não vai acontecer da noite pro dia mas temos que Continuar lutando, correndo
atrás dos nossos direitos e propagando informação para que possamos ser
respeitados.

Como a psicologia e os psicólogos podem atuar de forma a contribuir e


minimizar essas situações de preconceitos?
R- Primeiramente creio que conhecer a religião. Ter consciência do que enfrentamos
todos os dias perante a sociedade é de extrema importância pois muitas das vezes a
intolerância religiosa vem acompanhada de outras violências como o racismo por
exemplo, então se o profissional ter entendimento sobre, ele poderá exercer o seu
papel com mais eficácia.

ENTREVISTA - 4

O presente questionário foi elaborado por um grupo de alunos do curso de


Psicologia do 4º e 5º períodos da UNIPESU e tem por objetivo subsidiar a
apresentação do trabalho da disciplina Psicologia do Cotidiano.

Para tanto, ressaltamos que suas informações pessoais não serão divulgadas em
hipótese alguma.

Gostaríamos de iniciar essa conversa pedindo que você nos situe um pouco,
pedindo que nos explique algumas coisas, já que não temos essa experiência
cotidiana em nossas vidas... poderia nos dizer:

O que é e o que significa Candomblé?


R- O candomblé é um culto de origem de matriz africana, que cultua um ser
supremo e as forças da natureza personificado em ancestrais/orixás e esses orixás
são reverenciados por meio de danças e oferendas.

Qual a diferença de Candomblé e Umbanda?


R- A diferença entre candomblé e umbanda ta mais relacionada com o culto, como
são cultuadas as entidades e a ritualística. A umbanda também tem traços do
sincretismo religioso e mescla o catolicismo com religiões afrobrasileiras.

O que são os orixás e o que eles representam?


R- Os orixás são divindades relacionadas a elementos da natureza, cada um deles
representa um ponto de força e possui ìtan, ou seja, histórias e contos sobre como
eles surgirão e sobre características de cada um deles.
O que a cor branca representa para o Candomblé?
R- A cor branca representa o sagrado, a pureza, o nascimento, e também o pai
maior, que é oxalá.

Por que o Candomblé é majoritariamente cultuado por pessoas negras?


R- Porque é uma religião de matriz africana, que eram cultuadas dentro das
senzalas e foi passando de geração em geração, por isso, muito da intolerância
religiosa sofrida por quem cultua, porque tem o racismo presente.

Gostaríamos também de te conhecer um pouco melhor...


Quem é você no seu dia a dia, o que você faz?
Farmacêutica e mestranda, trabalho com pesquisa científica na UFPE.

Como você conheceu o Candomblé? Como iniciou? Foi uma escolha? O que te
fez escolher essa religião?
R- Conheci por meio da internet, tive a curiosidade de saber como era o culto, no
que acreditavam, como funcionava os ritos e tomei a liberdade de visitar um terreiro
para ver se gostava, depois da primeira visita me senti acolhida e muito bem
recebida e optei por seguir a religião.

Em quê sua vida muda a partir da sua Religião...?


(entrevistado não respondeu a essa pergunta)

Há alguma norma/regra que discorde? Qual(is)?


R- Não

Você já pensou em mudar de religião? Por qual(is) motivos?


R- Não

Como as pessoas olham para o Candomblé e para os candomblecistas?


R- Olham como se fossem pessoas que cultuassem e disseminasse o mal, é muito
raro comentar com alguém que é da religião e não perceber um tom de ironia ou até
mesmo comentários intolerantes.
Há constrangimentos? Em quais situações e/ou espaços? Como são
percebidas as intolerâncias religiosas dentro desses espaços?
R- Sim, há diversos tipos de constrangimentos, em algumas situações precisamos
andar na rua de saia branca e pano de cabeça, e sempre tem alguém que solta
comentários indesejados, olham torto, isso quando não tentam conversar e
converter a pessoa a outra religião. Não tem delimitação de espaço, são em todos
os espaços, só de sair na rua todo de branco você já sente e percebe vários olhares
tortos.

Como e quando descobriu que cultuava uma religião que sofre preconceitos?
R- Antes mesmo de entrar na religião já tinha consciência que havia preconceito,
porque a gente cresce condicionado a acreditar que a única religião que salva é o
cristianismo ou catolicismo, e que qualquer religião que fuja disso é para cultuar o
mal ou coisas do tipo.

