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Percepções 2021
Programa de Pós-Graduação em Qualidade Ambiental
Organizadores:
Annette Droste
Catiuscia Marcon
Haide Maria Hupffer
Jairo Lizandro Schmitt
Associação Pró-Ensino Superior em Novo Hamburgo - ASPEUR
Universidade Feevale
AMBIENTE:
Percepções 2021
Organizadores:
Annette Droste
Catiuscia Marcon
Haide Maria Hupffer
Jairo Lizandro Schmitt
PRÓ-REITORA DE ENSINO
Angelita Renck Gerhardt
PRÓ-REITOR DE PESQUISA,
PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO
Fernando Rosado Spilki
EDITORA FEEVALE
Mauricio Barth (Coordenação)
Tiago de Souza Bergenthal (Revisão textual)
Tífani Müller Schons (Design editorial)
CDU 504.75
Universidade Feevale
Câmpus I: Av. Dr. Maurício Cardoso, 510 - CEP 93510-235 - B. Hamburgo Velho - Novo Hamburgo/RS
Câmpus II: ERS 239, 2755 - CEP 93525-075 - B. Vila Nova - Novo Hamburgo/RS
Câmpus III: Av. Edgar Hoffmeister, 500 - CEP 93700-000 - Zona Industrial Norte - Campo Bom/RS
Homepage: www.feevale.br
ORGANIZADORES
Annette Droste
Catiuscia Marcon
Haide Maria Hupffer
Jairo Lizandro Schmitt
- 08 -
APRESENTAÇÃO
Annette Droste
- 11 -
ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DE Cattleya intermedia GRAHAM (OR-
CHIDACEAE) NO RIO GRANDE DO SUL
Delio Endres Júnior, Márcio Hisayuki Sasamori, Paula Rodrigues de Almeida,
Daniela Müller de Quevedo, Marco Alésio Figueiredo Pereira e Annette Droste
- 37 -
EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA BIODIVERSIDADE
DOS RECIFES DE CORAIS: REVISÃO DA LITERATURA
Ana Valéria de Oliveira, Bruna Haubert, Bruna Saraiva Hermann,
Daiene Dorfey e Haide Maria Hupffer
- 63 -
IMPACTS OF GLOBAL WARMING IN SEXUAL DETERMINATION
OF MARINE TURTLES: A SYSTEMATIC REVIEW
Aline Belem Machado, Marco Antonio Mabilia Martins, Meriane Demoliner,
Rafael Nunes dos Santos e Jairo Lizandro Schmitt
- 79 -
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MEARIM: CENÁRIO DE
IMPACTOS E VULNERABILIDADES AMBIENTAIS
Rosângela Maria Paixão Pinheiro, Daniela Montanari Migliavacca Osório
e Daniela Müller de Quevedo
- 110 -
A PANDEMIA POR COVID-19 E OS IMPACTOS NA GERAÇÃO
E DESCARTE DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMÉSTICOS
Camila Favretto, Jenifer Panizzon, Marcos Tenedini,
Luciano Gonçalves e Haide Maria Hupffer
- 133 -
PRESENÇA DE SARS-COV-2 EM ESGOTO BRUTO: ANÁLISE DA
POSSÍVEL RELAÇÃO COM O NÚMERO DE CASOS ATIVOS DE
COVID-19 EM CIDADES DO VALE DO SINOS/RS
Michel Vinicius Flach, Júlia Carolina Illi, Maíra de Andrade Peixoto,
Catiana Masiero Bresolin, Delio Endres Júnior e Jairo Lizandro Schmitt
- 159 -
GESTÃO MUNICIPAL DE DESASTRES HIDROLÓGICOS
OCORRIDOS NO RIO GRANDE DO SUL
Eloir Dutra Lourenço, Fabrício Wilbert, Paula Santos,
Sabrina Antunes Vieira e Günther Gehlen
- 186 -
ENGENHARIA DE RESILIÊNCIA EM DESASTRES NATURAIS
HIDROLÓGICOS: UM ESTUDO NO RIO GRANDE DO SUL
Karin Luise dos Santos, Malisia Balestrin Lazzari e Márcia Lourenço
- 211 -
MUDANÇAS CLIMÁTICAS E SUAS CONSEQUÊNCIAS NA
PERCEPÇÃO DE ESTUDANTES DE LICENCIATURA
Crístian Yan Montana da Rocha, Márcia Isabel Käffer,
Vanessa Schweitzer dos Santos e Jairo Lizandro Schmitt
- 243 -
AUTORES
AMBIENTE: Percepções 2021
APRESENTAÇÃO
A presente obra reúne temas estudados por discentes e docentes da disciplina “Se-
minários Interdisciplinares em Ciências Ambientais” e por orientadores e membros de
equipes de pesquisas do Programa de Pós-graduação em Qualidade Ambiental da Uni-
versidade Feevale. A referida disciplina objetiva a articulação e a integração de conheci-
mentos, buscando a orientação de redação, análise e direcionamento de discussões para
o desenvolvimento de projetos de pesquisa interdisciplinares, visando à inovação, à atua-
lização do conhecimento, ao domínio metodológico e à execução dos projetos elaborados.
Visa-se, também, à formação de recursos humanos capacitados a elaborar e desenvolver
projetos de pesquisa interdisciplinares. A cada edição da disciplina, uma determinada te-
mática integradora norteia as abordagens em distintos projetos elaborados pelos grupos
participantes, formados pelos alunos e supervisionados pelos professores responsáveis
pela disciplina, trazendo os enfoques das diferentes áreas de conhecimento para o enten-
dimento dos processos.
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AMBIENTE: Percepções 2021
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Annette Droste
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ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO
DE Cattleya intermedia
GRAHAM (ORCHIDACEAE)
NO RIO GRANDE DO SUL
1 INTRODUÇÃO
Cattleya intermedia é uma planta que pode ser propagada por sementes em larga
escala sob condições de laboratório, crescendo rapidamente quando cultivada in vitro, o
que permite a obtenção de muitas plantas em um pequeno espaço e tempo de produção
(SASAMORI et al., 2015). Apesar de essas plantas serem produzidas para comercializa-
ção, as coletas irregulares ainda compõem uma das principais ameaças à manutenção das
populações naturais de C. intermedia, de forma que essas tiveram uma redução de 30%
nas últimas décadas e atualmente a espécie compõe o Livro Vermelho da Flora do Brasil
(MARTINELLI; MORAES, 2013) e a Lista das Espécies da Flora Ameaçada de Extinção do
Rio Grande do Sul (RS) (RIO GRANDE DO SUL, 2014).
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AMBIENTE: Percepções 2021
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O território brasileiro abriga uma importante flora de Cattleya Lindl., um dos mais
importantes gêneros comercialmente e também dentre os mais conhecidos dentre as or-
quídeas. Das 104 espécies atualmente aceitas para este gênero no Brasil, 97 (93,3%) são
endêmicas (VAN DEN BERG, 2020). Cattleya intermedia apresenta uma série de ameaças,
intrínsecas da família e do gênero, bem como aquelas relacionadas a suas características
e sua história.
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AMBIENTE: Percepções 2021
namental de beleza cênica aos hábitats entre os meses de agosto e outubro no RS (BRUS-
TULIN; SCHMITT, 2008). Assim como na maioria dos representantes de sua família botâni-
ca, as flores de C. intermedia apresentam três sépalas e três pétalas com simetria bilateral,
e, ao contrário de plantas melhoradas geneticamente ao longo de gerações, o fenótipo
das flores de indivíduos selvagens da espécie é caracterizado por apresentar peças florais
estreitas (observação do autor). Quando em floração, os indivíduos de C. intermedia selva-
gens no estado do RS são inconfundíveis, uma vez que as demais espécies deste gênero,
simpátricas, são bastante distintas, como pode ser observado detalhadamente no estudo
de Buzatto et al. (2010).
Os estados brasileiros com registro de C. intermedia são Rio Grande do Sul, Santa Ca-
tarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro (FLORA DO BRASIL, 2020; SPECIESLINK, 2021). A
espécie ocorre na Mata Atlântica, que, por sua vez, é considerada hotspot de biodiversidade
e que atualmente se encontra bastante degradado, restando apenas 8,5% de remanescen-
tes bem preservados no país (SOS MATA ATLÂNTICA, 2021). Além disso, a distribuição da
espécie também se dá para o bioma Pampa stricto sensu, no RS, o qual é considerado o se-
gundo bioma mais impactado do Brasil (IBGE; MMA, 2004; RIO GRANDE DO SUL, 2021a).
A distribuição restrita em biomas com alto grau de degradação e em uma das áreas
mais desenvolvidas economicamente do país faz com que as populações naturais de C.
intermedia estejam ameaçadas de desaparecimento (MARTINELLI; MORAES, 2013; FLORA
DO BRASIL, 2020; SOS MATA ATLÂNTICA, 2021). A espécie compõe duas listas vermelhas
regionais, a Lista das Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção do RS (RIO GRANDE DO
SUL, 2014) e de SP (SÃO PAULO, 2016), ambas na categoria Vulnerável – VU, assim como
o Livro Vermelho da Flora do Brasil (MARTINELLI; MORAES, 2013), indicando seu status
em nível nacional.
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AMBIENTE: Percepções 2021
a espécie tem sido amplamente explorada desde a década de 1940, na busca por exem-
plares de cor e forma ainda mais atrativos (HÜBNER, 2013). Estas informações indicam
especial atenção em estudos e na implementação de ações para a conservação da espécie
na região Sul do Brasil. As espécies de orquídeas ameaçadas de extinção podem ser pro-
pagadas por meio da cultura de tecidos em condições de laboratório, a partir de material
biológico coletado tanto de espécimes adultos quanto de indivíduos jovens germinados in
vitro. Assim, podem se obter indivíduos saudáveis, fenotipicamente uniformes e citogene-
ticamente estáveis, características desejáveis às plantas propagadas in vitro (SEENI; LA-
THA, 2000). Entretanto, para fins de conservação, a cultura in vitro pelo desenvolvimento
direto através de sementes é mais interessante, pois cada semente germinada apresenta
composição genética única, permitindo que exista variabilidade genética entre as plantas
(GRATTAPAGLIA; MACHADO, 1998; BENSON, 1999; PEDROSO-DE-MORAES et al., 2009;
PINTO; FREITAS; PRAXEDES, 2010).
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3 METODOLOGIA
Foram realizadas saídas de campo nos anos de 2017 e 2018 para que plantas de
C. intermedia fossem encontradas e se fizessem registros de suas populações (Fig. 1ª-B).
Os locais visitados foram selecionados a partir de registros realizados previamente, com
uso de bibliografia específica, bem como em pontos já conhecidos pelos autores. Como
a espécie está relacionada principalmente com Ficus organensis Miq. (Fig. 1C) e Erythrina
crista-galli L., a busca pelas orquídeas ocorreu em áreas onde estas duas espécies arbó-
reas estavam presentes e nas matas em seu entorno, pelo método de caminhamento. Os
pontos foram classificados em rural, urbano e parque, de acordo com as características
diretas do entorno do ponto de ocorrência das orquídeas. Como algumas populações es-
tavam em árvores localizadas na área urbana, estas foram consideradas naturais quando
não haviam indícios de cultivo artificial – em número de >10 plantas, contendo indivíduos
jovens; ocorrendo nos mesmos forófitos e galhos com indivíduos de Tillandsia L., Rhipsalis
Gaertn. e/ou Microgramma C. Presl (Fig. 1D-E), plantas normalmente associadas à espécie
e não cultivadas para ornamentação.
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Figura 1 - Registros das plantas de Cattleya intermedia durante as incursões ao campo. Planta adulta flori-
da (A); touceira da espécie com muitas hastes florais, mostrando o hábito (B); figueira em meio a campo de
criação de gado em área rural, a seta indica o local de fixação das plantas, na copa externa da árvore (C); C.
intermedia em hábitat, crescendo junto a Tillandsia sp. e Microgramma vaccinifolia (D); figueira em pátio de
residência em área urbana, a seta indica o local de fixação das plantas, na copa interna (E); e exsicata para
tombo em herbário (F).
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4 RESULTADOS
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tradas em área urbana (37,5%) estavam crescendo sobre Ficus organensis ou sobre outras
espécies arbóreas de grande porte próximas a esta espécie, nos pátios de residências ou
em terrenos baldios. O restante das plantas (18,7%) estava em pontos localizados em par-
ques, considerados unidades de conservação, como o Parque Natural Municipal Banhado
da Imperatriz, a Área de Relevante Interesse Ecológico Henrique Luís Roessler, de âmbito
municipal, o Parque Nacional da Lagoa do Peixe e a Estação Ecológica do Taim, de âmbito
federal.
Quadro 1 - Pontos de ocorrência de Cattleya intermedia registrados pelos autores, com a localização geo-
gráfica e o número de tombo das exsicatas no Herbarium Anchieta – PACA.
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Figura 2 - Registros de Cattleya intermedia ao longo das nove décadas decorrentes da primeira coleta veri-
ficada nas plataformas estudadas.
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média variou de 63,4% (Passo Fundo) a 83,6% (Torres). O ponto de ocorrência de C. interme-
dia com menor umidade relativa do ar média (Fig. 3B) se localizou na região de Porto Alegre
(70,5%). As áreas mais frias com pontos de ocorrência das plantas têm média de 15,5ºC, no
município de Pelotas, e as áreas mais quentes ficam em Torres, onde a média é de 19,6ºC.
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Figura 3 - Distribuição de Cattleya intermedia em relação aos fatores climáticos. Precipitação acumulada
mensal (mm – A), umidade relativa do ar média mensal (% - B) e temperatura média mensal (ºC – C).
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5 DISCUSSÃO
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finida, de acordo com a classificação climática de Köppen (ALVARES et al., 2013). Nesses
locais, a amplitude da precipitação acumulada mensal foi alta (80 a 150 mm), enquanto as
médias de umidade relativa do ar ficaram em um intervalo de aproximadamente 70 a 80%,
o que corrobora com Sanford (1968), que descreve que o comprimento do período seco e a
umidade atmosférica são mais importantes para a distribuição de orquídeas epifíticas do
que a precipitação absoluta.
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para esses fins. A Lei Estadual nº 10.350, de 30 de dezembro de 1994, instituiu o Sistema
Estadual de Recursos Hídricos (RIO GRANDE DO SUL, 1994), visando a regulamentar o Ar-
tigo 171 da Constituição do Estado do RS e definindo que o gerenciamento destas bacias
deveria ser garantido por comitês, denominados comitês de bacia (RIO GRANDE DO SUL,
1989). Dessa forma, de acordo com os dados encontrados no presente estudo e junta-
mente aos dados disponibilizados na literatura, o estado conta com 14 comitês de bacia
nas regiões hidrográficas do Guaíba e do Litoral, dos quais onze possuem em seu território
C. intermedia: Baixo Jacuí, Caí, Camaquã, Gravataí, Lago Guaíba, Sinos, Taquari-Antas e Gra-
vataí. Tais comitês poderiam atuar no desenvolvimento de estratégias de conservação da
espécie, juntamente às instituições de ensino superior e ao poder público.
A Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos (BHRS) foi aquela com mais pontos de ocorrên-
cia de C. intermedia. Estudos relacionados à composição e estrutura comunitária de epífitos
vasculares indicam que na BHRS a frequência da espécie em seus locais de ocorrência é
muito baixa (BARBOSA et al., 2015; BECKER et al., 2015; ROCHA-URIARTT, 2015) quan-
do comparada às frequências encontradas em estudos desenvolvidos na planície costei-
ra, onde a espécie não é considerada rara (WAECHTER, 1998; GONÇALVES; WAECHTER,
2002; GRAEFF et al., 2015). Nos trechos médio e inferior da bacia dos Sinos, estão localiza-
dos a maior parte das áreas úmidas e também os maiores centros urbanos (PLANO SINOS,
2009; COMITESINOS, 2021), de forma que, além das taxas de urbanização, há um aumen-
to da densidade populacional e da frota veicular, as quais causam impactos sobre a flora
epifítica (BECKER et al., 2017). Acredita-se, portanto, que o maior número de pontos de
ocorrência de C. intermedia na Bacia dos Sinos esteja relacionado à diversidade de hábitats
da espécie na área que compõe a bacia, já que a espécie é fortemente relacionada com as
áreas úmidas e com os maiores esforços amostrais nessa região.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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AMBIENTE: Percepções 2021
plantas, novos estudos que realizem coletas sistemáticas devem ser desenvolvidos para a
determinação do status das populações desta espécie. A mesma importância atribuímos
às séries históricas de dados abióticos, que permitiram estudar e fazer inferências sobre
as necessidades ecoficiológicas de C. intermedia.
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AMBIENTE: Percepções 2021
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AMBIENTE: Percepções 2021
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2
EFEITOS DAS MUDANÇAS
CLIMÁTICAS NA
BIODIVERSIDADE DOS
RECIFES DE CORAIS:
REVISÃO DA LITERATURA
1 INTRODUÇÃO
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AMBIENTE: Percepções 2021
Desde o início dos anos 80, os eventos de branqueamento em massa de corais au-
mentaram, em extensão e frequência, em resposta ao aquecimento constante das tempe-
raturas da água do oceano (WILD et al., 2011). Como reflexo, a frequência destes eventos
pode tornar-se maior e mais severa, expondo os recifes de corais a um ambiente cada vez
mais hostil, afetando de forma significativa o habitat, alterando a produtividade e distri-
buição de peixes e impactando em atividades como a pesca, por exemplo (REASER; PO-
MERANCE; THOMAS, 2000; BUDD et al., 2013). Tais alterações impactam de forma direta
comunidades que dependem economicamente das estruturas de recifes de corais, onde a
vulnerabilidade dos recifes de corais pode provocar, por conseguinte, a vulnerabilidade de
suas comunidades humanas (FOLKE, 2006).
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AMBIENTE: Percepções 2021
Nesse contexto, o presente estudo visa desenvolver uma análise reflexiva para com-
preender de que forma as mudanças climáticas (principalmente o aumento da temperatura
d’água e acidificação dos oceanos) afetam os corais de forma a reduzir sua biodiversidade.
Para facultar a referida reflexão do objetivo proposto, realizou-se uma revisão sistemática
da literatura na base de dados Scopus, submetendo à análise de conteúdo os artigos mais
citados. Os aspectos evidenciados dialogam entre si e versam, além dos aspectos biológi-
cos da biota, sobre aspectos socioeconômicos.
2 METODOLOGIA
Utilizando-se a base de dados Scopus foi realizada uma revisão sistemática baseada
em critérios pré-definidos. A escolha por esta base de dados ocorreu devido à sua abran-
gência internacional de periódicos e por dispor de funcionalidades que contribuem com
a análise dos artigos, como a identificação de publicações, autores, análise de citações,
dados geográficos, filiações a universidades e índice H (HIRSCH, 2005).
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AMBIENTE: Percepções 2021
nidos, também, os critérios de elegibilidade. Assim, para serem elegíveis para a presente
revisão sistemática, as pesquisas relatadas nas publicações precisavam ser experimentais
e enquadrarem-se no tema de biodiversidade e mudanças climáticas. Não houve restrição
linguística.
3 RESULTADOS E ANÁLISE
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AMBIENTE: Percepções 2021
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AMBIENTE: Percepções 2021
Pleistoceno. A diversidade beta está correlacionada com a distância apenas para compara-
ções entre os recifes modernos no Norte e nas assembleias fósseis, apoiando ainda mais
a mudança na distribuição das províncias biogeográficas na área de estudo.
Gatti et al. (2015) também avaliaram os efeitos geográficos nas mudanças das as-
sembleias de corais em virtude das mudanças climáticas. Os autores analisaram os da-
dos históricos mais antigos existentes do Mar Mediterrâneo: assembleias coralligenous
do Recife Mesco (Mar de Ligúria, noroeste do Mediterrâneo), incluindo: revisões observa-
cionais com informações desde 1937; análises quantitativas desde 1961 e reconstrução
descritiva dos principais impactos climáticos e antropogênicos atuando na área. Os recifes
coralligenous são um habitat biogênico profundo, endêmico do Mediterrâneo, moldados
pelo equilíbrio dinâmico entre a bioconstrução (algas vermelhas incrustantes, com uma
contribuição acessória de poliquetas, briozoários e corais escleractinianos) e processos de
destruição (espécies de moluscos e abrasão física).
Gatti et al. (2015) relatam que o recife rochoso foi investigado em 2008 usando dados
Multibeam echosounder (sonar de mapeamento do fundo do mar) e pesquisas de mergulho.
Um modelo de elevação digital foi extraído dos dados multibeam. Em relação aos dados
quantitativos, buscou-se observar se a quantidade de cobertura das espécies reduziu, au-
mentou ou se manteve constante. Segundo os autores, as mudanças mais percebidas por
dados qualitativos foram relatadas entre 1985 e 1996, quando Savalia savaglia e Alcyonium
coraloides desapareceram e algas nativas (Eunicella singularis), corais escleractinianos colo-
niais e ectoproctos ficaram escassos. Após esse período, espécies como Eriphia verrucosa,
Leptogorgia sarmentosa, Parazoanthus axinellae e Leptopsammia pruvoti se tornaram mais
abundantes e algas não características da região apareceram. Todas as análises quanti-
tativas foram consistentes ao indicar que a maioria das mudanças ocorreu entre 1990 e
45
AMBIENTE: Percepções 2021
1996. Até 1990, assembleias coralligenous dos Recifes Mesco eram, no geral, dominados
por Alcyonacea (Paramuricea clavata) e Ectoproctos.
