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Vitor Gomes Pinto


refacl
Tudo começou numa das conversas amigas prevenbvas, ncNOS produtos, novas formas de
com RUI Santos, o diretor da livraria e Editora organização e de finanCIamento A emergência
Santos, em São Paulo. Combinamos que havia do concerto da Promoção da Saúde. Os enfo-
necessidade de preparar uma quarta edição do ques mais atuaIS que cercam os problemas do
"Saúde Bucal: Odontologia Social e Preventiva", penodonto, as malodusões, o câncer bucal A
uma vez que o livro até hOJe persiste como um explosão da AIOS e a rmportãnoa cada vez
ponto de referênoa para murtos profissIOnaIS, maIOr do dragnóstlCO precoce que deve ser feito
além de professores e alunos de cursos de gra- nos consultÓriOS odontológlcos_ A ampliação do
duação e pós-graduação nas Faculdades de 0- conhecimento eXigido para um livro deste porte
dontologia e entidades de enSino por todo O Bra- tornou essenoal a participação de colegas - es-
sIL peoalistas renomados - a fim de que os leitores
A prim~ra edição ~ de 1989. Na segunda, pudes5em contar com a melhor quahdade dispo-
. de 1990 e na terceira, de 1992. foram feitas a- nível em cada área espeóra, o que se [Ornou
(u;llrzriçÕ@.; (oncO/tuar!>, mas tanto o formato possivel graças à pronta dlSpombllldade dos
quanto o numero de pâglnas da versão onglnal colaboradores que estão presentes nessas pâgl
foram mantidos. Na prática, o livro manteve-se nas.
com a mesma "cara" com que fOI lançado no O prÓpriO nome da espeaalldade mudou A
mercado, merecendo sucessivas reimpressões OdontokJgla deIXOU de ser ~social e prevenwa-
graças ao interesse dos leitores para transformar-se na -odontologia de saúde
Desta feita. tornou-se logo evidente que o coletrva" de acordo com a deosão do CFO Este
trabalho a fazer sena muito mais mtenso. AClên- foi o motivo pnnapal para a mudança no titulo,
ela caminha a passos cada vez mais céleres e em que passou a ser "Saúde Bucal ColetlVa- para
setores de ponta da econorma, em partICUlar em melhor adequar-se aos tempos atuals_ Dentro
áreas como a da InformátICa as mudanças ocor- do possivel, a base estrutural das ediÇões ImClalS
rem numa tal veloodade que surpreendem até fOI mantida, maso resultado aqUI obtJdo é mUIto
mesmo os cnadores das novas tecnologias No drverso graças a todo o unIVerso emergente de
CUriOSO dizer do professor Waldrmlf Prrró e lon- Idéias, concepções e prátIcas que a SOCiedade e
go, da Finep, os que estão nascendo nos dias a saúde bucal Incorporaram neste momento de
de hOJe poderão ter a faSCInante possibihdade tranSIção entre os skulos XX e XXI
de tornar-se Inteiramente obsoletos pelo menos Tem-se edItado, nos últimos tempos, um nú·
quatro vezes durante suas VIdaS. mero cada vez malOf de livros 50bre prevenção e
Na verdade, tratava-se de escrever um novo promoção da saúde bucal, pnnopalmente na
livro, na tentatIVa de traduzrr com a fidelidade Europa, tendo alguns uma tradução brasileira
possível as transformações ocorridas nesses dez No entanto, dada a sItuação epidemiológica que
anos com a odontologia de saUde pUblica e com é vtVeooada Internamente pela população em
as ciênCias que lhe são correlatas_ Novas témlcaS cada estado e dadas as característICaS multo tipl

IX
cos do sl!rt(!ma de saúde e dos modelos de finan- tema de saúde que ti parte de uma economia
I!:I::Hnento praticados no pafs. parece cada vez quase sempre em crise, seja quando se procura
mar'i drflClI copiar os modelos externos procu- compreender estratégias reais qUE:' PE:lrmrtam
nmdo adaptá-Ios à realidade naoonal ajudar paclenles de riscO em relação à cdrle, à
j.,lj. nJ vord.. de, um V~(UO entre as soluções e doença penodontal ou ao contágio pelo HiV
a) tecnologias de ponta - indusive no campo Espera-se que este livro conSiga responder a
prOlKlntlVO - produzu::las com CrE:'5C~te sofregw- algumas das Indagações e das inqUietações dos
dao no mundo economicamente mais desen- leitores. apolando-os efetIVamente quando tIVe-
volvido. e o dio-a-dia dos cidadãos que vIVem em rem diante de SI a tarefa de promover saúde 00.
um paí~ como o Bra~il ou na América latina cal para a população de sua rua, de seu bairro.
8cemplos tlplCOS dessas contradições podem ser de sua CIdade ou de seu pais.
encontrados com faCIlidade seja quando se tra·
balha com a estruturação de ServiÇOS dentro de
uma comunidade tendo de participar de um 515- Vitor Gomes PInto

x
o Odontólogo costuma ser um homem de "Odontologia Social e Preventiva é, não obs-
H

aç:'o e um profissional que maneja com acerto o tante, uma soma de valores, poiS, ao arsenal teó-
dom da palavra no relacionamento diário com riCO e ã doutrina. agrega o enfoque prátiCO e o
seus pacientes. O professor de Odontologia é dado preciso ne<essáno para dar ao trabalho
um homem que lê e sabe transmitir aos alunos o efetividade e efkáoa no ato de prevenir ou cu-
fruto de sua experiênoa pessoal na arte de aten- rar
der as necessidades de cura e de reabilitação do Completa-se o livro com numerosas tabelas e
paciente O Odontólogo SanitarISta é quem re- quadros estatísticos que documentam suas aflr.
presenta a consciência social da profissão. e o mações e dão lugar sempre às Indagações e a In·
seu trabalho seja na comunidade seja nas esco- terpretação pessoal do leitor
las. é também palavra e ação. A bibliografia CUidadosamente seleCIonada
Encontrar uma pessoa como Vitor Gomes acompanha uma obra ruja utilidade para o
Pinto nO'i QUildros da pl'ofissao é uma descober- Odontólogo, seja ele um cliniCO de consultóno.
ta pouco rreqüente. Vitor une à sua ação como um sanitarista, um professcll" 00 um aluno de
Odontólogo Sanitarista a facilidade de expres- Odontologia ou de Saúde PUblica, é ev1denle
são verbal, transparente pela rigorosa raciona- Por sua amplitude e profundidade merece
lidade e ordem no discurso, mas, além disso um lugar destacado nas estantes das CIênCias da
toma da pena para transmitir com dareza e con- saúde em geral, VistO que ultrapassa mUito os h·
mão 5eU pensamento e experiênCia como uma mltes dos interesses puramente odontológ!cos
pessoa comprometida com a saúde do poYO, em Foi um privilêglo e um prazer recorrer as págl
especial daqueles homens, mulheres e crianças nas manuscritas que a amIZade e a camarada
CUIa pobreza os coloca mais perto da enfermida- gem de colega do Dr Vitor Pinto tornaram possi-
deedador veis. Só resta desejar a esta obra o rumprlmento
O livro, que reflete as preocupações da Odon- do destino que seu Autor lhe deu, o de ser um
tnlogla em cumprir cabalmente com suas obriga- Instrumento eficaz em favor de uma melhor saú-
ções para com a população, vem num momento de bucal no continente latino-americano.
opor tuno preencher um espaço que o tempo
alargou dQsde que o or Mano Chaves publicou Roberto Beltran"
..lia dánici'l HOdontologl.l Social- Agora, o or_
Vitor Pinto nos devolve ao SOCIal e nos faz reto- li- O Or Roberto Belttin todonlólo9O. r\iISOdo no ~\J. ando
se tomou dll'etcw da l.IrlNenIdade ~ Hêft!dla Apcx
mar o caminho certo da prevenção como razão atUM longo periodo como COI'I:!iultor da ~l~ao Pan-
pnnClpal do ser em saúde e como trãnSlto neces- Amencana d. s.we, ~ceu o ~ de 11!pn!S8ntantR da
saria para etapas superiores de bem-estar Fundação KeIIogg para a Arnmca latiria

XI
Ana Lúcia Camargo -Capitulo4 Tltulo41.2 Saude do Paraná; ex.professora da Unrvel"Sldade
Espeoalista em Saúde PúblIca e Assessora da Se- Federal do Paraná.
cretaria MunIcIpal de Saude de CuntJba, Paraná
Geraldo Augusto Chiapinotto -~tAo 15
Aubrey Sheiham -úpltulo6 Doutor em Reabilitação Bucal (Penodonua) pela
Professor de Dental Public Health (Saúde Publl· USP·Bauru; Professor Adjunto de Perlodonlla e
ca em Odontologia) do Department of Epide-- Professor Adjunto do Departamento de SemlO-
miology and PubJic HeaJth - Unillersity CoIlt:>ge logia e dinic.a da Faculdade de OdontologIa da
London MedicaI School, e coordenador dos rur· Universidade Federal de PelotaS/RIo Grande do
sos: de pós-s!raduaçao, em Londres, Inglaterra Sul; ProfesSOf de Penodontla da ULBRA

Carolina Manau CapltuIo3 Tltulo3.7 José Alberto de Souza Freitas - Capilulo t!l
Médica Estomatóloga pela Universldad de Bar- Supenntendente do HOSpital de PesqUisa e Rea-
celona, Espanha, Mestre em Salud Pública Den- bilitação de lesões LabiopalataJs da Unrvergda-
tal pela Unrvef"Slty of MlChigan, USA, Professcr de de São Paulo, em Bauru.
ra Titular de OdontologIa PreventMl e Comu-
nitária na Faculrad de OdontologIa de la Univer· Uliane Barbosa Corrêa - CapI!\M)4 TlIulo4: I 2
sidad de Barcelona, Espanha. ESpecialista em Saúde Publica no Centro de Sau
de Ambiental da Secretaria de Saüde Ambientai
Dante Bresolin - CilpolUIo 18eCiiptuloS TinlIo 5 5 da Prefetura Municipal de Cuntiba, Paraná
Mestre em Ortodonua pela Unicamp e pela Uni-
versiry of Wc:Ishingron de SeartlE'. WA USA,
Doutor em Ortodontla pela UnlVel'Sldade Fede-
Marcos Azeredo Furquim Werneck -
CapitulaS
,...1 do RIO de Janeiro; Professor Adjunto respon- Doutor em Odontologia Social pela Unlversl
sável pela Área de Ortodonua da UntverSldade dade Federal Fluminense, Professor Adjunto do
de8rasnia Departamento de OdontologIa Social e Preven-
tiva da Faruldade de Odontolog1a da Universr
Fanny Jitomirski CapUJlo 4 TittAo. 2 6, CapiUos dade Federal de Minas GeraiS, Coordenador da
t6e 17
Área de Concentração de SaUde Coletiva do
Espeaahsta em OdontologIa Social e Preventiva
Mestrado em Odontologia da UFMG.
pela Universidade Federal do Paraná, Coorde-
nadora do Programa Estadual de Prevenção e
Controle do Câncer de Boca e Assessora do Pre>- Mansa Maltz - ~pllulo 11
grama AlDSjDST da Secretaria Estadual de Doutora em Odontolog1a pela UnIVersidade de

XIII
GotQmburgo, Suéoa; Mestre em OdontolOQla Department of Dental Public Health do London
PrEWnUV.l fi SoaaJ pela unIVersidade Federal do Hospnal MedicaI Co/lego e Um"e""y CoIIego
Rio Grande do Sul. Professora Titular do Depar- da Univer5Jty of London, Inglaterra. no período
lamerlto de Odontol091a Preventiva e Social. Fa de 1993 a 1997. Professor Adjunto Vl'ioItante do
c;uldildc: de Odontologia da UnIVersidade Fede- Departamento de Epidemiologia do Instituto de
1'41 do RIo Grande do SUl Medicina Social da Universidade do estado do
Rlode Janeiro. a partir de 1997.
Mauro Antunes - ClIpItulo). Titulo 3 6 4
E~pedéllb;ta em Odontologia Preventiva e Saúde Renato César Ferreira - capituLeS
Colellva. Diretor Odontológico da~ empresa~ Professor da dJsophna de Odontologia SOCIal e
PrPVent CarP e Care Plus de São Paulo PreventIVa da Faculdade de Odontologia da
Pontifícia Universidade Católica de Minas ~
Mitton Fernando de Andrade Silva - rais; Mestrando em Odontologia em Saúde Co-
úpitvlo 13 Títuiln 13 lo! 13 11 letiva pela UfMG; Coordenador do ServiÇO de
PhD em Odontologlé:l pela UniversltyofToronto. AsSlstênoa Odontológica da PrefeJlura MUni-
G1D)9ovv. EK6<:ia. Professor Adjunto da Facul· Cipal de Belo Honzonte. Minas Gerats
dade de Odontologia da Universidade Federal
de A1agoo5, Ex<On:iultor do Mini~lério da Saú-
de do Brasil, Cientista Honorário Sênior da Uni- Terumi Okada - Cap,11.I1o 19

versirycfGlasgow, Escócia Ortodontista do Hospital de Pesquisa e Reabili-


tação de lesões labiopalatals da Umversldade
de São Paulo. em Bauru
Omar Gabriel de Silva filho - CApitulo 19
OrlooonllSta do Hospital de Pesquisa e Reabih- Vitor Gomes Pinto - Toóosmóml.!M~cap:t1JIo5,rti'.LILo­
laça0 de Lesões lablopalatals da UnM!L'SIdade Doutor em Saooe Púbhca e Espeoallsta em Pla-
de São Paulo. em Bauru neJamento de SaUde pela faculdade de Saude
Pública da UmIRl'Sldade de São Paulo. TêcnlCO
Paulo Nadanovski -Capftulas9~ 12 de Planejamento do IPEA/Mlnlsteno do Plane-
PhD em MOdontologla em Saúde PúblicaMpela jamento. Coordenador de Saude do Depana-
UniversilY cf LOI1don, Inglaterra. Professor do mento NaCional do SerVIço Soaal da Industna

XIV
sumario
1 BASES PARA UMA SAUDE BUCAL DE CAAÁTER COLETIVO 1
1 1 limites de poder da odontologia .2
1 2 Níveis de atenção cxlontol6glca 3
2 PLANEJAMENTO ............................................................................................ 9
2.' Planejar ou ImprOVIsar ... ... .......... .......... ............... . ....... ......... . .9
2.2 Planejamento econõmico e sodaJ ..... ..... .... .........................••........... ....... ..........• 10
23 Planejamento estratégico. .. ........ ..... ... .. . ......... ......... ........... . 12
2.4 Instânoas ou fases do planejamento ...... .... ... ...... ........... . 14
2.4.1 Compreensão da realidade ........... .. ...................... . 15
2.4 .2 HierarqUização dos problemas e definição de pnoridades 18
2 43 Elaboração e execução da programação ...... . 22
2.4.4 Acompanhamento e avaliação ............ . 24

3 FINANCIAMENTO EORGANI2AÇÃO ................................................ .. 31


3 1 Organização liberal. pubhca e prlvatizada ................................. ....... ......... ........................ 31
3.2 Economia e saúde . ... ............. ......... .. .......................... .... .. ... .............. ..33
3.2 1 Demanda. oferta emerc.ado.. .............. ...... ....................... ...................... ..33
3.22 Características do mercado de saúde ................................ . ....... ......... 35
3.3 Fontes de custeio ....... _............................. .,. __ .........• .. 37
3.3 \ PagamenlOdlreto. ....... ....... ....... . ................. 38
3.3.2 Tributos ..... ..... .......................... ............ 38
3.3,3 CusteloVlareglmesdeprevldênaaeseguro ...... ..... ....... ,........... 40
34 Modahdadesde remuneração . ......... .. .. ... .. . •. .. .......... ...•... 41
3.4. \ Pagamento por ato ........ .............. ... .... ... .............................. , ,.. ,......... 42
342 Capitação , .,........ ...... ... ........ .... .... ............................................... 43
343 Salários - Remuneração funcional ......................................................... 46
3.4.4 Pagamento por procedimento ou por caso - Case ,oaymenr. ... , ................. . 46
3.4.5 Pagamento por horadinlca ..... ... .. ................... ................... 47
3.4.6 Reembolsodlreto - Directrelmbursemenr 47
34 7 Pagamento de bónus - Ffat rateou Bonuspaymenr.. .. ......... .... 48
3,48 Remuneraçãoporresultados ..... .... .. 49
3.4 9 Rern.meraçãoporhabílidade................................................ 50
3.410 Remuneraçãoporperlormance-Reper ................................. , 50
3.411 Slntese das modalidades de remuneração ...... '......... .... ............................ 51
3.5 Alternativas para redUZIr gastos crescentes em saüde ..................... .... ..... ............... 52
3.6 Orgamzação e finanoamento da saúde no Brasil ...... ......... .... ........ ...... ... ............ 55
3.6.1 Organização e financiamento do setor pUbliCO .............. .... ......... ............ 55
3.6.2 Partlcipaçãodapopulaçãonocustelodasaúde ............................ ...• 58

xv
J 63 Mod~o brdsll~ro dE' planos@segurosdesaüde......... .. ,_ 60
364 PlanoseSt!gurosemsaúdebucal ............. . 66
3.7 A aS:5lSt~noa odontológica na Europa ..........................•........... 70
3.7. 1 Introdução......... ............................... _........................ , ................. 70
3.7 2 Sistemas báSIcos de atendimento odontolõglco na Europa ... . •• •••• ••.. 72
3.7 :3 Sistemas privados ................................ " ............... . 73
37d Sistema de financiamento pUblico e provisão de tratamento
pnnc.palmente partICular ......................................... ................. " .... 77
).7.5 $Istemasestatais .................................................... .... •.... ... ..... .80
376 ESIUdos inlernacional5 sobre sIstemas de aSSlstênaa odontológica •. .. .... 81
38 Modelo norte-amencanodeatençãoà saude bucal..... ........................ ... '... .................. 84
).8.1 Sistema pUblico .................................................................... .... ................... ,85
38,2 Sisternaprivado ,................................. '.................................. 87
3.8.3 Propostas de maior unrversalizaçãodo sistema de saUde ...................................... 90
38.4 Diagnóstico e proposta de benefkios em saúde bucaL....... ... 92

4 PROGRAMAÇÃO EM SAÚDE BUCAL 99


41 Do nível local ao nível cenlral . ........... ........... ..... ,............... , 99
41 1 Estratégtasdeprogramaçãoemsaudebucal ....................... ... 100
412 Ummodelodeprâticamunicipal .... .. .......... .......................•............. .102
4.2 Programação para clientelas especificas ............... ........................................... . ..106
4.2.1 Atenção a c:rianças de baixa Idade ............................................••................ ' ... 106
4.2,2 Atenção a escolares e adolescentes ................................... _. ......... ... 108
4.2 .3 Saúde bucal para adultos .................................................. .... ....... ....
4,2 ,4 Atenção a trabalhadores urbanos ....................................... _................ .
4.2.5 Atençãoã população ruraL......... . ...................................................... .
"'
116
. 119
4,2 .6 Atençãoaldosos ...................... ,..................... ' 120
42 7 Atenção aos Indlgenas ........ ..... ............... . 127

5 IDENTifiCAÇÃO DE PROBLEMAS .... ..... .•...•.....................•......• •••••. .• ..•..••.•...... ••... 139


5 1 Aep!demiologla ............... ........ .. ....................................................... 139
51 1 Pe5Qul5as e estudos .............................. .................................................. 140
5.1,2 fndlcese Indic:adores .......... ........... ............. .................................................... 144
5 1.3 Estruturaçãode levantamenlosePldemiológlCos ................................... , ........ , 145
5.2 formulário OMS para estudos epidemiológicos ............................................................ 158
5 2 1 Identificação e Informações gerais .. ...................... 158
5:2:2 Examedínico. 163
5 2 3 Mucosa bucal .......... ............. 164
5 2.4 Opaodade's de esmalte/ hlpoplaSla ......................... 164
5.2.5 Fluorosedental........................................................ . ... ............. , 165
52,6 Indlc:epenodontatcomun'tâno(IPC) ............... , ....... 166
52 ,7 Perda de Inserção... .......... ....................................................... 168
5,2,8 Cánedental: condição dental e nec:essidadesde tratamento .. , ... .........••. 171
5.2, 9 Condiçãoprotética ............ ,..... , ..................... ............................................... 175
5.2.10 NeceSSidade de prótese ... ". ............................... . ..................... , 175
5.2.11 Anomalias dentofadais ............. ......................................•. 175
5.2.12 Necessidade de cUidados Imechatos e de referênaa .......... ,.... , 177
52.13 Notas ................................ ,.. ,........................... ........••.•. 178
5.3 rndlces de cârie dental e cntérios diagnÓStIcos •........ ...... .......... 178
5.3. I _ MétodosdediagnóstlCo .... '............................................................................. 179

XVI
5,32 , fndlceCPO............ ..................... 181
5.3.3 fndJCeCPOIna.laoo ..................................... 183
5.3.4 OUtros indtees.decâne . ...... .....•......... _............. ••••.•• . 186
54 fndlcesparaprobletnaSoopenodonto ...................................................•.................. , 19 1
5 5 rndl~paramalodusões . ....... ......... .............................................. 197
5.51 Requisitosparaumindicedeodusão ..... ... .......................... 197
5.5.2 Métodos de registro de malodusões ....................................•.. ..•.... ...... 198
5.5.3. fndlce de necessidades de tratamento ortodônticO"...............•.. ,.............. 199
5 6 Medlçâo do consumo de açúcar e análise da dieta ............................. 202
5 6 1 indlce de massa corporal ..................................... •• .. 202
562. Métodosdeanahsedadleta ............... ,.. .... ...... ..... 203
563 Quesuonárlosauto-admlOlstrados ................ ,..... ,.................. ,208
5 6,4 Métodos apropnados para uso em saúde bucal 209
5 6.5 IngestãoaceltãYeldeadoçantes ............... ................ .................. . .................... 214
5.7 Saúde bucal e qualidade deVIda, novas perspectivas.......................... .. ........ ... ... 215
5 7 1 indice de capacidade masllgatóna ... .......... ..........•. ................ 216
5 7.2, Indlcedesaúdebucalparausoemgenatna .......................... 217

6 A DETERMINAÇÃO DE NECESSIDADES DE TRATAMMOODONTOlóGlCO UMA


ABORDAGEM SOCIAL .............................................................._............. • .. .•............... 223
6. 1 Integrando medidas de qualidade de vida à saúde bucal ............... ...... ,....... 223
6.2 Oefiniçãesde necessidades ............................................ _....... ........ ... 224
6.3 Oconcettodenecessidadeemodontologla ............ ......... ........................ ~.. 225
6.4 Um enfoque social ........... ....... ....................... ........................... ...... 229
6.5 Implementaçãopl'áucadoSlstema ................ ....... ................... _............. ........ 232
6.6 Estâ910sde determinação das necesSidades de tratamento.... .233
67 O Sistema em ação ..... ....... ...... ....... 237
6.8 BasesteôncasdolODD '.......... '.. ,.. ,..... •................ ,..... .1.38
6.9 Ouestionáriocompleto ............................................................ 242

7 RECURSOS HUMANOS .........•..•.•.. " .................................................... " .... """ 251


7.1 Evolução profissional ............. ............ ....... ... ...... ...... ......................... , ................ ' .251
7,2. NíveiS de complexidade do trabalho odontológico ............................................. .... .........253
7,3 TIposderecursoshurnanos ............................................... ,..... .................... ,.254
7.3 . 1 Cirurgião-denUsta ........................................................... ~.. 254
7.32 Terapeuta dental ............................................ _.... . 258
7.3.3 Proteslstaoudentunsta................................ , 259
7.3.4 Têcnicodehiglenedentalfhlglenlsta..... ...... ........ ................ 259
7.3.5 Assistenteouauxiharodontológlco ............ ,..................... ........ 260
7,3.6 Protetlco ...... ,.................................................................... 26 1
7.3 .7 Agentecomunltánodesaooebucal .............................................. 261
7.3 ,8 Empincoouprátlco ................................. .................. ......... ,.................... , 263
7.4 Da seleção ao aprendizado continuo do pessoal têcmco e auxlhar .. . . 265
7.5 Mercado de trabalho odontológIco.... ........... ..... ...... .......... .•.• ..... .. 268

8 TECNOLOGIA EM SAUDE BUCAl ... ............................................ ...... 277


8 1 Tecnologia. odadania e as prãtlcas de saüde contemporãneas ..... . 278
8 ,2 Começo e expansão da tecnologia em saüdebucal ...... ..... ...................... ,. ............ 281
XVII
8.2.1 Aspectoshistóricos ..... .............................................................. ..281
8.2 ,2 Amedtctna COffiUmtána .......... . ...................... ......... 281
8.2.3 AodontologtaSlmpltficada .. ,.......................................................................... 283
83 Radooallzaçãodooespaçosfísicos ......................................................... .. ........... ,......... 286

9 PROMOÇÃO DA SAÚDE EA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS BUCAIS .... ..... ............... 293
9.1 Nivetsdeprevençáo . . . ..... .. ........ . ............. ....... ............ 293
9.2 PrOlTlOÇdO da saúde ............................................................ .. ... 293
9,3 Da educação em saúde à promoção da saúde ." .... "....... 294
94 A prf'VE'nção das doenças bucaiS ................................. "............. 296

1 OEDUCAÇÃO EM SAÚDE BUCAL .. .. ...................................................... 311


10 1 A quem educar... ................... .. ................................................ 311
10,2 Instrumentoseducatlvos ..................... ,................._.~ .................................. . .31 2
10.3 Métodosde-educação . ........ .. .................................................. .. 314
10 3 1 Educação VIa centro de saúde ........................ . 3"
10.3.2 Educação em consultório ........ ,... .................................................. . .. ... 316

11 CÁR1EDENTALc FATORESRElAOONAOOS ..... .................................................... 319


11 1 Con5Íderaçôesgerals .................................................................................................. ,319
11 2 falores reladonados .................... ,............................................................................ , .321
11.2.1 MICIobiologiadacárie ............................................................................... 321
11 .2.2 Nutrição. dletaecãrie . ,............... ,.. ,...................................... 324
112.3 Saltvaecáne ................................... " ........................................................... 332
112.4 Nívelsocioe<:onômlcoecárie ............................. " ........................................... 333
11.3 Risco ~flUS avaliação da atIVidade canogénica .. ................. .. .......... ....... .. 335

12 O DEClINIO DA CÁRIE ................................................. ...................... ................. .341


121 Razãesparaodedfnlodacãne .' ................. ,............................. ... ....... 342
12 ,2 Consequénoasdodedimodacáne...... ...................... ............. ,347
123 Implicações nas políticas odontológicas ................ ....... ............... 348
12 4 O papel da odontologta ........................................................................................ 349

13 PREVENÇÃO DA CÁRIE DENTAL ........................... ......•....... . 353


13 1 Fluoretação da água de abastecimento pübhco ............ ................ .................. .. ..... 353
131 1 Introdução .......................................................................................353
13.1.2 Biossegurança e toxlcdadeaguda do fIÚOr.. . .354
13.1.3 FiSlOlogta, blossegurançae tOJOOdadecrôrncadofÚOl" .......... . ...... ,.............. 355
13.1.4 PnnapaLS doenças e condlçôe5 dttas assoaadas ao flúor ....... ....................... 356
13.1. 5 Fluorecáriedental ........................................................................................... 357
13 1.6 Oposição e perspectiva de progresso ................................... .............. .360
13 ,2 Fluoretaçãodosal ....................................................................................... ,.. 364
133 Suplementosdietéticoscomffúor ............ . ,..... ,............................................. 368
134 Fluoretaçãoda água nas escolas ................................... ...................................... 369
13 .5 Fluoretação do leite, açúcar e 90mas de mascar 369
136 BochechoscomflúOf ................... ........ . ............. 371
13.7 Aplicações tóptcasde soIuçõe5. gele pastas profilâtKascom flúor .. .... .. 375
13.8 Vernizes com flúor .................................................................. ................................. 378
13.9 Dentifricioscomflúor" ....... , ............................................................... 381
XVIII
13 10 Terapia muttlplaà base de fluoretos ..................•• ,.........••••••• ~ .......•... .384
13. 11 Setantes .............................. ' ................... ................... 384
13.11 1 Ataquede câne porsuperfície .... ................. ,•................ ,•••• _ .......... .)84
13.11 .2 Abordagem para prevençãonassuperliaes odusars............................. ..... 386
, 3 11.3 EfetIVIdade dinlCa .. ....•.............................. ..............•...••••••• •• ••....... .386
13.11 .4 Custo-efetividadedos setantes ...................... . ................ ,. ............. 389
13.11 .5 Técnica de aplicação ...... ......................................... .... .. ................... .......... 390
1312 Remoção profissionaldaplaca ........... ........... . .... ... ........ .392 J
14AÇÚCARES - SUAS RELAÇÕES EPIDEMIOLÓGICAS EECONOMICAS COM A
CÁRIE DENTAL ..................................... ...... ...................................•... ............. 403
14.1 Os açúcares na etiologia da cárie dental . ............. ............... 403
14.2 Padrões dietéticos e caroo.dratos .......... _.. ...................... .......... .405
14.3 O mercado mundial de açúcar ............. 4 10
14.4 Brasil, um dos maiores produtores mundiais . ............... ............................. ...... 413
1441 Açúcar e trabalho escravo ............................................ ... 4 14
14 4 2 Mercado do açúcar desde o descobrimento .... .......... ...................... ......... .415
14 4 3 Produção e consumo de açúcar no Brasil .......... ................... ....... ....... 41 7
145 5ubstTtutosdasacarose .......................... ............. ................... ......... .............. 421
14,5.1 Adoçantescalóncos ounutrientes ......................................................... , 421
14.5.2 Adoçantesnão-calóncos .................... ............................. ............................ 424
14.6 Condusões.............................. ,.................................................................................. 424

15 ETIOLOGIA EPREVENÇÃO DA DOENÇA PERIODONTAL .•........•......•..•...........•...•...•..........•.. 429


15.1 Etiologia .............. ...... ....... ............ ...... ............... .. ............ ......................... .... ... ........ ,429
15.2 Prevalênoa ........................................................... .................................................... .431
15.3 Medidas preventivas ................................................ ........................................... '.... 432
15.3 I Controle Individuai da placa ...... .............................. ................................. 435
153 2 Controle profISSIonal da placa .......................................... _.. ....... 436
15.33 ControlepormefOs qulmlcos ............. ............. ................ 437
15.4 Estratégias de combate âs doenças periodontais ....................... ... ................... ............. 438

16 CÂNCER BUCAL .. ................. • . ....•....... .• .... •. ••••••••••.••..•..•• 445


161 Prevalênoaecausas...... ...................................... 445
16.1 1 TabaglslnO ...... .... ........... .............. ....... . .................... •.................... 446
161 2 AJcoohsrno .................... ...... ...................................... ....... ....... ..... 446
16.1.3 Exposiçãoâradiaçãosolar j fatoresocupaOonalS .................... 447
16 1 4 Má higiene bucal ..... ............................ .... ..... ... •.. ......... 447
161 .5 Irntaçãomecãnica crõmca...... ...... ...... .... ............... .... 447
16.2 Grupo de risco para câncer bucal ................................... . .................. .................. .. 448
16,3 le5Ões cancenzávels ... .................................................................... 448
16.4 lesôesrnalignas .................................................. _......................................... 448
16.5 Detecção prévia .. . ............................ ,.. ' ...................... .......................... ..... 448
1651 Metodosdlagnósbcos........... .......... ......................................... _.. 449
16.6 Controledocãncerdeboc:a ..... ......... ........................... . ........................... ............ 450
1661 Açõesderestriçãoaofumo ........................................ ..... ........... ......... 450
16.6.2 Responsabllidadesda rede bãsica ..... ............ 450
M ..........................................

16.6.3 Atuaçãodopessoalauxiliar ........................... ~. ................ 45 1


16.64 Oauto-examedaboca ................ ....................................... 451
16.7 QUlmlOprofllaxlaetratamento ......... ........................... .................. 452

XIX
17 AIDS ESAUDE BUCAl . 457
171 A pandemia da AIDS ....... _,_ ...................... ............... 457
'7. 1.1 Do HIV àAIDS e interaçôes com outras doenças ..................... .......... ...... .458
172 AIDSno8rasit "'0 459
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . , ••••••• • •• • •••• _ . . . . . . __ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

17.3 Atendimento odontológico espeoahzado ou unIVersal .... ,............................ •• 459


174 Avaliação odontológica do paoente com HiV .... ................... .... ............ ' 460
17.4. ' Plano de tratamento odontológico ........... .........................••............... _......... 460
1742 DiferençasnotratamentodepessoascomAIDS . .... .............. •• 461
17.S Transnllssâo ocupaoonal do HIV durante o atendimento ,................................... 461
17.51 HlVnosangue .............. ..................... _............................ .... 462 \
176 O d rurgião-dentista e o mercado da AIDS .............................................. .••• ....... 462
17.7 Manifestações bucais da AIDS: diagnóstico .. .. ... ...... .............. ............... ............. ........ .4:6~3
1771 Doençasfúngicas ......................................................... .
17.7.2 Doenças bactenanas................. ..................................... .
1773 Infecc;ãopelo herpessimplex _... .... .................... ......... 465
17.7.4 Infec:çãopelovirusdeEpstelnBarr ................... ....................... .. 466
17.7.5 Neoplasias.. ,.............. ,......................... ............. 466
17.8 COnlrole da infec:ção /lO consultÓl1o odontolãgico. ................... .......................... 466J

18 cONTROLE EPREVENÇÃODAMALOCLUSÃO............................ .................. ....... .•. 473


18.1 Classlficaçáo das malodusães .. ' ...... .......... ..............•........................ _.. _... _. ..474
18.2 Faroresetiológicos ..................... , ... ............... ..... ...... .. ................... 475
18.3 Ortodontiapreventiva ............ . .•.. ,.. .... .............. ............ ,..... 476

19 FISSURAS LABIOPALATAIS DIAGNOSTICO EUMA FILOSOFIA INTERDISCiPliNAR


DETRATAMENTO..... ......... ........ ....... . .. ..... ......... ......... .. .. 481
19. 1 Considerações gerais ... .. ... .. ................................. .................................. .. .. 481
19_2 Fissuras pré-forame incisIVO .. . .............. ... ... ..... ..... ................. ..... ................... 482
19.3 Fissuras transforame incisivo ... ...... ............................ ... .. ............................................ .488
194 Fissuras pós·forame inasNo ... _.................. ,.................................. .•... ........ ..492
19 5 Considerações terapêuticas preliminares ........ ................••• 497
19.6 Cirurgias pnmânas.................. .. ............. ....... ............. .......................... 498
197 Enxerto ósseo secundâno ............. ... ... ..................... .. .. 508
AP~NDICE ......... ........... . ....................................................... .............. 517
ANEXO 1- Tabela de alimentos usualmente consumidos no Brasil com o conteúdo em
calonas, protelnas, carboidratos e lipídios, segundo o grupo alimentar ....... . S29
iNDICE . .. ................ . ................... .. ........................ .. ....... .. S39

xx
BASES PARA UMA SAÚDE BUCAL
Capitulo
1• DE CARÁTER COLETIVO

o século XX, particularmente em suas três tivos da cárie dental. De inicio o fenômeno da
últimas décadas. testemunhou o desenvolvi- redução dos índices de cârie em crianças limi-
mento de uma odontologia cada vez mais eft· tou-se aos paises Industrializados, mas Já na
Ciente e de melhor qualidade, capaz de ofere- década IniCiada em 1990 resultados positiVOS
cer alternativas técnicas de crescente sofistlca· começaram a ser observados no mundo em
ção e praticidade para solUCionar 05 problemas desenvolVimento, beneficiando países com po-
de saúde bucal (mesmo os mais complexos) IitlCas de saúde conSideradas mais selvagens
dos seus clientes. (baseadas no atendimento apenas dos que
Em contradição, países em desenvolvimento podem pagar os preços cobrados por uma pro-
como e o caso do Brasil chegam ao vigésimo fissão cUJa essência organizaCional e liberal).
primeiro milêniO sem uma polítICa definida de Uma profissão deve ser avaliada pelo alcan-
saúde bucal e com slgmficatlvas parcelas da ce efetIVo dos obJetIVOS para os quais fOi cnada,
população sem consegUir acesso a cuidados e não pelo status na sociedade e êxito financei-
dinlcos e preventIVos essenCIaiS de maneira re- ro de seus profissionaiS ou, ainda, pela beleza e
gular. ImponênCia das sedes das enbdades de repre-
Nos países oCidentaiS. um crescente consu- sentação classista. O objetivo primordial do tra-
mo de açúcares favoreceu a expansão dos ní- balho de um cirurgião-dentista consiste em pro-
veis de ataque pela cárie dental. notadamente porCionar uma boa saúde bucal aos seus pa-
em crranças e adolescentes, até atingir padrões cientes. Para a odontologia como um todo, ISSO
nunca antes ViStoS. Dificuldades de ordem eco- corresponde ao alcance de nivels ou padrões
nOmica aliadas aos efeitos de duas grandes adequados de saúde bucal para o conjunto da
guerras mundiais e diversos confhtos localiza- população de um pais, de uma região ou de
dos fizeram com que o costume das extrações uma localidade_ O sucesso pessoal no exerôcJo
°
em sene se Instalasse, transformando eden- da odontologia não é e não deve ser Incompatí-
tu!lsmo em verdadeira epidemia que atingiu ate vel com o alcance desses ideais.
mesmo povos de nações tradicionalmente con- Este livro procura discutir estratégias, li-
Sideradas evoluídas para o seu tempo. nhas de ação e métodos que permitam a
Aos poucos, desde meados dos anos 70 a construção de uma saúde de base coletIVa A
Situação epidemiológica começou a melhorar, saúde Individual é a essênCia de todo o traba-
pelo menos para os estratos maiS Jovens, gra- lho, mas ela aquI é vista como um elemento
ças às conseqüências posrtlvas alcançadas com componente do nivel de saúde da comunida-
a gradativa generalização de métodos preven- de â qual pertence.
1 ~ude 8uaf CoIeriva

1 .1 Limites de poder da sobrevIVência, entre os quaIS se inclUI o acesso


a serVlços bãslCos de saúde (CEPAL, 1997,
odontologia Bellinl e Pinto, 1997; Pinto, 1994).
A resoluç30 dos problemas de saúde bucal Como parte do quadro de dIfICuldades e<o-
depende em parte das ações diretamente exe- nõmlCas, a prática odontológica. fundamenta
cutadas pela odontologia, a qual tem em mãos da em um modelo perverso de organização,
apenas uma parcela dos meiOS e do poder ne- com freqüênCia termina por concentrar a ater
cessános para manter sob controle as questões ta de serviços Junto aos grupos de média e alta
que est:io em Sua area de influéncia renda, dai resultando o estreitamento do ai·
uma multiplicidade de variáveiS extra - cance dos avanços tecnológICOS Que terminam
odontolÓOlcas condlclona a eXistênCia ou não por benefiCiar apenas os setores e<onomlCa·
das doenças e InflUI no rrtmo e na velocidade mente mais favorecidos da população.
em que elas se expandem. O desenvolvimento A experlênoa tem demonstrado que o es
econômICO, a Ideologia do Estado, a forma de paço de influênCia do setor saúde em seu todo
organização do governo. o nível educaCional e da odontologia em parttcular é menor sob
da população. aSSim como os padrões de cul- governos não democráticos onde o Estado se
tura e de tradição popular que regulam a for- ITmlta a Interferênoas paliatIVas no campo so-
mação de hilbltos alimentares e as condutas oal, Impedindo que se cumpram atiVidades de
de higiene pessoal e coletiva, fazem parte inti- Importãncia fundamental como a organização
ma do processo saúde-doença das comunidades para reIVIndicar e participar
É verdade que a odontologia sofre menos de uma poliuca de saúde Que lhes seja favorã-
o Impacto das InfluênCias externas do que a vel. Governos dita tonais temem que mesmo
mediCina. prinCipalmente porque os problemas os tipoS mais InCipientes de organização popu-
de maior prevalênCia que afetam os dentes e lar possam trazer à tona a diSCUSsão sobre as
suas estruturas de suporte podem ser contro- deSigualdades e sobre problemas ecooómlCOS
lados pelos Instrumentos disponlvels, ao con· e SOCiais básicos, desafiando o seu domimo.
trárlO de muitas doenças gerais (alcoolismo. A dieta de cada IndIViduo é função do seu
alguns cânceres, doença de chagas e a pró- poder aquisitrvo e também dos costumes e das
pria desnumçáo, por exemplo) que progridem tradições da comUnidade em que vive Num
e provocam números crescentes de vlumas pais como o BraSil, de economia açucarelfa por
mesmo diante de condições favoráveiS de prá· excelência desde a época do descobrimento,
tlca profissional. as camadas populaoonals de baixa renda con ·
Nâo obstante esta constatação, a escassa somem produtos à base de hidratos de carbo-
cobertura dos programas odontológICos e as no em proporções elevadas porque essa é uma
dificuldades enfrentadas para dominar danos fonte de energia mUito mais acessível aos salá-
de redUZida complexidade como são a cárie nos que recebem do que alimentos não cari(>.
dental e as doenças penodontals, indicam com gênlcos; enquanto que as pessoas de renda
clareza que a não utilização dos Instrumentos elevada o fazem porque estão habituadas aos
de controle disponíveis tem causas Que ex- açúcares e porque têm recursos para comprar
trapolam os horizontes alcançados pela artigos mais bem elaborados que lhes são ofe-
tecnologia e pelos conheCimentos especifICaS. reCIdos com maior apelo mercadoJôglco.
A manutenção de fortes desigualdades den- O prôprio ambiente bucal está sUjeito ape-
tro de uma mesma nação faz com que, em nas em parte às Influências do tipo biológICO.
partICular no caso da América Latina . haja um poIS fatores como as condições de Vida e cer-
agudo descompasso entre as pessoas no que tos hãbltos danosos à saúde escapam ao con·
diZ respeito ao acesso a bens essenCiaiS para a trole da profissão.
Bases p;Ka uma Saúde BUGJJ de Cará~r Coletivo 3

EXistem, ainda, as limitações Inerentes ao a obtenção de bons niveis de saúde por parte
estágio de desenvolvimento cientifico da odon- da população e agir para sua superação é, en-
tologia. a refletir-se por exemplo nos matenais fim, a miSsão maior da odontologia ou da saú-
de uSO clínico e nas técnicas de superação das de bucal coletrva.
adversas condições de trabalho encontradas Cabe amda lembrar que a saúde bucal é
na cavidade bucal. Não são por demaiS surpre- um componente Indissooável da saúde geral,
endentes as constatações de Lennon e cals. e que O setor saúde em seu todo constitUI par-
(1974) que, ao compararem os padrões de per· te natural da vida cotidiana de cada comuni-
das dentaiS em populações da Inglaterra do dade (WHO, 1990). Agir de forma isolada, fe-
Século XIX e da década de 70. encontraram chando-se às relações e Influências das demaIS
resultados Similares para o grupo com 35 anos CIênCIas ou deixando de partICipar das lutas pc-
e maiS, o que os levou a conclUir que pelo IitJCas que movem as SOCiedades humanas, é o
menos neste caso a odontologia do Sêculo XX camInho maIs rápido para o msuce~o de uma
não havia se mostrado efetiva A conclusões politJCa de saúde bucal, por mais bem elabora-
pareCIdas se pode chegar pelo simples exame da em termos técnicos que esta seja .
dos dados nacionais que indicam a permanên- A odontologia conseguiu avanços mUIto sigo
cia de um índice CPO-D por demaiS elevado no nlficatNOs tanto no diagnóstICo e tratamento
grupo de 35 a 44 anos de reSidentes em paí- das patologIas oraiS, quanto no campo da pre-
ses de alto e médio desenvolvimento econômi- venção. A prática odontológica, fundamenta-
ca (WHO, 1998). da em um modelo perverso de organização,
Diante desse quadro, afigura-se como essen- multo comumente tem concentrado a oferta
Cial a ampliação dos honzontes de interesse e de servIços junto aos grupos de média e alta
de atuação dos que trabalham na área odonto- renda, tendo como um de seus efertos mais
lôglca, levando-os a se transformarem em agen- notórios a redução do alcance dos avanços tec-
tes catalisadores de mudanças SOCiaiS e econô- nológicos que terminam por benefICiar apenas
micas que favoreçam a melhora dos níveiS de os grupos humanos economicamente mais bem
saúde geral e de saúde bucal das comunidades situados. Impãe-se de ora em diante o desafio
sob seus cuidados. Medidas como a democratl' de colocar esses avanços da ciênCIa a servIço de
zação do acesso à profissão e a remoção das todos ou da malona, estruturando um sistema
barrellQs SOCiaiS e financeiras que distanciam de atendimento que seja adequado, aceito por
entre SI pacientes e prestadores de serviços pacientes e profissionaiS e que responda às ne-
odontológicOS, uma vez Implementadas, podem cessidades da sociedade (WHO, 1990)
modificar favoravelmente a SItuação de
desnivelamento de oportunidades que ainda
domina grande parte das sociedades atuais
A espera por um desenvolvimento global 1.2 Níveis de atenção
que reduza as diferenças entre os homens, que odontológica
atenda as necessidades báSicas da maIoria e
que solucione indiretamente os problemas de A prestação de CUidados em odontologia
saúde geral e bucal, constitUI uma poSIção pas- pode ser estratrficada em quatro nivels distin-
sIva e cômoda que favorece a manutenção do tos e Interligados entre SI; atenção geral, pn-
status quo, contrapondo-se à IdéIa mestra de márra, báSIca e complexa . Como se vê, do se-
que cada trabalhador do setor odontológICO gundo ao quarto nivel são conSiderados os CUI·
deve transformar-se em um ator realmente par- dados especificos de saúde bucal, mas eles só
ticipante nesse processo de desenvolVimento. se tornam realmente efetivos em termos popu-
Identificar as verdadeiras causas que Impedem laCIonaIS quanto os problemas relaCIonados ao

,
4 saúde Bucal Cokriva

primeiro sao equacionados de forma correta_ sivel de onde as pessoas Vivem, trabalham ou
Originalmente, nas primeiras edições, foram estudam), ou ficaria resumida a cuidados ma-
considerados apenas três níveis (atenção pn- terno-mfantts. Imunização, conuole de ende-
m~ria, basica e complexa). O acrêsamo de um mias, prOVisão de medicamentos essenCiaiS.
nivellniclal visa deixar mais clara a ligação ne- etc. ConSIderam que de fato a atenção báSica
cessaria que deve existir entre as ações especi- e um conceito amplo que envolve CinCO princí-
ficas de odontologIa e as de caráter mais ge- piOS: distnbuu;ão eqültat....a de serviÇOS e opor-
rai, referentes à sociedade como um todo. tUnidades, envolvimento comunitário, foco na
Os termos "atençiio primária e báSica" têm prevenção, uso de tecnologias apropriadas e
sido empregados com conotações similares de enfoque multlssetoriaL Caso realmente exista
modo bastante freqüente e a dlstmção aqUI um desejo de concretizar o sonho de propor-
fell;! tpm um caráter aCIma de tudo didátICO, cIOnar saúde bucal para a malOfla da popu-
procurando separar funções que de fato repre- lação, o sistema de atenção odontológIca ne-
sentam escalas diversas tanto de comprometi- cessita urgente revisão, inclUSive no sentido de
mento institucional quanto de gastos Inverter a ênfase na oferta de serviços dfnlCOS
A pesqUIsa operactOnal acompanha todo e de tratamentos curatnlos. pnonzando as ques-
o espectro de trabalho odontolôglco e deve tões essenCIais de organização e funCIona -
ser desenvolvida, como regra, em cada um dos mento da SOCiedade, a promoção da saude
nivels de atenção. bucal e, dentro dela, a prevenção (Mautsch e
O conjunto das atiVidades cobertas pelos DlCkson. 1997)
quatro nivels compõe o que se costuma deno- Quando o C1rurglão-dentlsta, o téCniCO de
minar de atenção Integral. um conceito Ideal a higiene dental, o atendente de consultóno
ser perseguido em cada sociedade. dentáriO, o agente de saúde comunltáfla ou
A estratégia de Intervenção odontológICa qualquer outro componente da equipe profis-
em relação aos problemas de saúde bucal deve Sional se limita a atuar exclus....amente no cam·
ser de caniter populaCional, ou seja. voltada po biológiCO ou dentro das estreItas paredes
para o controle dos verdadeiros determinantes que separam O trabalho téCniCO em odontolo-
gerais da InCIdência, procurando remover as gia dos demaiS campos do conheCimento, re-
causas SOCiais, econômicas e biológicas das duz de maneira drástica suas possibilidades de
doenças de maneira a onentar o quadro eplde- proporcionar saúde bucal para seus pacientes
mlolõglco em uma direção favorável (Pyne, e para a SOCIedade em que Vive.
, 997) Exemplos de estratégias de base po- Dentro das condições reaiS de organização
pulacional sAo a fluoretação da água de abas- dos serviços. disponibilidades financeiras e de
tecimento públICO, prática de sexo seguro, ces- recursos humanos no mundo em desenvolVI'
sação do hábito de fumar. Esta ê preferível ã e
menta, o obJetIVO pnnapal a atlng.r o de que
estratêgla de riSCO, a qual procura identificar e o maior número possivel de pessoas OU a p0-
proteger Indlviduos mais suscetíveis a adquirir pulação em seu todo tenha pleno acesso ã aten-
determinada doença (Shelham, 1988)_ Este ção báSIca em odontologia. sendo esta con·
tema é abordado em maior profundidade no slderada como um direito de cada Individuo,
capItulo 9, que trata da promoção da saúde e Independente das suas condições econômicas
da prevenção de doenças bucais e de fatores extra·epldemlológlcos como cor,
Em recente revisão sobre o enfoque da aten- raça, credo religIOSO ou opinião política
ção báSica, Mautsch e Dlckson se negam a O modelo dIdátiCO exposto no quadro l -I
encara..la dentro de uma vtSào parcial, pela qual equaclona OS níveIS de atenção odontológi-
ela seria tão s6 a porta de entrada para o SiSte- ca em cinco esferas: a primeira dedicada aos
ma de saúde (dispOnibilizada o mais perto pos- problemas de ordem mais ampla, extra-odonto--
Bases para uma SaU<k Bucal de Caráter CoIeovo 5

Figs. 1-1 e 1-2 O trabalhO coletIvo em odOllt%gla é um Insrrumenro eficaz e fundamental para proporoonar
saúde b ucal a grandes contmgentes populacIOnais.

Quadro ,-,
Níveis de atenção em odontologia

Esfera de abrangência Nível de atenção

Esfera Um
Saúde Geral, Habltaçào, GERAL
Renda, Ambiente

Esfera Dois
Prevenção, Educação, Práticas CuratIVaS PRIMÁRIA
Indispensáveis

Esfera Três Esfera Quatro


Grupos Pnorrtários Social Serviços de EspeCialistas
Socialmente mais
BÁSICA
e Epidemlo!oglCamente
Necessários

Esfera Cinco
ServIços de Especialistas: Problemas de COMPLEXA
limitada PrevalenCla
I) Satide BUCdI Colefiv~

togICOS, a segunda reunindo as açOes absolu- Para fazer uma boa odontologIa é preciso
tamente essenaals, que não podem ser deixa compatlbihzar esses pontos de vista, atuando
das de lado, ou seja, a atenção prlmana que em tecnicamente como um espeaallsta e ao mes-
conjunto com as atividades previstas nas esfe- mo tempo lutando para que as condições maiS
ras três e quatro perfaz o espectro de abran- amplas de vida, que sem dúvida possuem um
gência da atenção básica, reservando as Inter- caráter polltlCo, evoluam de modo a tornar fa-
vem;ães especializadas e de maior custo para voráveIS as condlçôes da prátICa odontológIca
a esfera cinco.
Atenção primária: esfera dois
Atenção geral: esfera um
Por atenção primária ou elementar en-
O nlvel de atenç~o geral compreende 05 tende-se a Implementação de ações elementa-
fatores externos condiCionantes dos proble- res nos campos da promoção da saúde. pre-
mas odontológiCOS ou por eles InfluenCiados, venção e CUidados clinICaS em geral a cargo de
estando ImplíCita a Intervenção em outros cam- pessoal aUXIliar ou tecmco.
pos do conheomento ou setores condicionan- A Esfera DoIS contém atIVIdades obngat6-
tes buscando assegurar a eXistência de condI- fias como a prevenção. a educação da popula-
ções adequadas de habitação, alimentação. ção em saúde e práticas curativas indispensá-
emprego. bem~star geral e rendimentos que veis que devem ser acessíveiS a todos.
assegurem uma Vida digna. A melhor alternatIVa para cobertura em
As relações entre o trabalho estritamente massa no campo da prevenção da cafle den-
profiSSIOnal e o ambiente sooal. econômICO e tal está na fluoretaçâo da agua, complemen-
politKO em que se desenvolvem nem sempre tada pelo uso regular de dentifríCiOS com fluor
têm Sido bem compreendidas pelos que atuam e, quando necessano (grupos não cobertos
no setor. formando-se com grande freqüência pelas medidas anteriores ou que permanecem
dois grupos de caracterisllCas bem distintas: com altos indJC.es de doença), por programas
de um lado, os que desejam trabalhar tão so- de uso tÓpICO de fluor. selantes. etc. Quanto
mente na sua profiSsão. querem dar o melhor aos problemas peflodontals. ademaiS do de-
atendimento científico possível aos seus clien- senvolVimento de um programa educatiVo es-
tes e se negam a manter atiVidades "não-odon- pecífiCO, nas umdades prestadoras de servI"
M

tOlóglcas mais constantes (contentam-se com ços que detenham condições tecnlCas adequa-
partiCipações esporádicas em reuniões das enlt- das está Indicada a remoção mecánlCa da pla-
dades de classe ou de associaçôes culturais); de ca bacteflana dental A prevenção do cãncer
outro lado, os que se envolvem com forte Inten- bucal inclUI neste nível a Identificação de Ie-
Sidade em mOVimentos de caráter politlCO, con- sóes em pessoas que procuram a unidade e
siderando-se como pertencentes ,"dlscutl- sua referência aos serViços espeCializados de
vels da vanguarda da SOCiedade a que perten- apoio.
cem e tendem a aceitar apenas as Idéias e pro- As práticas curativas nesta esfera são de-
Jetos que possuam alguma base IdeológICa InI' senvolVidas por pessoal téCniCO, ou por agen·
cial compatível com suas posições. O que per- tes comunitáriOS de saude, constItUindo-se no
tence ao primeiro grupo só aceita o que "vem setor de maior amplitude populaCional den-
de dentro" da odontologia, enquanto o que tro de cada unidade de saude. É comum Que
está no segundo pflortza o Que "vem de Iara". se desenvolva, ainda. em umdades sem Clrur-
cada qual com óbvias difIculdades de enten- gtão-denttsta Instaladas em povoados. áreas
der e de conVIVer com o outro rurais ou urbanas marginals.
Bases para uma Satide Bucal de Cará~ Cok/M) 1

Atenção básica: esferas trê s B raoonal possível do orçamento alocado ao se-


tor odontológICO e na busca de dotações adi-
quatro
cionaiS mediante a justificatIVa da execução
A atenção b ásica corresponde, ademais de um bom programa . Trata-se de obter uma
do definido para o nível primário, à presta- cobertura crescente e significativa de grupos
ção dos serviÇOS necessânos à resolução dos considerados como sendo prlomânos dos
problemas de maior prevalêncIa e Significado pontos de vista epidemiológICO e econõmICo .
sOCIal em cada comunidade COinCide. portan- A definição de prioridades epidemiológICas
to, com as definições formuladas pela Orga· é vanâ..-el segundo a faixa etária a atender, a
e
nlzação Mundial da Saude de que não possi- oferta de sel'VlÇOS privados ou de outras instI-
vel conceber a atenção básKa como um prc> tUiÇõeS, as condIÇões particulares de cada chen-
grama limitado a satisfazer. em alguma medI- tela ou comunidade Pode ser dada ênfase a
da. as neceSSidades mínimas de grupos que cnanças de baixa Idade para prevemr e con·
vIvem em estado de pobreza (OPS, 1980). trolar o desenvolVImento dos problemas bu-
embora a satisfação dessas necessidades seja cais desde a mais tenra infãncia; a escolares
uma priOridade lógica de primeiro grau (uma prioridade ctásslCa da
O conceito de atenção básica , utilIzado In- odontologia que agora começa gradauva·
ternaCionalmente desde a formulaçã o dos pnn- mente a ser superada face â atIVa redução da
ciplOS de Alma-Ata em torno do objetIVO de prevalênCia da cáfle dental neste grupo); a
alcançar "saúde para todos" é o de uma "assis- adolescentes; a trabalhadores ou a outros gru·
tência samtána essenCial fundamentada em poso sempre de acordo com a polítICa local
métodos e tecnologias prátICaS. CientIficamen- de cobertura e de prevenção estabeleCida pe-
te fundamentados e SOCIalmente aceitáveIS. pos- las unidades constituintes do subsistema de
ta ao alcance de todos os Indi\lfduos e familias atenção odontológICa As caracteristlCas
da comumdade mediante sua plena particlpa- programátICas aconselhadas para cada grupo
Çao e a um custo que comunidade e o pais ou chentela especifica estão explicitadas no
possam suportar. em todas e em cada uma capitulo 4
das etapas de seu desenvol\limento com um Quanto â Esfera Quatro. de eSpecialidades
espirlto de autodeterminação e auto-respon- báSICas, pelo menos a curto prazo. ê um nível
sab,lIdade" (WHO. 1978: OPS. 1980). que não necessariamente deve eXigir novos
A atenção básica em saúde bucal pode investimentos financeIros De inkio ê Impor-
ser definida como sendo "o conjunto de ações tante que cada país. região ou Cidade se dedI-
orientado à Identificação, pre..-enção e solução que a estruturar os serviços eXistentes, fazen·
dos prinCipaiS problemas da população afeta· do com que atuem de forma orgânica desde
da, a qual se produz como o fruto da particI- as unidades elementares até as especialidades,
pação consciente e organizada da comunida- desenvolvendo atIVIdades de maior conteúdo
de e de sua cooperação com as InstitUições de e Interesse SOCialista Significa, na maior parte
saúde. Estas ações se concretizam por meIO dos casos. integrar os ambulatÓriOS das facul-
do uso de tecnologias apropnadas e recursos dades e os serviços de especialistas eventual-
humanos postos ao alcance de todos os indivi- mente disponíveIS nos setores público e para-
duas e fammas. a um custo que a comunidade oficiai com as umdades que prestam serviÇOS
e o pais possam suportar" (OPS, 1983). nos ni\lels das Esferas Dois e Três. AsSim . os
Enquanto as atIvidades previstas para a Es, poucos espeCialistas que trabalham em entI-
fera DOIS da figura 1-1 exigem a aplicação de dades de caráter SOCial passam a atender pa-
recursos financeiros mínimos, na Esfera Três a Cientes referenCiados pelos níveiS anteriores,
questão prlnopal está situada na utlhzação maIS abandonando o isolamento em que em geral
8 5aüde Bucal CoIeriva

se encontram. As áreas de endodontla. peno- Atenção complexa: esfera


dontla e Cirurgia são as maiS Importantes sob cinco
o aspecto dos problemas de maior ocorrência.
mas algumas IniCIatIVas no campo do controle A atenção de nível complexo OU aten-
de malodusães. de paCIentes com fissuras e da ção terciária abrange ações que Implicam em
prótese podem ser conSideradas caso sejam re- conheCimentos avançados, desenvolvidas em
levantes para a comunidade. principIO por especialistas, na área clfnica e na
AqUI cabe referir também a ênfase que deve reabilitação funcional.
ser dada à: prestação de serviços a grupos insti- Os serviços complexos, tipicamente ter·
tUCionalmente confinados e a idosos A preven-
Clárlos, referem-se a doenças de menor preva-
ção do cãncer bucal neste nível Já abarca a rea-
lênCia ou a atIVIdades que eXIgem tecnologia
lização de biópSias após tremamento especifi-
de ponta e conhecimentos mais aprofunda-
co dos profissionais (vide Cap 16)
dos, Quase sempre são proporCIonados via
A oferta de prótese, embora não sendo
clínica liberal ou com apoIo de esquemas de
prtorltárla frente a outros problemas como a
resolução de lesões de cárte dental ou doença seguro-saúde sendo portanto custeados pe-
periodontal, pode ser bastante estendida (em los pacientes sem interferência do setor pú·
geral limitada a próteses totaiS e parciaIs), JUs- bllco . Não obstante, quando se constituírem
tificando-se especialmente se não Implicar em em uma neceSSIdade real (não-<:osmêtlCa) e
novos gastos para o programa odontolôglco, orgãnlCa. para grupos SOCialmente prioritários,
A melhor opção, quando não há como assu- o subSistema de atenção odontológICa deve
mir os custos correspondentes, ê trabalhar a proporCionar ao individuo portador do pro·
custos de produção (mclUl saláriOS do pessoal e blema acesso aos servIÇOS espeoahzados eXigI-
gastos com Insumos, sem a parcela correspon· dos. Êum encaminhamento seletivo, por exem-
dente ao lucro), utilizando espaços livres na plo para tratamento periodontal avançado, Cl-
unidade de saúde, horários ociosos, simplifican· rurgias, tratamento endodôntico em dentes
do as técnicas e empregando recursos humanos polirradiculados, reabilitação protética e orto-
sem formação acadêmica para produção e ma- dôntica, que depende em boa parte da estru-
nutenção de próteses na escala SOCial necessá- tura e dos recursos dIsponíveiS em cada lo·
na e remuneradas pelos usuános calidade ou região de saúde,
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Capítulo 2 PLANEJAMENTO

2.1 Planejar ou improvisar Sendo uma intervenção proposital no cur-


so de uma história, a arte de planejar supõe
o futuro ê o desconhecido. mas com certe- que há neceSSidade de mudá-Ia. que só se
za será diferente do presente. O reconhecimen- modificará por alguma ação externa e que eXIs-
to desta verdade aparentemente tão elemen· tem meios adequados para promover a mu-
tar conduz a duas atitudes possíveis: uma, pas- dança Nesse sentido, o planejamento não é
SIVa, de espera pelo que VIrá a acontecer. a acrítlco nem neutro, agindo por meio da esco-
outra, ativa. de antecipação e de preparação lha de grupos ou setores a serem beneficia-
lógica a fim de enfrentar da melhor maneira dos. confenndo ênfase a certas formas de pro-
possfvet a mudança inevitável. Esta segunda gresso. assumindo uma orientação nova e uma
posição é que dã origem (junto com a CUriOSI- estratégia determinada com a necessâna auto-
dade pela exploração do futuro) ao planeJa- ridade para dirimir conflitos e efetivamente de--
mento, Que pode ser defjOldo como o.proces- senvolver o plano elaborado (Carvalho, 1976).
50 16g100 pelo qual se procura prever racional· longe de se constituir em uma etapa dls·
mente o amanhã tinta. Isolada e episódICa na gestão de uma
Na prática, busca dar maior efiCiência à att· organização, o planejamento precisa - para
vidade humana, constituindo-se na face opos- alcançar êXito - fazer parte do seu dia·a.cfia,
ta à improvisação. Forma um conjunto que in- Integrando-se ao processo normal de tomada
clui entre outros aspectos o estudo da realida- de decisões e de desenvolvimento do traba-
de, definição de obJetivoS; ordenação de recur- lho. Envolve todo um modo de pensar, com suas
sos matenals e humanos; estabelecimento de Indagações, dUVIdas e questlonamentos acer·
med~das de tempo. quantidade e qualidade; ca do que está sendo feito e do que poderá
Identificação de pontos critlcos. de pontos de ser feito.
apoIo e de elementos de reSistênCia à resolu- Planejar é o mais elementar requIsito da
ção dos problemas eXistentes; localização es- administração, VistO que Significa. em suma,
paCial de atiVidades; obtenção de recursos; não mais que ordenar de forma Sistemática a
Viabilização e concretização do plano; correção conduta de cada um. da empresa ou orgaOl-
constante de rumos pela análise regular dos zação, para alcançar uma nova realidade. me--
resultados obtidos (Bromley et aI. 1982; Matus. lhor que a atual..Afinal, quem de nós não pas-
1993, Munoz Amalo. 1966. Unbe R_. 1992). sa a Vida fazendo planos-'
10 Saúde BllCal Co/etllla

2.2 Planejamento fato Inconteste de que os profiSSionais da área


(sejam eles medicos ou murglões-dentlstas)
econômico e social
detêm o poder de criar sua própria demanda,
As primeiras teorias sobre o planejamento mesmo em mercados saturados (Abel-Smith,
remontam aos tempos clássIcos de Robert Taylor 1976; Del Nero. 1995; ROVlra, 1989).
e Henry Fayol há mais de um século, por volta Em odontologia, trabalhos como 05 de
do ano de 1850 e, quiçã antes, nos estudos de Sheiham (1982) e FTledman (1996), entre ou-
desenvolvimento de fontes de maténas primas tros, reconhecem a Inadaptação da realidade
e transportes de Adam Smlth. A base referencial do mercado especifico frente ao setor econô·
do planejamento é toda ela econômica, como miCO, seja quando se discute a prestação de
bem o demonstram os trabalhos de Keynes, Otto serviços a quem não tem capaCidade de re--
Bauer e Joseph Schumpeter nos anos 20 deste munerá-los, seja quando se trata de concreti-
século. Ainda hoje, o chamado planejamento zar necessidades de tratamento por parte de
estratégico tem larga aplicação no meio empre- distintos tipos de pacientes (pobres e ricos, com
sanal. vendo-se mais recentemente reforçado ou sem conheCimentos sobre prevenção e saú-
peja larga difusão das Idéias de Peter Drucker de bucal. etc.). A Intervemência de múltiplos
(1975) e de W. Edwards Deming (1990) relacIo- prestadores de serviços e de múltiplas fontes
nadas ao alcance de padrôes elevados de qualI- de custeio e remuneração torna O mercado de
dade nas empresas. * saúde e, nele, a saúde bucal, um "mercado
No começo de tudo, planejava-se por mera Imperfeito" Apesar da reSistênCia oposta pe-
intuição, depois com base na lucratividade, los defensores do livre mercado (Christensen,
modernizando-se com a aplicação de concei- 1994), que preferem o entendimento financei-
I tos ligados ao retorno dos Investimentos, pro- ro direto entre o orurglão-dentlsta e seu pa-
duct Me cycle e market share," até chegar ã e
ciente, cada vez maior a expansão de mode-
onda do planejamento estratégico que funda- los de planos e de seguro-saúde, com a pre-
menta as Idéias mais atuaiS nesse campo, em sença de um tntermedlárlo para viabilizar o atert-
todas as áreas. dimento via prê-pagamento ou por meio de
As tentativas de transposição direta dos formas alternatIVas de custeio.
prlncipios e modelos do planejamento econô- É muito provável que as questÕes relacio-
mico às atiVidades de cunho social e em parti- nadas â oferta e â demanda por serviços se
cular à área da saúde mostrou·se InViável, não constituam na prinCipal explica~o ºª-ra os da-
conseguindo prosperar face às notórias dife- dos de pre.v.al.êncla de. cárie .dentaLpIlL RPis,
renças entre esses campos de conheCimento e na faixa de 35 a 44 anos, coletados regular-
de pratICa . Em relação ao setor de saúde, este mente pela Organização Mundial da Saúde
tem sido considerado como atípico em relação (W HO, 1998): pelos dados disponíveiS em
às leis de mercado, entre outras razôes pelo 1997, a Suíça e a Dinamarca, seguidas de per-
to pelo Brasil e logo porvários países altamen-
te desenvolVIdos, eram os líderes absolutos
com índice CPO próximo â marca média de 23
• Para uma an;;hse conceituai acerca de pl"oblemas mtl'r- dentes atacados por habitante. Sabe-se que
relaclOnals em saude e economia, consultar telttO do
no caso brasileiro a razão para índice tão ele-
Banto Mundial editado por Overholte Saunde~ (1993),
ou ler autorli!S como: Cam!Xls ('987), MI11s e Gilson vado é a prática costumeira de e~m
(1988), Mus9rave(1984), Newbrandere Parter(1992). série entre adultos, mas no caso das naçoes
Over (1991), Plola e Vianna (1995), ROVlra (1989), re- superdesenYQIVlaas (cQ.m grande número _de r

fendos na Bibliografia.
restaurações dentárias e de profissionaiS) ê a
"Em portU9ués, respectlVil/Tleflte Rodo de VIda do pro-
duto" e "falia de mercado· presença de odontólogos, cõfn sua éãPaCldade
Pidrtejamenro '1
de Indução da demanda, que condlaona a ex- e) enquanto a efic.iaa das empresas prIVadas
plosao do índice ao ponto de fazê-Io atingir depende de sua capaCidade em responder
cerca de 70% da dentição. .1s mudanças constantes do mercado. a or-
Há que considerar, além disso, as diferen- ganização pública não sofre o mesmo tipo
ças eXistentes entre empresas do setor pnvado de ameaças nem a busca das mesmas opor-
e do setor público ou semlpúbllcas (fortemen- tunidades. tendo dificuldade em se adap-
te finanCiadas por impostos e taxas e/ou que tar a mudanças repenunas. fortes ou fre-
funCionam como uma InstitUição pública), qüentes, o que a faz procurar em pnmelro
quando se trata de compreender as poSSibi- lugar a continuidade. a coerênoa e a esta·
lidades de sucesso e de Insucesso do planeJa- bllldade.
mento. De maneira geral. o planejamento pode
Quando comparada à empresa privada, a encontrar reslstenClas exatamente em função
organização pública tem uma lógica mUito pró- de alguns de seus pnnClpalS méntos. entre eles
pria que. a par do foi de vantagens e benef~ a própna capaCidade de prover uma melhor
oos que proporCiona para o conjunto da SOCie- organização e prevtSlbllidade do trabalho. Ao
dade - e não sô para a própria empresa -, envolver a anáhse de elementos externos e
pode difICultar o planejamento ou fazer com Internos por vezes não controláveIS e pertur-
que esta tarefa assuma peculiaridades bastan- badores da estabilidade. passa a ser mencIo-
te marcadas. As seguintes característICas, de nado só em ocasiões de crises e não como um
acordo com Eck (1994) e Motta (1979), dlsttn- processo continuo.
guem uma institUição pública' Uma vez que parece lidar apenas com o
a) as ações e a prõpna sobrevrvénCia da orga- futuro, o planejamento com freqüênCia li? lse-
nIZação não têm hgação com os mecaniS- lado do fazer real, da execução das ações. per-
mos de mercado ou com a eXistênCia de dendo com IstO suas chances de retroaltmen-
lucro ou superáVit; tação e consequente correção de rumos_ Quan-
b) a remuneração global Independe, em gran- do se torna uma atiVidade esporádica, passa
de parte. do preço do serviço pago pelos a funcionar como um mecanismo longínquo.
clientes; de controle remoto, exercendo uma InfluênCia
c} os obJetIVOS sâo baseados em Interesses co- Igualmente esporádICa sobre os obJetIVOS e o
munitáriOS mais amplos. cUJo alcance ultra- funcionamento da empresa ou InstitUIção. Sen-
passa os limites da satisfaçáo de seus inte- do um instrumento de critICa .1 realidade, por
resses particulares Não tem uma estraté- vezes e usado apenas para evitar males ou,
gia de creSCimento baseada na competição pior ainda. como um arrete destinado a desta·
nem é administrada ou avaliada por um SlS· car pontos negativos e punir seus responsá-
tema de ganhos e perdas no sentido merca- veiS Ao propor pnondades. cortes de recursos
dológiCO; e alocação preferenCial de verbas para deter-
d) a ação deve ser equltatlVa, provendo aten- minados setores, onglnam reSistênCias, que se
dimento às neceSSidades da SOCIedade In- não forem superadas ou vencidas, ,"am em-
dependente do poder econômICo e flnan· pealhos â programação e ao eXlto dos proJe-
celro de cada grupo ou comUnidade. As- tos elaborados
Sim, a lei do lucro e as deCisões tipICamente Alguns dirigentes tratam a atIVIdade de pla-
verticaiS (fundamentadas no comando do neJamento como um mero conjunto de técni-
dono da empresa) que JustifICam quase sem· cas destinado à elaboração de planos, prOJe-
pre o planejamento e a programação na InI· tos e programas que terminam servindo em
Clatlva pnvada, não encontram aplicação no essênCia para dar-lhes credIbilidade sob o man-
setor público; 10 da aparênCia aentífica no momento da con-
12 Sdúde BUGlI Coletiva

qulsla de espaços administrativos e palitlCos. para a instituição que ê alvo do processo de


sendo depoIs descartada ao sabor de Interes· planejamento; (b) no âmbito InternaCional, go-
s".. mais Imediatistas vernos de parses economicamente poderosos
Outro desvio comum reside na chamada e também as múltIplas agênCIas de coopera-
visão burocrátICa do planejamento, pela qual ção, que finanCiam projetos que nem sempre
ele se torna uma formalidade, um ritual a ser são do Interesse Interno ou de real neceSSida-
cumpndo de tempos em tempos, produzindo de para a população: (c) agênCias financlêldoras
a Ilusão de que o comando ou a institUição em regionaiS e naCIOnaiS que em geral sã estão
seu todo está de fato preocupada com a diSpostas a fornecer recursos para projetos que
antevlsão do futuro. tenham capaCidade de originar fundos Que pos-
Sem querer esgotar as POSsIbilidades de sam garantir o pagamento do prinCipal da diVi-
equívocos no trato e no enfoque do planeja· da e de seus Juros; (d) no ãmblto interno. os
mento - para estudar este tema mais a fundo, dIversos organismos governamentaIS, os parti'
consultar Gomes (1994) -, sempre é bom cha- dos poliUcos e as formas de aSSOCIação não-
mar a atenção para os que procuram utilizá-Ia partidária da população. as instânCIas do p0-
como um Instrumento de dl\IUlgação de Ideo- der JudICiárIO que, cada um nos seus limItes de
logias e de mobilização poliuca (em seus senti· poder e de alcance, atuam no senudo de asse-
dos depreclatl\lOs) retlrando-Ihe com Isto mUl- gurar Interesses ou ganhos própriOS
to de sua força de negoCIação e de adaptação O reconhecimento dessas barreiras Signifi-
a situações de confhto nas quais a negoClação ca, desde logo, que o apelo as tecnlcas e mo-
baseada no conheCImento técnICO e Clentifico dos tradioonalS de planejar já não é sufic.ente,
deve ser a arma prinCIpal. havendo necessidade de operar com eflclênoa
Cabe lembrar, ainda, que o planejamento dentro do novo ambiente formado peja SOCIe-
se desen\fOlve em um meio reSistente, sUjeito dade atual, Que é democrática e pluflvalente e
a influênCias determinantes e potentes, ha· que admite a presença atIVa de multlplas forças
vendo neceSSidade de Identificá-Ias e conhecê-
las com a profundidade requerida para poder
avançar no rumo correto. O prinClpal fator de 2.3 Planejamento
reSistênCia (a presença do Outro, ou seja, da- estratégico
quele que é o responsável e mantém o status
quo que desejamos modificar) será comentado A qualificação de -estratégIco· adICIOnada
no tÓpiCO relaCionado às fases do planeJamen- ao termo ·planejamento· SignifIca que este
to. AqUI, basta destacar os multas atores que assume necessanamente um caráter conJun-
costumam influenCiar com maIor ou menor tural. amplo, no qual as análises ligadas às cau·
energia o cenáf10 em que se desenvolve o plane- sas, efeitos e soluções possíveis dos problemas
Jamento estratégICO, pnnClpalmente quando se procuram abranger o maior número de varia
trata da ação de uma entidade governamental, \leIS relaoonadas, buscando compreender cada
paraofidal ou que tenha a seu cargo atiVIdades situação dentro do ambiente sooal. econômt-
de caráter coletIVO onde a comunidade ou agru- co e politico em que ocorre,
pamentos de pessoas estejam envolvidas Numa definição mais ligada ã realidade em-
São InfluênCias que, no dizer de Ed:. (1 994), presanal, Oliveira (1997) diz que o planeJamen-
conformam um ecossistema de complexidade to estratégico é um processo continuo e cor,
por vezes elevada, composto entre outros pe- responde ao estabelecimento de um conjunto
los seguintes elementos' (a) grupos econômI- de prOVldênCla5 a serem tomadas para a SItua-
cos que produzem bens e serviços e buscam ção em Que o futuro tende a ser dIferente do
expandIr seus negócios às curtas das vendas passado e desde que a empresa tenha condIÇões
PlaneJa~to 13

e meios de agir e InfluenCIar as varlavels e fato- que coloca a diSCUSsão essenCIal a respeito
res de mudança. da dimensão temporal desse processo. Em-
Uma conceituação estritamente comerCIai, bora estejamos pensando o futuro. as deci-
usada por Rasmussen (1990), na verdade nos sões são tomadas no presente e elas é que
permite entender o que não é O planejamento influenCiam o amanhã. Supondo-se um pro-
(pelo menos na área social), considerado por jeto que tenha como Objetivo aumentar em
este autor como "a ferramenta primordial que 20% a freqüência a consultórios odontoló-
a alta gestão de empresas poSSUi para obter gicos em uma determinada localidade no
vantagens sobre os seus competidores e con· prazo de um ano, é certo que ISSO sã acon-
segUir Identificar oportumdades de maiores tecerã se começarmos a agir de Imediato.
ganhos" Na verdade, a "vantagem" que um Caso as primeiras atitudes vierem a ser to-
processo de planejamento busca na área so- madas apenas na próxima semana, os re-
cial e em particular no campo da saúde. é o sultados finais serão obtidos dentro de um
bem-estar da população. Não obstante, é este ano e sete dias. Esta compreensão do cará-
mesmo autor que nos permite melhor compreen- ter temporal do processo ê que faz do pla-
der o tema, ao dizer que "planeJamento estra- nejamento uma CiênCIa e não uma mera
têgICO, por definição. slgnrfica plane,ar o futuro adIVInhação do que está por w;
perante as limitações psicológicas e fíSICas e os c) não é possivelseparar planificação e gerên-
pontos fracos e fortes de uma organização, cia. Há uma Simbiose ineVitável entre a pra-
conSiderando as alterações do comportamen- tICa do planejamento estratégico e da ad-
to do macroambiente referentes aos segmen- ministração estratégica, se considerarmos
tos econômicos. politícos. tecnológiCOS, sociaiS, que o plano que ',Iate é aquele que é execu-
ecológicos, legaiS, geogrâficos, demográfiCOS tado. transformando-se em realidade ao
e competitivos". Invés de permanecer nas gavetas da buro-
Estratégia, em si, significa mOVimento rumo cracia. Neste sentido. eXige de quem o põe
ao objetivo. buscando avançar com base nas em prática, administrando-o. todo um modo
própnas IniciatIVaS e nas deosões e respostas de pensar e de agir que deve acompanhar
do oponente. Três conceitos fundamentais, se- conceitual - ou estrategicamente - as linhas
gundo Matus (1985, 1993). merecem ser des- definidas para o planejamento. Há autores,
tacados: como Ansoff (1981), que consideram o pla-
a) o planejamento. a par de ser estratégiCO, neJamento como um componente da ad-
deve ser sltuaC/ona/, opondo-se ao plane- ministração estratégICa, pois ê por intermé-
jamento normativo tradicional (onde basi- dio desta que se concretiza a transforma-
camente um só ator. em geral o dirigente ção da cultura e da prática de uma orgam·
maior ou a chamada alta direção institu- zação;
Cional, planeja e dirige. cabendo aos demaiS Convém, ao fechar este tÓpiCO, expliCitar o
um papel acessório). Quem enfrenta uma significado de diversos termos muito usado~
situação é forçado a examinar e a agir em neste campo para evitar confusões de inter-
relação a todos os seus aspedos para não pretação:
ser surpreendido ou derrotado em seus in- • Previsão - é um exercíCiO, com base em re-
tentos. Isto inclui a análise das idéias e da gistros adequados e em I!:âlculos de proba-
pOSição real dos que são responsáveiS pela bilidades. dos eventos que poderão ocor-
manutenção da Situação que se objetiva rer no futuro;
transformar; • Projeçâo - é a Situação em que o futuro
b) a planificação na verdade diz respeito ao tende a ser igual ao passado, mantidas as
presente e não ao futuro, uma afirmativa condiçôes presentes;
14 Saúde Bucal Coletiva

