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Chega de Regras - Larry Crabb
Chega de Regras - Larry Crabb
Larry Crabb
Traduzido por: Neyd Siqueira
Digitalização: FB
http://semeadoresdapalavra.topforum.net/portal.htm
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SEMEADORES DA PALAVRA e-books evangélicos
2
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Crabb, Larry
Chega de regras / Larry Crab; traduzido por
Neyd Siqueira. — São Paulo: Mundo Cristão,
2003.
Titulo original: The pressure's off. ISBN 85-
7325-325-8
1. Vida cristã 1. Título
02-6414 CDD248.4
31 de agosto de 2001 A
vida verdadeira teve início,
o fruto do amor do Pai,
Filho e Espírito um pelo
outro e por meu pai.
4
S UMÁRIO
Um verme na maçã................................................................. 51
5
A História de Deus .......................................................... 171
6
Mais está à nossa disposição em Jesus Cristo do que ousamos
imaginar.
Em 1654, Blaise Pascal encontrou Jesus Cristo de um
modo diferente. Ele registrou o êxtase do momento numa
série de sentenças fragmentadas, inclusive estas:
"certeza, alegria sincera, paz"
"alegria, alegria, alegria, lágrimas de alegria"
"renúncia completa e doce"
"entrega total a Jesus Cristo, meu guia"
Amigo que busca, você ousaria imaginar o que por tanto
tempo temeu que poderia não estar disponível? Quer juntar-
se a mim, peregrino trêmulo, pondo de lado o cinismo que
evita habilmente o risco da esperança? Quer aceitar o seu
desejo por uma única coisa que daria a fim de ganhar tudo o
mais - um encontro real com Jesus Cristo, agora, antes do
céu?
7
• Existe outro estilo de vida. A Bíblia o chama de novo
caminho do Espírito. Os que tomam este rumo na vida se
descobrem flutuando na direção do Pai em ritmo com o Espírito
enquanto ele abre seus olhos para ver a beleza de Cristo. Este
novo caminho conduz nossa vida que não funciona muito bem
até uma certeza misteriosa que nos serve de âncora nas
tempestades da dúvida, em momentos de êxtase que mantêm
vivas grandes esperanças quando os sonhos bons morrem, na
experiência aterradora da morte que permite que nosso
verdadeiro "eu" saia da sepultura para a luz do dia.
U MA P ARÁBOLA :
P ERGUNTA NOTURNA
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gritava de lugares profundos em seu íntimo, exigindo a
resposta que nunca veio.
— Veja minha vida. As coisas não estão saindo como eu
esperava. Por que não me sinto melhor a respeito de mim
mesma? Por que a vida é às vezes tão difícil? Devo estar
fazendo algo muito errado.
A mulher não acreditava que estava sendo castigada por
uma divindade vingativa por causa de erros cometidos,
embora esse pensamento fosse às vezes difícil de afastar.
Ela cria, porém, que havia um estilo certo de vida, o qual
facilitaria as coisas. É claro que havia. Mas, não conseguia
encontrar o caminho.
Aqui em casa, à noite, não conseguia fingir tão bem como
fazia nos dias ocupados, fazendo de conta que estava
satisfeita, que Deus a abençoara o suficiente para chamá-lo
de bom. Na solidão que sufocava sua alma, as lembranças
voltavam — tempos em que se sentira viva, feliz e boa, e das
ocasiões em que se sentira muito mal.
Essas lembranças voltavam com freqüência, especialmente
depois do cair da noite, e elas haviam moldado sua visão da
vida no que almejava de melhor, das bênçãos pelas quais
estava disposta a lutar e, portanto, esperava que recaíssem
sobre ela. A mulher ansiava por sentir novamente a alegria
que conhecera antes e também evitar o sofrimento do qual
não podia se esquecer. Sabia o que desejava... mas não
conseguia encontrar o caminho. Sua vida era disfuncional.
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— Obrigada, Deus — a mulher se obrigou a orar enquanto
se enfiava nas cobertas. — Sei que vai me levar para o céu
quando esta vida terminar. Obrigada, pelo dom da vida eterna
que eu nunca poderia alcançar por mim mesma. Sei que tem
um plano para mim agora, antes que eu vá para casa. Vou
confiar na possibilidade de pô-lo em prática.
Antes de o sono chegar, ela acrescentou: — Qual o
obstáculo que estou criando: O que estou fazendo de errado?
Na escuridão silenciosa do quarto, a mulher esperou. Deus
certamente responderia à sua pergunta e lhe mostraria o que
fazer para receber as bênçãos de uma vida melhor agora, as
bênçãos que tinha certeza de que Deus pretendia que o seu
povo gozasse. — Eu faria tudo que fosse preciso... se apenas
soubesse o que é. — Esse foi o seu último pensamento antes
que o sono a resgatasse da pressão de imaginar o que seria.
Quanto tempo depois aconteceu, ela nunca soube. A mulher
sentou-se na cama, completamente acordada, mas de maneira
diferente quando o despertador tocou. Este despertar foi
novidade. Se tivesse olhado para o relógio ao lado do leito,
teria visto o mostrador brilhar com quatro zeros. Entrara num
mundo além do tempo.
A voz não a despertara, mas ouviu-a claramente: — Vim para
mostrar-lhe o novo caminho.
Quem estava ali? Quem falara? Não conseguia ver ninguém.
Se houvesse um corpo por trás da voz, ela não conseguiria vê-
lo. A escuridão era total.
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— É um sonho — disse para si mesma. Deitaria de novo e
ele iria embora.
A voz falou outra vez no mesmo tom nítido. — É a sua
hora. Vim para mostrar-lhe o novo caminho. Está
suficientemente escuro agora para que possa ver.
Isto não é um sonho, pensou a mulher. — Estou contente
que veio — disse ela em voz alta. — Preciso
desesperadamente encontrar um novo caminho. Orei muito
para saber como melhorar a minha vida. Nada que tentei até
agora deu certo. Preciso descobrir o novo caminho de que
está falando.
— Você está procurando outra versão do antigo caminho.
Vim para mostrar-lhe o novo caminho.
A mulher ficou intrigada, mas não silenciou. — Concordo
que há muitos meios que não funcionam. Minha vida é uma
prova disso. Tentei tudo que podia para mudar o modo como
me sinto para melhorar minha vida. Por favor, se tem
qualquer misericórdia, mostre-me o que estou fazendo de
errado que me impede de ser o que tanto desejo. Estou
pronta a aprender um novo caminho. E para isso, serei uma
discípula obediente.
— Você procura um método para fazer a vida funcionar.
Esse é o velho caminho. — A voz mostrava paciência, como
a voz de um avô ensinando o neto enquanto caminham
juntos. — Qualquer método que escolher se torna o seu
senhor. Você serviu a muitos senhores em sua vida, mas o
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seu alvo se manteve constante. Não quer nada além da vida
melhor que sua experiência mostrou ser desejável. Esse alvo é
o seu ídolo e, portanto, deve ser abandonado.
— Vejo o que está querendo dizer — replicou a mulher,
embora não visse nada. — Sim, acredito que esteja certo.
Muito certo, na verdade. Seu ponto é revolucionário. Preciso
encontrar um caminho espiritual. Meu alvo deve ser Deus e
meu método a obediência. E a oração. Sim, devo fazer o que é
certo e confiar a Deus os resultados. Está dizendo exatamente
o que acabei de ouvir de uma mulher sábia, mais idosa, em
minha igreja. Foi muito interessante.
— Ela disse a verdade, mas você não ouviu. Foi por isso que
vim.
— Bem, penso que ouvi o que ela tinha a dizer. — A mulher
estava mais indignada do que desanimada. — Agradeço por ter
vindo reforçar a mensagem dela. Vamos ver. Sim, me lembro.
Ela disse que eu estava me esforçando para compreender e
viver pelo princípio da seqüência. Sabe, a idéia de que B
segue-se a A, de modo que se eu quiser B, devo descobrir o A
que fará isso acontecer. Ela estava totalmente certa. Quero
saber o que deve ser feito para mudar minha vida para melhor
e me manter longe de problemas no futuro. Disse, também, que
em vez de me esforçar tanto devo aprender a orar. Tinha
novamente razão. É claro que continuo tendo de obedecer,
mas desde minha conversa com ela, estou orando muito mais.
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— Por que você ora? — Um ar gelado varreu
repentinamente o quarto. A mulher procurou defender-se
dele.
— Por que oro? Que pergunta estranha. Estou certa de
que sabe os ensinamentos: peça e receberá; agarre-se a
Deus e não deixe que se vá até que o abençoe; importune,
se necessário, até obter uma resposta; não aceite menos do
que todas as bênçãos que ele reservou para você.
— Esse é o antigo caminho.
A mulher franziu a testa. A voz não conhecia os
ensinamentos do Livro Sagrado? Um pensamento
amedrontador cruzou então sua mente. A pessoa por trás da
voz talvez soubesse os Ensinamentos, mas não cresse
neles. Estaria conversando com um demônio? Um falso
profeta? Uma serpente estaria no quarto com ela?
— Como pode ser isso? — respondeu ainda mais
indignada. — Minha vida é difícil. É certo orar. Levo todos os
meus problemas a Deus. Está, por acaso, querendo dizer
que a oração é o antigo caminho?
— A oração não é o antigo caminho. A sua oração é que é.
A mulher começou a chorar. — Por que zomba de mim?
Estou desesperada. Pensei que me mostraria um novo estilo
de vida. O que fez até agora foi induzir-me a perder a pouca
esperança que me restava.
— Seus desejos ainda não estão amadurecidos. Os
pequenos afetos criam ídolos, deuses sem valor aos quais
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sacrifica a sua vida. Suas orações destinam-se à adoração de
ídolos. Você foi aprisionada pelo seu desejo da vida melhor,
que define pelas suas experiências de prazer e dor. Vim para
mostrar-lhe o novo caminho que leva à melhor esperança.
As lágrimas da mulher se transformaram em soluços, e estes
em queixumes. — Só quero fazer o que é certo, para receber
as bênçãos de Deus. Há algum erro nisso? Por que não me diz
o que devo fazer?
— Se a voz viera de Deus, ela tinha certeza de que seus
lamentos o fariam apiedar-se e dizer-lhe o que fazer.
A voz disse: — Você quer saber o que é eficaz. Não pediu
para saber o que é santo.
O choro da mulher diminuiu. — São duas coisas diferentes?
— Sua busca por um caminho eficaz para a vida melhor a
levará a seguir os princípios básicos deste mundo e não os
caminhos da santidade. Seguir esses princípios pode às vezes
tornar sua vida mais agradável, mas jamais satisfará a sua
alma. Nunca a levará à melhor esperança.
— Além do mais, sua determinação de fazer o que é eficaz é
inútil, porque não tem soberania sobre nada. Não controla
nada. O princípio da seqüência não garante nada.
— Está dizendo que nada que eu faça afeta o que acontece
em minha vida? Que não tenho qualquer influência?
— A influência é real. Ela traz a alegria da responsabilidade e
impacto. Controle sobre o que mais importa é uma ilusão.
Agradeça por não ter nenhum.
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A mulher começou a sentir-se diferente, como um neto que
acabou de compreender que seu avô era sábio. Até este
ponto seu diálogo com a voz tinha sido um debate. Agora
começou a ouvir para aprender.
A voz continuou. — A ilusão de controlar as coisas tem
suas exigências, as quais criam pressão que leva à
escravidão, e esta, por sua vez, ao fato de se tentar imaginar
o que é a vida para fazê-la funcionar. Os que se apegam à
ilusão do controle perdem o prazer da liberdade.
— Não sei se entendi bem. Os bons pais não criam filhos
bons? Os que ofertam fielmente não gozam da promessa da
segurança financeira? As orações dos filhos de Deus não são
sempre respondidas por seu Pai amoroso?
— Conforme a vontade do Senhor. Ele é soberano sobre
tudo. Tenha cuidado para nunca exigir promessas que ele
não fez. Os que cometem esse erro pensam que por agir
certo obrigam o Senhor a abençoá-los segundo a sua
compreensão da vida melhor.
A voz tornou-se então infinitamente amável. — Minha filha,
você se deixou escravizar pela lei da linearidade, o que a
mulher idosa e sábia chamou de princípio da seqüência. Ela
a obriga a fazer o que é certo para ganhar as bênçãos que
deseja. Essa lei não é mais a regra que guia os filhos de
Deus. Ela já serviu o seu propósito. A conclusão é clara. Ao
agir certo, ninguém pode ganhar a vida perfeita mais tarde ou
a vida melhor agora. Pela graça do Mestre, essa lei foi
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substituída pela lei da liberdade. Sob a lei da liberdade, você
fica livre para viver no mistério da confiança.
— Você, porém, não aceitou a autoridade desta nova lei
porque exige que desista da ilusão do controle. Você reduziu
as exigências da santidade, supondo que possa fazer coisas
suficientes para produzir a vida melhor. Isso, às vezes, dá
certo, mas outras, não. Você vive, então, com incerteza e sob
pressão e exige conhecer o modo de vida que fará sua vida
funcionar como quer. Você manipula, mas não confia. Negocia
e não adora. Analisa e interpreta para obter controle sobre o
que acontece; mas não depende. Busca a vida melhor das
bênçãos de Deus acima da melhor esperança da presença
dele.
A mulher sentiu como se águas estivessem subindo acima da
sua cabeça. — Mas eu quero que minha vida funcione. Tenho
me sentido tão infeliz. Preciso saber o que estou fazendo de
errado! Por favor, quer dizer-me o que devo fazer?
— Procure apenas a bênção da sua presença e saberá o que
fazer. Isso encherá sua alma de alegria.
— Mas... só as bênçãos de Deus me trarão a verdadeira
alegria. Preciso saber como alcançá-las!
— Está errada. Você só precisa de Deus.
— Pensei que precisava de Deus porque só ele poderia
tornar minha vida melhor.
— Quando o Mestre caminhou nesta terra, ele se afastou das
pessoas que queriam usar seu poder para obter a vida melhor.
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Ele não se utilizará dos fracos de espírito. Existe uma
esperança melhor do que acreditar que somente a vida seja
melhor. O novo caminho a levará até ela.
Essas foram as últimas palavras ditas pela voz. No
momento em que terminaram, a mulher perdeu a
consciência. Ela reentrou no tempo.
O mostrador digital do relógio marcava 6h30. A manhã
chegara. A mulher esfregou os olhos. A pergunta que fizera
ao adormecer continuava presente ao enfrentar o novo dia,
mas não parecia mais tão urgente. Ela continuava sem saber
o que tornaria sua vida melhor, mas não mais parecia ter
tamanha importância. Sentiu um desejo de algo que fosse
maior do que as bênçãos da vida melhor. Mas nada do que
eu fizer, disse a si mesma, fará com que ela aconteça.
Uma pressão que há longo tempo vinha pesando em sua
alma estava desaparecendo. Sentiu-se mais leve, mais
serena. Será isto o que procurei por tanto tempo?
Ela virou a cabeça para a janela para ver o sol da manhã.
Ouviu nesse momento uma voz familiar sussurrando: — Está
prestes a encontrar o novo caminho para viver. — Estranho,
pensou. Era a voz de uma mulher idosa e sábia.
17
INTRODUÇÃO:
O S DOIS CAMINHOS
20
profundo desejo e confiam em Deus para revelar-se a eles.
Essa é a lei da liberdade.
Quase todos estamos vivendo no antigo caminho. Alguns
sentem o vazio que ele nunca enche. Trabalhamos duro para
fazer a vida funcionar, a fim de nos sentirmos bem. A pressão
está ligada.
Há um novo estilo de vida que remove a pressão. Junte-se
a mim enquanto procuramos por ele.
P RIMEIRA PARTE :
22
Ele quer algo mais
23
ou a cura mais rápida para os que se divorciaram. Nem Deus
tem, creio eu.
Quero todas essas coisas para você. Deus também quer.
Quero uma vida melhor para mim. Deus concorda. Mas ele
quer algo mais para nós dois. E só quando buscamos o mais é
que ele concede o menos. Ou, talvez, só nos conceda na
próxima vida.
Fico perturbado por ver como vivemos sem questionar nossa
determinação para fazer a vida dar certo. Todas as nossas
esperanças de felicidade estão envoltas nisso. É como se
acreditássemos que este é o único mundo em que planejamos
habitar.
Fico ainda mais perturbado pela suposição quase nunca
declarada e incompreendida que jaz debaixo da nossa decisão
de experimentar uma vida melhor. A suposição poderia ser
chamada de lei da linearidade. É mais ou menos assim:
Escolha o que você quer da vida, calcule o que tem de fazer
para obtê-lo, depois siga as regras. Escolha o B que deseja,
faça em seguida o A que leva a ele. Existe um A — uma
estratégia — que leva a cada B — o alvo.
Essa é a lei da linearidade. Vou oferecer alguns exemplos.
26
popular. E não admira que mude tão pouco as vidas de seus
leitores.
Quando vivemos para fazer a vida funcionar, quer sigamos
a sabedoria natural ou os princípios bíblicos, tornamo-nos
orgulhosos ou desanimados, presunçosos ou passamos a
odiar a nós mesmos.
Os cristãos não são exceção. Quando um pai cristão adota
com perseverança um método piedoso ao criar os filhos, a
fim de que venham a ser cidadãos respeitados, quando isso
funciona, esse pai se torna mais orgulhoso do que grato.
Mas, o orgulho é disfarçado.
— É verdade, meus filhos saíram melhor do que o
esperado. Mas, não me surpreendo. O tempo que passei
com eles foi proveitoso. Orei por cada um, pelo nome, todos
os dias. E Deus sempre responde às orações. Sei que
devemos fazer a nossa parte. Pela sua graça, penso que fiz a
minha, não perfeitamente é claro, mas com um bom
resultado. Mantive limites definidos. Envolvi-me e brinquei
com eles, mas eles sempre souberam de quem provinha a
autoridade. Era pai deles e não um amiguinho.
— As crianças querem isso. Elas se sentem mais seguras
quando brincam num quintal fechado. Deus é fiel. Ele é bom.
Eduquei meus filhos segundo a sabedoria divina, e Deus
providenciou que eles se tornassem jovens excelentes. É
assim que funciona.
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O pior sermão que já ouvi foi feito por um homem de meia-
idade que me fez pensar num pavão empertigado quando
falou. Durante trinta e cinco minutos ele explicou como
removera a insensatez de seus filhos com uma vara de
correção e incutira sabedoria neles mediante devoções
regulares em família. A mensagem era clara: — Fiz o que me
competia fazer. Deus abençoou meus esforços. Folgo agora a
vida melhor de ter filhos piedosos.
Quando a lei funciona, tornamo-nos orgulhosos, embora
finjamos ser gratidão. E desanimamos profundamente os pais
que se esforçaram ao máximo para fazer a "coisa certa" e
agora sofrem por causa de um filho viciado em drogas e uma
filha rebelde, sexualmente ativa.
Quando a lei não funciona, supomos que simplesmente não a
seguimos como devíamos. Acreditamos que alguém falhou,
geralmente nós. Tornamo-nos mais derrotados do que
confiantes. Não nos ocorre que a lei pode não estar mais
vigorando.
O marido de Maria a abandonou há dez anos, depois de 22
anos de casamento. Ela ficou desnorteada. Nunca pensou que
isso pudesse acontecer. Depois de ouvir minha palestra sobre
a lei da linearidade, ela quis falar comigo. Eis o que disse:
— Nunca pensei nisso antes, mas os meus pensamentos
são governados por essa lei. Desde o divórcio, acordo de
manhã pensando no que fiz de errado que resultou em dormir
sozinha. Tenho me sentido tão confusa. Nunca consegui
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acreditar que fosse uma esposa tão má assim. Não era. Na
verdade penso que fui uma excelente esposa. Muitas
mulheres que conheço não são nem a metade da esposa que
fui — e continuam casadas, algumas felizes. Não sei o que
pensar.
— Tento convencer-me de que a culpa cabe toda a ele.
Era realmente um crápula. Mas, vejo agora que se culpar a
ele ou a mim, estaria procurando uma explicação. E isso é
pensamento linear. Afinal, depois de um A o que se segue
não é um B? Essa pergunta cria muita pressão. Já errei uma
vez. Quero agora entender direito.
A seguir acrescentou: — Não é assim que as coisas
funcionam? Está dizendo que não existe linearidade, não
existe causa e efeito? Se a lei da linearidade não é a base da
nossa vida, o que é? Há outro modo de pensar?
Há. Como veremos, as regras da vida foram substituídas
pela oportunidade de viver.
A pressão acabou!
31
Em todo lugar
33
perturbado e desanimado, cheio de dúvidas e odiando a mim
mesmo?
Vou propor um pensamento radical: Talvez tenhamos
entendido tudo errado! A vida cristã talvez não seja sobre
"fazer o que é certo" para "ser abençoado". A vida cristã talvez
não seja sobre as bênçãos que tanto desejamos nem sobre o
que buscamos tenazmente. Nossa obediência e fidelidade
talvez devam ser motivadas por uma razão muito diferente
daquela de receber as boas e legítimas bênçãos que
experimentamos nesta vida. Nossos pais talvez não devessem
ficar tão surpresos quando, depois de anos dedicados na
educação dos filhos, um deles resolve sair do armário para
anunciar seu estilo de vida homossexual.