Gatti et al. (2015) citam que, desde 1996, as assembleias passaram a ser dominadas
por algas filamentosas e grandes Hydrozoa. O aspecto mais óbvio de mudança climática
é, sem dúvida, o aumento da temperatura da água. O aquecimento tem sido considerado
como a principal causa da mortalidade em massa de Alcyonacea e outros organismos ben-
tônicos na área.
Outra forma de avaliar os efeitos provocados pelas mudanças climáticas e, mais di-
retamente, pelo aquecimento das águas dos oceanos, é verificar a presença de simbiontes
termotolerantes. Neste sentido, foi investigada por Hume et al. (2016) a origem de Sym-
biodinium thermophilum, permitindo avaliar se a simbiose emergiu como rápido resultado
evolutivo das condições extremas do Golfo Pérsico/Arábico (PAG), ou se esta espécie teve
origem em outro lugar.
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AMBIENTE: Percepções 2021
ram realizadas consultas a mais de 30 especialistas com experiência conjunta que atinge
uma ampla gama de grupos taxonômicos, ecossistemas e regiões, aliando-se a uma ex-
tensa pesquisa bibliográfica. Identificaram-se mais de 90 características biológicas, ecoló-
gicas, fisiológicas e ambientais que podem exercer influência na sensibilidade às mudan-
ças climáticas. Tendo como base essas estruturas, foram avaliadas a vulnerabilidade às
mudanças climáticas de cada umas das aves do mundo (9.856 espécies), anfíbios (6.204
espécies) e corais que constroem recifes de água quente (797 espécies).
Como evidenciado por Serrano et al. (2014), a estimativa dos refúgios de recifes pro-
fundos propõe que esses recifes podem operar como fontes locais de recrutamento para
recifes rasos após distúrbios. Para ensaiar esta hipótese, nove locos microssatélites po-
limórficos de DNA foram desenvolvidos e usados para mensurar a conectividade vertical
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AMBIENTE: Percepções 2021
Serrano et al. (2014) concluem que a maioria das colônias alojava um único tipo de
Symbiodinium (C3), descartando a zonação de simbionte de profundidade do tipo de sim-
bionte dominante como fator estruturante. Juntos, esses estudos sugerem que o potencial
de recifes rasos de se recuperar de refúgios em águas profundas em M. cavernosa é espe-
cífico da localização, variando entre e dentro de localizações geográficas, provavelmente
como efeito da hidrologia local.
48
AMBIENTE: Percepções 2021
49
AMBIENTE: Percepções 2021
Graham et al. (2006) evidenciam também os efeitos causados pelas mudanças cli-
máticas em recifes de corais, principalmente no que se refere à perda de corais vivos, ex-
tinções e perda de espécies funcionais de peixes nas ilhas Seychelles. A pesquisa realizada
baseou-se em 21 locais nas ilhas Seychelles em 1994 e em 2005, compreendendo mais
de 50.000m² de três habitats distintos de recifes de corais. Em uma análise do período
anterior ao evento El Niño, em 1994, identificou-se que os corais possuíam alta cobertura
de ramificações vivas e corais maciços, corais moles e alta complexidade estrutural. Em
contraponto, analisando os mesmos recifes, observou-se que a cobertura de corais caiu
para 7,5%, apresentando baixa complexidade, entulho, corais de galhos mortos e campos
de algas. Após o evento climático, notou-se o aumento considerável de macroalgas, apro-
ximadamente sete vezes mais que anteriormente ao evento.
A referida mudança que ocorreu no habitat, como resposta ao evento climático, im-
pactou diretamente na diversidade de peixes associados aos recifes. Dentre as espécies
mais afetadas pelo branqueamento, citam-se as famílias: Monacantídeos, Chaetodon-
tídeos e Pomacentrídeos. Conforme evidenciam Graham et al. (2006), possivelmente as
espécies Labrichthys unilineatus, Chaetodon lineolatus, Plectroglyphidodon johnstonianus e
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AMBIENTE: Percepções 2021
Thalassoma hardwicke foram extintas. Seis espécies foram criticamente reduzidas: Oxy-
monacanthus longirostris, Chaetodon trifascialis, Chaetodon melannotus, Chaetodon meyeri,
Plectroglyphidodon dickii e Chromis ternatensis, por serem dependentes dos corais para seus
principais processos vitais.
O estudo realizado por Graham et al. (2006) evidencia que os peixes pequenos em
geral foram perdidos, enquanto peixes grandes foram parcialmente perdidos. Tal evidência
deve-se ao fato de os corais perderem espaços que são considerados refúgio às espécies,
aumentando a competitividade e consequentemente a predação entre peixes grandes
e pequenos. Adicionalmente, cabe ressaltar que as espécies coralívoras são diretamen-
te impactadas, pois na ausência de corais vivos, perdem sua fonte alimentar. Em relação
aos motivos que podem levar os recifes a se recuperarem mais lentamente, Graham et al.
(2006) citam variações estocásticas, isolamento físico, perda de complexidade do habitat
e incapacidade de grupos de peixes herbívoros em controlar as algas. Graham et al. (2006)
complementam citando que, embora a pesca tenha um histórico no passado como um
estressor aos corais, as evidências elucidadas por meio desta pesquisa demonstram que a
perda de corais é causada principalmente por anomalias climáticas.
De acordo com McClanahan et al. (2007), é de suma importância que se avalie a es-
trutura da comunidade dos corais, resposta ao branqueamento, suscetibilidade das comu-
nidades ao branqueamento, bem como o risco relativo de extinções nos recifes de corais.
Para tal, foi realizado um estudo de campo de branqueamento de corais e comunidades de
corais, abrangendo 8 países, em 2005. Estes dados foram combinados com estudos no Sul
do Quênia e Nordeste de Madagascar em 1998 e Ilhas Maurício em 2004, para desenvolver
uma análise sinóptica da estrutura da comunidade dos corais do Oceano Índico ocidental.
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AMBIENTE: Percepções 2021
Para todos os locais australianos estudados por McClanahan et al. (2004), o limiar
de estresse térmico ocorre a 29,7ºC e o limiar de branqueamento a 30,7ºC. Em Mombaça
os limiares são ligeiramente inferiores, respectivamente a 29,25 e 30,25ºC. Em todos os
locais da Austrália, as temperaturas do verão excedem o estresse térmico e os limites de
branqueamento por períodos variáveis. Os mínimos de temperatura são consistentemente
mais quentes em Mombaça ao longo do tempo e os máximos não são tão quentes quanto
os locais australianos. O táxon do coral explica 52% da variação na resposta das colônias ao
clareamento entre essas duas regiões. Stylophora e Pocillopora foram consistentemente
suscetíveis, enquanto Cyphastrea, Goniopora Galaxea e Pavona foram consistentemente
resistentes em ambas as regiões. Conforme dados evidenciados, dois táxons, Acropora e
Porites ramificados, foram notavelmente mais afetados no Quênia do que na Austrália.
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AMBIENTE: Percepções 2021
Pavona foi notavelmente mais afetada na Austrália do que no Quênia. Os autores relatam
que, enquanto fatores múltiplos e não controlados dificultam a conclusão sobre a impor-
tância relativa de amostragem, o ambiente e fontes genéticas influenciam a resposta das
colônias aos estresses ambientais.
McClanahan et al. (2004) concluem que os dados obtidos sugerem que exista uma
relação consistente da resposta dos táxons ao aquecimento da água. Além disso, as pre-
visões sobre a resposta das assembleias de corais locais às mudanças de temperatura
e estresses precisam considerar a influência potencial do coral hospedeiro bem como a
composição taxonômica do Symbiodinium nos padrões de mortalidade e adaptação. Esses
padrões de suscetibilidade de táxons à água quente existem apesar da dominância conhe-
cida dos clados genéticos de Symbiodinium nesses dois locais. Essas observações sugerem
que os táxons ou a filogenia dos corais provavelmente são um melhor preditor dos padrões
de suscetibilidade das espécies ao aquecimento da água do que a identidade genética do
simbionte.
Graham et al. (2015) destacam que o branqueamento de corais, que ocorre em de-
corrência das mudanças climáticas, está entre as maiores ameaças atuais que acometem
os recifes de corais. O branqueamento provoca ampla perda de cobertura de corais vivos
e é largamente citado como efeito nocivo que ocorre em consequência do aquecimento
global. Graham et al. (2006) elucidam, também, a expulsão dos simbiontes fotossintéticos,
resultando na mortalidade de corais. Um fato histórico atribuído ao maior branqueamento
de corais é o El Niño, ocorrido em 1998, o qual afetou bruscamente os recifes das ilhas
Seychelles. Conforme dados evidenciados, os corais do oceano índico perderam de 75 a
99% de corais vivos (GRAHAM et al., 2006).
Segundo Baker et al. (2004), a resposta a longo prazo dos recifes de corais às mu-
danças climáticas depende da habilidade da simbiose dos corais construtores de recifes
em se adaptar ou aclimatar às temperaturas mais elevadas. Logo, os autores investigaram
se o branqueamento severo e a mortalidade podem selecionar combinações estáveis de
hospedeiro-simbionte termicamente tolerantes, aumentando a resistência dos recifes ao
branqueamento.
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AMBIENTE: Percepções 2021
Para isso, Baker et al. (2004) realizaram uma pesquisa molecular das algas dino-
flageladas (gênero Symbiodinium) hospedeiras dos corais escleractinianos de águas rasas
(menos de 7m de profundidade) de cinco localidades do Indo-Pacífico que foram diferente-
mente afetadas pelo evento El Niño – Oscilação do Sul (ENOS), ocorrido em 1997 – 1998,
causando o branqueamento de corais. Os simbiontes Symbiodinium foram distinguidos em
clado A, C ou D. Os autores observaram que, no Panamá, colônias contendo Symbiodinium
do clado D já eram comuns (43%) em 1995 e não foram afetadas pelo branqueamento
ocorrido em 1997, diferente das colônias contendo clado C. Em 2001, colônias contendo
clado D tornaram-se dominantes (63%) nos recifes da região. Além disso, os autores rea-
lizaram estudos nos corais do Golfo Pérsico (Árabe) que são sujeitos a altas temperatu-
ras (>30ºC) e verificaram que inclusive esses recifes foram severamente branqueados em
1998, quando as temperaturas em alguns locais excederam 38ºC. Os corais foram compa-
rados aos do Mar Vermelho, cuja temperatura costuma ser mais baixa, em torno de 29ºC,
e que não foram afetados com o branqueamento em 1998.
Logo, com os resultados, Baker et al. (2004) observaram que corais contendo o sim-
bionte termicamente tolerante Symbiodinium do clado D eram mais abundantes em recifes
após episódios de branqueamento severos e mortalidade. Ainda segundo os autores, é
possível que os recifes afetados possam reverter as comunidades simbióticas originais. Os
autores também verificaram que alguns corais (principalmente do gênero Porites) perma-
necem sendo comuns em recifes devastados, mesmo não contendo os simbiontes do cla-
do D. Ainda assim, propõem-se que as alterações dos simbiontes sejam uma característica
comum de eventos de branqueamentos e mortalidade e acredita-se que essas mudanças
adaptativas aumentarão a resistência desses recifes para recuperação em futuros epi-
54
AMBIENTE: Percepções 2021
Para Silverstein, Correa e Baker (2012), alguns corais construtores de recifes respon-
dem às mudanças ambientais através da alteração da composição de suas comunidades
de algas simbiontes (gênero Symbiodinium). Essas mudanças foram propostas como um
mecanismo potencial pelo qual os corais podem sobreviver aos estressores climáticos,
como o aumento da temperatura. Os métodos moleculares convencionais sugerem que
essa capacidade adaptativa pode não ser generalizada, devido ao fato de poucas espécies
de corais (aproximadamente 25%) terem sido associadas a múltiplos clados de Symbio-
dinium. No entanto, esses métodos podem falhar na detecção de simbiontes quando esses
estiverem em baixa abundância (geralmente menos de 10 a 20% da comunidade total de
algas simbiontes). Para determinar quando clados de Symbiodinium estão presentes, mas
não foram detectados usando técnicas convencionais, Silverstein, Correa e Baker (2012)
aplicaram o ensaio de PCR em tempo real para pesquisar Symbiodinium (nos clados A–D)
em um total de 321 amostras de 39 espécies de corais escleractinianos filogeneticamente
e geograficamente diversos, representando 28 gêneros e 14 famílias.
55
AMBIENTE: Percepções 2021
ou mais amostras e todos (100%) estavam associados a pelo menos três clados em uma
ou mais amostras.
Conforme resultados expostos, Silverstein, Correa e Baker (2012) citam que o clado
A foi detectado pela primeira vez em amostras das Bermudas (Madracis mirabilis, n=6), e
o clado D foi detectado pela primeira vez em Galápagos (Pavona gigantea, n=1; Pavona cla-
vus, n=4; Pocillopora damicornis, n=3). Em qualquer espécie de coral, a maioria das colônias
individuais (média de 68% de todas as colônias de uma dada espécie de coral) hospedava
mais de um clado de Symbiodinium. Em 23% (n=9 de 39) das espécies de coral examinadas,
todas as colônias analisadas hospedavam vários clados. Em média, para uma determinada
espécie de coral, 40% das colônias analisadas hospedavam dois clados, enquanto 24% hos-
pedavam três clados. As espécies de coral da região Indo-Pacífica estão mais associadas
aos simbiontes dos clados C e D do que as cinco espécies de coral do Caribe incluídas no
estudo, que estão mais associadas aos clados A e B.
Portanto, segundo Silverstein, Correa e Baker (2012), colônias que hospedam vários
clados de simbionte representam a maioria (média: 68%) das colônias individuais analisa-
das para uma dada espécie. Isso indica que a capacidade das colônias de coral de hospedar
vários clados é comum nas populações e não se limita a alguns indivíduos incomuns den-
tro de uma espécie de coral. A diversidade intraespecífica na simbiose entre coral e algas
pode fornecer um mecanismo pelo qual os corais dos recifes podem responder às rápidas
mudanças ambientais. Mudanças na composição das comunidades simbiontes dentro dos
corais podem permitir que os corais otimizem aspectos de sua fisiologia em resposta ao
estressor ambiental. Foi sugerido, no entanto, que essas mudanças simbiontes podem
ocorrer apenas em uma minoria de espécies de corais. Embora os corais dos recifes clara-
mente se associem preferencialmente a certos tipos de simbiontes dominantes, os resul-
tados do estudo mostram que muitas espécies de corais escleractinianas são capazes de
se associar a vários clados de Symbiodinium, incluindo membros dos clados C e D.
56
AMBIENTE: Percepções 2021
Com o estudo de Alvarez-Filip et al. (2013) foi possível verificar que mudanças nas
assembleias de corais resultam em perdas rápidas na calcificação e rugosidade, sendo
mais severamente afetadas com a perda do gênero Acropora e, em um menor grau, a Or-
bicella. A perda do gênero Acropora foi tão significativa que não houve recuperações nas
taxas de calcificação das comunidades e suas complexidades, resultando em recifes com
estruturas muito limitadas. Quando avaliados somente os efeitos do estresse térmico e
da acidificação dos oceanos no processo de calcificação e rugosidade, estes demonstram
resultados mais brandos, com mudanças comparativamente menores à mudança nos pa-
drões de dominância.
Sendo assim, segundo Alvarez-Filip et al. (2013), a mudança das principais espécies
de corais construtores compromete a complexidade estrutural do ecossistema e a esta-
bilidade a longo prazo da biodiversidade associada aos recifes. Apesar dos efeitos climá-
ticos não serem, em massa, os responsáveis pela perda de calcificação, as mudanças na
composição das espécies são, em partes, motivadas por estes estressores, influenciando
de forma sinérgica nas taxas de calcificação dos corais. É de conhecimento que simbiontes
mais termotolerantes resultam em taxas de calcificação mais reduzidas. Nesse cenário,
mudanças no clima e temperaturas mais elevadas (tornando necessária a simbiose com
termotolerantes) comprometerão ainda mais o potencial de calcificação das espécies.
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AMBIENTE: Percepções 2021
Figura 1 - Fluxograma dos efeitos das mudanças climáticas na biodiversidade presente nos recifes de corais
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AMBIENTE: Percepções 2021
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os efeitos das mudanças climáticas afetam os corais de maneiras diversas. Foi de-
monstrado que, ao longo dos séculos e após severos eventos climáticos, os recifes de
corais mudaram suas posições geográficas, migraram para regiões menos afetadas pelos
estressores climáticos, adaptaram-se a simbiontes mais termo tolerantes e reconstituí-
ram seus domínios para espécies mais resistentes. Contudo, e apesar de tais alterações
proverem, de certa maneira, uma resiliência aos corais, com sobrevida até mesmo após
fortes eventos de branqueamento, há de se avaliar as consequências de tais mudanças.
Fica evidente que certos simbiontes, bem como determinadas espécies de corais, são de-
ficientes em garantir uma taxa de calcificação adequada, afetando a forma estrutural dos
recifes e, além disso, mudanças na composição dos ecossistemas como, por exemplo, a
presença de macroalgas, que afetam de forma significativa as assembleias de corais.
Tais alterações são prejudiciais, também, à biomassa de peixes que, além do estres-
sor humano, perdem seu habitat, ocorrendo a extinção de determinadas espécies. Além
dos peixes, comunidades que dependem especialmente dos recifes de corais, de forma a
garantir a segurança alimentar, ficam vulneráveis a perdas significativas da biomassa de
peixes e assembleias de corais. Sendo assim, pode-se concluir, com base nos dados aqui
compilados, que corais e os recifes de corais possuem capacidades limítrofes de suporta-
rem os estresses causados pelas mudanças climáticas e, portanto, perdas na biodiversi-
dade são inerentes a este processo.
59
AMBIENTE: Percepções 2021
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62
3
IMPACTS OF GLOBAL
WARMING IN SEXUAL
DETERMINATION OF
MARINE TURTLES:
A SYSTEMATIC REVIEW
1 INTRODUCTION
2 THEORETICAL FUNDAMENTATION
Climate changes, like temperature, have been highly reported as having a profound
impact on the functioning of the ecosystem (HOEGH-GULDBERG; BRUNO, 2010). Specifi-
cally, in relation to fauna, species that presents temperature-dependent sex determina-
tion (TSD) are particularly susceptible to these changes.
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AMBIENTE: Percepções 2021
In sea turtles a variety of studies demonstrated that the pivotal temperature (PT),
temperature in which the probability of hatching male and female turtles are equivalent, in
general is around 29 °C (BRODERICK et al., 2001; GODFREY; MROSOVSKY, 2006; HAWKES
et al., 2009; POLOCZANSKA et al., 2009). Temperatures above 29 °C enhance the production
of female offspring, whereas temperatures under 29 °C enhance the production of male
offspring (TEZAK et al., 2017).
Unfortunately, six of the seven marine turtle species are considered critically endan-
gered, endangered, or vulnerable, according to the Red List (IUCN, 2021), and the increase
in the temperature is very concerning for the conservation of marine turtles (LALOË et al.,
2016). Associated with this, some studies showed that the feminization process occurs in
different species, in some cases at high rates (PORTER et al., 2021; BENTLEY et al., 2020).
65
AMBIENTE: Percepções 2021
Two investigations carried out in Brazil and Africa found an average percentage of
feminization of 94% and 79.15% in loggerhead turtles (Caretta caretta), respectively (MAR-
COVALDI et al., 2016; PEREZ et al., 2016). In El Salvador, Liles et al. (2019) investigated the
feminization rate in hawksbill turtles (Eretmochelys imbricata) for four consecutive years.
These authors found average percentages between 68.6% and 84.9%. Similarly, high per-
centages of feminization were also observed in green turtles (Chelonia mydas) and olive
ridley turtles (Lepidochelys olivacea), with mean feminization rates of 84 and 71.8% respec-
tively (KING et al., 2013; DORNFIELD et al., 2015).
According to While and Wapstra (2019), the main phenotypic target in the experi-
ments was offspring sex, because it was the main categoric variable that has a good sig-
nificance with other variables. In many turtles, sex is determined by temperature during
critical periods in embryonic development. In Mauremys reevesii (THE REPTILE DATABASE,
2019), high temperatures produce females whereas low temperatures produce males. So,
at a narrow range of pivotal temperatures (26–30 ºC) sex switches from male to female.
As a result, offspring sex may be particularly susceptible to subtle movements across this
narrow temperature window. When these studies are examined, they suggest that subtle
shifts in movement within an egg, in response to the internal thermal gradient, can have
significant phenotypic consequences.
Finally, according to Porter et al. (2021), their study indicated that beaches in Western
Australia, have heavy rainfall events that reduce nest temperature by 3 °C for as short as
66
AMBIENTE: Percepções 2021
three days can result in some male production. Previously, it was assumed that nest tem-
perature needed to remain within another specific temperature range in order for some
male production to occur. Prolonged rainy and cloudy weather have been associated with
increased male sea turtle hatchling production but short‐term drops in sand temperature
have only recently been considered a possible mechanism to increase male hatchling pro-
duction. These results are similar to those founded in laboratory by While and Wapstra
(2019), where capsazepine treated eggs (where thermoregulation was limited) exhibit-
ed greater male biased sex ratios compared to control eggs. This suggests that embryos
in control eggs moved towards warmer parts of the egg which, in turn, mediated sexual
development. However, the results from the semi natural nests, the effect of treatment
was highly dependent on the underlying incubation conditions. Subtle shifts in movement
within an egg, in response to the internal thermal gradient, can have significant phenotypic
consequences.
