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7º FÓRUM INTERNACIONAL ECOINOVAR

Santa Maria/RS - 04, 05 e 06 de Setembro de 2018

Área: Sustentabilidade | Tema: Agronegócios e Sustentabilidade

Aplicação da análise de custos: estudo de caso em uma agroindústria familiar do município de

Arroio do Padre – RS

APPLICATION OF COST ANALYSIS: CASE STUDY IN A FAMILY AGROINDUSTRY IN THE

MUNICIPALITY OF ARROIO DO PADRE - RS

Débora Perleberg Lapschies, Luciana Nunes Ferreira e Juliana Froner De Oliveira

RESUMO
O Brasil tem se mostrando competitivo no que se refere ao agronegócio, tendo em vista o crescimento das
fronteiras agrícolas, a expansão da produção agroindustrial e, especificamente, a significante participação
das agroindústrias familiares na oferta de produtos nos mercados locais e regionais. Diante dessete
contexto, o objetivo deste trabalho foia aplicação da análise de custos em uma agroindústria familiar do
município de Arroio do Padre/RS. A pesquisa se caracteriza como um estudo de caso que utilizou as
técnicas da pesquisa aplicada e descritiva, com abordagem qualitativa, na qual utilizou-se como
instrumento de coleta de dados a entrevista aberta.A partir do levantamento das receitas, custos, despesas,
assim como a aplicação do sistema de custeio variável,foi possível elaborar planilhas demonstrando a
margem de contribuição unitária, os custos fixos e variáveis, além de outros dados relevantes para a gestão
da empresa. Ao analisar os dados concluiu-se que os resultados foram abaixo do esperado demonstrados no
decorrer da pesquisa e que são o resultado da falta de conhecimento e ausência de análise de custos da
agroindústria. Para fins de melhoria sugeriu-se que a entidade busque gerir seu empreendimento de forma
mais segura, através da identificação de informações relevantes que possibilitem tomadas de decisões em
tempo hábil, aprimorando o controle dos custos e lucros da agroindústria familiar.
Palavras-Chave: Agroindústria familiar; Análise de custos; Tomada de decisão; Custeio Variável.

ABSTRACT
Brazil has been competitive in terms of agribusiness, the growth of agricultural frontiers, the expansion of
agroindustrial production and, specifically, the significant participation of family agroindustries in the
supply of products in local markets. In this context the objective of this work was the application of the cost
analysis in a family agroindustry of the municipality of Arroio do Padre / RS. The research is characterized
as a case study that used the techniques of applied and descriptive research, with a qualitative approach,
in which it was used as an instrument of data collection the open interview. From the survey of revenues,
costs and expenses of agroindustry , and application of the variable costing system, it was possible to
prepare worksheets for the demonstration of unit contribution margin, fixed costs and variable costs, as
well as other data relevant to the management of the entity. When analyzing the data, it was concluded
that the results were lower than expected during the course of the research and are the result of the lack of
knowledge and absence of agroindustry cost analysis. For improvement purposes, it was suggested that the
entity seek to manage its business more safely, by identifying relevant information that enables timely
decision making, improving control of the costs and profits of the family agro-industry.
Keywords: Family Agribusiness; Costs management; Decision making; Variable Costing
Eixo Temático: Agronegócio e sustentabilidade

APLICAÇÃO DA ANÁLISE DE CUSTOS: ESTUDO DE CASO EM UMA


AGROINDÚSTRIA FAMILIAR DO MUNICÍPIO DE ARROIO DO PADRE – RS

APPLICATION OF COST ANALYSIS: CASE STUDY IN A FAMILY AGRO-


INDUSTRY IN THE MUNICIPALITY OF ARROIO DO PADRE - RS

Resumo

O Brasil tem se mostrando competitivo no que se refere ao agronegócio, tendo em vista o


crescimento das fronteiras agrícolas, a expansão da produção agroindustrial e,
especificamente, a significante participação das agroindústrias familiares na oferta de
produtos nos mercados locais e regionais. Diante dessete contexto, o objetivo deste trabalho
foia aplicação da análise de custos em uma agroindústria familiar do município de Arroio do
Padre/RS. A pesquisa se caracteriza como um estudo de caso que utilizou as técnicas da
pesquisa aplicada e descritiva, com abordagem qualitativa, na qual utilizou-se como
instrumento de coleta de dados a entrevista aberta.A partir do levantamento das receitas,
custos, despesas, assim como a aplicação do sistema de custeio variável,foi possível elaborar
planilhas demonstrando a margem de contribuição unitária, os custos fixos e variáveis, além
de outros dados relevantes para a gestão da empresa. Ao analisar os dados concluiu-se que os
resultados foram abaixo do esperado demonstrados no decorrer da pesquisa e que são o
resultado da falta de conhecimento e ausência de análise de custos da agroindústria. Para fins
de melhoria sugeriu-se que a entidade busque gerir seu empreendimento de forma mais
segura, através da identificação de informações relevantes que possibilitem tomadas de
decisões em tempo hábil, aprimorando o controle dos custos e lucros da agroindústria
familiar.

Palavras-chave: Agroindústria familiar; Análise de custos; Tomada de decisão;


CusteioVariável.

Abstract

Brazil has been competitive in terms of agribusiness, the growth of agricultural frontiers, the
expansion of agroindustrial production and, specifically, the significant participation of family
agroindustries in the supply of products in local markets. In this context the objective of this
work was the application of the cost analysis in a family agroindustry of the municipality of
Arroio do Padre / RS. The research is characterized as a case study that used the techniques of
applied and descriptive research, with a qualitative approach, in which it was used as an
instrument of data collection the open interview. From the survey of revenues, costs and
expenses of agroindustry , and application of the variable costing system, it was possible to
prepare worksheets for the demonstration of unit contribution margin, fixed costs and variable
costs, as well as other data relevant to the management of the entity. When analyzing the data,
it was concluded that the results were lower than expected during the course of the research
and are the result of the lack of knowledge and absence of agroindustry cost analysis. For
improvement purposes, it was suggested that the entity seek to manage its business more
safely, by identifying relevant information that enables timely decision making, improving
control of the costs and profits of the family agro-industry.
Keywords: Family Agribusiness; Costs management; Decision making; Variable Costing

