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Em lugares afastados das cidades, onde o trabalho é árduo e diário, surge um universo singular:
A agricultura familiar, conduzida por mãos calejadas e corações cheios de esperança, cultivando
alimentos e a essência de comunidades que florescem em meio a campos e pomares.
Em paisagens de um verde exuberante, ouvimos o sussurro das plantações e as vozes de pessoas
simples, muitas, vindas de uma geração que aprendeu desde cedo que a terra é uma grande mãe
e, como tal, deixa-se cultivar, oferecendo a seus filhos tudo o que necessitam para se
alimentarem e sobreviverem. São famílias que, geração após geração, se dedicam a semear a
subsistência e a prosperidade. Não é uma simples lida com a terra; é um elo entre o passado e o
presente, entre a tradição e a inovação.
Num mundo em constante transformação, a agricultura familiar emerge como uma tapeçaria
rica em diversidade e vitalidade. Nesta reportagem, tentamos descobrir os segredos guardados
nos sulcos da terra e as histórias que florescem em cada colheita. Através do contato com alguns
desses pequenos agricultores que trabalham e vivem no campo, percebemos a importância
singular da agricultura familiar no nosso dia a dia e na nossa existência. E também
compreendemos que a terra alimenta não apenas corpos, mas também almas e sonhos.
"A maior alegria e o maior amor que a gente tem é levantar de manhã e ver aquelas alfaces
parecendo rosas, só que verdes, né? E a gente acaba se apaixonando por isso", diz Laura Silva,
36 anos, e que trabalha na roça desde os 9 anos. Laura é uma morena de olhos castanhos claros,
alegre, divertida, e com muita espontaneidade nos recebeu em sua banca de produtos na feira
dos pequenos produtores, que é realizada todas as quartas-feiras em Rondonópolis, nessa feira,
eles têm a oportunidade de comercializarem seus produtos em uma relação direta com os
consumidores da cidade.
Os pais de Laura sempre residiram no campo, porém, com grande zelo pela educação de seus
filhos, decidiram proporcionar a todos uma formação na cidade. Laura, após casar-se,
completou seus estudos em ciências contábeis e viveu muitos anos em Rondonópolis. Há oito
anos, tomou a decisão de retornar ao campo com sua família, estabelecendo-se na mesma
propriedade de seus pais, localizada no município de São José do Povo, a 46 km de
Rondonópolis.
Nessa localidade, desenvolvem um projeto inovador de cultivo de alfaces, utilizando o sistema
de hidroponia em conjunto com práticas tradicionais de horticultura e cultivo de diversos
produtos. Essa iniciativa não apenas reflete a trajetória de Laura, marcada pelo equilíbrio entre a
vida na cidade e a ligação com suas raízes rurais, mas também representa uma busca por
métodos sustentáveis e modernos na agricultura familiar.
Conforme Laura relata, a proximidade com a família e o trabalho na terra sempre foram
paixões que ela carrega desde a infância, sendo fatores decisivos para seu retorno às origens.
Todo o labor é realizado em conjunto pela família. Laura é mãe de três filhos, com idades de 21,
11 e 9 anos. O caçula, em especial, demonstra grande entusiasmo pela vida no campo.
"As hortaliças constituem nossa principal fonte de renda. Possuímos recursos suficientes para
sustentar a família, proporcionar uma educação de qualidade aos nossos filhos e ainda reservar
momentos de lazer. Somos uma família feliz e planejamos continuar trabalhando desta maneira.
Já cogitamos ampliar a produção na hidroponia e contratar pessoas para se juntarem a nós",
declara Laura.
Foto: Roberto Barcelos
Incentivos públicos
Ramon Borges Figueira, geólogo e secretário adjunto de agricultura do município de
Rondonópolis, apesar de ter assumido acerca de um mês essa pasta, já tem várias metas para o
próximo ano. Dentre elas, a reforma de um espaço na grande Vila Operária, dotado de
infraestrutura, que será destinado aos pequenos agricultores como um centro de comercialização
de seus produtos, é o projeto “Do Campo a Mesa”, que será uma opção mais próxima das
comunidades daquela região que tem uma grande população.
Segundo ele, o prefeito José Carlos do Pátio tem se preocupado em dar condições para que o
pequeno produtor permaneça lá no campo, sendo valorizado e produzindo com suas famílias.
“O cuidado com as estradas e pontes tem sido constante e em algumas localidades trocamos as
velhas pontes de madeira por aduelas. Outra preocupação é em relação a água, vários poços
artesianos foram perfurados em várias localidades, levando água de qualidade aos pequenos
produtores. Trocamos o fornecimento de sementes por mudas, ao invés das sementes que eram
fornecidas, nós trazemos as mudas da região da serra de São Vicente e entregamos aos
pequenos agricultores as bandejas com as mudas de hortaliças. Estamos visitando algumas
comunidades e no ano de 2024 vamos continuar essa relação de proximidade, ouvindo as
demandas e conhecendo de perto os problemas para resolvê-los. ” Afirma Figueira.
Uma inciativa já implantada nessa nova gestão da secretaria, é o sistema de produção de ovos,
que consiste no fornecimento das galinhas de postura aos interessados, com o suporte técnico
necessário, para que em um médio prazo essa região seja uma grande produtora de ovos.
Ramon se mostra muito entusiasmado com a nova missão e finaliza dizendo: “Temos vários
projetos revolucionários para serem colocados em prática no próximo ano que vão fortalecer os
produtores de hortaliças, de leite, a fruticultura e a piscicultura. Sobre as hortas nas
comunidades, nós vamos fornecer o adubo, o calcário, a parte técnica e as mudas. Iniciando o
cadastro já no mês de janeiro (2024), esperamos atender mais de mil pequenas propriedades”.