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INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO

• A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número
de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.
Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:
• tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada texto “insuficiente”.
• fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo.
• apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto.

TEXTOS MOTIVADORES
Texto I
São Paulo sofre há anos com o esvaziamento do centro da cidade, mesmo sendo uma região rica em serviços,
estabelecimentos comerciais, redes de transporte, edifícios históricos e que acolhe imigrantes e pessoas de diversas
camadas sociais. O Mapa da Desigualdade de 2020 da Rede Nossa São Paulo aponta que a região central possui a maior
taxa de roubos e violência, e bairros como Sé, Bom Retiro e Liberdade estão na lista dos dez piores bairros para se morar
na cidade. “Normalmente, agentes de segurança pública, como policiais, não têm o mesmo comportamento nas regiões
centrais e nas periferias, devido ao contexto social e econômico. E o fato de que esses agentes de segurança também
estão na sociedade e, como integrantes da sociedade, têm os seus preceitos e preconceitos”, comenta Marcelo Batista
Nery, doutor em Sociologia e pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP.
Disponível em: https://jornal.usp.br/atualidades/populacao-paulistana-sente-medo-com-aumento-da-criminalidade-e-da-violencia-na-cidade/. Acesso em 20/02/2023

Texto II
Não existe propriamente liberdade sem segurança. Por onde se vê, a sociedade brasileira, porque vive sob o manto
pervertido de um Estado ineficaz (que distribui de forma grosseiramente desigual recursos e oportunidades), padece de
um profundo problema de falta de liberdade. Sem segurança, a liberdade é uma quimera.
Disponível em: https://jus.com.br/artigos/27066/seguranca-publica-e-liberdade-sem-seguranca-a-liberdade-e-uma-quimera Acesso em 28/09/2022

Texto III
O perfil de raça/cor das vítimas revela a maior vulnerabilidade das mulheres negras: elas são 61% das vítimas, contra
38,5% de brancas, 0,3% indígenas e 0,2% amarelas. A prevalência de mulheres negras entre as vítimas da violência letal
já fora apontada na última publicação do Atlas da Violência, que analisa os homicídios femininos no Brasil. É de se supor
que este dado seja ainda maior, dado que o Estado da Bahia, que concentra a maior proporção de população negra do
país, não enviou os dados para a análise.

Fonte: Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2019


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PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua
formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema
“Alternativas para combater a violência urbana no país”, apresentando proposta de intervenção que respeite os
direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de
seu ponto de vista.

Prof° Alan Patrik | Redação @comtevestibulares Página | 1


Sugestões de ideias argumentativas
- A precariedade dos órgãos de segurança pública;

- o pensamento cultural de uma sociedade subdesenvolvida;

Excesso de violência por parte dos órgãos de segurança, ocasionam medo e desconfiança na sociedade,
impulsionando, por vezes, a justiça com as próprias mãos;

- A banalização do mal, principalmente no que se refere à aceitação, seja pela sociedade, seja pelo Estado, de uma
cidade violenta;

- A banalização do mal, principalmente no que se refere à aceitação, seja pela sociedade, seja pelo Estado, de uma
cidade sem liberdade;

- O caráter racial da sociedade, posto que a característica intensifica a marginalização social, o preconceito e a
desigualdade;

- Marginalização da sociedade devido ao histórico de crescimento desorganizado no Brasil;

Sugestões de Repertórios
ART. 5º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
Comentário: Lembre-se que não é interessante fazer a cópia total do artigo, tal como ele é escrito, posto que essa ação,
configuraria uma quantidade excessiva de linhas em sua redação. O ideal é, parafrasear a ideia principal, pensando na
proposta temática e no seu argumento.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma
desta Constituição.
Comentário: Como de costume, perceba que não vale à pena você fazer uso de todo o artigo da Constituição, mas sim,
mostrar que o artigo sexto garante direitos básicos para uma vida boa em sociedade, dentre eles a moradia. A construção,
então, se dá pela negação a esse direito básico quando o cidadão ou sofre ou tem seu bem-estar prejudicado, seja pela
carência, seja pela insalubridade, seja pela ausência de oportunidade e até mesmo pela precariedade na própria condição
de vida.