Therefore, given the problems above mentioned concerning the increase of tempera-
ture and the temperature-dependent sex determination of marine turtles, the aim of this
study was to identify the influence of global warming on the sexual determination of sea
turtles through a systematic review of the literature.
3 METHODOLOGY
67
AMBIENTE: Percepções 2021
With the aim established, we sought to identify the manuscripts about the subject,
therefore, researches were performed in Science Direct, Springer Link, and Wiley Online
databases from March 2021 to August 2021, with the following research strategies Turtle
global warming biodiversity, Turtle global warming sexual determination and Turtle global
warming pivotal temperature. It was defined that the group of keywords should be present
in the article title, abstract, and in keywords. The materials were limited to manuscripts
that presented an evaluation by double blind review, containing consistent information
content. The time cut begins in 1994, evolving until August 2021, and the non-related
articles were excluded from the search. Besides, the following marine turtle species were
considered in the research, non-marine turtles were not considered:
Finally, it is worth highlighting that the methodological analysis of the study is the
critical, in which presents an elaboration of critical judgment, positioning against the infor-
mation analyzed.
The total of references resulting from this research was 4548 demonstrated in Figu-
re 1. After the reading of the respective titles, abstracts, and references of all articles, 223
were selected. These selections occurred by analyzing the content of the bibliography to
the central theme. After the selection, the 223 manuscripts were fully read, and only 18
articles presented adherence to the central scope of the research.
68
AMBIENTE: Percepções 2021
From the 18 articles evaluated, it was evidenced that the marine turtle loggerhead
(Caretta caretta) was the most reported turtle, with 13 articles describing their sexual
determination worldwide. Table 1 describes the quantity of marine turtles studied in
the articles. The total number of evaluated turtles does not correspond to the number
of articles selected to this review, once some of them studied more than one species.
69
AMBIENTE: Percepções 2021
Table 2 express the localization of marine turtles of the selected articles. It is worth
noting that the studied turtles were more located in the South, more specifically in Brazil,
and Central America.
Loggerhead – C. caretta
Western Australia 79 Bentley et al, 2020
Loggerhead – C. caretta
Western Australia 56.0 Porter et al., 2021
Loggerhead – C. caretta
Southeast USA 65.8 Arendt et al., 2021
70
AMBIENTE: Percepções 2021
Regarding the methodologies used by the authors to evaluate the sexual determination
of marine turtles, only three articles used the direct method, which consists of capturing the
turtles and evaluating their gonads. Table 3 express the methods used in the manuscrip-
ts. While direct methods refer to observation that is made directly, indirect methods, as the
name suggests, use theories and calculations that make assumptions about the same object
of study.
Table 3 - Description of the methods used on the selected articles
Direct method
King et al., 2013 Register of the temperature and desiccation of turtles’ hatchling (histological evaluation of
gonads)
Direct method
Castheloge et al., 2018
Capture and biopsy of gonads
Direct method
Delgado et al., 2010
Capture and biopsy of gonads
Indirect method
Marcovaldi et al., 2016 Data that related the duration of incubation with sex ratio based in experiments with in-
cubator of constant temperature in previous studies
Indirect method
Liles et al., 2019 Data that related the duration of incubation with sex ratio based in experiments with in-
cubator of constant temperature in previous studies
Indirect method
Reneker; Kamel, 2016 Data that related the duration of incubation with sex ratio based in experiments with in-
cubator of constant temperature in previous studies (air temperature and precipitation)
Indirect method
Dornfield et al., 2015
Nesting temperature
Indirect method
Katselidis et al., 2012
Air, nest, and sand temperature
Indirect method
Fuentes; Porter, 2013 The microclimate submodel was used to estimate the soil temperature at nesting sites
“conservative”, “intermediate”, and “extreme”
Indirect method
Fuentes et al., 2017 Assessment of the study area, climatic processes at nesting sites, climatic scenarios, ge-
neration of indicators
Indirect method
Perez et al., 2016
Primary sex ratio
Indirect method
Tomillo et al., 2014
Measurement of nest temperature
Indirect method
Clarke et al., 2021
Nesting temperature
Indirect method
Tanabe et al., 2020
Evaluated sand temperature in two different depth nests
Indirect method
While; Wapstra, 2019
Sex ratio, measurement of nest temperature
Indirect method
Arendt et al., 2021
Nesting temperature, hastlings numbers
Indirect method
Bentley et al., 2020
Variation in thermal traits describing sex determination
Indirect method
Porter et al., 2021
short‐term and long-term temperature drops on sex‐determination
Source: Elaborated by the authors
71
AMBIENTE: Percepções 2021
King et al. (2013) evaluated the influence of the nest temperature on the thermo-
sensitive period (TSP) in the sex ratio of green turtles (Chelonia mydas). This study was
performed in three islands in Taiwan in 2010 and 2011. A total of 24 nests and 251 turtles’
hatchlings were examined. Only two of the 24 nests originated a bigger proportion of male
hatchlings, being both from the island in which the average temperature during the TSP
were under 29 °C. On the other nests, the average temperatures in the TSP were above 30
°C, and in all cases, there was a bigger percentage of female hatchlings.
Marcovaldi et al. (2016) estimated the sex ratio of loggerhead offspring nests (Caretta
caretta) in 21 beaches in Brazil for 25 years. It was verified a strong female bias (94%) in the
states of Sergipe (SE) and Bahia (BA), in which presented higher temperatures. A balanced
sex ratio (53% of female hatchlings) was estimated to the states of Espírito Santo (ES) and
Rio de Janeiro (RJ), in which presented lower temperatures. The findings of this study, in
general, evidenced a tendency to feminization of marine turtle populations in Brazil.
Some effects on sea turtles as increasing the number of females in the population
and producing lethal incubation conditions are consequences caused by an increased sand
temperature (SANTOS et al., 2017). Extremely high temperatures increase the frequency
of female production and that can result in a primary sex ratio of 100% female. However,
the emergence success can be minor, as observed in a population of leatherback turtles at
Playa Grande in the eastern Pacific, whereas the primary sex ratio was 85% female, in the
secondary the sex ratio was 79% of hatchlings (TOMILLO et al., 2014).
A study performed in the north of Africa evaluated different approaches to relieve the
climate change effects in sea turtles by altering nest environment. One nest was placed in
a shadow ambient; another nest was split into two and buried separately; and the control
group. When evaluated the sex ratio, control group had 69.02% of female hatchling, split
clutch with 45.38% and shadow clutch with 1.46%. By splitting the clutches, the reduction
incubation temperature (0.89 °C) was sufficient to alter sex ratios, which is evidenced
when comparing the female hatchling with the control group (reduction of > 20%). On the
other hand, the clutch shading reduced the temperature by 1.08 °C which resulted in a
decrease of 67.56% in female hatchling when compared to the control clutch (CLARKE et
al., 2021).
72
AMBIENTE: Percepções 2021
High temperature, besides increasing the ratio of female hatchlings produced, also
significantly affects the incubation period, which can have an average decrease of seven
incubation days (RENEKER; KAMEL, 2016). Based on this difficulty, a study performed in
Japan aimed to aid the hatchling efficiency by producing a shadowed environment, resul-
ting in an improvement in hatch and emergence success (KOBAYASHI et al., 2020). Also,
events of extreme rainfall can help in diminishing the temperature in the nests, therefore,
increasing the male hatchling. However, based on predictions of climate warming where
the temperatures may increase above the pivotal temperature, the rainfall could not be
sufficient to prevent female-biased hatchlings (LALOË et al., 2020). Another factor that
may contribute to female-biased sex ratios is the depth that the nests are buried. A study
performed in the Red Sea, in Egypt and Saudi Arabia, evaluated two different depths (30
and 50 cm) of nests of hawksbill and green turtle. The female hatchling ranged from 17.5
% to 97% at 30 cm depth and 8% to 99% at 50 cm depth. However, the study was conduc-
ted during the summer, which is characterized by high air temperatures, reaching 39 °C,
and low rainfall, about 2.5 mm. All these factors contribute to a female hatchling, once
the sand temperatures were 36 and 35.3 °C at 30 and 50 cm depth, respectively, and the
pivotal temperature is around 39 °C, resulting in a feminization (TANABE et al., 2020).
One study performed with green sea turtles at Akumal, Mexico, showed that the
temperatures at cloaca depth at the time of nesting are significantly correlated to hatching
success and female turtles selected lower temperatures than those along the crawl, the
variable may be an important cue for females (SANTOS et al., 2017). Another study sug-
gests that repeatability of nest sites may indicate that females are selecting sites to ma-
nipulate offspring sex ratios or may be a result of larger females producing larger clutches
and having the ability to travel further from the water’s edge (PINTUS et al., 2009)
The cloaca depth sand temperatures in the preferred medium temperature range
(27.6–28.3 °C) were associated with significantly higher hatching success to green turtles
(SANTOS et al., 2017). To leatherback turtle the optimal range of mean temperatures is
between 28.2 °C and 30.0 °C (TOMILLO et al., 2014).
Researchers estimate that sea turtle population appears to have medium to high
resistance under future expected climate change (PATRÍCIO et al., 2019). Temperature-de-
pendent sex determination population has been shown to be more resilient to increased
73
AMBIENTE: Percepções 2021
nest temperatures; such fact confers to sea turtle a better resilience to high temperatures.
This evolutionary advantage occurred because the sea turtles increase the production of
female offspring when high temperatures increase mortality of early stages (TOMILLO et
al., 2015). Today, female turtles can decide to lay their clutches at higher elevations to be
safer from flooding. In addition, they look for cooler conditions, as the forest region and,
also later season, because they may have enhanced fitness under climate change scenar-
ios. That suggests that nest site choice is an adaptive behavior that has been under se-
lection (PATRÍCIO et al., 2019). However, in the future, this mechanism can be not enough
with the temperature projected by current climate change models (TOMILLO et al., 2015).
To mitigate the climate change effect, the clutch relocation has been alternative to
the future, as a management tool to reduce egg loss. However, there is a reduction in hat-
ching success in 20% in comparison to in situ clutches. This reduction to hatchling success
can be caused by the physical handling of eggs during relocation, because probably this
action may cause shock to developing embryos (PINTUS et al., 2009). The researchers re-
commend that a large proportion of clutches remain under natural conditions whenever
possible, and the site change may only be done under extreme conditions, because the
nature clutches which provide important ionic conditions, sand characteristics for gas ex-
change, water balance, magnetic, and other signals important for setting migration cues
for returning adults, allowing adaptation to the changing climate (TOMILLO et al., 2014).
5 FINAL CONSIDERATIONS
Although there are many studies about marine turtles, there are few studies focusing
on the influence of global warming on the sexual determination of turtles. However, it is
possible to observe an increase of the female population over the years caused by high
temperatures that influence the nesting sand. In addition, global warming could lead to
extinction risk, not only because of the risk of a 100% female population, but also because
high temperatures increase mortality of early stages. The sea turtles have shown an evo-
lutionary advantage under the actual situation. However, this adaptive behavior can be not
enough with the climate changes levels projected to the future. Moreover, of the seven
species of turtles, only Caretta caretta has a reasonable number of studies on the subject
74
AMBIENTE: Percepções 2021
and the lack of studies on the species Lepidochelys kempi and Natator depressus is worrying.
Therefore, it is necessary more studies involving all species of sea turtles, focusing on the
influence of global warming on the sexual determination of turtles so that actions could be
developed to mitigate the climate change effect while there are no measures more effec-
tive to stop climate change.
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78
4
BACIA HIDROGRÁFICA
DO RIO MEARIM:
CENÁRIO DE IMPACTOS
E VULNERABILIDADES
AMBIENTAIS
1 INTRODUÇÃO
Nesse âmbito, estudos em bacias hidrográficas deixam de ser tão somente unilate-
rais, do ponto de vista da natureza e composição física – uma estrutura geomorfo-hidro-
lógica, como expressam Guerra (1987), Garcez e Alvarez (2004), entre outros –, e passam
a receber também análises sistêmicas, compreendidas enquanto unidades de paisagem,
ecossistemas ou geossistemas, sendo essa a episteme que gravita em torno da compo-
sição dos arranjos e estruturas nas ciências ambientais. Essa postura científica é con-
solidada entre proposições manifestadas através da ecodinâmica de Tricart (1977); nas
classificações de Sotchava (1977, 1978) e Bertrand (1972), entre outras, como destacou
Fierz (2008).
1
Representada em quantidades, volumes e/ou avanço sobre áreas, territórios e regiões, enquanto matérias-
-primas para atividades industriais, produções agropecuárias (pastos, rebanhos, monoculturas de grãos e
tantas outras plantas e vegetais cultiváveis), áreas urbanizadas e suas infraestruturas de engenharias, como
vias de circulação (rodovias, hidrovias, portos etc.), construções prediais, reservatórios e redes de aquedutos,
usinas de energia elétrica, entre outras.
80
AMBIENTE: Percepções 2021
81
AMBIENTE: Percepções 2021
atuais e oportunidades de assegurar o futuro para as próximas gerações. Análise essa que
está presente em compêndios científicos de Silva e Tundisi (2018) que, entre outros estu-
dos, tratam da problemática da água no mundo, apontando a necessidade de implantar re-
des de apoio, com integração de laboratórios e outras pesquisas, explicitando a importância
82
AMBIENTE: Percepções 2021
Para esse estudioso, a Teoria Geral dos Sistemas (General Systems Theory) chega à
Geomorfologia pelos trabalhos de Arthur Strahler (1950, 1952), seguido das contribuições
importantes de Jonh T. Hack (1960), Richard J. Chorley (1962) e Alan D. Howard (1965).
Mas a busca de sistematização dessa teoria, enquanto conhecimento universal, emergiu
simultaneamente em várias disciplinas na primeira metade do século XX, especialmente
na década de 20, em estudos da Biologia, Psicologia/Gestalt, Ecologia e Física Quântica,
fatos que estão presentes em considerações realizadas por outros estudiosos, como Leff
(2001), Lopes, Silva e Goularth (2015), Paz e Rosário (2018), entre outros.
83
AMBIENTE: Percepções 2021
84
AMBIENTE: Percepções 2021
[...] qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio am-
biente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das ativida-
des humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I - a saúde, a segurança e o
bem-estar da população; II - as atividades sociais e econômicas; III - a biota; IV - as
condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V - a qualidade dos recursos
ambientais (BRASIL, 1986).
Na discussão posta por alguns desses estudos, ressaltamos Trepl (2002), que traz
profunda e consciente discussão em torno do termo “impacto ambiental”, explicitando ar-
gumentos sobre pressupostos científicos até a construção do termo enquanto ideia polí-
tica e conduzindo-nos a refletir, ao destacar que o arcabouço da episteme ambiental não
traz como “evidência” que, antes das “intervenções” no “meio ambiente” “natural”, deva-
-se estudar o “impacto” dessas ações. Ideia relativamente comum, na atualidade, entre
proposições de EIA – Estudos de Impactos Ambientais, explicitando entre as razões: 1
– pode-se achar que é desnecessário (para os que acreditam que o meio ambiente é mui-
to resistente); 2 – o próprio conceito de “meio ambiente” é ambíguo; 3 – por si só, não é
evidente que “haja” realmente um meio ambiente. E segue fundamentando entre fatos e
situações, postos como exemplos em uma linha de tempo histórico da humanidade.
No contexto, o estudioso explica que, cerca de 200 anos atrás ou 25 anos mais atuais,
muitos dos termos e denominações pelas quais hoje tratamos a natureza antes não exis-
tiam, sob a perspectiva ambiental, entre eles: “meio ambiente”, “destruição do meio am-
biente”, “catástrofes ambientais”. Esses termos não eram utilizados de forma comum ou
vistos como ameaças. A exemplo das epidemias como a peste negra, na Idade Média; os
acontecimentos durante a conquista da América Central e do Sul foram situações em que a
85
AMBIENTE: Percepções 2021
morte dizimou um povo que, no período de uma geração, decresceu para uma fração. Acon-
tecimentos (síndrome de causas) que atualmente seriam relacionadas como “ecológicos”,
“guerra ambiental”, “catástrofe ambiental” e, naquele tempo, não tinha como imaginar e
relacionar de que o “meio ambiente” estaria entrando em “colapso”2, assim foram tratados
apenas como consequências de guerra, fome, seca, epidemia (saúde) e problemas de higie-
ne etc.
Situação bem diferente no século XXI, com a pandemia da COVID -19 e todas as cepas
em evolução e circulação na sociedade de humanos. Pandemia viral que até agosto de 2021
havia dizimado 4 milhões de vidas humanas no mundo e 574 mil no Brasil, ao longo de dois
anos (PAHO.ORG, 2021), e tem, como pano de fundo, várias discussões quanto a sua origem
e causas. No cenário mundial, ambientalistas e cientistas das mais diferentes áreas, insti-
tuições e movimentos expressaram suas posições, convergindo para o pensamento geral
de que essa situação – intensidade de carga viral e poder transmutante e letal do vírus – é
uma resposta da natureza ao nível de destruição realizada pela humanidade. Aqui ilustrados
nas reflexões realizadas por Ailton Krenak – brasileiro da nação Krenak, ativista do movi-
mento socioambiental e de defesa dos direitos indígenas – na publicação “O amanhã não
está à venda” (KRENAK, 2020), e Fritjof Capra – cientista, físico, Diretor do Centro de Alfa-
betização Ecológica, na Califórnia (EUA) – em entrevista a um periódico semanal (MENA,
2020). O primeiro expressou que o vírus é como um organismo do planeta, respondendo
ao pensamento doentio dos humanos, atacando a forma de vida insustentável adotada por
livre escolha. Liberdade a qual faz a crítica, que todos querem o que ela pode proporcionar,
mas sem perguntar qual o preço. E o segundo interpreta a pandemia da Covid-19 como
uma resposta biológica da Terra diante das emergências sociais e ecológicas amplamente
negligenciadas.
2
Alguns termos ambientais aqui estão entre aspas pois indicam ser, nas considerações do autor, estranhos àque-
le tempo histórico; ou seja, não existiam para expressar os problemas que as sociedades de então vivenciavam.
86
AMBIENTE: Percepções 2021
Tritin (2002) não explicita conceito sobre impacto ambiental, mas discute a incompa-
tibilidade existente no cenário econômico; no desenvolvimento humano e na relação com
natureza em escala mundial, extrapolando fronteiras no que diz respeito aos riscos am-
bientais. Tendo, por um lado, países do Sul e do Leste, seguindo a postura do crescimento
desenfreado em detrimento da proteção ambiental, e, de outro, os países industrializados
do Oeste, com a exportação de danos ambientais para as regiões mais pobres do globo,
ainda que tenham elaborado leis ambientais e procedimentos para a preservação do meio
ambiente. Assim, traz, em seu posicionamento quanto ao impacto ambiental, a neces-
sidade de construção de novos pactos que ultrapassem essas fronteiras e que realizem
controle social local dos meios de produção, dos fluxos financeiros e das rotas de comércio
para que seja concretizada uma nova ordem na economia mundial, com “desenvolvimento
duradouro” em todo o mundo, consolidando o novo pacto de validade internacional.
87
AMBIENTE: Percepções 2021
Pelo exposto, consideramos que a consolidação e uso dos termos “impacto” e “vul-
nerabilidade” ambiental têm relação e semelhanças em pressupostos nas ciências am-
bientais. O primeiro evidencia alterações (químicas, físicas ou biológicas) no meio ambien-
te relacionadas às intervenções antrópicas, a partir das suas atividades socioeconômicas.
Enquanto o segundo termo está relacionado à capacidade suporte de um ambiente, siste-
ma e suas comunidades de seres vivos de reagir às alterações e/ou transformações do seu
meio ambiente. Mas, ainda que esta (vulnerabilidade) se dê independente de intervenções
humanas, fica claro, diante da complexidade ambiental, que é incompatível qualquer análi-
se ou avaliação que menospreze as relações homem-natureza (relações socioambientais).
A Bacia Hidrográfica do Rio Mearim tem em destaque três cursos fluviais de consi-
derável extensão. Informações técnicas do IBGE (1997) identificam no curso principal – rio
Mearim – nascentes na serra da Menina, aproximadamente 650 metros de altitude, em
terras dos municípios de Formosa da Serra Negra, Fortaleza dos Nogueiras e São Pedro
dos Crentes e, após percorrer 930 km de extensão, deságua na baía de São Marcos, no
88
AMBIENTE: Percepções 2021
Golfão Maranhense, entre os municípios de São Luís e Alcântara. Os outros dois grandes
rios – Pindaré e Grajaú – são afluentes pela margem esquerda. O rio Pindaré com 466,3
km de extensão, nascentes na serra do Gurupi (na região de Montes Altos e Amarante do
Maranhão), a 300 metros de altitude e desagua na confluência, apenas 20 km da foz, em
área da cidade de Vitória do Mearim; enquanto o rio Grajaú tem nascentes na serra da
Cinta, 450 m de altitude, extensão de783 km até confluir com o curso principal, na região
dos lagos da Baixada maranhense, através do canal Rigó no Golfão Maranhense.
Esses dois afluentes confluem com o rio Mearim pela margem esquerda, onde estão
dispostos os subafluentes, pelo rio Pindaré. Os rios Buriticupu, Negro, Paragominas, Zitiua,
Água Preta e Santa Rita são subafluentes do Mearim através do rio Pindaré; enquanto os
riachos e rios, como: Brejão, Derrota, Santana, rio Grajauzinho, riacho S. Domingos, riacho
as Cunhãs, Igarapé da Cigana, entre outros, figuram entre os subafluentes através do rio
Grajaú, de acordo com cruzamento de informações do relatório técnico Maranhão/Sema-
tur (1991) e dados da plataforma Hidroweb (ANA, 2021).