Um marido amoroso, que falhou como todos os maridos fa-
lham, mas cumpriu com o seu compromisso de casamento e
honrou-o o melhor possível, não deveria ficar atônito ao
descobrir que sua mulher o deixou por outro homem.
A jornada espiritual não é sobre viver como devemos, para
que a vida funcione como desejamos. O caminho não é linear.
Não se trata de alcançar a maturidade de uma boa auto-
imagem e desenvolver a energia para fazer coisas boas; é
preciso descer até o quebrantamento do autodesespero e
aprofundar nosso discernimento de quão pobremente amamos
em comparação com os padrões trinitarianos. Não é necessário
esforçar-se muito para fazer o que é certo, a fim de nos
apresentarmos diante de Deus para receber as bênçãos que
34
desejamos; é saber chegar até ele como somos, honesta-
mente, sem pretensões, convencendo-nos cada vez mais de
que não podemos fazer as coisas certas por mais que
tentemos depois de ouvir o sussurrar do Espírito: — Bem-
vindo! Você está em casa. É amado. Terá poder para falar
com a sua própria voz e ouvir a voz de Deus que se derrama
sobre você como um canto cheio de amor.
A jornada secular arraiga-se na linearidade, a servidão do
controle: faça isto e aquilo acontece. É assim que as coisas
funcionam. Você terá a vida que deseja se viver bem e
sabiamente.
A jornada espiritual arraiga-se na liberdade da graça: venha
como está, mesmo temeroso, mas em paz. Depois viva a
vida de acordo com o que é certo porque tem esse privilégio
e deseja ser piedoso. As atitudes corretas são o único
caminho para uma vida prazerosa. A vida pode prover-nos de
ricas bênçãos. Ou talvez não. De qualquer modo você pode
conhecer a Deus.
Defeitos graves
38
Não são boas notícias
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podemos cumprir nossa parte do trato. Quando Deus instruiu
seu povo para "seguir
cuidadosamente os termos da aliança", ele não estava
estabelecendo um padrão razoavelmente alto. Não estava
preparado para conceder bênçãos a pessoas que seguissem
suas regras razoavelmente bem. O padrão era a perfeição -
perfeito para Deus e para outros a cada momento, em cada
intercâmbio.
Não puderam fazer o que era certo, tampouco nós.
Nos versículos que seguem de perto a nossa passagem,
Deus tornou terrivelmente claro o que aconteceria se o povo
escorregasse: "Porém, se o teu coração se desviar, e não
quiseres dar ouvidos... então, hoje, te declaro que,
certamente, perecerás".4
A lei da linearidade não constituiu então boas notícias —
"Mas, se me não ouvirdes e não cumprirdes todos estes
mandamentos; então... porei sobre vós terror, a tísica e a
febre ardente, que fazem desaparecer o lustre dos olhos e
definhar a vida... Porque enviarei para o meio de vós as feras
do campo, as quais vos desfilharão... eu lhes meterei no
coração tal ansiedade, nas terras dos seus inimigos, que o
ruído de uma folha movida os perseguirá; fugirão e cairão
sem ninguém os perseguir".5
E essas não são boas notícias hoje.
41
A razão para a vida reta mudou
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Esforce-se muito e irá provavelmente ganhar dinheiro sufi-
ciente para gozar a vida.
Persevere, e o fracasso pode vir a transformar-se em sucesso.
Poupe para os dias chuvosos e você não vai se afogar quando
as tempestades vierem.
Seja um pai, não um amiguinho, para seus filhos, e eles se
sentirão provavelmente mais seguros.
Esses princípios expressivos apelam tanto para os cristãos
como para os não-cristãos. Um orador no dia da formatura diz
aos formandos que o trabalho árduo e a paciência produzem
dividendos. E isso é verdade. Nem sempre, mas com
freqüência.
Ouço Paulo observando os cristãos gálatas e imaginando: —
Como vocês podem viver para as bênçãos de Deus quando a
bênção suprema da sua presença está disponível? E como
podem menosprezar seus padrões santos, rebaixando-os a
princípios éticos gerais, que então seguem a fim de conseguir
as bênçãos que desejam?
— Quão insensatos podem ser? Por terem admitido os seus
fracassos e fraquezas e confiado em Cristo, Deus concedeu a
vocês a vida. Acham que vão agora viver essa vida fazendo um
número de coisas suficientemente certas para persuadir Deus a
dar-lhes o que querem? Foram salvos pela graça e crescerão
pela graça. A lei da linearidade terminou. Sejam gratos. Essa lei
impunha a pressão intolerável de viverem perfeitamente a fim
48
de viver bem. Vocês agora se encontram na lei da liberdade.
Fiquem firmes. Vivam como homens e mulheres livres.
Bastam alguns minutos de busca numa livraria cristã para
ver como preferimos a linearidade barata em vez da liberdade
pura. Rebaixamos a barra dos padrões não-rebaixáveis de
Deus a um nível que possamos alcançar com sucesso.
Seguimos então os princípios de Deus, nunca perfeitamente,
mas o mais de perto possível para poder esperar que as
bênçãos venham sobre nós. Quando isso acontece, ficamos
presunçosos. — É claro que ganho bem. Dei regularmente o
dízimo desde que recebi o meu primeiro ordenado.
Quando as bênçãos não chegam, ficamos confusos. — Eu
não era uma esposa tão má assim. Por que ele me deixou?
Essas são as nossas dificuldades com o novo caminho.
Insistimos em reter algum controle sobre os resultados de
nossos atos. Dizemos: — Confio no Senhor — quando na
verdade queremos dizer: — Confio nele para honrar meus
esforços de viver bem, concedendo-me as bênçãos que
desejo. — Ser agradável a Deus não é tão fácil assim.
Dizemos: — Amo o Senhor —, mas queremos realmente
dizer: — Gosto das bênçãos que ele me dá nesta vida agora.
Permitam que eu faça um esboço do que apresentei até este
ponto.
Como nunca antes, a igreja moderna está vivendo como se
não houvesse nada melhor à sua frente. E nós vivemos como
49
se não houvesse alegria maior agora do que experimentar as
bênçãos disponíveis nesta vida.
S EGUNDA P ARTE :
A GERAÇÃO DESANIMADA
UM VERME NA MAÇÃ
51
Ao observar a igreja e refletir sobre a minha própria
peregrinação de cinqüenta anos, fico imaginando: Será que
criamos uma versão religiosa do antigo caminho pela qual
viver? Os seguidores sinceros de Cristo têm estado viajando
pelo antigo caminho, pensando que estão andando pelo novo?
52
milhares de cristãos continuarão a andar pelo antigo caminho,
pensando que estão na estrada do conhecimento de Deus.
James Houston comentou em algum lugar que um amigo
espiritual é necessário em nossa viagem, por causa da nossa
tendência para a autodecepção. Algumas vezes só outra
pessoa pode ver que estamos indo para o sul quando
acreditamos sinceramente que a estrada se dirige para o
norte.
Ouça Thomas Merton avaliar a importância da direção
espiritual: Todo o propósito da direção espiritual é penetrar
abaixo da superfície da vida humana, a fim de observar por trás
dos gestos e atitudes convencionais apresentados ao mundo, e
fazer aflorar sua liberdade espiritual interior, sua verdade mais
secreta, que chamamos de semelhança de Cristo em sua
alma.7 A grande tragédia no cristianismo moderno é que poças
de água viva estão borbulhando na areia ardente de nossas
almas e não sabemos disso. Não cavamos o suficiente em meio
às ruínas de nosso auto-engano, embora sigamos as
estratégias cuidadosamente para fazer a vida funcionar e poder
beber da corrente divina interior. Estamos bebendo água
poluída, pensando ser pura, ou pior, estamos nos sentindo
refrescados.
Mas, é um falso alívio. É tanto inventado como falso. Não
tem poder para nos transformar em pessoas que perseveram
e atravessam sonhos desfeitos para agradar a Deus e por
causa da fé possuída por outros. O antigo caminho gera
53
refrigério sentimental, do tipo de sentimentos bons, temporários
e superficiais, que não evitam o nosso narcisismo natural.
Nesta parte do livro, quero oferecer toda direção espiritual
possível mediante a página escrita, a fim de ajudar-nos a entrar
em nossos mundos interiores e ver qual a estrada que estamos
palmilhando.
Lembre-se da parábola dos dois construtores contada pelo
Senhor. Um construiu na areia e o outro na rocha. Até que
viessem as tormentas, as duas casas podiam ser aproveitadas.
Até que os sonhos se despedaçassem, até que a vida se
tornasse difícil (como acontece com todos nós), os dois homens
estavam satisfeitos e gozando de suas bênçãos.
Suponho que se tivéssemos conversado com cada um, se os
conhecêssemos como membros da nossa igreja, talvez como
amigos íntimos que se conhecem há anos em seus pequenos
grupos, poderíamos ter considerado ambos homens piedosos,
que amavam o Senhor e o estavam seguindo. Mas, um vivia no
antigo caminho; não estava construindo a sua vida sobre a
verdade de Jesus. Ele queria algo mais do que achegar-se a
Deus.
Isto não ficou visível por longo tempo, não até a chegada da
estação de furacões. Quando as coisa aconteceram e sua
abordagem da vida não pôde sobreviver, sua vida desmoronou.
Com nossa capacidade quase ilimitada de enganar a nós
mesmos, é possível (e a possibilidade tem alcançado
proporções epidêmicas) que as pessoas venham a crer
54
sinceramente que estão vivendo como cristãos quando, de
fato, estão seguindo uma versão altamente cristianizada do
antigo caminho. Por esta razão vários capítulos a seguir
discutirão o que o novo caminho não é.
55
concluir que de fato sou a maçã suculenta, substancial e doce
que aparento ser.
Eu, porém, sei. Sei o que você não sabe e que estou
determinado a que nunca descubra. Há um verme no centro.
Algumas mordidas a mais e você vai cuspir-me. Tenho de
impedir que se aproxime demais. Conhecer-me bem é gostar
de mim. Conhecer-me completamente vai revelar como sou
realmente desagradável.
Tenho falado em público há trinta anos. Sou um bom orador.
Deus me deu talentos e me abençoou por trás de um púlpito ou
pódio. Depois de ter falado, ouço com freqüência: — Você é tão
vulnerável, tão honesto. Deixou que eu visse que também se
esforça, que também não consegue tudo que quer.
Essas palavras são ditas com admiração. Eu sorrio com um
sorriso forçado por dentro. Quando permito que veja um pedaço
do verme, fica ainda mais atraído por mim. Mas, se deixar que o
veja inteiro, nunca mais me ouvirá. Escolho meu nível de
vulnerabilidade. Sei o que estou fazendo. Não sou tolo. Sei
como sobreviver no mundo cristão.
Alguns que lêem esta descrição suporiam que sofro de um
distúrbio psicológico. Estou certo de que há vários rótulos que
poderiam ser pregados em mim. Outros pensariam mais
simplesmente: — Esse sujeito tem com certeza um problema
de baixa auto-estima. Parece que se odeia.
O aconselhamento, mesmo o aconselhamento cristão, no
geral tenta remover o ódio que o indivíduo tem por si mesmo e
56
promover o amor em seu lugar. Fazer isso é esforçar-se para
tornar o antigo caminho mais confortável. Não envolve
quebrantamento, a compreensão de que meu ódio por mim
mesmo é fraco demais, nem arrependimento, uma mudança
em meu modo de pensar que muda o foco de como me sinto
a respeito de mim mesmo para como me sinto sobre Cristo —
ou, mais ao ponto, como ele se sente sobre mim.
Veja bem, há realmente um verme na maçã. Não adianta
tentar convencer-me de que é um verme simpático. Isso não
existe. Deus o vê e o odeia. Devo também odiá-lo. Conheço-
me muito bem para saber que sou com freqüência muito
introspectivo. Tenho ressentimentos contra pessoas que me
prejudicam. Sou capaz de odiar outros. Minhas inseguranças
têm menos que ver com uma falta de afirmação necessária,
quer durante a infância ou agora, e mais com a exigência de
ser honrado acima de outros.
É claro que tenho valor intrínseco como portador da
imagem de Deus. É claro que posso deleitar-me na maravilha
e plenitude do amor de Deus por mim. Sou naturalmente
privilegiado como alguém único, como uma obra-prima sendo
preparada pelo gênio criativo de Deus que tem algo de
significado eterno para dar a este mundo.
Meu ódio pessoal não tem origem na falta de apreciação
dessas verdades. Ele vem de uma exigência de que eu seja
mais especial do que você, de que meus esforços sejam
reconhecidos e efetivos, que eu nunca seja ofendido ou
57
depreciado, de que tenha os recursos para obter o que desejo
na vida.
Meu ódio pessoal está arraigado no orgulho. Insisto que
alguém veja valor em mim, que eu veja valor em mim. Quando
uma dessas coisas não acontece, atiro-me no abismo de
lamentar sobre a vida e odiar tudo nela, inclusive a mim
mesmo.
Quando estou ali, afundando-me na lama do desespero,
afirmação alguma pode tirar-me desse poço. Até que
compreendo que pertenço a ele, até que veja que não há um
grama de amor por ninguém em mim (pelo menos nenhum que
esteja sendo expresso), até que sou quebrantado pela minha
falta de mérito, que me impede de juntar-me a uma comunidade
de perfeito amor, vou pensar que alguém deve resgatar-me. Se
alguém tentar, não serei grato. Vou imaginar por que levou
tanto tempo para chegar.
Como você, sou capaz de sair de um cinema quando a razão
para ter sido classificado como de má qualidade se torna
aparente, ou de estender bondade, inclusive dinheiro, a amigos
em dificuldades, ou pregar um sermão sobre santidade - e
fazendo tudo isso com um poço de orgulho e auto-absorção
produzindo a energia. Posso construir uma casa atraente na
areia. Posso polir a maçã até que brilhe e o convença de que
nenhum verme poderia viver nessa fruta tão bela.
58
Mas, algumas vezes, como você, fico em pé na rocha. A
bondade flui realmente de mim. Dou pelas razões certas.
Amo outrem sem me preocupar comigo mesmo.
Quem sou eu? Sou o covarde moral que com freqüência sei
que sou, cheio de orgulho e medo? Ou sou o homem de Deus
que almejo ser, centrado na pessoa de Cristo e capacitado
pelo Espírito para revelar a sua glória por meio da minha
vida?
Sou um mistério para mim mesmo. Algumas vezes o
Espírito flui livremente em meu interior e fico cheio de alegria
e poder espiritual. Outras vezes, outra fonte de energia se
apossa de mim, e sinto-me mal, a ponto de ficar
ocasionalmente amuado e mostrar falta de fé em meu
desespero. É então que me sinto mais facilmente tentado a
procurar prazer onde quer que possa.
Vou dar um exemplo.
Fora de controle
61
inseguro, que precisa aceitar quem é e viver o seu chamado,
um candidato para um bom aconselhamento?
Ou sou um cristão vivendo no antigo caminho, não sonhando
mais alto do que ver a minha vida acertada e me esforçando
para que isso aconteça, depois frustrado e irado quando não
acontece? É isso que sou. Ou pareço ser. Algumas vezes.
Os recursos para viver segundo o novo caminho estão,
porém, em mim. Agüente agora outra história, bem melhor.
64
QUE FORÇAS DA ESCURIDÃO?
65
em Cristo e não no sucesso visível; que ouvem o Espíritoe não
as expectativas das pessoas;
terceiro, reforma cultural em nosso mundo diário que exalta a
satisfação da virtude e da humildade acima do entusiasmo das
realizações e do poder, valorizando a relação reta com Deus
acima do progresso da auto-estima. Vamos ser claros: Nossa
maior necessidade não é de maior comunhão em nossos
pequenos grupos ou de melhor pregação do púlpito. Nosso
maior desafio não é cristianizar a cultura secular com a
finalidade de aceitar os valores familiares e a moral bíblica.
Nossa maior necessidade é um novo encontro com Deus que
exponha o pecado como repulsivo de modo que nossa
determinação em fazer esta vida funcionar leve em conta a sua
espiritualidade, em particular.
Nosso maior desafio é reconhecer o antigo caminho do
código escrito, a fim de compreendermos com que freqüência o
vivemos, para vermos o novo caminho do Espírito abrir-se
diante de nós, e descobrirmos nosso desejo ardente de seguir
esse caminho até a presença de Deus.
Quando oramos de joelhos: "Venha o teu reino, seja feita a
tua vontade, assim na terra como no céu", não devemos
levantar-nos depressa demais para ocupar-nos com a obra do
reino. Devemos permanecer por algum tempo nessa posição,
humilhados e dependentes, suplicando a ajuda do Espírito para
vermos qual o caminho que estamos tomando.
66
Estamos determinados, de acordo com a nossa vida moral,
a contribuir de maneira generosa e fiel, a alcançar a vida me-
lhor das bênçãos de Deus? Planejamos estratégias sobre
como obtê-la, dependendo da lei da linearidade para produzir
os resultados que queremos?
Ou estamos almejando com paixão inflexível achegar-nos a
Deus, desesperadamente ansiosos para conhecer Cristo, ten-
tando ouvir atentos a voz do Espírito em nossas vidas
repletas de ruídos de todo tipo? Abraçamos a lei da liberdade,
aproxi-mando-nos ousadamente, exatamente como estamos,
da comunidade divina?
Primeiro, revolução espiritual que nos leva da vida do antigo
para o novo caminho; a seguir, reavivamento verdadeiro da
comunidade
segura em nossas igrejas; e, finalmente, uma reforma cultural,
objeto de muita oração, em que os cristãos possam tornar os
incrédulos
sedentos de Cristo. Essa é a ordem.
71
O ponto de Paulo é este: Cristo não promete ajuda quando
você tem como alvo supremo alcançar certas bênçãos
mediante boas obras.
Pode orar, jejuar, comparecer a seminários, comprar livros,
dar o dízimo em dobro e recusar serviço a cabo na sua
televisão, praticar a oração contemplativa e jamais se esquecer
de um aniversário ou dos jogos de bola de seu filho - os
recursos do Espírito não terão valor algum para você. Deus não
vai nos ajudar a viver no antigo caminho.
Eu me pergunto quantas vezes pais cristãos sinceros oram
por seus filhos e se esforçam para educados bem, apenas para
ficarem frustrados por não receberem resposta às orações.
Imagino com que freqüência cônjuges cristãos oram para que
seu casamento perturbado melhore e quase não atentam para
o fato de estarem ou não se aproximando de Deus em meio às
suas dificuldades. Imagino quantos empresários piedosos
observam o mais alto grau de integridade e esperam que Deus
abençoe assim seu resultado final.
Judaizantes modernos
74
Eles disfarçam bem o seu engano. "Deus é bom", afirmam.
"Ele é fiel. Anseia abençoado. Agora que o conhece, espere
as bênçãos que ele está pronto a derramar sobre a sua vida.
Siga as suas regras, cumpra as condições, convença-o a
olhar para você com favor e terá o que quer - uma vida farta
de bênçãos, proporcionadas pelo nosso generoso Deus."
Chamam a isso de viver segundo os princípios bíblicos.
Paulo, por sua vez, considerou isso voltar aos princípios
fracos e miseráveis deste mundo.
É um pensamento surpreendente e um tanto perturbador, a
idéia de que a obediência a princípios bíblicos possa estar
errada. Quando agir certo é uma estratégia para obter o que
desejamos, nossa energia é orgulho e nosso foco é o ego.
Os princípios bíblicos são reduzidos aos princípios básicos
do mundo quando seguidos a fim de ganhar a vida melhor
que exigimos. Os princípios bíblicos permanecem bíblicos
quando se tornam oportunidades guiadas para os cristãos
que se achegam a Deus a fim de expressar a outros o caráter
de Cristo. Foram sempre comandos a serem obedecidos,
mas quando estamos em contato com nossos novos
corações, eles são também considerados privilégios que
ansiamos por agarrar.
75
Minhas experiências anteriores me mostraram que a mentira
da vida pode ser encontrada na demonstração da competência
pessoal e na participação em uma história mais ampla. Essa,
para mim, é a vida boa, a vida melhor que desejo.
Sou cristão. Deus me deu talentos para fazer bem algumas
coisas e juntar-me a ele para contar a sua história. Se orar e me
mantiver corretamente, mantendo-me dentro de minha escala
de competência, posso viver suficientemente bem a vida cristã,
a fim de receber as bênçãos que acredito precisar.
Vou então trabalhar. Tento fazer o que é certo, orar o
suficiente, não pecar demais, aproveitar todas as oportunidades
para o ministério. A pressão se instalou.
Devo receber as bênçãos de que preciso. Devo pensar bem,
ensinar bem, escrever bem. Qualquer evidência de estar
falhando me desanima até a alma.