• PredIÇ~O - neste caso o futuro tende a ser te dependentes e artICulados entre SI: o con-
diferente do pas5ado, mas li InstItUIção ou juntural procurando compatlbihzar as atitudes
pmprgÇ.d n30 U~m controle sobre as varlá- tomadas a cada dIa com as orientações de lar
V~IS, o que a transforma numa profecIa ou ga duração; o plano anual de ação, o plano de
num vatidnio: médIO prazo, que em geral COInCIde com o pe-
• PrOjeto - é um instrumento especifico de riodo de governo, e o plano de longo prazo
programaç:to, limitado no tempo (embora que tem as funções de especificar a nova sItua-
possa abranger perfodos mais ou menos ção que se espera atingIr e orientar OS procedi-
amplos, em geral a duração é de um ano) e mentos dos momentos anteflores.
caracterizado por obJetiVOS e metas quan- Refenndo-se ao carater de espIrai e de ação
tificadas a cumpm; permanente do planejamento sltuaclonal ou
• Pfano - é O documento formal que consoli- estratégICO, Matus (1985, 1993) sugere qua-
da as Informações obtidas na etapa de diag- tro momentos bãslCos ao Invés das classlcas
nóstICO e as ações a serem desenvolVidas; etãpás utilizadas pelo planejamento tradIcio-
• Programa - é um conjunto orgâniCO de pro- nal: (a) momento explicativo, eqUivalente ao
jetos e atividades, nâo necessariamente com diagnóstIco; (b) momento normatIVO, no qual
limites rigidos de tempo de execução, que é feito o desenho ou proposta de nova realida-
permite concretizar o processo de planeJa- de, (c) momento estratégiCO, composto por
mento Aplica-se em principiO no sentIdo procedimentos necessáriOS â superação dos
de "programas de governo" envolvendo obstáculos (politKos,legals, econômICOS, flnan·
múltiplas ações e setores; celrOS, organIzaCionais, comportamentals, etc.)
• Planejamento tático - refere-se a partes do que poderão ImpedIr a concretização das nor-
processo, â otimização de determinadas mas; (d) momento tátlco-operaClonal, que In·
áreas de resultado e não ao total das ações dUI a apreciação da SItuação presente, uma
e dos problemas A tática envolve a prepa- pré-avahação das deClsôes poSSfvelS, a tomada
ração para um combate ou para uma bata- final de decisões e a avaliação ou análise da
lha, enquanto a estratégia está referenCiada nova Situação, o que permIte cornglr eventuaIs
à guerra como um todo , falhas e reOflentar permanentemente todo o
processo de planeJamento_
2.4 Instâncias ou fases do A CEPAL (1993), numa tentatrva de ampliar
o uso da metodologia do planejamento em
planejamento
nivellocal, descreve uma técnica de m/Cropla-
o planejamento deve ser compreendIdo nificación estruturada em quatro etapas : Iden-
como um processo contínuo e não como um tIficação dos problemas; estratégias geraIS,
somatório de etapas estanques e sucessIvas . definIção de um prog rama e por último o que
Neste sentIdo, o conceIto de instância parece denomIna de planejamento colocado em pra-
ser maIs aproprrado do que o da fase ou eta- tica Nesta mesma linha, mas procurando uma
pa para explicar adequadamente os dIVersos adaptação do método inclusive para comUni-
passos que compõem o planeJamento . lnstã n- dades isoladas ou em fase inicial de orgamza-
cia, além de Significar m omento ou qualida- ção, DI Villarosa (1993) propõe uma interes-
de do que é Instante, é um termo usual na sante técnica de atuação denominada de "es-
area juridica tradUZIndo a séne de atos dum timativa raplda" que permite a organIzação
processo, desde a sua apresentação a um JUIZ gradatIva do programa em conjunto com a
ou tribunal até a sentença decisória . população-alvo.
Na realidade, o planejador trabalha em pelo Tratando da melhoria da qualidade do tra·
menos quatro espaços temporaIs IOtlmamen- balho nas empresas, nas InstitUições e nos pai·
I'taneJamenro 15

ses, autores como Demlng (1990) costumam Procura·se a segUir analisar o conteúdo de
adotar um esquema conhecIdo pelas InloalS P, cada fase ou InstãnCla desde um ponto de VIS-
A, C, O, que em Inglês significam: Plan (Plano), ta da prática em saúde bucal. •
Adlon (Ação), Checlc (Controle, avaliação), Do
(Fazer). Todos os quatro patamares estão m· 2 .4 .1 Compreensão da
terligados, numa rotação contínua que os obrl' realidade
ga a Intera91r em função da realidade Que VI--
venciam e procuram redirecionar Ao planejar O inicIO de tudo reSIde na obtenção de In-
- P -, procura--se definir obJetrvos e metas, es· formações quantItatIVas e qualitatIVaS adequa·
tabelecer os métodos de execução; a etapa da das que permitam a correta compreensão da
ação - A - é de Interferencla no processo, de realidade. Neste Infelo está Impliclta a determl--
execução dos planos; ao checar - C - o que nação de prosseguI( ordenadamente pelos
acontece, verifica-se os efeitos do trabalho exe- demais degraus da escada, evitando-se aSSim
cutado; em função da análise feIta e, na etapa a coleta de dados como um fim em SI mesma.
O, procura-se cOrrigir os defeItos. educar e Os dados e Informações a serem obtidos va·
retrelnar o pessoal, executar novamente e riam de ImportAnoa, volume e stgmftcado, não
melhor O trabalho. com o que se retorna ao sô quanto ao âmbIto a que se destinam - na·
momento do "P" dando novo e permanente clonal, regional, local - como em função da
IniCIO ao Cldo. melhor ou pIor estruturação e disponibi!tdade
VIsando uma melhor compreensão do das respectivas fontes
método de planejamento, apresenta·se a se- A InstânCia do diagnôstico é em essênCia
gUIr uma estratIficação em quatro instâncias analítICa, traduzlndo-se no esmiuçar da realI-
ou fases que é uma adaptação a partIr de dj· dade em seus componentes maIS significatrvos.
versos autores contemporâneos como Mufloz Todo diagnóstICo é feito com um determinado
Amato (1966), Carvalho (1976), Bromley e propôsito ou finalidade, o que Introduz um Viés
Bustelo 1982), Matus (1993), Testa (1981, Que se pode chamar de natural (por ser mel/I--
1992), OliveIra (1997), Uribe Rtvera (1992) e tâvel) na análise da Situação e nas categorias
amda de publicações especifIcas da CEPAL de informação a serem processadas.
(1993) e da Organização MundIal da Saúde Tratando-se de saúde, há um diagnôstlco
(WHO. 1989). de caráter admlnlstratrvo Que só se completa
Essas Instâncias constttuem uma orgamza- quando a ele se adICiona uma VIsão política
ção didátIca do método de planejamento e de das causas dos problemas com seus condICIO-
nenhuma forma devem ser vistas como uma nantes sociaIS. Pode-se dIZer, em acordo com
sequênCla riglda e forçosa de passos a serem Testa (1992), que no dlagnôstlco administrati-
dados. uma vez que a reahdade não é estatlca VO a categoria básICa de análise é a produttvl--
e com freqüênCIa eXIge do planeJador que exe- dade, o que eXige a introdução de uma outra
cute ações referentes a maIS de uma InstânCIa
ao mesmo tempo, ou Que opIne e defina Ques-
tões típicas de momentos avançados do pro-
" Ongmalmente, nas tm pnmerras edlÇOes, propusemos
cesso sem que os problemas iniciais estejam uma dMsão didátICa t'm ses fast'S: a) comptet'nSio da
resolVidos. As Quatro instânCias são: realidade, b) hlefillrQUlZ6Çio dos probIt'mas, c) dt'terrTlt-
• Compreensão da Realidade nação dos obtelNOS e clefu'llção dt' diretrIZeS, d) t'laboril-
• Hierarquização dos Problemas e Definição çio da programação, e)~, f) acompanh.JlTI@nto
e avabaçjo. Agcn, busGndo fdtar ~ mM ol ~
de Dlretnzes pteI!'nSão do pnxHSO, este t' apn!St'I'\tado em quatro
• Elaboração e Execução da Programação rnornenlos, ur.fica.rxk>st' "b" t' "c" como UmA s.egunda
• Acompanhamento e Avaliação InstJncia t' "d" t' "t'" como uma terce~ ínstlnaa.
16 5aude Bucal Coletiva

cate-goria ligada ao poder de mudar, de fazer grupos de renda baixa, media e alta .
com Que as novas Idêlas de fato se Imponham Acrescentar sempre que viável informa-
E preCISO, aCima de tudo, ter sempre pre- ções sobre acesso a serviços SOCiaiS bá-
sente que as razôes que explicam a eXistênCia SICOS como água, luz, moradia, buscan-
de problemas de saúde nos âmbitos organiza- do identificar a poSição em termos de
Cional e econômiCO, aSSim como a causalidade claSSificação socioeconômlCa do grupo
das doenças da cavidade bucal e eStruturas populaCional ou do conjunto de pesso·
correlatas, não podem ser investigadas e en- as sob analise;
contradas apenas dentro dos estreitos limites - Dados de escolaridade, com estratifica-
do setor saúde. Com grande e cada vez maior ção em escolas publicas e privadas e grau
freqüência, as verdadeiras causas das deficlên· de ensino;
cias encontradas no campo específiCO da saúde - Organização geral do sistema de saúde,
bucal situam-se na estrutura de desigualdades InclUindo grau de descentralização, au-
que caracteTlza a SOCiedade e que tornam as tonomia do poder local, modelo de fi-
oportunidades de acesso aos meios de manu- nanCiamento;
tenç30 da hlgldez ou aos serviços de atenção - Oferta de pessoal médico, de enferma-
odontológICa um exercido com marcadas e gem e de outras categorias;
profundas diferenças para os diversos estratos - Unidades de saúde geral eXistente e tipo
em que se diVide cada comUnidade. Há uma de serviços prestados;
epidemiologia de base SOCIal que transcende - InstitUições formadoras de recursos hu-
os concCltos pnrnelros de mera relação entre manos, com oferta de vagas e numero
hóspede e vetor ou, em segUida, de relaCiona- de profiSSionaIs formados anualmente
mento entre estes fatores com o meio ambien- na área médica, odontológICa e quanto
te que os cerca. a técnicos e pessoal auxiliar;
No que se refere aos dados e informações
b) Epidemiologia
necessários, a listagem abaiXO formulada pro-
cura cobrir as exigências mais significativas e Prevalência da Cárie Dental
comuns dos programas odontológicos. Cabe ° básICO e o índICe CPO-D aos 12 anos
a cada um eliminar os tÓpiCOS conSiderados de Idade para fornecer uma Ideia sobre
como não-utels ou sem aproveitamento poste- prevalênCia baixa, moderada ou alta em
rior, assim como acrescentar pontos de análl· CTlanças. Sempre que possivel, completá·
se que conSidere localmente necessários. lo com o CPO-D aos 6, 9,15,18,35-44
e 65 anos e maiS, estratificado pelos seus
a) Informações gerais
componentes de acordo com o padrão
- População, espeClflcando-se diVisões em de diagnóstico seguido pela Organiza·
urbano/penurbanojrural. por Idades (se- ção Mundial da Saúde (WHO, 1997). Em
gUir a diVisão etãfla cláSSica usada em serviços melhor estruturados, os dados
demografia: O a 4 anos, 5-9, 10·14, 15· provenientes dos registros de atendimen-
19,20-24,25·29,30-34,35-39 e assim to a pacientes clíniCOS podem ser utiliza-
por diante), destacando, sempre que dos desde que seja posslvel IdentifICar
necessário, grupos especificas significa- nos odontogramas o índice de ataque
tiVOS como Indigenas, nômades, comu- de câfle e tomando em consideraçáo que
nidades religiOsas ou de base raCial, etc.; neste caso o diagnóstico fica com o vles
- Renda per capita anual e mensal estima- da Inclusão apenas da população que
da, ou informação qualitativa acerca da consegue acesso ao atendimento.
distribUição aproXimada da população em Tendência do Processo Cárie
Planejamento "

o conheCImento da situação epldemlol& sentando aqueles que não apresentam


glca em pelo menos dOIS ou três pontos nenhum problema nas dentições decidua
no tempo constitUI um apoio de grande e permanente em relação â cárie dental.
valia para um bom planejamento e deve ou seja, com CPC + ceo - zero_ Vide tam-
ser buscado sempre que possível Per- bém os títulos 5.3.4, 5.7 e 6.
mite estabelecer qual a tendênCia de - Outros Problemas
comportamento da doença caso não se A conSideração de índices relaCionados
r produza qualquer fato novo que mod~ a outros danos (Vide, a respeito. o for-
fique os padrões segUidos no passado. muláriO utilizado pela OMS para estu·
além de Informar sobre modifICações dos epidemiológICoS de campo) aSSim
ocorndas num determinado periodo em como a definição das Idades de estudo
resposta a ações desenvolvidas pelo pro- depende do campo de Interesse do diag·
grama de saúde ou a Influências de fa- nóstlCO e da disponibilidade de servIÇOS
tores externos ao programa_A tendên- Vale aqUi reforçar o principIO de que s6
cia é uma medida que difere da classlCa devem ser coletadas Informações que
incidênCia da doença· realmente serão utilizàdas na prática ou
- Doença Penodontal para investigações relevantes .
O percentual de pessoas com doença
c) Oferta de serviços odontolôgicos
penodontal. principalmente nos grupos
etáriOS de 15-19 anos e de 35-44 anos é - número total de profissionais;
necessano sempre que houver poSSlblh- -estlmatrva do número de cirurglões-den·
dade de desenvolver um programa nes- tlstas em clinlca prrvada, horas disponí-
ta area A medição é feita preferencial- veiS e cobertura populaCional, • •
mente pelo IPC - fndlce Penodontal Co- - eXistênCia de planos de saúde, empre-
mumtarlo (WHO. 1997) (ou por algum sas de seguro-saúde, com número de
dos diversos índices utilizados para me- profissionais envolVIdos e de pessoas se-
dir em bases epidemiológICas os proble- guradas, com os tipOS de serviço ofere-
mas perlodontais). sendo válidas as ob- Cidos e utilizados;
servações feitas aCima quanto a medi- - oferta pública de serviÇOS, com o núme-
das de tendênaa _ ro de Clfurglàes-dentrstas, técniCOS, au-
Indicadores de Saúde xiliares, horas disponíveIS e trabalhos rea-
Cada vez mais se procura trabalhar com lizados por mês ou no ano, InclUSIVe das
referenciais baseados na saúde e não só entidades de seguro SOCIal;
na doença_ Da bateria de indicadores - estimatIVa de outros serViços, como de
positivos de saúde bucal que tem sido entidades paraofiClais, prãtlCos, etc., com
desenvolVida. o maiS elementar deles é a respectIVa cobertura populaCIonal:
o percentual de pessoas Isentas de cá- - disponibilidade de serViços preventivos
fie a partir dos 4 anos de Idade. repre- públicos e prIVados e de ações de edu-
cação em saúde com ênfase nos méto-
dos coletiVOS e na oferta e consumo de
Prevalénaa corresponde " 51t~O encontrada no me>-
mento do exame; lnodenoa é o que oconeu entre
dOIS exames reabzados em datas distintas (de ITIar1l!'lra
Indireta. pode ser medida por meto da diferença entre • • O concerto de cobertur.! populaoonal corresponde oi
I prevalênCllI de uma Idade e outra); Tenclênoa é uma proporção ele pessoas atendidas em r@laçAo iJO total
indicação de componamento da doença durante um de nabltantes ou. segundo o escopo do estudo. de
certo periodo de tempo. podendo ser de estabiliza· l'MIdentes em uma área ou de matriculas numa esco-
ção, m!lnora ou PIor.! la. empregados de uma empresa, etc
18 ~u~ Bucal CoIeftviJ

dentifrícios fluoretad05 e de produtos Esta fase se encerra com uma vlSc10 critIca
d~stlna d os à prevenção; da realidade analisada , mdicando se é satis·
- sl§tema de vigilAncia samtãrla em rela- fatórla ou não.
I ção a produtos odontológicos e, se for
Ocaso, especialmente quanto ao teor e
2 .4 .2 Hierarquização dos
regularidade de f1úor na água
problemas e definição de
d) Informações qualitativas prioridades
- opiniões da populaç~o em relação a Esta segunda ,nstânaa ou fase inclUI o es·
quantidade e qualidade dos serviços de tabeleclmento de objetiVOS, a espeCifICação de
atenção à saúde bucal disponivels; prtondades e de dlfetflzes.
- condiCionantes polítICos e econômiCOS Os obJetiVOs devem expressar a filosofia a
que favoreçam ou dlftcultem a ação se- ser adotada e as melhoras que se deseja alcan·
tortal, lOclUlndo a IdentifICação de tocos çar em relação a um deterrmnado problema e
de resistência e de restrição efetIVa ou grupo populaaonal Podem conter aspectos
potencial ao desenvoMmento das ações como: filosofia de ação, problemas e grupos
desejadas ou previstas, núcleos de pc. populacionais pnofltáflos, abrangênaa geográ·
der polítICO, econõmICo, admlntstrallva, fica, Quantificação geral dos progressos espe-
efetivos ou que possam ter influênCIa na rados (Carvalho, 1976; WHO. 1993).
superação dos problemas eXistentes e Amda não há como estabelecer metas
na aprovação de programas alternatIVOS. quantltatNas preasas, mas os centros de decl-
Epreoso enfatizar dOIS pontos: pmTlelro, que sâo para aprovar o plano necessitam basear·se
nâo hã uma receita pronta para atingI( a com- em uma ordem de grandeza que Indique o que
preensão de uma realidade, POiS cada qual tem vai ser alcançado ao final do tempo previsto
os seus meandros mUito particulares que eXI· de trabalho.
gem estudos detidos e que não se aplicam a r: preferivel formular um só objetiVO geral e
outras situações; segundo, que mesmo possUln· em conseqüência traçar quantos objetIVOS es-
do o planeJador uma larga experiênCia acuo pecíficos se façam necessânos Um exemplo
mulada na area estudada, é preciso metochzar de objetivo geral para uma comunidade com-
o seu conhec:nnento e o seu trabalho, VISando posta por cnanças e adolescentes de O a 19
repassá·lo de maneira clara aos administrado- anos. pode ser "aumentar a cobertura popula·
res, aos niveis de comando e aos executores. oonal com serViços odontológiCOS e redUZir a
EVlta·se dessa forma cair na armadilha repre- ocorrênCia de cáries dentaiS e problemas
sentada pelo pensamento de que "esta é ape- penodontals no prazo de dOIS anos", espeClfi·
nas a repetição de mUitas situações Idênticas cando em segUida qual o crescimento de co-
que ja VI e já diagnostIQue... , ou "todos Já sa bertura e quais os indlces de c:.ãne dental e de
bem o que e como fazer, só falta vontade politl- doenças penodontals esperados. ObViamen-
ca e saláriOS compensadores para levar o plano te, cada pais deve formular obJetIVOS e metas
à prática" Na verdade, há que permanecer sem· naCIonaiS compatíveis com suas poSSibilidades,
pre atento para as peculiaridades de cada um· concetto que pode ser estendido a cada pro-
verso e de cada problema, reconhecendo as di· grama desde que tenha espeCifiCidades que JUS-
flculdades para lidar com situações que (mes· tifiquem a mdlVldualização de seus objetiVOS
mo sendo nitidamente Incorretas ou Inadequa· A conseqüênCIa ImedIata da opmlão critICa
das) vêm se mantendo ImutáveiS hã tanto tem- sobre a realidade é a hierarquização dos pro-
po Que exlQem todo um exercíao de planeja- blemas encontr,dos, ou seja. a determinação
mento e um programa para Que se modifiquem inICiai de priortdades para futura solução.
Planejamento 19

Pnondade não significa exduslVIdade e sim dade do dano - possibilidade de atuação efi-
énfase. pressupondo que o grupo ou dano CIente - custo per caplta e grau de tnteresse
que ficou em posição secundaria vá ser con- da comumdade
templado com um menor volume de recursos Partmdo da mesma base conceituaI. Morley
ou de tempo e não ser esqueCIdo. (1978) ao tratar de problemas de saúde tnfan-
A escolha de prioridades se dá pela Incor- til, estabeleceu uma escala para determtnação
poração balanceada dos enfoques epidemioló- de priOridades com quatro elementos
giCO, sociopolítICO. administratiVo e econômI- • ConhecImento (C) da comunidade atitudes,
co, combinando o quadro de morbldade, a Opl sentimentos, grau de urgenCla reconhecI'
olão dos consumidores. a fact lblhdade das da, preocupação com o problema,
ações pela mâquma burocrática, os custos fi· • PrevalénC/a (P), dada pela freqüênCia com
nancelros Este conjunto de fatores, uma vez que ocorre o problema num momento
que articulado de modo conveniente. e que dado;
poderá criar as condições necessárias para en- • Gravidade (G), representada pelos efeitos
fraquecer 05 pilares de sustentação da Situa' danosos ou destrutlvos sobre os tndlvíduos
• ção vigente e substituí-Ia por uma nova e me- e a comunidade:
lhor realidade. • Suscetibifidade(S), ou resposta ao tratamen·
Em odontologia estabelecem-se prioridades to, considerando a disponibilidade de mé-
prtnclpalmente quanto a todos de controle assim como sua eficáCia,
• danos, o custo e as dificuldades de aplicação
• • grupos populacionais por faixa etána e por
sItuação econômica, De maneira bastante Simples, sugeriu uma
• r/po de sef'V/ç'o. gradação de 1 a 4 para cada elemento. O grau
Quanto aos danos sâo cláSSICOS os concei- de priOridade é obtido por meio da nota final,
tos de Sinal que caractenza um problema de apõs efetuar uma multlphcação seqüenCIal e
saüde púbhca quando este: a) constitUi causa dIreta de todos os quatro componentes DOIS
comum de morbldade ou mortalidade; b) eXIs- exemplos dessa metodologIa são mostrados
tem métodos efICazes de prevenção e contro- nos quadros 2·1 e 2-2 . No pnmelro caso, con-
le; c) tais métodos não estão sendo utilizados forme apreCIação do próprio autor do metado,
de modo adequado. Com base nesses pnnd- os problemas dentanos apresentam uma batxa
piOS, tem Sido comum utilizar os segUintes cn- pnoridade frente a doenças conSideradas de
ténos para estabelecer pnorldade em odon- maior relevância SOCIdI. No segundo exemplo,
tologia· número de pessoas atingidas - serte- construido exclUSIVamente com problemas de

Quadro 2-'
Determinação de prioridades em saúde com base em quatro fatores de influênda

Problema C P G S TOTAL

...••
.
DMnutnção •• ... ......... • •• 12
... .......
, Pneumonia
MIopia
•••
..••
•• ... •
......... ...
• ••
• ••
• ••
72

,
18
TuberctJlose •
Probl Dentanos ... ... + ..
• • 8
Catarro comum • • • •
Fontp Morll!'( (1978)
20 ~ude Bucal CoIetlVil

Quadro 2-2
oetermlnaC;ão de prioridades em odontologia com base em quatro fatores de Influência

Probh!:m.1
.. C P G

.-•
S TOTAL

(arle Dcntâna
GenglVlU! ..
_
....
H. .H

H •
54
12
Târtaro
Cãncer Bucal H- • ... -t- ......
d

H+
• 6
24
fluoro5e
- • • +

Adaptado 11 PIIrhr d~ MOI't~ (19781

saúde bucal (portanto sem comparações com rrndo doses demaSiadas de fluoretos. ou pe>-
danos â saúde geral), na comunidade analisa· dem apresentar elevada prevalênCIa de proble-
da a cane dentária foi considerada como o dano mas de oclusão.
a merecer maior pnondade por sua prevalênCIa Adultos, em especIal os de meia Idade ou
combinada com o conhecimento que as pes- Idosos. enfrentam o ataque preponderante das
soas em geral possuem a seu resperto e que as doenças peflodontals.
leva a procurar atendimento, maiS a possibili- No que se refere aos grupos populacio-
dade de prover tratamento adequado a custos nais porfaixa etária, nos paises onde a ca-
razoavelS O câncer bucal ganhou o segundo tre dental é o dano maior, tem sido conferida
grau de prioridade com 24 pontos (2 x 4 x 3) cláSSica prrofldade a cnanças em idade esco-
devido à sua extrema graVidade, urgênCIa re- lar primária, de 6 a 14 anos_A ênfase se JustifI-
conhecida (mas apenas depoIS de constatada ca pelo aparecimento dos dentes permanen-
a eXistência do problema) e suscetrbllrdade ao tes e pela alta Incidência de cárres logo após a
tratamento quando em lesões idenl1f1cadas pre- erupção dentárra. faCilidade de acesso e de
cocemente Chama-se a atenção para o fato atendimento ofereada pelas escolas de 1Q grau
de que essa gradação é varlãvel para cada co- e pela reconheCida eficácia de diversas medI-
munidade ou agrupamento de Indivlduos, de- das preventIVas e educatIVaS quando aplICadas
vendo ser adaptada às suas caracteristlcas pró- a essa faixa etána
pnas. De modo Virtual, em todos os países que
ClaSSicamente, o problema maior é a cátre consegUiram bons resultados tanto em termos
dental por sua elevada prevalênCia global. Em preventivos quanto no que se refere â orgam·
segUida costumam ser refendas. pela ordem. zação coletrva de serviÇOS odontolõglcos para
as doenças penodontals, maloclusões, cãncer a população, a priOridade para o grupo de 6 a
bucal. fluorose.láblo lepormo, fendas palatrnas. 14 anos fOI obedeCida, expandindo-se grada-
Contudo, esta seqüênCIa pode ser mochficada tivamente a cobertura para adolescentes (15 a
até mesmo de maneira radicai ao serem consi- 19 anos) e para Infantes (O a 5 anos) Exem-
deradas outras faIXas etánas ou agrupamen- plos nesse sentido são, entre varras outras na-
tos humanos que tenham característICas diS- ções. Nova Zelândia, Austrália. Holanda, Reino
tintas. Unido, Suécia, Finlãndia, Cuba.
Ctranças submetidas a adequados regimes Nos ultlmos anos, cada vez mais têm se con-
preventivos em relação à cárie dental e que solidado programas de atenção precoce a man-
Virtualmente conseguem ehmlnar a inCidênCIa ças de baixa Idade. obtendo bons resultados
deste problema podem tornar-se um grupo de por meio de ações educativas e preventrvõs,
fiSCO em relação à fluorose caso estejam Inge- coletIvas e IndividuaiS, a partir do naSCimento.
PlafleJi!men ro 21

o êXito alcançado pelas chamadas "dínlCas do ou com defICiênCias fíSicas/mentais, costumam


bebe", inclUindo uma virtual e prolongada au- ser destacados da populaçâo geral para rece-
sência de câries em crianças que recebem CUI- ber atenção clínica ou preventIVa em saúde
dados desde os primeiros meses de vida, suge- bucal.
rem que este pode ser um grupo pnorltâno Em relação à sh:uação econõmica , as pes-
importante onde é possível organizar progra- soas de baixa renda são, para o setor público,
mas em bases coletIVas e até mesmo em locais nitidamente pnorrtârias em relação âs de mé-
onde nao se obtém sucesso epidemiológICo dia e alta renda, conSiderando que: a) estes
com a estratégia de priorizar exclusIvamente a últimos têm condições de custear com seus
faixa de 6 a 14 anos. própnos meios os CUidados de que necessitam:
Os adolescentes constituem um grupo se- b) a oferta predominante de atenção odontoló-
qüenCIal natural nos esquemas que conferem gica, nas âreas sob economia de mercado. é
priOridade InicIai a crianças. A câne dental se pnvada e de elevado custo.
caractertza pelo ataque concentrado de modo Finalmente, quanto ao tipo de serviços, a
predominante nas faixas mais jovens, acompa- ordem em geral aceita na ârea curatlva coloca
nhando o período de erupção das dentições as emergênCIas e as urgênCias em pnmetro lu-
permanente e temporária, atingindo seu pon- gar, seguidas pelas extrações inevitâveis, pelas
to máximo por volta dos 20 anos de idade_ restaurações, CUIdados penodontais e pelos de--
Estudos sobre a freqüênCia de pacientes a con- mais com ordem de prioridade SUjeita âs ca·
sultóriO Indicam que os maiores percentuais de racterístlcas de cada grupo populaCIonal e de
procura a CUidados odontológiCOS ocorrem cada sIstema de atenção odontológICa Por
entre os 15 e 19 anos_ Nesse período, além da exemplo, em escolares de 10 e 2° graus com
maior preocupação com a própria aparênCIa, redUZidos índICes de carle, a atenção chOlca e
os problemas não-tratados ou InsufiCIentemen- a prevenção de problemas penodontals e
te resolvidos na Infãncla alcançam um pata- ortodõntlcos podem ser uma prlondade signI-
mar de maior graVidade e estimulam a busca fICativa; jã em grupos de fumantes Inveterados
de atenção clínica o diagnóstICo e os CUIdados precoces a casos
Mesmo nos países mais bem estruturados de cãncer bucal ganham relevãncla.
sob o ponto de vista da cobertura por serviços Na verdade, a atenção odontológica básica
odontológicos, os adultos não têm sido inclui- (constando pelo menos de educação em saú-
dos entre os grupos sob proteção compulSÓria de, prevenção, profilaXIa, restaurações, extra·
ou pnorttârta_Na melhor das hipóteses são de- ções, CUidados de urgênCIa), deve ser presta-
senvolvidos mecanismos acessíveiS de custeio da em todos os casos â população, sem quais-
via seguro social (vide os cartões de saúde ado- quer distinções econômicas, sociais, étnicas ou
tados, p_ex., na Holanda), seguro prrvado, ou religiosas.
por meio de esquemas patronais ou com sub- A segunda Instância ou fase do planeJamen-
sídio estatal. Neste último caso figuram princi- to se encerra com a tomada de decisão. Em-
palmente sistemas de economIas centralizadas, bora isso ocorra em cada momento do proces-
como na Europa Oriental até pouco tempo e so de planejamento, aqui se trata em espeCial
nos Estados que se mantêm sob o regime so- da decisão politlca de Implementar todo um
cialista de governo. conjunto de ações_
Além dos trabalhadores, que na dependên- O acúmulo de Informações geradas nas Ins-
cia da condição econõmlca do pais ou de cada tânCIas precedentes conduz a uma série de al-
empresa podem contar com programas especí- ternativas de solução para os problemas de-
ficos de tratamento odontológiCO, certos gru- tectados. São soluções com diferentes fiSCOS,
pos como o das gestantes, pessoas confinadas periodos de realização. custos e capaCidade de
22 Salim Bucal CoJeriva

influênCIa Compete ao nível têcnlcO oferecer real de trabalho. ao passo que as metas fíSicas
a.ltematlVas adequadas, que de fato melhorem dlferenciam-se da quantIfIcação preliminar de
a sltuaçaa.problema detectada, Instrumentan- objetIVOS refertdas quando do estudo da se-
do o nivel declS6.:IO_ Este não é um procedi- gunda InstânCIa por serem mUito maiS preo-
mento Isolado. mas~ uma troca de Informa- sas e concretas, assumindo Já um caráter de
ções e pontos de vista de quem lida com os compromIsso direto para com a comunIdade
fatos em patamares dl~lntos. Assim , o técni- envolVIda.
co pode Indicar a ftuoretação da água e o uso O projeto pode ser de reorientação das ati-
de terapêutas dentais (técnicos de nfvel médio Vidades em execução, de expansão ou ainda
que executam procech~ntos básIcos de ope- de criação de novas linhas de trabalho _
ratóna dental, Indutndo restaurações) como o E preciSO nesta InstânCia agir em relação
caminho mais econômico e !-âpldo para melho- aos mais notavets nós crítICOS apontados pelo
rar o estado de saude da sua comunidade, mas diagnóstico. Um nó critiCO significa que um
o nfvel deasóno pode optar por uma alternatI- determInado problema tem elevada Impor-
va mais cara e lenta como um Pfograma de tãncla específica, de tal forma que ao ser en-
fluor tópico a cargo de higienistas, devido a frentado e solUCIonado de modo conveniente,
posições conservadoras (que não podem ser permmrã uma modifIcação real e tavorãvel na
superadas de Imediato) de parte dos setores situação em estudo Supondo-se, a título de
de fornecimento de água ou da própria profis- exemplo, um pais com superoferta de clfur-
são odontológica glões-dentlstas, no qual foram Identificados
Eneste momento que a decisão báSica deve dois nós crittcos fundamentais: em pnmerro
ser tomada, apoiando o plano que além de ter lugar, a poSIçãO pr6-expansão da oferta de va-
POSsibilidades de êXito é conSiderado como gas nas faculdades do Mlnlsténo da Educação,
factlvel dentro das condIÇÕes econOmlcas e p0- por considerar que esta é uma questão que
líticas eXistentes e prevlstas_ deve ser livremente resoMda pelo mercado; em
segundo lugar a aUtude passrva das entidades
representatNas da classe odontológica, que se
2.4.3 Elaboração e execução da
preocupam em defender o mercado atual de
programação
trabalho sem se Importar com as conseqüên-
A partir da tomada inicial de decisao sobre CIas futuras da hlperformação de profissionaIS
o plano global, estabelecidos os obJetiVOs e as que hOJe ocorre. Um plano correto de atuação
dlretnzes estrategtcas a segUIr e considerada a terá que confenr pnondade ao trabalho de con-
melhor alternativa prática de trabalho, torna- venCImento desses dois atores prinCipaiS (o MI-
se necessário agora elaborar os programas de nistériO e as entldades de dasse), poIS a rever-
trabalho . são de OpiniõeS e de atitudes poderã provocar
Um plano que Vise a melhora das condlçOes uma mudança efetrva na política de formação
de saude bucal da população pode comportar de recursos humanos desse setor
maiS que um programa e cada programa deve A capaadade de resolução dos problemas
ser detalhado em termos de projetos especifl- e a ViabIlidade final dos programas depende
cos por atividade, local, etc. mUito do tipo de ações propostas e dos recur-
Um modelo de elaboração de projeto é sos fíSICOS, humanos e fmancelros que lhe são
apresentado no quadro 2-3, que exemphfica alocados, mas não se pode esquecer que a
os campos normalmente preenchidos e o con-
teudo de cada tÓpICO ." • Para aprofundar o esludo sOOf1!l elaboração de P'CIetoS
Os objetNos e dlretnzes correspondem ás do com forrnulános maIS detalhados, VIde ~A Odontologli5
plano geral, mas agora se referem ao âmbno no MunlCipiO~ (Plnlo, 1996)
Pldnejamenro 23

Quadro 2-3
Roteiro para elaboração de projeto

CAMPO 1 IDENTIFICAÇÃO 00 PROJETO E 00 PROPONENTE

Titulo: Identificar o Projeto a ser desenvolvido


localização Geogrãfica / Instituições responsáveiS e associadas! Coordenadores! CUsto previsto.
Objetivo Geral: enunciar de maneira abrangente Oque se pretende num determinado espaço de tempo.
Objetivos Específlcos: detalhaI de maneira dara o obJetiVO geral. definindo operaCIonalmente os tJpos de
resultados que se espera akançar

CAMPO 2 SITUAÇÃO ATUAL

Elaborar um dlagnóstJoo sucinto, com ênfase nos problemas das âreas onde ocorrerão InvestJmentos ou
mudanças e na situação epldermológlca Identificar os prinCIpaiS pontos de estrangulamento temi co,
admlOlstratlvo, gerenCiai, fi nanceiro

CAMPO 3 METAS E CUSTOS

Metas: Descrever e quantificar aS metas em detalhes, eSpecifICandO os obJetiVOS traçados Devem seI
expliCitadas quantas metas forem ne<:essârlas para atingir a situação esperada Quando se tratar de
aqUiSição de eqUipamentos e matenals permanentes, anexar relação Item por Item. Agrupar as melas
metodicamente de acordo com a sequê!"lCla do processo de produção
Custos: Calcular o custo de cada meta, desmembrando seu valor por elemento de despesa, alem de
especificar as respectivas fontes de finanaamento.

CAMPO 4 CRONOGRAMA FlslCO (DE EXECUÇÃO)

Representar graficamente a distribUiÇão, no tempo, das metas a serem realizadas, de acordo com a
previsão para a sua el«!Cução. Em geral o prOjeto ê de um ano de duração, devendo o cronograma
assmalar mês a mês as ações a serem desenvolVidas

CAMPOS ESTRATÉGIAS OPERACIONAIS

ASSinalar os meiOS e mêtodos a serem empregados na execução das ações, tendo em VISta o aJcance dos
objetiVOS propostos Deve contei os aspectos necessâflos à execução das metas, esclarecendo a forma
de sua Implementação, a Integração com outras InstJtulções, as tâtJcas a serem utilizadas, a ordem de
pl"lolldades na aphcação dos recursos e na escolha dos grupos populaaonals a atender, alem do tipo e
quantidade de pessoal a ~r utilizado

CAMPO 6 SITUAÇÃO ESPERADA

Referir os resultados a serem obtidos ao final do tempo de Vlgênoa do Projeto SlgOlfica baSIcamente a
proposta de mudança, firmando o compromiSSO de dar solução efetIva a problemas detectados no
dIagnós tico, a par!!r da correta aplICação dos recursos sohatados.

CAMPO 7 ORÇAMENTO CONSOLIDADO

Apre~ntar a estrutura orçamentâria do PrOJeto, IndUlndo as fOfltes de custeIO e os elementos de despe-


sa claSSifICados em· Pessoal!: respectivos Encargos, Material de Consumo, Serviços de Tercetros, Dlâllas
e Passagens, Obras e Instalações, Equipamento e Mateflal Permanente O Campo 7 deve conter dados
compatíveiS com as espeaficações de gastos e fomes contidas no Campo 3
24 Saúde Bucal Coletiva

sltuação-problema SÓ será modificada quando gl(o podem ser observadas aqUI com nitidez.
as forças de mudança forem superiores às for· uma vez que este não se contenta com o dese-
ças conservadoras nho da proposta de modificação da realidade,
A viabilidade deve ser alcançada nos cam· avançando na Identificação das pnnClpais bar·
pos polluco, econômico li? organizacional ou relras â sua execução e das ações necessânas
administrativo. Para tanto, hã que analisar com para superá·las. Não sâo levados em conSide-
a profundidade requerida a estrutura de sus· ração os planos que Simplesmente pensamos
tentação eXistente. que possibilita a manuten· ou desenhamos e Sim aqueles que, por meio
ção e apota a continuidade das ações que se de Intervenções concretas sobre o presente,
deseja modificar No momento em que se pro- conseguem modificar o futuro.
põe uma mudança, de Imediato surgem as Considerando que o planejamento se desen-
defesas do status quo, representada pelos volve em um meIO reSIStente e que, na pratica,
Que acreditam que tudo estã correto ou pe· a consecução de um plano sIÇnlflCa a falha dos
los que estão obtendo algum tipO de vanta· planos de outros, compreende-se a Importân-
gem e portanto são contrãrlOS a novos prOJe- aa de estar presente Junto aos executOfes. In-
tos. Uma proposta de mudança curncular dusl\Ie para revtsar e adaptar o Que fOI previsto
numa faculdade. objetivando tornar os con· em função das eXigênCIas do dla-a-clta Isto não
teúdos mais preventivos e menos curatiVOS, Significa que um plano deva ser constantemen·
pode enfrentar severa resistênCia dos profes· te modificado face ã realidade, e sim que a com·
sares de algumas das disciplinas clinICas, Que preensão das reSistênCIas e das linhas de sua
vislumbram no hOrizonte ameaças ao seu tra· superação constitui um componente essenCIal
dlClonal domínio sobre as deCisões ou temem para que se alcance o êXito esperado.
a perda de espaços dentro da escola
Numa Situação como essa, é preoso for 2 .4.4 Acompanhamento e
mular estratêglas Que possibilitem um gradatIVo avaliação
aumento das própnas forças até provocar um
deseqUilíbriO favorãvel na balança A estratê- Toda ação deve a) ser acompanhada de
gla poderã ser de três tipoS: cooperação com modo critICO para que as correções necessânas
os outros atores sociais; cooptação para as se procedam no momento oportuno e. b) ser
próprias idéias, ou de conflito, formando um avaliada para saber se os objetivos e metas fo·
triângulo de atitudes cUJos vértICes não sâo ram atingidos
excludentes entre SI. No exemplo antenor, a O acompanhamento e a avaliação constl·
discussão com os professores mais resistentes tuem fases essendals do planejamento não só
â mudança pode conter elementos de franca porque permitem saber se o que foi previsto
cooperação ao mesmo tempo em que pontos está sendo corretamente reahzado, mas tam·
de discórdia se mantêm à espera de um me- bem por POSSibilitarem a Introdução de aJus'
lhor equaClonamento futuro tes e correções de rumo em planos que sofre-
Não eXiste planejamento sem a execução ram aCIdentes de percurso, alêm de contribui-
do plano. Embora esta pareça ser uma afirma· rem para a formulação de planos futuros maiS
tNa óbVia, os mcontâvelS planos eXistentes nas perfeitos Já devem estar previstos desde a se-
gavetas da burocracia estatal e que não são gunda fase, tendo como pilar de sustentação
Implementados, apesar de factíveiS técmca e os conceItos expressos pela comunidade, a qual
financeiramente, demonstram Que é necessá- encontra exatamente aqUI condições IdeaiS
rio o seu realce para partiCipar de maneira atIVa do trabalho
°
As diferenças entre planejamento tradl- de uma unidade de saúde, analisando seus re-
oonal e o planejamento sltuaClonal ou esttaté- sultados e propondo alternativas de ação
Planejamento 2S

Avaliação em saúde pode ser definida balho comunltârto de uma eqUipe de saúde,
como sendo "o procedimento pelo qual se de- como uma mudança de hâbitos por exem-
termina o grau de êxito alcançado na execu- plo, só podem ser constatados bem mais
ção de obJetiVOs predeterminados" (Oliveira, tarde;
1997), ou como "uma investigação sobre a • Uma vez que a comunidade e as pessoas
performance de um programa em termos de que a compõem são o alvo de toda a politl-
seu sucesso ou insucesso no alcance de objeti- ca de saúde, cabe-Ihes um papel avaliador
vos preestabeleCidos" (Bllnkhorn, 1993)_ fundamental e deCISIVO;
• Não é possível avaliar Integralmente um prO"
a) Pré-requisitos de uma boa grama, mas é Importante captar as mudan~
avaliação ças maIs representatIVas,
• Quando não planejada com antecedênoa ou
A avaliação interna, feita pelo prêprio prO"
quando empregada com senttdo negatIvo
grama e pelo pessoal que nele atua, como uma
(enfatizando a fiscalização, p.ex.), pode tor
forma de reflexão e autocrítica, é a que melhO"
nar-se uma ameaça e fracassar
res resultados proporciona A externa, proce-
dida em geral por Instituições financiadoras
b) Registros adequados
com o objetiVO de verificar se os recursos es-
tão sendo bem aplicados, sê ajuda o progra- Realizar uma boa avaliação é bem maIs fâ·
ma quando é feita por profissionais indepen· cil do que a princípio parece (neste mesmo ins-
dentes que conheçam a área e que possam tante o leitor estâ considerando a clareza e o
contribUir para a solução de eventuais proble- valor que tem este texto), mas depende de re·
mas A Simples verificação da adequação de gistros corretos e funCionais . Mapas de produ
gastos não é sinõnimo de avaliação, correspon- ção diâria, fichas clínicas e relatórios mensaiS
dendo mais ao conceito de controle e poden- ou anuais devem ser experimentados e dIscuti-
do ser exerCida por pessoal administrativo. Da dos CUidadosamente antes de se lransforma-
mesma forma, pode-se conSiderar que a ava- rem em impressão definitiva A expenênCla
liação contínua, realizada paralelamente ao de- mostra que muitas vezes esse material ê pre--
senvolvimento do programa, Junto com o acom- parado por pessoas não envolvidas com a prO"
panhamento, ê superior e mais útil que aquela dução de serViços, terminando por conter Itens
levada a efeito de maneira periódica ou ape- inadequados ou em excesso . Quando os da·
nas no final (Werner et Bower, 1984). dos colocados nos formuláriOS não retornam
Diversos autores (Beaglehole et aI., '996; em forma de Indicadores que ajudem a avalia·
Blinkhorn, 1993, Downer, 1993; Koepsel et aI., ção do desempenho da unidade, têm o efeIto
1996; Nutbeam et aI. , 1996; Scotney, 19B 1) contrãrio de irritar o pessoal de nivellocal que
enfatizam a Importância dos seguintes aspec- passa a preenchê-Ios como uma obrigação
tos fundamentais envolvidos particularmente apenas, condUZindo a imprecisões e â desvalo-
na avaliação de programas: rização da informação.
• EessenCial dedicar-lhe tempo e recursos de- Usar poucos formulários, montar relatórios
finidos, não a conSiderando como uma ati- com itens similares aos dos mapas de produ-
vidade marginal ou eventual, ção, captar só dados de produção fmal (evItar
• Deve ser pertinente com os objetivos do pro- a Inclusão de passos Intermedlârlos como for-
grama, dando respostas relaCIonadas ao ramento, preparo cavitãrio, etc.), perguntar aos
que foi previsto; usuários se estão satisfeitos com o processo
• Em saúde, a avaliação não é um processo em desenvolVimento, são orientações que ao
exato e os números em geral sê refletem serem segUidas costumam eVitar problemas
parte da realidade. Os efeitos reais do tra- posteriores.
26 Satide Bucal Coletiva

Um bom exemplo pode ser dado pelo uso ma fOI executado, o grau de aceitação pela
de? um mapa de produçAo contendo as seguin- comunrdade, as causas globaiS da mudança,
tes Informações mlmmas: pacientes novos - as Implicações politlcas, econõmlcas e SOCIaiS,
pacientes subseqüentes - dentes restaurados conclUindo com as pOSSibilidades de reprodu-
em amálgama e resina - exodontias - profila- ção e ampliação do arsenal de ações Imple-
xlas - aplicações tópICas de flúor - aplicações mentado (Matus, 1993, Nutbeam et aL, 1996)_
de selantes - Orientações em higiene oral Downer (1993) sugere aos mais apressa-
A partir desta base aparentemente elemen- dos o emprego de um mêtodo prátiCO conhe-
tar, podemos listar um abrangente conjunto de Cido em Inglês pelas IniCiaIS "SWOT" (strengths,
Indicadores que com certeza permite uma ade- weakeness, opportumtles, threats, Que SignifI-
quada avaliação operativa do trabalho: I) mé- cam respectivamente vantagens ou força ou
dias por ctinlca e por profissional. por dia, mês poder do método, desvantagens ou fraquezas
ou ano, de dentes restaurados, exodontlas, ou debilidades, pOSSibilidades ou chances,
profllaxlas, paaentes rlOYOS, pacientes regulares, ameaças ou pengos), um cnatrvo Jogo de le-
paaentes com atenção preventIVa, ii) % de pa- tras que se assemelha à famosa sêne de televl-
cientes novos comparados aos que estão em sâo onde a SWAT era a diVisão militar encarre-
manutenção; lii) % de restaurações em amál- gada de solUCionar problemas com rapidez
gama cotejado com o % de restaurações em Ao avaliar um programa ou projeto pelo
resina; IV) restaurações x exodontlas; v) aplica- método "SWOT", verifica-se o balanço entre
ções tópicas de flúof x selantes, vi) % de pes- seus aspectos favoráveiS (S/O) e desfavoráveis
soas com atenção preventiva em relação ao t0- (W/T), condulndo-se pela busca de altematl-
tal de pessoas atendidas, alem de vãnos outros vas para superar as resistênCias e desvantagens
que podem ser livremente criados segundo os ou, Quando ISSO não é possivel. tratando de
Interesses de cada sefVlÇO de saúde bucal adotar um método mais compativel com a rea-
lidade local, regional ou nacional. O quadro 2-
c) A prática da avaUaçlo 4 fornece um exemplo de aplicação prática do
·SWOT"
Duas tarefas são Impresclndiveis em toda e Quando o nivel de saúde da população está
qualquer avaliação estabelecer com dareza os melhorando e esta se diZ satisfeita com o aten-
resultados obtidos e compreender o processo dimento e com os servIÇos odontológiCOS que
de mudança ocorndo recebe, com certeza qualquer outro indICador
No primeiro caso, de uso principalmente de desempenho ou de medição da produção
acadêmICO, procura-se determinar se foram resultará pOSItIVO_Para tanto, é necessárro con-
cumpridos os obJetiVOs e metas de começo tar com um sistema de VigilânCia epidemiO-
estabeleCidos, podendo Já inclUir o estudo das lógica capaz de medir regularmente as mudan-
variáveiS que mais influenCiaram o processo de ças nos índices de saüde (p.ex., Indlces CPO-D,
mocliflcaçâo da reahdade Os Inchcadores usa- I-Pc.) e realizar pesqursas de opinião com suf..
dos sâo do tipo direto ou báSICO, prestando-se ciente representatividade coletiva
mais a anáhses técnicas ou Cientificas Quando No que se refere â avaliação direta de pro-
se tornam demaSiado hermétiCOS (compreen- gramas odontológicos, utilizam-se quase sem-
didos apenas por especlahstas e entendidos), pre Indicadores que medem CinCO caracteris-
costumam ser pouco aproveitadas por parte tlcas: esforço - eficáCIa - rendimento - cober~
dos polítICOS e de profiSSionaiS das áreas finan- rura ou adequaçáo e qualidade.
ceira e administratIVa A avaliação do Esforço despendido é a mais
No segundo caso, de avaliação do processo, faol e primária de todas as medidas (por esta
procura-se valOrizar a forma em que o progra- razão é a maiS praticada), IndICando o núme-
Quad ro 2-4
Avaliação simplificada pelo mêtodo "swor" de uma polftica de fluoretação da água de
abastecimento público

5 (vantagenS/força) W (desYant;)qef1S/fraq~ela) O (oport~rwdade~) T (ameaças, perJ9Oli)

Efetll.<l e Seguro POSSivel5 difICuldades Melhora da saLide bucal Grupos antI-


têcntcas da população fluoretação
Efioente e Barato/ Dificuldades pollucas Redução dos custos Percepções de alguns
ApoIo da população de tratamento orurgtões<lentJstas

Benefiaos redundantes Com indtces mUito Melhor aparenaa/ ResponsáveIS pelo


(reduz dor. baixos de cãrte pode mastigação abasteomento d 'agua
exodonllêlS) não ser financelramen- poiS o custo de trata·
te JustifICável mento fica mais alto

Fonrf' Downer (1993 )

ro de unidades, equipamentos, recursos hu· nos, aqUisição de equipamentos e material


manos e financeiros alocados ou eXistentes, permanente) e Indiretos (luz, agua, telefone,
não incluindo os resultados alcançados. Exem· manutenção do prédiO e do consultÓriO) e tam-
pios sâo: número de eqUlpos odontológicos bém em fixos e variavels.
adqUIridos, número de odontólogos contra- Uma classificação combinada que pode ser
tados e treinados, volume de recursos gastos, aplicada à avaliação de custos em uma dínlCa
quantidade de pessoas atendidas, de consul· ou um programa de odontologia, com base
tas realizadas. em Rosa (1984) e em Rosa e Cauduro Neto
A Eficácia é a relação entre as realizações (1985), esta resumida no quadro 2-5.
do programa e as atividades InICialmente pre- A Adequação de um programa costuma ser
vistas. Em geral se refere a três vanavels: recur- dimensIonada em função da Cobertura popu-
sos, atiVidades e objetivos, comparando o rea· laCional propOrcionada, o que leva ã utilização
lizado com o planejado. Por exemplo' 880 ho- desses dois termos como sinõnrmos no presen ·
ras/ano de trabalho planejadas por profiSSIO- te caso. Ha necessidade de estabelecer qual a
nal. mas só 704 horas realmente trabalhadas. população-alvo e o que se propõe o programa
A efICáCia é de 80%, ou seJa ' 704 x 100 + 880. a realizar para que o mdlcador de cobertura
O Rendimento ou Eficiência expressa os efeI- tenha um significado concreto. Há variações
tos alcançados em relação aos recursos despen- Importantes a considerar nesse campo, desde
didos e ãs atiVidades realizadas Quase sem- a preVisão elementar de ofertar uma consul-
pre se baseia em medidas-padrão, que são com- ta/habitante/ano sem preocupação com uma
paradas aos resultados concretos do progra- possivel melhora no nivel de saude ou com o
ma. Exemplos: Consultas por Tratamento Com- que é feIto em cada consulta, até a meta de
pletado; Custo por Restauração. Tempo em concessâo de alta odontológica para um nú-
minutos por Consulta. mero determinado de alunos matriculados em
Esta é uma medida mUito usada para as escolas primarias. No primeiro caso a cobertu-
relações de custos, os quaIs abrangem três ra sera expressa em percentual sobre a popu-
componentes prinCIpaIS: matéria-prima, mão· lação total, mas SIgnifica apenas acesso mini'
de-obra e gastos geraIs, podendo ser divididos mo aos serviços disponíveIS, enquanto no se-
em custos diretos (material de consumo, sala- gundo caso o percentual é referente apenas a
28 Sauc/e Bucal CoIeava

Quad ro 2·5
Análise de dispêndios de um programa odontológico. segundo o tipo de custo e
elemento de despesa

Direto fixo Olreto variável Indireto tiMO Indireto ..... riável

Matenal de Consumo - Pessoal Temporáno Salânos de pessoal de Malenal de esc:ntÕno.


EqUIpamentos e Mate- escritõno, limpeza e hmpeza, etc., não
nal Permanente matenal utilizado - diretamente ligado a
luz, agua (% usado produção de serviços
na odontolO9la)
SalârlO~ de profiSSIOnaIS RepQSIÇio e conserto Gastos de transporte, Insumos uultzados em
permanentes de ec,.upamenlOs alimentação campanhas e ações
esporãdlcas

Fome R~ e úuduro Neto (1985)_

crianças e JOIIens que estudam, mas Significa a nem sempre disponíveis. fornecendo uma no·
obtenção de condições adequadas de saúde ção geral da qualidade do trabalho_ QuestIona
bucal Essas defimções dependem dos obJetI- nos ou entrevistas com pacIentes ou de forma
vos de cada InstltUlçao ou programa e dos re- aberta com a populaçào adscnta à unidade de
cursos disponíveis, cabendo obser....ar que em saude bucal. são de Inestimável valor prátlco,
sItuações nas quais as verbas orçamentãrtas são poIS aproximam mais os dOIS lados do proces·
multo escassas a hipótese de ofertar uma con· so e aumentam a confiança na atuação da
sulta por pessoa pode ser a melhor e mais apro- unidade de saude que, afinal, preCISa e deseja
priada atitude a tomar saber se seu trabalho foi bem feito e se ê reco-
A avaliaçâo da Qualidade permite Identlft· nheCido pela população â qual presta serviços
car nâo só o grau de desempenho substantiVo Enfim. porque planejar? Uma boa razao nos
do trabalho odontológico como a satisfaçao e dada por Rasmussen (1990). ao lembrar que
ou nao da clientela com os serviços prestados_ "a unlca COIsa certa do futuro ê que ele defln!'
O exame de pacientes mados ao acaso de um tlvamente sera diferente do presente" Em um
conjunto de hchas clinicas na unidade de saú· macroamblente turbulento. em que uma série
de bucal tem a vantagem de propiciar uma dls· de variáveiS se altera muitas vezes sem aVIso e
cussão Imediata de resultados entre supervisor a curto prazo, a apltcaçao dos métodos do pia·
e profiSSionaiS de campo. Estudos epidemioló- neJamento estratêglco pode se constitUIr em
gicos amostrais evitam o exame direto em con· uma efiCIente ferramenta de trabalho e de In-
sultório. pOIS estes exigem tempo e recursos lervençào na realidade ..
PlaneJamenro 29

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Capitulo 3 FINANCIAMENTO E ORGANIZAÇÃO

FinanCiamento, em sentido estrito. é o ato 3.1 Organização liberal,


de prover as despesas de uma atividade ou de
pública e privatizada
um setor Em saúde utiliza-se o termo em seu
sentido amplo, que Indu I desde a anáhse das Hã três sistemas báSICOS de organização das
fontes de custeio e das modalidades de remu- atMdades odontológica, médica e das demaiS
neração das pessoas e entidades Que atuam profiSSões que compõem o setor saúde liberaI
na área. até a forma como 05 serviÇOS de aten- ou privado. público ou direto, e indireto ou pn·
dimento â população estão estruturados. vatizado. Uma análise mais aprofundada sobre
N:io há como diSSOCiar organização e fman- as características dos modelos organizacionais
Clamento _ As questões de âmbito financeiro ê feita por Manau Navarro no título dedicado
ganharam tal dimensão no mundo moderno aos sistemas de atenção odontológica na Eu-
que na prática são as que definem os padrões ropa, neste mesmo capítulo
de organização dos sistemas de saúde geral e
de saúde bucal, suplantando as caracterisllcas
tipicamente estruturaiS e administrativas (Glft A prática liberal
et ai, 1996).
Estes temas são abordados neste capitulo Na prática liberai ou prIVada pura, profis-
por meio de OIto titulas dedicados aos tipoS de Sional e paciente definem sem Intermediários
organIzação, conceItos báSICOS de economIa re- o tratamento a ser feito. o preço a ser cobrado
laCIonados à saúde, custeIo. remuneração. aI e a modalidade de pagamento. Caractenza-se
ternatlvas para redução de gastos globaiS, se- ainda pela exlstênaa de uma clientela própria
guros e planos de saude, sistemas de saúde que escolhe o profissional lIVremente, deten-
bucal no BraSil, Europa e Estados Untdos. A do este a posse dos Instrumentos de trabalho
escolha desse grupo de palses fOI feita na In- POiS exerce a profiSsão em consultóno Isolado
tenção de englobar alguns dos sistemas e so- ou em parcena com outros colegas. É satlsfa·
luções de maior representatIVidade no mundo tória para pessoas de média e atta renda que
atual, a fim de melhor onentar os leitores em podem arcar com serviços a preços de mero
seus estudos cada.
32 Saúde BlJCal Coletiva

Não há como estendê-Ia a todos, poIS pelo Sempre que o objetivo for o de prestar ser-
meno~ uma parcela da população ê mcapaz viços mtegrals (educativos/preventIVos/curati-
de financiar com seus próprios recursos os cui- vos de maneira interrelaoonada) à população,
dados de que necesslta_ A expenênaa norte- melhorando suas condições de saúde bucal.
americana, descnta ao final deste capitulo, este é o sIstema mais apropriado, pOI~ permite
demonstra que uma cobertura universal em não sê o desenvolVimento de um plano de tra-
saúde nâo pode ser alcançada só pelo livre balho como a sua supervisão, acompanhamen-
mercado (Hslao, 1995). to e avaliação, itens estes de difícil implemen-
Esta ê a modalidade que goza de larga pre- tação nos regImes liberal e privatizado os quais
ferência entre os Clrurglões-dentlstas, pois ê a têm como principIO a não Intervenção no tra-
única que lhes permite ampla liberdade de exer- balho do profissional em sua clinica.
cíCIO da profissão, podendo escolher o trata-
mento a ser feito e em que tempo, os recursos Organização de tipo indireto ou
a serem utilizados, os preços a serem cobra- privatizado
dos. Com base nessas vantagens, os CIrurgiões-
dentistas costumam argumentar que o exer6 A prIVatlzação ou prestação mdlreta de ser-
cio liberal da profissão lhes confere condições ViÇOS de saúde tem por essênCia a Intermedia-
ideais de trabalho e de remuneração, fatores ção de um terceiro entre o profissional e o pa--
que reverteTlam naturalmente em benefiCiO dos Ciente. Este tercelTo personagem pode ser a pre-
pacientes os quais receberiam um atendlmen· VIdênCIa SOCial ou alguma outra agênCia públi-
to de melhor qualidade. Conquanto IstO seja ca, ou uma empresa prIVada que assume res-
verdade em muitos casos, em outros pode ori- ponsablhdades administratIVas e riscos financei-
ginar a produçolio de serviços desnecessários ros, captando rerursos e remunerando servIÇOS
ou Impedir o exercíCiO de controles externos A odontologia prlvatlzada tem acumulado
sobre a prática de consultóriO, além de que é uma série de distorçôes ao longo do tempo
mtrinseco a este tipo de organização a Impos· nos lugares onde fOI aplicada, deVido ao con-
slbllidade de acesso às pessoas economlca· diCionamento do tratamento e dos problemas
mente carentes, o que explica a tendênCia cres- de saúde ao montante da remuneração e às
cente no sentido de redUZir sua influênCIa em restrições de cobertura do contrato, e às dlficul·
prol da expansão dos modelos tripartite ou de dades em exercer um controle adequado sa-
prestaçâo Indireta de serviços. bre os serviços prestados. Exemplos daros neste
~entldo foram dados pelas diversas entIdades
A organizaçio pública da previdênCia SOCIal governamental que tiVe-
ram, durante décadas, a seu cargo a presta-
o modelo direto tem como caracteristlCas ção de serviços à população brasileira. Na ârea
a prestação de CUidados odontológiCOS por privada, tem havido uma acelerada expansão
Unidades pertencentes ao setor público sem dos chamados "planos de saúde bucal" . Esses
custo direto, em bases universais ou pelo me- pontos são examinados com maior especifici-
nos para as pessoas de renda mais baixa e para dade nos titulas 3 5 a 3.8.
os grupos considerados pTloritarlos do ponto No que se refere à organização do traba-
de vista epidemiológico e/ou socla! É. na mala- lho em si, trata-se em geral de uma forma SI-
na dos casos, fmanciada por recursos prove- milar à liberal pois o profiSSional conserva a
nientes de Impostos gerais, mas há casos em sua IndependênCIa, não sofrendo Interferên-
que se acrescenta a contTlbulção de patrões e cias externas sobre o que faz no consultóno,
trabalhadores via recolhimentos percentuais embora esteja limitado aos tipoS de serviços e
sobre a folha de salários. aos preços previamente contratados com o
Rnanaamento e OrgamziJ{Jo 33

terceiro Interveniente Em mUitos casos os c). de quanto ao acesso a bens e serviÇOS, entre
rurglões-dentlstas são contratados para traba- mUitos outros fatores (Mooney, 1986, Hender-
lhar como assalariados em unidades pertencen- son e Mooney, 1988). As condições de saude
tes à agência Imermedladora. bucal, além dISSO, são atIVamente InfluenCiadas
por fatores específicos como o tipo de alimen-
tos ofertados e os hábitos alimentares, a pre-
3.2 Economia e saúde sença de flúo, na água, a politJca de saude, etc.

A saúde ê um bem natural ou ê algo con-


qUistado pelo homem 7 Sendo um bem natu- 3 .2_1 Demanda, oferta e mercado
ral, ou seja, com o qual o Individuo nasce e ao
qual tem direito adquirido pelas leiS da nature- Para melhor entender o quão diferente ê
za enquanto Viver, há pouca JustificatIVa para a saúde em relação à cláSSICa economia de
que haja exploração comerciai por meio de mercado. torna-se preciso pf1melrO explICitar
agentes privados A noção do "dlrerto natural". alguns conceitos de larga utilização neste cam-
ainda que tão evidente quanto o própriO direI- po, como oferta, demanda, elastJadade. estru-
to a Vida, na pratICa precisa ser conquistada tura monopolístlCa, entre outros.
Desde logo, há outros direitos (à água, aos ah· A demanda. ou procura, pode ser definida
mentos essenciais, à proteção contra o fflo. à em termos econõmicos como sendo "as várias
moradia, entre outros) tão ou mais óbVIOS que quantidades que os consum1dores estarâo diS-
a saúde e que nem sempre (ou raras vezes) postos e aptos a adqulrlf, em função dos vá·
estão disponiveis a todos Dependendo do tipo fiOS nivelS de preços possiveis. em determtna-
de organização da SOCiedade em geral e do do periodo de tempo" Há. portanto. uma re-
sistema de saúde em particular e dependendo lação Inversa entre procura e preço. Em condt-
da maneira como o acesso aos diversos bens ções normais de mercado, a demanda se con-
está economicamente diSpOstO, esses Hdireltos cretiza na dependênCia dos diferentes preços
naturais" podem ser universaiS ou restfltos ape- disponíveis, gerando um comportamento pa-
nas a alguns. Mesmo em paises não sUjeitos drão segundo o qual quanto maiS baiXOS fo-
ao chamado logo do livre mercado. nos quais rem os pr~os, mais altas serâo as quantida-
em pnnciplo IneXistem ou estão em mUito des procuradas e adquindas (Rossetti, 1991 )_
minimizadas as diferenças financeiras entre as A oferta corresponde '"às várias quantidades
pessoas, a soaedade precisa custear com seu que os produtores estarão dispostos a oferecer
trabalho os bens conSiderados de acesso uni- no mercado, em função dos vários níveiSde pre-
versal, entre os quais os cuidados à saúde . ços possíveis, em determmado periodo de tem-
Um outro aspecto diretamente ligado a esta po" Os preços costumam ser definidos pelas
discussão diZ respeito ao fato de que não só estruturas de custos dos produtores Uma vez
os profiSSionaiS de saúde provêem CUidados de mais conSiderando um mercado funaonando
saúde às pessoas . Há mUitas outras instânCias lIVremente. quanto mais altos os pr~os. maio-
que o fazem De fato, o pnnapal agente de res serão as quantidades ofertadas.
saude é o própriO Individuo por meio da dieta O gráfico 3-' mostra curvas trplCas de ofer-
que Ingere, do tipO de trabalho que executa, ta e demanda. Há um ponto de cruzamento,
da postura corporal que assume, dos exercí- que no caso se situa por volta de um preço de
CIOS que faz. etc. A saúde geral tambêm ê fun· RS 600,00 com oferta e procura IdêntICas de
ção do estado de polUição do ar. da oferta e 6.000 Unidades, revelando que nesta altura da
dos preços dos alimentos, do SIstema econô- curva há um equifibrio entre os dois fatores,
mICO e politlco do país, do nível de deslgualda- com produtores e compradores satisfeitos
34 Saúde Bucal Coletiva

.-....
,.000
, '~
GRÁFlco 3.1
ESCALA DE DEMANDA E OFERTA EM FUNÇAo DOS PREÇOS

j
li
....
....
A ....
.... D
100
.,.....
------
12.000

Fonte: RosseHI, 1991

Os preços podem crescer ou baixar dentro dois cirurgiões<lentistas que cobram RS 200,00
dE' limites Impostos pelas condições de merca- a hora e ambos tém apenas metade do tempo
do. Dai advém o conceito de elasticidade, ou preenchido com clientes Resolvem baixar o
de elastiddade-preço da demanda, que é a Hre- preço para R$ 180,00. Para o primeiro profis-
lação entre as modificações percentuais obser- sional há um aumento de clientes passando a
vadas nas quantidades procuradas e nos pre- ocupar 70% do seu tempo útil, ao passo que
ços". De maneira bastante simplificada, supo- para o segundo, a clientela - supondo Que ele
nhamos uma redução de 20% no preço de um estaria reduzindo também a qualidade dos ser-
produto. Quando isso provoca um aumento de viços Que presta - retira-se em parte e o tem·
20% na demanda, a elasticidade-preço é uni- po ocupado passa a ser de 40% do total dls-
tária, pois é Igual a 1; quando o aumento da ponrvel. No primeiro caso a demanda demons-
procura é inferior, p.ex. de 10% ou 0,5, há trou ser elástica, ao passo que no segundo
uma demanda In elástica em relação ao preço; provou ser inelástica
finalmente, se o aumento nas quantidades pro- Hâ situações em que para um mesmo pro-
curadas é superior, p.ex., de 30% ou 1,5, diz- duto a elastlcldade-preço varia, podendo ser
se que há uma demanda (ou procura) elástica menor para preços maiS altos revelando que a
em relação ao preço. população está disposta a comprar mais até
Dito de outra forma, se uma mudança no um determinado nível de preços, não respon-
preço provoca uma variação na direção opos- dendo de maneira positiva quando se torna
ta na receita total, a demanda é elástica. Se, caro demais Produtos únicos ou quase UOlCOS
ao contrário, provoca reação na mesma dire- no mercado (sem substitutos ou Similares vlâ-
ção, a demanda é inelástlca (Wonnacott et aI. velS) aSSim como aqueles de reduzido consumo
1985; Troster e Mochán, , 994). Suponha·se como o cravo-da-índia, p.ex ., são baSicamente
Finanoamento e Of9aIllZaç.fo 35

melásucos, IStO é, respondem pouco a vana· dedores tendo todos pleno conhecimento
ções de preços (ROSsettl, 1991). do que é vendido e comprado, produtos
De forma similar, hã uma elasticidad~p,e­ Similares e homogêneos de maneira que os
(O da oferta, conceituada como sendo a "rela· compradores não observam diferenças en-
ção entre as modificações percentuais obser· tre eles, mexlstência de barreIras para en·
vadas nas quantidades ofertadas, decorrentes trada e salda de empresas, solidez a medIa
de alterações percentuais venficadas nos pre- e longo prazos do mercado sem POSSlblli·
ços- Na hipótese de aumento de 20% no pre- dades de alteração por atitudes Isoladas
ço de um produto, ocorrendo uma oferta a Neste mercado, o preço é que regula sobe-
mais também de 20% a elastlcldade-preço da remo a oferta e procura de produtos, uma
oferta é unitária (-1); quando não é viável aos vez que não há domíniO de grupos ou de
produtores expandir a produção na mesma qualquer dos atores,
proporção, contentando-se por exemplo com • Concorrência monopolistica, corresponden-
15% (s 0,75) a maiS, diZ-se que a oferta é do a múltIplas sltuaçôes alternativas entre
melástica, havendo uma produção 30% supe- os pilares do triângulo composto pela con-
flor (- , ,5), a oferta é elástica corrência perfeita. monopólio e oligopólio
No caso da demanda, esta se comporta In·
versamente aos preços, mas a oferta corre na 3.2.2 Caracterrsticas do
mesma direção dos preços mercado de saúde
Os prinCipais fatores que condiCionam a
demanda são: (a) dimensão do mercado; (b) Hã um consenso nas áreas econômICa e so.
variação do poder aqUiSitivo; (c) atrtudes e pre- Clal de que oferta e demanda não Interagem
ferênCias dos consumidores; (d) expectatIVas no setor de saúde de maneira convenCIOnaI
em relação à evolução da oferta; (e) preços (McGuire et ai, 1988; Henderson e Mooney,
dos produtos substitutos ou alternatlVos_ 1988; The World Bank, 1987). A teoria econô-
A oferta é influenciada prinCipalmente por~ mica reza que a demanda por qualquer tipO
(a) quantidade de empresas atuantes no mero de bem depende do dinheiro que o consum ..
cado; (b) preços dos Insumos; (c) mudanças dor poSSUI, do preço que estâ dIsposto a pa-
tecnológicas; (d) expectatIVas sobre a eyolu· gar e dos desejOS e expectatIVas que espera
ção da procura, (e) expectatIVas sobre o com· satIsfazer. A neceSSidade de serviços médICOS
portamento dos preços. Todos esses fatores, e odontológICOS costuma ser VIsta como o yolu-
Junto a diversos outros de car,iter secundário, me de CUidados que o profiSSIonal conSIdera
eventual ou sazonal, competem entre SI e defi· necessáriO para que uma pessoa se mantenha
nem o perfit de comportamento da população com saúde ou a recupere, ao passo que a de-
e dos produtores e vendedores que interagem manda por serviços de saúde é aquilo que cada
no Mercado, o qual se organIZa em função pessoa seleoona a partir das posSlbihdades exIS-
das condições de oferta e procura vigentes se- tentes, segundo percepções quanto à própna
gundo Quatro grandes opções (Rossettl, 1991): condição de saúde e de acordo com suas condi
• Monopólio, que slgnrflca posse, diretto ou çôes financeiras (Overholt e Saunders, 1996)
priVilégiO exclusivo_ Há um só vendedor e Um interessante enfoque dessa questão ê
mexlstem substitutos satisfatóriOS; dado por Mooney (1986), que estabelece três
• Ollgopôllo, quando um pequeno número de conceitos interligados: desejOS - demandas -
vendedores domina um mercado composto necessidades, argumentando que os indIViduas
por múltiplos ou InfiMos compradores; normalmente "deseJam" ter melhor saúde, mas
• Concon-ência perfe/ra (mercado perfeito), nada fazem em relação a alguns desses dese-
com grande número de compradores e ven- JOs, ao passo que outros deadem procurar um
36 s.~ Bucal CoIerwa

mêdlco ou um cirurgl:lo-dentista. O profissio- Não sem razão Campos (1995) se refere


nol pode nõo 1;oncordar com algumas dessas ao Mestranho mercado dos CUIdados de saú-
M
dêmandas E! por sua vez pode sugenr e cnar de , no qual a procura não é previsível. o con-
outrllls, não suspeitadas pelo IndIVíduo. Assim, sumidor Ignora quase tudo sobre os serviços
as necessidades podem ser: (1) demandadas e que pode receber. o médiCO (ou o cirurgião-
desejadas; (2) não demandadas e desejadas; dentista) e o agente e, por fim. os interesses
(3) não demandadas e não desejadas Uma são na realidade coletIVOS POiS a manutenção
pessoa edêntula pode encontrar-se em uma da saúde de um pode Implicar na saúde dos
dessas situações desejar tratamento - uma demaiS É esta Indução da procura pela oferta
prótese - mas não a conSiderando Importante que, segundo Enthoven (1980). mostrou a 10-
ou urgente, omlte-se e não procura O profis- genuldade de Idéias como: reduzIr gastos com
sional (sltuaçao 2); desejar o tratamento e pro- saúde por meIo do aumento do número de
curar o drurglão-dentista, o qual concorda que proflssronals, controlar preços Via tabelas - con-
a neceSSidade é real e faz a prôtese (Situação traproducente por levar ao uso crescente de
1); não desejar tratamento e não procurar qua~ servIços - cobrar taxas moderadoras para
quer profissional. pois considera que ISSO não desestimular o consumo. Trata-se de uma diS-
ê necessáriO (Situação 3). cussão que mantém plena atualidade . De um
Ou seja, para que possa decidir conSCien- lado, hâ políticas de formação de recursos hu-
temente em torno das poSSibilidades de trata- manos, como a segUida pelo BraSil, que esti-
mento, o indivíduo precisaria estar bem Infor- mulam a formação de mais e mais profISSIO-
mado. pOSSUindo os conheCImentos báSICOS naIS (na década de 90. estima-SE! um uesamen-
relaCionados ao seu problema de saúde. no to populaaonal anual da ordem de 1.4% con-
caso. a ausênCia completa de dentes tra não menos de 5.5% dos clrurglões·dentls-
Aubrey Shelham examina, no capítulo 6, em tas) sem qualquer resposta poSitIVa em termos
detalhes, a questão da IdentifICação de neces- de redução de preços e custos ou de melhora
Sidades em odontologia. AqUI, basta refem que dos níveiS de saúde por esta causa. De outro
do ponto de vista da análise econômica sobre lado, cabe lembrar o costume largamente di-
a demanda em saúde. não há dúvida de que fundido da adoção de detalhadas escalas de
as percepções IndiViduaiS sobre a doença e que preços por parte de entIdades de classe. pelo
determinam em pnmelro lugar a procura de SUS e por empresas administradoras de planos
serViços, mas na prática as relações entre os de saúde, mesmo sabendo que este é um 105-
preços a pagar e os rendimentos de cada um trumento de mínima eficáCIa e que sequer con-
costumam assumir um peso predominante na segue cumpm adequadamente a função de con-
escolha. segUindo a teorra da elastiCidade re- uolar a quantidade de servIÇOS cobrados pelos
ferida no tÓpiCO anterior. O terceiro fator con- prestadores contratados ou conveniados.
Siderado ê a qualidade dos serviços e a compe- E!>ta diSCUSsão serve para ilustrar algumas
trção entre os seus prestadores as quaiS, na das mais notórras caraderistlCas do mercado
prátICa. estão mascaradas e assumem Impor- de saúde, com suas pronunCiadas diferenças
tãnaa limitada no unrverso do setor saúde em relaçào ao sIStema de compra e venda de
Em saúde. mUitas vezes a demanda é Indu- bens que VIgora no mercado em geral (McGurre
Zida pelo prestador, que atua como um agen- et aI, 1988; Mooney, 1986; Overholt e Saun-
te do consumIdor, dai resultando um nivel de ders, 1996; Campos. 1995; Stnffler et ai., 1992;
consumo dIferente daquele que ocorrena se !unes. 1995). Essas características estão resu-
um consumidor com informação sufiCIente fos- midas a segUir
se capaz de escolher livremente (McGulre et • O conheCimento está concentrado nas
a!.. 1988; The World BanI<, 1987) mãos dos profiSSionais. a quem cabe rnfor-
RnanaamenfO e Oryaniz~1o 37

mar o paCiente sobre a qualidade e quanti- - escassa disponibilidade de Informações


dade dos tratamentos aos quais este deve essenciaiS sobre a própria saúde, forman-
submeter-se. Na verdade, o paCiente só do um gap de conhecimentos entre pa-
toma a decisão Imclal de procurar o mur- Ciente e profissIonal que reforça o de-
glão-dentlsta (ou o médico). poiS a partir maSIado domfnlo por este exerCido.
dai consultará os especlahstas e fará os exa- • A presença no mercado de grandes empre-
mes que lhe forem Indicados, apenas diS- sas de seguro saúde tende a transformar o
cutindo preços em função de sua capacida- setor em um ohgopâho. afastando os pe-
de de pagar ou não o que lhe e cobrado. quenos prestadores ai se Indumdo OS Clrur·
Mesmo neste caso, é eVIdente a desvanta glões-dentistas em prâtlca indIViduai
gem que leva uma pessoa doente na diS- • Não é possivel entrar e sair livremente no
cussão de preços com quem vai tratá-Ia de- mercado odontol6glco. poiS ele esta reser·
pendente da Simpatia e boa vontade do pro- vado aos que se formam em Faculdades de
fissional, o paciente sente-se no dever de Odontologia re<onheodas Outros trabalha·
cativá-Ia. dores, como emplTlcos e terapêutas den·
• A oferta e a demanda por serVfÇos odontok). taiS, mesmo quando dlsponivels, não são
glcos no regime liberai só em parte é con- autorizados a competir pelos paCientes.
trolada petos preços . Na prática há outros • IneXiste homogeneidade e sim uma exten-
fatores de maior peso, como ' sa variedade de tipos de serviços e de ma-
- o poder que tem o profiSSional de cnar tenalS, de maneira que o consumidor, por
novas necessidades, convencendo o pa- não deter conhecimentos mímmos sobre
Ciente a realtzar serviÇOS não essenCiaiS eles, fica confuso e se vê na contingênCia de
Cp . ex : odontologia cosmética, reablh· confiar sem restnções no profiSSIOnal, ten-
tações oraiS, substitUição de restaura- dendo a acreditar que os melhores traba·
ções sem Indicação técnica preCISa); lhos serão realizados por aqueles que co-
- o prestigio Ou a sensação de confiança bram os preços mais altos.
que o profissional tem ou transmite, pos-
sibititando-Ihe Impor honorários supe- 3.3 Fontes de custeio
riores aos de mercado sem redução de
clientela; A forma tradiCional de CUsteiO dos servJÇOS
- Inexistência de controles governamentaIS de saúde é a do relaCIonamento bilateral entre
sobre preçOS máXimos Junto com a Im- profissional e paCIente, baseada na livre esco-
posição de preços considerados "mim- lha e no pagamento drreto do trabalho realiza-
mos" pelas entidades odontolôglcas mas do, sem intermediáriOS.
que não podem ser pagos por grande A alternatIVa está na mtrodução de um ter-
parte da população por Insuftaêncla de ceiro elemento - uma InstitUição, associação,
renda; entidade ou uma empresa - que reúne ou sele-
- não redução da dlentela nem queda de CIona os clientes. recolhe o dinheiro, assume os
preços pelo aumento da oferta de pro- fiSCOS e paga os prestadores. Este é o modelo
fissionaIs devido ã capaCidade destes de tripartite, no qual o terceiro intervemente ob-
criar a própria demanda como refendo tem recursos a partir de Impostos, taxas, contn-
aCima; bUlções forçadas, descontos sobre sala riOS, no
- ausênCia de divulgação sobre tipoS, qua- caso de ser uma Instituição gO\lel'namentaJ, ou
lidade e preços dos serviços ofertados de prémios pagos por Individuos ou grupos de
em razão de restrições de propaganda Indivíduos em se tratando de uma empresa de
contidas no cochgo de ética; dlrerto pnvado (Dunlop e Martins, 1995)
31 Saude Bucal Coletiva

Examina-se, a seguir, as três possibilidades fisslonals liberais, são razões que contribuem
baslcas de custeio de serviços de saúde: paga- mUito para a manutenção do pagamento di·
m"nto direto, tributos e pagamento mdlreto reto como opção de escolha para quem pode
V\Ci Intermedlárros ou "terceiro Intervemente
N
• adotá-Ia
Outras maneiras, como contribUições voluntá-
nas a InstitUições ou aporte externo de recur- 3.3.2 Tributos
sos, são pouco freqüentes ou nâo têm rele-
vância para países do porte do Brasil. As fon- Nesta modalidade o custeio das ações de
tes de custeio das atIvidades odontológIcas em saúde se dá por meio do sistema geral de arre-
essênCia não se distInguem do que acontece cadação de Impostos e taxas de cada pais. Em
com O sIstema de saúde em geral. mas suas principiO esta base deveria assegurar a cada
particularidades sâo destacadas sempre que nação o sistema de saúde que sua economia
ISSO se torne necessáriO. pudesse suportar, poiS uma parcela da produ-
ção naCional sena retirada para custeá-lo numa
3.3.1 Pagamento direto Justa repartição com os demais setores da so-
ciedade.
o grande crescimento da modalidade Lamentavelmente não é isto o que aconte-
trrpartlte observado nos paises sob economia ce, sendo mais comum que o setor saúde não
de mercado se deve à ImpoSSibilidade que a tenha forças para enfrentar a concorrênCia das
maIoria das pessoas tem de custear com os prô- demaiS áreas, obtendo ao final parcelas insufl-
prios recursos os cuidados de saúde que venham aentes dos recursos concentrados no tesouro
a preCisar, principalmente os de custo mais alto. nacional. Alguns setores do govemo costumam
Em contradição, como se discute no subtitulo ser privilegiados em demaSia, como os gastos
3.5, esta é uma das mais Importantes causas com Juros e dfvidas internas e externas, sus-
do explosivo aumento nos dispêndios com saú- tentação de projetos militares e CIVIS eqUivoca·
de verificado nos últimos anos. dos, deSVIO de recursos para atIVIdades polítl'
O pagamento direto é a forma prefenda de cas e de propaganda As camadas populaCIO-
custeio para as pessoas (orgulham-se de p0- nais que dependem exclUSivamente dos servI-
der pagar do próprIo bolso e de escolher o cio ços públicos de saúde são as de mais baixa
l'\J~glão'dentlsta e o momento mais adequado renda, carecendo de poder de pressão. Por seu
:::ata Ir ao consultório) e de remuneração para turno, os grupos profiSSionaiS estão quase sem-
05- profissionais (ver subtítulo 3.4). Como tra- pre direCionados para atender uma clientela de
:ção. tem se constituído numa forma adequa· renda alta e média ou para as formas de orga-
Ji de obtenção de cuidados odontológiCOS pa- nização que melhor os remunerem, favorecen·
'. 7UPos populaCionaiS de renda alta ou para do aSSim o seu crescimento em detrimento da
C6 extratos supenores da classe média, embo- ênfase que devena ser dada às pessoas e às
I"i: a mensa competição motivada pela existên- comunidades epidemiológica e economicamen-
cade um número cada vez maior de arurglões- te mais carentes
Ot"''tIStas em atIVIdade possa, em alguns ca- Neste contexto, o sub-slstema de saúde bu-
sa.. favorecer a redução de preços aumentan- cal reúne desvantagens adlc10nals. pOIS tem
O: o acesso das camadas economicamente reduzida priOridade no confronto com as es-
tragels. pecialidades médicas, seja porque seus prlnCl'
:- Glfâler flexivel Junto com a SimpliCidade pais problemas (a cárie e as doenças penodon-
.:::,......."'tiva e a adequação cultural em rela- tais) não pesam na estrutura de mortalidade,
-=ri orurgiões-dentistas que desde a facul- seja porque a própria profissão privilegia a ti-
lSIdr! são preparados para sentir-se como pro- nha liberai de trabalho.
Rf"ldnoamento e Organrzaç,jo 39

Apesar das dificuldades que cercam o bUlção para o Financiamento da SegUridade So-
aporte de recursos provementes de Impostos e Cial, a folha de saláriOS ou o consumo).
taxas para o setor saude, esta ê sem duvIda a
forma de custeIo soaalmente mais Justa, poiS, Impostos diretos
em principio, beneficia a populaçao em seu
conjunto_ As bases dIretas de tributação (Impostos de
Os impostos podem ser diretos e Indiretos renda, sobre heranças, sobre transmiSsão de
Alêm disso, podem ser originários do governo bens lmõvels, p_ex.) são as que melhor se com-
federal, dos estados ou dos mun.clplos_ patlbihzam com a filosofia e o conteúdo das
O Reino Unido e o Brasil (após a ConstItuI- ações de saúde, por serem mais progressIvas
ção de 1988, houve uma participação gradatI- (penahzam maIs os ganhos mais altos das pes-
vamente maior dos estados e municiplos) são soas e das empresas) e menos inflaaonáfli3S,
exemplos de serviÇOS púbhcos de saúde finan- dada ti maIor dificuldade em repassá-Ias aos
ciados por meio de contnbuições recolhidas e preços dos produtos_
distribuídas pelo governo federal Neste caso, De acordo com a análise de Médici (1995),
as deCIsões costumam ser muito centrahzadas não tem Sido comum a opção dos governos
e as responsabilidades locaiS, dos prestadores por esta linha de finanCiamento da saúde, com
de serViços, tornam-se diluldas Na história bra- base na reSistênCia das autofldades econômi-
sileira recente, vale lembrar os numerosos óbi- cas à vinculaçâo de impostos dIretos a ações
tos ocorridos com pacientes de hemodi~hse em ou setores especificos (um percentual para a
Caruaru, Intenor de Pernambuco, e de Idosos saúde, outro para a educaçao ou para o trânsi-
na cllmca Santa Genoveva no RIO de Janeiro. to, etc.), preferindo manter a flexibilIdade de
Em ambos os casos o governo central acabou uso dos recursos para atender às próprias pno-
sendo em grande parte responsabihzado, poiS (ldades_ O problema é que, com raras exce-
os recursos estavam concentrados em suas çôes que servem para confirmar a regra, as
mãos. áreas SOCIaiS terminam sendo excluídas do pro-
Uma participação Significativa dos estados cesso de repartição privilegiada de recursos
no financiamento e na administraçao dos ser- governamentais, ficando na condição de rece-
ViÇOS públicos ocorre no Canadá, ao passo que bedoras de sobras, depoIS que os grandes com-
Suécia, Surça e nos últimos tempos a China são promissos de govemo, inclUSIVe os de momen-
exemplos de governos locais com presença ati- to e os conJunturaiS, são atendidos.
va na área da saúde_ Uma alternativa que tem SIdo experimenta-
No Brasil, os serviços públicos sAo custea- da ê a concessão pelo governo de subsldios
dos por um coquetel de fontes de recursos, para que as pessoas utilizem o dinheiro não
Incluindo impostos mdlretos federaiS e contn-- pago em Impostos diretos (e, eventualmente
bUlções de várias fontes, diretas e indiretas de Indiretos) para comprar CUIdados de saude No
estados e mumdpios (ver subtitulo 3.5). As cha- Brasil, apesar de mudanças bastante frequen-
madas "contribUições sociaiS" só se drferenciam tes na legIslação, em geral tem sido permItido
dos impostos clássicos porque podem ser co- deduzir gastos com médiCOS, dentistas para
bradas no mesmo ano em que sào Instltuldas, todas as camadas de renda Em verdade este
em alguns casos sendo diretas (o chamado "im- termina sendo um subsidIO que benefiCia prin-
posto sobre o cheque" ou CPMF - ContribUI- cipalmente as pessoas de maIs altos rendImen-
ção sobre a MOVimentação Financeira) quan- tos, tendo em Vista que estas são as que maIS
do mCldem d,retamente sobre ganhos pessoais gastam com saúde_ Nos Estados Unidos, os prê-
ou lucro das empresas e, em outros, Indiretas mios de seguro-saúde pagos pelos empregado-
(sobre faturamento como é o Cofins - Contri- res em nome de seus empregados não estão
40 Saüde Bucal ColerlVa

