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(FUVEST 2004)

Texto para as questões de 1 a 5

Olhar para o céu noturno é quase um privilégio em nossa atribulada e iluminada vida moderna.
(...) Companhias de turismo deveriam criar “excursões noturnas”, em que grupos de pessoas
são transportadas até pontos estratégicos para serem instruídos por um astrônomo sobre as
maravilhas do céu noturno. Seria o nascimento do “turismo astronômico”, que completaria
perfeitamente o novo turismo ecológico. E por que não?
Turismo astronômico ou não, talvez a primeira impressão ao observarmos o céu seja
uma enorme sensação de paz, de permanência, de profunda ausência de movimento, fora um
eventual avião ou mesmo um satélite distante (uma estrela que se move!). Vemos incontáveis
estrelas, emitindo sua radiação eletromagnética, perfeitamente indiferentes às atribulações
humanas.
Essa visão pacata dos céus é completamente diferente da visão de um astrofísico
moderno. As inocentes estrelas são verdadeiras fornalhas nucleares, produzindo uma quantidade
enorme de energia a cada segundo. A morte de uma estrela modesta como o sol, por exemplo,
virá acompanhada de uma explosão que chegará até a nossa vizinhança, transformando tudo o
que encontrar pela frente em poeira cósmica. (O leitor não precisa se preocupar muito. O Sol ainda
produzirá energia “docilmente” por mais uns 5 milhões de anos.)
(Marcelo Gleiser, Retratos cósmicos)

Questão 1

O autor considera a possibilidade de se olhar para o céu noturno a partir de duas distintas
perspectivas, que se evidenciam no confronto das expressões:
a) “maravilhas do céu noturno” / “sensação de paz”.
b) “instruídos por um astrônomo” / “visão de um astrofísico”.
c) “radiação eletromagnética” / “quantidade enorme de energia”.
d) “poeira cósmica” / “visão de um astrofísico”.
e) “ausência de movimento” / “fornalhas nucleares”.

Questão 02

Considere as seguintes afirmações:

I. Na primeira frase do texto, os termos “atribulada” e “iluminada” caracterizam dois aspectos


contraditórios e inconciliáveis do que o autor chama de “vida moderna”.
II. No segundo parágrafo, o sentido da expressão “perfeitamente indiferentes às atribulações
humanas” indica que já se desfez aquela “primeira impressão” e desapareceu a “sensação
de paz”.
III. No terceiro parágrafo, a expressão “estrela modesta”, referente ao sol, implica uma
avaliação que vai além das impressões ou sensações de um observador comum.

Está correto apenas o que se afirma em:

a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) II e III.
Questão 03

De acordo com o texto, as estrelas

a) são consideradas “maravilhas do céu noturno” pelos observadores leigos, mas não pelos
astrônomos.
b) possibilitam uma “visão pacata dos céus”, impressão que pode ser desfeita pelas
instruções de um astrônomo.
c) produzem, no observador leigo, um efeito encantatório, em razão de serem “verdadeiras
fornalhas nucleares”.
d) promovem um espetáculo noturno tão grandioso, que os moradores das cidades
modernas se sentem privilegiados.
e) confundem-se, por vezes, com um avião ou um satélite, por se movimentarem do mesmo
modo que estes.

Questão 04

Transpondo-se corretamente para a voz ativa a oração “para serem instruídos por um astrônomo
(...)”, obtém-se:

a) para que sejam instruídos por um astrônomo (...)


b) para um astrônomo os instruírem (...).
c) para que um astrônomo lhes instruíssem (...).
d) para um astrônomo instruí-los (...).
e) para que fossem instruídos por um astrônomo (...).

Questão 05

Na frase “O sol ainda produzirá energia (...)”, o advérbio ainda tem o mesmo sentido que em:

a) Ainda lutando, nada conseguirá.


b) Há ainda outras pessoas envolvidas no caso.
c) Ainda há cinco minutos ela estava aqui.
d) Um dia ele voltará, e ela estará ainda à sua espera.
e) Sei que ainda serás rico.

(FUVEST 2003)
Texto par as questões 06 a 09

Eu te amo
Ah,se já perdemos a noção da hora,
Se juntos já jogamos tudo fora,
Me conta agora como hei de partir...

Se, ao te conhecer; dei pra sonhar; fiz tantos desvarios,


Rompi com o mundo, queimei meus navios,
Me diz pra onde é que inda posso ir...
(...)
se entornaste a nossa sorte pelo chão,
se na bagunça do teu coração
meu sangue errou de veia e se perdeu...
(...)
como, se nos amamos como dois pagãos,
teus seios inda estão nas minhas mãos,
me explica com que cara eu vou sair...
não, acho que estás só fazendo de conta,
te dei meus olhos pra tomares conta,
agora como hei de partir...
(Tom Jobim – Chico Buarque)

Questão 06

O sentimento de perplexidade expresso nas frases “como hei de partir”, “pra onde é que inda
posso ir”, “com que cara eu vou sair”, deve-se ao fato de que a relação amorosa do sujeito

a) foi marcada por sucessivos desencontros, em virtude da intensidade da paixão.


b) constitui uma radical experiência de fusão com o outro, da qual não vê como sair.
c) provocou a subordinação emocional da pessoa amada, de quem ele já não pode se livrar.
d) ameaça jamais desfazer-se, agravando-se assim uma interdependência destrutiva.
e) está-se esgotando, sem que os amantes saibam o fazer para reacender a paixão.

Questão 07

O prefixo assinalado em “desvario” expressa

a) negação.
b) cessação.
c) ação contraria.
d) separação.
e) intensificação.
Questão 08

Examinando-se aspectos construtivos deste texto, verifica-se que

a) todas as ocorrências da conjunção se expressam uma condição, com o sentido de no


caso de.
b) o emprego de como, no inicio da quarta estrofe, é uma retomada de “como hei de
partir”, da primeira estrofe.
c) A repetição de conta, na última estrofe, reitera a mesma idéia do custo que a
separação representa para o sujeito.
d) o emprego da vírgula depois do não, na última estrofe, é facultativo, uma vez que a
partícula negativa tem aqui o valor de uma simples ênfase.
e) o efeito dramático nele obtido nasce da reiterada oposição entre ações transcorrida no
passado.

Questão 09

Neste texto, em que predomina a linguagem culta, ocorre também a seguinte marca da
linguagem coloquial:

a) emprego de hei no lugar de tenho.


b) falta de concordância quanto à pessoa nas formas verbais estás, tomares, e conta.
c) emprego de verbos predominantemente na segunda pessoa do singular.
d) redundância semântica, pelo emprego repetido da palavra conta na última estrofe.
e) emprego das palavras bagunça e cara.

(FUVEST 1997)

Questão 10

Conta Rubem Braga o conselho que um amigo lhe deu certa vez: “Olhe, Rubem, faça como eu,
não tope parada com a gramática.”
Tratando Rubem por tu e respeitando o padrão culto, o amigo deveria dizer:

a) Olhai, Rubem, faz como eu, não enfrente a gramática.


b) Olhai, Rubem, faze como eu, não te vás atemorizar com a gramática.
c) Olha, Rubem, faças como eu, cuide de seguir a gramática.
d) Olhe, Rubem, faças como eu, evita fugir à gramática.
e) Olha, Rubem, faz como eu, não desafies a gramática.

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