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TECNOLOGIA

DO AMBIENTE
CONSTRUÍDO:
MATERIAIS DE
CONSTRUÇÃO

Sílvia Eidt Monteiro


Vedações verticais:
placas drywall
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Identificar os materiais que constituem o sistema construtivo co-


nhecido como drywall, reconhecendo os diferentes tipos de placa
disponíveis no mercado e suas aplicações.
„„ Analisar as vantagens e desvantagens do uso deste sistema e os
cuidados a serem tomados ao especificá-lo.
„„ Idealizar um projeto em drywall a partir do entendimento das etapas
de montagem e da especificação de suas peças, incluindo isolamento
térmico e acústico.

Introdução
Ainda pouco explorado na construção civil brasileira, devido à falta de
conhecimento dos profissionais sobre suas formas de utilização, o sistema
de drywall é, aos poucos, difundido e conquista espaço no mercado,
mostrando suas vantagens e versatilidade.
Neste capítulo, você estudará os materiais utilizados, as etapas de
montagem, as vantagens e desvantagens do drywall, bem como as
diferentes opções de placas, suas respectivas indicações de uso e algumas
especificações necessárias desse sistema.

Drywall
O drywall teria sido originado em 1888, em Rochester, Reino Unido, porém,
foi patenteado em 1894 nos Estados Unidos. Em sua primeira versão, criada
pelos norte-americanos, seu nome era Sackett Board, uma chapa composta de
três camadas finas de gesso, uma separada da outra por uma folha de feltro com
um conjunto revestido por cartão. Já no Brasil, esse sistema chegou apenas em
2 Vedações verticais: placas drywall

1970 e, no ano de 2000, existiam apenas três fábricas em operação, com um


crescimento modesto, como menciona a Associação Brasileira de Drywall.
Tres (2017) destaca que o drywall é um sistema utilizado na construção de
paredes, forros para ambientes internos, composto de chapas de gesso para-
fusadas em um perfil de aço galvanizado com alta resistência mecânica. As
medidas padrões dessas chapas são de 120 cm da largura, e seu comprimento
varia de 180 a 360 cm, sendo de 12,5 mm a espessura de placa mais utilizada.
A Associação Brasileira de Drywall informa que essas chapas são fa-
bricadas mediante um processo de laminação contínua de uma mistura de
gesso, água e aditivos entre duas lâminas de cartão, em que uma é virada nas
bordas longitudinais e colada sobre a outra. Elas devem ser produzidas de
acordo com as normas a seguir: Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT) Norma Brasileira (NBR) 14715:2001, ABNT NBR 14715-1:2010 e
ABNT NBR 14715-2:2010.
A parede é constituída por uma estrutura de perfil de aço galvanizado,
na qual são parafusadas, em ambos os lados, placas de gesso acartonado. A
forma de montagem do drywall permite que ela seja configurada atendendo
aos níveis de desempenho e às necessidades de cada ambiente em relação à
mecânica, acústica e térmica. Para isso, especifica-se a espessura dos perfis
estruturais (48, 70 ou 90 mm), pois o espaçamento entre eles (400 ou 600 mm)
em paredes retas é menor que nas curvas, devido ao raio. Deve ser avaliada a
necessidade de a parede possuir capacidade portante (sustentação de móveis)
e isolamento termoacústico, o qual pode ser obtido por meio da utilização de
lã mineral ou de vidro internamente nas placas, como menciona a Associação
Brasileira de Drywall.

A Associação Brasileira de Drywall disponibiliza em seu site as especificações necessárias


do sistema. Acesse o link a seguir e confira.

https://goo.gl/kNtMKC

Diniz, Rodrigues e Kovacs (2014, documento on-line) complementam


que o drywall se define por um miolo de gesso e faces de papel cartão, com
o sistema composto de placas fixadas em estruturas de aço. Sua funcionali-
Vedações verticais: placas drywall 3

dade permite a criação de diversas formas com painéis simples e duplos de


diferentes espessuras, dependendo da necessidade, o preenchimento com lã
mineral incrementa ainda mais o isolamento acústico e térmico.
A autora conta ainda que existem três tipos de chapa, diferenciadas pelo
tom da cobertura do papel cartão, e que a face branca deve ser sempre voltada
para o lado do acabamento.

