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Guia Prático para

iniciar a sua jornada de


.
Autoconsciência,
Meditação e
Transformação

.
DaianaOliveira
“Não te esqueças, pois, de te retirares para
o pequeno campo do teu eu. Sobretudo,
nunca lutes nem te afadigues.

Sê, antes, dono de ti próprio, e encara a


vida como homem, como ser humano,
como cidadão e como mortal.

Entre as verdades em que seria bom


que pensasses estão estas duas:

Primeira, que as coisas nunca podem


atingir a alma, mas apenas ficar inertes

•2•
fora dela, de modo que o desassossego
só pode resultar de fantasias interiores; e

Segunda, que todos os objetos visíveis


mudam num instante e deixam de existir.

Pensa nas inúmeras mudanças em que


tu próprio tomaste parte.

Todo o universo é mudança, e a própria vida


não é senão aquilo que tu acreditas que é.”

Imperador Romano Marco Aurélio


(121-180 dC)

•3•
Sumário

Introdução
1. Somos Diamantes Brutos ............ 06
2. Somos como Plantas ...................... 12

Sobre Autoconsciência
3. Seu Caderno Especial .................... 21
4. Liste Hábitos Importantes ........... 29

Sobre a Meditação
5. Meditar ....................................................... 40
6. Preparar para Meditar .................... 46

Sobre a Transformação
7. A Beleza da Transformação ...... 53
8. A Sutileza da Transformação ... 59

adicionais
9. Sobre a Autora ..................................... 68
10. Bibliografia Recomendada ...... 74
"Observa-te a ti mesmo.”
Sócrates
(399 a.C.)

•5•
1. Somos
Diamantes Brutos

O que nos trouxe até aqui?


O que nos impede de seguir adiante,
de ir além?
Por onde começa o nosso caminho?

•6•

Todos nós carregamos em nossa


bagagem a história de nossas vidas.

Todos nós carregamos dezenas de milhares


de situações, de eventos, de acontecimentos,
de pessoas, de sentimentos, de
pensamentos, de acertos, de erros, de
fracassos, de sucessos, de sorrisos, de
lágrimas, de escolhas, de decisões.

Tudo isso lapidou quem somos hoje.


Tudo isso que aconteceu em nossas vidas,
todas essas pessoas que passaram por nós,
todos os caminhos que percorremos,
tudo isso nos trouxe até aqui.

Até onde estamos hoje.

Essa pessoa que você é, essas coisas que


você tem na sua bagagem, esse lugar em
que você está, são o resultado da história da
sua vida até hoje.
•7•
Mas e daí? Qual é a história que você vai
contar daqui pra frente? Terão novas
conquistas? Permanecerá envolvido nos
mesmos problemas de sempre?

Irá se contentar com o que tem hoje?


Tentará ir além? Ir em busca de ser mais? De
conhecer novas versões suas? Versões
melhores de sua personalidade?

Desbravará novos limites? Conhecerá novas


pessoas? Quebrará velhas correntes? Se
libertará de velhas amarras?

Muitas pessoas acreditam que se resolverem


o problema "x" em suas vidas, tudo vai ficar
bem, para sempre. E passam uma vida inteira
em busca dessa resposta.

Elas não percebem que problemas são como


louças sujas colocadas na pia: sempre tem
alguma para lavar.

Por isso, se focarmos em eliminar os


problemas que aparecem em nossas vidas,
morreremos sem obter sucesso em
completar essa tarefa.
•8•
Se a sua intenção não é ficar parado,
estagnado, preso na sua história de hoje,

Se a sua intenção não é manter as


mesmas coisas na sua bagagem,
Se a sua intenção não é permanecer no
mesmo ciclo em que você está hoje,

Se a sua intenção é seguir adiante,


Se a sua intenção é contar uma história
diferente da sua vida daqui pra frente,

É preciso aprender a focar em mudar a


forma como você lida com as adversidades,
com os problemas que aparecem no seu
caminho.

E para isso, é preciso mudar a forma como


você toma as decisões em sua vida.

E é aqui que o nosso trajeto deve começar.

Porque todos nós temos um caminho a


percorrer em nossas vidas, e esse caminho é
traçado de acordo com as nossas escolhas,
de acordo com as decisões que tomamos.

•9•
A questão é saber como podemos começar a
avaliar melhor nossas escolhas. E essa
resposta possui três etapas:

Primeiro, é preciso termos conhecimento


das nossas capacidades e qualidades.

Segundo, depois que sabemos quais são


nossas capacidades e qualidades,
precisamos aprender a utilizá-las com
a intenção correta.

Terceiro, depois de sintonizarmos nossas


intenções, precisamos aplicar as nossas
capacidades e qualidades para
impactar no mundo.

Todas as nossas escolhas devem ter


sempre esse pano de fundo.

Porque quando nossas decisões estão


voltadas para aprimorar uma qualidade
que possuímos, quando nossas decisões
estão sintonizadas com os valores
adequados, quando nossas decisões nos
levam a aplicar nossas qualidades para
melhorar algo no mundo,
• 10 •
nós realizamos
o nosso propósito de vida.

Porque quando esse é o pano de fundo das


nossas decisões, nós vamos ao encontro de
uma versão melhor de nós mesmos.

As decisões que levam essas três etapas em


consideração nos conduzem para uma
poderosa transformação interior.

E esse é o grande propósito de nossas vidas,


nos transformarmos sempre em uma versão
melhor de nós mesmos.

O grande propósito de nossas vidas é


lapidarmos o diamante bruto que somos.

• 11 •
2. Somos como
as plantas

Mas como podemos atingir o grande


propósito de nossa vida?
Por que temos dificuldade de saber
quem somos?

• 12 •

O grande propósito de nossas vidas, então,


é nos transformarmos na nossa melhor
versão. É sermos cada dia melhores do que
éramos ontem.

Mas precisamos entender que em cada fase


da vida há propósitos menores diferentes.
Existem objetivos diferentes a serem
alcançados em cada momento da nossa
história, do nosso percurso.

Cada um deles nos conduz para a nossa


melhor versão. Cada um desses propósitos
menores nos moldam um pouco. Cada
um deles lapida uma parte do diamante
bruto que somos.

