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Bitcoin para Iniciantes - O Guia Definitivo para Aprender A Usar Bitcoin e Criptomoedas. Crie Uma Carteira, Compre Bitcoin, Aprenda o Que É o Blockchain e A Mineração de Bitcoin
Bitcoin para Iniciantes - O Guia Definitivo para Aprender A Usar Bitcoin e Criptomoedas. Crie Uma Carteira, Compre Bitcoin, Aprenda o Que É o Blockchain e A Mineração de Bitcoin
STEVE HOLLINS
Edição 1.0 - Fevereiro de 2018
ISBN: 978-1986901963
Introdução
Este não é um livro sobre dicas para investimentos
O que você aprenderá neste livro
Conceitos básicos de criptomoedas
Terminologia importante
O que é Bitcoin?
Origem
Mas o Bitcoin é uma moeda?
Então, por que o Bitcoin?
A tecnologia Blockchain
O problema com as instituições
Blockchain, como funciona?
As transações e os blocos
Começando a usar Bitcoin
Tipos de carteiras
Endereços Bitcoin e a privacidade
Comprar Bitcoin
Carteiras de troca
Trocas peer-to-peer
Gastar Bitcoins
Mineração de Bitcoin
Hardware de Mineração
Software e pools de mineração
Segurança
Nós de Bitcoin
O teórico ataque de 51%
O gasto duplo
Anonimato
TOR
Histórias sobre Bitcoin
A famosa pizza
O caso dos bitcoins esquecidos
Não diga a minha esposa
Viajando pelo mundo com $25 milhões ganhos
Conclusão
Você gostou do livro?
Introdução
A maioria das pessoas recebe novas ideias com grande medo, ceticismo
e até mesmo com negatividade. Claro, nos sentimos muito mais seguros ao
ficarmos na zona de conforto e seguirmos por caminhos já trilhados. No
entanto, sabemos que o movimento é progresso, e para nos mantermos em
movimento, temos que manter nossa mente aberta para aprender coisas novas
e não ficarmos estagnados à medida que o mundo segue avançando. Isto é
verdadeiro em muitas áreas de nossas vidas e principalmente nas finanças
pessoais.
Hoje em dia o uso do dinheiro de papel está se tornando cada vez menos
comum. Provavelmente hoje você paga todas as suas despesas com uma
pequena tarjeta de plástico emitida pelo seu banco, mas se voltar um pouco
na história, vai descobrir que o dinheiro de plástico marcou uma revolução
financeira em termos de liquidez e segurança de nossas transações. Bem,
agora estamos presenciando uma nova revolução financeira causada pela
invenção de um novo tipo de dinheiro, e você precisa decidir se vai surfar na
onda do progresso ou permanecer no esquecimento do obsoleto.
A revolução a que me refiro é o dinheiro virtual ou a criptomoeda, que é
uma nova geração de dinheiro criado através da tecnologia que utiliza
softwares de criptografia e de algoritmos criptografados. Bitcoin, e as
criptomoedas, em geral, são uma tecnologia como a internet ou o seu
computador pessoal e têm o potencial para revolucionar quase todas as
interações em nossas vidas.
Se você nunca ouviu falar de Bitcoin ou se só tem uma vaga ideia de
como funciona esta nova tecnologia, este é o livro para você e nas páginas
seguintes eu o guiarei através das informações básicas sobre o como funciona
este novo tipo de dinheiro. Ajudei muita gente a começar a usar Bitcoin,
então eu sei que é confuso para os iniciantes e conheço as principais dúvidas
que você terá.
Francamente, confesso que quando comecei a estudar sobre o assunto eu
estava muito cético em relação a criptomoedas, uma vez que muitas pessoas
me assustaram ao dizer que criptomoeda era dinheiro falso, uma pirâmide
financeira ou algo semelhante, mas posso dizer que estas crenças são
equivocadas. Alguns países, inclusive, já reconheceram as criptomoedas
como um meio de pagamento. Hoje em dia, este chamado “entretenimento
para geeks” se converteu em um negócio muito rentável para banqueiros de
investimento e várias corporações.
Portanto, se você não ainda não usa criptomoedas, é por causa,
provavelmente, das crenças negativas que tem a respeito. Vamos dar uma
olhada em algumas:
Se você está com este livro em mãos, é provável que você já tenha
ouvido falar sobre bitcoin. Talvez você ouviu falar sobre Bitcoin em círculos
financeiros, uma vez que seu valor tem aumentado rapidamente, ou talvez
ouviu falar sobre sua existência em um contexto tecnológico, uma vez que o
Bitcoin é baseado em uma tecnologia nova e revolucionária, chamada
Blockchain (ou cadeia de blocos), ou, como muitos, é possível que você
ouviu pela imprensa, devido à quantidade de novos usuários, celebridades e
empresários que começaram a usá-lo recentemente.