Leio o artigo de um amigo e sou forçado a admitir que poderia
fazer muito melhor se tivesse tempo para ler mais. Sei tão
pouco.
Estou cansado de tentar fazer o que é certo. A performance é
como um moinho de vento. As bênçãos que gozo agora podem
não continuar, e as que ainda espero gozar talvez nunca
cheguem. Devo me aperfeiçoar! Mas, estou tão cansado!
Chego então a um ponto em que uma chave interna dá um
estalo. Tudo que quero é alívio. Não posso continuar meu
desempenho. Preciso de uma folga. Menos pressão. Mesmo
76
que seja apenas por um momento. Entretenimento superficial
ajuda. Ligo a televisão.
Compreendo nosso vício epidêmico. Paixões profundas
agitam cada um de nós. Somos pessoas apaixonadas, mas
insensatas. Com energia decidida, vivemos o antigo caminho,
consumidos pela necessidade de nos sentirmos vivos, de
fugir do tédio, de nos envolvermos numa experiência ardente.
Cansamo-nos do esforço, vivemos para encontrar alívio.
Isso descreve o que estava acontecendo em meu mundo
interior quando li o artigo de Philip. A escolha fatal já fora
feita. Eu estava à procura da vida melhor que desejava. A
energia da carne, controlan-do-me intimamente, gerou o seu
fruto. Emoções inferiores corromperam meu coração em
relação a um amigo. Já acontecera antes. Acontece quando
vivemos no antigo caminho.
Será que reconheço claramente o antigo caminho? Posso
identificar o ensino dos modernos judaizantes e compreender
que me afastarão da bênção maior e farão voltar a pressão?
Preciso aprender como fazer isto. Deve haver mais
discussão sobre o que o novo caminho não é.
O DRAGÃO ABANDONADO
82
Recusa em viver realmente
85
com bastante consistência, durante a maior parte da minha vida
cristã.
A segunda coisa que está se tornando clara é que o novo
caminho é o caminho do Espírito. O Espírito é a terceira pessoa
da Trindade. Ele conhece o Pai e é gerado por ele. Conhece o
Filho e é o Espírito literal de Cristo. O Espírito é Deus, santo e
amor. Cada vez que fala, é para apontar o caminho santo, o
caminho para a presença de Deus.
Cada sentimento seu, enquanto sonda e vê quanto o meu
coração deseja mais as bênçãos de Deus do que o próprio
Deus, está saturado de bondade e esperança. Suas paixões o
levam a incentivar minha paixão por Cristo, a colocar meu
coração na direção de casa, a posicionar meus pés na estrada
para a presença de Deus, a permitir que eu veja o brilho do
diamante que é Cristo.
A sua voz, porém, não é a única que ouço. Ouço uma voz
doce, bondosa e persuasiva que me faz lembrar quão solitário e
decepcionado estou e quão profundamente anseio sentir-me
bem a respeito de mim mesmo, ser honrado, ajustar-me em
algum lugar, sentir-me importante e seguro. Essa voz me
encoraja a crer que esses anseios podem e devem ser
satisfeitos; que a única coisa que separa o caminho espiritual
do secular é como posso conseguir satisfação para eles.
Quando ouço essa voz, não vejo valor mais alto do que a minha
plenitude, sentida e gozada agora ou, se não neste momento,
então em breve.
86
E a voz do dragão.
Está na hora de ouvir outra voz. Eu a ouvi recentemente, e
meu mundo interior está virando de cabeça para baixo. O que
julguei ser bom, vejo agora que é mau. O que pensei ser
elitismo espiritual e suspeitosamente místico, vejo agora
como disponível para rodos e intensamente prático. Vou
contar-lhe o que aconteceu.
Saia da caverna
87
Nada. Não ouvi nada. Depois de alguns minutos senti enorme
necessidade de entrar na sala de estar para assistir à televisão.
Estava inclinado a dispensar o momento com a escova de
dentes como uma insensatez momentânea, uma aberração
psicológica de satisfação auto-induzida.
Telefonei a vários amigos. Contei o acontecido e pedi que
orassem e suplicassem a Deus para que o Espírito me levasse
a ouvi-lo a fim de entender o que a voz queria dizer-me. Para
isso, seria necessário humilhar-me o suficiente para chegar a
ouvir a Deus.
Nada. Fiquei sentado três horas, lendo as Escrituras,
esperando em espírito de oração. Nada.
Várias semanas se passaram. Acordei certa manhã às 5h30 e
senti o desejo de levantar-me e sentar-me na cadeira junto à
lareira. Fiz isso. Abri a Bíblia em Romanos 7:6, o versículo que
inspirou minha nova direção vocacional, que chamo Ministérios
do Novo Caminho. Ouvi Paulo dizer-me novamente que fora
libertado da escravidão para poder viver de um novo modo, o
que Paulo chama de "novo caminho do Espírito". Fiquei
imaginando outra vez o que ele queria dizer quando anunciou
as boas novas de que eu não podia mais viver "no velho estilo
do código escrito".
Passei, então, para Hebreus 7:18, 19. Li nesse trecho as
palavras familiares que desta vez quase me fizeram levantar da
cadeira. "A anterior ordenança — o velho modo de fazer as
coisas certas para que Deus possa abençoar - é revogada".
88
Meu coração bateu descompassado. Li que me fora dada
uma "esperança superior" à promessa de bênçãos pela
obediência; fomos também convidados a "nos chegar a
Deus"; pessoas como eu podem ter intimidade com Deus.
Surpreendente! Meu coração bateu mais forte.
Comecei a falar em voz alta: — Está no texto! — Aprendi a
desconfiar das impressões que sentia no estômago, mas
também aprendi a confiar plenamente no que lia na Bíblia.
Chorei de alegria. De esperança. — A pressão terminou —,
gritei finalmente. — Não preciso encontrar um meio de me
sentir bem antes de amar. Não tenho de fazer minha vida
funcionar antes de dar glória a Deus ou beneficiar a outros. —
Compreendi que era isso que eu queria. Anseio por sentir-me
completo, inteiro, amado e valorizado. Mas, anseio ainda
mais conhecer melhor a Deus.
Senti a seguir uma comoção no fundo da minha alma.
Fechei os olhos e escutei. Senti-me como Lázaro, ouvindo
uma voz do céu entrando em minha cova. Só posso fazer
uma tentativa de colocar palavras no que ouvi. Elas fluíam do
texto.
— Larry, há um novo modo de viver. Você esteve vivo com
a minha vida divina durante cinco décadas. Na maior parte
desses anos, esteve vivendo uma visão inferior da antiga
aliança; vivendo no antigo caminho de seguir os princípios
básicos do mundo28 a fim de tornar esta vida melhor. Você
também esteve enfeitando o espaço escuro em que escolheu
89
habitar na tentativa de fazer de conta que é um lar. Meu Espírito
está falando agora a você por meio da sua desilusão com esta
vida — a morte de seu irmão, o seu câncer, a doença de
Alzheimer de sua mãe, os relacionamentos que se romperam,
problemas de família, tão pouca realidade em seu mundo
interior. Ele está lhe dizendo, por mim, que a verdadeira alegria
nesta presente era maligna nunca depende da vida melhor de
bênçãos e que é tanto insensato quanto fútil valorizar a sua
satisfação acima do meu conhecimento. Compreenda isto:
Tente me conhecer. Logo descobrirá a felicidade.
— Você está começando a perceber a vida que possui e o
privilégio singular que ela proporciona. Pode agora achegar-se
a Deus, pode apresentar-se a ele como está e quando aprender
o que isso significa e a obediência que traz em sua esteira,
então, meu Pai e eu iremos aproximar-nos de você. Não existe
bênção maior que esta! Você ficará cheio de uma alegria que
nem sempre parecerá satisfazê-lo, mas tomará consciência de
um desejo profundo de me conhecer e revelar-me a outros, não
importa o que esteja acontecendo em sua vida ou quais sejam
os seus sentimentos. Você se tornará sólido, não mais um
fantasma etéreo fingindo ser real.
— Está na hora! Na hora de deixar o velho caminho que vem
causando tanta pressão — que o obriga a manter as pessoas
felizes com você, a ter sucesso em seus relacionamentos e
ministério, a sentir-se pelo menos um pouco bem — e viver no
novo caminho, o caminho que o meu sangue abriu para você.
90
— Larry, saia da caverna, está na hora!
Tempo para viver
92
O QUE HÁ DE TÃO ERRADO COM O QUE QUEREMOS?
94
O antigo caminho vê as coisas de modo diferente. O dragão
sugere pensativamente: — Você quer realmente Jesus. É ele
que pode restaurar seu casamento, proporcionar grandes
idéias que realmente funcionam sobre como criar seus filhos,
e fazer progredir o seu ministério. Jesus ensina princípios
pelos quais viver, ele oferece métodos para seguir que lhe
darão a vida que deseja. O que deve fazer para ser salvo de
uma vida insatisfatória e relacionamentos tensos? O que deve
fazer para ser salvo da perseguição e dos problemas? Ele lhe
dirá. Vá até ele para descobrir o que deve fazer para que a
sua vida funcione!
Estou aprendendo a distinguir entre a voz do dragão e a do
Espírito. O dragão tira minha atenção da pessoa de Cristo
como fonte da alegria mais profunda para as bênçãos da vida
como o que realmente preciso para ser feliz. Se essas
bênçãos só podem ser obtidas mediante pecado evidente,
ótimo; se viver uma vida cristã positiva mantém a vida
operante, isso também é ótimo. O dragão não se importa,
contanto que eu busque a vida melhor de bênçãos. Depois de
ouvir esse dragão de três cabeças por algum tempo, tento ver
Cristo como um salvador do sofrimento e não do pecado; um
benfeitor responsável e não um Senhor Santo. O Espírito
sempre aponta para o Cristo da Bíblia, aquele que não
oferece garantias de que meu casamento vai sobreviver, que
as notícias da biópsia vão ser boas, ou que não vou perder o
emprego. O Espírito expõe um problema em minha alma pior
95
do que o meu sofrimento, depois revela o Deus da graça. Ele
me diz que posso conhecer esse Deus; posso conhecer o seu
coração, descansar em seu poder e esperar nos seus
propósitos. Posso ver tudo isso em Cristo. Ele continua
incentivando meu coração para dizer: — Dê-me apenas Jesus!
Gosto, porém, das palavras do dragão. Quero ter uma vida
funcional. Alegro-me quando isso acontece. Odeio quando se
dá o contrário.
Só quando meus sonhos se despedaçam, e então apenas por
um momento, sinto às vezes o desejo de me achegar ao Deus
que sei que é mais forte do que meu desejo de bênçãos
restauradas. Só durante tempos especialmente intensos com
Deus — raros em sua freqüência e de curta duração - anseio
mais por ele do que pelas suas bênçãos.
Escrevi seis capítulos neste livro. Meu prazo está
rapidamente se esgotando. Prefiro conhecê-lo melhor ou desejo
que ele me habilite a escrever os últimos capítulos a tempo?
Digo que a pressão acabou. Será que sei do que estou
falando? Alguém sabe? Estou descrevendo um estilo de vida
impossível de ser vivido por alguém? Estou saindo de minha
habitação coletiva para o sujo cortiço que todos chamamos de
lar e falando de um refúgio que jamais gozaremos? Talvez
fosse melhor pegar uma mangueira e limpar a rua, tratar de
melhorar nosso casamento, tornar nossos filhos mais
responsáveis, nossas amizades mais íntimas, nossos
96
ministérios mais eficazes e nossos corpos mais esbeltos e
saudáveis.
Em vez disso, estou escrevendo um livro sobre como viver
para a melhor esperança de me achegar a Deus, sobre como
viver não para tornar melhor a nossa vida mas para agradá-lo
e revelá-lo aos outros. Será que tenho idéia do significado
disso? E possível que dê realmente valor ao que Cristo pode
fazer por mim nesta vida mais do que valorizo a oportunidade
de conhecê-lo melhor. Será que já obtive mais prazer
passando tempo com ele do que viajando de férias com
minha mulher, observando meus filhos estarem em boa
situação ou carregando os meus netos? Há realmente mais
alegria em conhecer Cristo do que ficar de pé diante de
grandes multidões, ver coisas boas acontecerem e ganhar
dinheiro além disso?
É sobre isso que estou escrevendo. Estou em águas
profundas, não tenho certeza de que sei nadar.
Este capítulo está difícil de ser escrito. É a minha quinta
tentativa. Joguei fora mais de cinqüenta páginas de rabiscos
que pareciam importantes quando os escrevi. E estou
reescrevendo agora o que pensei que fosse a versão final.
Comecei este livro declarando que há mais coisas à nossa
espera em Jesus Cristo do que ousamos imaginar. Deixar
tudo para conhecê-lo melhor é realmente bom para nós. Creio
nisso? Quando escrevi essa sentença introdutória, a paixão
fluía de mim. Será que desapareceu?
97
Não devo tentar recuperá-la. Esse seria o antigo caminho.
Devo, pelo contrário, buscar a Jesus. Devo achegar-me a Deus.
É útil saber que isso pode ser feito, que o caminho para Deus
foi aberto, que os recursos necessários para a viagem foram
previstos e que o Espírito pode agitar as águas que nos levarão
para a presença de Deus, como uma fonte carrega uma folha. É
bom também nos convercermos de que qualquer outra
prioridade é maligna. Vamos falar mais sobre dois pontos - que
o novo caminho pode ser e foi palmilhado e que o antigo
caminho é mau.
101
Esse não é, no entanto, o problema central. Vou abordar
agora o meu segundo ponto. O obstáculo central para a vida de
Jesus fluir em nós e jorrar de nós é este: Queremos mais outra
coisa. E isso é perverso. Queremos as bênçãos de uma vida
melhor mais do que desejamos nos achegar a Jesus. Nós nos
aproximamos dele como uma criança se achega a um Papai
Noel no shopping, que pergunta pela centésima vez: — O que
você quer no Natal? Aposto que nenhuma criança jamais se
apertou no peito de Papai Noel, olhou em seus olhos e disse: —
Você! Eu quero só você! —Nenhuma criança acredita que
Papai Noel ao jantar com ela poderia alegrá-la mais do que
quando empilha presentes debaixo da árvore. Nosso problema
é incredulidade no que pode ser chamado de seu "Plano
Emanuel", a obsessão inflexível que ele tem de formar uma
família para reunir-se à sua mesa de jantar, com ele na
cabeceira, e cada um de nós vibrando de alegria por estar
presente.
Deus está decidido a formar uma comunidade em que ele
seja o nosso Deus e nós, o seu povo. Esse tem sido o seu
plano desde o Éden. Quando vamos em direção diferente,
somos como o filho pródigo dizendo ao pai: — Pouco me
importa estar com você. Só quero a sua riqueza. Pode morrer
no que me concerne. Apenas dê-me a minha herança.
Esse é o antigo caminho. Ele não é apenas insensato. É
perverso.
102
É insensato porque a vida nunca funcionará
suficientemente bem para criar a alegria que desejamos.
Deus providencia isso. Quando Adão e Eva foram expulsos
do paraíso, Deus preparou o mundo para certificar-se de que
nunca teríamos uma base razoável para nos estabelecermos
nas alegrias que a vida neste planeta confere. O mato cresce
em todo jardim. Toda vez que tentamos removê-lo, um espi-
nho pica nosso dedo. Os relacionamentos nunca alcançam a
plena alegria da completa intimidade. A competição
egocêntrica barra o caminho. Todo nosso esforço para a
harmonia é prejudicado pela nossa atitude: "Estou magoado,
você falhou", e nosso foco está voltado para o que o outro
pode fazer para satisfazer nossos desejos.
Não conseguimos agir como devemos. Não conseguimos
ter uma vida funcional; isso nunca acontecerá até o céu.
Todavia, como cavadores de poços, passando por um poço já
cavado e forçando nossas pás na terra seca, tentamos
descobrir o que podemos fazer para encontrar a água
desejada. A maioria de nossas orações consiste de um
pedido para que Deus guie nossas pás para onde as fontes
se escondem por baixo da terra endurecida.
Certo dia, Jesus dirigiu-se a um grupo de cavadores de
poços. — Vocês estão com sede. Sabem disso. Mas não
sabem que estão com sede de mim! Venham até mim.
Deixem as pás. O poço já foi cavado. Venham beber a água
que eu dou. Venham à minha mesa. Comam o que é bom.
103
Deixem suas almas se deleitarem no melhor dos alimentos.
Não há alimento mais rico do que o relacionamento comigo.
Estou à disposição. Venham!32
Todavia, continuamos no antigo caminho, dando mais valor à
vida melhor que Jesus pode dar-nos do que à esperança
melhor de conhecê-lo bem. Isso é inútil e perverso. Nós o
tratamos com desprezo, rejeitando seu convite para nos
achegarmos a ele, e tentamos, em vez disso, esforçar-nos para
seguir os princípios que julgamos nos trarão as bênçãos
desejadas.
Podemos encontrar Jesus. Isso já aconteceu antes. E a
esperança desse encontro supera de muito a esperança de
uma vida melhor neste mundo. Essa é a primeira coisa que
devemos saber.
Viver para uma vida melhor neste mundo, com mais energia
do que perseguimos um relacionamento mais profundo com
Jesus é perverso. Esta é a segunda coisa que devemos saber.
É um insulto a Deus. Ele nos dá o melhor que o céu pode
oferecer, e pedimos outra coisa.
104
Cada um de nós está palmilhando seja o antigo caminho ou
o novo.
Um dos principais seguidores de Cristo, Agostinho, disse a
mesma coisa. Agostinho sabia o que era viver por uma vida
melhor. Ele conhecia também o vazio da alma que não podia
ser satisfeito com nada e ninguém senão Deus. Esse vazio o
levou a uma atividade sexual que não conseguia controlar. Só
depois de um encontro com Jesus e de começar a busca da
melhor esperança de intimidade com Deus é que descobriu
uma alegria preferível ao prazer sexual. Não existe qualquer
outra cura real para qualquer vício.
Ele escreveu mais tarde sobre duas cidades que juntas
afirmam que toda pessoa viva habita nelas, seja numa ou
noutra: "Uma das cidades é a dos homens que vivem
segundo a carne. A outra é a dos que vivem segundo o
Espírito. Cada uma escolhe seu próprio tipo de paz e, quando
conseguem o que desejam, vive na paz de sua própria
escolha".33
Há uma paz dada pelo mundo. É a tranqüilidade de uma
vida que funciona razoavelmente bem — relacionamentos
decentes, saúde adequada, recursos suficientes para gozar a
vida, trabalho significativo. Os cidadãos da cidade do homem
seguem os princípios básicos deste mundo a fim de alcançar
sua meta e, ao alcançá-la, gozam de certa paz por algum
tempo. Essa espécie de paz, porém, nunca sobrevive à
morte.
105
Jesus oferece uma paz diferente. "A minha paz vos dou; não
vo-la dou como a dá o mundo".34 A paz de Jesus não depende
de bênçãos merecidas. Depende inteiramente da única bênção
suprema que ele garante a todos os seus seguidores: a
oportunidade de nos achegarmos a ele, de estar com nós,
mesmo quando sua ausência é tudo que sentimos, depender
dele para fazer boa obra em nós, mesmo quando tudo que
acontece parece mau.
Um amigo descreveu ainda ontem o inferno que ele e a
mulher suportaram com seu filho rebelde. — Isso quase nos
destruiu. Não sabíamos o que estava havendo com ele, nem
conosco; não tínhamos idéia do que fazer. — Faltava-lhe a paz
que o mundo dá.
Ele foi à sua procura. — Lemos uma porção de livros,
conversamos com as pessoas mais sábias que conhecíamos e
oramos. E como oramos! Suplicamos a Deus que nos dissesse
o que fazer, que nos desse sabedoria, que nos mostrasse como
chegar até nosso filho. Não conseguíamos. Nenhuma tentativa
dava certo.
Esse é o antigo caminho — discernir quais os princípios a
seguir que trarão as bênçãos que desejamos, depois colocá-las
em prática da melhor forma possível, depois orar, confiando em
Deus para honrar nossa obediência, tornando nossas vidas
mais funcionais. De todo o coração, alma, mente e forças,
acerte as coisas para que a vida funcione. Deseje a paz
disponível neste mundo.
106
— Não adiantou —, confessou meu amigo. — Ficamos cada
vez mais confusos. Não sabíamos o que fazer. Não
conseguíamos entender a rebeldia de nosso filho. A pressão,
a culpa e a frustração eram insuportáveis. Quase destruíram
nosso relacionamento. Então desistimos.
Deus preparou o mundo para que nossos melhores
esforços de jardinagem nunca pudessem livrar-se de todas as
ervas daninhas. O anjo com a espada flamejante impediu
aqueles pais de voltarem ao Éden. Ele impede a todos nós.
— Finalmente, deixamos de ser bons pais que podiam
endireitar os filhos. —Os sonhos despedaçados criaram um
sofrimento insolúvel que os ajudou a abandonar o antigo
caminho.