Quais estigmas (“aquilo que é considerado indigno, desonroso”) são


encarados?
R- As pessoas acham que por você ter uma religião de matriz africana vai fazer mal
a ela, ou é uma pessoa ruim, geralmente sentem medo de você, é comum,
comentários como "vai fazer nada pra mim de ruim não" "vai pra lá com tuas coisas",
entre outras.

Sente em algum momento, incômodo, mal-estar, acanhamento, em dizer que


faz parte da religião?
R- Sim, com toda certeza, em alguns ambientes precisamos omitir nossa religião,
por exemplo, no ambiente de trabalho. Tenho diversos amigos que preferem não
falar sobre religião dentro da empresa ou local de trabalho, porque sabe do risco de
sofrer intolerância religiosa e perder o emprego. Conheço uma mãe de santo que
era gerente da romanel e foi demitida quando descobriram a religião dela.

Sente dificuldades em se relacionar com colegas de trabalho ao assumir sua


religião?
R- Evito expor minha vida religiosa no meu ambiente de trabalho e acadêmico,
justamente por ter consciência que isso pode gerar problemas e desconforto no

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ambiente, ou até mesmo gerar demissão. Dentro do culto temos algumas situações
que precisamos usar branco por alguns dias da semana, por saber do problema que
isso pode gerar na nossa carreira profissional, alguns terreiros já liberam a gente de
não precisar usar branco quando for trabalhar.

Há algum serviço essencial (saúde, educação, segurança, ofertas de trabalho e


lazer...) que vá de encontro aos preceitos legais? Alguma distinção
institucionalizada...?
R- Não que eu tenha conhecimento

Qual o olhar candomblecista, no que diz respeito à inclusão de crianças


praticantes do Candomblé, no ambiente escolar?
R- A gente vê crianças inseridas em todo tipo de religião, mas justamente pela
intolerância religiosa, quando essas crianças são inseridas na umbanda ou
candomblé, vários questionamentos são gerados sobre isso ser certo ou não, mas o
mesmo não acontece se a religião for outra. Então a inserção dessas crianças no
ambiente escolar não é um problema, o problema é o preconceito das pessoas.

Na introdução das religiões de matriz africana no Brasil, a sociedade as


comparava com bruxaria, supostamente, o que levou ao preconceito logo no
seu surgimento. Ainda hoje se observa esse comportamento mesmo que de
forma menos evidente. Como os praticantes do Candomblé vivenciam esse
comportamento social e qual(is) o(s) posicionamento(s) da religião para o
combate a intolerância religiosa?
(entrevistado não respondeu a essa pergunta)

Você já sofreu algum tipo de ataque de grupos intolerantes quando se assumiu


candomblecista?
(entrevistado não respondeu a essa pergunta)

Também há intolerância dentro dos terreiros?


R- Não
Na sua opinião, as Yalorixás e/ou Mães de Santo, sofrem algum tipo de
discriminação por outras lideranças religiosas (que em boa parte dos casos
são masculinas) pelo simples fato de serem lideranças religiosas femininas?
(entrevistado não respondeu a essa pergunta)

Desde o seu início na religião, é possível para pontuar mudanças positivas e


negativas em relação ao combate à intolerância religiosa em terreiros de
Candomblé?
R- Não vejo mudanças positivas, o único marco que teve foi a lei que instituiu o dia
de combate ao racismo e intolerância religiosa.

Você acredita que a sociedade está mais “aberta” para conhecer o


candomblé?
R- Vejo essa abertura vinda apenas do público mais jovem, os mais antigos ainda
possuem uma mentalidade intolerante.

O que podemos fazer para que o Candomblé seja respeitado como outras
religiões?
R- Conscientizar, inserir a discussão nas escolas, faculdades, em canais de
televisão. Mostrar que o culto não está atrelado a fazer o mal ou cultuar "demônios".
Um dos principais fundamentos do candomblé e da umbanda é a caridade, a gente
aprende dentro do terreiro que a gente está ali para prestar caridade ao próximo,
inclusive muito desses terreiros fazem campanhas mensais de distribuição de
alimento para pessoas carentes, roupas etc.