Nos últimos anos, bitcoin deixou de ser algo que apenas alguns nerds
tecnológicos conhecem para se tornar uma moeda revolucionária que mudou
completamente nosso conceito ou maneira de pensar sobre o dinheiro.
Bitcoin é o carro-chefe das chamadas criptomoedas.
Criptomoedas é o nome dado a qualquer moeda digital que seja
considerada segura por causa da criptografia. A principal característica das
criptomoedas é que não são controladas por autoridades centralizadas. No
entanto, as implicações desta tecnologia são tão amplas, que alguns bancos
centrais tentaram se envolver e fazer suas próprias criptomoedas, mas a
moeda que eles produzem não é considerada oficialmente criptomoeda, uma
vez que ainda é dinheiro centralizado. Como você verá em breve, a ideia por
trás da descentralização é permitir que o mercado tenha o controle, enquanto,
com a centralização, todo o controle está com os bancos centrais e isso
significa que nem você nem eu temos voz, em termos da quantidade de
dinheiro criado ou seu valor. Neste sentido, os bancos centrais podem
manipular o valor de moedas tradicionais, mediante a impressão de mais
dinheiro e não há nada que possamos fazer.
Criptomoedas como Bitcoin, Ethereum, Litecoin e outros, tiveram muita
publicidade, particularmente em 2017. Isto é principalmente devido à grande
exposição de informações nos noticiários, redes sociais e instituições
financeiras. Como os níveis de alfabetização, tanto financeira como digital da
população aumentou, a aceitação da criptomoedas também deram um salto.
No início, a maioria das pessoas era muito cética sobre o Bitcoin e sua
tecnologia, como se fosse um negócio de criminosos. Isso se deu porque o
Bitcoin anunciou o método de pagamento que usava no "Silk Road", um site
da Darkweb, que era um mercado negro onde se vendia livremente todos os
tipos de drogas, armas, órgãos, venenos e até mesmo assassinatos
contratados.
No entanto, há agora um envolvimento crescente das empresas e
instituições legítimas com as criptomoedas. Cada vez mais, novas aplicações
são incorporadas e já existem caixas eletrônicos para permitir que transações
de criptomoedas sejam realizadas. No momento de escrever estas linhas, a
capitalização de mercado de todas as criptomoedas é de mais de US$ 450
bilhões de dólares.
Quanto a variedade de criptomoedas existentes, no início de 2018, vimos
um aumento na criação de novas criptomoedas que mostra mais de 1.500
moedas diferentes, embora a maioria das pessoas só tenha ouvido falar de
Bitcoin. Essas criptomoedas são conhecidas como "altcoins", e muitas são
apenas cópias pobres do Bitcoin, mas algumas (como Litecoin, Ethereum,
Ripple e Dogecoin) fizeram modificações e atualizações importantes para
melhorar ainda mais a tecnologia.
Se você verificar o site www.coinmarketcap.com, verá que há um
pequeno gráfico junto a criptomoeda, mostrando o movimento que cada
moeda teve na última semana, bem como a mudança percentual nas últimas
24 horas, e também é possível notar que há uma enorme disparidade entre os
valores e a capitalização de mercado das diferentes criptomoedas em relação
ao Bitcoin. Segue uma captura realizada no momento que escrevi este
capítulo.
O que quero demonstrar com isso é que o Bitcoin é a criptomoeda mais
utilizada do mundo, com uma capitalização de mercado de 175 bilhões de
dólares. Como um dado curioso, observe que existe uma criptomoeda
chamada "MikeTheMug" com uma capitalização de aproximadamente $1.000
dólares. Ao ler isso, talvez você se pergunte quem pode levar a sério uma
moeda como MikeTheMug, e com todo o respeito por seus criadores, criar e
emitir uma moeda é realmente muito mais fácil do que se imagina, o que faz
com explica toda este ceticismo em relação a sua seriedade.
Portanto, embora haja uma grande quantidade de projetos válidos e
emocionantes dentro das criptomoedas, é preciso ter em conta que há também
uma grande quantidade de moedas que são uma "piada", sem valor real.
Terminologia importante
Já usei vários termos que talvez sejam novos para você, por isso é um
bom momento para defini-los. No entanto, não se preocupe se não conseguir
compreender todos, já que tudo vai ficando mais claro à medida que
avançamos e nos aprofundarmos em cada conceito.