ART. 144° DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988


A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública
e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.
Comentário: Diferentemente do art. 5°, o artigo 144º direcionada o dever com a segurança pública ao Estado, ao ponto
que a garante ainda como direito e responsabilidade de toda a sociedade. Pensar então, na
ausência/inobservância/descaso estatal pode ser uma alternativa interessante.

A VIOLÊNCIA COMO ESPETÁCULO, NA ROMA ANTIGA.


Maior e mais famoso símbolo do Império Romano, o Coliseu era um enorme anfiteatro reservado para combates entre
gladiadores ou opondo esses guerreiros contra animais selvagens.
Comentário: nesse ponto, é possível fazer uma analogia com a violência assistida nos palcos de Roma e como a violência
urbana, hoje, é naturalizada a tal de ponto de ser aceita como um espetáculo do cotidiano.

LIVRO “VIGIAR E PUNIR”, DO FILÓSOFO MICHEL FOUCAULT


Em “Vigiar e punir”, Foucault disserta sobre a cultura punitivista que a sociedade carrega em oposição a uma cultura
ressocializadora e como essa característica é categórica da condição cultural e social do indivíduo.
Comentário: você pode aliar o pensamento de Foucault, por exemplo, ao contexto de desigualdade social do país, posto
que a violência urbana é uma consequência direta da desigualdade social. Essa, por sua vez, é advinda de um processo
histórico conturbado, desornado e sem nenhum planejamento, o que, de certa forma, enraizou essas características
discriminatórias, raciais e de violência no Brasil.

Prof° Alan Patrik | Redação @comtevestibulares Página | 2


MICHEL FOUCAULT
Ao refletir sobre a “Sociedade Disciplinar”, Michel Foucault aponta para a existência de alguns dispositivos de
vigilância, dando maior destaque ao modelo panóptico. Trata-se de um mecanismo arquitetural, utilizado para o
domínio dos corpos em diversas instituições sociais (escolas, fábricas, prisões, manicômios etc.). O panóptico era
um edifício em forma de anel, onde no seu centro havia um pátio com uma torre. Dentro dela existia um vigilante,
que conseguia visualizar tudo o que estava ao seu redor. Nesse contexto, o panoptismo corresponde à ideia de
observação total; é a atuação do poder disciplinar na vida de um indivíduo, que acha que é vigiado a todo tempo,
mesmo sem ver o seu observador ou saber o momento exato em que está sendo observado; mantém o indivíduo
em um estado de constante observação, assegurando permanentemente o funcionamento do poder disciplinar; faz
com que a vigilância e os seus efeitos sejam eternos. Nos dias atuais, tais reflexões estão diretamente relacionadas
à “vigilância” dos meios tecnológicos. As câmeras ou sensores de movimento, por exemplo, ainda que não estejam
funcionando, impõem a constante sensação de controle e observação. Nesse contexto, imagina-se que os
indivíduos, quando percebem a presença de alguma câmera de segurança, agem em conformidade com o poder
disciplinar, o que impediria a prática de crimes, por exemplo.

HANNAH ARENDT E O CONCEITO DE “BANALIDADE DO MAL”


A filósofa alemã Hannah Arendt, em “Eichmann em Jerusalém”, refletia sobre o resultado do processo de
massificação da sociedade, o qual formou indivíduos incapazes de realizar julgamentos morais, tornando-se
alucinados e aceitando situações sem questionar. O pensamento da filósofa está relacionado ao contexto de
alienação da sociedade brasileira, no qual os sujeitos sociais se calam diante das questões que prejudicam grupos
menos favorecidos. O calar-se social, nesse ponto, dá-se pela aceitação da condição social de cada indivíduo e pela
própria normalização e aceitação dos problemas. A essa normalização, Hannah dá o nome de “Banalidade do mal”.
Comentário: Você pode usar o conceito de Hannah de diversas formas. Dentre elas:
- Normatizar a violência e tratá-la como algo comum à sociedade é, na visão de Hannah, banalizar um mal.
- Desconsiderar a importância de se discutir as questões da segurança pública ou não tratar a segurança como algo
importante à sociedade, é banalizar um mal.