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1.Introdução

O Brasil tem se mostrando competitivo no que se refere ao agronegócio. O


crescimento das fronteiras agrícolas, a expansão da produção agroindustrial e,
especificamente, com o aumento da importância estratégica da produção de alimentos para o
mercado internacional, o país vem obtendo maior produção com uma tecnologia
consideravelmente menor que os países desenvolvidos.
Além de constituir-se no segmento mais importante do setor industrial que é o setor
agroindustrial de alimentos, a agroindústria tem favorecido a política de emprego,
permanecendo próximo da área rural o que proporcionaa integração do setor rural com a
economia de mercado.Em julho de 2016, foi inaugurada a primeira agroindústria do segmento
de conservas doces e geleias no município de Arroio do Padre/RS (JORNAL TRADIÇÃO,
2015), sendo esta a empresa objeto de estudo desse trabalho.
De acordo com o Portal Brasil (2015) aagroindústria evoluiu significativamente no
início do século conforme demonstra a figura 1, superando a indústria de transformação, no
entanto, ao decorrer dos anos esse desempenho começou a cair, fato que gera preocupação,
visto que atualmente a agricultura familiar é responsável por 70% da produção geral de
alimentos no país.

Figura 1 – Evolução da indústria de transformação e da agroindústria


Fonte: IBGE, 2012.

Logo, considerando o acelerado aumento da competitividade, as organizações


acabam sujeitas a tomadas de decisões cada vez mais rápidas a fim de alcançar seus objetivos
e se destacarem no mercado em que atuam, sendo necessário o comprometimento e iniciativa
dos gestores em busca de ferramentas de gestão que forneçam dados concretos, auxiliando na
condução dos negócios. Sabe-se, que parte significativa das pequenas empresas não realizam
os controles e acompanhamentos necessários quanto aos investimentos realizados e os custos
envolvidos no processo produtivo, dificultando as tomadas de decisões e, consequentemente
impactando diretamente na sobrevivência e crescimento da mesma. Nesse sentido, Bornia
(2002) explica que a melhoria da produtividade, assim como a redução de custos e a
eliminação de desperdícios, exige geração de informações precisas e atualizadas. Para tanto, a
contabilidade de custos torna-se uma importante ferramenta de gestão e controle, visto
queesta gera informações inerentes de cada atividade, facilitando futuras decisões da
organização
Diante do exposto, opresente trabalho teve como objetivo a análise de custos em uma
agroindústria familiar do município de Arroio do Padre/RS, utilizando-se o método de custeio
variável (DUCATI; SILVA, 2014), e identificando alternativas de melhoria na gestão de
custos da agroindústria.
No capítulo a seguir, será apresentado o referencial teórico que serviu de base para
execução da presente pesquisa eos temas abordados são o agronegócio, a agricultura familiar

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no Brasil, e posteriormente, através da fundamentação teórica será destacado a importância da
análise de custos para as empresas diante do atual cenário do mercado.

2. Agronegócio ou agrobusiness

A história da agricultura nacional, conviveu simultaneamente com a agricultura de


subsistência e a agricultura plantation, dois modelos diversos. No primeiro modelo a
produção era destinado principalmente ao consumo, e o excedente era utilizado como moeda
de troca no mercado local, enquanto o segundo modelo fortaleceu a economia nacional
durante vários ciclos econômicos, caracterizando-se pelo cultivo em grandes propriedades
monocultoras de produtos tropicais voltadas à exportação (ARBAGE, 2006). A figura 2
apresenta de modo resumido a dinâmica do agronegócioconforme Marra (2016).

Figura 2: Dinâmica do agronegócio


Fonte: Marra, 2016.

Ao analisar o fluxograma entende-se que os agentes fornecedores de insumos e


fatores de produção, os produtores, os armazenadores, os processadores e os distribuidores,
além dos prestadores de serviço, têm por função gerar alimentos e conduzi-los ao consumidor
final. Dentro das concepções do agronegócio, a agricultura familiar é uma categoria com
características bastante específicas e tem sido destaque tanto pela representatividade
econômica, quanto pela importância social, de acordo com o G1 (2016) o setor do agronegócio
que mais emprega é o da agricultura familiar, com 11,5 milhões de trabalhadores.Esta categoria será
caracterizada na sequência.

2.1Agroindústria familiar

Por volta da década de 1990, ocorreu uma ‘explosão’ do surgimento de


agroindústrias que não objetivavam somente industrializar a produção excedente, passou a
tornar-se a principal fonte de renda e estratégia da propriedade familiar rural (PERES;
RAMOS; WIZNIEWSKY, 2009). Segundo dados do IBGE, a agricultura familiar representa
85,2% do total dos estabelecimentos, ocupando 30,5% da área total e é responsável por 37,9%
do valor bruto da produção agropecuária nacional (BRASIL, 2007). A maior parte da
alimentação vem da agricultura familiar, pois ela fornece matéria prima para diversas
indústrias, sendo responsável por boa parte da receita das exportações. No entanto,este
segmento necessita de diversas mudanças para adequar-se à competitividade exigida pelo

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mercado,segundoAltmann (2003) essas mudanças exigem do agricultor competência de
nortear-se em busca de condições que proporcionem o bem-estar do indivíduo, melhoria dos
produtos e serviços e, simultaneamente desenvolvimentotecnológico.
Para minorar as dificuldades encontradas pelos agricultores na atividade de
agroindustrialização, a assistência técnica possui um papel fundamental nessas propriedades,
cujo foco é criar proposições e estratégias que viabilizem a manutenção das mesmas. No Rio
Grande do Sul a Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e
Extensão Rural (EMATER), oferece gratuitamente diversas orientações aos agricultores
familiares. No entanto, entende-se que é necessário o uso continuo de ferramentas de
gestãocomoa Margem de Contribuição por exemplo, para gerenciar de maneira segura e
eficiente seu negócio.