Blockchain
Peer-to-peer
Bitcoin
Mineração de Bitcoin
Origem
Voltemos alguns anos atrás. Em 2008, a crise financeira dos Estados
Unidos estava em pleno apogeu, as pessoas em todo o mundo estavam
sentindo os efeitos do desastre econômico e este foi um daqueles momentos
na história onde os problemas das moedas nacionais demonstraram a sua
grande magnitude. A crise financeira norte-americana desvalorizou o dólar, e
os desafios econômicos afetaram o mundo inteiro. Nesse momento, os
"especialistas" mais proeminentes decidiram que era necessária uma solução
que só um banco central poderia oferecer, por isso, para combater o colapso
dos mercados financeiros, os governos de todo o mundo decidiram
implementar o que é chamado de "flexibilização quantitativa", na qual
imprimiram mais dinheiro para injetar mais efetivo em suas economias, de
forma que seus cidadãos tivessem os fundos necessários para evitar uma nova
"Grande Depressão".
Quando os bancos enfrentaram problemas devido ao baixo valor da
moeda e o corte nas taxas de juros, os governos se viram obrigados a resgatá-
los, obviamente com o dinheiro dos contribuintes e, como se pode supor, isso
desvalorizou ainda mais a oferta do dinheiro existente. Embora esta seja uma
visão muito simplista de um momento tão complexo da história econômica, a
lição permanece: os bancos centrais manipulam e desvalorizam as moedas em
todo o mundo.
Finalmente, com as baixas taxas de juros e os resgates dos contribuintes,
os mesmos bancos, que, em primeira instância, eram os responsáveis pelos
problemas financeiros, foram os que se beneficiaram do "colapso", e foi
durante esta época que um homem chamado Satoshi Nakamoto se inspirou.
Lentidão
As transações e os blocos
O primeiro passo na construção de um bloco para a blockchain é
acumular e somar todas as transações atuais. Quando um usuário cria uma
transação, esta é transmitida para toda a rede e, em seguida, o computador de
um membro da rede captura essa transação e revisa, para se certificar de que
ela é válida. O computador da rede que tem essa função é conhecido como
"verificador".
Dado que as moedas na blockchain não são mais do que uma série de
transações, o primeiro passo para confirmar uma transação, consiste em olhar
de onde o remetente diz que originalmente recebeu o dinheiro. O verificador
deve rever a história da blockchain para encontrar o bloco e a transação em
que o emissor recebeu o dinheiro originalmente. Se a transação for
confirmada, então a transação é válida, e terá que ser confirmado o endereço
da parte receptora, para, em seguida, seja adicionada esta transação ao livro.
Se a transação de entrada não for válida, por exemplo, se você está enviando
1 bitcoin a um usuário, mas na blockchain não há registro de que alguma vez
você tenha recebido bitcoins, esta transação é considerada inválida, será
excluída e não será incluída no livro razão.
Uma vez que todas as transações nesse bloco forem verificadas, é o
momento de adicioná-las ao livro. O exemplo a seguir é simples, e mostra
onde as transações são listadas uma após a outra:
[Entrada] [Quantidade] [Endereço de saída], [Entrada] [Quantidade]
[Endereço de saída], [Entrada] [Quantidade] [Endereço de saída], [Entrada]
[Quantidade] [Endereço de saída], [Entrada] [Quantidade] [Endereço de
saída] ...
Em seguida, o verificador aplica uma técnica criptográfica chamada de
hash para cada uma das transações. Em sua definição mais básica, o hash
(impressão digital do bloco) pega uma cadeia de caracteres e gera outra
cadeia de caracteres. Por isso, quando se alimenta um algoritmo de hash com
a entrada, a quantidade e o endereço de saída, o resultado será uma cadeia de
caracteres únicos para essa transação, como essa:
aba128d3931e54ce63a69d8c2c1c705ea9f39ca950df13655d92db662515eacf
(Esse é um hash de uma transação real do Blockchain)
Assim, o hash é utilizado para normalizar os dados, enquanto fornece
uma segurança que nos permite revisar que não foram manipulados. Por
exemplo, se alguém tentar mudar uma transação no blockchain, teriam que
fazer novamente o hash da transação, e seria completamente diferente, o que
ficaria em evidência, que foi manipulado.
Para que a blockchain seja ainda mais difícil de manipular, são
realizadas várias etapas de hash. Isso significa que o hash de uma transação é
combinado com um hash de outra transação, e um novo hash é feito gerando
um código menor. Essa combinação das transações é conhecida como árvore
de Merkle. A discussão sobre o porquê precisamos de uma árvore de Merkle
é, por si só, um tema para um livro, mas em um nível básico, a árvore de
Merkle nos assegura de que todas as transações no bloco sejam válidas
enquanto utiliza menos memória, a longo prazo.