— Decidimos que a única coisa a fazer era nos agarrar a
Deus, conhecê-lo melhor, ver o que nos estava separando da
verdadeira adoração, e descansar na sua soberania. Só o
Espírito pode alcançar nosso filho, e não podemos controlá-
lo. Nosso filho ainda parte nossos corações de algumas
formas, mas estamos menos envolvidos em mudar seja
nossa tristeza ou a sua rebelião. A pressão acabou. Pelo me-
nos diminuiu. O conflito de poder para tornar nosso filho
melhor é muito menos intenso. Penso que nos tornamos em
pais mais sábios. Com certeza mais relaxados. E nosso filho
está mostrando alguma evolução. Somos sinceramente
gratos. Nós o amamos, mas endireitá-lo não é mais a nossa
107
meta. Continua sendo certamente um desejo, bastante forte,
mas não é o nosso alvo.
Meu amigo está descobrindo o novo caminho. Ele descobriu o
seu desejo por Deus e está vivendo para a esperança melhor
de achegar-se a Jesus em vez da vida melhor de cuidar de seu
filho para levá-lo à maturidade responsável.
O antigo caminho é perverso, como Agostinho nos lembra:
"Quando o homem vive 'de acordo com os homens' e não 'de
acordo com Deus', se compara ao diabo."35
Mas, a pressão cessou; o novo caminho está disponível.
"Vinde a mim, todos os que estais cansados e
sobrecarregados, e eu vos aliviarei".36
ENGANO ESPETACULAR
109
para a igreja, esperam que o carro dê a partida. Deus poderia
fazer o carro mover-se, mas raramente o faz.
E as bênçãos e provações sobre as quais não temos controle
evidente, influência clara? Os maridos continuam fiéis para as
mulheres maravilhosas? A resposta é sim, mas nem sempre. A
relação entre esposa quase-perfeita e a fidelidade do cônjuge
não é linear.
Os ministérios são abençoados se orarmos, mas se
extinguem se não fizermos isso? No geral, sim. Sempre, não.
Quando as coisas dão errado, devemos supor que não oramos
devida ou suficientemente? Certa oração sempre funciona?
Essa é a suposição do antigo caminho.
Embora alcance níveis mais profundos de quebrantamento
ao dizer isto, é preciso que o diga: Sempre que nos
concentramos nas bênçãos que queremos, mesmo que sejam
bênçãos de valor, e estudamos o cristianismo para
compreender como alcançar essas bênçãos, estamos
semeando para a carne. Estamos vivendo segundo o antigo
caminho.
Falamos com freqüência do favor de Deus. E é necessário. É
uma bênção esplêndida. Um pastor amigo contou-me
recentemente como Deus favorecera a sua igreja na
comunidade. Eles haviam sido diligentes em tratar bem os
vizinhos. Deus abençoara. E eu me alegrei.
Mas, não me alegraria se esse pastor escrevesse agora um
livro intitulado: Como Sua Igreja Pode Ganhar o Favor de Deus!
110
É possível que as vendas fossem boas. Somos tão
facilmente desviados de Cristo para uma bênção à qual
damos grande valor e a uma fórmula que a introduza em
nossas vidas.
Compreenda isto: A carne sempre dá mais valor a alguma
coisa do que a Cristo. Não precisa ser pornografia; pode ser
uma família de sucesso ou uma igreja em crescimento. Mas,
o Espírito indica um tesouro maior. Ele sempre mostra Cristo.
A batalha entre afetos em competição define a guerra entre a
carne e o Espírito. Qual tesouro será nossa principal paixão?
A que damos mais valor?
O maior erro da igreja moderna talvez seja sua tendência
irreconhecível de encorajar o antigo caminho de vida. Livros,
sermões e seminários apresentam uma bênção atraente,
depois nos dizem como obtê-la. — Deus quer abençoar
vocês —, ouvimos. — Vivam de modo que suas bênçãos
caiam sobre as suas vidas.
Estamos sendo enganados. A bênção suprema que Deus
quer nos dar é a si mesmo. Nenhuma outra bênção é
garantida até o céu. As bênçãos que pedimos agora não são,
no geral, aquelas que nos conduzem a um encontro com um
Deus capaz de destruir o nosso orgulho e nos manter
confiantes e alegres em um primeiro plano.
Este engano muito propagado tem conseqüências. Vou
listar quatro:
111
1. Gera confusão e pressão. Não fui um bom marido? Foi
por isso que ela me deixou? Tentei tanto ser um bom pai. O
que fiz de errado? Fui severo demais? Permissivo demais? O
que faço para melhorar as coisas? Deus, por que não me diz o
que fazer para que as coisas funcionem? Prometo cumprir
tudo! Qualquer coisa! BASTA ME DIZER!
2. Enfraquece nossa perspectiva de Deus. Se a vida cristã
trata de bênçãos, então, quando chegam as provações,
concluímos que não estamos vivendo de maneira correta ou
que Deus não está realmente no controle. Nesta situação, pelo
menos, Satanás deve estar por cima.
Quando fiquei com câncer, disseram-me que era coisa do
diabo e que deveria envolver-me numa batalha espiritual contra
Satanás pela minha saúde. A linha de frente da guerra
espiritual, desse ponto de vista, não é entregar-me a Deus em
meio à provação, mas alinhar-me ao lado dele para derrotar o
diabo. E a medida da vitória é a saúde recuperada.
Creio que esse é o antigo caminho. No novo caminho,
resistimos à exigência carnal de que a bênção substitua a
provação e seguimos em vez disso o Espírito, aconteça o que
acontecer, até um encontro mais profundo com Deus. No novo
caminho, lutamos contra a exigência de bênçãos em nome do
conhecimento de Deus.
No antigo caminho, lutamos contra as provações em nome
das bênçãos. As nossas afeições mais enganosas estão nesta
vida. E, durante o processo, Deus e eu juntamos forças para
112
derrotar um inimigo comum. Minha vida reta liberta Deus para
fazer o que ele de outra forma não poderia fazer, destruir as
obras do diabo e nos devolver as bênçãos que Satanás
removeu. Nossa visão da soberania de Deus cai um ponto.
3. No antigo caminho, a humildade se torna uma técnica.
Humilhamo-nos e nos aproximamos de Deus na esperança
de que ele se achegará a nós; não para permitir que o
encontremos, mas com bênçãos nas mãos. A humildade se
torna uma manobra. Chegamos com as mãos vazias, mas
com um dedo apontando. Dê-nos isso! A dependência cede o
seu lugar para a metodologia.
Quando o método funciona, nos sentimos muito satisfeitos
com a nossa humildade. Compartilhamos da glória. Fizemos
algo certo, neste caso, a humildade, e Deus abençoou. Que
equipe!
Quando vivemos sob o engano do antigo caminho, as
conseqüências destrutivas surgem de muitas formas. Acabei
de mencionar três delas:
Confusão e pressão
Um Deus pequeno
Orgulho
Há mais uma conseqüência que quero mencionar.
Desenvolvemos uma visão errada dos problemas
psicológicos. A cultura terapêutica, creio, é construída sobre
uma base defeituosa. Vou passar o resto deste capítulo
sugerindo o que quero dizer. Acho que é importante.
113
Debaixo do distúrbio psicológico
114
Eu tinha 29 anos na época. Aquele foi meu primeiro
encontro direto com o enigma perigoso chamado anorexia,
com uma mulher magrinha e rígida que insistia estar acima
do peso e decidida, contra qualquer pressão, a descartar-se
de mais alguns quilos.
Depois de 40 minutos sem chegar a lugar algum, ainda
sem uma pista sobre a causa de seu distúrbio, murmurei: —
Na verdade acho que você tem de ganhar algum peso.
Não tinha idéia do que ia enfrentar. Seria o mesmo que
dizer a meu filho de quatro anos: — Tente não pecar mais.
O que me esperava?
Desde Sigmund Freud, os psicólogos têm geralmente
concordado que algo deu errado no desenvolvimento de um
ser inocente. Toda criança quer sentir-se amada e valiosa,
tendo algum tipo de intuição sobre qual a bênção necessária
para satisfazer esses anseios. A experiência aguça o foco.
Traumas penosos nos ensinam o que evitar, e encontros
agradáveis moldam a nossa compreensão do que esperar e,
se possível, do que arranjar.
Dois problemas podem surgir. Se forem suficientemente
graves, nós os rotulamos de patológicos. Por causa de
relacionamentos especialmente disfuncionais, vamos em
busca de alvos irreais — tais como não-rejeição, perfeição
total, ou sentimentos constantes de prazer -ou dependemos
de estratégias ineficazes que nos levem aonde queremos ir.
Ou ambos. (Compreender os métodos ineficazes para alcan-
115
çar metas irreais é agora um campo de estudo em si. Nós o
chamamos de psicodinâmica.)
Quando um terapeuta descobre um alvo irracional de alguém
no mundo real, e quando reconhece que as tentativas de obter
alívio interno dessa pessoa são custosas demais, o processo
de cura pode começar. O processo, quase sempre, envolve um
esforço de ajudar alguém a comportar-se com maior eficácia a
fim de experimentar maior satisfação mediante alguma bênção
disponível nesta vida. É o antigo caminho.
Tenho imaginado: A vida no antigo caminho poderia ter mais
a ver com nossos problemas do que suspeitamos? Nossa
insistência em que esta vida oferece mais satisfação do que
pode, e nossa determinação de arranjar algum meio de obtê-la,
estão por trás do que chamamos distúrbio psicológico?
"Porquanto, tendo conhecimento de Deus," disse Paulo, "não
o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se
tornaram nulos em seus próprios raciocínios... Inculcando-se
por sábios, tornaram-se loucos e mudaram a glória do Deus
incorruptível" em outra coisa. "Por isso, Deus entregou tais
homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio
coração... os entregou Deus a paixões infames... a uma
disposição mental reprovável, para praticarem coisas
inconvenientes, cheios de toda injustiça, malícia, avareza e
maldade."37
As pessoas vão em busca de uma fonte de satisfação
primária que não é Deus. Elas não lhe dão valor acima de
116
todos os outros tesouros. Esse é o antigo caminho. Seus
pensamentos se tornam fúteis. Suas vidas giram ao redor
dos falsos deuses de filhos melhores, boa saúde,
relacionamentos satisfatórios, ministérios eficazes —
qualquer coisa menos Deus. Essa devoção a um deus menor
liberta toda espécie de problemas. Regras egoístas. As
fontes da natureza humana ficam poluídas. Água
contaminada jorra.
Como alguém que compra por engano uma roupa do
tamanho errado, trocamos a glória de Deus por um traje que
julgamos irá ajustar-se um pouco melhor à nossa alma.
Afastamo-nos de Deus e vamos atrás de outras bênçãos.
O que fizemos pode ser simplesmente explicado:
121
Mas, se vivemos segundo o novo caminho, a pressão
acabou. Podemos ainda experimentar várias provações, mas
nossas almas estarão em linha com o Plano Emanuel — Deus
será o nosso Deus e nós seremos o seu povo.
Está na hora de sentir o vento do Espírito de Emanuel.
T ERCEIRA PARTE :
122
impaciência, murmuração, inveja ou concessões sexuais.
Com um quebrantamento que varre toda a confiança em
seus recursos para fazer com que coisas boas aconteçam,
eles compreendem que carecer da glória de Deus significa
que "nenhum de nós confiou nele e o valorizou como de-
víamos. Temos procurado satisfação em outras coisas e as
temos tratado como mais valiosas do que Deus".44
Eles reconhecem o antigo caminho pelo que realmente é,
uma filosofia de vida e uma abordagem à vida que pensa que
Deus deveria fazer com que as coisas andem suavemente e
pouco se importa que ele se revele a quem quer que seja.
124
lado alimentos de melhor qualidade aos existentes do lado de
cá.
Quero apresentá-lo a alguns desses revolucionários do
novo caminho:48
— No ano passado, meu casamento de 31 anos foi
destruído por meu marido adúltero. Alguns meses mais tarde,
recebi um diagnóstico de câncer de mama. Dois dos meus
três filhos se afastaram de Deus. E minha situação financeira
é grave.
— Mas Deus — esse é o slogan dessas pessoas: Mas
Deus — nunca foi tão real para mim. Encontrei um ponto de
comunicação tão completamente transparente com ele que
não trocaria por todo o alívio que o mundo pode oferecer.
Tenho medo de novos sonhos destroçados, mas sei agora
que existe um caminho melhor, uma relação melhor do que
qualquer outra imperfeita neste mundo, um sonho mais
elevado, um amor mais perfeito do que posso pedir ou
imaginar, na pessoa do meu Senhor Jesus.
Um segundo revolucionário diz: — Tantos sonhos foram
despedaçados nos últimos seis anos que é difícil contar.
Todavia, há algo novo - melhor — acontecendo no meu
coração.
Ouça um terceiro, este querendo juntar-se à revolução,
mas sem saber como inscrever-se:
— Divorciei-me duas vezes e lutei terrivelmente durante
anos. Procuro a comunidade espiritual de que você fala em
125
seus livros,49 e quero a intimidade com Jesus que descreve.
Estive deprimida e estou lutando para superar o sofrimento,
desapontamento e solidão. Deus tem sido bastante silencioso.
— Minha comunidade quer que eu tome remédios, faça
terapia, e/ ou encontre a esperança e a paz que não sinto nas
promessas de Deus. — Suspeito que a esperança e a paz que
seus amigos lhe desejam pertençam ao antigo caminho;
querem que ela se sinta bem, mais do que conheça a Deus.
Ela confirma minhas suspeitas enquanto continua:
— Querem que me sinta melhor. Já tentei a maioria dessas
coisas e também encontrar a "felicidade" temporária ou pelo
menos o alívio da dor que o mundo oferece. NÃO QUERO
MAIS FAZER ISTO! Quero viver o novo caminho de que fala,
mas não sei como.
130
leais adoradores de algo. Deus só faz uma pergunta: — Sou
eu a sua suprema paixão ou é outra coisa?
No antigo caminho, a paixão que governa surge de várias
formas, mas tem sempre como alvo seu valor central - uma
vida melhor agora! Algo precisa acontecer — alguma emoção
precisa ser sentida, algum acréscimo em nosso senso de
valor pessoal deve ser experimentado, alguma vibração deve
deleitar-nos, alguma bênção deve ser concedida — antes,
que a vida valha a pena ser vivida. Uma mulher me disse
depois que preguei sobre este assunto: — Por que devo
aproximar-me de Deus se ele não me deu o que eu queria?
— Ela ainda não compreendera que o que seu coração mais
queria realmente era o próprio Deus - e é isso que ele anseia
dar-lhe.
No novo caminho, as bênçãos são esperadas, a cura é
objeto de oração, famílias felizes são edificadas, sentimentos
de maravilha e alegria em servir a Deus são universalmente
esperados, e quaisquer bênçãos que jorrem sobre nós são
alegremente comemoradas — embora nada, absolutamente
nada, seja exigido. A paixão por uma vida melhor, embora
real e profunda e sentida sem qualquer sentimento de
vergonha, não está no centro. Uma vida melhor não é o
ponto; ela não governa nossos atos; não é a primeira paixão
no coração de um revolucionário do novo caminho.
Dançamos ao redor de um Deus diferente.
131
Os revolucionários do novo caminho são geridos por uma
paixão suprema, o anseio de Deus, de encontrá-lo, de
conhecê-lo, deleitar-se com ele e revelá-lo aos outros. Não
exigimos nada, mas confiamos em Deus para o melhor que ele
tem a dar. Mesmo em circunstâncias agradáveis ou difíceis, por
exemplo, quando um filho tenha acabado de anunciar que vai
deixar a esposa para viver com um homem ou a bancarrota
prevista é evitada por um bom negócio inesperado, a paixão
por Deus continua a imperar.
A satisfação desse desejo é outra questão. Podemos desejar
Deus, mas experimentar Deus não é uma realidade previsível.
Podemos arranjar condições favoráveis para encontrar Deus,
mas não temos controle sobre a sua presença ou ausência.
Os seguidores do novo caminho compreendem que são
apenas iniciantes na Escola das Delícias Divinas.
Os revolucionários do novo caminho aceitam seu lugar no jar-
dim-de-infância; compreendem que não sabem muito, mas têm
ânsia de aprender. São concentrados. Sabem o que procuram.
Meses no jardim-de-infância, ou anos, ensinam apenas um
pouco do que significa encontrar o Deus triúno.
Algumas vezes conseguem ouvir algo, ver algo. O recreio é
suspenso. A oportunidade de ouvir a voz de Cristo, de obter
outro vislumbre da sua beleza, os mantém nas cadeiras. A
antecipação envia arrepios pela sua espinha. Esse som e esse
relance os enchem de alegria. Por um momento apenas.
132
As distrações os afastam. A criança ruidosa na carteira ao
lado, talvez um membro do mesmo grupo pequeno, lança um
ataque ino-lensivo contra eles. Surge uma dor de cabeça. A
vida na escola fica difícil. Como alunos lutando com a
aritmética, eles se esforçam cada vez mais; às vezes,
conseguem, às vezes, não. Quando fazem isso, passam para
questões mais difíceis, e o ciclo continua.
Continuam em suas carteiras. Outro vislumbre talvez
apareça!
No primeiro dia do primeiro ano, aprendem a descansar,
não em tapetes trazidos de casa e colocados no, chão frio da
classe, mas no escritório do Diretor. Chega o aviso: — O
Diretor quer vê-lo. — Pânico! Coração saltando de terror! O
que fiz de errado? O seguidor do novo caminho reúne toda a
sua coragem para andar pelo corredor e bater na porta com a
inscrição: Diretoria. Uma voz se faz ouvir: — Entre. — Com o
nariz escorrendo, rosto riscado de sujeira e roupas rasgadas,
o primeiranista entra.
— Você parece ótimo. Que bom vê-lo! — O Diretor abraça
o aluno e começa a cantar, cheio de emoção por estarem
juntos — Diretor e aluno. O aluno se olha no espelho
pendurado na sala da diretoria. Seu nariz está seco e seu
rosto limpo, suas roupas são novas. Ele não tem idéia de
como isso aconteceu.
133
Como eu poderia amá-lo mais?
139
gratidão a seus pés. Cheios de alegria. O Filho toca nosso
ombro. Ficamos de pé.
Como eu poderia amá-lo mais?
146
A mãe poderia descansar. A pressão para calcular o que
fazer cederia lugar à liberdade, liberdade de expressar
sabiamente a seu filho o seu coração governado pelo
Espírito. Saberia o que fazer sem que um especialista tivesse
de ensiná-la.54 Continuaria não tendo idéia de como
conseguir a vida melhor de ter um filho mudado, embora
continue a desejar e orar por essa bênção. Esse, porém, não
seria mais o seu alvo. O Espírito a libertaria para glorificar a
Deus, revelando seu coração já transformado na presença do
filho.
Tal libertação poderia tomar muitas formas, algumas
inesperadas e outras insensatas, segundo os pensamentos
do antigo caminho. Talvez uma censura: — Filho, sua atitude
está errada. Você tem um espírito ingrato. — Ou poderia abrir
a alma para dizer: — Sofro muito com o modo como está me
tratando. — Posso imaginar uma verdade que seria
pecaminosa se dita com o espírito errado, mas não se falada
na sabedoria e amor do Espírito: — Seu pai o enganou.
Penso que está na hora de ouvir mais sobre a história do
nosso divórcio.
O segredo não está na escolha das palavras. Está na
energia com que são ditas. A mãe está ansiosa para se
chegar ao filho ou para representar e agradar a Deus? Está
tentando fazer algo acontecer ou apresentar o que possui
como uma dádiva de amor, talvez um amor inquebrantável,
ao filho?
147
Se estiver seguindo o Espírito até a presença de Deus, se
ouvir as boas-vindas do Diretor e sentir o seu abraço antes que
fale com o filho, nenhuma de suas palavras terá como objetivo
controlar, manipular, pressionar, ou vingar-se. Cada uma
conterá um espírito de perdão, misericórdia, descanso sem
ameaças e graça.
149
O que aconteceu ao nosso desejo de Deus plantado pelo
Espírito? É como se ainda estivéssemos ao pé do monte Sinai,
ouvindo os mandamentos que queremos obedecer só para
ficarmos livres de um Deus ameaçador. Nossos corações
permanecem frios, imóveis e indiferentes. A perspectiva de
conhecer a Deus não nos anima muito.
O puritano Thomas Chalmers falou certa vez do "poder
expulsivo de um novo afeto". Poderíamos falar quase do
mesmo modo do poder sufocante de nossos velhos afetos.
Nosso desejo da vida melhor impede a nossa chama de anseio
pela esperança melhor de tornar-se uma fogueira ao ar livre.
Deus, porém, nos tirou do monte Sinai e nos colocou diante
do monte Sião. Nossos corações frios foram aquecidos. A lei
do Sinai — inteirinha, cada expressão da santidade de Deus —
foi gravada no centro do nosso ser. Quando Deus ordena,
ouvimos agora um convite.
— Ame sua mulher!
Quer dizer que tenho de fazer isso? Que maravilha!
