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O Fantasma de Canterville

Um ministro dos Estados Unidos chamado Hiram B. Otis e a sua família, mulher, filha e um par
de gémeos viajaram para Inglaterra e compraram o Castelo de Canterville para lá morar.

O antigo proprietário estava a vender o castelo


por este ser assombrado por um fantasma, mas
mesmo assim, o ministro quis comprar. Não tinha
medo de fantasmas e ainda poderia ganhar
dinheiro com a venda de bilhetes para verem o
fantasma. A sua mulher achava original a ideia do
fantasma para os jantares que oferecia. Dizia que
da propriedade só se iria desfazer da amendoeira
que estava na entrada do castelo, já com um
aspeto de morta e da mancha de sangue existente
no chão da sala, contava-se ser da esposa do
fantasma, assassinada por ser uma mulher feia,
que engomava mal os colarinhos e não sabia
cozinhar!

O Sr. Otis, que tinha consigo uma espécie de


caneta apagadora, logo resolveu usá-la para fazer
desaparecer a mancha, que a empregada teimava
em dizer que não desaparecia! Na manhã seguinte,
lá estava a mancha de novo, e na outra também.
Estranheza causava aos novos moradores, que
fechavam portas, trancavam janelas, e na manhã seguinte, a mancha lá estava de novo.

Dias depois o fantasma, um ser de aspeto horrível, olhos vermelhos, cabelo cinzento e ombros
tapados com caracóis emaranhados, aparece ao novo morador do castelo, e para sua surpresa
e espanto, não o assustou a sua presença e ainda lhe ofereceu uma lata de óleo para colocar
nas correntes que arrastava, para assim não fazerem barulho e o deixarem dormir. O mesmo
aconteceu com a sua aparição aos gémeos, que para além de não terem medo, começaram a
atormentar o velho fantasma já com 300 anos, a ponto de o levarem a adoecer e a ter medo
de correntes de ar e de já não conseguir continuar a sua função: assustar quem naquele
castelo morava. Os gémeos preparavam armadilhas, faziam espantalhos, fantasmas falsos,
colocavam baldes de água na porta do seu quarto, para o molhar quando entrasse para os
assustar.

O fantasma foi perdendo a esperança de assustar aquela família americana, e também a cor da
mancha no chão da sala ia mudando e suscitava comentários e divertia a família, variava entre
vermelho-escuro, roxo e até verde-esmeralda.

Numa das tentativas de assustar a família (recorreu ao seu melhor disfarce, o de ser um cão
feroz), viu-se cercado por todos os elementos que o gozavam e em desespero entrou dentro
do fogão de ferro (sorte que não estava acesso) e nunca mais foi visto em nenhuma aparição
noturna, a tal ponto que a família americana ter pensado expulso o fantasma para sempre do
seu castelo. Chegou mesmo a comunicar tal feito ao antigo proprietário, o lorde de Canterville.

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Só um novo hóspede, Cecil, bisneto de um conhecido do fantasma (tinha-o colocado gago,
numa das suas aparições), o fez pensar voltar a sair do seu quarto e assustar o novo hóspede
que viria visitar a família, mas o medo que tinha dos gémeos fê-lo desistir.

Numa manhã a filha adolescente do casal e Cecil foram dar uma volta a cavalo e o rapaz rasgou
a roupa. Virgínia para que não dessem conta, entrou pelas traseiras e foi à procura de alguém
que a ajudasse, pensou ter encontrado a velha senhora que cuidava da casa numa sala de
tapeçarias ao fundo de um longo corredor, mas encostado à janela muito triste e desanimado
estava o fantasma.

Virgínia não teve medo e ficou com pena, perguntou porque se portava mal. Ele maldisposto
respondeu não ser ele a portar-se mal, mas sim os seus irmãos (que na altura se encontravam
de férias e lhe davam descanso). Conversaram durante algum tempo, ela revelou-lhe saber
que as tintas que desapareciam do seu quarto, devia ser ele a pintar a mancha que insistia em
aparecer todas as manhãs na sala e o fantasma desabafou sentir-se cansado, já não dormia há
300 anos e que tudo o que mais queria era voltar a ter paz!

Ele achou-a gentil e doce e pediu que o ajudasse a ir para o Jardim da Morte. Segundo a
profecia que estava escrita na janela da biblioteca, alguém de bem que chorasse com ele os
seus pecados, (o fantasma não tinha lágrimas) o Anjo da Morte teria piedade dele. Muita coisa
má ela iria ver, mas o Amor que tinha no coração iria levar a melhor sobre os poderes do mal.

Virgínia desparecera durante horas, era já noite e toda a gente a procurava, na propriedade e
em toda a cidade. Já tarde, depois do jantar e como por consequência de um trovão, apareceu
no cimo das escadas do castelo. Disse aos pais e irmãos ter estado com o fantasma e que havia
conseguido que ele encontrasse paz, e que ele como agradecimento lhe tinha deixado uma
caixa de joias.

Levou a família ao quarto do fantasma, um esqueleto num canto revelava o segredo que todos
desconheciam: os irmãos da sua mulher tinham-no matado à fome. Perto dele havia um prato
cheio de pó e um jarro que haveria de ter tido água, mas ambos fora do seu alcance!

Subitamente e a olhar pela janela, os gémeos viram que a amendoeira seca tinha florido e que
se conseguia ver as suas flores resplandecentes à luz da lua!

Dias depois, foi feito um funeral ao fantasma.

O ministro como homem honrado que era, tentou entregar as joias à família de Simon
Canterville, o fantasma, mas estes concordaram que por direito e por escolha de Simon,
deveria ser a filha do ministro a ficar com as joias que eram para além de lindas, muito
valiosas.

Virgínia casou com Cecil, o hóspede que estava na sua casa e nunca contou a ninguém o que
tinha acontecido naquele dia no quarto com o fantasma, apenas que ele lhe tinha ensinado
muito sobre o que é a Vida e o Amor.

O seu apaixonado concordou ela ter um segredo para com ele, desde que o seu coração fosse
só dele!

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