O último elemento adicionado a um bloco é um selo de tempo e a
vinculação aos blocos anteriores da cadeia, utilizando novamente um hash
que, de alguma maneira, insere o conteúdo de blocos anteriores no conteúdo
do novo bloco.
Lembre-se de que o hash toma uma entrada, não importa quão grande ou
pequena seja, e a transforma em uma cadeia de caracteres. Se você alterar a
entrada, mesmo que minimamente, a saída mudará completamente. Desta
forma, se o conteúdo de um antigo bloco já foi vinculado a um novo bloco e
depois alguém altera o bloco anterior, por menor que seja a alteração, mudará
todo o hash do bloco.
Desta forma, uma vez que um bloco foi concluído e, quanto mais tempo
passa, mais difícil se torna alterar, com sucesso, uma transação sem que seja
detectado. Esta é a razão por que o hash é o núcleo de segurança do
blockchain e permite que o livro razão seja público e seguro ao mesmo
tempo.
No entanto, é preciso dizer que o hash, por si só, não é tão difícil de
resolver. A maioria dos computadores podem criar um hash de um
blockchain em poucos segundos, de forma que, com o objetivo de garantir a
segurança, é necessário introduzir um outro nível de dificuldade para a
criação de um novo bloco. Este nível de dificuldade é chamado de "prova de
trabalho", embora neste livro não explicamos isso, já que não é o objetivo
para um usuário iniciante, considero importante mencionar, caso você queira
se aprofundar mais.
Muito bem, foi o suficiente de explicação tecnológica e idealista sobre
os princípios que regem o Bitcoin. Nos capítulos seguintes, veremos como
começar a usar esta criptomoeda.
Começando a usar Bitcoin
Tipos de carteiras
No jargão das criptomoedas, diz-se que há carteiras quentes e carteiras
frias. As carteiras quentes são aquelas usadas com muita frequência para
enviar e receber a moeda rapidamente, enquanto que as carteiras frias são
aquelas utilizadas principalmente para armazenar o dinheiro a longo prazo.
Carteiras quentes
Para ver uma lista com as carteiras disponíveis para bitcoin, sugiro que
você visite o site oficial https://bitcoin.org/en/choose-your-wallet. Na lista,
você verá que existem quatro grandes grupos: Carteiras que requerem
instalação de software em seu Computador, Web, Celular e Carteiras para
Hardware (estes últimos os veremos na seção "carteiras frias").
Carteiras por software (Computador)
Dentro das carteiras que necessitam de instalação no seu computador,
"Bitcoin Core" será a primeira que você vai querer considerar, já que é a
carteira original do Bitcoin criada pelo lendário Satoshi Nakamoto. Esta é a
única carteira com apoio oficial e é atualizada constantemente pela
comunidade profissional de Bitcoin. Esta carteira é uma aplicação que lhe dá
um controle completo de seus dados e a certeza de que estes estão protegidos
de influências externas, sempre e quando o computador onde você instalou o
software esteja seguro e livre de vírus.
As carteiras de software não servem apenas para manter seus bitcoins.
Também ajudam a manter a rede Bitcoin e mantêm registros descentralizados
da blockchain. O uso de uma carteira por software criará uma conexão
completa da rede Bitcoin em seu computador e, ao operar diretamente, as
suas operações estarão mais seguras por não ter intermediários (assumindo
que o seu computador esteja livre de vírus e usando uma conexão segura). No
entanto, que uma vez que você instala em seu computador, a primeira
sincronização da blockchain leva um longo tempo, já que o tamanho
totalmente sincronizado atinge uns 100 GB aproximadamente.
A instalação da Bitcoin Core é bastante genérica e muito parecida com a
instalação de qualquer outro software, por isso que, em seguida, abordarei
apenas o mais relevante:
- Para baixar o software, vá à https://bitcoin.org/en/download
- Faça a instalação normalmente.
- Durante a instalação, você deve escolher o local onde quer salvar a
blockchain e a carteira. Você pode usar os destinos padrão, a menos
que você tenha um lugar específico em que deseja armazená-lo.
- O download da blockchain pode levar vários dias para ser concluído,
dependendo da velocidade de sua conexão à Internet. Podem ser mais
de 100 GB, portanto certifique-se de ter espaço suficiente.