É o mesmo que acontece com as plantas.

Quando semente, o objetivo das plantas


é simplesmente o de germinar. Depois, o
seu objetivo é fazer brotar a primeira folha
• 13 •
e criar suas raízes.

Depois que já está bem fixada no solo, a


planta passa a ter o objetivo de crescer, de
fortalecer os seus troncos e criar galhos
e mais folhas.

Quando mais madura, a planta passa a ter


o objetivo de florescer.

E só então a planta terá o objetivo de produzir


frutos e poderá espalhar as suas sementes,
para finalmente se multiplicar.

Cada objetivo da planta vai conduzindo ela


para uma versão cada vez melhor dela
mesma.

Primeiro versão semente, inerte e sem


capacidade para fazer muita coisa.

Depois versão planta, fraca e vulnerável,


mas já capaz de absorver água e produzir
raízes, galhos e folhas.

Depois versão árvore, mais forte e estável, e


capaz de produzir novas sementes, de se

• 14 •
multiplicar, de impactar com mais força no
mundo à sua volta.

E assim como acontece com as plantas não


dá para pular etapas para nos
transformarmos na nossa melhor versão.
É preciso atingir o objetivo, o propósito de
cada etapa.

Não adianta insistir em querer produzir frutos,


gastarmos energia, tempo e esforço para
produzir frutos, se você ainda for apenas
uma semente. Você vai morrer frustrado.

E provavelmente culpará o mundo por não


ter atingido o seu objetivo de produzir frutos.

É preciso desenvolver asas antes de querer


aprender a voar. Mas nem todo mundo
espera as asas se desenvolverem
completamente. Já vão tentando voar.

Por isso levam um milhão de tombos e


cabeçadas. Estão sempre feridos e
machucados. E assim, nem as asas
conseguem se desenvolver e nem eles
conseguem voar. Nunca.

• 15 •
Por isso, muito sabem teoricamente como
se voa, mas poucos realmente voam.

O ponto de partida, portanto, para iniciar


nosso trajeto, para contar nossa história, para
irmos em busca de nossa melhor versão, é
saber “Quem Somos”.

Sabendo qual tipo de semente somos,


saberemos em qual tipo de solo poderemos
germinar, quais nutrientes precisaremos
consumir, que tipo de árvore estamos
destinados a ser.

Mas temos dificuldades para saber "Quem


Somos" por diversos fatores.

Sentimos Pressão Social. Porque a sociedade


espera mais de nós, e também nós
esperamos mais de nós.

Vemos nossas qualidades e sabemos que


podemos ser mais, ser ainda melhores.

De repente nos encontramos em algum lugar


na vida, em alguma situação, que não
gostaríamos de estar. Que não estava nos

• 16 •
nossos planos. E nos vemos confusos,
perdidos, sem saída.

Ou, estamos andando em círculos na vida,


repetindo o mesmo script. Sentimos que
estamos aprisionados em uma situação.

Tentamos várias coisas e acabamos sempre


no mesmo lugar.

Ou mesmo, sentimos que estamos sempre


próximos do ponto de virada de nossas
vidas, mas temos dificuldades para
ultrapassar essa fase e alcançar a próxima
etapa.

E eventualmente nos acomodamos.


Percebemos que abandonamos alguns
sonhos pelo caminho.

Em algum momento nos questionamos:


O que trava o nosso crescimento? O que está
nos impedindo de brilhar? Será que não
somos bons o suficiente?

E quem não quer potencializar suas


capacidades e qualidades? Quem não quer

• 17 •
se transformar na sua melhor versão e
impactar no mundo, deixar a sua marca na
história?

Existem em todos nós obstáculos internos


que dificultam o nosso desenvolvimento, que
dificultam nossa vida de alguma forma, que
nos causam incômodo ou até mesmo
sofrimento.

Por isso, precisamos primeiro ter consciência


de que somos diamantes, para depois
aprendermos a lapidar essa pedra bruta.

Primeiro é preciso passar por um Processo de


Desenvolvimento de Autoconsciência, de
pleno conhecimento de nossas capacidades
e qualidades.

Depois que conhecemos melhor quem


somos, do que somos capazes e quais são os
nossos valores,

Depois que temos conhecimento e que nos


apossamos de nossas capacidades e
qualidades, precisamos aprender a motivar
adequadamente as nossas ações.

• 18 •
A Meditação nos auxilia a nos expressarmos
para o mundo de forma adequada, com a
intenção correta.

Depois dessa calibração interior, devemos


entrar em constante ação, a passar pelo
Processo de Transformação dessas
capacidades e qualidades em ferramentas
de crescimento pessoal e social.

Uma vez que fazemos isso, começamos a


transformar a nossa vida e a impactar no
mundo à nossa volta.

Porque ainda que não estejamos atentos


para isso, há uma magia que quando
desencadeada leva a Lagarta a se tornar
Borboleta, a Semente a se tornar Floresta, e
pode levar o Homem Comum a se tornar um
Homem Extraordinário, a atingir o seu
propósito de se tornar a melhor versão de si
mesmo.

• 19 •
“Somos o que
repetidamente fazemos.
A excelência, portanto, não é
um feito, mas um hábito.”

ARISTÓTELES
(384 a.C.)

• 20 •
3. Seu Caderno
especial

Como podemos nos conectar com


a nossa essência?
Como podemos compreender melhor
quem somos e quais os nossos valores?

• 21 •

Se o ponto de partida para irmos em busca


de nossa melhor versão é saber quem
somos; e se o mundo, a vida, as distrações
do caminho desfocam a nossa atenção;
então precisamos começar aos poucos a nos
conectar com a nossa essência.

Precisamos voltar a nossa atenção para


tentarmos descobrir qual tipo de semente
somos, qual solo e quais nutrientes nos faz
desenvolver melhor as nossas qualidades.

Para ajudar nesse processo, uma


ferramenta muito poderosa é a criação de
um caderno com os principais pensamentos
e ensinamentos que recebemos, e a sua
leitura frequente.