Como a psicologia e os psicólogos podem atuar de forma a contribuir e


minimizar essas situações de preconceitos?
R- Se conscientizando sobre a religião e respeitando o culto ao sagrado do outro,
não interferindo na religião do paciente quando ele for relatar situações, e fazer com
que ele se sinta confortável para relatar os casos de preconceito sofridos e reafirmar
que ele tem liberdade de cultuar o que quiser. Já vi um caso de um irmão de santo,
a qual foi a psicóloga discutir sobre um caso de intolerância que tinha sofrido e a
psicóloga o coagiu, criticou a religião e insinuou que ele deveria mudar de religião.
ENTREVISTA - 5

O presente questionário foi elaborado por um grupo de alunos do curso de


Psicologia do 4º e 5º períodos da UNIPESU e tem por objetivo subsidiar a
apresentação do trabalho da disciplina Psicologia do Cotidiano.
Para tanto, ressaltamos que suas informações pessoais não serão divulgadas em
hipótese alguma.

Gostaríamos de iniciar essa conversa pedindo que você nos situe um pouco,
pedindo que nos explique algumas coisas, já que não temos essa experiência
cotidiana em nossas vidas... poderia nos dizer:

O que é e o que significa Candomblé?


R- Eu conheço o candomblé pelos olhos da minha avó toda a minha família
frequentava o terreiro e hoje eu consigo entender o que ela significa que é uma
religião que nas na África i é trazida pelo Brasil aos escravos né. uma religião muito
rica que cultua orixás faz boas ações como qualquer outra.

Qual a diferença de Candomblé e Umbanda?


R- Eu entrei no candomblé há pouco mais de 2 anos participe dos rituais
acompanham as pessoas na cerimônia ainda não sei te dizer por que eu não tenho
entendimento né profundo vale dizer no que se diferenciam eu hoje tento me
apropriar disso é como se fosse um resgate e para minha vida.

O que são os orixás e o que eles representam?


R- Os orixás são, e representam as forças da natureza. Cada elemento da natureza
seria dominado por um orixá, e assim cultuado pelos povos em devoção a natureza
e a tudo que ela representa e nos oferece

O que a cor branca representa para o Candomblé?


R- A cor branca é o que representa a limpeza a pureza o está pronto para participar
do culto não é que é uma cor obrigatória não mas é que é quem mais se utiliza a
gente tem uma identificação com quem tá ali por esses sinais. O Branco para mim é
fazer é pertencer.
Por que o Candomblé é majoritariamente cultuado por pessoas negras?
R- Ele é cultuado na maioria da de lugares para pessoas negras porque ele se
desenvolve aqui no Brasil nas senzalas junto com os escravos isso é uma tradição
né é uma identificação uma coisa que é de origem nossa.
Como religiões afrobrasileiras veem o branqueamento dos terreiros?
R- Eu acho que essa questão é natural sabe eu não me vejo esse grande problema
não as religiões de matriz africana hoje no Brasil elas estão sendo mais divulgadas e
a gente está perdendo um estigma né de que aquilo era culto de coisa ruim de fazer
o mal pra outra pessoa e naturalmente as pessoas perdem o medo daquilo que vão
conhecendo né e é natural quem é que no Brasil não tem um parente uma ancestral
uma excelente negro é muito difícil não ter.

Gostaríamos também de te conhecer um pouco melhor...


Quem é você no seu dia a dia, o que você faz?
R- Sou professora trabalho aqui nessa escola eu dou aulas a 16 anos trabalhou aqui
nessa escola e trabalho numa escola do rede pública do Recife.

Como você conheceu o Candomblé? Como iniciou? Foi uma escolha? O que te
fez escolher essa religião?
R- Depois de condão lá em casa minha avó era do candomblé minha mãe era do
candomblé e eu via né todo aquele preparativo casa e escuteiro mas eu fina meus
eu sentia naquela época assim que era uma coisa assim mais reservada numa coisa
dela né eu fui algumas vezes também quando eu era criança e depois de um tempo
eu comecei a me distanciar eu acho que me distanciando também de minha família
me distanciou do candomblé.

Em quê sua vida muda a partir da sua Religião?