Claro, Bitcoin Core é a carteira oficial da Fundação Bitcoin, mas isso
não quer dizer que seja a única carteira por software disponível. Para uma
lista completa de carteiras por software acesse: http://bitcoin.org/en/choose-
your-wallet
Carteiras Web (online)
Se você quiser evitar o uso de 100 GB do seu disco rígido para
armazenar a blockchain, você pode optar por uma carteira com base na Web,
como "Coinapult". Considero que este é o tipo de carteira é ideal para
usuários iniciantes, especialmente os preguiçosos, já que não requer a
instalação de aplicativos em seu computador, e você pode criar uma carteira
em questão de segundos e começar a usar imediatamente. Esta bolsa garante
um alto nível de segurança para os seus bitcoins, goza de uma reputação
impecável, oferece suporte 24/7 e a interface é simples e intuitiva, mesmo
para os iniciantes.
Teoricamente, a desvantagem deste tipo de carteira reside apenas no fato
de que se encontram em um recurso de terceiros, e não em seu computador,
pelo que você deve confiar na empresa criadora. Uma vez que não estará
executando suas operações diretamente de um nó da rede Bitcoin, toda sua
informação confidencial passará através de intermediários até chegar a sua
plataforma. Em outras palavras, são fáceis de usar, mas estão longe de ser tão
seguras quanto as carteiras que se instalam no seu computador, ou as carteiras
frias (em breve veremos este tipo de carteira).
Novamente, eu recomendo que você navegue através das diferentes
carteiras disponíveis em www.bitcoin.org para que veja as principais
características de cada uma. Não descreveremos a instalação e utilização de
cada carteira disponível, já que são bastante genéricas e a interface gráfica
depende de cada caso em particular, mas em geral, são aplicações muito
simples de usar, para um usuário médio.
É importante destacar que você pode usar várias carteiras ao mesmo
tempo, por exemplo, para armazenar dinheiro, para fazer transações ou para
usar uma única vez. Você deve compreender que uma carteira quente pode
ser hackeada, por isso eu recomendo tomar as mesmas precauções que toma
com seu dinheiro tradicional: não armazene todo seu dinheiro em um único
lugar. É por esta razão que usar carteiras quentes só para fazer transações é
uma boa ideia e, em paralelo mantenha a maior parte de seus bitcoins em uma
carteira fria, sem conexão com a Internet.
No entanto, se você quiser fazer suas carteiras ainda mais seguras, eu
recomendo usar uma conta de e-mail diferente para cada uma delas e protegê-
las com autenticação de dois fatores, e, o mais importante, guarde todas as
suas senhas anotadas em um papel. E, por segurança, você deve ter extremo
cuidado com as "carteiras de troca" ou Exchange. As carteiras de troca,
como o seu nome indica, são hospedados por empresas de troca de bitcoins
(veremos mais sobre isso no capítulo "Comprar Bitcoin"). Esta é a opção
mais popular entre os usuários que desejam investir em bitcoins, mas mostrou
ter alguns inconvenientes.
As principais violações que ocorreram à rede Bitcoin foram feitas
através dessas carteiras mal protegidas, como o famoso escândalo Mt.Gox. A
Mt.Gox foi uma empresa de troca de bitcoin responsável por 70% das
transações de bitcoins, a nível mundial, no seu melhor momento. Um dia,
repentinamente, desapareceram milhões de dólares em bitcoin (744.408
bitcoins). Isso deixou centenas de milhares de clientes sem os seus bitcoins e
sem forma de recuperá-los. Com o tempo, a empresa decretou falência, e o
diretor geral foi detido.
Devido à natureza da rede Bitcoin, ninguém está apto para corrigir um
erro desses. Um destino semelhante se abateu sobre a Bitfinex, empresa que
foi hackeada em 2016, perdendo uma estimativa de $72 milhões de dólares
em bitcoin. No entanto, pela facilidade de uso deste tipo de carteira esta é a
opção em que se encaixa a maioria das pessoas que só utilizam pequenas
quantidades de bitcoin e que, com frequência, estão comprando ou vendendo.
Portanto, uma estratégia inteligente, se você é dono de uma grande
quantidade de bitcoin, é guardar suas economias em uma carteira isolada
(carteira fria) e manter somente uma pequena quantidade de seus recursos em
uma carteira quente.
Carteiras móveis
As carteiras móveis, podem ser a opção mais prática para o uso diário do
bitcoin. Com esse meio, você pode utilizar o seu Smartphone para pagar
produtos e serviços, ou enviar fundos para outra pessoa. Este tipo de carteira
permite pagar utilizando a câmera de seu Smartphone para digitalizar um
código QR, ou até mesmo, utilizar as conexões NFC para enviar bitcoins a
outras pessoas (a tecnologia NFC permite que dois dispositivos posicionados
a alguns centímetros de distância troquem dados e informações).