SUjeitos ao imposto de renda, estimando-se qUE! Modelo previdenciário


só em 1989 cerca de US$ 43 bilhões deixaram
É o cláSSICO modelo da preVidência social.
de ser recolhidos pelo tesouro em função desta
de base governamental, no qual o acesso em
isenção (Dun lop e Martins, 1995).
geral ê restrito aos trabalhadores do setor for·
A adoção, para custear ações de saúde, de
mal da economia e seus dependentes. De acor-
subsidias lastreados por descontos ou Isenções
do com Mesa·Lago (1985) o modelo previden·
de tributos diretos, depende da possibilidade
clárlo, dito de seguro social. sustenta-se em
de vinculá·los a cada Indivíduo, Impedindo por
cinco pilares: i) contribuição salanal tripartite
meio de controles adequados o seu uso por
dividida entre eMpregadores, empregados e
outros ou a sua venda por preço maIS baiXO
Estado ou envolvendo apenas os dois primeI-
(como no caso de tick.ets alimentação, trans·
ros; li) cobertura da força de trabalho assala·
porte e outros, ou seja, transformando-se em
riada, essencialmente urbana; W) programas SE!-
"moedas podres").
parados para atender a distintos fiSCOS SOCIaIS
Impostos indiretos (aposentadonas e pensões, aCidentes do tra-
balho, saúde inclUindo cuidados mêdlcos e
A tributação indireta ê a que InCide sobre odontológicos, atenção à maternidade. hos·
bens de consumo, fazendo com que o indiví- pitalização); iv) gastos diretamente relaCiona-
duo pague impostos embutidos nos preços . dos com a receita; v) regIme atuarial funda-
São Impostos sobre a produção, CIrculação e mentado na capitalização da receita.
consumo de mercadorias como no Brasil ocor- A maioria desses preceitos {que ainda hOJe
re com o ICMS e com o IPI Considerados co- constituem a base de sustentação dos regimes
mo regressivos (porque ao inCidir Igualmente prevldenclârlos de países onde vigora o welfare
sobre tudo o que é prodUZido e vendido, pe- state (estado de bem-estar social) terminou sen-
nalizam mais os que ganham menos), são tarn· do desobedecida no caso brasileiro que, entre
bêm inflacionários dada a facilidade com que outros pontos, perdeu a contribuição patronal
são repassados aos preços. Mesmo aSSim, e dos trabalhadores ao deSVincular a atenção
diante dos problemas que cercam o recolhi' à saúde dos demais beneficios; na prátICa nun-
menta de tributos diretos, notadamente as ca seguiu um regime atuarial definido, gastan-
possibilidades de subarrecadação conseqüen- do em outros projetos governamentais o di·
te à evasão advinda da precarização e Informa- nhelro que sobrava por excessos de arrecada-
lidade do trabalho, cada vez mais os paises ção e aumentando o valor das contribUições
estão considerando os tributos indiretos como ou tentando funcionar apenas com base nos
uma fonte alternativa Importante para custear fluxos de caixa (gastar não mais que o dinhel'
a saúde. ro arrecadado mês a mês, desconsiderando
qualquer capitalização anterior) em períodos
de crise; rompeu a ligação entre contribuição
3 .3 .3 Custeio via regimes de e direito a serviÇOS de saúde ao universalizar o
atendimento por meio do SUS.
previdência e seguro
No mundo em desenvolvimento o mais no-
Existem três tipos ou subSistemas de paga· tõrio problema relacionado ao uso desta fonte
menta indireto para custear ações de saúde: a) de custeio ê que saláriOS baixos necessariamen-
público ou previdenciário; b) concessão pública te originam contribuições redUZidas, empobre-
e c) seguro ou plano privado (Dunlop e Martins, cendo o setor saúde. Outra dificuldade está
1995; Oxley e MacFarlan, 1994). As caracterís- na precedência dos benefícios previdenciários
ticas de cada um são deScritas a segUir. como aposentadorias e pensões sobre 05 gas-
Financiamento e Organtzação 41

tos com assistência à saúde, fazendo com que didade nos tópicos deste capitulo dedicados
estes sofram os maiores cortes quando há de. aos planos de saúde e aos sistemas de saúde
fielt ou não selam privilegiados nos tempos de bucal no BraSIl. Europa e Estados Unidos.
bonança . Em contraposição, as pessoas têm a O prêmio pode ser: a) assumido por com·
vantagem de participar do sistema com um pleto pelo empregador no caso de que este seja
percentual sobre o próprio salano, o que asse- conSiderado uma parte do salarlo ou um bene-
gura a todos os benefícios do programa de fíCIO adicionaI; b) diVidido com o empregado
saúde. embora cada um contnbua com Impor· mediante percentuais de participação variaveis
tâncias distintas. por empresa e, dentro de cada empresa, segun-
do a poSição de cada um (p.ex., pessoal de sa-
Modelo de concessão pública láriOS menores participa com 5% a 10% do
salario, diretores com 50%) e/ou segundo o tipo
Consiste numa variedade de planos Imple- de problema coberto (partiCipações baixas para
mentados pelos setores público e prIVado como CIrurgias IneVltâvels e mais altas para as eletivas),
uma concessão pública, cabendo ao governo sendo comum a construção de tabelas que com-
estabelecer regras e limites tanto para os servI- blOam estes dois fatores; c) pago 56 pelo con-
ços cobertos quanto em relação a preços e a tratante, como ocorre em planos prIVados con-
eventuais isenções. Todas as pessoas, ou pelo tratados lOdlvidualmente ou em planos coleti-
menos aquelas que estão no mercado formal vos nos quais a única vantagem concedida é o
de trabalho, são obrigadas a pertencer a um acesso a redes de profissionais que se compro-
fundo de saúde, mas podem escolher entre metem a dar descontos em relação aos preços
as companhias ou institUições prestadoras de de mercado.
serviços.
Em geral patrões e empregados contribuem
num regime mutualista que tem sido im- 3 .4 Modalidadas de
plementado com relativa sucesso em países co- remuneração
mo Japão, Coréia do Sul, Alemanha, França e
até recentemente na Holanda. Ha casos em que Há três métodos prinCIpais de remuneração
a contribUição é exclusiva do empregado, como de profiSSionais: a) por ato, ou unidade de ser-
ocorre no Chile onde as tsapres - Instltuciones ViÇO - fee-for-service; b) per caplta ou caplta-
de Sa/ud Previslona/- são sustentadas com base ção; c) salâno ou remuneração funCionaI Po-
em descontos de 7% sobre os sala nos. dem ser consideradas também as segulOtes va-
riantes ou alternativas em relação aos méto-
Pagamento a seguros e planos
dos clâsslCos: d) pagamento por procedimen-
privados to ou pagamento por caso - case payment; e)
reembolso direto - direct reimbursement; f)
No modelo privado de seguro ou planos de hora clínica; g) pagamento de um bônus - flat
saúde, um individuo ou grupo de Individuas rate ou bonus payment; h) remuneração por
contrata uma empresa, remunerando-a para resultados: i) remuneração por habilidades e,
que administre a prestação de serviços odon- j) remuneração por performance - Reper(WHO
tológiCOS, médicos, hospitalares, de comple- , 993; Christensen, 1994; MédIci, 1995; Coo-
mentação diagnóstlca e outros, desde que es- pers & lybrand, 1996; PlOtO. 1996). Todas es-
tabeleCidos em contrato. Contribuições que sas dez possibilidades estão descritas a seguir,
costumam ser mensais, denominadas "prê- observando-se que as quatro últimas enqua-
mios" constituem a base de finanCiamento nes- dram·se na categoria denominada de remune-
te modelo que é analisado com maior profun- ração varrâvel.
42 5aride BUCAl CoIetrva

Em geral um mesmo profissIOnal conVIVe social, deve ser VistO em termos de qualidade
com uma mescla de distintas formas de remu- de Vida, InclUindo melhores condições de sau·
neraçdo, sendo i355alariado ao trabalhar de e satisfação da comuntdade.
Instltuclonahzado em tempo paroal, receben-
do per caplta de um grupo de pacientes e por 3.4_1 Pagamento por ato
ato ou hora clinica de outros, ou ainda de acor-
do com o tipo de serviço prestado, por ex Neste modelo, o arurglão-denttsta (ou o me-
açóes de manutenção por capltação. atendI- dico ou outro profissional de saúde) recebe a
mentos isolados ou de emergencla por ato posterion uma determinada quantia para cada
05 preços podem ser negociados livre· tipo de serviÇO, ou para cada ato que realiza.
mente entre paciente e profissional, seguir podendo ser pago pelo própriO dlente ou por
um padrão predeterminado ou ser estabe- meio de um tercelfo Interveniente É conheci·
lecidos por uma entidade administradora do, ainda. como pagamento por Unidade de
como no caso de empresas de seguro-saú· seMÇo - us
de. Em termos IdeaIS 05 preços devenam es· Quando não é o profissional que determl·
tar diretamente relacionados aos custos, com na o preço em função de critériOS própnos ou
uma margem de lucro estabelecida no caso de de acordo com os padrões vigentes no merca·
prestação de selVlços pnvados, mas é freqüente do odontológiCO - honoráriOS customary, prf!-
a adoção de valores relaCionados às expectau- vaillng and reasonable (usuaiS, costumeiros e
vas de ganho ou â qualifICação (especialista. razoáveIS - UCR) como são conheCidos na prá·
cursos no exterIOr, pós-graduação, fama adqUiri- tlca norte-americana, este costuma ser estabe-
da no atendimento de casos complexos) do leCido pelo agente pagador e é, em geral, bem
Pfestador Por vezes, há um direoonamento por mais baIXO. como ocorre no BraSIl tanto no caso
parte da polluca de saúde no sentido de prM· do Sistema Úntco de Saúde, no qual e o gover·
leglar alguns atos e desencorajar o uso de ou· no que dita o valor dos atos constantes da ta
tros. cobrando menos pelos primeiros (ações bela de preços e servtÇos, quanto em todos os
preventivas. p.ex .) e mais pelos ultimas (extra- convêOlos firmados pelos profiSSIOnaiSpor meiO
çOes, serYlços cosméticos. p.ex.). das empresas contratantes de seguros e pia
A modalidade de remuneração determina, nos de saúde bucal
em grande parte. o resultado final em termos O pagamento por ato traz ImplíCito um In-
de saúde da população. a efiCiência, eqÜidade centivo â prestação de mais unidades de servI-
e a eficãcia dos atendimentos ou do SIstema ço, independente da sua real necessidade
de saúde, assim como o comportamento do (Enthoven, 1980; Oxley e MacFarlan, 1994).
prestador de serviços e suas relações com a Favorece o aumento no numero de procedI-
clientela e com o agente pagador se este é um mentos em cada consulta, poiS quanto mais
terceiro interveniente como o administrador de se fizer mais se ganha; as atIVidades maiS com-
um plano de saüde (Dunlop e Martins, 1995; plexas em detnmento das mais Simples e os
WHO, 1993). tratamentos curativos ao Invés dos preventi-
A questão essencial. sob o enfoque econô- vos POiS remunera comparativamente melhor
mico, está em saber se o sistema de remune- aqueles do que estes. Além diSSO, dificulta em
ração proporciona os incentivos corretos para mUito os controles sobre a qualidade e a quan-
promover nos prestadores de serviços um com- tidade de atos odontológiCOS realmente pro-
portamento poSitiVO e socialmente desejável dUZidos devido à independênCia de que des-
ou se, ao contráriO, desencoraJa-o fazendo com frutam os profiSSionais em suas clínicas .
que o produto final seja Insattsfatório (McGulre SofiSticados sistemas de controle recheados
et a1.. 1988) O produto final. do ponto de vista com numerosos auditores e modernos SIStemas
Finanaamento e Orgarnzaç.Jo 43

de acompanhamento por computação tem conVIVênCia SOCIal com profiSSIonaiS da área da


apresentado resultados sofríveis tanto no Bra- saúde. Nos demaiS grupos da SOCIedade, COSo
sil, onde são famosas as fraudes ao eX-Sistema tuma haver uma flexibilidade na determmação
previdenmino e ao SUS, quanto nos Estados de preços e volume de tratamento, prodUZin-
Unidos no caso de programas naaonalS como do uma negOCiação na qual o clrurglãt>dentls~
o Medicare e o Medicaid Esta é uma das ra- ta pode reduzir suas expectativas de ganho.
zões de superdlmenslonamento das estatisti- favorecendo os clientes de menores posses.
cas de produção, ao InclUIr um elevado nume-
ro de atos que na realidade não foram produ-
zidos 3 .4.2 Capitação
O regime de remuneração por ato não e
recomendável por tender ao aumento dos cus- Por capltação entende-se um tributo ou con-
tos, dificultar a prevlslbllidade dos gastos e ser tnbutção paga por cabeça, por Individuo. Tra-
praticamente lOcontrolavel Para a categoria ta-se de um método de pagamento de servi·
odontológica pode ser danoso, POiS condiClona ços odontológiCOS e médicos com base na pes-
o tratamento á remuneração mando proble- soa protegIda e não no ato realizado. O profis-
mas etlcos por vezes Insuperáveis. Sional recebe uma quantia fixa mensal para ca-
Não obstante. na clínIca hberal esta é a for- da pessoa inSCrita, comprometendo-se a aten-
ma de relaCionamento econômiCO com a clien· dê-Ia Independente do volume de serviços nfL-
tela que goza da preferência dos clrurglôes- cessárlOs e segundo o estabeleCido em contra-
dentistas praticamente em todo o mundo, POiS to quanto ao período de validade e aos problfL-
é a que dã maior liberdade de exerciClQ da pro- mas cobertos.
fiSsão. permitindo ao profissional Nfazer o me- O contrato costuma ter validade por um
N
lhor possível pelo seu paclente (embora o Jul· ano. sendo renovável por mútua vontade dos
gamento do que é melhor e de quantos ato's enllOlvldos. EVIta-se asSIm, pelo menos em par-
devem ser cobrados seja. em ess~ncta, exclUSI- te, a ·seleção adversa", na qual só se tnscrfL-
vo do profissional), dentro dos limites Impos· vem paCientes com grande número de neces·
tos pelo código de ética (McGuire et ai., 1988) sldades acumuladas e que tendem a abandt>
Na prática o pagamento por US pelo pró- nar o plano tão logo obtenham atendimento.
PriO paciente, historicamente a modalidade pre- O valor per caplta é pago durante o período
dominante nos paises sob economia de mer- do contrato, compareça ou não o cliente ao
cado, cada vez mais está se tornando restrita a consultõno (McGwre et aI. 1988).
grupos populaCIonaiS de alta renda ou aos ex- Os serviÇOS cobertos podem estar limitados
tratos superiores da classe mécha Trata-se de a CUidados báSICOS (exames, profilaxlas, extra-
uma forma adequada de obtenção de cuida- ções, restauraçôes, prevenção). mas podem
dos odontológiCOS para as pessoas que possu- InclUir ações de maior complexIdade e CUsto
em recursos financeiros sufiCientes para cus- como tratamentos endodOntlcos. prótese e
tear o tratamento de que necessitam. ortodontla, sendo que no primeiro caso os ris·
As relações entre paciente e profissional cos assumidos pelo profiSSIonal são menores,
quando acontecem no ambiente cliniCO do além de que eventuais perdas financeiras p0-
consultório são nitidamente deSiguais favore- dem ser compensadas pela realização de atos
cendo ao prestador de serviços que acumula não constantes no contrato e a serem pagos
esta condição com a de conselheiro Nos gru- diretamente pelo paciente segundo o padrão
pos de maiS alta renda tal desvantagem pode normal de honorános (Strlffler et 031.. 1992).
ser compensada por um maior poder de es- Pressupõe·se uma certa organização do
colha. pelo nível educacional elevado e pela mercado e um conheCimento aprOXimado das
44 Saúde BucalCoIeriva

condições epIdemiológICas do conjunto de pa- modelo. Uma vez que possuam um plano de
Ctentes potenciais a ser capitado, poIS está Im- atenção odontológica, os paCIentes são natu-
plfclto no sistema que se o custo dos servIços ralmente estimulados a consumir mais servi·
realizados for superior ao valor previamente de- ços do que aqueles que não possuem qualquer
finido e pago, o profissIonal perde . proteção. Sabedores de que esta modalidade
Hã um Incentivo implicito no sentido de Induz à produção de selVlÇos em menor quantI-
atender ao menor número posslvel de clien- dade ou com menos qualidade e a uma maior
tes, uma vez que o montante a ser recebido IndICação de especialistas, 05 consumidores po·
no final de cada m@s já está assegurado e é dem chegar à conclusão de que isto está acon-
invariáveL Quando há uma companhIa segura tecendo com eles, abandonando em canse·
dora Intermediária, esta pode Impor obstãcu- qüênCla o convêniO ou não renovando o con-
los ao consumo de servIços por parte dos clien- trato, o que resultara numa redução nos gano
tes, pois assim terá menos despesas de paga hos dos profiSSionaiS (Beazoglou et ai., 1988)
menta aos prestadores e aumentará o seu lu- Para solucionar os conflitos entre 05 próprtos
cro. Outra distorção que tem sido observada Interesses e os dos clientes, o clrurglão-dentls-
neste modelo diZ respeito ao uso excessIVo de ta deve procurar estabelecer com a maior pre-
servIÇOS de referência: com os problemas básl' CIsão possível os 5ef'V1ÇOS cobertos, fundamen·
cos já cobertos pela contribUição regular men- tar seu trabalho num conheCImento epidemiO-
sal, surge a tendênCIa â recomendação desne- lógico adequado sobre a SItuação de saúde
cessária dos paCIentes para eSpe<tahstas encar- bucal da população segurada a seu cargo, con·
regados dos tipoS de serviços não prevIstos no fem toda a transparênCIa possível ao seu tra-
contrato de capltação (Oxley e MacFarlan, balho Informando as pessoas de modo ade-
1994; MédICI, 1995). Em alguns casos, 05 con- quado sobre suas neceSSidades e 05 procedi'
tratos de capilação prevêem preços diferenCIa· mentos clíniCOS e preventivos realizados, alêm
dos por sexo e por idade," mas Isto não é co- de cobrar preços JUstos (Marcus et aI. , 1995,
mum na área odontológica. Frtedman, 1996)
O co-pagamento é menos comum ou e me- A adoção do modelo de capltação, SUbstl'
nor que o pagamento por ato, mas também tUlndo em parte o regime de US, tem Sido con·
pode existir Freqüente e a combinação entre slderada positIVa no caso do Reino Unido (Hollo-
o regIme de capltação para ações básicas e o way et aI. , 1997; Bradnock e Pine, 1997). Ou-
pagamento por ato para custeio de serviços tros paises europeus que recentemente passa-
nao incluldos, com descontos sobre os preços ram a adotar este modelo de forma preferen·
de mercado costumeiramente cobrados pelo clal são a Áustria, DInamarca, Irlanda, Holanda
profissional e SueCla (Oxtey e MacFarlan, 1994)
Da mesma forma que no caso do paga- Face ao longo e amplo fracasso da potitlca
mento por ato, há distorções Inerentes a este de pnvauzação dos CUidados de saude seguI-
da hlstortcamente pela previdênaa social no
Brasil, acumulando um extenso volume de er-
A cobrança de um rJus por o.de M area médICa, em ros com utilização Inadequada dos recursos
razão do filIO de que as pe5§Oa5 IdOYs consomem maIS captados da SOCiedade, expertmentou-se pri-
ServIÇOS que os IoYem, é JflCOfre~ porque centrana um
dos princíPIOS elementares da teofIiI do seguro, pelo qual
meiro, e tambem sem sucesso, um regime de
o IndIViduo con1nbul NI ,uventude com um mínimo grau pagamento por conjunto de procedimentos ou
dI!' ullllzaçlo pala beneflC;lo1r-se n" velhlc;e N~5Se case paymenr (Vide deSCrição adiante, neste
Inlen'egno, compele) CI:IITIp;lnNa seguradoril empregar
mesmo tÓpico) e mais recentemente, já no boJO
de modo IlJC1iItI\'O 05 p!'êmlQS recHldos para fazer !"cp
às IT\aIOlt'S d~s que O segurado, quando em Idade do Sistema ÚniCO de Saúde, fOI introdUZido o
maIS avanÇAda, n,turalmen te dar" pagamento por capitação por meio da Norma
Ana~menro e OrgiJfVZaçSo 45

Operacional BásICa 01/96 - NOS-SUS 01/96- um grande número de atos desnecessános por
que prevê a remuneração de atos médicos e meio de análises mais crttenosas caso a caso
odontológicos básIcos segundo um valor fixo visando maXimizar seus lucros, mas estas eco-
mensalpercapita para cada município de acor· nomIas não reduzem os gastos da lonte pa·
do com a população local (Brasil. 1996). gadora (a admInistração munICIpal). que fre-
Segundo este sistema. o Ministério da Saü· qüentemente enfrenta dificuldades de caixa
M
de paga um MPISO Ambulatorial BásICo _ PAB , para manter em dia os pagamentos da rede
estabelecido em 1998 no valor de RS 10,00 terceltizada (Gasto da Prefertura, 1995; Gas·
por ano por habitante, para que o mUnicípiO tos com PAS, 1996).
se encarregue de prestar alguns serViços em Clinicas braSileiras de prevenção e de pro-
bases Universais (ver subt/tulo 3.6.1). É possi- moção da saúde bucal têm lançado mão do
vel faturar um valor adICionaI no caso de mum- regime de caprtação com relatiVO êXIto, ptincl'
cíplOS que já vinham recebendo, pelo regime palmente quando recebem dlentes sem neces·
de pagamento por ato. mais do que o valor sldades acumuladas - odontológlcamente ap-
b~slco por ano; p.ex .. com uma população de tos - e se comprometem a mantê--kls em con-
dez mil habitantes a soma dos atos báSICOS pro- dições de hlgldez ou a tratar eventuaiS proble-
dUZidos e pagos pelo SUS, antes, chegava a mas Inadentes, mediante uma remuneração
RS 15000,00 ao mês. o que cortesponde a percapira mensal e contratos de um ano. reno-
um PAB de R$ 15,OO/ano, o qual é aceito pelo váveiS por mútuo consentImento. Neste mo-
novo sistema. Outros serViços, de referênCia, delo, descrito em maiores detalhes no subtitu-
maior complexidade e a hospitalização conti- lo 3.64. o Interesse de prestar menos serviços
nuam sendo pagos por ato, mas grada SÓ vale para as práticas curauvas que são de
tlVamente, caso o novo modelo obtenha bons maIOr O1stO de produção; ao contráriO, as ações
resultados. poderão também passar para o preventIVas e educatIVas são estimuladas rnclu·
regime de capitação slVe em contratos que prevêem a vlOda regu-
No caso do Programa de ASSistênCia â Sau· lar, com Intervalos mensaiS a quadflmestrals ou
de - PAS - aplicado pela Prefeitura MunlCl' semestraiS, de acordo com o nível de riSCO de
pai de São Paulo a partir de , 996, houve uma cada um, à cHnrca para receber aconselha-
transferência em regime de comodato das ins- mentos de autocUldados e serviços profilátlCos
talações disponíveiS e pertencentes ao poder caso o cliente se apresente com necesSIdades
publico, para cooperativas pnvadas que ga· acumuladas, o tratamento costuma ser feito
nharam a concessão dos serviços médiCOS, com pagamento por ato, até delxã·lo apto a
odontológiCOS, hospitalares, de complemen· partiCipar do plano por capitação pnnClpalmen·
tação e auxilio diagnóstico e outros, em troca te como um efeito da aCIrrada concorrência
de um valor total per caplta de RS tO,OO ao tlplca das CIdades mais ficaS, alguns planos co-
mês, sem autorização para cobrança direta meçam a Indulr ações curatIVas báSicaS, exclUIn-
de valores adloonals dos chentes, ou seja, sem do apenas 5E!tvlÇos mais complexos e próteses!
co-pagamento (Cooperativas. 1995, Bastos, aparelhos ortodônucos, cobrando valores en·
1996), O modelo desenvolveu·se de forma tre RS 10,00 e RS 15,00 ao mês per caplra A
mUito dependente a Injunções potitlcas, so- grande maioria dos planos de promoção da
frendo seve ras criticas do setor cláSSICO de saúde bucal, a exemplo de todos os demaIS
saude pública e de administradores ligados ao que trabalham por capltação. prefere I"mar
SUS SegUindo o padrão dos sistemas funda· contratos COletIVOS com empresas ou associa·
mentados na capltação no sentido de que çóes de moradores ou membros de alguma
"quanto menos serviços prestados. melhor", categoria. para reduzir fiSCOS de perdas flOan·
as cooperatIVas se orgulham de ter eliminado ceifas
46 Saude Bucal Coktlva

Cabe observar que nem sempre o regIme lho como a sua superVIsão, acompanhamento
de custeio pelos clientes corresponde ao regi- e avaliação, Itens de difíCIl concretIzação nas
me de pagamento do profissIonal. Em muitos formas liberal e pnvatlzada.
casos, a contribulçâo é feIta per capita a um O problema mais comum ligado ao assala-
terceIro, mas este assalaria os cirurgiões-den- namento reside no estrmulo à OCiosidade e ao
tistas Ou os paga por unidade de serviço tratamento de um menor número de pessoas
Desde que a remuneração Jã em deflOlda e
3 .4 .3 Salários - remuneração serã depositada na conta corrente bancária do
funcional empregado ao fmal de cada mês, surge õ pro-
pensão a trabalhar o menos possível. Aspec-
Nesta modalldade, os clrurglões-dentlstas tos potenCialmente negatIVOs que têm Sido re-
e os demais recursos humanos trabalham como laCIonados ao trabalho assalariado estão
empregados ou funclonârtos e recebem uma listados no quadro 3·1 . Hã uma pronunCiada
determinada Quantia, geralmente em base tendênCIa, pelo menos dentro do setor empre-
mensal, para ceder uma parte do seu tempo e sanal brasileiro, a cada vez mais substitUir o
realizar um conjunto de ativIdades de acordo chamado sistema de remuneração funCionai
com sua formação profissional (McGUlfe et aL , (por salários) por modelos de "remuneração
1988). estratêglca", vartável, baseada na habilidade,
É o regIme típico das Unidades de saúde em resultados ou no desempenho, como se
pública e servlC;:OS ofICiaIS em geral, sendo tam- refere adiante neste mesmo tópico.
bém adotado por um grande número de em- Algumas dessas distorções não são exclUSI-
presas prlVada.s. Para o profiSSional, mesmo que vas da remuneração funoonal, observando-se
a remuneração não seja das maIS compen- que há um sem número de exemplos poSitIVOS
sadoras, há notônos afratlVOs para optar por de gestão democrática e produtrva, com bons
um salárIO : a certeza de um ganho fixo; fenas resultados em termos de nível de saúde da co-
remuneradas; aposentadoria paga parCIalmen- munidade, com pessoal empregado e exclUSI-
te pelo empregador; poSSibilidade de progres- vamente assalartado,
são funCionai por mento, antigüidade ou com-
petência, chances de espeClallzação sem dIS- 3 .4 .4 Pagamento por procedi-
pêndiO de recursos prôpnos; manutenção da mento ou por caso - Case
remuneração em caso de enfermldade_ Do pon- payment
to de vista têcnico, o emprego pode slgntflCar
a incorporação a um programa de saúde cole- É uma altematlVa ao pagamento por ato,
tIva bem estruturado, voltado para a melhora sendo mais usual na área medico-hospltalar,
dos níveiS de saúde da população _ embora tenha SIdo ofiCialmente adotada tam-
Ao afastar do dta-a<lia o problema da re- bém em odontologIa quando o ex·INAMPS Im-
muneração, o regime salarial em principio as- plantou este método no país. Paga-se por um
segura o atendimento em bases mais éticas, pacote de serVlÇos Ou por um episÔdto cliniCO
centralizado nas condIções epidemIológicas da Independente da quantidade de atos realizados
comunidade e na Situação de saúde e doença no paoente ou do tempo de permanênCia na
de cada paciente Sempre que o obJetiVO for clínica (WHO, 1993). Um exemplo clássICO e o
o de prestar serviços integrais - educatIVOS, pre- de uma CIrurgIa cardíaca, para a qual ê esta-
ventIVOS, curatIVOS, de reabilitação - ã popula- beleado um preço global evrtando o seu fraco-
ção, melhorando seu nível de saúde, esta é a namento em múltiplos componentes ou atos
modalidade mais apropnada, poiS perrmte não A vantagem do método situa-se na slmphfi-
só o desenvolvimento de um plano de traba- cação dos controles, na diminUIÇão de 5erVl-
Financiamenro e OrganizaçMJ 47

Quadro ] -1
Problemas reladonados à remuneração funcio nal

• Redução no numero de pessoas atffldldas e de serVIÇOS realizados


• Descumpnmento de horarlos de trabalho
• Tempo OCIOSO nas unldad(!5 de atendimento ao públiCO
• Atendimento despersonalizado
• RedUZIda confiança do paoente 1'105 C\Jldado$ e nas PfescrIÇCles rec~as
• Baixa fidelidade do profissIOnal ao paciente e vlce-versa
• Não cumpnrTlt'nlO do horatlO de trabalho
• Inlbtção da cnalNldade e do esplntO empreendedor
• Estilo burocrático de gestào
• Trabalho orientado para satisfazer o supenor hierárqUICO e as normas, e não a dientela e seus
problemas
• IncentiVO ã luta por promoções e ao Cdrreltlsmo
• Sistema de decisões pouco democ:ratKo, centralizado nas chefias

Fome COCJpef1lybrand, 1996

ços desnecessários e na redução potenCial dos Asstm, para obter um ganho liquido no mês
custos. Seus efeitos foram mímmos no caso de RS 2.534,00 o ClrurgiãcxJentista deverá ter
brasileiro, poiS na prática a manutenção de uma clientes durante as alto horas diárias de traba-
"tabela de procedimentos" mUito extensa e de- lho durante 22 dias, cobrando RS 24,00 por
talhada retIrou-lhe eficáCIa, delxando-o mUI- hora Estlmando-se uma ociOSidade de 20% do
to parecido com o pagamento por USo Em tempo total, o valor da hora clínica sobe para
odontologia o modelo de case payment tem RS 30,00 (em Janeiro de 1999, US l-RS 1.20).
aplicação restrita, embora possa ser positIVa
ao eliminar passos tntermedlânos como prepa-
3 .4 .6 Reembolso d ireto - Direct
ração cavitâna, anesteSia, sutura e só conSide-
rar o produto final que é, por ex .• a restaura-
Reimbunement
ção, a exodontla, a Cirurg ia Orlgtnário dos Estados Unidos, onde eXIs-
tem diversos Direct Reimbursemenr Benefit
Plans esta modalidade tem cresctdo em boa
3.4.5 Pagamento por hora parte devido:' pressão de entIdades organiza-
clínica das de cirurgiões-dentl5tas. como a Amencan
Dental Associarion - ADA (que fornece acon-
É uma modalidade de uso clâssico por par- selhamento e apoiO téCniCO aos Interessados
te dos consultÓriOS que pratICam a odontolo- por meIo de seu Purchaser Informaoon Service)
gia liberal, constttUlndo-se na cobrança de uma -, Interessada em manter tarifas UCR - usuats,
Importância preestabeleoda em função do tem- costumeiras e razoáveiS, dentro dos pnndplos
po de permanênoa do paoente na dintca. Para do IMe mercado para os sel'VlÇOS prestados por
o cálculo do valor da hora é preciso conhecer os seus associados.
custos de produção e adICIonar a expectatIVa Uma conta bancána ê aberta no nome do
de ganho liqUido do profiSSIOnal. O quadro 3-2 empregador e tnformações sobre o plano são
apresenta uma estimativa bástca para o merca- dlstrtbuldas aos empregados. Os fundos acu-
do brasileiro, a qual deve ser adaptada à realI- mulados e os eventuais juros permanecem na
dade local por parte de cada orurgtão-dentista. conta O empregador depOSIta uma Importán-
48 5aüde Bucal CoIerwa

Quadro 3-2
Cálculo do valor da hora cllnlca com base nos fatores de produção·

Custos de produção Base de circulo Valor (em R$ 1,00)

Aluguel Valor medio no país 448,00


Condomlnro Valor medio no pais 77.00
Impostos e taxas IPTU/ISS, exceto I,Renda 56,00
Entidades de dasse Anuldo!Kle. 12 56,00
luZ/telefone Valor médIO no pais 112,00
Salâno secretária PIso salanal • encargos 224,00
Encargos profissionais Com INSS, sj Prev PrIVada 71 ,00
limpeza ~anal + material 100,00
Estudos Cur\Os, lIVroS, congressos 112,00
Contador Valor medlO no país 120,00
TtcOlcO de equipamento Valor médio no país 112,00
Matenal consumo ~, em odontologia 112,00
SUblOlal 1 Despesas ge~s , 600,00

Consultório e instalações Preço báSICO: RS 11 200,00 93.00


depreciação e 10 anos de duração
Remuneração profissional EstimatIVas do Dleese. InclUI 2.534,00
Insalubndade e ImprevtSlOS

TOTAL 4227 .00


Custo mimmo da hora dimca Total· 22 dias. 8 horas 24,00
" EitJm.lttvas para 1997. 0IeHe" Oepartame!1to Intl!fWldteal de Estatista e ÚIUÓ05 SoooeCOll611MCOS
Font! G.,rCJ<l. 1997

ela em dinheiro, mensalmente, para seus em· dispostas a fazer depóSItos SignificatIVOS para
pregados. Estes efetuam do próprio bolso o seus empregados, conSlderando-os como um
pagamento de suas despesas odontológICas, beneficio adICionai em relação aos salános.
sendo automaticamente reembolsados pela
conta bancária por meio da apresentação de 3 .4 .7 Pagamento de bônus -
um comprovan te Os serviços odontológICos F/at Rate ou Bonu8
são de livre escolha do empregado, podendo PsymBnt
Incluir ortodontia, serViços cosmetlCos, pró·
leses, etc., mas o reembolso ê ferto dentro dos DaqUI em diante examlnam·se formas de
limites do plano. Caso a despesa ultrapasse o remuneração vanáveJ. Sob esta denominação
montante disponível, deve ser coberta na for· generica, enquadram-se diversos tipoS de pa-
ma de co-pagamento, ou seja, por conta do gamento variável a empregados ou funCioná-
cliente (Chrrstensen, 1994), riOS, em oposlçào aos esquemas fiXOS basea·
As vantagens contablllzadas a seu favor di' dos em saláriOS que sâo invariáveiS ou alterá-
zem respeito à ineXistênCIa de gasto'5 com ad· veiS apenas em convenções anuais como res·
ministração e com lucros de Intermechános (as posta a efeitos Inflacionários.
empresas de planos de saúde), bem como à De modo geral três objetivos são perseguI-
manutenção de preços de mercado pelos pro- dos quando da de<lsão de Implantar a remu·
fissionaiS. Obviamente, só se aplICa a empresas neração variável;
Financiamento e Orgamzação 49

a) estabelecer um vínculo entre o desempe- cações tôplcas de fluor, ações de educação em


nho e a recompensa, incentivando o alcan~ saúde, permitindo que a supervisão e o con-
ce de resultados cada vez melhores; trole possam ser exerCidos em função dos re-
b) responsablhzar a força de trabalho Junto sultados alcançados em termos de redução de
com os dirigentes e coordenadores pelo al- doença ou aSSimilação de conheCimentos e prá-
cance de resultados bons e maus pela em- ticas saudáveis pelo grupo coberto. Da mesma
presa ou Inshtuu;ão; forma é aplicável na realização de vaCinação
c) transformar custos fixos em custos variáveis, em massa, em levantamentos epldemlolôglcos
de modo a resistir a eventuaiS períodos de e em todo tipo de ação preventiva/educativa
dificuldades de custeio. que possa ser concretizada coletivamente.
ConstItui um erro remunerar ações preven-
InclUI a concessão de saláno Indireto na for- uvas por ato ou unidade de serviÇO, como fOI
ma de beneficIos (carro, gasolina, custeio de feito no BraSil a principiO pelo Inamps a partir
estudo, plano de saúde, ticket alimentação/ de 1991 e depoiS pelo SUS De fato, o paga-
transporte, etc), participação nos lucros, pa- mento por ato é compatível, em essência, com
gamento de um bônus e remuneração por a produção de atos clinlCos, os quais podem
resultados, habilidade e desempenho . Os qua- ser identificados um a um (uma restauração,
tro últimos modelos são analisados a segUIr uma consulta, uma prôtese, uma exodontla),
A modalidade de bônus (flar rate ou bonus não se aplicando a serviços de prevenção (va-
payment) significa o pagamento direto de um Cinação, bornfação de insetICidas, f1uoretação
montante preestabelecido e global, sem flutua- da água, aplicação tópica de flúor, etc) e edu-
ção durante o período de tempo do contrato cação, onde as medidas são coletIVas e produ-
ou convênio, a fim de realizar um conjunto de zem resultados tambêm coletIVOS, devendo ser
serviços para um determinado número de pes- avaliados nesta base e não Individuo por indivi-
soas (WHO, 1993). Faz-se um orçamento glo- duo ou ato por ato.
bal para custear a atividade, repassando este
montante ao profissional ou à equipe encarre- 3 .4 .8 Remuneração por
gada de sua execução. Por ex ., num programa resultados
de atendimento preventivo a 20.000 crianças,
filhos e filhas de residentes numa cidade de Também conhecida como prêmio de produ-
porte médiO, o valor dos insumos fOI estimado tIVIdade ou pagamento por peça, nos empre-
em R$ 12 .000,00 no total, ao qual houve o gos do setor saúde costuma estar agregada a
acréscimo de R$ 4.000,00 para remunerar a um regime de assalariamento, posslbilrtando o
parcela de tempo despendida (4 dias em cada ganho de um plus caso um determinado limite
mês no qual o trabalho era realizado) pela equI- de produção seja suplantado. Exemplos co-
pe , chegando a um bõnus no valor de R$ 0,80 muns são o vínculo do plus ao número de con·
por criança . sultas ou de restaurações . Historicamente, a
Apresenta similaridade com o pagamento adoção do pagamento por peça COIncid,u com
por empreItada no qual o trabalhador recebe a Implantação das linhas de montagem Indus·
uma quantia para realizar o serviço combina- trial no inicio do século XX, Visando obter O
do . A remuneração por performance (Reper) máximo da mão-de-obra disponivel, num pro-
vista logo adiante é uma forma alternativa e cesso que depois originou os estudos de tem-
mais bem estruturada de bonus payment. pos e mOVimentos e as áreas burocrátICas de
Em odontologia, presta-se bem a remune- organização e métodos. Com o tempo, acu-
rar ações preventivas para grupos de pessoas mulou insucessos e críticas crescentes, notada-
(e não para indiVíduos), como no caso de aph- mente por direcionar a energia de trabalho para
SO SaUde 8vcal CoIenvd

a tarefa. reforçar a cultura Individualista e a SICO na ârea acadêmica e em algumas InstitUI-


prática de controles priontanamente adminis- ções_ A certIfIcação é um processo Interno que
tratIVOs, ligados fi produção e não aos resulta· pode ser favoreCido pela obtenção de um tí·
dos (Coo""" lybrand. 1996). tulo acadêmiCO, mas este não é o fator de--
Diante da continua perda de poder aqulsltl' terminante. O tempo de serviço tambêm é um
vo dos saláriOS e venCImentos. mUitas vezes a elemento secundáriO para a progressão fun-
Idéia dos prêmiOS de produtividade tem Sido Cionai e financeira, cedendo espaço para a
aprovada e posta em prãtlca no BraSil apenas capaCidade demonstrada no desempenho de
como um mecanismo de compensação mone- novas funções.
tária, sem interesse mais concreto sobre even- Pouco utilizado no campo da saúde e em
tuais aumentos da produção. Nestes casos, OS toda a área SOCial, a experiência nos chama-
limites mínimos de produção - aCima dos quaIS dos setores de ponta da economIa tem mos-
o premiO é pago - são propoSitadamente sub- trado que o SRH encontra difIculdades e pode
dimensionados a fim de poSSIbilitar que pratl' acumular problemas ao ser Implantado onde
camente todos sejam benefiCiados, o que eXiste uma larga tradição de remuneração fun-
corresponde a um aumento não permanente Cionai Munas pessoas gostam de desempe-
poiS que, ao não ser Incorporado ao salimo, nhar as mesmas funçôes para as quais sabem
pode ser retirado a qualquer momento. que estão de fato capaCItadas, reslstrndo a 100-
vações freqüentes. Demonstram ter dificulda-
de de adaptação a mudanças, mas são eflclen·
3 .4 .9 Remuneração por tes no que fazem Num ambiente demasiada-
habilidade mente competitIVO, fICam em desvantagem e
passam a trabalhar contra o novo modelo. re-
Os Sistemas de Remuneração por Habilida- duvndo o spnr-df:<orps e, ao final, o nivel de
de - SRH - ou por conheamento visam pre- produção.
miar 05 funcioná nos. têcnrcos, profissionaiS que
demonstram poder de adaptação a novas rea-
lidades, novas tecnologias. maorpulação de 3.4.10 Remuneração por
novos produtos, mudanças de comportamen- Performance - Reper
to da SOCiedade e da clientela, num mundo
que està em continua e cada vez maiS acelera- O modelo de remuneração por performan-
da transformação ce ou desempenho apresenta caraderistlcas
No contexto de um SRH o profiSSIonal é mais próxImas da realidade VIVIda nos setores
remunerado em função das habihdades certi- SOCiaIS em geral e nas profiSSões de saúde em
ftcadas que consegue alcançar Para conseguir particular Caracterrza-se pela contratação de
certifIcação para uma nova habdldade (em pessoal medIante a apresentação de um proJe-
odontologia podena ser a tranSição da dlorca to com metas definIdas a serem cumpndas num
geral para um trabalho mais espeCializado determmado período de tempo, premiando o
como a realrzação de CIrurgias ou o atendi- desempenho, ou seja, o alcance dos compro-
mento de pessoas com algum grau de defi- mISSOS assumidos. Pode ser conSIderada como
ciênCia, ou um maior envolVimento com a co- uma variante moderna do fIar rate ou paga-
munidade), é preciso demonstrar capacitação mento de bónus, exposto aClma_
prática e domíniO do conheCimento. Não se O projeto pode ser indiViduaI. mas em ge-
trata, portanto. do mecanrsmo tradICional de rai se refere a uma eqUipe, Por exemplo, uma
confem aumentos para quem vai fazer um eqUIpe compost J por dOIS clrurglÕes«jenttslas,
curso de mestrado ou doutorado como dás· e três técnicos de higiene dental e um atendente
FinanaamMto e CkganiziJflo 51

de consultório dentário se propõe a reduzir em pouco flexíveiS, com reSistênCia forte de gru·
30 a 40% a Incidência de cánes em dentes pos de empregados interessados em manter
permanentes e decíduos de 15.000 crianças regimes tradiCionais de remuneração, ou quan-
de 4 a 12 anos de Idade, por meio de aplica· do a R.eper é Implantada não para obter ga
ções tópicas de fluor, educação em saúde bu· nhos de qualidade (em termos fmancelros e
cal, escovação orientada. controle da dieta, de produtMdade) e sIm para substttulr a reUra
cuidados clínicos a lesões preexistentes, VISitaS da de vantagens monetárias antes conquista
domICiliares a casos críticos (alto risco), acom· das. EspeCIalmente neste último caso, os pro-
panhados por exames periódicos de base fiSSionaiS e funclonános/empregados tendem
epidemiológica no iniciO, meio e fim do perio- a relacionar o novo regime com uma simples
do de dOIS anos de contrato. O orçamento to- subsmuição pró-forma deStInada a redUZir seus
tal é de R$ 259200,00 ou RS 10.800,00 ao ganhos ou a Impedir aumentos
mês, sem encargos SOCIaiS, representando um
custo medio total de RS 17,28 por criança Es-
tima se que o êXIto do projeto eVitara o apare- 3 .4 . 11 Síntese das modalidades
cimento de cerca de 24 mil novos dentes ca de remuneração
nados e um gasto em volta de RS 480 mil, pro-
porcionando portanto uma economia de pou· Num esforço de consolidação das dez mo-
co mais de R$ 220 mil, ou RS 0,85 para cada dalidades aquI apresentadas, o quadro 3·3 pro·
Real aplicado . A metade do orçamento dedl cura dar uma Idéia comparat1va em termos dos
cada a pessoal é pago automaticamente em resultados de cada uma quanto ao número de
24 parcelas mensais e a outra metade depeno paCientes atendidos. número de atos por Inter·
de do cumprimento das metas de acordo com venção ou consulta, vantagens flnancerras para
IndICadores de produçâo e de resultados. o profiSSIonal, vantagens geraIs para a dente-
Essa sistemátICa pode ser aplicada para pes- la (melhor acesso ou melhor atendimento) e
soal ja contratado ou para novas contratações, redução global de gastos com saúde em um
sendo compativel com o exercíCIO de funções pais, região ou cidade.
de apoiO, de administração. de produção e de Nenhum metodo é inteIramente poSItIVO ou
direção . A manutenção de um piSO salarial negatIVo e a Interpretação de suas vantagens/
como componente da remuneração total tem desvantagens depende em boa parte do pon-
a vantagem de eVitar problemas de ordem tra- to de vista de quem faz o Julgamento . AsSim,
balhista, mas é Viável condiCIonar toda a remu· as vantagens financeiras que o prestador de
neração aos obJEtIVOS e metas do proJeto. servIços possa aufenr podem não ser compatf·
Problemas clássICOS do metodo de remune- velS com os Interesses da clientela em obter
ração funCionai podem ser superados com a mais e melhores serviços. O número de ações
adoção da Reper Suas prinCipaiS vantagens realizadas em cada Intervenção deve depeno
são: foco nos resultados e na melhora das con· der das caracterfstlcas clíntcas do problema
dlções de saúde ou de acesso aos 5efVlÇOS por submetido a tratamento e não a interferênCIas
parte da população; diminUição de passos bu- do metodo de remuneração. Por ftm, a dimI-
rocrátICOS; relaCionamento entre profiSSional e nUição de dispêndiOS não essenOi3lS com saú'
supervisor centrado nos obJetIVOS do projeto e de é uma meta a ser atingida pratICamente por
não no cumprimento de horáriOS e de normas todos os países, tanto os mais rtCOS submetI-
administratIVas; maior cumprimento de horá· dos a custos crescentes com medlona sofistI-
nos, maior dedicação e Interesse pela saúde cada quanto os mais pobres que nâo podem
da clientela desperdiçar os poucos recursos de que dls,
Pode ocorrer o Insucesso em InstitUições põem
52 5a1id~ Bvea' CoIerrva

Quadro 1-3
Inc,mtivos proporcionados por dez métodos d e remuneração a profissionais de saúde bucal

M@todo NI de N' Atos p/ Vantagens S pl Vantangens Reduçio Global


Padllntll' Consulta o Profissional p/ Clientela de Gastos

POR ATO .:.


., .:. .:. •.:. •
CAPlTAÇÀO • '.' •.:.
SAI.ÂRIQ •X • • •
POR CASO • • • •
HORA CLlNICA
.,'.' •.:. "- • •
REEMBOLSO
OONUS
.,• •.,
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RESULTADO • •.:.
• .•:. •
HABILIDADE X
.:.

-
PERFORMANCE • • '.'

* Incerm-.o PM~ produvr m.1S ou , aufenr Dtonefloos ou oi reduDr gastos gIobIIIs •


• • IncenlNO p.iQ produnr menos ou a ti!< desvarllagf'nS OIJ , aume<nal gMTOS globaIS;
li . Situação ~tra, sem IncenlNOS para um ou outro lado;
)( • IndlcadOt não é relevante nesTa modahdade ou os eleiTOS nAo s.kl conhecidos
Fontes WHO. 1993. Coopers & Lybram. 1996. Médio. 1995. McGuIre el.AI 1988

3 .5 Alternetivas para redu- com saúde, tanto peSsoaIS quanto governamen·


taIS, constituI um tipico fenômeno IOIClado nos
zir gastos crescentes
anos 70 e cada vez mais agravado daí em dlan·
em saúde te, que afeta em padrões e em volumes dlstln·
tos vIrtualmente a todos os países no mundo
Na grande malona dos países, três grandes ocidental e tambem as novas economias pós·
questões no campo das politicas de saúde pre- SOCialistas. Um coquetel de motivos ou lOgre-
cisam ser equaClonadas e resolvidas: (a) como dlentes, e não uma s6 ou poucas causas, pode
mobilizar suficientes fundos para custear os ser apresentado como o verdadeiro responsá-
serviços de saúde; (b) como alocar estes lun· vel pela explosão de gastos, como mostra em
dos e organizar o sistema de atendimento para síntese o quadro 3-4.
produZIr os melhores beneficIos de saúde para A este conjunto de problemas tem Sido
o maior número pOSSível de pessoas; (c) como contraposto por diversos autores um conjun·
controlar os custos crescentes de todo este to de soluções alternativas para adaptação às
conjunto de açôes (Hsiao. 1995). Na mesma condições de cada pais, região ou clientela
linha de pensamento, Oxley e MacFarlan (1994) (Dunlop e Martins, 1995; Hsiao, '995; MédICI,
dizem que os pnnclpais objetIVOS perseguidos '995; Oxley e MacFarlan, 1994; WHO, 1993,
pelos governos na área da saúde são a eqüi· Enthoven, 1980). As alternativas maIs próxI'
dade, a eficiência miaC>e<.onõmlca e o contro- mas do caso brasllelro e do atendLmento odo"...
le de custos macroeconômICOS. tológlCo (nlvel ambulatOrial) estão listadas no
O continuado aumento dos gastos globaiS
quadro 3·5
Financiamenro e OrganiziJ(ão 53

Quadro 3-4
Razões para a expansão de gas tos em saúde

• Modificações na estrutura etária da populaçáo com expansão da faixa de adultos e Idosos, 05 quais
demandam serViços em maior quantidade e de maior custo.
• Modificações na legislação. favorecendo a tendencia a universalização da cobertura, como no caso da
ConstitUição brasileira de 1988 e a criação do Sistema UnlCo de Saüde,
• Faal!dades tnbutarlas, por meio da possibilidade do desconto no Imposto de renda de In~rSÕ5 em
saüde por parte de empresas e dos Indlviduos, estlm...lIando um maior consumo de serviços;
• Modificações no perfil de morbldade da população tanto na área médica, onde problemas mais
complexos substitufram gradativamente as doenças mais Simples e menos diSpendiosas, quanto na
area odontolôgica onde a prevenção promoveu uma atIVa redução da câne dental em cflanças e
direaonou o atendimento nos consultÓriOS para tratamentos mais custosos;
• Incentivos ao consumo de mais serVIços, embutidos no modelo de remuneração por ato ou por
serviço prestado;
• Expansão da presença de Intermedlanos e da cobertura via planos de saUde e empresas de seguro·
saude, prodUZindo maior consumo de consultas e de atos mêdicos e odontológiCOS;
• Aumento na quantidade de faculdades de odontologia e de vagas de Ingresso, concentrado em
instituiçõe5 particulares;
• Aumento no nümero de profiSSIOnais, os quais têm o poder de criar a própria demanda, fazendo
verdadeiro o axioma de que ~qu anto maiS arurglões-<!entistas, mais atendimentos em odontologia";
• Difusão de modernas tecnologias, de alto custo, prodUZindo meios de dlagnõstlco e posSibilidades de
tratamento cada vez mais atraentes;
• Impacto do marketlng não frontal, poIS os côchgos de ética vedam a possibilidade de propaganda
direta de serviços, criando necessidades não suspeitadas 01..1 artificiaiS de consumo na população;
• RedUZido conheCImento dos consumidores quanto à qualidade, tipos e quantidade de serviÇOS ofere-
Cldos pelos profiSSIOnaiS, ahado ao falO de que ha uma ilusão bastante difundida de que mais exames,
radiografias e tratamentos são Sinônimos de melhor atendimento e de maIS ~üde,
• ModifICações na estrutura de renda com aumento do poder aqUISitivo de estratos da dasse média,
tornando-os consumidores em potencial de serviços privados e de maior preço

Quadro 3·5
Medidas para redução de custos com serviços de saüde e de saude bucal

• Prestação de ServiÇOS com carater resolutivo e de boa qualidade A opção oposta ocasiona retrabalho
e mais despesas;
• Centralização orçamentária, fazendo com que boa parte dos recursos fluam a partir de um sõ canal,
o que pernllte um controle que em geral se traduz na determinação de tetos, Esta é uma das razões
(além do deseja de conservar o poder poUtlCO adVindo da faculdade de arrecadar o dinheiro e mane-
Jar o caIxa), que tem Justificado a não descentralização financeira do Sistema ÚniCO de SaUde no
BraSil, mantendo os recursos e o dlfi!lto predominante de determinar os preços (por ato 01..1 per capita
como no caso do PAB - Piso AsSIStencial Básico). O prestador SÓ reo:::ebe. a cada mês, até o hmite do teto.
Caso um paaente do SUS (01..1 da previdência social nos palses que mantêm atendimento ã saude por
este regime), seguro ou plano de saude realmente necessite de mais atendimento e não possa pagar
do prôpoo bolso, este será negado ou tera que ser lançado como despesa para o mês segUinte;
• Controle sobre o nUmero de radiografias e exames complementares solicitados pelos profISSIOnaIS com
base em critérios técnicos que penTlltem ~g losar~ (náo pagar a conta apresentada, submetendo-a a
54 SaUde Bucal ColetIva

Conto do Quadro 3-5

InlJ@SlIgaçáO)pedldosdepagamentoconslderadoscomolnJustlflCados;
• Controle sobre o U50 de medICamentos, dImInUIndo o leque de produtos SImIlares com base em
produtos ~genéncos·, uso de embalagens menos sofisticadas e de menor custo,
• Cobrança de franquias, nas quaIS um determinado montante de dinheiro é assumIdo pelo paoente
que pouui uma apólICe de seguro-saüde ou partlCJpa de algum plano de salKfe, toda Io'I!l que
proGJra atendimento Pode ser uma quantia frxa por evento (p ex., RS 10,00 por consulta) ou por
ano em refação ao prémlo total, como ocorre no caso de alguns seguros de autorT'lÓ'Vel.
• (o.pagamento. COnsiderado como uma taxa moderadOl'a de consumo de 5ef\l\Ç05 odontológicos
O paoente pago, em geral direto ao profiSSIOnal, uma complementaçio ao que é de respon~blh ·
dade da empfesa seguradora, de\o1:'ndo esta conchç.ão constar do contrato Havendo uma tabela de
p~os, pode ser um percentual varrãllel segundo o tipo de sernço e a categona do plano contrata
do. Ac .m",lrsar planos de cap1tação, Fnedman (1996) e Hazelkorn et ai (1997) c:nticam OS que se
ba~am em altos co-pagamentos ou reduzem a um mírumo os tra~tos cobertOS pela mensa-
lidade, pors termrnam se COnstItUIndO em P'anos ~usónos, nos quaIS o paoente sempre ou quase
sen"lpn! ê obngado a pagar algo do própno bobo Esta pratica costuma transformar-se ~ uma
forma disfarçada de aumento dos honoráriOS profissionars e de cobfança adióonal que desmofaliza
a tabela ao conslder~a msuflO@f\te Co-pagamento não é Sinônimo do '"pagamento por fora", o
qual é formalmente coibrdo tanto nos servrços publlCos diretOS quanto nos regImes em que uma
@mpre~ pfl\lada ou uma InstituiÇão públIca Intermedla a prestação de serVIços odontológiCOS;

• limItação de cobertura quanto a serviços, ou seja, o plano de saUde 00 seguro se compromete a


pagar mtegralmente apenas. por ex., quatro consultas ou quatro restaurctÇÕes durante o ptoriOdo
de contrato que em geral e de um ano; para a quinta em diante O p;KJente deve participar com um
certo percentual do custo, o que deseS1lmula o consumo exct'SSNO, mas penaliza os tratamentos
extensos de fato nKeS'Sãn05,
• limitação do atendimento a uma lista de profISSIOnaIS, eliminando as possibilidades de hvre escolha
e com ISSO mantendo os preços e os pagamentos dentro de um raIO de alcance predetermInado,
• Estimulo à pfl!\ll!nção, com base em que esta tem custo maIs redUZIdo que o tratamento e Impede
o surgimento de problemas futuros Em geral, funaona com paaentes conSiderados ·odon·
tologtCdmente aplOS~, ou seja, ~ necesSld5des acumuladas de tratamento sendo estas cobradas
por ato (VIde exemplo de clinrca de promoção da saúde bucal com mclusão de problemas
preexistentes, à p 68) Um dos pnrneros paises a emptegar este Sistema fOi a Holanda, introdUZin-
do -cartões de aptidão" cuJOS portadores eram ~dlOS e tinham acesso automãuc:o e INfe a serviços
preventr.os penódlCOS (PintO, 1990; Bradnock e Plne, 1997);
• Adoção de orçamentos globaiS (global budgets), que conSistem na alocação de um montante fixo
e preestabelecido de dinheirO por m~s ou por ano para que uma cllnlCa se encarregue de prestai
CUIdados odontológICOS li uma deterrrunada população. A Idéia é de economIZar recursos pela
slmplrficação de procedImentos admlnlSltatrvos, uma vez que de~parecem os conttol@s tlpICOS dos
modelos baseadOi em tabelas de preços e pagamento por ato Permite maior autonomia do prestador
de semços, o qual pode defirw a melhor manewa de atender a c:omurvdade a seu cargo. Controles de
base epidemiológICa, baseados na melhora dos nivers de saUde bucal, são t.woreodos neste mod~
lo, Implementado no boJO da reforma do SIStema de saUde Ing1M no começo da década de 90 e.
em 1998, no BraSil para ações remuneradas no PISO Ambulatorial Bãslco que InclUI a tenção
odontológica (VIde p. 56). Uma Yanação desta proposta, expenmentada InIcialmente nos Estados
Unidos e no ncwo sistema de rerooneração de servrços da Holanda, é a a tribuição de um ~ucher
pessoal e Intransferlvel para componenles de um grupo poontãno 00 para toda uma comunidade,
para lIVre compra dos Sl!l'VlÇOS de saúde geral e saúde bucal que se fizerem necessârlOS (M@dra,
1995).
Finanoamenro e Orgamzação 55

3.6 Organização e mercado por parte de um número cada vez


métlor de clrurglões-dentlstas (Pinto, 1997).
financiamento da
A prática liberal de consultôno isolado per-
saúde no Brasil siste como a principal forma de atendimento
da população, mas cada vez mais se observa
3.6.1 Organização e financia- uma rápida expansão das modalidades alter·
mento do setor público nativas, baseadas na presença de um terceiro
elemento entre profissional e paciente (este
As ações de saúde bucal no Bras,1. do pon- modelo é analisado no subtítulo 3.6.2) .
to de vista organizacional, têm o clássICo for- O subsetor público, do qual dependem di'
mato de um "não-sistema~. no sentido de que retamente as pessoas que não possuem recur·
múltiplos prestadores de serviços atuam de sos para remunerar os profiSSionaiS ou para
maneira Independente, não articulada e sem pagar um seguro--saúde, desde a promulgação
obedecer a uma orientação ou coordenação da ConstitUição de 1988 e da Implantação do
geral. O sub-setor público está composto por $US - Sistema ÚnICO de Saúde, assumiu a
InstitUições de nível federal. estadual e muni- descentrahzação rumo aos municípios como
cipal, que se relacionam essencialmente em dlretrtz central (Brasil, 1988; BraSil, 1990; Pln·
função dos recursos dlstnbuidos por meiO do to, 1996). O tradiCIonal modelo prevldenclárto
Sistema Unico de Saúde (Brasil . 1988; Brasil. foi substituído pela tese da universalização da
, 990). Além disso, um grande número de ins- cobertura; o Instituto NaCional de AssistênCia
titUições e empresas públicas ou para-oflclals Médica da PreVidênCia Social· Inamps fOI ex-
presta serviços odontológicos à população. tento, transfenndo-se suas responsabilidades
destacando-se pela sua importãncia o Serviço para o SUS. Recursos humanos e matenalS
SOCIal da Indústria (Sesi), o Serviço Social do antes pertencentes a institUições federaiS pas·
Comércio (Sesc), o Serviço SOCIal da Construo saram de maneira gradatIVa para a ôrblta dos
ção Civil (Seconci), as corporações milrtares e estados e prinCipalmente dos munecíplos, ex·
policiais, entre outras. perrmentando estes um grande crescimento re-
O exercicio da odontologia é predominante- lativo dentro do sistema público de saúde do
mente pnvado, estlmando-se que este sub·se- país. As Secretarias de Saúde dos Estados. que
tor seja responsável por aproximadamente concentravam a maior parte das unidades e
70% do tempo profissional disponível e do vo- do pessoal em odontologia no período pré-88,
lume de recursos mOVimentados neste cam· perderam força e se desarticularam na maiOria
po em todo o pais (Pinto, 1993) Na década de dos casos, iniCiando sã maiS recentemente um
noventa ocorreu uma redução na ocorrênCia processo de recompoSição de Quadros dlngen·
de cáries dentais em crianças de diversas ci- tes e de readaptação técnica e conceitual, na
dades, devido ao uso generalizado de dentifri- tentatIVa de assumir o nQllO papel que lhes cabe
CIOS fluoretados, manutenção de sistemas com de coordenadoras das açôes de saúde nos li·
água fluoretada para mais de sessenta milhões mltes do seu terntôrio, apoiando as munlClpa·
de habitantes e aplicações tôplcas de flúar em lidades que têm o encargo da prestação direta
clinicas privadas e em alguns programas ofi· pelo menos dos serViços bãsicOS à população.
ClalS. Não obstante, a Situação epldemlolôglca O novo modelo de descentralização/mUni-
da população adulta permanecia mUito precá· Cipalização tem sofrido fortes desgastes devi'
ria nos últimos anos do século XX, com altos do a dificuldades financeiras, fraudes, proble-
percentuais de edentulismo, o que se deve em mas de gestão, descontinuidade admlnlstratl'
boa parte a razões econômicas e SOCIaiS, a prá· 'Ia e ausênCia de uma politica norteadora con·
tlcas profiSSionais iatrogenlcas e às disputas de sistente. No marco do governo conservador de
56 Satide 8ucoJI CoIetJvoJ

características neoliberals, iniciado em 1995, cerca de 90% dos gastos totaIS em odontolo-
os problemas do setor agravaram-se pnnapal- gIa (na área de saúde como um todo as ações
menle em função da ênfase dominante confe- que fazem parte do PAB correspondem a ape-
rida aos problemas macroeconômICOs do pais_ nas 47% dos gastos totais náo hospitalares,
As polítICas púbhcas de saúde atravessaram num reflexo da ausência de Itens Importantes
perlodos de cnse quase permanente, dimi- como as consultas em especialidades e exames
nuindo cada vez mais o seu conceito perante a de complementação diagnóstlCa entre outros
opinião pública O governo concentrou esfor- itens). Em média, dentro do PAB a odontolo-
ços na tentativa de obter recursos financeiros gia teria sido responsâvel por cerca de 13,4%
para o Mlnlstêno da Saúde, mantendo o p0- do gasto total, comportamento este que se
der de arrecadar e dlstnbulr Odinheiro_ Propos- manteve em torno dos mesmos padrões em
tas de mudanças na estrutura tributária do pai$. 1997 •
visando aumentar a arrecadação dos munlci- A mudança no modelo governamental de
PiOS de forma que possam assumir responsa- custeio das açôes baslcas munICipaiS (de paga-
bilidades maiores em áreas como a saúde, têm mento por ato para percaplra dentro dos prin-
enfrentado reSistênCias por parte do governo cipiaS da proposta dos orçamentos globaiS) ê
federal que procura manter em suas mãos o benéfica para o setor saúde como um todo e
maior volume de recursos - e consequentemen- para a odontologia em partIcular, porque per-
te de poder - que for possfvel mIte superar a danosa forma de remuneração
No primeiro trimestre de 1998 o MinistériO atê então vigente, mas Implica na neceSSidade
da Saúde modifICOU 05 crltenos de repasse de de superação de dOIS obstáculos
recursos para munlciplos e estados, Implantan-
a) a separação entre açôes básicas, espeClali·
do - com base na Norma Operacional Básica
zadas (de referencla) e hospitalares, que·
do SUS 01/96 - o pagamento per caplta, com
brando o pnnciplo da Integrahdade que deve
base em toda a população de cada mumcipio
caracterizar o trabalho em saúde;
habilitado, de um PISO AmbulatOrial Bãslco -
b) a exigênCia de disputa no nlvellocal entre
PAB - cobrindo as segUintes ações consulta
as drversas "areas báSICas", ou seja. CUida-
medica InclUindo colocação de meios anticon-
dos por pessoal não profiSSIonal, imuniza-
cepCionaiS, pequenas CIrurgias, vaCinação, VISI-
ções, atenção mêdlCa geral e atenção
tas domiCiliares, aSSistênCia ao parto por par-
odontológica geral, fazendo com que por
teIra e pessoal de enfermagem. educação em
razões não epidemiológICas uma ou maiS
saúde em grupo, atendimentos por pessoal de
de uma area possa ser SIgnifICativamente
nivel médiO e, em odontologia, procedimen-
prejudicada em vános munlciplos
tos preventIVOS, educação em saúde bucal, exa-
me clinico, restaurações e "extrações Simples"
de dentes deciduos e permanentes ExclUI ex-
trações múltiplas, de raízes, tratamento de al- • Para o ano d~ 1998, o ViJlor aoval do PAB foi focado em
veolite e hemorragia, biópsia, InCisão de ab- RS 10,00,., CoJptfi! Um IT"Ut"lCÍpIO, desde que hiJblhta-
cessos (Scotu, 1997; Pmto, 1996) do pelas ~Ii!IS da NOB-SUS 01/96, com 2.000 hab-
tan1eS recebe RS 20_000,00 OU RS 1.666,67 por mês
O gráfico 3-2 mostra, para o ano de 1996, caso fosse seguida a lendMoit nln6nCoJ de repiloSSM
que pelo SUS foram gastos RS 165 milhões em 1996 e 1997. cabena ã Odontologia em IOmo de
(eqülValendo a USS 164,7 milhões) para cus- 13.4% ou o eqolVa~te a RS 2.680,00 ao iltlO e RS
tear a realização de 135 mIlhões procedImen- 223.33 ao mes OIiItlle dill!'lldente ImpossabdldiJde de
cobeftura U~). a saiuçjo sena alender apenM uma
tos odontológiCOS báSICOS, OU se,a, OS que atual-
pequena piIorc.~a da comul"lldade ou coocentrar esfor-
mente estão encluldos no PAB Caso o PISO lá ços l!'fTI um ou em pautos ~rw;os ell!'mentares e di!'
estIVesse Implantado, terra sido responsável por baoco custo, para a maiOria
Finanoamenro e OrganaaçAo 57

GRÁFICO 3.2
GASTOS E PROCEDIMENTOS EM
ODONTOLOGIA INCWrDOS NO PAB, COM BASE
EM DADOS DE 1996 - BRASIL E REGiÕES

'~ .OOOr--------------------------------'

'''' .711
160,000

140.000 1 .575
r-

120,000

100000

84935
80.000

~ .ooo

40.000 2 .872

c::::J PROCEDIMENTOS
20.000 (ml)
~ R$1000 , OO
58 Saúde Bucal Coletiva

Buscando fontes regulares de flnancmmen- mdlvíduos residentes nas nove regiões metro-
la p~r~
a Qúd~, o s~to r conc~ntrou seus es- politanas (Porto Alegre, Cunllba, São Paulo, RIO
forço~ no sentido de aprovar emenda constI- de Janeiro, Belo HOTlzonte, Salvador, Fortaleza,
tucIonal que destIna pa ra este fIm especifico Reofe, Belem), e nas Cidades de Brasl1ia e
30% dos recursos da segundade socIal em àm- Goiànla_ Nessas áreas, os desembolsos diretos
Mo federa l, maIs 10% do orçamento de cada per capita/ano com "tratamento dentário" (o
estado e municipio. termo, utilizado pelo IBGE, engloba gastos de
qualquer tipo com odontologIa) passaram de
3.6.2 Participação da popula- RS 16,84 em 1987 para RS 42,39 em 1996,
mas este crescimento fOI inferior ao veTlficado
ção no custeio da saúde
nos gastos totaiS com saúde, de maneira que a
Ao desgaste do setor público correspondeu representatividade dos gastos odontológicos
uma atIva expansão da inICIatIva pTlvada Es- caiU de 16,3% para 14,8% no mesmo periodo·
timativas referentes a 1989 anotavam um mo.- De acordo com a tabela 3-' e com os gráfi-
vimento global de recursos da ordem de USS cos 3.3 e 3.4, a responsabilidade maior pela ex-
2,4 bilhões em saúde bucal no país, sendo RS plosão de gastos verificada coube ao extraor-
1. 7 bilhão em gastos pessoais e RS 0,7 bilhão dináriO cresCimento - da ordem de 575% per
a cargo do setor público (Pinto, 1993)_ Ainda caplta - nos pagamentos de prêmios a empre-
que não se possuam Informações especifIcas a sas de seguro e planos de saúde, conseqüênCia
respeito, tudo indica que a partir dai a represen- ao mesmo tempo do forte desgaste sofrido pe-
tatividade dIreta dos Individuas no custeiO da los serviços publicas braSileiros e do aumento
saúde bucal aumentou. nas Inversôes no setor feitas pelas seguradoras
Dados comparativos referentes às PesquI- privadas, além da crescente demanda por aten-
sas de Orçamentos Famlhares do Instituto Bra- dimento por parte da população.
sileirO de Geografia e Estatfstlca - IBGE, nos anos
de 1987 e 1996 (IBGE, 1991, IBGE, 1997), mdi-
cam uma expansão da ordem de 129% nas des- • No mesmo periodo 1987/1996 o valor do saláriO
pesas com "tratamento dentário" por parte de mínImo subIU em cerca de 120%.

Tabela 3-1
Despesaspercapita/ ano totais, com saúde e diferenças percentuais entre os anos de 1987 e 1996,
segundo o item de gasto em nove regiões metropolitanas. Brasília e Goiânia

Em RS 1,00 de setembro/1996

Item de gasto 1987 1996 Diferença %

Medicamentos 33,32 82,25 147


Seguro-saúde 12,35 83,42 57S
Tratamento dentárro 16,84 42,39 152
Consulta medi~ 7,58 11,45 51
Hospitalização 3,71 6,97 88
Óculos e lentes 5,66 7,43 31
Outras 24,00 52,31 118
Saúde - Total 103,46 286,22 177
To tal das Despesas 1 436,96 3116,56 117

Fontes IBGE (1991), IBGE (1991)


GRÁFICO 3.3

GASTOS PER CAPITAANUAIS EM SAÚDE, EM NOVE


REGIOES METROPOLITANAS, BRASILIA E GOIÂNIA, 1987

Outra.
23% \ / Medicamento
Óculos 32%
5%

I
4%

médica
8%

GRÁFICO 3.4

GASTOS PER CAPiTA ANUAIS EM SAÚDE, EM NOVE


REGIOES METROPOLITANAS, BRASILIA E GOIÂNIA, 1996

Oul,..
Óculos 18% \ Madlcamento
3"" ~ / 29".

