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Furr Epub v2
Furr Epub v2
Raízes da América
Grover Furr
Grover Furr
Conselho Editorial:
Agradecimentos e Dedicatória
***
Khrushchev:
Camaradas! No relatório do Comitê Central do
Partido no 20º Congresso, em uma série de
discursos dos delegados ao Congresso, como
também durante a Plenária e as sessões do
CC/PCUS [Comitê Central do Partido Comunista
da União Soviética] anteriores, muito foi dito sobre
o culto ao indivíduo e sobre suas consequências
prejudiciais.
Após a morte de Stalin, o Comitê Central do
Partido começou a implementar uma política de
explicar, de forma concisa e consistente, que é
inadmissível e estranho ao espírito do marxismo-
leninismo elevar uma pessoa, a ponto de
transformá-la em um super-homem possuidor
características sobrenaturais, semelhantes a
aquelas de um deus. Tal homem que supostamente
sabe de tudo, vê tudo, pensa por todos, pode fazer
qualquer coisa e é infalível em seu
comportamento.
Tal crença sobre um homem, e especificamente
sobre Stalin, foi cultivada entre nós por muitos
anos.
O objetivo do presente discurso não é uma
avaliação minuciosa da vida e da atividade de
Stalin. A respeito dos méritos de Stalin um número
suficiente de livros, panfletos e estudos já foi
escrito durante sua vida. O papel de Stalin na
preparação e execução da Revolução Socialista, na
Guerra Civil e na luta pela construção do
socialismo em nosso país, é universalmente
conhecido. Todo mundo sabe bem disso.
No momento, estamos preocupados com uma
questão de imensa importância para o Partido,
agora e para o futuro – a maneira com a qual
gradualmente tem crescido o culto à pessoa de
Stalin, o culto que se tornou, em um certo estágio
específico, a fonte de toda uma série de perversões
extremamente sérias e graves dos princípios
partidários, da democracia partidária e da
legalidade revolucionária.
KHRUSHCHEV E MIKOYAN
O “TESTAMENTO” DE LENIN
Khrushchev:
Temendo o futuro destino do Partido e da nação
soviética, V. I. Lenin fez uma caracterização
completamente correta de Stalin, apontando que
era necessário considerar transferência Stalin do
cargo de Secretário General porque Stalin era
excessivamente rude, não teria uma atitude
adequada em relação aos seus companheiros, seria
caprichoso e abusaria de seu poder.
Em dezembro de 1922, através de uma carta ao
Congresso do Partido, Vladimir Ilyich escreveu:
“Depois de assumir o cargo de Secretário Geral, o
camarada Stalin acumulou em suas mãos um poder
imensurável e não tenho certeza se ele será sempre
capaz de usar esse poder com os cuidados
necessários”.
Khrushchev continua:
Esta carta – um documento político de tremenda
importância, conhecido na história do Partido
como o “Testamento” de Lenin – foi distribuída
entre os delegados ao 20º Congresso do Partido.
Vocês a leram e, sem dúvida, vão lê-la novamente
mais de uma vez. Vocês podem refletir sobre as
palavras simples de Lenin, nas quais é dada
expressão à ansiedade de Vladimir Ilyich no que
diz respeito ao Partido, ao povo, ao Estado e à
direção futura da política partidária.
Vladimir Ilyich disse:
LEV BORISOVICH!
N. KRUPSKAYA
AO CAMARADA STALIN:
SINCERAMENTE: LENIN
5 DE MARÇO DE 1923
(Comoção no salão.)
Camaradas! Não vou comentar esses documentos.
Eles falam eloquentemente por si mesmos. Uma
vez que Stalin pôde se comportar desta maneira
ainda durante a vida de Lenin, pôde se comportar
dessa forma em direção a Nadezhda
Konstantinovna Krupskaya – que o Partido
conhece bem e valoriza-a altamente como uma
amiga leal de Lenin e como uma lutadora ativa da
causa do Partido desde sua criação – podemos
facilmente imaginar como Stalin tratava outras
pessoas. Essas características negativas se
desenvolveram de forma constante e, nos últimos
anos, adquiriram um caráter absolutamente
insuportável.
Esta carta mostra, mais uma vez, que Stalin não se afastou da
esposa de Lenin após o desentendimento de dezembro de 1922.
Stalin era tido em alta estima por todos aqueles da casa de Lenin.
O escritor, Aleksandr Bek, escreveu as reminiscências de Lidia Fotieva, nas
quais ela diz:
Você não entende aqueles tempos. Você não
entende o grande significado que Stalin tinha.
Stalin foi ótimo... Maria Ilyinichna [Ul’ianova,
irmã de Lenin], durante a vida de Vladimir Ilyich,
me disse: “Depois de Lenin, Stalin é a pessoa mais
inteligente do Partido”... Stalin era uma autoridade
para nós. Nós amávamos Stalin. Ele era um grande
homem. No entanto, ele muitas vezes disse: “Eu
sou apenas um pupilo de Lenin”. (Em Bek, op.cit.)
Khrushchev:
Stalin agiu não através da persuasão, explicação e
cooperação paciente com as pessoas, mas através
da imposição de seus conceitos e exigência de
submissão absoluta à sua opinião. Quem se opunha
a esses conceitos ou tentava provar seu ponto de
vista e a correção de sua posição estava condenado
à remoção da liderança coletiva e à subsequente
aniquilação moral e física.
Khrushchev:
Vale a pena notar o fato de que mesmo durante o
progresso da furiosa disputa ideológica contra os
trotskistas, os Zinovievitas, os Bukharinistas e
outros, medidas repressivas extremas não foram
utilizadas contra eles. A luta foi por motivos
ideológicos. Mas, alguns anos depois quando o
socialismo em nosso país foi fundamentalmente
construído, quando as classes exploradoras foram,
de modo geral, liquidadas, quando a estrutura
social soviética tinha mudado radicalmente,
quando a base social para movimentos políticos e
grupos hostis ao Partido tinha se contraído
violentamente, quando os opositores ideológicos
do Partido haviam sido derrotados politicamente
há muito tempo – a repressão dirigida a eles
começou. Foi precisamente durante esse período
(1935-1937-1938) que nasceu a prática da
repressão em massa por meio do aparato
governamental, primeiro contra os inimigos do
leninismo – trotskistas, Zinovievitas,
Bukharinistas, há muito derrotados politicamente
pelo Partido – e, posteriormente, também contra
muitos comunistas honestos, contra aqueles
quadros do Partido que tinham suportado o pesado
fardo da Guerra Civil e os primeiros e mais difíceis
anos de industrialização e coletivização, aqueles
que lutaram ativamente contra os trotskistas e os
direitistas pela linha leninista do Partido.
“INIMIGO DO POVO”
Khrushchev:
Stalin deu origem ao conceito de “inimigo do
povo”. Este termo tornou automaticamente
desnecessária a comprovação dos erros ideológicos
de um homem ou homens envolvidos em uma
controvérsia; este termo possibilitou o uso da
repressão mais cruel, violando todas as normas da
legalidade revolucionária, contra qualquer um que,
de alguma forma, discordasse de Stalin, contra
aqueles que eram apenas suspeitos de intenção
hostil, contra aqueles que tinham más reputações.
Esse conceito de “inimigo do povo” realmente
eliminou a possibilidade de qualquer tipo de
disputa ideológica ou de tornar conhecidas as
opiniões de alguém nessa ou naquela questão,
mesmo as de caráter prático. Em essência, e de
fato, a única prova de culpa utilizada, a despeito de
todas as normas da ciência jurídica vigente, era a
“confissão” do próprio acusado; e, como uma
sondagem subsequente provou, essas “confissões”
foram adquiridas através de pressões físicas contra
os acusados. Isso levou a violações flagrantes da
legalidade revolucionária e ao fato de que muitas
pessoas totalmente inocentes, que no passado
haviam defendido a linha partidária, se tornaram
vítimas.
No que diz respeito às pessoas que, em seu tempo,
se opuseram à linha partidária, devemos afirmar
que muitas vezes não havia razões suficientemente
sérias para a aniquilação física. A fórmula
“inimigo do povo” foi introduzida com o propósito
específico de aniquilar fisicamente esses
indivíduos.
ZINOVIEV E KAMENEV
Khrushchev:
Em seu “testamento”, Lenin advertiu que “o
episódio de outubro envolvendo Zinoviev e
Kamenev não tinha sido um acidente”. Mas, Lenin
não colocava a questão de prendê-los e,
certamente, nem a de executá-los. []{#Lenin
advertiu label=“Lenin advertiu”}
TROTSKISTAS
Khrushchev:
Ou, vamos tomar o exemplo dos trotskistas.
Atualmente, após um período histórico
suficientemente longo, podemos falar com total
calma sobre a luta contra os trotskistas, e podemos
analisar este assunto com objetividade suficiente.
Afinal, em torno de Trotsky havia pessoas cuja
origem não pode, de forma alguma, ser rastreada à
sociedade burguesa. Uma parte destes pertencia à
intelligentsia do Partido e uma certa parte foi
recrutada entre os trabalhadores. Podemos nomear
muitos indivíduos que, em seu tempo, se juntaram
aos trotskistas; no entanto, esses mesmos
indivíduos participaram ativamente do movimento
operário antes da Revolução, durante a própria
Revolução Socialista de Outubro, e na
consolidação da vitória desta maior das
revoluções. Muitos deles romperam com o
trotskismo e voltaram às posições leninistas. Era
necessário aniquilar essas pessoas?
Khrushchev:
Considerando que durante os primeiros anos após
a morte de Lenin os congressos partidários e
Plenárias do Comitê Central ocorreram mais ou
menos regularmente, mais tarde, quando Stalin
começou a abusar cada vez mais de seu poder,
esses princípios foram brutalmente violados. Isso
ficou especialmente evidente durante os últimos 15
anos de sua vida. Foi uma situação normal quando
mais de 13 anos, durante os quais nosso Partido e
nosso país passaram por tantos eventos
importantes, se passaram entre os 18º e 19º
Congressos do Partido?
Khrushchev:
A comissão se familiarizou com uma grande
quantidade de materiais presentes nos arquivos do
NKVD e com outros documentos e, assim,
estabeleceu muitos fatos relativos à fabricação de
casos contra comunistas, falsas acusações, abusos
gritantes da legalidade socialista, os quais
resultaram na morte de pessoas inocentes. Tornou-
se evidente que muitos militantes do Partido, da
economia e dos Sovietes, taxados como “inimigos”
em 1937-1938, na verdade, nunca foram inimigos,
espiões, sabotadores etc., mas sempre foram
comunistas honestos; eles eram apenas tão
estigmatizados e, muitas vezes, não mais capazes
de suportar torturas bárbaras, que se acusaram (por
ordem dos juízes investigativos – falsificadores)
por todos os tipos de crimes graves e improváveis.
[...]
Foi determinado que dos 139 membros e
candidatos do Comitê Central do Partido, eleitos
no 17º Congresso, 98 pessoas, ou seja, 70%, foram
presas e fuziladas (principalmente em 1937-1938).
(Indignação no salão)... O mesmo destino reuniu
não apenas os membros do Comitê Central, mas
também a maioria dos delegados ao 17º Congresso
do Partido. De 1.966 delegados com direito a voto
ou voz, 1.108 pessoas foram presas sob acusação
de crimes antirrevolucionários, ou seja,
decididamente mais do que a maioria.
Khrushchev:
Na noite de primeiro de dezembro de 1934, por
iniciativa de Stalin (sem a aprovação do Politburo
– que foi dada dois dias depois, casualmente)...
Khrushchev:
Deve-se afirmar que até hoje as circunstâncias em
torno do assassinato de Kirov escondem muitas
coisas que são inexplicáveis e misteriosas e
exigem um exame mais cuidadoso. Há razões para
suspeitar que o assassino de Kirov, Nikolaev, foi
assistido por alguém dentre as pessoas cujo dever
era justamente proteger Kirov. Um mês e meio
antes do assassinato, Nikolaev foi preso por conta
de comportamento suspeito, mas ele foi solto e
nem sequer revistado. É uma circunstância
extraordinariamente suspeita a morte do chequista
designado para proteger Kirov, enquanto estava
sendo trazido para um interrogatório, no dia 2 de
dezembro de 1934, ele morreu em um “acidente”
de carro, no qual nenhum outro ocupante do
veículo se feriu. Após o assassinato de Kirov, os
principais funcionários do NKVD de Leningrado
receberam sentenças muito leves, mas em 1937
foram fuzilados. Podemos assumir que foram
fuzilados para cobrir os rastros dos organizadores
da morte de Kirov.
Consideramos absolutamente
necessário e urgente que o camarada
Yezhov seja nomeado para o cargo de
Comissário do Povo para Assuntos
Internos. Iagoda provou ser incapaz de
desmascarar o bloco Trotskista-
Zinovievista. A OGPU está quatro
anos atrasada neste assunto. Isso é
percebido por todos os militantes do
partido e pela maioria dos
representantes do NKVD.
Khrushchev:
O discurso de Stalin na Plenária do Comitê Central
de Fevereiro-Março de 1937, “Deficiências do
trabalho partidário e métodos para a liquidação dos
trotskistas e de outros ‘duas faces’”, possuía uma
tentativa de justificar teórica e politicamente o
terror em massa sob o pretexto de que a luta de
classes supostamente dever-se-ia aguçar à medida
que avançávamos em direção ao socialismo. Stalin
afirmou que tanto a história quanto Lenin lhe
ensinaram isso.
Khrushchev:
Na Plenária do Comitê Central de Fevereiro-Março
de 1937, muitos membros questionaram a retidão
do rumo estabelecido para as repressões em massa
sob o pretexto de combater os “duas faces”.
12. Ibid,60.↩
Khrushchev:
O Comitê Central considera absolutamente
necessário informar ao Congresso de muitos desses
“casos” fabricados contra os membros do Comitê
Central do Partido eleitos no 17º Partido
Congresso. Um exemplo de provocação vil, de
falsificação odiosa e de violação criminosa da
legalidade revolucionária é o caso do ex-candidato
ao Politburo do Comitê Central, um dos mais
proeminentes militantes do Partido e do governo
soviético, camarada Eikhe, membro do Partido
desde 1905.
A RESPEITO DA “TORTURA”
YEZHOV
RUDZUTAK
Khrushchev:
O camarada Rudzutak, candidato-membro do
Politburo, membro do Partido desde 1905, que
passou 10 anos em um campo de trabalho forçado
tsarista, retirou completamente durante o
julgamento a confissão que foi forçada a ele...
Após uma análise cuidadosa do caso, em 1955, foi
estabelecido que a acusação contra Rudzutak era
falsa e que se baseava em materiais caluniosos.
Rudzutak foi reabilitado postumamente.
Ainda assim, sabemos agora que Yezhov e seus homens, sob sua
instrução, estavam fabricando confissões contra milhares de pessoas. É
bastante possível que tenha havido alguma falsificação no caso de
Rudzutak. Yezhov e sua corja de interrogadores poderiam ter falsificado
algumas informações contra Rudzutak, embora Rudzutak ter admitido culpa
em algumas questões e ter sido implicado por muitos outros acusados.
É claro que isso não prova culpa de Rudzutak, ainda mais porque
são “documentos de Yezhov”, confissões feitas durante o mandato de
Yezhov como chefe do NKVD – e vimos acima o tipo de coisas que
aconteceram sob Yezhov. Mas, esses documentos são incompatíveis com
qualquer alegação de que Rudzutak era inocente – isto é, com sua
“reabilitação”. A confissão de culpa de um réu pode não ser verdadeira por
uma razão ou outra, mas nunca pode ser evidência de inocência.
ROZENBLIUM
Khrushchev:
A forma pela qual os antigos agentes do NKVD
fabricavam vários “centros antissoviéticos” e
“blocos” fictícios com a ajuda de métodos
provocativos é vista a partir da confissão do
camarada Rozenblium, membro do partido desde
1906, que foi preso em 1937 pelo NKVD de
Leningrado.
Em 1955, durante a apuração do caso Komarov,
Rozenblium revelou o seguinte fato: Quando foi
preso em 1937, ele foi submetido a uma terrível
tortura durante a qual foi ordenado a confessar
informações falsas sobre si mesmo e sobre outras
pessoas. Ele foi então levado para o escritório de
Zakovskii, que lhe ofereceu liberdade com a
condição de que fizesse, perante o tribunal, uma
confissão falsa sobre “sabotagem, espionagem e
diversionismo para um centro terrorista em
Leningrado”, fabricada em 1937 pelo NKVD
(Movimento no salão). Com um cinismo
inacreditável, Zakovskii contou sobre o vil
“mecanismo” para a criação astuta de “tramas
antissoviéticas” forjadas.
I. D. KABAKOV
Khrushchev:
Ainda mais ampla foi as falsificações de casos
praticadas nas províncias. A sede do NKVD do
Oblast de Sverdlov “descobriu” a chamado
“equipe de insurreição dos Urais” – um órgão do
bloco de direitistas, trotskistas, Socialistas-
Revolucionários, líderes da igreja – cujo chefe
supostamente era o Secretário do Comitê do
Partido do Oblast de Sverdlov e membro do
Comitê Central do Partido Comunista da União
(Bolcheviques), Kabakov, que era membro do
Partido desde 1914. Os materiais investigativos da
época mostram que em quase todos os krais,
oblasts [províncias] e repúblicas supostamente
existiam “organizações e centros trotskista-
direitistas de espionagem e sabotagem” e que os
chefes dessas organizações, como uma regra – sem
motivo conhecido – eram Primeiros Secretários
dos Comitês de Oblast ou dos Partidos Comunistas
das Repúblicas, ou dos Comitês Centrais.
Khrushchev:
Muitos milhares de comunistas honestos e
inocentes morreram como resultado da falsificação
monstruosa de tais “casos”, como resultado da
ratificação de todos os tipos de “confissões”
caluniosas e como resultado da prática de se forçar
acusações contra si mesmo e outros. Da mesma
forma, foram fabricados os “casos” contra
eminentes e militantes do Partido e do Estado –
Kossior, Chubar, Postyshev, Kosarev e outros.
KOSSIOR E CHUBAR
KOSAREV
AS LISTAS
Khrushchev:
Foi tolerada a prática cruel do NKVD preparar
listas de pessoas cujos casos estavam sob a
jurisdição do Soviete Militar e cujas sentenças
foram preparadas antecipadamente. Yezhov
enviava pessoalmente essas listas a Stalin para a
aprovação da punição proposta. Em 1937-1938,
383 listas contendo os nomes de milhares de
militantes do Partido, dos Sovietes, do Komsomol,
do exército e trabalhadores administrativos foram
enviadas para Stalin. Ele aprovou estas listas.
Disponível no Link
[memo.ru/history/vkvs/images/intro].
Khrushchev escondeu o fato de que não era Stalin, mas ele próprio
quem estava profundamente envolvido na seleção das pessoas a serem
incluídas nessas listas e na escolha da categoria de punição proposta.
Khrushchev menciona que o NKVD preparou as listas. Mas, ele não
menciona o fato de que o NKVD agiu em conjunto com a liderança do
Partido e que muitos dos nomes nestas listas – talvez mais do que de
qualquer outra região da URSS – se originaram das áreas sob poder do
próprio Khrushchev.
Khrushchev:
As resoluções da Plenária do Comitê Central do
Partido Comunista da União (Bolcheviques) de
janeiro de 1938 trouxeram alguma medida de
melhoria às organizações partidárias. No entanto, a
repressão generalizada também existiu em 1938.
“GANGUE DE BERIA”
Khrushchev:
Enquanto isso, a gangue de Beria, que dirigia os
órgãos de segurança do Estado, se superou em
provar a culpa do preso e a verdade dos materiais
que falsificou.
Khrushchev:
Quando a onda de prisões em massa começou a
recuar em 1939 e os líderes dos organismos locais
do Partido começaram a acusar os agentes do
NKVD de usarem métodos de pressão física contra
os presos, em 10 de janeiro de 1939 Stalin enviou
um telegrama codificado para os secretários dos
comitês de oblasts e krais, para os Comitês
Centrais dos Partidos Comunistas das Repúblicas,
para os Comissários do Povo para Assuntos
Internos e para os chefes das organizações NKVD.
Este telegrama dizia:
Khrushchev:
Não faz muito tempo – apenas alguns dias antes do
presente Congresso – chamamos uma sessão do
Comitê Central do Presidium e interrogamos o juiz
investigativo, Rodos, que em seu tempo investigou
e interrogou Kossior, Chubar e Kosarev. Ele era
uma pessoa vil, com o cérebro de um pássaro,
moral e completamente degenerado. Era esse
homem que estava decidindo o destino de
militantes proeminentes do Partido; ele conduzia
os julgamentos levando em consideração as
questões políticas associadas porque, tendo
estabelecido os “crimes”, ele fornecia materiais a
partir dos quais importantes implicações políticas
poderiam ser tiradas.
Surge a questão de se um homem com tal intelecto
poderia, sozinho, fazer uma investigação que
provasse a culpa de pessoas como Kossior e
outros. Não, ele não poderia ter feito isso sem as
diretrizes adequadas. Na sessão do Presidium do
Comitê Central, ele nos disse: “Me disseram que
Kossior e Chubar eram inimigos do povo e por
isso eu, como juiz investigativo, tinha que fazê-los
confessar que eram inimigos”.
(Indignação no salão)
Ele só poderia fazer isso por meio de longas
torturas, o que fez, recebendo instruções
detalhadas de Beria. Devemos dizer que na sessão
do Presidium do Comitê Central ele cinicamente
declarou: “Eu pensei que estava executando as
ordens do Partido”. Dessa forma, as ordens de
Stalin, relativas ao uso de métodos de pressão
física contra os presos, foram realizadas na prática.
Esses, e muitos outros fatos, mostram que todas as
normas de solução correta dos problemas foram
invalidadas e tudo dependia da vontade de um
homem.
2. RKEB 1, p. 328.↩
6. Lubianka 3, p. 38.↩
7. Ibid.↩
Khrushchev:
O poder acumulado nas mãos de uma pessoa,
Stalin, levou a sérias consequências durante a
Grande Guerra Patriótica... Durante e após a
guerra, Stalin apresentou a tese de que a tragédia
que nossa nação experimentou na primeira parte
do conflito foi resultado do ataque “inesperado”
dos alemães contra a União Soviética. ...Stalin não
tomou nenhuma atitude em relação a esses avisos.
Além disso, Stalin ordenou que não fosse dada
credibilidade a informações desse tipo, a fim de
não provocar o início das operações militares...
tudo foi ignorado: avisos de certos comandantes do
Exército, declarações de desertores do exército
inimigo, e até mesmo a hostilidade aberta do
inimigo. Seria este um exemplo do grau de alerta
do chefe do Partido e do Estado neste momento
histórico particularmente significativo?
CARTA DE VORONTSOV
Khrushchev:
Devemos afirmar que informações desse tipo,
relativas à ameaça da invasão armada alemã ao
território soviético, vinham também de nossas
próprias fontes militares e diplomáticas; no
entanto, devido a liderança estar condicionada
contra tais informações, tais dados foram enviados
com receio e avaliados com reserva.
Assim, por exemplo, as informações enviadas de
Berlim em 6 de maio de 1941 pelo attaché militar
soviético, capitão Vorontsov, afirmavam: “Cidadão
soviético Bozer... comunicou ao vice attaché naval
que, de acordo com uma declaração de certo
oficial alemão do Quartel General de Hitler, a
Alemanha está preparando-se para invadir a
URSS, em 14 de maio, através da Finlândia, países
bálticos e Letônia. Ao mesmo tempo Moscou e
Leningrado serão pesadamente bombardeadas e
paraquedistas pousaram nas cidades de
fronteira.”...
SOLDADO ALEMÃO
COMANDANTES ASSASSINADOS
Khrushchev:
Consequências muito graves, especialmente
referentes ao início da guerra, se seguiram à
aniquilação de muitos comandantes militares e
militantes políticos, realizada por Stalin durante
1937-1941, por causa de desconfiança e por meio
de acusações caluniosas. Durante esses anos,
foram instituídas repressões contra certas partes
dos quadros militares, começando literalmente no
nível de comandante de companhia e de batalhão e
estendendo-se aos centros militares mais altos;
durante este tempo, o quadro de líderes que tinham
adquirido experiência militar na Espanha e no
Extremo Oriente foi quase completamente
liquidado.
Khrushchev:
Seria incorreto esquecer que, após o primeiro
desastre severo e a derrota no front, Stalin pensou
que era o fim. Em um de seus discursos naqueles
dias, ele disse: “Tudo o que Lenin criou, perdemos
para sempre”.
Depois disso, Stalin por muito tempo não dirigiu
as operações militares e deixou de fazer qualquer
coisa.
Khrushchev:
Stalin estava muito longe de entender a situação
real que se desenvolvia no front. Isso era natural
porque, durante toda a Guerra Patriótica, ele nunca
visitou qualquer seção do front ou de qualquer
cidade libertada, exceto por um passeio curto na
estrada de Mozhaisk durante estabilização no
front. A este incidente foram dedicadas muitas
obras literárias, cheias de fantasias de todos os
tipos e inúmeras pinturas.
Simultaneamente, Stalin estava interferindo em
operações e emitindo ordens que não levavam em
consideração a situação real de uma determinada
seção do front e que não podiam ajudar, e que
resultavam em enormes perdas de pessoal.
KHARKOV, 1942
Khrushchev:
Permitir-me-ei, a respeito disso, trazer à tona um
fato característico que ilustra a maneira com a qual
Stalin dirigiu as operações nos fronts. Está
presente neste Congresso o Marechal Bagramian,
que já foi o chefe de operações na sede do front
sudoeste e que pode corroborar o que eu vou dizer
a vocês. Quando, em 1942, se desenvolveu uma
situação excepcionalmente grave para o nosso
Exército na região de Kharkov... E qual foi o
resultado disso? O pior que esperávamos. Os
alemães cercaram nossos bolsões de exército e,
consequentemente, perdemos centenas de milhares
de nossos soldados. Esse é o “gênio” militar de
Stalin; isto foi o que nos custou.
Isso não está errado, a maioria dos generais não culpam Stalin e
alguns dizem que o próprio Khrushchev é o culpado!
Khrushchev:
Liguei para Vasilevsky e implorei-lhe: “Alexander
Mikhailovich, pegue um mapa” – Vasilevsky está
presente aqui – “e mostre ao camarada Stalin a
situação que se desenvolveu”. Devemos notar que
Stalin planejava as operações em um globo
terrestre (Animação no salão). Sim, camaradas, ele
costumava pegar o globo e desenhar a linha de
frente nele. Eu disse ao camarada Vasilevsky:
“Mostre-lhe a situação em um mapa...”
Khrushchev:
Stalin estava muito interessado em avaliar o
camarada Zhukov como um líder militar. Ele pediu
muitas vezes a minha opinião sobre Zhukov. Eu
disse-lhe então: “Eu conheço Zhukov há muito
tempo, ele é um bom general e um bom líder
militar”.
Após a guerra, Stalin começou a contar todo tipo
de bobagem sobre Zhukov, entre outras a seguinte:
“Você elogiou Zhukov, mas ele não merece. Diz-se
que antes de cada operação no front, Zhukov
costumava se comportar da seguinte forma: ele
geralmente pegava um punhado de terra, cheirava-
a e dizia:”Podemos começar o ataque”, ou o
oposto, “A operação planejada não pode ser
realizada.’” Eu disse na época: “Camarada Stalin,
não sei quem inventou isso, mas não é verdade”.
É possível que o próprio Stalin tenha inventado
essas coisas com o propósito de minimizar o papel
e os talentos militares do Marechal Zhukov.
Khrushchev:
Camaradas, vamos pegar outros fatos. A União
Soviética é justamente considerada como um
modelo de Estado multinacional porque, na
prática, garantimos a igualdade e a amizade de
todas as nações que vivem em nossa grande Pátria.
Ainda mais monstruosos foram os atos cujo
percurso foi Stalin e que são grosseiras violações
dos princípios leninistas básicos da política de
nacionalidades do Estado soviético. Referimo-nos
às deportações em massa de seus lugares nativos
de nacionalidades inteiras, juntamente com todos
os comunistas e militantes do Komsomol sem
qualquer exceção; esta ação de deportação não foi
ditada por quaisquer considerações militares...
Não só um marxista-leninista, mas também
nenhum homem de bom senso, pode compreender
como é possível tornar nações inteiras
responsáveis pela atividade inimiga, incluindo
mulheres, crianças, idosos, comunistas e militantes
do komsomols; usar a repressão em massa contra
eles; e expô-los à miséria e sofrimento pelos atos
hostis de pessoas individuais ou de grupos de
pessoas.
TÁRTAROS DA CRIMÉIA
OS CHECHENOS E INGUSHES
O CASO DE LENINGRADO
Khrushchev:
Após o fim da Guerra Patriótica, a nação soviética
enfatizou com orgulho as magníficas vitórias
obtidas através de grandes sacrifícios e de esforços
tremendos. O país, então, viveu um período de
entusiasmo político.
E foi precisamente nessa época que nasceu o
chamado “Caso de Leningrado”. Como já
provamos, esse caso foi fabricado. Entre aqueles
que inocentemente perderam suas vidas incluíam-
se os camaradas Voznesensky, Kuznetsov,
Rodionov, Popkov, e outros...
Como é que essas pessoas foram taxadas como
inimigas do povo e liquidadas?
Fatos provam que o “Caso de Leningrado”
também foi resultado da obstinação de Stalin
contra os quadros do Partido.
O Caso de Leningrado é misterioso, importante e fascinante. Há
muitas razões para pensar que não era apenas uma questão de falsificação,
mas que havia crimes graves estavam envolvidos.
O CASO MINGRELIANO
Khrushchev:
Instrutivo da mesma forma é o caso da organização
nacionalista mingreliana, que supostamente existia
na Geórgia. Como se sabe, resoluções do Comitê
Central do Partido Comunista da União Soviética
foram tomadas a respeito deste caso em novembro
de 1951 e em março de 1952. Essas resoluções
foram feitas sem discussão prévia junto ao
Politburo. Stalin as ditou pessoalmente. Elas
faziam sérias acusações contra muitos comunistas
leais. Com base em documentos falsificados, foi
provado que, na Geórgia existia, uma organização
supostamente nacionalista, cujo objetivo era a
liquidação do poder soviético naquela república,
recebendo ajuda das potências imperialistas.
Nesse sentido, vários militantes responsáveis do
Partido e dos Sovietes foram presos na Geórgia.
Como foi mais tarde provado, essa foi uma calúnia
dirigida contra a organização do Partido da
Geórgia.
Mas, a principal alegação feita por Khrushchev foi que Stalin era
responsável pela fabricação desse Caso, que “Tudo isso aconteceu sob a
liderança ‘genial’ de Stalin, ‘o grande filho da nação georgiana’, como os
georgianos gostam de se referir a Stalin”. Isso não é verdade. Documentos
citados por Nikita Petrov, um pesquisador extremamente antistalin, que
trabalha para a extremamente anticomunista “Organização Memorial”,
sugerem que a verdadeira questão era “a luta contra os clãs presentes na
liderança georgiana”7.
Khrushchev:
A obstinação de Stalin foi exposta não apenas nas
decisões relativas à vida interna do país, mas
também nas relações internacionais da União
Soviética.
A plenária de julho do Comitê Central estudou
detalhadamente as razões para o desenvolvimento
do conflito com a Iugoslávia. Foi um papel
vergonhoso aquele que Stalin desempenhou aqui.
O “Caso Iugoslavo” não continha questões que não
poderiam ter sido resolvidas através de discussões
partidárias entre camaradas. Não houve base
significativa para a escalada deste “Caso”; era
completamente possível ter evitado a ruptura nas
relações com aquele país. Isso não significa, no
entanto, que os líderes iugoslavos não tenham
cometido erros, ou que não apresentassem
deficiências. Mas, esses erros e deficiências foram
ampliados de uma forma monstruosa por Stalin, o
que resultou em uma ruptura de relações com um
país amigo.
Khrushchev:
Lembremo-nos também da “Trama dos Médicos
Conspiradores” (Animação no salão). Na verdade,
não houve “Trama” a não ser da declaração da
médica Timashuk, que provavelmente foi
influenciada, ou ordenada, por alguém (afinal, ela
era uma colaboradora não oficial dos órgãos de
segurança do Estado) a escrever para Stalin uma
carta na qual declara que os médicos estavam
aplicando métodos de tratamento supostamente
inapropriados.
Tal carta foi suficiente para fazer Stalin chegar à
conclusão imediata de que existiam médicos
conspiradores dentro da União Soviética. Ele
emitiu ordens para prender um grupo de eminentes
especialistas médicos soviéticos. Ele pessoalmente
emitiu conselhos a respeito da condução da
investigação e da metodologia de interrogatório
das pessoas apreendidas. Disse que o acadêmico
Vinogradov deveria ser acorrentado, outro deveria
ser espancado. Presente neste Congresso, como
delegado, está o ex-ministro da Segurança do
Estado, camarada Ignatiev. Stalin disse-lhe
bruscamente: “Se você não conseguir confissões
dos médicos, vamos encurtá-lo por uma cabeça”.
Stalin pessoalmente chamou o juiz investigativo,
deu-lhe instruções, aconselhou-o sobre quais
métodos investigativos deveriam ser usados; esses
métodos eram simples – bater, bater e bater mais
uma vez.
Pouco depois da apreensão dos médicos, nós,
membros do Politburo, recebemos protocolos com
as confissões de culpa destes médicos. Após
distribuir esses protocolos, Stalin nos disse: “Vocês
são cegos como gatinhos jovens, o que vai
acontecer sem mim? O país vai perecer porque
vocês não sabem reconhecer os inimigos”.
A Trama foi apresentada de modo que ninguém
pudesse verificar os fatos que basearam a
investigação. Não havia possibilidade de tentar
verificar esses fatos por meio do contato com
aqueles que confessaram culpa.
Achamos, no entanto, que o caso dos médicos
presos era questionável. Conhecíamos
pessoalmente algumas dessas pessoas porque já
tínhamos sido tratados por eles.
Quando examinamos essa “Trama”, após a morte
de Stalin, descobrimos que foi fabricada do início
ao fim.
Essa “Trama” ignominiosa foi criada por Stalin;
ele, no entanto, não teve tempo para finalizá-la (da
forma com a qual havia concebido), e, por isso, os
médicos ainda estão vivos. Agora, todos foram
reabilitados; eles estão trabalhando nos mesmos
lugares de antes; tratam os indivíduos importantes
sem excluir membros do Governo; eles possuem
nossa total confiança; e eles executam seus deveres
com honestidade, do modo que faziam antes.
Ao organizar os vários casos sujos e vergonhosos,
um papel muito básico foi desempenhado pelo
inimigo raivoso do nosso Partido, um agente de
um serviço de inteligência estrangeiro – Beria, que
havia roubado a confiança de Stalin.
Khrushchev:
Ao organizar os vários casos sujos e vergonhosos,
um papel muito básico foi desempenhado pelo
inimigo raivoso do nosso Partido, um agente de
um serviço de inteligência estrangeiro – Beria, que
havia roubado a confiança de Stalin.
Khrushchev:
Havia sinais de que Beria era inimigo do Partido?
Sim, havia. Já em 1937, em uma Plenária do
Comitê Central, o ex-Comissário do Povo para a
Saúde, Kaminsky, disse que Beria trabalhou para o
serviço de inteligência Mussavat. Mas, o Plenário
do Comitê Central mal tinha sido concluído
quando Kaminsky foi preso e depois fuzilado.
Stalin examinou a declaração de Kaminsky? Não,
porque Stalin acreditava em Beria e isso foi o
suficiente para ele.
KARTVELISHVILI
Khrushchev:
As longas e hostis relações entre Kartvelishvili e
Beria eram amplamente conhecidas; datam da
época em que o camarada Sergo [Ordzhonikidze]
estava ativo no Transcaucaso; Kartvelishvili era o
assistente mais próximo de Sergo. Essa relação
hostil impeliu Beria a fabricar um “caso” contra
Kartvelishvili. É característico que, neste “caso”,
Kartvelishvili tenha sido acusado de cometer um
ato terrorista contra Beria.
Pelas datas, porém, Beria não poderia ter sido responsável pelo
destino de Lavrentiev-Kartvelishvili. Khrushchev tinha que saber disso.
Essa provavelmente foi a razão pela qual o dia da execução de Lavrentiev-
Kartvelishvili não está presente no Relatório Pospelov, que foi concebido a
fim de auxiliar Khrushchev na culpabilização de Beria. Citar uma data para
de execução anterior à chegada de Beria ao NKVD teria contrariado todo o
propósito do Relatório Pospelov, que certamente não era chegar à verdade!
KEDROV
Khrushchev:
Aqui está o que o velho comunista, camarada
Kedrov, escreveu ao Comitê Central através do
camarada Andreev (camarada Andreev era, então,
um secretário do CC): “Estou chamando por sua
ajuda de uma célula sombria da prisão de
Lefortovsky. Deixe meu grito de horror alcançar
seus ouvidos; não permaneça surdo, leve-me sob
sua proteção; por favor, ajude a remover o
pesadelo dos interrogatórios e mostre que tudo isso
é um erro”.
“Eu sofro inocentemente”...
O velho bolchevique, camarada Kedrov, foi
considerado inocente pelo Soviete Militar. A pesar
disso, ele foi fuzilado por ordem de Beria.
Não sabemos os detalhes do caso de Kedrov porque os materiais
não foram disponibilizados aos pesquisadores. Mas, para nossos propósitos,
não precisamos conhecê-los. Uma agência do governo russo publicou,
agora, uma coleção de documentos a partir dos quais podemos dizer com
certeza que a ordem para executar Kedrov foi assinada pelo Promotor do
Estado, Bochkov6. Beria estava apenas seguindo essa ordem. Não foi uma
“ordem de Beria”.
O IRMÃO DE ORDZHONIKIDZE
Khrushchev:
Beria também lidou cruelmente com a família do
camarada Ordzhonikidze. Por quê? Porque
Ordzhonikidze tentou impedir que Beria
concretizasse seus planos vergonhosos. Beria tinha
varrido de seu caminho todas as pessoas que
poderiam interferir com ele. Ordzhonikidze sempre
foi um oponente de Beria, como este tinha dito a
Stalin. Em vez de examinar o caso e tomar as
medidas apropriadas, Stalin permitiu a liquidação
do irmão de Ordzhonikidze e levou -o a um tal
estado que foi forçado a atirar em si mesmo.
A morte de Sergo não teve nada a ver com Stalin, seu irmão ou
Beria. Pelo contrário: “A julgar por fatos bem conhecidos, Ordzhonikidze
ativamente protegeu Beria e manteve boas relações com ele até meados da
década de 1930 (p. 106)”.