Este tipo de tecnologia é conhecido como SPV, por suas siglas em inglês
e significa "Validação de pagamento simplificada", o que significa que não
armazenam uma cópia do blockchain, o que é muito conveniente para o uso
diário, mas não contribui com a integridade das transações na rede Bitcoin da
mesma forma que ocorre com o uso de um aplicativo em seu computador.
Carteiras frias
Com a criação de uma carteira quente, você já está pronto para começar
a usar bitcoins, no entanto, supondo que você quer aprender como armazenar
corretamente suas criptomoedas a longo prazo, falaremos de forma mais
detalhada sobre como fazê-lo.
O armazenamento frio é um termo que se refere exclusivamente às
chaves privadas, que geralmente são criadas e armazenadas em um ambiente
seguro e isolado. Isto significa que as suas chaves privadas não se encontram
em nenhum site acessível a partir da Web. Estas carteiras se parecem com
uma unidade flash USB, semelhante ao da imagem abaixo, que você pode
conectar a um computador e fazer uma transação rápida.
Carteiras de troca
Como ocorre com a troca de uma moeda por outra, as principais
carteiras facilitam a troca (Exchange) de criptomoedas por moeda fiduciária
(dólares, euros, etc.) e o processo é muito parecido com qualquer troca de
moeda. Estes intercâmbios operam em dois sentidos, ou seja, servem para
trocar sua moeda local por bitcoins e vice-versa.
As Carteiras www.coinbase.com e www.kraken.com provavelmente são
as mais fáceis de começar a usar. Na Europa, www.bitstamp.com tem uma
grande reputação ao trabalhar com bancos europeus. Todas essas empresas de
troca são líderes bem estabelecidos e reconhecidos pela indústria de
segurança.
Este é um livro para iniciantes, pelo que não nos aprofundaremos
demasiado em todos as possíveis trocas que você poderia usar, e para reiterar,
como acontece com qualquer tecnologia Bitcoin de terceiros, certifique-se de
não manter muitos bitcoins em um só lugar. Lembre-se que as plataformas de
terceiros são vulneráveis a ataques, por isso é recomendado manter apenas
uma pequena quantidade de dinheiro em sua carteira de cada vez.
Para começar a usar uma carteira de troca basta criar uma conta em uma
empresa de cambio com boa reputação, como as mencionadas anteriormente
(Coinbase, Kraken ou BitStamp). Para isso, pedirão suas informações básicas
e quais os métodos bancários que irá utilizar (depósitos bancários, cartões de
crédito, cartões de débito, transferências eletrônicas). Além disso, pedirão
que você realize um processo de verificação de identidade, fornecendo
informações pessoais. Se alguma vez você já criou uma conta em uma
corretora de Forex, isso não deve ser algo novo. Todo este processo de
validação é vital para a manutenção de registros das trocas e para prevenir a
fraude e a atividade criminal. Este processo se realiza através do envio de
uma cópia de sua carteira de motorista ou de sua cédula de identidade, e
normalmente pode levar de algumas horas a alguns dias.
As empresas de câmbio cobram uma taxa por operação, mas, como
veremos, em seguida, normalmente esta taxa é muito mais padronizada que
as transações peer-to-peer.
O único problema que algumas pessoas têm ao usar carteiras de troca
são os limites para os montantes que podem comprar em um dado momento.
No entanto, isso dependerá da forma de pagamento que você está usando, por
exemplo, normalmente os cartões de débito têm limites muito mais baixos do
que as transferências bancárias, mas isso vai depender do seu caso em
particular.
Trocas peer-to-peer
O bacana do Bitcoin é que não depende de nenhuma autoridade, nem
intermediário. Ninguém tem o controle de quem pode ter acesso a esta
moeda, de modo que você pode comprar bitcoin diretamente de outras
pessoas.
Considerando que as empresas de troca operam com fins lucrativos e
exigem que você use alguma de suas limitadas opções de pagamento, as
transferências peer-to-peer (ou de pessoa para pessoa) têm a vantagem de que
você pode decidir a forma de pagamento e o valor que vai comprar. É claro
que isso finalmente vai depender do acordo que fará com a pessoa que está
vendendo, mas em termos gerais, qualquer método de pagamento é possível:
transferências bancárias, pagamentos em dinheiro, PayPal, depósitos
bancários diretos, etc.