R- Olhe pra mim tem uma coisa muito particular o candomblé ele é como se fizesse
uma ligação entre eu e minha última relação da minha família. No final da minha
adolescência né até a minha vida adulta eu tive uma relação as cria mas também
muito com minha fam rap né a minha mãe faleceu quando minha mãe faleceu eu
tinha uma relação mais distante com Ela E Eu sinto muito né por isso casei com uma
pessoa que tinha muito preconceito também uma religião naturalmente eu fui
vivendo para minha família e perdi o laço com a minha mãe eu volto pro candomblé
é depois que a minha mãe morre eu passo por um um processo sim de luta muito
grande eu acho que isso também levou assim um afastamento do meu marido na
época né e pra mim foi um resgate né eu acho que o candomblé hoje ele eu vejo
candomblé hoje como se fosse uma forma lhe abraçar a mãe.
Há alguma norma/regra que discorde? Qual(is)?
R- Olha eu procuro não questionar né não tem regra a regra é fazer o bem participar
dos cursos assim a gente tem um rito de curto como qualquer outra reunião mãe não
é um aceita milhão e como toda a religião tem o dogma tenho orixá que você tem
que reverenciar a forma como a gente se liga ao orixá é diferente é uma escolha
dele pra gente e o reverenciou o orixá que me escolheu não tem regra.

Você já pensou em mudar de religião? Por qual(is) motivos?


R- Sim já pensei em mudar de religião diversas vezes na verdade eu mudei de
religião frequentei Batista frequentei a universal durante um tempo e mas não me
preenchia sabe eu acho que com candomblé eu estou há muito pouco tempo eu crio
esse ELO porque ele representa a minha origem a minha vida a minha família.

Como as pessoas olham para o Candomblé e para os candomblecistas?


R- Com muito preconceito não tem como a gente negar isso não tem que sair de
branco com a roupa do culto pra você ver as pessoas olham para você e essa é uma
coisa super natural eu não sinto essa discriminação quando você sai com a saia
lambendo seu calcanhar as pessoas olhe é crente ok e aquilo representa a
religiosidade dela mas se eu saio desse jeito eu só eu sou apontada as pessoas
olham e fazem olha aí a macumbeira. isso é ruim e as pessoas tendem a criticar o
que não conhecem.

Há constrangimentos? Em quais situações e/ou espaços? Como são


percebidas as intolerâncias religiosas dentro desses espaços?
R- Há eu já fui constrangida já sim já fui constrangida por dizer que ia para o culto de
candomblé e eu conversando isso no almoço né com meus colegas de trabalho
naturalmente se não eu disse que conhecia que frequentava algumas pessoas
perguntam é como é eu vejo que tenho interesse mesmo mas outras pessoas eles já
cotei Ham né da sim é é faz faz o que lá amarração amorosa tratam as coisas desse

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jeito como se fosse fazer ali um lugar de fazer trabalho para os outros e isso é
constrangedor né isso é muito constrangedor.

Como e quando descobriu que cultuava uma religião que sofre preconceitos?
R- Desde que eu nasci só o fato de ver minha mãe andando escondida quando ia
pro culto no e arrumada pro culto.

Quais estigmas (“aquilo que é considerado indigno, desonroso”) são


encarados?
R- Como em qualquer outra religião o que é que é danoso danoso é fazer o mal mas
tem gente que faz sim tem gente que faz medida que cortou o mal como qualquer
outro lugar qualquer outro espaço eu acho que isso aí é uma coisa mais pessoal eu
tô ali para celebrar eu não estou ali para trabalhar ali é para me desenvolver e não
para servir.

Sente em algum momento, incômodo, mal-estar, acanhamento, em dizer que


faz parte da religião?
R- Eu sentia mais, hoje não. E as leis elas ajudam muito isso né além de
preconceito e intolerância religiosa hoje isso tem o nome hoje esse constrangimento
essa vergonha que faz a gente passar por que eu frequento um curso diferente do
do que os pais dos meus alunos frequentam hoje a gente sente mais protegida.

Têm dificuldade em arrumar trabalho por declarar sua fé?


R- Eu nunca tive dificuldade de arrumar trabalho não, eu vivo muito estável sou
funcionária pública também e dou aula aqui no colégio nesses anos todos mas os
meus horários eu sempre consigo em encaixar né é isso que eu estou de manhã
tem vez que eu tô de tarde eu nunca tive problema não mas também a minha
religião nunca atrapalhou né minha atividade mas com certeza se tivesse algum
choque com certeza iria se ter preconceito.