“LEVIATÔ, OBRA DE THOMAS HOBBES, TEÓRICO POLÍTICO E FILÓSOFO INGLÊS.


Segundo Hobbes, o Estado é representado simbolicamente pelo “Leviatã”, uma espécie de monstro
equivalente a um Deus, em torno do qual todos deveriam se unir para destruir o caos da sociedade primitiva e os
anarquistas que ameaçassem a ordem social. No livro “Leviatã” fica evidente a função do Estado em relação à
segurança pública: garantir a paz e manter a organização de toda a sociedade. Do ponto de vista do autor, o papel
do Estado na segurança pública está em entregar toda a responsabilidade e confiar todo o poder a uma única
instância, caso contrário, a desordem se instalaria em todo o sistema.
Segundo Hobbes, o medo representa a igualdade nos homens, já que a vida está a todo instante ameaçada.
Com isso, nem o mais forte está salvo, pois o mais fraco é livre para fazer o que é preciso a fim de manter a plenitude
da sua vida. Nesse contexto, o homem encontra-se num total sentimento de insegurança, constituindo o dever de
o Estado definir leis e aplicá-las com o objetivo de centralizar o poder e garantir a ordem.
Comentário: você pode, a partir da obra de Hobbes, trabalhar um dos dois pontos a seguir:
- Trabalhar a ideia de que o Estado é sim o garantidor da paz, mas não exerce fielmente a sua função (e isso você
deve comprovar por meio de dados estatísticos ou fatos relacionados à violência no Brasil.
- Trabalhar a ideia de que o Estado é sim a representação do “Leviatã” – um monstro equivalente a Deus – tal como
descreve Hobbes, mas que, ao invés de garantir a segurança pública e o desenvolvimento da nação, não deu voz
aos excluídos, nem aos marginalizados – principalmente durante o processo de urbanização e industrialização do
país.

ROUSSEAU E HOBBES.
Tanto Hobbes quanto Rousseau demonstram que o Estado produz a distinção entre fracos e fortes, já que apregoa
o poder político e as leis. O “contrato social” designado por Rousseau permite que as pessoas abram mão da
liberdade natural em detrimento de uma autoridade política, que define e executa as leis, fazendo com que toda a
sociedade se una em torno de um mesmo interesse: a segurança, de modo que as pessoas aceitem perder a
liberdade civil para ganhar a individualidade civil, isto é, a cidadania.
Comentário: o desafio se encontra, então, em realmente saber distinguir os fracos e fortes e saber lidar com o poder
em mãos. E a sociedade, sabe distinguir? Se sabe, como age?

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RODRIGO PIMENTEL, EX CAPITÃO DO BOPE (BATALHÃO DE OPERAÇÕES POLICIAIS ESPECIAIS)
Formado em sociologia e inspirador personagem Capitão Nascimento, do filme “Tropa de Elite”, cuja temática são
os conflitos militares em favelas do Rio de Janeiro, Rodrigo Pimentel afirma que o principal fator-causa dos conflitos
de segurança pública e da propagação da violência urbana, é a dominação territorial visando o comércio ilegal.
Comentário: você pode relacionar o pensamento de Pimentel com a questão da superlotação carcerária, posto que
essa situação, é fator chave para a formação de novas facções e consequentemente o conflito por territórios,
dificultando ainda mais a questão da segurança pública e aumentando os desafios para proteção das cidades.

MILTON SANTOS, SOCIÓLOGO BRASILEIRO


Segundo o sociólogo brasileiro Milton Santos, o fenômeno da globalização, embora tenha dinamizado o mundo,
foi excludente, uma vez que intensificou as desigualdades. Isto é, muitos não foram beneficiados com as inovações
técnicas ocorridas e tornaram-se marginalizados na sociedade, sendo privados de educação, renda e trabalho. Tal
situação faz com que, alguns indivíduos, no limite das escolhas, optem pela criminalidade.