4. Disponível no Link
[web.archive.org/web/20110501095955/memo.ru/memor
y/communarka/Chapt10].↩
Disponível no Link
[memo.ru/history/NKVD/kto/biogr/gb42]↩
Khrushchev:
Camaradas, o culto ao indivíduo adquiriu um
tamanho tão monstruoso principalmente porque o
próprio Stalin, usando todos os métodos
concebíveis, apoiou a glorificação de si. Isso é
sustentado por inúmeros fatos. Um dos exemplos
mais característicos da autoglorificação de Stalin e
de sua falta de modéstia elementar é a edição de
sua Biografia Breve, publicada em 1948.
Este livro é uma expressão da mais dissoluta
bajulação, um exemplo de como transformar um
homem em um deus, em um sábio infalível e no
“maior líder, sublime estrategista de todos os
tempos e nações”. Finalmente, nenhuma outra
palavra poderia ser encontrada para elevar Stalin
até os céus.
Não precisamos dar aqui os exemplos da adulação
repugnante que preenche esse livro. Tudo o que
precisamos acrescentar é que todos foram
aprovados e editados pessoalmente por Stalin e
alguns deles adicionados ao texto do rascunho do
livro em sua própria caligrafia.
O que Stalin considerou essencial escrever nesse
livro? Ele queria esfriar o ardor dos bajuladores
que estavam compondo sua biografia breve? Não!
Ele marcou os exatos lugares onde achava que o
louvor aos seus serviços era insuficiente. Aqui
estão alguns exemplos caracterizando a atividade
de Stalin, adicionados pela própria sua própria
mão:
Khrushchev:
Como se sabe, o Curso Breve da História do
Partido Comunista de Toda a União
(Bolcheviques) foi escrito por uma comissão do
Comitê Central do Partido... Esse fato foi refletido
na seguinte formulação presente na cópia de prova
da Biografia Breve de Stalin: “Uma Comissão do
Comitê Central do Partido Comunista de Toda a
União (Bolcheviques), sob a direção do camarada
Stalin e com a sua mais ativa participação pessoal,
preparou um Curso Breve Sobre a História do
Partido Comunista de toda a União
(Bolcheviques)”.
Mas, mesmo essa frase não satisfez Stalin. A
seguinte frase substituiu-a na versão final da
Biografia Breve: “Em 1938, apareceu o livro,
História do Partido Comunista de Toda a União
(Bolcheviques), Curso Breve, escrito pelo
camarada Stalin e aprovado por uma comissão do
Comitê Central do Partido Comunista de Toda a
União (Bolcheviques)”. Pode-se acrescentar mais
alguma coisa?
Como se vê, uma surpreendente metamorfose
transformou a obra criada por um grupo em um
livro escrito por Stalin. Não é necessário afirmar
como e por que essa metamorfose ocorreu......
E, quando o próprio Stalin afirma ter escrito O
Curso Curto da História do Partido Comunista de
Toda a União (Bolcheviques), pede-se, pelo
menos, espanto. Pode um marxista-leninista
escrever assim sobre si mesmo, louvando-se às
alturas?
Khrushchev:
É fato que o próprio Stalin, em 2 de julho de 1951,
assinou uma resolução do Conselho de Ministros
da URSS para a construção de um monumento
impressionante à sua imagem no Canal Volga-Don;
em 4 de setembro do mesmo ano, ele emitiu uma
ordem disponibilizando 33 toneladas de cobre para
a construção desse monumento imponente.
Khrushchev:
Ao mesmo tempo, Stalin deu provas de sua falta de
respeito pela memória de Lenin. Não é
coincidência que – apesar da decisão, tomada há
mais de 30 anos, de se construir um Palácio dos
Sovietes como um monumento a Vladimir Ilyich –
tal palácio não foi terminado, sua construção
sempre foi adiada e permitiu-se que o projeto
caducasse.
O PRÊMIO LENIN
Khrushchev:
Não podemos deixar de recordar a resolução do
governo soviético de 14 de agosto de 1925,relativa
à “criação do Prêmio Lenin para o trabalho
pedagógico”. Essa resolução foi publicada na
imprensa, mas até hoje não há Prêmios Lenin. Isso,
também, deve ser corrigido.
3. Maksimenkov, “Kul’t”.↩
Khrushchev:
Em um de seus discursos, Stalin expressou
insatisfação a Postyshev e perguntou-lhe: “O que
você é realmente?
Postyshev respondeu claramente: “Eu sou um
bolchevique, camarada Stalin, um bolchevique”.
Inicialmente, essa afirmação foi considerada como
falta de respeito com Stalin; mais tarde, foi
considerado como um ato prejudicial e,
consequentemente, resultou na aniquilação de
Postyshev e sua taxação como “inimigo do povo”,
sem qualquer razão.
Mesmo que, algum dia, venha à tona que Stalin disse aquilo,
certamente não foi a razão para a prisão, julgamento, condenação e
execução de Postyshev. Tais foram as punições pela culpa de Postyshev na
repressão de muitos membros do Partido. Se Stalin disse essas palavras ou
não, portanto – e, para repetir, além da afirmação de Khrushchev não há
evidências de que ele o fez – Khrushchev mentiu ao dizer foi a razão para o
destino de Postyshev.
Khrushchev:
A importância do Gabinete Político do Comitê
Central foi reduzida e a organização do trabalho
desfeita através da criação de várias comissões –
os chamados “quintetos”, “sextetos”, “septetos” e
“eneatetos” internos ao Politburo. Aqui está, por
exemplo, uma resolução do Gabinete Político de 3
de outubro de 1946:
Proposta de Stalin:
Khrushchev:
Por causa de sua extrema desconfiança, Stalin
também flertou com a absurda e ridícula suspeita
de que Voroshilov seria um agente inglês. (Risos
no salão.) É verdade, um agente inglês.
Em suas memórias, Khrushchev relata muitos rumores que diz
serem conhecidos apenas por “alguns de nós”. Para essa passagem, não há
outra documentação a respeito.
ANDREEV
Khrushchev:
Por decisão unilateral, Stalin também separou
outro homem do trabalho do Politburo – Andrei
Andreyevich Andreev. Esse foi um dos atos mais
desenfreados de obstinação.
MOLOTOV E MIKOYAN
Khrushchev:
Consideremos o primeiro Pleno do Comitê Central
após o 19º Congresso do Partido, quando Stalin,
em sua palestra, taxou Viacheslav Mikhailovich
Molotov e Anastas Ivanovich Mikoyan ao sugerir
que esses velhos militantes do nosso Partido eram
culpados de algumas acusações infundadas. Não é
descartado que, se Stalin tivesse permanecido no
comando por mais alguns meses, os camaradas
Molotov e Mikoyan provavelmente não teriam
feito nenhum discurso nesse Congresso.
EXPANSÃO DO PRESIDIUM
Khrushchev:
Stalin, evidentemente, tinha planos para acabar
com os antigos membros do Gabinete Político. Ele
frequentemente afirmava que os membros do
Gabinete Político deveriam ser substituídos por
novos.
Sua proposta, feita após o 19º Congresso, relativa à
eleição de 25 pessoas ao Presidium do Comitê
Central, visava a remoção dos antigos membros do
Politburo e a instituição de pessoas menos
experientes para que o louvassem de todas as
maneiras possíveis.
Podemos assumir que isso também era um projeto
para a futura aniquilação dos antigos membros do
Politburo e, dessa forma, um disfarce para todos os
atos vergonhosos de Stalin, atos que estamos
considerando agora.
2. Ibid., p.553.↩
Outros desses estudos teriam que ser muito longos, pois há muita
informação, muitas vezes contraditória, a serem coletadas e examinadas.
Alguns, talvez muitos, seriam inconclusivos, uma vez que não foram
disponibilizadas evidências suficientes para nos permitir chegar a uma
solução definitiva. De qualquer forma, está necessariamente além do escopo
deste ensaio estudar em profundidade cada uma das falsas afirmações feitas
por Khrushchev com o objetivo de descobrir – o mais próximo possível,
dado o estado atual das evidências – o que realmente aconteceu.
Uma vez que um réu cuja condenação foi anulada e não pode ser
julgado novamente deve ser considerado “inocente”, então, o réu falecido é
“inocentado”. Reabilitado! Para um historiador, tudo isso é errado.
O fato de um réu ter sido torturado não significa que o réu era
inocente. Não é evidência de que o réu era inocente. Mas, muitas vezes é
erroneamente assumido ser.
Mas, Frinovskii disse que nem sempre foi assim. Nem todos os
seus subordinados confessaram ter feito isso. Além disso, muitos réus não
foram presos durante o mandato de Yezhov. E ainda, sabemos que tanto
Stalin quanto as comissões de alto nível destacadas para investigar
alegações de abusos massivos como esse tomaram fortes e imediatas ações
para deter esses abusos e prender os responsáveis. Documentos internos
anteriormente secretos deixam isso claro.
Para nossos propósitos, tudo isso deve servir apenas para nos
lembrar da necessidade de evidências.
AS “REVELAÇÕES”
A TIPOLOGIA
PK – PALAVRA DE KHRUSHCHEV
A situação não era tão clara quanto Khrushchev afirma que foi.
Algumas informações muito incriminadoras estão, agora, disponíveis para
nós a respeito de Kosarev e muito mais está disponível sobre Kossior,
Chubar e Postyshev. Por exemplo, Postyshev foi repreendido, removido e
finalmente preso e condenado por repressões maciças e infundadas contra
membros do Partido de sua área. Khrushchev estava no Pleno do CC de
janeiro de 1938, no qual Postyshev relatou e foi severamente criticado.
S – CASO ESPECIAL
Khrushchev discute repressões em massa de forma geral (nº 5)
antes de entrar em detalhes. Esquece de mencionar que ele próprio estava
fortemente envolvido em repressões em massa, como Primeiro Secretário
do Partido do oblast (província) de Moscou e de comitês municipais
durante 1935-38 e, em seguida, depois de janeiro de 1938, da Ucrânia
(1938-49).
M – MENTIRA
TIVEL
POSTYSHEV
É bem possível que Postyshev tenha sido julgado apenas por um,
ou um número limitado, de crimes capitais – por exemplo, por estar
envolvido em uma conspiração trotskista. Nos EUA, também é comum um
réu não ser julgado consecutivamente por cada delito capital. É provável
que Postyshev nunca tenha sido julgado por outros crimes desse tipo –
afinal, uma pessoa só pode ser executada uma vez.
CONCLUSÃO
KOSAREV
Seja qual for a verdade, podemos ter certeza de que não é essa. E
esse é o relatório de reabilitação em que Khrushchev baseou seu discurso.
RUDZUTAK
KABAKOV
EIKHE
Nossa seção sobre ele (Nº 16) detalha o que sabemos sobre sua
prisão e julgamento. Da mesma forma com que acontece com outros réus,
nem os soviéticos, tampouco os russos, liberaram o arquivo investigativo e
as informações do julgamento para os pesquisadores. Mas, o que é claro e
patente, é que o próprio Eikhe estava envolvido em repressões em larga
escala de pessoas inocentes, em consonância com o NKVD. Ele
provavelmente foi punido por isso, dentre outras ofensas. O fato de ter
trabalhado tão próximo a Yezhov nessas repressões levaria qualquer
investigador a se perguntar se os dois estavam conspirativamente ligados –
embora não possamos ter certeza sem maiores evidências.
Não há razão para duvidar que Eikhe tenha sido espancado pelos
homens de Yezhov para a obtenção de confissões falsas, pois Frinovskii e
Yezhov admitem ter feito precisamente isso com diversas pessoas. Mas,
neste caso, esse fato não necessariamente sugere inocência por parte de
Eikhe. Quando questionado por Beria, Frinovskii admite que ele e Yezhov
fabricaram casos contra seus próprios homens, e os mataram também, a fim
de evitar qualquer chance destes “se voltarem” contra eles.
Eikhe também afirma que Stalin havia dito que todos os membros
do CC tinham permissão para “se familiarizar com os arquivos especiais do
Politburo”. O que exatamente estava nestes osobye papki provavelmente
não era claro para os membros do CC de 1956. Mas, eles teriam se
perguntado se eles próprios continuavam a ter tal permissão!
***
27 de outubro de 1939
Classificado
Tudo isso fica mais claro através das confissões sobre a minha
alegada sabotagem na construção de kolkhozes, especificamente que, em
conferências regionais e Plenárias do Comitê Regional do VKP(b), eu
defendi a criação de kolkhozes gigantescos. Todos esses meus discursos
foram transcritos e publicados, mas nenhum único fato concreto ou
nenhuma única passagem é citada contra mim na acusação. E ninguém
jamais será capaz de provar isso, pois eu promovi a linha do Partido com
determinação e impiedosamente durante todo tempo em que trabalhei na
Sibéria. Os kolkhozes na Sibéria Ocidental eram fortes e, quando
comparado a outras regiões produtoras de grãos da União Soviética, eram
os melhores kolkhozes.
2 de março de 1956
CC PCUS
...
...
I. Serov
R. Rudenko
5 de março de 1956
Deve haver alguma verdade nessa teoria. As bases para tais ideias
já existiam na URSS. As origens de tais políticas, agora identificadas com
Khrushchev e seus epígonos, como Brezhnev e o resto, residem
imediatamente no período pós-Stalin, muito antes de Khrushchev dominar a
dirigência soviética. De fato, muitas delas podem ser rastreadas para o final
da década de 1940 e início dos anos 1950, o período do “Stalin tardio”.
Zhukov conclui:
É minha firme convicção que o verdadeiro
significado do 20º Congresso reside, precisamente,
no retorno do aparato do Partido ao poder. Foi a
necessidade de esconder esse fato... que
demandava distrair a atenção dos eventos
contemporâneos e concentrá-la no passado com a
ajuda do “Relatório Secreto” [Discurso Secreto –
G. F.]2
A CONSPIRAÇÃO DE KHRUSHCHEV?
Em outros lugares, Zhukov argumenta que foram os Primeiros
Secretários, liderados por Robert Eikhe, que aparentemente iniciaram as
repressões em massa de 1937-19386. Khrushchev, um desses poderosos
Primeiros Secretários, estava fortemente envolvido nas repressões de larga
escala, incluindo a execução de milhares de pessoas.
ALEKSANDR S. SHCHERBAKOV
Por que Khrushchev teria sido tão parcial com Sengov a ponto de
em 1954 pessoalmente interceder por ele tirando-o de um campo de
trabalho e, então, promovê-lo e favorecê-lo tanto? Um bom palpite poder
uma amizade de longa data entre Khrushchev e Snegov, de antes mesmo da
prisão de Snegov. Talvez Khrushchev tenha gerido as coisas de forma tal
que Snegov escapou da execução mesmo com tantas evidências contra ele e
e o fato de estar na “Categoria Um”.
IMPLICAÇÕES POLÍTICAS
TROTSKY
Khrushchev:
Camaradas! No relatório do Comitê Central do Partido no 20º Congresso, em uma série de discursos
dos delegados ao Congresso, como também durante a Plenária e as sessões do CC/PCUS [Comitê
Central do Partido Comunista da União Soviética] anteriores, muito foi dito sobre o culto ao indivíduo
e sobre suas consequências prejudiciais.
Após a morte de Stalin, o Comitê Central do Partido começou a implementar uma política de explicar,
de forma concisa e consistente, que é inadmissível e estranho ao espírito do marxismo-leninismo
elevar uma pessoa, a ponto de transformá-la em um super-homem possuidor características
sobrenaturais, semelhantes a aquelas de um deus. Tal homem que supostamente sabe de tudo, vê tudo,
pensa por todos, pode fazer qualquer coisa e é infalível em seu comportamento.
Tal crença sobre um homem, e especificamente sobre Stalin, foi cultivada entre nós por muitos anos.
O objetivo do presente discurso não é uma avaliação minuciosa da vida e da atividade de Stalin. A
respeito dos méritos de Stalin um número suficiente de livros, panfletos e estudos já foi escrito durante
sua vida. O papel de Stalin na preparação e execução da Revolução Socialista, na Guerra Civil e na
luta pela construção do socialismo em nosso país, é universalmente conhecido. Todo mundo sabe bem
disso.
No momento, estamos preocupados com uma questão de imensa importância para o Partido, agora e
para o futuro – a maneira com a qual gradualmente tem crescido o culto à pessoa de Stalin, o culto que
se tornou, em um certo estágio específico, a fonte de toda uma série de perversões extremamente sérias
e graves dos princípios partidários, da democracia partidária e da legalidade revolucionária.
Junho de 1926
Eu devo dizer com toda a minha consciência, que eu não mereço nem metade das lisonjas que têm sido
ditas sobre mim. Eu sou, ao que parece, um herói da revolução de Outubro, o líder do Partido
Comunista da União Soviética, o líder da Internacional Comunista, um cavaleiro lendário e tudo mais.
Isso é um absurdo, camaradas, e um exagero um tanto desnecessário. Esse é o tipo de coisa usualmente
escrito no túmulo de um revolucionário que partiu. Mas eu ainda não tenho a intenção de morrer (...)
Eu realmente fui, e ainda sou, um dos alunos dos trabalhadores da vanguarda das oficinas ferroviárias
de Tbilisi.
Outubro de 1927
E o que é Stalin? Stalin é apenas uma figura menor.
Dezembro de 1929:
Suas congratulações e felicitações eu coloco ao crédito do grande Partido da classe trabalhadora, que
me sustentou e me criou à sua imagem e semelhança. E como eu dou o mérito ao nosso glorioso
Partido Leninista, eu faço questão de oferecer a vocês meus agradecimentos bolcheviques.
Abril de 1930:
Há alguns que pensam que o artigo “Tonto com o Sucesso” foi resultado de uma iniciativa pessoal de
Stalin. Isso é, claro, sem sentido. Não é correto que a iniciativa pessoal seja tomada por alguém,
independente de quem seja, é para isso que temos um Comitê Central”.
Agosto de 1930:
Vocês falam de sua “devoção” a mim. Talvez esta frase venha acidentalmente. Talvez... Mas se isso
não for uma frase casual, eu os aconselho a descartar o “princípio” de devoção às pessoas. Não é a
maneira Bolchevique. Seja devoto à classe trabalhadora, seu Partido, e seu Estado.
Isso é uma coisa boa e útil. Mas não a confunda com devoção às pessoas, essa ninharia vã e inútil de
intelectuais de mente fraca.
“Carta ao Camarada Shtunovsky”. Works Volume 13; Moscou; 1955 p. 20
Dezembro de 1931:
Quanto a mim mesmo, eu sou apenas um pupilo de Lenin, e o objetivo de minha vida é ser um pupilo
digno dele (...)
O marxismo não nega o papel realizado por indivíduos excepcionais ou que a história é feita por
pessoas. Mas(...) grandes pessoas valem alguma coisa apenas na medida em que são capazes de
compreender corretamente essas condições e compreender como mudá-las. Se elas falharem em
entender essas condições e quiserem alterá-las de acordo com as sugestões de sua imaginação, elas vão
se encontrar na situação de Don Quixote (...)
Indivíduos não podem decidir. Decisões de indivíduos são sempre, ou quase sempre, decisões
unilaterais (...) Em todo corpo coletivo, há pessoas cuja opinião deve ser levada em conta (...) A partir
das experiências de três revoluções, nós sabemos que de 100 decisões feitas individualmente, sem
serem testadas e corrigidas coletivamente, aproximadamente 90 são unilaterais (...)
Nunca, sob qualquer circunstância, nossos trabalhadores tolerariam o poder nas mãos de uma única
pessoa. Conosco, personagens da maior autoridade são reduzidos a não-entidades, tornam-se meras
cifras assim que as massas dos trabalhadores perdem a confiança neles.
Fevereiro de 1933:
Eu recebi sua carta, me concedendo sua segunda Ordem como recompensa pelo meu trabalho.
Eu agradeço muito por suas calorosas palavras e por sua camaradagem. Eu sei do que você está
privando-se em meu favor e aprecio seus sentimentos.
Ainda assim, eu não posso aceitar a sua segunda Ordem. Eu não posso e não devo aceitá-la, não apenas
porque ela só pode pertencer a você, já que você a ganhou sozinho, mas também porque eu tenho sido
amplamente recompensado pela atenção e respeito dos camaradas e, consequentemente, não tenho
direito de lhe roubar.
Ordens não são instituídas para aqueles que são bem conhecidos, mas principalmente para pessoas
heroicas que são pouco conhecidas e que precisam ser levadas ao conhecimento de todos.
Além disso, eu preciso dizer a você que eu já tenho duas Ordens. Isso é mais do que qualquer um
precisa, eu garanto a você.
Maio de 1933:
Robins: Eu considero uma grande honra ter a oportunidade de lhe fazer uma visita.
Stalin: Não há nada de extraordinário nisso. Você está exagerando.
Robins: O que me é mais curioso é que por toda a Rússia sempre ouvi os nomes Lenin-Stalin, Lenin-
Stalin, Lenin-Stalin ligados um ao outro.
Stalin: Isso, também, é um exagero. Como eu posso ser comparado a Lenin?
Fevereiro de 1938:
Eu sou absolutamente contra a publicação de “Histórias da Infância de Stalin”.
O livro é abundante em inexatidões nos fatos, em alterações, em exageros e em elogios não
merecidos(...)
Mas (...) o principal é o fato de que o livro tem a tendência de gravar na mente das crianças soviéticas
(e pessoas no geral) o culto à personalidade de líderes, de heróis infalíveis. Isso é perigoso e
prejudicial. A teoria dos “heróis” e a “multidão” não é Bolchevique, mas Social-Revolucionária (...)
Eu sugiro que queimemos esse livro.
DIÁRIO DE DIMITROV
Dimitrov: [propõe um brinde com um elogio generoso a Stalin, terminando com as palavras] Não pode
haver nenhuma fala sobre Lenin sem ligá-lo a Stalin!
Stalin: Eu respeito muito o Camarada Dimitrov. Nós somos amigos e vamos permanecer amigos. Mas
eu devo discordar dele. Aqui ele se expressou de uma maneira não marxista. O que a vitória da causa
requer são as corretas condições e então os líderes sempre serão encontrados. (p. 66; 7 de novembro de
1937)
Dimitrov: (...) Este é um trabalho coletivo com o Cam[arada] Man[uilsky] como editor chefe.
Stalin [a respeito da passagem do apelo elogiando Stalin, especialmente:
“Vida longa a Stalin.
Stalin significa paz!
Stalin significa comunismo!
Stalin é nossa vitória!“]: Manuisky é um bajulador!
Ele era um trotskista! Nós o criticamos por permanecer quieto e não se pronunciar quando os expurgos
dos trotskistas estavam acontecendo, e agora ele começou a bajular!
Tem algo de suspeito aqui.
Aquele artigo dele no Pravda – “Stalin e o Movimento Comunista Mundial” – é nocivo e provocativo.
J. V.[Stalin] não permitirá que “sob a bandeira de Marx-Engels-Lenin-Stalin” permaneça em pauta,
mas, ao invés, simplesmente “Marx-Engels-Lenin”
Stalin se recusa a permitir uma exibição sobre ele, em homenagem ao seu 55º aniversário, Dezembro de
1934:
(...) em uma carta da Sociedade dos Velhos Bolcheviques da União, na qual foi proposta a condução de
uma campanha dedicada ao seu 55º aniversário, ele escreveu a seguinte resolução: “Eu me oponho,
uma vez que tais empreendimentos levam ao fortalecimento do”culto a personalidade”, o qual é nocivo
e incompatível com o espírito de nosso Partido.
Rogovin, 1937, Capítulo 14, citando Voprosy Istori KPSS. No. 3, 1990, p3 104.
Stalin criticou o dramaturgo Afinogenov por usar o termo “Vozhd” (líder) ao se referir a ele:
Tendo lido, em 1933, o manuscrito da peça A mentira por A. N. Afinofenov, Stalin escreveu uma
extensa carta para o dramaturgo, nas notas ele destacou: “P.S. A sua insistência no ’ líder’ (vozhd) não
é produtiva. É equivocada, e até mesmo indecente. Não é uma questão de ‘um líder’, mas do líder
coletivo – o CC do Partido. I. St[alin]”. Era o que Stalin achava sobre. Um dos heróis da peça, o
assistente Comissário Riadovoy enquanto discutia com o ex-oposicionista Nakatov afirmou
emocionadamente: “Eu falo de nosso Comitê Central. Eu falo do líder que nos guia, que rasgou
desmascarou diversos líderes bem formados que tinham possibilidades ilimitadas e ainda assim se
mostraram falidos. Eu falo da pessoa cuja força é a confiança inquebrável como granito de centenas de
milhões de pessoas. Seu nome na língua dos homens de todo o mundo soa como um símbolo de força
da causa bolchevique. E esse líder é incontestável(...)”. Stalin editou e corrigiu esse discurso com suas
próprias mãos, fazendo essa correção chave: “Eu falo de nosso Comitê Central, que nos guia, tendo
desmascarado muitos líderes bem formados que tinham possibilidades ilimitadas e ainda assim se
mostraram falidos. Eu falo do Comitê Central do partido comunista da terra dos Sovietes, cuja força é
composta da confiança dura como granito de centenas de milhões. Sua bandeira na língua dos homens
de todo o mundo soa como um símbolo de força da causa bolchevique. E esse líder coletivo é
incontestável”(...)
Em 27 de janeiro de 1937, tendo visto um cena do filme “O Grande cidadão” (o tema desse filme,
dirigido por F. M. Ermler, se assemelha a história do assassinato do S. M. Kirov), Stalin escreveu uma
carta para B. Z. Shumyatsky, diretor da cinematografia soviética, na qual ele deu a seguinte, bem
conhecida, diretiva: “Você deve excluir qualquer menção de Stalin. Ao invés, Stalin deve substituí-lo
por CC do Partido”. (Surovaia drama naroda. Uchenye i publitsisty o prirode stalinizma Sost IU. P.
Senokosov. Moscou: Politizdat, 1989).
Em 1936 foi publicado um rascunho bibliográfico da vida de Sergo Ordzhonikidze compilado por M.
D. Orakhelashvili. Stalin leu esse livro e deixou muitas anotações em suas páginas. No rascunho, por
exemplo, a crise de julho de 1917 é recontada assim: “Neste difícil período para os proletários, quando
muitos vacilavam em frente do perigo que se aproximava, o camarada Stalin se manteve firme no seu
posto de direção do CC e da organização do Partido em Petrogrado. [Lenin está escondido – L. M.].
Cam. Ordzhonikidze estava constantemente com ele, guiando um embate energético e de todo o
coração pelas bandeiras Leninistas do Partido”. Essas palavras foram sublinhadas por Stalin, no fim da
página escreveu com uma caneta vermelha: “E quanto ao CC? E o Partido?” Em outra passagem, o VI
Congresso do POSDR (verão de 1917) debateu como Lenin, exilado em Razliv, “deu diretrizes sobre
as questões que estavam na agenda do Congresso. Para que recebessem as diretivas de Lenin, cam.
Ordzhonikidze, sob ordens de Stalin, foi duas vezes ao esconderijo de Lenin”. Stalin mais uma vez
colocou a questão: “E o CC – onde está?”
L. Maksimenkov, em Almanakh ‘Vostok’ 12 (24), Dezembro de 2004. Também citado em Ilulia Ivanova, The Dreaming Doors.
Felix Chuev, p. 140; Conversations with Molotov. From the Diary of F. Chuev Moscou, 1994, p 254.
Zhukov, Tainy Kremilia. 617-621, em Abril de 1953 Malenkov queria chamar uma sessão extraordinária
do Comitê Central para discutir o culto à personalidade de Stalin. Nas páginas 618-9 Zhukov cita o rascunho do
discurso e rascunho de resolução de Malenkov.
Guiado por estas considerações de princípio, o Presidium do CC do PCUS submete ao Plenário do CC
do PCUS o seguinte projeto de resolução para sua consideração:
“O Comitê Central do PCUS considera que, em nossas propagandas impressa e oral, existe uma
situação anormal que se expressa na dispersão de nossos propagandistas em um compreendimento não
marxista do papel do indivíduo na história e na propagação do culto à personalidade individual.
[É bem sabido que o Camarada Stalin condenava firmemente tal culto do indivíduo e o chamava de
erro Socialista-Revolucionário] Nessa conexão, o Comitê Central do PCUS considera obrigatório
condenar e pôr um fim definitivo às tendências não marxistas, essencialmente Socialistas-
Revolucionárias, que flui do culto ao indivíduo, diminuindo o significado e o papel da linha política
traçada pelo Partido, diminuindo a significância e o papel da consolidada, monolítica e unida liderança
coletiva do Partido e governo”.
Muitos dos presentes sabiam que o Camarada Stalin geralmente falava nesse espírito e firmemente
condenava a compreensão não marxista, Socialista-Revolucionária, do papel do indivíduo na história.
Zhukov, Taini Kremilia, pp. 618-9; as sentenças entre chaves são citadas como parte do mesmo rascunho de resolução em M. P. Odesski, DM
eldman. “Cult of the Individual (Materiais para Hiper-referênica)”, em Osvobaditelnoe Driz benie v rossi, 2003 (Universidade Saratov) disponível no
Link [sgu.ru/file/nodes/9873/09.pdf].
De acordo com esses dois acadêmicos, estes comentários são das notas de Pospelov na discussão do
Presidium de 10 de março de 1953, menos de uma semana após a morte de Stalin (5 de março).
Malenkov não foi autorizado a chamar um Plenário do CC, embora não seja conhecido quem votou a
favor e contra. Zhukov acredita que Khrushchev era mais provavelmente contrário.
Andreev (p. 207) também culpa Beria por levantar a questão do “culto”, alegando que isso simplesmente
não era um problema. Kaganovich o mesmo(ibid p. 283)
Claramente todos eles sabiam que foi Malenkov que tinha iniciado isso!
R. A. Medvedev:Let History Judge: The origins and Consequences of Stalinism Londres; 1972; p. 148. Citado de Bland, pp. 8-9. O artigo de Radek
foi publicado como um panfleto de 32 páginas: Zochi sotsialisticheskogo obshchestva (Arquiteto da sociedade socialista) Moscou: Partinoe
izdatelstvo 1934
KHRUSHCHEV E MIKOYAN
O próprio Khrushchev foi um dos maiores culpados por construir o “culto” (Bland, p. 9-11)
Foi Khrushchev que introduziu o termo “vozhd” (líder, correspondente a palavra alemã führer). Na
Conferência do Partido de Moscou em janeiro de 1932, Khrushchev terminou seu discurso dizendo:
Rabochaia Moskva, 26 de janeiro de 1932, citado em: L. Pistrak The Grand Taxtician; Khrushchev Rise to Power, Londres; 1961 p. 159.
No 17º Congresso do Partido, em janeiro de 1934, foi Khrushchev, e apenas Khrushchev, quem chamou
Stalin “vozhd dos gênios”: “nashego genealnogo voxhdia tovarishcha Stalina”.
XVII Sezd Vsesoiuznoi Kommunisticheskoi Partii (B); p 145, citado em,: L. Pistrak. Ibid;
p. 160.
Transcrito do discurso de Khrushchev no Link [hrono.ru/dokum/1934vkpb17/6_4]
Em agosto de 1936, durante o julgamento da traição de Lev Kamenev e Grigori Zinoviev, Khrushchev
em sua posição de Primeiro Secretário de Moscou disse:
Miseráveis pigmeus! Eles levantaram suas mãos contra o maior de todos os homens, (...) nosso sábio
vozhd, Camarada Stalin! (...) Foi tu, Camarada Stalin que brandiu a grande bandeira do marxismo-
leninismo sobre o mundo todo e levado a diante. Nós asseguramos-te, Camarada Stalin que a
organização bolchevique de Moscou – fiel apoiadora do Comitê Central Staliniano – irá aumentar a
vigilância staliniana ainda mais, vamos extirpar os remanescentes trotskitas-zinovievistas, e fechar
ainda mais ao entorno do Comitê Central Staliniano e do grande Stalin as fileira dos bolcheviques do
Partido.
Pravda. 23 de agosto de 1936, citado em: L. Pistrak: ibid; p. 162. o discurso todo está impresso em N. G. Tomilina, ed. Nikita Sergeevich
Khrushchev. Dva Tsveta crenemi. Dokumenty iz lichnogo fonda N. S. Khrushchev Tom 1 (Moscou: Mezhdeunarodnyi Fond Demokraia, 2009),
pp. 440-456.).
No Oitavo Congresso dos Sovietes de Toda União em 1936, foi novamente Khrushchev que propôs que a
nova Constituição Soviética, antes do Congresso de aprovação, deveria ser chamada “Constituição Stalinista”
porque:
(...) foi escrita do começo ao fim pelo próprio Camarada Stalin.
Tem que ser notado que Vyacheslav Molotov, então Primeiro Ministro, e Andrei Zhdanov, Secretário do
Partido em Leningrado na época, não mencionaram nenhum papel especial de Stalin na escrita da Constituição.
idem
O discurso de Khrushchev em Moscou para uma audiência de 200.000 durante o Julgamento da traição
de Georgi Piatakov (23) e Karl Radek. em janeiro de 1937, teve um viés similar:
Por levantar suas mãos contra Camarada Stalin eles as levantaram contra tudo de melhor que a
humanidade possui. Stalin é esperança; ele é expectativa; ele é o farol que guia toda a humanidade
progressista. Stalin é nossa bandeira! Stalin é a nossa vontade! Stalin é nossa vitória!
Pravda, 31 de janeiro de 1937, citado em: L. Pistrak: ibd; p. 162. O discurso inteiro em Tomilina ed.Nikita Sergeevich Khrushchev T. 1 pp.465-8;
essa exata passagem está no topo da página 467.
XVII Sezd Vsesoiuznoi Kommunisticheskoi Parti (b), p174, citado em: L. Pistrak: ibid, p.164.
Pravda Ukrainy, 13 de maio de 1945, citado em: citado em: L. Pistrak; ibid; p. 164.
MIKOYAN
Dez anos depois, no sexagésimo aniversário de Stalin em dezembro de 1939, Mikoyan ainda urgia pela
criação de uma
(..) biografia científica [de Stalin].
Que o próprio Stalin não estava alheio ao fato que revisionistas escondidos eram a principal força por trás
do “culto à personalidade” foi relatado pelo revisionista finlandês, Tuominen em 1935, descreve que ele [Stalin],
ao ser informado sobre espaços proeminentes dedicados para bustos dele na principal galeria de arte de Moscou, a
Tretyakov, Stalin exclamou:
Isso é absoluta sabotagem!
A. Tuominen: op. cit; p. 164 Bland 12-13 (fm Tuominen) – Bill Bland “The Cult of the individual”, Link [mltranslations.org/Britain/StalinBB].
Bland coletou muitas mais evidências da oposição de Stalin ao “culto”.
O escritor alemão, Leon Feuchtwanger (p. 24), em 1936 confirma que Stalin suspeitava que o “culto à
personalidade” era promovido por “sabotadores” com o objetivo de desaboná-lo:
É manifestamente enfadonho a Stalin ser louvado como ele é, e de tempos em tempos faz piada disso.
(...) De todos os homens que eu conheço que tem poder, Stalin é o mais despretensioso. Eu falei
francamente com ele sobre o culto vulgar e excessivo feito a ele, e ele respondeu com igual sinceridade
(...) Ele pensa que é possível que “sabotadores” talvez estejam por trás disso em uma tentativa de
desaboná-lo.
Stalin se recusou ao estabelecimento de uma Ordem de Stalin, que foi proposta primeiro em 1945 por
cinco membros do Politburo, e de novo no seu 70 aniversário em 1949. Foi estabelecida um ano após sua morte:
No Politburo do CC do VKP(b)
Nós apresentamos para consideração do Politburo a seguinte resolução:
4. Erguer um Aro da Vitória de Stalin na autoestrada Moscou-Minsk na entrada de Moscou; > >
Nós propomos que os correspondentes decretos sejam levados para a XII sessão do Soviete
Supremo > > 22. VI. 45. > > V. Molotov. > > L. Beria. > > G. Malenkov. > > K. Voroshilov. > >
A. Mikoyan. > >>>V. A. Durov, Orden Stalina Stalin ne utverdil”, Rodina No.4, 2005.
Disponível online no Link [durovorden.pdf]
As últimas duas propostas não foram levadas. Escrito a lápis no canto esquerdo “Meu arquivo. J. Stalin”.
Em 1937-38 foi feita uma proposta de se renomear Moscou para “Stalinodar” (Presente de Stalin).
Entretanto, essa renomeação nunca aconteceu. M. I. Kalinin informou ao Presidium da Soviete
Supremo da URSS e RSFSR que J. V. Stalin expressou sua categórica oposição a esta proposta (...)
Moscou manteve-se Moscou. > >>>B. A. Starkov,“Kak Moskva chut ne stala Stalinodarom”. Izvestiia
TsK KPSS. 1990, No 12, pp. 126-127. No Link [stalinodar].
O “TESTAMENTO” DE LENIN
Em dezembro de 1922, através de uma carta ao Congresso do Partido, Vladimir Ilyich escreveu:
“Depois de assumir o cargo de Secretário Geral, o camarada Stalin acumulou em suas mãos um poder
imensurável e não tenho certeza se ele será sempre capaz de usar esse poder com os cuidados
necessários”.
[...]
Esta carta – um documento político de tremenda importância, conhecido na história do Partido como o
“Testamento” de Lenin – foi distribuída entre os delegados ao 20º Congresso do Partido. Vocês a leram
e, sem dúvida, vão lê-la novamente mais de uma vez. Vocês podem refletir sobre as palavras simples
de Lenin, nas quais é dada expressão à ansiedade de Vladimir Ilyich no que diz respeito ao Partido, ao
povo, ao Estado e à direção futura da política partidária.
Vladimir Ilyich disse:
Stalin é excessivamente rude e este defeito, que pode ser livremente tolerado em nosso
meio e em contatos entre nós comunistas, torna-se um defeito que não pode ser tolerado
em quem ocupa o cargo de Secretário Geral. Por causa disso, proponho que os camaradas
considerem o método pelo qual Stalin seria removido desta posição e pelo qual outro
homem seria selecionado para ela, um homem que, acima de tudo, difira-se de Stalin em
apenas uma qualidade, ou seja, maior tolerância, maior lealdade, maior bondade e atitude
mais atenciosa em relação aos camaradas, um temperamento menos caprichoso etc.
Este documento de Lenin se fez conhecido aos delegados do 13º Congresso do Partido, que discutiram
a questão da transferência de Stalin do posto de Secretário Geral. Os delegados declararam-se a favor
de manter Stalin, esperando que ele respondesse às observações críticas de Vladimir Ilyich e fosse
capaz de superar os defeitos que causaram em Lenin séria ansiedade.
Camaradas! O Congresso do Partido deve se familiarizar com dois novos documentos, que confirmam
o caráter de Stalin como já descrito por Vladimir Ilyich Lenin em seu “testamento”. Estes documentos
são uma carta de Nadezhda Konstantinovna Krupskaya para [Lev B.] Kamenev, na época chefe do
Gabinete Político, e uma carta pessoal de Vladimir Ilyich Lenin a Stalin.
Agora lerei estes documentos:
LEV BORISOVICH!