89
AMBIENTE: Percepções 2021
A divisão por trechos de uma bacia hidrográfica – em alto, médio e baixo curso ou a
organização do sistema de drenagem organizado de forma hierárquica, entre outros – tem
fundamento básico nos processos hidromorfológicos, como apontam estudiosos da Geo-
morfologia, entre eles Penteado (1983), Christofoletti (1986), Casseti (1994), Coelho Netto
(1995), entre outros – dos clássicos aos contemporâneos.
A partir dessa condição, relatórios técnicos da CPRM (CORREIA FILHO et al., 2011), e
do IBGE (1997), apresentam para a Bacia Hidrográfica do Rio Mearim, os aspectos a seguir:
O alto curso, das nascentes até a confluência do rio Corda ou Capim, na cidade de Barra do
Corda, é o trecho com predominância de morfologias de chapadas, superfícies em tabu-
leiros e superfícies colinosas, cobertos com vegetação de Savanas (Cerrado stricto sensu),
entremeados com riachos e ribeirões de pequeno volume, como: Bem Aceito, da Barra,
Prata, Brejão, Água Boa, Midubim, Porção dos Ovos, com descarga reduzida, muitos deles
com descarga fluvial intermitente, mas a cerca de 160 km, recebendo contribuições dos
rios perenes – rios Corda e Enjeitado. Sendo um importante afluente do curso principal,
pela margem direita, o rio Corda traz em suas características: nascente na serra Branca,
450 m de altitude, extensão de 240 km com águas rápidas e límpidas.
De acordo com Porto, Motta e Souza (2019), o Médio Mearim está localizado entre
a barra dos rios Flores e Seco das Almas/Porto das Mulatas, com extensão de 156,7 km
(Trizidela do Vale; Esperantinópolis, Bacabal). Nesse trecho, a largura do canal principal é
muito variável, de 40m a 90m (CORREIA FILHO et al., 2011), largura entre 50 e 100m, com
declividade média de 11cm/km, com desnível total de cerca de 20m (CUNHA, 2003 apud
PORTO; MOTTA; SOUZA, 2019), sendo aí a navegação dificultada pelo acúmulo de depósi-
tos aluviais que reduz a profundidade. Nesse trecho da bacia hidrográfica, predominam re-
levos e superfícies dissecados e acentuado processo erosivo, por onde a rede de drenagem
do curso principal – rio Mearim e os afluentes, rios Corda e Grajaú – esculturam a paisa-
gem, percorrendo em forma de meandros, entre relevos residuais, com topos preservados
por uma fina cobertura argilosa, assim correspondendo em parte à área de distribuição das
unidades Relevo Dissecado do Médio Mearim e Superfície Dissecada do Pindaré, de acordo
com a compartimentação geomorfológica realizada por Lima (2013).
A CPRM indica que baixo Mearim estende-se desde Porto Seco das Mulatas até a foz,
na baía de São Marcos, onde se bifurca em dois braços que contornam a Ilha dos Caran-
90
AMBIENTE: Percepções 2021
guejos, sendo sua maior característica, nesse trecho, a existência de meandros (CORREIA
FILHO et al., 2011). A partir de Arari, no Golfão Maranhense, suas margens tornam-se
alagadiças e pantanosas. Relacionando a compartimentação de Lima (2013), esse trecho
dispõe-se sobre as unidades geomorfológicas denominadas Relevo Dissecado do Baixo
Curso e Planície Flúvio-Lacustre e Marinha, apresentando “relevo baixo em pequenos tes-
temunhos que variam em altitudes entre 1 e 50 metros. Com planícies flúvio-lacustres
constituídas por material síltico-argiloso e material arenoso e areno-argiloso, nas mar-
gens próximas à foz da bacia”, “a planície marinha se estabelece na margem direita da
desembocadura, caracterizada pelos cordões arenosos e pelo mangue” (LIMA, 2013).
91
AMBIENTE: Percepções 2021
92
AMBIENTE: Percepções 2021
De acordo com Maciel (2017), para o conhecimento adequado dos processos hidro-
lógicos é essencial a análise do regime de vazões que permite o equacionamento da oferta
e volume de água dos cursos d’água, utilizado em tomadas de decisões orientadas à racio-
nalização e preservação deste recurso.
93
AMBIENTE: Percepções 2021
Cursos
Área P médio C= Q MLT/P
N da Código Estação Q MLT (m3/s)
(Km2) (mm) (m3/s)
Bacia
1 33330000 Fortaleza 961578312 3.547 1224 13,4560263
2 33340000 Gado Bravo 1017358273 3.720 1224 14,23659364
ALTO
3 Grajaú+Grajaú II 494519,6632 4.520 1170 48,85399341
4 33205000 Fazenda Remanso 414142,8241 3.687 1125 40,91350112
6 33025000 Vale do Pindaré 2,05316E+50 5.503 1398 17,22231696
7 Rio Corda+Rio Corda II 382689,2111 3.072 1150 37,80617353
8 33250000 Barra do Corda 927564,6098 13.097 1161 91,63484841
MÉDIO
10 33260000 Santa Vitória 5049368226 15.681 1178 70,65928047
11 33270000 Flores 271678313,7 1.309 1186 3,801781393
12 33360000 Madail 4371390038 12.907 1217 61,17186566
13 33170000 Esperantina 4,01854E+50 5.527 1456 33,7083717
14 33190000 Pindaré Mirim 4,08239E+51 34.944 1522 36,74866802
15 BAIXO Pedreiras + Pedreiras II 9379951354 24.193 1226 131,260107
16 33290000 Bacabal 10133296299 25.267 1238 141,8021807
17 33380000 Aratoí Grande 9961539661 20.380 1354 139,8867197
N – Indicação de estações fluviométricas; Q MLT – Vazão média
Fonte: Elaborado pelas autoras, baseado em dados do Relatório Técnico de Regionalização da Sub-bacia
33 (CPRM, 2002)
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AMBIENTE: Percepções 2021
Cursos
P médio
N da Código Estação Q MC (m3/s) Área (Km2) C= Q MC
(mm)
Bacia
1 33330000 Fortaleza 12803072,04 3.547 1224 251,8033393
2 33340000 Gado Bravo 27017824,64 3.720 1224 531,370787
ALTO
3 Grajaú + Grajaú II 1,25706E+64 4.520 1170 454,9941725
4 33205000 Fazenda Remanso 6,23279E+63 3.687 1125 225,5962568
6 33025000 Vale do Pindaré 1,86753E+82 5.503 1398 97,68569165
7 Rio Corda + Rio Corda II 363448,1173 3.072 1150 47,21901296
8 33250000 Barra do Corda 6,22605E+63 13.097 1161 225,3522024
MÉDIO
10 33260000 Santa Vitória 7,65442E+63 15.681 1178 277,0522227
11 33270000 Flores 179800,5186 1.309 1186 23,35960102
12 33360000 Madail 28915282,21 12.907 1217 568,6888737
13 33170000 Esperantina 5,56385E+82 5.527 1456 291,0305439
14 33190000 Pindaré Mirim 2,78841E+83 34.944 1522 1458,545282
15 BAIXO Pedreiras + Pedreiras II 1,39295E+64 24.193 1226 504,1792282
16 33290000 Bacabal 1,66413E+64 25.267 1238 602,3348389
17 33380000 Aratoí Grande 46090700,14 20.380 1354 906,484957
N – Indicação de estações fluviométricas; Q MC – Vazão média de cheia anuais
Fonte: Elaborado pelas autoras, baseado em dados Relatório do Técnico de Regionalização da Sub-bacia 33
(CPRM, 2002)
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AMBIENTE: Percepções 2021
P mé-
Cursos Q mim, 270 Área C= Q mim, 270
N Código Estação dio
da Bacia média (m3/s) (Km2) média (m3/s)T/P
(mm)
1 33330000 Fortaleza 2733219,388 3.547 1224 5,842713
2 33340000 Gado Bravo 2927839,154 3.720 1224 6,258745
ALTO
3 Grajaú + Grajaú II 3587918,042 4.520 1170 7,669774
4 33205000 Fazenda Remanso 128080,883 3.687 1125 18,10062
6 33025000 Vale do Pindaré 6486720,185 5.503 1398 13,86645
7 Rio Corda + Rio Corda II 3.072 1150
8 33250000 Barra do Corda 294110,9701 13.097 1161 41,56428
MÉDIO
10 33260000 Santa Vitória 335146,224 15.681 1178 47,36345
11 33270000 Flores 1.309 1186
12 33360000 Madail 17483270 12.907 1217 37,37341
13 33170000 Esperantina 7003118,685 5.527 1456 14,97034
14 33190000 Pindaré Mirim 6,46049E+54 34.944 1522 111290,6
15 BAIXO Pedreiras + Pedreiras II 461842,4552 24.193 1226 65,26839
16 33290000 Bacabal 480335,983 25.267 1238 67,88193
17 33380000 Aratoí Grande 4,34086E+53 20.380 1354 7477,483
N – Indicação de estações fluviométricas; Q min – Vazão mínimo.
Fonte: Elaborado pelas autoras, baseado em dados do Relatório Técnico de Regionalização da Sub-bacia
33 (CPRM, 2002)
96
AMBIENTE: Percepções 2021
Unidades Sistemas
Características Características
Geoambientais Naturais
Planos rampeados em níveis altimétricos
que variam de 200 a 500 m. Morros resi-
Patamar das
duais. Domina um clima regional subúmido
Cabeceiras do
com pluviosidade anual variando de 1.000 a
Mearim
1.200 mm e a cobertura vegetal é a Savana
Parte centro-leste da Parque mais a Savana Arbórea Aberta.
área estudada, esta Basaltos da Formação Mosquito; Formação
região, que engloba Sambaíba. Cotas altimétricas 650m na par-
Patamar de
seis sistemas naturais, te leste; Pluviosidade anual entre 1.300 e
Porto Franco/
marca a transição dos 1.600 mm; vegetação Savana em suas três
Fortaleza dos
climas úmidos para fisionomias: Savana Arbórea Aberta e Densa,
Chapadas, Tabulei- Nogueiras
os semiáridos, com e Savana Parque. Ocorrência da atividade
ros e Depressões na
a dominância do tipo agropecuária.
Região da Savana
climático subúmido. Unidade atípica [...]. Várzeas e terraços flu-
Essa transição também viais, dispostos ao longo dos rios principais,
é marcada pela área compostos por aluviões holocênicas e su-
de Tensão Ecológica da jeitos a inundações durante as enchentes.
Savana com a Floresta Cobertura vegetal – domínio Formações
Estacional. Planícies Flu-
Pioneiras com influência fluvial – devastada
viais
pela agricultura de subsistência e/ou pasta-
gem. Ambiente instável com vulnerabilidade
alta e muito alta. Os principais rios onde as
planícies são representadas são o Pindaré,
Grajaú e Mearim.
Posicionada na parte
centro-leste da área
Na parte central, caracteriza-se por relevos
estudada, esta região,
planos com dissecação em lombadas e em
que engloba seis sis-
amplos interflúvios tabulares, talhados em
temas naturais, marca
coberturas detríticas com níveis lateríticos,
Chapada, Tabuleiros a transição dos climas
com [...] cotas altimétricas de 80 a 300 m. A
e Depressão na área úmidos para os semiá-
Chapada de leste, [...] arenitos friáveis da Formação Gra-
de Tensão Ecológica ridos, com a dominân-
Barra do Corda jaú com relevo dissecado em colinas [...], as
da Savana/Floresta cia do tipo climático
litologias basálticas da Formação Mosquito.
Estacional subúmido a semiárido.
Pluviosidade anual de 1.000 a 1.300 mm.
Essa transição também
Savana com a Floresta Semidecidual com
é marcada pela área
trechos devastados para agropecuária e agri-
de Tensão Ecológica da
cultura de subsistência.
Savana com a Floresta
Estacional.
97
AMBIENTE: Percepções 2021
Unidades Sistemas
Características Características
Geoambientais Naturais
Topos planos e vertentes disse-
Na parte central ocorrem dois cadas em coberturas detríticas,
planaltos dissecados, variação níveis lateríticos, idade pleistocê-
climática que vai do úmido na Planalto nica, altitudes 100 a 300 m, limi-
Planaltos na Região porção norte, ao subúmido a Dissecado tados por escarpas.
das Florestas Esta- semiárido no sul. Essa variação do Pindaré/ Pluviosidade anual de 1.000 a
cional e Ombrófila gerou o aparecimento de duas Grajaú 1.800 mm. Na cobertura vegetal
feições florestais na área: a da ocorre o extrativismo vegetal de
Floresta Ombrófila e a da Flores- madeira; e na vegetação secun-
ta Estacional. dária e a agropecuária. A sudeste,
áreas de Savana Arbórea Aberta.
Superfície rampeada, níveis al-
Esta região está situada na parte
timétricos de 70 e 100m, relevo
noroeste do Estado, superfícies
plano com dissecação incipiente
dissecadas em baixas colinas (...)
em lombas e colinas, alguns
que contornam a Baixada Ma-
trechos, com morros residuais.
ranhense, além dos tabuleiros
Formas modeladas nos siltitos,
Superfícies e Tabu- costeiros. Correspondem a cinco Superfície
argilitos e/ou arenitos argilosos
leiros na Região da sistemas naturais. A Floresta Sublitorâ-
da Formação Itapecuru. A dinâ-
Floresta Ombrófila Ombrófila que caracteriza a re- nea de Ba-
mica é de domínio de ambientes
gião é própria de clima úmido cabal
em transição ou tendência à
com chuvas distribuídas durante
instabilidade. As florestas foram
o ano e com temperaturas acima
devastadas para grandes pasta-
de 25° C, o que determina uma
gens. O clima regional é úmido
situação em que as árvores não
com pluviosidade anual de 1.700
perdem suas folhas.
a 1.900 mm.
Áreas inundadas e/ou sujeitas a
inundações, cotas variando de 20
a 55 m, depósitos flúvio-mari-
nhos holocênicos onde dominam
Posicionada na parte norte do
os Gleissolos e Solos Aluviais,
Estado, nas proximidades do li-
vegetação de Formações Pionei-
toral, esta região está inserida no
ras Aluviais. Atividade pesqueira e
domínio das Formações Pionei-
cata de mariscos. Na planície flú-
ras submetidas a um clima úmi-
Planícies e Tabuleiro Baixada vio-marinha com Solos Indiscri-
do. Corresponde às áreas planas
na Região das For- Maranhen- minados de Mangue e, nos planos
em cotas altimétricas que variam
mações Pioneiras. se interfluviais, cobertura vegetal é
de 0 a 50 m, talhadas sobre os
vegetação secundária da Floresta
depósitos sedimentares incon-
mais Formações Pioneiras Alu-
solidados quaternários. Abrange
viais. Ocupadas pela agropecuária
três sistemas naturais.
com criação de bubalinos. Clima
úmido com pluviosidade anual de
1.700 a 1.900 mm. Ambientes
instáveis com vulnerabilidade
muito alta.
Fonte: Elaborado pelas autoras, adaptado de IBGE (1997)
98
AMBIENTE: Percepções 2021
99
AMBIENTE: Percepções 2021
100
AMBIENTE: Percepções 2021
Dentro dessa dinâmica integrada, o geossistema fluvial em foco tem no canal prin-
cipal o rio Mearim – Izu, rio das águas pardacentas, chamada pelos índios Gajajaras – que
pela margem esquerda tem como destaque os rios Grajaú Pindaré e Zitiua e, na esquerda,
rios Corda e Flores. São rios perenes, extensos e volumosos; pelo regime tropical e confor-
mação morfológica as águas sobem em cheias naturais, em períodos chuvosos de março,
abril e maio. E, nas áreas da bacia, com intenso grau de ocupação e uso do solo, manifes-
tam-se em eventos de danos socioeconômicos em potencial.
101
AMBIENTE: Percepções 2021
• Ambiente mais seco é forte indicativo de redução nos fluxos do balanço hídrico no
geossistema em análise, levando à redução no nível do volume de água no siste-
ma fluvial, consequentemente desencadeando impactos sobre a disponibilidade
hídrica em quantidade e qualidade, com fortes limitações sobre uso e consumo
nas atividades socioeconômicas e culturais.
102
AMBIENTE: Percepções 2021
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O contexto das finalidades desse estudo – Bacia Hidrográfica do Rio Mearim: cená-
rio de impactos e vulnerabilidades ambientais – coadunou para o entendimento de que
a episteme integradora, interdisciplinar nas análises e trabalhos das ciências ambientais
torna-se basilar para a sistematização de raciocínio lógico e percurso metodológico a ser
desenvolvido (seguido) por aqueles que tratam da complexidade ambiental de ecossiste-
mas, como bacias hidrográficas.
Esses fenômenos são influenciados por fatores, como as variáveis climáticas atuais,
que desencadeiam mecanismos, tais como: a circulação e variação de aportes fluviométri-
103
AMBIENTE: Percepções 2021
104
AMBIENTE: Percepções 2021
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em: 20 ago. 2021.
109
5
A PANDEMIA POR
COVID-19 E OS IMPACTOS
NA GERAÇÃO E DESCARTE
DE RESÍDUOS SÓLIDOS
DOMÉSTICOS
Camila Favretto
Jenifer Panizzon
Marcos Tenedini
Luciano Gonçalves
Haide Maria Hupffer
AMBIENTE: Percepções 2021
1 INTRODUÇÃO
111
AMBIENTE: Percepções 2021
Observa-se que há uma emergência em relação aos resíduos gerados devido à pro-
dução incomum e exponenciada pela pandemia (MA et al., 2020). A falha em gerenciar
adequadamente os resíduos gerados em residências pode aumentar a disseminação do
Covid-19 por meio da transmissão secundária. Além disso, pode haver sérias consequên-
cias para os países em desenvolvimento sem tecnologias padrão de gestão de resíduos e
políticas adequadas para conter a pandemia (SARKODIE; OWUSU, 2020).
112
AMBIENTE: Percepções 2021
Nesse sentido, o objetivo geral deste estudo consistiu em entender o impacto gerado
pela produção de resíduos sólidos urbanos, mais especificamente os resíduos domicilia-
res, durante a pandemia, e apresentar os resultados de uma pesquisa de opinião, a partir
da aplicação de um questionário, sobre os fatores relacionados à geração, à informação e
ao descarte de resíduos domésticos contaminados durante a pandemia, visando a, então,
avaliar os impactos da Covid-19 na gestão dos resíduos sólidos domésticos, ao relacio-
nar as medidas tomadas pelo público respondente com as recomendações das UNEP e
ABRELPE.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
113
AMBIENTE: Percepções 2021
A gestão de resíduos sólidos inclui várias atividades e depende de cada país, cidade
ou estado. As etapas básicas envolvidas no sistema de gerenciamento de resíduos são:
segregação de resíduos na fonte, quando é feita a separação desses em diferentes ca-
tegorias (orgânico, plástico, vidro, papel, metal, entre outros); coleta; transporte para um
local intermediário, aterro ou reciclagem; tratamento e eliminação (SAXENA et al., 2021).
A produção anual de resíduos sólidos municipais globais é de cerca de 2,01 bilhões de to-
neladas, e a taxa mundial de geração de resíduos varia de 0,11 a 4,54 kg/pessoa/dia. De
acordo com Gutierrez-Gomez et al. (2021), aproximadamente 40% dos resíduos sólidos ur-
banos gerados no mundo são tratados em aterros sanitários, enquanto 30% são dispostos
em lixões a céu aberto, contribuindo de 3 a 5% na emissão global de gases de efeito estufa
(MIR et al., 2021; ALSHEHREI; AMEEN, 2021; AL-GHOUTI et al., 2021).
Alshehrei e Ameen (2021) relatam em seu estudo que o Pacífico e o Leste Asiático
são os que apresentam a maior geração de resíduos no mundo, de forma que 23% de todo
o volume global é produzido nestas regiões. A África do Norte e o Oriente Médio têm as
menores taxas (6,6%.) Em relação à coleta de resíduos, países desenvolvidos localizados
em continentes como Europa, América do Norte e Ásia Central coletam 90% dos resíduos
gerados, ao passo que países em desenvolvimento coletam em torno de 48%. Na América
Latina e na região do Caribe, cerca de 50% dos resíduos gerados são de alimentos e resí-
duos verdes, seguidos de papel e papelão (13%) e plástico (12%) (GUTIERREZ-GOMEZ et al.,
2021). No ano de 2018, a produção de plástico atingiu 359 milhões de toneladas no mun-
do, setor no qual a Ásia foi o maior produtor com 50,1% e a América Latina (México, Brasil,
Argentina e Colômbia) o menor produtor, responsável por 4% da produção e fabricação de
produtos plásticos voltados para indústrias de embalagens (ARDUSSO et al., 2021).
114
AMBIENTE: Percepções 2021
mente correta. Essa lei preconiza que a gestão de RS deve seguir a ordem de prioridade da
seguinte forma: não geração, redução, reúso, reciclagem, tratamento de resíduo sólido e
destinação final ambientalmente adequada (BRASIL, 2010).