LIVRO: SHOWRNALISMO, A NOTÍCIA COMO ESPETÁCULOJOSÉ ARBEX JÚNIOR, jornalista da USP


Arbex disserta eu seu livro que tratar a notícia como entretenimento é uma prática cada vez mais comum nos
veículos de comunicação, mas a culpa não é só da mídia, é também do espectador.
O mundo vive uma espécie de “Auschwitz do pensamento”, fabricada pelos meios de comunicação, isto é, quando
a mídia é capaz de disciplinar o pensamento das pessoas. A isso dá-se o nome de “espetacularização”.
Comentário: quando você observa os problemas da sociedade, a violência, o caos, os problemas urbanos, a mídia
trata isso como notícia ou entretenimento? Trata como realidade ou ficção? Arbex traz críticas contundentes ao
monopólio da informação e à sútil fronteira entre espetáculo e notícia.

THEODOR ADORNO, FILÓSOFO


Adorno chamava a atenção para a nossa incapacidade de lidar com o sentimento trágico. Para ele, assumir a
dimensão da tragédia exigia coragem, não medo.
Comentário: Adorno faz uma análise das grandes guerras ocorridas no século XX e o que resultou de cada uma
delas. Como a sociedade agiu. O interessante aqui é você se questionar sobre como a sociedade age hoje em
relação à violência. Será que ela se inquieta? Aceita? Normaliza?

CESARE LOMBOSO, PROFESSOR E CRIMINOLISTA ITALIANO


A principal ideia de Lombroso foi parcialmente inspirada pelos estudos genéticos e evolutivos no final do século
XIX e propunha que certos criminosos têm evidências físicas de um “atavismo” (reaparição de características que
foram apresentadas somente em ascendentes distantes) de tipo hereditário, reminiscente de estágios mais
primitivos da evolução humana.
Comentário: veja, Lombroso, desenvolve um estudo em que diz que pessoas com determinada aparência física são
tendenciosamente mais predispostas ao crime. Veja que a sociedade acaba por aceitar essa descrição de Lombroso
e demonstra isso no racismo, no número de presos pretos quando comparado a brancos, na marginalização, na
estereotipização do outro.

NECROPOLÍTICA, CONCEITO DO FILÓSOFO ACHILLE MBEMBE


Em 2003, Achille Mbembe escreveu um ensaio questionando os limites da soberania quando o Estado escolhe
quem deve viver e quem deve morrer. Para Mbembe, quando se nega a humanidade de outro qualquer violência
torna-se possível, de agressões até a morte.
Comentário: toda vez o que o Estado decide quem deve ou não defender, toda vez que deixa de pensar no bem
coletivo, toda vez que não combate algum mal, quando se nega a humanidade do outro, quando se age com
violência, fala-se em necropolítica.

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ESTATÍSTICAS

Fonte: Secretarias Estaduais de Segurança Pública e/ou Defesa Social; Fórum Brasileiro de Segurança Pública

Fonte: Secretarias Estaduais de Segurança Pública e/ou Defesa Social; Fórum Brasileiro de Segurança Pública

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Fonte: Secretarias Estaduais de Segurança Pública e/ou Defesa Social; Fórum Brasileiro de Segurança Pública

Ideias que podem ser construídas na conclusão


Agente: Estado
Detalhamento: garantidor dos direitos individuais e coletivos
Ação: inibir a conduta violenta e autoritária dos órgãos e agentes de segurança pública, além de pensar estratégias
que descontruam a cultura do estereótipo racial e social,
Meio/Modo: oferecendo treinamento íntegro e pacífico aos agentes de segurança e campanhas, eventos e
palestras à população em geral
Detalhamento Meio/Modo: que carreguem a missão de pensar o povo de forma individual, mas também coletiva
Finalidade: promover o exercício da cidadania, garantir a segurança e combater a violência urbana no país

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