Há algum serviço essencial (saúde, educação, segurança, ofertas de trabalho e


lazer...) que vá de encontro aos preceitos legais? Alguma distinção
institucionalizada...?
R- Eu não conheço nenhum não.
Qual o olhar candomblecista, no que diz respeito à inclusão de crianças
praticantes do Candomblé, no ambiente escolar?
R- No ambiente escolar eu vou lhe dizer uma coisa se for a escola particular não vai
entrar nunca nunca não é não posso também dizer isso mas vai ser muito difícil uma
escola particular aqui ou em qualquer outro lugar aceitar uma criança com investe
candomblé anão ser que seja um trabalho pra apresentar na escola pública por mais
que se critique a inclusão é maior porque a escola pública ela traz o curtume
daquela comunidade.

Na introdução das religiões de matriz africana no Brasil, a sociedade as


comparava com bruxaria, supostamente, o que levou ao preconceito logo no
seu surgimento. Ainda hoje se observa esse comportamento mesmo que de
forma menos evidente. Como os praticantes do Candomblé vivenciam esse
comportamento social e qual(is) o(s) posicionamento(s) da religião para o
combate a intolerância religiosa?
R- Se você tiver no culto e fizer barulho a polícia chega isso acontece
frequentemente.

Você já sofreu algum tipo de ataque de grupos intolerantes quando se assumiu


candomblecista?
R- Não.

Também há intolerância dentro dos terreiros?


R- Também nunca vi não.

Na sua opinião, as Yalorixás e/ou Mães de Santo, sofrem algum tipo de


discriminação por outras lideranças religiosas (que em boa parte dos casos
são masculinas) pelo simples fato de serem lideranças religiosas femininas?
R- Na grande maioria são homens já vi mulheres que têm participação importante na
organização no culto.
Desde o seu início na religião, é possível para pontuar mudanças positivas e
negativas em relação ao combate à intolerância religiosa em terreiros de
Candomblé?
R- Com certeza inclusive legalmente.

Você acredita que a sociedade está mais “aberta” para conhecer o


candomblé?
R- A sociedade está sim mais aberta porque o candomblé que se apresenta hoje
que as pessoas estão passando a conhecer o candomblé que eu conheço desde
criança mas que era crucificado como se fosse uma coisa ruim como fosse uma
forma de praticar o mal pra outra pessoa isso afastou muito e levou a esse
preconceito que a gente tem até hoje.

O que podemos fazer para que o Candomblé seja respeitado como outras
religiões?
R- O candomblé respeitado por que tem cultura quem não tem cultura ele não
respeita nada e não é só o candomblé ele não respeita o outro agora querer que o
candomblé seja aceito com hoje a religião católica ao protestantismo é aceito no
Brasil isso vai levar muito tempo.

Como a psicologia e os psicólogos podem atuar de forma a contribuir e


minimizar essas situações de preconceitos?
R- Começando nas escolas e mostrando para os meninos que o diferente existe que
pessoas têm relações diferentes que pessoas têm religiões diferentes e que isso não
transforma ela numa pessoa má, acho que a psicologia ela tem um papel muito
importante, mas que deve começar lá embaixo na base.

ENTREVISTA - 6

O presente questionário foi elaborado por um grupo de alunos do curso de


Psicologia do 4º e 5º períodos da UNIPESU e tem por objetivo subsidiar a
apresentação do trabalho da disciplina Psicologia do Cotidiano.
Para tanto, ressaltamos que suas informações pessoais não serão divulgadas em
hipótese alguma.

Gostaríamos de iniciar essa conversa pedindo que você nos situe um pouco,
pedindo que nos explique algumas coisas, já que não temos essa experiência
cotidiana em nossas vidas... poderia nos dizer:
O que é e o que significa Candomblé?
R- Religião pautada nas tradições, vivências e registros históricos e costumes
africanos, tendo como culto principal as suas divindades Orixás, Vodunsis, Nkinsis,
entre outras denominações a depender da tradição da casa.

Qual a diferença de Candomblé e Umbanda?


R- Muito se confunde o Candomblé com a Umbanda. São religiões semelhantes,
porém distintas. O Candomblé é o culto estritamente africano, trazido com as etnias
vindas de África que foram escravizadas no Brasil. E a Umbanda é uma religião
brasileira. Onde se cultua também os Orixás, mas com muita influência de outros
povos que existem no Brasil, e de diversas outras ritualísticas, como o catolicismo, o
espiritismo, a pajelança. Já no Candomblé não existe essa mistura, dentro do culto
apenas estão os ritos referentes as divindades africanas, não temos a presença por
exemplo das pombagiras, dos caboclos, dos pretos velhos, como temos na
Umbanda.