A Covid-19 apresentou rápida disseminação pelo mundo e, em função disso, ela foi
oficialmente declarada como uma pandemia pela OMS em 12 de março de 2020 (MOH-
SENI et al., 2020). Os números totais de casos acumulados de Covid-19, desde o início da
pandemia até o dia 09 de junho de 2022, mostram que está presente em mais de 220
115
AMBIENTE: Percepções 2021
países, sendo registrado no mundo mais de 530 milhões de casos, com aproximadamente
511 milhões de indivíduos recuperados e mais de 6,3 milhões de óbitos (WORLDOME-
TERS, 2022). Ainda, diariamente, os números de novos infectados e óbitos continuam au-
mentando.
116
AMBIENTE: Percepções 2021
rem os resíduos secos recicláveis (ABES, 2020). Segundo Kampf et al. (2020), o vírus pode
sobreviver nove dias na superfície de embalagens e com isso se tornam necessários a
movimentação e os cuidados que devem ser tomados em relação aos resíduos sólidos
gerados por pessoas contaminadas. Urban e Nakada (2021) realizaram um estudo onde
foi revisada a persistência do coronavírus em diferentes superfícies. Conforme o estudo,
no alumínio o vírus consegue sobreviver por até 8h, no vidro por 4 dias, no papel de 4 a 5
dias, no plástico por até 5 dias e no metal por até 5 dias. Com relação à estabilidade, o vírus
SARS-CoV-2 permanece viável em superfícies de papelão por até 24 horas, aço inoxidável
até 48 horas e plástico por até 72 horas. A Resolução n. 222/2018 da Diretoria Colegiada
da Agência Nacional de Vigilância Sanitária classifica todos os resíduos provenientes de
pacientes suspeitos ou confirmados de infecção pelo novo coronavírus como categoria A1,
sendo que este patógeno se enquadra como agente biológico classe de risco 3, com trans-
missão de alto risco individual e moderado risco para a comunidade.
117
AMBIENTE: Percepções 2021
OMS, pode-se dizer que a questão ainda está muito carente da percepção dos governos
em âmbito municipal, estadual e nacional (ABRELPE, 2020a).
É importante registrar que os serviços de coleta regular de resíduos sólidos são rea-
lizados, geralmente, por autarquias municipais ou terceirizadas de empresas privadas,
sendo que o serviço de coleta seletiva comumente é realizado por associações ou coo-
perativas de catadores (formalizados e não formalizados). Em empresas terceirizadas, o
fornecimento de equipamentos de proteção individual (EPIs) é obrigatório. No entanto, em
associações e cooperativas ocorre a falta de recursos, o que coloca a saúde do trabalhador
em risco, face à exposição a resíduos contaminados com elevada carga viral, principal-
mente pelos trabalhadores do processo de triagem que manuseiam os resíduos potencial-
mente contaminados por períodos mais extensos que na coleta e transporte (PUGLIESI;
SANTIAGO, 2020).
118
AMBIENTE: Percepções 2021
dores, e o risco de esses profissionais contrair o vírus é muito maior, principalmente, por
não terem condições financeiras para comprar máscaras e usar produtos de higiene, em
especial, para catadores que tiram o sustento de lixões, que ainda existem em muitos mu-
nicípios brasileiros. Muitos dos resíduos domiciliares também contêm resíduos de serviços
de saúde, o que torna ainda mais perigoso o trabalho do catador (VIANA, 2020).
119
AMBIENTE: Percepções 2021
3 METODOLOGIA
120
AMBIENTE: Percepções 2021
Questão
1) Qual sua idade?
2) Qual é o seu grau de instrução?
3) Qual o seu município de residência? (Município/Estado)
4) Quantas pessoas moram na sua residência?
5) Você foi testado positivo para Sars-Cov-2 (vírus causador da Covid-19)?
6) Você separa (não mistura) o seu resíduo doméstico, incluindo a fração orgânica?
7) Se você testou positivo para Sars-Cov-2: separou os resíduos contaminados dos outros gerados na sua
residência?
8) Se você testou positivo para Sars-Cov-2: identificou sacolas/sacos/outros como resíduo contaminado
antes de descartar para a coleta municipal?
9) Você recebeu alguma recomendação da administração pública de onde mora sobre como proceder com
seus resíduos durante a pandemia?
10) Se recebeu: descreva brevemente como foi feita essa comunicação. Via SMS, pelas redes sociais ofi-
ciais, carro de som no bairro, etc...*
11) De maneira geral, considerando o período de abril de 2020 até abril de 2021: você gerou mais resí-
duos?
12) De maneira geral, considerando o período de abril de 2020 até abril de 2021: você acredita que reco-
mendações oficiais poderiam ter contribuído positivamente na gestão dos resíduos sólidos municipais?
*Resposta dissertativa.
Fonte: Elaborado pelos autores
4 RESULTADOS E ANÁLISE
A maior participação de pessoas residentes no Vale do Rio dos Sinos pode ser asso-
ciada ao fato de a pesquisa ter sido realizada com alunos do Programa de Pós-Graduação
residentes em Novo Hamburgo ou cidades próximas, assim como pelos contatos pessoais
deles. É possível também observar que esse fator pode ser levado em consideração com
relação à idade dos participantes, em que 77% dos participantes têm idade acima de 18
anos, mas menos de 60 anos, vindo de encontro com o público atingido na questão an-
121
AMBIENTE: Percepções 2021
terior (Fig. 2). Com relação à quantidade de moradores por residência, observa-se que a
maioria dos entrevistados, ou seja, 31%, moram com uma ou duas pessoas, como pode ser
observado na figura 3.
Figura 1 - A) Representação gráfica dos estados onde residem os entrevistados e B) da maior quantidade
de entrevistados
122
AMBIENTE: Percepções 2021
123
AMBIENTE: Percepções 2021
124
AMBIENTE: Percepções 2021
125
AMBIENTE: Percepções 2021
Figura 7 - A) Apresentação da testagem dos participantes frente ao vírus Sars-Cov-2 e B) identificação dos
resíduos contaminados antes do descarte para coleta municipal
126
AMBIENTE: Percepções 2021
Por fim, ao serem questionados sobre se, de maneira geral, recomendações oficiais
poderiam ter contribuído positivamente na gestão dos resíduos sólidos municipais, 91,7%
responderam acreditar que sim, 3,5% que não e 4,8% não souberam dizer. Penteado e Cas-
tro (2021), em uma revisão recente acerca das principais recomendações relacionadas à
gestão de resíduos sólidos urbanos durante a pandemia, discutiram também a sua apli-
cabilidade à realidade brasileira. Uma das recomendações analisadas pelo estudo é a da
ABRELPE (2020a), que, assim como a maioria, está dirigida a empregadores e empresas
envolvidas na coleta, tratamento e disposição final de resíduos sólidos. Recomendações
oficiais dependem fortemente de conscientização e engajamento pelos cidadãos, bem
como da atenção pública municipal no planejamento e investimento em campanhas infor-
mativas, como trazem os autores, corroborando os resultados apresentados. Da mesma
forma, devem preocupar-se com toda a população, portanto, é imprescindível que sejam
elaboradas e veiculadas de maneira abrangente.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a pesquisa, pode-se notar que não houve a divulgação nem alcance necessários
por parte das prefeituras acerca dos procedimentos para o descarte de RSU contaminados,
estes já existentes perante órgãos oficiais como a OMS e a própria ONU, de como deve-
-se proceder em caso positivo da doença. Também, denota-se que os respondentes pos-
suíam, em sua maioria, ensino superior completo e demonstraram não estar cientes das
recomendações, podendo o maior impacto estar sendo direcionado à população de menor
acesso à instrução. No caso do presente estudo, são os catadores de resíduos que podem
127
AMBIENTE: Percepções 2021
ser mais afetados diretamente por RSU contaminados, o que traz riscos à saúde de quem
depende de exercer a atividade.
Como observado, houve aumento na geração de resíduos, mas essa geração pode
ter sido transferida de ambiente, em função do home office e do aumento da utilização de
material descartável, como trazido por alguns autores. A diminuição da produção pelas
empresas neste período de pandemia também pode ter contribuído para isso. Mais estu-
dos são necessários para que se tenha um retrato mais realista e detalhado dos impactos
causados pela Covid-19 na gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos domiciliares em
todo o país.
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6
PRESENÇA DE SARS-COV-2 EM
ESGOTO BRUTO: ANÁLISE DA
POSSÍVEL RELAÇÃO COM O
NÚMERO DE CASOS ATIVOS
DE COVID-19 EM CIDADES DO
VALE DO SINOS/RS
1 INTRODUÇÃO
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
134
AMBIENTE: Percepções 2021
2010), que matou cerca de 17 mil pessoas; e, mais recentemente, a Covid-19 (2019-atual-
mente), que já matou mais de 4,3 milhões de pessoas até 10 de agosto de 2021 (JONES et
al., 2020; WHO, 2021).
A Covid-19 é caracterizada como uma síndrome respiratória grave que ocorre em hu-
manos. É uma doença causada pelo SARS-CoV-2, cuja transmissão respiratória é a princi-
pal via de infecção, com alto poder de disseminação por contato direto ou indireto, pessoa
a pessoa (BOJKOVA et al., 2020; MOHSENI et al., 2020; WU et al., 2020a). O coronavírus
teve origem zoonótica, sendo que o primeiro paciente com sintomas da Covid-19 surgiu na
região Wuhan, capital da província de Hubei, na China, em 1º de dezembro de 2019, como
uma “pneumonia misteriosa”. Trinta dias depois, a Organização Mundial da Saúde (OMS)
recebeu o primeiro alerta sobre a doença, que causava febre, tosse seca e graves proble-
mas respiratórios (HUANG et al., 2020).
Mesmo sendo as vias aéreas as principais fontes de transmissão, por meio de go-
tículas geradas quando uma pessoa infectada tosse ou espirra e outro indivíduo próximo
tem contato com elas, incorporando-as ao seu organismo, ainda se discutem outras rotas
135
AMBIENTE: Percepções 2021
136
AMBIENTE: Percepções 2021
RNA não foi detectado, atestando que as estações de tratamento são capazes de remover
o material genético do SARS-CoV-2 (MOHAN et al., 2021). Os níveis de SARS-CoV-2 redu-
zem no decorrer do tratamento das águas residuais, sugerindo que o vírus é degradado ou
acaba se associando à fração de sólidos, durante a floculação. Essa evidência foi coerente
com outros estudos que mostraram eficiência na remoção de 2 a 3 log10 na carga de RNA
viral ao comparar os níveis virais no afluente e no efluente e o acúmulo de SARS-CoV-2 na
fração de lodo (JONES et al., 2020; MOHAN et al., 2021). As operações da unidade de uma
estação de tratamento de águas residuárias desempenham um papel crucial na remoção
do vírus. A desinfecção de águas residuais por meio de tratamentos químicos ou físicos
causa a inativação do vírus modificando o genoma viral e as proteínas. A presença de sol-
ventes e detergentes nas águas residuais também pode comprometer o envelope viral e,
portanto, afetar sua persistência. Os vírus envelopados são mais absorvidos em partículas
suspensas como no lodo e nos biossólidos do que vírus não envelopados, isso quer dizer
que a separação de sólidos e flocos do lodo ativado pode contribuir para a remoção do ví-
rus por meio da sedimentação sólida (MOHAN et al., 2021).
137
AMBIENTE: Percepções 2021
Como a eliminação do vírus nas fezes pode acontecer cerca de 3 a 5 dias antes de
outros sintomas clássicos, alguns estudos relataram a presença do RNA de SARS-CoV-2
em águas residuais antes mesmo da identificação do primeiro caso de Covid-19 na área de
estudo, sendo detectado até três semanas antes do primeiro caso confirmado (JONES et
al., 2020; HATA et al., 2021; MOHAN et al., 2021). Logo, a epidemiologia baseada em águas
residuais, Wastewater Based Epidemiology (WBE), é potencialmente eficaz para o alerta
precoce de um surto de Covid-19 (HATA et al., 2021; MOHAN et al., 2021). Em Milão, frag-
mentos de SARS-CoV-2 foram detectados em uma amostra de esgoto poucos dias após o
primeiro caso de infecção de SARS-CoV-2, sugerindo que o monitoramento epidemiológi-
co diário das águas residuárias pode se tornar um indicador da circulação do vírus, de sua
recorrência e de seus surtos epidêmicos para as comunidades (TRAN et al., 2021).
O SARS-CoV-2 pode ser detectado em águas residuárias e esses dados podem ser
utilizados para WBE, que é de particular importância para analisar os dados retrospecti-
vamente na estimativa da população provável afetada pelo vírus. Sua importância decorre
do fato de que pacientes assintomáticos, que são subdiagnosticados pela vigilância clínica,
também podem eliminar o vírus nas fezes (HARAMOTO et al., 2020). Hata et al. (2021) es-
timaram uma população muito maior de infecções assintomáticas e levemente sintomáti-
cas, em 10 locais nos Estados Unidos, demonstrando que o número estimado de infecções
foi de 6 a 24 vezes maior do que o de casos confirmados.
138
AMBIENTE: Percepções 2021
139
AMBIENTE: Percepções 2021
pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) que, durante o período de um
ano (2020-2021), realizou o monitoramento de esgotos no sudeste do país. Como eviden-
ciado na literatura, concluiu-se que é possível identificar a incidência e circulação do vírus
nas cidades, auxiliando os gestores de saúde na tomada de decisões sobre a pandemia.
Esses indicadores permitiram que essa iniciativa fosse ampliada para outros locais (ANA,
2021).
No Rio Grande do Sul, extremo sul do Brasil, essa estratégia é realizada pelo Centro
Estadual de Vigilância Sanitária (CEVS) em parceria com diversas instituições públicas e
privadas, através de boletins de acompanhamento do monitoramento ambiental de SAR-
S-CoV-2 (SES/RS, 2021a). Conforme Sodré et al. (2020), resultados significativos deman-
dam uma atuação técnico-científica permanente e em rede, agregando gestores públicos
das áreas de saúde e saneamento que contemplam as cidades.
Canoas e São Leopoldo, na Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos, são importantes ci-
dades da Região Metropolitana de Porto Alegre, tanto pelo seu potencial industrial quan-
to pelo populacional. Canoas tem a terceira maior população do Estado, enquanto São
Leopoldo ocupa a nona posição. Esta demografia é acompanhada pela dinâmica de infec-
ções, sendo que Canoas tem incidência de 12.377,4 casos por 100.000 habitantes, en-
quanto São Leopoldo tem 11.137,7 casos por 100.000 habitantes, valores observados na
data de 10 de agosto de 2021, dados próximos ao que se observa na média estadual,
12.163,4 (IBGE, 2021; SES/RS, 2021b).
140
AMBIENTE: Percepções 2021
Diante disso, o presente estudo propõe verificar, a partir de dados secundários co-
letados de órgãos de saúde do Rio Grande do Sul, uma possível relação entre o número
de casos ativos de Covid-19 e a presença do SARS-CoV-2 no esgoto bruto, apresentando
dados de casos ativos de Covid-19 das cidades de São Leopoldo e Canoas, e de carga viral
do SARS-CoV-2 no esgoto bruto.
3 METODOLOGIA
Foram selecionadas, para o estudo, duas cidades do Vale do Rio dos Sinos/RS, per-
tencentes à região metropolitana de Porto Alegre. Com relação aos casos de Covid-19
nestas duas cidades, em São Leopoldo, até a data de 10 de agosto de 2021, foram conta-
bilizados 26.378 casos, enquanto na cidade de Canoas, foram contabilizados 42.902 (SES/
RS, 2021b).
A Cidade de São Leopoldo possui uma área territorial de 103,009 km2, com população
de 214.087 e densidade demográfica de 2.083,82 hab/km2. O Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH) do município é de 0,739, com um produto interno bruto (PIB) per capita de
R$ 38.317,82. A segunda cidade selecionada para o estudo, Canoas, possui uma área ter-
ritorial de 130,789 km2, com população de 323.827 e densidade demográfica de 2.470,15
hab/km2. O IDH do município é de 0,750, com um PIB per capita de R$ 55.594,20. (IBGE,
2021).
Os dados quantitativos utilizados nesse estudo foram obtidos a partir dos Boletins
de Monitoramento Ambiental de SARS-CoV-2 no RS, sob responsabilidade do Centro Es-
tadual de Vigilância em Saúde (CEVS/RS). A coleta de amostras, análises de dados e emis-
são de boletins de monitoramento pelo CEVS/RS iniciou em 11 de maio de 2020. Foram
emitidos nove boletins no total, contemplando de três a cinco semanas epidemiológicas
em cada boletim. O último boletim emitido tratou de quatro semanas epidemiológicas,
sendo a última destas do período da semana epidemiológica (SE) 13 de 2021, de 28 de
março de 2021 a 03 de abril de 2021 (SES/RS, 2021a). Todo o monitoramento foi realizado
em parceria com diversas instituições, entre elas: Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (UFRGS), Universidade Feevale, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-RJ), Fundação Esta-
dual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler (FEPAM), Departamento Municipal de
141
AMBIENTE: Percepções 2021
Água e Esgotos (DMAE), Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Porto Alegre e de Novo
Hamburgo, Companhia Municipal de Saneamento de Novo Hamburgo (COMUSA), Serviço
Municipal de Água e Esgoto de São Leopoldo (SEMAE) e Companhia Riograndense de Sa-
neamento (CORSAN) (SES/RS, 2021a).
Na cidade de Canoas, a ETE Mato Grande (Figura 1), sob responsabilidade da Compa-
nhia Rio-Grandense de Saneamento (CORSAN), foi selecionada para a coleta de amostras
e quantificação da carga viral. Em Canoas, 88,74% do esgoto é manejado de forma adequa-
da, sendo 67,72% por meio de coleta e tratamento do esgoto e 20,75% por soluções indivi-
duais. A parcela restante do esgoto é dividida entre 4,53% que é coletado, mas não é trata-
do, e outros 7% de esgoto que não é coletado e não tratado (IAS, 2021). Foram utilizados os
dados da carga viral de 24 períodos de coleta na ETE Mato Grande, que é responsável pelo
tratamento do esgoto de Canoas. Sendo o primeiro período de 20 de setembro de 2020 a
26 de setembro de 2020 e o último período de coleta, entre 28 de março de 2021e 03 de
142
AMBIENTE: Percepções 2021
Figura 1 - Localização do estudo. (A) Brasil; (B) Rio Grande do Sul e em destaque a Região Metropolitana
de Porto Alegre; (C) Região Metropolitana de Porto Alegre e em destaque os municípios de São Leopoldo e
Canoas; (D) Localização das ETEs Vicentina e Mato Grande em São Leopoldo e Canoas, respectivamente.
Para avaliação da relação entre o número de casos ativos de Covid-19 em cada uma
das cidades do Vale dos Sinos e a carga viral de SARS-CoV-2 no esgoto bruto das estações
de tratamento de esgoto das duas cidades, foram realizadas análises estatísticas dos da-
dos. Utilizando os dados de carga viral nas amostras de esgoto e o número de casos ativos
acumulados em cada período, realizou-se um teste de normalidade de Shapiro-Wilk. Rea-
lizou-se, também, o teste de correlação de postos de Spearman, para dados não normais,
com significância de 5%. O programa utilizado para a realização das análises estatísticas
foi o PAST, versão 4.03.
143
AMBIENTE: Percepções 2021
4 RESULTADOS E ANÁLISE
Considerada uma pandemia pela OMS devido ao rápido avanço no contágio, a Co-
vid-19, até o dia 10 de agosto de 2021, conforme dados da Universidade Johns Hopkins
(2021), já havia registrado mais de 200 milhões de casos confirmados de pessoas infec-
tadas pelo SARS-CoV-2 no mundo. E o Brasil, na mesma data, ocupava o terceiro lugar
em número de casos de pessoas infectadas, com mais de 20 milhões de casos confirma-
dos, correspondendo a cerca de 10% da população mundial positivada para o vírus (WHO,
2021). No estado do Rio Grande do Sul, o primeiro caso identificado de Covid-19 ocorreu
em 29 de fevereiro de 2020. Até o término da Semana Epidemiológica (SE) 30 de 2021, em
31 de julho de 2021 no estado, foram contabilizados 1.371.426 casos (SES/RS, 2021c).
A partir dos dados de presença do vírus em amostras de esgoto das cidades de São
Leopoldo e Canoas obtidos do monitoramento ambiental realizado pela Divisão de Vigilân-
cia Ambiental do Centro Estadual em Saúde do estado do Rio Grande do Sul, foi verificada
uma constante presença de SARS-CoV-2 nas amostras de águas residuais das cidades
estudadas.
Na Tabela 1, são apresentados os períodos amostrais e a data em que cada coleta foi
realizada, nas cidades de São Leopoldo e Canoas. São detalhadas as informações com as
datas dos períodos amostrais, de acordo com cada respectiva estação de tratamento de
esgotos das cidades de São Leopoldo e Canoas.
Diante dos dados apresentados, foi possível verificar que existem lacunas nas cam-
panhas amostrais, porque não houve a coleta do esgoto e, portanto, há ausência de alguns
dados. Logo, na estação de tratamento de esgoto de São Leopoldo, apresenta-se dados
da carga viral no esgoto para 28 períodos de coleta, enquanto para a estação da cidade de
Canoas, são 24 períodos de coleta.
Observa-se, a partir dos dados, que a metodologia utilizada para a elaboração dos
boletins trata de períodos amostrais que compreendem sete dias. Porém, a coleta das
amostras ocorreu somente em um dia específico para cada período amostral, ou seja, a
partir do dado pontual, infere-se a carga viral do período semanal. Enquanto isso, os dados
dos casos ativos de Covid-19 compreendem o somatório das semanas inteiras.