„„ Chapa verde (resistente à umidade [RU]): com silicone e acrescido de


fungicidas misturados ao gesso, permite a aplicação em áreas úmidas,
como banheiro, cozinha e lavanderia.
„„ Chapa rosa (resistente ao fogo [RF]): ela resiste mais ao fogo devido à
presença da fibra de vidro na fórmula e é bastante utilizada ao redor
de lareiras e bancadas de cooktop.
„„ Chapa branca (standard [ST]): o tipo mais básico, aplicado em forros
e paredes em ambientes secos.

Na Figura 1, você pode observar os três tipos de chapas utilizadas no


sistema drywall.

Figura 1. Tipos de chapas utilizadas no sistema drywall.


Fonte: Diniz, Rodrigues e Kovacs (2014, documento on-line).

Já para os tipos de instalação do drywall, Diniz, Rodrigues e Kovacs (2014,


documento on-line) apresentam três formas.
4 Vedações verticais: placas drywall

„„ Fixação do forro: painéis específicos para tetos são parafusados na


estrutura de aço, e o forro fica suspenso por tirantes sob a laje, ou
preso no telhado. Isso ajudará a absorver os movimentos naturais,
evitando trincas.
„„ Painéis prontos: eles já vêm com o revestimento (cartão melamínico ou
de policloreto de vinila [PVC]), que dispensa a parte do acabamento.
„„ Parede sobre parede: técnica para nivelar superfícies com desnível ou
tortas, aumentando o confronto termoacústico do ambiente.

Tres (2017) menciona a ABNT NBR 14715-1:2010, na qual as chapas de


gesso acartonado devem ter as seguintes especificações:

„„ Marca e/ou fabricante, identificação do lote de produção, tipo de chapa e


de borda, bem como as dimensões da chapa, como largura e espessura,
expressas de acordo com o Sistema Métrico Internacional.
„„ Sua aparência deve ser lisa, sólida, sem ondulações e manchas.

No interior da parede, as instalações elétricas devem ser feitas com con-


duítes (são posicionados passando por meio de furações existentes nos perfis
da estrutura metálica do sistema), e as caixas elétricas precisam ter a fixação
de acordo com o planejamento do projeto. Veja na Figura 2 um exemplo de
tubulações para instalações elétrica e hidráulica no sistema drywall.
A Associação Brasileira de Drywall cita ainda o uso do drywall como forro
que, assim como a montagem nas paredes, permite a configuração de acordo
com as exigências/necessidades de cada ambiente, variando o número das
chapas para a estrutura, mas, no forro, pode-se montar sob quatro diferentes
configurações: estruturado, parafusado, aramado e removível. Os três primeiros
tipos são fixos, proporcionando superfícies monolíticas, com chapas e bordas
longitudinais rebaixadas, que recebem tratamentos de juntas para uniformizar
a superfície. Já o removível é executado com chapas de bordas quadradas.
O estruturado é formado pelo parafusamento de uma ou mais chapas em
estruturas de aço galvanizado, suspensa por meio de pendurais. O pendural
mais comum se constitui de tirantes, fixados na laje superior e em um suporte
nivelador, porém, há também aqueles compostos de perfis ou fitas metálicas. O
perímetro pode ser executado com cantoneiras, como menciona a Associação
Brasileira de Drywall. Veja na Figura 3 um exemplo de forro estruturado
com canaleta.
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Figura 2. Tubulações para instalações elétrica e hidráulica no sistema drywall.


Fonte: Ilumina Gesso (2016 apud TRES, 2017, p. 20).

Chapa de gesso

Canaleta

Tirante

Suporte nivelador
A = Distância entre eixo dos perfis
B = Distância entre eixo dos pendurais

Figura 3. Forro estruturado com canaleta.


Fonte: Associação Brasileira dos Fabricantes de Chapas para Drywall (2006, p. 51).
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O perfurado é uma variante do forro citado anteriormente, porém, utiliza


chapas perfuradas, que auxiliam na absorção sonora, essa propriedade pode ser
melhorada com o uso de lã mineral ou de vidro no entreforro, como menciona
a Associação Brasileira de Drywall.
Já no sistema aramado, a Associação Brasileira de Drywall menciona que
ele é formado pela justaposição de chapas de gesso com 600 mm de largura
unidas pelas junções H, bem como suspenso por arame de aço galvanizado
(1,24 mm de diâmetro), sua estruturação se completa com nervuras de chapas
de gesso. Você pode ver na Figura 4 um exemplo de forro aramado.