2.2Análise de custos

O custeio de produtos e/ou serviços tem sido referenciado como a função básica da
contabilidade de custos (Martins, 2010), além do aspecto estritamente contábil, os métodos de
custeio são ainda utilizados como fonte geradora de informações, contribuindo na gestão das
empresas, tornando possível disponibilizar informações e dados específicos que contribuem
no controle de custos e, consequentemente auxiliam na tomada de decisão.
Dada a significância da agricultura familiar no mercado, Silva, Martins e Damas
(2007) destacamum dos problemas mais preocupantes nas micro e pequenas empresas que é a
gestão dos custos, visto que muitas dessas empresas não possuem conhecimento ou
julgamdesnecessárias informações voltadas aos custos envolvidos nas atividades, fato que
coloca em risco a sobrevivência das mesmas, no entanto tais informações permitem um
direcionamento do quadro geral da empresa e servem como subsídio para melhorar os
resultados futuros. Conforme Kaplan e Cooper (1998), a fabricação de qualquer produto exige
uma variedade de gastos, denominados custos de produção, e cabe aos gestores, a adoção de
técnicas que permitam o adequado gerenciamento desses custos, além da alocação correta dos
custos aos produtos, em busca doalcance de maiores resultados, além da redução deperdas
desnecessárias durante o processo de produção, gerando assim uma vantagem competitiva
para a organização.

2.3 Custeio Variável

O método de custeio variável engloba somente os custos variáveis, necessários para


a produção do produto e/ou serviço (DUTRA, 2010). Esse sistema não envolve só a matéria
prima e mão de obra direta, mas também todos os custos indiretos proporcionais ao volume de
produtos ou serviços obtidos. Fundamenta-se na separação dos gastos em variáveis e fixos,
que variam proporcionalmente ao volume da produção e venda, e gastos que se mantêm
estáveis perante os volumes de produção. Em resumo, conforme apresenta a figura 3 a seguir,
os custos variáveis são atribuídos ao processo de fabricação dos produtos e parte destes,
apropriado como custo do produto consumido, já o restante constituirá o estoque de produtos
prontos ou de produtos em confecção. O custo dos produtos vendidos neste processo é
composto ainda pelas despesas variáveis. Em contrapartida, os custos e as despesas fixas são
classificados como do período das atividades, necessitando tais valores serem reduzidos da
margem de contribuição.

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Figura 3 – Fluxograma do método de Custeio Variável
Fonte: Ducati e Silva, 2014.

Diante do fluxograma exposto na figura 3, entende-se que o custeio variável não


atenta as definições da Lei nº 6404/76 que atende as Sociedades por ações, dessa forma, o
presente método não é reconhecido pela legislação brasileira quanto aos aspectos tributários,
encontrando-se em desacordo tanto com os princípios contábeis quanto com os princípios da
competência. Ao comparar receitas e despesas, segundo o art. 9º da resolução CFC 750: tanto
as receitas como as despesas deverão ser reconhecidas no momento em que de fato ocorreram,
independentemente do pagamento ou recebimento (DUCATI; SILVA, 2014). No entanto,
esse método é muito adotado pelas organizações pelo fato de proporcionarinformações
essenciais para a tomada de decisão, conforme Dutra (2010, p. 244) “o custeio direto é
baseado na margem de contribuição, conceituada para a diferença entre o total da receita e a
soma de custos e despesas variáveis, o que torna facilmente visível a potencialidade de cada
produto para absorver os custos fixos e proporcionar lucro”, ou seja,o custeio variável permite
visualizar a importância de cada produto individualmente quando comparado a totalidade dos
itens que a empresa produz, facilitando tomadas de decisões relacionadas aos produtos na
qual deve investir, bem como os que precisa parar de produzir quando não trazem retorno
para a empresa.
Portanto, entende-se que organizações inseridas num ambiente econômico de
mercado caracterizado pela alta concorrência, precisam voltar seus esforços ao planejamento
e controle dos fatores de produção que geram custos e receitas. Segundo Martins(2010,
p.305), “controlar significa conhecer a realidade, compará-la com o que deveria ser, tomar
conhecimento rápido das divergências e suas origens e tomar atitudes para sua correção”, ou
seja, fazer uso de um excelente sistema de controle de custos não é o suficiente, é necessário
entender toda a sistemática do negócio, realizar um bom planejamento e utilizar esse controle
para melhorar e adequar os processos conforme a necessidade, possibilitando tomadas de
decisões conscientes que propiciarão meios mais seguros para o alcance dos resultados
almejados pela empresa.

2.4Margem de contribuição

Para as organizações sobreviverem no mercado, precisam definir preços competitivos


e administrar seus custos de forma que se obtenha uma margem de lucro favorável à empresa
(BENDLIN E SOUZA, 2011). Logo, torna-se necessário que os gestores tenham à disposição
informaçõesreferentes aos controles internos, especialmente em relação à gestão de custos que
é o foco desse estudo, contribuindo namelhoriado desempenho da empresa. “A margem de
contribuição representa o valor que cada produto entrega para a empresa depois de cobertos
todos os custos que de fato ocorrem durante o processo produtivo e venda” (SILVA; LINS,
2014, p. 129).A margem de contribuição pode ser interpretada pela equação nº 1:

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1) MC = PV – DVD –
Onde:
MC = Margem de contribuição DVD = Despesa variável direta
PV = Preço de venda CVD = Custo variável direto

A margem de contribuição, conceituada como diferença entre receita e soma de


custos e despesas variáveis, busca tornar facilmente visível a capacidade que cada itempossui
para abater os gastos fixos, e, posteriormente, formar o lucro propriamente dito (MARTINS,
2010). O levantamento dos custos e aplicação gerencial da margem de contribuição, quando
corretamente analisados, podem fornecer informações imprescindíveis aos gestores,
permitindo através da avaliaçãodas informações, tomadas de decisões mais assertivas. Logo, a
gestão de custos, torna-se indispensável para a evolução ordenada e responsável das
organizações.