144
AMBIENTE: Percepções 2021
145
AMBIENTE: Percepções 2021
Diante dos dados apresentados, foi possível verificar que existem lacunas nas cam-
panhas amostrais, porque não houve a coleta do esgoto e, portanto, há ausência de alguns
dados. Logo, na estação de tratamento de esgoto de São Leopoldo, apresenta-se dados
da carga viral no esgoto para 28 períodos de coleta, enquanto, para a estação da cidade de
Canoas, são 24 períodos de coleta.
Observa-se, a partir dos dados, que a metodologia utilizada para a elaboração dos
boletins trata de períodos amostrais que compreendem sete dias. Porém, a coleta das
amostras ocorreu somente em um dia específico para cada período amostral, ou seja, a
partir do dado pontual, infere-se a carga viral do período semanal. Enquanto isso, os dados
dos casos ativos de Covid-19 compreendem o somatório das semanas inteiras.
Nas Figuras 2 e 3, estão representados os dados de carga viral e dos casos ativos
acumulados em função do tempo, nas cidades de São Leopoldo e Canoas, respectivamen-
te. Na avaliação dos dados das figuras, nota-se uma variação numeral elevada no parâme-
tro carga viral e, para este, foram calculados os valores do desvio padrão. Como resultado
dos cálculos, foram obtidos valores de desvio padrão de 606361, para os dados de São
Leopoldo e de 650781, para os dados de Canoas.
Figura 2 - Casos ativos acumulados e carga viral por período amostral em São Leopoldo
146
AMBIENTE: Percepções 2021
Figura 3 - Casos ativos acumulados e carga viral por período amostral em Canoas
Diante dos dados de quantificação da carga viral de São Leopoldo (Figura 2), foram
apresentados nos relatórios de monitoramento do governo do estado valores de 0 cg/L. O
valor zero foi obtido quando houve a detecção do vírus, porém não foi quantificado (SES/
RS, 2021a).
Após realização do teste estatístico de Shapiro Wilk para os dados coletados, não
foi obtido o pressuposto da normalidade, por isso, procedeu-se com o teste de postos de
Spearman. Os resultados para São Leopoldo foram de r=0,16331 e p=0,40635, e, com
relação a Canoas, os resultados foram r=0,2687 e p=0,20424. A partir dos resultados das
análises estatísticas, verifica-se que não foi encontrada relação entre a carga viral do es-
goto das cidades e o número de casos ativos da população. Assim, a hipótese de que a me-
todologia seria adequada para estimar o número de casos ativos em relação à carga viral
no esgoto não se confirmou. Ressalta-se que o monitoramento realizado forneceu resul-
tados que podem e devem ser considerados pelo sistema de saúde, já que nas amostras
analisadas encontraram-se resultados de carga viral positiva e quase contínua no esgoto,
atuando como uma análise qualitativa do mesmo. Portanto, os testes se demonstram vá-
lidos para determinar a presença de SARS-CoV-2 na população geradora do esgoto.
147
AMBIENTE: Percepções 2021
A falta de relação entre a carga viral no esgoto das cidades selecionadas e do nú-
mero de casos ativos da população pode estar relacionada a diferentes fatores. Um dos
fatores a ser considerado é a diluição das cópias do vírus nas águas residuais ou no es-
goto sanitário. Sabe-se que as cópias virais nas fezes de pessoas com teste positivo para
SARS-CoV-2 variaram de 5x103 a 107,6 cópias/mL. A diluição de fezes positivas em águas
residuais causa uma queda na concentração de 4-5 ordens de magnitude ou mais. Esta
diluição pode ocorrer devido a fatores como: vazão diária descarregada no esgoto por uma
pessoa (estima-se que seja cerca de 80% da oferta média diária de água potável per capita
com uma diluição de aproximadamente 103 vezes), água da chuva ou infiltrações nas redes
de esgoto. Além disso, cabe frisar que nem toda a população contribui para a carga viral
e isso depende do percentual de casos positivos entre a população atendida pela Estação
de Tratamento de Águas Residuais (ETAR). Outro ponto a ser considerado é que a carga
viral presente nas fezes apresenta grandes variações e, dessa forma, não permite a com-
paração direta entre a carga viral diária nas águas residuais e as cópias virais nas fezes de
pessoas infectadas por SARS-CoV-2. Por isso, faz-se necessário ampliar as pesquisas para
propor valores razoáveis que possam ser usados como referência (FOLADORI et al., 2020).
A contribuição viral de portadores assintomáticos e pré-sintomáticos para a transmissão
da SARS-CoV-2 também se mantém desconhecida. Embora seja provável que as cargas
virais em portadores assintomáticos sejam relativamente baixas, são necessárias mais
pesquisas para comprovar esse fato (NGHIEM et al., 2020).
148
AMBIENTE: Percepções 2021
Nesse sentido, verifica-se, a partir dos dados do estudo de Hata et al. (2020), a in-
consistência de dados entre diferentes ensaios de RT-qPCR comparativamente. No estu-
do, os autores verificaram, entre 45 amostras testadas, que o ensaio CDCN3 (Controle e
Prevenção de Doenças dos EUA, visando ao genoma da nucleoproteína do vírus N3) resul-
tou na maior frequência de detecção e tendeu a mostrar concentrações detectadas mais
altas. O ensaio NIID (Instituto Nacional de Doenças Infecciosas do Japão) resultou em uma
frequência de detecção muito menor e parecia ser ineficiente. Esses verificaram ainda que
algumas amostras negativas, de acordo com o ensaio CDCN3, foram positivas de acordo
com o ensaio CDCN2 (Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, visando ao genoma da
nucleoproteína do vírus N2). Houve, portanto, resultados inconsistentes entre os ensaios,
149
AMBIENTE: Percepções 2021
e isso se deve à falha de alguns deles em amplificar genes de cepas específicas de SARS-
-CoV-2 (HATA et al., 2021).
Diante dos resultados positivos de SARS-CoV-2 nas amostras analisadas nas cida-
des de São Leopoldo e Canoas, pode-se considerar que a metodologia foi eficaz no acom-
panhamento da circulação do vírus. Isto corrobora as conclusões de Medema et al. (2020),
que detectaram a presença de SARS-CoV-2 em águas residuais de algumas ETARs, que
atendem duas grandes cidades e três médias e o aeroporto principal na Holanda. Estes au-
tores obtiveram resultados positivos para os primers selecionados, quando a prevalência
de Covid-19 era baixa na ordem de 1,0 a 3,5 casos entre 100.000 pessoas, embora nem
sempre de forma consistente. Contudo, sugeriram que, mesmo assim, o monitoramento
de esgoto pode ser sensível para prever a circulação do vírus em uma comunidade.
No Brasil, estudos já foram realizados para discutir a relação entre a carga de SAR-
S-CoV-2 no esgoto e o número de casos ativos de Covid-19, e, assim como no presente
estudo, os autores não obtiveram correlação entre os dados. Prado et al. (2020) realizaram
150
AMBIENTE: Percepções 2021
seu estudo na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro, e verificaram que o aumento do SARS-
-CoV-2 no esgoto não acompanhou um número proporcionalmente grande de casos noti-
ficados de Covid-19 ou óbitos relacionados pelo sistema de saúde. Os autores propuseram
duas hipóteses para isso ter ocorrido. A primeira de que é provável que grande parte da
nova onda de infecção ocorreu em jovens que costumam apresentar sintomas leves e que
frequentam bares, academias e atividades esportivas coletivas, dispensando atendimento
médico ou hospitalar na maioria dos casos. A segunda hipótese está relacionada à subno-
tificação ou atraso na atualização do número de casos diários/semanais notificados pelo
sistema de saúde.
151
AMBIENTE: Percepções 2021
nas fezes de pessoas sintomáticas e assintomáticas, a WBE pode ser uma ferramenta
importante para monitorar a propagação do vírus, uma vez que pode fornecer informações
sobre surtos quase em tempo real (THERMO FISHER SCIENTIFIC, 2020).
A hipótese do presente estudo sobre a relação da carga viral no esgoto com o número
de casos ativos não se confirmou, mas a detecção do SARS-CoV-2 pode ser útil para indi-
152
AMBIENTE: Percepções 2021
car a disseminação da doença, se houver a detecção do RNA em locais onde não há casos
ativos. O estudo de Prado et al. (2021) foi realizado neste sentido. Os autores investiga-
ram, além da ETARs, também as redes de esgoto, a fim de encontrar novos indicadores que
orientassem a alocação de recursos e investimentos para o controle da disseminação da
doença, promovendo intervenções nas áreas mais afetadas. Dessa forma, o SARS-CoV-2
foi detectado pela primeira vez em esgotos em 22 de abril de 2020, contudo, naquela lo-
calidade, nenhum caso de Covid-19 havia sido relatado. Com isso, foi possível lançar uma
vigilância ativa para procurar indivíduos que apresentassem sintomas relacionados ao pa-
tógeno de Covid-19, identificar os indivíduos infectados por meio de testes e implementar
medidas para controlar a propagação da doença nessa região (PRADO et al., 2020).
As ETARs não oferecem precisão para identificação de surtos, mas são eficazes
para monitorar tendências, ou seja, para avaliar se as concentrações de SARS-CoV-2
estão aumentando ou diminuindo em uma população mais ampla, indicando um risco de
ocorrência da doença nas comunidades (PRADO et al., 2020). Com a seleção cuidadosa de
pontos de amostragem juntamente com as redes de esgoto, com o uso de campanhas de
amostragem bem planejadas no contexto espaço-temporal, com a adição de novas variá-
153
AMBIENTE: Percepções 2021
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma possível rota da infecção pode ser mediada por esgoto contaminado, pelas fe-
zes e outros excrementos de pessoas infectadas com SARS-CoV-2. Contudo, pouco se
sabe sobre a dinâmica dos níveis do patógeno em águas residuais. Atualmente, os meca-
nismos para garantia da qualidade e testes de proficiência para a testagem ambiental para
SARS-CoV-2 precisam ser estabelecidos. É preciso explorar as metodologias a fim de vali-
dar como o esgoto pode retratar o cenário de contaminações, suas potencialidades como
154
AMBIENTE: Percepções 2021
O desafio passa a ser projetar um sistema de vigilância amplamente aceito para de-
tectar a presença potencial de infecções por SARS-CoV-2 nas comunidades e utilizar esses
dados da WBE como ferramenta para futuras intervenções na saúde pública e parte das
estratégias de combate à Covid-19. Além do mais, esses dados podem ser úteis para ava-
liar a eficácia de diferentes medidas de controle, como o distanciamento social.
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158
7
GESTÃO MUNICIPAL DE
DESASTRES HIDROLÓGICOS
OCORRIDOS NO RIO
GRANDE DO SUL
1 INTRODUÇÃO
Os desastres naturais estão cada vez mais presentes no cotidiano das pessoas pelas
inúmeras ocorrências registradas nos últimos anos, tanto no Brasil como em outras partes
do mundo, mas, principalmente, pelo aumento da população e do número de pessoas que
habitam áreas de risco.
Um desastre natural pode ser conceituado como um desastre causado por fenôme-
nos naturais, que podem implicar em perdas humanas, impactos à saúde, danos ao meio
ambiente e à propriedade. Podem ser classificados como biológicos, geofísicos, climatoló-
gicos, hidrológicos, meteorológicos e extraterrestres (MI, 2012).
Ainda que em um primeiro momento o termo nos leve a associá-lo com terremotos,
tsunamis, erupções vulcânicas, ciclones e furacões, os desastres naturais contemplam,
também, processos e fenômenos mais localizados, tais como deslizamentos, inundações
e erosão, que podem ocorrer naturalmente ou induzidos pelo homem (TOMINAGA et al.,
2009).
No sul do Brasil, os desastres naturais que ocorrem com maior frequência têm ori-
gem hidrometeorológica (estiagem, vendaval, enxurrada, inundação e granizo). Histori-
camente, essa região chama atenção não apenas pela ocorrência de grandes desastres,
como também pela frequência e variedade de eventos, inclusive de eventos atípicos, como
o Furacão Catarina (UFSC, 2012). Essa região fica atrás apenas da região Sudeste quando
se compara o número de registros de desastres naturais no Brasil. No Rio Grande do Sul,
160
AMBIENTE: Percepções 2021
os eventos que ocorrem com maior frequência são as estiagens (45%) seguidas pelas en-
xurradas e inundações (31%).
Diante disso, esse estudo tem como objetivo principal analisar como os municípios
do estado do Rio Grande do Sul realizam a gestão de desastres naturais ocorridos nos úl-
timos 10 anos, decorrentes de eventos críticos de precipitação (enxurradas e inundações).
Este capítulo será apresentado em quatro seções, quais sejam: Seção 1: Fundamen-
tação teórica abrangendo todos os conceitos pertinentes do assunto estudado; Seção 2:
Metodologia, com detalhamento da área de estudo e dos procedimentos utilizados na pes-
quisa; Seção 3: Resultados e Análise, contemplando todos os resultados obtidos através
da aplicação do método com as devidas considerações e fundamentações teóricas; Seção
4: Considerações finais.
161
AMBIENTE: Percepções 2021
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
162
AMBIENTE: Percepções 2021
De acordo com Castro (1998), inundação pode ser conceituada como o transborda-
mento de água da calha normal de um recurso hídrico, ou acumulação de água por dre-
nagem ineficiente em áreas habitualmente não submersas. Geralmente a inundação é
popularmente tratada como enchente. As inundações são o tipo de desastre que possui
o maior número de eventos, com várias pessoas afetadas e maiores perdas econômicas
(aproximadamente 72,5% do total de perdas mundiais) (SAUSEN; NARVAES, 2015).
163
AMBIENTE: Percepções 2021
Figura 1 - Número de registros e respectivos danos e prejuízos em R$ para a Região Sul do Brasil no
período de 1985 a 2014
Ainda de acordo com este estudo, foram contabilizadas perdas totais de R$ 182,7
bilhões, sendo que R$ 137,3 bilhões se referem aos prejuízos públicos e privados infor-
mados e R$ 45,4 bilhões aos danos materiais. Os danos materiais de maior relevância re-
portados foram referentes à infraestrutura, seguidos por habitações. Os maiores prejuízos
reportados na área privada são referentes à agricultura, seguidos pela pecuária, serviços
e indústria.
164
AMBIENTE: Percepções 2021
quaisquer que sejam as causas, o fato de haver tantas incertezas torna imprescindível o
uso de conhecimentos e inovações para construção de sociedades sustentáveis e resilien-
tes (TRAJBER et al., 2015).
De modo geral, a gestão de risco tem como finalidade a redução, prevenção, controle
e gerenciamento de riscos de desastres, apresentando um conjunto de ações, conforme o
quadro abaixo (TOMINAGA et al., 2009).
165
AMBIENTE: Percepções 2021
Nacional de Proteção e Defesa Civil sugere algumas ações básicas que podem ser desem-
penhadas para prevenir e gerir os riscos de desastres, sendo elas (CNM, 2016):
3 METODOLOGIA
166
AMBIENTE: Percepções 2021
com uma densidade demográfica de 37,96 habitantes por km². De acordo com a classifi-
cação climática de Köppen (1948), o tipo climático predominante na maior parte do estado
é o Cfa –Clima subtropical quente sem estação seca –, porém, de acordo com Moreno
(1961), a região nordeste do estado é classificada como tipo Cfb – Clima subtropical tem-
perado sem estação seca. Esta subdivisão ocorre em função das diferenças de altitude,
sendo que o tipo Cfb é observado em altitudes maiores de 600 metros, enquanto que o Cfa
é encontrado na região da Serra do Nordeste e nas partes mais elevadas das regiões do
Planalto e Serra do Sudeste (KUINCHTNER; BURIOL, 2001).
167
AMBIENTE: Percepções 2021
a) Busca bibliográfica
168
AMBIENTE: Percepções 2021
Nesta etapa também foram levantados alguns dados de precipitação das estações
pluviométricas da Agência Nacional das Águas (ANA), disponibilizados através do Hi-
droweb, para verificar em qual situação ocorreram os desastres.
c) Questionários
4 RESULTADOS E ANÁLISE
169
AMBIENTE: Percepções 2021
Percebe-se que nos anos de 2008, 2009 e 2012 praticamente não houveram regis-
tros de enxurradas e inundações, sendo que, nestes anos, houveram vários decretos de
situação de emergência para estiagens. De acordo com Chechi e Sanches (2013), para o
Rio Grande do Sul, os anos de 2008 e 2009 foram classificados como secos, enquanto que
o ano de 2012 foi classificado como extremamente seco, com 381 registros de estiagens.
170
AMBIENTE: Percepções 2021
Já para as inundações, foram registrados 413 eventos, com maior ocorrência nos
meses de junho e julho e de setembro a novembro. No período de 1991 a 2012 registrou-
-se 16 mortos, 375 feridos, 884 enfermos, 27 mil desabrigados, 89 mil desalojados e 10
mil pessoas atingidas por outros tipos de danos.
171
AMBIENTE: Percepções 2021
Neste item, percebeu-se que a grande maioria dos municípios possui uma Coordena-
doria Municipal de Defesa Civil.
172
AMBIENTE: Percepções 2021
173
AMBIENTE: Percepções 2021
Tabela 5 - Respostas sobre a metodologia e existência de divisão de custos para atender emergência e
prevenção
A maior parte das cidades (Vicente Dutra, Liberato Salzano, Esteio, Soledade, Casca
e São Sebastião do Caí) apresentaram respostas sobre o mapeamento dos custos envolvi-
dos em enxurradas e inundações, relacionando o levantamento de custos das secretarias
e órgãos públicos municipais, o que foi considerado como a metodologia aplicada.
A nona questão abordou sobre o que é feito a partir dos dados levantados de custos
de enxurradas e inundações, com as respostas apresentadas na Tabela 6.
174
AMBIENTE: Percepções 2021
A maioria das cidades consultadas (oito cidades) informou que utiliza o Sistema In-
tegrado de Informações sobre Desastres (S2ID) para declarar os custos relacionados aos
desastres ambientais. A partir de informações dirigidas aos órgãos estaduais e federais,
os municípios buscam obter recursos para tratar os desastres ocorridos, fazendo uso de
Decretos Municipais para formalizar situações de emergência.
Bom Princípio, Igrejinha, Rolante, Liberato Salzano, Esteio, Soledade, São Sebastião
do Caí e Terra de Areia citaram ações de prevenção que são realizadas, porém não forne-
ceram valores detalhados relacionados à prevenção de desastres.
Alguns resultados desta pesquisa merecem destaque, que serão apresentados a se-
guir:
175
AMBIENTE: Percepções 2021
Este documento tem por objetivo detalhar com fotos, reportagens de jornais e jus-
tificativas um plano para remoção de 65 famílias que, a cada inundação (enchente) en-
frentada pela cidade, devem ser alojadas em abrigos municipais. A proposta consiste na
construção de um loteamento de 65 casas populares de 56,36m2 cada. O estudo não cita
o local pretendido para a construção nem os custos envolvidos no projeto. Além disso,
evidencia que são necessários pareceres técnicos de outras secretarias do município para
fundamentar a proposta.
A cidade de São Sebastião do Caí se destaca por ser a única a apresentar dois docu-
mentos diferenciados para informação dos desastres, a Declaração Municipal de Atuação
Emergencial (DMATE) e o Formulário de Informações do Desastre (FIDE). A coordenadoria
da Defesa Civil da cidade repassou um exemplo preenchido de cada um dos documentos
referentes a uma ocorrência de desastre ocorrido em 8/6/2017.
Além disso, São Sebastião do Caí apresentou em suas respostas ao questionário da-
dos relativos a cheias do Rio Caí do ano de 1878 até o ano e 2017, bem como um plano
detalhado de contingência elaborado pela Defesa Civil municipal, que estabelece os proce-
dimentos adotados pelos órgãos municipais para atendimento à emergência a desastres
naturais. Este plano de contingência tem por objetivo reduzir os danos e prejuízos de um
176
AMBIENTE: Percepções 2021
b) Montenegro
O plano de auxílio mútuo da cidade de Montenegro, elaborado pela Defesa Civil Muni-
cipal, consiste em um plano para organizar ações básicas da iniciativa privada e de órgãos
municipais e estaduais, bem como assegurar maior eficiência em situações de emergência
enfrentadas pelo município. Conforme este documento, este plano também pretende pro-
mover, dentre outros objetivos apresentados, a conscientização da população para preser-
vação de vidas humanas, do patrimônio público, patrimônio privado e do meio ambiente.
Não foram encontradas ações que abordem detalhadamente o atendimento a todos os
objetivos apresentados.
c) Liberato Salzano
177
AMBIENTE: Percepções 2021
178
AMBIENTE: Percepções 2021
Siqueira, Lemos Filho e Mendes (2016) realizaram estudos no estado do Rio de Ja-
neiro e destacaram que os eventos de inundação são os mais comuns neste estado. Em
sintonia com as ações propostas pelo município de São Sebastião do Caí em nosso traba-
lho, no estado carioca as ações governamentais se resumem a programas habitacionais de
remoção da população em área de risco, ou seja, novamente não são evidenciadas ações
efetivas de prevenção aos desastres.