Quando voltei a me dedicar aos meus


estudos de evolução interior, tiveram três
livros que resumiam de forma muito
simples tudo o que eu estava aprendendo.

• 22 •
Cada vez que eu relia aqueles livros eu
enxergava uma nuance diferente, que antes
não havia notado.

Cada vez que eu lia, eu percebia que muita


coisa conseguia compreender com clareza,
mas que era difícil de colocar em prática, de
transformar em um hábito, de incluir aquilo
no meu dia-a-dia.

Aquelas ideias, aqueles valores, aqueles


conhecimentos que ressonavam com a
frequência da minha mente e dos meus
valores, acabavam se perdendo na correria
do dia-a-dia.

Todas as outras informações que eu recebia


diariamente e constantemente de todos os
lugares, acabavam silenciando aquilo que era
tão importante pra mim.

Então eu decidi que eu precisava, de alguma


forma, incluir naquele amontoado de
informações diárias que eu recebia e que
influenciava a minha vida, também aquelas
ideias, aqueles valores, aqueles
conhecimentos que eu lia nos livros com os

• 23 •
quais eu me identificava.

Do mesmo jeito que eu estava exposta a um


milhão de informações do mundo todos os
dias, eu queria também me expor diariamente
àquelas ideias, àqueles valores, àqueles
conhecimentos dos livros com os quais eu
me sentia alinhada.

Para fazer isso, eu decidi comprar um


caderno e transcrever as principais frases,
ideias, conceitos, pensamentos, valores de
cada livro.

Transcrevi para não perder a sutileza de cada


palavra, não imprimir um significado
pessoal, único e equivocado. Queria ter
acesso à expressão escolhida a dedo pelo
autor.

Era um caderno pequeno, mas que podia ser


carregado na minha bolsa, e andar comigo
por todo lugar, o tempo todo.

Sempre que eu quisesse, eu poderia dar uma


lida rápida em uma folha ou duas. Fazia isso
enquanto esperava uma consulta, um vôo, ou

• 24 •
mesmo quando sentia vontade.

A intenção era incluir aquelas ideias, pitada


por pitada, no meu dia a dia, sem obrigação
nenhuma, nem de um horário, nem de
quantidade, de nada.

Eu sabia que quando somos expostos por


longo tempo a determinadas ideias,
conceitos, práticas, mesmo que em pequenas
doses diárias e sem grandes
comprometimentos, em algum momento
trazemos essas ideias para dentro de nós.

Quando compreendemos, nos conectamos


com essas ideias, absorvemos suas
informações, e eventualmente elas se
fundem em nossa personalidade, e passam
a fazer parte de nós.

Acontece que normalmente nós não


escolhemos o que vemos, lemos, assistimos
todos os dias o tempo todo.

Somos expostos ao que está no outdoor, na


televisão, no facebook, no instagram, no
youtube, na música da rádio, na música do

• 25 •
vídeo que assistimos, na propaganda no
canto da página.

Ficamos à mercê de nossa exposição.

Mas esse caderno se tornou a minha


exposição diária às coisas que eu valorizava,
às coisas que eu queria lembrar diariamente.
Eu escolhi me expor diariamente também
àquelas ideias.

Por isso, recomendo comprar um caderno


para esse fim específico.

Não pode ser um caderno muito grande, nem


muito pesado, basta que consiga carregar em
sua bolsa ou mochila, para que possa tê-lo
sempre em mãos.

Depois, recolha todos os estudos que


tocaram o seu coração, que lhe trouxeram
maior esclarecimento, que fizeram mais
sentido para a sua mente.

Transcreva as partes que lhe causaram maior


impacto ou que considera mais importantes.

• 26 •
Transcreva tudo aquilo que merece mais da
sua atenção, que precisa de maior reflexão,
que exige ser lembrado com mais frequência.

Pense, avalie com bastante sinceridade tudo


aquilo que você se identifica, que você
acredita que pode despertar suas qualidades,
que represente seus valores.

Porque uma forma de percebermos melhor a


nossa essência é perceber com o que nos
identificamos, com o que nos conectamos,
com o que nos sentimos atraídos.

Quais são os textos, os pensamentos, as


ideias que representam as nossas próprias
palavras, os nossos próprios pensamentos, as
nossas próprias ideias.

Depois que você transcreveu os textos que


você selecionou, carregue sempre esse
caderno em sua bolsa ou mochila. E sempre
que achar necessário, inclua novos textos,
novas ideias, novos pensamentos. Inclusive
os seus próprios.

Quando estiver no ônibus, no táxi,

• 27 •
aguardando um voo, esperando uma
consulta, uma reunião, aproveite para ler.
Ou, sempre antes ou depois de meditar, leia
uma página ou duas.

Todo dia, rememore rapidamente alguma


coisa que foi transcrita. Dê um ou dois
minutos da sua atenção sobre um ponto
qualquer. Reflita alguns segundos sobre
uma ou outra questão.

Se exponha diariamente a essas palavras, a


esses conceitos, a esses valores. Isso vai te
conectar cada dia mais com a sua essência.

No começo será apenas uma leitura. Mas aos


poucos você perceberá que algo começa a
mudar na sua mente, no seu diálogo interno.

E você faz tudo isso, apenas lendo uma


página ou duas em qualquer momento do
seu dia.

• 28 •
4. Listar Hábitos
Importantes

Como podemos começar a expressar


quem somos?
Como podemos começar a aplicar
nossos valores e qualidades?

• 29 •

Outra ferramenta complementar que pode


auxiliar no caminho de Autoconsciência, de
conhecer melhor a sua essência, de voltar a
sua atenção para quem você é, para o que
você expressa e que quer expressar para o
mundo é listar quais são os hábitos que
representam nossos valores, mas que não
colocamos em prática.

Além do caderno, naquela mesma época eu


fiz uma lista dos hábitos que eu queria
desenvolver em mim.

Eu não tinha a pretensão de nada muito


grandioso, ou muito sério. Eram só hábitos
que eu acreditava que se eu os tivesse eu
ficaria muito orgulhosa de mim mesma.

Eram hábitos que eu sabia que me


ajudariam a ser uma pessoa melhor.