Por causa de uma pequena carta que eu havia escrito com palavras ditadas por Vladimir
Ilyich, e com permissão dos médicos, ontem Stalin bravejou uma explosão
extraordinariamente rude dirigida a mim. Este não é meu primeiro dia no Partido. Durante
todos esses 30 anos, nunca ouvi de nenhum camarada uma palavra grosseira. Os negócios
do Partido e de Ilyich não são menos caros para mim do que para Stalin. Eu preciso, no
momento, do máximo de autocontrole. O que se pode e o que não se pode discutir com
Ilyich eu sei melhor do que qualquer médico porque eu sei aquilo que o deixa nervoso e
aquilo que não, em qualquer caso, eu sei melhor do que Stalin. Estou voltando-me para
você e para Grigorii [E. Zinoviev] como camaradas muito mais próximos de V. I., e peço
que me protejam de interferências rudes à minha vida privada e de invectivos e ameaças
vis. Não tenho dúvidas de qual será a decisão unânime da Comissão de Controle, com a
qual Stalin acha adequado me ameaçar; no entanto, eu não tenho nem a força nem o tempo
para perder nesta briga tola. E eu sou uma pessoa viva e meus nervos estão tensos ao
máximo.
N. KRUPSKAYA
Nadezhda Konstantinovna escreveu esta carta em 23 de dezembro de 1922. Após dois meses e meio,
em março de 1923, Vladimir Ilyich Lenin enviou a Stalin a seguinte carta:
AO CAMARADA STALIN:
Ao telefone, você se permitiu ter um rompante de grosseria a minha esposa e fazer uma
reprimenda rude contra ela.
Apesar de ela ter lhe dito que concordou em esquecer o que foi dito, Zinoviev e Kamenev
souberam do assunto. Eu não tenho intenção de esquecer tão facilmente o que está sendo
feito contra mim; e eu não preciso enfatizar aqui que considero como dirigido contra mim
o que está sendo feito contra minha esposa. Peço-lhe, portanto, que pondere
cuidadosamente se concorda em retratar suas palavrase se desculpar ou se prefere a
ruptura das relações entre nós.
SINCERAMENTE: LENIN
5 DE MARÇO DE 1923
(Comoção no salão.)
Camaradas! Não vou comentar esses documentos. Eles falam eloquentemente por si mesmos. Uma vez
que Stalin pôde se comportar desta maneira ainda durante a vida de Lenin, pôde se comportar dessa
forma em direção a Nadezhda Konstantinovna Krupskaya – que o Partido conhece bem e valoriza-a
altamente como uma amiga leal de Lenin e como uma lutadora ativa da causa do Partido desde sua
criação – podemos facilmente imaginar como Stalin tratava outras pessoas. Essas características
negativas se desenvolveram de forma constante e, nos últimos anos, adquiriram um caráter
absolutamente insuportável.
L. D. Concerning Eastman’s Book: Since Lenin Died em Bolshevik 16; 1 de setembro de 1925; p 68, tradução e ênfases por GF. C.f. o texto em
Trotsky, Leon “Two Statements ‘By Trotsky’“. The Challenge of the Left Opposition (1923-25), p. 3101.
1. Vladimir Ilyich tem o direito de ditar diariamente por 5-10 minutos, mas isso não deve ser na
forma de correspondência, e Vladimir Ilyich não deve esperar respostas para essas notas. Não
são permitidas reuniões.
2. Nem amigos, nem pessoas domésticas podem comunicar a Vladimir Ilyich nada da vida
política, de modo que não a apresentem materiais para consideração e excitação.. >
>>>Volkogonov, Dimitri. Stalin. Vol. I.M., 1992, Ch. 2, par. 156; citado no Link
[militera.lib.ru/bio/volkogonov_dv/02]
ibid, p. 193. Também no Link [hrono.ru/libris/stalin/16-47] Eu fiz um fac-símile da carta original escrita à mão por Stalin, em março de 1923,
disponível no Link [staltolenin03071923.jpg].
De acordo com a irmã de Lenin, a carta de Stalin não foi entregue a ele porque sua saúde estava ficando
pior, Lenin nunca soube que Stalin tinha a escrito:
“(...) e então Lenin nunca soube de sua carta, na qual Stalin se desculpa”.
De acordo com M. Volodicheva, uma das secretárias de Lenin durante o fim de sua doença, quando
recebeu a carta de Lenin, Stalin agiu da seguinte maneira:
Eu entreguei a carta a ele pessoalmente. Eu rapidamente pedi a Stalin que escrevesse uma carta a
Vladimir Ilyich, por ele estar esperando uma resposta e estar chateado. Stalin leu a carta enquanto de
pé, bem ali, em minha presença. Sua face se manteve calma. Ele estava em silêncio um tempo, embora
pouco, e então disse as seguintes palavras, pronunciando claramente cada palavra, pausando entre elas:
“Não é Lenin, mas sua doença que está falando. Eu não sou um médico, eu sou um político. Eu sou
Stalin. Se minha esposa, que é membro do Partido, agisse erroneamente e fosse centralizada, eu não
consideraria certo me interferir nesse assunto. E Krupskaya é membro do Partido. Mas, uma vez que
Vladimir Ilyich insiste, eu estou preparado para me desculpar com Krupskaya pela rudeza.
Em uma de suas conversas com Felix Chuev L. M. Kaganovich tocou no assunto das relações mútuas
entre Stalin e Lenin:
Bem, nos tempo de Lenin havia coisas que eram muito desagradáveis. A respeito da carta de Lenin,
Stalin uma vez me disse: “Mas o que eu poderia fazer nessa situação? O Politburo me designou para
ter certeza que ele [Lenin] não estava sobrecarregado, que as ordens dos médicos estavam sendo
cumpridas, não dar a ele nenhum artigo, não dar a ele nenhum jornal, e o que eu poderia fazer – violar
a decisão do Politburo? Eu simplesmente não podia fazer isso. E eles me atacaram”. Ele me disse isso
pessoalmente com grande amargura, grande amargura. Com tão profunda amargura.
Chuev, F. Tak govoril Kaganovich Moscou, 1992, p. 191. Também em Felix I. Chuev, Kaganovich, Shepilov Moscou: OLMA-PRESS, 2001, p. 263.
Para a carta de Maria Ilyichn Ulianova, publicada em Ivestia TsK KPSS No. 12, 1989, pp 195-199, Veja Link [ulianova].
L. O. Fotieva. Citado em A. Bek, “K istorii poslednikh leninskikh dokumentov. Iz arkhiva pisatelia, besedovavshego v lichnymi sekretariami Lenina
de 1967”. Moskovskie Novosti No. 17 de abril de 1989, pp. 8-9.
Dimitri Volkogonov, Stalin edição russa, vol. 2, entre as páginas 384 e 386. Eu coloquei um fac-símile do documento original no Link
[stalinleninpoison23.pdf].
“COLETIVIDADE” NO TRABALHO
Em vários pontos de seu discurso, Khrushchev reclama sobre a falta de coletividade e violação da
liderança coletiva.
Precisamos refletir sobre este assunto de modo sério e analisá-lo corretamente para que possamos
impedir qualquer possibilidade de repetição, em qualquer forma, do que ocorreu durante a vida de
Stalin, que absolutamente não tolerava coletividade na dirigência e no trabalho e que praticou violência
brutal, não apenas com tudo o que se opunha a ele, mas também com o que parecia, ao seu caráter
caprichoso e despótico, ser contrário aos seus conceitos.
Stalin agiu não através da persuasão, explicação e cooperação paciente com as pessoas, mas através da
imposição de seus conceitos e exigência de submissão absoluta à sua opinião. Quem se opunha a esses
conceitos ou tentava provar seu ponto de vista e a correção de sua posição estava condenado à remoção
da liderança coletiva e à subsequente aniquilação moral e física.
[...]
Na prática, Stalin ignorou as normas da vida interna partidária e pisoteou os princípios leninistas de
coletividade na liderança do Partido.
Marechal Zhukov:
Depois da morte de J. V. Stalin surgiu a história de como ele geralmente tomava as decisões militares e
estratégicas de modo unilateral. Isso de fato não é o caso. Eu já disse acima que se eu reportasse
questões ao Comandante Supremo, conhecendo seus métodos, ele as levaria em consideração. Eu sei
de casos quando ele se virou contra suas próprias opiniões anteriores e mudou decisões que tinha
tomado anteriormente.
Zhukov G. K.. Vospominania i razmyshlenia V. 2 tt. Moscou: OLMA-PRESS. 2002, p 163 também no Link
[militera.lib.ru/memo/russian/zhukov1/17].
A propósito, eu fui convencido durante a guerra, J. V.Stalin não era o tipo de homem diante do qual
não se pudesse fazer perguntas incisivas e com quem não se pudesse discutir, e mesmo defender seu
ponto de vista. Se alguém diz diferente [e. g. Khrushchev-GF] então eu digo a você diretamente – suas
afirmações não são confiáveis”.
Anastas Mikoyan:
Eu devo dizer que cada um de nós tinha total capacidade de nos expressar e defender nossa opinião ou
proposta. Nós discutimos francamente as questões mais complicadas e contestadas (por mim mesmo,
eu posso dizer neste ponto com total responsabilidade), e encontramos na parte de Stalin, na maioria
dos casos, entendimento, atitude razoável e paciente mesmo quando nossas declarações eram
obviamente desagradáveis a ele.
Ele também era atencioso com as propostas dos generais. Stalin ouvia cuidadosamente o que era dito a
ele e ao conselho, ouvia com interesse às discordâncias, inteligentemente extraindo delas aquele
pedaço de verdade que o ajudava, mais tarde, a formular sua decisão final, mais apropriada, as quais
nasciam desse jeito, como resultado da discussão coletiva. Mais que isso: comumente acontecia que,
convencido por nossa evidência, Stalin mudava seu próprio ponto de vista preliminar em uma ou outra
questão.
(..)a atmosfera amigável do trabalho de gestão não diminuiu o papel de Stalin. Ao contrário, nós quase
sempre atribuímos nossas próprias propostas, formalizadas sob a assinatura de Stalin, inteiramente a
Stalin, sem revelar que o autor não era Stalin, mas outro camarada. E ele [Stalin] assinava, algumas
vezes fazendo complementos, as vezes não, às vezes sem nem mesmo ler, uma vez que ele confiava
em nós”.
Marechal Shtemenko:
General do exército S. M. Shtemenko que era associado próximo por seu trabalho com Stalin durante
os anos de guerra escreve: “Eu devo dizer que Stalin não decidia, e em geral não gostava de decidir
unilateralmente questões militares importantes. Ele entendia bem a necessidade do trabalho coletivo
neste campo complexo. Ele reconhecia as autoridades neste ou naquele problema militar, levava as
suas opiniões em consideração, e dava a cada homem o que lhe cabia. Em dezembro de 1943, depois
da Conferência de Teerã, quando nós precisamos trabalhar em planos para ações militares futuras, o
relatório na sessão conjunta do Politburo do CC do VKP(b), o Supremo Comitê de Defesa e o Estado
Maior a respeito do curso da guerra no front e seu futuro curso foi feita por A. M. Vasilevskii e A. I.
Antonov, enquanto N. A. Voznesenskii reportou a questão da economia de guerra, e J.V. Stalin assumiu
a análise de problemas de caráter internacional.
S. M. Shtemenko, The General Staff During the War Years Livro 2. Moscou, 1981, p 275. Citado de B. Solovev e V. Sukhdeev, Polkovodets Stalin
M. 2003. No Link [militera.lib.ru/research/suhodeev_vv/04].
Dmitri Shepilov:
Stalin aparentava estar muito bem e por alguma razão estava muito alegre. Ele brincou, riu, e foi muito
democrático.
Khrushchev, N. S. Vrenia Liud, Vlast. Livro 2, Parte 3. Moscou: Moskovie novosti, 1999, Capítulo 3, pp. 43-4 (edição russa). Também no Link
[hronos.km.ru/libris/lib_h/hrush34].
(Khrushchev evidentemente se esqueceu que ele tinha acabado de chamar esta qualidade de Stalin como
sendo uma “característica”)
De fato, foi Khrushchev que se recusou a liderar coletivamente e foi removido em 1964 em grande parte
por causa disso.
[Do discurso de Suslov] Cam. Khrushchev, tendo concentrado em suas mãos os postos de Primeiro
Secretário do CC do Partido e de Presidente do Conselho de Ministros, nem sempre usou corretamente
os direitos e obrigações confiados a ele. Rompendo com os princípios Leninistas de coletividade na
liderança, ele começou a se esforçar para decidir unilateralmente as mais importantes questões do
Partido e do trabalho do Estado, começou a negligenciar as opiniões coletivas do Partido e diligências
do governo, parou de considerar as visões e conselhos de seus camaradas. Mais recentemente ele
decidiu até mesmo as mais importantes questões de uma maneira essencialmente individual,
grosseiramente insistindo em sua própria subjetividade, geralmente com ponto de vista completamente
incorreto. Ele acredita não ter erros, apropriou para si a reivindicação monopolística da verdade. Para
todos os camaradas que expressaram suas opiniões e fizeram observações desagradáveis ao cam.
Khrushchev, ele arrogantemente deu todo o tipo de apelidos humilhantes e insultantes, que rebaixaram
a suas dignidades pessoais (...) Como resultado do comportamento incorreto de cam. Khrushchev o
Presidium do CC se tornou menos e menos um órgão de discussão coletiva e tomada de decisões
coletivas. Liderança coletiva de fato se tornou impossível.
Se tornou mais e mais claro que cam. Khrushchev está forçando uma exaltação de sua própria
personalidade e ignorando o Presidium e CC do PCUS. Essas ações incorretas do cam. Khrushchev
podem ser interpretadas com um esforço para avançar um culto de sua própria personalidade (...)
19 DE AGOSTO DE 1924
À Plenária do CC PCR.
Um ano e meio de trabalho no Politburo com os camaradas Zinoviev e Kamenev, depois da
aposentadoria e então morte de Lenin, fizeram perfeitamente claro a mim a impossibilidade de trabalho
político honesto e sincero com esses camaradas dentro da estrutura de um pequeno coletivo. Em vista
disso, solicito ser considerado como tendo renunciado ao Politburo do CC.
Eu solicito uma licença médica de aproximadamente dois meses.
Ao expirar esse período eu solicito ser enviado a região de Turukhansk ou para o oblast de Irkutsk, ou
algum lugar no estrangeiro em um tipo de trabalho que atraia pouca atenção.
Eu peço à Plenária [do CC – GF] decidir todas essas questões em minhas ausências e sem explicações
à minha parte porque considero danoso ao nosso trabalho dar explicações para além das observações
que eu já fiz no primeiro parágrafo dessa carta.
Eu peço ao camarada Kuibyshev para distribuir cópias dessa carta para os membros do CC.
Saudações comunistas, J. Stalin.
19. VIII. 24
Rodina 1994. No7. C. 72-73.
27 DE DEZEMBRO DE 1926
À Plenária do CC (ao cam. Rykov). Eu peço que eu seja dispensado do posto de SecGen [Secretário
Geral] do CC. Eu declaro que eu não posso mais trabalhar nessa posição, eu não tenho mais a força
para trabalhar nessa posição. J. Stalin.
27.XII.26
19 DE DEZEMBRO DE 1927
Citado de G. Cherniavski “Prizhok iz partinykh dzhunglei” Kaskad (Baltmore, MD), online no Link [kackad].
16 DE OUTUBRO DE 1952
A. I. Mgeladze Stalin. Kakim ia ego znal. Strannity nedavnogo proshlog N. pl. 2001, p. 118. Também veja o Capítulo IX, em que discutimos o
discurso de Stalin para essa Plenária pelas memórias de L. N. Efremov.
Khrushchev:
Stalin agiu não através da persuasão, explicação e cooperação paciente com as pessoas, mas através da
imposição de seus conceitos e exigência de submissão absoluta à sua opinião. Quem se opunha a esses
conceitos ou tentava provar seu ponto de vista e a correção de sua posição estava condenado à remoção
da liderança coletiva e à subsequente aniquilação moral e física.
Khrushchev:
Foi precisamente durante esse período (1935-1937-1938) que nasceu a prática de repressão em massa
através do aparato governamental, primeiro contra os inimigos do leninismo – trotskistas, Zinovievitas,
Bukharinistas, há muito tempo derrotados politicamente pelo partido – e, posteriormente, também
contra muitos comunistas honestos(...)
Citado em Vladimir Alliluev, Khrinika odnoi smi: Alliluevy, Stalin Moscou, Molodaya gvardia, 2002, p 172.
Khrushchev, 14 de agosto de 1937. Vadim Kozhinov, Russia 20 Century. 1939-1964 Cap. 8, no Link [hrono.ru/libris/lib_k/kozhin20v11]. Mark Iuge
e S. A. Kokin declaram que Khrushchev fez essa observação em uma Plenária do Soviete da Cidade De Moscou; “Cherez trupy vraga na blago
naroda.. T.1 Moscou: ROSSPEN 2010, p.13
O historiador Yuri Zhukov alega que ele viu o documento no qual Khrushchev pede permissão para
elevar à “Categoria Um” 20.000 – um número, sem nomes.
Yuri Nikolaevich, nós temos Zoria Leonidovna Serebriakova na fila. “Por que você, quando avalia
Stalin, não toma em consideração a ‘lista a serem fuzilados’, na qual são documentadas, pela ponta de
seu próprio lápis, as milhares de pessoas que foram enviadas para a morte?”
Zoria Leonidovna, e como alguém leva em consideração essas listas, não haviam nem mesmo nomes,
mas simplesmente as palavras: “Permita-me fuzilar 20000 pessoas”. E a assinatura: “Khrushchev,
Nikita Sergeevich”. Vou te dizer onde está esse documento.
(...) Metade da primeira colheita aconteceu na província [oblast] de Moscou, indubitávelmente a maior
do país. Na troika formada aqui, estava, como especificado, o Primeiro Secretário do obkom de
Moscou do Partido, N. S. Khrushchev. Próximo ao seu nome e assinatura nós sempre encontramos o
nome e assinatura de Redens, chefe da UNKVD para o oblast de Moscou e parente de N. Alliluyeva,
segunda esposa de Stalin. Hoje Redens é colocado nas listas de vítimas da “obstinação de Stalin”. E
aqui está o que Khrushchev e Redens representavam (...) bem, é melhor se eu citar as solicitações deles
ao Politburo: “Fuzilar: 2000 kulaks, 6500 criminosos e exilar: 5869 kulaks e 26936 criminosos”. E este
foi apenas um dos golpes da foice.
Getty (Excess, 127) cita a solicitação de Khrushchev para colocar 41000 pessoas em ambas as categorias:
Em Moscou, o Primeiro Secretário Nikita Khrushchev sabia que precisava reprimir exatamente 41805
kulaks e criminosos. Quase todas as submissões das quarenta províncias e repúblicas, respondendo ao
telegrama de Stalin, que tinha os números exatos.
[Nota: por Zhukov, totalizam 41305; Getty escreve 41805. Devem ser do mesmo documento citado
acima, então Getty copiou errado – GF]
De acordo com Getty, depois das conferências em Moscou, foi amplamente expandida a categoria de
pessoas sujeitas a essa repressão e “os números almejados submetidos anteriormente pelas autoridades locais
foram revistos, a maioria geralmente reduzida”. (p. 128) Ou seja, o “centro” – Stalin e o Politburo – tentaram
limitar essas repressões.
O amplo trabalho de Taubman (876 pp.) Khrushchev: The Man and His Era (NY Norton, 2003), nem
sequer menciona a repressão em Moscou, embora elas fossem em maior número que em qualquer outra região.
Para a repressão ucraniana, dirigida pessoalmente por Khrushchev, aqui está o que ele diz:
Ainda assim, o mesmo Khrushchev presidiu os expurgos, que aparentemente se aceleraram após sua
chegada. Em 1938 sozinho, 106.119 foram dadas como presas; entre 1938 e 1940 o total foi 165.565.
De acordo com Molotov, dificilmente objetivo, mas extremamente bem informado, Khrushchev
“enviou 54.000 pessoas para o outro mundo enquanto membro da troika [ucraniana]”. Os discursos de
Khrushchev gotejavam veneno e pelo menos um caso veio à tona em que ele rabiscou “Prenda” no
topo de um documento que condenou um alto funcionário do Komsomol ucraniano.
Taubman, p. 116.
A seguinte nota é um exemplo da reclamação de Khrushchev a Stalin sobre “Moscou” – isto é, Stalin e o
Politburo terem reduzindo o número de pessoas reprimidas:
Caro Iosif Vissarionovich! A Ucrânia envia [pede para] 17000-1800 [pessoas a serem] reprimidos todo
o mês. E Moscou confirma não mais que 2000-3000. Eu solicito que você tome medidas imediatas.
Seu dedicado, N. Khrushchev.
Citado de Kosolapov Slovo Tovarishchu Stalinu M: Eksmo, 2002m p. 355. Embora esta nota seja amplamente citada, eu não fui capaz de achar um
marcador de documento para essa declaração.
S. Kuzmin “K repressiam prichasten. Strikhi k politicheskomu portretu N. S. Khrushchev”. Vozrozhdenie Nadezhdy No. 2, 1997. No Link
[web.archive.org/web/20080506101728/memory.irkutsk.ru/pub/fr2], também disponível em N. F. Bugai Narody ukrainy v ‘Osoboi papke’ Stalina.
Moscou: Nakau, 2006, pp. 252-3.
Mais detalhes sobre o grande número de pessoas “reprimidas” por Khrushchev em Moscou, 1936-37:
N. S. Khrushchev, trabalhando como Primeiro Secretário do CM [Comitê de Moscou] e CCM [Comitê
de Cidade de Moscou] do VKP(b), em 1936-1937, e a partir de 1937 como Primeiro Secretário do CC
do VKP(b), pessoalmente deu seu consentimento para a prisão de um número significativo de
militantes do Partido e dos Sovietes. Nos arquivos da KGB há materiais documentais que atestam a
participação de Khrushchev na realização de opressões massivas em Moscou, no oblast de Moscou e
na Ucrânia, durante os anos pré-guerra. De modo privado, ele pessoalmente enviou documentos com
propostas para pender militantes dirigentes do Soviete de Moscou e do Comitê do Partido do Oblast de
Moscou. Ao todo, durante 1936-1937, 55.741 pessoas foram reprimidas pelos órgãos do NKVD de
Moscou e do oblast de Moscou.
A partir de janeiro de 1938, Khrushchev chefiou a organização do Partido da Ucrânia. Em 1938,
106.119 pessoas foram presas na Ucrânia. As repressões não pararam nos anos seguintes. Em 1939,
cerca de 12.000 pessoas foram presas, e em 1940 – cerca de 50.000 pessoas. Ao todo, durante os anos
de 1939-1940, 167.565 pessoas foram presas na Ucrânia.
A NKVD explicou que o aumento nas repressões na Ucrânia em 1938, em conexão com a chegada de
Khrushchev, se deu pelo crescimento especial e repentino da atividade contrarrevolucionária da
clandestinidade trotskista de direta. Khrushchev pessoalmente sancionou a repressão de muitas
centenas de pessoas que eram suspeitas de organizar atentados terroristas [= tentativas de assassinato]
contra ele próprio.
No verão de 1938, com a sanção de Khrushchev, um grande grupo de militantes dirigentes do Partido,
do Soviete e da economia foram presos, entre eles o vice-presidente do Conselho de Comissários do
Povo da RSS ucraniana, ministros de governo [narkomy], ministros assistentes, secretários dos
Comitês do Partido dos oblasts. Todos foram sentenciados a execução ou a longas penas nas prisões.
De acordo com as listas enviadas pelo NKVD da URSS ao Politburo, apenas em 1938 foi dada
permissão para repressão de 2.140 pessoas do Partido da república e de quadros dos Sovietes.
“Massavye repressi opravdany byt ne mogut” Istochink No. 1, 1995, 126-7; Reabiitatsia. Kak eto bylo III (Moscou, 2004), 146-7.
“INIMIGO DO POVO”
Khrushchev:
Stalin deu origem ao conceito de “inimigo do povo”. Este termo tornou automaticamente desnecessária
a comprovação dos erros ideológicos de um homem ou homens envolvidos em uma controvérsia; este
termo possibilitou o uso da repressão mais cruel, violando todas as normas da legalidade
revolucionária, contra qualquer um que, de alguma forma, discordasse de Stalin, contra aqueles que
eram apenas suspeitos de intenção hostil, contra aqueles que tinham más reputações. Esse conceito de
“inimigo do povo” realmente eliminou a possibilidade de qualquer tipo de disputa ideológica ou de
tornar conhecidas as opiniões de alguém nessa ou naquela questão, mesmo as de caráter prático. Em
essência, e de fato, a única prova de culpa utilizada, a despeito de todas as normas da ciência jurídica
vigente, era a “confissão” do próprio acusado; e, como uma sondagem subsequente provou, essas
“confissões” foram adquiridas através de pressões físicas contra os acusados. Isso levou a violações
flagrantes da legalidade revolucionária e ao fato de que muitas pessoas totalmente inocentes, que no
passado haviam defendido a linha partidária, se tornaram vítimas.
No que diz respeito às pessoas que, em seu tempo, se opuseram à linha partidária, devemos afirmar
que muitas vezes não havia razões suficientemente sérias para a aniquilação física. A fórmula “inimigo
do povo” foi introduzida com o propósito específico de aniquilar fisicamente esses indivíduos.
Jean-Paul Marat usou o termo “Pennemi du people” na primeira edição do seu jornal L’ami du Peuple de
1793. > >>>Veja: Link [ennemi]
No Link [marxists.org/russkij/lenin/1905/01/12a].
Lenin, Complete Works v. 36, p. 318 (edição russa). Citado no Link [kursach.com/biblio/0010024/103_1] O decreto foi aprovado com mudanças
menores. Dekrety SOvestkoi vlasti Ed. GD. Obichina et al. T.2: 17 marta -10 iulia 1918 g. Moscou: Gospolitizdat, 1959, p. 265.
Decreto do Comitê Executivo Central e do Soviete dos Comissários do Povo, de 7 de agosto de 1932:
(...) Pessoas que infringem propriedade social devem ser consideradas inimigas do povo, em visão
disso, uma luta determinada contra os saqueadores das possessões sociais é o primeiro dever dos
órgãos do poder soviético.
Tragedia Sovestkoi Derevni. Kollektivizatsia I raskulachivanie. Dokumenty I matreialy. 1 27-1939. Tom 3. Konet 1930-1933 Moscou ROSSPEN,
2001. E também na página da Wikisource russa: Link [tinyurl.com/law-of-aug-7-32].
Citado por IU. V. Emelianov. Khrushchev. Smutian v Kremle Moscou Veche, 2005, p. 32.
“CONVENCENDO E EDUCANDO”
Khrushchev:
Stalin era caraterizado por um modo completamente diferente de se relacionar com as pessoas. Os
traços de Lenin – trabalho paciente com as pessoas, instruções teimosas e meticulosas, a habilidade de
induzir as pessoas a segui-lo sem uso da coação, mas, ao contrário, através da influência ideológica
sobre eles de todo o coletivo – eram inteiramente estranhos a Stalin. Ele descartou o maneira leninista
de conversar e educar, ele abandonou o método de disputa ideológica e adotou a violência
administrativa, repressões em massa e terror.
Veja abaixo.
ZINOVIEV E KAMENEV
Khrushchev:
Em seu “testamento”, Lenin advertiu que “o episódio de outubro envolvendo Zinoviev e Kamenev não
tinha sido um acidente”. Mas Lenin não colocava a questão de prendê-los e, certamente, nem a de
executá-los.
Stalin para Kaganovich, sobre os testemunhos do “Julgamento dos 16” Zinoviev-Kamenev, agosto de
1936
(...) Segundo. Das confissões de Reingold, está claro que Kamenev, por meio de sua esposa Glebova,
estava sondando o embaixador francês [Harve] Alphand a respeito das possíveis relações do governo
francês com um futuro “governo” do bloco trotskita-zinovievista. Eu penso que Kamenev também
sondou os embaixadores inglês, alemão e estadunidense. Isso quer dizer que Kamenev deve ter
revelado a esses estrangeiros os planos da conspiração e dos assassinatos de líderes do Partido
bolchevique. Isso também quer dizer que Kamenev já tinha revelado a eles esses planos, ou, senão, os
estrangeiros não teriam concordado em discutir com eles sobre o futuro “governo” trotskista-
zinovievista. Essa é a tentativa de Zinoviev e seus amigos de formar um bloco direto com os governos
burgueses contra o governo soviético. Isso explica o segredo dos bem conhecidos obituários pré-
prontos dos correspondentes estadunidenses. Obviamente, Glebova está bem-informada sobre todos
esses materiais sórdidos. Nós devemos trazer Glebova para Moscou e submetê-la a uma série de
interrogatórios meticulosos. Ela talvez revele muitas coisas interessantes.
Stalin i Kaganovich, Perepiska 1931-1936 gg [Corrspondencia Stalin-Kaganovich] (edição russa), No. 763, pp 642-3.
TROTSKISTAS
Khrushchev:
Ou, vamos tomar o exemplo dos trotskistas. Atualmente, após um período histórico suficientemente
longo, podemos falar com total calma sobre a luta contra os trotskistas, e podemos analisar este
assunto com objetividade suficiente. Afinal, em torno de Trotsky havia pessoas cuja origem não pode,
de forma alguma, ser rastreada à sociedade burguesa. Uma parte destes pertencia à intelligentsia do
Partido e uma certa parte foi recrutada entre os trabalhadores. Podemos nomear muitos indivíduos que,
em seu tempo, se juntaram aos trotskistas; no entanto, esses mesmos indivíduos participaram
ativamente do movimento operário antes da Revolução, durante a própria Revolução Socialista de
Outubro, e na consolidação da vitória desta maior das revoluções. Muitos deles romperam com o
trotskismo e voltaram às posições leninistas. Era necessário aniquilar essas pessoas?
J. V. Stalin Mastering Bolshvism. NY: Workers Kibrary Publishers, 1937, pp. 26-7, citado de Link [MB37].
Lembre-se das palavras do próprio Khrushchev – exatamente o que Stalin defendeu na Plenária de fev-
mar de 1937:
Depois de tudo, ao redor de Trotsky estavam pessoas cuja origem não pode, de maneira nenhuma, ser
traçada à sociedade burguesa. Parte deles pertenciam à intelligentsia do Partido e uma certa parte foi
recrutada de entre os trabalhadores. Nós podemos nomear muitos indivíduos que, em seu tempo,
ingressaram aos trotskistas; entretanto, esses mesmos indivíduos tomaram parte ativa no movimento
dos trabalhadores antes da Revolução, durante a Revolução Socialista de Outubro em si e na
consolidação da vitória dessa a maior das revoluções. Muitos romperam com o trotskismo e retornaram
às posições leninistas.
p. 9; veja acima.
Mais adiante no “Discurso Secreto”, em uma passagem conveniente de ser considerada aqui, Khrushchev
retornou à questão dos Trotskistas na URSS da década de 1930.
Nós devemos relembrar que em 1927, na véspera do 15º Congresso do Partido, apenas 4.000 votos
foram dados para a oposição Trotskista-Zinovievista, enquanto houveram 724.000 pela linha do
Partido. O trotskismo foi completamente desarmado durante os 10 anos que se passaram entre o 15º
Congresso do Partido e a Plenária do Comitê Central de fevereiro-março; muitos ex-trotskistas
mudaram suas antigas posições e trabalharam em vários setores da construção do socialismo. Está
claro que, na situação da vitória socialista, não existem bases para o terro em massa no país.
J. V. Stalin, Mastering Bolshevism NY: Workers Libray Publishgers, 1937, pp 59-60. No Link [MB37].
Tradução para o inglês de Gen. Sudopladov, The inteligence Service and the Kremilin Moscou 1996, p. 58.
“Pöllnitz” era Gisella von Pöllnbitz, recém recrutada para o anel de espionagem soviético Antinazista “Orquestra Vermelha” (Rote Kapelle), que
trabalhou para a United Press e que “colocou o relatório pela caixa de correios da embaixada soviética”. Shareen Blair Brysac, Resisting Hitler:
Mildred Harnack and the Red Orchestra. Oxford University Press, 200, p. 237
Haase, N. Das Reichkriegsgericht und der Widerstand gegn nationalsozialistische Herrschaft Berlin, 1993, S. 105. Veja também Grover Furr
“Evidence of Leon Trotsky’s Collaboration with Germany and Japan” Cultural Logic 2009. Em Link [clogic.eserver.org/2009/Furr.pdf].
“Na plenária do CC de fevereiro (1947) A[andrei] Zhdanov falou sobre a decisão de convocar o 19º
Congresso do VKP(b) ao final de 1947 ou, alternativamente, durante 1948. Além disso, no interesse de
se animar a vida interna do Partido, ele propôs adotar uma ordem simplificada para a convocação de
conferências do Partido, realizando-as todo ano com a renovação compulsória dos membros da
Plenária do CC não menos que um sexto.
Khrushchev:
Deve ser suficiente mencionar que durante todos os anos da Guerra Patriótica não ocorreu uma única
Plenária do Comitê Central. É verdade que houve uma tentativa de convocar uma Plenária do Comitê
Central em outubro de 1941, quando os membros de todo o país foram chamados para Moscou. Eles
esperaram por dois dias pela abertura do pleno, mas em vão. Stalin não queria se encontrar nem falar
com os membros do Comitê Central. Este fato mostra como Stalin estava desmoralizado nos primeiros
meses da guerra e como ele tratava os membros do Comitê Central.
Nikolaevsky continua e adiciona: “Mas é provável que Khrushchev esteja correto, que não houve
plenária do Comitê Central em 1944 e uma fraude foi perpetrada, a plenária foi anunciada como ocorrida embora
nunca tenha”. (nota 10)
Mas Nikolaevsky estava errado. Foi Khrushchev, não Stalin, que “perpetrou uma fraude”.
As decisões da Plenária do CC de janeiro de 1944 são descritas em um livro-texto soviético de 1985. Veja
P. N. Bobylev et al., Velikaia Otechestvennaia Voina Voprosy i Otvety Moscou: Politzdat, 1985, no Link
[voyna0833]
Khrushchev:
A comissão se familiarizou com uma grande quantidade de materiais presentes nos arquivos do NKVD
e com outros documentos e, assim, estabeleceu muitos fatos relativos à fabricação de casos contra
comunistas, falsas acusações, abusos gritantes da legalidade socialista, os quais resultaram na morte de
pessoas inocentes. Tornou-se evidente que muitos militantes do Partido, da economia e dos Sovietes,
taxados como “inimigos” em 1937-1938, na verdade, nunca foram inimigos, espiões, sabotadores etc.,
mas sempre foram comunistas honestos; eles eram apenas tão estigmatizados e, muitas vezes, não mais
capazes de suportar torturas bárbaras, que se acusaram (por ordem dos juízes investigativos –
falsificadores) por todos os tipos de crimes graves e improváveis.
[...]
Foi determinado que dos 139 membros e candidatos do Comitê Central do Partido, eleitos no 17º
Congresso, 98 pessoas, ou seja, 70%, foram presas e fuziladas (principalmente em 1937-1938).
(Indignação no salão)... O mesmo destino reuniu não apenas os membros do Comitê Central, mas
também a maioria dos delegados ao 17º Congresso do Partido. De 1.966 delegados com direito a voto
ou voz, 1.108 pessoas foram presas sob acusação de crimes antirrevolucionários, ou seja,
decididamente mais do que a maioria.
Khrushchev:
Na noite de 1º de dezembro de 1934, por iniciativa de Stalin (sem a aprovação do Gabinete Político –
que foi dada dois dias depois, casualmente)...
A edição crítica de 1989 do texto russo do Discurso de Khrushchev (ed. Ayermakher, K., ed. Doklad N.
S. Khrushcheva o Kuilte Lichnosti Stalina na XX sezde KPSSS. Dokumenty Moscou: ROSSSPEN 2002) declara em
n. 11:
Isso diz respeito ao decreto de primeiro de dezembro de 1934 do Comitê Central Executivo da União
Soviética, “Sobre o método correto de lidar com casos relativos à preparação ou cometimento de atos
terroristas”, que foi mais tarde chamada de “a Lei de primeiro de dezembro de 1934” e foi mantida até
1956. O decreto em questão não foi introduzido através da ratificação por uma sessão do Comitê
Central Executivo da URSS, como demandava a Constituição Soviética.
Khrushchev:
Deve-se afirmar que até hoje as circunstâncias em torno do assassinato de Kirov escondem muitas
coisas que são inexplicáveis e misteriosas e exigem um exame mais cuidadoso. Há razões para
suspeitar que o assassino de Kirov, Nikolaev, foi assistido por alguém dentre as pessoas cujo dever era
justamente proteger Kirov. Um mês e meio antes do assassinato, Nikolaev foi preso por conta de
comportamento suspeito, mas ele foi solto e nem sequer revistado. É uma circunstância
extraordinariamente suspeita a morte do chequista designado para proteger Kirov, enquanto estava
sendo trazido para um interrogatório, no dia 2 de dezembro de 1934, ele morreu em um “acidente” de
carro, no qual nenhum outro ocupante do veículo se feriu. Após o assassinato de Kirov, os principais
funcionários do NKVD de Leningrado receberam sentenças muito leves, mas em 1937 foram
fuzilados. Podemos assumir que foram fuzilados para cobrir os rastros dos organizadores da morte de
Kirov.
Sudoplatov:
Não existe nenhum documento ou evidência que suportam a teoria da participação de Stalin ou do
aparato do NKVD no assassinato de Kirov (...) Kirov não era uma alternativa a Stalin. Ele era um dos
mais convictos stalinistas. A versão de Khrushchev foi posteriormente aprovada e usada por
Gorbachev como parte de sua campanha antistalin.
Alla Kirilina:
(...) Hoje, sob as condições do “tudo é permitido” e os então chamados artigos de pluralismo, aparecem
aqueles autores que não se preocupam com a procura por documentos e não são sobrecarregados pelo
esforço de chegar a um entendimento objetivo do que aconteceu em primeiro de dezembro de 1934.
Seus objetivos principais são declarar, mais uma vez, que “Stalin matou Kirov”, embora eles não terem
evidências nem primárias, nem secundárias, para essa declaração, mas, ao invés, fazem amplo uso de
mitos, lendas e rumores.
Neizvestniy Kirov Moscou, 2001, p. 304. Na p. 335 desse trabalho Kirilia revela que Trotsky foi a origem dos rumores de que Stalin teria matado
Kirov. Isso implica Khrushchev e Pospelov copiando o discurso de Trotsky.
Arch Getty:
Sobre Kirov, e sem uma ordem particular:
Khrushchev:
As repressões em massa cresceram tremendamente a partir do final de 1936 após um telegrama de
Stalin e [Andrei] Zhdanov, de Sochi datado em 25 de setembro de 1936, ter sido enviado a
Kaganovich, Molotov e outros membros do Politburo. O conteúdo do telegrama foi o seguinte:
Esta formulação stalinista, de que o “NKVD está quatro anos atrasado” na aplicação da repressão em
massa e que há necessidade de “recuperar” o trabalho negligenciado diretamente, empurrou os agentes
do NKVD para o caminho das prisões em massa e execuções.