179
AMBIENTE: Percepções 2021
180
AMBIENTE: Percepções 2021
O Plano de Contingência facilita muito a resposta inicial aos desastres, pois quando
o evento ocorre, as informações básicas já foram reunidas e organizadas previamente; a
divisão de autoridade e responsabilidade entre os órgãos já foi combinada; as estratégias,
as táticas e alguns aspectos operativos já foram definidos e, se o plano tiver sido adequa-
damente divulgado e treinado, todos conhecem o seu papel. Muitos planos deixam de ser
colocados em prática por não serem ativados em um desastre. E isso acontece simples-
mente porque as pessoas encarregadas desses planos se esquecem de fazer isso quando
estão sob a pressão de uma situação que evolui rapidamente, o que demonstra o des-
preparo e falta de planejamento dos gestores responsáveis. Por isso, o plano deve prever
quais são os indicadores que determinarão a sua ativação, por exemplo, para a prevenção
contra chuvas intensas diante do alerta meteorológico da Defesa Civil local. Já no caso de
enchentes e de inundações, a ativação do plano pode depender do alcance de determina-
das cotas no nível das águas.
Diante disso, podemos afirmar que um Plano de Contingência contribuirá para que a
comunidade construa processos preventivos de desastres, mas também para que esteja
preparada para responder de forma mais efetiva à situação de um desastre.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Cada dia que passa torna-se mais evidente o crescimento no número e na intensi-
dade dos impactos causados por enxurradas e inundações, principalmente nos últimos 10
anos no Estado do Rio Grande do Sul, ocasionando perdas humanas, impactos à saúde,
danos ao meio ambiente, à propriedade, dentre outros.
No intuito de entender a gestão dos munícipios frente a esses desastres, foi aplicada
uma metodologia de pesquisa, em forma de questionário, junto aos gestores municipais,
para verificação de ações preventivas, mitigadoras e corretivas, bem como os custos re-
lacionados. Após a análise dos resultados desta pesquisa, podemos verificar um número
pequeno de munícipios que possuem alguma gestão relacionada a esse tema. Alguns pos-
suem um bom levantamento quantitativo de dados após a emergência, com melhorias de
monitoramento e atendimento à população sendo implantadas, mas sem levantamento
adequado de custos e planejamento de ações preventivas frente aos eventos de inunda-
181
AMBIENTE: Percepções 2021
ção e enxurrada. Nos órgãos pesquisados (defesa civil municipal e corpo de bombeiros),
é perceptível que o conceito de prevenção existe somente para remoção de pessoas nas
áreas de risco, mas não prevenção na ocorrência do evento de inundação e enxurrada.
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185
8
ENGENHARIA DE RESILIÊNCIA
EM DESASTRES NATURAIS
HIDROLÓGICOS: UM ESTUDO
NO RIO GRANDE DO SUL
1 INTRODUÇÃO
187
AMBIENTE: Percepções 2021
Além dessas, podem estar relacionados aos desastres hidrológicos algumas varia-
ções geológicas, tais como queda de lascas, deslizamentos (rotacional, solo-solo e solo-
-rocha), quedas e rolamentos de blocos, erosão e solapamento de margens e ainda corri-
das de detritos, conforme cita o Serviço Geológico do Brasil.
Devido à essa problemática que assola milhares de pessoas todos os anos, em 2012
também foi instituída a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC, Lei Fede-
ral 12.608/2012), que estabeleceu uma abordagem sistêmica e interligada para a gestão
de risco, dentro das ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação
(BRASIL, 2017).
O termo resiliência tem sua origem na física para definir a resistência dos mate-
riais, contudo, o ecólogo Holling (1973) apresenta o termo como ecossistemas capazes de
absorver mudanças e continuar existindo. Ao encontro destes, a resiliência é apresenta-
da como um meio de entender a dinâmica não-linear observada nos ecossistemas, acar-
retando uma nova forma de integrar a gestão dos recursos naturais com as pessoas. A
resiliência se faz presente em sistemas caracterizados como complexos, dinâmicos, im-
previsíveis e não lineares, nos quais nenhum ator tem o poder de direcionar o sistema e
não existe certeza de como o sistema vai responder a cada ação (GONÇALVES, 2014). Em
outras palavras, a submissão se faz presente, mas não a resignação.
188
AMBIENTE: Percepções 2021
Ciente dos benefícios e serviços prestados pelos ecossistemas para as cidades e go-
vernos locais e da falta de planejamento no desenvolvimento urbano e crescimento da
economia, percebe-se a necessidade de gerar condutas de porte mundial para evitar ações
negativas em tal recurso natural. Desta forma, iniciativas internacionais e multilaterais
voltadas para a redução do risco de desastres hidrológicos, como o já citado Marco de
Sendai, também são apresentadas através dos programas Marco de Ação de Hyogo e a
campanha “Construindo Cidades Resilientes”. As iniciativas citadas objetivam aumentar a
resiliência das nações e comunidades frente aos desastres, reduzindo as perdas conside-
ráveis advindas dos desastres, sejam elas humanas, bens sociais, econômicas e ambien-
tais, tanto de comunidades como de países, assim como incentivar gestores municipais na
elaboração de práticas sustentáveis de urbanização.
O estudo realizado por Viana (2016) indica, aproximadamente, 3000 cidades distri-
buídas por todo o planeta como aptas a receber o certificado de cidade resiliente, como
reconhecimento dos esforços empreendidos em nível local. O Brasil se destaca como sen-
do o segundo lugar global em número de cidades participantes, com mais de 300 cidades
certificadas como resilientes. Sua atuação iniciou em 2011 através da Secretaria Nacional
de Proteção e Defesa Civil – SEDEC. Entretanto, observa-se uma elevada concentração de
cidades resilientes apenas nas regiões sul e sudeste do país, sendo que os estados de São
Paulo e Paraná apresentam o maior índice de cidades resilientes a desastres socionaturais
do país. A dimensão do programa vem crescendo gradualmente a cada ano, colocando
189
AMBIENTE: Percepções 2021
também o estado do Rio Grande do Sul como um ator ativo na busca por uma nova visão
acerca dessa problemática.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
190
AMBIENTE: Percepções 2021
sões ideológicas que busquem reduzir vulnerabilidades com políticas de ocupação urbana,
moradias sociais, mobilidade, saúde, saneamento, educação e segurança pública.
Dessa forma, os impactos ambientais podem ser citados pela contaminação biológi-
ca e química da água para consumo humano, alimentos e solo, comprometimento da rede
e fontes alternativas de abastecimento de água, da rede de serviço de coleta e tratamento
de esgoto, dos serviços de coleta e disposição do lixo, alteração nos ciclos dos vetores,
hospedeiros e reservatórios de doenças e nas formas de exposições ambientais dos hu-
manos (LONDE et al., 2014).
Concomitante a isso, os impactos dos desastres naturais sobre a saúde podem ocor-
rer em tempos diferentes. No curto prazo de tempo, entre horas a alguns dias, se produ-
191
AMBIENTE: Percepções 2021
zem a maior parte dos registros de feridos leves e graves e mortalidade, incluindo como
resposta as ações de resgate e urgência. Um segundo momento se dá no período entre
dias a semanas, caracterizando-se pela ocorrência de algumas doenças transmissíveis, a
exemplo da leptospirose e doenças diarreicas, podendo agravar quadros de doenças não
transmissíveis em pacientes crônicos, como a hipertensão. Num espaço maior de tempo,
entre meses e anos, os impactos na saúde se relacionam à desnutrição, à intensificação
de doenças crônicas e, especialmente, aos transtornos psicossociais e comportamentais
(FREITAS et al., 2014).
192
AMBIENTE: Percepções 2021
193
AMBIENTE: Percepções 2021
194
AMBIENTE: Percepções 2021
195
AMBIENTE: Percepções 2021
Configuração
Categorias ER Categorias: 1Local, 2Municipal, Estadual e 3Federal
(conclusão)
• Proteção dos ecossistemas naturais como for-
ma de mitigar inundações, tempestades e outros
perigos a que a cidade possa estar vulnerável1, 2,
3
.
• Aprender a gerir conhecimento sobre desastres • Processo de multiplicação e ou
através de simulados, tomando a norma defini- difusão das tecnologias sociais
da pelo plano de contingência2, 3. se configura como aprendizado
• Aprender como minimizar e/ou eliminar as difi- em prática.
culdades oriundas dos meios de comunicação 1,
• Modelo de gestão de riscos
2, 3
. baseado em conhecimento
• Mover os multiatores envolvidos na gestão de interdisciplinar.
riscos de desastres em relação a identificar: ris- • Processo de certificado de
cos, tecnologia social, protocolos de prevenção produtos e metodologias para
e alertas de desastres hidrológicos2, 3. redução da pobreza.
Aprendizado
• Adotar o desenvolvimento de ações de educa- • Criação de banco de dados de
ção em saúde e mobilização social2. registros de desastres.
• Aprender como gerar projetos de moradia com • Participar de projetos sociais
segurança de construção e estudos para esco- voltados para áreas de risco.
lha adequada das áreas mais apropriadas para • Desenvolver mecanismos que
ocupação2, 3. comovam e instruam a popu-
• Aprender a sintetizar o aprendizado acumulado lação, de modo a ser possível
sobre o tema: criar um Banco de Dados dos re- transmitir emergência.
gistros de ocorrência de desastres e dos simu-
lados2, 3.
Fonte: Adaptado de Foresti et al. (2015) e Guia Gestores Públicos (2012)
196
AMBIENTE: Percepções 2021
Categoria Atribuições
197
AMBIENTE: Percepções 2021
Esse panorama serve de “pano de fundo” para uma cidade tornar-se resiliente, apre-
sentando uma estrutura complexa e que exige um esforço significativo para execução de
práticas de governo local junto à atuação efetiva com a sociedade, a médio e longo prazo.
Visto que as cidades constituem sistemas altamente complexos, com propriedades físicas
organizacionais, sociais e econômicas, a resiliência urbana remete a ampla e complexa
compreensão dos papéis e dos atores envolvidos em seu organismo, levando a uma cons-
cientização lenta, porém contínua, da responsabilidade de cada um e suas consequências.
3 METODOLOGIA
a. o município;
1
Enchente (ou cheia): é o aumento do nível da água no canal de drenagem em função do aumento da vazão,
atingindo a cota máxima do canal, porém, sem que isso gere transbordamento. Inundação: é o transborda-
mento das águas de um curso de água.
198
AMBIENTE: Percepções 2021
c. a tipologia do risco;
• Verificar o que está sendo feito pelos gestores públicos para minimizar os impac-
tos causados, no que tange à prevenção e suporte;
Com base nesses resultados, identificou-se o município com maior número de pes-
soas vivendo em áreas de risco e, a partir desta identificação, estudou-se os meios atra-
vés dos quais a engenharia de resiliência pode contribuir para minimização dos efeitos
causados pelos desastres hidrológicos, promovendo o gerenciamento integrado entre os
recursos hídricos, os desastres e a saúde pública.
4 RESULTADOS E ANÁLISE
Dos dados disponíveis dos 50 municípios gaúchos mapeados pelo CPRM referen-
tes aos desastres hidrológicos, apenas cinco não puderam ser compilados. Os municípios
de Cruzeiro do Sul e Porto Alegre apresentaram falha no arquivo disponibilizado para
download. Já os arquivos disponíveis referentes aos municípios de Caxias do Sul e Santa
199
AMBIENTE: Percepções 2021
Quanto aos riscos, apenas quatro municípios apresentam risco muito alto, enquan-
to 29 apresentam risco alto e um risco médio. Alguns municípios apresentaram mais de
um grau de risco em seu território. Torres apresentou setores com grau de risco médio e
alto. Eldorado do Sul, Farroupilha, Parobé, Portão e São Leopoldo foram identificados com
risco alto e muito alto. Além disso, cinco municípios não classificaram o grau de risco nos
setores mapeados: Encantado, Fontoura Xavier, Igrejinha, Itati e Novo Hamburgo, todos
relatórios datados de 2011.
Para identificar-se a classe do grau de risco, são considerados aspectos como o ar-
ranjo entre cenários hidrológicos, a vulnerabilidade das habitações e a periculosidade do
processo segundo a distância das moradias ao eixo da drenagem. Goerl, Kobyana e Pellerin
(2012) e Goerl e Kobiyama (2013) descrevem em seus trabalhos mais detalhadamente
como esta classificação é realizada e ainda conceituam vulnerabilidade, perigo e risco.
200
AMBIENTE: Percepções 2021
Para analisar os dados compilados sobre as tipologias do risco, suas respectivas cau-
sas, quantidade de imóveis e pessoas em risco e sugestões de medidas estruturais, foi
aplicado o critério de seleção de municípios com mais de 3.000 pessoas afetadas conco-
mitante a quatro ou mais eventos ocorridos nos 45 municípios avaliados.
201
AMBIENTE: Percepções 2021
Ao encontro dos objetivos propostos, a análise foi direcionada para a busca de ocor-
rência de setores de risco que apresentem tipologias referentes a desastres naturais hi-
drológicos: inundação, enxurrada e enchente. Como já evidenciado na Figura 3, constatou-
-se que setores de risco para inundação são citados em todos os 17 municípios, seguido
de enxurrada e enchente. Todavia, o número de setores de risco para enchentes supera o
de enxurradas (Fig. 4).
202
AMBIENTE: Percepções 2021
203
AMBIENTE: Percepções 2021
e/ou ausente; deposição inadequada de resíduos, entulhos e outros materiais no leito dos
rios, córregos, arroios e/ou margens; sistema de coleta e tratamento de esgoto ineficiene
e/ou ausente e erosão. Na sequência, a Figura 5 representa o total de pessoas em risco.
Quanto às medidas estruturais propostas pelo CPRM para prevenção e mitigação dos
riscos de desastres hidrológicos no município com maior número de habitantes suscetíveis
aos mesmos, que foi identificado como Pelotas, foram elaboradas as seguintes ações:
204
AMBIENTE: Percepções 2021
205
AMBIENTE: Percepções 2021
• Sistemas com diversidade e redundância têm maior resiliência que sistemas que
maximizam a produtividade de apenas um benefício;
206
AMBIENTE: Percepções 2021
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considera-se que este tipo de análise é fundamental para o avanço tanto no desen-
volvimento de políticas públicas, como para as ações de prevenção, mitigação, preparação,
resposta e reabilitação para reduzir o impacto dos desastres sobre a saúde. Este estudo
permitiu rever conceitos importantes para a gestão de riscos através de ações eviden-
ciadas na Engenharia de Resiliência, dessa forma, nota-se a necessidade de gerar ações
atreladas a entidades não governamentais, academia, sociedade e simpatizantes. Tais
ações não medem esforços para melhorar a qualidade da vida humana, assim como as
campanhas de porte mundial que conjecturam em todo o mundo para amenizar impactos
e ações, tornando as cidades resilientes a desastres socioambientais.
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210
9
MUDANÇAS CLIMÁTICAS E
SUAS CONSEQUÊNCIAS NA
PERCEPÇÃO DE ESTUDANTES
DE LICENCIATURA
1 INTRODUÇÃO
Na esfera pública atual, um dos mais relevantes e graves problemas ambientais vi-
venciados pela sociedade são as mudanças climáticas. A ação humana sobre a natureza
que se verifica pela emissão de gases poluentes e outros desastres tem sido objeto de
preocupação dos cientistas (PETRAGLIA et al., 2016). As consequências das atividades an-
trópicas, principalmente em relação ao período pós-Revolução Industrial, estão relaciona-
das com depreciação da qualidade de vida e o avanço do progresso econômico. A associa-
ção desses fatores tem despertado a atenção da humanidade para este tema relevante,
ocasionando discussões a nível mundial, especialmente relacionadas com a degradação
ambiental provocada pelas mudanças climáticas (BLANK, 2015).
212
AMBIENTE: Percepções 2021
Rockström et al. (2009) afirmam que a situação de violação dos limites seguros de
operação global visa ao estabelecimento do imperativo de funções socioecológicas de re-
siliência para atenuar os efeitos combinados das mudanças ambientais. Entretanto, todas
as possibilidades características à resiliência, mitigação e adaptação primeiramente re-
querem o reconhecimento de toda a sociedade, tanto em nível individual quanto coletivo.
Sendo assim, os autores propõem que, para a tomada de decisões, bem como para o es-
tabelecimento de ações e de agendas, é imprescindível a percepção do problema e de sua
relevância em caráter principal.
Farmer e Cook (2013) revelam o que acontece quando o planeta fica mais quente,
citando um clima mais extremo com o desaparecimento de calotas de gelo no Ártico, o
que contribui para uma queda nas geleiras no mundo inteiro, trazendo consequências
como áreas costeiras inundadas, perda de espécies e o declínio das reservas de água doce.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) também alerta para a relação perigosa entre o
aquecimento global e doenças tropicais negligenciadas, explicando que, com o aumento
da temperatura, a zona de clima tropical do planeta deve se expandir, ampliando as áreas
acometidas por doenças tropicais, como a malária e a dengue (WHO, 2015). Entretanto,
essas alterações no clima não são um consenso na comunidade científica, porém é um
213
AMBIENTE: Percepções 2021
dos sinais que reforçam a existência da relação entre o aquecimento global e as doen-
ças tropicais negligenciadas, sustentando um ponto de partida importante no combate ao
aquecimento do planeta.
No entanto, Farmer e Cook (2013) relatam que o aquecimento global não é sobre o
clima diário e não há uma conexão clara entre ele e qualquer furacão, tempestade de neve
ou seca. Referem-se ao aumento geral na quantidade de energia em todo sistema climá-
tico terrestre, causado por um aumento de gases de efeito estufa captadores de calor e
explicam que:
A mudança climática mais óbvia que está acontecendo agora ocasiona mais evapo-
ração dos oceanos e dos solos. A evaporação aumenta a umidade do conteúdo da
atmosfera da Terra e resseca o solo e a vegetação. Essa umidade está sendo avalia-
da com o aumento da precipitação e esta elevação provoca inundações, quebra de
barragens e diques e mais desastres naturais do que antes do aquecimento ocorrer.
O ressecamento do solo e da vegetação resulta em mais incêndios florestais, espe-
cialmente em áreas que sofreram longos períodos de seca (FARMER; COOK, 2013,
p. 122).
214
AMBIENTE: Percepções 2021
Nesse sentido, está evidente que as mudanças climáticas estão exigindo uma am-
pliação urgente nas medidas mitigadoras e é perceptível que as atividades antrópicas em
grande intensidade têm prejudicado a saúde humana ao mesmo tempo em que coloca o
planeta em grande risco, podendo provocar um colapso ambiental. Portanto, é de grande
importância que haja a inserção da temática juntamente aos espaços de ensino em todos
os níveis. E, no contexto atual, a preocupação da comunidade científica sobre os efeitos
resultantes das mudanças climáticas tendem a se tornar, na pior das perspectivas, uma
grande ameaça que encaminhará para a extinção total da biodiversidade existente.
Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi investigar as percepções, sobre os efeitos
das alterações climáticas, de estudantes de cursos de licenciaturas de uma universidade
comunitária da região metropolitana de Porto Alegre.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
215
AMBIENTE: Percepções 2021
Há dois tipos de CO2, sendo o primeiro denominado fóssil e o segundo recente. O fós-
sil se encontra em depósitos de plantas fossilizadas, em torno de 4 trilhões de toneladas
e em depósitos de carbonatos, cerca de 66 quatrilhões de toneladas (PIDWIRNY; JONES,
2006). Já o recente é encontrado incorporado nas plantas vivas ou em seus resíduos re-
centes, dentro ou sobre o solo ou da água. Este tipo de CO2 é derivado do processo fotos-
sintético, no qual a planta retira o CO2 atmosférico, utilizando-o para acumular energia
solar em forma de glicose, fornecendo assim energia para herbívoros, carnívoros, onívoros
e organismos decompositores (BEGON; TOWNSEND; HARPER, 2007).
216
AMBIENTE: Percepções 2021
Molion (1994) ressalta que o resfriamento climático em escala global, mesmo levan-
do em consideração as eras glaciais nos últimos dois milhões de anos, possuem como base
as variações dos parâmetros orbitais da Terra, a variabilidade da energia solar e o aumento
do albedo planetário derivado da intensidade vulcânica por longos períodos. Sendo assim,
as emissões vulcânicas de enxofre, carbono e aerossóis podem auxiliar na contribuição
para o resfriamento da troposfera. Fazendo uma ligação com o discurso de Maruyama
(2009), ele aponta que uma grande produtividade de magma por vulcanismos vai originar,
como exemplo, cinza vulcânica que, “ao atingir a estratosfera, envolverá a superfície ter-
restre e, assim, atuará na obliteração da energia solar, impulsionando o esfriamento da
Terra” (MARAUYAMA, 2009). O mesmo autor exemplificou este fenômeno com a erupção
217
AMBIENTE: Percepções 2021
de 1991 nas Filipinas, associado ao Vulcão Pinatubo, que desempenhou grande influência
sobre o clima terrestre.
218
AMBIENTE: Percepções 2021
219
AMBIENTE: Percepções 2021
Hanna et al. (2021) relatam que o Acordo de Paris criou uma expectativa de que os
governos mundiais finalmente estariam entrando em um consenso relacionado a uma ati-
tude responsável ao aquecimento global. No entanto, mesmo antes da pandemia mundial
da Covid-19, os cortes reais nas emissões estavam muito longe de acontecer por trás de
toda a ambição parisiense. Como resultados disso, as emissões continuam aumentando
em torno de 1-2% por ano, e a meta de estabilizar a temperatura em 1,5ºC não está sendo
devidamente executada. No entanto, como uma alternativa viável, cientistas descobriram
que as sociedades devem remover da atmosfera o CO2 emitido anteriormente, usando
tecnologias de emissões negativas (NETs) ou reduzindo significativamente o uso de ener-
gia, visto que a pandemia mundial cortou temporariamente as emissões, causando um
impacto positivo, mas infelizmente os padrões históricos sugerem que as elas voltarão a
se elevar.