No momento, o site mais popular para as trocas peer-to-peer é
www.localbitcoins.com. Em LocalBitcoins, você pode encontrar pessoas
interessadas na venda de bitcoin e você pode negociar com eles online ou
pessoalmente, para pagar em dinheiro. Por exemplo, selecione o país e a
moeda em que deseja pagar, e você verá uma lista de usuários que estão
vendendo bitcoins com base nos filtros de sua pesquisa. Na imagem abaixo
você pode ver que aparece o nome do usuário, seguido pela quantidade de
trocas de sucesso feitas por ele, uma percentagem que indica a sua reputação
com base em comentários de outros usuários, uma indicação se está online
neste momento, as formas de pagamento que aceita, o preço a que vende cada
bitcoin e seus limites de venda.
Hardware de Mineração
Em seguida, daremos uma olhada breve no hardware envolvido na
mineração de Bitcoin.
CPU
GPU
FPGA
ASIC
A segurança é uma das primeiras coisas que nos vem à mente quando
falamos em moeda digital. Quão seguro é usar Bitcoin? A resposta vai muito
além de dizer "Sim, Bitcoin é seguro", por isso, neste capítulo, cobriremos
cada aspecto da segurança do ambiente Bitcoin.
Nós de Bitcoin
Um nó é qualquer computador ou dispositivo conectado à rede Bitcoin.
Se diz que um dispositivo é um "nó completo" quando está online, tem
descarregado um histórico completo do blockchain e está transmitindo para a
rede.
Embora executar um nó de bitcoin não tenha recompensa, como é o caso
da mineração, ajuda a manter a blockchain segura. Se você é alguém que está
interessado em tecnologia ou quiser ajudar a criar o futuro, esta é uma ótima
maneira de participar.
No entanto, há um problema teórico que poderia afetar a privacidade das
transações. Como já falamos neste livro, os endereços bitcoin não contêm
nenhum dado sobre a identidade da pessoa que a possui e, quando se iniciam
as transações, os dados não são enviados diretamente entre o remetente e o
destinatário. De fato, os dados são transmitidos a um conjunto aleatório de
nós que encaminham a informação para outros nós ao acaso. Este
comportamento torna muito difícil rastrear bitcoins em cada passo do
caminho, inclusive se souber de onde vêm e para onde vão.
O problema da segurança surge quando alguém tem o controle de
múltiplos nós que estão recebendo os dados. Teoricamente, os dados
combinados poderiam dar uma visão de onde veio originalmente a transação.
No entanto, com a quantidade de nós que operam na rede Bitcoin, isso é
muito pouco provável, e quanto mais nós são adicionados, menos provável
que um ataque como este se realize. Se você quiser saber quantos nós existem
neste momento e onde se encontram, acesse http://getaddr.bitnodes.io.
Na imagem abaixo você pode ver a quantidade de nós no momento que
escrevo estas linhas e a sua concentração ao redor do mundo.
O gasto duplo
Outro dos possíveis ataques que podem afetar a rede Bitcoin é o que se
conhece como o "gasto duplo". O gasto duplo significa que alguém
(teoricamente) poderia gastar os bitcoin duas vezes. Não entraremos em
detalhes técnicos de como se poderia realizar este ataque, já que é
desnecessário para o objetivo deste livro, mas posso dizer que é um ataque
tão pouco provável, que é mais fácil minerar bitcoins do que gastar os
mesmos bitcoins duas vezes. No entanto, mais vale prevenir do que remediar,
por isso é sempre aconselhável que se espere confirmações a cada vez que
receber bitcoins.
Anonimato
Este é um aspecto que sempre recebe uma ampla cobertura, mas o
Bitcoin é realmente anônimo? A resposta mais simples é "não, nenhuma
criptomoeda é totalmente anônima". No entanto, é evidente que há um maior
nível de anonimato nas moedas digitais, em comparação com as transações
tradicionais com cartões de crédito, mas decidir se este é um nível de
anonimato suficiente ou não, é uma questão de opinião pessoal.
Para começar, as carteiras de Bitcoin somente são identificadas pela
sequência de números e letras que compõem o endereço dessa carteira
específica. Não existe outra informação relacionada a esse conjunto de dados.
Não inclui o seu nome. Não inclui o seu endereço. Não inclui nenhuma outra
informação que pudesse identificá-la como sua própria carteira pessoal. Com
isso você já pode ter uma ideia do nível da segurança e anonimato que possui
e que seria impossível ter com os métodos bancários tradicionais. No entanto,
isso não significa que não existam registros do que sua carteira está fazendo.
Devido à própria natureza da blockchain, todas as suas transações são parte
do registro público e ficam visíveis para qualquer um que busque no livro
razão público.