Para elaborar essa lista, eu comecei

• 30 •
pensando nas coisas que falavam sobre
mim. Porque as pessoas nos julgam pelos
nossos hábitos e não pelo que pensamos.

E isso acontece porque as pessoas só podem


conhecer de nós aquilo que nós
expressamos para o mundo.

Tudo o que guardamos em nossa mente,


que não colocamos em prática na nossa vida,
morre na nossa mente, sem que ninguém
conheça. Só nós mesmos.

Por exemplo, sempre diziam que eu não era


pontual. Que precisavam falar um horário
errado para eu chegar no horário certo.

E aquilo me incomodava muito.


Especialmente porque era verdade.

Por mais comprometida e responsável que


eu fosse, por maior respeito que eu tivesse
pelas pessoas envolvidas, ao chegar sempre
atrasada eu não praticava o que eu pensava.

Agindo daquela forma, eu não respeitava os


outros. E mais do que isso, eu não respeitava
• 31 •
os meus próprios valores.

Ao chegar atrasada eu desrespeitava o


comprometimento dos outros e não
expressava ser uma pessoa confiável.

E eu ainda criava novos problemas. Porque as


pessoas ficavam irritadas, as consultas
tinham que ser remarcadas. E eu corria risco
de sofrer acidente de trânsito, estresse físico
e emocional.

Ser pontual, então, era um hábito que eu


ficaria muito orgulhosa de adquirir, porque
aquilo sim expressaria os meus verdadeiros
valores.

Nesse processo de pensar sobre como as


pessoas me julgavam, sobre os hábitos que
me definiam, eu comecei a perceber que
muitos dos valores que eu possuía eu não os
colocava em prática no meu dia a dia.

Por isso as pessoas enxergavam uma


imagem diferente daquela que eu tinha de
mim mesma. Havia uma incongruência
entre os meus valores e os meus hábitos.
• 32 •
Então, eu comecei também a anotar quais
valores eram mais valiosos para mim e quais
hábitos seriam capazes de colocar aqueles
valores em prática.

Eu queria que os meus atos estivessem em


harmonia com os meus valores.

Por exemplo, eu tinha como um valor não


jugar as pessoas. Mas eu estava sempre
fazendo julgamentos rasos sobre os outros.

Vendo como erradas aquelas pessoas


diferentes de mim. Avaliando a capacidade
dos outros, o modo de pensar, o jeito de ser.
Estava sempre apontando o que era certo e
o que era errado.

Então, não fazer julgamentos era um hábito


que eu ficaria muito orgulhosa de
desenvolver.

E mesmo que fosse muita pretensão


acreditar que eu nunca mais julgaria os
outros, eu já estaria orgulhosa de ao menos
diminuir meus julgamentos, de refletir
internamente quando fizesse algum

• 33 •
julgamento, de reconhecer julgamentos
inapropriados.

Outros hábitos que eu considerei referiam-se


à saúde e ao cuidado do corpo. Se a meta era
estar sempre preparada para um novo
desafio, era preciso adquirir hábitos
nutritivos para o corpo.

Percebi que raramente eu tomava água. E


água é literalmente a fonte da vida.
Um corpo bem hidratado tem uma pele
melhor, o intestino funciona melhor, todos os
órgãos ficam melhor irrigados.

Então, eu precisava adquirir o hábito de


tomar 2 litros de água, no mínimo, por dia.

No final, estabeleci 12 hábitos que eu queria


desenvolver porque eles representavam os
meus valores mais importantes.

Esse exercício de autoconhecimento e


prática é muito revelador e equalizador.

Revelador, porque passamos a perceber a


incongruência entre os nossos atos e os
• 34 •
nossos pensamentos e valores.

Equalizador, porque começamos a equalizar


a pessoa que somos para o mundo, com a
pessoa que somos em nossa mente.

Por isso, recomendo que aproveite um final


de semana para ir a um parque, ou mesmo se
recolher em seu quarto e refletir sobre os
defeitos que as pessoas lhe apontam.

Refletir sobre aqueles que te incomodam.


Refletir se o que dizem, acontece de fato.

E se acontece mesmo, se você realmente faz


o que falam, reflita se isso condiz com o que
você preza nos outros.

Se for uma atitude que geralmente você tem,


mas não concorda, que lhe faz mal, que não
condiz com os valores que você presa, reflita
se não é um hábito que valha pena trabalhar.

Para contrabalançar com esse hábito


inapropriado que você tem, não coloque na
sua lista “Não fazer tal coisa”, porque quando
damos um comando para o cérebro não

• 35 •
fazer, ele automaticamente cria uma
resistência, e não altera o seu padrão.

É preciso adotar o hábito antagônico.

Por exemplo, não anotei que queria criar o


hábito de “não julgar”, porque isso criaria
resistência no meu cérebro. Anotei que
queria criar o hábito de “Respeitar a opinião,
o jeito de ser e os pensamentos de todos”.

Quando estipulamos um hábito positivo, ou


seja, um hábito de fazer ou de ser,
automaticamente desviamos da resistência
do nosso cérebro.

E praticando mais deste novo hábito, o antigo


vai desaparecendo.

Aproveite a oportunidade para refletir sobre


os valores que você preza, sobre as
qualidades que você gostaria que ecoassem
em você.

Reflita se os seus hábitos de hoje condizem


com tudo isso, se eles representam seus
valores e suas qualidades mais preciosas.

• 36 •
E se não houver congruência entre essas
duas pontas da equação, avalie quais hábitos
você pode adquirir que expressem as suas
melhores qualidades e os seus valores mais
importantes.

Seja bastante crítico e verdadeiro consigo. E


pense nos hábitos que te fariam sentir-se
orgulhoso de si.

Não estamos falando de hábitos que vão


aumentar a sua eficiência no trabalho,
agilizar o seu aprendizado, ou que vão te
enriquecer.

Absolutamente nada contra a criação desses


hábitos. Pelo contrário, eles auxiliam
demais em nosso desenvolvimento pessoal e
profissional. E podem sim nos levar à riqueza
material.

Mas, aqui, estamos tratando de hábitos que


vão permitir que você se expresse no mundo
da forma como verdadeiramente é, e que o
mundo também te enxergue como você é.