220
AMBIENTE: Percepções 2021
Morin e Wulf (2003) apontam a percepção das incertezas socioambientais que carac-
teriza esse planeta através de uma reflexão sobre mudanças climáticas quando afirmam
que:
Por toda parte reina agora o sentimento, difuso ou agudo, do incerto. Por toda parte
firma-se a consciência de que não estamos nos momentos finais da história que
antecedem sua grande plenificação. Por toda parte desapareceram os balizamen-
tos em direção ao futuro. O mundo não vai nem bem nem mal, vai aos trancos e
barrancos, de solavanco em solavanco, sem estar ainda nem totalmente nem para
sempre submerso pela barbárie. A nave Terra navega pela noite bruma numa aven-
tura desconhecida.
A busca por entender de que maneira as novas demandas impostas pelas mudanças
climáticas se repercutem em ações para além das tecnológicas considera a justiça am-
biental e climática como dependentes do grau de informação e organização da sociedade
e por meio disso se configura como questão autoritária na resolução dos problemas atuais
e futuros (NEVES; CHANG; PIERRI, 2015). Saber as percepções de estudantes de ensino
superior sobre a temática climática é de grande auxílio para que se possa entender o que
está sendo discutido fora do ambiente estritamente científico. Para Maddison (2007), as
percepções são importantes para o processo de adaptação às mudanças climáticas, e o
primeiro passo é a percepção dos indivíduos de que essas mudanças estão ocorrendo.
É explícito que boa parte da estrutura atual da educação não contempla os anseios
da dimensão ambiental, pois, nas últimas décadas, perpetuou-se uma formação técnica,
científica e competitiva com o intuito de atender o modelo de produção e consumo no
qual a sociedade está inserida. Ao priorizar excessivamente uma formação científico-tec-
nológica, as questões humanas de ética e políticas ambientais são deixadas em segundo
plano, instruindo o sistema educacional às sociedades consumistas (LIMA, 2013). Jacobi
et al. (2011) afirmam que a Educação em Mudanças Climáticas ainda busca assentar seus
pilares e encontrar uma identidade definida. Entretanto, a urgência da dimensão climática
ambiental é categórica, uma vez que suas alterações de média intensidade já podem cau-
sar transtornos socioeconômicos consideráveis. Diversos são os relatórios que fornecem
cenários sobre as consequências das mudanças climáticas e neles a educação é citada
como instrumento relevante no combate às suas causas e seus efeitos (INTERGOVERN-
MENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE, 2014b; MOTTA et al., 2011; STERN, 2007).
221
AMBIENTE: Percepções 2021
A criação de disciplinas com teor ambiental e a adaptação de outras que seriam po-
tencialmente problematizadoras da questão referente iniciaram um movimento no ensino
superior, que vem percorrendo os programas de pós-graduação e de centros de pesqui-
sa interdisciplinares, responsáveis pela produção de conhecimento ambiental (CATALÃO;
LAYRARGUES; ZANETI, 2016). No estudo de (2019), um número significativo de estudan-
tes relata que não só suas ações podem auxiliar no enfrentamento às mudanças climá-
ticas, mas também que possuem consciência de que são capazes de influenciar outras
pessoas. Os autores também afirmam que “tal indicação do potencial de sua ação perante
a sociedade não representa de fato uma mudança no comportamento e ação em prol das
mudanças climáticas, sendo importantes estudos futuros para verificar de que forma seus
hábitos são modificados” (MESQUITA et al., 2019, p. 190).
Dessa forma, Ribeiro et al. (2012) consideram a pesquisa da percepção ambiental ne-
cessária, pois é o ponto de partida para compreender convivências que decorrem entre ser
humano e a natureza. Tuan (2012) relata a importância da pesquisa em percepção ambien-
tal quando cita que a auto compreensão é essencial para encontrar as soluções adequa-
das para os desafios ambientais, que também não deixam de ser humanos. No entanto,
é fundamental que as instituições formais de ensino estejam receptivas às atualidades e
aos meios de comunicação e informação, e que os docentes analisem profundamente tais
informações. Em contrapartida, há um maior agravamento quando se considera a forma-
ção de alguns professores do ensino fundamental que, sem a devida compreensão sobre
essas mudanças que afetam o clima, podem vir a reproduzir erros veiculados na mídia
(MESQUITA et al., 2019).
222
AMBIENTE: Percepções 2021
223
AMBIENTE: Percepções 2021
Neste sentido, a vulnerabilidade social está muito atrelada aos impactos das mudan-
ças climáticas e, através disso, alcança o território educacional em seus diversos ramos,
refletindo nos processos sociais por meio de rupturas socioeconômicas, culturais e demo-
gráficas importantes, principalmente dentro da educação básica, como no deslocamento
dos alunos até a escola e até mesmo na área que circunda a moradia desses, principal-
mente dos que vivem em situação de pobreza.
Silva, Costa e Borba (2016) apontam que os efeitos das mudanças climáticas são im-
placáveis, restando-nos buscar adaptações aos cenários climáticos do futuro. Entretanto,
ainda há a possibilidade desses efeitos serem minimizados com o aumento da compreen-
são e divulgação do conhecimento, formas de adaptação e o uso de mitigações com efi-
ciência. Os autores enfatizam que esses são os caminhos em que a Educação em Mudan-
ças Climáticas pode contribuir, auxiliando na transformação do cidadão e possibilitando a
criação de espaços de reflexão sobre a dinâmica destas mudanças, sendo feito por meio
do aumento do engajamento pelo processo de reflexão, na busca incessante de alterar os
currículos, conteúdos e abordagens didáticas, com o intuito de construir competências e
habilidades para enfrentar as suas consequências.
3 METODOLOGIA
224
AMBIENTE: Percepções 2021
O questionário foi adaptado do trabalho realizado por Mesquita et al. (2019). Durante
a análise dos resultados referentes à pesquisa foi mantido o anonimato da identidade dos
acadêmicos. Houve a divulgação da pesquisa nas redes sociais de cada curso e também
nas disciplinas disponíveis no respectivo semestre. As perguntas foram inseridas na pla-
taforma de formulários do Google.
Nº da
Perguntas
questão
Você acredita que o clima está mudando no mundo?
1
( ) Concordo ( ) Discordo ( ) Não sei
Você acredita que as mudanças climáticas têm causas:
2
( ) Naturais ( ) Humanas ( ) Os Dois ( ) Outras ( ) Não sei
Nos próximos anos, você acredita que as mudanças climáticas vão:
3
( ) Aumentar ( ) Diminuir ( ) Ficar iguais ( ) Não sei
Você acredita que os impactos das mudanças climáticas nas áreas URBANAS são/serão:
4
( ) Positivos ( ) Negativos ( ) Não haverá impacto ( ) Não sei
Você acredita que Novo Hamburgo (já) é afetada pelas mudanças climáticas?
5
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei
Você se preocupa com os efeitos das mudanças climáticas?
6 ( ) Sim, muito preocupado ( ) Sim, mas pouco preocupado ( )
Não estou preocupado ( ) Não sei
Você acredita que a temperatura da Terra está:
7
( ) Aumentando ( ) Diminuindo ( ) Estável
Você acredita que a agropecuária é a maior responsável por emissões de metano na atmosfe-
ra assim como também pelo desmatamento que contribui em grande escala para o aumento
8
do efeito estufa?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei
225
AMBIENTE: Percepções 2021
Foi utilizado o formato estudo de caso, que, segundo Gil (2002, p. 57), “consiste no
estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo
e detalhado conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante outros delineamen-
tos já considerados”.
Creswell (2010) afirma que a pesquisa no formato de estudo de caso é uma estra-
tégia de investigação em que o pesquisador explora profundamente um programa, um
226
AMBIENTE: Percepções 2021
evento, uma atividade, um processo ou indivíduos. E que a coleta de dados detalhada pode
ser feita de maneiras variadas, por um curto ou longo período de tempo.
Os dados coletados foram inseridos e analisados com auxílio do software Excel. Tam-
bém foi explorada a análise de porcentagens, a partir das respostas dos acadêmicos ao
questionário aplicado.
4 RESULTADOS E ANÁLISE
A Figura 1 mostra que a maioria dos acadêmicos participantes acreditam que o clima
no mundo está mudando e que as causas principais relacionadas às mudanças climáti-
cas são tanto humanas quanto naturais (67,7%), já 32,3% deles acreditam que são causas
apenas humanas, reconhecendo a sua influência nas mudanças ocorridas. Essa percepção
já vem sendo observada nos documentos que abordam a problemática do clima, compac-
tuando com resultados obtidos pela Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS, 2014),
que relata que há provas concretas sobre a mudança do clima da Terra e da forma rápida
que está acontecendo, principalmente devido às atividades humanas. Uma das previsões
é o aumento da temperatura e nível do mar, alterações na distribuição das precipitações
e fenômenos extremos que tendem a acrescentar uma diversidade de riscos para a saúde
227
AMBIENTE: Percepções 2021
que abrange desde os efeitos diretos, como inundações e tormentas, até condições mais
favoráveis para a transmissão de doenças infecciosas. O Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês), em 2018, alertou que um aquecimento acima
da média global anual está acontecendo em muitas regiões e estações, e que é maior na
superfície terrestre que nos oceanos (INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHAN-
GE, 2018).
Figura 1 – Percentuais de acadêmicos que responderam à pergunta “Você acredita que o clima está mu-
dando no mundo?”
Em relação aos próximos anos, 94% acreditam que as variações climáticas irão ter um
contínuo aumento temporal e que os impactos nas áreas urbanas já são e serão negativos
(94%). De acordo com Marengo (2007), o aquecimento global é um fenômeno já detectado
a nível mundial e tende a ser mais intenso nas grandes cidades devido aos impactos da
urbanização. As consequências dessas mudanças climáticas em longa escala, como secas
rigorosas, invernos intensos, ondas de calor e outros desastres naturais, têm sido atri-
buídas ao aquecimento do planeta, ainda que as evidências não permitam com certeza o
estabelecimento de relações entre eles. A cidade referente à pesquisa, Novo Hamburgo,
já estaria sendo afetada pelas variações do clima de acordo com 83% dos participantes, os
228
AMBIENTE: Percepções 2021
quais mostraram preocupação com a problemática em maior ou menor escala: 75% muito
preocupado e 23% pouco preocupado. 2% não souberam responder.
229
AMBIENTE: Percepções 2021
Figura 2 – Percentuais de acadêmicos que responderam à pergunta relacionada ao impacto causado pelas
Mudanças Climáticas nas classes sociais
A percepção dos acadêmicos quanto à natureza dos impactos das mudanças climá-
ticas nos próximos anos, em todos os setores pesquisados, foi de impacto negativo acima
de 80%, considerando-se que todas as condições atuais permaneçam. Segundo os aca-
dêmicos, as áreas do meio ambiente e biodiversidade, fornecimento de água e alimentos,
da saúde e educação, uso e fornecimento de energia, indústria e atividades de comércio
e infraestrutura e áreas construídas serão as áreas mais afetadas com agravamento da
situação no decorrer dos anos e dos avanços das alterações climáticas. Pinto et al. (2010,
p. 14) relatam que:
230
AMBIENTE: Percepções 2021
231
AMBIENTE: Percepções 2021
Figura 3 – Percentuais de acadêmicos que responderam à pergunta relacionada ao principal meio de co-
nhecimento sobre as Mudanças Climáticas
O ciclo avaliativo dos dados coletados do questionário e das ementas foi suficiente
para confirmar a hipótese de que a temática, ainda que informalmente, tende a ser cita-
da dentro dos cursos acadêmicos de licenciatura. As quatro categorias de análise textual
a priori (Educação ambiental, Sustentabilidade, Desenvolvimento socioambiental e Meio
ambiente) são encontradas dentro das ementas dos cursos, porém incluídas em discipli-
nas em sua maioria de cunho optativo. Foi observado que apenas os cursos de Ciências
Biológicas e Pedagogia possuem a temática ambiental como obrigatória em suas grades,
gerando um resultado diferente do esperado. Portanto, esse entendimento foi necessário
para a tabulação dos critérios categóricos de análise, com o intuito de entender a forma
como é abordada a questão ambiental para aqueles acadêmicos que tiveram contato com
a temática ou áreas relacionadas.
Para Giddens (2009), na percepção da maioria das pessoas, existe um abismo entre
as preocupações e rotinas cotidianas e os impactos que uma alteração ambiental deste ca-
ráter pode ocasionar. Mesmo com o conhecimento já existente sobre as consequências da
mudança climática, a humanidade como coletividade está apenas começando a tomar as
medidas necessárias para responder de forma adequada às novas demandas em termos
do desenvolvimento de mudanças de hábitos, políticas e práticas. Muitos participantes re-
232
AMBIENTE: Percepções 2021
latam estarem preocupados com os efeitos do clima, porém a sociedade ainda demonstra
um despreparo considerável para lidar com um futuro próximo de variações mais drásticas
no clima terrestre.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Blank (2015), Nobre, Reid e Veiga (2012), Giddens (2009), Marengo (2007), Primave-
si, Arzabe e Pedreira (2007) apontam importantes teorias que buscam a compreensão das
transformações ocorridas no contexto atual, destacando tudo o que aconteceu, vem acon-
tecendo e as consequências posteriores dessa era onde as mudanças climáticas estão se
afirmando como um fator alarmante que ameaça a biodiversidade existente. Contudo, ain-
da poucos são aqueles que como cidadãos alcançaram visualizar os impactos resultantes
dessa desordem ambiental. Diante dessa realidade, evidencia-se a necessidade da popu-
lação humana, como um todo, avaliar corretamente suas influências, presentes ou futuras,
sobre o bem-estar da humanidade e todo o universo de suas atividades.
233
AMBIENTE: Percepções 2021
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AMBIENTE: Percepções 2021
ÍNDICE REMISSIVO
A
Ação Contra a Mudança Global do Clima 222
Acidificação oceânica 37
Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico 80, 138
Agência Nacional de Vigilância Sanitária 115
Água contaminada 134, 136
Antropoceno 36, 211
Aquecimento global 7, 36, 42, 51, 111, 211, 212, 213, 214, 217, 218, 226, 229
B
Bacia hidrográfica 7, 26, 27, 28, 77, 79, 80, 81, 82, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 98, 99, 100,
101, 102, 138, 203
Biodiversidade 7, 12, 13, 14, 16, 24, 26, 35, 36, 38, 39, 47, 48, 55, 56, 57, 100, 109, 185, 210, 213, 224, 228,
229, 231
Branqueamento de corais 45, 46, 47, 49, 51, 52
C
Carga viral 84, 116, 132, 134, 139, 140, 141, 142, 144, 145, 146, 147, 150, 151, 153
Catadores de Materiais Recicláveis 115, 116
Cattleya intermedia 7, 9, 10, 11, 17, 19, 20, 21, 22, 23, 26
CDCN2 147
CDCN3 147
Cidades resilientes 187, 192, 194, 195, 205
Comunidades de corais 49, 50, 56
Comunidades resilientes 190
Covid-19 7, 8, 108, 109, 110, 111, 113, 115, 116, 117, 119, 121, 122, 123, 126, 131, 132, 133, 134, 136,
137, 138, 139, 140, 141, 142, 144, 147, 148, 149, 150, 151, 152, 153, 218
CPRM 88, 91, 92, 93, 94, 100, 166, 188, 196, 197, 198, 199, 200, 201, 202
D
Desastres hidrológicos 8, 157, 161, 162, 166, 186, 187, 189, 194, 197, 198, 201, 202
Desastres naturais 8, 158, 159, 160, 167, 174, 176, 177, 178, 184, 185, 188, 189, 196, 197, 200, 212, 226
Desastres socioambientais 205
E
Educação básica 220, 221, 222, 231
Educação em Mudanças Climáticas 219, 221, 222
Emergência sanitária 115
Engenharia de Resiliência 8, 184, 188, 190, 191, 193, 195, 197, 203, 205
Epidemiologia Baseada em Águas Residuais 132, 136, 149
Erythrina crista-galli L. 15
Esgoto 7, 8, 131, 132, 134, 135, 136, 137, 138, 139, 140, 141, 142, 144, 145, 146, 148, 149, 150, 151, 152,
153, 189, 202
Estresse térmico 37, 50, 55
F
Ficus organensis 15, 19
240
AMBIENTE: Percepções 2021
G
Gestão de riscos de desastres 159, 162, 163, 178, 194
Global Warming 7, 61, 62, 65, 66, 72, 73
I
Impacto Ambiental 83, 84, 85
Índices pluviométricos 24, 90
IPCC 36, 79, 211, 215, 226, 227
M
Marco de Sendai 186, 187
Marine Turtles 7, 61, 62, 63, 65, 66, 67, 68, 69, 72
Mudanças climáticas 7, 8, 35, 36, 37, 38, 39, 42, 43, 44, 45, 47, 48, 51, 56, 57, 79, 80, 109, 185, 191, 209,
210, 211, 212, 213, 215, 217, 218, 219, 220, 221, 222, 223, 224, 225, 226, 227, 228, 229, 230, 231,
232
O
ODS 79
Orchidaceae 7, 9, 10, 24
P
Pandemia 7, 84, 108, 109, 110, 111, 113, 114, 115, 117, 119, 124, 125, 126, 132, 137, 138, 142, 149, 150,
152, 153, 218
Percepção ambiental 220
Plano de Contingência 174, 175, 178, 179, 194, 203
Política Nacional de Defesa Civil 176
Política Nacional de Recursos Hídricos 176
Política Nacional de Resíduos Sólidos 112
R
Recifes de Corais 7, 35, 36, 37, 42, 47, 48, 49, 51, 56, 57
Resíduos Sólidos 7, 108, 109, 110, 111, 112, 113, 114, 115, 116, 117, 119, 122, 125, 126
Resíduos Sólidos Domésticos 7, 108, 110, 111
Resiliência 8, 37, 48, 57, 85, 86, 184, 186, 187, 188, 190, 191, 192, 193, 195, 196, 197, 203, 204, 205, 210,
211
Revisão sistemática da literatura 38
Risco hidrológico 198, 199
Riscos ambientais 85, 192
RT-qPCR 137, 140, 147, 148
S
SARS-CoV-2 7, 8, 109, 113, 115, 119, 123, 124, 131, 132, 133, 134, 135, 136, 137, 138, 139, 140, 141, 142,
145, 146, 147, 148, 149, 150, 151, 152, 153
Sistemas resilientes 192
Sociedades sustentáveis e resilientes 163
Symbiodinium 44, 46, 51, 52, 53, 54
Systematic Review 7, 61, 62, 65
241
AMBIENTE: Percepções 2021
T
Teoria Sistêmica 81
Turtle global warming biodiversity 66
Turtle global warming pivotal temperature 66
Turtle global warming sexual determination 66
V
Vulnerabilidade ambiental 85, 100
W
WBE 132, 136, 137, 149, 150, 151, 153
242
SOBRE OS AUTORES
Annette Droste
Doutora em Genética e Biologia Molecular – UFRGS. Genética e Biolo-
gia Molecular – UFRGS. Graduação em Ciências Biológicas - UNISINOS.
E-mail: annette@feevale.br
Bruna Haubert
Doutoranda em Qualidade Ambiental pela Universidade Feevale (bolsista
Capes). Mestre em Indústria Criativa pela Universidade Feevale.
E-mail: brunahaubert@feevale.br
Daiene Dorfey
Doutoranda em Qualidade Ambiental pela Universidade Feevale, Bolsista
CNPq. Mestre em Nanociências pela Universidade Franciscana.
E-mail: daienedorfey11@gmail.
Fabrício Wilbert
Doutor em Qualidade Ambiental, Mestre em Tecnologia de Materiais e
Processos Industriais pela FEEVALE, Engenheiro de Plásticos pela Ulbra.
E-mail: fabricio.wilbert@gmail.com
Günther Gehlen
Doutor em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do
Sul. Professor do Programa de Pós-graduação em Qualidade Ambiental.
E-mail: guntherg@feevale.br
Haide Maria Hupffer
Pós-Doutora em Direito pela Unisinos. Doutora e Mestre em Direito pela
Unisinos. Professora e Pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em
Qualidade Ambiental e no Curso de Direito da Universidade Feevale. Líder
do Grupo de Pesquisa Direito e Desenvolvimento – CNPq/Feevale.
E-mail: haide@feevale.br
Jenifer Panizzon
Mestra em Qualidade Ambiental. Doutoranda do Programa de Pós-Gradua-
ção em Qualidade Ambiental, Universidade Feevale.
E-mail: panizzonj@gmail.com
Márcia Lourenço
Doutora em Qualidade Ambiental pela Universidade Feevale.
E-mail: marcialourenci@feevale.br
Marcos Tenedini
Mestre em Qualidade Ambiental. Doutorando do Programa de Pós-Gradua-
ção em Qualidade Ambiental, Universidade Feevale.
E-mail: marcos.tenedini@yahoo.com
Meriane Demoliner
Master and Doctoral Student in Environmental Quality at Feevale University
in Rio Grande do Sul/Brazil. Biomedicine graduation at Feevale University.
E-mail: merianedemoliner@gmail.com
Paula Santos
Doutora em Qualidade Ambiental, Mestre em Engenharia: Energia, Ambien-
te e Materiais pela ULBRA, Engenheira Química pela Ulbra.
E-mail: paula,goncalves@feevale.br