Obrigado! Obrigado!
Somos filhos cujos paladares foram alterados. As cenouras
agora têm sabor de biscoitos. Essa é a verdade. É o centro da
teologia da nova aliança, e a teologia da nova aliança é o
centro da vida do novo caminho.
150
Alegria garantida
Por que, então, não sinto isso? Por que os biscoitos ainda
têm gosto de biscoitos e as cenouras de cenouras? Prefiro
biscoitos. Quero uma vida doce agora. Escolho, então, o
antigo caminho.
Essa escolha tem conseqüências. Notei antes a passagem
em Hebreus que dizia que a antiga lei fora abolida.55 A partir
dessa declaração, sugeriu que a fórmula de linearidade do
antigo caminho foi cancelada. Não podemos mais trabalhar
duro para fazer as coisas certas e exigir uma garantia de que
a vida irá, então, funcionar. Os judaizantes estavam
completamente errados. A lei da linearidade da qual
dependiam não está vigorando.
Mas, outro relacionamento linear ainda permanece.
Quando vemos o que é, vamos ficar profundamente
interessados em nutrir o desejo que irá sustentar-nos no novo
caminho de vida.
Ouça o apóstolo Paulo: "Porque o que semeia para a sua
própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia
para o Espírito do Espírito colherá vida eterna".56
Essa linearidade continua em efeito. Colhemos o que
plantamos.
Note, no entanto, que não é a linearidade do antigo
caminho. A promessa de um relacionamento causa-efeito
151
entre fazer o que é certo e uma vida que funciona acabou.
Deus estabeleceu um novo arranjo linear:
Se escolhermos o antigo caminho, acabaremos infelizes. Po-
demos nos sentir bem por longo tempo, mas todo seguidor do
antigo caminho terminará no infortúnio. GARANTIDO!
Se escolhermos o novo caminho, vamos experimentar
alegria, talvez só depois de um longo tempo de sofrimento e
busca. Mas, vamos nos encontrar e nos sentiremos cheios,
vivos e felizes. GARANTIDO!
Escolher o novo caminho vale a pena. Uma vez que for salvo,
não há mais qualquer escolha importante.
Não poderemos manter essa escolha, a não ser que nossa
paixão por Deus se torne mais forte do que a nossa paixão por
qualquer outra coisa, inclusive um relacionamento restaurado
com um filho que nos rejeita.
Vou declarar de maneira diferente essas duas lições que
estou aprendendo sobre a vida no novo caminho.
Primeiro, o Espírito está sempre me incentivando a segui-lo,
e isso é sempre no sentido de conhecer melhor a Cristo. Esta é
a sua palavra para mim quando a vida vai mal e quando vai
bem. É sempre isso que ele diz: Venha como está para
encontrar a Deus.
Segundo, não vou segui-lo, a não ser que colabore de
alguma forma com a sua obra de aprofundar meu desejo por
Cristo. Enquanto desejar mais as bênçãos, vou acabar no
antigo caminho.
152
Minha conclusão é também dupla:
Primeiro, se não aprender a ouvir o que o Espírito está
dizendo, vou andar pelo antigo caminho, e os resultados
serão desastrosos. B segue-se a A. É nesse ponto que a
linearidade ainda permanece.
Segundo, se aprender a ouvir mais claramente a voz do
Espírito, tanto me guiando no novo caminho como me
fortalecendo na minha paixão número um por Cristo, vou
experimentar grande alegria e significado em meio a
quaisquer circunstâncias. Minha alma estará alinhada com o
Plano Emanuel. Deus será o nosso Deus, e nós seremos o
seu povo. Garantido!
O PLANO EMANUEL
158
— Deus, as conseqüências do meu divórcio são tão
piores e duradouras do que previ.
— Deus, viver sozinho nesta casa de idosos é tão difícil.
Não consigo deixar de ter pena de mim mesmo.
— Deus, estou com tanto medo do diagnóstico médico.
Por favor, não deixe que eu tenha câncer.
— Deus, minha inclinação para relações lésbicas é
implacável. Sei que é errado, mas não consigo controlar-
me.
— Deus, nunca pensei que pudesse sofrer tanto. Minha
filha de 14 anos está grávida.
Em cada uma dessas vidas, e na sua, o vento do Espírito
está soprando. Mas, ele não está movendo nosso barco para
os mares calmos de uma vida mais agradável. Pelo contrário,
somos levados ao olho da tempestade, à presença de Deus.
E devemos ajustar nossas velas adequadamente. Se
quisermos águas calmas, vamos sozinhos. Resistimos ao
vento do Espírito.
164
não parecem egoístas. São bênçãos que Deus quer que
tenhamos. Mas, nunca como nosso principal tesouro.
Quando as bênçãos, mesmo as mais nobres, se tornam
nosso tesouro maior, nós as acumulamos. Podemos parecer
generosos e dadivosos, mas nunca sacrificamos o que mais
importa. Os cristãos que acumulam tesouros além de Deus
no celeiro das suas almas, não adoram a Deus e nem
poderiam fazê-lo. Sua adoração central está dirigida para
outro ponto. Viver segundo o antigo caminho nos torna
insensatos e egoístas, não importa como os outros nos
considerem. Esse é o ponto da parábola.
Ouço Jesus dizer:
— Não viva segundo o antigo caminho. Se der maior valor
às bênçãos da vida do que à comunhão com Deus, vai
acabar infeliz. Garanto! Mas, se viver no novo caminho, se
achegar-se a Deus, não para explorar o seu poder mas para
gozar da comunhão com ele, então ele irá suprir tudo que
você precisa para participar do avanço do Plano Emanuel.
Garanto! E vai conhecer a minha alegria, a ale-gria que
experimento na comunhão da Trindade.
Substituímos o plano do homem rico pelo Plano Emanuel.
Ele combina mais com nosso ponto de vista natural: Se nos
esforçarmos muito, mantivermos o nariz limpo e vivermos
uma vida decente, acontecerão coisas suficientes para que
nos sintamos bastante bem.
165
Jonathan Edwards disse certa vez que a jornada espiritual
exige uma "intensa concentração sobre a perspectiva de
Deus". Tal concentração, disse ele, irá "causar um grande
estreitamento de todos os nossos interesses na terra e uma
imensa ampliação de nossos interesses no céu".65
Quando mudamos para o novo caminho, quando
substituímos o plano do homem rico pelo Plano Emanuel,
damos mais valor a Deus do que a celeiros cheios de bênçãos.
Nossos interesses terrenos diminuem.
Não se trata de nos importarmos menos com as coisas aqui
de baixo - ainda desejamos fervorosamente uma comunidade
íntima, bons filhos, biópsias negativas — mas, passamos a
desejar mais outra coisa. Nosso maior tesouro, nossa bênção
principal, nossa paixão suprema, torna-se o próprio Deus. Sua
glória ocupa o centro do palco. A comunhão com ele torna-se a
nossa maior alegria.
Aproximação
168
Posso ouvir o apóstolo João, enquanto nos olha lá do céu,
dizer à minha amiga: — Minha satisfação está agora
completa. Você está gozando comunhão com Deus acima de
todas as outras alegrias. Sabe que é a sua maior bênção.
Oh! filha, se essa comunhão é tão doce aí, pode imaginar
como vai ser aqui em cima?
Posso ouvir Tiago interrompendo: — A quimioterapia deve
ser terrível. Uma medonha provação. Você a está aceitando
como uma oportunidade de aproximar-se de Deus, de ser
como Jesus. Está vivendo no novo caminho, se achegando a
Deus, e ele a você. Imagine quando o Plano Emanuel se
completar.
Paulo insiste: — Quando nos concentramos intensamente
no ponto de vista de Deus, e só se fizermos isso, então
coisas terríveis como a solidão e os problemas econômicos e
recidiva de câncer podem ser considerados como aflições
leves e momentâneas que estão obtendo para nós uma
glória eterna que supera de muito tudo isso. Combata o bom
combate, como eu fiz.
É claro que Pedro não pode resistir, juntando-se à
conversa com sua sabedoria confiável: — Querida irmã,
embora não o tenha visto, você o ama. Que milagre
esplêndido do seu gracioso Espíriro Santo! Embora não o
veja com seus olhos físicos, você crê nele e sente-se cheia
de alegria inexprimível, pois está recebendo o que mais
deseja -sendo salva do distanciamento de Deus para a
169
proximidade dele. Está vivendo o novo caminho do Espírito. A
pressão acabou!Aleluia! Espere para ver quem é que está
chegando! É ele!
Os revolucionários do novo caminho se apegam à sua
esperança de que estão realmente recebendo a salvação de
suas almas, mesmo quando passam pela porta chamada
Departamento de Oncologia. Sabem que estão libertos da
busca inútil do prazer da alma em qualquer coisa ou em
alguém senão Deus. Seus celeiros podem estar cheios ou
vazios de bênçãos; de qualquer modo, a porta do celeiro está
aberta e seus corações fixos em outra parte. São remidos para
ter gozo em Deus.
Como seguidores de Cristo, podem beber água viva que
sacia a sua sede e comer coisas que deleitam sua alma. Não
importa como a vida os esteja tratando, por mais desanimados,
irados ou vazios que se sintam, por mais que tenham
fracassado, podem entrar ousadamente no Santo dos Santos.
Têm um verdadeiro encontro com Deus. Encontram o Diretor e
ele os abraça.
Esse é o propósito de Deus em tudo que faz. Tem sido o seu
objetivo desde a Criação — e continuará sendo até que venha
a ser inteiramente realizado. É o Plano Emanuel.
A pressão foi removida.
Podemos abandonar o plano do homem rico. Há um novo
modo de viver.
170
Ele trata de Deus e sua glória e nossa sarisfação nele. Esse
tem sido o seu plano desde o Éden.
A HISTÓRIA DE DEUS
171
Não há outra corrente
173
Um homem cujo diagnóstico era de câncer inoperável ouviu a
garantia do amigo: — Tudo vai dar certo. Acabei de colocar a
sua situação na Internet. Antes de a semana acabar, haverá
vinte mil pessoas orando por você. — Aproximar-se de Deus
não é o objetivo principal; alcançar a saúde é. E muitas
orações são o meio; poucas orações não terão efeito.
Essa é a linearidade do antigo caminho.
O novo caminho começa com uma promessa diferente: A
água está à disposição, e você pode bebê-la, mas a vida pode
ser difícil quando se aproximar. O foco do novo caminho,
porém, não são as provações; é a disponibilidade de água pura
e alimento abundante.
"Quem crer em mim... do seu interior fluirão rios de água
viva."69
Essa é a linearidade do novo caminho: Creia, e a água flui.
"Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas... Comei
o que é bom e vos deleitareis com finos manjares".70
Mais linearidade do novo caminho. E uma promessa! Siga o
caminho que Deus abriu para a sua presença por meio de
Cristo — e será satisfeito!
"Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma
viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua".71
Esse é o acordo. É um bom acordo. Se ouvirmos o que ele
oferece, não desejaremos mudar coisa alguma.
É segunda-feira de manhã. Raquel e eu passamos a noite de
domingo na sala de emergência. Por volta das seis horas,
174
voltou a sentir a mesma dor. Outra pedra nos rins. Minha
primeira reação foi: — Tenho tanto a fazer. A vida estava
finalmente caminhando muito bem. A hora era péssima.
Deus, não seria possível impedir que isso acontecesse? Não
orei o suficiente? Ou talvez tenha me descuidado com a
quantidade de comida que deixava cheio o meu prato?
A resposta natural à provação é viajar pelo antigo caminho,
domesticar o leão (como se pudéssemos) e pedir que nos
leve ao Tanque de Siloé, onde a vida fica melhor. Se eu
achasse que vinte mil orações fariam diferença, iria espalhar
meu problema pela Internet.
Ouço, então, o leão dizer: — Não faço promessas sobre o
seu sofrimento. Sua pedra pode ou não passar. Venha até
mim e beba.
A visão de um quarto de UTI não inspira fé. Revigora a
exigência. — Deus, faça alguma coisa. Aquela pobre
criancinha está berrando. A mulher idosa junto a mim, por
trás da cortina, sente-se terrivelmente mal. E eu também não
estou tão bem assim. Onde o Senhor está? O que tenho de
fazer para que entre em ação?
Enquanto ficava ali a noite passada durante várias horas,
perguntei com o que podia contar que Deus fizesse. O que
exatamente ele prometera? Ele disse que fizera uma aliança
eterna, um arranjo pelo qual, por sua escolha, o obriga a
fazer o que prometera. Mas, qual é a promessa? Qual o
175
acordo? No que devo crer quando uma sombra cai em minha
vida?
O quadro maior
176
Capítulo Um: Quando Só Havia Deus
178
Até que Adão e Eva pecaram, tinham uma apreciação
limitada da bondade de Deus. A graça ainda não era
requerida e, portanto, não estava visível. O primeiro acordo
de Deus com as pessoas foi direto: Sigam as minhas regras
e continuarão a gozar a vida maravilhosa do paraíso. Havaí
para sempre. Viagens a Fiji. Nunca uma pedra nos rins. E um
grande casamento com sexo do melhor.
Mas, havia uma coisa da qual não podiam gozar no paraíso
— um relacionamento construído sobre a graça. Deus ficou
de lado e observou o diabo persuadi-los a pecar.
180
— Deus disse — a um lugar que lhe mostrarei mais tarde.
Tenho um plano. Quero abençoar as pessoas por seu
intermédio.
Embora Abraão não soubesse disso quando a viagem
começou, o plano era para Deus colocá-lo num terrível apuro
que só um milagre poderia resolver.
— Abraão, você vai ter um filho.
— Mas, Deus, minha mulher e eu não temos filhos. Meu
servo será então o meu herdeiro?
— Não! Confie em mim. Sei o que estou fazendo.
Deus fez então um trato.74 Ele instruiu Abraão para cortar
alguns animais e pássaros em pedaços e dispô-los em duas
fileiras, formando um caminho no meio.
O costume da época de fazer aliança era aquele que exigia
de quem andasse pelo caminho fizesse a seguinte afirmação:
— Corte-me em pedaços se não cumprir a minha palavra. —
Nessa ocasião, é surpreendente observar75 que Deus andou
sozinho pelo caminho, como se dizendo: — O Plano
Emanuel está avançando. Garanto o seu progresso até a
execução final. — Deus imaginou um povo que, pela fé, vivia
nas trevas, um povo que; se achegaria a ele não importava o
que acontecesse, por acreditar quê ele era o seu maior
tesouro.
Com o passar dos anos, os descendentes de Abraão por
intermédio de Isaque, nascido de Sara e Abraão quando
tinham noventa e cem anos respectivamente, eram agora os
181
filhos de Israel. Deus os tirou do Egito, depois mandou que
ficassem imóveis diante de um monte a fim de ouvir a fase
seguinte do acordo. Chamado, hoje, de Aliança Mosaica.
— As coisas vão ser assim: Pretendo ser o Deus de um povo
que não desejará nada mais senão a mim. Se for essa a sua
intenção, vejam como vão viver: Façam tudo que eu mandar,
provem que me amam acima de tudo, e providenciarei para
que tenham uma vida boa. Façam o que eu quero e suprirei as
bênçãos que vocês querem. Esse é o acordo.
Ninguém cumpriu os termos. Ninguém pôde. Em seu coração
eles queriam uma vida melhor, mais do que queriam um
relacionamento com Deus; queriam uma vida boa mais do que
queriam revelar a outros como Deus é bom. Continuaram
egoístas, dedicados a proteger suas próprias almas e perseguir
seus próprios interesses. Deus, então, os amaldiçoou. Colocou
dificuldades em suas vidas.
A única solução seria Deus despertar o afeto por ele em seus
corações que fosse mais poderoso do que o vírus do pecado.
Antes disso, ele fez avançar o Plano Emanuel com mais um
arranjo preparatório, chamado de Aliança Davídica. Ele a fez
com Davi, rei de Israel.
— Davi — disse ele -—, vou estabelecer um trono no meio de
meu povo e providenciar para que o meu homem o ocupe.
Pretendo criar uma comunidade que dance de alegria ao redor
do meu trono, em minha cidade, com o meu homem em pleno
182
domínio. Você é uma figura desse homem. Seu trono durará
para sempre.
Cada uma dessas alianças avançou o Plano Emanuel de
certas maneiras que continuam hoje.
O arco-íris de Noé continua ainda sobre nós. A terra não
será destruída até que a nova raça seja removida.
Como Abraão, somos agentes de bênçãos para este
mundo. Mas, a nossa influência nunca depende de causas
naturais. Ismael, filho de uma mulher jovem e fértil, foi
expulso. Isaque, o filho de dois velhos já distantes da idade
de concepção de filhos, é o nosso modelo. Só quando o
Espírito opera sobrenaturalmente por nosso intermédio é que
o plano de Deus avança.
A lei que veio através de Moisés está agora em nossos
corações. O acordo de Deus com Israel - faça as coisas
certas e a vida funcionará - foi abolido. Mas, a lei continua em
pé. A diferença é que agora ansiamos pela santidade; os
requisitos da lei são agora a delícia de nossos corações. E
nós obedecemos a fim de gozar comunhão com Deus e não
para tornar nossa vida funcional. Essa a diferença. É um
novo caminho.
O reino prometido a Davi está agora presente. Cristo já se
encontra no trono e já reinamos com ele, embora não como
será um dia.
183
O estágio final do Plano Emanuel na terra já foi instalado.
Deus estabeleceu um novo acordo com seu povo. É a nova
aliança, firmada no sangue de Jesus.
A peça central deste novo arranjo é esta: Temos agora
acesso direto a Deus a qualquer tempo, em qualquer
circunstância.
A melhor esperança de acesso a ele, que leva a um encontro
cheio de alegria, ancorado na esperança, com cada membro
da Trindade, já se acha no lugar.
Este novo arranjo é eterno. Vai continuar até a vinda do
último capítulo desta história.
Q UARTA PARTE :
GOZO EM DEUS
186
Esta comunhão será aperfeiçoada e completa quando entrarmos no
pleno gozo das glórias de Cristo. Então, nos daremos totalmente a ele,
descansando nele como o cumprimento de todos os nossos desejos...
Esta comunhão é agora apenas parcial, porque no presente gozamos
apenas as primícias dessa perfeição futura.
Uma encruzilhada
189
interesse num novo modo de viver se desenvolve rapidamente.
Você talvez já esteja lá. Não se entusiasma mais com o
seminário ou o sermão que promete ensinar "maneiras de obter
da vida o que você deseja" ou "técnicas para tirar proveito do
poder de Deus". O que você quer é poder para conhecer a si
mesmo e conhecer a Deus (o que os teólogos chamam de
"conhecimento duplo") e poder para fundir ambos. Você anseia
por comprazer-se em Deus.
Sua alma, seu verdadeiro eu, o qual quase perdeu de vista
por baixo de todas as atitudes e ocupações, está vazia,
solitária, entediada. Poderia ser diferente. Você sabe disso.
Deve ser diferente. Sabe disso também.
A frase imagem de Deus começa a significar algo. Você tem
noção de que a sua identidade, sua alegria e seu propósito
estão completamente envoltos em seu relacionamento com
Deus. Ele é a fonte, a única fonte, a fonte completa, de tudo
que você foi feito para gozar. Mais dinheiro, casamento
excelente, filhos lindos, amigos íntimos, bom ministério — nada
mais faz isso. Você talvez tenha tentado alguns prazeres
extras. Foram bons, mas só por alguns momentos. Depois,
vazios ainda maiores. Mais vícios. Você começou a entender
que comprou mercadorias falsas. Mentiras, tudo mentira.
Alguma coisa está faltando. Alguma coisa está errada. A
maneira como está vivendo, a maneira como a maioria dos
seus amigos está vivendo, não leva a um bom lugar.
190
A vida abundante oferecida por Jesus não consiste no que
geralmente chamamos de bênçãos da vida, apesar do que
ouviu de muitos púlpitos e leu em muitos livros. As bênçãos
são boas, mas não bastam. Não para a sua alma. E agora
você sabe que tem uma alma. Você é uma alma, criada por
Deus para Deus, para encontrar-se em Deus, e depois viver
por meio de Deus.
Você não pode descansar até que descanse em Deus. Não
pode celebrar como deve até que celebre a Deus mais do
que tudo que é bom — ou mau.
É possível que nunca lhe ocorresse antes que o que está
faltando é o gozo parcial de Deus,
não mais obediência,
não mais disciplina,
não mais bênçãos,
não mais ministério,
não mais segurança emocional,
não mais oração,
não mais auto-estima.
Hora de avançar
194
Um antigo mentor, agora festejando no céu em pleno gozo
de Deus, disse-me um dia: — O cristão sempre tem razão
para celebrar. Quando fracassamos, celebre a sua graça.
Quando somos abençoados, celebre a sua misericórdia.
Quando outros nos rejeitam, celebre o seu amor.