Aqui está o texto completo do telegrama, do qual Khrushchev leu apenas um pequeno fragmento no
“Discurso Secreto”.
CC do VKP(b). Moscou.
Aos camaradas Kaganovich, Molotov, e outros membros do Politburo.
Primeiro. Nós consideramos absolutamente essencial e urgente que o cam. Yezhov seja apontado para
o posto de Comissário do Povo para Assuntos Internos. Yagoda claramente não se mostrou à altura de
sua posição na questão de expor o bloco Trotskista-zinovievista. A OGPU estava quatro anos atrasada
nessa questão. Todos os militantes do Partido e a maioria dos representantes de oblast do NKVD
dizem isso. Agranov pode permanecer como deputado de Yezhov no NKVD.
Segundo. Nós consideramos essencial e urgente que Rykov seja removido do posto de Comissário do
Povo para Comunicações e Yagoda seja apontado para o posto de Comissário do Povo para
Comunicações. Nós acreditamos que essa questão não requer explicação, uma vez que está claro como
está.
Terceiro. Nós consideramos absolutamente urgente que Lobov seja removido e o cam. Ivanov,
secretário do Comitê da região Norte, seja apontado para o posto de Comissário do Povo para Indústria
Madeireira. Ivanov conhece a silvicultura, ele é um homem eficiente. Lobov como Comissário do
Povo não está à altura do trabalho e todo ano falha nele. Nós propomos deixar Lobov como primeiro
assistente de Ivanov como Comissário do Povo para a Indústria Madeireira.
Quarto. A respeito à CCP (Comissão de Controle do Partido), Yezhov pode continuar como presidente
do CCP ao mesmo tempo que dedica nove décimos do seu tempo para o NKVD, e Yakovlev pode ser
promovido para primeiro assistente de Yezhov na CCP.
Quinto. Yezhov está em concordância com essas propostas.
Stalin, Zhdanov.
No. 44. 25/IX.36
Stalin i Kaganovich. Perepiska 1931-1936 gg. Moscou: ROSSPEN, 2001, No. 827, pp. 682-3. Também no Link
[hrono.ru/dokum/193_dok/19360925stal] e Link [alexanderyakovlev.org/almanah/inside/almanah-doc/56532].
Uma tradução levemente diferente está na edição em inglês do livro: Stalin-Kaganovich Correspondence. Ed. R. W. Davies, Oleg V. Khlevniuk, e E.
A. Ress. New Haven, CT: Yale University Press, 2003, pp. 359-60.
Thurston:
Ao que os quatro anos se referiam? Escritores ocidentais geralmente respondem que a frase significava
o Riutin Memorandum. Mas em dezembro de 1936, Yezhov mencionou, mais uma vez, em um
discurso à Plenária do Comitê Central, “a formação, ao final de 1932, de um bloco zinovievista-
trotskista nas bases do terror”.
p. 54.
Khrushchev:
O discurso de Stalin na Plenária do Comitê Central de Fevereiro-Março de 1937, “Deficiências do
trabalho partidário e métodos para a liquidação dos trotskistas e de outros ‘duas faces’”, possuía uma
tentativa de justificar teórica e politicamente o terror em massa sob o pretexto de que a luta de classes
supostamente dever-se-ia aguçar à medida que avançávamos em direção ao socialismo. Stalin afirmou
que tanto a história quanto Lenin lhe ensinaram isso.
Lenin, V. I. “Privet vergerskim rabochin. 27 mia 1919 g” Complete Works (Russo: Polnoe Sobranie Sochinenii, v. 38, o. 387. Stalin citou essa
passagem em seu discurso de abril de 1929 “Sobre os desvios de direita no Partido Bolchevique”. No Link [hrono.info/libris/stalin/12-9.php].
Na Plenária do CC do VKP(b) de fevereiro-março de 1937, Stalin fez o relatório com o título citado por
Khrushchev. Mas não há nada no relatório alegando que a luta de classe deve-se aguçar “conforme marchamos em
frente em direção ao socialismo”.
Relativo a essa distorção feita por Khrushchev em seu relatório secreto, Richard Kosolapov escreve:
Na realidade a tese supracitada, infindavelmente repetida como “Stalinista”, não está nem no relatório
de Stalin nem no seu discurso de conclusão. É verdade que Stalin apontou a necessidade de “destruir e
deixar de lado a teoria podre de que, com cada avanço que fazemos, a luta de classes necessariamente
morreria mais e mais, e que, na proporção que alcancemos sucesso, os inimigos de classe se tornarão
mais e mais dóceis”. Stalin também enfatizou que “enquanto uma ponta da luta de classes tem suas
operações dentro das fronteiras da URSS, suas outras partes se espalham pelas fronteiras dos estados
burgueses que nos rodeiam”. Mas ele nunca estabeleceu nenhuma “teoria de aguçamento” na segunda
metade da década de 1930, isso foi quando, na URSS, a predominância absoluta das formas socialista
da economia tinha sido garantida e a Constituição do vitorioso socialismo tinha sido aprovada”...
R. K. Kosolapov, “Uverenno torit tropy v budushchee. Doklad O reshniiakh XX i XXII sedov KPSS po voprosu ‘O kulte lichnosti i ego
posledstviakhj’” (2003). No Link [web.archive.org/web/20120130203757/cea.ru/~shenin/news/news20].
Joseph Stalin, Mastering Bolshevism NY: Workers Library Pubs, 1937, pp.1-40. Link [MB37].
A proposta de educação política feita por Stalin para cada alto oficial do Partido escolher um substituto
para si próprio:
A tarefa é elevar o nível ideológico e vigor político daqueles quadros dirigentes e introduzir entre eles
novas forças aguardando promoção e, então, expandir as fileiras de nossas forças dirigentes.
O que isso requer?
Primeiro e mais importante, nós devemos fazer a proposta para nossos dirigentes do Partido,
começando com os secretários das unidades do Partido até os secretários das organizações regionais e
dos Partidos das repúblicas, selecionar, durante um período definido, dois indivíduos, dois funcionários
do Partido, cada um capaz de atuar como seus vices efetivos.
A questão talvez seja feita: onde vamos conseguir dois vices para cada um, se nós não temos tais
pessoas, nenhum militante que corresponda a esses requisitos? Isso é incorreto, camaradas. Nós temos
dezenas de milhares de pessoas capazes e talentosas. Só é preciso conhecê-las e promovê-las a tempo
para que não permaneçam por muito tempo nos postos antigos e comecem a apodrecer. Procurem e
vocês encontrarão.
Mais além, cursos do Partido de quatro meses devem ser estabelecidos em cada centro regional para
dar treinamento aos secretários das unidades do Partido e reequipá-los. Os secretários de todas as
organizações (unidades) primárias do Partido devem ser enviados para esses cursos e, então, quando
eles finalizarem e retornarem para casa, seus vices e membros mais capazes das organizações
primárias do Partido devem ser enviados a esses cursos.
Mais além, para reequipar politicamente os primeiros secretários das organizações dos distritos, cursos
de Leninismo de oito meses devem ser estabelecidos na URSS, em, digamos, dez dos mais importantes
centros.
Os primeiros secretários das organizações regionais e distritais do Partido devem ser enviados para
esses cursos, e então, quando, eles terminarem e retornarem para casa, seus vices e os membros mais
capazes das organizações distritais e regionais serão enviados para lá.
Mais além, cursos de seis meses para o estudo da história e política do Partido, sob o Comitê Central
do Partido Comunista da União Soviética, devem ser estabelecidos para alcançar o reequipamento
ideológico e melhoramento político dos secretários das organizações do Partido das cidades. Os
primeiro e segundo secretários das organizações do Partido das cidades devem ser enviados a esses
cursos e, então, quando eles finalizarem e retornarem para casa os mais capazes membros das
organizações de cidade do Partido devem ser enviados para lá.
Finalmente, deve ser estabelecida uma conferência de seis meses sobre as questões de política interna e
internacional, sob o Comitê Central do PCUS.
Os primeiros secretários das organizações divisionais e provinciais e o Comitês Centrais dos Partidos
Comunistas nacionais devem ser enviados para lá. Aqueles camaradas devem prover não um, mas uma
série de pessoas realmente capazes de substituírem as diligências do Comitê Central de nosso Partido.
Isso precisa e deve ser implementado.
Joseph Stalin, Mastering Bolshevism NY: Workers Library Pubs, 1937, pp.36-38. Link [MB37].
Stalin também fez outro discurso na Plenária do CC de fevereiro-março. Foi o discurso de conclusão, em
5 de março.
Mas aqui está a questão: como realizar na prática a tarefa de esmagar e arrancar os agentes germano-
japoneses do Trotskismo. Isso significa que nós devemos atacar e arrancar não apenas os reais
trotskistas, mas também aqueles que vacilaram por algum tempo em direção ao trotskismo; não apenas
aqueles que eram realmente agentes trotskistas por sabotagem, mas também aqueles que uma vez
passaram por uma rua que algum trotskista ou outro havia passado? De qualquer forma, essa voz foi
ouvida aqui no plenário. Podemos considerar correta essa interpretação da resolução? Não, não
podemos considerá-lo correto.
Nessa questão, como em todas as outras, devem ter uma abordagem individual e diferenciada.
Vocês não devem medir todo mundo pela mesma régua. Uma abordagem tão abrangente só pode
prejudicar a causa da luta contra os reais sabotadores e espiões trotskistas.
Entre nossos responsáveis camaradas há um certo números de ex-trotskistas que deixaram o trotskismo
há muito tempo, e agora lutam contra o trotskismo não pior, mas melhor que muitos de nossos
respeitados camaradas que nunca pensaram em vacilar em direção ao trotskismo. Seria tolice vilanizar
tais camaradas agora.
Entre nossos camaradas também há aqueles que sempre se levantaram ideologicamente contra o
trotskismo, mas apesar disso mantiveram contatos pessoais com indivíduos trotskistas, que eles não
tardaram em liquidar assim que a verdadeira face do trotskismo se tornou clara para eles. Isso, claro,
não é uma coisa boa, que eles não romperam suas amizades pessoais com indivíduos de uma vez, mas
tardiamente. Mas seria tolo apontar tais camaradas junto com os trotskistas.
Mais adiante, no mesmo relatório, Stalin faz o mesmo ponto novamente, argumentando explicitamente
contra uma aproximação em massa (pp. 58-9):
Joseph Stalin, Mastering Bolshevism NY: Workers Library Pubs, 1937, pp.40-63. No Link [MB37]. Note que a data nessa edição está errada, 3 de
março, não 5 de março, mas está corretamente nomeada como “Concluding Speech”.
Relatório de Stalin da comissão de investigação de Bukharin e Rykov, 27 de fevereiro de 1937 (Veja Getty & Naumov, 409-11; Texto russo em
Voprosy Istori 1/94, 12-13).
Em seu estudo pioneiro de fontes de arquivo, o historiador Yuri Zhukov cita a resolução não publicada da
Plenária do CC de fevereiro-março de 1937 e comenta sobre.
Tão longe de uma “caça às bruxas” como estavam as palavras finais de Stalin, estava também a
resolução baseada no relatório de Stalin. Os participantes da Plenária votaram a favor disso
unanimemente e sem nenhum comentário, como tinha-se tornado comum nos anos anteriores. As
palavras “atividades de traição e espionagem-sabotagem de fascistas trotskistas” foram mencionadas
apenas uma vez e apenas no preâmbulo. Elas serviram apenas de pretexto para a apresentação de
graves deficiências no trabalho das organizações do Partido e de seus dirigentes. A resolução
especificava o seguinte:
3. “Nossos dirigentes do Partido começaram a perder o tato para o trabalho ideológico, para o
trabalho na educação político-partidária das massas partidárias e não partidárias”.
4. “Eles também começam a perder o tato para crítica às nossas deficiências e a autocrítica dos
dirigentes do Partido (...)”.
5. “Eles também começaram a recuar na responsabilidade direta com as massas dos membros do
Partido (...) assumiram a responsabilidade de substituir a eleição pela cooptação (...) deste modo
temos um centralismo burocrático como resultado”.
6. No trabalho dos quadros, no qual a resolução também se foca, “é necessário lidar com os
militantes não de uma maneira formal e burocrática, mas de acordo com a real situação, isto é,
em primeiro lugar, do ponto de vista político (se eles são politicamente confiáveis) e, em
segundo lugar, do ponto de vista de suas tarefas(se eles estão adequados para as tarefas as quais
foram designados.
7. Dirigentes das organizações do Partido “sofrem de falta de atenção necessária às pessoas, aos
membros do Partido, aos trabalhadores (...) Como resultado dessa relação desalmada com as
pessoas, são criadas artificialmente insatisfação e hostilidade entre membros e militantes do
Partido, em uma parte da organização”.
8. Finalmente, a resolução menciona que, apesar de sua falta de instrução, os dirigentes do Partido
não desejam aumentar seu nível educacional, estudar e recapacitar-se. > > Naturalmente, a
resolução ecoa com a demanda pela remoção imediata das reais deficiências no trabalho do
Partido. Dos pontos um ao oito destaca-se, condenar a prática da usurpação e apagamento dos
órgãos locais; para retornar imediata e exclusivamente para o trabalho político-partidário e
transferir tudo acima para a cidade; dar mais atenção à imprensa. Dos pontos nove a quatorze
destaca-se, rejeitar decisivamente “a prática de tornar as Plenárias dos Comitês de oblast,
Comitês regionais, conferências do Partido, atividade da cidade etc. em meios para desfiles e
manifestações e de elogios vociferantes aos dirigentes do Partido”; restaurar a prestação de
contas dos órgãos do Partido às Plenárias, parar a prática de cooptação nas organizações do
Partido. Nos pontos quinze a dezoito uma nova aproximação fundamental ao trabalho dos
quadros é discutida, e nos pontos dezenove até vinte e cinco, as instruções e capacitação dos
dirigentes do Partido. > >>>Yuri Zhukov, Inoi Stalin. Politicheskie reformy v SSSR v 1933-1937
gg. Moscou Vagrius, 2003, pp. 360-363 e notas na p. 506, referentes aos arquivos em RGASPI
F.17 Op. 2 D. 612 Vyp. III L. 49 ob.-50.
Khrushchev:
Na Plenária do Comitê Central de Fevereiro-Março de 1937, muitos membros questionaram a retidão
do rumo estabelecido para as repressões em massa sob o pretexto de combater os “duas faces”.
Camarada Postyshev expressou mais habilmente essas dúvidas. Ele disse:
Filosofei que os severos anos de luta passaram. Membros do partido que perderam suas
forças ou se esgotaram ou se juntaram ao campo do inimigo; elementos saudáveis têm
lutado pelo partido. Aqueles foram os anos de industrialização e coletivização. Eu nunca
pensei que fosse possível que, após a passagem desse período severo, Karpov e pessoas
como ele se encontrariam no campo do inimigo. (Karpov era um militante do Comitê
Central ucraniano e que Postyshev conhecia bem.) E agora, de acordo com o testemunho,
parece que ele foi recrutado pelos trotskistas em 1934. Eu pessoalmente não acredito que
em 1934 um membro honesto do Partido, que havia trilhado o longo caminho da luta
implacável contra os inimigos partidários e pelo socialismo, estaria agora no campo dos
inimigos. Eu não acredito nisso... Não posso imaginar como seria possível viajar com o
Partido durante os anos difíceis e depois, em 1934, juntar-se aos trotskistas. É uma coisa
estranha...
Khrushchev séria e deliberadamente distorce o que Postyshev realmente disse em seu discurso para a
Plenária do CC de fevereiro-março. O texto dos comentários de Postyshev agora está publicado em Vosprosy
Istorii Ns 5-6, 1995, pp. 3-8. Esta parte está na página 4:
Agora eu vou refletir sobre meus erros no Comitê do Partido do oblast de Kiev. Como é que não notei
pessoalmente as pessoas que se sentaram muito perto de mim, por que não pude notá-los, já que
trabalhei com eles por um período bastante longo?
(...) Aqui está Karpov. Confiei muito nele. Karpov estava no trabalho partidário continuamente por dez
anos. Levei-o comigo para a Ucrânia porque ele era um velho militante ucraniano, falava ucraniano,
conhecia a Ucrânia, tinha vivido a vida toda na Ucrânia e nascido na Ucrânia. E não apenas eu, mas
muitos camaradas, sabíamos que ele era uma pessoa decente.
O que me desviou? Em 1923-24, Karpov lutou contra os trotskistas em frente aos meus olhos. Ele
também os enfrentou em Kiev. (...) Eu filosofei sobre essa questão: os anos de luta severa tinham
passado, nos quais houve desenvolvimentos tais que as pessoas ou sucumbiram ou permaneceram
firmes em seus pés ou se juntaram ao campo do inimigo – os anos de industrialização e
coletivização, houve uma luta feroz entre o Partido e os inimigos neste período. Eu nunca imaginei
que após essa era severa ter passado alguém iria, então, para o campo do inimigo. E agora parece que,
a partir de 1934, ele caiu nas mãos dos inimigos e tinha se tornado um deles. Claro que alguém pode
acreditar ou não nisso. Eu pessoalmente penso que seria terrivelmente difícil que, após todos esses
anos, uma pessoa que percorreu a longa estrada da luta implacável contra os inimigos do Partido
e pelo socialismo estaria, agora, no campo dos inimigos. É muito difícil acreditar nisso. (Molotov:
é difícil acreditar que ele só tenha se tornado um inimigo em 1934? Mais provavelmente ele se tornou
um inimigo ainda mais cedo.) Claro, mais cedo. Eu não posso imaginar como poderia ser possível
percorrer com o Partido durante os anos de dificuldade e então, em 1934, juntar-se aos
trotskistas. É uma coisa estranha. Havia algum tipo de verme dentro dele esse tempo todo. Quando o
verme apareceu – se em 1936 ou 1934, ou 1930, é difícil dizer, mas obviamente havia algum tipo de
verme lá, algo que fez algum tipo de trabalho nele, de modo que finalmente caiu no meio da manada
de inimigos.
As palavras citadas por Khrushchev no seu “Discurso Secreto” estão em negrito. O texto completo do discurso de Postyshev do texto de Voprosy
Istorii No. 5, 1995, está no Link [postyshevspmar0437.pdf].
O discurso severo de Khrushchev está em VI N. 8 1995, pp19-25. Está disponível no Link [Khrushchevspmar0537.pdf].
Postyshev foi o mais severo nas expulsões em massa e foi expulso por causa disso na Plenária do CC de
janeiro de 1938. Getty & Naumov discutem por extenso nas páginas 498-512. Getty cita extensivamente como
Postyshev foi repreendido severamente nesta Plenária por repressão excessiva.
Análise de Zhukov:
Na Plenária de janeiro de 1938 o discurso principal foi feito por Malenkov. Ele disse que os primeiros
secretários não estavam nem emitindo as listas de condenados pelas “troikas”, mas apenas duas linhas
com uma indicação dos números daqueles que foram condenados. Ele abertamente acusou o Primeiro
Secretário do Partido do obkom de Kuibyshev, P. P. Postysehv: “você aprisionou todo o aparato do
Partido e Soviete do oblast!” Ao qual Postyshev respondeu, no mesmo estilo: “Eu prendi, eu prendo, e
eu vou prender até aniquilar todos os inimigos e espiões!” Mas ele estava perigosamente sozinho: duas
horas depois dessa polêmica ele foi demonstrativamente dispensado de seu posto de candidato a
membro do Politburo e nenhum dos membros da Plenária levantou-se para defendê-lo.
O documento confirmando a expulsão e prisão de Postyshev está impresso em Getty & Naumov, pp 514-
6. Khrushchev foi um daqueles que falou fortemente contra Postyshev (G&N 512). Para o apontamento de
Khrushchev em se substituir Postyshev como um candidato a membro do Politburo veja Stalinskoe Politiniuro
p. 167
Bulganin: Havia pelo menos algumas pessoas honestas lá (...) Se mostrou que não havia
uma única pessoa honesta.
Postyshev: Não, eu não estou exagerando. Aqui, tome o Comitê executivo do oblast.
Pessoas estão na prisão. Nós temos materiais investigativos e eles confessaram, eles
próprios confessaram seu trabalho inimigo e de espionagem.
Beria: É possível que todos os membros das plenárias dos Comitês de raion fossem
inimigos?
Stalin avaliou os métodos de Postyshev da seguinte forma: “Isso é um massacre da organização. Eles
são bem leves consigo mesmos, mas eles fuzilam todo mundo nas organizações de raion. (...) isso
significa incitar as massas partidárias contra o CC, não pode ser entendido de outra forma”.
Rogvin, Pariia rastreliannykh Cap. 2, Seção III: “A Plenária de Janeiro: O caso de Postyshev”. No Link [trst.narod.ru/rogovin/t5/iii]. Texto mais
completo em Stalinskoe Politiburo v 30-e gody, pp. 161-4. Veja o texto dessa seção de Postyshev no Link [postyshev0138.pdf].
De acordo com o historiador russo, escritor e figura militar, Vladimir Karpov, Postyshev confirmou sua
confissão a Molotov:
Em minhas conversações com Molotov em sua dacha nós falamos sobre as repressões. Uma vez eu
perguntei:
Carta de Andreev para Stalin, de 31 de janeiro de 1938, sobre as repressões arbitrárias e extrajudiciais de
Postyshev:
EIKHE
Khrushchev:
O Comitê Central considera absolutamente necessário informar ao Congresso de muitos desses “casos”
fabricados contra os membros do Comitê Central do Partido eleitos no 17º Partido Congresso. Um
exemplo de provocação vil, de falsificação odiosa e de violação criminosa da legalidade revolucionária
é o caso do ex-candidato ao Politburo do Comitê Central, um dos mais proeminentes militantes do
Partido e do governo soviético, camarada Eikhe, membro do Partido desde 1905.
A carta de Eikhe a Stalin, de 27 de outubro de 1939: seleções no relatório Pospelov, disponível no Link
[alexanderyakovlev.org/almanah/inside/almanah-doc/55752]. Publicada por completo em Ayermakher, K., ed. Docklad N. S. Khrushcheva o Kulte
Lichnisti Stalina na XX sezde KPSS. Dokumenty. Moscou: ROSSPEN 2002, pp. 225-229.
Agora nós temos uma declaração de abril de 1939 feita por Frinovsky, mão direita de Yezhov, na qual ele
discorre sobre o envolvimento de Yezhov e Evdokimov na conspiração direitista. Nessa conexão ele menciona
Eikhe.
Lubianka 3, p. 40.
Depois de uma sessão da Plenária [do Comitê Central de outubro de 1937], ao anoitecer, Evdokimov,
eu e Yezhov estávamos na dacha de Yezhov. Quando nós chegamos lá, Eikhe já estava, mas Eikhe não
teve qualquer conversação conosco. O que aconteceu com Eikhe antes de nossas chegadas – Yezhov
não me disse. Depois do jantar Eikhe foi embora, nós permanecemos e conversamos até quase de
manhã.
Lubianka 3, p. 44.
Yuri Zhukov:
Foi em 29 de junho [de 1937 – GF], a Plenária já tinha sido concluída quando uma nota chegou ao
Politburo através do Primeiro Secretário do Comitê do oblast de Novosibirsk, R. I. Eikhe, na qual ele
requisitava que o Politburo lhe concedesse a ele poderes extraordinários com base temporária, em seu
território. Ele escreveu que no oblast de Novosibirsk tinha sido descoberta uma forte organização
contrarrevolucionária antissoviética que os órgãos do NKVD não tiveram sucesso em liquidar
completamente. Era necessário, ele disse, a criação de uma “troika” com a seguinte composição: o
Primeiro Secretário do obkom do Partido [i.e. O próprio Eikhe – GF] o procurador do oblast e o chefe
da diretoria de oblast do NKVD, com os poderes de tomar decisões operacionais referentes ao exílio
de elementos antissoviéticos e executar sentenças de morte para as pessoas mais perigosas desse grupo.
Isto é, de fato um tribunal militar de campo, sem defesa, sem testemunhas, com o direito de execução
imediata das sentenças. O requerimento de Eikhe foi racionalizado pelo fato que, à face de tão
poderosa organização contrarrevolucionária, eleições para o Soviete Supremo poderiam trazer um
resultado político indesejável.
Yuri Zhukov Stalin, Inoi Vzgliad. Beseda s avtorom knigi ‘Inoi Stalin’. Nash sovremennik 2004, No. 12 Texto no Link [nash-sovremennik.ru/p.php?
y=2004&n=12&id=4].
Zhukov desenvolveu essas ideias primeiramente na agora famosa série Zupel Stalina “O Espantalho de Stalin” no Komsomolskaya Pravda em
novembro de 2002. Esse assunto é coberto no artigo de 16 de novembro de 2002.
Essa série está agora completamente disponível na internet; por exemplo, no Link [x-libri].
KP 20 de nov. de 2002.
Mas Yezhov manteve sua opinião38 [n. 38, p237, é para documentos de arquivos não mais disponíveis:
38. IBD [fm. nota anterior – “TsA FSB, f. 3-os, op. 4, d. 6, 1. 61”] Arquivo de investigação do caso de
Frinovsky, N-15301, t. 7, ll. 36-37]
p. 107:
Dirigentes regionais do Partido temiam que os inimigos de classe pudessem tomar vantagem da
liberdade oferecida nas eleições. Na plenária de junho de 1937 o líder do governo cazaque, U. D.
Isaev, alertou: “Nós iremos nos chocar com uma situação de direta luta de classes. Mesmo agora,
mulás, trotskistas e cada tipo de outro elemento contrarrevolucionário estão se preparando para as
eleições”108. Na Plenária de outubro de 1937, o dirigente do Partido de Moscou, A. I. Ugarov, mais
uma vez apontou para intensificar as declarações de atividade hostil. Por agora, entretanto, seu colega
siberiano ocidental, R. I. Eikhe, foi capaz de estabelecer que, ao contrário, graças ao esmagamento das
bases contrarrevolucionárias organizadas a situação tinha melhorado muito. Stalin concordou: “As
pessoas estão felizes de terem se livrado dos sabotadores”109. Por questões de segurança, durante o
mesmo mês foi decidido banir eleições abertas e introduzir candidaturas únicas.
[ambas as notas de rodapé 108 e 109 são dos documentos de arquivo não mais disponíveis: “108:
RTsHhIDNI, f. 17, op. 2, d. 617, l. 167. 109: Idem, d. 626, ll. 40-41, 62”.]
YEZHOV
Embora isso quebre, de alguma forma, a ordem do original, é conveniente examinar o que Khrushchev
disse sobre Yezhov, uma vez que está intimamente relacionado com Eikhe.
Khrushchev:
Estamos justamente acusando Yezhov pelas práticas degeneradas de 1937. Mas temos que responder a
estas perguntas: Yezhov poderia ter prendido Kossior, por exemplo, sem o conhecimento de Stalin?
Houve um debate ou uma decisão do Politburo sobre isso? Não, não houve, da mesma forma que não
houve nada disso em relação a outros casos desse tipo. Yezhov poderia ter decidido assuntos tão
importantes como o destino de figuras tão eminentes do Partido? Não, seria uma demonstração de
ingenuidade considerar isso como trabalho de Yezhov sozinho. Está claro que essas questões foram
decididas por Stalin e que Yezhov não poderia ter feito isso sem ordens e sem sanção dele.
Lubianka 3, p. 42.
Depois da Plenária do Comitê Central de outubro de 1937 eu e Evdokimov nos encontramos pela
primeira vez na dacha de Yezhov. Na época, Evdokimov começou a conversa. Virando-se para Yezhov
ele perguntou: “Qual a questão com você? Você prometeu endireitar a posição de Yagoda e, ao invés, o
caso está ficando cada vez mais sério e agora está se aproximando de nós. Obviamente você está
dirigindo porcamente esse caso”. Yezhov estava quieto, a princípio, e então começou a declarar que
“realmente, a situação é difícil, então agora nós vamos tomar medidas para reduzir o escopo das
operações, mas obviamente, nós temos que lidar com o chefe dos direitistas”. Evdokimov praguejou,
cuspiu e disse: “Você não pode me colocar no NKVD? Eu serei capaz de ajudar mais que o resto”.
Yezhov disse: “Isso seria bom, mas o Comitê Central dificilmente concordará em transferi-lo para o
NKVD. Penso que a situação não seja completamente desesperançosa, mas você precisa ter uma
conversa com Dagin, você tem influência sob ele, é necessário para ele desenvolver as tarefas no
departamento de operações, e nós precisamos estar preparados para realizar atos terroristas”. – p. 43
Lubianka 3, p. 42.
(...) E aqui Evdokimov e Yezhov, juntos, falaram sobre as possíveis limitações da operação, mas, como
foi considerado impossível, eles concordaram em desviar o golpe de seus próprios quadros e tentar
direcioná-lo contra quadros honestos que estavam dedicados ao Comitê Central. Essa foi a instrução de
Yezhov.
ibid., p. 44.
Após a prisão dos membros do centro de direitistas, Yezhov e Evdokimov, em essência, se tornaram o
centro e o organizaram:
TRABALHO INVESTIGATIVO
O aparato investigativo, em todos os departamentos do NKVD, estava divididos entre “investigadores-
quebra ossos”, “quebra ossos” e investigadores “ordinários”.
[Nota: Jansen & Petrov traduziram essa palavra kololshchiki, como “açougueiros [butchers]”.
“Gangster [Thug]” seria um equivalente mais moderno, significa alguém cujo trabalho é espancar
pessoas. – GF]
O que esses grupos representavam e quem eram eles?
“Investigadores-quebra ossos” eram basicamente escolhidos dentre os conspiradores ou pessoas que
eram comprometidas. Eles tinham recursos não supervisionados para espancar pessoas presas e em um
período muito curto de tempo obtinham “confissões” e sabiam escrever transcritos de maneira elegante
e de acordo com a gramática.
A essa categoria pertenciam: Nikolaev, Agas, Ushakov, Listengurt, Evgenev, Zhuoakhin, Minaev,
Davydov, Altman, Geiman, Livin, Leplvsky, Karelin, Kerzon, Iamnitsky e outros.
Uma vez que a quantidade daqueles presos que confessavam sob tais métodos crescia diariamente,
havia então uma grande necessidade de investigadores que sabiam compor interrogatórios, os então
chamados “investigadores-quebra ossos” começaram, cada um por si, a criar grupos de “quebra ossos”.
O grupo dos “quebra ossos” consistia de militantes técnicos. Esses homens não conheciam evidências
relativas ao suspeito, mas eram enviados para Lefortovo [prisão em Moscou], convocavam os acusados
e começavam a espancá-lo. Os espancamentos continuavam até o momento em que o acusado
concordava em dar uma confissão.
O grupo restante de investigadores tomavam conta dos interrogatórios daqueles acusados de crimes
menos sérios e eram deixados por si só, sem a liderança de ninguém.
O ulterior processo de investigação era o seguinte: o investigador conduzia o interrogatório e, ao invés
de um transcrito, juntava notas. Depois de vários desses interrogatórios, um rascunho de transcrito era
arranjado pelo investigador. O rascunho ia para “correção” do chefe do departamento apropriado, e
dele, ainda não assinado, ia para a revisão do ex-Comissário do Povo Yezhov e, em casos raros, para
mim. Yezhov olhava o transcrito, fazia alterações e adições. Na maioria dos casos, aqueles presos não
concordavam com as edições do transcrito e declararam que não tinham dito aquilo durante a
investigação e se recusavam a assinar.
Então os investigadores rememoravam os presos sobre os “quebra ossos” e as pessoas sob investigação
assinavam o transcrito. Yezhov produzia a “correção” e “edição” dos transcritos, na maioria dos casos
sem nunca ter visto com seus olhos a pessoas presas, e se ele os via, era apenas durante uma inspeção
momentânea das celas ou salas de investigação.
Com tais métodos, os investigadores forneciam os nomes.
Na minha opinião, eu falaria a verdade se declarasse que, em geral, era bem comum as confissões
serem dadas pelos investigadores e não por aqueles que eram investigados.
A direção do Comissariado do Povo, isto é, eu e Yezhov, sabíamos disso? Sabíamos.
Como nós reagimos? Falando honestamente – nós não reagimos e Yezhov até mesmo encorajava isso.
Ninguém se importava em investigar a qual dos acusados tinha-se aplicado pressão física. E, uma vez
que a maioria das pessoas que estava empregando esses métodos eram eles próprios inimigos do povo
e conspiradores, acusações falsas também aconteciam, implicamos falsas acusações, prendemos e
fuzilamos pessoas inocentes que foram caluniadas como sendo inimigos do povo, tanto por aqueles
que estavam presos, quanto por inimigos do povo entre os investigadores. Investigações reais
desapareceram.
ibid., p. 45-6.
Participante ativo nas investigações, em geral, Yezhov manteve-se afastado da preparação deste
julgamento. Antes do julgamento, Yezhov não participou da acareação face a face dos suspeitos,
interrogatórios e refinamento. Ele conversou por um longo tempo com Yagoda e essas conversas
tratavam, principalmente, de garantir que Yagoda não fosse fuzilado.
Yezhov, muitas vezes, teve conversas com Bukharin e Rykov, também para acalmá-los e assegurá-los
que sob nenhuma circunstância seriam fuzilados (...) Aqui, Yezhov inquestionavelmente foi governado
pela necessidade de encobrir seus próprios laços com os líderes da direita presos, que estavam indo a
julgamento público.
ibid., p. 47-8.
Quando Yezhov chegou no NKVD, em todas as reuniões, em conversas com os agentes operacionais,
ele criticou acertadamente a mente estreita e institucional e o isolamento pelo Partido, enfatizou que
ele deveria introduzir lentamente um espírito partidário nos agentes, que ele não escondia nem nunca
esconderia nada, nem do partido nem de Stalin. Na verdade, ele estava enganando o partido tanto em
assuntos sérios quanto nas coisas pequenas. Yezhov teve todas essas conversas com o propósito de
colocar para dormir qualquer senso de vigilância dos agentes honestos do NKVD.
p. 52.
Tendo discutido a situação atual com EGOROV, nós chegamos à conclusão de que o Partido e as
massas populares estavam indo com a direção do VKP(b) e o solo para o coup golpe não tinha sido
preparado.
Portanto, nós decidimos que era necessário remover STALIN e MOLOTOV, sob a bandeira de algum
tipo de organização antissoviética ou outra, com o propósito de criar as condições para a minha ulterior
ascensão ao poder. Depois disso, uma vez que eu tivesse assumido uma posição de maior poder, teria
sido criada a possibilidade de futuras mudanças mais decisivas nas políticas do Partido e do governo
soviético, em conformidade com os interesses da Alemanha.
Eu pedi a EGOROV transmitir aos alemães, por intermédio de KÖSTRING, nossos planos e pedi a
opinião dos círculos governamentais na Alemanha.
PERGUNTA: Que tipo de resposta você recebeu?
RESPOSTA: Pouco depois, das palavras de KÖSTRING, EGOROV relatou a mim que os círculos de
governo na Alemanha concordaram com a nossa sugestão.
PERGUNTA: Ao que você se comprometeu a fim de realizar seus planos traidores?
RESPOSTA: Eu decidi organizar uma conspiração no NKVD e atrai a ela pessoas através das quais eu
seria capaz de realizar nossos atentados terroristas contra direções do Partido e do governo.
Pergunta: Foi somente após a conversa com EGOROV que você decidiu formar uma organização
conspiratória no NKVD?
RESPOSTA: Não. De fato, a questão se deu dessa forma. Muito antes dessa conversa com EGOROV,
na época da minha nomeação para Comissário de Assuntos Interno, eu trouxe comigo, para o NKVD,
um grupo de agentes que eram intimamente ligados a mim através de atividade contrarrevolucionária.
Dessa forma, minha confissão, em que trato da organização de uma conspiração, deve ser entendida
apenas no sentido de que – em conexão com minha conversa com GAMMERSHTEIN e com o
estabelecimento de contato entre mim e os conspiradores militares – tornou-se necessário desenvolvê-
la mais amplamente, para acelerar, dentro da NKDV a configuração da organização conspiratória.
p. 64.
No que diz respeito a EVDOKIMOV e FRINOVSKY, este foi completamente introduzido, por mim,
aos detalhes da conspiração e sabia de absolutamente tudo, incluindo minhas ligações com os grupos
de conspiradores militares no Exército Vermelho e nos círculos militares na Alemanha.
p. 65.
(...)Eu informei KÖSTRING sobre as futuras prisões dentre os militares e declarei a ele que estava
além das minhas capacidades impedir tais prisões. Em particular, relatei sobre a prisão de EGOROV,
que poderia causar o colapso de toda a conspiração. KÖSTRING estava muito chateado por essa
situação. Ele colocou a mim, rispidamente, a questão de se nesse momento não era essencial tentar
algum tipo de medida para a tomada do poder ou seríamos esmagados um de cada vez. – p. 67
RESPOSTA: Pessoalmente, eu não me encontrei mais com KOSTRING. Depois disso, nossas
comunicações eram realizadas através de KHOZIAINOV.
PERGUNTA: KHOZIAINOV sabia sobre os atentados terroristas, que vocês estavam preparando
contra as direções do Partido e do governo?
RESPOSTA: Sim, ele sabia. A respeito delas, KHOZIAINOV tinha sido informado não somente por
mim, mas pela inteligência alemã, já que durante o primeiro encontro depois do estabelecimento de
contato entre nós, KHOZIAINOV transmitiu a mim uma diretiva dos alemães: acelerar o mais rápido
possível a realização dos atentados terroristas.
Além disso, KHOZIAINOV transmitiu a mim as diretivas da inteligência alemã que, em conexão com
minha dispensa do trabalho no NKVD e a nomeação de BERIA para Comissário do Povo para
Assuntos Internos, considerou essencial efetuar o assassinato de alguns membros do Politburo e, dessa
forma, provocar uma nova diretoria no NKVD[i.e., a dispensa de Beria -GF]
Neste mesmo período, dentro do NKVD, iniciaram-se as prisões dos participantes ativos da
conspiração que eu encabeçava, e, então, nós chegamos à conclusão de que era necessário organizar
um atentado para 7 de novembro de 1938.
PERGUNTA: Quem é “nós”?
RESPOSTA: Eu – YEZHOV, FRINOVSKY, DAGIN e EVDOKIMOV.
p. 67.
(...)Em uma das reuniões, em meu escritório no Comissariado para a Água, comuniquei a LAZEBNY
que havia materiais comprometedores sobre ele no NKVD, que ameaçavam prendê-lo e condená-lo.
Eu disse a LAZENBNY: “Não há saída para você, você está condenado, mas você pode salvar um
grupo grande de pessoas ao se sacrificar”. Durante o interrogatório correspondente de LAZEBNY, eu
lhe informei que o assassinato de STALIN salvaria a situação no país, LAZEBNY me deu seu
consentimento.
p. 108.