São hábitos que vão fazer a pessoa em sua

• 37 •
mente estar em equilíbrio com a pessoa
que você expressa para o mundo.

Porque normalmente nós não percebemos


essa incongruência e ficamos revoltados
com as críticas que recebemos ou porque as
pessoas não respeitam quem somos.

Quando na verdade, somos nós mesmos que


estamos dessintonizados, que estamos
operando em uma frequência internamente
e em outra externamente.

• 38 •
“Quando seu espírito estiver
isento de toda turvação,
quando as nuvens da
desordem se dissiparem.
Você conhecerá o verdadeiro
Nada.”
Miyamoto Musashi
(1584-1645)

• 39 •
5. Meditar

Como a meditação atua em nós?


Como devemos praticar a meditação?

• 40 •

A Meditação é uma ferramenta de


Autoconsciência e Transformação que
sozinha já produz efeitos em nossas vidas,
pois ela nos coloca em contato com nós
mesmos, com nossos pensamentos, com
nossos sentimentos, com nossas emoções,
com nossos valores.

A Meditação nos mantêm concentrados,


atentos, focados e preparados para superar
os desafios que a vida nos apresenta.

Ela nos auxilia a compreender os sinais que


recebemos, a não nos perdermos com as
distrações do caminho, e a adequar nossa
percepção sobre nós mesmos e sobre o
mundo.

A Meditação ajusta as nossas lentes, para


enxergarmos os eventos, as situações, as
pessoas como elas são em suas profundezas.
Deixamos de ver só o que está na superfície.
• 41 •
Mas não adianta meditar de vez em quando,
porque a meditação em si, também é um
processo, e como tal deve ser contínuo,
diário.

É como querer ter um corpo definido e


malhado e ir na academia só uma vez por
semana. O resultado desejado nunca será
conquistado.

O mesmo acontece com a meditação. Cada


dia de prática vai nos aperfeiçoando, nos
deixando mais à vontade, mais confortáveis,
mais hábeis em silenciar a mente.

Até que um dia conseguimos meditar uma


hora, sem muito esforço ou desconforto. E
conseguimos silenciar, acalmar a mente, de
forma mais frequente e mais estável.

Mas é muito comum as pessoas resistirem à


prática da meditação.

Argumentam que estão com muitos


problemas na cabeça, com muita coisa para
pensar, ou mesmo que não têm paciência
para ficarem paradas sem fazer nada.

• 42 •
Normalmente, essas mesmas pessoas estão
sempre procurando remédios, psicólogos,
fugas de todos os tipos, que lhes resolvam
instantaneamente os seus problemas, ou que
lhes digam o que mudar ou mesmo quem
mudar, para resolver o problema.

O que elas não percebem é que não é


possível mudar o mundo e nem as pessoas;
que as nossas sensações de conforto ou
desconforto nos sinalizam muita coisa; e
que para entender melhor o que as
circunstâncias significam, temos que meditar
diariamente.

Meditar permite que o cérebro faça novas


sinapses; expande as nossas percepções;
altera o sentido em que a roda de nossos
pensamentos gira; fortalece a fé, e possibilita
a ocorrência de milagres.

A dificuldade de meditar por ter muita coisa


na cabeça ou não ter paciência, devem ser os
principais motivos para começar a meditar.
Porque muita coisa na mente e ansiedade
são sinais de confusão, de falta de
organização mental.
• 43 •
E como uma antiga professora me disse certa
vez, quando meditamos com frequência,
"deixamos os pensamentos fluírem, e
eventualmente eles se aquietam".

Conta a Fábula de Esopo, que o Vento e o Sol


estavam competindo para ver quem
conseguiria tirar o casaco de um viajante.

O Vento soprou furiosamente sobre o


viajante, mas quanto mais forte soprava, mais
o viajante apertava o casaco.

O Sol, por sua vez, apenas brilhou sobre o


viajante, quente e cada vez mais quente, e o
viajante simplesmente tirou o casaco.

O mesmo acontece na Meditação. Quanto


mais tentamos forçar a mente a não pensar
em alguma coisa, mais ela vai se apegar
àquele pensamento.

Precisamos apenas deixar acontecer, não


fazer esforço. Em algum momento os
pensamentos vão sumir e a transcendência
ocorrerá.

• 44 •
Podemos começar com apenas 5 minutos e
depois irmos aumentando esse tempo.

A mente vai se acostumando.

Os pensamentos começam a ir, um a um,


para o seu devido lugar. O caos mental se
organiza e conseguimos enxergar tudo com
clareza.

Com a mente calma, entendemos melhor,


vemos melhor, ouvimos melhor.

Todas as respostas vêm quando meditamos.


Absolutamente todas.

E se só a prática leva à perfeição, como


afirma Aristóteles, então devemos meditar
todos os dias se quisermos experienciar a
Transformação e controlar nossos destinos.

• 45 •
6. Preparar para
Meditar

Como começar a praticar a meditação?


Tem algum passo a passo simples?

• 46 •

Agora que sabemos que é importante


meditar, e que precisamos praticar todos os
dias, ainda que por apenas 5 minutos,
precisamos aprender a começar a praticar.

Reserve um momento diário para praticar a


Meditação.

Não se preocupe com a roupa certa, com o


lugar adequado. Não se preocupe em ter um
momento perfeito.

Se você perder muito tempo se arrumando e


ajeitando o lugar para meditar, o seu foco
está no lugar errado.

Quando chegar aquele horário que você


reservou na sua agenda para meditar, siga
esse passo a passo simples, e simplesmente
comece a praticar.

• 47 •
1.
Tome um copo de água antes de iniciar a
prática. Hidrate o seu corpo.

2.
Depois, tire os seus sapatos e sente-se, na
cama ou no chão, de maneira confortável,
mas com a postura ereta.

Pode ser em postura de lótus, com as pernas


cruzadas, ou sentado sobre os joelhos. Ainda,
se preferir, sente-se sobre uma almofada.

Mas, se ainda assim ficar muito


desconfortável, sente-se em uma cadeira.