3. Metodologia

A presente pesquisa classifica-se como aplicada quanto a natureza, pois aplica o


método de custeio variável (DUCATI; SILVA, 2014). para análise dos custos da agroindústria
em estudo, conforme Vergara (2007), esta possui motivação na necessidade de solucionar
problemas instantâneos ou não e possuem finalidade prática.
Quanto aos objetivos a pesquisa pode ser classificada como descritiva pois possui
entre os objetivos específicos a proposta de levantar dados relativos ao processo produtivo da
agroindústria em estudo e identificar os custos variáveis atribuídos a cada produto para fazer a
gestão adequada destes. “A pesquisa descritiva objetiva a descrição das características de
determinada população ou o estabelecimento de relações variáveis” (GIL, 2002, p. 42).
A forma de abordagem da pesquisa é classificada como qualitativa. “Na pesquisa
qualitativa criam-se análises profundas em relação ao fenômeno que está sendo estudado”
(BEUREN et al., 2004, p. 92). Os dados e informações para análise foram expostos em
tabelas eletrônicas. Quanto aos procedimentos técnicos, a pesquisa caracteriza-se como um
estudo de caso, por concentrar-se na investigação de uma única organização (SILVA;
MENEZES, 2005).
O processo de análise dos dados foi realizado após finalizada a etapa de coleta de
dados que foram reunidos através de entrevista aberta, aplicada ao proprietário da
agroindústria, por ser o meio mais adequado para conhecer a realidade desta. Visto que a
agroindústria não possui nenhum controle relacionado a análise de seus custos, com o auxílio
de planilhas eletrônicas do softwareExcelrealizou-se o acompanhamento do tempo dispensado
na execução de cada atividade, consumo de matéria prima e insumos em cada fase, até o
término do processo que é o produto acabado. No item seguinte apresenta-se estudos
resultados.

4.Estudo de caso

A agroindústria,objeto deste estudo, está localizada em Arroio do Padre – RS, um


município que possui 2.895 habitantes e uma área territorial de 124,31 km2 (IBGE, 2016).
A empresa é recente, sendo criada em2016.Contudo, o proprietário sempre trabalhou
na agricultura, e a criação da agroindústria surgiu como meio de aproveitar as frutas e
legumes cultivados pela família, que não possuíamdemanda em determinadas épocas do ano
no mercado consumidor de hortifruti, além de garantir uma renda extra para a família.

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Atualmente, além de processar o excedente de produção da propriedade, também são
adquiridas matéria prima de terceiros, que de acordo com o entrevistado corresponde ao uso
de cerca de 30% dessa no processo produtivo.
O mercado da agroindústria compreende feiras locais, e principalmente a
Cooperativa Agropecuária de Arroio do Padre.Apesar de ser uma empresa pequena, ela busca
constantemente melhorar seus processos, modernizando e adquirindo novos equipamentos,
garantindo, no entanto, que não haja influência de conservantes na essência dos produtos da
agroindústria, valorizando o sabor caseiro dos seus produtos.
Porém, um fato preocupante que levou a escolha da agroindústria como objeto de
estudo desta pesquisa, foi o fato da empresa não fazer uso de nenhuma ferramenta de controle
de seus custosque envolvem cada produto, bem como do processo de fabricação dos mesmos.
Além disso, a agroindústria não conhece a margem de contribuição de cada produto nos
resultados da empresa, tomando todas as decisões com base na experiência de mercado e de
forma empírica,sem qualquer auxilio de ferramentas de apoio da área de custos.

4.1 Produtos e processo de fabricação

A empresa produz dois sabores de conservas comercializadas em embalagens de 750


gramas e 3,2 quilos, setesabores de doces comercializadas em embalagens de 400 e 750
gramas, e, sete sabores de geleias comercializadas em embalagens de 250 e 400 gramas.A
fabricação das conservas envolve os legumes, além de outros insumos como: sal, vinagre,
pimenta preta, pimenta vermelha e cravo. Já na fabricação dos doces e geleias a principal
matéria prima utilizada são as frutas, além de outros insumos como: o açúcar, a pectina e
ácido cítrico.

Processo de fabricação de conservas

Conforme entrevista verificou-se que o processo de produção das conservas segue as


etapas destacadas a seguir:
 Seleção/Classificação:inicialmente é feito a seleção das hortaliças, separando as que
não possuem condições para consumo, apóssão classificadas de acordo com o
tamanho.
 Lavagem/Higienização: após a etapa anterior, as hortaliças passam por um processo de
higienização, sendo lavadas em águas corrente.
 Preparação: nesta etapa as hortaliças são descascadas e fatiadas.
 Escalda/Branqueamento:apóspreparados os vegetais são escaldados, processo que fixa
a cor, resultando numa melhor aparência, além de permitir a desativação das enzimas
que causam a deterioração dos vegetais.
 Embalagem: nesta etapa as hortaliças são colocadas dentro das embalagens.
 Adição de vinagre: sãoadicionados o vinagre e os demais temperos na embalagem.
 Esterilização e Selagem das tampas: consiste em esterilizar e selar as tampas.
 Pasteurização: consiste em dar longevidade aos produtos.
 Resfriamento: após pasteurizado e embalado, os produtos passam por um banho de
água fria corrente, afim de resfriar o produto.
 Rotulagem: após a etapa anterior, as embalagens são secas e rotuladas na
sequência.Após rotulados, os produtos estão prontos para serem encaixotados e
armazenados a uma temperatura ambiente para serem comercializados.