O funcionamento das troikas foi agudamente criticado. Andreev et al. relatou que tinha havido
“deslizes graves” no trabalho, bem como no então chamado Grande Colégio [bolshaia kollegiiia], onde
geralmente, durante uma única sessão à tarde, de 600 a 2.000 casos eram examinados (Eles estavam se
referindo ao exame dos álbuns de operações nacionais, em Moscou; antes de serem assinados pelo
Comissário do Povo para Assuntos Internos e pelo Procurador, os álbuns eram examinados por uma
série de chefes de departamentos do aparato central do NKVD). O trabalho das troikas regionais, de
fato, não era controlado pelo NKVD de forma alguma. Aproximadamente 200.000 pessoas foram
sentenciadas a dois anos pelas então chamada troikas milicianas, “cuja existência não era legal”. O
Quadro Especial do NKVD “não se reuniu em sua forma prevista em lei nem mesmo uma vez”113.
Como um executivo do setor operacional do NKVD de Tyumen atestaria posteriormente, prisões eram,
em geral, feitas de modo arbitrário – pessoas eram presas por pertencerem a grupos que não existiam
verdadeiramente – e a troika estava devidamente alinhada com o grupo operacional:
“Em reunião alguma da troika os crimes dos réus foram examinados. Em alguns dias, durante uma
hora, eu reportei à troika casos envolvendo 50-60 pessoas”. Em uma entrevista posterior, o executivo
de Tyumen deu considerações mais detalhadas sobre como o grupo operacional executava as sentenças
de “primeira categoria” das troikas. Tais sentenças à morte eram executadas no porão, em uma sala
especial de paredes cobertas, com um tiro atrás da cabeça, seguido por um segundo tiro na têmpora. Os
corpos eram então levados ao cemitério, fora da cidade. Em Tobolsk, para a qual as pessoas envolvidas
foram transferidas em 1938, eles executavam e enterravam na própria prisão; por falta de espaço os
corpos eram empilhados114. O assistente chefe da administração policial de Saratov deu um
testemunho similar: “A instrução básica era produzir quantos casos fossem possíveis, formulá-los o
mais rápido possível, com o máximo de simplicidade na investigação. Para a cota de casos, [o chefe do
NKVD] demandava [a inclusão de] todos aqueles sentenciados e todos aqueles que foram pegos,
mesmo que, no momento de sua apreensão, não tivessem cometido nenhum tipo de crime concreto115.
Depois de preso o vice de Yezhov, Frinovsky explicou que os principais investigadores do NKVD
tinham sido “açougueiros” [Sledovatelikololshchiki], selecionados principalmente entre “conspiradores
e pessoas comprometidas”. “Sem acompanhamento, eles aplicavam espancamentos aos prisioneiros,
obtinham”testemunhos” no tempo mais curto possível”. Com o aval de Yezhov, era o investigador, ao
invés do prisioneiro, que determinava o testemunho. Mais tarde, os protocolos eram “editados” por
Yezhov e Frinovsky, geralmente sem verem os prisioneiros ou só de passagem. De acordo com
Ribovski, Yezhov encorajava o uso da força física durante os interrogatórios: ele pessoalmente instruía
os investigadores a usarem “métodos de influência física” se os resultados fossem insatisfatórios.
Algumas vezes durante os interrogatórios ele estava bêbado116
Como um dos investigadores explicou posteriormente se alguém fosse preso sob ordens de Yezhov, ele
era convencido de sua culpa com antecedência, mesmo se todas as evidências estivessem faltando.
Eles “tentaram obter uma confissão daqueles indivíduos usando todos os meios possíveis”117. Já
preso, o ex-vice chefe do NKVD de Moscou, A. P. Radzivilovski, citou Yezhov dizendo que se a
evidência estava faltando, dever-se-ia “arrancar a pancadas o testemunho [dos prisioneiros]”. De
acordo com Radzivilovski, os testemunhos “via de regra, eram obtidos como resultado da tortura dos
prisioneiros, a qual era amplamente praticada tanto no aparato central do NKVD como no
provincial”118.
Depois de sua prisão, tanto o chefe da prisão investigativa de Lefortovo de Moscou quanto o seu vice
testemunharam que Yezhov tinha participado pessoalmente do espancamento de prisioneiros durante
interrogatórios119. Seu vice, Frinovsky, tinha feito o mesmo120. Shepilov recorda como Khrushchev,
após a morte de Stalin, disse a seus colegas que um dia, durante uma visita ao escritório de Yezhov no
Comitê Central viu manchas de sangue coagulado na gola e nos punhos da blusa de Yezhov. Quando
questionado sobre o ocorrido, Yezhov respondeu com algum tom de êxtase, que devia se orgulhar das
manchas porque o era o sangue dos inimigos da revolução121.
[Notas estão na p. 241:
RUDZUTAK
Khrushchev:
O camarada Rudzutak, candidato-membro do Politburo, membro do Partido desde 1905, que passou 10
anos em um campo de trabalho forçado tsarista, retirou completamente durante o julgamento a
confissão que foi forçada a ele... Após uma análise cuidadosa do caso, em 1955, foi estabelecido que a
acusação contra Rudzutak era falsa e que se baseava em materiais caluniosos.
Rudzutak foi reabilitado postumamente.
Stalinskoe Politburo v 30-e gody. Ed. O. V. Khelevniuk et al. Moscou: AIRO-XX, 1995, p.156.
Stalin citou o nome de Rudzutak no discurso da Sessão Expandida do Conselho Militar adjunta ao
Comissariado do Povo para a Defesa de 2 de junho de 1937:
Trotsky, Rykov, Bukharin – esses são, por assim dizer, a liderança política. A eles eu também adiciono
Rudzutak, que também colocou-se na cabeça e trabalhou meticulosamente, confundiu tudo, mas por
fim acabou por ser um espião alemão; Karakhan; Yenukidze.
[...]
Vamos continuar. Eu enumerei 13 pessoas, e repito seus nomes: Trotsky, Rykov, Bukharin, Yenukidze,
Karakhan, Rudzutak, Yagoda, Tukhachevsky, Yakir, Uborevich, Kork, Eideman, Gamarnik.
[...]
Bukharin. Não temos evidências de que ele próprio tenha informado [os alemães], mas tinha laços
muito íntimos com Yenukidze, Karakhan e Rudzutak, esses aconselhavam-no (...)
[...]
Rudzutak. Eu já falei que ele não admite ser um espião, mas nós temos todas as evidências. Nós
sabemos aquele para quem deu suas informações. Há uma certa experiente agente de inteligência na
Alemanha, em Berlim. Quando um de vocês visitar Berlin, Josephina Genzi, talvez algum de vocês a
conheça. Ela é uma mulher bonita. Uma experiente agente de inteligência. Ela recrutou Karakhan.
Recrutou por meio de encontros sexuais [literal: “pelo lado feminino” – GF]. Ela recrutou Yenukidze.
Ela ajudou a recrutar Tukhachevsky. E ela tem Rudzutak em suas mãos.
[...]
Esse é o núcleo, e o que isso mostra? Algum desses homens votou por Trotsky? Rudzutak nunca
voltou por Trotsky e ainda assim se tornou um agente secreto.
[...]
Aqui está o valor da perspectiva de “quem votou em quem”.
Rudzutak é citado muitas vezes pelos réus durante o Julgamento “de Bukharin” de março de 1938,
diversas vezes apenas por Krestinsky. De acordo com Krestinsky, Rudzutak foi uma das figuras centrais da
conspiração antigoverno.
KRESTINSKY: Eu soube por Piatakov, que me disse em fevereiro de 1935 sobre uma organização que
tinha sido formada, a qual unia os Direitistas, Trotskistas e militares; com o objetivo de preparar um
golpe militar. Eu também sabia que a liderança central incluía Rykov, Bukharin, Rudzutak e Yagoda
dos direitistas; Tukhachevsky e Garminik dos militares e Piatakov dos trotskistas. (...)
No início de 1935, Piatakov me informou que um acordo foi feito, nomeando a composição do centro
sobre o qual falei ontem e disse que Rozengolts e eu, por mais que não nos juntássemos a este centro,
deveríamos trabalhar sob sua direção, principalmente em relação ao planejamento e ao preparo do
futuro aparato governamental. Se apresentava uma espécie de divisão do trabalho. Nos foi dito que
estaríamos trabalhando com Rudzutak dos direitistas e com Tukhachevsky. Minha impressão era que
apenas Rudzutak fora citado, porém Rozengolts teve ativa participação e subsequentemente ele me
contou sobre suas reuniões com Rykov. De modo geral eram Rykov e Rudzutak dos direitistas e
Tukhachevsky do grupo militar. Eu não possuía o conhecimento das conexões com Tukhachevsky e
Rozengolts, sabendo nada deles; mas, como parte da divisão do trabalho, ele assumiu principalmente
as relações com os direitistas, embora fosse eu quem normalmente visitava Rudzutak, e ao que
constava a Tukhachevsky era principalmente eu, mas também ele.
Report of Court Proceedings in the Case of Aint-Soviet “Bolc of Rights and Trotskyites” Heard Before the Military Collegium of the Supreme Court
of the U.S.S.R Moscow, March 2-13, 1938... Verbatim Report Moscou: Comissariado do Povo para a Justiça da URSS, 1938, pp. 184; 279-80.
Rudzutak é citado nesse julgamento muitas vezes por Rozengolts, que é citado por Yezhov:
Pergunta: O que você empreendeu para concluir a tarefa dos alemães?
Resposta: Eu prometi a Kandelaki meu apoio e deveras negociei com Rozengolts sobre a conveniência
de se concluir algo sobre tal arranjo. Como resultado o Comissariado do Povo para Comércio Exterior
tomou uma decisão favorável ao acordo.
“Os transcritos do Interrogatório do Prisioneiro Yezhov Nikolai Ivanovich of April 26 1939”, Lubianka l Stalin i NKVD – NKGB – GUKR
“SMERSH”. 1939 – mart 1946 Moscou, 2006, pp. 63-4. Tradução no Link [ezhov042639eng].
Isso também confirma sua associação com os conspiradores militares de Tukhachevsky, os mesmos que
Rudzutak foi acusado de estar envolvido. Rozengolts foi citado muitas vezes por Tamarin como o principal
conspirador direitista, e como a pessoa que o recrutou pessoalmente em um recém-publicado interrogatório-
confissão.
Rudzutak foi citado por Rukhimovich durante sua confissão, em 31 de janeiro de 1938:
Pergunta: O que você sabia sobre as atividades dessa organização letã?
Resposta: Eu já confessei que foi BAUMAN e MEZHLAUK que mantiveram contato com os letões.
Portanto são eles que devem dar os detalhes sobre as pessoas e as atividades dessa organização. Tudo
que eu sei é que RUDZUTAK e ALKSNIS encabeçavam a operação. A organização estava firmemente
ligada com os serviços de inteligência letão e alemão, e possuía muitos quadros contrarrevolucionários.
Especialmente as unidades armadas da organização militar letã seriam usadas no plano do “golpe
palaciano”.
ROZENBLIUM
Khrushchev:
A forma pela qual os antigos agentes do NKVD fabricavam vários “centros antissoviéticos” e “blocos”
fictícios com a ajuda de métodos provocativos é vista a partir da confissão do camarada Rozenblium,
membro do partido desde 1906, que foi preso em 1937 pelo NKVD de Leningrado.
Em 1955, durante a apuração do caso Komarov, Rozenblium revelou o seguinte fato: Quando foi preso
em 1937, ele foi submetido a uma terrível tortura durante a qual foi ordenado a confessar informações
falsas sobre si mesmo e sobre outras pessoas. Ele foi então levado para o escritório de Zakovskii, que
lhe ofereceu liberdade com a condição de que fizesse, perante o tribunal, uma confissão falsa sobre
“sabotagem, espionagem e diversionismo para um centro terrorista em Leningrado”, fabricada em
1937 pelo NKVD (Movimento no salão). Com um cinismo inacreditável, Zakovskii contou sobre o vil
“mecanismo” para a criação astuta de “tramas antissoviéticas” forjadas.
... O caso do centro de Leningrado tinha que ser construído solidamente e, por isso,
testemunhas eram necessárias.
“Você, você mesmo” – disse Zakovskii – “não precisará inventar nada. O NKVD
preparará para você um esboço para cada ramo do centro; você terá que estudá-lo
cuidadosamente e lembrar bem de todas as perguntas e respostas que o Tribunal pode
fazer. Este caso estará pronto em quatro ou cinco meses, ou talvez meio ano. Durante todo
esse tempo você se preparará para que não comprometa a investigação nem a si mesmo.
Seu futuro dependerá de como o julgamento se desenrolar e de seus resultados. Se você
começar a mentir e testemunhar falsamente, culpe a si mesmo. Se você conseguir suportar
isso, você vai salvar sua cabeça e nós vamos alimentá-lo e vesti-lo aos custo do Governo
até a sua morte”.
Esta é a forma das coisas vis que foram, então, praticadas. (Movimento no salão.)
Para todo o método de confissões extraídas por meio do espancamento de pessoas, tanto inocentes quanto
culpadas, veja a Seção 16, acima, sobre Yezhov e citações das declarações de Frinovsky.
Jansen e Petrov citam Yezhov como o mandante do fuzilamento de Zakovskii em agosto de 1938 para
tira-lo do caminho, o impedindo de testemunhar contra.
Frinovsky retornou a Moscou em 25 de agosto, pouco após a nomeação de Beria e foi convocado
diretamente ao NKVD e permaneceu com Yezhov por mais de uma hora. Depois de preso
testemunhou: “Eu nunca tinha visto Yezhov tão depressivo. ‘As coisas estão apodrecids’ ele disse,
abordando diretamente a questão de Beria ter sido encaminhado contrariamente à sua vontade”. Em
27-28 de agosto, Frinovsky encontrou-se com Evdokimov, que insistiu que antes da chegada de Beria
ele deveria tomar conta de qualquer caso (neodelki) não finalizado que pudesse comprometê-los. Ele
disse a Frinovsky “Cheque se Zakovskii e todos os homens de Yagoda foram executados porque as
investigações desses casos talvez sejam reiniciadas após a chegada de Beria e talvez eles se virem
contra nós”. Frinovsky então confirmou que o grupo de Chekistas, incluindo Zakovskii e Mironov,
tinha sido fuzilado em 26-27 de agosto (na verdade eles foram fuzilados em 29 de agosto).
Jansen & Petrov, p. 151. Esse é o mesmo documento que o da declaração de Frinovsky publicado recentemente (2006) e o qual eu coloquei na
internet no Link [frinovskyeng].
KABAKOV
Khrushchev:
Ainda mais ampla foi as falsificações de casos praticadas nas províncias. A sede do NKVD do Oblast
de Sverdlov “descobriu” a chamado “equipe de insurreição dos Urais” – um órgão do bloco de
direitistas, trotskistas, Socialistas-Revolucionários, líderes da igreja – cujo chefe supostamente era o
Secretário do Comitê do Partido do Oblast de Sverdlov e membro do Comitê Central do Partido
Comunista da União (Bolcheviques), Kabakov, que era membro do Partido desde 1914. Os materiais
investigativos da época mostram que em quase todos os krais, oblasts [províncias] e repúblicas
supostamente existiam “organizações e centros trotskista-direitistas de espionagem e sabotagem” e que
os chefes dessas organizações, como uma regra – sem motivo conhecido – eram Primeiros Secretários
dos Comitês de Oblast ou dos Partidos Comunistas das Repúblicas, ou dos Comitês Centrais.
Kabakov foi dispensado tanto do CC quanto do Partido por uma resolução emitida pelo CC em 17-19 de
maio de 1937 e aceita em 29 de junho de 1937.
Kabakov aparece no relatório de Yezhov para a Plenária do CC de junho de 1937, sobre a natureza
difundida da conspiração:
Nesse relatório Yezhov esboçou uma entramada conspiração contra Stalin. Aparentemente já em 1933,
por iniciativa de vários grupos oposicionistas, uma união “Centro dos Centros” tinha sido criada com
Rykov, Tomsky e Bukharin representando os direitistas, SR’s e Mencheviques; Yenukidze ao lado dos
conspiradores do Exército Vermelho e NKVD; Kamenev e Sokolnikov pelos zinovievitas; e Piatakov
pelos trotskistas. A principal tarefa do “Centro dos Centros” ou “Centro Unido” tinha sido a derrubada
do poder soviético e restauração do capitalismo na URSS. Supostamente os conspiradores militares,
liderados por Tukhachevsky, bem como Yagoda e seu pessoal no NKVD, eram subordinados do
Centro. A inovação no esquema de Yezhov era que nas direções de cada república ou província
também haviam conspiradores. Ele menciona os dirigentes regionais do partido, Sheboldaev, de Kursk,
Razumov, de Irkutsk, Kabakov, de Sverdlovsk e Rumiantsev, de Smolensk – todos eles membros do
Comitê Central, os quais já haviam sido presos antes da Plenária104.
Kabakov foi citado, em uma nota ao Politburo assinada por Stoliar, Secretário de Obkom, chefe de uma
organização contrarrevolucionária nos Urais.
Com base nas evidências em mãos no obkom e as confissões de 5 militantes presos do aparato
especialmente designado pelo CCP [Comissão de Controle do Partido – GF] para esse oblast, o
plenipotenciário do CCP, Bukharin [nota: não é o Bukharin “famoso”] e o secretário do colégio do
Partido, Nosov, foram expostos como inimigos do povo, sendo participantes ativos da organização
contrarrevolucionária encabeçada nos Urais por Kabakov.
Kabakov foi delatado por Zubarev, um dos réus do Julgamento “de Bukharin” em março de 1938, como
um membro desde 1929, de uma conspiração direitista nos Urais. Rykov um dos principais réus junto com
Bukharin também citou Kabakov como um importante membro da conspiração direitista.
ZUBAREV:(...) Quando eu consenti ele me disse de uma vez que eu não seria o único a trabalhar nos
Urais, que lá já havia um membro ativo muito influente da organização contrarrevolucionária e que era
diretamente conectado com o Centro Unido através de Rykov. Ele mencionou Kabakov.
ZUBAREV: Rykov referiu A. P. Smirnov e afirmou que ele tinha ouvido deste último que eu era um
membro ativo da organização dos direitistas. Eu descrevi a ele a situação geral dos Urais, o estado de
nossa organização e disse-lhe que já ao final de 1929, em dezembro, Kabakov e eu tínhamos
organizado um grupo regional que coordenava todo o trabalho. Eu informei quem pertencia a esse
grupo: Kabakov, eu, Sovetnikov e outros. Eu disse sobre o trabalho que eu havia realizado sob as
instruções de Smirnov e de Rykov, transmitidas por Kabakov.
RYKOV: (...) havia uma série de membros de nossa organização em vários lugares, como foi
enumerado, incluindo pessoas como Kabakov, secretário (...)
John D. Littlepage discute a sabotagem nos Urais (Veja Capítulos 9, 10 e 25 para sabotagem em geral).
Sobre Kabakov especificamente (p. 99):
Pareceu-me claro na época que a seleção dessa comissão e sua conduta na Kalata eram diretamente
rastreáveis de volta ao alto comando comunista em Sverdlovsk, cujos membros devem ser acusados ou
de negligência criminosa ou de participação ativa nos eventos ocorridos naquelas minas. /100/
Entretanto, o secretário chefe do Partido Comunista nos Urais, um homem chamado Kabakoff, tinha
ocupado esse posto desde 1922, durante o período de grande atividade no desenvolvimento das minas
e indústrias dos Urais. Por alguma razão, que nunca me foi clara, ele sempre comandou com a
confiança absoluta do Kremlin e era considerado tão poderoso que era privadamente descrito como
“Vice-rei bolchevique dos Urais”.
Se os arquivos desse homem fossem examinados, não haveria nada que justificasse a reputação que ele
aparentava ter. Sob seu longo comando, a área dos Urais, que é uma das mais ricas regiões mineiras da
Rússia e a qual foi dada capital quase ilimitado para exploração, nunca produziu nada parecido com o
que deveria ter sido feito.
(...) Na época, eu disse a alguns de meus conhecidos russos que me parecia haver muito mais coisas
acontecendo nos Urais do que havia sido revelado e que isso vinha de algum lugar do alto.
Todos esses incidentes se tornaram mais claros, até onde eu tinha conhecimento, depois do julgamento
da conspiração, em janeiro de 1937, quando Pyatakoff, junto com muitos outros de seus associados,
confessaram na corte aberta que tinham engajado em organizar sabotagem em minas, linhas
ferroviárias e outras empresas industriais, desde o começo de 1931. Poucas semanas depois desse
julgamento terminar e Pyatakoff ser sentenciado ao fuzilamento, o Secretário chefe do Partido nos
Urais, Kabakoff, que tinha sido associado íntimo de Pyatakoff, foi preso sob as acusações de
cumplicidade na mesma conspiração.
Littlepage, Demaree Bess. In Search of Soviet Gold NY: Harcourt, Brace & Co. 1938 (1937).
John R. Harris teve acesso aos arquivos de investigação de Kabakov. Ele declara:
Como Kabakov colocou, “muitos dirigentes do Partido estavam imperceptivelmente envolvidos na
camarilha, [por meio de presentes ilegais] de modo que dentro de um ano ou dois, quando eles
entenderam a natureza criminosa daquilo estavam envolvidos, eles já estavam em dívida conosco”.
The Great Urals: regionalism and the evolution of the Soviet system. Ithaca: Cornell U. P. 1999, p. 163.
Khrushchev:
Muitos milhares de comunistas honestos e inocentes morreram como resultado da falsificação
monstruosa de tais “casos”, como resultado da ratificação de todos os tipos de “confissões” caluniosas
e como resultado da prática de se forçar acusações contra si mesmo e outros. Da mesma forma, foram
fabricados os “casos” contra eminentes e militantes do Partido e do Estado – Kossior, Chubar,
Postyshev, Kosarev e outros.
KOSSIOR E CHUBAR
O recém-publicado interrogatório-confissão de Yezhov, de 26 de abril de 1939, cita tanto Kossior quanto
Chubar entre aqueles que “visitaram” o agente de inteligência alemã, Norden, que por sua vez recrutou Yezhov:
Do grande número de pessoas que NORDEN consultou, eu especificamente me lembro de
GAMAENIK, YAKIR, HUBAR, PETROVSKY, KORSIOR, VEINBERG e METALIKOV. Norden
também me consultou.
Kossior implicou-o; então voltou atrás; então reiterou. Em sua própria confissão Postyshev implica
Kossior, bem como Yakir, Chubar e outros.
Kossior S. V., no início da investigação, nomeou Postyshev entre a série de participantes da
conspiração militar na Ucrânia. Então retratou sua confissão, mas confirmou-as de novo
subsequentemente. Nos arquivos de Kossior há uma declaração de Antipov N. K., na qual ele afirma
que houve relações íntimas completamente anormais entre Kossior e Postyshev e que Postyshev não
estava no centro geral das organizações contrarrevolucionárias da Ucrânia. Nessa situação, as
confissões de Kossior dão sérias margens para duvidar da sua confiabilidade.
RKEB 1, p. 1218.
RKEB 1, p. 215.
As acusações sobre Sukhomlin ser membro de uma organização trotskista-direitista e cooperar com a
inteligência japonesa são baseadas nas confissões dos presos, Tiagnibeda, Marchak, Shumiatsky,
Ermolenko e outros os quais referenciam Kossior, Postyshev, Yakir e ademais.
RKEB 1, p. 252.
Chubar foi implicado na conspiração trotskista-direitista por Antipov, Kossior, Pramnek, Sukhomlin,
Postyshev, Boldyrev e outros.
De acordo com o Relatório Pospelov, preparado para Khrushchev, Kossior foi preso em 3 de maio de
1938 – isto é, por Yezhov, muito antes da chegada de Beria à NKVD – e submeteram-no tanto a tortura (sem
detalhes informados) quanto a interrogatórios prolongados, de até 14 horas diretas. Dos 54 interrogatórios de
Kossior, apenas 4 foram documentados. Isso é consistente com a nova e reveladora declaração de Frinovsky.
No. 139
16 de junho de 1938
A confissão de Dmitriev:
LIUSHKOV disse-me que LEPLEVSKY veio à Ucrânia e ressaltou de modo alarmante sobre a
erradicação do pessoal de BALITSKY. Ele prendeu uma série de militantes dirigentes do NKVD
ucraniana e os acusou de realizar atividades contrarrevolucionárias sob as ordens de BALITSKY e de
ao mesmo tempo em conluio com uma série de conspiradores, que supostamente deveriam agir sob
suas instruções. LEPLEVSKY realizou o combate aos direitistas de tal maneira, que, por todos os
meios, ele sempre protegia de qualquer exposição a liderança da organização.
Nesse caso a pessoa em questão era KOSSIOR S. V. Ele, de acordo com as palavras de LIUSHKOV,
estava de fato em comando das tarefas operacionais no NKVD ucraniana(...)
Uma vez eu tive a impressão de que BALITSKY e LEPLEVSKY estavam em guerra um contra o
outro e que eram inimigos pessoais. LEPLEVSKY disse-me que tudo era apenas um espetáculo e que,
na verdade, ele e BALITSKY estavam na mesma clandestinidade contrarrevolucionária, liderada por
KOSSIOR, que era um dos mais clandestinos dos direitistas na Ucrânia.
KOSAREV
Kosarev foi citado por Babulin, neto ainda vivo de Yezhov, colega conspirador e testemunha da
“degeneração moral” de Yezhov e sua esposa Evgenya, como alguém que os visitava frequentemente junto com
outros conspiradores como Piatakov:
Resposta. YEZHOV e sua esposa, Evgenya Solomonovsna, tinham um amplo círculo de conhecidos
com os quais tinham relações amigáveis e simplesmente aceitavam-nos em sua casa. O mais frequentes
convidado na casa de YEZHOV era PIATAKOV, o ex-diretor do Banco Estatal da URSS, Mariasin,
ex-gerente da seção estrangeira do Banco Estatal, SVANIDZE ex representante de comércio na
Inglaterra, BOGOLOMOV, o editor de Peasant Gazette, URITSKY Semion, KOLTSOV Mikhail,
KOSAREV A. V., RYZHOV e sua esposa, Ziniaida GLIKINA e Ziniaida KORIMAN.
Ao que parece, ao interpretar essa mesma confissão de Babulin, e mais outros materiais de arquivos, não
mais disponíveis aos pesquisadores, que Jansen e Petrov tomaram por hipótese algum tipo de relação similar entre
as esposas de Kosarev e Yezhov.
Viktor Babulin adicionou Aleksandr Kosarev e um aluno da Academia Industrial, Nikolai
Baryshnikov, ao seu círculo pessoal. 27 O ex dirigente do Komsomol, Kosarev (que tinha sido editor
chefe da obra “URSS em Construção”, de Evgenya) tinha sido preso em 28 de novembro de 1938 e
fuzilado no dia 23 de fevereiro do ano seguinte. Foi detido por participar de uma suposta conspiração
do Komsomol, contudo, não há evidências que seu caso estivesse, de qualquer forma, relacionado com
o de Yezhov
Rogovin:
A Plenária [do CC do Komsomol] dispensou Kosarev de sua posição, bem como outros 4 secretários
do CC do Komsomol, devido a “comportamento insensível, escuso, e hostil para com militantes
honestos do Komsomol, que tentaram expor as fraquezas do trabalho do CC do Komsomol, e, por
vingarem-se contra um dos melhores militantes do Komsomol (o caso da camarada Mishakova).
De acordo com Akaki Mgeladze, Stalin. Kakim Ya Ego Znal N.p. (Tbilisi?), 2001, Mgeladze,
posteriormente Primeiro Secretário do Partido da Geórgia, mas figura dirigente do Komsomol na década de 1930,
discutiu sobre Kosarev com Stalin em 1947 (p. 165). Durante essa discussão Stalin disse a ele:
... A questão de Kosarev foi discutida duas vezes no Politburo. Zhdanov e Andreev estavam destacados
para verificar a evidência. Eles confirmaram que as declarações de Mishakova e outros correspondiam
com a realidade, e os materiais angariados pelo NKVD não davam motivos para dúvidas.
Mgeladze, que claramente acreditava que Kosarev era ou inteiramente inocente e foi acusado por Beria
por motivos pessoais ou tinha simplesmente cometido alguns erros, respondeu:
Eu li o transcrito da Plenária do Comitê Central do VLKSM [abreviação para Komsomol, “União
Comunista Leninista Soviética da Juventude” – GF], no qual Kosarev foi removido. Nos discursos
tanto de Zhdanov quanto Andreev, e no relatório de Shkiriatov, tudo foi tão minucioso que não é
possível duvidar de qualquer coisa.
De acordo com Mgeladze, Stalin tomou parte para explicar que todo mundo comete erros, e muitos erros
foram cometidos em 1937. Mas Stalin não considera esse o caso de Kosarev (p. 172).
AS LISTAS
Khrushchev:
As resoluções da Plenária do Comitê Central do Partido Comunista da União (Bolcheviques) de
janeiro de 1938 trouxeram alguma medida de melhoria às organizações partidárias. No entanto, a
repressão generalizada também existiu em 1938.
Getty e Naumov:
Então, as depredações massivas ao Partido eram alocadas (não sem alguma justificativa) em ex-
secretários do Partido que, em maioria, já haviam sido removidos.
p. 496.
Nos meses que seguiram [a Plenária de janeiro de 1938], cessaram-se as expulsões em massa do
Partido, muitos membros expulsos foram readmitidos e o recrutamento de novos membros começou
pela primeira vez desde 1933.
p. 497.
Robert Thurston:
Vyshinsky “questionou todo o curso do terror”. (109) “sem a aprovação do SecGen [Stalin], a
procuradoria nunca tomaria os passos que tomou para protestar e reprimir o terror”.
A descrição de Chuianov demonstra que o NKVD tinha estado fora de controle em nível regional, se não
nacional. (...), Mas toda a evidência agregada sugere que o terror tinha duas trilhas: em uma, Stalin pessoalmente
empurrou para frente os eventos, arranjou os tribunais espetáculos e demandou, de maneira confusa, que centenas
de milhares de pessoas fossem presas em 1937. No outro caso, a polícia fabricou casos, torturou pessoas não
visadas pelas diretivas de Stalin e se tornou um poder por si mesma”. (112; veja Cap 4 passim. Ênfases
adicionadas) > >>>Veja também Zhukov, Tainy Kremilia Cap. 2; Getty & Naumov 501-2; Insistência de Postyshev
para expulsões massivas, Tainy pp. 50-51. Para o relato de Malenkov veja: Tainy pp 48-9. Veja o decreto
(postanovlenie) “Ob oshibakakh”....
Benediktov:
Stalin, sem dúvida alguma, sabia sobre os caprichos e ilegalidades que aconteceram durante o curso
das repressões, se arrependeu e tomou medidas concretas na direção de corrigir os excessos que
aconteceram e liberar as pessoas honestas que haviam sido aprisionadas. Eu menciono isto pelo fato de
que naqueles dias nós tínhamos pouca tolerância com caluniadores e delatores. Muitos deles depois de
serem descobertos eram hospedados nos mesmos campos para os quais tinham enviado suas vítimas. O
paradoxo é que alguns deles, liberados durante o “degelo” de Khrushchev, começaram a gritar sobre a
ilegalidades stalinistas mais que qualquer um e até mesmo tiveram a audácia de publicar suas
memórias sobre tais ilegalidades! (...)
Em 1938 a Plenária do CC VKP(b) em janeiro abertamente admitiu essas ilegalidades cometidas
contra honestos comunistas e pessoas de fora do Partido e, ao seu fim, adotou uma resolução especial,
que, a propósito, foi publicada em todos os jornais centrais. Tão aberta foi, que em todo o país ocorreu
a discussão no 18º Congresso do Partido em 1939 a respeito dos danos causados pelas repressões
infundadas. Logo após a Plenária do CC de janeiro de 1938, milhares de pessoas ilegalmente
reprimidas, incluindo dirigentes militares proeminentes, começaram a retornar de seus locais de
aprisionamento. Todos eles estavam oficialmente reabilitados e Stalin se desculpou pessoalmente a
alguns deles.
Y. A. Benediktov, “O Staline I Khrushcheve”, Molodaia Gvardiia No. 4, 1998, 12-65; citado em rksmb. ru/print,php?143, Benediktov foi ministro
ou Primeiro Deputado do Ministro da Agricultura de 1938 a 1953 (Link [hrono.ru/biograf/benediktov]).
Lev Balayan:
De todo modo em 1938 adotaram seis resoluções do CC do VKP(b) relativas às violações da
legalidade socialista. Além daquelas discutidas acima, elas foram (...) [as seis são, então, enumeradas].
As “troikas” e “dvoikas” ligadas à NKVD foram abolidas por ordem do Comissário do Povo para
Assuntos Internos (L. P. Beria), em 26 de novembro de 1938.
Balayan, Stalin i Khrushchev, 28-9/237. Todos menos o primeiro (28 de março) estão em Lubianka 2. A data da abolição das troikas foi em 17 de
nov. de 1938 por “Obarestakh(...)”.
Balayan, Stalin i Khrushchev, Ch. 2, no Link [20130426065250]. Balayan se refere à coleção Rasprava. Prokorskie sd’by (Moscou; Iuridicheskaia
literature, 1990), p. 314 para a dissolução das “troikas” e dá a data incorreta, 26 de novembro de 1938. De fato, o decreto é datado de 17 novembro
de 1938
A carta de Vyshinsky para Stalin está em Sovetskoe Rukovodstvo: Perepiska 1928-1939. M, 199,
No. 239, pp. 398-400 e está online no Link [vyshinsky_stalinfeb0139].
Jansen & Petrov, sobre Uspensky sobre as direções de Yezhov para falsificação massiva de casos:
... a noção de que os chefes regionais do NKVD se opuseram silenciosamente aos planos de Yezhov e
que Yezhov forçou-os a conduzir operações em massa sob a ameaça de prisão é contradita pelo
testemunho de outro participante da conferência, o chefe do NKVD de Orenburg A. I. Uspensky (dada
durante investigação em abril de 1939). Em suas palavras, eles “tentaram superar uns aos outros com
relatórios sobre gigantescos números de pessoas presas”. Uspensky está, claro, incorreto ao falar sobre
“pessoas presas”, uma vez que a conferência lidou com cotas de futuras prisões em cada região. De
acordo com o depoente, as instruções de Yezhov se resumiam em “Bater, destruir sem distinção,” e ele
cita Yezhov ao dizer que, com a destruição de inimigos, “um certo número de pessoas inocentes
acabaria sendo aniquilado também”, mas isso era “inevitável”15. Duas outras fontes oferecem uma
redação similar: Yezhov anunciou que “se durante essa operação um excedente de mil pessoas fosse
fuzilado isso não seria uma grande questão”.
Durante a conferência, Yezhov e Frinovskii conversaram com cada um dos chefes do NKVD
presentes, descrevendo as metas para prisão e execução apresentadas por eles e dando instruções para
as medidas necessárias em vista da preparação e condução da operação. Mironov informou Yezhov
sobre um “bloco trotskista-direitista” que tinha sido descoberto dentro da liderança da Sibéria
Ocidental. Quando ele chamou de não convincente as provas contra alguns daqueles presos, Yezhov
respondeu: “Por que você não os prende? Não complicaremos a situação, aprisione-os, e então lide
com isso depois, eliminando aqueles contra os quais não há provas. Aja com mais ousadia, eu já te
disse isso repetidamente”. Ele adicionou que, em certos casos, com o aceite de Mironov, chefes de
departamento também poderiam aplicar “métodos físicos de influência”16. Quando Uspensky
perguntou a Yezhov o que fazer com os prisioneiros mais velhos que setenta anos, ele ordenou que
fossem fuzilados.
Yezhov aprovou a atividade daqueles chefes do NKVD que citaram números “astronômicos” de
pessoas reprimidas, como, por exemplo, o chefe do NKVD da Sibéria Ocidental, denunciando o
número de 55000 pessoas presas, Dmitriev da província de Sverdlovsk – 40000, Berman, da
Bielorrússia – 6000, Uspensky de Orenburg – 40000, Liushkov, do Oriente Distante – 70000, Redens,
da província de Moscou, 50000*. Cada chefe do NKVD ucraniano citaram um número entre 30000 e
40000 pessoas reprimidas. Tendo ouvido os números, Yezhov em seu relatório final elogiou aqueles
que tinham “superado” e anunciou que, sem dúvida, excessos ocorreram aqui e ali, como em
Kuibyshev, onde, sob instruções de Postyshev, Zhuravlev tinha transplantado todos os membros do
Partido ativos na província. Mas ele imediatamente afirma que “em tal operação de larga escala, erros
são cometidos”.
* Redens era da “troika” de Moscou, junto do próprio Khrushchev.
ibid. p, 131.
Uspensky estava atônito e alarmado por sua conversa de mesa de bar. Durante a viagem Yezhov bebeu
ininterruptamente, ostentando a Uspensky que ele tinha o Politburo “em suas mãos” e que poderia
literalmente fazer qualquer coisa, prender qualquer um, incluindo membros do Politburo.
ibid. p, 133.
“GANGUE DE BERIA”
Khrushchev:
Enquanto isso, a gangue de Beria, que dirigia os órgãos de segurança do Estado, se superou em provar
a culpa do preso e a verdade dos materiais que falsificou.
Thurston, p. 118:
Khrushchev então sugeriu que a tortura policial continuou livremente, e até mesmo aumentou sob
Beria. Porque parte do propósito de Khrushchev no discurso era mostrar seu arqui-inimigos e
oponentes políticos após a morte de Stalin sob a pior luz possível, essa alegação não pode ser tomada
como afirmação definitiva.
A imagem negativa de Beria(...) tinha erroneamente sobrescrito a evidência de primeira mão do que
aconteceu quando ele substituiu Yezhov. Boris Menshagin, um advogado de defesa em Smolensk,
comentou que Beria “de cara, demonstrou liberalismo estonteante”. As prisões “caíram praticamente a
nada” como o interno, Alexander Weissberg coloca. (...) uma política nova e muito melhorada estava
estabelecida. /119/ Repressão política declinou agudamente em 1939-41. (...)
Nas prisões e campos, ao final de 1938, os internos retomaram direitos permitidos sob Yagoda, mas
perdidos com Yezhov, ter livros e jogar xadrez e outros jogos (...) Investigadores agora usavam o termo
“vy [pronome russo:]”, mais polido, no lugar do condescendente familiar “ty”. (...) a tortura, mais uma
vez, se tornou a exceção, contrário à afirmativa de Khrushchev (...) prisioneiros como R. V. Ivanov-
Razumnik, Maria Yoffe e Abdurakman Avtorkhanov, entre outros, relataram que os métodos físicos,
onde eram mantidos, cessaram quando Beria assumiu o controle da polícia.
Sob Beria, um expurgo varreu o NKVD, removendo a maioria dos tenentes de Yezhov e muitos dos
escalões mais baixos também.