Chapa de gesso

Nervura

Tirante Massa de colagem

Junção H

Figura 4. Forro aramado.


Fonte: Associação Brasileira dos Fabricantes de Chapas para Drywall (2006, p. 52).

Há também o sistema removível, formado pela sobreposição de chapas de


gesso em perfis tipo T, cujas dimensões variam de acordo com a modulação
da estrutura. Esse forro é composto de somente uma camada de chapas, que
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podem ser removidas para o acesso à instalação. Na Figura 5, você pode


visualizar um forro removível.

Longarina

Travessa

Tirante Chapa de gesso


removível
Regulador

Figura 5. Forro removível.


Fonte: Associação Brasileira dos Fabricantes de Chapas para Drywall (2006, p. 53).

A Associação Brasileira de Drywall menciona que, ao utilizar o sistema


como revestimento, este pode ser estruturado ou colado. A aplicação do tipo
colado é mais simples e destinada ao acabamento de paredes de alvenaria ou
concreto, quando não apresentarem variações dimensionais. Já o revestimento
estruturado se usa para desempenho especial ou necessidade de instalação elé-
trica, hidráulica ou de telecomunicações no seu interior. A forma de montagem
e os componentes utilizados permitem que eles sejam ajustados para atender
aos diferentes níveis de desempenho. Os revestimentos também podem ser
curvos, sinuosos, com recortes para instalação de elementos de iluminação
ou outros detalhes arquitetônicos, garantindo grande liberdade ao projetista.
Há quatro tipos de aplicação, conforme apresentado a seguir:
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„„ Revestimento interno e uma parede de fachada, que pode ser colado ou


estruturado. Em fachadas, nas faces das paredes internas com elementos
pré-moldados, usa-se o estruturado em interligações com elementos
da fachada.
„„ Revestimento de paredes internas de alvenaria ou elementos estruturais,
que pode ser colado ou estruturado. Na colagem em superfícies pouco
aderentes, deve-se aplicar antes chapisco rolado.
„„ Revestimento de instalação (shaft), que usa apenas o revestimento
estruturado.
„„ Revestimento no alinhamento de pilares, vigas ou alvenarias, que
executa o revestimento colado em cima do elemento estrutural ou o
estruturado com desnível de no mínimo 25 mm, deixando o elemento
estrutural à mostra.

Ainda segundo a Associação Brasileira de Drywall, este sistema pode ser


utilizado também na confecção de mobiliário fixo, por exemplo, um balcão de
recepção. A estabilidade, a rigidez e o desempenho mecânico são os primeiros
a serem planejados, permitindo a análise da estrutura e do posicionamento
das instalações elétricas.

Acesse o link a seguir e leia mais sobre o desempenho de forros em drywall no site da
Associação Brasileira de Drywall.

https://goo.gl/oWMJUJ

Vantagens e desvantagens do uso do drywall


O uso deste material ganhou força e espaço devido à sua capacidade de isolar
sons, embutir fiações elétricas, luminárias e tomadas, bem como à rapidez de se
montar uma estante sem o inconveniente adicional de uma obra convencional,
segundo Diniz, Rodrigues e Kovacs (2014, documento on-line).
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Diniz, Rodrigues e Kovacs (2014, documento on-line) mencionam ainda