I
2%

15%
60 SaUde Bucal C"!MI

3 .6 .3 Modelo brasileiro de planos odontológICOS e 51% no valor das consultas


e seguros de saúde médICas{IBGE. 1991, IBGE, 1997). Na pratica.
os gastos com planos e seguro de saúde têm
o Brilsll atravessa uma fase de acelerada sido, notadamente no caso brasllelfo, bastan·
expansão do chamado "setor privado organiza· te regressIVos, penalizando os mais Idosos, os
do- como prestador de serviços de saúde em mais doentes e os de renda mais baixa, em
massa para a população, surgindo como uma funçào da sua lógica dominante que é econ6-
alternallva cada vez mais imlXlrtante às opções mlcc>-flnancelra (Andreazzl. 1990).
clássicas representadas pelo atendimento pú. O crescimento do "subslStema altematlVO'
bllco sem custo direto e peta prática liberal ca caracterlzado pela cobertura dirigida aos que
ractenzada pelo entendimento sem interme- possuem recursos para pagar os prêmiOS do
diários entre profissional e paciente seguro e para empregados do setor formal da
Antes de tratarmos especificamente do que economia, representou uma ruptura do princ;'
acontece na área odontológica, torna-se ne- pIO de solldanedade social contido na Constl-
cessáriO fazer uma análise acerca do mercado tUlçào de 19B8 e depoiS reprodUZido na Lei
geral de planos e seguros de saúde no país Isso 8080, pelo qual ·a saúde é um direito de tc>-
se deve, em primeiro lugar, à grandee crescente dos e um dever do estado" (BraSil, 1988; Bra-
ImportânCia dos convêniOS e contratos médiCOS Sil, , 990) Embora contido na lei máXima da
em termos econômICOS e de quantidade de pes- nação, este principiO bãslco não se coneret..
soas cobertas e, em segundo lugar, ao fenO- zou, abrindo cammho para que as empresas
meno cada vez mais frequente de aSSOCIação seguradoras crescessem apoIadas em quatro
de profissIOnais e empresas odontológICas às grandes pilares de sustentação:
organizações Já eXistentes da área médica, - desejO da populaçao de ter assegurado o
como uma estratégia de crescimento mais rá· atenchmento em momentos de neceSSidade;
pldo aproveitando uma clientela cativa à qual - ImpoSSIbIlidade de a grande maiOria das peso
é acrescentada a cobertura em saúde bucal soas arcar com os altos custos da medicina
como um benefíCIO novo. liberal cláSSica caracterizada pelo pagamen·
InICiado de maneIra Umlda com as prime.. to direto e Imediato das despesas,
ras empresas de mechema de grupo no come- - descrença no sIStema público. enfraquecI-
ço dos anos 60. o chamado ·subSlstema su- do por fazer parte de um modelo de desen.-
pletiVO" (ao SUS) (ConferênCia, 1997) de asSls- volvtmento econOmlCo que dá prioridade ao
t~ncia à saúde ganhou fOlego e expandiu-se mercado e, conseqüentemente, à priva ti·
de fato no final da década de 80 e de 1990 em zação InclUSive no campo da saúde;
diante (Buss, 1995; 8rasll, 1990), aproveltan- - poder do capital a partir do momento em
do·se da gradativa deterioração dos serviços que a saúde passou a ocupar lugar de des·
públicos. Estimativas provenientes das próprl' taque como setor de viabilizaçào de lucros
as empresas deste setor (que pode ser melhor mesmo a curto prazo e a grande mid,a cC>-
denominado de ·subSlstema alternatIVO"), In.- meçou a ser utlhzada para difundir vanta·
dICam que em 1997 cerca de 43.5 milhões de gens da medICIna prIVada.
braSileiros possuíam algum tipo de plano ou Os contratos oferecidos pelo setor pnvado
seguro de saúde médiCO (lInk, 1997). em geral não cobrem uma série de eventos
Como se VIU pelos dados da tabela 3·1, no (problemas psiqUIátriCOS, lesões preeXistentes,
perlodo 1987·1996 os gastos da populaçào das casos de AIDS, etc), estabelecem prazos de
grandes CIdades com planos de saúde aumen- carência e cobram preços diferenCIados segun·
taram 575%. contra elevaçOes de 147% para do a Idade e a história médica pregressa do
os medicamentos, 152% para tratamentos contratante, além de restringir a permanênCia
em unidades de UTI e estabelecer limites em governo pela Susep - SuperintendênCia de Se-
termos de dias de Internação em função do guros Privados, segundo normas aprovadas
problema diagnostIcado. Para os pacIentes SI- pelo CNSP - Conselho NaCIonal de Seguros
tuados em alguma dessas condições, restam Prtvados Nâo podem Ir à falénCla ou Impetrar
três alternativas: pagar do próprio bolso; pedir concordata como se fossem firmas comuns.
socorro à rede publica; ou não procurar trata· No caso de ficarem financeiramente inViáveiS
mento (ou abandona-lo). há uma liqUidação compulSÓria ou voluntarla
Instlturções do setor publICO - prinCipal· promOVida pela Susep. a qual Indica o liqUI-
mente as que atuam em áreas de alta tecnolo- dante O seguro-saude fundamenta-se numa
gia -, pressionadas por pacrentes em busca de apólice que da direito ao reembolso livre e
CUidados, pelo exrgênCla de Investimentos e total das despesas efetuadas pelo segurado.
gastos de manutenção crescentes e. ainda. pela Trabalha com o regrme de livre escolha, que
escassez, redUZido valor e Inconstânoa das ver- pode ser total ou dlnglda a uma rede de refe-
bas ofiCiaiS, partiram para um modelo de fI- rênCia.
nanCiamento caracterizado por um mIX públ'" Um Plano de Satide é um contrato de pres-
co/privado Este é o caso do Instituto do Cora tação de serviços firmado entre um diente ou
çâo . Incor, das Santas Casas de MI5erlcõrdla um grupo de dlentes com uma empresa que
de Sâo Paulo e do RIO de Janeiro além de diver- atua no mercado médico ou odontológICO. As
sas outraslnstrtuiçàes nos demaiS estados, que empresas que operam neste campo costumam
passaram a privilegiar "pacientes de convêmos~ fazê-Io via rede própria ou credenCIada e no
encaminhados por Seguradoras ou por empre- caso de Insolubrhdade financeira submetem-se
sas admlnrstradoras de planos de saúde Nes- a falência ou concordata
te modelo crescem as possibilidades de que Segundo o texto de "regulamentação dos
CrItériOS econõmlcos se sobreponham a critéri- planos e seguros de aSStStêncla à saúde" pro-
os clínICOS e epidemiológicOS (Andreazzl. 1990) ventente do Grupo de Trabalho Intermlnlstenal,
No mercado de seguros. O ramo que maiS composto pelos Mlnlsténos da Saúde, Fazen·
tem creSCido é o de saude, com um mOVimen- da e Justiça (Proposta, 1997), Plano de Saüde
to de cerca de R$ 3.95 bilhões em 97 que su- é definido como sendo "todo e qualquer con-
perou em 33% a arrecadação de 96 Os segu- trato específico ou genériCO que tenha como
ros de automóveis cresceram em 23,6% e os objeto a cobertura de eventos claSSificados no
de Vida 8.8% no mesmo período. A Lei sobre Código InternaCIonal de Doenças da OrganIza·
os Hplanos e seguros pnvados de aSSistênCia à ção Mundial da Saúde, no todo ou em parte, e
saúde" aprovada em outubro de 1998. englo· operado por Empresas ou Entidades de MedI-
ba todas as pessoas Juridlcas que operam nes· Cina de Grupo, CooperatIVas de ServIços Me-
se setor, institui um plano de referência obn- dicas ou OdontológICOS. Empresas ou Entida-
9atóflo (exceto no caso de empresas de au· des de Autogestâo de Planos de Saúde e quars-
togestâo e das que oferecem só atenção odon- quer outras pessoas Jurídicas de direito pnva·
tológica) e estabelece regras para coberturas do que ofereçam ou comerClahzem planos de
de âmbito ambulatonal, hospitalar, obstétriCO saúde ou assemelhados, qualquer que seja sua
e odontológiCO (BraSil, 1998). natureza ou denomrnação" Seguro de Saúde,
pelo mesmo documento, é "todo e qualquer
seguro que tenha como objeto a cobertura de
Diferenças entre plano e seguro de eventos dasSlficados no Códrgo Internaaonal
saúde
de Doenças da Organização Mundial da Saúde,
As empresas Que oferecem Seguros de Sati· no lodo ou em parte, e operado por SOCleda·
de - as Seguradoras - sâo fiscalizadas pelo des Seguradoras ..
62 Satide Bucal Coletiva

Organização do subsistema embolso de despesas feitas fora da rede


altemativo de saúde segundo uma escala preestabeleCida de
preços. ~ coordenado pelo ClEFAS - Comi-
Ainda que a contrataçao de um plano de tê de Integração de Enudades Fechadas de
saúde possa ser individual, a síntese a segUir AsSlstêncta à Saúde, que congrega cerca de
se refere de modo fundamental às opções dis· 120 empresas, em sua grande maIOria liga-
ponívels para empresas, associações de fun~ das direta ou indiretamente ao governo
donários, entidades de classe e organizações (Banco do Brasil. Vale do Rio Doce. Banco
em geral que desejam estruturar um sistema Central. Petrobrâs, GEAP ou ex-Patronal, MI-
de atendimento â saúde de seus empregados, ntstérlos, etc), e que concentra a maior
fun<lonânos ou aSSOCiados. parte dos seus esforços na negOCiação de
EXistem basicamente sete modelos de or- tabelas de preços com as enttdades de re-
ganização ou de gestão no subsistema alter· presentação dos profiSSionaiS, dos hospttats,
nativo de saúde em funCionamento no merca- do setor de medicamentos e outras. A ges-
do brasileiro - Autogestão em empresas públi· tão dentro de cada Instituição é feita por
cas; Autogestào no setor privado; Condoml- meio da constituição de uma "Caixa de As-
nlO ou associação de empresas; Cooperativa SIstênCia ã Saúde", "Caixa de PrevidênCIa" ,
médica, Medicina de grupo; Seguro de saude; Fundação especifica para gem benefícios.
Planos de administração -, podendo cada em- AsSOCiação de funCionáriOS ou fica a cargo
presa ou institUIção optar por um deles ou efe- do Departamento de Recursos Humanos ou
tuar uma combinação de dOIS ou maiS (CarneI- de BenefíCIOS (O Que é ClEFAS, 1997).
ro, 1990; Checchla. 1997, Lmk, 1997, MédiO, b) Autogestão no setor privado - SImilar ao
1991,1995; Zevlanl, 1993), A primeira decISão descnto para o setor público, caracterlza·se
se refere à escolha entre uma estrutura própria pela ausênCia de Intermediação lucrativa, de-
que é autogerenclada, ou compra externa de finIção do plano de saúde como um benefi·
serviços No pnmelro caso, é possfvel optar CIO ofereCido pela empresa (não há venda
entre a autogestão de compra de serViços, pro- do plano aos empregados), coberturas e
dução própria, auto-seguro ou por um condo- abrangênCia definidas segundo as possibih
mínio com outras empresas. No segundo caso, dades e as condições da empresa no mer
pode adquirir serviços de cooperatIVas méch- cado. Opera com pré-pagamento ou com
cas, empresas de mediCina de grupo. de segu- pós-pagamento, sendo que neste caso em
ro-saude ou de administração para terceiros. geral o plano se resume a uma intermedia-
Vejamos as características de cada um desses ção para ofertar serviços a preços Infeno-
regimes res aos cobrados no mercado ou, por ex •
a) Autogertão em empresas públicas, com ser- na Tabela de Convênios e Credendamentos
viços próprios ou compra de serviços - é OdontológICOS. Os valores estabelecidos são
um modelo de administração Interna da pró- pagos pelo empregado posteriormente via
pria empresa destinado à proteção exclusi- descontos na folha de saláriOS. O orgaOls-
va dos seus funcionânos/empregados sem mo representante é a Associação BraSileira
visar lucro lendo apenas despesas de ad- dos Serviços AsSistenCiais de Saúde Próprios
ministração dos planos, em geral apresen- de Empresas - Abraspe. à qual são ligadas
ta custos inferiores ao das demaiS modali- as Asaspes que funCionam nOS estados (Car·
dades privadas. Opera com uma rede nelro. 1990; lInk, 1997).
credenCiada de profiSSionais, clinICas. hos- c) Condomínio ou associação de empresas -
pitaiS, ou por meio de serviços próprios com aplica-se em duas situações: a primeira qua-
pessoal assalariado, podendo realizar o re- se sempre para empresas de porte peque-
Financiamenro e Organização 63

no ou médio, com número reduzido de em- Outras cooperativas formadas par médicos
pregados, que formam uma espécie de con- sem fazer parte das Unimeds são menos
SÓrciO para tornar viável o autogerencia- representativas. Este regime no campo da
menta dos planos de saúde , com uma ad- odontologia é operado pelas Cooperativas
ministração independente que serve a to- de Trabalho OdontológiCO - Unlodonto
H
dos os "condômlnos sem visar lucro como
, (Datla Coletta et aI. , 1988).
no caso do modelo de autogestão; a segun- e) Medicina d e Grupo - é a modalidade que
da acontece por via institucional, com va- corresponde, no Brasil, às Heafth Mainte-
MS empresas recolhendo contribuições para nance Organization - HMO - norte-ameri·
custear uma entidade especificamente en- canas (Vide deSCrIção ao final deste capítu-
carregada de prestar serviços de caráter lo), tendo Sido pioneira no campo da assls·
social a seus empregados, como é o caso tênCla mêdica alternatIVa ao Implantar a pr ~
do Serviço Social da Indústria - Sesi, do meira empresa em 1956 com a pollclimca
Serviço Social do Comérbo - Sesc, do Ser- Central na região do ABC paulista (Checchla,
ViÇO SOCIal da Construção Civil - Seconcl, 1997, Abramge, 1996). Admite uma varie-
do Serviço Social da Indústria de Papel. Pa- dade de planos, mas em geral opera convê-
pelão e Cortiça do Estado de São Paula - niOS grupais via pré-pagamento com rede
Sepaco_ credenciada. Ainda aSSim, é cada vez mais
d) Cooperativas M édicas - são organizações comum a utilização de rede própria com
constituídas por médicos que além de co- profissionais sob contrato . Para satisfazer
proprietários ou cooperados, prestam ser- fatias de mercado compostas por executl·
ViÇOS, sendo remunerados na proporção dos vos de mais alta renda, as Empresas de Me·
atos que realizam . AdemaiS desta remune- diclna de Grupo - EMGs - que em 1997
ração, partiCipam dos resultados contablli- somavam mais de 550 no país, passaram a
zados ao final de cada ano, quando a as- implementar o atendimento com livre es·
sembléia geral dos cooperados deCide so- colha total, mas na grande maiOria dos
bre a destinação das sobras que podem ser contratos há o direCionamento da cliente-
reinvestidas no mercado de capItais, alimen- la para a rede credenciada ou própria . Es·
tar a própria organização ou transformar- tudo da consultora Towers Pemn (1996)
se em pagamento adiCionai de acordo com dlvlde-as em duas categorias: as que poso
O trabalho de cada um_ Operam habitual- suem estrutura prôprla com médicos em·
mente via direcionamento de clientela ou por pregados (exemplos: Interclinicas, Amico)
livre escolha dlflglda para a rede creden- e as que atuam via rede credenciada, como
CIada , mas cada vez mais tem lançado mão a Golden Cross, Amil, Blue llfe. Parte das
de unidades hospitalares e de pronto aten- empresas atua de forma Independente e
dimento próprias na tentatIVa de reduZIr cus- parte esta representada pela Abramge -
tos Por vezes trabalham no regime de cus- Associação Brasileira de Medicina de Gru-
to operaCional, cobrindo despesas médicas po. No conjunto, esta é a modalidade que
e hospitalares realmente pagas, acreSCidas detém o maior número de clientes. com
de uma taxa de administração_ Não utili- forte concentração em São Paulo.
zam a alternativa de livre escolha com re- f) Seguro-Saúde - a livre escolha total é con-
embolso. A Confederação NaCIonal das Um.. dUrão Inerente âs apãlices de seguro de saú-
meds reúne as Federações estaduaiS. que de, por determinação legal Quando come-
por sua vez nueleiam as "Unimeds Singula- çaram a atuar no Brasil, em 1976, estavam
res" ou "de Primeiro Grau" que em 1997 restritas a planos de reembolso a despesas
chegavam a cerca de 320 em todo o pais. assumidas com base na livre escolha total
64 Saüde Bucal ColeTIVa

do cliente, cobrindo o grande riSCO (exem- prestador Da mesma forma ê possível con-
plo ~ a seguradora Generalli), mas agora tratar ou ter planos próprios
cada vez méUS trabalham com redes creden· Para 219 empresas anahsadas em 97, fo ·
cladas para as quais procuram dirigir os ram reportados 469 planos sendo 267 sem
atendImentos, sempre na tentatrva de di- livre escolha com custo médiO per caplta de
minuir despesas, e com o pequeno e mé- RS 95,00; 151 mistos com custo médio de
dio nscos (exemplos: 8radesco, Sul Amen- RS 209,OOper caplta e por último 51 com livre
ca, ügna) As seguradoras são represen· escolha e o custo médiO indIVIduai mais eleva
tadas pela Fenaseg - Federação Nacional do, de RS 345,00. A partiCipação dos empre-
das Empresas de Seguros Prrvados e de Ca· gados nos custos, na média de todos os pIa-
pltallzação No mercado global de seguros, nos, fOI de 59%.
o ramo " saúde" e o que apresenta maIor A modalidade aSSIstenCIal, de acordo com
creSCimento, passando de 3% do total de Checchla (1997), pode ser de livre escolha to-
prêmios arrecadados em 1985, para 15,3% tal, livre escolha dirigida, direCIonada e refe-
em 1995 (Checchla, 1997). renCIada
g) Planos de Administração - a diferença a) Na livre es<olha total Ocliente vai ao profis-
com os planos de autogestão está em que a
Sional ou clinlca/lnstltulção assistenCial/
neste caso a administração ê feita por uma hospitalar que melhor lhe aprouver, efetua
terceira empresa, espeCificamente contra· o pagamento direto e depOIS e reembolsa-
tada para este fim. Esta pode ser paga, por do mediante apresentação do respectIvo re-
parte da orgamzação contratante ou patro- cibo.
Cinadora, segundo um valor per caplta ou b) Na livre escolha dirigida hã uma rede à sua
por um percentual InCidente sobre as fatu- dISpoSiÇão, obViamente cobrando cUStos
ras emitidas. algo inferiores aos pratICados pela linha top
Os estudos de mercado desenvolVidos pela de mercado, com IdêntICO mecanismo de
Mercer (1996; 1997), empresa de consultoria reembolso
em saúde, seguem uma tríplice estratifICação; c) Na forma direcionada , o cliente deve des-
- Planos Sem üvre Escolha , que podem ser locar-se até a sede ou ponto de atendimen-
contratados com seguradora ou mediana to da empresa para receber uma guia ou
de grupo com base em uma relação de cre- senha para apresentar ao prestador de ser-
denCiados, ou podem ser planos próprios ViÇOS, o que funaona como mecanismo de
auto-segurados administrados pela própna redução de custos mas desagrada pelo com-
empresa ou por terceiros funCionando com ponente burocrâtlco que encerra. Não hã
credenciados e as vezes rede próprra; pagamento dIreto, poIS o prestador recebe
- Planos de Uvre Escolha , com opção para do admInIstrador do plano de saúde me-
reembolso sem qualquer restrrção, contra- diante apresentação de fatura ou de for-
tação com seguradora ou mediCina de gru- mulãrio apropriado. Casos complexos, de
po e, por último, os planos própnos auto- maiS alto custo ou exames de complemen-
segurados Igualmente podendo ser admI- tação dlagnóstlca costumam requerer au-
nistrados pela empresa ou por terceiros; torizações adiCionais
- Planos Mistos, com possibilidade de op- d) Por último, o referenciamento fundamen·
tar por serviços de livre preferência do dlen- ta-se na eXistência de uma tabela de pre-
te mediante reembolso em alguns casos cal- ços, maIs redUZida que a praticada no mer-
rulado sobre uma tabela de valores, ou por cado (em geral também menor que as da
uma relação de credenciados que pode ser ABO e AMB), â qual o partiCIpante do pIa-
utilizada sem desembolso IniCiai drreto ao no tem acesso desde que efetue o paga-
Financiamento e Oryamzaç.io 6S

mento direto dos serviços ao prestador. Na mias ou das despesas de tratamento sejam
verdade, Isto só funciona para serviços de dIVididos entre patrões e empregados
menor complexidade e baixo preço, sendo
prOibitIVo deVido ao custo para casos que Há quatro tipos de planos médicos sen-
requerem alta tecnologia ou hospitalização do ofereCIdos no mercado : Básico. com inter-
prolongada ou em UTI (Unidade de Trata- nação em enfermaria e acesso à rede creden-
mento IntensIvo). ciada básica; Intermediário, com Internação
em quarto coletivo de dois ou três Jeitos mais
Quando o riSCO é assumido pela instituição rede credenciada básica; Superior, permitin-
médica, pelo prestador de serviços ou pela se- do internação em apartamento privativo e di-
gu radora, diz-se que o financiamento é do reito a acompanhante mais acesso â rede cre-
tipo " segurado", tornando-se "auto-segurado" denciada diferenciada, Executivo. IdêntiCO ao
quando o risco cabe â empresa ou ao Indivi- antenor mais a disponibilidade de recursos top
duo contratante dos serviços. de mercado (Towers Perfln, 1997).
Nos planos coletivos de saúde, tlplcos das A cobertura total estimada via subSistema
empresas de médio e grande porte, há três alternativo de saúde na área mé(hca saltou de
possibilidades ou modelos de custeio: cerca de 31 milhões em 1991 para 43 ,5 ml'
Ihões de pessoas em 1997, neste caso com a
a) "contributivo" quando os funCionários ou estratificação mostrada no gráfICO 3.5 .
empregados assumem todas as despesas; A força do setor pode ser Vislumbrada por
b) " não contributivo" no caso de que o cus- meio de três informações relevantes. as despe-
teio caiba somente aos empresáriOS; sas com propaganda, o aumento de gastos pela
c) "participativo" sempre que o valor dos prê- população (vide Tab. 3-1 ) e o peso sobre a fo-

GRÁFICO 3.5
DIVISA0 DO MERéADO DE ASSIST~NCIA M~DICA
ALTERNATIVA NO BRASIL: COBERTURA
POPULACIONAL POR MODALIDADE ASSISTENCIAL,
1997

COBERTURA
(milhões)
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66 Saüde Bucal CoIe f/Va

lha de salários das despesas com planos e se- geral referente à área administrativa, não
gura~ de saúde. pode ser repassada, então ela precisa ser
Checchla (1997) citando dados colhidos assumida pela empresa para Que o sistema
pelo "NieJs@n tns-tituto de Pesquisa" Informa continue a funCionar (MêdlCI, 1991, Checo
Que o total de Investimentos publicitárioS chia, 1997; AndreaUl, 1990) Cabe consi·
efetuados na categoria "assistência médica" so- derar, por fim, que este ê um fenômeno
mou R$ 54,45 milhões em 1992, R$ 53,62 que acontece fundamentalmente no meio
milhões em 1993, R$ 75,68 milhões em 1994 do grande capital, ou seja, como uma es·
e R$ 71,26 milhões em 1995. Os maloresanun- tratêgla de mercado utLllzada por empre-
Clantes nesses quatro anos foram a Amil, Um- sas de médiO e grande porte nas ãreas eco-
med, Golden erass e Unlcor, responsablllzan- nomicamente mais desenvolvidas do pais
do-se em conjunto por cerca de 70% de todos O avanço ou o recuo das coberturas se dá
os gastos em anúncIos pela mídia naCIonal. maiS em função das condiçôes de competi·
Em 1997, para 212 empresas de médio e tivldade no mercado do que por motivos
grande porte, o estudo da Mercer (1997) reve- ligados às condições de saüde e às necessi·
la que "o valor médio das despesas com assls, dades de tratamento da população traba·
a
tência saúde (indu I aSSistênCia médica, odon- Ihadora Nâo obstante, nos ültlmos anos
tológica e farmacêutica) atinge cerca de 8% cada vez mais este processo tem se esten·
do valor da folha de pagamento, sem encaro dldo a empresas de menor porte, numa res·
H
gos, das empresas partlclpantes No ano ano
• posta que se deve em boa parte a estraté-
tenor, com 242 empresas, o comprometlmen· gias de expansão das empresas de planos
to da folha nesse item foi de 5,95% (Mercer, de saúde. Trabalhadores do setor Informal
1996) Estudo Similar da consultora Towers da economia e das empresas menores, as·
Perfln (1 997), sem conSiderar gastos em Odon· sim como seus familIares permanecem ex·
tologia, com 303 empresas também de médiO clusivamente ligados ao setor público repre-
e grande porte chegou a um padrão entre 6 e sentado pelo SUS.
6,5%. Em Qualquer hipótese, trata-se de um
volume mUito slgmficatlvo de recursos envolVI' 3.6.4 Planos e seguros em
dos com aSSistênCia à saúde de funcionários e saúde bucal
empregados, observando-se de acordo com a
Mercer (1997) uma tendência ao aumento nos Mauro Antunes
valores investidos de aproximadamente 14%
ao ano; sendo que de 1996 para 1997 houve o processo de rápidas transformações a Que
uma alta próxima a 20% na média para todos estão sujeitas as sociedades atuais se reflete de
05 tipOS de planos, acompanhada de um cres· maneira direta no mercado odontológiCO de um
cimento na partiCipação dos empregados no pais como o BraSil, afetando tanto os profiSSIO-
custeio da ordem de 17%. nais da ârea quanto a dlentela e a populaçâo
05 investimentos das empresas com planos como um todo.
e seguros de saúde costumam ser transferidos De um lado, a categoria profissional procu-
para a SOCiedade como um todo por duas vias: ra adaptar·se - mesmo Que dispondo de es·
a) aumento dos preços, quando os dispêndiOS cassas Informações teóricas e prâtlCas a esse
N
são considerados como um componente resperto - aos contínuos novos merc:ados Que
N

operaCional, embutidos na estrutura de cus· se desenvolvem e tendem a substituir os mo-


tos de cada produto; delos tradiCIonaiS (que atê entâo unham êXitO,
b) abatimento no imposto de renda a pagar. mas agora começam a não funCionar) com
Quando uma parcela das despesas, em velocidade cada vez maior.
Financiamenro e Organtzação 67

De outro lado os IndIViduas, em número c} seguradora odontológica, atuando no regI-


progressivamente maior, inclusIVe nos grupos me de oferta de serviços por reembolso de
de renda mêcila e mêdia-alta residentes nas lo- despesas com livre escolha elou com ga-
calidades com maior den5jdade demográfica, rantta de determinada cobertura Junto a pro-
começam a deter mais Informações e a eXigir fiSSIonaIS credenClados_
serviços odontológicos de boa quahdade a cus·
tos acessívels _ Um plano ou seguro de saúde odontológICO
A mudança na situação epidemiológICa, deve atender as segUIntes eXigênCIas mínImas
com redução na inCIdência da cárie dental em de acordo com a legislação brasileira de 1998
crianças e Jovens, aos poucos começa a produ· cobertura de consultas e exames auxiliares ou
Zlr uma crença e uma predlsposlçâo favorável complementares, solicitados pelo odontólogo
- mudança de cultura - em relação aos servI- aSSistente, cobertura de procedimentos preven-
ços preventivos em saúde bucal. contrastando tIVOS de dentistica e endodontta, cobertura de
com o espfrtto fatalista até aqUi predominante, CIrurgias orais menores, assim conSideradas as
pelo qual a perda dos dentes naturais e a colo- realtzadas em ambiente ambulatOrial e sem
cação de próteses se constitUiriam em ocorrên- anestesia geral (BraSil, 1998).
CIas Quase que lnevltãvels na VIda de cada um. É comum a adoção de planos que apenas
Entre os adultos. histOricamente existe um dão o direIto de acesso a serviÇOS por uma ta-
grande volume de necessidades não atendidas bela de preços reduzidos. correspondendo à
de tratamento odontológICO. o que se explica "modalidade aSSistenCIal referenoada" refen-
em parte pelo fato de que a malona dos brasl· da por Checchla (1997). O pagamento nesta
lelros não tem rendimentos suficientes que SItuação é feito por ato ou posteriormente me-
permItam fazer frente aos preços cobrados nas diante a concessão de prazo ou parcelamento
clínicas particulares estruturadas dentro do IneXIstindo poupança previa. ou seja, um pre-
modelo liberai clássICO (entendimento dlfeto pagamento, serviços mais complexos se tornam
quanto a serviços e honorários entre profissIo- protbrtivos ou são menos utilizados por parte
nal e pacIente) de quem ganha salários baIXOS ou médios (C~
Nesse contexto. não é de surpreender o nheça novo sistema. 1997).
ativo creSCImento da fatia de mercado corres· Uma mesma empresa de aSSistênCIa odon-
pondente as clinICas e empresas que oferecem tológIca pode utilizar maIs de uma modalidade
planos e seguros de saúde bucal Sem qual· ao mesmo tempo. No caso de planos de sau
Quer expressão ate meados da decada de 80, de, estes podem ser contratados por uma em-
o subsetor dos planos de saúde bucal no BraSil presa ou por entidades que representem os fun-
chega ao fmal do secura com cerca de trezen· CIonários da empresa (pessoa juridica), e indi-
tas empresas e cerca de sete mIlhões de dien· Vidualmente ou por grupo de profissionaIS em
teso em franca expansão. prátICa grupal, familiar ou aSSOCIada (pessoa
As prinCipaIS modalidades de organização fislCa).
são conheCidas como: Embora planos individuais sejam aceitos
a) odontologia de grupo, oferecendo serviÇOS (com preços mais elevados), contratos coletI-
com base em rede própria Junto com rede vos envolvendo o conjunto dos trabalhadores,
de consultÓriOS credenciados; funcionários ou executivos de uma fIrma ou
b) cooperativa odontológica centrada nos pr0- InstitUição, constituem a regra geral A empre-
fiSSIonaIS cooperados e estruturada segun- sa contratante dos serviços paga â empresa
do a regulamentação prevista para este SIS- odontológICa por serviço prestado, ou seja, por
tema (Dalla Coletta et aI , 1988, Umodonto, ato; per capita com pré--pagamento; ou em
1997); regIme de pós-pagamento, segUIndo uma ta-
68 S"Vde Bucal Coletiva

bela Que Quase sempre inclui os custos de ad- cedimentos curatIVOs báSICOS ou de média com-
mlnlstraçao. plexidade (ampliação das coberturas) a preços
competitivos notadamente para contratos co-
A cobertura pode ser classificada em:
letiVOS, ou sela, firmados com grupos de pes-
a) Baslea abrange! os procedimentos tradiCIo- soas.
nais de diagnóstico, prevenção, educação Existem vánas alternativas quanto ã forma
em saúde, dentístlCa, Cirurgias menores e de oferta e de contratação de serviços, caben-
perlodontla báSica; do a cada profiSSional ou empresa definer a que
b) Intermediária - Inclui todos os procec!1men· melhor se coaduna com as característICas de
tos aCima mais endodontia, cirurgias de sua clientela potenCIal ou efetrva As prinCipaiS
gengiva; poSSibilidades são:
c) Superior - todos os mencIOnados nas cate-
• EllmlOação das necessidades acumuladas de
gOrias precedentes mais prótese e orto-
tratamento, em geral com cobrança por ato
dontla
ou por abrangênCia de cobertura báSica, e
As coberturas podem ser alteradas de acor-
desenvolvimento de ações preventIVas pro-
do com o número de pessoas consideradas ou,
gramadas com remuneração por capltação
ainda, por solicitação da empresa ou serviço
Este e o fundamento de sistemas naCionaiS
contratante.
como os adotados ptlmelfO na Holanda e
logo no Reino Unido e em diversos países
Modelo de plano baseado na fmplan· europeus, nos quais pessoas odontologlca-
taçiio de sistema preventivo
mente sadias têm o direito de comparecer
O desenvolvimento de planos odontológICOS com regularidade ao consultóriO para rece-
voltados para a promoção da saúde e para a ber 05 CUIdados necessáflos com finanCia-
prevenção <.omeçou a prosperar no Brasil na mento geral pelo sistema de previdênCIa
últIma década do século com a estruturação SOCial ou por planos e seguros prIVados. O
de clinicas voltadas para a manutenção da "Cartáo de Saúde Bucal" sugendo no subtí·
saúde nas prinCIpais capitaiS, O uso da preven· tulo 4.2.2 (relattvo à atenção de crianças e
ção como estratégia de markering é costumei· adolescentes) tem Sido utilizado por parte
ra no setor mas nesta condição poucas vezes de serviços públicos e privados com suces·
COinCide com melhOrias efetivas nas condições so. Pode tambem ser firmado um "contra-
de saúde bucal dos paCientes. to de plano de prevenção odontolôglCa pro-
No caso do modelo aqui descrito como gramada" pelo qual o paaente se compro-
exemplo, a essênCia do trabalho está na poSSI- mete a comparecer ao consultórIO em 10·
bilidade concreta de evitar o aparecimento de tervalos estabeleodos segundo seu grau de
alterações patológicas da saúde bucal, mor- riSCO a fim de receber Instruções de caráter
mente em termos de canes e doenças penodon- educativo, CUidados preventIVos e, se ne-
taiS, por meio da aplicação de um conjunto de cessáno, atenção curativa baslCa Nesses
medidas preventivas com periodICidade tal que contratos (ê possível firmá-los em bases
se adapte às neceSSidades do paCiente e às ca- coletivas, definindo o fiSCO para cada indivi-
racterísticas etiológicas e de evolução dos pro- duo a partIr do exame IniCiai - porta de
blemas. entrada - ou para todo Ogrupo quando hã
O emprego de pessoal de nível téCniCO em Informações epIdemiológicas confiáveiS dl5-
larga escala e a ênfase na adoção de auto- ponivels), que têm valor legal, o unlco pa-
cuidados de saúde por parte de cada chente gamento previsto é um per capita mensal;
permite uma redução de custos de produção a duração Quase sempre é de um ano com
de tal monta que POSSibilita a IOclusão de pro- renovações ou prorrogações automátICas
Rnanaamf.'nto f' Organização 69

desde que nenhuma das partes se manlfes- em geral igualmente com regularidade de-
le em contrário; os retornos podem variar pendente do riSCO IndiViduai São ofereCI-
de dOIs ao ano para o baixo risco até qua- dos planos diferenciados, como mostra a
tro a seis para o alto risco_ Para a clínica tabela 3-2. O compromisso de retorno re-
odontológica, está implicito o interesse em gular pode ser estabeleCido em comum
que os retornos aconteçam, dentro do prin- acordo com o responsável pelo grupo ou
cípiO de que representam economias de por meiO de um contrato similar ao expos-
gastos de tratamento clínico. to no item anterior.
• Inclusão de coberturas de nivel interme- • Oferta de procedimentos mediante tabela
diáriO ou superior com acréSCImos corres- de preços diferenciada, na qual as ações pre-
pondentes de custos segundo a escolha ventivas e de promoção da saúde podem en-
da clientela envolvida, assegurando servi- trar como parte de um pacote minlmo de
ços preventivos e de promoção da saúde consumo de serviços, sendo os serviÇOS res-

Tabela 3-2
Procedimentos odontológicos e custo percapita mensal segundo o tipo de plano de
saúde bucal-

Procedimento Plano e custo mensal

DENTAL I DENTAL 11 DENTAL 111 INDIVIDUAL


RS 13,00 RS 14,50 RS 21,00 RS 24,00

Emergenclas SIM SIM SIM SIM


Consultas SIM SIM SIM SIM
Prescrição de medicamentos SIM SIM SIM SIM
Exames clínlc~ penóc:l!cos SIM SIM SIM SIM
Radiografias' • SIM SIM SIM SIM
Intervenções dímcas SIM SIM SIM SIM
Exodornlas SIM SIM SIM SIM
Dentlstena " · • SIM SIM SIM SIM
Intervenções Clrúrgicas SIM SIM SIM SIM
Odontopedlatna SIM SIM SIM SIM
Perlodontla SIM SIM SIM SIM
Prevenção SIM SIM SIM SIM
Endodontia SIM SIM SIM SIM
(antenores) (ate pré-molar) (todos) (antenores)
Odontologia Cosmética ' " SIM SIM
Ortodontla (aparelhol SIM
manutenção)"' •
Prótese SIM
(cobertura parcial)

P'eço~ e planos praticados em 1998, 5~o I'iII.lIf) (Pr~t Care. 1998) ProcedlffienlO~ não cobertos em qualquer pI-iIllO
podem seI OIçados com tabela de custos reduZIdos H.i uma l;ibefa de reembolso para ~VlÇOS cobertO$ na opção de
hvre escolha (modalidade seguro) U5J , .. RS 1,20.
RaIO X pe"a~l, tnlerprOXUTlal e ocIusal
" •• Oen\lSlena rnclUl rl"itauriKi~ prCM5Ónas, 100000mento e capeamenlO, amãlgama e resina compos1a todas as classes.
re$lna fOlOpolrmertlâvel c1a5Se5 111 a V, IOnÕmero de VIdro Odontologlii cosmétJc.a IOdUl fe51na fotopOlllnenUivel nas
dasm I e II e face las Onooonua limItada a manlenedores de espaço. placa labial allva. dlSjuntor palatrno. qui!d,,·MllCe,
grade palatr~ m6~, coloca~áo e mantJtenç~o de aparelho ~I e lixo. placa de H.JWll'1 e placa de mordida
70 SaUde Bucal CoIetrva

tantes OU adICionaiS ofertados com faalida- dores, e a prevenção das enfennldades bucaiS.
des de pagamento e finanoamento direto No momento, a ênfase se encontra em não
aos usuários do plano_ Da mesma forma. as separar a saúde bucal da saúde geral do indiví-
ações nao cobertas pelo plano. duo, considerando a grande ImportãnCla que
a saúde bucal tem na quahdade de Vida dos
seres humanos. Não obstante, e apesar dos
avanços na compreensão dos verdadeiros ob-
3.7 A assistência Jetivos da saúde bucal, a malOfla dos sistemas
odontológica na Europa de aSSistência odontológica continua apresen-
tando um enfoque predominantemente cura-
Carolina Manau Navarro tivo e tecnolôglCo, que responde de forma
mUito pardal às neceSSidades reais da popula
3.7.1 Introdução ção (Gift o, aI.. 1997).
Num sentido mais amplo, a organIZação do
Um sistema de assistência odontológica é sistema de assistênCia odontológica não se li·
um conjunto de elementos Integrados por re- mlta à prática pura do tratamento odontorôglco
cursos humanos e financeiros que atuam den- e sua regulamentaç~o, mas também InclUI inI-
tro de uma organização estruturada. regulada CiatIVas em nivel comUOltano como a Implemen-
pelo esquema de política sanitária de um pafs. tação de atividades relacionadas com a propa-
com o obJetiVO de atender às necessidades de ganda e o consumo de produtos açucarados,
tratamento odontolôglco da população e com a normatização do uso do tabaco, a rotulagem
a finalidade última de promover a saúde e preve- dos ahmentos, a Introdução e o controle dos
nir a enfermidade bucal da comunidade a que produtos farmacêutiCOS relaCionados com a
pertence Neste contexto, o sistema de aSSls- prevenção das enfermidades bucaiS, a politlca
tênaa odontolôglca deve melhorar a qualida- de educação para a saúde nas escolas, o enfo-
de de Vida da população por meio da pesqui- que do cUfflculum das faculdades de odonto-
sa, onentação. fornecimento de serviços e pela logia, a fluoretação da água de abasteomen-
promoção de ações preventivas to, etc. Nesse contexto, médiCOS, nutrloonlstas,
O sistema de assistênCia odontolôglca está professores de escola prlmána. profiSSionais li-
em Interação com a sociedade que fornece 05 gados ao amblentahsmo, professores unlverSI'
recursos e recebe 05 produtos que o sistema tários, farmacêutiCOS e outros, seriam parte do
produz além de processar, por intermédio de sistema de assistênCia odontolôglCa, alem, e
sua organização, os recursos que lhe sâo ou- claro, dos profiSSIonaiS da odontologia e dos
torgados (Andersen et aI., 1995). administradores dos SIstemas de atendimento
É evidente que a definIÇão de sistema de odontolôglco (Gift et aI., 1997). O papel que
assistência odontolôglca que se tem utilizado todos os profiSSionais menoonados podem de-
responde a um Ideal do que deveria ser Entre- senvolver na promoção da saúde bucal da p0-
tanto, nem todos os paises têm os obJetiVOs pulação, por meio das atividades prôpnas
de saúde bucal nitidamente definidos, ou um de seu campo de atuação é evidente e, poSSI-
sistema odontológico organizado e, Inclusive, velmente, maior em seu conjunto que a Influên·
quando 05 têm. não eXiste uma correspondên- cla estrita que tem a prOVisão do tratamento
cia entre eles. Os obJetiVOs de saúde bucal têm da enfermidade bucal eXistente. Entretanto.
evoluído nas SOCiedades desenvolvidas desde para 05 efeitos deste capítulo, focalizaremos
o simples alivio da dor até a reposição dos den- de modo concreto os obJetlYOs, a organização
tes perdidos, a conservação dos dentes me- e os recursos relaCionados com o tratamento
diante procedimentos restauradores e reabilita· odontolõglco
Finaooamenro e Organaaçao 71

Objetivos dos sistemas assistenciais dontJas nas zonas rurais Os paises de regime
em odontologia comunista, onde a odontologia prrvada quase
não existe e a provisão do tratamento está a
Os obJetivos dos sistemas de assistência
cargo do estado, Irão habilrtar clinicas estatais,
odontol6gica vanam muito de uma sooedade
dlStrrbuídas de forma eqüitattva, onde o trata·
para outra, e podem oscilar desde a preven·
menta odontológico será administrado .li p0-
ção da enfermidade futura até o tratamento
pulação. Todos esses são exemplos de como a
da enfermidade eXistente ou o controle da dor poHtlca e os obJetiVOs sanitários nacionaiS in·
e das urgências odontológicas. A amplitude
fluenclam a organrzação e os recursos destina-
destes objetiVOs está em função da responsa·
dos aos Sistemas de atendimento odontológICO.
bllldade que o setor público assume sobre a
saúde bucal da população.
A responsabilidade do setor público é, por Organização dos sistemas
sua vez, dependente de vários fatores Por exem-
plo, eXIstem sociedades como a norte-americana A organrzação descreve O que o sistema de
cUIas características culturaiS de IndMduahsmo atendimento faz com os recursos, quer dizer,
e independênCia fazem com que a Interferên· a forma como os profiSSionais e as instalações
cia do setor púbhco não seja apreciada No caso odontolôglcas estão coordenados e controla·
dos pafses socializados, pelo contrário, a saú' dos no processo da provisão do tratamento.
de bucal é considerada um direito do IndIVIduo Dentro da organização se Incluem elementos
que deve ser garantido pelo estado. Outro fa· tais como a elegibilidade dos pacientes poten·
tor de indubnávellnfluência é a economia de ClalS, a estrutura do Sistema e o processo de
cada país que irá determinar o grau de alcance Interação entre os pacientes e o Sistema (Ander·
dos objetiVOs. A cultura e a percepção no to- sen et aI.. 1995; Glft et ai., 1997),
cante à importância da saúde bucal também Entende-se por elegibilidade as condições que
são determinantes, uma vez que, em mUitos o paciente deve cumprir. ou as barrerras que
casos, os objetIVOS dos governos se baseiam deve ultrapassar, para obter acesso ao slste·
nas demandas dos cidadãos Se a saúde bucal ma Isto tem um signrficado mu rto amplo que
é um assunto de baixa prioridade para a popu· depende dos diferentes sistemas, e Inclui con·
lação, dificilmente o setor púbhco Irá estabele- dlções tais como: possUir ou não um seguro
cer objetiVOs amplos e custosos em termos de odontológiCO, dispor ou nâo de dlnherro para
financiamento e provisão de recursos para O pagar, ter O tipo de necessidade de tratamen-
tratamento odontológico. to que o sistema pode cobm, a eXistência de
Os obJetiVOS de um pais para a pclluca sanl- meios de transporte para chegar às Instala·
tafla em geral, e para a saúde bucal, em parti- ções onde os tratamentos são administrados,
cular, determinam quais serão os grupos priori· etc.
tarios, que tipos de tratamento serão efetua· A estrutura dos sistemas de atendimento
dos, quem admmlstrara os tratamentos e onde refere-se às características dos fornecedores,
serão administrados. Em geral. quando o obJe-- às Instalações onde a assistênCia é prestada, e
tlVO é a prevenção da enfermidade o grupo ao grau de centrahzação da coordenação e
pflofltãrro costuma ser o das wanças. Se o obJe- controle daqueles. A estrutura mais comum
tIVO é tratar a enfermidade eXistente, os trata· para a provISão do tratamento odontolôglco é
mentos prrmordlals serão os conservadores e o consultôno odontológico independente, com
reabllttadores. Nos países em desenvolvlmen· um ou mais Clfurglões-dentistas, seguida pe-
to o obJetIVO pode ser apenas o alíviO da dor, e los consultónos odontoJóglcas públicos ou co-
pessoal com formação odontológica de nível munitános. Existem também policlínicas e ser·
médio pode ser tremado para realizar exo- ViÇOS hospitalares de espeCialistas ou para ca·
72 SaUde Bucal Coletiva

sos Que necessItem cUIdados especiaIs. OS for· O modo de remuneração destes (por procedi'
necedores da assIstência odontológica costu· mento odontológICO e preço hvre. por pro-
mam ser o odontólogo e o técnICO de higiene cedImento odontológICO e lista de preços pre-
dental, com a colaboração dos atendentes e estabeleada, por saláno, por pagamento men-
auxiliares. Em alguns sistemas eXistem os tera· sal fixo), o pagamento direto pelo padente ou
peutas odontológiCOS, Que estão autorizados por intermédio de terceiros. a partICIpação do
a fazer determinados tratamentos. paCIente no custo do tratamento. a hvre esco-
No que diz respeito ao grau de controle e lha do orurg.ã<H:fentlsta pelo paciente e VICe-
coordenação estatal. pode variar desde uma versa. e a utihzação de técnICOS de hIgiene den·
completll centrahzação da organização. com tal (que costuma ser conSIderada como uma ma-
Instlllações prõpnêls do estado. pessoal assala· nifestação do enfoque preventIVO do SIstema)
nado e obJetIVOS pré-flXados, até a sua desestru- (ArnljOt et ai. 1985; Grft etal. 1997. OMS 1986).
turaç3o. com exlstencia unicamente de prátI- Nenhum pais possui um sistema únIco de
ca privada. sem coordenação estatal, eXIstin- atendimento odontológico. mas em geral eXls·
do toda uma gama de variações entre esses te um sIstema rredomlOante que coexIste com
limites O mais freqüente são os modelos mls· outros que prevalecem em menor grau
tos, onde, por exemplo, o tratamento das cnan· Antes da deSCrição dos modelos báSICOS de
ças está organizado. enquanto que o dos adul· atendimento odontológico na Europa, é precI-
tos é livre; ou eXistem climcas odontológICas so anahsar dOIS pontos com maior CUIdado: a)
púbhcas em áreas pouco povoadas e dlffcil aceso o que são os grupos prioritános e as diferentes
so. enquanto que o restante da população é opções que estão sendo feitas em vários pai-
atendido nas clínicas particulares. ses, de acordo com os obJetIVOS polítICOS na-
CIonaIS e de saúde pública; b} quais são os fa-
tores que determinam a utthzação dos servi·
3 .7 .2 Sistemas básicos de ços odontológiCOS
atendimento odontológico
na Europa
Grupos prioritérios

As principais características pelas quais são A escolha de grupos prioritáriOS como re-
definidos os diferentes tipoS de sistemas são ceptores de programas especiais de aSSistên-
os mecanIsmos de finanCiamento e prOVIsão. Cia odontológica é uma IniCiativa de cada esta-
A partir desta base, dassificam-se os sistemas do. que responde aos Interesses polítICOS. a
de atendImento odontológiCO em prrvados, de orientação geral do sistema de saúde pública.
prevIdênCia SOCial e estataIs (OMS 1986). HOJe a problemas urgentes de saúde bucal e a IdeaiS
na Europa é maIs COrreto falar-se de sIstema de Igualdade.
de finanCIamento e provisão privados (sistemas O grupo pnornáno maIs freqüentemente
prIVados). sIstemas de financiamento públiCO selecionado em quase todos os países é o das
(preVidênCia SOCIal ou Impostos geraIs) e provI- crianças e os adolescentes . Em geral, ISSO ê de-
são majoritariamente privada, e antIgos Siste- VIdo à presunção de que a prevenção da enfer-
mas de finanCiamento e provisão estatal (sis- midade e o tratamento nas idades jovens re-
temas estatais). percutirá em níveiS melhores de saúde da po-
A caracterlstica maIs comum utilizada para pulação no futuro. Em alguns paises, a assls-
a diferenciação entre sistemas é a ex.st@nCla tencia odontológica para este grupo etárIO está
de grupos prionlátlos. Outras partIcularidades subvendonada pelo estado, mas a decisão de
de .nteresse Induem: o lugar de trabalho dos utlhzar os serviços depende dos paIS Entretan-
profiSSIonais (clinicas partIculares ou públicas). to, tem sido observado que, mesmo quando o
FinafKJamento e Orgamzação 73

atendimento odontológico é gratuito, existem dem ser: econômicas, culturais, geográficas


diferenças consideráveis entre as cnanças que ou fislcas Há países nos quais se conSidera
pertencem a diferentes níveis socioeconômlCos como grupo prlontárlo as pessoas de baixa
no que se refere à cobertura de necessidades renda, os Imigrantes ou grupos raciais mino·
de tratamento. Por ISSO, alguns países possuem rltários, os grupos populaCionais que vivem
um sistema escolar de assistência odontológica, em zonas de dlficil acesso geográfico ou pou·
onde são oferecidos tratamentos preventivos co habitadas, os presos, os idosos ou os defl'
e curativos a todas as crianças escolarizadas, Cientes mentais.
eliminando, aSSim, as barreiras culturais e as· Em alguns casos, a escolha de grupos pno-
segurando-se a igualdade no direito à saúde rltarlOS se dá em função de obJetiVOS polítiCOS
bucal para este grupo populacional. Outro alheios à saúde ou ao principiO de Igualdade,
motivo para escolher as crianças como grupo ou é uma tradição que tem se mantido ao lon·
priOritáriO para receber tratamento odon· go do tempo. Nos Estados Unidos, por exem·
tológico em programas escolares tem sido a pio, os veteranos de guerra possuem progra·
hipótese de que, se as mesmas se acostuma· mas especiais e, por diferentes motivos, os in-
rem a Ir ao cirurgião-dentlsta , continuarão con· dias que vIVem nas reservas tambem 05 têm
trolando·se e cUldando·se no futuro. Entretan· Na Inglaterra, as mulheres gestantes e as mães
to, as eVidênCias dos países nos quaiS estes ate dOIS anos depOIS do parto gozam de Im-
programas têm sido realizados nao apolam esta portantes descontos na participação do custo
suposição (Andersen et aI., 1995; ArnlJol et dos serviços odontolôgicos.
aI., 1985, Gift .t ai" 1997).
Em alguns países (Nova Zelãndla, Canadá, 3.7.3 Sistemas privados
Austrália, Indonesla e outros) o atendimento
odontológico às crianças e adolescentes e atn· o sistema privado de atendimento odontoló-
buição, em grande parte, dos terapeutas den· gico poderia ser considerado um não-slstema,
tais. Estes se encarregam, em geral, do tra· a partir do ponto de vista de que não está es·
tamento preventivo ate a adolescência, do truturado nem responde a objetivos de saúde
tratamento conservador e exodontlas na den· pública de caráter nacional. Os sistemas priva·
tição decidua, e do diagnóstico e encaminha· dos apresentam as seguintes características
menta ao odontólogo dos problemas na den· (OMS 1986):
tição permanente . A utilização desses profis· - 05 custos do tratamento são assumidos pelo
sionais de nível médio permite atender às crian· paciente em sua totalidade, Quer seja de
ças com um menor custo e, InclUSive, atuar modo direto ou por meio da contratação
sobre aqueles Que vivem em zonas muito dis· de seguros privados. Estes seguros podem
tantes, onde o número de profissionais é es- ser individuais, ou podem ser de todos os
casso A diminuição nos níveis de cáries nas trabalhadores de uma empresa, de assoCI-
crianças nos países desenvolVidos, e o aumen· ações profiSSionais, etc.;
to da Quantidade de cirurglôes-dentlstas, fa- - a escolha do paciente potenCIal está deter·
zem com que a necessidade dos terapeutas minada pela disponibilidade econômica do
seja progressivamente menor nos países oci· Indivíduo ou pelo fato de que tenha adqUi-
dentaiS (jurt e Ecklund, 1992a). rido uma apôlice de seguro;
Outros grupos priOritários respondem a - a cobertura depende essenCialmente da de-
uma intenção do estado de eliminar ou dimi· manda . O paciente tem direito àqueles tra·
nuir as barreiras que determinados grupos po- tamentos que esteja disposto a pagar, ou
dem ter para acessar o sistema de atendimen- aqueles lndurdos na apólice de seguro apro-
to odontológiCO eXistente. Estas barreiras po- vada por ele;
74 5aúde Buc.~1 Coletiva

- os profissionais trabalham. quase sempre. alto da soCIedade, mas não para os grupos de
(!m conr;ultôrlO,> particulares, ou em clini- baIXa renda (Burt e Eclclund, 1992).
cas pertencentes ás companhias de segu- De inicio nos Estados Unidos, e hOJE! na
ros; maioria dos paises desenvolvidos, foram orga
- a forma de remuneração mais freqüente ao nizados sIstemas para reduZIr um pouco e, so-
profissional é por procedimento odontoló- bretudo, para fraCionar o custo da aSSistênCia
gico e preço de mercado. Também pode odontológica para o paciente, na forma de dI-
ser por salário. no caso de profiSSionais con- ferentes tipos de seguros odontológiCOS ou SIS-
tratados. e por lista de preços preestabele- temas de pré--pagamento_ Estes seguros eXIs-
cida ou por pagamento mensal fiXO no caso tem principalmente em países com sistema
de profissionais que trabalham com com- particular de assistência odontológica. mas tam-
panhias seguradoras; bém são comuns onde vigora o regime de fi-
- a existênCia de grupos prioritárioS é variá- nanciamento público. para cobnr aqueles tra-
vel nos sistemas particulares mas, quando tamentos que o sIstema não IncluI.
existem, costumam ser as crianças e ado- Os seguros odontológicos privados são um
lescentes em quase todos os casos, ou pes- sistema de pagamento por terceiros no qual o
soas de mUito baixa renda, sendo o trata- paCIente, Individualmente ou em grupo, paga
mento subvencionado pelo estado. uma apólice que lhe dá direito a uma deter-
minada categoria de tratamentos. O cirurgião-
Tradicionalmente, a prática privada tem sido dentista, quando realiza os tratamentos con·
conSiderada como IndiViduai, mas cada vez
tratados, é remunerado pela entidade segura-
mais a tendênCia é para a prática em grupo,
dora ou por terceiros. Desta maneira. a entida-
na qual vários profissionais com Idênticas ou de seguradora recebe o pagamento, assume o
distintas especialidades trabalham no mesmo
fiSCO financeIro, paga os tratamentos recebI-
consultóriO. A prática privada da odontologia dos pelos pacientes e oferece um serviço ad-
é a forma prefenda pela maioria dos profiSSIO- ministratIVo (Burt e Elclund, 1992b).
naiS, uma vez que apresenta evidentes vanta-
Existe uma diferença fundamental entre os
gem. de flexibilidade de horários, instalações
seguros odontológICOS e os outros seguros.
de acordo com as preferênCias do profissional. Nesses, todos os segurados pagam uma quan-
escolha de pessoal, independência, etc. Entre-
tia relativamente pequena em comparação com
tanto, os inconvenientes estão presentes na o risco coberto. mas só alguns poucos Irão uti-
forma de custos fixos elevados que devem ser
lizar o seguro. o que permIte manter o custo.
cobertos independente dos lucros, e uma con· Nos seguros odontológiCOS, a maioria dos se-
corrênCla cada vez maior pelo aumento do
gurados fará uso regular dos serviços, por isso,
numero de profissionaiS
melhor que um seguro, deveria ser conSidera-
O problema principal da prática privada da
do um método de pré-pagamento ou de paga-
odontologia ê que os honorários que o profis-
mento fraCIonado e periódiCO pelos serviços
Sional necessariamente cobra por seu trabalho
que se recebem (Burt e Eklund. 1992c)
não estão ao alcance de todos os Individuos da
sociedade, enquanto que os preços de uma Fatores que determinam a utilização
odontologia de qualidade tampouco podem ser dos serviços
dlmlnuidos abaixo de um certo limite que não é
atmgível para toda a população. Desta manei- Os fatores que determinam a utllrzação de
ra, embora o tipo tradicional de prãtica privada serviços odontológiCOS são vanávelS nos dife-
Independente Implique em livre escolha do pro- rentes SIstemas, e estão em função das neces-
fiSSional por parte do paCiente, ISSO só é verda- SIdades percebIdas pelos pacientes e das faCili-
de dentro dos níveis sodoeconômicos médio e dades de acesso_
NnanchJrMnto e Organizaçlo 7S

A necessIdade de atenção odontológICa aos serviços odontológICOS (falta de clinICas


costuma ser entendida como o ttpo e a quantI- odontológicas, falta de dinheirO para pagar os
dade de tratamento que os espeoah5tas consi- serViços, problemas de deslocamento do pa-
deram que deve ser consumido em um per~ dente) ou de aceitação dos serviÇOS (o Indivi-
do de tempo pela população para alcançar um duo tem medo, acredita que o custo dos servi-
estado adequado de saúde bucal Neste con- ços é excessivo. não diSpõe de tempo para ir
texto, conSidera-se que tanto a necesSidade de ao consultÓriO). No segundo caso, a demanda
tratamento como o estado de saúde bucal. são se torna efetiva porque se traduz em compare-
determinados profissionalmente Nao obstante. CImento ao serviÇO de saúde bucal para rece-
podem haver amplas diferenças entre a quan- ber tratamento e é expressa como a porcenta-
tidade de tratamento determinada pelo profts.- gem da população que visita o drurglão-den·
ilonat e a que Indivíduos ou grupos da popula- lista em um deterrntnado tempo, em geral 1
ção percebem como realmente necessária, do ano (Burt e Eklund, , 992c).
mesmo modo que a noção de saúde bucal não Diversos estudos têm se ocupado em de-
é a mesma para o profiSSional e para o Indivi- termmar quais fatores influem na utilização de
duo (Burt e Eldund, 1992c) bons serviços odontológICOS (Arnljot et ai .•
A demanda de tratamento. sendo a expres- 1985; Burt e Eklund, 1992c; Petersen e Holst.
são do desejO do paciente ou do público de 1995). Constatou-se, por exemplo. que a per-
receber CUidados odontológiCOS. de acordo cepção pelo paciente de sua neceSSidade de
com suas percepções. pode ser apenas poten- tratamento odontológICO é um dos maiores
Cial ou efetiva No pnmelro caso. eXiste um determinantes da utilização dos serviÇOS Al-
desejO de receber tratamento que náo é satis- gumas das maiS Importantes conclusões obti-
feito por problemas que podem ser de acesso das estão resumidas no destaque a segUI('

Quem utliza mais serviços odontol6gkos 7

As mulheres. embora estas diferenças sejam prog(@S$IVamente menores nos países Industna-
hzados, com ampla dispOnibilidade de selVlÇos,
Os mal5 Jovens Em relação à Idade, a utilização tende a diminUir com o tempo (exceto nas
crranças menores de seiS anos, nas quais costuma ser mUito baIxa). mas tem se observado
que, se conSiderarmos a população dentada. esta proporção não diminui, mas mantém-se
estável durante a vida adulta dos IndlViduos que conservam seus dentes;
- A população de nfvel socioec.on6mICO elevado, InclUSIVe naqueles SlSlemas que ellmmaram li
barreira do custo do tratamento Aparentemente a utilização está assOCIada com o nivel de
educação, embora este costume COlnada com o nivel soaoecon6mICO. Estas diferenças são
mUito menores entre as cnanças nos pai5e$ que dISpõem de sefV1ÇOS odontolôglcos estluturados
para a população Infantil,
- 05 grupos dominantes da SOCiedade. As mmOrlas costumam utilizar menos os serviços
odontológiCOS, o que se atribUI a barreiras econômicas e culturaiS,
- As pessoas em bom estado de saúde curiosamente vão maIS aos consultónos do que aquelas
que estão ou se sentem enfermas. A utIlização é em espeoal baixa entre 05 Idosos
InstltuClonallzados, os 'nválldos e 05 doentes crõnlCOS;
- 05 reSidentes na zona urbana 05 serviços são menos ViSItados nas zonas ruraiS, O que e
atribuido â sua menor disponibllrdade. Esta diferença não e observada nos países IndUStrialI-
zados. posSIVelmente porque há dlSpombllrdade de profISSIOnaIS Indusrve em áreas rurars;
- Os que dispõem de seguro odontológico. A frequ~noa aos consultónos aumenta na medida
em que diminUI a partICIpaçãO do paCiente no gasto odontológiCO direto.
Modalos da parsas com sistema mente ao profiSSional por procedrmento reali-
predominante privado zado. Os seguros odontológICOS prIVados aIO'
Os pafses europeus com sistema particular da estão pouco desenvolVIdos e, em geral,
predominando prIVado sâo: Espanha, Finlândia, apenas cobrem exodonuas e profilaxra, e ores'
Grécia, Holanda, Irlanda. Islândia. Itália. Norue- tante do tratamento o paCiente paga com base
ga. Portugal, Sulça e Turquia Aqui serão des- em preços tabelados pela companhia de segu-
crrtos os modelos da Espanha, Holanda e Irlan- ros, que costumam estar abaiXO dos preços de
da e serã feita uma breve referênCIa à Finlân- mercado.
dia, tst3ndla e Noruega É importante ressaltar A Holanda (União Européia, 1997, Trurn e
que estes últimos palses, assim como a Suíça. Bronkhorst, 1997) tem um cirurgião-dentista
tªm sistemas assistenciais muito bem desen- para cada 2 330 habitantes e seu gasto
volvidos para crianças e adolescentes, em ge- odontológICO é 0,4% do PIB. Até 1995, a Ho--
raI sem Qualquer ônus para os paCIentes, e cUJo landa contava com um sistema de previdênCia
enfoque e eminentemente preventivo Nos SOCial obngatórlo para todos os trabalhadores
outros palses estes esquemas não eXistem, ou com renda abaixo de um determinado valor,
são apenas parCiaiS. abrangendo 62% da população adulta, e sub-
A Espanha (União Européia , 1997) tem um venCIOnada com contrlburções de empregados
Clrurglão-dentista para cada 2.940 habitantes e empresários. O restante da população adul·
e seu gasto odontológico é 0,4% do PIB . Pos- ta contava com seguros pnvados Os pacren·
SUI um sistema naCional de saúde subvencio- tes pertencentes ao seguro saúde pagavam até
nado em sua maior parte pelos Impostos ge- cerca de 32% do custo total do tratamento
rais, e em uma proporção inferior a 30% por odontológICO, uma vez que a prótese fixa não
meio de contribuições de empregados e em- estava coberta e deveriam pagar cerca de 50%
presânos. O consumidor recebe toda a assIs- da prótese removível. Além disso, mUitos pa-
tênCia de saúde pública sem õnus, exceto os Cientes dISpunham de um seguro odontológICO
medicamentos, onde existe uma partiCipação pnvado para cobertura dos tratamentos não-
do paCiente no custo. O sistema de saúde pú- Incluldos Para poderem ter acesso aos trata·
blica espanhol POSSUI uma ampla cobertura na mentos cobertos pelo sistema de preVidênCia
saúde geral. mas em odontologia só fornece social. os paCientes deveriam dispor de um caro
consulta de diagnóstico, exodontlas e CIrurgia tão de aSSistência regular, que os obrigava a
bucal e maxilofaoal, tudo ISSO gratUitamente uma consulta a cada seis meses As cnanças e
nos consultÓriOS do sistema naCional de saú- Jovens até 18 anos unham todo o tratamento
de. e aos CUidados de profiSSionaiS assalaria- gratUito. HaVia um sistema comunitário para
dos. EXistem alguns programas de tratamento as crianças o qual forneCia os mesmos trata-
odontológICO para a população Infantil, mas mentos que o sistema de previdênCIa SOCIal
não são de âmbito naCional. Os mais desenvol- Os adultos recebiam tratamento em consultó-
Vidos ocorrem nas provindas de Vasco e Na· nos particulares, pagando por procedimento
varra, onde os escolares de 5 a 14 anos têm odontológICO, exceto aqueles das clinicas co.
dlrerto a tratamento preventIVO e conservador mUnltârias que eram assalanados. Desde 1995,
na dentição permanente, que é administrado, o sistema de preVIdênCia SOCial pratIcamente
em sua maioria. por Clrurglões-dentistas partI· desapareceu cobrrndo s6 os tratamentos pre-
culares que cobram por pagamento mensal ventiVOS. O restante do tratamento dos adul-
fixo, embora também os Clrurgl~entlstas tos é feito por meio de seguros pnvados, que
da rede publica atendam à população escolar. tiveram seus preços reajustados para melhorar
As dintcas partICulares são bastante dominan- o acesso da população a eles. As crianças e os
tes, cabendo aos pacientes remunerar dlreta- jovens continuam tendo direito ao tratamento
Financiamento ~ Otgdntzaç-Jo 77

odontológico gratuito. HOJe, podemos dizer ma prrvado de aSSistência odontológica para a


que a Holanda tem um sIStema predominante- população adulta. enquanto que as cnanças e
mente prrvado. com atenção especlal para os os maIores de 67 anos têm seu tratamento total
grupos pnorttárlos. ou parCialmente subvenCionado.
A Irlanda (Blomed, 1997, OMS, 1986) poso A Noruega (FOI , 1990) poSSUI um sistema
SUl um c.rurg.ãcxfenusta para cada 1 840 ha· público que oferece tratamento ãs crianças e
bltantes e seu gasto odontológico ê de cerca adolescentes e a vârtos grupos pnontânos, sem
0.15% do PIB Desde 1992. o país dispõe de qualquer ônus A população adulta pode utlh-
um sistema de assistência odontológica que zar a rede pública ou a particular, mas o trata-
engloba cerca de 40% da população . Este SIS' mento odontológICO não estâ subvenCionado .
tema fOI desenvolVido para Indivíduos empre-
gados, com uma renda mínima abaixo de um 3 .7.4 Sistema de financiamento
determinado valor. e para seus dependentes, público e provisão de
sendo financiado em parte por contribUições
tratamento principalmen-
de empregados e empresáriOS. além de uma
te particular
proporção de cerca de 40% do valor total que
é paga pelo paciente Todos os tratamentos Abrangem aqueles países nos quais o tra-
são subvencionados. exceto a prótese fixa Os tamento odontológiCO é finanCiado por fun·
clru rgiões.(!entlstas trabalham em consultÓriOS dos públicos, mas a maIor parte do tratamen-
parttculares e cobram por procedimento odon- to é realizada por clfurglões-dentistas particu-
tológico. A Irlanda tem também um sIStema lares No esquema cláSSICO de previdênCia so--
de assistência gratuita para pessoas de pou- clal. os fundos para o pagamento das despe-
cos recursos econômicos. As CrIanças de 5 a sas de saúde púbhca se onglnam de contribUI-
12 anos têm direito a tratamento preventIVo e ções pagas pelos trabalhadores assalariados e
de emergênCia (InclUindo restaurações) sem pelos empresáriOS. aSSim como pelos trabalha-
ônus, que é realizado nos serviços comumta- dores autônomos. Na malona dos casos, estes
riOS por clrurglêes-dennstas assalariados. O res- fundos são suplementados com os Impostos
tante da população recebe o tratamento em gerais e. em alguns países, os fundos são ongi·
um Sistema privado. Na maior parte da Irlanda nados inteiramente destes. As caracteristlcas
a água de abasteCimento é fluoretada. destes sIstemas sào as seguintes (OMS, 1986);
Na Flnlilndia (FOI , 1990). as crianças rece- - os custos do tratamento são cobertos. em
bem tratamento gratuito nos centros de saú- sua maior parte, por fundos coletIVOS. Cos-
de municipaiS e os adultos podem escolher tuma haver uma participação do paCIente
entre os serViços públicos (50% menos dispen- nos custos. quando este não se aplica aos
diosos que os particulares) e os particulares grupos pnontânos. O custo dos seguros Pri-
As. pessoas naSCidas antes de 1956 pagam o vados depende da proporção da população
custo total de tratamento, exceto se necessita- não--segurada, do grau de participação do
rem tratamento odontológiCO por alguma en- paciente nos custos e da faixa de tratamen-
fermidade slstêmica (neste caso parte do cus- tos cobertos;
to ê reembolsada pelo sistema). Os nascidos a - a elegibilidade costuma englobar toda ou
partir de 1956 têm seu tratamento odontoló- quase toda a população na maior parte dos
gico parcialmente subvenCionado, com uma Sistemas, embora. em alguns.ltmJte-se a em-
ênfase especial para os tratamentos preventi- pregados e seus dependentes. ou não cu-
vos. enquanto que as crianças são atendidas bra os grupos de população de alta renda;
pelo Sistema público sem qualquer ônus - a cobertura depende dos Sistemas. Em ge-
A Islândia (FOI, 1990) conta com um Slste- raI. O tratamento conservador está Incluído
78 Saúde Bucal Coletiva

em todos os sistemas, assim como a CIrur- marca, França, Inglaterra, Âustria, Bélgica, lu-
gia, exodonnas, tratamento preventivo e xemburgo e Suecla, estando descritos a segUIr
periodontal. A ortodonba, a prótese remo- os modelos dos quatro primeiros
vlvel @ as próteses totais sào subvenciona- A Alemanha (União Européia, 1997) pOSSUI
das na mêllOrla d(!les, e prótese fixa só em uma proporção de um cirurglão-dentista por
alguns; 1.300 habitantes. Seu gasto odontológiCO ê
- os profissionais trabalham, quase sempre, cerca de 0,8% do Produto Interno Bruto (PIB) .
em consultÓriOS particulares, mas em alguns A aSSistência de saúde pública é regulada pelo
sistemas há dinlcas públicas para grupos es- Sistema Nacional de Fundos de Seguros de En-
peCiaiS; fermidade (National LegalS/ck Fund fnsurance
- a remuneração mais freqüente ao profis- System ), que desde 1991 se estendeu às re-
Sional e por procedimento odontológiCO se- giões da antiga Alemanha Oriental. Todas as
gundo tabelas estabelecidas periodicamen- pessoas com emprego e renda Inferior a um
te entre os representantes da profissão e determinado hmlte devem pertencer de modo
os administradores do sistema EXistem paí- obngatóno a algum seguro de saúde oficial, e
ses que permitem ao cirurgião-dentista co- os de renda mais elevada podem escolher en·
brar do paciente honorários hvres, mas o tre pertencer a um seguro de saúde oficiai ou
sistema sõ cobre os custos de acordo com contratar um seguro privado. Praticamente
uma tabela de preços, e o paciente paga a toda a população pertence aos seguros de saú·
diferença . O profissional pode receber o de ofiCiaiS, que são financiados em cerca de
pagamento de seus serviços direto do pa- 50% por contribUIções dos empregados, e em
e
ciente que, a seguir, reembolsado, ou mes- cerca de 50% por contribUições dos empresá·
mo receber do paciente sua partiCipação riOS. Com relação ao tratamento odontológiCO,
no custo e o restante é pago a ele pela ad- estima-se que os paCientes desembolsam cer-
ministração. Alguns sistemas possuem um ca de 10% do custo total. Os seguros privados
pagamento por procedimento odontolõgl- são pouco freqüentes. A maioria dos profiSSIO-
co para adultos e por pagamento mensal nais alemães trabalham pelo sistema de prátl'
fiXO para crianças Embora a maiOria da ca particular e colaboram com os seguros de
prOVisão seja partICular, em alguns casos saúde ofiCiaiS. O paciente é livre para escolher
os profiSSionais são assalariados em clini- entre eles, obtendo serviços que sâo regula·
cas do setor público . mentados por lei. Os serviços completamente
Nos paises que adotam este regime os pa- subvencionados são: diagnóstico, tratamento
Cientes tª,m ampla liberdade de escolha do pro- restaurador Simples, endodontlas, tratamento
fissional. uma vez; que quase todos os odon- periodontal, profilaXia dentãria, medidas pre-
1610gos participam do sistema . ventivas indiVidualizadas para crianças entre 6
Em geral, observa-se uma ênfase no en- e 19 anos, e ortodontia até os 18 anos. A prc).
foque IntervenClonlsta da prâtlca odontológica tese é subvenCionada em cerca de 50%, e se o
e um estimulo ao sobretratamento e â adoção paCiente for ao Clrurgião-dentista com regula·
dos procedimentos melhor retribuídos. ridade (1 vez/ano) é subvencionado em cerca
de 60%. Desde 1997, os tratamentos protétiCOS
a pacientes nascidos a partir de 1979 não são
Modelos de parses com sistema cobertos pelos seguros de saúde oficiaiS. O pro-
predominante de financiamento fiSSional é reembolsado por procedimento
público e provi.io particular odontológicO pelo seguro de saúde, segundo
Os paises da Europa com este sistema de uma tabela de preços. O paciente custeia sua
asststência odontológica são: Alemanha, Olna- parte nos tratamentos protéticos ou naqueles
n30-subvenClonados Na Alemanha não exIS- remunerados ao profISSIonal . O tratamento
tem programas estruturados de assistênCIa In- protético nâo é regulamentado pelo sIstema
fantil. embora eXistam programas de triagem Na Dinamarca a água de abastecimento não é
realizados por Clrurglões-dentlstas comunltárl· fluoretada, mas o uso de fluor tópICO é gene-
os assalariados, para crianças de 3 a 12 anos, ralizado e os programas públicos de educação
que são encaminhadas para o clíniCO partICU- odontológICa de saúde púbhca estão mUito
lar a fim de receberem tratamento conserva· desenvolVidos.
dor e preventIVO. No tocante a programas de A França fUma0 Européia 1997) pOSSUI um
prevenção, não há fluoretação da água, e o Clfurglão-dentlsta para cada 1 400 habitantes.
sal fluorado está dlsponivel apenas desde 1992 e seu gasto odontológICO é cerca de 0.6% do
EXIstem programas escolares de escovação SUo PIS. Todos os empregados e seus familiares
pervlslonada, administração de flúor tÓpiCO e são aptos para o uso do sIstema de seguro de
educação em saude pública saúde obngatórlo, que é finanCiado por con-
A Dinamarca (Umão Europela 1997) poSSUI IfIbUlçÕE!s dos empregados e dos empresimos
um clfurglão-dentlsta para cada 1.040 habitan- Pode-se dizer que a totalidade da população
tes e seu gasto odontolôglco ê 0,5% do PIS. tem acesso ao sistema O tratamento odon-
Todos os Indlviduos que vivem no pais tem di- lOlôglCo esta sob os CUidados de climcos par-
reito a receber os serviços odontológICos em tICulares, e não eXIStem tecnlCOS de hl9lE!ne den-
saúde pública do Sistema NaCional de Saúde tal. embora alguns odontólogos trabalhem em
que, desde 1973, é finanCiado principalmente Instalações da previdência social como assala-
pelos Impostos geraiS. Os pagamentos realiza· riados. O sIstema subvenCIona todo tipo de tra·
dos pelos paCientes adultos contflbuem até por tamento, exceto a malOfla das próteses fl)(as.
volta de 74% do custo do tratamento odon- O paCiente custeia os honoráriOS do CirurgIão-
tológICO; sendo este totalmente gratUito até dentista e, em segUida, é reembolsado pelo
os , S anos. Os seguros prIVados estão mo- sistema em cerca de 75% dos preços ftxados
deradamente desenvolvidos Quase toda a as· para cada tratamento, embora alguns profls·
slstêncla odontológICa até os 18 anos é ofere- SlonalS estejam autorizados a cobrar preços
cida em um sistema público, orgamzado em diferentes dos estabeleCidos pelo sistema
nível muniCIpal As cnanças até os 18 anos têm EXIste uma pequena porcentagem da popula·
direito a todo upo de tratamento odontológICO ção de baIxa renda que recebe tratamento
gratuito, aos CUidados do sistema naCional de totalmente gratUito. Ê frequente que os pa-
saúde dinamarquês. Os adultos são atendidos cIentes disponham de seguros odontológiCOS
em consultÓriOS partICulares e têm subvenCiO- privados para complementar seu seguro obri-
nado: diagnostico, profIlaXia, prevençâo espe- gatório. Na França não eXistem programas
cifICa e tratamento peflodontal. restaurador espeCiaiS de tratamento para cnanças, e os
Simples e endodÕntlCO. A prótese não é sub- Iratamentos preventivos não são reembolsa-
venCIonada. O paCIente adulto paga uma por· dos pelo sIstema
centagem menor dos tratamentos preventivos A Inglaterra (Bradnock. e Pme, 1997. União
que dos conservadores, para estimular o uso Européia, 1997) tem uma proporção de um
dos primeiros Os odontólogos que atendem à Clrurglão-den1Jsta por '.880 habItantes. Seu
população mfantll costumam ser assalatlados gasto odontológICO ê cerca de 0.3% do Produ-
O restante cobra por procedimento odoNo- to Interno Bruto (PIB). Toda a população está
lógICO segundo tabela de preços. recebendo coberta pelo sistema naCional de saúde, que e
parte de seus honorános do sIstema e parte finanCiado em sua maior pane pelos Impostos
do próprio paCiente. As profllaxlas e os trata- geraiS. suplementado por contribUIções de em-
mentos preventIvos espe<iflcos são mUIto bem pregados e empresa tios. A contflbUlção dos
80 Saude Bucal CoJeuva

paoentes no tratamento odontológICo é estima- tese, na condição de mecanismo modera-


da em cerca de 32% do custo total, e os segu· dor da demanda Indl'icnmmada,
ro~ odontolôgrcos prIVados sâo escassos mas - toda a população tem dlrerto a receber tra
e:;taO dumentanclo. O tratamento odontológico tamento dentro do Sistema,
~ tOldlm", nu~ gr;nuito para crianças ate os 16 - todos os tratamentos estão cobertos, den
anos, as pessoas d~ baIXa renda e as mulheres tro dos hmltes e das restrições econômicas
gr3vldas e ladantes, mas os adultos pagam Impostas pelo estado;
cerca de 75 a 80% da maiona dos tratamen· - os profissionais são funCIonáriOS públicos
tos, até um mâxlmo, a partir do qual a propor· assalanados, que trabalham em consulto.
çáo de participação do paciente no custo dlml· nos pertencentes ao estado, cUJa localiza
nu!. Os tratamentos preventIVos em adultos não ção está planejada para garantir a dlspom-
sao reembolsados pelo sistema. A maioria dos bllidade dos serviços para todos os CIdadãos.
cliniCaS trabalha em sistema de prática pnvada Em alguns paises com sIStema estatal, per-
e tem um contrato com o sistema naoonal de mlte-se um pouco de prâtJCa pnvada;
saúde O profissIonal é reembolsado por pro- - em geral há grupos pnorrtártos definidos,
cedimento odontológico pelo seguro de saú' prlnapalmente cnanças, que recebem con-
de, segundo tabela de preços. O paCIente paga troles e tratamento preventivo Independen-
sua parte e o restante o profissional recebe do te da demanda
sistema Numa tentativa de estimular os CUida· Desde as mudanças politlcas ocorrtdas nos
dos preventivos, em 1990 teve iníciO um novo paises do centro e do leste da Europa, Induln.
contrato segundo o qual o odomólogo cobra do os novos estados Independentes da anttga
um montante mensal fiXO no caso das cnan' Untão SOVIética, os Sistemas de finanCiamento
ças, além de uma entrada que cobre o trata e prOVisão estatal Jã não eXistem na Europa.
menta conservador Inietal Além dos serviÇOS uma vez que os pafses que estavam nesta situa·
odontológiCOS geraiS, no ReinO Unido eXiste o ção estão atravessando um periodo de transI-
Serviço OdontológICO Comunltárto, sob os CUI· ção para diferentes modelos de finanCiamento
dados de profissIonais assalariados. Este servi· públICO da saúde, quase sempre por meio da
ço fOI crrado para prestar atendimento aos es- previdênCia SOCIaL com contrrburções obnga·
colares, mas atualmente sua finalidade é aten- tórlas dos uabalhadores
der àqueles paCIentes que têm dIficuldades de O fato de que o financiamento do Sistema
acesso ao sistema geral, como podem ser os se dê por meIo de fundos coletIVOS não Impll·
Imigrantes, as pessoas mUIto Idosas e os deh· ca que a prOVisão do tratamento odontológiCO
Cientes mentais. Não eXistem programas esco- seja prIVada, Já que pode ser feita em ambula-
lares de atendimento odontológiCO, e este se tórios e hospitaiS pertencentes ao sistema na·
baseia na demanda para todos os grupos de clonal de saúde ou pela previdência social, aos
população. CUidados de dentistas assalariados. Este é o
modelo da Hungria, por exemplo, onde eXIste
3 .7 .5 Sistemas estatais um Sistema de previdênCia SOCial que cobre
toda a população e oferece tratamento gratui-
As caraderistlcas dos sistemas de finanCia· to, exceto próteses e ortodontla, nos quais o
menta e prOVisão de tratamento estatal são paciente partici pa no custo. O tratamento é
(OMS. 1986) feito em ambulatórios do sistema naCional,
- os custos são assumidos pelo estado em embora desde 1990 o MinistériO da Saúde te-
sua totahdade ou quase, podendo eXistir um nha autonzado os profiSSionaiS a trabalhar
pequeno pagamento pelo pacIente em cer- apenas no sistema de prática pnvada (FOI.
tos tratamentos mais onerosos, como a pró- 1990). Recentes muda nças nos mecanismos de
Fmanc/amenfO ~ OrganrzaçJo 8'

remuneração Introduziram no modelo húnga- regulador e controlador do emergente setor


ro as modalidades de pagamento por capltação prrvado de saúde_ Nesta etapa InICiai há, no
para profissionais generalistas e por ato médi- entanto, poucas regras efetivas para reger o
co ou odontológico para especlalrstas (Preker mercado e as profissões de saude. Mesmo na
e Feachem, 1995) PolÔnia, onde o mOVimento SindICal ImpulsIO-
EXiste mUito pouca rnformação atualizada nado pelo "Solldanedade" mantém-se atIVo des-
sobre os modelos de prestação de cuidados de a década de 80, as tentatrvas de regula-
odontológicos e de financiamento em utlllza- mentação não têm se mostrado efetIVas, com
ç~o neste momento nos antigos sistemas esta- negocIações sendo condUZidas entre órgãos
tais, ou sobre Quais têm maior probabilidade governamentais e aSSOCiações ou cãmaras Que
de desenvolver-se no novo contexto sóoo--eco- representam apenas parcelas do total de orur-
nômrco e politlCo_ A situação epidemiológica, glÕes-dentlstas. dos médICOS, enfermeiros, nu-
pelo menos em termos do ataque pela cane ttlClonlstas em atiVidade (Preker e Feachem,
dental em crianças e de acordo com as Informa- 1995)
ções coletadas pela OM$ (1998) para a Idade
de 12 anos, após uma redução gradual ao lon-
go dos anos 80, parece ter se estabilizado sem 3 .7 .6 Estudos internacionais
melhoras signifICativas após a mudança de re- sobre sistemas de assis·
gime político, ao que tudo indICa em função tência odontológica
da crise econômICa geral
Numa análise abrangente sobre o status O estudo maiS abrangente realizado para
quo e as tendênCias dos sistemas de saúde nos estabelecer uma relação entre os sistemas de
países da Europa orientai e central, Goldstern assistênCia odontológICa e a saúde bucal e a
e cols (1996) afirmam Que nas ex-economlas cobertura das neceSSidades da população fOI
sOCIalistas não houve uma ruptura com o mo- o chamado Estudo em Colaboração InternaCio-
delo anterror - caracterizado pelo finanaamen- nal sobre SIStemas de AsSistênCia Odontológica
to público e cobertura unIVersal - durante o (ArnJolt el ai., 1985), cUjas conclusões baslcas
período de tranSição polítrca e econômica To- estão resumidas a segUir
dos os paises continuaram a oferecer CUIdados - a cobertura das neceSSidades de tratamen-
de saúde por IntermédiO das estruturas públf. to está intimamente relaCIOnada com a Uti-
cas, mas aos poucos pressões fiscaiS passaram lização dos serviços, no Que diZ respeito ao
a fazer com Que os beneficIos começassem a tratamento de canes e a utilização de pró-
ser IImltados_ De IníciO foram cortados servi- tese Entretanto, no que se refere às neces-
ços não--essenClalS como Cirurgias cosméticas Sidades de tratamento perrodontal, uma alta
e próteses, além de alguns CUidados básICOS utilização dos serviços coexiste com uma
(exemplos: CroáCia, MacedÔnia, PolÔnia, Repu- quantidade considerável de neceSSIdades de
bllCa Checa, Eslováquia), mas a permanência tratamento não cobertas,
da crise vem induzrndo mudanças mais profun- os sistemas Que dispõem de serviÇOS odon-
das, tendendo cada vez mais a definição de tológICOS estruturados para crianças são os
pacotes de benefiCIos cada vez menores e de que alcançam a maior cobertura de neces-
acordo com os escassos recursos disponíveis. sidades neste grupo etáno;
As responsabilidades pelo frnanciamento - quando os dIferentes sIstemas são compa-
dos CUidados à saude estão sendo Iransferrdas rados entre SI, observa-se que o fato de Que
do orçamento estatal para fundos de seguro- o tratamento esteja subvenCionado nem
saúde descentralizados e semi-autõnomos_ O sempre se traduz em uma maior utilização
governo procura assumir um papel de agente dos serViços, nem em maior cobertura de
82 SaUde Suc.!1 CoIetMJ

necessidades (por exemplo. países com SIS' dentes na boca. no grupo etáno de 20-24 anos
tema estatal. no qual a partiCipação do pa As diferenças são evIdentes no que se refere
ciente no custo é mínIma, ap(f~sentam ao número de dentes higldos, com os usuârios
pIOre:; índIce:; de utIlização e cobertura que dinamarqueses e espanhôis mantendo uma
outros com SiStema privado) Entretanto. média de 23 dentes não-restaurados, em com
dentro de cada sistema Individualizado. paraç.ão com os 18 dos alemães e franceses.
quanto menor é a participação do paciente Por outro lado. todos os sistemas. exceto o
no custo direto, maior é a utihzação e a espanhol, têm um conSiderável êxito na caber·
cobertura de necessidades. tura de neceSSidades de tratamento conserva·
a saúde bucal da população ti! medida pelo dor dos dentes canados Devemos recordar que
número de dentes sem hlstôrla de enferml' todo tratamento odontológICO conservador e
dade (tratada ou sem tratar) presentes na protétICO na Espanha é feIto pelo sistema pn·
boca, nos diferentes grupos etânos Com vado. Esurpreendente a elevada porcentagem
base neste parâmetro. a utilização dos ser de pacIentes Jovens com próteses unitárias na
viços odontológiCOS não se traduz em uma França. Alemanha e Inglaterra Visto em con·
melhor saúde bucal da população. e não lunto. poderíamos dizer que o melhor sistema
hti uma relação entre os sistemas de prOVI' aSSistencial para cnanças e Jovens é o dlnamar·
são de tratamento odontológrco e a saúde quês. uma vez que conserva um número ele
bucal dos usuárros. exceto naqueles SiSte- vado de dentes higldos
mas com alguns obJetiVOs preventIVOS bem No grupo de 35 a 44 anos de Idade, 05 di·
estabeleCIdos e adequadamente aporados namarqueses são os que conservam maior nú·
pela estrutura do sistema mero de dentes na boca, mas 05 espanhóiS COIl-
Entre 1994 e 1996 foi realrzado um projeto servam o maIOr número de dentes higldos, não-
patrocInado peta Unrao Européra para avaliar a restaurados, com uma diferença eVidente so
efiCiênCia de váriOS modelos de aSSlstenCla bre 05 demaiS paises. Todos 05 SIstemas. exceto
odontológICa (Umão Europé.a. 1997). Este é o espanhol. têm um conSiderável sucesso na
um estudo mUito complexo. no qual foram con cobertura de neceSSidades de tratamento con·
s.deradas varlavelS relaCIonadas com as carac· servador dos dentes carlados
terístlcas dos paises, 05 Sistemas, os profiSSIO- Os dados das tabelas 3-3 e 3-4 se referem
naIs e os usuános, que serão aquI analisadas de aos usuános dos sistemas de pagamento por
forma murto resumida Os países estudados são: terceiros que predominam em cada pais. Com
Alemanha. Dinamarca, Espanha, França. Holan· relação a ISSO. devemos menCionar que, na
da. Inglaterra e Irlanda, concentrando-se nos Holanda. cerca de 62% da população adulta
sistemas de finanCiamento público predomlnan· esta coberta pelo sistema estudado, e na Irlan-
tes em cada um deles. O estudo foi reahzado da, apenas cerca de 40% Na Espanha, embo-
en!re 1994 e 1996. com a população adulta ra o servIÇO naCional de saúde cubra a totaltda"
de 20·24 e 35-44 anos de idade, usuanos dos de da população, O únICO tratamento odon·
respectivos sistemas. 05 usuanos do grupo de tolôglco que é fornecKto pelo mesmo são as
20-24 anos de Idade foram escolhidos para exodontlas Para melhor apreoarmos o efeito
verifICar o efeito que o sistema de asslstenCla global do sistema asslstenaal na saúde bucal
odontológICa às cflanças e Jovens de cada pais da população, a tabela 3·5 mostra quaiS são
haVia tido sobre a saúde e a cobertura de ne- os Indices de enfermidades nos diferentes gru·
ceSSIdades dos adultos Jovens. Os resultados pos etários. a partIr de levantamentos eplde-
são apresentados nas tabelas 3·3 e 3·4 mlolôglCoS da população.
Como se pode observar. os usuáriOS de to- No único dado drsponivel para comparar 05
dos os sIstemas têm um número Similar de usuáriOS do Sistema com a população geral.
Anaf'IClamf!'nto f!' Organização 83

Tabela 3-3
Número médio de dentes presentes na boca, sadios, cariados, restaurados e percentual com
coroas, pontes e próteses removlveis em usuários do sistema de 20 a 24 anos em sete
palses europeus
Alemanha Dinamarca Espanha França Holanda- Inglaterra Irlanda

Numeras de dentes 29,0 29,2 29.3 28,6 27,3 28,4 28,3


Dentes sadiOS 18,0 22,9 23,2 18,4 21,0 21.1 20,6
Canados 1,3 0,7 3,2 2,3 0,7 1,1 2,6
Rest3uf3dos 10.3 5,9 2,9 8,8 5,8 6,9 6.3
% com COf03~ 20,0 •. 0 4.0 36,0 12,0 21.0 3.0
% prótese removivel 1.0 0,0 0,0 0,0 1,0 1,0 5,0

*Na Holanda não foram conSiderados os leralf05 molares


fOMe, Europeiln UnlOn (1991)

Tabela 3-4
Numero médio de dentes presentes na boca , sadios, cadados, restaurados e perc.entual com
coroas, pontes e próteses removiveis em usuários do sistema de 35 a 44 anos em sete
paises europeus

Alemanha Dinamarca Espanha França Holanda· Inglaterra Irlanda

Numero de dentes 24,1 27,7 25,6 26.0 25,1 26.5 24.5


Dentes sadiOS 9,9 13,2 19,2 12,9 10,8 12,3 13.2
Carlados I,. 0,4 3,4 1,3 0,3 0,7 1,5
Rf!'staurados 13,2 14,6 3.0 13,0 ''',1 14 I '0.8
% com cor03S 51,0 49,0 13,0 81,0 45,0 63,0 22.0
% prÓtese removível 12,0 3,0 8,0 9,0 11,0 8,0 18,0

·Na Holanda nao loram (()nSlderados os terceiros molares


Fonte. Eurapean Umon (1991)

Que é o número de dentes no grupo de 35·44 dlmmulndo a porcentagem de portadores de


anos de idade, observa-se que a Situação é mUi próteses totaiS, pelo menos nas idades mais
la Similar na Alemanha, Espanha e Inglaterra Jovens (TrUln e Bronkhorst, 1997)
As diferenças na Dmamarca e Holanda podem Em razâo do caráter transversal dos estu·
ser atribuídas às datas do levantamento epi· dos sobre sistemas assistenciais e saúde bucal
demiológico, 1982 e 1986, respectivamente, e da população, é Inadequado tirar conclusôes
o estudo da Umão Européla, cUJos dados foram que Impliquem uma relação de causa e efeito,
obtidos em 1995, No caso da Irlanda, pode ser mas os dados da Umão Européia COinCidem
decorrente de uma diferença real entre os usuá· com as associações demonstradas pelo estu-
rios do sistema e a população geral do de colaboração internaCional Citadas ante-
Parece que, nenhum sistema assistencial nor, no sentido de que os sistemas de assls,
consegue conservar um número de dentes ade- tênCla odontológica nâo lêm uma nitlda in-
quado ate idades avançadas, e neste sentido o fluência sobre a saúde bucal da população, em-
sistema holandês parece especialmente Inefi· bora os sistemas estruturados e que dimlnu·
caz, embora dados recentes tndlquem que está em o custo direto para o paCiente apresentem
84 SaUde Bucal CoJetNa

Tabela 3-5
Ano de realiza~ do estudo e dados epidemiológicos em odontologia para sete paises europeus
selecionados

Alemanha Dinamarca Espanha França Holanda* Inglaterra Irlanda

Ano (estudo
em enanças) 1991·2 1991 1994 1991 1990 1993 1992
Indlee ceo-d 1,8 1,5 1,0' 2,5 2,0 1,8 1,1
%hvrede
cânes/deciduos 30,0 61,0 62.0" 47,0 55,0 55,0 ",O
Indlee CPO-O 2,5 1,3 V 2,. 1,1 1,2 1,5
% Itvrede
c.lrles/pe,m 20,0 48,0 32,0 29,0 55,0 50,0 43.0
Ano (estudo
em edultos) 1991 1982 1994 1986-7 1988 1992
N' dentes
350M anos 24,3 23.5 26,0 21,1 25,4" 2t,0
% edentulos O,. .,0 0,2 12,9 3,0 4.0
Ng dentes
65-74 anos 8,8 5,5' 12,5 4,. 14,5 - 7.3
'!lo edênlulos 29,3 60,0' 31,0 60,4 66,0 48.0