De acordo com o relatório Pospelov, as prisões caíram muito, mais de 90%, entre 1939 e 1940
comparado com 1937 e 1938
&
1.229 &
1.118 &
353.074 &
328.618 &
2.601 &
1.863
Em 1939 e 1940 as execuções atingiram bem menos de 1% do nível de 1937 e 1938. Beria tomou a
chefia do NKVD em dezembro de 1938, então esse processo corresponde precisamente com o período de Beria no
comando.
Khrushchev:
Quando a onda de prisões em massa começou a recuar em 1939 e os líderes dos organismos locais do
Partido começaram a acusar os agentes do NKVD de usarem métodos de pressão física contra os
presos, em 10 de janeiro de 1939 Stalin enviou um telegrama codificado para os secretários dos
comitês de oblasts e krais, para os Comitês Centrais dos Partidos Comunistas das Repúblicas, para os
Comissários do Povo para Assuntos Internos e para os chefes das organizações NKVD. Este telegrama
dizia:
Stálin então sancionou, em nome do Comitê Central do Partido Comunista da União (Bolcheviques), a
violação mais brutal da legalidade socialista, tortura e opressão, que levaram, como vimos, à
difamação e autoacusação de pessoas inocentes.
Getty, “Excesses Are Not Permitted”. The Russian Review 61 (Janeiro de 2002): 113-38, na página 114, n. 45.
Eu coloquei uma fotocópia do único texto conhecido do “Telegrama de Tortura de 10 de janeiro de 1939” no Link [ShT_10_01_39.pdf].
Itálico – seções omitidas por Khrushchev que provam sua intenção de enganar a audiência.
A questão de tal telegrama foi discutida na Plenária do CC de junho de 1957, mais de um ano após o
“Discurso Secreto” de Khrushchev. A discussão completa é um mistério, pois não há referências ao documento
(acima) agora identificado como “telegrama relativo à tortura”. Ao invés disso, dois outros documentos diferentes
foram levados em pauta. A cópia do Obkom do Daguestão (Comitê de oblast) do Partido, a qual Aristov se refere,
não é a mesma cópia do documento transcrito acima. Toda essa discussão nunca foi satisfatoriamente resolvida.
Kaganovich: Se eu não estou enganado, parece que lembro que um documento como esse foi
oficialmente enviado aos obkoms [comitês de oblast ou de província] do Partido. Vamos procurá-lo.
Khrushchev: Um telegrama como esse realmente foi enviado. Mas eu estou falando de outro
documento. (...)
Kaganovich: (...) Tem um documento que foi enviado a todos os obkoms do Partido.
Vozes: Esse é outro documento, nós todos conhecemos.
Khrushchev: Mas o original está destruído?
Molotov: O telegrama sobre uso de medidas de ação física contra os espiões e congêneres, sobre o qual
estamos falando, foi enviado para todos os membros do Comitê Central e todos os obkoms.
Malin: O original não está no arquivo do Comitê Central, foi destruído. O telegrama existe em cópias
enviadas para os obkoms.
Aristov: Nós o encontramos em apenas um Obkom do Partido, no Daguestão.
Molotov, Malenkov, Kaganovich, 1957. Stenogramma yunskogo plenuma TsK KPSS I drugie dokumenty. Ed. A. N. Yakovlev, N. Kovaleva, A.
Korotkov, et al. Moscou: MDF, 1998, pp. 121-2.
Tanto Yuri Zhukov (Zhupel Stalina, Parte 3. Komsomolskaia Pravda, 12 de nov. de 2002) como Mark
Junge e Rolf Binner (Kak Terror Stal Bolshim Moscou, 2003, p. 16, n. 14) atestam o fato que Khrushchev
aparentemente teria destruído mais documentos que qualquer outro. Benediktov também ouviu sobre essa
destruição.
Benediktov:
Pessoas competentes me relataram que Khrushchev deu ordem para destruir uma série de documentos
importantes relacionados às repressões das décadas de 1930 e 1940. Em primeiro lugar, é claro, ele
queria esconder sua própria participação nas ilegalidades em Moscou e na Ucrânia, que ao agir em
conluio com o Centro, condenou muitas pessoas inocentes. Ao mesmo tempo, foram destruídos
documentos de outros tipos, documentos que indiscutivelmente provavam que eram justificadas as
ações repressivas intentadas ao final da década de 1930 contra alguns dos mais proeminentes membros
do Partido e figuras militares. É uma tática compreensível: tendo se blindado, ele tentou transferir toda
a culpa das ilegalidades a Stalin e aos “Stalinistas”, dos quais Khrushchev esperava a ameaça
fundamental ao seu próprio poder.
Khrushchev:
Não faz muito tempo – apenas alguns dias antes do presente Congresso – chamamos uma sessão do
Comitê Central do Presidium e interrogamos o juiz investigativo, Rodos, que em seu tempo investigou
e interrogou Kossior, Chubar e Kosarev. Ele era uma pessoa vil, com o cérebro de um pássaro, moral e
completamente degenerado. Era esse homem que estava decidindo o destino de militantes
proeminentes do Partido; ele conduzia os julgamentos levando em consideração as questões políticas
associadas porque, tendo estabelecido os “crimes”, ele fornecia materiais a partir dos quais importantes
implicações políticas poderiam ser tiradas.
Surge a questão de se um homem com tal intelecto poderia, sozinho, fazer uma investigação que
provasse a culpa de pessoas como Kossior e outros. Não, ele não poderia ter feito isso sem as diretrizes
adequadas. Na sessão do Presidium do Comitê Central, ele nos disse: “Me disseram que Kossior e
Chubar eram inimigos do povo e por isso eu, como juiz investigativo, tinha que fazê-los confessar que
eram inimigos”.
(Indignação no salão)
Ele só poderia fazer isso por meio de longas torturas, o que fez, recebendo instruções detalhadas de
Beria. Devemos dizer que na sessão do Presidium do Comitê Central ele cinicamente declarou: “Eu
pensei que estava executando as ordens do Partido”. Dessa forma, as ordens de Stalin, relativas ao uso
de métodos de pressão física contra os presos, foram realizadas na prática.
Esses, e muitos outros fatos, mostram que todas as normas de solução correta dos problemas foram
invalidadas e tudo dependia da vontade de um homem.
Os interrogatórios, confissões e arquivo de caso de Rodos nunca foram tornados públicos aos
pesquisadores. Como notamos no texto, Rodos e outro ex-agentes do NKVD parecem terem sido feitos de bode
expiatório. Se de fato eles seguiram as diretivas do CC, como o “telegrama relativo à tortura” acima estabelece,
então eles não quebraram nenhuma regra, mesmo se espancaram ou, de outro modo, torturaram alguns réus.
STALIN NÃO OUVIU OS AVISOS SOBRE A GUERRA
Khrushchev:
O poder acumulado nas mãos de uma pessoa, Stalin, levou a sérias consequências durante a Grande
Guerra Patriótica... Durante e após a guerra, Stalin apresentou a tese de que a tragédia que nossa nação
experimentou na primeira parte do conflito foi resultado do ataque “inesperado” dos alemães contra a
União Soviética. ...Stalin não tomou nenhuma atitude em relação a esses avisos. Além disso, Stalin
ordenou que não fosse dada credibilidade a informações desse tipo, a fim de não provocar o início das
operações militares... tudo foi ignorado: avisos de certos comandantes do Exército, declarações de
desertores do exército inimigo, e até mesmo a hostilidade aberta do inimigo. Seria este um exemplo do
grau de alerta do chefe do Partido e do Estado neste momento histórico particularmente significativo?
Marechal Golovanov:
Nós normalmente alocamos toda a responsabilidade do ataque repentino de Hitler ao nosso país, que
era inesperado à época, à J. V. Stalin, já que ele era o chefe de Estado, embora S. K. Timoshenko,
Comissário do Povo para Defesa, e G. K. Zhukov, Chefe do Estado-Maior Geral, bem como uma série
de outros camaradas, que também possuíram responsabilidade direta, porém ela não recai sobre
nenhum deles. É tão coerente quanto atribuir a ambos as decisões estratégicas que tiveram desfechos
de importância mundial, ou até mesmo vindicar a eles o mérito daqueles que perduraram nas linhas de
frente, ou em outros postos, ou até mesmo da guerra como um todo e tratá-los como os responsáveis
pelo seu desfecho. Isso seria simplesmente lógico. A histórica vitória da Segunda Guerra Mundial foi
do país, do partido e do exército. Todos liderados por Stalin.
Vadim Kozhinov:
Mas, ao analisar friamente, tanto os erros de cálculo de Stalin quanto os de Roosevelt têm explicações
completamente convincentes. As comunicações dos serviços de inteligência são sempre contraditórias,
a um grau maior ou menor, porque elas derivam da mais variadas, e, em geral deliberadamente
desinformadas, fontes. Não muito tempo atrás, foi publicada uma coleção de documentos intitulada
“Hitler’s Secrets on Stalin’s Table. Intelligence and Counterintelligence on the Preparation of German
Aggression against the USSR. March-June 1941”. Esse trabalho deixa claro que durante esse período
Stalin recebeu inteligência extremamente variada, incluindo desinformação, particularmente,
informação de acordo com a qual a Alemanha (como Stalin também acreditava) pretendia ocupar a
Inglaterra antes de invadir a URSS. Um dos líderes da inteligência naquela época, General P. A.
Sudoplatov, depois comentou: “A informação de três fontes confiáveis (minhas ênfases – V. K.) de
dentro da Alemanha mereceram atenção especial, [que] a liderança da Wehrmacht decisivamente
protestou contra qualquer guerra de duas frentes”.
A falta de confiabilidade da informação de inteligência sobre a invasão alemã também foi causada
pelas discordâncias que elas possuíam em relação à data do início da guerra. “Eles especificaram 14 e
15 de maio, 20 e 21 de maio, 15 e, pelo menos, 22 de junho (...) Uma vez que o primeiro período de
maio já tinha se passado, Stalin (...) finalmente veio a acreditar que a Alemanha não invadiria a URSS
em 1941(...)”.
A partir da década de 1960 em diante muitos autores escreveram, com grande indignação, por
exemplo, que ninguém acreditou na informação que chegou uma semana antes do início da guerra, a
qual foi obtida pelo espião Richard Sorge, que posteriormente se tornou famoso, e deu a data precisa
da invasão alemã – 22 de junho. Entretanto era impossível acreditar cegamente nisso após uma série de
datas imprecisas terem sido comunicadas através das fontes consideradas “confiáveis” (a propósito, o
próprio Sorge, num primeiro momento, reportou que a invasão aconteceria em maio). E “analistas’’
contemporâneos, sabendo – assim como o resto do mundo – que a guerra começou precisamente em 22
de junho ficam então rechaçando Stalin porque ele teria negligenciado a informação precisa de Sorge,
enviada em 15 de junho, me aparentam, na melhor das hipóteses, serem ingênuos (...)”.
Vadim Kozhinov, Rossia. Vek XX (1939-1964). Upyt bespristrastnogo issledovaniya Moscou: Algoritm, 1999, pp. 73-4 (Seu capítulo 2 é intitulado
“Sundennes and Lack of Preparation”). Também no Link [hrono.ru/libris/lib_k/kozhin20v03].
Kozhinov, V. V., Rossia. Vek XX (1939-1964) Capítulo 2, p. 50; também no Link [hrono.ru/libris/lib_k/kozhin20v03].
O plano de desinformação do Exército alemão para espalhar falsos rumores aos dirigentes soviéticos, assinado por Keitel, foi posto em prática em 15
de fevereiro de 1941. Está online no Link [germandisinfo] (em russo apenas).
Marechal Zhukov:
Tenho refletido há um longo tempo sobre tudo isso, aqui estão minhas conclusões. Parece-me que a
questão da defesa do país em seus esboços básicos e mais amplos e direções, foi realizada
corretamente. Durante um período de muitos anos, em termos econômicos e sociais, tudo, ou quase
tudo, que era possível foi feito. Em relação o período entre 1939 até meados de 1941; durante esse
período esforços especiais, que demandaram toda nossa força e recursos, foram feitos pelo povo e
Partido para fortalecer nossa defesa.
Os marechais, Vasilevsky e Zhukov, discordam na questão de que se Stalin deveria ter ordenado todas
aso tropas a tomar posições ao longo da fronteira. Comentando o artigo de Vasilevsky em 1965, Zhukov escreveu:
Eu acho que a União Soviética teria sido esmagada se nós tivéssemos alocado todas as nossas forças na
fronteira. Foi bom que isso não tenha acontecido, e caso nossas forças principais tivessem sido
esmagadas na área da fronteira do Estado, então os exércitos hitleristas teriam a possibilidade de
conduzir a guerra com mais sucesso, e Moscou e Leningrado teriam sido tomadas em 1941. G.
Zhukov, 12 de dezembro de 1965.
Shaptalov, B. Ispytanya voiny (Os Julgamentos da Guerra) Moscou: AST, 2002. Edição russa no Link [militera.lib.ru/research/shaptalov/02]. A
mesma passagem, com uma citação maior do MS não publicado de Vasilevsky é achado em Gorkov, Iu. A. Kremlin. Stavka. General Staff Tver
1995, Capítulo 4, p. 68. Edição russa no Link [militera.lib.ru/research/gorkov2/04].
Khrushchev não cita explicitamente o nome do General Dmitri Pavlov, executado em julho de 1941, por
abandono de dever ao não preparar o front bielorrussa para a invasão de Hitler.
Há uma base sólida de evidências agora, dos antigos arquivos soviéticos, que Pavlov foi de fato culpado e
um membro de uma conspiração militar. Nós omitimos esses materiais aqui. Alguns deles e as referências a isso
estão contidas na edição original em russo deste livro (p. 368).
CARTA DE VORONTSOV
Khrushchev:
Devemos afirmar que informações desse tipo, relativas à ameaça da invasão armada alemã ao território
soviético, vinham também de nossas próprias fontes militares e diplomáticas; no entanto, devido a
liderança estar condicionada contra tais informações, tais dados foram enviados com receio e avaliados
com reserva.
Assim, por exemplo, as informações enviadas de Berlim em 6 de maio de 1941 pelo attaché militar
soviético, capitão Vorontsov, afirmavam: “Cidadão soviético Bozer... comunicou ao vice attaché naval
que, de acordo com uma declaração de certo oficial alemão do Quartel General de Hitler, a Alemanha
está preparando-se para invadir a URSS, em 14 de maio, através da Finlândia, países bálticos e
Letônia. Ao mesmo tempo Moscou e Leningrado serão pesadamente bombardeadas e paraquedistas
pousaram nas cidades de fronteira.”...
Em Voenno-Istoricheskiy Zhurnal No. 2, 1992, pp. 39-40 nós temos o texto completo da declaração do
Capitão Vorontsov. Está contida em uma carta de 6 de maio de 1941 do Almirante Kuznetsov a Stalin, a parte
crucial, omitida por Khrushchev, está em negrito:
Secreto
6 Maio de 1941
No. 48582cc
CC VKP(b)
Cam. STALIN J. V.
Attaché naval em Berlin, Capitão de primeiro grau Vorontsov relata: o cidadão soviético Bozer
(nacionalidade judia, ex-cidadão lituano) comunicou ao vice attaché naval que, de acordo com uma
declaração de certo oficial alemão do Quartel General de Hitler, a Alemanha está preparando-se para
invadir a URSS, em 14 de maio, através da Finlândia, países bálticos e Letônia. Ao mesmo tempo
Moscou e Leningrado serão pesadamente bombardeadas e paraquedistas pousaram nas cidades de
fronteira.
Nossas tentativas de esclarecer as fontes primárias dessa informação e amplificá-las ainda não
foi bem-sucedida, uma vez que Bozer se recusou a fazê-lo. O trabalho com ele e a verificação da
informação continuam.
Eu acredito que essa informação é falsa, especialmente direcionada através desse canal com o
objetivo de chegar até nosso governo para verem como a URSS reagiria a isso.
Almirante KUZNETSOV.
SOLDADO ALEMÃO
Khrushchev:
O próximo fato também é conhecido: Na véspera da invasão pelo exército hitlerista ao território da
União Soviética, um certo cidadão alemão cruzou nossa fronteira e afirmou que os exércitos alemães
haviam recebido ordens para iniciar a ofensiva contra a União Soviética na noite de 22 de junho, às 3
horas. Stalin foi informado sobre isso imediatamente, mas até mesmo este aviso foi ignorado.
Zhores e Roi Medvedev, Neizvestniy Stalin. Ed russa. Moscou 2002, pp. 309-10.
Isso é completamente falso. É uma notícia de Lewis Jonathan, Whitehead Philip. Stalin. A Time for
Judgement Nova York 1990, p. 121, citado por Zhores e Roi Medvedev. A edição em inglês desse livro The
Unknown Stalin (Woodstock e Nova York: The Overlook Press, 2004), refuta completamente esse conto de
Khrushchev na páginas 240-1.
Nós podemos fazer melhor que citar em alguma extensão o estudo revelador de Igor Pykhalov Velikaya
Obolganyay Voina [‘A grande guerra caluniada’] Moscou, 2005. Capítulo 9: “O destino de um desertor”.
Muitas pessoas sabem que na noite de 22 de junho de 1941 um soldado alemão fugiu para o nosso lado
da fronteira e nos informou sobre a iminente invasão das forças alemãs. No início do período da
perestroika, tornou-se moda afirmar que esse desertor foi rapidamente executado como sendo um
provocador. Por exemplo, aqui está o que é afirmado sobre essa questão em uma biografia de Stalin
publicada em Nova York em 1990:
Mas foi realmente assim? Vamos tentar esclarecer o destino desse homem. O soldado de exército
alemão Alfred Liskow foi detido em 21 de junho de 1941 às 2100 horas por uma unidade de comando
de Sokalsk da 90ª unidade de fronteira. Às 3:10 da noite de 22 de junho a UNKVD do oblast de Lvov
transmitiu por telefone para a NKGB da RSS ucraniana uma mensagem com o seguinte conteúdo:
O cabo alemão que cruzou a fronteira na região de Sokal declarou o seguinte: Seu nome é
Liskow Alfred Germanovich, 30 anos de idade, um trabalhador, carpinteiro em uma
fábrica de móveis na cidade de Kohlberg (Bavaria), onde deixou sua esposa, bebê, mãe e
pai.
O cabo serviu no 221º regimento de sapadores da 15º divisão. O regimento estava situado
na vila de Tselenzh, 5 km ao norte de Sokal. Ele foi destacado dos reservistas para o
exército em 1939.
Ele se considera um comunista, é um membro da União de Soldados Vermelhos da Linha
de Frente, e diz que a vida é muito difícil para os trabalhadores na Alemanha.
Por volta do anoitecer seu comandante de companhia, Ten. Schulz, disse-lhes que naquela
noite, logo após o treinamento da artilharia, eles iriam iniciar a travessia do Bug em
jangadas, barcos, e pontões.
Como apoiador do poder soviético, uma vez que ele soube sobre, decidiu fugir para e nos
contar.
Mais detalhes sobre esse evento são providos em um relatório dos comandantes da 90ª unidade de
fronteira, Major M. C. Bychkovsky:
À 01:00 de 22 de junho os comandantes das zonas reportaram a mim que nada de suspeito
foi notado do lado oposto do rio, tudo estava calmo. Em vista do fato que o tradutor de
nossa unidade não era muito habilidoso eu convoquei da cidade um professor de língua
alemã, que tinha excelente conhecimento da língua alemã e Liskow repetiu a mesma
coisa, isto é, que os alemães estavam se preparando para invadir a URSS no amanhecer de
22 de junho de 1941. Ele se denominava um comunista e declarou que veio a nós em sua
própria iniciativa especialmente para nos alertar. Enquanto o interrogatório do soldado
ainda não terminava, eu ouvi altos disparos de artilharia da direção de Ustilug (o primeiro
centro de comando). Eu entendi que eram os alemães que tinham aberto fogo em nosso
território, o soldado sobre interrogatório confirmou. Eu imediatamente tentei chamar o
comandante por telefone, mas a conexão tinha sido destruída.
É perfeitamente compreensível que a propaganda soviética tentasse, para seus próprios propósitos,
fazer uso da façanha de Liskow. Aqui está o que é dito sobre nas memórias do Major-General Burtsev,
que chefiava a seção (a partir de agosto de 1944 chamado de divisão) de propaganda especial do
Diretor de Política Principal do Exército Vermelho:
“Eu sou de uma família da classe trabalhadora da cidade de Kohlberg”, ele disse. “Meus
pais e eu odiamos Hitler e seu regime. Para nós a URSS é uma país amigo e nós não
desejamos lutar contra o povo soviético. Na Alemanha há muitas famílias da classe
trabalhadora assim. Eles não querem guerra com vocês”.
Sua história foi publicada no Pravda e foi ela que serviu como folheto inicial, impresso
com seu retrato, para informar aos soldados alemães que havia oponentes da guerra e do
hitlerismo dentro da Wehrmacht, amigos da União Soviética.
Muitos participantes da guerra se lembram dos materiais de agitação nos quais o nome de Liskow
apareceu. Por exemplo, o escritor de Leningrado Dimitry Scheglov:
28 de junho (...) Nos jornais colados em parede, pessoas liam o anúncio: “O soldado
alemão, Alfred Liskow, não desejando lutar contra o povo soviético, desertou para o nosso
lado”.
Alfred Liskow tinha endereçado aos soldados alemães um chamado para derrubar o
regime de Hitler.
Infelizmente eu ainda não sou capaz de traçar o destino posterior de Alfred Liskow. M. I. Burtsev
escreve:
Depois disso A. Liskow pereceu, mantendo-se até seu último suspiro, leal à causa de
combater o fascismo.
Contudo mesmo que Liskow tenha sido reprimido posteriormente, isso não aconteceu durante os
primeiros dias da guerra.
Em suas memórias, Khrushchev repete a história da deserção do soldado alemão para alertar os
soviéticos, mas ele não repete a alegação de que os alertas do soldado teriam sido ignorados. Assim, como quase
tudo nas memórias auto apologéticas, de Khrushchev, sua versão é incorreta, ou por design (i.e., uma mentira
deliberada), ou por falha de memória. De qualquer modo Khrushchev não estava presente e não tinha
conhecimento direto desse evento.
Um soldado fugiu para nós das áreas avançadas. Ele foi interrogado e todos os detalhes dados por ele e
nos quais sua história é baseada, foram descritos de maneira lógica e pareciam confiáveis. Ele disse
que a invasão se iniciaria no dia seguinte, às três da manhã. Primeiro, por que ele disse
especificamente na manhã seguinte? O soldado disse que eles tinham recebido provisões secas para
três dias. E por que às 3 da manhã? Porque em tais situações os alemães sempre escolhiam uma hora
cedo. Eu não me lembro se ele disse que os soldados foram informados sobre as três horas da manhã
ou se eles tinham ouvido através do “rádio do soldado”, que sempre sabia da hora do ataque com muita
precisão. O que sobrou para fazermos?
COMANDANTES ASSASSINADOS
Khrushchev:
Consequências muito graves, especialmente referentes ao início da guerra, se seguiram à aniquilação
de muitos comandantes militares e militantes políticos, realizada por Stalin durante 1937-1941, por
causa de desconfiança e por meio de acusações caluniosas. Durante esses anos, foram instituídas
repressões contra certas partes dos quadros militares, começando literalmente no nível de comandante
de companhia e de batalhão e estendendo-se aos centros militares mais altos; durante este tempo, o
quadro de líderes que tinham adquirido experiência militar na Espanha e no Extremo Oriente foi quase
completamente liquidado.
Sem dúvidas Khrushchev está aludindo à Conspiração Militar e o então chamado “Caso Tukhachevsky”.
Ele não os menciona explicitamente e evita completamente qualquer questão sobre culpa ou inocência. Há uma
grande gama de evidências de que Tukhachevsky e outros oficiais de alta patente julgados e executados estavam
de fato conspirando com os alemães e japoneses e com as forças direitistas na Oposição para derrubar o governo
soviético.
Khrushchev os reabilitaria não muito depois. É revelador que em 1957, e novamente em 1961, versões
deturpadas da carta de Komandarm Iona Iakir a Stalin de 9 de junho de 1937, foram usadas pelos aliados de
Khrushchev para manchar Stalin e aqueles que o apoiavam. O texto real da carta de Yakir torna claro que ele
próprio é culpado.
Nada disso quer dizer que todos os comandantes militares que foram aprisionados, espancados,
torturados e executados eram culpados. Yezhov e seus capangas com certeza incriminaram uma boa parcela desses,
como fizeram a outras centenas de milhares de pessoas.
Konstantin Simonov, Glazmi chekovka moego pokoleniya (Pelos Olhos de um Homem de minha geração). Moscou: Novosti, 1988, 393.
Respondendo a questão dos homens que foram mortos, como eles lutariam contra os alemães, e quanto
tempo tomaria a derrota dos alemães se esses homens estivessem vivos – todas essas questões,
infelizmente, são especulações. Assim permanece inegável o fato de que os homens que continuaram,
que maturaram durante a guerra e lideraram os exércitos, foram precisamente eles que venceram a
guerra, nas posições que eles gradualmente chegaram a ocupar.
Idem, p. 401.
O próprio Khrushchev foi diretamente responsável por “erradicar” a maioria dos comandantes do Distrito
Militar de Kiev (Ucrânia). Volkogonov cita uma diretiva de Khrushchev, datada de março de 1938. A versão longa
da edição em russo está traduzida abaixo; uma versão mais curta é dada na versão em inglês, Dimitry A.
Volkogonov, Stalin: Triumph and Tragedy (NY: Grove Weidenfeld, 1991), p. 329.
Decreto do Soviete Militar do Distrito Militar de Kiev, relativo à Situação dos Quadros de Comando,
Comando Operacional e Estado Maior Político do Distrito.
Khrushchev:
Seria incorreto esquecer que, após o primeiro desastre severo e a derrota no front, Stalin pensou que
era o fim. Em um de seus discursos naqueles dias, ele disse: “Tudo o que Lenin criou, perdemos para
sempre”.
Depois disso, Stalin por muito tempo não dirigiu as operações militares e deixou de fazer qualquer
coisa.
O diário para 21-28 de junho de 1941, foi publicado em Istorichesky Arkhiv No. 2, 1996, pp. 51-54. Eles foram reproduzidos no Link
[hrono.ru/libris/stalin/16-13].
Marechal Zhukov:
É propagandeado que nos primeiros dias da guerra Stalin supostamente estava tão perturbado que não
podia nem mesmo dar um discurso pelo rádio e cedeu sua apresentação para Molotov. Essa narrativa
não corresponde a realidade. É claro que durante as primeiras horas, J. V. Stalin se chocou. Mas ele
rapidamente retornou ao normal e trabalhou com grande energia, embora seja verdade que ele mostrou
um nervosismo excessivo que frequentemente dificultava nosso trabalho.
G. K. Zhukov, Vosponimaiya i razmyshleniya (Reminiscências e Pensamentos). Vol. 1, Cap. 9. Moscou, 2002, citado do russo no Link
[militera.lib.ru/memo/russian/zhukov1/10].
No seu muito útil livro, Velikaya Obolgannaya Voina Igor V. Pykhalov dedica o capítulo 10, um capítulo todo, para essa questão. Está online, em
russo, no Link [pyhalov_i/10].
Roi Medvedev:
Stalin não foi ao escritório do Kremlin no domingo; entretanto, a afirmativa feita pelos biógrafos
Radzinsky e Volkogonov, de que esse foi o dia que Stalin fugiu e se fechou em sua dacha dificilmente
corresponde com o que realmente aconteceu. Ambos os autores basearam suas conclusões de forma
bastante incerta no fato de que não há entradas no livro de visitantes do escritório do Kremlin para 29 e
30 de junho. Mas de acordo com Marechal Zhukov, “em 29 [de junho] Stalin veio duas vezes para o
Stavka no Comissariado para Defesa e em ambas as ocasiões foi mordaz sobre a situação estratégica
que se desenrolava no oeste”. Em 30 de junho, na dacha, Stalin convocou uma reunião do Politburo na
qual foi decido formar o Comitê de Defesa do Estado (GKO).
Roi e Zhores Medvedev, The Unknown Stalin (Woodstock & New York: Overlook Press, 2004), pp. 242-3.
Em relação ao que ocorreu durante os dias 29 e 30 de junho de 1941, quando os registros de visitantes ao
escritório de Stalin não indicam que houve visitas, nós devemos nos virar para o trabalho KPSS v vezoliutsiyakh i
reshniyakh sezdov, konferentsy I Plenumov TsK (O PCUS em suas resoluções de congressos, conferencias e
Plenárias do Comitê Central), vol 6 (Moscou Politizdat, 1971), p19.
29 de junho de 1941, isto é, uma semana após o início da invasão, foi emitida a Diretiva do Conselho
de Comissários do Povo da URSS e do Comitê Central do VKP(b) às organizações do Soviete e do
Partido dos oblasts perto da fronte.
Em regiões ocupadas pelo inimigo, formem unidades partisans e grupos diversionistas para lutar
contra as unidades do exército inimigo, para incitar a guerrilhapartisan em todos os lugares;
explodindo pontes, incendiando estoques etc. Em áreas ocupadas, criar condições insuportáveis para o
inimigo e para todos aqueles que colaboram com ele, procurando-os e destruindo-os em cada passo,
destruindo todos os seus empreendimentos.
Citado por V. V. Kvachkov, Spetsnaz Rossy Moscou: Voennaya literatura, 2004, no Link [militera.lib.ru/science/kvachkov_vv/02]. O documento
completo é citado no Link [battlefield.ru/documents/87-orders-and-reports/314-order-to-soviet-organizations-frontline-1941] [Apenas em russo].
Em 20 de junho de 1941 foi tomada a decisão de formar o Comitê de Defesa do Estado, chefiado por
Stalin.
Decreto do Presidium do Soviete Supremo da URSS, o Conselho dos Comissários do Povo da URSS e
Comitê Central do VKP(b) de 30 junho de 1941:
Em vista da situação extraordinária que surgiu e em interesse da rápida mobilização de todas as forças
dos povos da URSS para organizar a resistência ao inimigo, que traiçoeiramente invadiu nossa pátria
mãe, o Decreto do Presidium do Soviete Supremo da URSS do Comitê Central do VKP(b) e do
Conselho dos Comissários do Povo da URSS determinou que é necessário:
cam. Voroshilov K. E.
cam. Malenkov G. M.
cam. Beria L. P.
Obrigar todos os cidadãos e todos os órgãos do Partido, Soviete, União da Juventude Comunista
e militares a executar as decisões e medidas tomadas pelo Comitê de Defesa do Estado. > >
Presidente do Presidium do Soviete Supremo da URSS, M. I. KALININ. > > Presidente do
Conselho de Comissários do Povo e Secretário do CC do VKP(b), J. V. STALIN. > > Moscou.
Kremlin. 30 de junho de 1941 > >>>No Link [hrono.info/libris/stalin/15-21].
Volkogonov:
Não, Stalin não sofreu grande choque nos primeiros dias da guerra.
Khrushchev:
Stalin estava muito longe de entender a situação real que se desenvolvia no front. Isso era natural
porque, durante toda a Guerra Patriótica, ele nunca visitou qualquer seção do front ou de qualquer
cidade libertada, exceto por um passeio curto na estrada de Mozhaisk durante estabilização no front. A
este incidente foram dedicadas muitas obras literárias, cheias de fantasias de todos os tipos e inúmeras
pinturas.
Simultaneamente, Stalin estava interferindo em operações e emitindo ordens que não levavam em
consideração a situação real de uma determinada seção do front e que não podiam ajudar, e que
resultavam em enormes perdas de pessoal.
Marechal Zhukov:
Ao dirigir a luta militar como um todo, J. V. Stalin foi provido pela sua inteligência natural,
experiência de dirigente político, riqueza de intuição [e] amplo conhecimento. Ele sabia como
encontrar a ligação principal em uma situação estratégica e, agarrando-a, encontrar o caminho para se
opor ao inimigo, para a realização bem-sucedida dessa ou daquela operação militar. Sem dúvidas ele
foi um Comandante Supremo respeitável (...)
Além disso, na garantia de operações, na criação de reservas estratégicas, na organização da produção
de tecnológica militar e ,em geral, na criação de tudo essencial para travar a guerra, o Comandante
Supremo, digo isso diretamente, mostrou-se um organizador esplêndido. E seria injusto se não fosse
dado a ele o que lhe é devido.
Zhukov, Memoirs and Reflections, Cap 11, ditado do russo no Link [militera.lib.ru/memo/russian/zhukov1/11].
Marechal Vasilevsky:
Eu também tive boas relações com N. S. Khrushchev nos primeiros anos do pós-guerra. Mas elas
mudaram subitamente depois que eu me recusei a apoiar suas afirmações de que J. V. Stalin não era
capaz de entender questões estratégicas-operacionais e, que em sua posição de Comandante Supremo
dirigiu os movimentos dos exércitos de maneira desqualificada. Até hoje eu não entendo como ele
pode ter dito isso. Tendo sido membro do Politburo do CC do Partido e membro do Sovietes Militares
de uma série de frontes, N. S. Khrushchev não poderia ser ignorante de como era a autoridade da
Stavka e de Stalin, na questão de dirigir as ações militares. Nem poderia ter sido ignorante ao fato que
os comandantes das frontes e exércitos reportavam ao Stavka e a Stalin com grande respeito e o
valorizavam por sua competência excepcional na liderança de lutas militares.
Marechal A. M. Vasilevskuy, Delo vsei zhizni (O trabalho de minha vida), 3ª ed, Moscou, Politzdat 1978, Cap 11, citado do russo no Link
[victory.mil.ru/lib/book/memo/vasilevsky/16].
Marechal Golovanov:
O papel específico da pessoa de Stalin no decorrer da guerra foi muito prezado, tanto entre os
comandantes do Exército Vermelho quanto entre os soldados e oficiais. Isso é um fato indiscutível (...)
Eu fui afortunado por trabalhar com um grande homem, um dos maiores, para quem nada era mais
importante que os interesses do Estado e do povo, que viveu sua vida toda não por si, mas esforçou-se
para fazer do nosso Estado o mais progressista e poderoso do mundo. E eu digo isso, eu que também
passei pelo ano de 1937!
Felix Chuev, “Nespisochnyi marshal” (Um marechal extraordinário) citado do russo no Link [pseudology.org/Chuev/Golovanov_01].
A respeito de Stalin supostamente ter tomado todas as decisões sozinho, ao invés de seu general
Marechal Bagramian, que Khrushchev se refere como alguém que estava presente e que poderia confirmar o que
ele dissesse, porém escreveu o seguinte:
Ciente do poder imenso e vontade de ferro de Stalin, eu estava impressionado com sua maneira de
dirigir. Ele poderia simplesmente dar o comando: “Envie os Corpos” – ponto. Mas Stalin com grande
tato e paciência, tentava guiar a quem iria que executar a ordem até chegar à conclusão de que esse era
um passo essencial. Mais tarde eu mesmo como comandante de front tive a oportunidade de falar com
o Comandante Supremo com bastante frequência, e fiquei convencido de que ele sabia como ouvir
atenciosamente a opinião de seus subordinados. Se o oficial encarregado mantivesse firmemente sua
posição e estabelecesse argumentos sólidos em defesa de seu ponto, Stalin quase sempre concedia.
I. Kh. Bagramian. Tak nachinalas voina, Kiev: Politizdat Ukrainy, 1977. Online no Link [militera.lib.ru/memo/russian/bagramyan1/index]. Essa
citação exata está na parte 4, “Krushenie mifa”. Capítulo 2: “Otkhod otkodu rozn”, p. 404. Online no Link
[militera.lib.ru/memo/russian/bagramyan1/04].
KHARKOV, 1942
Khrushchev:
Permitir-me-ei, a respeito disso, trazer à tona um fato característico que ilustra a maneira com a qual
Stalin dirigiu as operações nos fronts. Está presente neste Congresso o Marechal Bagramian, que já foi
o chefe de operações na sede do front sudoeste e que pode corroborar o que eu vou dizer a vocês.
Quando, em 1942, se desenvolveu uma situação excepcionalmente grave para o nosso Exército na
região de Kharkov... E qual foi o resultado disso? O pior que esperávamos. Os alemães cercaram
nossos bolsões de exército e, consequentemente, perdemos centenas de milhares de nossos soldados.
Esse é o “gênio” militar de Stalin; isto foi o que nos custou.
Sergei Konstantinov “Shokovaya terapia Nikity Khruhshceva” Nazavisimaya Gazeta 14 de fevereiro de 2001. No Link [ng.ru/style/2001-02-
14/16_therapy].
Samsonov, A. M. Stalingradskaya Bitva, 4 izd. isp. i dop. (A Batalha de Stalingrado, 4ª edição corrigida e ampliada) Moscou, 1ano errado, Cap. 2,
na nota 50, citado do russo no Link [militera.lib.ru/h/samsonov1/02].
O Short History of the Great Patriotic War carrega esta versão, na qual culpa o comando do fronte, não
Stalin ou o GKO:
A principal razão para o fracasso da operação de Kharkov foi que o comando a direção sudoeste
avaliou incorretamente a situação e quando as forças do front sudoeste caíram em uma posição
complexa, falharam em parar a ofensiva em tempo. E mais, eles pediram que o Estado Maior
permitisse que continuassem a ofensiva. A decisão tomada em 19 de maio para cessar a ofensiva veio
tarde demais. O comando do front sudoeste não tomou medidas necessárias para proteger os flancos
dos grupos de choque, foram incompetentes ao estudar o oponente e, em parte, subestimaram a sua
habilidade de manobra durante o a batalha. O generalato no front subestimou as forças inimigas em
30%.
Isso é consistente com a carta de Stalin de 26 de junho de 1942, citada por muitas fontes, incluindo a
biografia de Timoshenko de Portugalsky et alli, e na qual culpa não apenas Bagramian, mas também Timoshenko
e... Khrushchev!
O primeiro a ir foi Bagramian. Ele foi removido pelo Stavka do posto que detinha, por falhar em
cumprir seus deveres e “ser insatisfatório ao Stavka, sendo um simples portador de informações”. “E
mais”, comentou Stalin, “Camarada Bagramian foi incapaz de aprender a lição daquela catástrofe que
se desenrolou no front sudoeste. No curso de umas três semanas, graças a sua falta de cuidado, a fronte
sudoeste não apenas perdeu a operação de Kharkov, que já tinha sido bem-sucedida, mas também
entregou ao inimigos 18-20 divisões”. Tendo anunciado que Bagramian estava sendo nomeado a chefe
do Estado Maior do 28º Exército e, então, recebendo uma chance de redenção, o Comandante Supremo
sublinhou firmemente: “É de ser entendido que isso não é simplesmente um caso de Bagramian. A
questão é também quanto aos erros de todos os membros do Soviete Militar e acima de tudo dos
camaradas Timoshenko e Khrushchev. Se nós tivéssemos anunciado ao país a completa extensão
dessas catástrofes – com a perda de 18-20 divisões sofridas no front e das quais continuariam a sofrer –
então eu temo que ele [o país] iria pesadamente sobre vocês. Portanto vocês devem considerar os erros
que cometeram e tomar as medidas necessárias para que eles não aconteçam no futuro”.