que existem inúmeros atributos desta nova tecnologia da construção, pois
quase tudo pode ser criado com ela, cujos componentes são recicláveis e a
matéria-prima de gesso (gipsita) não gera descarte tóxico. O drywall é uma
tecnologia limpa, apresentando apenas 5% de resíduos na obra (contra 30%
de resíduos em métodos tradicionais), sendo um material mais leve e, por
isso, seu transporte se torna mais barato. Já sobre a sua segurança, ele possui
embasamento na NBR 15758:2009, em que os sistemas construtivos em chapas
de gesso e suas composições devem se encaixar nos níveis da NBR 15575:2013
de Desempenho em Edificações.
No caso de reparos, algumas vezes, é indicado que um profissional espe-
cializado os realize. Para trincas e fissuras, deve-se, primeiramente, limpar a
área, aplicar uma massa específica para as juntas e, em seguida, colocar a fita
de papel micro perfurado, pressionando com uma espátula pequena — precisa-
-se deixar secar após essa etapa. Caso seja necessário, um novo processo será
feito, até que o defeito fique invisível ao olho. Com tudo realizado, a superfície
está pronta para ser lixada e pintada.
Caso o problema seja com pequenos buracos, o processo é parecido, o local
deve ser limpo; e o buraco, preenchido com massa adesiva em pó (MAP) com
secagem rápida, indicada para a colagem das placas de gesso, utilizando uma
espátula pequena. Da mesma forma, a etapa pode ser realizada novamente,
se for necessária. Após a secagem total, pode-se fazer o acabamento, lixando
e pintando o local, como mencionam Diniz, Rodrigues e Kovacs (2014, do-
cumento on-line).
Porém, se o local for danificado ou necessitar da retirada de um pedaço
da placa para acessar a tubulação, por exemplo, por dentro da parte exposta,
deve-se parafusar os pedaços de perfis metálicos para um novo trecho que
será fixado a ele. Logo após, com a aplicação de massa para o tratamento
de juntas, a espera da secagem, o acabamento final com a lixa e a pintura, o
acabamento está pronto e feito em pouco tempo.
Segundo Tres (2017), há vantagens e desvantagens no uso do drywall, as
quais devem ser bem analisadas antes de sugeri-lo no projeto, para garantir
que a utilização de chapas de gesso acartonado seja a opção mais apropriada,
mesmo quando comparada à alvenaria tradicional (bloco cerâmico ou de
concreto).
No Quadro 1, você pode conferir as características do sistema de drywall.
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Quadro 1. Características do drywall

Vantagens Desvantagens

Rápida execução do sistema, ou Baixa resistência mecânica.


seja, elevada produtividade.

Imediatamente após a montagem Cargas superiores a 35 kg devem ser


está pronto para receber decoração. previstas com antecedência para
instalação de reforços na execução.
Construção a seco (maior limpeza
e organização da obra).

Redução de resíduo, por ser


um sistema planejado.

Ganho de área útil. Barreira cultural (construtor


e consumidor).

Menor peso por m² (25 kg/m²), Menor contraventamento das


o que permite reduzir o peso da edificações: necessidade de
estrutura e aliviar as fundações, estruturas mais rígidas.
possibilitando maior espaçamento
entre pilares, adoção de lajes planas
de concreto armado ou protendido
e eliminação de vigas entre pilares.

O comportamento da parede
atende aos critérios de impacto.

Facilidade de instalação dos Vazamento acidental é o maior


sistemas elétricos e hidráulicos. problema que pode ocorrer com
as divisórias de gesso acartonado.

Capacidade de atendimento Menor isolamento acústico (para


de diferentes necessidades valor igual à alvenaria) ou altos
em termos de desempenho custos para fazer o isolamento.
acústico, quando realizado com
chapa dupla e lã mineral.

Resistência ao fogo. Baixa resistência à alta umidade.

Depende menos da habilidade


do profissional.

Desmontabilidade. Cuidado com encontros da


divisória — parede externa,
pois podem eventualmente
umedecer o gesso acartonado.

(Continua)
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(Continuação)

Quadro 1. Características do drywall

Vantagens Desvantagens

Sem trincas, por ser feito com Os vazios internos podem se


juntas de dilatação por meio transformar em ninho e esconderijo
de fitas micro perfuradas. de insetos, baratas, cupins e formigas.
Os detalhes construtivos devem
impedir totalmente essa possibilidade.

Perfeito acabamento, resultando Necessidade de nível


em uma superfície plana, sem organizacional elevado para
trincas ou imperfeições, comuns obter vantagens potenciais.
na alvenaria convencional e pronta
para receber os acabamentos.

Incremento da velocidade de Umidade relativa do ar


execução da obra, com a eliminação permanentemente elevada
das etapas de trabalho e liberação no ambiente, tende a
para fase de acabamento em desenvolver fungos.
curto espaço de tempo.