195
Contemplo a minha vida e algumas vezes me admiro. A idéia
de um novo caminho parece passageira, como uma declaração
exagerada feita por um bom merchandising. Até a discussão
bíblica deste novo caminho, o que se leu até agora neste livro,
pode parecer teologia de algodão-doce. Embora a frase "o
novo caminho do Espírito" tenha sido inspirada pelo Espírito e
escrita pelo apóstolo Paulo, pode parecer-nos uma porção de
palavras soltas e doces que nada oferecem de sólido enquanto
vivemos neste mundo.
O telefone toca. Algo deu errado, e você deve resolver a
situação. Nesse momento, falar de prazer em Deus soa como
um chavão inoportuno, uma irrelevância piedosa, algo só
interessante para os monges, os contemplativos, as pessoas
afastadas dos desafios da vida real, pessoas tão místicas que
estão mais interessadas em recuar espiritualmente do que em
enfrentar a vida.
Você tem um problema nas mãos, um incêndio a apagar.
Está aberto a qualquer ajuda de Deus — mas comprazer-se
nele? Isso parece no momento tão inútil quanto conversar
socialmente com seu cirurgião a caminho da sala de operação.
Comunhão? Não! Não agora! Basta funcionar! Faça o seu
trabalho! Não me mostre fotos de seus filhos — não me importo
se seu filho joga futebol. Lave as mãos, ponha as luvas, depois
pegue o bisturi e me cure. Pelo amor de Deus, cure-me!
O que queremos dizer, na verdade, é "cure-me por minha
causa, e não por causa de Deus". Dizemos "pelo amor de
196
Deus" porque não podemos imaginar que um Deus bom teria
um interesse maior do que consertar o que está errado em
nossas vidas. Temos a verdade "instrumentada". A verdade,
inclusive a verdade bíblica, foi reduzida a idéias úteis, a uma
compreensão das coisas que podemos controlar para
alcançar nossos fins. Perdemos a verdade como uma pessoa
a quem amar. Não é de surpreender que os pós-modernos
introduziram uma versão falsa do novo caminho. Não é de
admirar que as idéias da Nova Era continuem populares e
influentes.
Comprazer-se em Deus?
Quando nosso filho foi preso?
Quando o seu casamento está desmoronando?
Quando sua mulher está com Alzheimer?
Quando a sua solidão alcança novas dimensões que não
consegue mais suportar?
Quando o conflito sexual que pensava ter controlado
surge mais incontrolável do que nunca?
Comprazer-se em Deus? Em meio a tudo isso? Pura fantasia!
Insensatez espiritual! Escapismo! Teologia de algodão-doce!
Ou será?
A Bíblia nunca erra. Deus diz que nela há um novo modo
de viver. É o caminho do Espírito. O Espírito se alegra em
revelar a beleza de Cristo. Cristo não tem maior prazer do
que revelar o amor do Pai. O novo caminho do Espírito nos
197
convida a participar dos prazeres de Deus, a entrar em alegre
comunhão com cada membro da Trindade.
Comprazer-se em Deus? Sim. Em meio às dificuldades?
Sobretudo estas.
As mesmas dificuldades e escolhas enfrentam tanto os
revolucionários do novo caminho quanto os seguidores do
antigo. Ambos devem decidir se devem pagar fiança pelo filho
preso. Deixar de ceder à autopiedade e obrigar-se a sair do
seu apartamento solitário. Às vezes, ambos precisam esforçar-
se ao máximo para manter-se sexualmente puros e certas
vezes os dois falham.
Mas, a razão de fazerem o que fazem é diferente. Os que
continuam no antigo caminho sentem a pressão para calcular
que curso de ação irá produzir os resultados que almejam —
um filho arrependido, novos amigos, tentação enfraquecida. A
vida cristã para eles é uma técnica, uma fórmula para gerar um
resultado, uma receita para tornar a vida saborosa. A verdade é
instrumentada.
No novo caminho, tudo que fazemos vem de um coração que
já se achegou a Deus, que está ancorado nesse
relacionamento, que procura em Deus qualquer alegria e
esperança necessárias para continuar vivendo, que não exige
nada mas celebra Deus em tudo. No novo caminho, a verdade
é personalizada. Para os revolucionários do novo caminho,
viver é Cristo - e não criar filhos piedosos, fazer novos amigos
ou até viver de maneira correta do ponto de vista moral.
198
Deixe Isaque nascer!
199
Abraão teve uma idéia. — Deus, e se me deres as bênçãos
prometidas por meio do filho que já tenho? Ismael nasceu de
maneira natural, afirmo isso. Nenhum milagre foi necessário,
apenas um momento de comprometimento. Isso tornaria as
coisas muito mais fáceis. Já fiz algo que deu certo. Isso não
seria suficiente? Oh! Deus, tomara que viva Ismael!78
Esse tem sido o meu clamor por cinqüenta anos. Quero
saber que posso fazer algo que trará as bênçãos que desejo.
Esperar por um milagre me deixa fora de controle. Não gosto
disso. Quero crer que se fizer as coisas certas, minha vida vai
funcionar, que Deus me abençoará com o que eu pensar que
necessito a fim de me sentir contente.
— Por favor, Deus, não fizeste isso para Abraão, mas tinhas
planos especiais para ele. Em minha vida, por favor, tomara
que viva Ismael!
Para começar no novo caminho, temos de mudar nossa
oração.
— Deus, não sei como vais produzir o fruto de um amor
consumidor por ti em meu coração. Pareço encontrar muito
maior prazer nas boas coisas da vida, e algumas vezes no
pecado, do que em conhecer-te. Gosto mais das bênçãos que
do amor que sinto por ti. Tenho mais satisfação em outras
coisas do que em ti. Será necessário um milagre para mudar
isso.
— Tu me dizes que o milagre já aconteceu, que tenho um
novo coração que o deseja como seu prazer supremo. Mas,
200
não sei como tornar isso real. Posso achegar-me a ti na
condição em que estou, como Abraão aproximou-se de Sara
como um velho idoso e cansado. Foi necessário um milagre
para eles conceberem. Mas, tu o fizeste. Confiarei em ti para
um milagre semelhante em minha vida. Deus, expulso agora
Ismael e sua mãe.79 Não quero ser mais tentado para voltar
ao velho caminho de fazer minha vida funcionar. Aspiro a
uma vida sobrenatural. Vou a ti como estou. Deus, deixa
Isaque nascer!!
Que essa seja a nossa oração, enquanto examinamos
juntos o que significa viver no novo caminho.
Estamos cansados de controlar a vida. O antigo caminho
nos esgotou. Queremos crer agora que é possível
comprazer-se em Deus, embora não como acontecerá no
céu; cremos também que o gozo parcial de Deus disponível
agora ultrapassa de muito a alegria completa de qualquer
outra coisa.
Estamos prontos para ir a Deus, como estamos — nariz
escorrendo, rosto sujo, roupas rasgadas, desesperados para
encontrá-lo, clamando pela graça como nossa única
esperança, insistindo em não marcar um horário para o
nosso Deus soberano seguir, mas confiando em que ele se
revelará a nós porque é isso que quer fazer. É isso que
prometeu fazer, mesmo às custas da morte terrível e bela de
seu Filho. É o Plano Emanuel.
O que fazemos então?
201
Agora que estamos dispostos, como vivemos no novo
caminho do Espírito? Essa é a pergunta que vou discutir nos
capítulos finais deste livro.
A pressão acabou!
Está na hora de experimentar nossa liberdade.
202
Os líderes cristãos que servem fielmente a Deus gozam no
geral da sua bênção em sua vida e ministério. Mas, nem
sempre. Servos humildes podem trabalhar sem ser
reconhecidos em ministérios visivelmente ineficazes durante
anos, depois morrer na obscuridade, enquanto egoístas
talentosos podem ter ministérios bem financiados,
internacionalmente conhecidos, que atraem seguidores aos
milhares.
205
estimativa do nosso pecado, como a revelação de sua
santidade, ira e amor.
Em certo sentido, são idéias não lineares. A forma como nos
aproximamos de Deus não garante a maneira como ele virá a
nós ou quando permitirá que sintamos a sua presença entre
nós. Nada do que fazemos faz qualquer coisa acontecer.
Mas, desde que a nova aliança está agora vigorando,
achegar-se a Deus garante que ele irá achegar-se a nós,
conforme a sua conveniência e ao seu próprio modo, não por
causa do mérito da nossa aproximação, mas por causa da sua
graciosa promessa de achegar-se a nós se nos achegarmos a
ele.
Se seguirmos o seu Espírito, se andarmos pelo novo
caminho, vamos experimentar o amor do Pai e contemplar a
beleza de Cristo. Jesus prometeu manifestar-se aos que o
amarem mais do que às bênçãos.81 É uma relação linear:
Semeie para o Espírito e irá colher do Espírito.
206
1. Com o grito crescendo em nossos corações
207
não das mágoas em sua vida que não pode reviver, mas do
orgulho que não consegue eliminar.
A energia do antigo caminho continua em nós. Até
chegarmos ao céu, ela sempre estará e não vai melhorar. Mas,
a energia do novo caminho também está em nós, se formos
cristãos. Reflita sobre a batalha pelo domínio entre as duas
fontes de energia.
208
concentra em desenvolver estratégias eficazes para que isso
aconteça.
O novo caminho oferece uma estrada diferente. Não
começa com a identificação de seus anseios mais profundos,
mas com seu maior defeito. Do quebrantamento vem o
arrependimento que evidencia seu anseio pela glória de
Deus, uma ânsia que então o atrai para o novo caminho.
210
Há um modo de orar que surge da apreciação do acesso
que a nova aliança nos dá à presença de Deus e que nos faz
avançar na viagem pelo novo caminho.
Você pode ajustar as velas da sua vida de oração de
acordo com o vento do Espírito de Deus. É uma estrutura de
oração com ritmo espiritual. Eu a chamo de Oração do Pai e
irei também examinar isto com você em mais detalhes
posteriormente.
A pressão acabou!
Podemos viver em um novo caminho.
Vamos começar o próximo capítulo refletindo sobre a nossa
jornada e admitindo sinceramente onde realmente estamos.
Sempre o quebrantamento
A escolha diante de nós não é fácil. Não foi para Bunyan. A despedida de
minha mulher e pobres filhinhos tem sido muitas vezes para mim neste lugar
como arrancar a carne de meus ossos... Ó, os pensamentos das dificuldades
que minha ceguinha poderia passar partiriam meu coração em pedaços.86
224
que alguma bênção, além da presença de Deus, possa
satisfazer. Isso sustenta o orgulho da independência.
Agora as características opostas.
Os seguidores do novo caminho aceitam a tensão insolúvel
da vida. O mistério sempre permanecerá. Eles compreendem
que nenhum sistema que possa tornar a vida previsível pode
ser conhecido ou controlado. Os behavioristas como B.E
Skinnet estão errados. Os existencialistas como Jean-Paul
Sartre se aproximam mais da realidade. Embora algumas
vezes aterrorizados, os seguidores do novo caminho entram
no mistério da vida sem qualquer esperança além de um
Deus gracioso e soberano, que se move de maneira
misteriosa.
Eles não são existencialistas. Crêem no significado
objetivo. Ele está apenas oculto agora. Sua disposição para
viver sob tensão permite um tipo de diálogo que aqueles que
procuram pelo sistema nunca podem tolerar. Sua esperança
está no Deus invisível.
Os seguidores do novo caminho se esforçam para ser
realmente autênticos.
Quando a vida os confunde ou enraivece, eles admitem
isso. Quando Deus os desaponta ou frustra, conversam a
respeito com ele - e com outros. Entram nas noites escuras
com trêmula confiança de que em algum lugar há luz e algum
dia a verão. Seu descanso está no Deus presente.
225
Os seguidores do novo caminho são cautelosos sobre a
vulnerabilidade, mas vulneráveis ao quebrantamento.
Eles reconhecem que o que chamamos de vulnerabilidade é
no geral um desfile narcisista para atrair apoio. Esses
indivíduos preferem enfrentar em si mesmos apenas o que os
atrai para mais perto de Deus. Compartilhar o sofrimento é
secundário. Compartilhar a fome de Deus e enfrentar o que
impede sua busca por ele é primordial. Seu entusiasmo está no
Deus relacional.
Onde você se encontra? Já descobriu o sinal vermelho? Se
gosta do sistema, preferindo o que é previsível e o controle ao
mistério e à confiança, se tende a negar o que não se ajusta
bem ao seu sistema, se está disposto a compartilhar suas
mágoas mas determinado a ocultar suas falhas, então não
encontrou o sinal vermelho. Onde você pensa que está, o que
sabe sobre si mesmo, só irá encorajar o antigo caminho de
vida.
Se, porém, aceitar a tensão, sabendo que o mistério é a
oportunidade de confiar em vez de planejar, se enfrentar aquilo
que vê com integridade por valorizar a autenticidade, e se o
quebrantamento devido à fraqueza e ao pecado for mais
importante para você do que a vulnerabilidade às feridas que
outros têm infligido a você, então é provável que tenha
encontrado o sinal vermelho. O que descobriu em si mesmo
criou um momento - é um milagre do Espírito - para avançar na
direção de Deus. Você encontrou a porta estreita e está pronto
226
para fazer o esforço de entrar na estrada apertada do novo
caminho.
Se nos tornarmos suficientemente pequenos para nos
esgueirar pela porta, talvez possamos agora ver o que torna
o novo caminho apertado - e ser atraídos por ele.
227
Não há menção de Deus na artigo. Nenhuma evidência da
sua presença na história. Se essa história fosse a minha única
informação, eu não creria em Deus. Como poderia?
O antigo caminho dentro de mim insiste em que vá depressa
para a seção de esportes. O time Tiger Woods está preparado
para um terceiro desafio. Depois para a seção de quadrinhos.
As historinhas de Peanuts continuam ótimas.
Não há nada de errado em apreciar um torneio de golfe ou rir
com os quadrinhos. As diversões oferecem alívio das
dificuldades da vida. Mas meu impulso quase frenético de
mudar de página me faz lembrar da razão para escrever este
livro.
Se o amanhã desmoronar
O Ciclo de Ajuste
234
A direção acompanha o discernimento. Que curso de ação
a sua nova percepção sugere? Como lidou com a negligência
de seu pai? Você se tornou uma moça boazinha reprimida,
sempre tentando agradar, desesperada por qualquer bocado
de atenção. Foi isso que fez com seu marido! Muito bem,
esse é um novo discernimento. Agora sabe o que fazer. Está
na hora de contar a ele os seus sentimentos, deixar de ser
uma mocinha neurótica e se tornar uma mulher positiva,
adulta, que respeita a si mesma. Ao pensar em tornar-se
esse tipo de mulher, sente que está viva. A energia do "eu"
invade todo o seu ser. Você se sente forte, inteira, pela
primeira vez na sua vida. Tem também necessidades, e ele
vai saber quais são. Você se empolga com a sua liberdade
recém-desenvolvida.
Mas, dá medo. O que ele fará? Mais rejeição seria difícil de
suportar. É preciso, no entanto, que corra o risco. Deve
tornar-se autêntica; ponha de lado o medo. Apoio ajuda, da
parte de seu terapeuta, de amigos que a amam, acreditam
em você e estão do seu lado. Você ficou muito tempo presa a
um nível infantil de desenvolvimento. Com ajuda pode sair
dele. Pode fazer isso!
Agora vem a parte difícil. Está na hora de alinhar o seu
comportamento com seu discernimento, a fim de avançar nas
direções que agora parecem tão certas, e fazer isso com
apoio. Lembre-se de que Jesus ama você. Ele está a seu
favor. Quer que ame a si mesma e sinta liberdade para ser
235
quem é. Imagine Deus aplaudindo você. Deixe que ele seja,
juntamente com o Espírito, seu principal grupo de apoio
enquanto segue o antigo caminho para uma vida melhor.
O Ciclo Terapêutico
236
Como vê, o que está acontecendo em seu íntimo, quando
identifica o sinal vermelho, o faz sentir-se mais do que um
pouco constrangido. Na sua humildade, você ouve o Espírito
sussurrar: — Há um novo modo de viver. Há outro caminho a
seguir.
238
portanto, ao Deus invisível, aquele que por um instante se
tornou plenamente visível enquanto pendia da cruz.
O abandono, talvez surpreendentemente, desperta
confiança. O Espírito testemunha ao seu espírito que você
pertence a Deus, que ele está fazendo com que todas as
coisas cooperem para o bem, que a eternidade irá justificar a
sua escolha de abandonar o conforto da sua alma a este
Deus misterioso, quase sempre invisível, aparentemente
volúvel, certamente imprevisível. Quando você vivia no antigo
caminho, não tinha plena confiança de que ele se achava
presente em você, colaborando com os seus propósitos.
Porque não estava. Agora que está vivendo para a sua glória
e se achegando a ele para gozar da sua natureza, sente uma
confiança cada vez maior de que ele se acha realmente
presente, mesmo durante a sua noite mais escura. Você
sabe, porque o Espírito lhe diz, que ele está presente
enquanto você anda pelo novo caminho em direção à melhor
esperança de conhecer, glorificar, gozar e revelar a outros o
Deus maravilhoso, espetacular que se encontra realmente
ali.
A confiança dada pelo Espírito de que Deus está ali e
merece que creiamos absolutamente nele gera a liberdade
de expor o que está mais vivo em você. Você começa a
sentir algo no mais íntimo do seu ser. Pode levar algum
tempo mas em algum ponto você percebe. Essas são as
fontes de água viva! Quando tropeça feio, continua ouvindo
239
Deus cantar; tem uma nova pureza. Quando se lembra do
abuso sexual que sofreu, pode caminhar de cabeça erguida;
tem uma nova identidade. O impulso para o pecado sexual,
embora forte, não é o que você realmente deseja; tem agora
uma nova inclinação. O sofrimento que antes o esmagava não
está mais no controle; você tem um novo poder. Sente-se livre
para ser quem ansiava — amoroso, alegre, tranqüilo, paciente,
bondoso, amável. Nunca com perfeição, mas algumas vezes,
pelo menos, sinceramente. E agora louva a Deus e a ninguém
mais.
Os dois ciclos do antigo caminho nos tornam dependentes do
funcionamento da vida, pelo menos razoavelmente, e de
nossos re-cursos para fazer com que isso aconteça. Ao
encorajar o movimento em direção à vida melhor de bênçãos,
eles mantêm a pressão. Temos de fazer as coisas darem certo.
Esses dois ciclos nos deixam vulneráveis ao orgulho quando a
vida funciona e ao desespero enfurecido quando isso não
acontece.
O ciclo do novo caminho, o caminho do Espírito, atrai-nos
para a melhor esperança de nos comprazer em Deus. Ele
oferece tudo de que precisamos para nos aproximar sempre
dele, sem levar em conta o que a vida nos traga.
Em vista de o Espírito suprir os recursos necessários para
alcançar nosso alvo, a pressão acabou. O novo caminho aguça
o nosso foco sobre a razão da vida.
240
Esta é então a terceira das cinco idéias básicas sobre
como viver o novo caminho e a que examinaremos a seguir:
Reorientar nossas metas.
O Ciclo Espiritual
241
competentes, estão em evidência e se dão bem. Estamos tão
comprometidos com a descoberta e aplicação dos princípios
divinos para fazer a vida funcionar que não mais valorizamos a
intimidade com Deus como nossa maior bênção. Somos mais
atraídos por sermões, livros e conferências que revelam os
segredos da satisfação em tudo que fazemos, do que pela
direção espiritual que nos leva através da aflição à presença do
Pai.
Parece que a nossa maior ambição foi reduzida a produzir
pessoas cujas circunstâncias sejam suficientemente agradáveis
para tornar-lhes fácil louvar a Deus.,Não mais nos identificamos
como uma comunidade de santos visivelmente quebrantados,
homens e mulheres profundamente agradecidos pela graça,
quando sabemos que estaríamos mortos sem ela; por
dependermos do Espírito para a existência, estamos
conscientes de que não iremos perseverar sem ele; e
obstinadamente permanecemos esperançosos na luz, às vezes
obscura, da eternidade, sabendo que as bênçãos desta vida
vêm e vão.
Parecemos mais interessados em ter uma existência
confortável do que em permitir que Deus nos transforme
espiritualmente mediante as dificuldades da vida. O encontro
divino, a comunhão espiritual e a transformação da alma, as
três metas principais do peregrino, não são o que buscamos.
Adaptamo-nos a este mundo e estamos nos esforçando ao
242
máximo para fazer dele uma casa confortável, pedindo cura,
realização e sucesso como ponto para conhecer Cristo
Não temos visto o perigo. Quando as bênçãos das
circunstâncias positivas, o sucesso e a realização pessoal
aquecem nossas vidas, não compreendemos que estão
queimando nossas almas, reduzindo-as a cinzas com o calor
do inferno.