3.
Traga a atenção para cada parte do seu
corpo.

Arrume a sua coluna, perceba os dedos dos


seus pés, acomode suas mãos uma sobre a
outra, ou sobre os joelhos.

Descontraia os músculos da face e do corpo,


mas não fique relaxado completamente.

• 48 •
Perceba que não é relaxamento, é Meditação.
Você precisa estar plenamente atento e
consciente.

4.
Concentre-se então na sua respiração.

Inspire e expire pelo peito, como se você


estivesse abrindo e fechando o tórax.

Inspire profundamente, mas lentamente,


contando até 7.

Em seguida expire soltando devagar todo o


ar, também contando até 7. Esvazie
completamente os seus pulmões.

Mantenha esse ritmo.

5.
Quando sentir vontade, quando perceber que
a mente já está concentrada no momento
presente, pare de pensar na respiração e
deixe o ar entrar e sair naturalmente dos seus
pulmões.

Por alguns instantes, esvazie a sua mente!


• 49 •
Sempre que algum pensamento surgir, diga
para si mesmo: "Apenas seja!”.

Lembre-se que nada será resolvido neste


momento.

6.
Tente se concentrar nos barulhos ao seu
redor.

Tente ouvir o barulho mais distante que


conseguir, e se concentre nele.

Outras vezes tente ouvir o barulho mais


próximo e mais sutil, como os batimentos do
coração, e se concentre nele.

Permaneça, não desista tão fácil.

Lembre-se que é um processo.

Hoje a sua mente está tumultuada e


pensamentos vêm em grande velocidade.

Aos poucos, eles vão se assentando como


flocos de um globo de neve.

• 50 •
7.
Após algum tempo neste estágio de
esvaziamento da sua mente, de decantação
dos pensamentos, volte a se concentrar na
sua respiração.

Depois, junte suas mãos na frente do peito, e


repita as seguintes frases:

"Obrigada!”

"Fazei de mim um instrumento de


Vossa Paz!”

"Que seja feita a Vossa vontade!”.

• 51 •
“Pensa nas inúmeras
mudanças em que tu
próprio tomaste parte.

Todo o universo é mudança,


e a própria vida não senão
aquilo que tu acreditas
que é.”

Imperador romano
Marco Aurélio
(121-180 d.C.)

• 52 •
7. A Beleza da
Transformação

O que é a Transformação Interior


ou Espiritual?
O que é essa magia que quando
desencadeada leva a Lagarta
a se tornar Borboleta?

• 53 •

Quando nós nos transformamos, nós não


mudamos nosso corpo, não mudamos da
lagarta para a borboleta.

Por isso não adianta acreditarmos que cortar


o cabelo ou mudar de roupa vai nos
transformar em alguém diferente.

Essas atitudes ajudam a construir a nossa


autoestima e até a nossa autoconfiança,
que são extremamente importantes para nos
protegermos das toxidades do mundo. Mas
são apenas mudanças e não transformação.

Nós somos um animal mais evoluído. Por isso


quando nos transformamos, é algo dentro de
nós que muda. É a nossa percepção que
muda.

Nós passamos a enxergar tudo a nossa volta


de forma diferente do que enxergávamos
antes e também do que os outros enxergam.
• 54 •
Entramos em um mundo totalmente novo,
que nós não conhecíamos. Vemos tudo
diferente, as pessoas, as situações, os
assuntos, os porquês. Mudamos a
programação do nosso cérebro.

É isso o que uma transformação provoca.

É como acontecia no tempo de colégio. Em


cada ano que estávamos percebíamos o
mundo de uma forma diferente. As
professoras, as matérias, os colegas, as aulas.

Estávamos no mesmo colégio que no ano


anterior, mas não víamos mais as mesmas
coisas como antes.

Nossa percepção do mundo, nossas


vontades, nossa compreensão estavam
bastante diferentes, mas permanecíamos no
mesmo colégio.

Essa evolução de percepção continua por


toda a nossa vida, mas nós simplesmente não
somos mais acompanhados e nos
perdemos, nos confundimos no turbilhão de
informações a que somos expostos.
• 55 •
E assim, muitas vezes ficamos presos em
uma fase espiritual e não conseguimos
"passar de ano".

E quando isso acontece, normalmente


buscamos remédios que curam essas
nossas dores, procuramos métodos que
solucionam nossos problemas pontuais.

E esses remédios e esses métodos


funcionam, são efetivos. Eles conseguem
desbloquear aquele medo, resolver aquele
problema. Mas são ferramentas pontuais
para problemas pontuais.

Acontece que depois, outros problemas


aparecem, e buscamos novas ferramentas
para lidar com esses novos problemas
pontuais.

E assim podemos passar uma vida inteira


de incansável busca e aplicação de métodos,
que resolvem eficazmente, mas que não nos
transformam.

Porque quando há uma transformação, tudo


é percebido de forma diferente, inclusive os

• 56 •
problemas, os obstáculos, e até mesmo as
causas que existem por trás desses
problemas, desses obstáculos.

É como se estivéssemos vivendo em um


mundo paralelo. Porque os desafios e os
testes da vida, ainda que sejam os mesmos,
nós passamos a vê-los com outras lentes.

Passamos a ver neles uma oportunidade e


não mais um problema. Nossos obstáculos
passam a ser as próprias soluções.

Começamos a ser conduzidos sempre para


uma nova transformação, de onde
passaremos a enxergar diferente do que
enxergávamos.

Saímos do primário e vamos para o colegial


e depois para o ensino superior. Quanto mais
transformações passamos, mais percepções
diferenciadas de mundo vamos criando.

Diferentes percepções da que tínhamos, e


também da que as outras pessoas têm. O
horizonte delas passa a ser mais perto do
que o nosso. A cada transformação que
• 57 •
passamos, enxergamos pouco mais longe.

Leia um livro inteiro uma vez.


Depois, tão logo termine, leia de novo.

O livro contém as mesmas palavras, mas


garanto que muita coisa você vai
compreender diferente. Porque agora você já
sabe tudo o que ele contém.

E se depois de alguns meses, de ler outros


livros sobre o assunto, você reler aquele
livro, não me surpreenderá se você tiver uma
terceira percepção dele. Que agora você
compreenda ele de uma nova forma.