Processo de fabricação dos doces e geleias

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Já o processo de produção dos doces e geleias segue as seguintes etapas:
 Seleção:retira-se as frutas com manchas, machucados que não possuem condições de
consumo, buscando selecionar apenas as frutas frescas e em boas condições.
 Higienização:as frutas são higienizadas, descascadas, tira-se as sementes, o bagaço
etc.
 Processamento: depois de higienizadas, as frutas são moídas, raladas ou fatiadas.
 Cozimento: após o processo anterior, a fruta passa para um tacho elétrico com água
pré-aquecida responsável pelo cozimento da fruta. Durante o cozimento são
adicionados os demais ingredientes como açúcar, pectina e o ácido cítrico. O tempo de
cozimento varia de acordo com a fruta, podendo ser de 1 hora e trinta minutos a 3
horas.
 Resfriamento: após cozido, o doce é resfriado a temperatura ambiente para
posteriormente ser adicionado nas embalagens.
 Embalagem: neste processo o doce é colocado na embalagem, tampado e rotulado,
tudo de forma manual. Por fim, ao passar por todos os processos detalhados acima, o
produto é encaixotado e armazenado na área de expedição, pronto para ser
comercializado.
A tabela 1apresenta os preços de venda das conservas, doces e geleias praticados pela
agroindústria atualmente.
Tabela 1 – Preço (R$) de venda das conservas, doces e geleias
Preço de venda dos produtos (R$)
Conserva 750 g 3,2 kg Doce 400 g 750 g Geleia 250 g 400 g
Cebola 6,00 34,00 Abóbora 8,00 12,00 Amora 6,00 8,00
Pepino 6,00 28,00 Banana 8,00 12,00 Bergamota 6,00 8,00
Figo 8,00 12,00 Goiaba 6,00 8,00
Goiaba 8,00 12,00 Laranja 6,00 8,00
Melancia 8,00 10,00 Morango 6,00 8,00
Morango 8,00 12,00 Pêssego 6,00 8,00
Pêssego 8,00 12,00 Uva 6,00 8,00
Fonte: ssdados da pesquisa.

De acordo com o proprietário os preços de venda foram estabelecidos com base nos
preços praticados pelo mercado.

4.2 Levantamento dos gastos variáveis

Os gastos variáveis incorridos no caso do presente estudo envolvem a matéria prima,


insumos e embalagens.

4.2.1 Matéria prima da produção

As diferentes conservas, doces e geleias produzidos pela agroindústria possuem suas


particularidades pertinentes ao processo, insumos e matéria prima. A tabela 2apresenta o
preço pago pela agroindústria por cada quilo de matéria prima e insumono momento da
aquisição.
Tabela 2 – Preço (R$) de aquisição da matéria prima e insumos
MP/insumos R$ - kg MP/insumos R$ - kg MP R$ - kg MP R$ - kg

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Abóbora 2,00 Bergamota 2,50 Laranja 1,20 Pêssego 2,80
Amora 3,00 Cebola 1,50 Melancia 0,65 Pimenta 125,00
Ácido cítr. Ind. 230,00 Cravo 126,00 Morango 5,00 Sal 2,70
Açúcar 2,20 Figo 3,00 Pectina 420,00 Uva 3,50
Banana 2,00 Goiaba 3,00 Pepino 3,00 Vinagre 1,34
Fonte: Elaborado pelas autoras conforme dados da pesquisa.

Ao analisar a tabela 2, percebe-se que a pectina, o ácido cítrico industrial, o cravo e a


pimenta são os insumos com o preço mais elevado em relação aos demais. A tabela 3 a seguir
apresenta a quantidade de cada matéria prima e insumosenvolvidos na fabricação de cada
quilo dosprodutos.No caso das conservas, utilizou-se dados referentes a fabricação de 15
quilos de conserva, visto que uma quantidade menor tornaria alguns dados insignificantes.
Todavia, esses insumos de valores mais altos são usados numa proporção bem menor que as
frutas na produção. A seguir, descreve-se as quantidades de matéria prima e demais insumos
utilizados na produção de conservas, doces e geléias.
Tabela 3 – Quantidade de matéria prima e insumospara produção dos produtos
Quantidade de matéria prima e insumos (p/15 kg de conservas)
Conserva Cebola Pepino Sal Açúcar Vinagre Pimenta Cravo
Cebola 9,5400 0,0000 0,1800 0,0900 2,5500 0,0600 0,0300
Pepino 0,9900 8,5500 0,1800 0,0900 2,5500 0,0600 0,0300

Quantidade de matéria prima e insumos (p/1 kg de doce)


Doce Fruta Açúcar Ácido
Abóbora 1,0000 0,8000 0,0035
Banana 1,0000 0,7000 0,0035
Figo 1,0000 0,7000 0,0035
Goiaba 1,0000 0,6250 0,0035
Melancia 1,0000 0,5000 0,0075
Morango 1,0000 0,7000 0,0033
Pêssego 1,0000 1,0000 0,0000

Quantidade de matéria prima p/kg


Geleia Fruta Açúcar Pectina Ácido
Amora 0,4000 0,8000 0,0038 0,0000
Bergamota 0,8000 0,8000 0,0038 0,0000
Goiaba 0,5500 0,9000 0,0038 0,0000
Laranja 0,8000 0,8000 0,0038 0,0000
Morango 0,5000 1,0000 0,0038 0,0033
Pêssego 0,6500 0,9500 0,0038 0,0000
Uva 0,6000 1,0000 0,0038 0,0000
Fonte: ssdados da pesquisa.

A tabela 4, a seguir, apresenta o custo da matéria prima e dos demais insumos


necessários para a produção das conservas, doces e geleias.
Tabela 4 – Custo da matéria prima e insumos envolvidos na produção

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Custo (R$) da matéria prima e insumos p/15 kg de conserva
Custo Total
Conserva Cebola Pepino Sal Açúcar Vinagre Pimenta Cravo
da MP (R$)
Cebola 14,3100 0,0000 0,4860 0,1980 3,4170 7,5960 3,7980 29,8050
Pepino 1,4850 25,6500 0,4860 0,1980 3,4170 7,5960 3,7980 42,6300

Custo (R$) da matéria prima e insumos p/1 kg de doce


Ácido Cítrico Custo Total da MP e
Doce Fruta Açúcar
Industrial insumos (R$)
Abóbora 2,0000 1,7600 0,8050 4,5650
Banana 2,0000 1,5400 0,8050 4,3450
Figo 3,0000 1,5400 0,8050 5,3450
Goiaba 3,0000 1,3750 0,8050 5,1800
Melancia 0,6500 1,1000 1,7250 3,4750
Morango 5,0000 1,5400 0,7590 7,2990
Pêssego 2,8000 2,2000 0,0000 5,0000

Custo (R$) da matéria prima e insumos (p/ 1 kg de geleia)


Ácido cítrico Custo Total da MP
Geleia Fruta Açúcar Pectina
Industrial e ins. (R$)
Amora 1,2000 1,7600 1,5960 0,0000 4,5560
Bergamota 2,0000 1,7600 1,5960 0,0000 5,3560
Goiaba 1,6500 1,9800 1,5960 0,0000 5,2260
Laranja 0,9600 1,7600 1,5960 0,0000 4,3160
Morango 2,5000 2,2000 1,5960 0,7590 7,0550
Pêssego 1,8200 2,0900 1,5960 0,0000 5,5060
Uva 2,1000 2,2000 1,5960 0,0000 5,8960
Fonte: ssconforme dados da pesquisa.