Pascal previu a parábola dos sapos em água fervente há
quatrocentos anos quando escreveu: "Quando tudo se move
ao mesmo tem-po, nada parece estar se movendo, como a
bordo de um navio. Quando todos estão avançando para a
depravação, ninguém parece estar se movendo. Mas quando
alguém pára, este revela os outros ao agir como um ponto
fixo".92
Observe dois pontos fixos do passado que, por ficarem
imóveis e contemplarem a visão de um Deus que satisfaz,
podem ajudar-nos a ver o nosso movimento de desvio de
Deus. O Cardeal Nicholas de Cusa, bispo tirolês do décimo
quinto século, declarou:
O que, Senhor meu, é a minha vida, salvo o abraço em que
tua doçura deleitosa me envolve com tanto amor? Amo
supremamente a minha vida porque tu és a sua doçura...
Contemplo agora... esse olhar abençoado com que nunca
cessas de contemplar-me amorosamente, sim, até os
lugares secretos de minha alma... Ali está a fonte de todos
os deleites que podem ser desejados; não só nada melhor
243
pode ser ambicionado pelo homem ou anjos, mas nada
melhor pode existir em qualquer espécie de ser! Pois é o
máximo absoluto de cada desejo, desde que um maior não
pode haver.93
Não permita que a linguagem arcaica o faça perder a força
de seu modo radical de pensar. O que ele está dizendo é isto:
"Amo a vida porque conheço a Deus e sei que ele me ama, não
porque as coisas vão bem". Esse é o novo caminho.
Volte um pouco mais, ao terceiro século. Ouça Clemente de
Alexandria:
Jesus Cristo, ao vir a este mundo, transformou o ocaso do
tempo na alvorada da eternidade.94
Não foram só os pais da igreja que pensaram no novo
caminho. Thomas Dubay, diretor espiritual católico-romano, é
um ponto fixo em nossa geração. Em seu livro excelente,
Seeking Spiritual Direction, ele escreveu: "Tudo no plano divino
tem como foco o êxtase eterno do céu iniciado na terra".95 Ele
imitou com isto Jean Pierre de Caussade, que acreditava que
tudo que ocorria com ele, tanto bênçãos como provações, o
levava a Deus.
O êxtase do céu irá fluir da presença literal de Cristo. O
começo desse êxtase, neste mundo, depende da presença
apreciada de Cristo. O antigo caminho, pelo seu foco nas
bênçãos tangíveis agora, limita severamente a profundidade
dessa apreciação. No novo caminho, é possível apreciar a
presença de Cristo como a "alvorada da eternidade". Não é
244
algo automático, nem completo. Mas, possível. E as pos-
sibilidades são inconcebíveis.
Deseje e espere
245
Tiago escreveu aos seguidores de Jesus, dizendo: "Está
alguém entre vós sofrendo? Faça oração".96 Pelo quê? Ele nos
havia dito antes que devemos nos achegar a Deus, para que
Deus se aproxime de nós.
Muitas Escrituras apoiam nossa oração por coisas tangíveis,
alívio do sofrimento e uma sensação de bem-estar. É certo
sofrer e é certo orar por bênçãos. É certo também ficar feliz
quando as bênçãos são recebidas. Mas, não é certo lançar
nossa âncora de alegria na vida melhor de bênçãos.
Quando surgem problemas, nosso primeiro foco deve ser
entrar na presença de Deus (encontro), participar com outros
da jornada para Deus (comunhão) e colaborar com o Espírito
para formar Cristo em nós (transformação). Por causa da nova
aliança e seu lugar no Plano Emanuel, o foco deve ser o desejo
que já é. Devemos simplesmente entrar em contato com ele.
Nosso desejo mais ardente nos dirigirá para a meta do novo
caminho.
Tudo começa com o encontro. Segundo o apóstolo João, a
comunhão com o Pai, o Filho e o Espírito Santo é o centro da
mensagem cristã,97 e essa comunhão é o máximo absoluto de
todo desejo. Ele muda o pôr-do-sol da terra na alvorada do céu
e nos move na direção do êxtase celestial.
Era uma hora da manhã. O telefonema terminara de tocar. A
vida melhor não estava à vista. Nem a esperança melhor. Se
me fosse dada a escolha, eu teria avançado para as bênçãos.
246
Podia sentir em mim ambas as energias. O impulso de
endireitar a vida fez-se sentir mais forte. Provavelmente por
me achar escrevendo este livro, eu sabia que o outro impulso
devia ser mais poderoso, mas não tinha meios de fazer isso.
Fui como estava, lamentando a falta do que queria em
minha vida. Pensei em John Bunyan, em São João da Cruz,
em Paulo — e em Jesus — e pude sentir um desejo
crescendo em mim de que a esperança melhor significasse
mais do que significava. Naquele momento, algo se tornou
claro: Quer a paixão por Deus se tornasse constrangedora
neste ou em qualquer momento, era responsabilidade do
Espírito. Era uma obra soberana da graça. Tudo que posso
fazer é desejar isso e esperar.
Essa compreensão reduziu minha cabeça inchada o
suficiente para permitir que eu entrasse pela porta estreita.
Nosso progresso no novo caminho está ligado à humildade e
dependência.
A seguir, do lado de dentro da porta, a encruzilhada no
caminho ficou clara. Podiam-se ver duas estradas, aquela em
que eu já estava e a outra ainda disponível caso recuasse.
Ambos, o ciclo de ajuste e o terapêutico, as duas trilhas no
antigo caminho, tinham sua atração.
Mas, tendo entrado pela porta estreita, o ciclo espiritual se
achava também à vista, o novo caminho, o caminho
apertado. A esperança de encontrar Deus, de unir-me à
247
comunidade e de crescer espiritualmente me estimulou
profundamente.
Por mais estranho que pareça, o quebrantamento tornou-se
atraente - o que quer que seja necessário para encontrá-lo!
Pude ver que o arrependimento oferecia liberdade e que o
abandono despertava entusiasmo. Senti também uma
confiança crescente no que ele está fazendo
— ou deixando de fazer. Senti um momento interno em
direção ao livramento. Vi-me saltando de um penhasco num
abismo escuro só apoiado pela corda do amor de Deus.
Parecia um privilégio.
A seguir, a imagem mudou. A corda quebrou-se e mergulhei
no nada. O terror tomou conta de mim. Mas, em vez de me
arrebentar nas rochas ou cair sem parar nas trevas, descobri-
me aterrissando docemente no oceano do amor de Deus. A
água estava suficientemente quente para aliviar e fria o
bastante para refrescar. O sapo não ferveu. Em vez disso, um
santo, acalmado e fortalecido começou a nadar. Pude ver-me
entrando no mundo de problemas com um novo propósito.
Isso me levou à terceira das cinco idéias básicas: Reorientar
alvos. Esta tem grande importância, talvez seja a mais vital das
cinco.
Os alvos do peregrino
248
Vou reunir agora o que já disse numa discussão sobre os
alvos de um peregrino.
Teresa de Ávila escreveu certa vez com toda franqueza:
Tudo o que o iniciante (na vida do novo caminho) tem a
fazer.... é ser decidido e preparar-se com toda a diligência
possível para conformar sua vontade à de Deus... Quanto
mais perfeitamente a pessoa praticar isso, tanto mais rece-
berá do Senhor.98
Isso não vai acontecer, não pode acontecer, até crermos
que todas as coisas da vida, inclusive telefonemas de
madrugada, façam parte de um grande plano. Elas são
designadas por uma divindade incontrolável, misteriosa,
inflexivelmente determinada a nos imergir na sua vida
relacional. Essa, Deus sabe, é a maior de todas as bênçãos
que ele pode dar-nos. E essa, Deus também sabe, é o desejo
mais profundo em cada coração no qual o seu Espírito
habita.
Permita que eu volte à minha história matutina. Depois do
telefonema, desci imediatamente. Queria solidão e liberdade
para ache-gar-me à presença de Deus exatamente como
estava. Aproximar-se de Deus é algumas vezes melhor
sozinho. Outras vezes, é melhor na companhia de
companheiros peregrinos. Esta era uma ocasião de ir
sozinho.
249
As primeiras palavras a escaparem da minha boca foram: —
Isto não devia estar acontecendo comigo. O que fiz para
merecer tal coisa? — O sinal vermelho começou a aparecer.
O dique então rompeu-se. A indignação cobriu a tristeza. E
eu não conseguia acessar a tristeza até que a indignação fosse
expressa.
Tinha de ir como estava, nariz escorrendo, rosto sujo e vestes
rasgadas. Não era um aspecto agradável de ver.
Todo o meu íntimo se desfez em lágrimas. Algumas fluíram
de mágoas legítimas sobre bênçãos negadas; outras, da
indignação arrogante que insistiu, por alguns minutos, em
gritar: Injustiça! Outras ainda, do centro, surgiram de um desejo
de encontrar Deus num momento difícil.
O sinal vermelho ficara agora claro: podia sentir as duas
energias em minha alma, competindo pelo domínio. Ao ver
essas energias, meus olhos se concentraram na porta estreita
que se abria para o novo caminho. Tinha uma escolha a fazer.
Senti-me quebrantado ao compreender que uma parte de mim
queria realmente usar Deus, como o filho pródigo usou o pai.
Nesse ponto, a encruzilhada no caminho era evidente. Um
dos cursos prometia uma vida melhor, o outro uma esperança
melhor. — Deus —, clamei, quase como um reflexo — quero
uma vida melhor, mas quero ainda mais conhecer-te. Por favor!
Não deixes que estas lágrimas e este terrível momento em
minha vida sejam desperdiçados. Apresento-me a ti. Sei que
estás aí. Entrego-me ao teu Espírito com a confiança de que
250
ele vai libertar-me para viver na tua presença - e encontrar a
alegria e poder verdadeiros para seguir a tua vontade.
O véu ergueu-se. Faltavam agora 15 minutos para as
duas da madrugada. Eu podia ver a linha final. Podia ver a
guirlanda do vencedor a ser colocada em minha testa nesta
vida. Não era um casamento cada vez mais abençoado.
Não era a exaltação da virilidade concretizada. Não era a
liberdade total do câncer.
Eu queria conhecer a Deus, experimentar a revolução
interior obtida por meio da nova aliança. Eu queria...
encontrar Deus, ter comunhão com cada membro da
Trindade, participar da festa deles.
juntar-me à comunidade de outros santos quebrantados,
desesperados e gratos que, atônitos pela graça, estavam
caminhando em direção a Deus, não desejando aceitar
uma alegria menor.
experimentar a transformação, ser espiritualmente formado
até que outros, sobretudo o Pai, pudessem ver em mim
uma semelhança real com Jesus.
Às duas da manhã, pude provar as probabilidades à minha
frente. Eu estava "destinado a ficar cativo eternamente ao
contemplar o Pai, o Filho e o Espírito, sendo, então,
transfigurado na beleza divina".99 Os de Laodicéia não eram
o meu povo. Aos meus olhos, pareciam sapos contentes com
a água morna, sem saber que estava prestes a ferver. Eu
não queria ser meramente "decente e respeitável... gozar
251
moderadamente os prazeres da vida... e cuidar para que a
religião" não me monopolizasse.100
De todo o coração, eu não queria aceitar a felicidade que
vem de uma vida mais fácil. Durante alguns momentos
sobrenaturais, numa terça-feira cedo, não quis nada senão
Deus. No que se refere a milagre, esse se rivaliza com o mar
Vermelho. Todo o louvor a Deus! Eu queria um encontro com
Deus mais do que as suas bênçãos.
Queria abençoar a outros, fazer com que experimentassem o
tipo de relação que existe na Trindade o tempo todo. Eu queria
ainda ser conhecido, explorado, descoberto, tocado, mas só
por um momento, queria mais abençoar a outrem, participar da
comunidade oferecendo comunidade. Outro milagre, não
permanente, nem sequer duradouro — na hora do café eu
voltara a ser o mal-humorado de sempre — mas foi real.
Ainda olhando o caminho estreito, pude ver a alvorada da
minha transformação. Eu sabia que pelo poder do Espírito,
algum dia, nesta vida, eu poderia ser
ainda amoroso, embora desanimado, ainda generoso,
embora exausto,
252
Eu. Como Jesus! Stalin poderia ter amado como a Madre
Teresa? Hitler poderia ter pregado como Billy Graham? O
que Deus pode fazer?
Por instantes o sol brilhou. O êxtase do céu teve início. E
tudo começou com um telefonema difícil.
A melhor esperança sobrevive à pior tragédia. E vem à tona
por causa disso. Podemos entrar na presença de Deus para
encontrá-lo, para juntar-se a uma comunidade de
indagadores quebrantados, conturbados, que querem mais
dele e querem ser transformados pelo Espírito até que
venhamos a nos assemelhar realmente a Jesus. Não mais
morrendo na água fervente das bênçãos exigidas, mas
nadando agora o oceano refrescante da presença de Deus —
essa é a vida no novo caminho.
Reformule seus objetivos: Esta é a terceira das cinco idéias
básicas para viver este novo caminho. O movimento em
direção a esses alvos é obra do Espírito de Deus. Devemos
aprender a depender dele. E esta é a quarta idéia.
255
aparentemente claro que ele não está fazendo tudo que pode
para aliviar o sofrimento.
Mas, se esta vida não passar da sombra de uma era
vindoura, então, é concebível que o sofrimento possa ter um
ponto futuro que justifique a sua continuação a fim de realizar
sua tarefa. Se o ponto futuro for eternamente bom e se esse
bem não pode ser alcançado de outra forma, então posso
continuar crendo em um Deus bom e poderoso, mesmo quando
as pessoas sofrem.
Esse é o primeiro pensamento. O segundo é este: Deus está
dedicando o seu poder a um plano que não valorizo
adequadamente. Pergunte às pessoas qual a sua maior
necessidade. Como resultado do terrorismo, muitos falariam de
segurança em nossas fronteiras nacionais.
Deixe o tempo passar. Depois de milhares de aviões
levantarem vôo e aterrissarem sem incidentes, depois que os
trabalhadores chegarem de metrô à cidade, subirem de
elevador aos seus escritórios em prédios altos, e voltarem de
metrô para casa mais tarde nesse mesmo dia, as pessoas
recuperam uma compreensão mais pessoal de sua maior
necessidade. Uma vez que nossa necessidade de bem-estar
físico for satisfeita, atendemos mais aos desejos pessoais de
famílias felizes, filas curtas, trabalho produtivo e bem pago,
amizades íntimas, gasolina barata, satisfação profunda, netos
sadios, paz interior, café quente e prosperidade material.
256
Queremos a vida melhor e confiamos em Deus para
garanti-la. Afinal de contas, ele está no controle. Ele pode
dar-nos tudo. A única pergunta é: ele fará isso? Começamos,
então, a persuadi-lo a usar o seu poder a nosso favor.
Tentamos fazer as coisas certas para que a vida funcione
bem.
Perdemos de alguma forma a arrogância neste modo de
pensar. Cremos que a nossa maior necessidade é sermos
felizes, seguros e satisfeitos. Cremos, bem no fundo, que
merecemos o que quer que em nossa opinião necessitamos.
Precisamos disso. Deus deve então prover. Esse é o seu
trabalho. Não podemos imaginar um Deus bom cumprindo
qualquer agenda além de satisfazer as nossas necessidades,
assim como meu filho de um ano fica choramingando quando
a mãe não o deixa brincar com uma faca. Ele a quer. Deve
te-la. É assim que pensa. E nós também.
Não há nada de errado em desejar vôos seguros,
casamentos perfeitos e uma renda satisfatória e folgada. Mas
nenhuma dessas coisas, nenhuma de nossas esperanças de
uma vida melhor de bênçãos, representa a agenda prioritária
de Deus. Não precisamos ser protegidos do sofrimento físico
ou da dor pessoal. Não precisamos ser ricos ou sequer
saudáveis. Só precisamos ser protegidos de qualquer poder
que se oponha ao plano de Deus para as nossas vidas. E
nós somos!
257
Por que é que Deus está no controle? Para verificar que nada
contrarie o plano que ele tem para o seu povo. Qual é esse
plano? Dar-nos uma vida melhor agora, como a definimos?
Não. É revelar-se como o maior tesouro que o coração humano
pode imaginar, atrair pessoas a um relacionamento com ele
que deleite absolutamente suas almas. É o Plano Emanuel.
Qual é então nossa maior necessidade?
261
Com pelo menos outra pessoa, algumas vezes com várias,
entraremos em níveis de intimidade que criam conflitos
capazes de acabar com qualquer relacionamento — e emergirá
a intimidade espiritual. Depois de sentir o impacto do fracasso e
da mágoa e cambaleando com o instinto de defesa,
recriminação e recuo, podemos esperar, se estivermos no novo
caminho, descobrir um poder em nós suficiente para enfrentar
qualquer força destruidora de relacionamentos e que nos leve à
verdadeira comunhão.
Os não-cristãos no geral "se dão bem". Só os cristãos são
capazes de amar no verdadeiro sentido da palavra. Quando
reconhecemos que estamos sendo dominados pelo egoísmo,
quando não vemos um meio de fuga, e quando a maneira
como nos relacionamos nos sufoca e nos leva ao desespero é
que amaremos de modo sobrenatural. Iremos de vez em
quando ainda fazer estardalhaço, exigir e ficar de mau humor,
mas iremos amar. O milagre da comunhão será celebrado com
gratidão.
263
Não devemos esperar milagres que não podem acontecer até
no céu. Três me vêm à mente.
Primeiro, nunca iremos gozar Deus constantemente nesta
vida e tão plenamente a ponto de adorar com perfeição.
Sempre haverá razão para quebrantamento sobre as nossas
falhas em apreciar Deus como nosso maior tesouro.
Segundo, nunca experimentaremos neste mundo o impacto
da graça em suficiente profundidade para nos relacionar
perfeitamente com quem quer que seja. Sentimentos de
superioridade, insegurança e críticas injustas irão turvar todo
esforço para amar. Sempre haverá razão para arrependimento
sobre nosso fracasso em oferecer comunhão espiritual.
Terceiro, jamais dependeremos o suficiente do Espírito de
Deus para revelar completamente quem já somos em Cristo.
Até o céu, nossa transformação será sempre incompleta.
Haverá sempre razão para nova entrega a Deus, confiança
maior e libertação irrestrita por intermédio de Deus.
A bem da verdade, continuaremos cometendo erros até o
céu. Jamais faremos tudo que devemos. Não dependeremos
totalmente do Espírito Santo — até virmos Cristo.
268
de Deus em meu coração. Gostaria que acontecesse mais
vezes.
271
"Mas aquele que nos confirma convosco em Cristo e nos
ungiu é Deus, que também nos selou e nos deu o penhor do
Espírito em nosso coração".112
O Espírito é o penhor da nossa herança, o depósito do que
está para vir e a garantia do que virá. Ele é uma parte do todo,
uma prova da refeição, uma amostra do que podemos esperar.
Agostinho entendeu a graça (corretamente, penso eu) como
uma experiência de alegria que excede a tal ponto os prazeres
do pecado, que desistimos prazerosamente deles. O Espírito
deposita em nossas almas um ímpeto de alegria que
experimentamos ocasionalmente, uma esperança inabalável
que fica à disposição quando precisamos dela, uma visão de
beleza que algumas vezes temos ocasião de contemplar.
Vislumbramos o que está para vir e perseveramos impetuo-
samente em meio ao que ocorre agora.
Quando falo com franqueza aos cristãos, encontro o que vejo
com freqüência em mim mesmo, uma atitude cínica sobre a
idéia de alguém experimentar realmente esse tipo de alegria
em Deus. Ganhar na loteria? Sim, isso proporciona grande
entusiasmo. Tempo com Deus? Francamente, algo um tanto
tedioso, uma paixão só para alguns místicos e contemplativos.
Mas, Deus é essencialmente uma comunidade de pessoas
apaixonadas que gostam profundamente umas das outras.
Quando ele criou as pessoas, embutiu nelas a capacidade
dessa mesma espécie de paixão e alegria. Quando nos remiu,
colocou em nós um membro da Trindade como um depósito,
272
poderíamos dizer algo que chame atenção para o que está
por vir. Em vista de quão vividamente a Bíblia fala do prazer,
satisfação e alegria que Deus provê, só podemos supor que
o depósito em nós é algo a ser experimentado, um prazer a
ser sentido, uma emoção palpável, uma pequena amostra do
que espera a todos nós.
Há muito mais no tocante ao conhecimento de Deus do que
ousamos imaginar. Está na hora de pôr de lado nosso
cinismo e nos achegar a ele, esperando consciente,
deliberada e disciplinadamente que o Espírito deleite nossas
almas com o rico alimento de Deus.
273
ocultas e questões de ansiedade existencial poderiam ser
úteis.
Minha opinião é esta. O primeiro passo para tratar qualquer
dificuldade em nossa vida - filhos rebeldes, casamentos tensos,
indecisão, gula ou depressão — não é estabelecer o alvo de
tornar as coisas melhores e depois preparar um plano de ação.
Esse é o antigo caminho.
O primeiro passo é apresentar-se a Deus.
Admita onde está; encontre o sinal vermelho.
Identifique os dois caminhos à sua frente, o antigo e o novo
caminho.
Faça do encontro com Deus a sua maior ambição e tente se
assemelhar a Jesus por meio de sua comunhão.