Porque agora você não só sabe tudo o que


este livro fala, mas você também sabe o que
outros livros falam sobre aquele assunto.

As mesmas palavras encobertas por diversos


véus da sua percepção. É a sua percepção
que muda o sentido daquelas palavras, o
livro permanece sendo o mesmo. E isso é
Transformação.


• 58 •
8. A Sutileza da
Transformação

Se a Transformação é fundamental para a


nossa evolução, por que ela é tão sutil?
Por que temos dificuldade para
compreender a existência desse processo?

• 59 •

O conhecimento da humanidade aumentou


muito nos últimos séculos. Desbravamos e
descobrimos muita coisa sobre o mundo,
sobre nós, sobre o corpo humano, sobre o
universo.

Sabemos sobre física quântica, sobre as


menores partículas de matéria, sobre
astrofísica. Conseguimos fotografar planetas
e galáxias. Mapeamos o DNA dos seres
vivos, desvendamos o funcionamento dos
neurônios.

Expandimos muito o nosso conhecimento


sobre o mundo ao nosso redor e sobre como
ele funciona.

Mas permanecemos ignorantes sobre o


nosso papel nesse mundo e sobre como nos
encaixamos no sistema.

Se temos tanto conhecimento por que não

• 60 •
sabemos nada sobre Transformação
Espiritual?

Por que essas questões que envolvem a


Transformação Interior ou Espiritual estão
escondidas de nós, trancadas atrás enormes
portas?

Há muitas razões pelas quais não temos


conhecimento sobre o que de fato é
Transformação Espiritual, sobre a sua
importância e muito menos sobre o seu
processo.

A globalização consegue interconectar


cada canto do planeta, tornar possíveis
transações distantes, conversas instantâneas
entre pessoas localizadas em extremos
opostos.

Mas quanto mais nos conectados com o


mundo de fora, mais desconectados estamos
uns dos outros, e mais nos distanciamos das
nossas próprias buscas interiores e espirituais.

O problema não é que não buscamos seguir


nossos sonhos, ou expressar nosso propósito.

• 61 •
O problema é que perdemos tempo demais
com distrações que não nos acrescentam em
nada, que não nos ajudam a conquistar
nossos sonhos, a expressar o propósito de
nossa alma, de nos tornarmos a melhor
versão de nós mesmos.

Somos constantemente desviados do


caminho da Transformação Interior pelas
inúmeras distrações que o mundo nos
oferece.

Diante da vastidão de informações a que


estamos submetidos, nos preocupamos
primeiro em ter. Se possível e se tivermos
tempo, nos preocuparemos em ser.

Quando, na verdade, deveríamos nos


preocupar em ser. E consequentemente ter.

Porque nossa Transformação Interior,


Espiritual provoca uma Transformação
Exterior, Material, que produz frutos. Ter, se
torna uma consequência inevitável da
Transformação Espiritual.

Quando começamos a nos conectar pelo

• 62 •
rádio, revistas, e então pela televisão, internet
e celulares, permitimos que alguém passasse
a pensar por nós, a nos dizer o que é bom e
o que é ruim, o que devemos ter ou não.

Por isso, quando nos conectamos a esses


desejos plantados em nossas mentes, pelas
distrações que o mundo oferece, nos
desconectamos do nosso desejo primário, da
nossa essência.

As religiões têm a capacidade de


transformar os seres humanos. Mas mesmo
havendo tantas no mundo, com tantos
seguidores cada uma, e existentes há
centenas ou milhares de anos, elas ainda não
foram capazes de desvelar a Transformação
Interior como algo natural e importante.

Porque ainda tratamos o espiritual como fruto


de nossa imaginação, como algo
misterioso. Porque resistimos a aceitar que
parte de nós é físico e outra parte é espiritual.

Ou consideramos o mundo como algo


apenas físico e dispendemos todos os nossos
esforços para entendê-lo sob este único

• 63 •
ponto de vista.

Ou consideramos o mundo como algo


apenas espiritual, e dispendemos os nossos
esforços nessa busca por explicações
somente espirituais.

Acontece que a ciência, a filosofia e mesmo


as religiões correspondem a meros
sistemas de pensamento, eles são capazes
de criar mapas que permitem demonstrar
como o mundo físico ou o espiritual são.

Contudo, o mapa não é a cidade, é apenas


uma representação dela.

Por mais detalhado que o mapa seja, ele


nunca será a cidade. Ele nunca será a
experiência de estar na cidade. Mas nós
insistimos em criar e focar nos mapas.

Precisamos parar de estudar o corpo físico


separado do corpo espiritual e vice-versa.
Precisamos parar de separar a ciência da
religião. É preciso que passemos a analisar e
a entender como os dois mundos
funcionam juntos.
• 64 •
Quando nosso estudo tem um foco dualista,
não consideramos forças que agem sobre
nós quer queiramos ou não.

Nossa percepção fica limitada e


permanecemos ignorando a Transformação
Espiritual e a sua importância.

Nós precisamos parar de resistir e


precisamos entender que fazemos parte de
um mundo físico e espiritual ao mesmo
tempo.

Que somos influenciados por forças físicas


e também por forças de ordem espiritual.
Que nos expressamos não só no mundo
físico, mas também no espiritual.

Esses dois mundos interagem


constantemente entre si. Um influencia o
outro. Um coloca o outro em movimento,
simultaneamente.

O problema é que na maioria das vezes


tentamos obter explicações sobre o mundo
espiritual por meio de nossas percepções
físicas. E isso é impossível.
• 65 •
Tentamos explicar o mundo espiritual por
meio de nossas razões materiais, por meio
dos nossos cinco sentidos.

Enquanto fizermos isso continuaremos do


lado de fora do portão, tentando arrombar o
cadeado para entrar e descobrir os segredos
supostamente sagrados.

É preciso inverter a rotação de nossa


percepção. Devemos partir de nossas
percepções espirituais para obter as
explicações sobre o mundo físico.

Precisamos tentar entender o que existe


além do que os nossos cinco sentidos
conseguem explicar.

