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RESUMO
Cerca de 60.000 acidentes de trânsito ocorrem por ano na cidade do Rio de Janeiro. A falta de qualidade nos
registros dos acidentes vem dificultando a formação de uma base de dados adequada aos estudos de segurança de
tráfego, que permita identificação e tratamento das causas destes acidentes. Esta comunicação técnica apresenta
o desenvolvimento de um novo modelo de Boletim de Registro de Acidentes de Trânsito (BRAT) para o Rio de
Janeiro. Com isso, procura-se contribuir para o incremento da qualidade e quantidade das informações, partindo
da análise dos problemas do modelo utilizado atualmente e propondo modificações substanciais no conteúdo e
na estruturação do registro de dados. O novo modelo pretende também diminuir a evasão de informações e
conferir maior agilidade aos agentes de trânsito.
ABSTRACT
Every Year, about 60.000 traffic accidents take place in Rio de Janeiro city. The lack of qualiy in the accident
records is making it difficult to build up an appropriate database for the traffic security studies, which would
provide the identification and treatment of the causes of these accidents. This article presents a new Traffic
Accidents Record Bulletin (BRAT) proposal to Rio de Janeiro city. It means to get to an improvement in the
information system, in terms of quality and quantity, through the analysis of the present model problems and
suggesting substantial changes in the data records contents and structure. The new model intends to reduce the
information loss and give the traffic agents more agility.
1. INTRODUÇÃO
Sabe-se que a quantidade de mortes em acidentes de trânsito no Brasil é elevada,
representando segundo Cucci Neto (1996), 5,8% das causas de óbito no país. O mesmo autor
demonstra que, em 1990, 84,9% dos acidentes com vítima no Brasil ocorreram em área
urbana. Isto demonstra claramente a gravidade do problema da segurança de tráfego mas
deve-se atentar para o fato de que as estatísticas utilizadas não são recentes. A falta de melhor
atualização das estatísticas se deve, em grande parte, à ausência de uma estrutura adequada de
coleta e tratamento dos dados referentes aos acidentes de trânsito.
A partir do Código de Trânsito Brasileiro (1997), Art. 24 § 14, ficou estabelecido que os
órgãos e entidades executivos de trânsito nos municípios passam a ter a atribuição de “coletar
dados estatísticos e elaborar estudos sobre os acidentes de trânsito e suas causas”. Porém
permanece a carência de uma base de dados adequada às necessidades da engenharia de
tráfego, do poder judiciário, dos agentes de trânsito, da saúde pública e do cidadão.
No Rio de Janeiro ocorrem cerca de 60.000 acidentes de trânsito por ano mas falta qualidade
nos registros dos acidentes. O modelo de BRAT atual dificulta a obtenção e tratamento de
volume significativo de dados confiáveis por uma série de razões, como se verá no item 2. O
aumento das responsabilidades dos municípios estimulou e , de certa forma, obrigou uma
revisão do método de coleta, registro e tratamento dos dados sobre acidentes.
O BRAT atual (figuras 1 e 2 ) apresenta uma série de problemas relativos a estes aspectos:
O tamanho do formulário (tamanho A4) dificulta a participação de agentes “não
motorizados”, pois torna o bloco grande para que seja carregado junto aos demais
acessórios de um guarda de trânsito. Assim, para que o registro seja feito é necessário que
uma viatura de trânsito chegue até o local do acidente portando o formulário. Isto
compromete a agilidade do processo e traz prejuízos também à fluidez do tráfego pois os
veículos envolvidos demoram a ser removidos;
Existem campos de preenchimento livre (p. ex., Condições do Tempo, Descrição Sumária
do Acidente etc.), dando margem à subjetividade do agente e dificultando a posterior
análise da engenharia de tráfego e do judiciário;
O formulário é de difícil transcrição para o meio digital, pois existem muitos campos
dissertativos o que dificulta a digitalização, seja por digitação manual ou por meio de
digitalização de imagens (scanner);
Não existe um ordenamento racional de informações, o que faz com que os dados que
interessam às estatísticas de acidentes se misturem aos dados que interessem somente ao
poder judiciário ( p. ex. a identidade dos condutores, as placas dos veículos etc.), o que
torna a consulta mais lenta e desagradável, além de dificultar a digitalização.