Maior custo por m², porém, há


possibilidade de obtenção de ganhos
diversos pela redução dos prazos de
obra — custos globais da construção
em até 15% em relação aos
processos construtivos tradicionais
já registrados por construtores
brasileiros que adotaram o sistema.

Fonte: Adaptado de Tres (2017, p. 34–35).

Machado (2014) menciona que paredes feitas de drywall são mais leves e
têm menor espessura se forem comparadas às de alvenaria comum, bem como
fácil montagem, rapidez e praticidade na instalação. Porém, a desvantagem é
que somente podem ser utilizadas em ambientes internos, precisam de mais
atenção para garantir resistência e de um planejamento especial, principalmente
se forem utilizadas para suportar objetos pesados.
Segundo a Associação Brasileira do Drywall, a instalação de fábricas desse
sistema foi iniciada nos anos de 1990, e o mercado respondeu rapidamente,
trazendo a evolução dos números do desempenho comercial no mundo, con-
forme mostra a Figura 6.
12 Vedações verticais: placas drywall

Figura 6. Mercado no mundo.


Fonte: Como... (2018, documento on-line).

Como observado, o consumo de chapas no Brasil ainda é muito pequeno,


porém, na Figura 7, você pode perceber que esse uso cresce de forma signi-
ficativa, chegando a quadruplicar em questão de 10 anos.

Figura 7. Mercado brasileiro.


Fonte: Como... (2018, documento on-line).
Vedações verticais: placas drywall 13

O Brasil ainda ocupa uma posição modesta no uso do drywall, se compa-


rado ao cenário mundial, mesmo que o mercado tenha respondido de forma
positiva, como menciona a Associação Brasileira de Drywall.

Idealização de um projeto em drywall


Nicomedes e Qualharini (2003) mencionam que o esquema de montagem do
gesso acartonado (drywall) deve ser iniciado ainda na fase de projeto para
que se possa especificar:

„„ Tipos de placas.
„„ Espessuras finais.
„„ Dimensões dos montantes.
„„ Existência ou não de isolamento termoacústico.
„„ Necessidade de resistência ao fogo ou à água.

Isso ocorre, pois o desempenho da parede varia de acordo com as es-


pecificações do projeto, em que são necessárias algumas decisões, como a
paginação das chapas/placas, com cuidado para que as emendas não coinci-
dam com os vãos das portas. O estudo da paginação também é importante
para o cálculo de custos e, segundo os autores, deve apresentar detalhes e
montagens como:

„„ Ponto do início da paginação das chapas.


„„ Vãos e detalhamento dos reforços internos para suportar sobrecargas
previstas no projeto.
„„ Distribuição das instalações hidráulicas, elétricas, entre outras.
„„ Características da parede para aparelhos a serem chumbados juntos ou
uma instalação complementar.

O projetista deve ficar atento ao processo de execução da obra, na concep-


ção da ideia, gerenciar e guiar os instaladores para uma melhor instalação.
Porém, a questão técnica precisa pontuar a necessidade do uso de shafts
horizontais e caminhamento de tubulações das instalações, bem como pre-
ver locais de acesso para a manutenção — previamente planejados, como
menciona Nicomendes et al. (2003). Na Figura 8, você pode ver como ocorre
a instalação do drywall.
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Figura 8. Instalação do drywall.


Fonte: Diniz, Rodrigues e Kovacs (2014, documento on-line).

Diniz, Rodrigues e Kovacs (2014, documento on-line) listam as diferentes


formas de instalação do drywall, cujo conhecimento é importante para a
elaboração de projetos:

„„ Estruturar a base e instalar guias metálicas no piso e no teto para sus-


tentar os montantes verticais de aço galvanizado (com uma distância
de 60 cm entre eles).
„„ Instalar as chapas, que devem ser parafusadas sobre os perfis de aço
galvanizado.
„„ Efetuar a cobertura das juntas entre as placas (locais com maior propen-
são ao aparecimento de fissuras) com o uso de massa e fitas próprias,
duas vezes. O objetivo é que a superfície fique totalmente plana.