Portugalsky, R. M., et. al. Marechal S. K. Timoshenko, M. 1994, Cap 5, da versão russa no Link [militera.lib.ru/bio/domank/05]. A mesma carta de
Stalin é também citada por Beshanov, 1942 god – uchebnyi (O ‘ano de aprendizagem’, 1942), Minsk: Kharvest, 2003. Capítulo 14: “Como
Bagramian Sozinho Condenou Dois Frontes”, no Link [militera.lib.ru/research/beshanov_vv/14].
Volkogonov:
N. S. Khrushchev dedicou uma seção inteira de seu discurso no 20º Congresso do Partido aos eventos
em Kharkov, numa época que ele [Khrushchev] tinha sido um membro do Conselho Militar do front
sudoeste. De acordo com Khrushchev, ele telefonou do front para Stalin, que estava na dacha.
Entretanto, Malenkov foi ao telefone. Khrushchev insistiu em falar pessoalmente com Stalin. Mas o
Comandante Supremo, que estava “apenas a alguns passos do telefone” [essa é uma citação do
Discurso Secreto de Khrushchev – GF], não foi ao telefone e, por Malenkov, instruiu Khrushchev a
falar com Malenkov. Depois de emitir a ordem para parar a ofensiva – como ele disse aos delegados do
20º Congresso – Stalin disse “deixe tudo da maneira que está!” Em outras palavras, Khrushchev
inconfundivelmente declarou que foi especificamente Stalin o culpado pela catástrofe em Kharkov.
G. K. Zhukov estabelece outra versão, propondo que a responsabilidade pelo desastre deve recair
também sobre os comandantes do Conselho Militar dos fronts sul e sudoeste. Em seu livro Memoirs
and Reflections Zhukov escreve que antes de chegar à fronte o perigo foi considerado pelo Estado
Maior. Em 18 de maio o Estado Maior mais uma vez falou interromper a ofensiva em Kharkov. (...)
Perto do anoitecer de 18 de maio ocorreu uma conversa sobre esse tema entre os membros do
Conselho Militar da fronte, N. S. Khrushchev expressou as mesmas visões que o comando da fronte
sudoeste: o perigo de um ataque inimigo em Kramator foi seriamente exagerado, e não há fundamento
para parar a operação. Confiando nos relatórios do Conselho Militar da fronte sudoeste de que era
essencial continuar com a ofensiva, o Comandante Supremo rejeitou a posição do Estado Maior. A
história existente, sobre os sinais de alarme que supostamente chegaram ao Stavka vindo dos Sovietes
Militares das frontes sul e sudoeste, não se conformam aos fatos. Eu posso atestar isso porque eu
estava pessoalmente presente durante as conversas com o Comandante Supremo.
Eu penso que nesse caso o Marechal [Zhukov] estava mais próximo da verdade. N. S. Khrushchev
relatando suas memórias pessoais no relatório, depois de passados muitos anos, uma reação tardia ao
desastre que ele havia tido quando já tinha se tornado patente a todos que uma catástrofe estava se
formando. O marechal Zhukov enfatizou repetidamente que a decisão do Comandante Supremo foi
baseada nos relatórios de Timoshenko e Khrushchev. Seria uma coisa caso tivesse sido simplesmente
esquecimento da parte de Khrushchev. Mas se isso é uma tentativa de criar para sim um álibi histórico
depois do fato – é outra coisa completamente.
Khrushchev:
Liguei para Vasilevsky e implorei-lhe: “Alexander Mikhailovich, pegue um mapa” – Vasilevsky está
presente aqui – “e mostre ao camarada Stalin a situação que se desenvolveu”. Devemos notar que
Stalin planejava as operações em um globo terrestre (Animação no salão). Sim, camaradas, ele
costumava pegar o globo e desenhar a linha de frente nele. Eu disse ao camarada Vasilevsky: “Mostre-
lhe a situação em um mapa...”
Marechal Meretskov:
Em alguns de nossos livros nós encontramos a narrativa que J. V. Stalin determinava operações
militares a partir de um globo terrestre. Eu nunca li nada tão ignorante!
K. A. Meretskov, Na sluzhbe narodu (Ao Serviço do Povo) Moscou: Politizdat, 1968, citado do russo no Link
[militera.lib.ru/memo/russian/meretskov/29].
B. Solovev e V. Sukhodeev, Stalin the Military Leader. Moscou, 2003, citado do russo no Link [militera.lib.ru/research/solovyov_suhodeev/01].
A refutação da calúnia de Khrushchev sobre a questão do “globo” também pode ser encontrada no
livro On the Eve do almirante N. G. Kuznetsov. “É completamente falsa a afirmativa maliciosa de que,
supostamente ele [Stalin] avaliava as situações e tomava decisões com o uso de um globo terrestre. Eu
poderia citar muitos exemplos de como Stalin, verificando a posições das frontes com os líderes
militares, sabia quando era necessário, até mesmo a posição de cada batalhão”. No livro de K. S.
Moskalenko In the Southwestern Direction: “Quando Nikolai Fiodorovich [Vatutin, comandante de
front] contou sobre sua conversa com o Comandante Supremo eu não pude esconder minha admiração
pela precisão com a qual Stalin analisava as atividades militares e, sem nem perceber, disse:”Quais
mapas o Comandante Supremo usa para seguir nossas atividades, se ele vê mais fundo que nós
vemos?” Nikolai Fiodorovich sorriu e respondeu: “Mapas de escala 1:2000 e 1:5000 para as frontes e
1:100000 para cada exército. O principal – e é por isso que ele é o Comandante Supremo – são suas
sugestões, corrigindo nossos erros (...)”.
Mas o Marechal da Força Aérea Novikov deu a melhor resposta a Khrushchev: “Qual é a validade da
declaração de Khrushchev, na qual, nos tempos da guerra, Stalin planejava operações e dirigia-as, em
muito, através de um globo terrestre em seu escritório? Essa afirmação do autor do discurso
[Khrushchev – GF] evocou, naquela época, um protesto bastante amplo, embora silencioso,
especialmente entre o pessoal militar e entre veteranos comuns”.
Balayan, Stalin i Khrushchev, Cap. 22: “Polkovedets Iosif Stalin”, no Link [20071025174551].
Molotov:
Haviam mapas em todas as paredes do foyer. Khrushchev disse que ele dirigia por um globo terrestre –
ao contrário ele amava muito os mapas geográficos.
Marechal Zhukov:
A história disseminada de que o Comandante Supremo estudava a situação e tomava decisões usando
um globo terrestre não está de acordo com a realidade (...) Ele entendia o uso de mapas operacionais e
como representavam as situações.
G. K. Zhukov, Vospominaiya i razmyshleniya. Vol. 1, Cap 9. Moscou, 2002, do russo no Link [militera.lib.ru/memo/russian/zhukov1/11].
Khrushchev:
Stalin estava muito interessado em avaliar o camarada Zhukov como um líder militar. Ele pediu muitas
vezes a minha opinião sobre Zhukov. Eu disse-lhe então: “Eu conheço Zhukov há muito tempo, ele é
um bom general e um bom líder militar”.
Após a guerra, Stalin começou a contar todo tipo de bobagem sobre Zhukov, entre outras a seguinte:
“Você elogiou Zhukov, mas ele não merece. Diz-se que antes de cada operação no front, Zhukov
costumava se comportar da seguinte forma: ele geralmente pegava um punhado de terra, cheirava-a e
dizia:”Podemos começar o ataque”, ou o oposto, “A operação planejada não pode ser realizada.’” Eu
disse na época: “Camarada Stalin, não sei quem inventou isso, mas não é verdade”.
É possível que o próprio Stalin tenha inventado essas coisas com o propósito de minimizar o papel e os
talentos militares do Marechal Zhukov.
B. Solovev e V. Sukhodeev. Polkovodets Stalin (Stalin, o General). Moscou, Eksom, 2003, Cap. 1, citado do russo no Link
[militera.lib.ru/research/solovyov_suhodeev/01].
De fato, Zhukov foi rebaixado em 1948. Isso se deu porque ele foi declarado culpado, e confessou sua
culpa ao privar o governo soviético de grandes somas, por manter ilegalmente para si, grandes quantidades de
tesouros alemães saqueados. Esse fato não parece ser amplamente conhecido até mesmo na Rússia, embora os
documentos relevantes tenham sido publicados quinze anos atrás [1993 – NT]. Eu coloquei esses documentos
online no Link [zhukovtheft4648var93.pdf].
As citações a seguir dão alguma ideia do crime de Zhukov e do porquê Stalin o rebaixou.
Ultra Secreto
O CONSELHO DE MINISTRO DA URSS
Ao camarada STALIN J. V.
(...) Durante a noite de 8-9 de janeiro deste ano uma busca secreta foi conduzida na dacha de Zhukov,
localizada na vila de Rublevo, perto de Moscou.
Como resultado dessa busca, foi descobertos que dois quartos dacha tinham sido convertidos em
depósitos nos que armazenavam grande quantidade de bens de valor e objetos de todos os tipos.
Por exemplo:
Tecidos de lã, seda, brocado, veludo e outros materiais – ao todo, mais de 4000 metros;
Peles – zibelina, macaco, raposa, pele de foca, Astrakhan [lã fina] – total de 323 peles;
Pelúcia da melhor qualidade – 35 peles;
Valiosos carpetes e tapetes de Gobelina de Potsdam e outros palácios e casas alemãs, em tamanho
muito grande – 44 peças ao todo, algumas das quais assentadas ou penduradas em vários quartos, e o
resto no depósito.
Especialmente digno de nota é um tapete de grande tamanho colocado em um dos quartos da dacha;
Valiosas pinturas de paisagens clássicas de grandes dimensões em molduras artísticas – 55 unidades ao
todo, penduradas em vários quartos da dacha e uma parte das quais permanecia no depósito;
Serviços de mesa e chá muito caros (porcelana com decoração artística, cristal) – 7 baús grandes;
Conjuntos de mesa e talheres de chá de prata – 2 baús;
Acordeões com rica decoração artística – 8 unidades;
Rifles de caça exclusivos da empresa Gotland – Gotland e outros – 20 unidades ao todo.
Estas posses são mantidas em 51 baús e malas e em pilhas.
Além disso, em todos os quartos da dacha, nas janelas, escadas, mesas e mesas de cabeceira são
colocadas, ao entorno, grandes quantidades de vasos de bronze e porcelana e estatuetas de trabalho
artístico e todos os tipos de bugigangas e quinquilharias de origem estrangeira.
Chamo a atenção para a declaração dos agentes que realizaram busca, que a dacha de Zhukov é
essencialmente uma loja de antiguidades ou um museu, com várias obras de arte valiosas penduradas
em todo o interior (...)
Existem tantas pinturas valiosas que nunca poderiam ser adequadas para um apartamento, mas
deveriam ser transferidas para o fundo estatal e instaladas num museu.
Mais de vinte tapetes grandes cobrem o chão de quase todos os quartos.
Todos os objetos, começando com a mobília, carpetes, vasos, decoração, até as cortinas das janelas,
são estrangeiros, principalmente alemães. Literalmente não há uma única coisa de origem soviética na
dacha (...)
Não há um único livro soviético na dacha, mas por outro lado nas estantes de livros há uma grande
quantidade de livros, encadernações lindas com relevo dourado, todas, sem exceção, na língua alemã.
Quando você entra em casa é difícil imaginar que não seja na Alemanha, mas sim próximo a Moscou
(...)
Acompanhando essa carta há fotografias de alguns bens, roupas e itens que nós descobrimos no
apartamento e dacha de Zhukov.
ABAKUMOV
10 de janeiro de 1948
NACIONALIDADES DEPORTADAS
Khrushchev:
Camaradas, vamos pegar outros fatos. A União Soviética é justamente considerada como um modelo
de Estado multinacional porque, na prática, garantimos a igualdade e a amizade de todas as nações que
vivem em nossa grande Pátria.
Ainda mais monstruosos foram os atos cujo percurso foi Stalin e que são grosseiras violações dos
princípios leninistas básicos da política de nacionalidades do Estado soviético. Referimo-nos às
deportações em massa de seus lugares nativos de nacionalidades inteiras, juntamente com todos os
comunistas e militantes do Komsomol sem qualquer exceção; esta ação de deportação não foi ditada
por quaisquer considerações militares...
Não só um marxista-leninista, mas também nenhum homem de bom senso, pode compreender como é
possível tornar nações inteiras responsáveis pela atividade inimiga, incluindo mulheres, crianças,
idosos, comunistas e militantes do komsomols; usar a repressão em massa contra eles; e expô-los à
miséria e sofrimento pelos atos hostis de pessoas individuais ou de grupos de pessoas.
I. Pykhalov, Vremya Stalina: Fakty protiv mifov. Leningrado, 2001, p. 84, citando N. Bugai, L. Beria – I. Stalin: “Soglasno Vashemu Ukazaniyu”
Moscou: AIRO-XX, 1995, pp. 156-7..
No Link [web.archive.org/web/20010305211926/svoboda.org/programs/LL/2000/ll.022300-3.shtml].
Bandeira da “liberdade” de grupo nacionalista do Cáucaso, com uma suástica nazista: Link [stalinism.narod.ru/foto/chech_1.jpg]..
Bugai e Gomov, Russian Studies in History, vol. 41, no. 2, Inverno 2002, p. 56. Isso é 0,26%¨daqueles deportados, entorno de 2,5 mortes para cada
1000 pessoas.
CASO DE LENINGRADO
Khrushchev:
Após o fim da Guerra Patriótica, a nação soviética enfatizou com orgulho as magníficas vitórias
obtidas através de grandes sacrifícios e de esforços tremendos. O país, então, viveu um período de
entusiasmo político.
E foi precisamente nessa época que nasceu o chamado “Caso de Leningrado”. Como já provamos, esse
caso foi fabricado. Entre aqueles que inocentemente perderam suas vidas incluíam-se os camaradas
Voznesensky, Kuznetsov, Rodionov, Popkov, e outros...
Como é que essas pessoas foram taxadas como inimigas do povo e liquidadas?
Fatos provam que o “Caso de Leningrado” também foi resultado da obstinação de Stalin contra os
quadros do Partido.
Lavrenty Beria. 1953. Stenogramma iulskogo plenuma TsK KPSS I drugie dokumenty Moscou, 1999, pp. 64-66.
Malenkov, Molotov, Kaganovich. 1957. Stenogramma iunskogo plenuma TsK KPSS I drugie dokumenty Moscou, 1998, pp. 201-2, ênfases
adicionadas – GF.
O CASO MINGRELIANO
Khrushchev:
Instrutivo da mesma forma é o caso da organização nacionalista mingreliana, que supostamente existia
na Geórgia. Como se sabe, resoluções do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética
foram tomadas a respeito deste caso em novembro de 1951 e em março de 1952. Essas resoluções
foram feitas sem discussão prévia junto ao Politburo. Stalin as ditou pessoalmente. Elas faziam sérias
acusações contra muitos comunistas leais. Com base em documentos falsificados, foi provado que na
Geórgia existia uma organização supostamente nacionalista, cujo objetivo era a liquidação do poder
soviético naquela república, recebendo ajuda das potências imperialistas.
Nas notas da edição crítica dos decretos do Politburo, sobre suborno na Georgia e “o grupo anti-Partido
de Baramia” de 9 de novembro de 1951, nós lemos:
Nos transcritos originais das sessões do PB [Politburo] há uma cópia do decreto escrito por
Poskrebyshev [Secretário pessoal de Stalin – GF] e também uma cópia digitalizada de um rascunho
com correções de Stalin (...)
Segue uma série de correções de Stalin ao decreto. Outra nota na mesma edição crítica relativas ao
decreto do Politburo sobre a situação do Partido Comunista da Georgia, de 27 de março de 1952:
Nos transcritos originais da sessão do PB, Stalin escreveu no título do rascunho do decreto. O decreto
resultou da sessão do Politburo de 25 março e 27 de março de 1952. (ênfases adicionadas, GF)
Esses textos e o contexto relevante são do trabalho Politbiuro TsK VKP(b) i Soviet Ministrov SSSR 1945-1953. Ed. Khlevniuk, O. V. et al. Moscou;
ROSSPEN, 2002, pp. 351 e 354. Essas páginas e o contexto relevante (texto dos decretos) estão agora em [mingrelianres.pdf].
Ignatiev foi removido pelo Presidium, do qual Khrushchev era membro, por má conduta inadmissível na
condução do Caso Mingreliano, Trama dos Médicos e outros eventos.
IUGOSLÁVIA
Khrushchev:
A plenária de julho do Comitê Central estudou detalhadamente as razões para o desenvolvimento do
conflito com a Iugoslávia. Foi um papel vergonhoso que Stalin desempenhou aqui. O “caso Iugoslavo”
não continha problemas que não poderiam ter sido resolvidos através de discussões partidárias entre
camaradas. Não houve base significativa para a escalada deste “caso”; era completamente possível ter
evitado a ruptura das relações com aquele país. Isso não significa, no entanto, que os líderes iugoslavos
não cometeram erros ou não apresentaram deficiências. Mas esses erros e deficiências foram
ampliados de forma monstruosa por Stalin, o que resultou em uma ruptura de relações com um país
amigo.
Em julho de 1953 Khrushchev e outros membros do Presidium atacaram Beria por tentar restaurar
relações com a Iugoslávia – isto é, eles não queriam relações de uma potência comunista com outra.
Molotov: Eu acredito, camaradas, que esse fato – camarada Malenkov leu o rascunho da carta ao
“camarada Rankovic”, para o “camarada Tito” – com esse fato, o traidor [Beria – GF] foi encontrado
em flagrante. Ele escreveu a eles de sua própria mão e não queria que o Presidium discutisse essa
questão. Que tipo de homem é esse?
Verdade, nós trocamos embaixadores.
Malenkov: E nós queríamos uma normalização das relações.
Molotov: Nós queríamos uma normalização das relações, (...) nós decidimos que era necessário
estabelecer com a Iugoslávia o mesmo tipo de relação que tínhamos com outros governos burgueses
(...) E o que é esse tipo de coisa: “E faço uso dessa oportunidade para transmitir a você camarada
Rankovic, a calorosa saudação do camarada Beria, e para informar o camarada Tito que seria
esplêndido se ele compartilhasse desse ponto de vista (...)” etc. etc. Que tipo de coisa é essa?
(...)
Ele talvez teria encontrado apoio entre os capitalistas estrangeiros – Titos, Rankoviches, esses são
agentes capitalistas, ele aprendeu com eles. Ele veio diretamente deles para nós.
(...)
Mas não é claro o que isso significa, essa tentativa de Beria de chegar em um acordo com Rankovich e
Tito, que se portaram como inimigos da União Soviética? Não está claro que esta carta, escrita por
Beria, em segredo do presente governo, foi ainda mais uma tentativa flagrante de golpear as costas do
governo soviético e prestar serviço direto ao campo imperialista? Esse fato sozinho deveria ser
suficiente para concluir que Beria é um agente do campo estrangeiro, agente da classe inimiga.
Lavrenti Beria 1953. Stenogramma iulskogo plenuma TsK KPSS I drugie dokumenty Moscou, 1999. pp. 103-4; 246.
Khrushchev:
Lembremo-nos também da “Trama dos Médicos Conspiradores” (Animação no salão). Na verdade,
não houve “Trama” a não ser da declaração da médica Timashuk, que provavelmente foi influenciada,
ou ordenada, por alguém (afinal, ela era uma colaboradora não oficial dos órgãos de segurança do
Estado) a escrever para Stalin uma carta na qual declara que os médicos estavam aplicando métodos de
tratamento supostamente inapropriados.
Tal carta foi suficiente para fazer Stalin chegar à conclusão imediata de que existiam médicos
conspiradores dentro da União Soviética. Ele emitiu ordens para prender um grupo de eminentes
especialistas médicos soviéticos. Ele pessoalmente emitiu conselhos a respeito da condução da
investigação e da metodologia de interrogatório das pessoas apreendidas. Disse que o acadêmico
Vinogradov deveria ser acorrentado, outro deveria ser espancado. Presente neste Congresso, como
delegado, está o ex-ministro da Segurança do Estado, camarada Ignatiev. Stalin disse-lhe bruscamente:
“Se você não conseguir confissões dos médicos, vamos encurtá-lo por uma cabeça”.
Stalin pessoalmente chamou o juiz investigativo, deu-lhe instruções, aconselhou-o sobre quais métodos
investigativos deveriam ser usados; esses métodos eram simples – bater, bater e bater mais uma vez.
Pouco depois da apreensão dos médicos, nós, membros do Politburo, recebemos protocolos com as
confissões de culpa destes médicos. Após distribuir esses protocolos, Stalin nos disse: “Vocês são
cegos como gatinhos jovens, o que vai acontecer sem mim? O país vai perecer porque vocês não
sabem reconhecer os inimigos”.
A Trama foi apresentada de modo que ninguém pudesse verificar os fatos que basearam a investigação.
Não havia possibilidade de tentar verificar esses fatos por meio do contato com aqueles que
confessaram culpa.
Achamos, no entanto, que o caso dos médicos presos era questionável. Conhecíamos pessoalmente
algumas dessas pessoas porque já tínhamos sido tratados por eles.
Quando examinamos essa “Trama”, após a morte de Stalin, descobrimos que foi fabricada do início ao
fim.
Essa “Trama” ignominiosa foi criada por Stalin; ele, no entanto, não teve tempo para finalizá-la (da
forma com a qual havia concebido), e, por isso, os médicos ainda estão vivos. Agora, todos foram
reabilitados; eles estão trabalhando nos mesmos lugares de antes; tratam os indivíduos importantes sem
excluir membros do Governo; eles possuem nossa total confiança; e eles executam seus deveres com
honestidade, do modo que faziam antes.
Ao organizar os vários casos sujos e vergonhosos, um papel muito básico foi desempenhado pelo
inimigo raivoso do nosso Partido, um agente de um serviço de inteligência estrangeiro – Beria, que
havia roubado a confiança de Stalin.
As cartas da Dra. Timashuk foram todas publicadas desde o fim da URSS3. Suas cartas, entretanto, não
tinham nada a ver com o caso da “Trama dos Médicos”. Suas cartas diziam respeito apenas aos tratamentos, ou
maus tratos, do membro do Politburo Andrei Zhdanov, em 1948, que ela testemunhou.
Na realidade, foi Beria – provavelmente por sugestão de Stalin – quem pôs fim às armações da “Trama
dos Médicos”.
Excerto da decisão do Presidium de 3 de abril de 1953, sobre o caso da Trama dos Médicos:
De acordo com Zhores Medvedev, dissidente soviético, deve ter sido o próprio Stalin quem colocou um
fim à perseguição da imprensa aos “médicos-sabotadores”:
Nós podemos assumir que Stalin chamou o Pravda no anoitecer de 27 de fevereiro ou na manhã de 28
de fevereiro e arranjou para cessarem os materiais antijudaicos e todos os outros artigos tratando da
“Trama dos Médicos”. (...) Na União Soviética na época havia apenas uma pessoa que era capaz, com
um único telefonema ao editor do Pravda, ou ao Departamento de Agitprop do CC PCUS, de mudar a
política oficial. Apenas Stalin poderia fazer isso (...)
ZH. A. Medvedev. Stalin i Evreiskaia problema. Novyi analiz. Moscou: Pravda cheloveka, 2003, pp. 216-7.
De modo claro e simples Medvedev confirma que Stalin não era antissemita, uma vez que a oposição ao
sionismo é comum entre judeus religiosos e não religiosos, inclusive em Israel.
Svetlana Alliluyeva:
“A Trama dos Médicos” aconteceu durante o último inverno da vida dele. Posteriormente, Valentina
Vasilevna me disse que o pai [Stalin] tinha estado muito entristecido pelo desenrolar dos eventos. Ela
ouviu como isso era discutido na mesa, durante as refeições. Ela servia na mesa, como sempre. O pai
disse que não acreditava na “desonra” deles, que isso não podia ser – afinal – a “prova” era apenas as
acusações da Dra. Timashuk.
BERIA
Khrushchev:
Ao organizar os vários casos sujos e vergonhosos, um papel muito básico foi desempenhado pelo
inimigo raivoso do nosso Partido, um agente de um serviço de inteligência estrangeiro – Beria, que
havia roubado a confiança de Stalin.
Lavrenti Beria. 1953. Stenogramma iulskogo plenuma TsK KPSS I drugie dokumenty Ed. Naumov, V. IU. Sigachev. Moscou: Mezhdunarodnyi Fond
‘Demokratiya’, 1999, p. 174.
Khrushchev:
Beria mostrou-se mais claramente como um provocador e agente dos imperialistas na discussão da
questão da Alemanha, quando ele colocou a questão de renunciar à construção do socialismo na RDA
e ceder ao ocidente. Isso quer dizer ceder 18 milhões de alemães para o julgo dos imperialistas
americanos. Ele disse: “Nós devemos criar uma Alemanha democrática neutra”.
O tribunal tinha estabelecido que o início dos crimes de traição de L. P. Beria e estabelecimento de
laços com os serviços de inteligência estrangeiros advêm do período da Guerra Civil, quando em 1917,
L. P. Beria, estando em Baku, cometeu traição quando aceitou uma posição como agente secreto na
inteligência do governo contrarrevolucionário de Mussavat, no Azerbaijão, que agia sob controle dos
órgãos de inteligência inglesa.
Em ativa luta contra o movimento revolucionário dos trabalhadores de Baku, em 1919, quando Beria
se tornou agente secreto na inteligência do governo contrarrevolucionário de Mussavat no Azerbaijão,
ele estabeleceu laços com um serviço de inteligência estrangeiro, e depois apoiou e estendeu suas
conexões criminais secretas com serviços de inteligência estrangeiros até o momento de sua exposição
e prisão(...)
Kaganovich:
Eu vou dizer o seguinte. Eles nunca nos deram muitos documentos estabelecendo que Beria estava
conectado às potências imperialistas, ou que era um espião, e por aí vai. Nem eu, nem Molotov vimos
tais documentos.
Eu [Chuev] perguntei a Molotov: “Ele era espião?” Molotov disse: “Um agente, não necessariamente
um espião”.
“Eu perguntei a Molotov” – disse Kaganovich – “vocês tinham algum tipo de documento relativo às
acusações de que Beria seria um agente do imperialismo?” Ele responde: “Não havia nenhum. Eles
não nos deram tal documento e ele não existia”. E assim foi. Eles disseram no julgamento que havia
[tais] documentos.
Chuev. F. Tak govoril Kaganovich. Ispoved Stalinkogo apostola. Moscou: “Otecchestvo”, 1992, p. 66. O mesmo texto em Chuev, Kaganovich.
Shepilov. Moscou: OLMA-Press, 2001, pp. 83-4.
Ainda mais impactante é o rascunho do discurso de Malenkov na sessão do Presidium em que Beria foi
enfim preso ou morto, na qual Malenkov tinha planejado propor o seguinte:
Entretanto, mais cedo, nesse rascunho de discurso, Malenkov se refere a “vragi” – inimigos – tentando
usar a MVD. Isso denota muita hostilidade em direção a Beria.
Aparentemente o que realmente incomodava os outros membros do Presidium (ou alguns deles, incluindo
Malenkov e Khrushchev) era que a MDV estava supervisionando as atividades dos membros do Presidium e
outros dirigentes do Partido. Isso significava que o governo soviético estava acima do Partido, e os dirigentes do
Partido deveriam responder à lei. Algo similar seria o FBI investigar líderes de alto escalão do governo nos EUA.
A prisão [de Beria] aconteceu na sessão da Plenária do Comitê Central de 26 de junho de 1953 [Nota:
isso é um erro; foi, supostamente, em uma sessão do Presidium do CC – GF], a despeito do fato de que
nenhuma acusação concreta ter sido levada contra Beria. Seus oponentes entendiam isso. A princípio,
mesmo Khrushchev falou apenas sobre “detê-lo” em interesse de futuras investigações. “Eu disse para
‘detê-lo’ porque nós não tínhamos acusações criminais diretas contra ele [Beria]. Eu acredito que ele
tenha sido um agente Musavatista, como disse Kaminsky. Mas ninguém nunca verificou isso”. Foi
proposto apenas removê-lo do posto que detinha. Molotov estava, supostamente, contra isso, ele tinha
medo de deixar Beria em liberdade: “Beria é muito perigoso e eu acredito que nós devemos tomar
mediadas mais extremas”.
2000.
Piotr Vagner, em Arkhiv. No. 20, 2002, no Link [history.machaon.ru/all/number_14/analiti4/vagner_print/index]; Artigo de Smirtiukov no Link
[kommersant.ru/doc/16455].
Khrushchev:
Havia sinais de que Beria era inimigo do Partido? Sim, havia. Já em 1937, em uma Plenária do Comitê
Central, o ex-Comissário do Povo para a Saúde, Kaminsky, disse que Beria trabalhou para o serviço de
inteligência Mussavat. Mas, o Plenário do Comitê Central mal tinha sido concluído quando Kaminsky
foi preso e depois fuzilado. Stalin examinou a declaração de Kaminsky? Não, porque Stalin acreditava
em Beria e isso foi o suficiente para ele.
Carta de Pavlunovsky, de junho de 1937, atestando o fato de que Beria tinha realizado trabalho
clandestino, entre os nacionalistas, para o Partido Bolchevique:
Ao Secretário do CC VKP(b), cam. Stalin, a respeito do cam. Beria. Em 1926, eu fui indicado para a
Transcaucásia como Presidente do GPU Trasnc. Antes de minha saída para Tíflis, cam. Dzerzhinsky,
Presidente do OGPU, me convidou e informou-me em detalhes sobre a situação na Transcaucásia.
Então, me informaram que um de meus ajudantes na Transcaucásia, cam. Beria tinha trabalhado para a
contrainteligência de Mussavat durante o regime do mesmo. Eu não deveria permitir que essa situação
me confundisse de alguma forma ou me enviesasse contra o cam. Beria, como cam. Beria tinha
trabalhado no serviço de contrainteligência, com o conhecimento de camaradas transcaucasianos
responsáveis e ele, Dzerzhinsky e cam. Sergo Ordzhonikidze sabiam sobre isso. Após minha chegada
em Tíflis, em torno de 2 meses depois, fui ver o cam. Sergo e ele me disse tudo que cam. Dzerzhinsky
tinha me informado sobre cam. Beria.
Cam. Sergo Ordzhonikidze me informou que, de fato, cam. Beria tinha trabalhado na
contrainteligência de Mussavat, que realizou essa tarefa após ser designado por militantes do Partido, e
que ele, cam. Ordzhonikidze, cam. Kirov, cam. Mikoyan e cam. Nazaretian estavam bem-informados
sobre isso. Por essa razão eu deveria me relacionar com cam. Beria com total confiança e que ele,
Sergo Ordzhonikidze, confiava completamente no cam. Beria.
No decorrer de dois anos de trabalho na Transcaucásia, o cam. Ordzhonikidze me disse várias vezes
que ele valorizava muito cam. Beria como um militante em formação e que o cam. Beria se tornaria
um militante leal e que ele tinha informado cam. Stalin dessa avaliação sobre o cam. Beria.
No curso dos meus dois anos de trabalho na Transcaucásia eu sabia que cam. Sergo valorizava e
apoiava o cam. Beria. Dois anos atrás, o cam. Sergo me disse, por alguma razão, “você sabe que os
direitistas e outros lixos estão tentando, num embate contra cam. Beria, usar o fato dele ter trabalhado
na contrainteligência do Mussavat, mas eles não conseguiram ser bem sucedidos no final”.
Eu perguntei ao cam. Sergo se cam. Stalin estava ciente disso. Cam. Sergo Ordzhonikidze respondeu
que isso era sabido por cam. Stalin e que ele tinha falado com cam. Stalin sobre isso.
25 de junho de 1937 Candidato ao CC VKP(b) Pavlunovsky.
Aleksei Toptygin, Lavrenti Beria. Moscou: Iauza, EKSMO, 2005, pp. 11-12.
Na própria autobiografia de Partido de Beria, inclui-se passagens sobre esse trabalho clandestino entre os
nacionalistas.
De fevereiro de 1919 até abril de 1920, enquanto eu era presidia a célula comunista de trabalhadores
técnicos, sob a direção de camaradas seniores, realizei várias tarefas da área do Comitê e lidava com
outras células como instrutor. No outono daquele mesmo ano 1919, entrei no serviço da
contrainteligência do Partido “Gummet”, onde trabalhei junto com o camarada Mussevi. Por volta de
março de 1920, depois do assassinato do cam. Mussevi, eu deixei a tarefa na contrainteligência e
trabalhei na alfândega de Baku.
Beria: Konets Kariery. Ed. V. F. Nekrasov. Moscou: Politizdat, 1991, pp. 320-5, na página 323. Toda a autobiografia de Beria está online no Link
[beriaautobiog.pdf].
No Link [hrono.ru/biograf/bio_b/beria_lp].
Em Sovestkoe Rukovodstov. Perepiska. 1928-1941. Moscou: ROSSPEN 2001. No. 204. Carta está online no Link [beriatoordzhon33.pdf].
Até mesmo Khrushchev admite em suas memórias, escritas no fim da década de 1960:
(...) Nós não tínhamos acusações criminais diretas contra ele [Beria]. Eu acredito que ele tenha sido um
agente Musavatista, como disse Kaminsky. Mas ninguém nunca verificou isso (...)
Vremya. Liudi. Vlast. (Vospominaniya) Vol. 2, Cap. 3. Moscou: Moscovskie Novosti, 1999. Capítulo “Posle smerti Stalina”, p. 168. Também em
edição online no Link [hrono.ru/libris/lib_h/hrush48].
KARTVELISHVILI (LAVRENTIEV)
Khrushchev:
As longas e hostis relações entre Kartvelishvili e Beria eram amplamente conhecidas; datam da época
em que o camarada Sergo [Ordzhonikidze] estava ativo no Transcaucaso; Kartvelishvili era o
assistente mais próximo de Sergo. Essa relação hostil impeliu Beria a fabricar um “caso” contra
Kartvelishvili. É característico que, neste “caso”, Kartvelishvili tenha sido acusado de cometer um ato
terrorista contra Beria.
Lubianka: Stalin IGUGB NKVD. 1937-1938. Dokumenty. Moscou: Materik, 2004. No. 142, p. 252. Daqui em diante: Lubianka 2.
LIU-KU-SEN declarou que houve uma reunião no apartamento de LAVRENTEV, na qual eles
distribuíram portfólios de ministros, etc.
O ex-procurador regional, CHERNIN, preso em Khabarovsk, admitiu sua participação na trama, com
ligações com LAVRENTIEV, KRUTOV e outros ativos conspiradores.
O nome de Kartvelishvili foi citado por Yakovlev (também por Kabakov e muitos outros):
Além disso, por meio de VAREIKIS-BAUMAN nós fomos conectados ao grupo de direitistas em
Moscou – KAMINSKY, BUBNOV; (...) na periferia, com militantes dirigentes do oblast e das
organizações regionais do Partido – direitistas e trotskistas que lideravam organizações antissoviéticas,
AHEBOLDAEV, KHATAEVICH, KABAKOV, IVANOV, LAVRENTIEV, SHUBRIKOV, PTUKHA,
KRINITSKY.
O arquivo de reabilitação de Kartvelishvili culpa Beria por tudo. Mesmo se Kartvelishvili tenha sido
incriminado, embora não seja esse o caso, a maioria dos documentos contra ele são de Liushkov ou, no caso da
confissão de Yakovlev, não têm nada a ver com Beria.
KEDROV
Khrushchev:
Aqui está o que o velho comunista, camarada Kedrov, escreveu ao Comitê Central através do camarada
Andreev (camarada Andreev era, então, um secretário do CC): “Estou chamando por sua ajuda de uma
célula sombria da prisão de Lefortovsky. Deixe meu grito de horror alcançar seus ouvidos; não
permaneça surdo, leve-me sob sua proteção; por favor, ajude a remover o pesadelo dos interrogatórios
e mostre que tudo isso é um erro”.
“Eu sofro inocentemente”...
O velho bolchevique, camarada Kedrov, foi considerado inocente pelo Soviete Militar. A pesar disso,
ele foi fuzilado por ordem de Beria.
Kedrov realmente foi fuzilado, mas por ordem do Procurador Chefe, não de Beria:
Em 17 de outubro de 1941, uma decisão do NKVD da URSS foi tomada a respeito da necessidade de
se executar, por fuzilamento, 25 prisioneiros, de acordo com a diretiva dos “órgãos de direção da
URSS”. Ela foi assinada pelo chefe da seção investigativa para assuntos especialmente importantes do
NKVD da URSS, L. V. Vlodzimirskii, e confirmada pelo Assistente Comissário do Povo para
Assuntos Internos da URSS, B. Kobulov e com o consentimento do Procurador da URSS, V. Bochkov.
Com base nessa decisão, Beria assinou, em 18 de outubro de 1941, a ordem para fuzilar as pessoas
indicadas.
Organy gosudarstvesnoi bezopanosti SSSR v Veliloi Otechestvennoi Voine T.2. Nachalo, Kn.2. 1-sentiabria – 31 dekabria 1941 goda. Moscou:Rus,
2000. No. 617, p. 215, n.1.
Declaração da conclusão do Procurador (ou, talvez, uma parte dela) no caso de Kedrov (reimpressa por
Prudnikov p. 368):
Os prisioneiros condenados Afonsky, Kedrov I. M. e Shilkin, reiteraram em totalidade suas confissões
sobre Kedrov M. S., tanto na investigação preliminar quanto em julgamento.
Em relação ao supracitado Kedrov Mikhail Sergeevich, nascido em 1878, vivendo em Moscou, de
nacionalidade russa, cidadão da URSS, alto nível de instrução, ex-proprietário de terras, membro do
Partido Bolchevique, um pensionista antes de sua prisão, é acusado:
De ser participante em uma organização antissoviética, compartilhar das ideias contrarrevolucionárias
dos direitistas e, repetidamente, conduzir conversas antissoviéticas e provocativas.
De engajar em comportamento de traição na frota do norte durante o período de 1918, em interesses
dos imperialistas britânicos – isto é, cometendo crimes estipulados pelos artigos 58-1a, 58-10, e 58-11
do Código Criminal da Federação Russa.
Considerando encerradas as investigações preliminares do caso de Kedrov M. S. e provadas as
acusações contra ele, conforme estabelecido por uma ordem especial dos órgãos diretivos da União da
RSS. -
Propor:
Que Kedrov Mikhail Sergeevich, nascido em 1878 – seja fuzilado.
(assinado) Vlodzimirsky.