4. MODELO PROPOSTO
O modelo de BRAT proposto (figuras 3, 4 e 5) foi desenvolvido com base na seleção das
informações mais relevantes para a análise e tratamento dos pontos críticos. Apresenta uma
estruturação inteiramente distinta da utilizada no modelo atual e um conteúdo mais rico em
informações, buscando solucionar as questões abordadas no item 2. As modificações básicas
são as seguintes:
O tamanho do formulário passa a ter as mesmas dimensões de um auto de infrações (11,80
cm X 21,30 cm), o que o torna mais portátil e possibilita que qualquer agente de trânsito,
mesmo os “não motorizados”, se encarregue de registrar o acidente.
Restringiu-se ao máximo os campos de preenchimento livre, criando sempre que possível
um “menu” de opções pré-estabelecidas (os campos 6 e 11, por exemplo, descrevem o
acidente de maneira objetiva). Isto evita a análise subjetiva do agente.
Para facilitar a passagem das informações para o meio digital optou-se pelo uso de
marcação de “X” em espaços definidos. Isto possibilita, inclusive, leitura através de
scanners. Em campos onde o uso deste artifício não foi possível (p.ex. nome, endereço
etc.), utilizou-se espaços quadriculados que possibilitam também a digitalização de
imagens.
O BRAT foi ordenado de modo que as informações de mesmo interesse ficassem
agrupadas. Assim, os dados que interessam às estatísticas de engenharia de tráfego estão
dispostos em campos adjacentes no início do formulário (campos 1 até 13) e os dados que
estão afetos somente às necessidades jurídicas ou policiais encontram-se no grupo
subseqüente (campos 14 até 19).
No que diz respeito ao conteúdo, a principal contribuição foi a inclusão dos campos ação
do pedestre e manobra do veículo. As informações provenientes destes campos reduzem a
dependência de desenhos e esquemas gráficos feitos pelo agente de trânsito. Isto poupa
tempo ao agente e dá maior confiabilidade às informações. O croqui (campo 16 ) passa a
figurar somente como complemento, quando estritamente necessário, ou como um
possível incremento a critério do agente. Os campos tipo de acidente e tipo do veículo
foram modificados de acordo com a NBR 10697 (ABNT, 1989).
5. CONCLUSÕES
Com este novo modelo de BRAT espera-se que o processo de coleta e tratamento de dados de
acidentes de trânsito obtenha um ganho considerável de qualidade e eficiência, permitindo a
estruturação de um banco de dados mais adequado para os estudos de segurança de tráfego.
Com o uso de uma metodologia adequada, cria-se ambiente propício para investimentos em
avanços tecnológicos de coleta e armazenamento de dados tais como uso de PDAs (Personal
Digital Assistent) e GPS (Geografic Position System), além da já citada leitura digital. Estes
recursos, ainda que parcialmente implementados no processo de levantamento de dados,
reduziriam de forma significativa o tempo que existe hoje entre a coleta das informações e sua
transposição para o banco de dados georeferenciado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Código de Trânsito Brasileiro (1997).
ABNT (1989) NBR 10697 - Pesquisa de Acidentes de Trânsito. Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio
de Janeiro.
Cucci Neto, J (1999) Aplicações da Engenharia de Tráfego na Segurança de Pedestres. Anais do XIII Congresso
de Pesquisa e Ensino em Transportes, ANPET , São Carlos, v.1, p. 535-545.
ESTADO DO RIO DE JANEIRO
SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA – POLÍCIA MILITAR
BOLETIM DE REGISTRO DE ACIDENTES DE TRÂNSITO
Decreto n.º 4118 de 18 maio de 81 – D O do Estado do RJ n.º 92 de 19 maio de 81 – BOL da PM n.º 64 de 21 maio de 81
OBS.: As 1.ª e 3.ª Vias brancas são destacáveis e enviadas para a Delegacia
As 2.ª e 4.ª Vias azuis são para Arquivo da OPM.
Croqui:
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