Todas as transferências de entrada e de saída estão a "céus abertos". Por
exemplo, digamos que você envia 0,005 bitcoin a um amigo. Essa transação
será realizada em público, mas ninguém vai saber quem são as duas partes
envolvidas na transferência.
Aqui lhe darei uma palavra de precaução. Se alguém tem o endereço da
sua carteira pública, é relativamente fácil fazer um controle de suas
transações usando o site www.blockchain.info.
TOR
Se você realmente quiser ficar no anonimato, sempre existe a opção de
adicionar uma camada extra de criptografia através de uma ferramenta
chamada "The Onion Router", mais conhecida como TOR. O TOR é baseado
em uma tecnologia que foi desenvolvida em meados dos anos 90, no
Laboratório de Pesquisa Naval dos Estados Unidos para tornar possível que
os serviços de inteligência tivessem acesso à nossa informação online. Em
2002, depois que o código foi lançado ao público, dois peritos usaram a
tecnologia para criar o TOR, um browser da web, totalmente gratuito, que faz
com que seja quase impossível rastrear o tráfego online. O que esta
ferramenta faz é criptografar os dados em várias camadas e, em seguida,
enviar para vários nós diferentes que decifram um pedaço cada um. No
momento em que a informação chega a você, passou por uma criptografia e
uma descriptografia de tal maneira que faz parecer como se viesse de todos
os lados e de nenhum ao mesmo tempo.
Para os usuários de Bitcoin, esta tecnologia significa que podem acessar
suas carteiras baseadas na Web, sem revelar qualquer endereço IP que possa
identificá-los.
Para usar o TOR basta baixá-lo a partir de https://torproject.org e em
seguida, executar a instalação normalmente. Em seguida, vou lhe dar algumas
dicas, se você for utiliza-lo:
Não instale plugins no navegador: TOR, por padrão, bloqueia uma
grande quantidade de plugins, como o Flash, o Real Player e outros, já que
podem revelar o seu endereço de IP. Evite instalar qualquer plugin adicional,
já que podem revelar qualquer informação que o possa identificar.
Use as versões HTTPS dos sites: TOR criptografa todo o tráfego que
ocorre na rede, mas só usando as versões HTTPS dos sites que você visita,
pode ter certeza de que continua em segurança.
Não abra os arquivos baixados enquanto estiver conectado à
internet: Alguns arquivos podem baixar arquivos auxiliares que podem
revelar o seu endereço de IP.
Crie uma nova carteira: Se você realmente se preocupa em
permanecer no anonimato, deve criar uma carteira usando o TOR. Qualquer
transação feita usando o seu endereço IP nativo poderia ser rastreada, então
terá de começar do zero, criando uma carteira nova.
Como vimos ao longo do livro, embora há casos de pessoas que
perderam Bitcoins, nenhum desses casos teve relação com algum problema
de segurança da rede do Bitcoin em si, mas com os serviços que surgiram ao
seu redor. No entanto, através da compreensão dos temas que nós vimos até
agora, eu espero que você se sinta tranquilo ao saber que o Bitcoin é uma das
tecnologias de rede mais segura que existe e oferece níveis de privacidade
sem precedentes. Mas espere, ainda não terminou. No próximo capítulo,
veremos algumas histórias que definitivamente você deveria ler.
Histórias sobre Bitcoin
A famosa pizza
Uma das histórias mais famosas que envolvem transações de bitcoin foi
a famosa pizza comprada em 2010. A história ocorreu em 22 de maio daquele
ano, quando um homem chamado Laszlo Hanyecz, programador e usuário do
site BitcoinTalk, decidiu publicar no fórum que pagaria 10 mil bitcoins para
qualquer pessoa que trouxesse duas pizzas.
Naquela época, os bitcoins estavam avaliados em cerca de 0,003 dólares,
pelo que o valor oferecido equivalia a cerca de 30 dólares. Evidentemente,
Hanyecz não tinha ideia do que aconteceria com a moeda, com o passar do
tempo.
Feita a proposta, alguém decidiu comprar um par de pizzas no Papa
Johns e entregá-la a Hanyecz em troca de bitcoins. Com isso, pagando apenas
$25 dólares obteve a sua recompensa de 10.000 bitcoins, mas não foi até
meses mais tarde, quando o valor da moeda disparou que esta publicação no
fórum alcançou notoriedade tal que, para aqueles que usam bitcoin, o 22 de
maio passou a ser o "Dia da Pizza Bitcoin" (Bitcoin Pizza Day). Resta
mencionar que, no momento que escrevo estas linhas, os 10 mil bitcoins
equivalem a mais de 106 milhões de dólares, o que faz com que, certamente,
Hanyecz se arrependa do seu desejo por comida.