Sukhomlinov, A. V. Kto vy, Lavrenti Beria? Moscou: Detektiv-Press 2003, p. 216. Reimpresso em Prudnikova, Elena. Beria Prestupleniya, Kotorykh
ne bylo. Spb: Neva, 2005, p. 386. Sukhomlinov acredita que a assinatura de Vlodzimirsk no fac-símile é forjada, enquanto Prudnikova aceita sua
genuinidade.
O relatório sobre M. S. Kedrov está anexado a uma das “Listas de fuzilamento de Stalin”, de 28 de março
de 1941:
Um ativo participante de uma organização antissoviética disfarçada como a sociedade “Associação dos
Nortistas” em Moscou.
Tinha relações com o dirigente de uma organização zinovievista-trotskista, G. Safarov e aprovou seus
métodos contrarrevolucionários no combate contra os poderes Soviéticos e do Partido.
KEDROV é suspeito de colaboração sigilosa com a polícia tzarista [“Okhrana”] com base nos
seguintes fatos:
Em 1912, depois dele ter sido preso várias vezes pela Okhrana, viajou sob circunstâncias suspeitas,
para a Suíça onde estabeleceu laços com a organização menchevique e em 1914 recebeu o direito de
retornar para Rússia como sendo “politicamente confiável.
KEDROV estava intimamente conectado com um dirigente da organização conspiratória no NKVD e
agente ativo da inteligência alemã, ARTUZOV (condenado a morte), que o recomendou para trabalhar
nos órgãos da Cheka-OGPU.
O irmão da esposa de KEDROV – MAIZEL – que viveu todo esse tempo na América, fez contato com
KEDROV em várias visitas à URSS.
MAIZEL é conhecido do NKVD da URSS como sendo um agente da inteligência americana.
Adicionalmente foi concluído que em 191, KEDROV comandando d front norte, sob ofensiva das
forças britânicas, deixou Arkhangelsk a sua própria sorte, desorganizando a ação militar e
vulnerabilizando o front para a invasão do inimigo.
Seu trabalho hostil é exposto pelas confissões de SHILKIN P. P., ex-militante do Comissariado do
Povo para Água, AFONSKY V. A. ((condenado a morte), ex-comandante de companhia, SAFAROV
G. I. (sob prisão, investigação sendo conduzida pelo NKVD), pelas acareações face-a-face com
SAFAROV e AFONSKY e pelas confissões da testemunha, TGUNOVA V. I., e por documentos
oficiais sobre os trabalhos de traição de KEDROV no front norte.
No Link [web.archive.org/web/20120201054513/stalin.memo.ru/spravki/13-184].
Mas, quaisquer que sejam os fatos sobre a culpa ou inocência de Kedrov, ele foi executado por uma
ordem assinada pelo Procurador soviético.
O IRMÃO DE ORDZHONIKIDZE
Khrushchev:
Beria também lidou cruelmente com a família do camarada Ordzhonikidze. Por quê? Porque
Ordzhonikidze tentou impedir que Beria concretizasse seus planos vergonhosos. Beria tinha varrido de
seu caminho todas as pessoas que poderiam interferir com ele. Ordzhonikidze sempre foi um oponente
de Beria, como este tinha dito a Stalin. Em vez de examinar o caso e tomar as medidas apropriadas,
Stalin permitiu a liquidação do irmão de Ordzhonikidze e levou -o a um tal estado que foi forçado a
atirar em si mesmo.
Sergo Beria:
Eu conhecia bem Papulia Ordzhonikidze porque vivíamos na mesma casa. Ele sempre ocupou postos
proeminentes, mas era mais conhecido como farrista, caçador, realmente um bom vivant. Ele nunca
chamou seu irmão Sergo de algo além de, me desculpem, um merda. Passava o dia xingando o
socialismo.
Sergo estava ciente do comportamento turbulento de Papulia. Ele ressentia-o e quando veio para
Tbilisi, fez um escarcéu ao ficar conosco. Talvez, do ponto de vista de hoje, Papulia poderia ser
considerado um “democrata”, mas na época abusar da ordem social existente não era algo perdoável,
mesmo sendo irmão de um dos que estavam dirigindo e encabeçando aquela ordem social (...)
Khelvniuk, Oleg. In Stalin’s shadow. The career of ‘Sergo’ Ordzhonikidze. (Armonk, London: M. E. Sharp, 1995), p. 108. A edição russa desse livro,
Stalin i Ordzhonikidze. Konflikty v Politbiuro v 30-e gody (Moscou: Izd “Rossia Molodaya”, 1993) não é idêntica a tradução para o inglês.
Khrushchev:
Camaradas, o culto ao indivíduo adquiriu um tamanho tão monstruoso principalmente porque o
próprio Stalin, usando todos os métodos concebíveis, apoiou a glorificação de si. Isso é sustentado por
inúmeros fatos. Um dos exemplos mais característicos da autoglorificação de Stalin e de sua falta de
modéstia elementar é a edição de sua Biografia Breve, publicada em 1948.
Este livro é uma expressão da mais dissoluta bajulação, um exemplo de como transformar um homem
em um deus, em um sábio infalível e no “maior líder, sublime estrategista de todos os tempos e
nações”. Finalmente, nenhuma outra palavra poderia ser encontrada para elevar Stalin até os céus.
Não precisamos dar aqui os exemplos da adulação repugnante que preenche esse livro. Tudo o que
precisamos acrescentar é que todos foram aprovados e editados pessoalmente por Stalin e alguns deles
adicionados ao texto do rascunho do livro em sua própria caligrafia.
O que Stalin considerou essencial escrever nesse livro? Ele queria esfriar o ardor dos bajuladores que
estavam compondo sua biografia breve? Não! Ele marcou os exatos lugares onde achava que o louvor
aos seus serviços era insuficiente. Aqui estão alguns exemplos caracterizando a atividade de Stalin,
adicionados pela própria sua própria mão:
Embora ter realizado sua tarefa de líder do Partido e do povo, com habilidade consumada;
e desfrutado do apoio, sem reservas, de todo o povo soviético, Stalin nunca permitiu que
seu trabalho fosse marcado pelo menor indício de vaidade, presunção ou auto adulação
[(2) – veja abaixo para discussão, GF].
Onde e quando teria um líder elogiado tanto a si mesmo? Isso é digno de um líder do tipo marxista-
leninista? Não.
Foi precisamente contra isso que Marx e Engels tomaram uma posição tão forte. Algo que também
sempre fortemente condenado por Vladimir Ilyich Lenin.
No rascunho do texto de seu livro, apareceu a seguinte frase: “Stalin é o Lenin de hoje”.
Para Stalin, essa frase parecia ser muito fraca, então, em sua própria caligrafia ele a mudou para:
“Stalin é o digno continuador do trabalho de Lenin, ou, como se diz em nosso Partido, Stalin é o Lenin
de hoje” [(3) – veja abaixo para discussão, GF].
Vocês vêm como é bem-dito, não pela nação, mas pelo próprio Stalin.
No rascunho desse livro, é possível enumerar muitas considerações auto adulatórias escritas pela mão
de Stalin. De forma especialmente generosa, ele se dota de elogios relativos ao seu gênio militar, ao
seu talento para a estratégia.
Citarei mais uma inserção feita por Stalin, a respeito da sua genialidade militar. “A avançada ciência
da guerra soviética alcançou um desenvolvimento mais profundo”, ele escreve, “nas mãos do camarada
Stalin. O camarada Stalin elaborou a teoria dos fatores permanentemente operacionais que decidem a
questão das guerras, da defesa ativa e das leis de contraofensiva e ofensiva, da cooperação de todos os
serviços e armas nas escaramuças de hoje, do papel de grandes massas de tanques e forças aéreas na
guerra moderna e da artilharia como o mais formidável dos serviços armados. Nos vários estágios da
guerra, a genialidade de Stalin encontrou as soluções corretas, que levavam em conta todas as
circunstâncias da situação” [(4) – veja abaixo para discussão, GF].
E, além disso, escreve Stalin:
A maestria militar de Stalin foi exibida tanto na defesa quanto no ataque. A genialidade do
camarada Stalin permitiu-lhe adivinhar os planos do inimigo e derrotá-los. As batalhas em
que o camarada Stalin dirigiu os exércitos soviéticos são exemplos brilhantes de
habilidade militar operacional [(5) – veja abaixo para discussão, GF].
Foi dessa forma que Stalin foi elogiado como estrategista. Quem fez isso? O próprio Stalin, não em seu
papel de estrategista, mas no papel de autor-editor, um dos principais criadores de sua biografia auto
adulatória. Tais, camaradas, são os fatos. Deveríamos dizer, fatos vergonhosos.
Nas muitas alterações de Stalin está inclusa a adição de um parágrafo destacando a importância do papel
das mulheres:
Um dos grandes serviços de Stalin é o fato de que, nesse período, o período do desenvolvimento da
industrialização e da coletivização, quando era essencial mobilizar todas as nossas forças trabalhistas
para cumprir grandes tarefas, ele deu total atenção à questão das mulheres, a questão da posição da
mulher, do trabalho feminino, do muito importante papel das mulheres, operarias e fazendeiras tanto
na vida econômica quanto na vida político-social da sociedade e, tendo levantado essa questão à
necessária importância, deu a ela uma resolução correta.
Izvestiya TsK KPSS No. 9, 19900, pp. 113 -129. Online no Link [grachev62.narod.ru/stalin/t16/t16_17].
A conclusão de Maksimenkov:
Contradizendo à tese de Khrushchev que nesses dois exemplos fica óbvia a redução significativa das
expressões de “culto” feita pelo próprio Stalin, e a exaltação dos dogmas Leninistas. Todas as
formulações sobre “os ensinamentos de Stalin” foram removidas. Em um rascunho da biografia de
Lenin, preparada em 1950 em acordo com diretivas de Stalin, o próprio Vozhd sistematicamente
reduziu o estilo de informação conectada com a descrição do paralelo “Lenin-Stalin”. (...) Por razões
compreensíveis, N. S. Khrushchev, P. N. Pospelov, M. A. Suslov, L. F. Ilyichev e outros ideólogos do
“degelo” não citam, nas suas próprias declarações públicas e artigos, exemplos dessas correções [por
Stalin]. O presente autor não está ciente de nenhuma menção dessas fontes primárias durante os anos
da perestroika.
Leonid Maksimenkov. “Kult. Zametki o Slovakh-simvolkh v sovetskoi politichesoi kulture” (Culto. Destaques sobre palavras-símbolos na cultura
política soviética). Svobodnaya Myls 10 (1993). Também no Link [web.archive.org/web/20100929205132/situation.ru/app/j_art_677].
Richard Kosolapov, Slovo tovarishch Stalinu. Moscou: EKSMO-Algoritm, 2002, pp. 470-472.
Em todos os outros lugares, Kosolapov reconta uma história – possivelmente apócrifa, embora seja
atestada por muitos outros – sobre o desdém de Stalin por sua própria “imagem”:
Supostamente Joseph Vissarionovich teve uma conversa com seu filho Vasili, na qual, enfurecido com
a arrogância de seus filhos, ele proferiu o seguinte: “Você acha que você é STALIN? Você achaque eu
sou Stalin? ELE é Stalin – ali!” ele disse, apontando para o retrato pomposo.
Discurso no 122º Aniversário de nascimento de Stalin, Solnce truda No. 3 (2003), pp. 3-4. No Link [cprf.info/analytics/10828.shtml].
Autores não stalinistas como Yuri Bogomolov, correspondente do Izvestia, cita histórias similares:
Um rumor se espalhou sobre uma conversa entre papa Iosif e seu filho Vasia. “Você acha que é Stalin?
Você acha que eu sou Stalin? AQUELE é Stalin!”. Disse o Chefe, enquanto finaliza sua lição de moral
apontando parar um retrato.
O “CURSO BREVE”
Khrushchev:
E, quando o próprio Stalin afirma ter escrito O Curso Curto da História do Partido Comunista de Toda
a União (Bolcheviques), pede-se, pelo menos, espanto. Pode um marxista-leninista escrever assim
sobre si mesmo, louvando-se às alturas?
Molotov:
Chuev: Eu tinha ouvido a assertiva que foi Yaroslavsky que escreveu O Curso Breve (...)
Molotov: Isso é impossível. Mas não foi escrito por Stalin. E ele nunca disse que foi ele que tinha
escrito. Ele leu para nós o único capítulo dele – o filosófico.
Na verdade, como apontado por Roi Medvedev, o papel de Stalin na preparação do livro texto foi muito
mais significativo. No capítulo de título “Stalin – o principal autor do Curso Breve”, Medvedev nota:
Stalin (...) editou e escreveu muitas páginas desse Curso Breve. É de Stalin não apenas o plano geral do
livro, mas também os títulos de cada capítulo e parágrafos dentro desses capítulos. Ele escreveu todas
as seções e páginas desses livros relacionados à teoria (...)
Já em 28 de novembro de 1938, Fiodor Samoilov, diretor do museu do Estado da Revolução (...)
escreveu uma carta para A. N. Poskrebyshev, chefe da equipe secretariada de Stalin:
Nesse caso, N. S. Khrushchev estava errado. Como é sabido, nem todos os manuscritos foram
queimados. Uma parte dos datilografados do Curso Breve, com correções e inserções de todos os tipos
feitas por Stalin, foi mantida e esses materiais foram publicados em 2002-2003 no jornal Voprosy
Istory.
R. A. Medvedev, Liudi i Knigi. Chto chital Stalin? Moscou: Prava cheloveka, 2005, pp. 216-217.
Khrushchev:
É fato que o próprio Stalin, em 2 de julho de 1951, assinou uma resolução do Conselho de Ministros da
URSS para a construção de um monumento impressionante à sua imagem no Canal Volga-Don; em 4
de setembro do mesmo ano, ele emitiu uma ordem disponibilizando 33 toneladas de cobre para a
construção desse monumento imponente.
A resolução do Politburo de 16 de fevereiro de 1951:
A presidência nas sessões do Presidium do Soviete de Ministros da URSS e o Bureau do Presidium do
Soviete de Ministros da URSS devem ser atribuídas por turnos aos Vice-Presidentes do Presidium do
Soviete de Ministros da URSS, camaradas Bulganin, Beria e Malenkov, a quem [também] são
designados os deveres relativos a tomar decisões sobre questões atuais.
Decretos e anúncios do Conselho de Ministros da URSS serão emitidos sob a assinatura do Presidente
do Soviete de Ministros da URSS, camarada Stalin. J. V.
Y. Zhukov, Tainy Kremilya. Stalin, Molotov, Beria, Malenkov Moscou: Terra-Knizhnyi Klub, 2000, pp. 544-5. O Original desse documento: Link
[web.archive.org/web/20080605214650/rusarchives.ru/evants/exhibitions/stalin_exb/29.shtml].
Os carimbos de borracha com a assinatura de Stalin usados para assinar documentos em seu nome: Link
[web.archive.org/web/20121221083822/rusarchives.ru/evants/exhibitions/stalin_exb/31.shtml].
Khrushchev:
Nós todos respeitamos o camarada Stalin. Mas os anos cobraram seu preço. Durante os tempos
recentes camarada Stalin não leu artigos ou recebeu pessoas porque sua saúde estava fraca.
Kaganovich:
Deve ser dito francamente que nos dias de Stalin, nós vivíamos mais calmamente, uma vez que
tínhamos sua direção política geral, embora que, durante os tempos recentes, camarada Stalin, como
tem sido dito precisamente, não trabalhou muito ativamente nem tomou parte nas tarefas do Politburo.
Voroshilov:
Junto com o resto de nós, ele sabia que, como resultado de seu trabalho duro, durante os últimos ele
geralmente se encontrava doente(...)
Mikoyan:
A princípio, camarada Stalin tomou parte ativa na formação desses órgãos, mas durante os últimos dois
anos ele parou de tomar interesse por eles.
Khrushchev:
Ao mesmo tempo, Stalin deu provas de sua falta de respeito pela memória de Lenin. Não é
coincidência que – apesar da decisão, tomada há mais de 30 anos, de se construir um Palácio dos
Sovietes como um monumento a Vladimir Ilyich – tal palácio não foi terminado, sua construção
sempre foi adiada e permitiu-se que o projeto caducasse.
O PRÊMIO LENIN
Khrushchev:
Não podemos deixar de recordar a resolução do governo soviético de 14 de agosto de 1925,relativa à
“criação do Prêmio Lenin para o trabalho pedagógico”. Essa resolução foi publicada na imprensa, mas
até hoje não há Prêmios Lenin. Isso, também, deve ser corrigido.
Nas notas à edição crítica do Discurso de Khrushchev, os editores não dizem nada sobre qualquer
conexão entre o cancelamento do Prêmio Lenin e o estabelecimento do Prêmio Stalin.
O Prêmio Lenin laureava as conquistas excepcionais nos campos da ciência, tecnologia, literatura, arte
e arquitetura. Eles foram estabelecidos em 1925 e não foram dados entre 1935 e 1957. De Novembro
[1955] a março de 1956 a questão de se renovar o Prêmio Lenin foi discutida no Presidium e no
Secretariado do Comitê Central do PCUS. De 1958 até 1990 o prêmio laureou anualmente, no
aniversário de Lenin.
A ideia de se estabelecer premiações nos campos da literatura parece ter sido sugerida primeiramente por
Gorky. Tendo lido o discurso de Stalin para Plenária Unificada do CC e para a Comissão Central de Controle do
VKP(b) (7-12 de janeiro de 1933), o escritor respondeu com uma carta entusiasmada.
16 de janeiro de 1933
A. Peshkov
Do lado reverso do papel, estão duas notas escritas pela mão de Gorky, sendo que, entre outras coisas,
está escrito na segunda delas:
Aleksei Tolstoy tem em mente um concurso de Toda a União sobre comédia – Eu, desse modo, anexei
o rascunho da resolução sobre esse concurso.
Entre nossos escritores há uma forte sensação de energia renovada e há o desejo de trabalhar
seriamente, portanto o concurso produz bons resultados. Mas para um concurso de Toda a União sete
premiações são muito pouco, nós devemos aumentar o número para pelo menos quinze, e aumentar o
montante do primeiro prêmio para – o diabo com eles! – e dar ao prêmio o nome de Stalin (ênfases
adicionadas, GF), pois de fato este plano vem de você.
Em adição: por que apenas comédia? O Drama também deveria ser incluído (...)
Perdoe-me por lhe entediar.
A. P.
1. ciências físico-matemáticas;
2. ciências técnicas;
3. ciências químicas;
4. ciências agrícolas;
5. ciências médicas;
6. ciências filosóficas;
7. ciências econômicas;
8. ciências histórico-filológicas;
9. ciências jurídicas;
10. música;
11. pintura;
12. escultura;
13. arquitetura;
14. artes teatrais;
15. cinematografia;
20 de dezembro de 1939
Moscou, Kremlin.
Então, ainda foi emitido um outro decreto, no qual a questão dos prêmios Stalin recebeu uma elaboração
posterior:
Em adição ao decreto do CCP da União das RSS de 20 de dezembro de 1939 (...) o CCP da União das
RSS decreta:
Um – para poesia,
Um – para prosa,
Um – para dramaturgia,
Um – para literatura crítica,
Presidente do Conselho de Comissários do Povo da URSS
V. Molotov.
Gerente de negócios do Conselho de Comissários do Povo da URSS
M. Khlomov.
1º de fevereiro de 1940
Moscou, Kremlin.
De 1930 até 1991 a mais alta recompensa da URSS foi a Ordem de Lenin, não de Stalin. A Ordem de
Stalin foi de fato proposta, mas, como nós vimos na seção 1 acima, Stalin se opôs resolutamente a ela e foi bem-
sucedido, nunca foi instituída.
A respeito do Estabelecimento de duas novas Ordens da União das RSS: “A Ordem de Lenin” e “A
Estrela Vermelha”.
O decreto do Presidium do Comitê Executivo Central da URSS [o mais alto órgão do Estado sob a
constituição de 1924 – GF] de 6 de abril de 1930:
Lavrenti Beria, p. 171. Essa mesma história se repete no segundo rascunho da mesma reunião na p. 313, mas as palavras de Mikoyan são elaboradas
de forma a difamar Beria.
Malenkov posteriormente menciona o mesmo número, mas deixa claro que ele não tinha ouvido isso
antes da Plenária.
No decorrer do trabalho da atual Plenária, vocês, camaradas, aprenderam o seguinte fato. Junto com as
questões de se melhorar a criação de animais, em fevereiro deste ano, o camarada Stalin
insistentemente propôs aumentar os impostos do campo em 40 bilhões de rublos. Nós todos, claro,
entendemos a gritante injustiça e perigo de tal medida (...)
Ibid, p. 351. Note que Khrushchev tinha dito que Stalin mencionou isso como “um aparte” ou “uma possibilidade” (poputno). Malenkov tornou isso
em uma proposta “insistente”.
Em suas memórias, Mikoyan não repete essa história de “40 bilhões de rublos” no relato desse evento.
Ele disse que foi Khrushchev que ouviu Stalin propor um imposto adicional ao campesinato.
Mikoyan também falha em citar a cifra dos “40 bilhões de rublos”. “Uma galinha extra” por família
camponesa não produziria uma soma grande, muito menos essa cifra colossal – embora Mikoyan admita nunca ter
ouvido Stalin dizer isso! Evidentemente não foi Khrushchev, mas “outros membros do CC” que ouviram a
consideração sobre “uma galinha extra”.
É interessante que Mikoyan é muito cuidadoso ao declarar o que ele próprio ouvia de Stalin e deixa claro
que ele não ouviu nada disso por si próprio. Isso pode ser interpretado como significando que ele não acreditava
nisso necessariamente, especialmente a cifra de Khrushchev.
Como sempre no entardecer, quando os outros membros do Presidium também estavam na presença de
Stalin, Malenkov colocou a essência da questão para testar a reação de Stalin. Eu não estava presente.
Khrushchev disse posteriormente que Stalin ficou nervoso e disse que nós estamos renovando o
programa de Rykov e Frumkin, que o campesinato estava engordando enquanto a classe trabalhadora
vivia cada vez mais pobremente. Outros membros do CC me disseram que Stalin falou sobre esse
assunto na Plenária de outubro de 1952 e que criticou duramente a ideia de se aumentar os preços de
compra sobre a carne e produtos do dia a dia. Eles disseram que ele parecia muito mesquinho, andava
para frente e para trás e, como ele usualmente fazia, resmungou e disse sobre mim: “Um novo Frumkin
apareceu!” Mas de verdade, eu não ouvi isso. Então eu o ouvi dizer que precisamos ainda de um novo
imposto sobre o campesinato. Ele disse: “O que é isso para um camponês. Eles vão dar uma galinha
extra – isso é tudo”.
E, nessa mesma discussão, Khrushchev ouviu sobre a proposta de Stalin de taxar um imposto
adicional sobre campesinato e ficou chateado, dizendo que se fosse para nós aumentarmos os
impostos sobre os camponeses então nós precisaríamos incluir pessoas como Malenkov, Beria e
Zverev (o chefe do Ministério das Finanças) na comissão. Stalin concordou com isso. Depois de um
tempo nós de fato nos reunimos em nossa nova composição. A comissão descobriu que tanto Beria
como Malenkov consideravam impossível realizar a diretiva de Stalin. Isso foi explicado, é claro, em
conversas privadas. Eles delegaram a Zverev fazer as considerações e explicações. Em geral, eles
elaboram esse assunto o tanto quanto puderam. Todo mundo considerou serem impraticáveis as
sugestões de Stalin referentes aos novos impostos sobre o campesinato sem qualquer aumento nos
preços de compras. (Ênfases adicionadas, GF)
Khrushchev:
Em um de seus discursos, Stalin expressou insatisfação a Postyshev e perguntou-lhe: “O que você é
realmente?
Postyshev respondeu claramente: “Eu sou um bolchevique, camarada Stalin, um bolchevique”.
Inicialmente, essa afirmação foi considerada como falta de respeito com Stalin; mais tarde foi
considerado como um ato prejudicial e, consequentemente, resultou na aniquilação de Postyshev e sua
taxação como “inimigo do povo”, sem qualquer razão.
Khrushchev é a única fonte para essa suposta declaração de Stalin. Essa citação nunca foi localizada em
lugar algum. Ninguém jamais clamou que Stalin disse isso. Estando tal citação, de fato, em um discurso, deveria
quase certamente ter sido encontrado muito antes. Nós discutimos essa questão no texto.
Khrushchev:
A importância do Gabinete Político do Comitê Central foi reduzida e a organização do trabalho
desfeita através da criação de várias comissões – os chamados “quintetos”, “sextetos”, “septetos” e
“eneatetos” internos ao Politburo. Aqui está, por exemplo, uma resolução do Gabinete Político de 3 de
outubro de 1946:
Proposta de Stalin:
Que terminologia de um jogador de cartas! (Risos no salão.) É evidente que a criação, dentro do
Gabinete Político, desse tipo de comissões – “quintetos”, “sextetos”, “septetos” e “eneatetos” – iria
contra o princípio da liderança coletiva. Como resultado, alguns membros do Politburo foram
afastados da participação nas questões mais importantes do Estado.
Radzinsky, Stalin. Capitulo 4. Edição Russa, Stalin. Moscou: Vagrius, 1997, está online no Link [militera.lib.ru/bio/radzinsky_es1/02].
Memórias de Khrushchev:
Stalin até mesmo disse a poucos de nós [“um círculo estreito” v uzkom krugu, GF] que ele suspeitava
que Voroshilov foi um agente inglês. É claro, estupidez improvável.
Khrushchev, N. S. Vremya. Liudi. Vlast. Kn. 2. Chast 3. Moscou: Moskovskie novosti, 1999, pp. 128-129. Online no Link
[hrono.ru/libris/lib_h/hrush45].
Não há outras fontes para essa história. Nenhum dos colegas de Khrushchev nesse “círculo estreito”
jamais confirmou.
ANDREEV
Khrushchev:
Por decisão unilateral, Stalin também separou outro homem do trabalho do Politburo – Andrei
Andreyevich Andreev. Esse foi um dos atos mais desenfreados de obstinação.
Efremov:
Nas novas listas daqueles eleitos, todos são membros do velho Politburo – exceto o camarada A. A.
Andreev, que, como todo mundo sabe, agora está completamente surdo e então não pode trabalhar.
“’C ChI Ruki Vruchim Estafetu Nashego Velikogo Dela? Neopublikovannia rech I. V. Stalina na Plenume Tsentralnogo Komiteta KPSS. 16
Oktobria 1952 goda (po zapisi L. N Efremova)” Sovestskaya Rossia. 13 ianvariia 200 g, p. 6. Fassimilar online no Link [stalinoct1652.pdf]. Também
no Link [prometej.info/solnce/st03].
Konstantin Simonov:
Eu me lembro apenas da resposta de Stalin sobre Andreev, que não estava incluído entre os membros e
candidatos do Presidium do CC – que ele tinha se retirado das atividades e, para propósitos práticos,
não poderia mais trabalhar ativamente.
Simonov, Glazami cheloveka pokolenya [“Pelos Olhos de um Homem da Minha geração], 1988, p. 246.
MOLOTOV; MIKOYAN
Khrushchev:
Consideremos o primeiro Pleno do Comitê Central após o 19º Congresso do Partido, quando Stalin, em
sua palestra, taxou Viacheslav Mikhailovich Molotov e Anastas Ivanovich Mikoyan ao sugerir que
esses velhos militantes do nosso Partido eram culpados de algumas acusações infundadas. Não é
descartado que, se Stalin tivesse permanecido no comando por mais alguns meses, os camaradas
Molotov e Mikoyan provavelmente não teriam feito nenhum discurso nesse Congresso.
Efremov:
É necessário abordar o comportamento incorreto por parte de algumas figuras políticas proeminentes,
se nós estivermos falando de união em nossos casos. Eu tenho em mente os camaradas Molotov e
Mikoyan.
Camarada Molotov – o mais dedicado da nossa causa. Se convocado, eu não duvido que, sem alguma
hesitação, daria sua vida pelo Partido, mas não podemos ignoras seus atos indignos. Camarada
Molotov como nosso Ministro de Assuntos Exteriores, ao beber um pouco a mais de licor em uma
missão diplomática, deu ao embaixador britânico autorização para publicar jornais e revistas burgueses
em nosso país. Por quê? Sob quais bases ele tinha concordado com tal coisa? Não é claro que a
burguesia é nosso inimigo de classe, e disseminar a imprensa burguesa entre o povo soviético não
poderia fazer nada além de nos prejudicar. Esse passo em falso, se nós autorizássemos, seria
prejudicial,uma influência negativa nas mentes e na visão de mundo do povo soviético, levaria a um
enfraquecimento da nossa ideologia comunista. Esse foi o primeiro erro político do camarada V. I.
Molotov.
E o sobre a oferta que Molotov fez de dar a Crimeia aos judeus soviéticos? Esse é um erro brutal do
camarada Molotov. Por que ele teria que fazer isso? Como isso poderia ser permitido? Com que base o
camarada Molotov fez esta oferta? Nós temos a República Judaica Autônoma. Não é o suficiente?
Deixemos essa República ser desenvolvida. E o camarada Molotov não será um defensor de
reivindicações ilegais de judeus sobre nossa Criméia soviética. Esse foi o segundo erro do camarada V.
I. Molotov! Camarada Molotov não se conduziu como se espera de um membro do Politburo. E
rejeitamos categoricamente suas ofertas fantasiosas.
Camarada Molotov tem tamanho e profundo respeito por sua esposa que assim que o Politburo toma
uma decisão nessa ou naquela questão política importante, rapidamente se fazia conhecido à camarada
Zhemchuzhina. Parecia como algum tipo de teia invisível unindo o Politburo à esposa de Molotov,
Zhemchuzhina, e seus amigos. E ela estava envolta de amigos que não poderiam ser confiáveis.
Claramente, tal comportamento por um membro do Politburo, não é permissível.
Agora, a respeito do camarada Mikoyan. Ele, vejam bem, é categoricamente contrário ao aumento dos
impostos agrícolas sobre os camponeses. Quem é ele, nosso Anastas Mikoyan? O que não está claro a
ele? Os camponeses são nossos deficitários. Nós temos uma aliança prioritária com os camponeses.
Nós temos garantido a terra aos Kolkhozes para a eternidade. Eles devem pagar a dívida devida ao
Estado. Portanto eu não concordo com a posição do camarada Mikoyan.
Memórias de Khrushchev:
E na Plenária Stalin em seu discurso, atacou Molotov e Mikoyan “pela cabeça”, colocou a honestidade
de ambos em cheque. Em seu discurso insinuou má-fé política por parte deles, suspeitando de algum
tipo de desonestidade política. Ora, ora!
Khrushchev, N. S. Vremya. Liudi. Vlast. Kn. 2. Chast 3. Capítulo “19º Congresso do Partido Comunista de nosso País”. Online no Link
[hrono.ru/libris/lib_h/hrush41].
D. T. Shepilov, uma das poucas testemunhas da Plenária que deixou escritas suas considerações do que
aconteceu, disse:
Stalin na Plenária do CC, sem nenhum fundamento, expressou desconfiança política de Molotov,
acusou-o de “capitulação para o imperialismo americano” e propôs não apontar Molotov para a equipe
do Bureau do Presidium do CC. Isso foi feito. V. Molotov aceitou aquilo sem uma única palavra de
protesto.
De pé no podium, Stalin, com uma expressão de suspeita, falou como Molotov estava intimidado pelo
imperialismo americano, que, quando estava nos EUA, enviou telegramas em pânico, que tal dirigente
não merece nossa confiança, que não poderia estar na direção do núcleo do Partido. No mesmo tom,
Stalin expressou desconfiança política de A. Mikoyan e K. Voroshilov.
(...) Molotov sentou imóvel atrás da mesa do Presidium. Ele permaneceu em silêncio e nenhum
músculo se moveu em sua face. Pelo vidro do seu pince-nez, encarou diretamente o salão e apenas
raramente movia os três dedos de sua mão direita na toalha de mesa, como se amassando um pedaço de
pão. A. Mikoyan estava muito nervoso. Fez um discurso fraco e desordenado. Ele também,
defendendo-se dessas acusações fantásticas, não deixou de denunciar Molotov, que, como disse, tinha
tido amizade com Voznesensky, um terrível criminoso.
Shepilov, Dimitry T. Neprimknuvsky Moscou: Vagrius, 2001, p. 19; p. 229. Online no Link [pseudology.org/ShepilovDT/11].
EXPANSÃO DO PRESIDIUM
Khrushchev:
Stalin, evidentemente, tinha planos para acabar com os antigos membros do Gabinete Político. Ele
frequentemente afirmava que os membros do Gabinete Político deveriam ser substituídos por novos.
Sua proposta, feita após o 19º Congresso, relativa à eleição de 25 pessoas ao Presidium do Comitê
Central, visava a remoção dos antigos membros do Politburo e a instituição de pessoas menos
experientes para que o louvassem de todas as maneiras possíveis.
Podemos assumir que isso também era um projeto para a futura aniquilação dos antigos membros do
Politburo e, dessa forma, um disfarce para todos os atos vergonhosos de Stalin, atos que estamos
considerando agora.
Notas de Efremov:
Sim, realizamos o Congresso do nosso partido. Correu muito bem e muitos de vocês podem pensar que
entre nós existe plena harmonia e unidade. Mas nós não tínhamos essa harmonia e união de
pensamento. Algumas pessoas discordavam das nossas decisões.
Eles disseram, por que nós aumentamos significativamente o número de membros do Comitê Central?
Mas não é claro que nós precisamos de novas forças dentro do CC? Nós, velhos, vamos morrer, mas
nós devemos pensar em quem, para quais mãos deveremos passar o bastão de nossa grande construção.
Quem levará isso adiante? Para isso nós precisamos de pessoas jovens, dedicadas e lideranças
políticas. E o que significa formar um dirigente de estado dedicado e devotado? Toma dez, não, quinze
anos para educar um dirigente de Estado.
Mas não é suficiente apenas desejar isso. Formar ideologicamente, de forma firme, um ativista do
Estado só pode ser feito através da prática, no trabalho diário, em levar a linha geral do Partido, na
superação de toda a sorte de oposição dos elementos oportunistas hostis que estão se esforçando para
retardar e interromper a tarefa da construção do socialismo. E nós devemos ter ativistas políticos de
experiência leninista, formados pelo Partido na luta para derrotar as tentativas hostis e conquistar
sucesso completo na realização de nossos grandes objetivos.
Não está claro que nós devemos elevar o papel de nosso Partido e seus Comitês? Nós podemos nos
esquecer de melhorar o trabalho do Partido entre as massas, como Lenin nos ensinou? Tudo isso
precisa de um fluxo de juventude, forças novas no CC, a equipe geral do nosso Partido. Isso é o que
nós temos feito, seguindo as instruções de Lenin. Esse é o porquê nós devemos expandir o número de
membros do CC. E o partido em si tem que crescer um pouco.
É perguntada a questão de por que nós aliviamos algumas das mais proeminentes figuras do Partido e
do Estado a partir de seus importantes postos como ministros. O que pode ser dito sobre essa questão?
Nós substituímos os camaradas Molotov, Kaganovich. Voroshilov e outros e os substituiremos por
novos militantes. Por quê? Com qual fundamento? O trabalho de um ministro – é duro, trabalho de
camponês. Demanda grande força, conhecimento concreto e boa saúde. Esse é o porquê de nós
aliviarmos alguns camaradas merecedores dos postos que ocupavam e apontarmos em seus lugares
novos, mais qualificados, militantes, que tomam iniciativa. Eles são jovens, cheios de energia e força.
Nós devemos apoiá-los em seu importante trabalho.
1. Os editores trotskistas deste volume colocaram marcas de citações em volta do nome de Trotsky
para indicar que ele escreveu e assinou esses documentos mesmo embora eles não expressassem
seu verdadeiro pensamentos. Os editores não parecem perceber que isso faz Trotsky parecer o
tipo de auto promotor sem princípios que seus oponentes políticos o acusavam de ser.↩
2. Minha tradução; aquela feita por Mark Kramer na lista H-HOAC de 27 de fevereiro de 2005, no
Link [tinyurl.com/bqp6j], e amplamente impressa – por exemplo, no Marxist Internet Archive –
essa versão é imprecisa.↩
3. “‘Tselbyla spasti zhiznbolnogo’. Pisma Lidy Timashuk v svoiu zashchitu” “O Objetivo era
salvar a vida do paciente. Cartas de Lidya Timashuk em sua própria defesa”) Istochnik 1997,
No.1, pp. 3-16↩
BIBLIOGRAFIA
Muitas fontes primárias e secundárias foram consultadas
na preparação deste livro. A maioria está disponível
apenas em russo, até a data da publicação desse volume
[2007] poucas fontes estavam disponíveis em inglês. Esse
é um dos motivos para a referência de muitas fontes
primárias e secundárias. Todas as traduções são do autor, a
menos que destacadas no texto.
Incluir o texto completo de muitas fontes primárias, o
texto completo do Discurso de Khrushchev e toda a
bibliografia adicionaria muito ao valor final do livro.
Então:
LINKS
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1. msuweb.montclair.edu/~furrg/research/kl/speech.html []
{#kl/speech label=“kl/speech”}
2. memo.ru/memory/communarka/chapter5.htm []
{#memo.ru/memory/communarka/chapter5
label=“memo.ru/memory/communarka/chapter5”}
3. msuweb.montclair.edu/~furrg/research/sedovaltr022856.jpg
4. hrono.ru/libris/stalin/16-67.html []{#hrono.ru/libris/stalin/16-
67 label=“hrono.ru/libris/stalin/16-67”}
5. hrono.ru/libris/stalin/16-9.html []{#hrono.ru/libris/stalin/16-9
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6. militera.lib.ru/bio/volkogonov_dv/02.html []
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action=header&id=6
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nedeli.com/nn/print/48113/ []
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nedeli.com/nn/print/48113/
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nedeli.com/nn/print/48113/”}
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/jpmarat/jpmif.html []
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10. clogic.eserver.org/2009/Furr.pdf []
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oaction=show&name=voyna0833
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doc/55752”}
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[]{#web.archive.org/web/20160323035911/delostalina.ru/?
p=333
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ml
19. militera.lib.ru/memo/russian/yakovlev-as/20.html []
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20. msuweb.montclair.edu/~furrg/research/ezhovinterrogs.html
22. msuweb.montclair.edu/~furrg/research/frinovskyeng.html
23. memo.ru/history/vkvs/images/ulrih-39.jpg []
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25. web.archive.org/web/20041108152909/stalin.memo.ru/spiski/p
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i/pg05245
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spiski/pg05245”}
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y/prokurors/7/
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35. mosoblproc.ru/history/prokurors/8/ []
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06/16_06/4_01”}
41. msuweb.montclair.edu/~furrg/research/liskowpravda062741.p
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57. msuweb.montclair.edu/~furrg/research/bobrov-
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{#web.archive.org/web/20090518193322/situation.ru/app/j_art
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state.edu/grimsley1/h582/2001/Chomsky.htm
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PAPERS/HISTORY/ANTIST
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