O que são os orixás e o que eles representam?


R- Os Orixás são as divindades africanas que representam a energia dos elementos
da vida e da natureza.

O que a cor branca representa para o Candomblé?


R- A cor branca é universal a todas as tradições do Candomblé, ela representa a
pureza e também o respeito a Obatalá, criador do universo, divindade suprema que
rege a vida de cada ser dentro do culto.
Por que o Candomblé é majoritariamente cultuado por pessoas negras?
R- O Candomblé é uma religião de pretos, é a ancestralidade africana em sua maior
potência, as divindades, os costumes, os elementos e tudo o que existe dentro do
culto, tem em sua essência toda uma existência e resistência preta.

Como religiões afrobrasileiras veem o branqueamento dos terreiros?


(entrevistado não respondeu a essa pergunta)

Gostaríamos também de te conhecer um pouco melhor...


Quem é você no seu dia a dia, o que você faz?
R- Meu nome é Ana, sou estudante de Fisioterapia e eu trabalho com redes de
restaurantes.

Como você conheceu o Candomblé? Como iniciou? Foi uma escolha? O que te
fez escolher essa religião?
R- Eu conheci o Candomblé através de familiares, num momento em que eu estava
muito alheia a tudo ao meu redor, e eu simplesmente me encontrei na minha
religião, e eu escolhi ir de só frequentar e conhecer, a me iniciar de fato porque pra
mim era como se eu já estivesse alí a muito tempo, e que só realmente tivesse
abertos os olhos naquele momento, eu despertei realmente, e já não me via mais
sem a presença dessa força ancestral em mim.

Em quê sua vida muda a partir da sua Religião?


R- Quem me conhece sabe que minha religião mudou absolutamente tudo em mim,
é como se eu tivesse acordado pra aquilo que eu tinha que estar alí, tinha que viver.
Me deu novos pontos de vista, um senso mais crítico, um sentido pra minha vida, me
ensina diariamente a cuidar e zelar mais pelo meu corpo, pela minha mente e pela
minha espiritualidade é claro. É hoje (e sempre foi na verdade) o que dá movimento
a minha vida, eu e meu Orixá somos um só, ele rege minha vida, eu dou o passo e
ele dá o chão, não é algo separado, sabe? A minha vida está totalmente conectada
a minha religião, a minha espiritualidade.

Há alguma norma/regra que discorde? Qual(is)?


R- Como toda religião, que é feita por seres errantes como nós, existem pontos e
suas desvantagens, o Candomblé é um culto muito tradicional e muito antigo, e

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carrega consigo muito das vivências e bagagens das épocas em que ele foi sendo
edificado, então tem coisas que seguimos que é “tradicional” dos costumes da África
onde a mulher é responsável pela fertilidade ou pelos afazeres na cozinha e os
homens são os responsáveis pelas atividades que exigem força ou comunicação
com outras partes. Eu não discordo porque também é importante manter a tradição
de um culto que resiste com sua história, mas ao mesmo tempo nos dias atuais já é
muito “ultrapassado” a questão de separação de trabalho em relação ao sexo. Mas
isso depende também da região, da nação, e até da casa onde o indivíduo pratica o
Candomblé porque isso passa a não ser mais uma “regra” mas continua sendo um
costume dentro da religião.

Você já pensou em mudar de religião? Por qual(is) motivos?


R- Nunca pensei em mudar minha religião, sou muito realizada e muito certa de que
essa maneira de cultuar minha ancestralidade e minha vida aqui na terra é mais do
que perfeita pra mim.

Como as pessoas olham para o Candomblé e para os candomblecistas?


R- As pessoas em geral olham para o Candomblé e para os candoblecistas com o
olhar do desconhecido, muita gente ainda desconhece a religião e seus praticantes
apesar de tanto tempo de existência. Tem aquelas também que tem um medo
eterno pelas coisas que foram repetidas em todos esses anos pela igreja e pelos
colonizadores que não podiam dar poder aos povos africanos, de que era uma
religião do Diabo e que só se fazia o mal, e isso infelizmente se perpetuou até hoje.
Mas também tem muita gente que consegue se desvencilhar desses tabus e se
interessam por conhecer e por trabalhar essas questões em si próprios e na
sociedade em geral, não é à toa eu estar respondendo a um questionário acadêmico
sobre o Candomblé neste momento.