O"dos de ct(Hl na Espanha para ulanças de 6-7 anos e nos demaIS para 4-S anos. n' de den~ em iJdulto5 na IngJalPfra se
referem SÓ a pessoas dentadas, nO de denles e" de edêi1lulos na Dnamarca lI'1duem IOdos os maIOreS de 65 anos e nao §ó
o grupo de 65-74 anos como nos demais paf§es
• Na Holanda, ~o foram considerados os termos molares
Fonte European Umon (1997)

como resultado uma boa cobertura das neces- modelo. que no IníciO funCionou bem e ainda
Sidades de tratamento. Uma onentação pre- hoje e defendido por boa parte dos seus medi'
ventiva dos serViços odontológiCOS, como e o cos e arurglões-dentistas como sendo o que
caso da Dinamarca, parece prodUZir o efeito mais se aproxima do "modo americano de ser",
deselado de manter um número elevado de apresentou suas prrmelras falhas em 1929
dentes hfgldos na boca, ao mesmo tempo que quando na tentativa de fazer frente à grande
cobre as neceSSidades de tratamento. pelo depressão econômICa o primeiro sistema de
menos na população Infantil pré-pagamento surgiu em Dallas, no Texas
(Noronha, 1995). Aos poucos foi sendo errado
um mercado de saúde do qual partiCipavam
3.8 Modelo norte-americano empresas de seguro e as chamadas "empre-.
de atenção à saúde bucal sas não-lucratlVas" como a Blue Cross e a Blue
Sh,eld, formando a base para o boom do
TradiCIonalmente os Estados Unidos da managed care que é descrito abaiXO.
América procuraram organizar seus serviços de Idéias relaCionadas a uma "saúde para to-
saúde tendo como pilar de sustentação as re-. dos", embora formuladas em diversas ocaslôes
gras de mercado e a hvre escolha do profiSSIO- pelo menos desde os tempos de Theodore
nal pelo paciente e deste pelo profissional O Roosevelt, nunca obtiveram sucesso. Em 1917
Financiamento e Orgamzação 85

a AssoCIação Médica Americana chegou a ad- ros e planos de saúde por parte do governo e
vogar um plano nacional de seguro de saude, do legislatiVO (Iglehart. 1992).
mas logo se arrependeu e nunca mais tocou
no assunto, tornando-se desde então uma opa-
snora ferrenha da tese de cobertura universal, 3.8.1 Sistema público
sendo neste sentido segUida passo a passo pela
American Dental Association (Associação O Deparrmenr of Healrfl and Human 5erw--
Odontológica Americana). Em 1965 o gover- ces - DHHS (Departamento de Saúde e de
no de lIndon Johnson, apoiado no lema de Re<:ursos Humanos) tem um papel que se apro-
"guerra à pobreza". conseguIu do Congresso xima daquele desempenhado no BraSil pelo
a aprovação dos programas Medicare e Medi- MinistériO da Saúde, caractenzando-se desde
ca/d, numa época em que ainda Vigorava o há mUitos anos por manter reduzidos (ou me-
principIO de que mais serviços (ou seja, mais vitãveis) serviços própriOS de atendimento ã
profiSSionais, clínicas, hospitais) forçosamente população e dar priOridade às atiVidades de
redundariam em melhores serviços de saúde suporte aos estados e mun1cíplos; prevenção,
(Iglehart. 1992) educação e pesqUisa em saúde pública
Os gastos de saúde cresceram de modo Em sua estrutura a saúde bucal existe em
quase continuo, colocando os Estados Unidos nivel de ~atlvldade" Dental Disease Prevenrion
numa Incômoda liderança entre os paises alta- Actlvity. a cargo de um Dental O((/Cef (AtiVI-
mente industrializados e em espeCial em rela- dade de Prevenção de Doenças Sucals / Ge-
ção aos que, como a SuéCia e o Remo Unido, rente de Odontologia), hOJe envolVida prinCipal-
haviam adotado a polítICa do weffare state mente em ações de apolO à fluoretação da
(bem-estar SOCial). Sete por cento do PIB Já es- água, educação em saúde bucal nas áreas de
tava compromehdo com saúde em 1970, mas Identificação precoce e combate a lesões bucaiS
a Situação se tornou mais crítica depoiS, quan- em pacientes com AIDS/HIV ou com cãncer
do alcançou 12% do PIS em 1990, com proJe- bucal; estudos sobre políticas nacIOnaIS específi-
ções de atingir - caso não se modifique o mo- cas, como sustentação aos projetos governa-
delo atual de atenção à saúde - cerca de 19% mentais para o setor saúde; difusão de prin6
no ano 2000 (Chnton. 1993, lhe Whlte House, piOS sobre controle da Infecção nos consultónos
1993) e 29% do PIS no ano 2030 (Iglehart, Os segUintes programas (os três primeiros
1992). A partir dessa realidade é que surgiu mantidos pelo DHHS) são custeados e Imple-
em 1993 a proposta de reformulação do mo- mentados pelo governo federal norte-america-
delo de finanCiamento e proteção à saúde for- no (Neenam et ai, 1993):
mulada no governo Chnton pela esposa do Pre- - Community Hea/th Centers - CHCs (Cen-
Sidente, Hiltary Cllnton. Diversas entidades do tros de Saúde Comunltána). num total de
setor saúde. inclUindo com destaque as do se- 549 em 1993, prestam CUidados báSICOS em
tor odontológiCO, empenharam-se com vigor áreas e localidades pré-determlOadas e que
nesta diSCUSsão, procurando desenhar pela pn- não possuem serviços de saüde. Cada CHC
melra vez algo Similar a um sistema naCional deve oferecer CUidados odontológiCOS pre·
de saúde para os norte-amerlcanos_ ventlvos e, em alguns casos a cntérlo da
Os sistemas público e prIVado de saúde. administração, também atenção curatNa.
descntos de maneira resumida a segUir, na prá- Crianças e adolescentes formam os grupos
tica Interagem prinCipalmente por meIO da com- priOritários. mas as atNldades a desenvol-
pra de serviÇOS por parte do primeiro no mero ver são deflmdas em nivelloca1. com dIVer-
cado. e pela sustentação e regulamentação le- sas Interpretações do que SIgnifica a ênfase
gai do funCionamento das empresas de segu· preventIVa em saúde bucal. o que não pos-
86 5aude Bucal CoIel1va

s1blhta a obtenção de dados mais concre- põe de um corpo de proftsslonals que pres-
tos sobre sua efetividade em termos de Im· ta CUidados odontolõglCos báSICOS tendo
pacto sobre a saúde oral da comunidade; como priOridade os soldados da ativa, em-
- Mlgront HCüJth Centers - MHCS (Centros de bora dependentes possam ser atendidos nas
Saude para Mlgrantes), cobrem cerca de clinicas de menor porte sempre que haja
20% da população que vive na zona rural, tempo dlsponivel para tanto. Em unidades
Incluindo trabalhadores agrícolas sazonais Isoladas a CG costuma contratar serviços
e suas fammas, com ações Similares às refe- odontolõglcos no mercado pnvado_Edada
ridas para 05 CHCs Serviços odontológicos enfase a ações preventivas, que em geral
estão presentes em cerca de 55% das Uni- Incluem profllaxlas e aplicação de selantes;
dades na condição de -serviços suplemen- - No Department of Defense -DoO (Depar-
tares", uma categoria não-integrante do tamento de Defesa) estão os serviços odon-
núcleo de "serviços bãsICOS", tológicos para militares de todas as forças
- Indlan HeaJrh Servic€' - IHS (Serviço de Saú- - marinha, exercIto. aeronáutica e unidades
de para Indigenas) está presente em 33 es- comuns ou espeCializadas - que têm PriOri-
tados cobrindo comunidades Indigenas e r~ dade no atendimento desde que estejam
sldentes no Alasca, sendo que em mUitos na atIVa Em segundo lugar estão os seus
casos as Unidades de saúde estão a cargo e familiares e em terceifO os aposentados e
são operaclonalizadas por corporações ou seus dependentes. A grande maioria do pes-
entidades representantes dos grupos aten- soal odontolôglCo e assalariado. mas não e
didos O número de unidades e de progra- Incomum a contratação de profiSSionaiS do
mas administrados por organizações tribaiS setor privado AsSistentes odontológICOS
tem se expandido continuamente (cresceu (equIValentes a um THD ou ACD) prestam
100% entre 1979 e 1989) t comum a uti- serviços preventivos para cflanças e adoles-
lização de equipamentos portáteiS forman- centes dependentes dos militares;
do clinICas contendo de duas a dezoito ca- - Deparrment of Veteran Affalfs (Departa
deiras ou camas dinlcas odontológicas, para menta de NegÓCIOS de Veteranos) ê uma
realizar ações de prevenção, educação e InstitUição que presta CUidados odontoló-
tratamento clínico os quais, em parte, são gICos a pessoas inabilitadas para o trabalho
contratados com prestadores do setor pn- em razão da guerra, por meio do sistema
vado Arêm de 41 OClTurglôes-dentlstas con- denominado de Veteran AdmlmstratlOn -
ta com 833 higienistas e auxlhares, entre VA (Administração de Veteranos). O aten-
os quais 180 Expanded Functlon Dental dimento é feito nas clinICas e hospitais pró-
Auxtllanes (na nomenclatura brasileira, se- priOS ou, quando necessáriO, na reSidênCia
riam TécnICOS de Higiene Dental com fun- do paCiente, sempre por meiO de pessoal
ções expandidas), treinados em serVII;o pelo pertencente aos quadros da VA que é re-
IHS, que realizam atividades de operatória munerado por salo3nos.
e clínica báSICa em pacientes.
0015 outros grandes programas - Medicare
- Bureau of Prisons (Escntóno de Pnsonelros)
conta com 125 cirurglões-denllstas assala- e Medicald - são promOVidos pelo governo
riados que, a exemplo dos seus colegas que - Medicare ê um programa gerido pelo DHHS
estão nas unidades refendas aCima, traba- destinado a aposentados (65 anos ou maiS),
lham em regime de tempo Integral realizan- seus dependentes e a portadores de doen·
do, neste caso, essenCialmente tratamen- ça renal terminal Oferece dOIS planos, um
tos curativos; básICO e obrigatÓrio que eXige co-partlClpa-
- Coast Guard - CG (Guarda Costeira) dls- ção financeira do Indlvfduo e outro comple-
Fmanaamc!'nfO e Olgantzação 87

mentar, de adesão voluntãna que na verda· nos Estados Unidos, oferecem planos de pré-
de é um seguro de saúde complementar pagamento (há pouco tempo começaram a ser
custeado em 50% por recursos do orçamen- aceitas outras formas de custeio) para cobm
to federal e 50% pelos '"segurados'", os quais eventos médiCOS, hospitalares, odontológICOS
ainda devem pagar uma franquia anual de e de âreas correlatas, por meio de uma rede
USS , 00 e 20 % do valor de cada consulta de prestadores credenciados Ao ser atendido
(ou hospltahzação, serviços complementa- dentro da rede. o paCiente conta com alguns
res, etc) segundo uma tabela Medicare de serviços sem qualquer custo adiCionai, sendo
preços_ A cobertura odontológica é reduzI- submetido a limitados co>pagamentos ou a uma
da. como se refere no tÓpiCO segUinte, Os taxa por consulta de acordo com o estabelecI-
serviÇOS são prestados por enudades admI- e
do no plano que grupal Só emergênCias e
nistradoras de planos prIVados de saude - urgênoas podem ser reembolsadas quando o
HMOs e PPOS (Vide a segUIr); socorro se da fora da rede de prestadores
- Medlcald ê totalmente financiado pelo go- Preferred Provtder Organizations - PPO (Or-
verno federal e executado pelos governos ganizações de Provedores PreferenCiais) ofere-
estaduaiS Oestlna-se a população de baixa cem acesso a custos redUZidos a profiSSionais,
renda, havendo que comprovar a condlçao clinicas e inStitUiÇõeS credenCiados, IOcentlVan-
de pobreza. Na prâtlca cobre pessoas Indi- do a sua uuhzação também por meio de uma
gentes do ponto de vista econõmlCO ou mê- Isenção de custos adiCionaiS ou de uma menor
dlco O atendimento odontológiCO fOI con· partiCipação direta nos custos. Os profiSSionaiS
slderado como uma prestação obngatóna credenCiados concordam em redUZir seus pre-
desde 1968, limitado a pessoas até 21 anos, ços em troca da Indicação preferenCial de pa-
embora atenção de urgênoa esteja diSpo. Cientes e, a não ser em casos especiaiS prevlS'
nivel para todos. Como a populaçao caber· tos no plano. não cobram do paciente a dife-
ta é flutuante, consntuída em boa parte por rença entre o que recebem da PPO e o preço
pobres e desempregados eventuaiS, dffJCI~ de mercado de seus serViços, Embora a base
mente é possível completar um tratamento seja uma rede fechada de prestadores, per-e
ou manter com regulafldade um programa mitido utilizar serY1ços fora da rede mediantE'
de prevenção e de CUidados clinlcos báSICOS planos diferenciados de pagamento que co--
brem parte dos custos reais
3_8_2 Sistema privado bcc/USIVf! Provider OrganizaMOS - EPO (Or
gantzações de Provedores ExclusIVOS) são uma
Hã uma variedade de organizações operan- vaflante ao formato usual das HMOs e PPOs,
do dentro dos prindpios do Managed Care caracterizando-se pela eXistênCIa de uma rede
(uma tradução aproximada pode ser CUidados exclUSIVa de prestadores de serviços. Tudo o
Monitorados que eqUIVale a um regime priva- que for obtido fora da rede não é coberto.
do de CUidados à saúde regulamentado e suo Pomt-of-Service Plans - POS (Planos no
pervlslonado pelo governo e pela soaedade), Ponto de Atendimento) são uma sub-modah-
que na base do pré-pagamento concorre com dade de HMO que pOSSibilita aos partiCipan-
as outras duas modalidades de prestação de tes optar entre provedores da rede creden-
CUidados ã saude presentes no mercado nor· ciada ou de fora dela, por livre escolha Para
te-americano' os seguros comerCIaiS e a linha atendimentos dentro da rede a malona esta
liberal coberta por IntetrO, mas para consultas no mer·
As Heafrh Ma/ntenance Organlzat/ons - cado aberto hã franqUias e pagamento par-
HMO (Organizações de Manutenção da Saú· cial dos custos, como ocorre no modelo de
de), que constituem a base do Managed Care seguro-saúde. Um POS pode também funoo·
88 5~lid@ Bucal Cokriva

nar como um complemento a urna PPO para minando fatores que operam tanto do lado da
pr@staçao dE' \erviços: primário~ ou de pronto demanda quanto da oferta, chegaram à con-
atendimento dusão de que os dados confirmam a e)(lsten·
Poro reduzir custos, as HMOs e empresas Cla de um slgnlflcatlVO relaCionamento entre
similares v~m lançando mão cada vez mais de fatores de economia de mercado e o cresCI-
P"mary Care Physiclans - PCP (Médicos de mento do setor odontológICO, sendo este: a)
CUidados BásIcos), conceito que tambem se Induzido por aumentos na demanda devido
aplica a ClrurgiOes-Oentlstas que se encarregam prinCipalmente à expansão da modalidade de
da prevenção e do tratamento clínico básIco, seguro e planos de saúde bucal, b) em segun-
servmdo ainda como mdicadores obrigatórios do lugar causado por aumentos na renda dos
de atendimentos por especialistas consumidores; c) em terceiro lugar suportado
O quadro 3-6 fornece um exemplo de pla~ por uma oferta crescente de profiSSIonaiS.
nos prIVados de saúde que são comerClallza Pela tabela 3-6 é possivel observar as gran-
dos nos Estados Unidos, expondo as bases des vanações OCOrridas no setor entre 1950 e
com que são oferecidos ao público, 1989 O estudo mostrou que a elastiCIdade
Em geral. as empresas que atuam na area de renda da demanda para atenção odon-
odontológica se limitam a oferecer planos de e
tológICa poSItiva, pOIS um aumento na ren-
saúde bucal tipo HMO, Point-of-service e de da dos consumIdores esta correlaCIonado com
seguro, por vezes com POSSibilidades de intera- um aumento nos gastos com odontologia Por
ção entre essas modahdades, com alguns ti" seu turno, ao redUZir O preço aparente dos
pos de tratamento ou procedimentos sendo cuidados odontológiCOS, os planos de seguro
ofereCidos pela rede credenCIada e outros ape- estimulam a demanda Um maior número de
nas por reembolso com restrições quanto a pessoas com seguros odontológICOS (melul
preços e com hmltes de cobertura financeira planos e seguros de saúde bucal), resulta em
(Unlted, 1998; Fermilab, 1998) um maior volume de gastos em odontologia
Cordes e Doherty (1991) constataram que Por último, o estudo afirma que a cada 1%
desde '950 a odontologia constitUI um setor de avanço na relação "Clfurglões-denustas·
em cresCimento dentro da economia norte- 100 mil habitantes" verlflCa·se um aumento
americana, Situando-se aCima da media de ex quase Identlco (0,953%) nos gastos com tra·
pansão do conjunto dos demaiS setores. Exa- tamentos dentáflos

Tabela :J..6
Gastos em odontologia e dados correlatos nos Estados Unidos, em 1950 e 1989

Infonna ~ã o 1950 1989 Diferença %

População (mil) 150.790 246.552 63,S


NII de clrurglóes-dentJst3s 7S 300 135.200 79,5
COsi 100 mil habitantes 49,9 54,8 9,8
Renda p@rcap,ta em USS 5693,40 12.424,60 118.2
Gastos odontológiCOS per capta - USS 31 ,60 87, la 175.6
NII Pessoas com Seguro Odont Imll) 218 97.538 44 642,2
% da População com Seguro Odont O,, 39,6 39500.0

Fon/p Cordl3 e Ooherty (1991)


financiamento e Orgamzação 89

Quadro 3.{j
Planos de saúde bucal e condições básicas de oferta ao público nos Estados Unidos, 1998

PLANO A - Tipo HMO

Procedimentos selecionados Custo para o Serviços não cobêrtos


cobertos pelo plano paciente (em USS)

Exame, um a cada 6 meses nenhum • Trat. Imciadoenãocompletado


Radiografias nenhum em outro plano de saúde bucal
Profilaxia, uma a cada 6 meses nenhum • Serviços daS51ficados como
Trat com flúor - um a cada 6 meses nenhum procedimentos medicos
para dependentes at~ 19 anos nenhum • ServiÇOS fora de padrões normaiS
Rest. Amálgama 1 a 4 superflaes nenhum • Sel'Vlços hospltalar@5
Trat. Endodóntlco I ou 2 canais 85,00 • Trai. Por motivos cosmetlcos
Trai EndodõntJCo em molares nenhum • SubstitUição de prótese parCial
Extração Simples 30,00 coroa, prótese total que possam
Extração wm Imp<lcção óssea 215,00 ser consertadas p<lra uso normal
Rest Em porcelana ou cerãmlCa 55,00 • Preços que excedam os padrões
Prótese pardal sem grampos 210,00 normais (padfÕes UCR)
Protese paraal com 2 grampos 230,00 • Procedimentos experrmentals ou
PrÓtese totalsup-!Inf nenhum não aprovados pela ADA
Consulta ortodõntlCa
Terapia ortodôntlca para caso 1250.00
normal (24 meses) criança
Terapia ortodontica para caso 1800,00
normal (24 meses) adulto

Plano B - Tipo Seguro

Procedimentos selecionados Custo para o Condições especiais


sem custo direto paciente - em USS

Exame a cada 6 meses nenhum • O Plano paga USS 1 000,00 no


ProfilaXia a cada 6 meses nenhum máximo, por ano, para os tratamentos
RX 81tewmg - 1 a cada 6 meses nenhum constantes na I~ de procedimentos
Serle completa R.X - 1 cada 36 meses
Tratamento de urgenCla
nenhum
nenhum
• Outros procedimentos (ortOOontla.
endOOonlJa 2 ou ... canaIs. etc) o PIa-
Limpeza penodontal nenhum no paga no mãxuno USS 1 000,00
Tratamento com flúor 1 a cada 12 por toda a vida
meses para pessoas ate 19 anos nenhum • Os outros procedimentos (não
Mantenedor de espaço fora de constantes da hsta) estão limItados
tratamentos ortodôntlCos nenhum a pessoas ate 19 anos e o Plano
Umltes de custeio pelo plano paga 50% dos preços normais (UCR)
Rest. Amálgama 1 superfioe 14,00 • A ênfase cabe aos procedimentos
Trat Endodôntlco 1 canal 128,00 preventIVOs e de dinlta básica, os
Extra~ão simples - 1 dente 16,00 quais tem pagamento Integral Todos
Extração cirúrgica com Impacção óssea 61,00 os demaiS obedecem a uma tabela
Coroa de porcelana urntana 175,00 de preços que deve ser consultada
Coroa fundida em ouro 140,00 sempre que o segurado buscar
Prótese completa - 1 sup-linl 216,00 atendimento odontológICO
Pôntlco de prótese em ouro 140,00
PôntlCO em porcelana e ouro 17S,00

Fome Fem1,lab (1998)


90 SaUde Bucal CoIerlva

ototal de dispêndios com a saúde bucal europeus) e de que um grande número de pes-
evoluiu de maneira mais acelerada a partir de soas com bal)\os rendimentos ou pertencentes
1980 qu."ndo era de USs, 14,4 bilhões para a algumas das mUitas minorias permanecem
todo a pal~, chegando ti U5S 23,2 bilhões sem acessa a qualquer das modalidades de
em 1985, a USS 31,4 btlhOes em 1989 e a proteção à saúde dIsponíveiS no mercado, ou
US$ 38,7 bílhões em 1992 (Cardes e Doherty, mesmo ofertadas pelos governos federal, es-
1991, Alex Whlte, 1994, Neenam et aI., 1993). taduaiS e muniCipaiS, fez com que a pflmelra
adminIstração do preSidente BIIt ClIOlon pro-
3.8.3 Propostas de maior dUZisse uma abrangente e extensa proposta
universalização do sistema denominada TheAmeácan Health SecufltyAcr,
da saúda 1993 (algo como uma lei de Segurança 5am-
lima), logo conhecida como a Reforma Hlltary
Mais de 220 milhões de americanos es· Cllnton, devido ao fato de que a esposa do
tão atualmente cobertos por serViços médl' preSidente fOI quem a coordenou
cos de uma HMO, um plano de saúde similar Fundamentada em seiS principiaS - segu·
ou por uma apólice de seguro-saúde, ao passo rança, simpliCidade, economia, escolha, qualI-
que cerca de 100 milhões possuem cobertura dade, responsabilidade - a reforma propõs um
na ârea odontológICa. De um lado, os custos pacote de serviÇOS acessivel a todos, inclUindo
globaiS desse sistema têm subido de maneira aSSistênCia odontológica a menores de 2 1 anos
metódica fazendo com que os Estados Umdos englobando exames diagnósticos, aplicação de
sejam o pais que mais gasta em saude no muno fluor, restaurações, ortadontla limitada. e CU/·
do economicamente mais desenvolVido; de dados de urgênCia para adultos e CrIanças Nu-
outro lado há uma Insatisfação bastante gene- ma segunda etapa, prevista para 2001, a tista
ralizada com os resultados que a população seria acrescida por aSSistênCia odontológica
obtem dos planos de saúde Na verdade as para adultos e CUidados ortodõntlcos mais am-
HMOs são pouco populares nos EUA, mas ao plos para CrIanças e adolescentes. Pela adoção
longo das últimas décadas tornaram-se cada de um cartão de saúde procedimentos padro-
vez mais Inevltâvels como uma alternativa sem nizados deveflam tornar-se acesslvels a lodos;
dUVida superior ao regime de pagamento por a constitUição de RegIonal Health Alliances -
alO, numa terra onde um sistema publico de RHA (Alianças de Saúde Regionais) nos esta-
atenção à saúde deflnttlvamente não e aceito. dos com subdlVlsôes de nível local com ligação
As resistências ao modelo de um terceiro In· a um Conselho NaCIonal de Saúde deveria as-
terveniente entre paciente e profiSSional par· segurar a maior partiCipação de profISSionaIS e
tem tusto dos dOIS primeiros componentes do de representantes da populaçâo num modelo
tno. os pacientes por conSiderarem que as em- que se aproxima do conceito dos Conselhos
presas de saúde se Importam mais com seus de Saúde braSileirOS; a oferta de pelo menos
lucros e com os aspectos financeiros do negó- três planos a cada Individuas ou grupo de Indl'
cio do que com a saúde, enquanto 05 medi viduos deveria assegurar um mínimo de esco-
cos/dentlstas mostram-se saudosos dos tem- lha pelos usuânos e estimular a competição
pos em que o modelo liberai, sem Intermediâ- entre as empresas de saúde; relatónos anuaiS
fiOS, reinava absoluto (Abe~Smlth, 1986; Health de desempenho produzidos pelasRHAs seriam
Care In Amenca, 1998; Chnstensen, 1994), a garantia de Qualidade do sistema
A constatação de que os niYeis de saúde Dentro do modelo geral de concorrênCia
nacionaiS sâo bem mais msatisfatónos que o administrada Originalmente propOsto por
de nações por vezes não tão ricas (Vide por Enthoven (1980), estava prevista maior partICI-
exemplo os indicadores de saúde de palses pação governamental na condição de agência
finanCiamento e Orgamzação 91

reguladora_ O financiamento do novo sistema ftcatlvos conteúdos da proposta onglnal de


VIria de economias nos programas MedICare e 1993/94, apOiado no fato de que os estados
Medicald e de contribuições dos empregado- por sua prôpna IniCiativa Já adotaram mUitos
res eqUivalentes a 80% do valor médio dos três deles, exercendo um maior controle relativo s0-
planos oferecidos, e dos empregados que pa- bre o funcionamento das empresas de mana-
gariam a diferença para com o valor real do ged care
plano contratado O fato é que pela primeira vez houve oportu-
Em meio a forte conrmgenclamento politi- nidade para uma ampla discussão relaCionada
co, a administração Cllnton optou por dar ên- âs condições de saúde e ã estrutura do Siste-
fase a reforma da Justiça, terminando por so- ma de prestação de CUidados à população em
frer significativa derrota com a não aprovação nivel nacional. Nas várias áreas de conheCImen-
da Reforma Hillary pelo Congresso. Em mate- to e principalmente no sela do setor saúde inS-
na de capa intitulada PaclenCS or Profits? (PaCI- talou-se um Intenso debate. do qual mesmo
entes ou Lucros) a revista The Economist as mais conservadoras pessoas e instituições
(Health Care in Amen"ca, 1998), analisa de for- não puderam esquivar-se_
ma dura nova propoSição do presidente Clinton. As discussões envolveram lobbies ativos de
agora em seu segundo mandato. conhecida 'Ia nas correntes Os grupos ligados à saúde
como Palient's Bill of Rights (Direitos dos Pa- pública, por exemplo, Vislumbraram diante de
Cientes), mas conSidera que restrições e con- SI uma de suas primeiras oportunidades de
troles ao funcionamento das HMOs- entre ou- aprovar programas universaiS tanto de preven-
tras vantagens, os gastos dos empregadores ção quanto de CUidados cliniCaS pnmárlos. Já
neste modelo podem ser totalmente descon- os donos de empresas de seguro-saúde, em
tados do Imposto de renda, o que não ocorre geral aliados aos hospitais e clínicas privadas.
com os prêmiOS pagos ãs seguradoras - têm lutaram para assegurar a manutenção do ter-
grandes chances de serem bem aceitas deVido reno conqUistado em mUitos anos deselando
em parte à crescente Impopulandade dessas expandir suas atiVidades, o que seria possível
organizações_ no caso de convencerem o Governo a pagar-
O projeto do governo federal de 1998 en- lhes um prêmiO pelo atendimento das pessoas
tre outros pontos Impede as empresas segura- de baixa renda que não podem custear um
doras e administradoras de planos de saúde seguro privado_
de considerar não<obertos uma sene de even- Em função desse quadro. um conjunto de
tos - lá como aqUi os planos de saúde estão 24 organizações da área odontolôglca (fiOU
entre os lideres de reclamações aos serviços um movimento denominado Coalitlon for Oral
de proteção ao consumidor -, obriga a oferta de Health (Coahsão para a Saúde Bucal), que che-
um plano báSICO geral, não permite a retirada gou a uma pOSição de consenso expressa no
de doentes dos hospitais em razão de cláusu- documento Oral Health Care is Cf/tical to
las de cobertura Embora sofrendo uma vez Health Care Reform (Saúde Bucal é Crítica para
mais forte opOSição da miClatlva privada, pon- a Reforma da Saúde)_ AAmeácan Dental Asso-
tos como a equalização dos prêmios ou dos ciation - ADA, preferiu pronunCiar-se em se-
descontos mensais nas modalidades de pre-pa- parado, assumindo posições Similares as da
gamento fazendo com que as empresas pos- Coalisão, mas defendendo principiaS mais pn-
sam competir em termos de qualidade e quan- vatlzantes O Serviço de Saúde Pública do go-
tidade e não nos preços. parecem contar com verno (DHHS) não partiCipoU da Coahsão por-
sufiCiente base de sustentação na SOCiedade que esta sô reuniu entidades de direito priva-
Trata-se de mais uma iniCiativa governamental do, mas apoiou suas deCISões (Coalltlon, 1993;
no sentido de recuperar alguns dos mais signi- Llggett, 1993).
92 Saude Bucal Coletiva

3.8.4 Diagnóstico e proposta de • a cada ano, cerca de , 64 milhões de horas


benefrcios em saúde bucal são perdidas no trabalho e outras 52 mi-
lhões de horas nas escolas devido a condi-
De acordo com 9Uft (1994), "a prevalência ções odontológicas Pelo menos a metade
e a severidade da cárie dental na dentição per- das crianças entre 5 e 17 anos de Idade Ja
manente continua a declinar em crianças dos tiveram ou têm carles em seus dentes per-
Estados Unidos (e do Canadâ), mas a experiên- manentes;
cia de cáne na dentlçao de adultos permanece • enquanto 37 milhões de norte-americanos
estável desde 1986". Não obstante haja clara não possuem seguro-saude médico, , 50 mi-
tendênCIa rumo a uma prevalência minlma de lhões não contam com seguro-saúde odon-
cárie em infantes e jovens graças aos efeitos tológiCO. Milhões de outras pessoas estao
das medidas preventivas, problemas de orga- sub-seguradas e a cobertura por esse siste-
nização do sistema de saude bucal permane- ma é dechnante;
cem à espera de solução, • uma das prinCipaiS barreiras a obtençâo de
As discussões preliminares nos estados Já CUidados de saúde bucal é o custo. HOJe,
revelavam as tendências que se concretizariam apenas 20% das crianças com direIto ao Pro-
depOIS no documento-matrIZ da Coallsão. grama Medicare (para pessoas de baixa ren-
Damlano (1993) ao relatar as conclusões de da e desempregados) recebem atenção
workshop realizado em lowa sobre os cami· odontológica A cobertura aos adultos é li-
nhos da reforma, diz que "as pessoas de baixa mItada e declinante.
renda e as mmOrlas estão entre aqueles de • serviços de emergênCIa hospitalar propor-
maior riSCO em relação as doenças bucaiS e têm CIonam atendimento para problemas médi-
as maiores difICuldades de acesso a CUIdados cos não cobertos pelo regime de seguros,
odontológiCOS", completando o raoocinlo com mas eles em geral só são eqUipados para o
a proposta de que "todos os americanos de- aliviO à dor e para tratamentos paliatiVOS em
vem ter acesso a um conjunto báSICO de proce- relação às lesôes e Infecções orais. O acesso
dimentos rotineiros preventiVOS, de urgênCia e por parte dos Idosos também é difícil cerca
H
de tratamento restaurador • de 50% dos que vivem em casa não VIram
O documento prodUZido pela Coalisão em um Clfurglão-dentlsta nos ultlmos dez anos
1993 constitUI uma sintese crítICa da Situação e 85% dos aposentados não têm seguro-saú-
reinante nos Estados Unidos em termos de de odontológiCO. A cobertura do Programa
saude bucal (Coalitlon, , 993; liggett, 1994), Medicaid (atenção publica para idosos) é
estando seus prinCipais pontos resumidos a extremamente limItada em odontologia
seguir;
Lembra, ainda, que os serviços de saúde
• nada menos que 95% de todos os norte- bucal estão entre os de menor custo dentre
amencanos são afligidos por doenças orais todos os serviÇOS de saude disponíveis, afirman·
(cánes dentaiS, problemas perlodontals, cãn- do que cada dólar investido em odontologia
cer oral e defiCiênCias orais adqUiridas ou preventiva economiza entre 8 e 50 dólares seja
genéticas), as quais podem resultar em dor em tratamento curativo específico seja em CUI-
assim como na mcapaCldade de comer ou dados relaCionados à saude geral.
falar apropriadamente. O câncer oral é mais ConSIderando essenCial que a saúde bucal
comum que a leucemia, melanoma de pele, seja vIsta de maneira semelhante a qualquer
doença de Hodgkln e cânceres do cérebro, outra forma de atenção à saude geral, propõe
fígado, ossos, glândula tlreó.de, estõmago, um pacote báSICO de benefiCIOS preventIVos e
ováflo e coluna; de CUidados primáriOS à saúde bucal. o qual
FmanaamMro e Organtzaçao 93

deveria ser proporclonado a todos os norte- minar Infecções agudas, controlar hemor·
amencanos como parte constitUinte de um raglas, aliViar a dor e tratar tesões na região
programa de seguridade público ou prIVado, maxllofacial
sendo acessivel tanto indIVIdualmente quanto
a comunidades. Endossa um pacote de servI- c) Serviços de intervenção precoce (para
ços de saúde bucal que IncluI diagnóstico, pre- manter e restaurar funções)
venção e tratamentos clinICas que de modo • Restaurações Dentârias, com materrals
comprovado sejam capazes de prevenir e con- aprovados pela Food and Drug Admlms-
trolar cánes dentais, Infecções penodontals, tratlon - FDA (Instituto ou Administra-
dor, patologias dos teCidos moles, traumas e ção de Medicamentos e Alimentos) es
defeitos orofaClals tão cobertas, exclutndo-se coroas metá-
Os seguintes "beneficIos básIcos de saúde licas e serw;os cosmétICOS.
bucal" deveriam estar Inclusos • Tratamento Endodôntlco, para pessoas
com maIs de 18 anos de Idade.
a) Serviços preventivos • Cuidados Penodontais Básicos. InclUI te·
• Exam~s Profissionais. Um completo exa- rapla pertodontal (gengIVas) báSICa, não
me bucal anual dos tecidos duros e mo- múrglCa, com limpeza e polimento dos
les da caVidade oral e estruturas corre- dentes, para pessoas com 15 anos e mais
latas, com as radiografias necessanas e
aconselhamento, está coberto. d) Pacientes com necessidades especiais
• Selanr~s Este serviço estará dlsponivel Esses paoentes Incluem, mas não se limI-
até a Idade de 10 anos para proteção tam a, aqueles com defiCIênCias de desen-
dos primeiros molares permanentes, e volvimento e de nasCimento (lábiO lepof1no,
uma vez mais entre 10 e 17 anos para fenda pala tina), problemas genétICOS como
selar os segundos molares permanentes. dlsplasla ectodétmlCa e Sindrome de SJQ.
• Flúor Tópico. Aplicações tópICas de fluo- gren, e defICiênCias médicas adqUlf1das co-
retos constituem um benefiCiO coberto mo ttaumatlsmos, neoplaslas ou doenças
para crianças e adultos conSiderados infecCiOsas (p.ex., tuberculose, HIV, cãncer
como de alto n$Co em relação â cárie bucal) O pacote de beneficios proporcio-
dental nará os serviÇOS referidos nos Itens a a c
• ProfilaXia Bucal Uma profilaXia anual ê aCIma, maIs os serviços adloonals eXIgidos
um benefiCiO coberto para que tenham uma dentição funCIonaI,
• Suplementos de Ffúor Esta prescrição incluindo, quando necessáriO, hospltall'
preventiva estará disponivel até a Idade zação e anesteSia geral, CUidados ortodón-
de 13 anos para crianças que vIVem em tlCOS para maloclusões com handlcap, e CUI-
localidades onde o teor de f1uoretos na dados protétICOS para os portadores de
água de abastecimento público é infe- displasla ectodérmlCa
nor ao nível ótimo.
• Mantenedores de Espaço para crianças e) Próteses
entre 3 e 12 anos de Idade. Este proce- Compreende próteses removTvels. empre-
dimento previne complicações ortodõn· gando-se uma estratêgla de avanço gradual.
tlCas nos dentes permanentes, permitin- Intoalmente prÓteses totais (dentaduras) es-
do uma erupção normal tarão cobertas, limltando-se a não maiS que
uma peça a cada 8 anos Próteses ParCIaiS
b) Serviços de emergenda odontológica poderão ser ofertadas tão rápido quanto o
A cobertura InclUI serviços destinados a eh- sistema o permitir
94 S"úde Bucal Coletiva

Por ultimo, o texto refere que "não obs- Ainda que não tenha obtIdo aceitação no
lanl@ a saúdE" bucal de mllhare) de CIdadãos sentido de transformar-se em um programa
posso ser fOllOreclda com a provisão de ou· nacional de saúde bucal, os prlnciplos e diretri-
tros procedimentos odontolÓQlCos (p,ex., co- zes estabelecidos pelas entidades constituin-
roas. pontes fIXaS), no Interesse da contenção tes da Coallsão permanecem validos como um
de custos. só os serviçoS bâslCos estão aquI con· gUIa para a tomada de futuras decisões e'VI e
slderados. O prêmio para este pacote de cui· dente que tanto o quadro epidemIOlógICo quan
dados preventivos e de atenção dinlca baslca to a organização da saúde bucal no BraSil dIfe-
em saúde bucal para crianças e adultos deve- rem em váriOS aspectos das condições aquI
na custar modestos nove (9) dólares por pes mostradas para o caso dos Estados Unidos. No
soa ao mês" entanto, permanece como uma questão cen

Q uad ro 3·1
Metas selecionadas a sert:m atingidas pelos Estados Unidos no a no 2000, em saúde bucal

Meta para o a no 2000 Situa1jão inicial

35% das cnanç.as de &8 anos e 60% dos JOW!ns 53% na faau &8 anos (1987) e 7~ aos
dI' 15 anos com U~ OU mais c.;fle) nas denliç6es 15 anos (1987)
p"'rm<lm'!nll'! " lempoldua
20% das Cllança\ com 6-8 ano~ e 15% aos 27% na lanta 6-8 anos (1986) e 23% aos
I~ .1flm (om "êlfl~ nao-tralMlas 15 anos (1987)
JO% dM ~soas com 65 anos e m6lS edbllulas 36% em 1986
Prt!ValÍ"1'10d de gt"nglVlII' - 30% 3>44 anos 42% em 1986
Óbllm por cancPI bucal 105100 mil ~ homens 12,1 100 mil em homens e 4,1 100 mil em
~ <'I, I· I 00 mil em mulheres 4S-74 anos mulheres (1987)
50% das cnanças com ~Ianl~ em molarPs na I '''' aos 8 anos e 8% aos 14 anos t 1987)
dCfltl!;ÕO permanente
75% da POpuloçÕO ~o agua fluofetada SO'" em t 989
75% do) Põi~ e r~nsá~ adotando pratICas Dados de referênoa não dI5POI'lIve1S
..!tmcntores que prl!YlMm calles de mamadelra
em bebes
85% das pessoas que não recebem .tgua 50% em 1989
Iluoretada protegidas pot' Iluoretos VIa tópica ou
por Ingestão
Exame, referenaa para tratamento e atompa- 66% das cflanças com 5 anos ViSitaram um
flhamenlo em 90% das Ulanças pela pnmetra vez cirulglâo-denhsta em 1986
na escol"
70% das pessoas tom 35 anos e mais utilizando. 54% em 1986
por ano, o sistema de atenção odontóglCa

Fonte u.s Depaltmenl of Hea1th «1d H\Jman ~ (19901


FinanoamMro e Orgaruzação 95

traI a necessidade e a ImportânCIa de que cada Healthy People 2000 (Pessoas Saudavels no
país deva estabelecer, com a clareza possível. Ano 2000), em termos de saude bucal (U,S
os conteúdos essenciais do que deve ser um Department, 1990). Uma análise sobre a fac·
prog ra ma de atendimento eficaz da popula- tibllidade dos obJetiVOs traçados no IniCIO da
ção. Neste sentido, certamente as deftntções década (Glft et at, 1996) revela que em geral
alcançadas pela Coalisão constituem uma va- os Indicadores progridem de maneira lenta e
liosa base de referênoa na maiOria dos casos um grande esforço é ne-
Estão relaCIonadas, no quadro 3 7, as prtn- cessáriO para concretizá-Ias. deVido a persls·
Clpals metas a serem alcançadas pelos Estados tênCla de severas deSigualdades na SOCiedade
UnIdos no ano 2 000 dentro do programa norte-amertcana

os Planos e Seguros Pnvados de AssIStêncla a Saude.


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Capitulo 4 PROGRAMAÇÃO EM SAÚDE BUCAL

4.1 Do n(vol local ao outra ordem. e na alocação dos recursos finan-


n(vol contrai ceiros necessáriOS a que este conceito se con-
cretize na prática diária
o princípiO de Que quanto maiS centraliza· Descentralizar corresponde ao estabelecr
do estiver um sistema de saúde menor será a menta da programação. li tomada de demões
sua eficácia, é plenamente aplicável à política InclUSive orçamentárias e à execução dos servI-
de cobertura populaCional em odontologia Seu ços o maIS próximo possível da população, sob
corolâno. ou seja, que os serviços sob adminiS- responsabilidade da unidade local que se trans-
tração e controle locais costumam ser superIO- forma no núcleo pnnClpal do sistema
res aos que dependem de InstitUIções federaiS, A integração institucional deve ocorrer
to da mesma forma verdadeirO mesmo que eXIs- por nivels de influênCia, ou seja, uma só Insti-
tam exceções tUição no ãmblto federal, uma só no estadual
Este e um problema que se agrava em paí- e uma só para a execução local A alternativa e
ses mais extensos e populosos como é o caso a chamada Integração programática, onde
do Brasil, onde a tendi?nClil a uniformizar sob cada Ins11tulção mantém a sua independênCia
uma só regra SItuações e grupos mUito dlstm· e orçamento, comprometendo-se a executar
tos entre si pode mar distorções mais sénas e um programa comum estabeleCIdo segundo
de mais graves conseqüências do que as que as neceSSidades e convemênaas dos grupos
procura cOrrigir populaCionaiS a atender. Quando a verdadeira
Quatro são as diretrizes báSicas a seguir Integração não é possivel, desenvolve-se a sua
na estruturação do trabalho odontológiCO: um· alternativa. procurando superar os Inconve-
versahzação, descentralização, Integração Ins- nientes típiCOS das negociações entre organiS-
titUCional e regionalização mos distintos e por vezes concorrentes
Universalizar significa estender serviÇOS bá- Regionalizar corresponde a uma estrati-
sicos a toda a população, o que Implica na ficação de ações, com a oferta de servlf;OS bá-
definição de um elenco de atiVidades que deve SICOS para todos e de serviços especializados
ser Igualmente acessível a todas as pessoas sem de maneira seletiva, bem como a organização
restrições de cara ter econômiCO, SOCIal, racial. do setor odontológiCO em Unidades articula-
religioso, poHtlCO, geográfico ou de qualquer das entre si a partir das perifenas urbanas e da
100 SaUde Bucal ColetIVa

zona rural até os centros populacionais mais • eliminação ou redução SignificatIVa das dife-
densos, onde cUidados integrais à saúde de- renças Institucionais, Integrando sob coman-
vem estar acessivelS aos grupos prioritários dos do ÚOlCO a programação de atividades de
pontos de vista epidemiológico, econômiCO e cada Iocahdade. dlstnto ou região de saúde;
social • superação da dicotomia entre atIVidades
preventivas e curativaS. executando-as em
conjunto por meio dos mesmos programas;
4.1.1 Estratégias de programa- • artICulação direta entre
ção em saúde bucal
- serviÇOS básicos e servIços espeCializa-
Ainda que eXistam Importantes diferenças dos, fazendo com que estes recebam pa-
regionais e locais, pode-se dizer que em um Cientes encaminhados por aqueles e que
sentido amplo os sistemas de prestação de os Informem sobre a evolução dos ca-
cUidados em saúde nos paises em desenvolvI- sos de forma a permitir posteflor acom-
mento buscam atingir a dois grandes objeti- panhamento pela umdade onglnal que
vos a) melhorar de maneira significativa os em geral está Situada próximo ao local
padrões de saúde bucal de toda a população; de residência, estudo ou trabalho da
b) redUZir e se possível eliminar as desigualda- clientela.
des de acesso aos serviços odontológicos, o unidades de saúde e a comunidade. no
que corresponde a favorecer os grupos econo. sentido de QJe haja uma efetiva presen·
mlcamente mais carentes e os residentes em ça desta, cemo mecanismo de controle
áreas marginalizadas. SOCial sobre o setor saúde. na definição
Analisando o papel que deve caber a um de pflofldades e da programação e no
sistema de atenção odontolôglCa. um grupo controle sobre o padrão e a quahdade
de especialistas da Organização Mundial da dos servIÇOS,
Saúde definIU. em termos amplos, duas metas - setores de utilização e de formação de
a alcançar (a) influenCiar a forma de Vida da pessoal de saúde, Visando superar a se-
população para que mantenha ou promova a paração em geral prevalente e dotar o
saúde bucal e previna as doenças orais. (b) pro. sistema de recursos humanos adequa-
porClonar tratamento adequado às pessoas dos à realidade de cada pais ou região.
afetadas por doenças bucaiS a fim de detê-Ias • redireCionamento do conjunto dos serviços
o mais cedo possivel, evitando a perda de fun- prestados pelo sistema de saúde ou, nos
ção (OMS. 1987), O mesmo grupo reconhe- casos em que as influênCias conservadoras
ceu que a segunda meia s6 poderá ser alcan- nâo possam ser superadas. dos recursos diS-
çada se todos os recursos dlsponivels para a poníveiS para a sua expansão, privilegiando
promoção da saúde forem utilizados em sua as atiVidades locaiS e a atenção báSica,
plenitude, de modo que a atenção curativa se • estimulo â produção de tecnologia apropria-
torne necessária apenas para aqueles nos quaIS da e â reahzação de pesqUisaS operaCionaiS,
a prevenção haja fracassado • definição de recursos financeiros especifl-
De acordo com esses conceitos, as seguin- cos e sufiCIentes para permitir a execução
tes orientações estrateglcas - diretamente vol- de programas odontológICOS, inclUindo o
tadas para a solução dos prinCipaiS problemas equaClonamento de fontes de financlamen·
e para satisfazer os ob,etlvos e diretrizes for- to e dos mecanismos de remuneração de
mulados para o programa de saúde bucal -, pessoal em linhas corrertas,
podem ser sugeridas com vistas à sua adapta- • obtenção de um alto padrão de rendimen-
ção a cada realidade: to e de qualidade no trabalho. mantendo
Programação eom SaVdeo Bucal 101

uma produção compativel com o número e dual nas areas de planejamento e programa
qualifICação dos recursos humanos eXisten- ção (PlOto, 1996).
tes e com o periodo de trabalho contrata- Em um sistema de atenção odontológIca
do, cOrrigindo situações criticas como por bem estruturado, ao nível federal ou central
ex., a de profissionais que cumprem só li- deve caber a coordenação naCIOnal dos pro-
mitada parcela do tempo de contrato ou gramas; apoio técnICO aos estados e municí-
de programas escolares que só atendem du- pios, partICipação no finanCiamento do setor.
rante o periodC' letNo. notadamente na sustentação de ações com·
plexas com caracterlstlcas de referenCla regiO-
De acordo com Vianna e Plola (1985), "os nal, operação de limitados serviÇOS pr6pnos só
problemas cotidianos de uma comunlClade, nos casos em que não houver possibihdade de
entre os quais se Induem os de saúde, têm sua absorção pelo nível local, e na condIÇão de
caracteristlcas eminentemente locaiS Sua so- núdeos de execução fiei da política naCional;
lução, portanto, não pode depender de dect- desenvolvimento de estudos de Interesse geral
sões à distânCia, em geral lentas e nem sem- ou para solução de problemas especiflCos quan-
pre acertadas, porque a autoridade que a toma do a umdade local não puder realiza-los; repre-
não tem como conhecer todos OS àngulos do sentação Junto a entidades internaCionaiS
problema e, por estar longe, pode ter sua seno O nivel estadual ou regional tem a seu car
sibilidade embotada, tendendo a adotar res· go a elaboração da programação, a coordena-
postas burocráticas e de pouca eficáCia ou a ção e o apoio ao nfvellocal. no seu territóriO.
sequer leva-Ias em conSIderação" Algumas das atribUições do nível federal p0-
Este raciocinlo é particularmente verdadei- dem lhe ser repassadas, além de que com maior
ro no campo da odontologia, onde a maiOria JustificatIVa ainda pode operar serviÇOS com-
esmagadora das suas ações se refere a proble- plexos ou de referênCIa que sIrvam a clientelas
mas de alta prevalênCIa cuJa resolução eXige de diversas pequenas localidades
tecnologias e conhecimentos de limitada com- Cada estado deve elaborar a cada ano um
pleXidade Toda a atenção báSica pode ser programa e um mapa que englobem pelo me-
equaclonada e Implementada no local sem nos os serviços de atenção báSICa desenvolVI-
perda de qualidade ou de eficácia e com maior dos diretamente ou por outras entidades. es-
eficiência pecificando os recursos financeiros disponíveis,
Serviços sob responsabilidade da autorida- treinamento de recursos humanos, cobertura
de local (Prefeitura, entidade de classe ou de populaCIonal e locahzação espaCial das um-
caráter comunitáriO, por ex.), em especial nas dades.
Cidades do interior, têm custo Inferior aos dos Compete ao nivellocal a operação de seM-
operados por entidades centralizadas em fun· ços báSICOS, a elaboração e avaliação da pro-
ção do menor grau de sofisticação e a adap- gramação doméstica, a realização de levanta-
tação dos salárIOS e dos gastos aos padrões re- mentos epidemlol6gicos e de estudos de seu
gionaiS, além de poSSibilitar um controle e uma interesse, a participação nas atIVlClades de pia·
partiCipação mUito mais constante e poSitiva neJamento, treinamento de pessoal e outras
das pessoas que os utilizam dlanamente. Ar· desenvolVidas pelos demaiS níveIS e que lhe
gumentos contráriOS, como a escassez de recur· digam respeito, fmanciamento total ou parCial
sos flOancelros ou redUZida competênCia téc· (na dependênCia do regime tributa riOS e de
nlca e administrativa do poder local podem ser repartição de verbas Vigentes) das ações e o
contornados por meio de uma correta polftlca entendimento com a comUnidade
redistributIVa dos recursos e do adequado tret- No caso brasileirO, o Sistema ÚniCO de Saú-
namento do pessoal Via apoio federal e esta- de confere forte ênfase â mUnicipalização. A
102 SaUde Bucal CoIetrva

Norma Operacional Bãslca 01/96 - NOB/SUS 4 . 1 .2 Um modelo de prática


96 - fOI Instituída com a flnahdade de "promo- municipal
ver e consolidar o pleno exerciClo, por parte do
poder publico municipal e do Distrito Federal, Ana L. Camargo e Liliane
da função de gestor da atenção à saude de B. Correia
seus munidpios" (Brasil, 1996) Alêm de várias
medidas tendentes a aumentar a autonomia Desde a criação da primeira Faculdade de
programátICa e financeira local, desde 1998 Odontologia em Baltimore, muitos modelos de
passou a ser repassado (os recursos permane- atenção em saude bucal foram pensados, Im
cem em mãos do nível central) aos munICiplos plantados e reformulados Tomando-se a hiS-
um valor per capita denominado de Piso AsSIS- tória recente. para o caso brasileiro, é suficien·
tencial Básico - PAB - correspondente ao total te lembrar do sistema IncrementaI, a Simplifi-
da população (Brasil, 1998). cação, a odontologia Integral, o modelo de in-
Dependendo da forma de organrzação do versão da atençâo, cada um acrescentando
setor odontológICO, a unidade local pode per- seus próprios conteudos no processo de cons·
tencer ao munrdpro, a entidades paraoficrars, trução da saude bucal coletiva em âmbito na·
a srndlCatos ou assoclaçóes comunltárras e até Clonal (Moysés, 1997).
mesmo, em casos de pequenas comarcas que Esses movimentos pendulares passaram de
não querem ou não têm condrções de operar um extremo onde ;e situava a lógICa curativa
serviços básicos de saúde, ao governo estadual restauradora em ql.e a Simples substituição de
ou a outras institUições com atuação nesse caVidades canadas por caVidades ClfurglCas
âmbito. Em todos os casos o fundamental está preenchidas por I",aterial restaurador significa·
em que o poder se encontre nas mãos da uni· va o sucesso operatório. até o movimento pre-
dade executora, que é local. ventlvlsta no outro extremo, reforçando a p0-
Quando venfrcar-se uma excessiva centrali- Sição do profiSSional como detentor do conhe·
zação que Impeça uma tnversào rápida do pro- Cimento, não estimulando a co-responsabllrda-
cesso, é aconselhável aceitar uma etapa Inter· de e dando enfase ã medicalizaçâo.
medlárla de "desconcentraçao" das atIVidades, Buscando um eqUilíbriO entre as várias ten-
ou seja, o repasse de algumas funções da ad- dênCias, surge o contexto da Promoção da Sau-
ministração central para suas próprias repre- de. Dois enfoques principais podem ser utiliza-
sentações estaduaiS e muniCipaiS dos para a concretização das práticas odon-
AdemaiS de prover melhores serviços e pos- tológicas: de um lado, a histÓria natural das
sibilitar um maior controle comunltãrlo, a con- doenças com base nos concertos tradiCionaiS de
centração dos CUidados bãslCos por localidade leavell e GarI::.; de outro lado, a hlstôna SOCial
visa estimular cada unidade operativa a assu- do processo saude-doença, conforme o expos-
mir Integralmente a responsabilidade frente aos to na Conferênaa de Ottawa. A prátIca basea-
problemas de saude da população sob seus da na qualidade de vrda não nega a história
CUidados sem esperar que as grandes Instttul- natural da doença, mas entende que, para ado-
ções (Secretarias, MinistériOS), de fora, façam tá·la, faz·se necessária uma prática Intersetorial
aqUilo que na verdade lhe cabe. coletIVa (Moysés et aL, 1995; Relatôflo, 1996).
Em um sistema coordenado de nivel nacIo- Em paralelo, começa a Impor-se uma nova
nal cada um dos níveis dá satIsfações sobre o estratégia de administração em nivel munICipal,
seu desempenho aos demaiS, permitindo a cor· com a gradatrva afirmaçao do conceito das "Cl-
reçao de erros e a difusão das experiências mais dades saudávelS~, ao qual desde logo CurrtJba
eXitosas. apoiou (Ferraz, 1993; carta de Campinas, 1993)
ProgfiJmaçlo em SaVde Bucal 103

Como se VIU no título precedente. uma poli- Modelo organizacional


ttca de saúde bucal para que possa cumpnr com
seu obJetivo maior de evitar que as pessoas ado- A medida em que o enfoque pende do cu·
eçam e possibilitar àqueles que necessrtem de ratNo para o preventNcrpromOClonal. amplla-
asslstenaa o acesso de maneira organIZada e se o leque de alternatIVas que pode determI-
solidária aos servu;os odontológICOS, deve es- nar prátICas com efetiVO Impacto epidemiO-
truturar-se com base em alguns pressupostos. lógICo e satisfazer os usuarlos O modelo orga-
como Universalidade da atenção. eqüidade, mzaoonal aqUI apresentado reforça a Impor·
ênfase no município. descentralização / regiO- tânCla da percepção dos Indlvfduos em relação
nalização / terntonalização. abordagem global à saúde bucal na busca do autoculdado.
centrada na promoção da saúde enfatlza a epidemIOlogia como linha diretIVa e
Com base nesses principiaS, desaeve-se de procura obter Impactos rears com base em In·
maneira SintétICa o modelo de atenção à saú- dlCadores coletiVOS de saúde bucal
de bucal desenvolvido no munlaplO de Curitiba. A organIZação dos serviÇOS, no âmbito do
estado do Paraná (Prefeitura MunICipal de territÓriO, está esquematIcamente representa-
Curitiba, 1995, 1996) da no quadro 4-1

Quadro 4-1
Extensão de ações de saúde bucal e uma comunidade

I Universo de atenção
I (população do territôrio)

I
Unr.oer50 prIOrizado em OdontologIa
(area de nsco SOCIal, escolas, creches,
geStanteS. grupo de desnutndos.
oUlros grupos organizados)

Alenção a problemas de Atenção a problemas de Ações de educação


enfrentamenlo ocaSionai enlrenlamento continuo em saúde

I
Organização de fluxo Identlrlcação biológica de
(pré-tnagem) atll/ldades de doença

Atendimento Ações coletIVaS! Alta atll/ldade BaIxa atlVldad


dirwco indiVIduaIS G1 G2 I-
I
Pós-triagem
(avalIação da
I
Atendlm~to Atenchmento
atiVIdade de AtendImento
doença) indIVIduai IndIVIduai
coletll/O
InltadinlCO eXlracHruco

Fot"Ite Prefellura MUIIKlpal de Curitiba (l99S)


o alvo da atenção é a totalidade dos hab.. urgênaa são atendidos, Independente do hora
tantes do terfltóno. podendo este ser entendI- no de chegada. u) avaliação da Situação de saú·
do como o muntcJplo. um distrito sanitário ou de bucal, procurando esclarecer o paCiente s0-
a área de abrangência da Unidade de Saúde bre suas neceSSIdades diagnostICadas e danda-
Tem como Imagem-ob)etlVO a ênfase no uso lhe orientações gerais de saúde.
da eptdemlologla. VIsando Impactos reaIS no Para melhor raCionalização dos seP/lÇOS na
controle e redução da placa (ume dental e prática do dla·a-dla, sugeflLSe o seguimento
doenças perlodontals com suas seqüelas)_Tal de três etapas. conforme exphotado a SegUlf
fato não Impede que outros problemas relatI-
• Organização do fluxo
vos ã saude oral - cãncer bucal, fluorose. odu·
sopatlas, entre outros - sejam momtorados E o momento da acolhida do paciente Res·
considerando as realidades locaiS pertanda-se a ordem de chegada. é Identifica-
Procura ampliar o acesso da população às do o real motIVo da Vinda à UnIdade por meio
açOes educativas e preventIVas, Vlablhzar a ca- de perguntas e, quando necessàtto, com ava·
bertura de ações programadas a grupos pnon· hação da sltuaçAo oral (exame Visual com aux"
zados (áreas de riSCO SOCial elou biológICO. gru· lio de espátula de madelra)_ Deve ser reahzada
pos específicos com gestantes. crianças de cre- de preferênCIa no iniCiO de cada turno de tra-
ches, escolares) e, como parte de uma poHuca balho pelo técnICO de higIene dental - THO -
saudável, estimular o autocontrole da popula· ou pelo orurglão-denttsta. conforme a diSpo-
ção sobre a próprta saúde. nibIlidade local de recursos humanos
O trabalho de saúde bucal está orientado Em consequênoa. surgem várias posstbll"
no pnnciplO da eqüidade e no conceito bIOló- dades de encaminhamento do paciente na
gICo da transmlsslbiltdade da cárie, procuran· Unidade de Saúde
do avançar em tomo do eixo conceitual da saú' - atençào clínICa oferecIda pelo ctrurglão-den·
de da famnla Estrutura·se segundo três gran- tlsta com prtondade a quadros dolorosos
des vertentes; a atenção a problemas de enfren· e/ou agudos (exodontlas. restaurações,
tamento contrnuo. a atenç.Jo a problemas de aberturas coronánas, etc.);
enfrentamento ocasionai e as ações de educa· - atenção dímca ofereoda pelo THO, abran·
ção em saúde gendo proce<hmentos delegados pelo Clrur·
glão·dentlsta como profIlaXia, RAP
supragenglVal. escarlaç.ão, restauração pra-
a) Atançlo a problema. d. vtSÓna e outros;
enfrentamento oca.lonal
- educação em saúde e escovaçc1o ottenta
da. de preferênCia realizados pelo atendente
Contempla a oferta de atiVidades clinicas
de consultóriO dentáflo - ACO,
de livre demanda (pronto atendimento) e ações
grupos de manutenção coletiva, mOnl'
coletivas ou IndIVIduaIS de cunho educatIVO-
torados pelo técniCO de higiene dental.
preventivo. para toda a clientela
- encaminhamento a Clrurgião-dentlsta Cte-
Como uma estratégia para aumentar o aces-
denoado.
so da comunidade à atençAo odontológICa, utI-
- encaminhamento a serviços de apoiO diag-
liza o Pronto Atendimento, o qual deve dar res-
nóstICO.
posta a dois pontos fundamentais: i) satlsfaç.Jo
do paCIente por meio do atendimento de sua • Atenção cnnlca
queuca pnnClpal ou neceSSidade sentida. confe- As atIVidades clíntcas do Pronto Atendimen-
rindo pnondade a quadros agudos e, num se- to são reahzadas pelo clrurglão-dentlsta e pelo
gundo momento. aos problemas crõnlcos Ta- THO Este possui uma agenda própria, sob suo
dos os pacientes que apresentem problemas de pervtsão do pfOflsslonal de nivel superior
Programaç!o em Salide Bucal 105

• Pós·triagem cla de doença penodontal ou menos de


20% de comprometimento do penodonto
Todos os paCIentes atendidos no Pronto
e, ainda, os que foram reabilitados sem no-
Atendimento passam por avaliação da alMdade
vas lesões de cárie.
de doença. Uma vez detectado um estado de
"alta atividade", seus portadores passam a fa·
A atenção clínica ao grupo de baixa atIVi-
zer parte do universo considerado como prl~
dade de doença deve ocorrer preferenclalmen·
otáriO para a atenção a problemas de enfren·
te de forma coletIVa e exua-dimca Dentro de
tamento continuo e, se possível, devem ser
uma escala de pnondades este grupo seria o
encaminhados ã atenção programada
segundo a receber tratamento reabllitador.
• Ações coletivas / individuais Uma avahação da atIVidade da doença deve
ser realizada penodicamente nesses dOIS sub-
São ações de cunho preventivo-educatlvo a
serem ofereodas continuamente como uma grupos, POSslbllrtando assim o monrtoramento
atividade paralela ã atenção dínlca Compreen- do quadro de morbldade e a incorporação de
dem atMdades de educação em saude em sala novos paoentes.
de espera, escovação orientada, controle de
placa e medidas Similares. O ACO e responsá· c ) Manutençlo coletiva e concessão
vel pela sua execução, sob supervisão do Clrur de alta
glão-dentlsta. Tem por obJetiVO possibilitar o controle de
doenças em grupos que passaram pela fase
b) Atençio a problema. de recuperadora e a pessoas com dentição mIsta
enfrentamento contínuo O atendimento coletIVO, a cargo do lHO,
vlabillza a ampliação do acesso a novos pa·
Tem por obJetivo aumentar a cobertura Jun· cientes que eXigem CUidados clinICaS Recebem
to a grupos prrorlzados, pela redução da InCI- Alta aqueles que, ao passarem por um grupo
dência das doenças produzidas peta placa Tem de manutenção. sáo avaliados como em bauta
como alvo as populações em situação de rrs- atiVIdade de doença, não pertencendo a faI-
co, como os alunos de escolas e creches, ges· xas etárias de dentIção mista
tantes, lactentes, habitantes de areas sob rrs-
co social, pacientes captados no pronto-atendi- d) Ações de educação em .. úde
menta.
Os grupos considerados como prrorltários Esta vertente é fundamental quando se fala
passam por exame tátil·vlsual, sendo então di· em uma polrtlca saudável, mudança de hãbl'
Vldldos em dOIS subgrupos de acordo com as- tos e estilo de VIda Está Insenda nas duas ou·
pectos clinicas relacionados ao grau de atlVI· tras vertentes (enfrentamento ocasionai e en·
dade de doenças da placa frentamento continuo) e prevê o desenvolVI-
- alta atiVidade de doença (G1), Indulndo pa· mento de ações nos dIVersos níveiS de atua·
Cientes com presença de cãrre atIVa e/ou ção: local, dIstrital e munrcipal.
mancha branca atIVa e/ou mais de 20% dos Sua operaclonahzação esta fortemente vln·
teCidos de suporte dentáno compromelldos culada ao uso das mldias visando ampliar a
por doença perrodontal Têm acesso garan· difusão de conheCimentos sobre o processo
tido ao atendimento cliniCO; saúde/doença Por se tratar de ação abran·
baixa atIVidade de doença (G2J, composto gente, tem na rntersetonalidade um de seus
por pacientes com cáries crônICas parali· prinCipaiS pilares, com o estabeleCimento de
zadas, manchas brancas cicatrizadas, ausén- parcerras entre o setor publico e a sociedade.
106 Saudp Bucal Coletiva

Por último, cabe lembrar que a definição 4 .2.1 Atenção a crianças de


de uma politlca de saúde bucal é um processo baixa idade
que eXige dos governantes e tecnlcos um
toque de ousadia, em busca da movação. Não A odontologia. por tradição, tem se preo-
eXistem fórmulas universais de sucesso, deven- cupado de maneira preponderante com o aten-
do ser respeitadas as caracteristlcas históricas, dimento de crianças a partir do nascimento dos
epidemiológicas e de conjuntura politlca de pflmelrOS dentes permanentes. Dentre os mui·
cada local. Cada proposta de trabalho estará tos reflexos dessa reduzida priOridade conferida
sempre macabada. eXigindo um esforço per- à dentição decídua, basta refenr o medo ao
manente para que possa adequar-se âs conti· consultóriO, a criação de hábitos hgados ao con·
nuas e dinâmicas mudanças dos cenános nos sumo Intenso de açúcares, a elevada prevalên-
quais se realiza cIa de canes dentaiS desde a InfãnCla Os esfor·
ços desenvolVidos na área da odontopediatna
4.2 Programação para têm se mostrado Insufiaentes para reverter tal
clientelas específicas Situação, mesmo porque em grande parte têm
Sido direCionados para o campo cUnlCo Em ter
Em uma comunidade, que grupos devem mos da população os programas de prevenção
ser atendidos em odontologia? Às vezes a res- e promoção da saúde bucal ainda são timidos.
e
posta fácil, como no caso de uma clínica em e
Este não um diagnóstico especifiCO do
um Centro de Saúde que tendo pela frente uma Brasil ou de países em desenvolVimento, em·
clientela mUitas vezes supenor à sua capacida- bora possa ser mais severo nessas regiões. A
de de trabalho Simplesmente atende aos que utIlização de serviÇOS odontológicos por man-
a procurarem. sem discnminações ou preferên- ças de até 4 anos tem sido desafiadoramente
Cias. De maneira mais freqüente. contudo, é baIxa tanto nos Estados Unidos (Inglehar e Te-
preciso conhecer a comunidade. IdentifICar os desco, 1995) quanto em países europeus
prinCipaiS grupos que a compõem, estimar (Holt et aI . 1990, Schou, 1993).
neceSSidades do ponto de vista epidemiológico. Dados epidemiológiCOS referentes ao gru-
para então saber quem deve merecer priOrida- po de O a 5 anos são escassos e só recente-
de para atendimento, quais as atiVidades mais mente esta faixa etáfla começou a merecer
necessárias e como distribuir melhor o tempo estudos de base coletiva. EVidênCias iniciaiS
e os recursos disponíveiS. Nos programas de Indicaram uma prevalênCia de cárie mUito alta
âmbito muniCipal, estadual ou mesmo naCio- (SeSI, 1996, GOIânia, 1996) num período em
nal, o conhecimento das diVisões Internas da que já se fazia notar uma tendênCia de queda
SOCiedade é essencial até mesmo para deter- nos índices de ataque para a dentição perma-
minar a localização dos serviços e decidir se nente Numa clara conseqüênCIa da limitada
todas as pessoas devem ser atendidas em to- procura de serviços dfnlCos, os dentes "ceo"
das as unidades ou se pelo menos algumas (atacados pela cárie) apresentavam-se em sua
devem dedICar-se a clientelas especificas larga maioria caflados Em seguida observou-
Por ISSO fOI estruturado este tópICO, que pro- se (com base no exame de 5 650 escolares
cura enfocar as linhas prinCipaiS de trabalho de 3 a 6 anos) que programas preventivos re-
junto a um conjunto de nove grupos ou clien- gulares (Sesi, 1998) mostravam-se efetivos
telas especificas: crianças de baixa idade. ~~5?.: mas produziam resultados inferiores nos den-
lares, trabalhadores urbanos, idosos. confioa: tes temporaflos, quando comparados aosgan-
dos institUCionalmente. ges:taDtes: IndIgenas, hos obtidos nos permanentes.
residentes na zona rural e. por fim, os adoles- Estudo desenvolVido por Mattos-Graner e
centes e adultos. -- - cals. em 332 infantes de 6 a 36 meses resl-
Programa(ão em SaUde Bucal 107

dentes na cidade de Piracicaba, estado de São o ~medo do dentista" - uma reação com-
Paulo (Mattos-Graner et ai. 1996), constatou portamental caracterizada pela anSiedade an-
que 65% dos examInados estavam hvres de teCipada - tem origem, na maiOria dos casos.
cártes. mas nenhuma das lesões dIagnostIcadas na eXlstenCla de dor e de experiências trau-
estavam restauradas(ceo-s - 1,37). observando- mátICas acumuladas nas pnmeiras viSitas a um
se aInda que 46% dos dentes cartadas esta- profiSSional (Bernsteln et aI., 1979), estiman-
vam concentrados em apenas 19% das cnan- do-se que cerca de 45 mtlhões de pessoas so-
ças no grupo de 31 a 36 meses frem deste trauma nos Estados Unidos (Rowe
A partir de estudos realizados por Luiz Wal-- e Moore, 1997), onde são comuns as clinICas
ter e cols (Walter et aI., 1985; Walter et ai .• pSlcoteráplCas e os grupos de auto-ajuda que
1987), desenvolveu-se no Brasil de maneira procuram encontrar soluções para o proble-
gradatIVa uma promissora Itnha de prestação ma A sua prevenção necessaflamente deve
de CUidados preventivos e de educação em saú- ser feita junto aos paiS, informando-os do tipO
de bucal Implementada desde o naSCImento de comportamento mais convemente Ja an-
HOje, "clinicas do bebê" ganham cada vez mais tes da primeira VISita do filho ao consultóriO e
espaço num numero crescente de serviÇOS pu- quaiS as reações mais adequadas para apoli!
bllcos odontológicos nos munldplos brasileiros lo tanto nesse momento quanto nos que se
(CJmbc, 1997; GOiânia, 1996; Garbeltnt e Pin- segUirem
to, 1996, Pinto. 1996; Nakama, 1994, Perel' Programas coletiVOS voltados para CUida
ra, 1997) numa tentatIVa de enfrentar os pro- dos da saúde dos teCidos bucaiS e da dentl·
blemas bucaiS de maneira precoce e, aSSim, cor- ção temporária são estruturados, segundo
ngtr algumas das deficiências Inerentes aos Pereira (1997), para
modelos de Intervenção tardia como no "SIste-
ma Incremental~ cláSSICO. Nos paises maIs de- • onentar a população a fim de que possa
senvolvIdos economicamente, à medida em que procurar aSSistência odontológica para Crlan·
se alcançou o controle da cárte em cnanças ças antes dos três anos;
maiores (7 a 14 anos), ganharam ênfase cres- • educar os pais e a fam~la, motlvando-os em
cente as estratégIas de base populaCIonal aplt- a
relação adoção de medidas preventIVas
cadas aos Infantes, conSideradas essenCIaiS para tanto para o bebê quanto para eles próprtos.
a construção de estIlos de VIda efetivamente no sentido de promoverem uma boa saúde
favoráveiS ã manutenção de bons padrões de bucal;
saúde bucal (Honkala, 1993). • realizar tratamento preventIVO clinICO e ca
As ações de proteção á saúde bucal de 10- selro - o primeiro envolvendo remoção de
fantes se fundamentam num ativo envolVI- placa, uso de selante e aplicação de flúor
mento dos pais e responsâvels, estando mUito tÓpiCO de acordo com o fiSCO de cáfle, o
ligadas aos programas da ârea materno-Infan- segundo, feito pelos pais ou por parte de
t)1 e ao trabalho em pedlatrra de maneira ge- quem CUida da cnança, inclUIndo controle
raI AI:;) discutir a relevãnaa da familla para a da dieta, remoção da placa, limpeza da ca-
saude da Cflança, Inglehart e Tedesco (1995) Vidade oral; aplicação tópica de fluor,
destacam o papel desempenhado no campo • prover tratamento curatIvo sempre que ne-
afetIVO, relaclonando-o com o medo ao dentiS- cessano, reahzando restaurações com resI-
ta e ao valor que merecem os CUidados dos na composta, lonômero de VIdro ou ade-
dentes e dos demaiS teCidos orais; no campo quação do meio com material provIsório
cognitivo com destaque para as crenças rela (ÓXido de ZInCO e eugenol);
CIO nadas à saúde da boca e, por último, no • disponibilizar atenção complexa (endodon-
campo do comportamento que regula a for- tia, Cirurgia, perrodontla) e emergencial para
mação de hábitos saudáveiS e corretos. casos Inevltâvels e com IndICação prec1sa
J
108 Saude Bucal Coletiva

De preferência o Ingresso no programa se Ihor conceitos referentes à saude. Está


dá nos prlmelfOs seis meses de vida, com per- Indicada a higienização da boca logo após a
manência regular até os 36 meses_ A partir mamada com solução composta por uma par-
dessa idade a criança deve passar a freqüentar te de água oxigenada a 10% e tres partes de
um programa de atenção a pré-escolares e em água filtrada (Walter, 1990), feita com uma
seguida de escolares. A aplicação tópica de gaze ou ponta da fralda ou, ainda, com de-
fluor e feita com soluções a 0,2% na clfnica deiras ou escovas apropriadas.
(conforme o grau de risco, com intervalos variá- Na clínica o atendimento pode ser feito
veis entre três e doze meses) e a 0,02% diaria- numa maca espeCialmente desenhada para
mente em casa Bochechas de fluor e gel tÓPI- este fim - MaCfl, deSCrita por Walter (1990) ,
co não são aconselhados para a faixa de O a 6 no própno colo da mãe ou do profissional com-
anos em razão da maior probabilidade de ponente da equipe de saude (Medeiros, 1993).
Ingestão do produto, sendo preferível lançar - Embora a criança Já possa reahzar a própria
mão de metodos maiS seguros, como a aplica- higiene bucal a partir dos dois anos e meio,
ção tópica de soluções ou de verniz fluoretado. não possui habilidades suficientes para remo-
São de alto fiSCO, em termos do trabalho ver a placa bacteriana dental, requerendo aJu
em saude pública, os infantes que não esco- da dos paiS em geral ate cerca dos seis anos
vam os dentes, Ingerem açucares com freqüên- de idade. A escovação. com escova de cerdas
Cia, fazem uso de mamadeira noturna e não macias e tamanho adequado à arcada dentafla,
utilizam flúor; de médio risco os que higlenizam pode ser feita pela mãe ou responsável na ~po­
sem regularidade, ingerem açucares com fre- slção de Starkey" (é mais aconselhável Que a
qüência mas não dormem mamando e utilizam posição sentada num sofá, tendo a cabeça da
fluor de modo eventual; de baixo risco os que criança no colo) na qual a criança permanece
escovam os dentes todos os dias, têm baiXO em pe, em frente e de costas para ela, que
consumo de açucares, nâo dormem maman- apóia a mandlbula do filho com a mào esquer
do e são adequadamente expostos ao flúor, da e escova os dentes com a direita (Rodrigues
seja via água de abastecimento, aplicações tó- et aI., 1997) (Figs_ 4-, a 4-5).
picas ou por metodos alternativos. Em climca
particular, a determinação do fiSCO real ou sub-
4.2.2 Atençio a escolares e
Jetivo pode ser feita com o apoio de metodo-
adolescentes
logia mais preosa e detalhada, identificando -
dentre outros - fatores bioquímicas, salivares Este Titulo indui individuos de 6 a , 9 anos
e biológiCOS, que podem levar em considera- que freqüentam ou não escolas de 1R, 2 R e 30
ção os aspectos ligados à transmlssiblhdade da graus. O grupo constituído por crianças e JO'
cime.· vens com idade entre 6 e 14 anos tem sido
Rodrigues et aI. (1997), ao analisarem os uma clássica prioridade em odontologia em
cuidados que devem ser dados ao bebê até os função da presença cOlOcldente de pelo me-
três anos de idade, referem que neste período nos cinco fatores relevantes:
os pais são mais receptivos, absorvendo me- • aparecimento gradativo da dentição perma-
nente;
Para eSludal de maneila maIS aprofundada falores de • menor capacidade de reSistênCia do esmal-
rISCO em relaç:lo li cárie dentária, ver AraújO e figuet.redo te - em fase final de consolidação - ao ata-
(1997), Hausen et ai (1995), aranhall e Eric:sson (1995)
que dos agentes causadores da cárie,
Em relação a questões imunológicas ligadas ao processo
cArle, vel Klllan e Brauhall (1995); Edgar (1996) O lema • resultados favoráveis que é possível conse-
·tran~mi5.s,bihdade· d~ une é examlr'lado por Arauto e gUir com a aplicação de medidas preventi-
Figuetredo (1997)
vas de caráter coletiVO;
Programação em Saúde Bucal 109

Fig. 4-2

Flg. 4-1 Capa de folderutlhzado pela Secretaria Mum· Figs. 4-2 e 4-3 Macas apropriadas para atendimento
cipal de 5aude de GOiânia odontOlógico de cnanças

• presença da maioria das crianças e adoles- Pode-se afirmar que a prioridade para a
centes nas escolas de 10 e 2° graus, as quais faixa etária 5-14 constituiu a base de susten·
proporcionam fadlidades de atendimento tação programática que permItiu o controle
e um ambiente considerado propício à ab- do processo cárie na maioria dos países onde
sorção de novos conhecimentos, entre os isso ocorreu . Ações preventivas regulares e
quais os conteúdos de educação em saúde; com a intensidade necessária, desenvolvidas
• possibilidade de utilização das instalações, primeiro nas escolas de 1" grau, podem ser
espaços. equipamentos e recursos huma· identificadas com clareza desde o inicio do
nos (disponiveis para os escolares) para o periodo de efetiva redução da cárie na Ingla-
atendimento de não-escolares. terra, Holanda, Nova Zelãndia. Austrália e em
110 SaUde Bucal CoIerlVa

de atendimento de escolares, com sua estru-


tura dâssica fundamentada em um programa
preventivo destinado a controlar a Inodênaa
dos problemas e uma ação vertical por meio
de um programa curativo, solucionando os
problemas prevalentes. Em paralelo, um pr~
grama educativo devena fornecer apoio às
demais ações e proporcionar mudança de hâ-
bitos de saúde na clientela
Desenvolvido em oclos anuaiS, o Incremen-
tai expandiu-se Virtualmente por todo o país
Fig. 4-4
funcionando como elemento de ligação con-
ceituai e uniforme para as diversas Secretarias
de Saúde estaduais e mUnicipais e instituições
paraoficiais que proporcionavam tratamento
dentârio a escolares. Seu principal atrativo estâ
na ca pacidade de ordenação da cobertura
populacional, centrada n" lógica da detecção
precoce das lesóes e no tratamento oportuno.
ou seja, o mais cedo possivel para Impedir que
haja o agravamento transformando caVidades
iniciais em complexas. O fluxo de crianças ao
consultório, no programa curativo, se dâ a par
tir das Idades de ingresso no )Q grau. teonca-
mente permitindo que cánes surgidas logo após
a erupção dos primeiros molares, por exem-
plo, possam ser tratadas de imediato. Ações
preventivas e de educação sanitárta deveriam
fazer com que se reduzisse a incidência (apa-
Flgs. 44 e 4-5 Cnanças bnnc.am enquanto aguardam recimento de novas câries), permitindo a mé-
atendimento na Climca do Be~ em londnna, Paranâ
dio prazo um dominio do quadro epideml~
e
Na <;;lIa ao lado, hora da radiografia
lôgico, uma redução do tempo total de traba-
lho exigido para tratar crianças e, em conse-
qüênCia. liberando tempo para abranger ou-
toda a Escandinávia, para Citar apenas. alguns. tros grupos como os adolescentes e os infan-
poucos exemplos. tes, ou para dar maior profundidade ao traba
No Brasil, desde o final da década de 50 e lho odontológico por meio do tratamento de
infcio dos anos 60, houve uma forte concen- doenças periodontais, problemas endodõn-
tração das atividades odontológicas desenvol- ticos. ortodõntlcos, CIrúrgICos.
vidas pelas InstitUIções do setor público exata-
mente junto a essa faixa e de maneira mais
especifica em torno do alunado das escolas
primarias oficiais_ SIstema Incrementai ~ um método de traba ho que
visa o completo atendImento den~1 de uma popula-
Trazido dos Estados Unidos pela Fundação ção dada. elImInando was nec~ acumuladas
SESP do Ministério da Saúde, o Sistema Incre- e postenormente manlendo..1 sob controle. S@9undo
mentai - logo se firmou como a metodologia crnénos de pnondades quanto a Idades e problemas
Programação em Saude 8ucaJ 111

Há um Grupo Inicial (G.I.) composto pelos sem OS numeros de restaurações feitas, seus
Que participam pela primeira vez do programa, efeitos não se tradUZiam numa melhora do
Compulsório no caso das menores Idades (em 'ndlce CPO, o qual segUia crescente ou na me-
geral 6, 7 e 8 anos), ou Eletivo compreenden- lhor das hipóteses eslavel em termos de popu-
do alunos fora da tanta etana compulsória e na lação. As causas mais prováveiS da recente re-
dependênCIa de dlspombllldade de tempo da dução do inchce CPO constatada em varias Cl-
eqUipe O Grupo de Manutenção (GM.) reu- dades braSileiras, em particular na faixa de 6 a
ne paCJentes Jã antes tratados Quando há ne- '4 anos - maior universalização do uso de
cessidades de atendimento generalizadas, a PriO- dentifríCIOS fluoretados, consolldaçao da fluo-
ridade cabe ao G.I Compulsóno, seguido pelo retação da agua na zona urbana, amphação
G M e em terceiro lugar pelo G.I EletIVO. O Ie- do U50 de medidas preventivas em consutõnos
vantamento epidemiológico feito pelo indice particulares e em serviÇOS púbhcos -, não In-
CPo-O determina o volume de necessidades a cluem o componente "tratamento restaura-
serem tratadas (média de dentes careados e com dor"
extração IndICada - C + Ei -, multiplICada pelo Não obstante, dIVersos programas escola-
total de alunos matriculados em cada idade). A res consegUIram êxitOS InegáveIS (Rosa et aI.,
ênfase cabe aos dentes permanentes, embora 1991, Paraná, 1991, São Josê dos Campos.
os temporáriOS sejam tratados para prevenir 1990, Barra, 1990; Pinto, 1993) exatamente
males ortodõntlcos, mesmo que por meio de por terem segUido os preceItos fundamentais
materiais provisórios do Sistema IncrementaI, ou seja. intenSIfican-
Na prática, a lãglCa do Sistema Incremen- do as ações preventIVas e educatIVas como um
tai não conseguIu propomonar os resultados conuaponto ao trabalho curatIVO.
que o pais esperava A organrzação do fluxo HOJe, os programas voltados para essa dlen-
de escolares para o tratamento curativo pre- tela devem adaptar-se a uma Situação ep'-
dominOU, as medidas de prevenção secundá- demiológica caractenzada, em mUitas localida-
ria e as educativas permane<eram num pata- des, por índICes cada vez mais baiXOS de cáries
mar secundáriO e pouco efettYO num período e por lesões que em proporção slgnrflcatlva
- por volta de 1960 a 1990 - em queo padrão deIXam de evolUI( para a cavnação. Ao mesmo
de ataque pela cárie em cnanças e adolescen- tempo, pflnopalmente na zona rural e em mu-
tes encontrava-se em seu auge no BraSil, fruto nlciplos de menor porte. nos casos em que o
de uma seqüência de gerações altamente con- padrão de ataque pela cáfle ainda não sofreu
sumidoras de açucar e da limitada cobertura e modlficaçôes substanaais, é precIso re<orrer a
inconstânCia com Que se concretizava a nua- enérgICOS programas preventtYOs e amda des-
retação da água de consumo público. a gran- pender recursos slgnlficattYOs com Intervenções
de medida preventiva de massa Implantada na curatIvas para atender à forte demanda da
Cidades de porte médio e grande de alguns comunidade neste sentIdo
estados A ISSO, somava-se o redUZido acesso O quadro 4-2 procura resumIr sltuaçôes ca-
da população de menor renda aos serviços muns com as quaIs se defrontam administra-
odontológICOS, InsufICientes na ~rea pública e dores de programas escolares, apresentando
demasiado caros na area pnvada sugestões de procedImentos ou de soluções
A exemplo do que se passou na Nova Ze- caso a caso.
13ndla e de maneira geral na Europa Ocidental As principais alternativas de organização
(vide subtitulo 3 7). a prioridade conferida no desses programas conSideram as hipóteses,
Brasil para ações curatNas na dentIÇão perma- não exdudentes entre SI, de: a) utilIZação de
nente de cflanças não consegUIU diminUir a cartões de saúde bucal; b) adoção do enfoque
prevalênCia de cárie Por mais que aumentas- de fiSCO estrito; c) adoção do enfoque do flS-
112 Saude Bucal ColetIVa