Em relação ao peso, Diniz, Rodrigues e Kovacs (2014, documento on-


-line) afirmam que qualquer objeto de até 10 kg pode ser preso diretamente
na chapa. Já para segurar objetos de até 18 kg, a instalação deve ser realizada
nos perfis. Se o peso for ainda maior, é necessário adicionar um reforço ou
distribuir a carga.
Vedações verticais: placas drywall 15

Para peças com mais de 30 kg, você deve ter atenção especial. O drywall suporta
bancadas de pedra ou TV grande se a carga for distribuída em reforços (Figura 9), que
podem ser de madeira tratada e seca em autoclave ou em chapa de aço galvanizado.
Já sua instalação é feita entre os montantes metálicos; e o espaçamento, elaborado
de acordo com o projeto e a carga suportada, como mencionam Diniz, Rodrigues e
Kovacs (2014, documento on-line).

Chapa de aço
galvanizado
com 0,95 mm

Parafusos
autoatarraxante

Montante

Guia

Vista frontal Vista lateral


Figura 9. Uso de reforço em chapa galvanizada no drywall para instalação de TV.
Fonte: Diniz, Rodrigues e Kovacs (2014, documento on-line).

A parede de drywall aceita também redes de balanço, porém, necessita de


um cálculo estrutural feito por profissionais capacitados, pois não é apenas
um reforço na parede que ajuda em casos como esse, uma vez que o peso
alcança até 400 kg, e o perfil metálico precisa ser diferente e reforçado com
chapas de aço mais grossas, soldando os ganchos (18 DÚVIDAS..., 2015,
documento on-line).
Já em relação ao tipo de bucha ou gancho utilizado, Diniz, Rodrigues e
Kovacs (2014, documento on-line) mencionam que, para cada peso, há um
material indicado para a sustentação:
16 Vedações verticais: placas drywall

„„ Para pesos de até 10 kg, utiliza-se uma bucha de expansão, fincada


na placa.
„„ Para pesos entre 11 e 18 kg, utiliza-se um modelo basculante, instalado
nos perfis.
„„ Para pesos entre 19 e 30 kg, utiliza-se um reforço na parede.

Na Figura 10, você pode conferir os tipos de parafuso de fixação de reforço,


conforme a carga suportada pela parede em drywall.

Figura 10. Tipos de parafuso de fixação de reforço, conforme a carga suportada pela
parede em drywall.
Fonte: Diniz, Rodrigues e Kovacs (2014, documento on-line).

Tres (2017) menciona que são necessários alguns equipamentos para a


montagem do sistema, como:

„„ Marcação, medição e alinhamento (nível laser bola, prumo e mangueira


de nível e linha de náilon).
„„ Para o corte das chapas, uso de faca retrátil ou estilete.
„„ Parafusadeira para furação e fixação das chapas nos perfis de aço
galvanizado.
„„ Plaina para efetuar o desbaste das bordas das chapas.
„„ Aberturas articulares (serra copo).
„„ Corte dos perfis metálicos (tesoura).
„„ Fixação dos perfis entre si (alicate puncionador).
„„ Posicionamento e ajustes das chapas (levantador de chapa de pé e
manual).
„„ Tratamento das juntas entre as chapas (espátula metálica, metálica
larga, metálica de ângulo e desempenadeira metálica).
„„ Preparo das massas (batedor).
Vedações verticais: placas drywall 17

„„ Fixação (pistola finca, pino).

Tres (2017) menciona que, para compor uma vedação vertical adequada aos
padrões térmicos e acústicos, existem produtos que são vendidos em feltros ou
painéis compostos de lã mineral, vidro ou de rocha. Sua instalação é simples,
pois se coloca entre placas de gesso, como preenchimento, melhorando o
desempenho termoacústico do sistema.
Outro material bastante utilizado no isolamento térmico e acústico é a lã
de polietileno tereftalato (PET), que traz um conceito ecológico, com matéria-
-prima reciclada. A lã de rocha, usada como enchimento entre as placas, objetiva
promover uma barreira do som, evitando que as ondas sonoras se alastrem
e auxiliando no isolamento térmico. O autor menciona que sua instalação é
simples, pois se coloca entre placas de gesso, como preenchimento, melho-
rando o desempenho termoacústico do sistema por ser um incombustível e
não causar danos ao meio ambiente.
Com as facilidades do drywall, o sistema já é utilizado em muitas constru-
ções. As pesquisas de satisfação, apresentadas por Tres (2017), apontam-no
como uma boa solução, porém, ainda há preconceito com essa tecnologia no
Brasil. Você estudou também como esse material tem sido desmistificado e
o grande aumento do seu uso nas construções no mundo. Contudo, deve-se
ainda perder alguns preconceitos e desmistificar a crença de que se trata de
um material frágil e não resistente, disseminando as inúmeras vantagens
mostradas neste capítulo.