Ao observar a tabela 4 percebe-se que dentre a matéria prima e insumos envolvida na


fabricação das conservas, o sabor pepino envolve um custo significativamente maior,
representando cerca de 12% a mais quando comparado ao sabor cebola, pelo fatodo preço
(R$) do quilo do pepino corresponder ao dobro do preço (R$) da cebola.
Quanto aos custos variáveis relacionados, a matéria prima e insumosenvolvidos na
produção dos doces, o sabor morango apresenta o maior custo (R$) por quilo, sendo que o
morango corresponde a 68,5% do custo total, seguido pelo açúcar, com 21,10%. Já o sabor
melancia apresenta o menor custo (R$) por quilo, no qual o ácido industrial é responsável por
49,65% do custo total, seguido pelo açúcar, representando 31,65%.
Em relação aos custos variáveis relacionados a matéria prima e insumos envolvidos
na produção das geleias, o sabor morango apresenta o maior custo (R$) por quilo, sendo que o
morango (matéria prima principal) corresponde a 35,4% do custo total variável, seguido pelo
açúcar, que corresponde a 31,2%. Já o sabor Laranja apresenta o menor custo (R$) por quilo,
onde o açúcar é responsável por 40,8% do custo total, seguido pela pectina, representando
36,98%.
Logo, observa-se que .... por vezes os insumos são bem mais altos do que a matéria
prima e por vezes ao contrário. Isso acontece com o morango, por exemplo, que é uma fruta
que exige manejo significativo no cultivo. Já a melancia não. Além do custo de cultivo ser
bem menor, com uma fruta praticamente se produz xx kg de geléia...

10
4.2.2 Embalagens da produção

O custo das embalagens é apresentado de acordo com o tamanho, sendo que a


agroindústria utiliza unidades de 750 gramas e 3,2 quilos para as conservas, unidades de 400 e
750 gramas para os doces, e unidades de 250 e 400 gramas para as geleias, conforme
demonstra a tabela 5.
Tabela 5 – Custo (R$) das embalagens
Embalagem e rótulo
Conserva Doce Geleia
Tam. Embalagem 750 g 3,2 kg 400 g 750 g 250 g 400 g
Embalagem (R$) 1,5500 7,7200 2,4000 1,5500 2,7000 2,4000
Rótulo (R$) 0,2500 0,2500 0,2500 0,2500 0,2500 0,2500
Custo Total (R$) 1,8000 7,9700 2,6500 1,8000 2,9500 2,6500
Fonte: ssdados da pesquisa.

Verificou-se que a agroindústria não possui custos com caixas (de papelão) para
estocar e comercializar os produtos, visto que ela reutiliza as caixas na qual as embalagens
vêm inseridas quando são adquiridas.

4.2.3 Impostos

Atualmente, a agroindústria em estudo contribui para o FUNRURAL, que é um


imposto de contribuição previdenciária que incide sobre a receita bruta proveniente da
comercialização da produção rural, no qual a alíquota aplicada é de 2,3%.

4.2.4 Energia elétrica

A agroindústria em estudo possui apenas um registro de energia elétrica, incluindo o


consumo da agroindústria e da residência do proprietário da empresa, tornando difícil o
cálculo exato do consumo do setor de produção e do setor administrativo da agroindústria,
além do consumo residencial. Durante a entrevista aberta, o dono da agroindústria afirmou
que o consumo da energia elétrica dobrou a partir do funcionamento da agroindústria, sendo
assim, a partir da conta de luz mensal (12 meses) com energia elétrica disponibilizados pelo
proprietário, dividiu-se o consumo por 2 (dois), resultando nos dados conforme apresenta a
tabela 6.

Tabela 6 – Consumo de energia elétrica


Consumo de Energia Elétrica - últimos 12 meses - (R$)
Dez/16 Jan/17 Fev/17 Mar/17 Abr/17 Mai/17 Jun/17 Jul/17 Ago/17 Set/17 Out/17 Nov/17
94,95 84,9 72,8 100,15 87,66 78,39 94,95 73,62 81,79 163,77 85,73 102,37
Total Consumo: R$ 1.121,08 Média consumo/mês: R$ 93,42
Fonte: ssdados da pesquisa.

A apropriação da energia elétrica que de acordo com a tabela anterior representa um


custo mensal de R$ 93,42, foi realizada mediante critério de rateio segundo a teoria de
Martins (2010), com base na matéria prima consumida mensalmente.

4.2.5 Gás

11
A agroindústria utiliza um fogão industrial e um tacho elétrico que dependem do gás
para seu funcionamento. A apropriação do custo referente ao consumo de gás foi realizada
conforme Martins (2010), mediante critério de rateio com base no consumo de matéria prima
consumida mensalmente, sendo que a agroindústria utiliza 2 botijões (comum residencial) de
13 quilos, totalizando no consumo de 26 quilos por mês e o custo de R$ 120,00 (cento e vinte
reais).