Quadro4-2
Situações matscomuns re!aóonadas ao atendimento odontofógico de esmMre5 e
ado'escentes e soluções indicadas

Situaçio Solução Indicada

a. Recursos limitados de tratamento. com alta Buscar parcenas InslltuaonatS. tralar lesões
prevaléncla e inodência de cáne dental inKJals e casos severos, prevenção inlensa
b. Recursos amplos de tratamento. com alta ou Programa de cobertura unl'J@rsal
baixa preval~ncia e mcidênoa de cáne dental
(. <:ane dental sob controle - baIXa Incld~noa Prevenção- para manter controle, atenção a outros
grupos e/ ou problemas
d. flItstênoa de flúor r'\a agua de consumo Metodos de pr~nção complementar dlreoonados
pUbhco a grupos de nsco
e. lnemtênoa de flúor na agua de consumo Uso de um metado alternativo para todo!. e de m@-
público todo adloonal para grupos de rISCO
f . E.scolas ISOladaS de pequeno porte na lona prevenção a cargo de pessoal local trl!lnado,
rural ou em pc:!f1lenas urbanas atendimento em urudades móveis ou removtYetS ou
deslocamento da clIentela para diroca central
g. Várias escola~ pr6l1Jmas entre SI Concentrar serviços em uma unIdade e fazer pre-
venção com pessoal local em cada escola
h. IneXistência de espaço de trabalho na escola Concentrar servtços no Centro de Saude
e Centro de Saude prôxtmo
I. lnwstênoa de espaço r'\a escola e Centro de Atendimento em Unidades tr'IÓYeti/rem<MYetS ou
Saude dcslanle ou com capaadade ~otada cnação de espaços altemaltvOS: deslocar equIpe
J. Periodo escolar limitado (8 ou 9 meses no ano) Utilizar eqUIpamentos le\ti e concentrar ServiçOS em
Centros de Saude da região
J. N~ elevados de evasão escolar Cp el! no Concentrar esforços nos periodos de maIOr
2° ~estre ou em ép0c::a5 de coIh$ta) Irequencia. poonlal 9rupos sob maIor rISCO de
evasão, atender outras lautas etãnas
m. Atendimento a outros grupos populaCIOnais Dedlcar-lhes turnos e/ou espaços específICOS
n. Cobertura a escolares do 2° grau Incorporação gr&datlVa VIa Canão de Saúde Bucal
o. Atendimento a nâ~cotares Incorpora.los ao programa em nivel de igualdade
com os escolares
p. Indeflnlção da InSlltUlção responsaV'el Responsabilidade geral ~ da Secretana de Saude.
com apoio da Secretarta de Educação

co socioepidemiológtco. A primeira hipótese saúde, educação em saúde bucal e prevenção,


estã deSCrIta a seguir; o conceito de riSCO é a fim de estabelecer com maior fidelidade as
discutido no capitulo 9, ao passo que o capi· medidas mais apropriadas à clientela de cada
tulo 6 expõe as bases modernas para a deter· localidade ou programa.
mlnação social de neceSSidades de atenção A proteção aos adolescentes, em principIO,
odontológica O conceito de estratégia de deve ser seqüencial em relação aos escolares
base populaCional está no capitulo 9 Ver tam- de 1° grau, ou seja, seu atendimento ganha
bém os capítulos dedicados à promoção da prlondade quando há uma cobertura satlm·
Programação em SaIickBucal 113

tóna das crianças até 12 ou 14 anos de Idade_ bucal, profilaXia. restaurações e extrações ine-
Em casos como o do Remo Untdo, onde a pno- VItáveiS O custeio nesse Sistema, na área pn·
rldade atual cabe ao grupo de Oa 19 anos com vada. e feito no regime de capltação, ou seja,
pfOteçãO virtualmente unrversal, nem sempre fOI cada participante paga uma quantia mensal
aSSim. No começo, o Sistema naoonal de saúde que lhe dá direito aos servIÇos sem desembol·
abrangia só algumas faIXas (em geral enue 6 e so direto. Na área pública a sustentação finan-
'2 anos), Incorporando de maneira gradativa ceira do programa se dá via Impostos gerais
Individuas de Idades superiores e mfenores à ou contnbulções previdenciárias, como acon-
medida em que novos recursos se tornavam tece em alguns países europeus.
disponíveiS e os problemas do grupo intcial O obJetiVO primordial da Implantação des·
eram equaclonados de modo convemente ses cartões é o de assegurar a manutenção da
Esta lógICa costuma ser rompida quando ha saúde a uma dlentela crescente. Na sua origem
um efetIVo controle do processo de cárie fazen- - Saneringbevijs ou Cartões de Aptidão Odon -
do com que os níveis de prevalência e InClden· tolôglca adotados na Holanda (Amerongen e
cla reduzam-se ao ponto de hberar recursos ate Verhey, 1988; Pinto, 1989) - destinavam-se a
então alocados com predomln.!noa para grupo pessoas consideradas aptas do ponto de vISta
de 6- 12 anos Em serviÇOS que funoonam por odontológICO. ou seja, sem lesões de cárie nem
hvre demanda, é comum que haja maior pro- dentes por extrair nem problemas penodontals.
cura por parte de adolescentes, buscando so- restaurações feitas e esquema de prevenção
lUCionar problemas que por não terem Sido re- em dia. As contribUições aos fundos de saúde,
solVidos antes se agravam ao ponto de reque- compulsônos para cada categoria profiSSional
rerem atendimento Outras razões, ligadas à mediante descontos de patrões e empregados
estética e a eXigências do mercado de traba- sobre a folha de salânos. custeavam todo o SIS'
lho (exames de saúde para os que obtêm um tema. bastando ao benefICiáriO comparecer
emprego), podem levar os jovens com mais as· regularmente ao seu dentista para ser atendi·
sldUldade aos consultôrlos odontológICOS do sem qualquer custo direto adiCionaI.
A autOridade sanltána local. ou o responsá-
Cartio da saúde bucal vel pela clínICa ou pela proteção a uma deter-
minada comUnidade, distribUI os cartões o que
A adoção de Cartões de Saúde Bucal POSSI- lhe permite saber a proporção de pessoas sa-
bilita uma orgamzação mais democrática, fáCil dias em relação à população total da área In-
e ampla do fluxo de paoentes. ademais de fa· verte-se a lógica do sistema de saude bucal.
cihtar a progressão ordenada da cobertura e pois ao Invés de proporaonar Informações es·
permitir à unidade de atendimento um contro- tatístlcas acerca do número de paCientes aten·
le e um acompanhamento bastante eficazes dldos, restaurações, extraçôes, aplicações t6-
das atiVidades em desenvolvimento. picas de flúor feitas. passa a Informar sobre os
O modelo de Cartão. ou Dental Card, re- progressos obtidos em termos da clientela sau·
prodUZido a segUir, é válido para qualquer peso dável do seu pl'ograma Tanto os atendimen-
soa até os 19 anos InclUSIVe, desde que não tos efetIVados quanto as saidas (por motIVO de
deixe de comparecer durante dOIS anos SegUI- nao comparecimento às épocas previstas) são
dos a uma das clíOlcas ou Unidades de saúde cnformadas ao núcleo central do sistema Uma
bucal que. na Cidade ou região, Integram o pro- vez que em cada consulta ou conjunto de con-
grama A freqüênCia com regulandade anual sultas anuais os problemas diagnosticados ou
confere automaticamente o direIto a receber remanescentes são tratados. onentaçôes Vlsan·
um pacote de atenção básica, composto por do a adoção de autoculdados são forneCIdas e
serviços preventIVos, de educação em saúde medidas preventivas são aplicadas, cada alta
114 Saúde BucalCoIerwa

eslnômmo de ausênoa de problemas e de uma sob responsabilidade direta do Jnchviduo. mas


condição saudável, pelo menos do ponto de há Situações em Que para tanto estão disponí-
vista clinICO. veiS recursos públicos ou seguros odontológICOS
DIVersas vanações podem ser admitidas a especifICaS (Flg 4-6).
partir do esquema geral exposto aoma A fai-
xa etârla coberta no começo em geral é mais 4.2.3 Saúde bucal para adultos
reduzida, podendo ser constltuida por indIVi-
duas de Oa 5 anos, ou de 6 a 9 anos por exem- A tradição de prlondade quase exclusiva,
plo, expandlndo-se pouco a pouco. Também em odontologia, para as cnanças e em partI-
pode serVIr para estruturar a cobertura gra· cular para alunos de escolas de , 11 grau, não
datIVa de populações adultas, como 05 funclo- JustifICa a ausênCia ou escassez de programas
narlOs de uma institUição, empregados de uma estruturados de saúde púbhca para proteger a
empresa Os serviÇOS proporcionados não obrl- população adulta
gatonamente devem comportar apenas a área Adultos constJtuem a larga malona da p0-
báSica, podendo considerar especialidades pulação, demandam fortemente por serviços
como endodontla e penodontla, de acordo odontológiCOS e mfluenoam de maneira deo-
sempre com as POSSibilidades de cada serviço slVa o comportamento de seus dependentes.
e com as característICas epldemllóglCas de cada Possuem problemas especificos de saúde bu-
clientela cal e têm partICularidades epIdemIológICas no-
O tratamento das neceSSidades acumula· tavels EInteressante observar que, na faixa de
das, ou seja, dos problemas prevalentes no mo- 3S a 44 anos em função da presença de um
mento do pnmelro exame, costuma ser con- grande número de Clrurglões-dentlstas Que ter-
crellzado por mecanismos própriOS de custeio mInam por pfoduZI( tratamentos em demaSia,
como o pagamento com base em tabela de paises altamente IndUSlnahzados como, por ex .
preços na clínica privada (Vide tÓpICO 3 6 4), a Dlnamafca, Nova Zelãndla, Noruega, apre-

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Flg. 4-6 Cartão de saude bucal .. Dental (arei (frente e verso).
Programação em Saude Bucal 115

sentam um CPO-D praticamente Similar ao bra- ram-se edêntuJos num curto periodo de dez
sileiro. com a Importante diferença de que nes- anos. A vanâvel determinante para o edentu·
te caso a responsabilidade maior pela eleva- IIsmo fOI o número de dentes presentes na boca
ção do indice cabe às extrações (WHO. 1998). no primeiro exame. ou seja. as pnmelras extra·
Desmentindo a hlpôtese de que as doenças ções conduzem às derradeiras. Em outras pa
peflodontals seriam as grandes responsâvels lavras. extrações prenunoam mais extrações.
pelas extrações em adultos, paises que costu- Pessoas com não maIs de 7 dentes presentes
mam apresentar alto IPC (Indice Periodontal no pnmelro exame demonstraram uma proba·
Comunltâflo) como a China, Zimbabwe. billdade vinte vezes maior de se tornarem eden
Nlgéna, Tanzânla e Toga repetem na faixa de tu las do que as que tinham 24 ou maIs dentes
35 a 44 anos os balxfsSlmos índices CPO que Outros fatores SignifICatiVOs foram: salârios bai-
caracterizam suas crianças. xos, nível educaCional deficiente, pobre higiene
Ao lado da cãne e das doenças penodontals, oral, freqüênoa nâo regular ao dentista. Ida-
a prâtlca de extrações em série conduz ao de, raça e gênero não tIVeram Importância es·
edentuUsmo e ao uso de próteses Estimativas tatistlca como causas para extrações dentânas.
nacionais para o ano de 1989 relatIVas a cerca PaCientes e profissionaiS fornecem motivos
de 71 milhões de residentes na zona urbana dIstintos para as extrações feitas: enquanto es·
com Idades entre' 5 e 79 anos revelaram que tes referem cafles. peflodontlte ou dão Indica·
problemas perrodontals estavam presentes em ções de ordem protêtlca e ortodôntlca. aque-
66% das pessoas, enquanto os edêntulos eram les falam em dor. mobilidade e estética (RelCh.
18% do total e os sadiOS apenas 16% de acor- 1993).
do com O índice penodontal Comumtâno (PIn· Em um estudo de opinião de reSidentes na
to, 1993) Flórida/EUA. com 65 anos e mais. Gllbert e
Espera-se que a redução da ocorrência de cals. (1993) indicam o segUInte perfil para In-
cimes em cflanças tenha repercussões posrtlVas. dIViduos que extraíram todos ou boa parte de
a médiO e longo prazo. sobre as condições de seus dentes · baixa trequenCla a consultÓriOS
saúde bucal dos adultos, mas não é possível de clrurglâes-dentlstas. menor dlsponibihdade
afirmar que isso necessariamente acontecerâ. financeira para pagar por serviços odonto·
Na verdade. as causas para as extrações em sêne lógICOS, higiene oral deftclente, históna de con·
e para o edentullsmo endêmICO são múltiplas e sumo de tabaco e de diabetes, atitudes nega·
não dependem apenas do que acontece com a tIVas em relaçào à ciência e â prática da odon·
dentição na InfânCia e na Juventude tologla
Nos Estados Unidos um estudo de 1985-86 No BraSil, é precIso computar amda as agu ·
sobre as condições de saúde bucal da popula· das dIficuldades de acesso a serviços odonto-
ção trabalhadora constatou uma prevalência lógiCOS por parte da maioria das pessoas em
de edentulismo de 4.2% nas pessoas com no função de seus reduzidos rendimentos e da
mâxlmo 65 anos e de 41,1% naqueles com 65 estrutura emmentemente liberal da profissão
anos e maiS, sendo que neste estrato havia MotiVOS de ordem econõmlca são comuns
outros 22% com apenas 1 a 15 dentes na boca como causa primaria ou correlata de extrações
(Eklund e 8urt. 1994). EstImatIvas para O ano Uma referênoa particular deve ser feIta a dois
2024 são de que entre 3 e 4% de todos os subgrupos destacados. nos quais os adultos
americanos ainda serão edêntulos. apesar de constituem uma clientela se não exclUSiva. com
todos os progressos feitos em especial quanto certeza mUito predominante: os que estão
à hlgldez da dentlçâo dos Jovens (Welntraub e Institucionalmente confinados e as gestantes.
8urt, 1985). Na faixa de 25 a 74 anos nada Pessoas enfermas, priSIoneirOS, defICientes
menos de 7.4% dos que tinham dentes torna· que necessitam de ajuda e ainda grupos que
"6 Saude Bucal Coletiva

por motivos diversas (religiosas, políticos) VI- nas unidades de saúde menos organIzadas e
vem permanentemente ou por longos perío- naquelas onde há um só ou poucos profiSSIO-
dos isolados da sociedade, devem receber aten- naIs para cobm uma população numerosa. Ao
ção odontológica na própria instituição em que limitar-se a prestar serviços aos paCIentes que
se encontram, como uma obngação do setor a procuram por sua livre vontade - abm as
pública ou da entidade que os abriga. A razão portas e atender a quem está na fila - a unida-
elementar para tal esta em que se não forem de Joga um papel passIvo e não consegue ter
atendidas em seu ambiente de vida, mUito pro- qualquer InfluênCia duradoura sobre o nivel de
vavelmente não terão acesso a outras serviços. saúde bucal da comunidade. Em situações cri·
Cada unidade de saúde ao catalogar a popula- tlcaS esta pode ser a única alternativa viável de
ção sob sua responsabilidade e influênCia deve trabalho. mas mesmo no caso de farte pressão
identificar os membros que vivem confinados par parte de comumdades numerosas e com
e prever prestação de serviços em forma contí- alta prevalênCia de problemas, Ê! possivel esta·
nua ou periódica, por livre demanda ou com belecer cntÊ!nos de priondade relatrva !dentlfi·
cobertura programada, de acordo com as pos- cando camadas de indivíduos que, do ponto
sibilidades, com as características epidemioló- de vista epidemlológko e/ou econômiCO, me-
gicas dessas comunidades e com o número de reçam ser destacados em relação aos demaiS.
paCientes a tratar ou a Inserir como alvo de Nessas Situações, algumas faCIlidades podem
ações de promoção da saúde Questões rela- ser dadas às camadas pnontânas de modo a
cionadas a Idosos institudonalizados são en- propiCiar-lhes CUidados regulares e programa-
focadas em tópico específico, neste mesmo dos pelos menos em parte do tempo dlsponi·
capitulo. vel (par exemplo, reservar dOIS dias da semana
As gestantes não apresentam problemas para atendimento programado, deixando os
odontológicos próprias, conseqüentes ao seu demais para a livre demanda). Problemas gra·
estado. Mesmo o fenômeno conheCido como ves e a atenção de urgênaa mantêm prece-
"genglvlte gravídlca" não é uma fatalidade e dênCia sabre os demaiS
pode ser evitado com medidas profilát!cas ade- Dlscute-se a segUir possibilidades para a
quadas. Entretanto, mormente nos Centros e organização de programas de saúde bucal para
Pastas de Saúde da setor público constituam trabalhadores urbanos, população rural e Ido-
um estrato prlorltarlo, Junto com as cflanças, sos. Ao final, InclUi-se um tÓpiCO relatiVO ã pro-
para a subsistema medico e de enfermagem . teção de comUnidades indígenas.
Cama parte integrante do sistema de saúde
geral, a equipe de odontolog!a tradicionalmen- 4_2_4 Atenção a trabalhadores
te tem trabalhado questões de promoção da urbanos
saúde de forma colet1Va Junto aos ~grupos de
gestantes", enfatizando questões preventivas Numerosas Justificativas podem ser arrola-
e de autocUidados em relação ã saúde bucal das em favor da Implantação de serviços odon-
da mulher e do bebê. Não há Justificativa para tológiCOS para a populaçâo economicamente
que se confira prioridade especial às mulheres ativa urbana e de modo especial para o seg-
no periodo gestacional. cabendo proporcionar- mento dos trabalhadores (Schou, 1993):
lhes todo o atendimento odontológiCO neces- - prevalênCia mUito alta de problemas rela·
sáriO para que problemas de saúde bucal não clonados à cáfle dental e ao penodonto;
Interfiram na desenvolVimento normal da gra- - possibilidade de detecção precoce de lesões
videz. relaCIonadas ao câncer bucal e a mamfes-
Dentro da passível, deve ser eVitado o aten- tações oraiS de AIDS e outras doenças de
dImento exclUSIVa por livre demanda, mesmo relevânCia vital;
Programação em SaUde Bucal 117

- cerca de 60% do tempo de vida ativa é des- 05 trabalharem em tempo extra, rechstnbulndo
pendido no emprego ou local de trabalho; a carga de trabalho ou contratando sub5tltu-
- aumento das chances de desenvolver um tos a custos maIs baiXOS.
programa participativo; As empresas, governamentais ou pflvadas,
- redução potencial do absenteísmo. do nú- possuem serviços de três tipoS: própnos, tnsta-
mero de horas perdidas na produção e dos lados em suas dependências e operados por
ga5tos empresanals e pessoais por questões pessoal em geral assalaflado; contratados ex-
de saúde; ternos, com encaminhamento do empregado
- aumento da produtividade e da satisfação que necessitar de atendimento, quase sempre
da força de trabalho; restrito a extrações e a problemas de urgên-
- pOSição favorável das representações SindI- Cia , a não ser quando apOiados em sistemas
cais e dos trabalhadores em geral. que con· de pré-pagamento (Vide Capo 3, sobre planos
sideram ser o ambiente de trabalho ade- e seguros de saúde); e os proporCionados por
quado para o desenvolvImento de ações de InstitUições de caráter social como o Sesi, Sesc
promoção da saúde; ou sindICatos de trabalhadores e patrões .
Grande parte dos trabalhadores nas Cida- Quando nenhuma dessas possibilidades
des de porte media e grande são forçados a e5tá disponível, o trabalhador procura as unI-
sair mUito cedo de casa e a retornar demaSia· dades do setor público ou a clfnlca privada,
do tarde para que possam procurar serViços ne5te caso desde que tenha tempo e recursos
tradicionais de saúde. sejam eles públicos ou financeiros para tanto.
privados. EmpresáriOS costumam restnnglf sai- 05 trabalhadores, na prática, não têm con-
das e ausenClas por motivos de saúde. prefe- dições de acesso ás unidades de saúde
(Indo investir em soluções que permitam man- tradicionaiS e se não forem atendidos no seu
ter a produção em níveis elevados e regulares. ambiente laboral o mais provável e que os pro-
O absenteismo por causas odontológicas blemas eXI5tentes venham a agravar-se até se
tem se mostrado menos relevante que o de transformarem em casos de urgênCia e em
Origem médICa ou por outras razões (Relslne. motiVOs de falta Contudo, o modelo de aten
1984; Cartaxo. 1982; Rocha. 1981). em parte d,mento curatiVO - vigente na grande maio-
porque o exame de saúde préVIO ao Ingresso ria dos casos - funciona como um mero pali-
nil I;Impr@sa con"ililul um importante filtro auvo e mantem Inalterado o quadro epldc"
seletor, sendo aceitos só candidatos que não mlológlco geral
tiverem problemas dentános, e porque as ex- Um programa de atenção a trabalhadores
trações - o únICO motivo aceito com normali- urbanos que tenha como fundamento a pro-
dade como explicação para a falta ao servlço- e
moção da saúde bucal a solução mais apro-
dificilmente provocam mais que um dia de efe- pnada. Deve priorizar os grupos sob maior ns
t iVO afastamento. A medição do Impacto real co e ser direcionado para o combate aos da·
do absenteismo sobre os custos globaiS de pro- nos de maIor prevalênCia ou gravidade .
duçdo apre5enta alguns problemas metodo- Estão em grupos de fiSCO 05 trabalhadores
lógiCOS que difICultam sua obtenção e a com· que:
paração entre estudos distintos, como assina· - ganham os saláriOS mais baiXOS;
la Allen (1983) ao refem que à pnmelra vista - possuem dentes;
estana representado SImplesmente pelos bens - não realizam exames bucaiS e não vIsitam
e serviços que deixaram de ser efetIVados em um Clfurgrão-dentlsta há longo tempo;
razão da ausência do empregado_Contudo, a - trabalham em empresas que não possuem
empresa, pelo menos em parte, pode ml· plano de saúde ou qualquer linha de pro·
nlmizar suas perdas, fazendo alguns operáfl+ teção à saúde bucal de seus empregados:
118 Saride Bucal CoIeriva

- submeteram-se a extrações precoces elou unidades transportáveiS Soluções desse tipO


Jã r~ahZdr.:l m v.1rias extr.:lçôes; têm Sido largamente utilizadas pelo SerVIço
- consomem açúcares em demasia, SOCIal da Indústria - Sesi -, permltlndo-lhe acuo
mostram uma higiene oral deficiente; mular uma Significativa experiênCia de atendi-
trabalham em empresas que produzem ou mento no ambiente de diferentes tipoS de fá
vendem doces, chocolates e guloseimas em bncas em todo o país Em Brasília, o Serviço
geral; Social do ComérCIO - Sesc - chegou a Instalar
- têm medo de dentista ou consideram des- Unidades odontológICas em áreas livres ou
necessarlo Ir regularmente a um consultó- subutilizadas em shoppmg center: as firmas
riO odontológico. foram contatadas previamente visando faClIi·
As prinCipais ações que constituem a base tar a liberação de seus empregados sendo o
do programa de promoção da saúde bucal para atendimento feito no menor numero possivel
a empresa ou para o conjunto dos trabalhado- de consultas e transfenndo-se o conjunto de
res estão sintetizadas no Quadro 4-3 eqUipamentos, que era leve e de fáCil transpor
De preferênCia o trabalho deve ser desen- te, para um novo local quando esgotado um
volvido dentro da empresa, InclUSive o curati- determinado periodo de permanênCia ou quan-
vo, segUindo a regra primária de que as atIVI' do cumpridas as metas de atendimento pre-
dades de saude devem interferir o mínimo pos- vistas (Pereira, 1981).
sível na produção_ Neste sentido, o Ideal é Que A experiênCIa tem demonstrado que pro-
o tratamento - quando necessáriO - se faça gramas solidamente estruturados com partICI-
em uma só ou em poucas sessões, eVltando-se pação concreta e atIVa dos três envolvidos - o
a prática usual de marcar consultas de VInte profissional, o empregador e o empregado -
ou trinta mmutos, poiS IstO força um grande podem proporcionar resultados excelentes a
número de retornos de cada paaente, com con- curto e a médiO prazos (Sorensen et aI., 1991.
seqüentes múltiplos afastamentos do local de Petersen, 1989; Schou, 1985). Nem sempre,
trabalho. porêm, eXiste disponibilidade e envolVImento
As atiVidades clinicas dentro da empresa efetiVO de todas as partes. A equipe odontoló-
podem ser realizadas em equipamentos Insta- gica pode enfatizar tão só as atIVidades curatI-
lados em unidades móveis ou, caso eXista es- vas ou fazer-se presente de maneira Inconstan-
paço disponível no pátiO ou Internamente, em te na empresa, o empregador pode negar-se a

Quadro 4-3
Ações tiplcas de um programa de promoção da saúde bucal para trabalhadores urbanos

• Reahzação de exames epidemIOlógICOS regulan!s;


• Prevenção da cáne dental, induSM! a r6dreular;
• Prewnção e contmle das doenças ~ontaIS.
• Não realização de extraÇões desnecessânas;
• Combate ao tabagIsmo e ao akoolismo;
• Controle de paoentes com diabetes e doenças com repercussões sobre os 1e<:ldos da cav1dade bucal,
• Reahzaç/io de dIagnóstico oportuno de lesões bucais relacionadas a casos de cAncer, AIDS e proble-
mas de saude geral;
• SubstitUição de alimentoS c.anog!mcos e de prátICaS agreiStVaS aos dentes e teados bUcaIS, no caso
de trabalk6dores que 1rdem com produtos potenoalmente danosos do ponto de VIsta odontol6glCo;
• CUidados específicos a pacientes com pr6~, mantendo-as em condições adequadas;
• Educação em ~üde bucal como prAtICa regular em nivellndividual (a cada atendimento) e coletIVO,
• Tratamento curatIVO báSICO.
Programação em 5arJde Bucal 119

liberar seu pessoal ou a ceder espaços de tra- do houverem, são em geral indispensáveiS
balho: o sindicato dos trabalhadores pode es- para assegurar um fluxo normal de trabalho
tar centralizando seus esforços nas negocia- (Pinto. 1984).
ções salariais MaiS comum tem sido a oferta de atenção
Uma vez que ê exatamente nas empresas primána em postos e mlnlpostos de Saúde lo-
onde condições negativas eXistem e se conso.- calizados nas sedes de Vilas e povoados, como
lidam por longo tempo que aumenta o riSCO ocorre no Brasil com a rede básica coordenada
• de que a situação de saúde bucal dos traba- pelo Ministério da Saúde, na área medica. Quan-
lhadores deteriore. sua Idenuflcaçào ê um im- to menor for a@Paodade.resolutlva do Agente
portante componente do programa de saúde de Saúde. em maior número se darão os en·
bucal para este grupo de cada localidade. camlnh3ffientos para a unidade com atenção
Ao elaborar o mapa das empresas existen- por clrurgião-dentlsta mais próxima, sendo Im-
tes numa Cidade ou região. Informações devem portante nesses casos que os servIÇOS estejam
ser obtidas a respeito da existêncra ou não de disponivels no dia em que normalmente as pes-
ações em odontologia, além de padrões salariaiS soas se deslocam para a localidade de referên·
praticados. condições de trabalho. ramo de pro- oa da área rural (dias de feira aos sábados ou
dução, etc. Com este referencial, é possível - domingos), de modo espeCial em regiões de
mesmo sem realizar qualquer exame dinlCO ou baixa renda e economia de subsistência.
aplicar questionários de opinião aos trabalha- Os programas que se baseIam apenas no
dores e empregadores - esboçar um quadro trabalho do ClTurglãcxfentlsta por meio de VISI-
preliminar de nsco e aSSim direCionar as preoc.u- tação peTlÓdlca, são de maior custo e menor
paçõe5 da equipe profissional para as situações eficáCIa, não sendo aconselhados exceto para
em pnnciplo detectada5 como mais critICas. situações excepcionais.
Em termos InstituCionaiS as duas opções
• pnnClpals são o setor público e as entidades
4.2.5 Atenção à população
rural smdicais ligadas aos trabalhadores do campo.
Ambas são satisfatórias, mas esta últIma quan·
A única particularidade a anotar neste caso do bem estruturada tem a vantagem de preso
ê exatamente o Isolamento geográfiCO que tor- tar o atendimento na sua sede que ê conSide-
na o acesso aos CUidados de saúde prestados rada como a própna casa do camponês As
em forma tradicional mUito difia!. outras possibilidades - clínicas pertencentes a
Do pomo de vista epldemlolâglco, em al- agrOindústrias, Sindicatos patronais e dentistas
guns países os residentes na zona rural apre- prátICOS - ou são pouco representativas ou
sentam índice5 mferlores de cárie dentária em pouco recomendáveis por se dedicarem ape-
relação à zona urbana (Barmes, 1976), mas nas a ações curativas, serem avessos ao plane-
e
este não um fenômeno unIVersal dependen· Jamento do seu trabalho, além de, no primeiro
do da dieta consumida e não do local em que caso, repassarem os custos para o preço dos
cada um vive. produtos ou, no terceiro, cobrarem direto dos
O conteúdo das ações educativas e os mé- paCIentes
todos preventiVOS necessanamente têm de se O atendimento deve ser feito no menor pra·
adaptar ao meiO, fazendo uso de materiaiS. zo que for exeqüível. no mesmo dia, de prefe-
j
referências e facilidades tiplcas da vida no cam- rência. Dada a sazonalídade típica da produ·
po. O pessoal técniCO e aUXIliar quando pro- ção agrícola, condensar a ação de saúde nos
vém da mesma região onde se realiza o traba- períodos de maior concentração local de cam·
lho é preferível ao de fora . Contatos préVIOS ponenses, pois nos meses intermediános en-
com a população e com suas lideranças quan- tre o plantio e a colheita por vezes hã uma
120 Saúde Bucal CoIefiva

migração intensa em buscam de trabalho em Os problemas de saúde bucal nessa faixa


regiões distintas. etária variam desde casos critlCos de pessoas
desdentadas, com xerostomia e severas defi·
Ciências mastlgatónas, até alterações meno-
res de teCidos moles, dlsfagia, etc. Ao contrá·
4 .2 .6 Atenção a idosos rio do que se pensava a respeito. esses pro·
blemas não são naturais da velhICe. Mudan·
ças na capaCidade de deglutição. fala. pala
Fanny Jitomirski
dar. bem como disfunções das glãndulas sali·
Cresce cada vez mais a Importãncia relati- vares não estão associadas ao envelheClmen·
va do grupo constituído por pessoas idosas to normal, mas quando não tratadas oportu·
ou de terceira idade na área odontológica, Jus- namente podem se constitUir em fatores ne-
tificando Inclusive o surgimento de uma nova gativos cumulativos sérios para os seus porta·
diSCiplina - a odontologia geriátrica ou geron· dores (Baum, , 984). A conclusões Similares
tologia -, que começou a ganhar corpo a chegaram, entre outros, autores como Murray
partir da segunda metade da década de 80, • PltlS (1997), Walls (1996), Klyak (1993).
firmando-se internacionalmente na condição Ettinger e Beck (1983), Hofecker (1983) .
de especialidade profiSSional definida e neces- Smith.' aI. (1983) .
sária para um número crescente de pessoas.
Embora a maior parte dos danos relaciona·
dos à saúde bucal de Idosos possa ser preve- Base conceitual
nida e tratada por cllnicos gerais. a odontolo-
gia geriátrica cada vez mais amplia seus limI- Definir com precisão quem pode ser consi·
tes de influência no campo da saúde coletiva, derado como pertencente ao grupo de Idosos
superando a etapa IniCiai de dedicação quase é uma tarefa das mais dlficels, mesmo porque
que exclusiva à clfOlca particular. poucos são os que aceitam ser colocados em
Até aqui, no entanto, cuidados para Ido- tal condição. A maioria dos estudos levados a
sos têm sido quase que sistematicamente ex· efeito em nivel internacional colocam a idade
cluidos das programações de saúde bucal em de 65 anos como limite mínimo, conceituando
nivel coletivo, merecendo escassa ou eventual portanto como Idosos todas as pessoas com
atenção também por parte dos currículos tan· 65 anos e maiS. Em alguns casos são Incluídos
to do cIcio básICO quanto de pós-graduação. os denominados "prê-idosos", ou seja, os que
O conceito de prioridade por grupo etário, têm entre 50 e 64 anos, mas se conSidera que
pelo qual maior ênfase ê dada às crianças e neste caso a população sob anahse se torna
Jovens, na prática geral é aphcado Incorreta· por demais ampla e heterogênea, dificultando
mente de modo especial em relação às peso a obtenção de conclusões que sejam úteis na
soas de maior Idade que ou dependem da pratICa (5chou, 1995).
caridade pública prestada em asilos e lares de No estudo epidemiológico levado a efeito
velhos, ou devem pagar com os próprios re- no Brasil em 1987, considerando que a expec·
cursos os cuidados de que necessitam. Ape- tativa de vida ao nascer estimada à época gira·
sar de eXistir um severo déficit de atendimen- va em torno de 56 anos. O grupo maiS velho
to nessa faixa. a maiOria sequer busca obter para o qual foram obtidos dados fOI o de 50 a
as poucas consultas disponíveiS nas unidades 59 anos (Brasil, 1988). Houve uma melhora pro-
de saúde pública, desestimulada pela demo- nunciada nas condições de sobrevivência na
ra e muitas vezes pela discutível qualidade ültima década, permitindo que a expectativa
dos serviços prestados. de Vida calculada para 1995 chegasse a 67
Programação em Saude Bucal 121

anos na media global, para homens e mulhe- os Idosos em handicapped (pessoas com 031·
res (UnlCef. 1997). gum tipo de deficiênCia), mstituC/onaflzed(lnstl·
A utilização de um alténo meramente cro- tUClonalizados) e homebound (confinados em
nológico afigura-se como por demais limrtado e casa) .
rnapropnado tendo em vista as pronunciadas A saúde e, como parte dela, a saúde bucal,
diferenças exrstentes entre as pessoas quanto representa um fator deciSIVO para a manuten·
ao seu estado mental. fíSIco e mesmo quanto ção, na velhICe, de uma boa qualidade de Vida,
àscondrçães mêdrcas de cada um (Schou, 1995). a qual pode ser definida como a ausência de
Parece mars razoável conSiderar o estado fun- dor, mantendo um autoconceito positIVO e um
Cionai Este cnteno fOI adotado pelo grupo de estado funCional saudável nos domíniOS fiSICO,
trabalho constituído em conjunto pela OMS e SOCial e pSiCOlÓgICO (Klyak, 1993). De acordo
FOI, com a partrClpação do autor, a fim de estu- com Schou ( 1995), se a saúde bucal no enve-
dar as neceSSidades em saúde bucal dos idosos lhecimento signrficará mais qualidade de vida
(EtlJnger et aI., 1992) com base em Informa- ou um problema adiCionai, depende do que se
ções obtidas para 31 palses. Os Idosos foram possa fazer no campo da promoção da saúde .
diVididos em três grupos, com 60 anos e maiS, Cabe conSiderar ainda que o gradatiVO en·
aSSim conceituados (Rosa et ai , 1993): velheClmento da população, com um conse-
• funcionalmente Independentes - indIVidu- qüente aumento da expectatIva de Vida ao
as sadiOS, podendo apresentar uma ou nascer - caracteristica antes praticamente ex-
duas doenças crônicas não graves e con- clusiva dos paises mais industrializados e ricos
troladas por medicação e/ou com algum -, tornou-se um fenômeno Irreversivel tanto no
declínio senSOrial assoCiado com a Idade, BraSil quanto na maior parte dos paises latinO·
mas que vivem sem necessitar de ajuda; americanos .
• parcialmente dependentes - pessoas que De acordo com a tabela 4-1 , a população
têm problemas fíSICOS debilitantes crônICOS, brasileira que em seu todo cresceu 22% na
de caráter médiCO ou emOCionai, com per- década de 80, tem uma expansão estimada
da do seu sistema de suporte SOCial, fa- em 14,5% na de 90. reduZlndo-se a 11% e
zendo com que sejam Incapazes de mano 8,8% nas duas seguintes, tendendo, em seguI-
ter Independência total sem uma aSSistên- da, ã estabilização (IBGE, 1998). Na mudança
cia continuada A maioria vive na comunl· do século. o grupo de O a 19 anos deve atingir
dade com serviços de suporte; o total estimado de 64.040,000 pessoas, ou
• totalmente dependentes - inclui aqueles seja, cerca de 884 .000 a menos (redução de
cujas capacidades estão afetadas por pro- 1,3%) que os contabllizados dez anos antes,
blemas físICOS debilitantes crÔniCOS, médi- em 1990 Na mesma decada, o grupo com 60
cos e/ou emOCionaiS, que os Impossibili- anos e mais saltará de 9.563 .000 pessoas para
tam de manter autonomia. São pessoas em 13091.000 (aumenta de 36,9%).
geral Instltucronalizadas, recebendo ajuda
permanente. Situação epidemiol6gica

Essa classificação corresponde, na prátICa, A Situação epidemiológica em termas de


a conSiderar os individuas como saudáveiS, par- saude bucal da população Idosa no BraSil pode
Cialmente incapacitados e InstltuClonallzados ser claSSificada como bastante severa e grave,
(Effinger et aI. , 1992). Como alternativa, pode- refletindo o descaso geral com que este grupo
se analisar apenas grupos espedficos que te- e socialmente conSiderado e as dificuldades fi-
nham algum tipO de problema, como o fize- nanceiras em que a grande maiOria procura
ram Berkey e colaboradores (1990) ao diVidir sobreviver
122 Saude Bucal Coletiva

Tabela 4-1
População residente em 1980 e 1990 e população projetada até 2020, por grupo etário, Brasl

Grupo etário Ano

1980 1990 2000 2010 2020

O., 16380 16898 14670 14539 13778


5.9 14734 17258 15478 14394 14301
10 a 14 14226 16119 16743 14564 14463
15 a 19 13540 14609 17149 15402 14344
20 a 24 11483 14038 15945 16601 14416
25 a 29 9417 13214 14360 16926 15263
30 a 34 7666 11183 13119 15614 16414
35 a 39 6336 9104 12898 14050 16681
40 a 44 5709 7334 10777 13332 15365
45 a 49 '641 5967 8661 12402 13651
50.54 '099 5249 6835 10186 12712
55 a 59 3133 4128 5390 7973 11623
60.64 2439 3472 4534 6053 9243
65 a 69 2024 2463 3338 4508 689'
10 a 14 1313 1698 2524 3452 4831
75 a 79 830 1146 1507 2177 3136
80 e mais 591 784 1188 1914 3069

Total 118562 144724 165715 184157 200306

klnrc IBGE, 1998

Com base no cláSSICO estudo epidemIoló- sldades de saúde bucal dos Idosos (Ettlnger,
gIco nacIonal de 1987 (Brasil, 1988), a preva- 1992). Ademais da gravidade quase extrema
lênCia de problemas e as necessidades de tra- dos váriOS Indicadores, observa-se que os ide-
tamento para o grupo de 60 anos e mais pu- sos funaonalmente Independentes pouco se dls-
deram ser estimadas para Oconjunto da popu- tanoam daqueles que dependem parcial ou te-
lação braSIleIra residente na zona urbana, con- talmente da ajuda de tercel(os. As extrações,
forme se vê na tabela 4-2 Todos os dados re- a exemplo do constatado em estudo de Poletto
velam uma situação extremamente severa, com (1993), dominam de maneira ampla o CPO-O
a cUriosa partIcularidade de que nas quatro levantamento de saúde bucal levado a efeI-
faIxas etartas aqui analisadas as diferenças en- to junto a pacIentes de uma clínica prIVada com
tre as pessoas de renda baixa, média e alta 65 anos e maIS, na odade de CuritIba, por Jtto-
não são estatIstIcamente signIfIcantes, ou seja, mtrskl e Jltomlfskl (1998) revelou, entre outros
a precartedade do quadro epidemIológICO é s... dados, que a média de dentes naturaIs por pes-
milar para o conjunto da população . soa é de 8.4, com os demaIS Já extraldos, sen-
A tabela 4-3 procura resumir alguns dos acha- do que 19% relatou ter "extraído" pelo menos
dos do estudo realizado na cidade de São Pau- um dente com a próprIa mão. Analisando usuá-
lo por Rosa et ai (1992) como parte Integran- nos do SIstema ÚnicO de Saúde em Belo HOri-
te do estudo internacional levado a efeito pelo zonte, Santos (1996) encontrou 32% de des-
Grupo de Trabalho OMS/FDI relatiVO às neces- dentados totais no grupo acima de 60 anos
Programação em Saúde Bucal '23

Tabela 4-2
Indicadores odontológicos para pess oas de 60 a 79 anos de idade residentes na
zona urbana - Bras il, 19B7

Grupo etário Mé dia Mé dia Mêdla " que neces- " de edên- ,," com
0+' C- Ei CPO-O sita ou usa tulos · doença pe-
pr6 tese total riodontal·

60 a 64 28,56 0,87 29,43 83,49 58,87 96,38


65 a 69 29,98 0,56 30,54 91,25 68,48 97,74
70 a 74 30,92 0,38 31,30 96,31 76,89 98,69
75 a 79 31,57 0,22 31,79 98,83 84,56 99,13

'Segundo o Illdice Pt'fiOdontal ComunitArio A pl'opoI'ç30 de pessoas com doença peoodontal se refere apI!!'IiB aI» que
possuem dentes
Fon~ BraSIl ( 1988), Pinto ( 1993)

Tabela 4-3
Indicadores de saúde bucal em pessoas com 60 anos de idad e e mais residentes na
cidade de São Paulo, 1989

Grupo
fundonal

Dependente
ParCialmente Dependente
Mé<M
dente<
C+ EI

1,00
1,00
Media
-..
'+0

27,74 -'
29,59' •
Méáa
dente<
CPQ.O

28,74
30,59
66,33
80,60
-
--
" de edên- " q ue requer
tu""-
87,24
93,:B
Independente 1,03 29,99 ' • 31,02 90,22 92,86

Segundo o frKhce Peoodontal Comunnaoo A PI'OPOIção de Pl"~!> com doença penodontal se re'~ apenas aI» aue
pouuE'm dent~
•• ~ dente'! extraídos (E), em média, correspondt'fam respectIVamente a 23,47 - 29,10 e 29,97
Fonte' Rosa et ai (1992)

Mesmo entre Indígenas o quadro não se mos- deram os dentes por decisão própria - 29%
tra favorável, como o demonstra estudo de por falta de Informação - 22% por não ter
Blanco Pose (1993), pelo qual o índice CPO-D condições econômicas para custear outro tipO
em populações xavante de 45 anos e matS atin- de tratamento - 12% por orientação do CIrur-
giu a elevada marca de 19,2 dentes atacado, gião-dentista e 9% por outros motivos Meta-
em médla_ de dos adultos com 50 anos e mais era eden-
As extraçôes e sua pior conseqüência - o tulo .
edentulismo - constituem sem dúvida o pro- Não obstante o edentulismo persista na
blema principal. Procurando compreender os condição de severo problema de saúde públi-
motivos que Justificam as extrações em pes- ca Virtualmente em todos os países ocidentaiS,
soas com 50 anos e mais reSidentes num bair- uma queda na sua prevalênCia começa a ser
ro de baixa renda de 8rasília, Zago et ai (1993) observada em países altamente mdustrtaltza-
obtiveram as seguIntes respostas: 28% per- dos. Truln e Bronkhorst (1997), com base em
124 Sdude Bucal CoIeflva

recentes pesquisas, estimam que no período Em Ribeirão Preto/São Paulo, Watanabe


1990-2020 haverã uma redução de 39% para (1994) analisou pessoas dentadas de 35 a 44
9% no grupo de 45 a 64 anos e de 71% para anos e de 50 a 59 anos, encontrando uma
37% no grupo de 65 anos e mais, na Holanda média individual respectivamente de 3,5 e 5,0
05 autores referem também que, com a que- superficies afetadas por cãrle radicular Esta
da no edentulismo, veriflca-se um conseqüen- autora chama a atenção para o fato de que
te aumento no índice CPO-O, onglnando gas- para o total de paCientes examinados, em amo
tos crescentes para o pais e eXigindo a forma- bas as faixas etárias, 99% possuía superfíCies
ção de mais clrurglões-dentlstas para atender radlculares expostas ao meio bucal (recessão
a uma demanda por sefl/lços odontológiCOS em genglval) e 78% apresentava pelo menos uma
expansão. lesão de câne em raiz.
Para os que conseguem conservar um nu- Outros problemas quase sempre aSSOCiados
mero SignificatiVO de dentes naturaiS, as cá fies ao aumento da idade, de acordo com Pucca
radlculares podem se constituir em problema JUnior (1996) são: atrição, abrasão, penodon-
relevante (Beck, 1990). Numa revisão sobre topatlas, hlperplasla fibrosa Inflamatôna e ui·
trabalhos recentes nesse campo. Walls (1996) ceras traumãtlcas conseqüentes a pressões e
refere uma proporção de até 68% de pessoas lraumatlsmos prodUZidos por aparelhos pro·
com uma ou mais lesões no grupo de 60 a 69 teUcos Inadequados, alterações degenerativas
anos. Este mesmo autor estabelece alguns da mucosa e estruturas ósseas de suporte, di·
padrões de comportamento desse problema· mlnulção dos mecanismos de estímulo neuro--
a) dentes molares Infenores são os mais atmgl- muscular, formação de dentma secundána,
dos, segulndo-se pela ordem os ântero-supe- maior apOSição de cemento e reabsorção radl
riores e molares superiores (a batenallabia! in- cular.
ferior é a região menos suscetível); a exposI-
ção da superfíCie radlcular não necessariamente Prevenção e cuidado. em relação à
leva à ocorrênCia de cãrle; entre os grupos mais saúde bucal de ido.os
expostos figuram doentes crônICOS, Idosos
mstltucionalizados, USUâflOS de drogas, pessoas Não realizar extrações precoces, ao que
com funções salivares alteradas devido a pro- tudo mdica, é o melhor conselho que se pode
cessos môrbldos ou mduzldas pelo emprego dar a quem deseja manter-se saudável. do pon-
de radiação; há uma relação provável entre a to de vista odontológiCO, na velhice. Uma vez
experiênCia de cáries de coroa e de raiZ, pois que o edentuhsmo tenha Sido evitado, a pre-
os que apresentam estas em geral Jã tiveram venção de cáries de raiz pode ser conseguida
um elevado CPO; a previa eXistênCia de cáries prmcipalmente por meio do uso eficaz de fluo-
de raiz é um fator de fiSCO Significativo para a retos em bochechas, pastas profiláticas e gel
aquiSição de novas lesões. (Walls, 1996). A aplICação de get fluor-fosfato
A crescente prevalênCia de canes de raiz à aCidulado tem Sido util também para prevemr
medida que a Idade avança, Jã as coloca como a senSibilidade dentinária (RamfJord, 1987).
um problema de saude publica em países como Pacientes com contagens elevadas de 5trepto-
o Reino Unido, embora o edentulismo perma· coccus mutans podem benefiCiar-se com a uti-
neça sendo a condição negativa predominan- lização de dorexldlna na forma de gel (Emllson,
te (Murray e PlttS, 1997). No grupo com 75 1994) ou em bochechas (Ullsfoss et aI., 1994).
anos e mais. Steele et aI. (1996) encontraram, O autodiagn6stico de problemas bucaiS re-
em três CJdades Inglesas, uma prevalência mé- presenta uma preciosa possibilidade de amplt-
dia de 3,0 superfícies radlculares canadas ou ação da cobertura por parte de sistemas pre-
restauradas. ventivos e de apoio à manutenção da saude
Programat;1o ~m Saude Bucal 125

bucal na velhice Pessoas Idosas que conserva" dos e conservação da saúde em Idosos po-
ram seus dentes mostram-se capazes de afem dem ser encontradas em Pucca JUOlor (1996).
de modo adequado sua aparênCIa, capaclda·
de masllgatóna e as relações entre saúde bu- Trabalho dos cuidadorea da idosos
cal e saúde geral, embora falhem em especifI-
car com maior precisão suas necessidades de Pessoas Instltuoonalizadas ou que, vIVEm·
tratamento (Schou, 1995; Orake et aI., 1990; do em casa necessItam ajuda de terceIros, re-
Otchere et aI., 1990). Aqueles que costumam querem cutdados especiais. Como parte do
ter mais CUidados com a aparênCia pessoal são programa "Protegendo a Vida" da Secretana
os que tem maiores pOSSibilidades de Igual· de Saúde do estado do Paraná, fOI Implemen·
mente valOrizar a saude bucal (Klyalc, 1993). tado um prOjeto de ação com base em manual
A ênfase às Informações fornecidas pelas sobre "o que os cUldadores de Idosos preCi-
próprias pessoas, à troca de Idéias, conceitos sam saber sobre a saúde bucal" (Jltomlfski e
e opIniões sobre auto-estlma, Inter-relações saú· Jltomlfskl, 1997). ·
de bucal E' qualidade de Vida, provavelmente Procura-se obter as seguintes Informações
podem desempenhar um papel de Importan- sobre cada paCIente" uso de próteses totaIs e
(Ia maiS decisiva em um programa de atenção de próteses móveiS, condições de escovar os
a Idosos do que a Simples realização de exa- dentes SOZinho, eXistênCia de problemas de
mes clrnICo-odontor6gICos regulares. Para tan- locomoção. difICuldades para comer, Ingestão
to. hã necessidade de IntenSifICar as ações exclUSIVa ou habituai s6 de alimentos moles.
educativas em saúde, Visando Instrumentar a alterações comportament:us regulares ou even-
população de terceira Idade com os conhecI- tuais (não sorm, falar pouco), alterações na
mentos e téCnicas de auto--exame In<hcados mucosa bucal, sangramento genglVal, acumulo
Esses pontos são discutidos no tópICO segUIn· de placa, raizes dentárias expostas. feridas ou
te Quanto ao emprego de índices e formulá- úlceras de longa duração, candldíase, escorri-
nos apropriados para medição e avaliação das mento de saliva, boca seca
relações entre saúde bucal e qualidade de Os cUldadores de Idosos são Orientados no
Vida, com aplicação possivel à problemática sentido de
típica da terceira Idade, recomenda-se a leltu· (a) observar mudanças de comportamento ao
ra dos tópICOS especiflcos Incluídos nos capi- comer, falar, sorm, venflcando sua prO\la.
tulas 5 e 6. vel aSSOCiação com problemas dentáriOS ou
Kiyak. (1993) sugere uma sistematlCa de bucaiS;
acréSCimo gradativo de conteúdos educatiVos (b) prestar atenção a comentános de parentes
ligados à saúde bucal ao longo de seis sema- ou amigos POiS estes podem detectar mu-
nas, partindo da diSCUSsão dos comportamen- danças não percebidas;
tos e crenças do paCiente e chegando até o (c) lembrar que cuidados com a boca e os den-
ensino de técnicas de auto--exame para Identl· tes constrtuem assunto mUito pessoal, mas
flCação de SinaiS e Sintomas ligados ao câncer é possível ajudar aos que não são capazes
bucal e a outros problemas. Um cartão de auto- de fazer as COisaS por SI mesmos;
mOnitoramento sobre prátIcas de escovação e
higiene bucal caseira é utilizado para estimular
mudanças de comportamento Outros autores
têm sugendo esquemas de monitoramento da
As 1010S ,nduldas para .usttar este' captu60 sio ~
saúde bucal por parte do profiSSIonal (Schou, ment~ da prátICa de campo de51E! prq~to. ~o SIdo
1995, Holm-Pedersen e Lóe, 1986) e onenta- gl!ntllmeflte c~cMas ~ Dr;, Famy J,J[)morV;. que o
ções específICas para a prestação de CUida coorde~. @porNarcosoJoseGrem
I 126 Saúde Bucal Coletiva

d) procurar aconselhamento do clrurglão-derr rença que separa Indlviduos saudáveiS e auto-


tista frente a dificuldades em maneJar o satIsfeItos de indIviduas enfermos e pessimiS-
paciente e comunicar·lhe ou a outros com- tas para com a Vida que levam
ponentes da equipe odontológica suas ob- Já os que conservam seus dentes, notada
servações. mente aqueles que podem sOrrir e mastigar
com eles, formam um estrato em pnnciplo In·
Ao descrever as principais condutas que de- teressado e motivado em permanecer nesta
vem ser adotadas pelos cUldadores na higie- Situação Dentro do conceito de que a Idade
nização da boca, dentes naturaiS e próteses de e
por SI só não um fator de fiSCO para a extra
Idosos. o manual enfatua normas prátICas como ção dentárta, um bom programa de educação
a atuação no momento em que o paCIente es· para a saúde bucal ocupa uma poSição de Ine-
teJa receptIVO e relaxado. mantendo-o em poSI- gável Importãncla em cada comunidade. Re-
ção confortável (de frente para a pia com espe- sultados favoráveIS alcançados por ações de-
lho ou com baCia e espelho de mão); o uso obn- senvolVidas com estes prlnciplos foram relata
gatório de luvas e, ainda, espeCificando têcn .. das, entre outros, por Hunt et ai (1988) cUJa
cas para escovação dos dentes. gengIVas, pala- equipe conseguIu que menos de 2% dos den-
to e lingua, hmpeza de próteses, emprego de tes remanescentes em pessoas com 75 anos e
pás-fIXadores. estes quando estritamente neces- maiS fossem extraídos ao longo de um projeto
sáriOS (Jitomlrskl e Jltomtrskt, 1997). com deZOito meses de duração
Os seguintes pontos pnnclpals devem fa-
zer parte de um programa de saúde bucal ca-
Programas de saúda pública letiva direcionado para pessoas de Idade avan-
çada
UnIdades que prestam atendimento à po- • detecção de problemas em pacientes que
pulação em geral, como ambulatórIOS, centros freqüentam a Unidade, examinando den-
e postos de saúde, clímcas do setor privado tes remanescentes, tecIdos moles. condi-
com atuação em nível coletiVO (por exemplo, ções penodontals, higiene bucal, necessI-
empresas ou profissionais que atuam em em- dades de próteses. estado em que se en-
presas de planos e seguros de saúde, InstItui- contram próteses Já exIstentes;
ções paraoficiais e corporativas), podem e de- • extensão de CUidados em nível de comum-
vem incluir entre suas atIVIdades normais a pra- dade. residênCias e InstrtUlções especificas
teção â saúde bucal de Idosos para rdosos ou que os abrtgam. acrescen-
IndIVíduos com mais de sessenta anos que tando ações báSICas de odontologra ao tra-
perderam todos seus dentes costumam dizer balho desenvolVido por Agentes Comunrtá
que não têm mais Interesse em programas de (lOS de Saúde. vlsitadores domiciliares. pes-
promoção da saude bucal, pOIS na verdade soal de enfermagem, alem de subSidIar e
nada há a promover. Contudo, do ponto de apoiar a atuação de elementos da própria
vista da influênCia que a saúde bucal pode ter população que Informalmente pratICam
na manutenção de uma boa qualidade de vida, ações de saúde;
exatamente este grupo representa uma nítida • desenvolVimento de IniCiativas regulares no
prtorldade para a equipe odontológica A ada- campo da educação em saúde bucal (VIde
ção de CUidados adequados para com os teCI- Capo 10), proporCionando orientações es-
dos moles e com as próteses, aSSim como uma pecificas para esse grupo etáno e enfatl·
orientação apropriada e oportuna sobre os zando a adoção de comportamentos com-
elos que no dia-a-dia se completam entre sau- patíveIs com uma boa saúde bucal, o que
de bucal e geral, podem fazer a grande dlfe- InclUi o combate a alguns mitos dasslCos
Programação em SaúdE' BUCiJI 127

(Kiyak, 1993, Evans, 1984) como os de que intervenções apropriadas para redUZir a
a perda de dentes e Inevitável com a ida- probabilidade de abrasão;
de, problemas com os dentes, as gengivas • prevenção terciária, via manutenção de apa--
e os teodos de suporte não afetam o esti- relhos protéticos e suporte necessário à con-
lo e as condições de vida do idoso. cuida- servação e revitalizaçao das funções orais
dos odontológicos são desnecessários na remanescentes;
velhice e, quando necessários, são inacessí- • integração com outros programas e seto-
veis do ponto de vista financeiro; res da sociedade que prestam serviços à ter-
• prestação de atendimento clinico privilegia- ceira idade;
do de acordo com o funcionamento e a di- • adoção de indicadores prôprios a essa fai-
nâmica de cada Unidade, evitando filas e xa etária como a estratificação segundo
trâmites burocráticos que impeçam o aces- a condição funcional, a capacidade mas-
so. Isso pode ser feito com a inclusão de tigatôria (vide índice no Cap 5), O núme-
facilidades para triagem e/ou atendimento ro de dentes remanescentes (pessoas com
inicial, reserva de horários e dias espedfi- 15 dentes e mais, com 21 dentes e mais,
cos da semana, marcação de consultas sem com dentes funcionais em pelo menos um
neceSSidade de espera (quando das visitas lado da boca), a satisfação com as pró-
à casa, por telefone, atendimento automá- prias condições bucais e aparênCia.
tico de pacientes cadastrados), chamada
para consultas periôdicas; Pode-se afirmar, por fim. que os caminhos
• prevenção primária voltada principalmente da promoção da saúde bucal afiguram-se como
para evitar problemas ainda não vlvencia- OS mais apropnados para serem trilhados por
dos, como a difusão de técnicas de auto- parte de todos os que desejam dedicar seus
exame, controle do tabagismo e do alcoo- esforços à causa e ao atendimento dos idosos
lismo em relação ao cãncer bucal;
• prevenção secundária com o uso de fluore-
tos (aplicação profissional ou métodos de 4 .2 .7 Atenção aos indígenas
uso pessoal) para combater a incidência de
caries radicutares, dorexldina para comba- o trabalho odantolÔQico junto às comuni-
ter doenças periodontais, exames regulares, dades indígenas fundamenta-se em quatro

fig.4-7 Candldlase no palato e outras re(]lões da boca. Fig. 4-8 A causa da candldia.se to a falta de hIgiene das
próteses totaIS que se encontram com depôsaos de
alimentos decompostos e fungos
128 Saude Bucal Colewa

Fig. 4-9 Acúmulo de calrulo nos caninos inferiores Fig. 4-10 Acúmulo de câlculo de mais de 30 anos
modifICando a anatomia do dente e conferindo uma
forma de ·repolho·

Fig. ""11 Indutos endureados sobre a prótese Inferior Fig. 4-12 Doença penodontal avançada com os derr
evidenCIando a falta de limpeza. tes apresentando e~trema mobilidade, I"dutos e placa
bac:teriana abundante.

Flg. 4-13 Excelente higiene das próteses em paaente Fig . .,..14 Excelente higiene bucal em paCIente aban-
de bom nfvel soaoe<:onõmico que havia Sido abando-- donada há tres meses pela famnla após o diagnóstico
nada no asilo pela famnia há dois meses pelo fato de de Doença de Alzheimer
apresentar ocasionais perdas de memória
Programaçjo em SdUde Buclll 129

Fig. 4-15 Hiperplasia causada por prótese confeccio- Fig. 4-16 Prótese com rebordos afiados e demasiado
nada Inadequadamente extensa Observar "cálculo" sobre a prótese

Flg. 4-17 Idoso de classe média apresentando alguns Fig. 4-1 B SubstJlulÇãO dos dentes perdidos por prótese
dentes remanescentes_ Euma situação muito comum parCIal removivel

Flg. 4-19 ProfiSSional explICando ao culdador de idoso Fig. 4-20 CUldador de Idoso, no caso a fitha, que CUI·
a tê<nlta adequildil de escovação para Idoso ~rciar da da mãe, sendo tremada para realllar a escovação_
mente dependente.
130 SaUde Bucal CoIetrva

Fig. 4-21 ProfiSSIonal em frente a espelho e)(phcando


ao !doso funoonalmente Independente a ltknlCa de
@S.(Q\lCtÇdO adequada

Flg. 4-22 Imponante enfatizar 11 escOllaÇão de PfÓU!5e


sobre pia ou baoa com água, poiS no caso de a prótese
cair, não se quebrará

pnndpios: (a) resperto às tradições e aos cos. organização social, e<:.onÓmica e polítICa Igua-
tumes tribais; (b) não Interferência na vida da litária, fundada no acesso universal à terra e
aldeia. com Implantação de serviços curativos aos recursos naturais.
e hábitos da odontologia ortodoxa sã quando No Brasil, após séculos de extermínio, res .
tiver justificativa epidemiológica. ou seja, pela taram cerca de 220 milmdigenas reunidos em
constatação da deterioração dental consequen- torno de 180 nações que se distribuem pela
te ao contato com outras culturas; (c) ênfase quase totalidade do país
na educação do pessoal encarregado de con- Os poucos estudos disponíveis relaaonados
latar as populações Indígenas, pertencentes a â saúde bucal estão resumidos no quadro 4-4,
Instltuiçées govemamentais, religiosas. etc., v~ com base nas informações colhidas por Blanco
sando a não introduÇão de hábitos alimentares Pose (1993) em seu trabalho de dissertaçào
prejudiciais à saúde bucal, especialmente o con- Junto ã Escola Nacional de Saúde Pública. De
sumo de açúcar; (d) utilização, em nivel têem. diflcll comparabitidade entre si. os estudos se
co, de mão-de-obra não indlgena apenas em distribuem em duas categonas: a primeira. re-
último caso, quando for inviável o aproveita- lativa a pesquisas em material esqueletal e de
mento de elementos da própna tribo. sítios arqueológiCOS, procurando detectar a
Considera-se como populaçôes indígenas prevalênda de problemas nos dentes remanes-
os povos autóctones da América de descen- centes; a segunda, atual, refere-se a investiga-
dência pré-coJombiana que permanecem nes- ções epidemiológicas realizadas em distintas
ta condição, assim considerada por eles pró- populações de Indígenas brasileiros e aborda
prios e por estranhos (Blanco Pose, 1993, fenômenos como c1 ocorrênda de cãries den-
Melatti, 1987), e que - segundo definIÇão da tais. doenças periodontals, atriçào, desgaste
União das Nações Indigenas (1988) - diferem !nduzldo por pratICas tnbalS (p.ex . , aguçamento
da sociedade nacional pela existência de uma dos incisivos), uso de adornos labiaIS e relações
Programação em SaUde BUCilI 131

variadas entre hábitos alimentares e culturaiS prátICas autóctones ou de pessoal envolvido


com a saúde bucal. com a cura de males dentanos Pereira et ai
Quando em Vida Isolada na mata e sub- (1977) relata não ter observado nenhum tra·
metidos a uma alimentação natural sem con· tamento para combater ou remediar a dor de
tato com o açucar, esses povos costumam dente entre os lanomaml, embora Tricerrl
apresentar baIxa prevalênCIa de cárie e de (1985) tenha refendo o emprego de Infusões
outras doenças típICas da área odontológICa, de plantas como a cataluba e o ambém para
o Que se reflete na nâo constatação, por par- aliviar as odontalgias nos Canamans. De fato,
te de pesquisadores e elementos pertencen- embora pajés e curandeiros em geral tenham
tes a organizações que atuam nessa area, de grande prestigIO nas comumdades mdígenas.

Quadro 4-4
Estudos relacionados à saúde bucal realizados com populações Indígenas brasileiras
contemporáneas

Ano
....
Gn.lpo ou Te mas Na de exa·
minados
Autor

194. Caraj.l Morfo'ogla dentima, .7 OlIl1e1ra el ai (1980)"


abrasão, hábitos
1954 Teneteata Mutilação dentana lima (1954)
1964 Xavante Cáne, oclusão 46 Neel e Salzano (1967)
1966 Xlngu Cáne, higiene, penodonto 123 Tumang e Piedade (1968)
1967 Xavante Câne, hl9iene, perlodonto, 204 Nlswander ( 1967)
morfologia
1967 BaCellfl Cáfle 42 NtsWander (1967)
1970
1972
""'lanomaml
"U Cáne
Cane, abrasão, oclusão,
755
150
BaruZZl e Ienes (1970)
Peretra et al (1972)
hábitos
1972 Calapós Cáfle 184 Ayres e Salzal"lO (1972)
1977 "'ngu C.ime 21 Hlrata et ai (1977)
1980 lanomaml Cárte 0I1Vf!1ra et ai (1980) ·
1984 Canamafls e Cáfle 94 Tncem (1985)
Maiorunas
1985 Ticuna Treinamento de monitores Arauto (1987)
1987 Xavante Cane 1665 Funal·
1989/90 )(avante c.,,~ 352 Funal·
1991 Xavante Cáne, higiene oral, prôtese, 111 Fac Paultsta de MedICInal
oclusão UNB -
1991 Tupt.Monde Defeitos esmalte Santos (1991)
1992 Calabl Cá"" 207 Detogni (1994)"

'Rep!"ooução de BIaoco Pose (1993, P 48), onde WI"ISlam Informações sobre os estudos refendos como sendo da F1Jnal. de
OIlYl'lra 1'1 aI e da fKUldade PaulISta de MedlClfla,lUNB O trabalho de OetogN esti refendo como -De Volta às Otlgl'f'ls"
(1994)
132 Saude Bucal CoIerlVa

não se tem noticias de seu envolvimento com áreas Parabubure e Marechal Rondon com 28
prátICas odontolõglcas aldeias Junto ao Rio das Mortes, embora man-
A tabela 4-5 apresenta o Indlce CPO-D tenha costumes como os de terem os lõbulos
em indígenas Xavante e Caiabl aculturados, das orelhas furados na midação da Juventude,
conforme dados constantes em Blanco Pose abandonou o semlOomadismo graças a Influên-
(1993). Eprovável que o contato com a cIvil .. cias dominantes de miSsões protestantes norte-
zação brasileira ocidentalizada e com seus há- americanas e brasilelTas. Os Caiabi, estudados
bitos alimentares tenha produzido um efeito por Delegni em 1992 como parte do Projeto
devastador sobre a dentição desses povos, re- Xingu a cargo da Faculdade Paulista de MediCI-
sultando em padrões mUIto elevados de ata- na, vIVem no Parque do Xlngu.
que pela cárte na Infância e na realização de Apenas no grupo menos aculturado. os
extrações múltiplas como norma em adultos. Xavante 1, constata-se uma prevalênCIa de cá-
Todos os Indlgenas examinados pertencem rie baixa na lOfâncla e médiO na adolescência
a grupos em cOntato com a Fundação NaCIO- e nos adultos. Nos demaiS o padrão de ataque
nal do índio - Funal, desde o início da década pela cárie é agreSSIVO e mUito destrutivo, com
de 70. O grupo denominado de Xavante 1 é o largo predomínio de dentes perdidos entre os
mais tradiCional de todos, mantendo seus cos- adultos.
tumes tribaiS relativamente Intados, sem so- Esses dados contrastam bastante com os
frer influências missionárias. Vive nas áreas in- obtidos em comor Idades Indlgenas Similares
dígenas Areões e Pimentel Barbosa, em sete em anos anteriore" correspondendo a perío-
aldeias. O grupo Xavante 2 vIVe pratIcamente dos de escasso centato com a CiVilização OCI-
como uma comunidade camponesa em miS- dentalizada e portanto de redUZida acultu-
sões salesianas (muitos se dizem catõlicos) nas ração. Em 1964. por exemplo, estudo de Neel
áreas de São Marcos, Sangradouro e Merure, e Salzano (1967) em Xavantes de Pimentel
em outras sete aldeias O grupo xavante 3, das Barbosa (Xavantes t) mostrou, para as mes-

Tabela 4-5
Indice CPO-D médio em populações indígenas brasileiras, segundo o grupo etário e o
ano do estudo·

Faixa )(avante 1 Xava nte 2 Xavante 2 Xavante 3 caiabl


etâria ('99') ('990) (1987) (1987) ('992)
n CPO n CPO n CPO n CPO n CPO

6 a 12 35 0,37 108 1,84 273 3,49 2.5 4,26 59 5,71


13 a 19 25 1,16 85 7,59 195 7,80 197 10,93 38 8,38

.,m
li.
20 a 34 23 8,13 '08 12 ,80 174 14,42 14,61 43' 17,90
35 a 44 ,O 9,10 32 17,63 70 16,19 17,92 24' 22,12
maiS de 45 18 13,78 19 17,95 92 19,94 20,28 43' 23,33

Em 1991. levantamenlO feito por eqUIp(' da ENSP e UNS. em '990, dados de fichas de e~ame do orurglotodenu'ita da
mJ5s.iio de Sa"9radouro; em 1987, estudo f('llo pc!ia Funal
,,"ua os Carabl. os dados da~ Im faixas elánas de adulllX correspondem respecuvameme a Indfgenas de 20 a 30 ar>CIs. 31
a 40 anos e mais de 41 a~
Fonfes' Slanco Pose (1993) para 05 Xavanles. e ""190 publicado na Revista da ASO com o titulo ~De Voha às Ongens·
(1994). para os Calabl
ProgramaçJo em SaUde Bucal 133

mas faixas de Idade da tabela 4-5. um CPQ.O dos pelo prôpno MlnlstéflO da Saúde. pela Pre-
respectIVamente de 0,21 - 0.30 - 0.71 - 2.40 vidência Social e pelas orgamzações militares.
e 3.60. Baixas prevalências tambem foram ob- Usando (orno Justificativa a selva com suas
servadas por autores como Niswander (1967). precartas condições de sustentação de equipa·
Ayres e Salzano (1972). Pereira et ai. (1977). mentos desenhados para o trabalho urbano. a
OlIVeira (1 948). Tncerri (1 985) Dados reunidos maioria dos Clfurglôes-dentl5tas em geral tra·
pelo autor sobre a condição dental de grupos balha com IntenSidade realizando quase que
de Almarás e Quêchuas de Puno. Peru. contu- excluSNamente extrações dentcHlas. O severo
do. revelam um CPQ.D media de 2,96 dos 6 estado de mutilação dental em que se encon-
aos 12 anos, um padrão moderado pelos cri- tram os povos Indigenas maiS aculturados dp.
tériOS da Organização Mundial da Saúde que, põe com nitidez contra o modelo de Interven·
no caso, jâ refletia um gradatiVO afastamento ção odontolôglCa promOVido ao longo das últi-
da alimentação natural em razão da presen- mas décadas de contatos entre brancos e jn.
ça das cnanças indígenas em escolas comuns dlos de modo particular no BraSil
da municipalidade local (Véhz, 1984 In Pinto, ConSiderando este breve diagnóstIco, um
1990) programa mínimo voltado para o atendlmen·
O processo de aculturação Imposto aos In- to de comUnidades ,"digenas devena atender
dígenas presentes no território nacional fOI mar- às seguintes condições:
cado, na grande maiOria das vezes, pela VIO- • DesenvolVimento de ações preventivas e
lênCia e pela tendênCia a uma homogelnlzação educativas estntamente adaptadas aos cos-
forçada resultando na perda da Identidade tumes e à vida tribal Se a prevalênCia de
cultural das mlnonas Indígenas, na modifica- cánes dentaiS e de doenças perlodontals for
ção de suas estruturas de sustentação SOCial e baIXa, o melhor método preventivo na cer
na Indução de mudanças biológicas com o ta sera aquele la empregado pela comum-
aparecimento de enfermidades (como a cárie dade. A introdução da escovação dental,
dental) antes desconhecidas ou mUito pouco por exemplo. não se justifICa em grupos
prevalentes onde. mesmo na ausênCIa de quaisquer
A 1Mtrodução do açúcar parece constituir· práticas de higiene oral. constatar-se uma
se num dos pnmelros fatores de rompimento
de habItas seculares SOCIaiS e alimentares No
caso de Indlgenas ainda pouco aculturados da
-
saúde penodontal boa ou aceitável. O uso
adequado de fluor~tos •. onentações pata
não consumir açúcares em quantidades e
área de Pimentel Barbosa, no Mato Grosso, ocasiões prejudiciaiS, Intervenções no seno
Branco Pose (1993) Informa que ~seus habltan· tido de fmped'i'rã'""extração precoce Ou não
tes perSistiam na realização de atiVidades de necessana de dentes, na maior parte dos
caça e coleta, dispondo porém de alimentos casos conformam um conjunto de medidas
Vindos de fora , entre eles o açúcar", e que "vão preventIVas compatíveiS com as necesslda·
se relaCIonando de modo progressIVO com a des dessas populações;
economia de mercado por meio do cultiVO do • DIsponibilidade de serviÇOS curativos bás"
arroz. Quando têm algum dinheiro, gastam a cos em Iocahdades próximas às aldeias. Sem-
maior parte dele em roupas, ferramentas, cio pre que possível. lançar mão das Unidades
garros. café, açúcar, balas e doces para seus da rede pública de saúde pertencente às
filhos" Secretartas de Saúde mUniCIpaiS ou esta·
De maior graVidade sào os resultados da duaiS, após propiCIar ao pessoal de nível
presença de serviços odontolõglCos trazidos por operaaonal treinamento especifICO sobre a
InstitUições como a Funal, entidades religiOsas epidemiologia bucal e os fatores que In·
e benefICentes em geral e por vezes patrocina- fluenClam a problemátICa odontológica em
134 Saúde Bucal Colerwa

indlgenas. A implantação desses serviços nos. O tratamento deve ser ofereCIdo, se-
deve ser seletiva, evitando interferir em agru- gundo as necessidades, pelo pessoal dispo-
pamentos nos quaIs os hábitos de vida e de nível, o que certamente indui os próprios
alimentação já asseguram boas condições indlgenas, que devem ser convenientemen-
de saúde bucal; te treinados;
• Nas aldeias onde os danos odontológicos • Acesso pelo menos a serviços pontuais para
são significativos, um ou mais dos residen- agrupamentos Isolados, prestados por equi-
tes deve possuir conhecimentos essenciais pes que se deslocam até eles de tempos
para sua resolução ou equacionamento. em tempos utilizando meios de locomoção
Este elemento pode ser um dos membros compatíveis;
da tribo, ou um agente comunitârio de saú- • Realização de estudos epidemiológicos s0-
de, variando a amplitude de suas ações de bre as condições de saúde bucal. causas es-
acordo com O tipo e quantidade de proble- pecificas que Justificam Incidéncias altas ou
mas em cada população. No trato com co- baixas de doenças em determinados gru -
munidades indlgenas não se justifica a im- pos, hábitos e dietas de importância para a
posição de qualquer restnção não técnica área odontolôgica, como parte das ações
quanto ao uso amplíado de recursos huma- regulares de aSSIstência aos Indígenas,

Fig. 4-23 "AqUI nôs nascemos. AqUI Vlllt'remos sem- Fig. 4-24 "A nação da onça pintada tambêm pode se
pre" Reprodução autorizada de foto Induida em "O chamar Tchi'wa , seringarana A nação da onça-verme-
lIVro da5 Arvores"- PrOjeto Educação ricuna (Gruber, lha, ngema, está relacionada com uma árvore do mes-
J.G., Org.) Amazona5, Benjamin Constant, 1997, p. 9. mo nome" Reprodução autorizada de foto incluida em
· 0 IMOS dasArvores" - PrOjeto Educação TICUN (Gruber,
Jú, Org.) Amazonas, Benjamin Constant, 1997, p 21
Prograffld'Oão em SaUde Bucal 135

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Capítulo 5 IDENTIFICAÇÃO DE PROBLEMAS

• •

Uma das maiS notáveis características das clutndo aspectos ligados li amostragem, são
sociedades modernas é a constante mudança VistoS no subtitulo 5 1 O método da OMS, de
de parâmetros e de bases de referência, na acordo com sua mais atual versáo (WHO, 1997)
tentativa de acompanhar o ritmo cada vez mais compõe o subtítulo 5.2 Em segUida (5 3), faz·
acelerado de inovações tecnológicas que reper· se a discussão sobre as modificações de Crlté--
cutem também com crescente velocidade e rios de diagnóstico especifICo da carle, Junto
profundidade sobre os costumes SOCiaiS com a análise de alternativas ao clássICO CPO.
DifiCIlmente poderiam a CiênCIa e a prática Os Itens 5 4 a 5.7 sâo dedicados a outros pro·
da odontologia permanecer imunes a esse pro- blemas de saúde bucal, abrangendo as doen·
cesso Transformações ImpresSionantes se de- ças perlodontals, fluorose e maloclusões, além
ram ao longo dos últimos anos no quadro epI- de Indicadores para necessidades de próteses
demiológico, primeiro nos palses altamente A medição do consumo de açúcar esta em
Industrializados e em seguida nas nações em 5_8 As tendênCias mais atuaiS, que ampliam
desenvolvimento, ai InclUindo o Brasil e boa par- em mUito o campo de análise da saúde bucal
te da Aménca latina A redução de cafles em ao relaCloná·la às condições de qualidade de
populações de crianças e Jovens afetou a diS- Vida, são analisadas no subtítulo 5.9 e no ca·
tribUição dos profissionais e a oferta de servi· pitulo 6
ços em especlahdades classlcas como a odon·
topedlatna e a endodontla, cUJos clientes co-
meçaram a diminUir, e cada vez mais passou 5.1 A epidemiologia
a criar dificuldades no campo do dlagnóstlco_
Este capitulo procura retratar, pelo menos o conhecimento da situação epidemiológica
em parte, a realidade mutante que cerca o es· da população é essencial tanto para o nível de
tudo da epidemiologia e em espeCial dos múl· planejamento quanto para o de execução de
tlplos indlCes e IndICadores que costumam ser serviços odontológicos, constltutndo-se no ca·
utilizados para retratar a ocorrência dos pro- minha correto de equacionamento dos proble-
blemas de saúde bucal. mas de saúde & doença de cada comunidade
Conceitos epidemiológICos básicos, fun· Vanas definições de Epidemiologia estão
damentos para a pesqUisa e para a estruturação disponíveiS O termo provém do grego - ep' '"
de levantamentos epldemiolôglcos, ai se in· sobre; demos - povo; lagos - estudo, slgnlfi·
140 Saude Bucal Coleuva

cando O estudo ordenado das causas e efeitos Sowthwark & Vauxhalt Viviam, em 1854,
biológICos e sociais das doenças em popula- '67.654 pessoas, tendo OCOrrido 844 óbitos
çóes humanas, tendo a comumdade, e não o por cólera, portanto com uma taxa de 5,0 mor·
mdivíduo, como unidade de Interesse tes por 1.000 habitantes. Já na ãrea coberta
De acordo com Susser (1973), "Epidemio- pela empresa Lambem, em um total de 19 133
logia é o estudo da distribUIção e dos determi- habitantes 05 óbitos foram apenas 18, com
nantes da saúde em populações humanas" De uma taxa de 0,9/1.000 . A partir desta cons-
~ maneira mais abrangente, last (1988) concei- tatação, Snow formulou uma teofla geral so-
.J tua·a como sendo "o estudo da distribUição e bre o modo de transmissão das doenças Infec-
~ ,dos determinantes de estados ou eventos rela- CIOsaS, InfluenCiando fortemente as politlcas de
"" ~ clonados â saúde em .populações específicas, saúde pública e as prãtlCas de forneCimento
1
-e-:E e sua aplicação no controle de problemas ae de água, mUito antes da descoberta do micror-
$ilude" o que, para Beaglehole e colaborado-
;. ... res (1996), mdica que os epidemiologistas não
ganismo causador da cólera (Beaglehole et aI ,
, 996).
~ se reacupam só com a incapacidade, doen~a Outros exemplos do emprego correto da
o morte mas tam m com In rca ores poSI- \ epidemiologia são a erradicação da variola de-
tivos de saCrde e com maneiras de promove- a poiS da comprovação de que a contaminação
Pereira (1995) diz que "Epidemiologia é o peja vadola bOVina forneCia proteção contra a
ramo das CiênCIas da saúde que estuda, na doença em humanos; a aSSOCIação entre bócio
população, a ocorrência, a distribuição e os fa- e cretinismo com o consumo de lodo; a cons-
tores determmantes dos eventos relaCionados tatação de que a expoSição ao fumo e ao as-
com a saúde" besto propOfCIona grande aumento no fiSCO
Um longo trajeto fOI perCOrrido desde os de adquirir câncer de pulmão; o controle da
primeIros passos dados pela epidemiologia Clen- cáfle dental por meio do uso correto do fluor
tiflca até atingirmos o est.3glo contemporãneo Descrever as condições de saúde em grupos
no qual ganham cada vez maior relevãnCla 05 de pessoas e a histÓria natural das doenças,
condicionamentos extraclfnlcos das doenças Investigar os seus fatores determmantes e ava-
(fatores ambientaiS, sociaiS, econômiCOS, pol~ liar os Impactos das Intervenções destinadas a
IICOS) _Houve uma evolução da epidemiologia modifICar e melhorar a Situação, constituem
a partir de equaclonamentos prinCipalmente alguns dos mais notónos campos de aplicação
cllnlcos chegando a um enfoque que hOJe é dessa CIência (Pereira. 1995).
prinCipalmente SOCIal, no qual 05 elementos
biOlógiCOS constituem uma parte Importante, 5 . 1 . 1 Pesquisas e estudos
mas nem sempre a mais relevante, para a com-
preensão do todo. Ainda que não haja uma linha de separa-
Tornou-se cláSSICO o estudo de John Snow ção definitIVa entre 05 termos "estudo" e "pes-
(1855) sobre o "modo de comunicação da có- quisa", aceita-se no dia-a-dia que o pflmelro
lera" em Londres. A época, a Lambeth, uma deve ser usado para análises e venflCações de
das duas companhias que forneciam água aos caráter mais genénco e operacional, enquanto
londrinos a partir do riO TâmISa, mudou o local o segundo se destina a investigações com maior
de captação abandonando a área Originai mUI- dose de formalidade e academicismo. Exem·
to poluida Foram mapeados 05 óbitos por có- pios são um estudo sobre opiniões da popula-
lera segundo o endereço de moradia, compro- ção a respeito da qualidade dos serviços de
vando que haVia urna associação direta entre saúde, e uma pesqUisa sobre fatores causaIS
a fonte da água consumida e 05 casos da doen- da ocorrência de casos de doença peflodontal
ça. Nos bairros abasteCidos pela empresa avançada em uma comUnidade. A deCisão 50-
IdenrificaçJo tk Problemas 141

bre a denominação final a ser dada a cada tra- sas e efeitos, testando hlpôteses como por
balho CIentífiCO depende, em ultima anâhse, exemplo a possibilidade de relação entre câ·
das suas caracteristlcas e das finalidades.' nes e o consumo de açúcar, entre freqüênCIa
Numa tentatIVa de fuga a esquemas classi- de escovação e doença penodontal, entre obe-
flcatônos pré<oncebldos, Castro (1977) diz que Sidade e diabete. Podem ser subdivididos em:
se a pergunta que tentamos responder ê Im· a) Transversais ou de prevalência - quando se
portante, então a pesqUisa ou o estudo ê Impor· referem à medição de problemas em um
tante e esse ê o principal salvo<onduto da pes- determinado momento . Por exemplo: índi-
qUisa aphcada (ou dos estudos operaCIonaiS) ce CPO·D em crianças de 6 a 12 anos em
que lida com reahdades mais Imediatas, ao pas- março de 1999_De fãcll realização e baiXO
so que a pesqUisa pura em geral precisa ser custo, permitem analisar vanâvels como a
cifrada e tem dificuldades em obter um mhll dlstflbUlção de doenças por Idade, sexo,
obstat Instantãneo. A partir daí as concordãn- etma, local de residênCia; sendo mUito úteIS
clas entre os teóricos do ramo diminUI, embo- como base de planejamento e de determl·
ra outra grande divisão - entre a investigação nação de neceSSidades coletivas de trata-
deSCritiva, que se contenta em contar o que menta. Costumam ser empregados, tam-
ocorre, e a analítICa, que testa hipóteses e pro- bem, para conhecer padrões de utilização
cura explicar cada evento - conte com aceita- de servIços de saúde. Os prinCipaiS proble-
ção bastante generalizada mas assocIados a este mêtodo dizem res-
O quadro 5.1 mostra uma classificação bas- peito à utilização de metodologias distintas
tante utilizada para os estudos epidemiológICOs, e a diferenças entre as populações estuda-
dividindo-os geneticamente em dOIS grandes das, provocando resultados pouco compa-
tipOS. observadonais e expe rimentais (Bea· ráveiS entre SI. AsSim, levantamentos eplde-
glehole et aI., 1996). miolôgicos feitos com base no CPO podem
Nos estudos observadonais o pesquisadO! apresentar, em agrupamentos SImIlares,
(investigador ou condutor do estudo) não In- índICes bastante diversos caso o diagnósti-
tervêm. deixando que a natureza siga seu cur- co de câne seja feIto por uns com base em
so normal. lesões de esmalte e, por outros, conSide-
São chamados de d escritivos quando se rando tão só lesões de dentIna.
limitam a fornecer Informações sobre a distn· b) Ecológicos - sempre que a unidade de
bUI<;:âo de um acontecimento ou evento em observação ê a população e não o indivi-
uma população determinada, constltulndo-se duo, o estudo recebe esta denominação ou
quase sempre em um primeiro passo para aná- ê IdentifICado como sendo de grupos, de
lises epidemiológicas de maior profundidade. conglomerados, estatístICO, comunrtano ou
Sabe-se, por ex., que o conhecimento de cau- de agregados (Pereira, 1995). As compara-
sas relaCIonadas à atual epidemia de AIDS co- ções são feitas entre grupos residentes em
meçou com um estudo de quatro casos pouco âreas geográficas diversas ou trabalhando
usuais de pneumonia (Gottlleb et aI., 1981). em empresas diversas/estudando em es-
Estudos anallticos constituem, em geral, colas distintas, etc., tomando dados agre-
uma etapa seguinte â representada pelo mé- gados para todo o grupo e não identifican-
todo deSCrItiVO, destlnando-se a explicar cau- do casos IndIVIduaIS. Condusões tiradas para
cada grupo podem não ser ap1icâvels a
indlviduos: um fenômeno conhecido em
epidemiologia como "falácia ecolôgica" O
• Para umi'l revisão detalhada sobre estudos e pesqUI- Brasil apresenta COinCidentemente elevados
sas, consultar Pereira (1995): [)ema (1984) fndlces de cârte e de consumo de açúcar,
142 Saúde Bucal Coletiva

mas isso pode não ser verdadeiro para mUI- ponívels (busca, no passado, de causas para
tas pessoas uma vez que há outros fatores uma enfermidade) ou prospectivos quan-
associados à doença (como o acesso a pro- do se dedicam a examinar o que acontece
dutos contendo flúor, a freQüênaa com que no futuro. O grupo-controle necessariamen-
o açúcar é ingerido, etc). te deve apresentar as mesmas característi-
c) De coorte - conheCIdos como de incidên- cas que o grupo-teste. Compara-se os re-
cia ou longitudinais, pOIS a mformação sultados entre os dOIS grupos por meio de
obtida abrange a evolução do problema em uma razão de riSCO ou pelo odds-ratlo. *
um certo período de tempo (novas cânes
dent ais OCOrridas entre lO de março de A outra grande categoria está reservada aos
1999 e 9 de março do ano 2000) Um gru- estudos ditos experimentais ou de interven-
po de pessoas, ou seja, uma coorte, a par- ~o, que visam modificar a natureza, uma SI-
tir de uma mesma Situação Inldal passa a tuação, uma variável. Em geral, há um proto-
ser acompanhada para observar quais de colo de pesqUisa para concretlzaçâo de ensai-
seus membros desenvolvem ou não deter· os climcos randomlzados, de campo e comunI-
minada característica ou doença. As variá- tários, como se descreve a seguir'
veis de Interesse são demarcadas, obsefVan-
a 1) ensaios clínicos randomizados - dOIS gru-
do-se se os novos casos podem ou não ser
pos são formados de maneira aleatória (ran-
enquadrados. Pessoas sadias que ao longo
dõmlCa, ao acaso) para assegurar que te-
do tempo desenvolvem câncer de boca
nham caracteristlCas semelhantes, um de
podem ser analisadas segundo o hábito de
estudo e outro de controle. Em segUida,
fumar, o uso de fatores agressIvos aos ted-
atua-se em um dos grupos de maneira a
dos oraiS, o IJpo de alimentação. De dese-
poder comparar reSultados com o que nâo
nho pouco complexo, esses estudos apre-
sentam dificuldades práticas de monta, pois
eXigem recursos relativamente elevados e
regulares além de ter de controlar Interfe- Quadro 5-1
rências Significativas deVidas a migrações. Oassificação dos estudos epidemiológicos
d) De caso<ontrole - quando baseados na Modelo de estudo
formação de grupos semelhantes que são
comparados entre si apôs serem submeti- OBSERVACIONAL EXPERIMENTAl
dos ou não a um método preventivo ou a - EcológiCO - EnsaIO ClinICO
determinadas condições durante um perío- - Randomlzado
do de tempo. São estudos longitudinais a - Transversal - EnsaIO de campo
- caso e COntrole - EnsaiO Comunlttino
exemplo do método precedente, podendo
- Coorte
amda ser classifICados como retrospectIvos
quando se referem a Informações já dls- Fome. 8eaglehole et ai (1996)

• Para comparar duas talCas de prevalênaa ou Inodênaa, O método mais Simples ê o do RIsco RelatiVO - RR -
pelo qual apenas se diVide uma pela outra Por ex. CPO 4,5 , CPO 3,5 -, ou seja, o pnmeuo ê 1,3 vezes maior
que o segundo. Outro metodo e a Odds Rar/o ou Razão de Chances ou de Probabilidades. Estudando óbitos
por cãncel, E'ncontrQu·se quE' entre fumantes 70 (a) faleceram por esta causa e 99.930 (b) não, ao passo que
entre não-fumantes os números foram respectlVamenle de 7 (c) e 99_993 (d)_ A Odds Rat/o é calculada pela
fórmula: ad/bc - 10. A chance de um fumante ter cãncer de pulmão, neste estudo, é de 70 para 99 930 ou
1 1 428, ao passo que a do não fumante é 7:9.993 ou 1 14284 A razão en tre as duas chances, ou Odds
Rario, ê 10 (Pereira, 1995)
fOI submetido a qualquer Intervenção. Eo de numero de participantes que eJtige (tes·
caso tlplco da análise sobre a Incldênaa de te de vaona contra cãfle e contra a polio-
cáries dentais em pessoas que ingerem água mielite. são exemplos recentes);
fluoretada ao longo de alguns anos, com· (1) ensaios comunitários possuem caracteris-
parada a outras que bebem água sem fluor, tlcas simIlares às dos estudos ecOlógiCOS, en-
desde que, por ex., residam em localidades volvendo grupos de pessoas ao Invés de In-
com características similares e pertençam dIViduas para o desenvolvimento de pesquI-
às mesmas faIXaS etárias. Medicamentos ou sas relatNas a enfermidades de larga pre-
tratamentos novos são por vezes testados °
valênoa como é caso das doenças cardto-
por este mêtodo. ruJO esquema básIco de vasculares. da cáne dental e das doenças
desenvolvimento está descrito na figura 5-1 periodontals. Dificuldades típicaS ligadas a
a seguir; este tipo de mêtodo se referem ao fato de
b 1) ensaios de campo se referem, ao contrá· que são poucas as comunidades que po-
riO do mêtodo antenor. a individuas sadios dem ser Incluídas. tornando problematlCa
mas sob fiSCO de contrair um certo proble- uma alocação aleatóna. ademaiS de que
ma. procurando evitar que ISSO aconteça nem sempre é possivel controlar ou Impe-
Realizado JuntO a grupos populaoonalS. cos- dir a Interferéncla de outras variáveiS, mor·
tuma ter custos altos pelo tempo e gran· mente as de caráter social e econômICO .