18 DÚVIDAS sobre drywall respondidas por profissionais. Casa.com.br, São Paulo, 25


nov. 2015. Disponível em: <https://casa.abril.com.br/materiais-construcao/18-duvidas-
-sobre-drywall-respondidas-por-profissionais/>. Acesso em: 10 jan. 2019.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS FABRICANTES DE CHAPAS PARA DRYWALL. Manual
de projeto de sistemas drywall: paredes, forros e revestimentos. São Paulo, 2006. 86 p.
COMO surgiu o Drywall? Veja como a destruição do centro de uma cidade levou
à inovação. Clube do Instalador Knauf, Rio de Janeiro, 2018. Disponível em: <https://
www.clubedoinstaladorknauf.com.br/posts-solucoes-knauf/como-surgiu-o-drywall-
-veja-como-a-destruicao-do-centro-de-uma-cidade-levou-a-inovacao/>. Acesso em:
10 jan. 2019.
18 Vedações verticais: placas drywall

DINIZ, C.; RODRIGUES, S.; KOVACS, V. Drywall: entenda como funciona esse sistema
de construção. Casa.com.br, São Paulo, 17 abr. 2014. Disponível em: <https://casa.
abril.com.br/materiais-construcao/drywall-entenda-como-funciona-esse-sistema-
-de-construcao/>. Acesso em: 10 jan. 2019.
MACHADO, A. F. L. et al. Viabilidade do Gesso Acartonado na Construção Civil. In: EN-
CONTRO DE TECNOLOGIA DA UNIUBE, 8., 2014, Uberaba. Anais... Uberaba: Universidade
de Uberaba, 28–30 out. 2014. Disponível em: <http://www.proceedings.blucher.com.
br/article-details/viabilidade-do-gesso-acartonado-na-construo-civil-18782>. Acesso
em: 10 jan. 2019.
NICOMEDES, G. N.; QUALHARINI, E. L. Planejamento e controle do processo de projeto
para alvenarias em gesso acartonado: o drywall e seus sistemas complementares. In:
WORKSHOP BRASILEIRO DE GESTÃO DO PROCESSO DE PROJETO NA CONSTRUÇÃO DE
EDIFÍCIOS, 3., 2003, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: UFMG/USP, 2003.
TRES, L. Utilização do sistema drywall em uma edificação residencial: análise compara-
tiva entre alvenaria em bloco cerâmico e drywall. 2017. 68 f. Trabalho de Conclusão
de Curso (Graduação em Engenharia Civil) – Universidade do Sul de Santa Catarina,
Tubarão, 2017. Disponível em: <https://riuni.unisul.br/handle/12345/4005>. Acesso
em: 10 jan. 2019.

Leituras recomendadas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14715: chapas de gesso para
drywall. Rio de Janeiro, 2010. 24 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575: edificações habitacionais:
desempenho. Rio de Janeiro, 2013. 312 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15758: Sistemas construtivos em
chapas de gesso para drywall: projeto e procedimentos executivos para montagem.
Rio de Janeiro, 2013. 83 p.
BLOG do Gesseiro. Drywall, erros que vc não pode cometer. YouTube, [s.l.], 8 ago. 2017.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ZgZx0Ao2DHU>. Acesso em:
10 jan. 2019.
CONFIRA os mitos e verdades sobre o que é Drywall e veja como ele realmente fun-
ciona. Viva Decora, [s.l.], 16 abr. 2018. Disponível em: <https://www.vivadecora.com.br/
pro/curiosidades/o-que-e-drywall/>. Acesso em: 10 jan. 2019.
LUCASINFILM. O que é drywall? 2 maio 2013. YouTube, [s.l.], Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=9C0Cov_zFbQ>. Acesso em: 10 jan. 2019.
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