4.3Apuração dos custosunitários pelo método de custeio variável

O método de custeio variável conforme exposto no referencial teórico, considera


apenas os custos variáveis. No presente estudo os custos variáveis diretos são compostos da
matéria prima, insumos e embalagens. Enquanto os custos variáveis indiretos envolvem a
energia elétrica e o gás.A tabela 7apresenta o levantamento dos custos unitários das
conservas, doces e geleias produzidas pela agroindústria através do referido método.
Tabela 7– Custo unitário dos produtos pelo método de custeio variável
Custo unitário das conservas
Conservas MP MOD Embalag. CIV Total (R$)
Cebola 750g 1,4902 0,5047 1,8000 0,6037 4,3986
Cebola 3,2kg 6,3584 2,1563 7,9700 1,1277 17,6124
Pepino 750g 2,1315 0,3925 1,8000 0,5410 4,8650
Pepino 3,2kg 9,0944 1,6750 7,9700 2,3088 21,0482

Custo unitário dos doces


Doces MP MOD Embalag. CIV Total (R$)
Abóbora 400g 1,8260 1,4806 2,6500 0,5062 6,4628
Abóbora 750g 3,4237 2,7761 1,8000 0,9493 8,9491
Banana 400g 1,7380 1,3011 2,6500 0,5062 6,1953
Banana 750g 3,2587 2,4396 1,8000 0,9493 8,4476
Figo 400g 2,1380 1,7498 2,6500 0,5062 7,0440
Figo 750g 4,0087 3,2808 1,8000 0,9493 10,0388
Goiaba 400g 2,0720 1,6600 2,6500 0,5062 6,8882
Goiaba 750g 3,8850 3,1125 1,8000 0,9493 9,7468
Melancia 400g 1,3900 1,6152 2,6500 0,5062 6,1614
Melancia 750g 2,6062 3,0285 1,8000 0,9493 8,3840
Morango 400g 2,9196 1,4357 2,6500 0,5062 7,5115
Morango 750g 5,4742 2,6919 1,8000 0,9493 10,9154
Pêssego 400g 2,0000 1,2114 2,6500 0,5062 6,3676
Pêssego 750g 3,7500 2,2713 1,8000 0,9493 8,7706

Custo unitário das geleias


Geleias MP MOD Embalag. CIV Total (R$)
Amora 250g 1,1390 0,9534 2,9500 0,1265 5,1689
Amora 400g 1,8224 1,5254 2,6500 0,2024 6,2002
Bergamota 250g 1,3390 1,0095 2,9500 0,2531 5,5516
Bergamota 400g 2,1424 1,6152 2,6500 0,4050 6,8126

12
Goiaba 250g 1,3065 0,8692 2,9500 0,1739 5,2996
Goiaba 400g 2,0904 1,3908 2,6500 0,2784 6,4096
Laranja 250g 1,0790 1,0095 2,9500 0,2531 5,2916
Laranja 400g 1,7264 1,6152 2,6500 0,4050 6,3966
Morango 250g 1,7637 1,0375 2,9500 0,1581 5,9093
Morango 400g 2,8220 1,6600 2,6500 0,2531 7,3851
Pêssego 250g 1,3765 1,0655 2,9500 0,2056 5,5976
Pêssego 400g 2,2024 1,7049 2,6500 0,3290 6,8863
Uva 250g 1,4740 0,8692 2,9500 0,1898 5,4830
Uva 400g 2,3584 1,3908 2,6500 0,3037 6,7029
Fonte: ssdados da pesquisa.

Ao analisar a tabela 7, referente ao custo unitário das conservas doces e geleias,


observa-se que os custos totais de todos os itens são consideravelmente menores que o preço
de venda atualmente praticado pela agroindústria, sendo assim, além de cobrir todos os gastos
variáveis dos produtos, ainda há um excedente que contribui na quitação dos custos fixos
envolvidos.
No entanto, uma observação importante é em relação ao custo das embalagens, que é
elevado se relacionado aos demais. Elas representam parte significativa do custo total dos
produtos. Os custos diretos e indiretos variam conforme a produção da agroindústria. As
informações obtidas desta apuração auxiliam na realização de observações importantes à
gestão de custos como a apuraçãoda margem de contribuição, um indicador essencial para o
gerenciamento da empresa.

4.4 Margem de contribuição

Apóso levantamento dos custos e despesas variáveis foi possível obter a margem de
contribuição unitária dos produtos que é obtida a partir da subtração dos custos e despesas
variáveis do preço de venda, chegando assim, a margem de contribuição unitária, conforme
apresenta a tabela 8a seguir.

Tabela 8: Margem de contribuição unitária dos produtos


MC unitária – conservas / 750 gramas
Conservas – 750 g Cebola Pepino
Preço de Venda 6,0000 6,0000
(-) Custo e Desp. Variável 5,1366 5,6030
(=) Margem de Cont. 0,8634 0,3970

MC unitária – conservas / 3,2 quilos


Conservas – 3,2 kg Cebola Pepino
Preço de Venda 34,0000 28,0000
(-) Custo e Desp. Variável 23,2429 24,4922
(=) Margem de Cont. 10,7571 3,5078

MC unitária – doces / 400 gramas


Doces – 400g Abóbora Banana Figo Goiaba Melancia Morango Pêssego
Preço de Venda 8,0000 8,0000 8,0000 8,0000 8,0000 8,0000 8,0000

13
(-) Cust./Desp. Variáv. 7,4468 7,1793 8,0280 7,8722 7,1454 8,4955 7,3516
(=) Margem de Cont. 0,5532 0,8207 -0,0280 0,1278 0,8546 -0,4955 0,6484

MC unitária – doces / 750 gramas


Doces – 750g Abóbora Banana Figo Goiaba Melancia Morango Pêssego
Preço de Venda 12,0000 12,0000 12,0000 12,0000 10,0000 12,0000 12,0000
(-) Cust./Desp. Variáv. 10,4251 9,9236 11,5148 11,2228 9,6140 12,3914 10,2466
(=) Margem de Cont. 1,5749 2,0764 0,4852 0,7772 0,3860 -0,3914 1,7534

MC unitária – geleias / 250 gramas


Geleias – 250g Amora Bergam. Goiaba Laranja Morango Pêssego Uva
Preço de Venda 6,0000 6,0000 6,0000 6,0000 6,0000 6,0000 6,0000
(-) Cust./Desp. Variáv. 5,9069 6,2896 6,0376 6,0296 6,6473 6,3356 6,2210
(=) Margem de Cont. 0,0931 -0,2896 -0,0376 -0,0296 -0,6473 -0,3356 -0,2210

MC unitária – doces / 400 gramas


Geleias – 400g Amora Bergam. Goiaba Laranja Morango Pêssego Uva
Preço de Venda 8,0000 8,0000 8,0000 8,0000 8,0000 8,0000 8,0000
(-) Cust./Desp. Variáv. 7,1842 7,7966 7,3936 7,3806 8,3691 7,8703 7,6869
(=) Margem de Cont. 0,8158 0,2034 0,6064 0,6194 -0,3691 0,1297 0,3131
Fonte: ssdados da pesquisa.