População a ser estudada

I I
Indivíduos potencialmente Indivíduos que não
aptos para o estudo, convida· preenchem requisitos para
dos a participar participar

I I
Participantes Nãoparticipantes

I
Sor1I!io
randômico

Grupo de Grupo de
tratamento controle

Ftg. 5--1 Esquema de estruturação dI! um ensaIO clinICO randorTuzado Fontes' Beaglehole el ai (1996); ~ra
(1995); Coggon et ai (1993).
144 »lIck BucafCoIefM
Para que um estudo seja bem executado. é vo da malOna dos problemas de saúde bucal
preciso eVitar o aparecimento de vléses de se- Resultados sobre prevalénoa tanto de cimes
leção e de mensuração ou de fatores estranhos. quanto de cAncer bucal podem ser murto dls-
ademaIS de calQJlar corretamente a amostra Imtos se apresentados para Individuos de 1S a
Questões hgadas .fi, amostragem são VIStas no 65 anos. ou para grupos com Intervalos etanos
tópico seguinte, que trata da estruturação de mais curtos (15 a 24; 25 a 34 anos, etc.).
levantamentos epidemiológiCOS
Viés de seleção é o que acontece quando
os partICipantes do estudo são sistematICamen- 5 .1.2 índices e indicadores
te diferentes daqueles que não participam.
como no caso de paoentes de uma clinlca, pes- A maneira maiS fácil de medir a ocorrênaa
soas que freqüentam certas Igrejas, assem- de uma doença - contar o número total de
bléias de um partido politKO, etc. No estudo Individuos atacados - tem aphcação mUIto h·
epidemiológico sobre prevalênCia de cáries den- mltada em saúde de modo geral e na odonte>-
tais em alunos de escolas de li' grau realizado lagla em particular, restnnglndo-se a problemas
no Brasil em 1996 (BraSil, MinistériO da Saúde, de maior graVidade e pouco freqüentes. Uma
1997) foram Incluídos só aqueles matrICulados Informação de que 90% dos habitantes de uma
em escolas que tinham no mínimo cinqüenta certa região apresenta cárie dental ou doença
Indivíduos por Idade. exclUindo todos os de- penodontal não permite, por SI só, elaborar
mais que estudavam em unidades de enSino qualquer programação de atendimento curati-
menores. vo ou preventIVO, poiS não fornece uma idéia
Viés de mensuração se refere à adoção de da IntenSidade desses fenõmenos nos vaflados
medidas mUito especifICas. genérICas ou de grupos que compõem cada comunidade
difícil reprodução por Oulros pesqUIsadores. Um índice é o que pode estabelecer as dife-
envolvendo. JXlr ex_, a escolha de fatores s0- renças de intenSidade de ataque de uma doen·
CIaiS que eventualmente podem InfluenCiar a ça ou de uma condição qualquer De acordo
inCidênCia de doenças (prevalênCia de doenças com a definição cláSSica de Russel (Slack, 1981 ).
periodontals segundo o tipo de moradia), CrI- fndice é um valor numériCO que descreve a
tériOS de exame partICulares (o estudo é de Situação relatIVa (de saúde) de uma determI-
prevalênCia de cáne pelo CPO. mas em uma nada populaç30 por meio de uma escala gra-
localidade se decide InclUir a presença de man- duada com hmltes superIOr e Infenor definidos,
chas brancas ativas como um Sinal concreto permitindo comparações com outras popula·
de doença). Nesta categoria se inclUI o Viés de ções claSSifICadas pelos mesmos métodos e (fi.
memória. tlplCO de estudos sobre dieta nos térlos. Pode medir apenas a ocorrênCia de um
quais o indivíduo sob análise deve rememorar problema ou estabelecer o seu grau de severi-
o que comeu em vános dias antenores. produ- dade, como faz o CPO
Zindo resultados diferentes e pouco compará- Via de regra os índices são empregados em
veis em função da capacidade que cada um estudos de prevalênCIa ou de InCIdênCIa (VIde
tem de lembrar com precisão o que fez no concertos no subtrtulo 2.4 1) de problemas. tan-
passado mesmo que recente to em levantamentos epldemlOlõglcos de cará-
Já o fator de confusão está ligado à presen· ter operaoonal quanto em trabalhos de pes-
ça de elementos fortes ou de influênCia decisi- qUIsa ConSidera-se que, de maneira Ideal, um
va sobre o problema pesqUisado e que não são índIce deve poSSUir as segUintes característICas I
tomados em conSideração . Em odontologia a (Stnffter et ai .• 1983):
Idade é um fator que quase nunca pOde ser Clareza, SimpliCidade e objetIVidade
delICado de lado, deVido ao caráter cumulatl- O examlOador deve ser capaz de memorl-
IcknrlficiJ,MJ de Problemas 145

zar suas regras e criténos de maneira a apli- ponde ao quadrante da boca e o segundo ao
cá·lo com naturalidade e sem perda de tem- dente, como se vê no esquema abaixo A den·
po durante o trabalho de campo . tição permanente está numerada de 11 a 48,
Vahdez enquanto a dentição temporária (decidua) co-
Correspondência às especificidades do pro- meça em 51 e termina em 85. A notação " 11 ~ ,
blema em estudo, ou seja, deve medir exa- por exemplo. corresponde ao inCIsivo central
tamente aquilo que se deselava que fosse permanente supenor dlfelto; "18" ao terceiro
medido molar permanente superior direito. "37 " ao se-
- Conflabdldade gundo molar permanente inferior esquerdo,
Os resultados devem ser consistentes sob "83" ao camno temporáriO Inferior dlrerto.
distintas condições de operação, significan-
do que o índice deve ser reproduzivel por 5554 5] 52 51 61 626364 65"
varlos pesqUisadores_
1817 161514131211 2122232425262728'
- SenSibilidade
CapaCIdade de detectar razoavelmente bem 4847464544 43 42 41 ]1 32 33 34 35]63738 \
pequenas varrações, em qualquer direção, 8584 83 82 81 7172 73 74 75 "
do estado de saúde da população estudada
- Aceitabilidade " DentIção Temporana
, Denti~ão Permanente
O uso do índICe não deve causar Incômodo
ou dor às pessoas examinadas
5.1.3 Estruturação de levanta-
No processo de escolha de um [ndlce, há mentos epidemiológicos
que buscar a maior aprOXimação possível com
essas característICas, mesmo reconhecendo que A abrangência e a profundidade de um le-
será dIfícil contemplá-Ias de modo Integral, em vantamento EpldemlolôglCo é que condlClonam
se tratando do estudo de fenômeno de con- a sua maior ou menor compleXidade. A reali-
teúdo social. zação de censos (exames de todas as pessoas)
Indices e Indicadores são termos com sig- nacionaiS ou mesmo em ámblto local mUito
nificados diferentes. Enquanto os pnmelros raramente pode ser Intentada devido às notó-
sempre se expressam por valores numérICOS rtas dificuldades prátICas e ao alto custo envol·
precISOS, os indicadores de saúde possuem um vldo, obngando os pesquisadores a optarem
senttdo maiS amplo e podem IndUlr tanto al- por estudos amostraiS nos quais uma parcela
guns índices quanto Informações qualitativas da populaçào representa o todo com a máXI-
como o acesso a serviços de saúde, a oferta de ma fidehdade estatístICa possível.
mão-de-obra, a correspondênCia entre proble- Há um axioma básico em relação a toda
mas de saúde bucal e as condições de Vida, etc coleta de dados que tem Inegável aplrcação no
O método combinado da Organização campo da saúde: s6 se deve colher as Informa-
Mundial da Saúde descrIto em 5.2 é, na reah· ções que realmente serão de postertor utilida-
dade, um conjunto de IndICadores de saúde de. A obecltência a esta regra que parece tão
bucal do qual fazem parte dos índICes como elementar não só confere credibilidade ao es-
os de fluorose e cárie O subtítulo 5.7.2 e o tudo como evita desperdíCIOS de tempo e de
capítulo 6 estão dedicados em particular ao recursos surpreendentemente comuns ainda
tema "IndICadores" em saúde bucal. nos dias de hOje
Adota-se o sistema de dois dlgltOs da Fede- A profundidade, ou seja, o numero de va-
ração Dentária Internacional - FOI - para no- rtávels conSideradas e o grau de detalhe com
tação dentária, onde o primeiro dígito corres- que cada problema é enfocado depende do
146 5aüde Bucal Coletiva

volume de recursos colocado á disposição do Seleção da amostra; (c) Callbração de exami-


Levantamento e das condições que o apare- nadores e testes de concordância: (d) Prepa-
lho prestador de serviços pOSSUI para prover ração operacional do estudo; (e) Condução
soluções aos danos diagnosticados . Identifi- dos exames e aplicação dos questionáriOS; (f)
car necessidades sem condições para resolvê- Análise dos dados e apresentação dos resul-
las pode ser contraproducente, como se ana- tados.
lisa no capitulo 6.
Cada novo Indice e cada novo grupo po-
pulacional acrescido representa custos e tem- a) Detenninação dos objetivos e
po adicionais. Sucessivas subdivisões da popula- desenho geral do estudo
çao a ser estudada provoca a Inclusão de quan-
tidades geometricamente crescentes de indivi- A primeira cOisa a fazer é definir claramen-
duas. Em um exemplo elementar, caso tlvesse- te os objetIVOS, POiS tudo o mais depende deste
mos cem mdividuos em cada categoria, a estra- passo iniCiaI. Os objetivos podem ser tão mo-
tificação inicial por sexo produzlrta dOIS gru- destos quanto o conheCimento do comporta-
pos e duzentos individuas a examinar. Uma se- mento global de uma doença na população,
gunda divisão, agora incluindo brancos e não- lançando mão de índices de menor precisão,
brancos passaria o total de participantes para mas de fácil aplicação. No extremo oposto es-
quatrocentos. Caso desejássemos examinar tão as pesqUisas de novos tratamentos, a eXI-
ainda quatro faixas etártas, com reSidentes nas gir o emprego de instrumentos de alta preCi-
zonas urbana e rural, alcançaríamos nada me- são, capazes de redUZir a um minlmo ineVitá-
nos que 46 grupos e 4.600 partICipantes. Su- vel as chances de erro.
pondo que o estudo se fundamentana em um Um roteiro que pode aqUi ser utiltzado é o
só índice para o qual fosse eXigido três minu- que está no quadro 2.3, considerando que a
tos por exame, o tempo total necessário seria estruturação do levantamento deve, na práti-
de 13.800 minutos ou 60 horas de trabalho de ca, tomar a forma de um projeto com começo,
um unlCo examinador (ou, com três exami- meiO e fim, ou seja, com objetiVOs e metas a
nadores, 20 horas de cada). A cada Indice que serem cumpndos dentro de um prazo pré-de-
se quisesse adiCionar, haveria que dispor do terminado O desenho geral do estudo Inclui
tempo correspondente. Como se vê, gradat ... definições ao mesmo tempo técnicas e polítI-
vamente o estudo pode tornar-se inViável, for- cas sobre questões como: abrangênCia e prO-
çando o estabelecimento de metas razoáveiS e fundidade; problemas, grupos populacionais
compatíveis com os recursos disponíveis. e faixas etárias a examinar; instituições partI-
A arte de realtzar um Levantamento adequa- cIpantes; tIpO de recursos humanos a utihzar;
do para a realidade de cada região ou pais está recursos financeiros necessáriOS; periodo de
na correta compatibilização entre as aspirações duração; resultados esperados.
dos pesquisadores, que em geral gostariam de Reuntões com grupos de especialistas e
conhecer com detalhes a Situação de saúde da colegas mais experientes nas diversas areas
comunidade sob seus CUidados, e o volume de envolVidas ou a discussão com consultores téc-
recursos fíSICOS, humanos e financeiros mov;- nicos sobre as questões mais obscuras do es-
mentados pelo setor odontológiCO. tudo costumam ser necessárias e têm grande
SegUindo os padrões do metodo Científi- utilidade nesta fase, valendo lembrar que er-
co de trabalho, um levantamento EpidemiO- ros no desenho Iniciai repercutem negatIva-
lógiCO deve ser desenvolvido em seiS etapas mente ao tango de todo o trabalho, sendo
ordenadas de forma lógica : (a) Determinação mais difíceiS de superar que eventuais Impre-
dos objetIVOS e desenho geral do estudo; (b) CIsõeS de percurso.
fden rificação ~ Problemas 147

b} Seleçlo da amostra estatística, sempre que possfvel mediante o


apoio de um especialista no ramo e em acor-
Toda vez que for Impossível examinar ou do com as características dos problemas e da
tomar a opinião da totalidade da população- população a ser estudada Amostras mUIto pe-
alvo do programa, torna~se preCISO seleoonar quenas devem ser evItadas, POiS não conse-
um número limitado de pessoas como repre- guem refletir o todo de modo adequado, além
sentativas do conjunto, construindo uma amos- de estarem mUito sUjeitas a erros
tra que pode ser voluntária ou d e responsa- A seguir apresenta-se três exemplos ou
bilidade do pesquisador modelos para escolha Simplificada de amostras
As amostras voluntánas, constituídas por em estudos da área odontol6glca, que podem
pessoas que, face a algum motivo, se candida- serVIr como um gUia Iniciai prátICO para os lei-
• tam autonomamente a participar do estudo, tores que trverem responsabilidades neste cam-
podem induzir erros de representatividade (viés po. Conhecimentos básicos de estatística são
de seleção) ao restringir a amostra aos mais eXigidos para alcançar resultados mais precI-
motivados sos em relação a cada realidade e para Inter-
• Quase sempre cabe ao pesqUIsador fazer a pretar com maior profundidade os resultados
seleção, tomando arbltranamente pessoas ao de pesquisas de campo ou de laborat6r10. No-
acaso ou agindo de maneira sistemática por ções sobre temas como curva normal, deSVIO
meio da escolha de um a cada três ou cinco a padrão, erro padrão, Intervalo de confiança,
partir de uma lista, dos nascidos em um deter- preCisão, nível de slgnlficãnCla, podem ser en·
minado mês ou dia do mês, etc. Chama-se de contrados em autores como Beaglehole et aI.
amostra aleat6na aquela em que cada indIVi- (1996), Pinto (1996), Pereira (1995), Crespo
duo pertencente à população possui uma (1994), lwanga e lemeshow (1991), Guedes
chance conhecida de ser selecionado e fazer e Guedes (1988).
• parte do estudo. Para ISSO, é comum utilizar
uma Tabela de Números ao Acaso (TNA), tam- Modelo ülg/~s de seleção amosrral
bém conhecida como de Números Aleatôrios,
reproduzida na tabela S.l e que pode ser se- A ASSOCIação Britãnica para Estudos de
gUida de diversas maneiras: em coluna na trans· Odontologia Comunitária - Bárish Associarion
versal, em linhas segUidas ou alternadas, etc. for the Study of CommuO/fy Dentlstry, BASCD
Caso se decida examinar um certo número de - e responsável pela coordenaçào de estudos
cflanças (no máXimo 999), dá-se um número a locais de saúde bucal em crianças (e também
cada uma delas e se decide o método de leitu- em adultos) que começaram a ser feitos regu-
ra. Se, por exemplo, num universo de cem pa- larmente no ano fiscal de 1985/86 na Inglater-
cientes for adotada a leitura em colunas, tere- ra e País de Gales, em 1987/88 na ESCóCIa e
mos seleCionados automaticamente na coluna desde 1993/94 na Irlanda do Norte Sob a su·
A os números 034, 003, 052, 079 e 097, daI pervlsão das autondades naCionaiS do Progra-
seguindo para a B e aSSim por diante até atin· ma EpidemiológICO de Odontologia, os ente-
91( o número total de exames desejados Para rios de exame e de amostragem têm Sido sub-
grandes populações, deve-se agrupar em seis metidos a intensa discussão, modlflcando-se
ou alto digitas os números da Tabela 5.1 ou, gradatIVamente ate chegar aos padrões hOJe
como alternativa, trabalhar com programas adotados (Pltts et aI., 1997).
de computador (pex., softwares Excel, Epi Os segUintes princípiOS gerais são seguidos
Info) capazes de gerar números aleat6r1os com (Plne et aI., 1997): amostragem por dlStrrtO,
qualquer quantidade de digitas. em dOIS estágios; Inclusão apenas de escolas
O tamanho da amostra é determinado por púbhcas; mlnlmo de 250 exames é necessãno
148 Saúde BtJGJ/ Coletiva

Tabela 5-1
Tabela de números ao acaso para seleção de amostra

"'"m identifICação das Colunas


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C O G H J l N O P O

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337

foIIte FuodaçioSESP{19841
Idenr/ncaçAo de Problemas 149

em cada distrito, por Idade, selecionando-se - hstas de matricula com todos os alunos de
trezentos para assegurar a compensação de 5 anos é eltlglda de todas as escolas públi-
perdas; utilização de vinte escolas em cada dIS- cas do distrito;
trito (quando eXistem menos de Vinte, Incluir - a Idade que vale é a do dIa do exame, sen-
todas); renovação da amostra a cada estudo do a cronológIca, ou seja, com base no últJ-
para evitar que a amostra se torne VICiada exa- mo anrversáflo. Na prática, a média tem Sido
minando sempre as mesmas pessoas; notIfICa- de 5.25 anos;
ção prévia dos pais ou responsáveis, onentan- - como segundo passo, diVidir as escolas pelo
do-os para que se manifestem caso não acei- porte: pequenas com até 15 alunos de 5
tem o exame da CrIança (respostas poSItiVaS, anos; medias com 16 a 49 alunos e gran-
concordando com o exame, não são necessá· des com 50 e mais. Cada escola recebe um
rias); está prevista uma conflabllldade da or- numero_ Neste exemplo são 117 escolas no
dem de 95% (Intervalo de confiança) e a ca- distrito, numeradas de 1 a 117 para efeitos
hbração dos examinadores ê feita com base de sorteIO randómlCo;
em valores Kappa - conSiderando que no mínimo 250 crianças
A cada ano uma idade é examinada alu- serão examinadas e que uma amostra de
nos com 5 anos de VIda, em anos alternados, trezentas deve ser seleCIonada, nas escolas
com 12 e com 14 anos, a cada quatro anos _ de pequeno porte, por razões prâtlcas, to-
Exemplificando com O que ocorreu em perío- das as cflanças presentes de~m ser exami-
do recente, em 1994/95 foi examinada a faixa nadas. nas de porte médiO 1 em cada 2 alu-
de 14 anos; em 1995/96 a de 5 anos; em 1996/ nos, e nas de porte grande 1 em cada 4
97 a de 12 anos; em 1997/98 outra vez a de alunos. Neste exemplo temos, respectiva-
5 anos Para 1998/99 a vez volta a ser dos 14 mente, as proporções de 8% - 24 alunos,
anos e aSSim sucessivamente Em Intervalos 47% - 141 e 45% - 135;
regulares esta dlstrtbutção por Idades de exa- - em segUida deve ser usada a Tabela de Nu-
me, assim como os demaiS anénos, são revIS- meras ao Acaso - TNA, em qualquer sen-
tos (vide crlténos de diagnóstico no subtitulo tido. PrimeirO para as escolas menores,
5_3 1) Cada ano, portanto, é procedido o CPC- quando um numero da TNA COincide com
D em pelo menos 250 alunos de uma deter- O da escola, esta é sublinhada anotando-se
minada Idade em cada distrito. Um mlntmo de a quantidade de alunos a examInar. Isso é
vinte escolas são selecionadas de forma ran- feito até que seja completado o numero
dómlCa. ou todas as escolas do dlstrrto caso eXKJido conforme visto no Item precedente
haja um número Infenor de unidades (Pme et (por ex ., 24 alunos). logo, o procedimento
aI., 1997a, 1997b; Pltts et at, 1997).· é repetido para as escolas médias e gran-
O exemplo a seguir se refere a amostragem des.
em um dlstnto para pré-escolares de 5 anos - finalmente, ê possivel COnstrui' a tabela 5-2.
de Idade (Plne et aI., 1997a) ~ que fornece um sumárIO completo da amos-
- contato Inloal com as escolas é ferto na pn- tra a adotar neste dIstrito;
mavera ou verão, para realizar os exames - agora, com as listagens dos alunos em
no outono. mãos. fazer uma amostra slstemâtlca da-
queles que de fato serão submetidos a exa-
me. escolhendo cada segundo aluno nas
• No estudo de 1996/97 foram Induldos 72 distritos
escolas de porte médIO e cada quarto nas
na Inglaterra, 5 no Pais de Gales, 15 na EscÓCIa, li
na Irlanda do Norte e 1 na Isle o, Man. com um grandes. Isso não é necessano nas unrda-
des pequenas sorteadas porque nelas 100%
total de 97 em todo o Reino Unido ~ úm CPQ.D
médiO de 1.13 aos 12 anos de Idade dos alunos estão Indu idos;
150 SaUde Bucal CoIeriva

- caso haja Interesse em dividir o distrito em Com respeito a estudos em adultos, o mo-
subgrupos (ãrea norte e sul. ou cidades com delo BASCD recomenda a adoção de questio-
e sem flúor na água. urbano e rural. etc). nários destinados a obter Informações forne-
os mesmos procedimentos aCima descritos cidas pelos próprios pacientes. acrescentando
devem ser adotados em cada subgrupo, ad· visitas e exames clinicas só em casos especiaiS
mitindo-se uma quantidade menor de exa· (idosos, pessoas confinadas) ou quando um
mes com um limite mínimo de 50 crianças conhecimento de base dinlca para certos gru-
mas fazendo todo o possível para não ter pos se faz necessãrio (Pitts et aI., 1997; Dowel1
conjuntos inferiores a cem pessoas Certa· et ai • 1992).
mente a amostra total do distrito aumenta·
rã. superando os originais 250 ou 300 exa· Modelo mínimo de seleção amostraI
mes. Supondo três subgrupos: A com 500
alunos. B com 1.000 e C com 2.000 (total Em sua mais recente publicação "Métodos
3.500), uma proporção de 1 por 5 permiti· básICOS - estudos de saúde bucal" a DIVisão
ria o minimo de 100 alunos em todos os de Doenças Não-transmlssiveis da Organização
casos, ou seja. 100 exames em A, 200 em Mundial da Saúde (WHO, 1997) sugere uma
B e 400 em C. Como 700 seria uma quanti· metodologia das mais elementares para a es-
dade demasiada, o total poderia ser redUZI' colha de uma amostra em pathfinder surveys-
do a 500, com apenas 200 exames tam- estudos exploratÓrios - na área odontológica.
bém no subgrupo C. É possível, ainda, fa- Propõe cinco idades ou faixas etârias-ind~
zer a proporção. Sendo desejâveis 500 exa- ce: 5 - 12 - 15 - 35 a 44 (média 40 anos)-
mes, A participa rã com 14% do total ou 70 65 a 74 (média 70 anos), com um mínimo de
exames, B com 29% ou 145 exames e C 25 a 50 indivíduos por grupo amostraI. depen-
com 57% ou 285 exames; dendo da prevalência e severidade das doen-
- As médias finais devem ser ponderadas se- ças orals_ Para a zona urbana. os pontos
gundo as quantidades de alunos examina- amostrais seriam quatro na capital ou zona me-
dos em cada distrito ou em cada subgrupo tropolitana e mais dois em cada uma das duas
quando existentes. De maneira simples, no maiores cidades do Intenor, enquanto que na
exemplo de subgrupos A, B e C acima, para zona rural um ponto em cada um de quatro
médias ceo respectivamente de 4,5 - 3,1 e povoados de diferentes regiões resultaria sufi-
2,8, a média ponderada seria Igual a; (500 ciente. No conjunto. são trezentos Indivíduos
x 4,5) + (1.000 x 3,1) + (2.000 x 2,8) + 500 distribuidos em doze pontos de amostra (cada
+ 1.000+ 2.000 - 3,13. qual com 25 Indivíduos). Se os dnco grupos ou

Tabela 5-2
Sumário deamostra para estudo epidemiol6gko em escolas inglesas

Tamanho NI de NI de alunos Amostra NR de escolas


" d.
da escola escolas na idade população requerida selecionadas
(alunos)

<15 40 279 8 24 3 (27)


15 - 49 52 1665 47 141 9 (148)
> 50 25 1595 45 135 8 (137)
TOTAL 117 3539 100 300 20(312)

fonte Plnl' et ai, 1997


faixas etárias referidos forem contemplados, tecedentes sobre o comportamento do pra-
um total de 1.500 exames tornar-5e-la sufioente blema na comunidade, assume-se que 50% das
em um país. sendo a metade para cada sexo. pessoas têm o problema enquanto outros 50%
Este modelo é tIdo como satisfatório para não o têm - pois este valor corresponde ao
níveiS baixos ou mUito baIxos de ataque de cá- maior tamanho de amostra possível
rie, com a sugestão de que sob nivets modera- Tomemos como exemplo, a definição da
dos ou elevados. o tamanho amostrai devena amostra necessána para estudar a proporção
ser de 40 a 50 indivíduos. Quando a prevalência de indivíduos que vai ao dentista a cada ano.
é desconhecida, pode ser ferta uma estimatIVa Para um preasão "d" ou erro máXimo admiti-
em função do percentual de crianças livres de do de 10% e uma confiabllidade a- de 95%, N

cáries aos 12 anos: mais de 20% é baixa. entre dependendo da proporção de pessoas que se
5 e 20%, moderada; menos de 5%. alta pre- estima freqüentou um consultório em perío-
valênCia dos anteriores, teremos os tamanhos amostrais
A critica que se pode fazer a esta proposta sugendos na tabela 5-3, Independente do ta-
se refere à demasiada slmphCldade e escassa manho total da população.
• conSistência dos CrItérioS amostrais. dE'\'endo Pode-se dizer que a malorra dos estudos
ser considerada como útil apenas em casos de epidemiológiCOS tradiCionalmente realrzados em
aguda deficiência de recursos ou para estudos odontologia se limitam à obtenção de Indrces
que busquem Informações bastante genértcas medias de ataque de cárie em crranças e Jovens
e limitadas sobre as condições de saúde bucal Amostras relacionadas a médias são mais com-
de uma comumdade. Alguns paises com es- plexas que as referentes a proporções. mas e
cassos recursos disponíveiS, pnncrpalmente no possível prodUZir um quadro semelhante ao
continente africano. têm ferto uso dessa meto- ViSto aCima desde que se tenha o nivel de sig-
dologia para obter dados epidemiológicos Ini- nlficância e a preCisão desejadas e conheCI-
ciais em geral com relação aos 12 anos de Ida- mento sobre deSVIO padrão de médias obti-
de . No BraSil, o Ministério da Saúde Junto a das antes.
outras instituições chegou a adotã-Ia para um
estudo nacional em 1996 (Brasil, 1997), com
pot)res resultados
Tabela 5--3
Modefo para amosrras de proporções e Tamanho amostrai para casos de proporção
mf!dlas segundo a pred são desejada
• Estudos de proporções - por ex ., o percen- Proporção prévia Tamanho amostrai
tual de pessoas em uma comunidade com (precisão) com d-o, 10; a'" 0,95
próteses totais ou que fuma - são os mais ca-
muns inclUSIVe na area da saúde Uma vez que
5 ou 95%
10ou95%
,.
35
o pesqUisador disponha de três Informações 150u95%
.,
49
prlmãrlas estimativa previa sobre percentuais
de ataque pela doença na população que está
sendo estudada, preCisão desejada e nivel de
slgnlflcâncla.
20 ou 95%
250u 95%
30 ou 95%
35 ou 95%
.,
12

87
40 ou 95% 92
É comum, em saúde, trabalhar com uma 4500 95% 9S
precisão de 10% (este é o erro mãximo aceitá- 50% 96
vel) e uma slgnificâncla de 95% (resultados são
conflávels ate este limite) Caso IneXistam an- ForIIl!S L-.-.ga ' LeIMShow ( 1991 ), PInto ( 1996)
152 SdUde 8uc.J1 CoIetlVd

o DeSVIO Padrão e uma medida de varra- c) Calibraçio de examinadores e


ção que fornece o grau de dispersão dos va- testes de concordincia
lores em torno da mecha Quanto maior (p.ex.,
um desvIo Igual ou supenor â media - 4,5 ou Em levantamentos mais simples, nos quais
5,0 para uma media - 4,5) for, maiS ampla e a o obJetiVO se limita â obtenção de um conheCi-
heterogeneidade da população em estudo_ Se mento aprOXimado da Situação com poucas
a população é homogênea, ou seja, conta com eXigências de precisão de resultados, uma pa-
elementos bastante parecidos entre si em rela- e
dronização de crttenos de exame sufiCiente
ção as variáveis sob análise, o deSVIO padrão para reduZIr pelo menos em parte a ocorrên-
deve ser baiXO (por ex., de 2,0 para a mesma cia de erros Intra (consigo mesmo) e Inter exa-
média de 4,5 dentes atacados por pessoa). minadores (entre dois ou mais profiSSionais).
Supondo que num estudo realizado há pou- Cerca de dez pacientes são examinados suces-
cos anos, em cnanças de '2 anos, a média CPO- sivamente por dOIS ou três profiSSionaiS, com-
O fOI de 4,0 com um deSVIO padrão de 2,0, parando-se a segUir os resultados e discutindo-
para uma preCIsão de 10% (0,4 dentes CPC se eventuais diagnósticos distintos. Havendo
a mais ou a menos podem ser aceitos como um número maior de examinadores, convem
normais) e um nivel de slgnlflcâncla de 95%, a seleCionar QulrO grupo de pacientes para evi-
amostra necessária não Importando o tama- tar a repetição demaSiada de exames em um
nho total da população, será de 96 pessoas. só Individuo.
Contudo, se o deSVIO padrão prévio foi de ape- No processo de calibração, descrito a se-
nas 1,5 mostrando que o grupo e mUito ho- gUir, o que se busca e a preCisão. eliminando
mogêneo, então bastará uma amostra de 54 ou minimizando dlscordãncias de modo a sele-
IndIViduas, como se vê na tabela 5-4 que pro- cionar os profiSSionaiS que consigam reprodu
cura resumir algumas situações mais comuns Zlr de maneira estatisticamente confiável os
encontradas em estudos de médias CPO-O_ crrteflos estabelecidos para os IndlCes adotados
ÉeVidente que os tamanhos amostrais apre- no estudo_
sentados para proporçôes e médias constituem Para estabelecer uma conSistência consigo
aproximações e nâo substituem os números própriO, nos casos em que eXiste um só examI-
reais que senam obtidos mediante a aplicação nador, cerca de vinte pessoas devem ser exa·
das fórmulas estatistlcas apropriadas a cada minadas em dOIS dias diferentes, efetuando-se
caso então a comparação de resultados e reexaml-
nando aqueles para os quaIs houve diferença
de diagnóstico. A este procedimento denomI-
Tabela 5-4 na-se de concordânCia intra-examlnador. espe-
Tamanho amostrai sugerido para médias rando-se que entre 85% e 90% dos exames
segund o o d esvio padrão, com precisão e sejam idêntICOS. Écomum, tambem, repetir cer-
signiflcância estabe lecidos
ca de 10% dos exames, sorteando ao acaso as
Desvio pa drão e m repetições sem conhecimento do profissional
Tamanho amostrai
relação à média com d-o,10; a - 0,95 (Eklund et aI., 1996).
As concordânCias entre dOIS ou mais exa-
1/. da media 43 minadores são testadas por meio de exames
Metade da media 96 feitos por todos em cerca de vinte pessoas de
Igual ã media 384 uma mesma Idade ou grupo etáno E preferi-
1.5 veZM iI media 864
Dobro da media 1537 vel que haja um pesqUisador que assume a
condição de "padrâo", cujos resultados servem
FOIItes Lwang' t! LRmeshow (1991). P'nIO (1996) de referência para os demaiS Na sua falta, to-
Icknflficação de Problemas 153

dos examinam os mesmos paclentes e depois anota o dente como canado ou restaura-
N

criticam em conjunto os resultados alcançados do e o upadrão o faz como sadiO;


Ao examinar um paCiente, o profissional não - Falso-Negatlvo (FN) quando o examinador
deve ter conhecimento dos resuJtados obtidos anota o dente como sadiO. mas o ~padrãou
pelo colega que o precedeu o faz como carJado ou restaurado.
O ptlmelro passo conSiste na discussão
ampla dos criténos de exame, seguido por uma SenSibilidade
demonstração de como serão feitas as compa- VP
rações e pela realização de pelo menos dOIS VP + FN
exames em paciente por profISsional, â gUisa EspeafiCldade
de treinamento . Só então o grupo parte para
a realização dos vinte exames efetIVOs
- VN
VN + FP
Qualquer índice que esteja sendo adotado Supondo que em um paCiente com vinte
no estudo de campo pode ser testado para dentes diagnostJcados, o resultado tenha Sido
obtenção de nlveis de concordãnCla , embora de 10 diagnóstICos VP, 5 VN. 3 FP e 2 FN, a
os exemplos a segUir sejam dados apenas com SenSibilidade serA de 10/ (10 + 2) - 0.83 ou
base no CPO-D Para este índice. as compara- 83%. enquanto a EspeoflCldade será 5 / (5 ..
ções podem basear-se em todos os seus com- 3) - 0.625 ou 62,5%. Na callbração levada a
ponentes (dentes canados, perdidos e restaura· efeito no Reino Umdo para o estudo de 1994.
dos, acrescentando-se os sadiOS), mas é acon- a SenSibilidade varIOU de 0,69 a 0,92 em cnan-
selhável examinar apenas os dentes canados, ças de 5 anos, enquanto a EspecifiCidade fOI
restaurados e sadIOS. sendo preferfvel adotar de 0,95 - um Indicador excelente - pratica
este ultimo comportamento uma vez que não mente em todos os examinadores testados
se deve esperar discordânCias SignificatIVas de (Plne et aI., 1997).
cnténos quanto aos elementos extraídos.
Quatro teS1es podem ser usados para ven- 'ndlCe kappa de concorc:Jãnda
''':31 o nível de concordância Inter {ou Intra}
examinadores: SenSibilidade. EspeCificidade, o metodo Kappa permite uma melhor ava·
Kappa e DlCe (Plne et aI., 1997) liação sobre as COinCidênCias e dlscrepãncias
verifICadas no processo de calibração.
Testes de sensibilidade e especificidade Kappa (k) é um indlce de concordãncla aJus,
tado e de larga utlhzação no campo da saúde,
Sensibilidade, neste âmbito, e a probabllt- que leva em conSideração as concordãnClas
dade de um examinador anotar um dente esperadas além da chance. ou seja, descon·
como cariado ou restaurado exatamente como tando as que acontecem como fruto do acaso.
o fez o "padrão" Especificidade é a probabili- Vana de "menos '" que SignifICa desacordo
dade de o examinador anotar um dente (ou completo, até " mais ," que representa acordo
superfíCie) como sadio exatamente de acordo total, enquanto o valor "O" se refere a leituras
com o diagnóstICo do "padrão" Ambos são a esmo, tipo "cara ou coroa" (Pereira, 1995).
medidos pelo resultado, que pode ser:
- Verdadeiro-Positivo (VP), quando o examl· k _ Po - Pe concordânCIa observada -
ou
nadar e o "padrão" COinCidem ao anotar o , - Pe concordânoa Mperada
dente como canado ou restaurado; 1 - concordãnoil HPt'filda
- Verdadelro-Negauvo (VN), quando ambos
anotam o dente como sadiO; Os cálculos de Po e de Pe são fettos por
- FalSO-POSitivo (FP) quando o examinador meio das Informações forneCidas por uma ta-
154 Saúde Bucal Coletiva

bela de dupla entrada (ou com múltiplas in- de bucal" prodUZido pelo Programa de Saú-
formações possíveis, como nos dOIs exemplos de Bucal da OMS (Eldund et aI., 1996), refe-
posteriores), como se vê na tabela 5.5 O Exa- rindo-se à calibração feita para o CPITN
minador A encontrou, neste caso, 90 indivi- Os dígitos em negnto significam os exa-
duas com Doença Peflodontal (D.P.) e 10 sem mes para os quais houve concordânCia entre
D.P., ao passo que o Examinador B encontrou os Examinadores A e B. Foram examinados 60
85 com D.P. e 15 sem D.P pacientes com um total de 360 sextantes.
Po - (a + d)/ (a +b +c+d) -(83 +8)/ (83 + 7 + 2 + 8)
Como se vê, dos 345 diagnõstlcos de
-0,91 sextantes sadiOS (CPITN =- O) dados pelo Exa-
Pe '" (a + b) (a + c)'" (c + d) (b+ d) / (a + b ... c ... d)J_ minador A, em 341 houve concordânCia com
(90)(85) ... (10)(15) / 100' - 0,78 O Examinador B. Já o valor 3, p.ex., significa
k - 0,91-0.78/1-0,78-0,13/0,22-0.59 que esses sextan tes foram diagnosticados
Na verdade, Po é Sinônimo do Indicador como sadiOS por parte de B e com
mais simples de todos neste campo, que é a sangramento ou CPITN • " por parte de A (o
Taxa Geral de Concordância, uma medida dos côdigo 2 Significa presença de cálculo)_
Po - (341 ... 2 .;. 6) / 360 '" 0,969, que é o percentual
acordos existentes entre dOIS ou mais pesquI-
de concordãncia observada.
sadores. Neste caso, como se VIU, fOI de 0,91
ou 91% Pe .. (345) (348) + /51 (51 + (1 Dl (]) _.1l.O.!..5..í
O exemplo seguinte (Tab. 5-6) é provenien- 36QJ 129600
.. 0,927 - 0,93
te do texto de HCalibração de examinadores
para levantamentos epldemiolôglcos em saú· k " (0,969 - 0,927) / (1 - 0,927)" 0,575 '"' 0,58

Tabela 5-5
Dados de dois examinadores para cálculo do índice Kappa de concordância

EXAMINADOR B

Com D.P. Sem D.P. TOTAL


EXAMINADOR A
Com D.P. (a) 83 (b) 7 90
Sem D.P. (c) 2 (d) 8 10
TOTAL 85 15 100

Tabela 5-6
Dados de dois examinadores com três variâveis do CPITN para cálculo do indice
Kappa de concordância

EXAMINADOR B

CP!TN O CPITN 1 CPITN 2 TOTAL


CPITN O 341 3 345
EXAMINADOR A
CPITN 1 3 2 O 5
CPITN 2 4 O 6 10
TOTAL 348 5 7 360
ldentdkiJçSo ck PtobIemiJs 155

E possível, também, expressar essas equa- Po -(220+ 18 + 5'" 6)/ 280 - 0,889
ções em suas quantidades originais, apenas Pe .. (240) (230) "" (20) (25) "" (5) (5) ... (I 51 (20).
tendo o cUidado de substJtulr no denomina- 280'
dor " 1" por "N " (número de exammados), ~·O, 715
desta maneira 78400

PO -341,,"2+6-349 k - (0,889-0,715)/(1-0.715)-0,61
Pe .. (3451 (3481 ... {51 (51 ... (10) (]) .. .l.2O.l.S..S.
Mesmo considerando difícil estabelecer um
360 360
.. 333,76 padrão adequado de calibração, o texto de
Eklund et 031. {1996) recomenda como um gUIa
k - (349 - 333,76) / (360 - ))),76)" 0,58
de Interpretação do Kappa os segumtes valo-
Assim, pelo efeito do acaso, dos 360 diag- res e conceitos. < 0,00 .. concordãnCla pobre,
nósticos 333,7638 seriam concordantes, res- 0,00 a 0,20 .. fraca Ou leve, 0,21 a 0,40 - s0-
tando 26,2362 diagnósticos para que os exa- frível; 0,41 a 0,60" moderada ou regular; 0,61
minadores concordassem sem a aluda do aca- a 0,80 .. boa ou substancial, 0,81 a 0,99 ..
so Uma vez que concordaram com 349 diag- ótima ou excelente, 1,00 - perfeita
nósticos O que representa 15,2362 a mais do
que acontecena em função da pura chance, (nd,ce Dice de Concord~ncia
resu lta um Kappa de 15,2362 / 26,2362 ..
0,58
Agora, Inclui-se um exemplo (Tab. 5-7) com
° Dice (O) é uma alternatIva ao Kappa
para o caso em que apenas uma dasse se cons--
quatro varrâvels para anâlise, conSiderando os titui no obJelo de Interesse, como o número
dentes sadiOS mais os três componentes do de dentes cartadas ou o numero total de den-
lndlce CPC, ou seja, os dentes carlados. perdi- tes cpc FáCil de aplicar, fomece com rapidez
dos e restaurados (obturados) uma avahação comparatIVa razoavelmente ade-

Tabela ~7
Dados de dois examinadores com quatro variáveis relativas ao CPD. para cálculo do
Indice Kappa de Concordância

EXAMINADOR B

DENTE SADIO CARIADO PERDIDO RESTAUR. TOTAL

SADIO 220 6 O 14 240


EXAMINADOR A CARIAOO 2 18 O O 20
PERDIDO O O S O S
RESTAUR. 8 I O 6 IS
TOTAL 230 2S S 20 280
156 SaUde Bucal CoIeuva

Tabela 5-8 permitir resultados mais confiáveiS e compa-


Oados em dupla entrada para cálculo do ráveiS entre SI, ProfiSSionaiS com experiência
indice Dice de Concordância anteflor na aplicação dos indlces escolhidos
são preferivels, mas este não é pré-requislto
EXAMINADOR B
essencial pOIS uma callbração bem feita é sufl.-
Dente (anado Sad.o Ciente. Pessoal aUXIliar completa a eqUipe, en-
EXAMI· carregando-se dos trabalhos de anotação,
NADORA
(anado
SadIo ,• b
d
desinfecção de Instrumental e tarefas de
apoio. Em se tratando de aplicação de questl--
onanos a grupos populaCionais (sobre dieta,
EXAMINADOR B auto-Informações sobre estado de saúde, Opi-
niões a respeito de qualidade e oferta de ser-
Dente (anado Sadio Total
ViÇOS de saúde, etc.), pessoal leigo com trei-
EXAMI· (ariado 50 20 70 namento específICO é em geral utilizado com
NADOR A SadIo 10 120 130 bons resultados.
Total 60 140 200
A realização de levantamentos epIdemio-
lógiCOS báSICOS por técnICOS de higiene dental
quada Permite o cálculo manual, enquanto o e
- THD - vlavel. De acordo com a norma bra-
k em geral requer recursos de computação. Sileira vigente, entre outras funções compete
É um peso médio que leva em conta dOIs ao THD "colaborar na educação em saude e
componentes: o Examinador A dizendo que o estudos epidemiológICoS" (CFO, 1984). O em-
dente esta canado com a concordânCIa de B, e prego de hlglemstas (com formação Similar à
o Examinador B dizendo que o dente esta do THD brasileiro) para a realização de exames
canado com a concordânCia de A Na pratica, epIdemiológicOS e clinlCOS em cárie dental e
o Oice enfatiza a presença da doença, enquan- doenças penodontals constituI prátJca usual em
to o Kappa é uma medida maiS abrangente vános paises (Kwan et aI ., 1996; Soyer, 1992,
(Pine et aI., 1997b; NuttaU e Paul, 1985). Mauflello et aI., 1990). Estudo desenvolvido em
D -(2 a)1 (2 a + b + c) -(2 li: 50)/ (2 x 50) .. 20 .. 10 leeds, Inglaterra com base nos critériOS do
- 0,769 BASCD, comparou resultados de exames fei-
tos por clrurglões-dentlstas e hlglemstas com
O Kappa , fleste mesmo exemplo, com Po" 0.985 idêntiCO treinamento específiCO, concluindo
e Pe .. 0,9371, resultaria em: k .. (0,985 - que "não houve diferença de performance
0,937)/(1-0,9371)-0,762 entre os dOIS tipOS de profiSSionais e que hlgle--
nistas e terapêutas dentaiS podem ser usados
d) Preparaçio operacional do estudo para estudos epidemiológicos" (Kwan et aI.,
1996) Embora apenas crianças de 5 anos te--
Na preparação operacional do levantamen- nham Sido examinadas no estudo Inglês, evi- e
to cabem previsões e medidas em relação a dente que suas conclusões se aplicam Igual-
quatro aspectos Importantes - seleção de recur- mente a outros grupos etanos
sos humanos, escolha de Instrumentos de exe-
cução. definição de indlces e critériOS, realiza-
ção de pré-teste. todos espeCificados a segUir. Definição de Instrumentos e realização de prê-resre

Cada equipe de campo deve dispor de JO-


Seleção de recursos humanos
gos de Instrumentos em quantidade tal que
Os examinadores costumam ser Cirurgiões- lhe permita trabalhar no mimmo meia hora sem
dentistas e em pequeno numero de modo a reutilizá-los, conSiderando que este tempo e
IdenrJ!;c"çAo ~ ~ 157

aceitável para desinfecção em solução liquida de de detedar e cOrrigir defiCiênCias de for·


apropriada mulação teórica Como os resultados do pré·
Todo o material necessário deve estar dls- teste não serão conSiderados, não ê preCiso
ponlvel no momento do exame, Incluindo es· submetê-Ios a uma amostragem estatística,
pelhos, sondas, fichas, lápIS, borracha. algo- bastando rep4'oduzlf COndiÇõeS Similares ás do
dão, toalha, reCipiente e liquido para desmfec- Levantamento,
ção, gaze, álcool. cubas e EPls (equipamentos
de proteção IndIVIduai para os profissionais). a) Conduçlo do. axama. a
A area de trabalho deve ser espaçosa e pos- intarpretaçlo do. re.ultado.
SUir dumlnação sufICiente. natural ou arliflClal.
TradICionalmente levantamentos epidemIOló- Quanto melhor elaboradas as etapas ante-
gicos que empregam indlCes como o CPO-D, nores, mais correta e precisa sera a execução
CPITN e Similares têm sido realizados em am- do estudo, evitando Improvisações Estabele-
biente externo, n30<UnICo, sem secagem ou cer uma coordenação central e uma equipe de
limpeza dos dentes e teCidos bucaiS e de dia, supervisores sempre que a dimensão do estu·
com luz natural, medidas que reduzem em do O eXigir, com atflbUlçôes de, entre outras.
mUito os custos de Implementação Critérios solUCionar eventuais difICuldades, substitUir
de diagnóstICo e normas para exame face as pessoal de campo. checar o correto seguimen-
novas realidades epidemiológICas são discuti- to dos CritériOS e dos prazos, prestar apoio tec·
dos no subtítulo 5 2 nlCo.
Um periodo limitado e curto de tempo nos Os dados podem ser tabulados à mão ou
estudos sobre prevalênCia ê o maiS lOchcado, por computador. obedecendo ao modelo de
@\fitando a mterferênCla de fatores extradimcos análise previamente estabelecldo_cabe chamar
e drflCuldades de comparação entre dados ob- a atenção para um erro ainda comum, o Isola·
tidos em momentos mUito dlstanaados entre menta entre as fases de coleta e análise dos
SI Entre dez e sessenta diaS parece ser um In· dados: obtém-se alguns números e depoIS se
tervalo adequado de tempo para a efetIVação espera que todo e qualquer Inchcador de~ seja
dos exames que. pela grande quantidade de obtido de modo automatlCO MUitas ~zes ocor·
partiCipantes ou distAncia entre locaiS de reali- re a desagradável surpresa de descobrtr que
zação, não possam ser efetivados em perío- outros números ou outros métodos de coleta
dos menores deveriam ter Sido adotados
Os índICes, Que Já foram sugeridos na eta- Para a ap4'esentação de resultados. essen-
pa inICiai de desenho do estudo, são agora esta- Cial para Que os Interessados (pesqUisadores,
beleCidos com precisão e detalhados em ter· autofldades. InstitUições Cientificas e de repre-
mos de Cflténos e códigos de preenchimento sentação de segmentos do ramo, a população)
das fichas correspondentes_ Há que prever tam- tomem conheCimento da Situação dlagnos·
bém as saídas. ou seja, que tabelas finaiS pode- tlcada, o Informe final pode ser elaborado se-
rão ser elaboradas, garantindo a apresenta- gUindo o modelo dáSSlco dos documentos de
ção de resultados compatíveiS com os obJeti- caráter Cientifico. contendo: obJetIVOS. Justlfl·
vos Os índICes são discutidos do subtítulo 5.3 catIVa, matenal e metodos. apresentação de
em diante. resultados, diSCUSsão, conclusões e recomen-
Recomenda-se testar o modelo de traba- dações Os recursos necessáriOS para a elabo-
lho Junto a um pequeno grupo populaCional ração e edição do Informe devem estar previS-
Similar ao da amostra global, com a flnahda· tos desde o começo do estudo
158 Salitk Sual Coletiva

5.2 Fonnulário OMS para sentando sucessNamente: Informações gerais


estudos e exame dinlco; mucosa oral. opaadades do
esmatte. fluorose dental. fndlce penodontal co-
epidemiológicos· munrtãno e perda de Inserção; condição den-
o formulário da Organização Mundial da tal e neceSSidades de tratamento. condição
Saúde, versão 1997, fOI desenhado para co· protêttca e neceSSidade de prótese; anomalias
brlr as exigências de estudos epidemiológicos dentofaClals e neceSSidades de CUidados Ime-
destinados ao planejamento, acompanhamen· diatos e de referênCia
to e reformulação de serviÇOS de saúde bucal
em crianças e em adultos, indulndo as SegUIn- 5.2.1. Identificação e
tes sessões infonnações gerais
- Identificação do estudo
- Informações gerais Na primeira linha deve constar a escola.
- Exame extra-oral bairro. região ou pafs onde o estudo se rea-
- Exame da articulação temporomandlbular liza Se necessáriO, colocar um endereço mais
- Mucosa bucal completo. Por exemplo. "Escola 1. Pontes, Bair-
- OpaCidades do esmaltejhlpopla5las ro Floresta. Porto AlegrejRS"_
- Fluorose dental O ano e o mês de realização ê anotado
- Indlce Periodontal ComunitáriO (CPI, antes nas caselas 5, 6, 7 e 8, ao passo que o dia
denominado de INCTP oU CPtTN) entra nas caselas 9 e 10 Por exemplo, um exa-
- Perda de Inserção me feito em 12 de março de 1998 é anotado.
- Condição dental e necessidades de trata· sucessrvamente, como: 98·03 - 12
menta O número de rdentificação ou de registro
- Condição protêtlca se refere à pessoa examinada, havendo espa
- Necessidades protétlCas ço nas caselas de 11 a 14 para anotação de
- Anomalias dentofaoars atê 9 999 paclentes_ Todos os espaços devem
- Necessidade de atenção Imediata e de re- ser preenchIdos. de maneira que o primeiro
ferênCia Individuo recebe o numero 0001, o segundo
- Notas 0002. o dêclmo 0010 e assim por diante
Quando o estudo envolver apenas um ou cada examinador recebe um numero (1 ,
alguns problemas de saude bucal, os Itens não 2, 3, etc) que é Inserido na casela 15 O c6ch·
Indurdos devem ser aSSinalados na correspon· go para reexame só é utilizado quando se de-
dente casela 9, reservada para os casos em seJa repetIr Oexame de alguns paCientes - em
que o item é Hnão Informado· Outra possibl- geral cerca de 10% do total - com o obJetIVO
hdade está em compor um formuláriO apenas de checar mudanças de CritériOS ao longo do
com as Informações gerais mais as sessões que estudo por parte de um mesmo ou de outro
efetivamente serão motIVo de análise na po- examinador O exame Originai é codificado
pulaç30 ou no Indivíduo_ como ., " e os seguintes como "2, 3, etc." na
Para faCilidade de seguimento e compreen- casela 16. sendo preferível que os 10% repe-
são o formuláriO da OMS está desdobrado em tld05 sejam escolhidos pelo anotador ou pelo
quatro quadros distintos, de 5-2 a 5-5, apre- Supervisor, sem o prêvlo conhecImento do exa
mlnador. Uma vez que a capaCidade de cada
um em manter Uniformidade em seus achados
• Baseado na pubhcaçào HOral Health 5urveys baSlC é essenCIal para a fidelidade dos dados, 05 re-
melhods, 4th EdltJOn, 1 99r da OrganIZaÇão Mundial sultados dos exames feitos em duplicata - ou
da SaUde (WHO, 1997) . sela, a discord3ncia intra-examlnador em
Quadro 5-2
Formulário de exame em saude bucal da OMS (1997)

PAIS/ REGIAO/ CIDADE/ BAIRRO/ LOCAL.: ................................................................


N... " ' _.... ~ N' Iittdo:on'~;W(1oo ~..-.

(I) (11" 1(1.) 0 (16)


I I(a)
.. -
~dllllt. (9J[I]POJ I I I
,-O,,,,
INfORMAÇOES GERAIS

,.". OUTRAS INfORMAÇOES (espraflCill' e 10I'I'Ieaf códigos)

Data de nascamento (17)


... "" (20\ OCUpilção
.............................. 8:::
rdlldeem itfIO'j: (21) 1 (22) LocallZ oeográhca (26) (27)
C§'25' CO NTRA.INDICAçAO
S60 (mast ~ r/f6n ~ 2) Tipo de Ioca~ução AO EXAME
(2)) (2a)
Grupo ~tmco - 1 ~ Urbano Motivo .......................................................... .. OUI)
(2.' 2 • Penurbano O .. Não
- 1" Sim

EXAME CLINICO

EXAME EXTRA·ORAl
o ~ Aparênol exl'itoOfal rlOIlNi
1 ~ UlceriÇf.le. Ifnt.tÇ~. «os6H. IlSiuron
(cabeça. PHCOÇo. membfos) EXAME DA AATlCULAÇÃO TEMPQROMANDIBUlAR
2 - Ulc~. wntações. erosOes. fMuras ~
(narIZ. boctIechas. qUNO)
O (2) SI NTOMAS SINAIS Ruido na iIlllCUlaç)o
1 .. UlceraçOei, Iff1taç6es. erosões. fMUlaS
(comiS!>Ulas) O - Não O- Não AmolecImento (ã palpaçioJ (lS)
8' '
4 .. Ukl!fltÇbes. nnlaçOOi. er~. flnulas
(bordos avermelhados)
1" Sim
9 .. Náo II1lormado
1"51111
9 .. N~ Informado
Redução na mobilidade da
t
!i-
5 .. Noma mandibula (abeftu rit < ]0 mm) 0,36,
6 .. Anormalidades di» l.ibros WpWOf~ e IfllerlOfe5
7 - Nódulos ~nfjtlCos enfartadas (cabeç, e pescoe;o)
8 .. OUtros ~menlOlo na face emanare I
9 - N.\O 1"!armadO

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160 SaUdt! Bucal Coletiva

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162 Saúde Bucal Coletiva

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percentual - deve ser referida Junto com o as que arcundam em geral as cidades de por-
Informe final do estudo. Entretanto, os exa- te grande ou médiO) e 3 para rural. Os anén-
mes repetIdos são computados em tabela à os para definição do que é urbano e rural
parte, servIndo apenas para comparação com podem vanar segundo o pais Para o BraSil,
os IniCIaiS. Mantem-se como data a que se re- são urbanas as pessoas que reSidem em cida-
fere ao exame Imclal. des, distrrtos e Vilas, classlflCando-se como ru-
O nome da pessoa examinada deve ser es- rais os moradores de povoados e de areas
crito com nitidez, de preferéncia em letras tipicamente agrlcolasjpastorJs.
maiúsculas, imciando pelo sobrenome, depOIS Completando esta parte inicial do formu-
o primeiro nome e por fim os demaiS Por exem- lário, as caselas 29 e 30 se destinam a outras
plo, Alberto Moreira Carvalho entra como: Car- i nformações e a 31 para razões de contra--in·
valho, Alberto Moreira. dicação ao exame. Quando Informações adio
A data de nascimento, com ano e mês, clonars forem conSideradas como úteis, os
deve ser anotada, sempre que possível, nas côdlgos anotados devem ser relaCionados em
caselas 17 a 20, com o obJetIVO de checar In- anexo, constando sua eXlstênoa nas Notas, ao
formação sobre a Idade que é dada nas caselas final Éo caso, por ex., de categorias de uso de
21 e 22 tabaco, consumo de açúcar, nível de fluoretos
A idade em anos corresponde à do último na agua de consumo, emprego de métodos
amversárlo (6 anos ê anotado como ~06") preventIVOS, modahdades de custeio de serviÇOS
Sendo desconhecida, estimar com base na odontológicos, etc. Quando houver motivo para
erupção dentária ou, no caso de adultos, com- que o exame não se concretlze(anotar -O· para
parando com datas de eventos passados Im- nenhuma contra-IndICação e "1" para contra-
portantes para a comunidade, região ou pars, Indicação) este deve constar no espaço ponti-
especificando o cnteno utilizado nas -Notas", lhado respectivo, como no caso de enfermi-
ao final dade impeditiva, resistência por razões religi-
A Informação sobre sexo deve ser escrita osas ou Simples negativa pessoal
no momento do exame, POiS nem sempre é
possível obtê-ta apenas a partir do nome. Ano-
tar "t~ para masculino e "2" para femlntno na
casela 23 5.2.2 Exame cllnico
Ouando o estudo é feito segundo grupos
étnicos, raciais ou outros, é preoso estabe- Exame extrabucal
lecer códigos que os IdentIfiquem, anotando-
os na caseta 24 Esta sessão fOI Incluída peta prImeira vez no
No espaço 25 consta a ocupação do IndIVi- formularlo/' 997, recomendando-se Que o exa-
duo que está sendo examinado, segumdo-se me extra-oral seja feito na seguinte seqüência
para o caso do Brasil, os cnténos e códigos observação geral das áreas expostas (cabeça,
adotados pelo MinistériO do Trabalho. pescoço, membros) - região peribucal (pes-
A localização geográfica (caselas 26 e 27) coço, boche<has, queIxo) - nódulos hnfatlCos
corresponde ao local de efetrvação do exame, (cabeça, pescoço) - áreas cutãneas dos lábiOS
dependendo de uma listagem que os Identifi- superior e inferlor - bordas avermelhadas e
que. Por exemplo: escola e/ou empresa 01, 02 comlssuras - artlCulaçao temporomandlbular
até 99 e região das glãndulas par6tldas Os cooIgos
O tipo de localização (casela 28) admite trés constam do formuláno. para 'nclusão alterna-
opções: 1 para urbano, 2 para penurbano (áre- tiva na casela 32
164 5dUde Bucal CoJeu....,

EIame da articulação 5.2.4 OpaCidades de esmaltei


temporomandibular hipoplasia
Na casela 33, referen te a sintomas, o Códl' o formulano reserva as caselas 43 a 52 para
go ê "O" quando IneXiste, "," em caso POSitiVO a aplicação do índice Modificado de Defeitos
e "9" se esta situação não é Informada Códi- no DesenvolVimento do Esmalte (IDDE) ou, em
gos Similares são empregados em relação aos Inglês, Modified Development Defects of [na ·
sinais, nas caselas 34, 3S e 36, respedlVamente mellndex (DOE) (Bulman et Osborne, 1989),
para rurdos na articulação, amoleCimento à que claSSIfICa as anormalidades do esmalte
palpação e redução na mobilidade da mandí- dentano em três tIpoS segundo a sua aparên·
bula com abertura Infertor a 30 mm Cla Os seguintes códIgos - indu idos no formu-
laflo - e cntéflos são utilizados:
5.2.3 Mucosa bucal Normal (O) - sem qualquer opaCIdade ou
hlpoplasia
Recomenda-se o exame da mucosa bucal e Opacidade definida (1) - o esmalte de con·
teCidos moles dentro e em torno da boca para slstêncla normal e superfíCie Intacta apre-
todos os individuas participantes do estudo. O senta uma alteração demarcada de trans-
exame deve ser abrangente e sistemátiCO, efe- lUCidez em grau variável. com IImnes dlstln·
tlvando-se na segUinte sequêncla tos e daros que pode ser branca, creme,
- mucosa labial e sulco labial supenores e In· amarela ou marrom.
fenores; Opacidade difusa (2) - é Igualmente uma
- área labial das comlssuras e mucosa bucal anormalidade em grau vaflável na translu-
nos lados direito e esquerdo; Cldez do esmalte, de coloração branca , sem
- Ungua, em suas superficies dorsal, ventral limites daros em relação ao tecido normal,
e nos bordos; tendo formato linear, mosqueado ou ter
- assoalho da boca; palatos duro e mole; mar- uma distribUição centrípeta (conflumdo para
gens alveolares e gengIVa supenor e Infenor o centro) .
As caselas 37 a 39 permitem anotar a au· Hipoplasia (3) - uma defiCIênCIa que en·
sêncla, presença real ou suspeita de até três volve a superficle do esmalte, estando as·
prtnClp,us condições de acordo com a relação sociada a uma dlmmulÇão localizada de con-
também indurda no formulário (código "O" SistêncIa. Pode ocorrer na forma de. a) pon·
para ausênCia, "'" a "7" para condições espe- tos Simples ou múltiplos, superficiaiS ou pro-
cificas, "S" para outra condu;ão como leuce- fundos, espalhados ou em filas honzontals
plasla, sarcoma de Kaposl e "9" se a mucosa ao longo da superficie; b) sulcos Simples ou
bucal não fOI estudada. múltiplos, estreitos ou largos (máXimo de
As mais notórias localizações (códigos de 2 mm); c) ausênoa parCIal ou total de esmal·
"1" a "9" no formularia) correspondentes às te sobre uma área conslderãvel de dentina
condições observadas, podem ser anotadas nas O esmalte afetado pode ser translÚCido ou
caselas "40" a "42" Por ex, uma ulceração opaco.
traumatICa no lablo surgiria como código 4 na _ Outros defeitos (4) - as anomalias pre-
casela "37" e 2 na "40", ao passo que uma sentes que não podem ser claSSIficadas
candidíase na mucosa bucal seria anotada como comol a30ucomoSaS.
6 na casela "3S" e como 4 na casela "41" - Opacidades definidas e difusas (5).
Fazer uso de dOIS espelhos ou de um espe- Opacidade definida e hipoplasia (6).
lho e o cabo da sonda pertodontal para retrair Opacidade difusa e hipoplasia (7).
os tecidos a fim de viabilizar o exame visual. Todas as três condições presentes (8) -
Identificaf;MJ de Problemas 165

da mesma forma que para os côdigos 5, 6 em geral horizontais e translÚCidas, no esmal·


e 7, quando ocorrem ao mesmo tempo. te. sendo uma hlpoplasia causada pela
- Não informado (9) - se este problema ingestão excessiva de fluor no período de
não está Induído no exame bucal ou o den- calcificação dos dentes O "moteamento" em
te em análise não atende qualquer das con· geral ê bilateral e SImétriCO, ocorrendo em
dlções anterrormente espeCIfICadas. diversos ou mesmo em todos os dentes, em-
O IDDE se baseia no exame da superfície bora os mais afetados sejam, pela ordem, os
vestibular de dez dentes, sendo Oito superio- segundos molares, prê-molares, inCISIVOS supe-
res - os dOIS primeiros premolares e a bateria riores, caninOS, primeiros molares e finalmen-
labial - 14, 13, 12, 11 , 21, 22, 23, 24 - mais te inCiSivos anteriores. Os IncisIVOS antenores
os dOIS primeiros molares inferiores - 36, 46 são menos afetados Em casos severos o es-
IneXistindo duvidas apâs o exame Visual, as malte se torna amarelado e manchado. com
áreas com opaCidades ou hlpoplâslCas devem a hlpoplasla podendo estender-se ao ponto
ser checadas com a sonda penodontal para de que a forma normal do dente é perdida
confirmação de diagnóstico. Aconselha-se a Utiliza-se o IndlCe de Dean, com os segUin-
remoção de placa acumulada em quantidade tes Ultenos de dIagnóstICo:
SignificatIVa e de depÓSitos de alimento a fim Normal (O) - o esmalte apresenta translu-
de permitir que o dente seja examinado seco e cidez usual com estrutura semivitriforme.
razoavelmente limpo para evitar erros de diag· A superfíCie é lisa, polida, cor creme dara
nóstico . Questionável (1) - o esmalte revela pe-
No caso de que qualquer dos dez dentes- quena diferença em relação à transluCldez
Indlce este/a ausente, ou tenha Sido extrafdo, normal. com ocasionais manchas esbranqUi-
a casela respectIva deve ser deixada em branco. çadas. Usar este códigO quando a classlfi·
É preaso diferenciar as opaCIdades de ou- cação "normal" não se Justifica.
tras modificações na estrutura externa do es- Muito leve (2) - Areas esbranquiçadas.
malte, taIS como manchas brancas de cárie e opacas, pequenas manchas espalhadas irre-
cüspldes brancas ou marcas marginaIS nos pré- gularmente pelo dente, mas envolvendo
molares, molares e ocaSionalmente também não mais que 25% da superficle
nos InCISIVOS lateraiS. As hlpoplaslas não Induem leve (3) - a opaCIdade ê mais elctensa mas
casos de fluorose dentâria, os quais são ano- não envolve mais que 50% da superfíCie. A
tados em espaço espedfico do formuláno. fluorose nas categonas questlonãvel a leve
PerSistindo qualquer dUVida quanto à pre- (1 a 3). são as maiS comuns e costumam
sença de anomalias, a superflcle dentcHla deve apresentar-se na forma de linhas brancas
ser anotada como normal (c6chgo O), o mes- finas ou de manchas em geral encontradas
mo acontecendo quando eXls'le uma anomalia sobre o bordo InClsal ou no ãplCE' das cus-
Simples com menos de 1 mm de diâmetro. Pldes, aparentando uma camada de neve
O dente é conSiderado presente quando numa montanha que tende a esvair-se no
pelo menos uma de suas cuspldes rompeu a esmalte CIrcunviZinho.
mucosa Quando maIS de 2/3 da superfiae está Moderada (4) - todo o esmalte dentáno
restaurada, caflada ou fraturada. o dente não está afetado e as faces sUjeitas a atnção se
deve ser examinado, recebendo O código 9 apresentam desgastadas. Hâ manchas cas-
tanhas ou amareladas freqüentemente des-
5 .2.5 Fluorose dental figurantes.
Severa (5) - a hlpoplasla estâ generalizada
A fluorose dental se caractenza dlOlcamen- e a própna forma do dente pode ser afeta
te pela detecçâo de estrias esbranquiçadas. da. O Sinal mais eVidente é a presença de
166 Saoot!! Bucal Coletiva

depressões no esmalte que parece corrof.. Em adultos com 20 anos ou mais os den-
do. Há manchas castanhas generallzadas _ tes-índice a serem eKamlnados são :
Uma sJmplrficaçao na apropnaçao do índice
de f1uorose fOI mdufda na -..ersão 1997 do for- 17.16 11 26. 27
muláno da OMS, recomendando que uma Únt- 47.46 31 36. 37
ca nota de O a 5 seja dada na casela 53, a cada
pessoa examinada, com base nos dOIS dentes Nos sextantes posteriores, embora dois den-
mais atingidos pelo problema Caso os dOIS den- tes possam ser examinados, só uma nota é da-
tes em pior condu;ão nâo estejam Igualmente da (estando um ausente, não é substituído).
afetados, o índice final será conferido ao dente Ouando nenhum dos dentes-indice estiver pre-
que estIVer menos afetado· De maneira geral, sente num sextante, examina-se os demaiS
sempre que houver dÚVida no diagnÓStico, a dentes.
melhor srtuação é que deve ser anotada Em Individuos com Idade infenor a 20 anos,
examina-se seis dentes·índice: 16 - 11 - 26 -
5.2.6 Indica pariodontal 36 - 31 - 46. EVita-se, aSSim, o exame de sul-
cos aprofundados aSSOCiados ã erupçâo e que,
comunitário (lPC)·· com freqüênCia, podem ser confundidos com
bolsas perrodontals, Pelo mesmo motivo, não
As caselas 54 a 59 se destinam a anota- devem ser anotadas bolsas em IndlViduos com
ções referentes ao IPC - antes denominado 15 anos ou menos, limltando--se o exame nes-
de ICNTP, fndice Comunitário de Necessidades ses casos ã presença ou não de sangramento
de Tratamento Periodontal, ou CPITN em in- genglVal e câlculo .
glês -, no qual a condição de saúde penodontal A Situação mais grave é codificada. AsSim,
é estabelecida em função do sangramento se uma bolsa de 6 mm de profundidade é en-
gengival. da presença de cálculos e de bolsas contrada, o código 4 é colocado no espaço
A dentição está dIVIdida em sextantes definI- correspondente a todo o sextante, não mais
dos pelos dentes havendo neceSSidade de segUir examlnan·
do-o. A ocorrênCia de sangramento patológl'
co deve ser observada após a ação da sonda
17 - 14 13 - 23 24 - 27 e antes que o paciente cuspa ou cerre a boca
47 - 44 43 - 33 34 - 37 O sextante é anotado com um "x .. quando
lOexlstlfem dentes para exame, ou só um ele-
Um sextante será examinado apenas se pos- mento estiver presente ou, ainda, na presen·
sUIr dOIS ou mais dentes presentes e não indI- ça de qualquer numero de dentes IOdlcados
cados para extração. para extração

• De<ln, orl9,~ll'TIoef\te, proplIs <l ;lY1bu'Çio d@ um peso arbltrArlO ;I cad<l clasSifICação, par<l estabelr!Cl''' os ~ @ft'ftOS
normal O, quest!onAvel 0,5, muito N I, leve 2; moderada 3, --a 4 As~m, um rrodl~ méd~ pode wr calculado para o
Individuo ou par<l a comunldolde, por meo d<l ponderaçio dOi f<lteres Por eJlelTlplo. se num ieII<lnt<lmento forem enconlTa.dai
respectIVamente 50, 20, 3D, la, 8 e Spes~ com ~<ldo nonn<ll, quest~, etc, C<llrul.se o Incha peI<l expres.são
• oe<ln· /50 x Q) • (20 x O 51 • nO 111 dtO I 2\ • Ih 3) +15,-41 .. !l..M5
123 Cn- de I!U~)
• - IPC ou. em Inglês, CPI Corrmunny Penodontallnde.
IckntirrcaçAo de Problemas 167

A gengiva em torno de cada dente é exa· Cálculo (2) - qualquer quantidade eXisten-
minada com uma sonda mihmetrada específI- te, mantendo-se toda a banda colOrida da
ca (vide Figs. 5--2 e >3) obJetNando detectar sonda Vlsivel.
tártaro ou sangramento e determinar a pro- Bolsa de 4 ou 5 mm (3) - margem genglVal
fundidade de bolsas periodontais . Ao Inserir na área colorida
a sonda na bolsa genglVal deve-se acompanhar Bolsa de 6 mm ou mais (4) - área colOri·
a configuração anatõmica da raiz, sendo qual· da da sonda não visivel.
quer dor ocasionada ao paciente um indicativo Nulo (X) - sextante excluído por ter me-
de uso de força demaSiada A pressão exerada nos de dOIS dentes presentes
pela sonda em relação às bolsas nâo deve ser Não infonnado (9).
superior a 20 gramas, o que pode ser estabe-
lecido pela sua introdução sob a unha do dedo A técnica de exame e os códigos podem
polegar pressionando-a até causar esbranqul- ser vlsualizados na figura >3. O tempo total
çamento sem qualquer desconforto, poiS a sen- de exame não deve ultrapassar dOIS minutos
slblhdade da região é similar à do fundo da em média.
bolsa. Resuttados são apresentados em termos do
Para a detecção de tártaro subgengival, a percentual de IndIVíduos segundo sua condição
parte ativa da sonda - em forma de uma pe- penodontal ou em cada categorta de tratamen·
quena bola - deve percorrer a extensão da suo to e do número médio de sextantes com ou
perficie dentária sem forçar, o mais levemente sem problemas Cada serviço deve estabelecer
possiveL seus mténos quanto ao tempo médIO de tra-
Os códigos sâo os mostrados a segUir . tamento e tipo de pessoal auxiliar a utdlzar.
Higido (O) - sem problemas penodontals Por ex., em um levantamento constatou--se que
5angramento (1) - observado visualmen. 20% dos individuos possui tártaro; como a
te ou por espelho. após a sondagem . eqUipe de Xlúde bucal consome em média 30

FJg. So2 Sonda mihmetrada usada pela OMS para o Flg. So3 POSIÇão da sonda mi~metrada da OMS segu....
IPC. com extremidade esférica de 0,5 mm. Quando do o código de diagnóstICO para o IPC.
Inserida no sulco e toda a área colorida permanece
\I1sivel, a bolsa tem 3 mm ou menos; se desaparece
parcialmente a profundidade está entre 4 e 5 mm, se
desaparece por completo a lxMsa lem 6 mm ou mais.
A sonda é tambêm utilizada para apc:Kar a mediçjo de
Perda de Inserção e de AnomaIw DenlOfaoalS. alm
de atuar como auxiliar no dlagn6stico da CondiçãO
dental que Inclui o jndice CPC
168 5aUde Bucal CoIef1W

minutos em cada profilaxia, tem-se que, para 5 .2.7 Perda de inserção


um total de 150 individuas residentes naque-
Os mesmos dentes-índice examinados para
la comunidade, serão necessários 4500 mi-
o IPC são utilizados para a determmação de
nutos ou 7S horas para soluCIonar este tipO
perda de Inserção, com o objetivo de estimar
de problema, ou então acrescentar um nume-
em nível populacional a destruição acumulada
ro maior de equipes para prover O tratamen-
ao longo da Vida pelos teCidos de sustentação_
to necessário em menos tempo .
Esta condição não é pratICada em pessoas com
O quadro 5-6, divldldQ em três blocos, per-
menos de 15 anos de idade.
mite tabular dados e fornecer resultados do
O exame devE- ser realizado e anotado de
IPC. Apenas as pessoas com dentes são Inclui-
Imediato após o IPC, sextante por sextante
das. Os edêntulos constam nos dados básICos
mas não são levados em conta no indice_ Cabe observar que não necessanamente os
maiS altos escores do IPC e da perda de inser-
Para preencher o bloco do quadro S-6 bas-
ta contar, nas caselas 54 a 59 do formulário, o ção serão encontrados no mesmo dente de um
determtnado sextante.
numero de pessoas que tenha no máximo o
O teste da profundidade das bolsas, com a
código 1, código 2, etc. O total soma 100%.
sonda periodontal, pode ser um indicador p0-
Os que apresentarem unicamente códigos O e
X sào conSiderados sem doença penodontaL sitivo da perda de tnserção, mas esta medição
O bloco B se refere ao numero médiO de
é inViável quando eXiste recessão gengIVal, ou
sextantes. Oeve-se somar os sextantes com seja, quando a junção cemento-esmalte - JCE -
esta Visível Sempre que a JCE não esteja visí-
código O, depois com cOOlgos 1 + 2 + 3 + 4, e
assim por diante conforme Indicado na própria vel e o mais alto escore IPC para um sextante
for Infenor a 4 (profundidade da sonda Infen-
tabela, dividindo o resultado de cada coluna
ar a 6 mm), qualquer perda de inserção para
pelo total de pessoas examinadas com dentes .
este sextante é estimada como sendo Infenor a
O somatório das colunas de sextantes sem
4 mm (escore O).
doença periodontal (O), com sangramento ou
Os códigos abaIXO descritos são uttlizados
escore mais alto (1+2+3+4) e exdufdos (X),
no exame, conforme os esquemas apresenta-
deve ser Igual a 6.
dos na figura 5 4
O bloco C é preenchido a partir dos dOIS
anteriores, sendo o que permite estabelecer a Perda de inserção de O a 3 mm (O) - JCE
programação de trabalho da unidade de saú' não vlsivel e escore IPC - 0-3 .
de ou da cllnica. Os que necessitam Instruções Se a JCE não esta visivel e o escore IPcé 4,
de saude oral são o somatÓriO dos códigos 1, ou com a JCE visível, aplicar os códigos;
2, 3 e 4 do bloco A. Os que necessitam profi- Perda de inserção de 4 a 5 mm (1) - JCE
laxia correspondem aos códigos 2, 3 e 4 do dentro da banda escura ou colorida,
bloco A e, finalmente, os que requerem CUida- Perda de Inserção de 6 a 8 mm (2) - JCE
dos complexos são só os com código 4 O nu- entre o limite supenor da banda cotonda
mero médio de sextantes para profilaxia e tra- da sonda e a marca de 8.5 mm;
tamento ClrurglCo é copiado do bloco B Perda de inserção de 9 a 11 mm (3) -
Um exemplo, a partir do exame de dez peso JCE entre as marcas de 8,5 mm e 11,5 mm;
soas, é fornecido no quadro 5-7 Na seqüên-- Perda de inserção de 12 mm ou mais (4) -
da, a tabela 5-10 mostra O IPC para alguns pai- JCE além da marca de 11 ,5 mm;
ses nos grupos etários de 15-19 anos e de 35- Sextante excluído (X) - menos de dOIS den-
44 anos, com base nas mformações mais re- tes presentes;
centes disponíveiS no banco de dados da Orga- Não informado (9) - JCE nem Visível nem
nização Mundial da Saude (WHO. 1998) detectável _
IdentIficação de Problemas 169