Há constrangimentos? Em quais situações e/ou espaços? Como são


percebidas as intolerâncias religiosas dentro desses espaços?
R- Como eu disse anteriormente, há muito preconceito ainda, então é sim muito
comum a discriminação em todos os espaços possíveis, pode ser em uma conversa,
em uma viagem no uber, no mercado, em absolutamente qualquer lugar. E pode ser
qualquer coisa, qualquer “estranhamento”, que possa levar o Candomblé a uma
posição de algo ainda difícil de se entender ou de ser levado como “normal” dentro
de uma sociedade como a nossa.

Como e quando descobriu que cultuava uma religião que sofre preconceitos?
R- Na verdade eu não descobri, eu já sabia, tinha uma noção de que havia um
enorme preconceito e racismo religioso com a religião, justamente por ela ser de
matriz africana.

Quais estigmas (“aquilo que é considerado indigno, desonroso”) são


encarados?
(entrevistado não respondeu a essa pergunta)

Sente em algum momento, incômodo, mal-estar, acanhamento, em dizer que


faz parte da religião?
R- Não por dizer que sou da religião, eu me assumo e me mostro orgulhosamente
como candoblecista, porém as vezes é difícil estar num lugar onde você
compreende totalmente uma determinada situação por ser do seu convívio mas
como não é do conhecimento do outro, acaba que você tem que sempre tá se
explicando.

Têm dificuldade em arrumar trabalho por declarar sua fé?


R- Não, na verdade eu nunca imponho minha fé, eu mostro minhas qualidades e
meus atributos, coisas que sim é do interesse de uma empresa ou nicho de trabalho.
Mas eu já fui demitida de uma empresa por não poder usar meu ojá (pano de
cabeça, turbante) por exemplo num momento em que eu estava de preceito e
necessitava usar, pedi permissão a empresa e ela disse que sairia dos “padrões de
uniforme”, mesmo sendo por uma data determinada e que eu fosse tirar depois de
alguns dias, optaram por me desligar mesmo assim. Mas foi a única vez que me
aconteceu.

Há algum serviço essencial (saúde, educação, segurança, ofertas de trabalho e


lazer...) que vá de encontro aos preceitos legais? Alguma distinção
institucionalizada...?
(entrevistado não respondeu a essa pergunta)
Qual o olhar candomblecista, no que diz respeito à inclusão de crianças
praticantes do Candomblé, no ambiente escolar?
(entrevistado não respondeu a essa pergunta)

Na introdução das religiões de matriz africana no Brasil, a sociedade as


comparava com bruxaria, supostamente, o que levou ao preconceito logo no
seu surgimento. Ainda hoje se observa esse comportamento mesmo que de
forma menos evidente. Como os praticantes do Candomblé vivenciam esse
comportamento social e qual(is) o(s) posicionamento(s) da religião para o
combate a intolerância religiosa?
(entrevistado não respondeu a essa pergunta)

Você já sofreu algum tipo de ataque de grupos intolerantes quando se assumiu


candomblecista?
R- Não, na verdade sempre tive sorte, só me aparecem os curiosos que gostam de
conhecer mais sobre minha religião, me perguntam, bons ouvintes e são muito
receptivos na verdade, sempre trocam ideia e me contam que conhecem o
candomblé porque um amigo, uma tia, um primo também praticam.

Também há intolerância dentro dos terreiros?


(entrevistado não respondeu a essa pergunta)

Na sua opinião, as Yalorixás e/ou Mães de Santo, sofrem algum tipo de


discriminação por outras lideranças religiosas (que em boa parte dos casos
são masculinas) pelo simples fato de serem lideranças religiosas femininas?
(entrevistado não respondeu a essa pergunta)

Desde o seu início na religião, é possível para pontuar mudanças positivas e


negativas em relação ao combate à intolerância religiosa em terreiros de
Candomblé?

(entrevistado não respondeu a essa pergunta)


Você acredita que a sociedade está mais “aberta” para conhecer o
candomblé?
(entrevistado não respondeu a essa pergunta)

O que podemos fazer para que o Candomblé seja respeitado como outras
religiões?

(entrevistado não respondeu a essa pergunta)

Como a psicologia e os psicólogos podem atuar de forma a contribuir e


minimizar essas situações de preconceitos?

(entrevistado não respondeu a essa pergunta)

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