Aprenda a depender do Espírito Santo e espere que essas
três ambições sejam concedidas como milagres.
Ore como um peregrino numa viagem (vou discutir como no
próximo capítulo).
Aproximar-se de Deus para a melhor esperança da
intimidade com ele (que dá glória ao seu nome) liberta algo em
nós. Amor ardente e sabedoria com discernimento são-nos
dados pelo Espírito. Sentimos a sua direção no que fazemos.
Essa é a unção que recebemos dele. É um plano de jogo
divinamente dirigido para lidar com o que quer que esteja
acontecendo em nossa vida.
Estou sentindo muita liberdade para comer com maior
responsabilidade, exercitar-me com mais perseverança e
274
confessar um espírito de temor e autocomiseração. O estudo
mais constante da Palavra, orar mais vezes como peregrino e
encontrar tempo para fazer as coisas com mais vagar, a fim
de desfrutar melhor a família, os amigos, a diversão e o lazer,
me parecem uma unção do Espírito. Se, depois de avançar
nessas direções, não houver um alívio da minha opressão
ocasional, poderei concluir que luto com uma depressão
quimicamente induzida, só então devo considerar o uso de
antidepressivos. Ou posso, como Spurgeon, aceitar minha
depressão como um instrumento ordenado por Deus para
ajudar-me a viver em maior dependência e ministrar mais
poderosamente.
Acredito que esta sétima obra do Espírito Santo, a unção
espiritual, significa que os seguidores do novo caminho
receberão o amor e a sabedoria de Cristo para responder a
qualquer desafio que encontrem na vida. Quando o Espírito
desceu sobre o Cristo encarnado, foi-lhe concedido
sabedoria, poder e temor que produzia deleite.114 E agora em
Cristo estão ocultos todos os tesouros de sabedoria e
conhecimento.115 Se aprendermos o que significa ir a ele,
receberemos uma unção que nos esclarecerá o que fazer e
nos capacitará para agir em qualquer circunstância da vida.
Se crêssemos nisso, o aconselhamento cristão mudaria
completamente de aspecto. Deixaríamos de pensar em
aconselhamento ou terapia como um especialista oferecendo
conhecimento específico a um paciente. Ele se tornaria uma
275
oportunidade para um peregrino amadurecido se juntar a outro
numa jornada à presença de Deus. O aconselhamento como o
conhecemos seria transformado em direção e amizade
espiritual entre dois companheiros indo a Deus para esperar
pela sua orientação e serem fortalecidos com a sua energia.
277
A ORAÇÃO DO NOVO CAMINHO
278
Isso me faz pensar que Tiago supõe que estamos orando
no novo caminho e não concentrando nossos desejos em
uma vida melhor, mas ansiando pela esperança melhor de
conhecer a Deus e nos tornarmos como ele.
Em seu último ano de vida, meu pai me disse mais de uma
vez: — Eu sei que Deus podia curar sua mãe do Alzheimer
num momento. Creio nisso e oro por isso. Mas não acredito
que ele o fará. Ou, pelo menos, não tenho certeza. Se não
curar, então este sofrimento será de alguma forma útil para
um bom propósito que não consigo ver. Quando oro para que
esses propósitos sejam realizados na vida dela e na minha,
tenho a certeza de que ele irá responder a essa oração.
Quanto a isso não tenho dúvidas.
279
Muda isso.
Peço-te que mudes o que estiver causando sofrimento em
minha vida. Endireita minha filha, dá-me um marido, res-
tabelece minha saúde, providencia uma renda.
Usa isto.
Mostra-me quais os princípios que devo seguir para fazer com
que aconteça. Dirige-me à pessoa ou aos recursos que preciso
para fazer com que aconteça.
Satisfaze-me.
Quero sentir-me viva, contente, satisfeita e feliz. Faze o que for
necessário para que me sinta satisfeita comigo mesma, com a
vida e contigo.
Expressando-se a Deus
282
Observe quando notar a presença ou ausência de Deus. Purifique-se de
qualquer coisa que, nesse momento, possa estar impedindo você de
atentar mais em Deus. Aproxime-se de Deus com paixão e confiança,
dedicando-se novamente a se aproximar dele a fim de conhecê-lo,
comprazer-se nele e revelá-lo, e não usá-lo para tornar sua vida melhor.
Observe a Deus
286
Confie na unção do Espírito. Espere que ele lhe conceda o
desejo ardente e a sabedoria para lidar com cada situação de
um modo que honre a Cristo e faça avançar o seu plano.
Este é um breve trecho do meu diário da oração do novo
caminho expressando uma oração de quem ouve:
Amada âncora que só me deixa ir até certo ponto, Falaste
comigo ontem à noite por meio de Bilbo Baggins no livro, The
Hobbit. Ele travou sozinho a batalha importante no túnel. A
questão é coragem. Eu te ouvi dizer: "Tende bom ânimo!" e
espere com fé e coragem. Caí realmente, mas não fiquei caído.
Estás comigo no túnel. Notável. Tolkien escreveu esse livro há
anos. E tu te comunicaste comigo por meio dele, ontem. O
resultado final é certo. Estou seguro, não me acho sozinho, e
sinto-me vivo. Não espere que o seu sentimento da presença
de Deus corresponda diretamente ao que você apresentou a
ele. Pode ser que sim ou pode ser que não.
288
Aproxime-se de Deus por Desejá-lo
290
Creia, não duvide
E PÍLOGO :
C OM D EUS NO BANHEIRO
— Adão —, disse Deus — não é bom para você não ter uma
companhia humana. Sou seu principal deleite, mas quero que
goze também muitos outros prazeres e vou providenciar todos.
Um pouco mais tarde, a segunda bênção maravilhosa de
Adão tornou-se a primeira em sua mente. Ele preferiu ficar com
Eva afastando-se de Deus, não lhe dando o devido valor. Cada
um de seus descendentes, desde então, fez a mesma escolha
— valorizar alguém ou algo mais do que a Deus.
— Temos agora um objetivo —, falou o Pai. — Devemos
mudar o coração das pessoas para que nos estimem mais do
que a qualquer outra coisa. Até que isso aconteça, não
podemos prover todas as coisas boas que gostaríamos - e
292
poderíamos — dar. Fazer isso seria encorajar a inclinação
natural humana de encontrar alegria nas coisas menores e
impedir que experimentem a verdadeira alegria.
— Todos os homens são culpados do maior mal
imaginável, Pai, — disse o Filho. — Eles não vêem em ti toda
a beleza que seus corações poderiam desejar. Esse primeiro
pecado levará a outros. A justiça requer que os entregues à
sua compreensão errada do prazer. Isso, porém, significaria
deixá-los num mundo eterno onde todo prazer é possível,
menos a tua pessoa. O que não seria absolutamente prazer,
mas inferno.
— Pai, vou satisfazer a justiça para revelar a tua graça.
Vou tornar-me um deles, mas, diferentemente deles, sempre
amarei a ti acima de Tudo. Como poderia ser de outro modo?
Vou assumir responsabilidade pela sua insensatez perversa
em amar qualquer coisa mais do que a ti. Castiga-me, então,
Pai, em vez de castigá-los. Deixa que eu experimente o
horror da separação absoluta de ti. A justiça será então
satisfeita. Poderás perdoar o mal de todos os que aceitarem
o castigo que infligires sobre mim como punição pelo que
merecem.
O Pai declarou: - Esse é o meu plano.
Muitos anos se passaram. Depois de o Filho ter
experimentado o afastamento do Pai e ter sido acolhido de
volta no céu com grande celebração, o Espírito falou: —
Posso agora entrar na alma de cada um daqueles que
293
perdoaste. Incutirei neles uma ânsia de conhecer-te, Pai, e
aumentarei esse desejo até que te tornes seu supremo
tesouro.
— Vou usar cada minuto de sofrimento que permitires para
guiar seus corações a ti, até que te desejem mais do que
qualquer outro prazer. E então, quando decidires, nós os
traremos aqui para verem o Filho e, por meio dele, para verem
a ti. A partir desse momento serás seu principal tesouro, seu
maior prazer, sua maior alegria. Como poderia ser de outro
modo? Como poderia ter sido de outro modo? E então — que
dia maravilhoso — iremos derramar sobre eles cada bênção
que nosso infinito amor pode conceber, sem a menor
possibilidade de que alguém se torne mais apegado às tuas
bênçãos do que a ti mesmo.
Os dois fundamentos
296
Chegou a hora de sair. Não consegui abrir a porta. Tentei
com toda a minha força de três anos, mas nada. Entrei em
pânico. Senti-me outra vez um menininho pequeno quando
este pensamento cruzou minha mente: — Talvez passe o
testo da vida neste banheiro.
Meus pais — e provavelmente os vizinhos — ouviram
meus gritos desesperados. — Você está bem? — Minha mãe
gritou através da porta, porque não pôde abri-la do lado de
fora. — Você caiu? Machucou a cabeça?
— Não consigo abrir a porta: —, gritei. — Tire-me daqui.
Eu não sabia então, mas meu pai desceu correndo os
degraus e foi até a garagem para pegar uma escada, tirou-a
do gancho e a encostou do lado da casa bem embaixo da
janela do banheiro. Com sua força de adulto, ele a abriu,
depois entrou na minha prisão, passou por mim e com a
mesma força virou a fechadura e abriu a porta.
— Obrigado, papai — disse-lhe, e saí para brincar.
Era assim que eu supunha que a vida cristã devia
funcionar. Quando fico preso em algum lugar, devo fazer
tudo que posso para livrar-me. Quando não consigo, devo
orar. Depois Deus aparece. Ele ouve os meus gritos. — Tira-
me daqui! Quero brincar! — e abre a porta para as bênçãos
que desejo.
Ele, às vezes, faz isso. Mas agora que não tenho mais três
anos e em breve farei sessenta anos, estou compreendendo
que a vida cristã não funciona assim. E imagino: alguns de
297
nós estão contentes com Deus? Será que sequer gostamos
dele quando não abre a porta que mais queremos ver aberta -
quando um casamento não se recupera, quando os filhos
rebeldes continuam se rebelando, quando os amigos traem,
quando os revezes financeiros ameaçam nossa vida con-
fortável, quando a expectativa do terrorismo nos espreita,
quando a saúde piora apesar de muita oração, quando a
solidão aumenta e a depressão se aprofunda, quando os
ministérios morrem?
Deus subiu pela pequena janela até meu quarto escuro. Mas
ele não passa por mim para girar a fechadura que eu não
consegui abrir. Em vez disso, ele senta-se no chão do banheiro
e diz: — Venha sentar-se aqui comigo. — Parece pensar que
entrar no quarto comigo é mais importante do que me deixar
sair para brincar.
Nem sempre concordo com isso. — Tira-me daqui! — grito.
— Se me amas, abre a porta!
Querido amigo, a escolha é nossa. Podemos ficar pedindo a
ele que nos dê o que julgamos nos fará feliz — sair do quarto
escuro e correr para o playground de bênçãos - ou podemos
aceitar o seu convite para sentar-nos com ele, por enquanto
talvez no escuro, e aproveitar a oportunidade para conhecê-lo
melhor e representá-lo bem neste mundo difícil.
Vamos escolher o antigo caminho, o caminho da pressão? —
Farei tudo o que quiseres; só me tira daqui!
298
Ou vamos descobrir tanto o coração de Deus como o
nosso e escolher o novo caminho, o caminho da liberdade e
alegria? — Vou me sentar contigo em qualquer lugar, no
escuro ou na luz, basta-me conhecer-te e servir-te!
Está na hora de escolher o novo caminho do Espírito e
segui-lo até que brinquemos para sempre nos campos do
céu, sempre contemplando Jesus como a nossa maior
bênção.
Está na hora de ficar com Deus no banheiro até que ele
abra a porta para a eternidade. E o que desejamos.
A GRADECIMENTOS
299
caminhando no escuro em direção à luz. A cada um de vocês,
o meu obrigado.
Meu pai morreu três semanas antes que eu tivesse terminado
o último capítulo e posto de lado a caneta. Nenhuma história de
fé me influenciou mais do que a dele. Com profunda gratidão e
respeito, dedico este livro à sua memória.
Quando entrego um manuscrito ao editor, sempre tremo um
pouco, como um pai apresentando seu filho recém-nascido em
público pela primeira vez. O capítulo 8 vai tornar-se capítulo
12? Minha ilustração favorita será cortada? Será que vou ouvir:
— Olhe, pode haver um livro aqui. Vamos trabalhar nele? —
Vale a pena quando você confia no seu editor. Thomas
Womack compreende a minha mensagem, aceita meu estilo
idiossincrático e, com um coração que ama a beleza e a
franqueza da verdade, trabalha para tornar meus escritos tão
úteis quanto possível para o bem do reino.
Agradeço também a Steve Cobb e toda a equipe de
WaterBrook! E ótimo trabalhar com vocês. Seu evidente
compromisso com Cristo fortalece o meu.
Sealy Yates, agente e amigo, orienta habilmente o processo
de publicação e me anima enquanto escrevo. Obrigado, meu
amigo.
Escrevo em blocos de papel amarelo, à mão, com canetas
especiais, como Paulo e Isaías escreveram seus livros. Claudia
Ingrams traduz meus rabiscos, ataca agilmente um teclado,
depois me remete por fax cada capítulo para várias revisões
300
minuciosas. Sua paciência ilimitada vem de um coração
voltado para Deus e que se expressa num espírito de servo.
Para Claudia e seu marido, Bob, a mais profunda apreciação
de um irmão agradecido.
São tantos os que oram fielmente por mim, enquanto
escrevo. Phoebe, Trip e Judy, Kent e Karla, Jim e Suzi,
Dwight e Sandy, Randy e Mareia, Wes e Judy, Tom e Jenny,
Frank e Chris, e muitos outros cujos nomes merecem
menção, obrigado.
Tudo que faço é com amor e respeito inexprimíveis por
meus dois filhos, Kep e Ken, e com a oração de que cada um
deles continue seguindo fielmente a Cristo. O mesmo amor e
oração flui de meu íntimo para três bênçãos maravilhosas em
minha vida, minha nora, Kim, e meus dois netos, Jake e
Josie.
Escrever é trabalho duro, mais ainda, penso eu, para o
cônjuge do autor do que para ele mesmo. Cada vez que
termino um livro, imagino o Senhor acrescentando um novo
aposento à mansão já magnificente de Rachel. Ninguém é
mais significativamente apoiado do que eu pela minha
parceira de vida. Nenhum agradecimento é suficiente. Meu
amor cresce cada vez mais. Jornadeamos juntos.
301
N OTAS
302
15. WUEST, Kenneth S. Galatians. Grand Rapids, MI:
Eerdmans, 1994, p. 21.
16. Gálatas 1:6,7. I
17. Gaiatas 3:1-5.
18. Deuteronômio 28:13.
19. Citado em Gálatas 3:10 de Deuteronômio 27:26.
20. TOLKIEN, J.R.R. The Hobbit. Nova York: Ballantine Books,
1982, pp. 214,5.
21. 2 Coríntios 4:8,9.
22. 1 Coríntios 15:19, minha paráfrase: "Se tivermos
esperança em Cristo apenas nesta vida, devemos ter mais
compaixão do que todos os homens".
23. 2 Coríntios 4:13, citado do Salmo 116:10.
24. Salmo 116:12.
25. Salmo 116:15,16.
26. 2 Coríntios 4:14.
27. 2 Coríntios 4:15.
28. O pensamento se encontra também num texto diferente,
Gálatas 4:3,8-11. Naquela manhã passei algum tempo tam-
bém nessa passagem.
29. Veja João 17:1-3.
30. Apocalipse 1:10.
31. Apocalipse 1:14-16.
32. Veja João 7:37-39 e Isaías 55:1-3.
33. AGOSTINHO, City of God, ed. Vernon J. Bourke. Nova York:
Doubleday, 1958, p. 300.
303
34. João 14:27.
35. AGOSTINHO, City of God, p. 300.
36. Mateus 11:28.
37. Romanos 1:21-29.
38. 2 Coríntios 4:4.
39. 2 Coríntios 4:6.
40. PIPER, John. Seeing and Savoring Jesus Christ. Wheaton,
IL.: Crossway, 2001, p. 26. Sou devedor a Piper pela
orientação de meus pensamentos neste capítulo,
especialmente. Qualquer orientação errada é minha.
41. Romanos 5:2.
42. PIPER, Seeing and Savoring Jesus Christ, p. 21.
43. As citações e informação apresentadas aqui foram
extraídas de "Anorexia Battle Undone Online", Denver Post,
terça-feira, 17 de julho de 2001, sec. A, pp. 1,13.
44. PIPER, Seeing and Savoring Jesus Christ, p.125.
45. Recomendo o livro de Piper, Seeing and Savoring Jesus
Christ como leitura vital para compreender o novo caminho.
46. Veja Jeremais 2:5-13; 15:16-18.
47. Veja Tiago 4:10; 5:7-11.
48. Essas histórias são autênticas. Só alguns detalhes foram
mudados — nunca piorados - para proteger as identidades.
49. O autor se refere a Connecting (Nashville, TN: Word,
1997), The Safest Place on Earth (Nashville, TN: Word,
1999) e Shattered Dreams (Colorado Springs: WaterBrook,
2001).
304
50. Veja Hebreus 10:19-23.
51. Veja 1 Pedro 3:18.
52. Veja João 14:21,23; Tiago 4:8.
53. Êxodo 19:5.
54. Jeremias 31:34: "Não ensinará jamais cada um ao seu
próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao
SENHOR, porque todos me conhecerão, desde o menor até
ao maior deles, diz o SENHOR".
55. Hebreus 7:18, 19.
56. Gálatas 6:8.
57. João 20:31.
58. O que se segue é minha paráfrase de Apocalipse 21:2-4.
59. Minha paráfrase de Apocalipse 21:5.
60. 1 Coríntios 15:19.
61.OWEN, John. Communion with God, ed. R.J.K. Law. Carlisle,
PA: Banner of Truth, 1991, p. 1.
62. Minha paráfrase de 1 João 1:1-4.
63. Veja Lucas 12:13-21.
64. Lucas 12:34: "Porque, onde está o vosso tesouro, aí
estará também o vosso coração".
65. Citado do periódico Closer Walk 15, n.° 8, agosto de 2000,
p. 13.
66. Veja meu livro Shattered Dreams (Colorado Springs:
WaterBrook,
2001) para uma discussão completa deste ponto.
305
67. Citado em Richard S. Hipps, ed., When a Child Dies.
Macon, GA.: Smyth and Helwys, 1996, p. 38.
68. LEWIS, C.S. The Silver Chair. (Nova York: Macmillan,
1953, p. 17.
69. João 7:38.
70. Isaías 55:1, 2.
71. Isaías 55:3.
72. Só um livro em vários volumes faria justiça à História de
Deus. Ele já foi escrito. Nós o chamamos de Bíblia. Ofereço
apenas o mais breve dos esboços. Para um tratamento mais
completo, veja ROBERTSON, O. Palmer, The Christ of the
Covenants, Phillipsburg, NJ: Presbyterian and Reformed
Press, 1980.
73. Veja Gênesis 8:21; 9:8-17.
74. A palavra cortar é o termo bíblico para fazer uma aliança.
Ela implica que o derramamento de sangue estava
envolvido.
75. Veja Gênesis 15.
76. Todos, menos os pensamentos que imaginei na mente de
Owen,
são citações dele, Communion with God, pp. 2,3.
77. Embora rasgar as vestes fosse um meio reconhecido para
expres-
sar agonia sobre uma catástrofe, era proibido aos
sacerdotes do Antigo Testamento agirem desse modo. Só
os sacerdotes tinham acesso à presença de Deus e, na sua
306
presença, nunca há motivo para o desespero. Veja Êxodo
28:31, 32; Levítico 10:1-6; Mateus 26:62-65.
78. Veja Gênesis 17:18.
79. Veja Gálatas 4:21-31.
80. Veja Gálatas 5:22, 23.
81. Veja Tiago 4:7-10; João 14:21,23.
82. Veja Hebreus 12:5, 6.
83. Isaías 1:6. Veja também Isaías 53:6.
84. Mateus 7:14.
85. Citado em John Piper, The Hidden Smile of God.
Wheaton, IL: Crossway, 2001, p. 56.
86. Citado em Piper, The Hidden Smile of God, p. 56.
87. Citado em Piper, The Hidden Smile of God, pp. 42,3.
88. Lucas 13:24.
89. Lucas 18:9-14.
90. Dallas Morning News, 18 de agosto de 2001, sec. A, p. 1.
91. Mateus 6:34.
92. Citado em Peter Kreeft, Christianityfor Modern Pagans.
São Fran-
cisco: Ignatius Press, 1996, p. 95.
93. Citado em Benedict J. Groeschel, The Journey Toward
God. Ann Arbor, MI: Servant, 2000, p. 19.
94. Citado em Groeschel, The Journey Toward God, p. 13.
95. DUBAY, Thomas. Seeking Spiritual Direction. Ann Arbor,
MI: Servant, 1993, p. 19.
96. Tiago 5:13.
307