Somente assim nos transformaremos e


compreenderemos a realidade como ela
verdadeiramente é, nos livrando dos
sofrimentos.

Mas isso tudo permanece oculto de nós


porque insistimos em olhar pelo lado de fora
do portão.

• 66 •
“Um tolo que conhece a sua
loucura é sábio,
pelo menos até esse ponto.

Mas um tolo que se julga


sábio é seguramente um tolo.”

Dhammapada

• 67 •
9. Sobre a autora

Quem é Daiana Oliveira?


O que me trouxe até aqui?
Qual é o meu objetivo com
esse projeto?

• 68 •

Costumo dizer, que eu carrego dentro de


mim, três personalidades bastante fortes:

A primeira delas é a Dançarina, ligada o


Corpo, que é rebelde, artista e apaixonada.

Porque desde que eu era bem pequena eu


sempre gostei de desenhar, de escrever
poesia, de montar peças de teatro, de
dançar ballet, street dance, flamenco.

Sempre tive esse lado artístico muito


aflorado. Mas depois de mais velha acabei
silenciando. Deixei essa minha
personalidade reprimida. Aprisionada.

Outra face da minha personalidade é a


Advogada, ligada à Mente, que é disciplinada,
organizada e exigente.

Porque eu sou advogada atuante na área


tributária há mais de 15 anos.
• 69 •
Tirei 10 na minha monografia de graduação.
Passei na primeira prova da ordem. Fiz pós
graduação, LLM em Business and Law.

Sempre trabalhei em grandes escritórios,


advogando em grandes causas. Sempre fui
obcecada pelo meu trabalho. Não me
cansava de estudar, de escrever, de galgar
meu lugar.

E ainda, em completo contraste, tem a face


da minha personalidade que eu chamo de
Hippie, ligada ao Espírito, que é flexível,
empática e questionadora.

É o meu lado que está sempre em contato


com o espiritual, com o divino. É o meu lado
que tem uma fé inabalável e que acredita no
bem acima de tudo.

E conduzida por esta faceta da minha


personalidade, desde muito nova, sempre me
interessaram os assuntos de filosofia, de
religião, de história, de evolução das
espécies, de astronomia.

A vida precisava ter uma explicação. Eu

• 70 •
queria saber de onde viemos? O que fazemos
aqui? Qual é o propósito disso tudo?

Todas essas perguntas sempre ecoaram


intensamente na minha cabeça. E eu
precisava respondê-las.

Em minha busca incessante por respostas,


cruzei com vários livros, flertei com muitas
religiões, enfrentei alguns desafios.

Questionei Deus, procurei por Ele, e até


briguei com Ele em alguns momentos.

Mas no caminho da minha busca, eu fui


percebendo mais e mais que as várias linhas
de pensamento, as filosofias e as religiões se
complementam.

Só que foi dos contos infantis que encontrei


alguns dos melhores e mais singelos
ensinamentos.

Em especial, foi com "O Mágico de Oz" que


entendi que para alcançar qualquer objetivo,
basta seguir a estrada dos tijolos de ouro, e
no caminho três importantes características

• 71 •
deverão ser desenvolvidas em nossa alma:

Sabedoria, para conseguirmos entender as


situações, percebermos as oportunidades,
visualizarmos as soluções, decifrarmos aquilo
que não é tão perceptível aos olhos.

Amor, para que as nossas atitudes, as


nossas decisões e os nossos pensamentos
sejam sempre conduzidos por valores mais
elevados.

Coragem, para conseguirmos fazer o que


tem que ser feito e no momento certo.

Agora, eu estou na fase da minha vida em


que eu decidi enfrentar o meu mais novo, e
quiçá mais difícil, desafio:

Juntar todas as peças que eu encontrei pelo


caminho, montar o quebra-cabeça das
coisas que aprendi até aqui, e ajudar àqueles
que aceitarem o convite de iniciar a percorrer
o tortuoso e recompensador caminho da
Autoconsciência, da Meditação e da
Transformação Espiritual

• 72 •
Esse é o meu grande objetivo com o Projeto
Tempo de Meditar.

Porque mesmo que eu tenha pouco a ensinar


e muito a aprender, eu acredito que esse
pouco já pode trazer algum esclarecimento
às mentes confusas, inquietas e
questionadoras.

E para quem não tem a mente aberta, espero


sinceramente que ao menos eu possa
entrar em seus corações.

• 73 •
10. Leitura
Recomendada

Por quais livros posso começar a entender


melhor tudo isso?
Quais livros são imprescindíveis de ler?

• 74 •

Os livros abaixo recomendados estão em


ordem cronológica de sua edição,
começando pelo mais antigo:

Dhammapada
O Caminho da Sabedoria do Buddha
Segundo muitos, esse texto foi escrito pelo
próprio Buda.

Bhagavad Gita
É um importante texto religioso hindu, do
século IV a.C.

Pensamentos a Si Mesmo
Escrito pelo Imperador Romano Marco
Aurélio, que dedicou grande parte de sua
vida à filosofia.

O Livro dos Cinco Anéis


Escrito por Miyamoto Musashi, um dos
maiores samurais do Japão.

• 75 •
The Hidden Power
Escrito por Thomas Troward, um juiz britânico
que depois de se aposentar no final do
século XIX, decidiu se dedicar à filosofia.

The Power of Kindness


Escrito por Piero Ferrucci, discípulo de
Roberto Assagioli, fundador da psicossíntese.

Os 7 Hábitos das Pessoas


Altamente Eficazes
Escrito por Stephen R. Covey mestre em
Administração pela Harvard e doutor pela
Universidade Brigham Young.

As 7 Leis Espirituais do Sucesso


Escrito por Deepak Chopra, médico indiano,
escritor e professor de ayurveda,
espiritualidade e medicina corpo–mente

Bail Yourself Out


Escrito pelo Rav Michael Laitman, discípulo e
assistente pessoal do Rabbi Baruch Ashlag,
filho do Rabbi Yehuda Ashlag, autor do
renomado Sulam (escada), Comentários
sobre o ZOHAR.

• 76 •
Siga o caminho para
despertar
a mágica que existe
em você

• 77 •
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