Ao analisar a tabela 8, em relação as conservas de 750 gramas e 3,2 quilos, pode-se


perceber que a margem de contribuição unitária sobre o atual preço de venda praticado,
resulta na margem de contribuição positiva de ambos sabores e unidades para a agroindústria.
Em relação aos doces de 400 e 750 gramas, é possível perceber que a margem de
contribuição unitária sobre o atual preço de venda praticado, gera um resultado positivo por
praticamente todos os sabores e unidades, exceto, os doces sabor figo e morango de 400
gramas e o doce sabor morango de 750 gramas, que geram um resultado negativo para a
agroindústria.
Quanto as geleias comercializadas em unidades de 250 e 400 gramas, percebe-se
algo um tanto preocupante, visto que a margem de contribuição unitária sobre o atual preço de
venda praticado das geleias de 250 gramas, gera um resultado negativo e/ou irrelevante por
todos os sabores. Já em relação as geleias de 400 gramas, praticamente a totalidade dos
sabores gera um resultado positivo, exceto o sabor morango, que gera um resultado negativo
de R$ 0, 37.
Sendo assim, os dados apurados revelam que os preços de venda praticados nas
geleias de embalagens de 250 gramas não são compatíveis com a estrutura de custos e
despesas variáveis da agroindústria e entende-se que os valores precisam ser aumentados para
se obter uma margem de contribuição positiva.
Por fim, concluiu-se que o método de custeio variável é o mais indicado para a
agroindústria em estudo e pode ser replicado para as de mesma natureza, pelas informações
que a mesma fornece como a margem de contribuição unitária.Importante ressaltar que, a
família proprietária da agroindústria, além desta atividade, trabalha ainda com a produção e
venda de hortifruti, conforme comentado brevemente durante a caracterização da entidade,
dessa forma, o resultado negativo da atividade estudada nesta pesquisa é absorvido pela
atividade ligada ao hortifrúti. Contudo, não pode ser desconsiderado.

14
A partir do feedback deste estudo ao proprietário, este possuirá subsídios para tomar
decisões mais assertivas em relação as compras de insumos e venda dos seus produtos, bem
como reduzir gastos desnecessários e identificar produtos que não agreguem valor para a
empresa.Portanto, a apuração dos custos permitiua identificação de quais produtos possuem
um custo mais elevado para serem fabricados, bem como aqueles que contribuem mais para o
lucro da empresa, gerando subsídios às futuras tomadas de decisão por parte dos proprietários.

5. Conclusão

O objetivo do presente estudo foi realizar a análise de custos em uma agroindústria


familiar do município de Arroio do Padre/RS, considerando que as pequenas empresas
agroindustriais que se inserem no mercado atualmente deparam-se constantemente com várias
incertezas e mudanças, ocasionadas por fatores como oscilação dos preços e demandas,
crescimento acelerado da concorrência etc., o que acaba exigindo maior atenção das
organizações na forma de gerir seus negócios. Neste contexto, tomadas de decisão de forma
estratégica vem sendo a melhor solução para sobrevivência e competitividade das empresas,
para tal, ferramentas como a contabilidade de custos que busca disponibilizar informações
detalhadas sobre os custos das atividadesna empresa tornam-se importantes instrumentos de
apoio, permitindo maior controle dos gastos e tomadas de decisões mais eficazes.
Evidenciou-se que a situação da agroindústria necessita de uma maior qualificação
das pessoas envolvidas, adoção de ferramentas de apoio para controle e maior eficiência no
gerenciamento da entidade, visto que a mesma não utiliza nenhum método ou ferramenta
existente para o auxílio na análise dos seus custos, despesas e lucros.Após a análise dos dados
apurados com o auxílio de planilhas eletrônicas do Excel relacionados às receitas, custos e
despesas variáveis do processo produtivo da agroindústria, concluiu-se que a implantação de
um sistema de custeio variável é primordial, pois através do levantamento dos custos e análise
da margem de contribuição, torna-se possível tomadas de decisões mais assertivas quanto ao
preço de venda, possíveis reduções de custos, baseados em informações gerenciais realistas,
reduzindo dessa forma o risco de perdas e resultados negativos.
Frente aos desafios do atual mercado, a adoção de ferramentas como as utilizadas
nesse estudo, tornam-se essenciaispara o controle e gestão dos custos da entidade, atentando
paraas demandas exigidas pelo mercado. Além disso, a busca por novos fornecedores com
preços mais baixos e parceria com outras agroindústrias, sãoestratégias que podem ser
consideradas pela entidade, a fim de reduzir seus custos, visto que, atualmente, as embalagens
e insumos como a pectina e o ácido industrial, possuem um preço de aquisição muito elevado,
e acabam representando parte significativa do custo total dos produtos.
O gerenciamento deuma empresa com auxílio de planilhas e ferramentas que
forneçam informações importantes para a organização, possibilita o feedback da real situação
da entidade, como por exemplo onde se concentram os custos mais elevados, permitindo
iniciativas e decisões mais seguras a respeito.A gestão de custos além de favorecer a
manutenção das pequenas empresas, disponibiliza dados e informações que servem como
subsidio e vantagem competitiva frente aos concorrentes, e possibilita a ampliação e
possibilidade de permanência com sucesso no mercado.
Nesse sentido, entende-se que a principal contribuição da presente pesquisa foi
possibilitar a análise e a proposição de alternativas para a gestão de custos da agroindústria de
conservas, doces e geleias do município de Arroio do Padre/RS, a partir de ferramentas
aplicáveis à realidade das pequenas empresas. Em decorrência dos resultados obtidos na
pesquisa, sugere-se que a agroindústria adote ferramentas de gestão tais como as planilhas de
apuração de custos desenvolvidas nesta pesquisa, alicerçados por autores da área conforme o
referencial teórico.

15
Para estudos futuros nesta área, sugere-se que a pesquisa seja aplicada no mesmo
segmento com um universo maior, abrangendo outras agroindústrias da região, e com
abordagem qualitativa e quantitativa dos dados de forma a permitir generalizações das
conclusões.

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