Quadro S-6
Tabulação de dados do IPC (Indite Periodontal Comunitário)

Dados básicos

Idade: NR examinados:
NI' edêntulos: N~ de pessoas com dentes:

A) % de pessoas sem ou com doença periodontal segundo o escore mais alto assinalado no

---,
exame"
O 1 2 3 4
Sem doença Sangramento Cálculo
"""'"
superfidais """'"
pn>/unda>

" ConSiderar O escore mitlS itho Por ex , urn.t pessoa com escores I, 2, 3 4, X, 0, ~rá ,nduklit na coIunit "4"
OUlra com l'!SCor~, X, 1,2, 1,0, I, entrarâ na Colullil"]"

B) Numero Medio de Sextantes Segundo o Problema Diagnosticado·"

O 1+2+3+4 2+3+4 ,<4 4 X


Sem doença Sangramento Càiculo Bolsas superfidais Bolsas Exduido···
periodontal ou escore ou escore ou escore profundas
mais alto mais alto mais alto

• • Contar todos os sextanles codlh:iKlos com '0' e colocar a soma da pnmetr.a coluna, a lOmo1 dos 'I, 2, l e 4"
entra na segunda coluna, a !.Oma dos '2, 3 e .oi' entra na terceira coluna, apenas os sextantes asSlnaldos com ".oi"
na quarta e os com 'X' na última
••• SofIo excluldos os sextantes com menos de dOIS dentes presentes

C) % de Pessoas Segundo as Necessidades de Tratamento e Numero Media de Sextantes a


Tratar"""-

Variável Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3


~
InstnJções
em higiene """'""" <ompIex",

% Pessoas

Numero media de
.
"""'"""
."". A proporção de pessoas é obuda na tabela A, enquan to o número de sextantes PfMm da tabela B
170 SaUde Bucaf Coletiva

Quadro 5-7
Tabulação de dados do IPC. segundo o exemplo de dez pessoas examinadas-

Dados básicos

Idade: 35-44 Na examinados: 10


NO edintulos: 02 Ng de pessoas com dentes: 08

A) % de Pessoas sem ou com doença periodontal segundo o escore mais aho assinalado no
exame
O
Sem doença
periodontal
1
Sangramento
2
Cálculo
3
Bolsas
superficiais
......
4

profundas

12,50 25,00 25,00 12,50 25,00

B) Numero media de sextamessegundo o problema diagnosticado


Sem doe"", .............
1+2+3+4 2+3+4
"kulo
3'4
BoIsa5 superfICiais ......
4 X
Exdu;do
periodont.aI ou"",,", ou_ ou e,a". "..,..-
mais alto maisalto _alto

2.000 3,625 1,625 0,625 0,250 0,375

C) % de pessoas segundo iIJ ne<.essidades de tratamento e numero mêdlo de selrtantes a tratar

variável Grupo 1
Instruções ..........
Grupo 2 Grupo)
OJIdado:s

~- """"""'"
" Pessoas 87,50 62,50 25,00

-
Na médio de

wmeA-3
Exame B - O
•• , ,
l
O O 0·0
2 X
-

1,625 0,250

Exame C· 4
Eum~D·O
, ,,
2
O
X

,.,,
O
Exame E - 2 O 2-2-
wmeF-3 2 1 4 ·'
EumeG-\ ·Q·Q-X '·0
EumeH-2-Q· ,,
O·,
Exame I - X x X-X X X
úameJ .. X X X X X X
Identificação de Problemas 171

Tabela 5-9
Indite periodontal comunitário (IPC) para pafses selecionados nas idades de 1~19 anos e 35-44 anos,
com a informação mais recente disponfvel em 1998 no 8anco de Dados da OMS

15-19 anos 35-44 anos


Pais Hlgldo Cilwloe Bolsas HIgido Cálculo e Bolsas
sangram.nto sangramento
C6d. O Códs. 1 . 2 C6ds. 3 e 4 Côd. O Códs. 1 e 2 Códs. 3 e 4

Alemanha 7 22 71 O 27 73
Austraha O 60 40 O 16 84
Arãblit Saudita 33 49 18 20 71 9
Brasil 30 61 8 12 60 28
China 3 91 6 O 43 57
Chipre 35 65 O 9 70 11
Corela do Sul 60 40 O 30 52 18
Egito O 83 17 O 44 56
Estados Unidos 17 46 37 4 38 58
Grecia 30 63 7 6 68 26
rndla 6 89 5 2 39 59
IndoneSla O 57 43 1 56 43
Italia 39 58 3 3 49 48
Japão 12 82 6 O 53 47
Laos 9 91 O 10 79 11
Malásia 17 79 4 5 64 31
Nepal O 93 7 O 28 71
Paquistão 16 71 2 9 61 30
Rüssla 1 90 9 O 17 83
Sudão 1 O 99 O 3 97
Tailândia 5 94 1 1 53 46
TurqUia 16 72 2 3 61 35
Uruguai 1 34 65 6 33 61
Vletnam O 39 61 O 14 86
fonrf' OMS (1998)

5.2.8 Cárie dental: condiçio instrumento fosse abandonado tanto neste


dental e necessidade. de caso quanto nos exames do cláSSICO indlce
tratamento CPO. Esta nova Situação diagnóstlca pode ser
melhor compreendida pela análise dos cntp..
rios expostos a segUIr.
o exame bucal referente a cáries dentais Não obstante se reconheça a validade de
deve ser efetuado com espelho bucal plano,
radiografias InterprOJumals e do uso de fibras
utllizando-se a mesma sonda recomendada pa- óticas para reduzir a subestJmação de necessi-
ra o indlce Periodontal Comunitário (IPC) para dades de cuidados restauradores implicita no
esclarecer dúvidas advindas do diagnóstico vi- exame apenas com espelho e sonda, esses re-
sual. Originalmente, o exame era feito com aJU' cursos não são recomendados por eXIgIrem
da de sonda exploradora, mas a possibilidade recursos fiSlcos e financeiros nem sempre diS-
de romper a superficie de lesões em estágio poníveIS em nivel local e pelas restrIÇões a fre-
Inicial, estimulando o processo invasivo que qüentes exposições â radiação, fatores que ter
caracteriza o avanço da cárie, fez com que esse minam por anularas efeitos poSitIVOS esperados
172 Saooe Bucal Coknva

No formulário da OMS há três esquemas amolecidas quando tocadas com uma


dentanos para cada arcada, permitindo que sonda perrodontal (usada para o IPC)
para cada dente seja anotado um código para metálICa ,
a condição da coroa, outro para a condição da • fóssulas e fissuras do esmalte mancha·
raiz e um terceiro para o tratamento Indicado das que não apresentam SinaIS VisuaiS
As caselas 66 a 113 são reservadas à dentição de escavação, ou amoleCimento da base
da arcada superior, enquanto as caselas de 114 ou das paredes detectável pela sonda
a 161 à arcada Inferior As caselas correspon- periodontal;
dentes a pré-molares/molares, aos caninOS e • áreas do esmalte escuras, bnlhantes,
IncIsIvos servem tanto para a denução perma- manchadas, em um dente com fluorose
nente quanto para a temporána, sendo dIfe- moderada ou severa,
renciadas pela respectiva notação numérica • lesões que, pela sua dl5tribulção ou hls·
(permanente) ou alfabética (temporária). tóna, ou exame vlsualftáctll, parecem ser
Um dente é considerado presente na boca deVidas à abrasão.
quando qualquer de suas partes é Visível ou Caflada (1 ou 8), quando uma lesão em
pode ser tocada com o explorador sem que fóssula, fissura ou em superfíCie lisa (vesti-
seja preCISo afastar teCidos motes . Se um den- bular, lingual) apresentar uma caVidade
te permanente e um temporáno ocupam o Inquestlonavel. base ou parede com amo-
mesmo espaço, anota-se apenas o permanen- leCimento detectável, restauração tempo-
te . O exame deve ser ferto de maneIra sistemá- rána ou, aInda, que tenha selante mas tam·
tica e ordenada, dente por dente ou espaço bem esteja carrada IndUl casos onde só a
dentárro por espaço dentário, inICiando pelo raiz é remanescente e a destrUição da co-
dente 18 - terceiro matar superror direito (ou roa fOI deVida à cárre. A confirmação do
segundo molar superior dIreito deciduo, caso diagnóstICo é feita com a sonda penodontal
o exame se refira só a esta dentição) - e termI- Sempre que houver dÚVida, codificar a co-
nando em geral pelo dente 48: terceiro molar roa dentárra como sadia .
Inferror dlfelto (ou segundo molar Inferror dI- Restaurada e (ariada (2 ou C), quando uma
reito deciduo) ou mais restaurações definitIVas estiverem
Quanto ao diagnóstICo (condição dental), presentes e ao mesmo tempo uma ou mais
que veremos Inicialmente, os códigos Já estão áreas estão carradas. Não há distinção en·
Incluídos no próprio formulário, cabendo aqui tre cárres primárias e secundárias, ou sela,
acrescentar as orientações ou critérros para o se as lesões estão ou não em aSSOCiação
seu preenchimento. fíSica com a restauração.
Re5taurada Sem Cárre (3 ou D), neste caso
Critérios de diagnóstico - coroa uma ou maIs restaurações estão presentes,
dentária Inexistindo cárre pnmâna ou recorrente em
qualquer parte da coroa dentária. Um den-
Higlda (O ou A), quando ineXiste eVidênCIa te com coroa colocada em razão de cárre
de cárie tratada ou não. Os estágios Iniciais inclUI-se nesta categoria, mas se a coroa
da doença, que precedem a formação de for conseqüente a outras causas, como
cavidades, não são levados em consideração trauma ou suporte de prótese, é codifica·
pela dificuldade em detectá-los no exame da como 7 ou G.
clinico comum Uma coroa com os segUin- Dente Perdido Devido a Cárre (4 ou E), utili·
tes sinais deve ser codificada como sadia · zado quando um elemento da dentição
• manchas esbranqUiçadas permanente ou temporária fOI extrafdo por
• descoloração ou manchas rugosas não causa de cárre. Para a dentição temporárra
Identificação de Problemas 173

este código deve ser aplicado apenas quan- Mundial da Saúde, ser calculado com base no
do o Individuo estiver numa faixa etária na exame diagnóstico da coroa dentária Os se-
qual a esfollação normal não constitUI Justi- gUintes cóchgos sâo Incluídos para efeitos de
ficativa suficiente para a ausência. obtenção do índICe:
Dente Permanente Perdido por Outra Ra· - Caflado" códigos 1 (ou B) e 2 (ou C). Cabe
zão que não seja a Cárie (5), caso a ausên- chamar a atenção para o fato de que os
cia for motivada por motivos ortodôntlCos, dentes com comprometimento pulpar e
periodontais, ou for congênita. com Uextração indicada~ sâo computados,
Selante de Fissura (6 ou F), para os casos neste formulário, como "cariados" Se o le-
em que um selante de fissura foi colocado vantamento epidemiológico tiver caráter
na superffcle oclusal ou se esta fOI alargada universal. ou seja, não for especifico para a
para receber um compôslto. Se o dente cáfle dental, considerar tambem o código
possui selante e está caflado, deve ser codi- T, referente a traumas.
ficado como 1 ou A (cáne). - Perdido" código 4. Sempre que o estudo
ApoIO de Ponte, Coroa ou Veneer(7 ou G), epidemiológiCO não desejar Investigar os
indicando um dente que é parte de uma motivos das extrações, buscando simples-
prótese fixa Este código pode ser usado mente conhecer quantos elementos foram
para coroas colocadas por outras razões que extraídos seja por cârle ou por qualquer
não a cárie e para veneers ou lamlnados outra razão, conSiderar também o código
que cobrem a superfíde vestibular do dente, 5, especificando esta condição no informe
sempre que não houver evidência de cárie final referente ao estudo.
ou restauração. Cabe frisar que dentes ex- - Obturado ou Restaurado" código 3
traídos e substituídos por um elemento de
ponte fixa sâo codificados como 4 ou 5. Critérios de diagnóstico - raiz
Dentes Não-erupclonados (8), restrito â den-
tição permanente e desde que Inexista den- Este novo campo do formuláriO da OMS
te temporário no espaço livre. Este código permite o desenvolvimento de estudos em adu~
não e Incluido no cômputo final relativo ao tos sobre a condiç.ão clinica de raizes dentárias.
indlce CPO·D. Esta categoria não inclui den- Na existência de cáries que afetem tanto a co-
tes perdidos por razões congênitas ou den- roa quanto a raiz deve ser codifIcada como
tes perdidos por trauma. carlada apenas a área de origem da lesão. Em
Trauma / Fratura (T, T), quando uma ou mais ptlnciplO, anotar como cáne de raiz a lesão que
superficles foram perdidas como resultado requer tratamento separado ou própriO. Entre-
de trauma e não há eVidência de cárie. tanto, se não é possível identificar o local de
Não Informado (9), para dentes permanen- origem da lesão, coroa e raiz devem ser diag-
tes erupcionados que não podem ser exa· nosticadas como cariadas.
minados por qualquer razão (p.ex., devido Para dentes extraídos por câfle ou por ou-
à existência de bandas ortodõntlcas que tras razões, codificar o estado da raiz como 7
Impeçam o exame, hipoplasia severa, etc.). ou 9.
Hígida (O), para raizes expostas sem eVldên·
Cálculo do (ndica CPO com base no cla de cáfle ou restauração. Raizes não ex-
formulário da OMS postas são cochficadas como 8.
(afiada (1), sempre que houver uma lesão
o fndice de Ataque de Cáfle CPO·D (dentes de cárie com base amolecida detectada em
cariados, perdidos, obturados) deve, no caso exame com a sonda peflodontal.
de utilização do formulário da Organização Restaurada e Carlada (2), na presença de
174 Saúde Bucal CoJetiva

uma ou mais restaurações permanentes estimar o pessoal necessâno e o tempo total a


e uma ou maiS areas cafladas, sem distin- dedicar a fim de solUCionar o problema em
ção entre cánes prlmánas e secundárias. foco. O tratamento é indicado para todo o
Restaurada, sem Cárie (3), com uma ou mais dente, Indulndo portanto as condições previa-
restaurações presentes e na ausência de mente diagnosticadas para coroa e raiz O có-
cárie em qualquer área da raiz. digo "O" deve ser anotado quando nenhum
Implante (7), código empregado para In- tratamento é necessáTlo ."
dicar que um Implante fOI colocado como Aplicam-se os seguintes cócl1gos e critérios
apoio paTa prótese.
Nenhum tratamento (O) -quando coroa e
RaiZ não Exposta (8), quando não há
raiz estão saudáveiS ou se a deCISão é de
recessão em torno da Junção cemento-es-
que o dente não deva receber qualquer tipo
·malte (JCE) e a superfície radlcular está nor-
de atenção.
malmente protegida
Nâo Informado (9), Indicando que o dente Prevenção / medidas para inativação de
fOI extraido ou que ha presença de câkulo cáries (P) - em caso de diagnóstICo de le-
em tal extensão que Impede o exame da sões ou de posslvel5le5Ões em estagias tão
condição radlCUlar iniciais que Justificam a aplicação de méto-
dos profilátJcos ao Invés de tratamento cli-
Necessidades de tratamento niCO.

Selante de fissura (F) - sempre que a cond~


Imediatamente após anotar a condição de
ção da fissura ou fóssula e a Idade do pa·
saúde de cada dente quanto à sua coroa e à
ciente IndICarem sua aphcação.
raiz e antes de passar ao elemento segUinte, o
tipo de tratamento Indicado deve ser codifica- Restauração de uma superfície (1).
do nas caselas 98 a 113 para os dentes supe-
riores e 146 a 161 para os dentes mferiores. Restauração de duas ou mais superfícies
A indicação do tratamento a ser feito de- (2).
pende em grande parte da capacidade de ofer- Um desses códigos - P, F, 1 ou 2 - deve ser
ta de serviços. Um exemplo daro nesse sentI- usado para :
do é o de dentes posteriores ou mesmo ante- • tratar cánes em estagio InICiaI ou avan-
nores com neceSSidade de tratamento endc> çado;
dôntlco. Não havendo poSSibilidade de prover • tratar dentes com descoloração ou de-
este tipo de atenção na comunidade Ou em feitos de desenvolvimento;
serviços de referênCia acessíveiS ao paciente, • reparar danos deVidos a trauma. abra-
a codificação maiS correta será a de "extra- são, erosão ou atrição;
ção indicada". A obtenção de dados sobre o • SUbstitUir restaurações ou selantes aplI-
tratamento maIS Indicado para cada caso e, cados de maneira insatisfatória"·
por extensão, para cada comunidade, é fun-
damentai para o planejamento e a programa-
• • Um selante ~ insallsfat6no. diante d@ perda que
ção do trabalho odontolÕQico . Uma vez que exponha partes do esmalle ou dentina que, a Cnlê-
se estabeleça o tempo médio requeTldo para rio do examinador, requeira reaplicaç.jo. Uma rM-
cada tipo de tratamento, torna-se posslvel lauração é considerada insatisfatória. a olténo do
examinador, quando há Infilttaçào marginal, male-
• A não anOlação do c6dtga·O" torna ImpossiYel, maIS na[ restaurcldor em excesso causando óbvia !rntação
larde. delerTnlnar se realmenle nennum tratamenlo ~ e com remoção InVláV@! sem causar dano ao con-
necessáno ou se o ex.amm~or apenas ormlJu esta In- lunto do trabalho. fralura qJe permita Infiltração
foonaç.jo. atingindo a d~IIM ou descoloração
Idenrlr/Cilção de Probkmas 175

Coroa por qualquer razão (3). servIço exercerem seu senso CritICO a esse res·
peIto (ver titulo 5 7) .
Veneerou coroa la minada (4) - em geral
recomendada por razões estetlcas
5.2.11 Anomalias dentofaciais
Cuidado pulpar e restauração (5) - !ncllcan·
do um dente que provavelmente exige tra- Com base no índICe de Estêtlca Dental (IED),
tamento endodôntico deVido a cárie pro- recomenda+se analisar a eXIS1ênCla de anoma-
funda ou extensa, ou em razão de mutila- lias dentofaclals apenas a partir dos 12 anos,
ção ou trauma A sonda nunca deve ser sem a interferênCIa de dentes temporânos Os
lOsenda numa cavidade com o obJetIVO de seguintes códigos e entérlos sào utIlizados
confirmar suspeita de exposição pulpar
Perda de dentes incisivos. caninos. pré-
Extração indicada (6) - na dependênoa das molares nas arcada5 superior e inferior -
poss!billdades disponíveis de tratamento, esses element05, na dentição permanente,
quando. devem ser contados começando pelo segun-
• a carle destrUIU o dente e este não pode do pre-molar superior direito e terminando
ser restaurado; pelo segundo pré-molar Infenor direito. Ha
• a doença periodontal avançou de ma vendo um número total inferior a 10, a di·
nelra a tornar o dente sem função e no ferença deve ser anotada nas caselas 166
Julgamento cliniCO do examinador não (arcada superior) e 167 (arcada inferior). Um
há possibilidade de restaura·lo ou flrmá- desses dentes não deve ser cochflcado como
lo devolvendo-lhe a funCionalidade; perdido, para finS do IED, se o respectJvo
• há neceSSIdade de remoção por moti- espaço esta fechado, se um dente tempo-
vos ortodõntlCos, cosmétICOS ou deVido ráno estâ presente e seu sucessor ainda não
a aCIdente (Impacção). erupaonou ou. ainda. se fOI substltuido por
Necessidade de outros cuidad05 (7/ 8) - se uma prótese fixa
considerados relevantes, cabendo ao exa-
Apinhamento nos segment05 indsais - ve-
minador Indicar quaIs são.
rIficado após exame dos segmentos supe-
Não informado (9)
rior e Infenor. Trata-se de uma condição na
qual o espaço dlsponlvel para a batena la-
5.2.9 Condição protética bial, de canina a canino, é insufICIente para
acomodar todos os quatro inCISIVOS em um
A presença de prótese deve ser Informada alinhamento normal Os dentes podem ter
para o maXIlar superior na casela 162 e para o sofndo rotação ou estar fora do alinhamen-
maXilar Infenor na casela 163, estando 05 có- to do arco Três códig05 são aceitos na ca
digos aSSinalados no formuláriO Uma prótese sela 168 "O" para ineXistênCIa de apanha-
só é conSIderada como presente se estIVer seno menta, "1" para um segmento apanhado e
do usada no momento do exame "2" para dOIS segmentos apinhados, anotan-
do-se o menor escore sempre que houver
5 .2 .10 Necessidade de prótese dÚVida no diagnóstico Nenhuma anoma
lia deve ser anotada quando os inCISIVOS
A casela 164 esta reservada para próteses estIVerem em poSição apropriada e os ca·
superiores e a casela 165 para próteses lOfeno·
ninaS tiverem sofndo deslocamento.
res, segundo os CÓdigos eS1abelecldos no for
mulano. Não há CritériOS preestabelecidos para Espaçamento nos.segmentos incisais - com
determinar se uma prótese realmente é neces- VIstas à anotação na casela 169 após exa·
sána ou não. cabendo ao examInador e a cada me dos Incisiv05 superiores e inferiores rra
176 Saúde Bucal Coletiva

la-se de condição na qual o espaço dispo-


nrveJ para acomodar os quatro inCISIVOS
excede o normal, anolando-se o código I" M

(um segmento com espaçamento) ou "2"


(doIs segmentos) sempre que um ou mais
inCISIvos tiverem uma face proxlmal sem con-
tato com o dente VIZinho. A inexistênCIa de
espaçamento é codificada como "O", co-
locando-se o menor escore em caso de dú·
vida.
Diastema é o espaço, em mdlmetros, eXIs-
Fig _ 5-4 Exemplos de códigos usados para medir perda
tente entre os dOIS InCISIVOS centrais superlo· de mSf!'rção, com uso da sonda mihmelrada llpo OMS
res. A medição pode ser feita em qualquer
nivel, em posição de contato normal, assi·
nalando-se na casela 170 a dlstãnCla mais
maior Irregulandade é assinalada por meio
próxima encontrada
de medição com a sonda penodontal
Maior irregularidade maxilar anterior como se vê na figura 5-S
em mm , registrada na casela '71 em rela- A ponta da sonda, de forma esférica, é
ção a rotação ou desalinhamento. Após colocada em contato com a superfície vesti-
exame dos quatro incisivos superiores, a bular do inciSIVO que tiver a maior rotação

OIStánoa en!J'e dentes anlerlOtes do maxilar wpenor 0vef]P1 no maxilar wpenor anterlof

O\Iel'Jel no maXilar Inlenof anlerlor (proTlusiio mandibular) Moo:hda aDerIa vertical anterior

Fig. 5·5 Medição de anomalias dentofaclals com sonda mlhmetrada tipo OMS.
ou o maior deslocamento em sentido trado na figura 50S Esta condição não deve
palatlno, enquanto o cabo da sonda é mantl· ser registrada caso uma parte do InCISIVO
do em posição paralela ao plano oclusal e Infenor esteja em crossbtre e a outra não_
em ângulo reto em relaç~o à linha normal
Mordida aberta vertica l anterior em
do arco maxilar A Irregulandade ou distorção
mm, na casela 176, em geral baseia-se na
em mllimetros pode ser estImada com base
relação eXistente entre os pnmetros mola
nas marcas do cabo da sonda Irregularlda·
res supeflor e Infenor, mas quando estes
des podem ocorrer com ou sem
estão ausentes, não totalmente erupClona-
aplnhamento, de forma que mesmo haven·
dos ou anatomlcamente desfeitos devido a
do espaço normal para que caibam os qua·
extensIVa carle ou restauração, toma~se co-
tro inCISIVOS, caso haja rotação ou mudança
mo referênCia a relação entre pré·molares
de posição de algum ou de alguns dentes, a
e caninos O maior deSVIO da normalidade
maior distorção é assInalada na casela 171 e
é registrado, após observação dos lados
não na 168 pOIS esta esta reservada para ano-
dtrerto e esquerdo em oc1usao normal. como
lação de aplnhamentos_
se vê na fIgura 5-6 Os segutntes códigos e
Maior irregularidade mandibular anterior Crlténos são usados:
em mm , na casela 1 n,é medida da mes-
• Normal (O);
ma forma que a descrita no Item preceden-
te, com a úOIca exceção de que é feita no • Meia Cúsplde (1) - a "meslalização" ou
arco maxilar Inferior "dlstahzação" do prtmetro molar inferior
eqülVale a uma meIa cÚsplde.
Overjetmaxilar anterior em mm, na casela
173, ou relação hOrizontal entre os InCISI- • Cúsplde Intetra (2) - a "mestalização"
vos medida com os dentes em oclusâo ou "dlstahzação" do pnmetro molar 10·
cêntnca, como se vê na figura 5-5_ A diS- fertor eqülVale a toda uma cusplde
tância entre o eIXo labiolnClsal do mais proe-
minente InoSlVO supenor e a superfíCie ves-
5.2.12 Necessidade de cuida-
tibular do correspondente InCISIVO tnfenor
é medida com a sonda pertOdontal em po- dos imediatos e de
slçào paralela ao plano oclusal Esta condi referência
ção não deve ser registrada caso todos os
Hâ neceSSidade de CUIdados Imediatos
InCISIVOS superiores tenham Sido perdidos
quando dor. Infecção ou enfermidade sérta
ou estelam em poSIção de mordida cruza-
possa resultar a não ser que tratamento ade-
da Imgual Quando os InCISIVOS ocluem em
quado sela dado em tempo oportuno, tempo
posição de topo, ou seja, com toque dIreto
es te que depende da graVIdade do problema e
dos bordos mClsals, O escore é O (zero).
da disponibilidade de socorro prOVida pelo ser·
Overjet mandibular (maxilar Inferior) an- ViÇO de saúde. Exemplos são abcessos pena-
terior em mm regIStrado na casela 174 picaIS e "guna" (gengMte ukeratlVa neaosante
quando qualquer dos InCiSIVOS Infenores aguda)_ Canes mUito extensas/destrutIVas e ab-
apresenta protrusão. ou seja, mordida cru- cesso alveolar crônICo podem tambêm ser In-
zada (crossbtte) em relação ao respectNo formados na casela 178
oponente da arcada superior A maior Anota·se um código (O - ausente, I - pre-
protrusão manct.tJlJlar, ou mordida cruzada, sente; 9 - não Informado) na casela 177 para
é registrada em mllimetros. sendo medida condição de nsco de vida. ou seja. dlagnõst1co
da mesma fOfma que para o ovefJer maxI- provavel de lesão de cãncer/pré-dncer ou ou-
lar antenor de acordo com o esquema mos- tra anormalidade severa com clara mamfesta
178 SaUde Bucal CoIellva

~
CaM'\o
FRENTE TRAS
CanIno f(XXJD
Normal ((o(lIgo O)

Código 1
Molar mfenor deslocado para
Molar Infenor deslocado pala
meSlal em meia cuspide
distai em meia cusptde

~olar mfenor de~locado para Molar mferior d~lcxado pari'!


meslal em uma cúsptde ou millS distai em uma cúsptde ou maIS

Fig. 5..fi Relação molar ántero-postenor

çao oral. Dor ou Infecção exigindo cuidados dora a respeito do Individuo sob exame pode
de urgênCia cabem na casela 178, ao passo ser anotada
que a casela 179 está destinada para outras
condições, a serem espec1fICadas.
Quando o Individuo examinado ê refendo
para atenção secundária (serviços espeCIa-
5 .3 índices de cárie
lizados) ou mesmo para atendimento clinico dental e critérios
bâslCO, coloca-se "1" na casela 180 As caselas diagnósticos
177 a 180 não são mutuamente excludentes,
podendo comportar anotações de presença em As fortes mudanças venficadas durante as
todas ou em parte delas últimas dêcadas na prevalência de canes den
taiS, em particular em cflanças e adolescentes,
vêm forçando cad a vez mais os epIdemia'
5 .2 . 13 Notas loglstas a encarar de maneira Inovadora a ques·
tão do diagnóstico, um tema costumeiramente
Por último, há espaço para Notas onde tido como resolvido e não sUjeito a contro-
qualquer Informação adicional ou esclarece- vérSias Foram-se os tempos em que os levan·
IdenuflCaÇão de Problemas '79

tamentos epldemlolôglcos se limitavam à apli- 5 .3 . 1 Métodos de diagnóstico


cação do índICe CPO em escolares Esta ainda
é uma pratica freqüente, mas cada vez mais o A cárte dental é uma doença que deve ser
verdadeiro conhecimento da situação de uma ViSta como um processo em desenvolVImento
comunidade em termos de saúde bucal requer com fatores de agressão e defesa Interaglndo
a adoção de indICadores e métodos mais apro- de maneira permanente, Encarã-Ia como um
priados evento, em um estágiO especifICO como a de-
No dizer de Wenzel (1993), antes as lesões tecção de uma caVIdade requerendo restaura-
de c,jme resultavam em cavidades precocemen- ção representa uma forte limitação do campo
te em razão do rapldo progresso da desmmera- diagnóstICo (Chan, 1993). Na verdade. para
lização dentlnána. que conduzia ao desmoro- compreender a dInâmICa de uma lesão e de--
namento da superfiCle do esmalte. HOJe, as tectar de modo adequado o seu nível de atIVI-
lesões podem desenvolver-se com maior lenti- dade, pejo menos dOIS exames por quaisquer
dão sob o esmalte, levando a que os contor- dos metodos disponíveis devem ser realizados
nos do dente permaneçam Intactos ao mesmo em períodos de tempo não mUito próximos
tempo em que sob ela a estrutura está sendo entre SI (Hume, 1993, Dodds, 1993)_
minada pela desmlnerallzação da dentina Este Vános métodos estão disponíveIS para o
fenómeno tem sIdo explicado como resultante dlagnósUco de cãne. Os dois prinCIpaiS clinICO
do uso de fluoretos tÓpiCOS, os quaiS constro- e radiográflCo, são analisados de forma IndiVI-
em e mantém uma relatIVamente bem mine- dualizada, enquanto os demaiS (transtlumlnação
rallzada zona externa do esmalte Ótica, separação temporária dos dentes, medI-
A queda na prevalênCia vem acompanha- ção da resIStênCia eletnca e outro,», são enfo·
da por uma progressão maIS lenta das lesões cados em segUida na COndiçãO de alternatIVas
Já estabelecidas e também por uma mudança
no seu tamanho, com a cavltação acontecen- Diagnóstico clrnico
do em um estágiO maiS tardIO do processo da
doença e permitindo que conSIderáveis destrui- o diagnóstico clínico tem SIdo feito em exa-
ções da estrutura denllnária possam ocorrer mes epidemiológICoS, tradiCIonalmente, com
II sem que selam detectada no exame, em mUi-
tos casos (PlltS, 1993).
base no exame VISUal, sob condIÇões de luz natu-
ral e sem eXlgênaa de ambiente clinICO (é c0-
No caso braSileiro, esta não é uma Situação mum realizar o exame em pãtlO de escolas),
generalizada embora lá possa ser observada em mediante uso de espelho plano e sonda explo-
mUitas localidades nas quais houve uma acele- radora com duas extremidades agudas, uma em
rada diminuição na prevalênoa de cárte em w- forma curva e outra angulada Face às novas
anças. Por exemplo, dados referentes ao ano característICaS de desenvolVImento do processo
de 1996 no estado do Paraná Indicam aos 12 câne. conforme VistO acima, tem Sido sugendo
anos um índICe CPO-D (medido pelo método que não maIS se deva utilizar sondas explorado-
classlco) media próXImo a 4, mas em cerca de ras porque elas podem prodUZIr rompImentos
1/3 dos munlciplos o índIce permaneCia mUIto traumátICOS na superfiCle do esmalte correspon-
alto, com média de 7,11 por pessoa (Paraná, dentes às lesões exrstentes sob a superfkle, des-
1997). Estudo de Narval et ai (1996) em 124 ta forma tornando as fISSuras mais suscetíveiS a
munlciplos do estado de São Paulo com dados progressão da cárie (Wenzel, 1993).
coletados de 1990 a 1995, também para a DoIS estudos levados a eferto em países com
Idade de 12 anos, IndICOU prevalênCia baixa em baixa prevalênCia de cáfle (van Amerongen et
4%, moderada em 18%, alta em 39% e mUito aI., 1992, lUSSI, 1991) constataram que o uso
alta em 39% das cidades. do explorador não aumenta a validade dos
180 Saude Bucal Coletiva

diagnósticos quando comparados com o exa- ções não IdeaiS e sem o auxilio de radiogra-
me visual Isolado, contradizendo a posição de fias A contestação a esses argumentos, feita
clinlcos e epidemIologistas que têm assegura- pelos que são favoráveiS aos novos métodos,
do exatamente o contrário afirmando que os diz que qualquer método de diagnóstico epi-
olhos e a Intuição por SI só não constItuem fer- demiológICO Induz a falhas nos dois sentidos
ramentas sufiCIentes para um bom dIagnóstICo. (sub e super estlmaçóes) sUJenando-se a criU-
Segundo Elderton, "o explorador deveria ser cas espec.iflcas, além de que vários exames fei-
usado apenas para remover debris a fim de tos em anos subseqüentes não detectaram uma
facilitar a visualização, e quando necessáno piora da Situação, o que terta aconteCido se
para ajudar a decidir se há caVilação ou não. fosse verdadeira a afirmativa de Que nos estu-
Em nenhuma circunstância deveria ser usado dos anteriores o número de lesões foi subesti-
de maneira que a pressão exercida na superfi- mado (Downer, 1992).
Cle do dente ou na lesâo seja superior a que é Com base na expertêncla norte-americana.
requerida para tornar esbranquiçada a area sob Chan (1993) argumenta que embora o poder
a unha do dedo da mão. Após a Inspeção vi- diagnóstico da sonda exploradora possa ser
sual de uma superficie dentária seca, se uma questionável em fóssulas e fissuras, ela é ain-
lesão de carle é Vista, então o examinador pode da útil na detecção de cáries secundártas na
usar o explorador para checar a conSistência presença de restaurações, em particular em
da lesão. O explorador deve serVIr para obter regiões que não permitem o exame Visual O
Informações adiCionaiS a respeito da textura e)(plorador. por outro lado. continua sendo
das margens e da base da caVidade" (Elderton, eXigido em outras Situações, como para defi-
1989. (han, 1993), nir a aceltabllidade marginal de uma restaura-
Em paises como a Holanda (Truin etal.. 1993) ção, ou a eventual presença de cálculo.
e os que compõem o Reino Unido (Pltts, 1993). Tanto a OMS quanto a AsSOCiação Bntãn l-
a tendênCia atual favorece o exame epidemiO- ca para o Estudo da Odontologia Comunltima
lógiCO Inteiramente visual. O CritériO adotado recomendam a adoção unIVersal (o que Inclui
pelos ingleses para o diagnóstico de uma super- o diagnóstICo de cártes) da mesma sonda ex-
fioe carlada é de que "na opinião do examina- ploradora empregada originalmente só para
dor, após Inspeção visual. existe uma lesão de exames ligados ao CPITN, com uma extremi-
cárie na dentina" (lesões de esmalte não são dade esfértca de 0,5 mm_
consideradas como cárie), podendo um explo- Em relação à discussão sobre cáfles de es-
rador ser usado para remover detritos e placa malte e dentina, há pelo menos consenso no
de fissuras (Plru, 1993; Pitts et aI., 1997). Na sentido de Que diagnóstico da condição den-
Europa ocidental de maneira geral estes são tal de um lado, e o tratamento recomendado
conceitos predominantes (Vide Cap 3.7 e auto- de outro lado, devem constituir categofl3s se-
res como Plne, 1997; Marthaler, 1990). paradas (WHO, 1997; PlttS, 1993)_ Uma su-
As criticas feitas a esses CritériOS estão con- gestão alternativa é a diVIsão da lesão de cafle
centradas em torno de dOIS pontos prinCipaIS: em dOIS tipoS: o primeiro envolvendo casos para
a) lesões reais de carle limitadas ao esmalte os quais cuidados não-invasivos são aconselha-
Simplesmente não são Informadas e não en- dos, e o segundo para casos em que o trata-
tram nas estatísticas, produzindo uma redu- mento operatório é indicado (Prtts, 1992).
ção artificial na prevalência de cárie na maio-
ria dos paises onde esta linha é adotada. b) Diagnóstico radiológico
arles pflmanas e secundárias de dentina são
subdlagnostlcadas de maneira conSistente, Sem dUVida, o uso de raIos X melhora a
porque os exames são realizados em condl- capaCidade profissional de diagnosticar de
Idt!flrlrlCaç$o de ProbIe-mas 181

modo correto cârtes dentais, mas a realiza- des reconheadas como de baIXa prevalência
ção de radiografias blfe-wmg ou penaplcals de cárte (Pltts. 1993; MltrOpoulos, 1988).
em massa acompanhando os exames CUOiCOS Outro método alternatIVo é a medição da
e epidemiológicos ê mUlto contestâvel. A ati· resistência elétrica do dente (Efectric ReSlstance
tude correta ê de reduzir ao mínimo necessá· Measure - ERM), explorando a propriedade do
riO o emprego de radiações IOnizantes a fim teCido carlado de apresentar uma condu·
de minimizar os fiSCOS, além de aplicar as me- lMdade elétnca maIOr que o tecIdo são
nores doses possíveiS quando for Lnevrtâvel a A separação temporária e eletiva de dentes
exposição do paciente °
posteriores, para poSSIbIlitar exame direto de
Face às crescentes dificuldades de dlagnós· superfiaes ocultas, ressurgiu nos últimos anos
tlCO precoce em pafses com prevalência cada como uma prátICa nao Imediata (antes era coso
vez mais baIXa de ci1rte. radiografias dentárias tumelro tentar a separação râplda, em consul·
vêm sendo feitas cada vez mais freqüente- tóriO, causando grande desconforto ao paCI-
mente para aUXIliar na detecçào de lesões pro- ente) baseada no emprego de elastOmeros ou
XlmalS e, ultimamente, até mesmo como um bandas ortodõntlcas_ Sem aplrcação prâtica
mecanismo de segurança para evitar que pas· para estudos epIdemiológICOS, pode ser Viável
sem desapercebidas lesões de denuna ocultas na cUnlca e em estudos acadêmICOS voltados
ao exame visual (Scheutz, 1997; WeerhelJm et para o exame de c(lanças (PlttS. 1993).
aI. , 1992). Não obstante, o uso de radlografl· Lentes de aumento ou lupas blnoculares
as como screening em populações com baixa representam um meio aUXiliar Importante, com
prevalênCia de cârle é contestado pelo fato de bom potencial de adoção em levantamentos
que gera um grande número de resultados fal· epldemlológlCoS_ Estudos atuaIS indICam que a
so-posrtJvos (Wenzel, 1993). capaCidade de diagnóstico de lesões sem caVl·
Vale lembrar ainda as recomendações pro- dade de esmalte ou escondidas sob selantes e
cedentes da AsSOCiação Dental Amencana de bastante aumentada quando o exame Visual
que "cada paciente é diferente do seguinte e recebe a ajuda dessas lentes (Whltehead et WII·
aSSim a deCISão sobre o uso ou não de radio- son, 1992; Ismail et aI., 1992)_
grafias deve ser indIVidualizado" (ADA, 1989; Corantes detetores de cárie cada vez maiS
US Department, 1987). se tornam uma realidade, podendo ser empre-
gados para auxlhar na VIsualização de lesões inI-
Métodos alternativo. CIaiS de esmalte e para delimitar a existênCia e
a extensão de lesões dentJnânas (Chan, 1993)
Uma POSSibIlidade ê a transiluminação É necessâno refem expressamente O uso
com fibra ótica, conheCida como FOTl- Fibre de qualquer metodo dIVerso do clinICO, de mo-
Optic Transillumination Vem sendo emprega· do a tomar comparâveis os resultados alcan·
do pnnapalmente em peSqUisaS, como auxI- çados em cada estudo.
liar para o diagnóstICo de cáries em supertrCles
proxtmals de dentes postenores, tendo em VIS·
ta que não se baseIa em radiações iOnizantes. 5 .3.2 índice CPO
sendo bIologicamente mais aconselhâvel que
OS raios X A VIsualização de uma sombra na O índice de Ataque de Cáne onglnalmen-
dentina sob o esmalte Intacto Jâ permite um te formulado por Klein e Palmer em 1937,
diagnóstico correto da presença de cárie por conheCido pelas inioals CPO permanece sen-
este método, que cada vez maiS é.conSldera· °
do mais utilizado em todo o mundo. mao.
do como um apoIo adICionai em estudos tendo-se como o ponto básICO de referênaa
epidemiológicos realizados Junto a comunida· para o diagnóstICo das condições dentaiS e
182 Sauck Bucal CoIeme

para formulação e avaliação de programas No Brasil, o CPO coSluma ser diVidido em


de saude bucal. quatro componentes, acrescentando os den-
Quando a umdade de medIda ê o dente tes com extração IndICada (EI)_ Os fatores O e
lemos o fndlce CPO-O. oU seja, Dentes Cana- E representam a histÓria passada, enquanto
dos, PerdIdos e Obturados AInda que a denc> os fatores C e EI compõem a histÓria presente e
mlnaçao mais correta, neste últImo caso. seja correspondem às necesSidades de tratamento
~ ReSlaurado", para efeitos do índice se man- Quando forem considerados apenas os três com-
tém a mlClal "O" como uma concessão à sua ponentes clâssicos, como ocorre nos estudos
melhor eufonia internaCIonaiS que empregam a metodologia da
Cáries radlculares não estão mcluidas pOIS OMS, as extrações Indicadas devem ser Inclui
o indlCe é especifICO para problemas venflca- das no componente canado (C ou e)_ Dentes
dos na região da coroa dentana perdIdos são Sinônimo de dentes extraidos
ConsIderando que o CPO-D CodifIca com Em vista do caráter cumulatIvo da carle den·
peso idêntICO dentes em COndiÇões clinICas bas- tal, que se traduz em diferentes padrões de
tante drversas, desde uma pequena caVIdade até ataque ao longo da Vida humana, o indlCe CPO
uma extração, desenvo/veu-se como uma alter- deve ser expresso por Idade ou por grupo
natIVa ma.s refinada e precISa o indlCe CPO-S, etáriO. Quanto mais avançada a Idade maIs alto
cuJa Unidade de medida é a Superffcle (5). Os e o CPO Mesmo em populações com tradIção
32 dentes permanentes são dIVididos em 148 secular de prevalêncIa mUito baixa de cárie, o
superfíCIes (WHO, 1979) da segUinte forma indlce cresce continuamente com o tempo_ To.
Molares e pré-moJares com 5 superfíoes cada mando-se como exemplo dados da Repúbltca
oclusal. meslal. distai. vestibular e hnguaL IncISI· Democrâtlca do lêmen (Leous, 1982), obser·
vos e Caninos com 4 superfíCies cada meslal, va-se que aos 12 anos de Idade cada criança
distaI. vestibular e lingual No caso de diagnós- apresenta em média 0,6 dentes atacados peja
tico de extração ou extração indicada, anotar cane, valor que passa a ser de 1,4 aos 15 anos
todas as faces nesta condição (um molar, por e de 2,8 entre 35-44 anos. Embora o CPO se
ex., ê anotado corno tendo cinco faces E ou Ei). mantenha sempre em nivels mimmos, o aumen-
Usualmente mais utilizado em trabalhos de to verificado no periodo de VIda Citado, eqUI-
pesquIsa, o CPO·5 ganha significado e utilida- valente a 375%, é proporcIonalmente supertor
de em estudos ep,dem,olôgicos levados a efeI- ao observado em países com CPO médiO ou
to em areas de baixa prevalência de cárte em alto (122% no Japão e 178% na Venezuela
vIsta de sua maior sensibilidade e poder de em IdêntiCO Intervalo de tempo)
diSCriminação. Em Idades avançadas o CPO-S Ha dIferenças Importantes em relação aos
tende à saturação. perdendo sua capaodade componentes do indlCe segundo o nfvel de
inICIai de dIscernimento pela grande quanll· saúde e a eXistênCia ou não de serviÇOS curatl·
dade de superfíCies atacadas vos e preventIVOs satisfatÓriOS Em palses sem
Para a dentição temperana OS índICes são programas de saúde pública eficazes nos quais
IdentifICados com minúsculas, denomInando. a população não tem acesso a serviços odon-
se respectivamente ceo-d e ceQ-s AsSim, O ín- tológICOS regulares como é o caso do BraSil e
dice ceo.d é o correspondente ao CPO·D em da quase totalidade das nações latlnc>amerrca
relação à dentição deddua, mas InclUI s6 os nas, o crescImento do fndlCe durante a adoles·
dentes cariados (c), com extração indicada fe) cência e prtncrpalmente na fase adulta se dá
e obturados (o), excluindo os extraldos devido pnmelro em função do componente "E", ou seja.
às dIfICuldades em separar os que o foram dos dentes extraidos que predominam de for-
por causa de cane dos perdidos pejo proces- ma ampla sobre 05 dentes C, O e Et. EstimatI-
so natural de esfollação dentâna vas com base em dados contemporãneos para
IdenflflCaÇlo de Problemas 183

iJ população urbana brasileira de 35 a 44 anos, a) realizar exames em ambiente não·dimco,


Indicam que cerca de 67% do CPO-O na tauta com iluminação adequada a cnteno de cada
de 35-44 anos e 86% na faixa de 50-59 anos se profiSSional, ou seja. que permita sufiCien-
deve aos dentes perdidos te Visualização dos dentes e tecidos bucaiS
Não obstante se trate de um indlce especi- De preferênCia a Iluminação deve ser natu·
fICO de cárie dental, nos adultos - a não ser ral por razões de custo e pratiCidade em
que eXista algum Interesse especifico do pro- estudos de campo, mas a presença de fo·
• grama local em conhecer as causas pelas quais cos de luz artificial é admissível desde que
os dentes foram extrardos - deve--se conSide- haja condições para tanto;
rar o CPO como um Indice universal e repre- b) secar e limpares dentes previamente ao exa-
sentativo do estado de saúde da dentição, ou me, embora desejável. não é uma eXlgên·
seja, não efetuando distinção entre dentes cla que possa ser generalizada, face ao tem-
perdidos por (arte ou por outros motIVOS. po consumido por estes procedimentos
As IImltaçôes do CPO clássICo passaram a quando executados por um dos companen
ser cada vez mais eVidentes na medida em que tes da eqUipe odontolôglCa Em áreas de
a prevalência de cime começou a diminUir e a baixa prevalênoa de cárie, estudos interes-
saúde bucal deIXOU de ser vista como um ele-- sados em alcançar um grau elevado de pre·
mento isolado passando a ser analisada como CIsão no diagnóstico Visual podem lançar
um dos fatores que contribuem para a saude mão desses artJficlos Quando ISSO for fei-
geral e para o bem-estar de cada Individuo e to. hã nec.essldade de Informar claramente
de cada comunidade (Vide Cap. 6) no c.apitulo sobre "matenals e métodos". a
fim de estabelecer a diferença para 170m os
5 .3 .3 indice CPO inovado levantamentos gerais que efetuam o exa·
me em condições naturais. Ainda aSSim, a
ConSiderando a drfusa situação epidemiO- malona dos estudos tem condições de pro-
lógica encontrada no Brasl1, pau~<e evidente poroonar uma toalha de papel aos paCIen-
que e Inadequada qualquer tentatIVa de ado- tes, para que eles sequem superfiCIalmente
tar o enfoque europeu de maneira acrítlca e os dentes Instantes antes do exame, sendo
autom,Hlca Ao mesmo tempo, não há como este um procedimento aconselhado,
fugir da discussão aCima resumida e a manu- c) radiografias não são eXigidas;
tenção dos Crlterlos tradloonals de exame pelo d) realizar exame visual com ajuda de sonda
indlce CPO Igualmente não encontra Justifica· exploradora de preferencla dotada de ex-
• tlva razoável tremidade CIrcular A sonda penodontal da
Epidemiologistas brasiletros são forçados a OMS, quando dlsponivel. é a melhor opção,
conviver com situações tão distintas quanto a e) utilizar a sonda exploradora com CUidado e
de comunidades nas quais a prevalênCia da só para remover residuos ou placa, testar
cárie dental permane<:e Similar ou é ainda pior adequação marginal, verificar conSistênCIa
que a encontrada no estudo do Mlnlsténo da de lesões de cane diagnosticadas Visualmen-
Saúde de 1986 (Brasil, 1989), enquanto em te;
mUitas Cidades houve uma redução de tal or- f) não exercer pressão com a sonda sobre a
dem que o CPO em crianças já se aproxima superficle dentana, evItando provocar rom
das médias constatadas no mundo desenvolvi· pimenta de equlHbno que facilite a difusão
do (SeSI, 1998, 1997, Paraná, 1997) de lesões não aparentes ou imdantes,
Em consequéncla, sugere--se que para efei- g) fazer primeiro o dlagnôsllco da condição
tos de estudos epldemlolôglcOS naCionaiS. os dental, Informando se o dente está higldo,
segUintes pontos devem ser observados canado, perdido ou obturado. Esta é a In
184 SaUdto 8uc~1 C*tiva

Quadro 5-8
Crlterios e có digos utili zados para o indice CPO tradicional

Condlfjão d e ntal Critério de diagnó stico Código·

Espaço vazio Dente nãQ.enJpoonado 0(0)


c.nado Qo&ndo apresentar a) evldeooa de esmalte socavado (há uma amdade 1(6)
definida onde o exploradO( penetra). b) em sulcos e fISSuras onde o
@.XpIoradorprende.desdequetxlSta teodo (CUladO a~ e/oo opa--
CIdade de esmalte e manchas de cane. c) em faces prOJOmals se o explo-
rador prende. 'Icando relido ~o se fazer m<Mmentos na direção cénnco.
CK:luSbl. d) em casos onde o explorador peneira entre o dente e a restau-
ração. e) há uma restauração mas está presente um dos Critérios acima
Obturado O dente está perfeitamente restaurado com matenal definitIVo como 2 (7)
(~taurado) ouro. amálgama, etc. Pode haver uma falha na restauração, mas não se
coosegue Inserir o e)lploradof entre o dente e ela
Extraído A perda se deu devKlo a CÍlne dentána Não se aplica à de:nuç.ão tempo. 3
,'na
Extraçiio Indicada Hã uma lesão que allnglu & câmara pulpar 4 (8)

Higldo Ine)llSte time ou restauração 5(9)


ExdusÕt's O dente fOI extraído por outras razões QUe não a cárie dental. como x (x)
fratura, correção ortod6ntICa, doença penodontal ou neceSSidade
protétJca

• Eml't' parent6lli consta o (6cllgo panill dentIÇão lempDfáo'!>l Códegos e (Jf\fr~ tJo váolodos para os ,rv;lter; CP().O. CP().S.
c~. cecH O indlCe é o resultado da soma dOli cód'fiIOS I, 2. 3 e 4

formação que se traduz no indice CPO. Em alta prevalênCia nas quais as lesões de es·
segUIda pode ser codificado o tratamento malte são anotadas como cárie de mane...
necessáriO; ra Inquesttonável;
h) anotar como dente ou superfície cariada i) em segUida. anotar o tratamento sugen-
toda lesão de cárie eXistente, esteja ela do, como ocorre no formuláriO da OMS
no esmalte ou na dentina Esta condição Ainda que ISSO possa consumir tempo adi-
(cárie de esmalte OU de dentina) deve ser cionai de exame e de tabulação, é uma
anotada com clareza. conferindo um có· medida aconselhável inclusive por permitir
digo para cada uma Ambas são Incluidas uma solução concreta ao aparente dilema
no CPO, POiS na verdade eXigirão algum "cáne de esmalte & cane de dentina'" Des-
tipO de intervenção ou monitoramento. ta maneira, fica claro se o dente deverá
MUitas vezes, a tarefa de remlOeralizar ser restaurado, receber uma aplicação de
uma lesão iniCiai eXige maiores Investlmen· selante ou se é candidato à remlOeraltzação
tos em termos de tempo e de materiaiS pela batena de métodos disponíveiS com
do que uma restauração. Não omitir, por tal finalidade A tabulação dos tratamen·
ex . o diagnóstico de cáne de esmalte. sob tos sugeridos deve ser fella em separado,
pena de mascarar seu resultado fmal e de não Interfenndo nos resutlados do CPO poiS
difIcultar a comparação com estudos estes se referem exduSNamente ao dlag·
efetuados em regiões ou localidades de nóstlco da condição dental
IdentIfICação de Problemas 185

Quadro 5-9
Critérios e códigos utilizados para o índice CPO inovado

condição dental Critério dlagnôstk o Côdigo·

Dentes presentes Contagem de todos os dentes, de~e que qualquer parte esteja Vlsivel
ou possa ser tocada com explorador
Não-erupcJOnado O dente ainda não erupcionou ou é congemtamente ausente 0 (0)

Cârle de esmalte Há uma lesão de cine, ativa ou não, limitada ao esmalte 1 (A)

Cáne de dentina Há uma II!~ão de cârll!, ativa ou não, que envolve a dentina mas não 2 (8)
atinge a câmara pulpar
Cálle com envolvi· Hâ uma lesão de cârie que atinge a polpa dentâria exigindo tratamento 3 (C)
mente pulpar endodõntKO ou extração
Obturado Há uma restauração permanente satlsfatóna feita com qualquer material 4 (O)

Extra/do por cãfle A exodontla fOI realizada devido a cáne dental S


Extraldo por outras A exodonlJa fOI realizada devido a qualquer outra razão que não a cime 6
raz~ dental
Higldo O dente é sadIO se Ine)"slem (esõe~ de cãne ou re~taurações Estaglos 7 (E)
InlClal~. pré<iMtação, não são considerados. Anotar como nigldos den-
tes com mancha branca, descoloração ou manchas rugosas, fissuras e
fôssulas manchadas por razões que não a cáne, marcas de fluorose
dentálla, abrasão, lesões questionáveis.
Sem diagnóstico O dente é exduido por Impossibilidade de cnegar a um dlagnôstico ade- a (F)
quado, p . ex., se a maior parte das superficies estão cobertas por uma
• banda ortodõntlca

• Entre parêntaJS consta o cÓl:hgo para a dentição temporária Códigos e crn~ ~ vá~dos para os In(!lces CPC){), CI'(}S.
ceod, ceo-s O irnke ê o resultado da soma dos Códigos I, 2, 3. 4 e 5

CPOlnovado de opções referente ao tratamento recomen-


dado, que constitui um bloco ã parte destina-
Tomando como ponto de apoio a discus- do a orientar a tomada de deciSões quanto ao
são desenvolvida nos tÓpiCOS precedentes, su- desenvolvimento do programa de atendimen-
gere-se a adoça0 de um novo padrão de cnté- to odontológico da comunidade pesquisada,
nos mini mos para o indice CPO, em substitui- não entrando no cômputo do indice.
ção ao padrão tradicional de diagnóstico alO-
°
da vigente na maIor parte do país. Quadro 5-
8 relembra as bases adotadas para o CPO tra-
Esta nova formulação e um reconheCimen-
to da inevitabilidade de modifICação de enté-
rios de exames bucais coletivos, seguidos duran-
dicional, enquanto o quadro 5-9 especifica os te quase meio século no Brasil (período no qual
códigos e criterios de diagnóstICo da condição o CPO se manteve virtualmente o mesmo); ao
dental que corresponde ao que se pode de- mesmo tempo em que se busca adotar um
nomlOar de CPO inovado. possibilitando uma novo padrão compatível com a realidade epide-
comparação direta entre os dois modelos Em miológica nacional que surgiu de modo especial
seguida, o quadro 5-10 apresenta o conjunto a partlr da década de 1990, mas eVitando a
186 5aude Bucal Coletiva

Quadro 5-10
Critérios e códigos para o tratamento recomendado após exame pelo 'ndice CPO Inovado

Tratamento Critério Código


recome nda do

Nenhum O dente esta sadIO ou a deCIsão ê de observar a evolução de qual· O


quer anormahdade eXistente
Tratamento Na ~a de lesão InKlal de cane ou em estagiO de pre<avrtação, 1
PreventiVO manchas brancas atlVa5. etc. que não Jusuflquem a restauração e Sim
a aplICação de f1uoretos ou outros metodos profllatlC05
Selante Quando a deasão fOf de aplicar um .selante de fóssula e fissura, des. ,
de que a Idade do paoente o Justifique
Restauração de O dente deve ser restaurado, mas a lesão erwolve só uma superlioe 3
uma su~icie
Re'lilauraçM de O dente deve ser restaurado e a IMão en\'Olve pelo mt"nM duas suo ,
duas ou mat5 Pt'ffl0es
superflCles
Trat EndodôntJCo EXiste lesão pulpar que permite tratamento seguido de restauração 5
Extração EXiste lesão pulpar, destruição ou moblhdade tão Intensas que tmpos- 6
~blhta o tratamento conservador

Outros cuidados Qualquer tratamento não Induldo nos códtgOS precedentes, espeaf1-- 7
'"".
transPosição acrítica de conceitos provenien· (cárie ineXistente, inloal, moderada, severa),
tes de paises mais IndUStrializados e com con- componentes do CPO (mortalidade dental In-
dições de saúde bucal bastante distintas. dUlndo só o fator E ou acrescentando EI como
Vale lembrar que em qualquer caso são exa uma perda presumida) ou um número limita
minados todos os dentes. Ou seja, em adultos do de dentes Em geral, tIVeram uso restrito
o exame epidemiológiCO inclUI os 32 dentes. ou aplicação em estudos com pequeno grau
Quando o estudo quiser reportar-se, para a de preCisão Nessa linha, cabe destacar o cos-
dentição permanente, apenas ao total de 28 tume de examinar a metade das arcadas den·
dentes, excetuando os terceiros molares do timas (WHO, 1977) e o Indice Simplificado de
exame epidemiológicO, esta condição deve ser Vlegas (Vlegas, 1969), deSCrItos a segUIr
Informada Recentemente surgiram novas opções. com
indlces diferenCiados que procuram medir su-
perfíCies sadias (Marcenes e Shelham, 1993),
5 .3 .4 Outros índ ices de cárie elementos funCionaiS (Shelham, Malzels e Mal-
zels, 1987), superffcies relevantes (Carpay et
DIVersos índICes têm Sido propostos como aI., 1988), também sintetizados na seqüência
alternativas ao CPC, seja para simplificá-lo seja Em relação à Identificação de cártes em ~.
para mudar o enfoque da doença para a saú- perfiaes radlculares, códigos e UllEmOS especi-
de. As primeiras tentatNas tomaram como re- fiCaS foram Incluídas no formulãrto da OMS,
ferênCia o IndIViduo (com e sem câne), a lesão VistO no subtitulo 5-2
Exame de uma s6 arcada por maxilar de tempo POiS cada exame pode ser feito em
cerca de qUinze segundos estando as crianças
A caue dental é sabidamente um fenômeno dlsponivels, os erros Inua e Inter-examinado-
bilateral, ou seta, apresenta um padrão Similar res diminuem. As dIferenças entre o CPO esti-
de ataque em relação as duas arcadas superiO- mado e o observado são de pequena monta
res e as duas mferJores Se, por exemplo, o se- para populações com alto índICe de car,e (PIn-
gundo molar superior direito está cartado, é bas- to, 1974), demonstrando acuraCldade supertor
tante provável que o segundo molar supenor ao do índICe SimplifIcado de Knutson que rela
esquerdo apresente dlagnóstKo SImilar ou se en- clOna o percentual de IndlViduos com CPO Igual
contre sob riSCO Sl9mficatNO de cárie AsSim, me- ou maior que um com o CPO total
didas acuradas das condIÇões bucaiS podem ser
obtidas pelo exame de apenas uma hem1arcada índices de dente. funcioneis e de
em cada maxilar, sempre que apenas um co- equivalência a dente. saudáveis
nheomento genénco da sItuação for desejável
Neste caso, recomenda·se alternar 05 lados Propostos Originalmente por Shelham. Mal-
da boca a cada paciente, como forma de com- zels e Malzels (1987), estes dOIS indlces foram
pensar eventuais distorções_ Examlnando-se um construidos com o obJetIVO de encontrar alter
numero grande de pessoas, essas distorções nativas ao CPO, superando ou contornando
tendem a desaparecer ou a se tornar pouco suas prinCipaiS hmltações que podem ser resu-
relevantes Sortela-se no primeiro paciente a midas em Cinco pontos'
hemlarcada supenor direita, o que obriga a no CPO, dentes cartadas perdidos e restau-
Inclusão da infenor esquerda No segundo terá rados têm a mesma Importãncla POIS con-
que ser exammado o quadrante supeflor es· tnbuem com pesas IdêntICOS para a obten-
querdo e o Infenor direito e assim por diante. ção da mêdla finaL AsSIm, a transformação
sempre altemando até o fInal (WHO. 1977)_ de um dente canado em restaurado não
tem InfluênCIa quantItatIVa sobre O indlCe.
que permanece Inalterado;
(ndice simplificado de Viega.
- nem sempre há evIdênCia de que dentes
restaurados estIVeram prevIamente carta-
Destina-se ao alcance de um conhecimen-
dos, como está ImplíCito no CPO De fato,
to global, fapldo e pratICo das condições
algumas restaurações feitas com ânimo pre-
epidemiológICas de populações Infantts São
ventIVO ou por razões outras que não a cá-
examinados apenas 05 doIS IOClSlVOS centraiS
rie terminam por InflaCionar desnecessaria-
supertOres e o pflmelfo molar Infenor dlrellO -
mente o Indice,
dentes 11. 21 e 46. apllCando-se aos resulta- - pessoas que freqüentam um consultóriO
dos equações de regressão múltIpla para esti- odontológiCO com regulandade terminam
mar o CPO-D total por Idade. conforme se vê
°
na tabela 5-10 cóchgo para o exame é Igual-
por apresentar um CPO maior que aqueles
que não frequentam_ Ainda que este fato
mente Simples Opara espaço vaZIO. 1 para den- em alguns casos possa Significar que trata
te atacado (caflado, perdido ou obturado) e 2 mentos desnecessáriOS e portanto ,atrogé-
para dente hig1do (Vlegas, , 969) nicos foram realizados, ê Inegável que a
As prinCipaiS limitações deste indlce locali- preocupação com a própria dentição - re-
zam-se na sua ImpoSSibilidade de medir 05 com- fletida na presença de restaurações - não
ponentes do CPO e na menor preCisa0 dos tem qualquer Impacto no CPO, de maneI-
dados As vantagens são SignifICatIvas para ra Que IndIViduas com distIntos padrões de
estudos que- não requeiram detalhamento atenção odontológica costumam ser anali-
matOr os gastos são minlmos. há ganhos reaiS sados de manelfa semelhante.
-:::
~
o
Tabela 5-10
:i-
Equaljões de regressão aplicadas ao exame dos dentes 11, 21 e 46 para estimar o inc:lke CPO-O total e [
resultados nas idades de 7 e 12 an05-
~
,
Resultados do Exame Bucal
~
Idade Equação de Regressão" 46 11 e 21 ePO-o CPQ·O Diferença
em an05 (la Molar (Incisivos Estimado Observado CPO Estimado
Inf. Direito) Cent.Sup.) CPO Observado

7 Y - - 0,02'" 3.55x ... 1, 17x 1 0,66 0,04 2,37 2,33 ... 0,04
8 Y" - 0,003 + 3.82x, ... 1,95 ..) 0,82 0,10 3,22 3,22 ... 0,10
9 ,- 0,001'" 3,57)(, + 3.68x) 0,8\ 0, 19 3,5\ 3,51 ... 0,08
10 Y" - 0,001 ... 3.95x, ... 3,90kl 0,82 0,37 4,68 4,62 +0,06
11 Y" - 0,01 + 4,36.11, + 4,73 XI 0,82 0,38 5,37 5,17 ... 0,20
Y.. - 0,01 ... 4,351(, ... 5,52x, 0,82 0,57 6.71 6,33 ... 0,38
"
IndKe Simplificado de Vlega5 para estimar a prevalência da cárie dental
•• y represenla o CPQ·D eS1lmado, x, corresponde ao valor medlO do dente 16, XI correspoJ'lde ao ...alor mêdlO dos
dE!ntes 11 e 21 calculado pela d,....sâo da soma de InOSIVOS atacados (C, P ou O) pelo total de cnanças examinadas em
cada grupo etano.

Fonte Vu~gas (1969)


- em adultos, o peso dos problemas relacIO- - IOF - 2300 , 200 "00 - 25.00
nados às doenças penodontals pode ser - CPO-D - 250 + 50 >200 "00 - 5.0
mUito SignifICatIVO, o que retira represen-
b) Num grupo de 100 adultos de 40 anos. fo-
tatiVidade ao CPO Por este motivo, a pró-
ram examinados 3 200 dentes, dos quais
pria OMS Já recomenda que em adultos o
1.200 estavam hígldos e 500 restaurados.
indlce seja conSiderado em bases unrverSiUS.
restando 500 na condição de c.arlados e
ou seja, não diferenCIando a causa de ex-
1.000 Já perdidos.
trações;
- IDF-1200+5oo"oo-17.00
- o uso do CPO total, segundo a expenêncla
- CPO-D - 500 + 1000 • 500 , 100 -
dos autores, tende a obscurecer a influên-
20.0
cIa de fatores SOCiaIS na explicação real da
IncIdênCIa dos problemas odontológICOS Comparando-se as duas Situações, e p05S;-
vel dizer que em relação ao IOF há uma piora
Mesmo reconhecendo que boa parte des- estImada em 32% entre as duas faucas etánas
ses problemas podem ser mlnlmlzados ou anu- (o índice 17 corresponde a 68% do valor me-
lados quando se toma em conSIderação um a dlo 25), mas quando se toma em cOrlSlderaçáo
um os componentes - dentes c.aflados. perdi- o CPO a pIOra fOI da ordem de 300%. Ou seja, o
dos e restaurados. os autores conSideram que CPO superestIma as condições negatIVas que
um Indlce precisa ter um valor total que possa acompanham a dentição ao longo da vida, pelo
ser de fato util para efeitos de comparação en- fato de que enfatlZa a ocorrência da doença
tre dIferentes populações, o que nem sempre Ao observar mudanças ocorridas na Ingla-
é verdadeIro em relação ao CPO tradlOonal. terra e no Pais de Gales pata a população de
JUstificando portanto a busca de medidas no- 16 anos e mais ao kmgo de um periodo de
vas e potencialmente mais adequadas dez anos, Todd e Walker (1980) concluíram que
O fndice de Dentes Funcionais (IOF) consr em mêdla o CPO-O haVIa passado de 19, 1 para
dera a agregação de dentes higldos e dentes 18,5 o que representa um decrésCImo ou me-
restaurados. conSIderando a estes também co- lhora de 0,6%, Enquanto ISSO, o IOF passou de
mo Scldlos Estes dOIS elementos recebem pe- 19.6 para 21,0, ou seja, uma melhora de 1,4%,
sos Iguais com base no raclOCímo de que na Neste caso. não obstante as pequenas altera
pratica exercem funções eqUivalentes. Com ções em termos de valores totaIS, constata·se
ISSO, premia-se o trabalho restaurador, lido co- uma forte subestimação (da ordem de 133%)
mo uma prevenção de nivel secundáflo, da mudança favorável ocorrida com a aplICa·
ção do tradICIonal Indlce de Klein e Palmer,
IOF - 2....±J::i O fndic.e de Equivalência a Dentes Sau-
N dáveis ê conhecido como T-Health (abrevlatu·
ra para Tissue ou Teado-Saúde, corresponden-
(O - dentes restaurados; H .. dentes higtdos. N .. nu- do a tecido saudável) e busca representar a
ml"ro dI!" pessoas eumrnadas) quantidade de tecldo dental saudável em cada
indIViduo e, por extensão, em cada grupo I»-
DOIS exemplos Ilustram melhor a forma de pulaclonal
obtenção do indlce No iniCIO. a IdéIa era de que naturalmente
a) num grupo de 100 (fianças de 12 anos de um dente hígldo tem mUito maIs tecido sadIO
Idade, foram examinados um total de 2.800 que um dente restaurado e que este tem maIs
dentes (28 por cnança), encontrando-se que do que um dente taflado A partir desta base,
2.300 estavam higldos e 200 restaurados foi contendo um valor 4 para os elementos
OuttOS 250 estavam (arlados e 50 extraidos higldos, 2 para os restaurados e 1 para os
190 SaiJck Bucal CoIetMI

cariado~, reservando um zero para O~ extrai· Tabela 5-11


dos, DepoIs diSSO, estudo do brasileiro Wagner Indice CPO-D médio e índice de saúde dentâria.
Marcenes (Marcene~, 1991, Marcene~ e Shei- segundo o grupo etârio, em lowa/ EUA
ham, 1993) constatou que na verdade dentes
Grupo etârio CJ>O.O ISO
carlados e restaurados po~suem aproximada
mente a me~ma quantidade de teodo sadiO, 18-24 8.2 0,42
pelo que o T-Health pa~sou a ser aplicado com 25-34 11,4 0,15
a seguinte composição' Higldos - 4, Cariados 35-44 13, I -0,05
45·54 15,4 -0,25
- " Restaurados - 1 A fórmula bâslca é esta'
55.... 15,6 0,34
65 e'" 16,8 -0,39
T-Health ... (H x 4) + (ex1) + (O xl)
6 f Of'l((> Jakobwo e tiunl , 1990
Para grupo~ é precIso utlhzar as médias por
pessoa tre O número total de ~uperfícies sadias e o
T·Healrtl ,.. (H x 4/N) + (Cx1/N) + (O x 1/N) número total de superfjae~ nâo sadias (afeta,
da~ pela cafle e extraida~)
6
ou (Hx4) + 'exJ)+(Ox !)/N 5uperfjcle~ não híglda!> Incluem as que es

6 tào cartada~, restauradas e/ou perdidas. Den,


Para os mesmos exemplos dado~ em "a" e tes não erupclonado~ ~ão exduídos, O índICe
Hb" aCima, teriamo~ re~pectlvamente varia de - 1 a + 1, sendo que o extremo POSitIVO
representa uma dentição Inumamente sadia
a) T·Health- O valor zero slÇlnlflCil que metade da dentIção
(2.300 x 4) +(200 x ') + (250 x 1) I N - esta sadIa e a outra metade afetada pela ca-
6 rte . Podem !>er usados dentes ao tnve~ de su-
~" 16.083 perfícies como base ,
6 Sua fórmula e
b) r·Health '"
(1 20º x 4)+ (500 x J) + (500 x 11 1 N - 5..8 IOH ,., 1 SUperfícIes sadla~ - 1 ~up nâo sadia!>
6 6 1: ~uperfíclE'S examlnada~
- 9.667 IOH ,. (sadios) - (canados + restaurados +
A piora relatIVa, dos' 2 para OS 40 anos, extraídos)
medida pelo índice de EqUIValênCia a Dentes ~adlos + caflados + re~taurados + extraído~
Saudâvel~, fOI de 39,89%, mais próxima a
verifICada com o IOF do que com o CPO-D, No estudo onglnal de validação do indlCe
Preocupado com a práttca crescente de realizado Junto a 929 cflanças matriculadas em
colocação de selante~ em fó~~ula~ e fl~suras escolas de 10 grau de quatro regiões dl~tlntas
sadias ou canadas na Europa, Davles (1991) da Holanda, obteve-se um IDH -- 0,715 com
propôs uma modificação no T·Health com o um deSVIO padrão de 0,256 Jakobsen et Hunt
acréSCImo ao mesmo de dente~ com selantes, (1990) aplicaram o IOH a vârlo5 grupos etanos
mas a Idéia não fOI avante . que partICiparam de um prévio estudo epl·
demlológlco em lowa, nos E~tados Unidos
indica de Saúde Dentária USO) Seus re~ultado~, lado a lado com os obtidos
pelo CPQ·O, e~tão na Tabela 5·10
Desenvolvido na Holanda por Carpay et ai Uma vez que de maneira geral, o exame
(1988), o Indlce de Saúde Dentarta (ISO) pro-- de todas a~ 128 superfi(le~ dos 28 dentes eXI·
cu ra tradUZir a discrepânCia proporCionai en· ge demaSiado tempo de trabalho, Marthaler
Idenrif/CaçJo de Problemas 191

(1966) sugeriu uma redução para 96 superfí- destrutIVa, depende de cntenos e condições
aes. Visando facIlitar a aplicação em grupos peSsoaiS do examinador de forma bem mais
populacionaiS, (arpay et aI., propõem o exa- acentuada do que no estudo da dne dental.
me de apenas 6 dentes em cada arcada, com Dos dOIS fatores envolvidos no processo de
um total de 12 dentes e 44 superfícies: den, desenvolVimento das DP - de um lado os agen-
tes 16 e 26 (superficles lmgual cervical, lingual tes etiológiCOS e de outro a capaCidade de de-
InClsal, oclusal, vestibular, meslal, distai); 15 e fesa dos teCidos bucaiS e do organismo de cada
25 (oclusal, distai e mesial), '4 e 24 (odusal e Individuo - esse último pode tambem produ-
distai), 36 e 46 (!rngual, oclusal, vestibular Zir diferenças Interexamlnadores quando se de-
cervICal, vestibular mClsal, distaI. mesLal); 35 e seJa comparar índices provenientes de popula-
45 (oclusal, meslal, distaI); 34 e 44 (vestibular ções distlntas_ De fato, nem sempre ha uma
e distai) Contudo, aconselham a adiCionar as correspondênCia precisa entre o dano diagnos-
superfícies dos dentes inCISIVOS quanto em es- ticado e o tratamento teoricamente necessá-
tudos de adultos, Indicando que dIVersas al- riO, POiS dependendo da resposta IndMdual a
ternatIVas quanto ao total de dentes escolhi- doença podera progredir com rapidez ou até
dos podem ser exerCitadas pelos pesqUisado- mesmo estaCIonar A reverSibilidade da gen-
res de campo (Carpay et aI, 1988) grvlte que é de caráter inflamatório e mesmo
Supondo um estudo de 44 superfícies no de estagias avançados da perlodonme por meta
qual 24 delas estavam higldas e as demaiS 20 de medidas de higiene bucal ou de tratamen-
atacadas pela cárie, teríamos um ISD - 24 - to clrnico, varia segundo as condições de resIs-
20/44 - 0,091 Ou, no caso de 22 hígldas e tência de cada um Nesse sentido, ê interes-
22 atacadas, ISD .. 22 - 22 / 44 - O Ou, no sante observar comUnidades com níveiS avan-
caso de 10 hígldas e 34 atacadas, ISO - 10 çados de destruição peflodontal, em diversas
34/44 - 0.545 regiões da Africa e Ásia por exemplo, nas quais
Outra maneira de avaliar os resultados está chega a ser surpreendente a permanênoa em
na proporção de pessoas que se colocam em função, por períodos bem mais longos que o
cada classe ou categona que o índice supõe. preVisto, de dentes condenados face aos CrI-
No exemplo de (arpay et aI (1988),21% dos tériOS de JuJgamento típicos das DPs_
examinados apresentaram valor "'", mostran- Ha índICes para condições reversivel5 e
do-se Inteltamente saudáveiS, ao passo que os irreversíveiS; apenas para medir genglvlte,
que apresentaram escores entre" -," e "O" periodontlte, placa, tártaro, higiene bucal e
foram mUito poUCOS, para todos ou para conjuntos parciais destes
problemas
A quantidade e variedade com que índices
5 .4 índices para problemas têm Sido criados é por SI s6 um atestado da
do periodonto ImpreCisão e das dificuldades que ainda cer-
cam a quantifIcação das Doenças Perlodontals.
O diagnóstICo das Doenças Penodontals POSSIVelmente, o índICe Ideal ainda não fOI
(DP), em termos de levantamento EpidemiO- desenvolvido (Stallard, 1982). A questão bá-
lógiCO, poSSUI um grau de subJetIVidade que se sica parece reSidir em que um índice de alta
acentua em relação aos estagias IniciaiS e aos senSIbilidade e preCIsão representaria gastos
limites entre as diversas etapas da sua evolução_ e consumiria tempo e recursos humanos não
A Identificação de posslvels modlflcaçôes suportáveiS pela quase totalidade dos servI-
quanto a te)Ctura, cor e contorno dos tecidos ços públicos odontológICOS
gengivais. aSSim como da profundidade de bal- De maneira geral, em saúde púbhca a me-
sas e das perdas ósseas conseqüentes à fase lhor opção na escolha de um índICe sobre
192 SaUCk Buc.JI CoIelNo1

Doenças PenodontalS é a que prMleglar aque- dente 11 ... códIgos 1 e O, dente 31 .. 2 e 1


les menos detalhados e com cntenos mais ní- dente 16'" c6(lIgos 3 e 2. dente 26" 3 e 2
tIdos de Identificação de cada lesão. dente 36 ... códigos 1 e 1, dente d6 .. X e )(
HOJe, para estudos epidemiológIcos neste
campo, a OMS e FOI recomendam Interna-
- clonalmente a adoção do IPC descrito antes, Indice para placa - 1 -+- 2 + 3 + 3 + 1 ... 2,
em função da maior SimplICidade dos crtté- 5
riOS diagnósticos e da possibilidade de trans- índICe para tártaro'" O + 1 -+- 2 -+- 2 -+ 1 ... 1,2
formar os problemas detectados em necesSI-- 5
dades de tratamento com a conseqüente estI- lHOS - 2 -+- 1,1 .. 3,2
matIVa dos recursos financeiros, tempo e peso
soai envolvldos_ Em grupos, soma·se o índICe de cada um e
Na descrição feita nos Itens "a" a "e", não dlvlde-se pelo total de pessoas exammadas.
se objetiva esgotar o elenco de índICes e sIm Apenas dentes totalmente erupclonados
apresentar aqueles mais representativos e suas são considerados, ou seja, os que tenham atln·
prtnClpals altematlvas. gldo a linha eclusal Pode-se estimar, de forma
genénca, que escores de O a 1 correspondam
a uma higiene oral satlsfatóna, de 1,1 a 2 re-
a _ lHOS - higiene oral gular; de 2,1 a 3 defICiente e de 3,1 em diante
uma higiene oral muito má
o estreito relacionamento entre os CUida· Como ahernatrva, pode-se usar O Indlce de
dos pessoaIs com a saúde bucal e a InCidênCia Performance em Higiene do PacIente OU PHP
de doença penodontal motIVOu a cnação do de Podshadley e Haley (1968) que se baseia
indlce de Higiene Oral SImplificado (lHOS), por nos mesmos dentes do IHO-S, é especifiCO para
Greene e Vermllllon (1964)_ De larga aplicação placa, previamente ao exame emprega uma s0-
em várias regIões do mundo, relativamente lução ou pastilha reveladora e dIVIde a super
prátICO e de execução rápida, mede a eXlstên· fície dental em Cinco áreas como se ve na figu-
Cla de placa e de tártaro na superfíCie vestlbu· ra 5-7 Cada area recebe um códIgo O se não
lar do Incisivo central superior direito, do inc~ houver placa e 1 se essa exJ5tJr_ Somando-se
SIVO central Infenor esquerdo, dos primeiros 05 códtgos das SUbdM5Ões e drvtdmdo-se por 5
molares superIOres (dentes 1"
31, 16, 26) e tem-se o índICe do dente. precedendo-se a panlr
na superfiCle lingual dos dOIS prtmelros mola· dai de forma Idénuca ã descnta para o IHO-S
n>'!o Inferiores (dentes 36 e 46). Quando um SlIness e Loe (1964) Instituíram o índICe de
desses estiver ausente pode ser substituído por Placa (IPI), que é aplicado aos mesmo dentes
um adjacente (Sahba et aI, 1974). do índice GenglVal e que se diferencia do lHO-
Cada superfície recebe separadamente um S por mechr a espessura da placa ao Invés de
coolgo de Oa 3 para placa e para tártaro. con· sua extensao (OMS, 1979B).
forme os cnténos constantes do quadro 5-11 .
O exame e feito com espelho bucal e sonda
exploradora O índICe médio indIViduai só e b . índice gengival- IG
estabeleCIdo na presença de pelo menos dOIS
dentes - índICe ou seus substitutos. sendo o EspecifICO para analisar as condições de
resultado da soma dos códigos de cada dente saúde dos tecidos gengrvals e utilizado nota-
diVidIda pelo total de dentes examinados. Há damente em estudos cllnlcos. o índICe Genglval
um subindlce para placa e outro para tártaro, (IG) (L6e e Sllness, 1963) baseia-se em um den·
sendo O IHO-S a soma dos dOIS, como se vê no te de cada sextante bucal- 16, 12,24,36,32
exemplo a seguir e 44 Esses dentes são divididos em quatro fa
ces - vestibular, lingual. meSlal e distai - atn-
í
o
c
B
\ I ,-E-] bUlndo-se um valo, de O a 3 a cada face A
soma dos indlces é dividida pelos seis dentes
examinados para chegar ao iG IndividuaI.
A Ol--"-B-lEI
E Podem ser formulados índices tambem por
A
grupos de dentes. bem como optar pelo exa·
me Integral das arcadas denGm3S
O pnnclpal problema relaoonado ao lG. CUJOS
cntenos constam do quadro 5- 12, dIZ resperto à
difICuldade em dlstmgulr os limItes entre cada
estágio. ou seja, entre Oe 1, entre 1 e 2. etc., o
Flg. S.7 SUbdMsão da superficle dental em Cinco areas, que eXige examinadores cUidadosamente calf.-
utilizada no PHP brados para a sua correta aplicação.

Quadro 5·11
Critérios diagnosticos e códigos usados no IHO·5

Critérios para placa C6dlgo Critérios para tártaro Côdlgo

- Inelustência de placa e .ndutos O - Ine)(istência de tarlam O


- Placa cobrando MO mais que T/3 da
superfioe aLI apenas IMUtoS , - Tartaro supragengrval em não maIS
que 1/3 da superllcH! exposta do dente ,
generalizados - Târtaro supragenglval cobriMO maIS q~
- Placa cobnndo maIs que 1/3. mas não 1/3, mas não mllls que 2/3 da superflcle
mais que 2/3 da superfície dental 2 exposta em tomo da rt!9ião CerVIcal 2
- Placa cobrindo maIs que 2/3 da - Târtaro supragenglval cobnndo maIS que
superfioe 3 2/3 da superfi~ da coroa ou uma fauta

- Dente--lMlCe e substItuto IneXIstentes , continua e espessa de târtaro subgenglval 3


,
- Dente-indtce/substltuto IneXIstente

Qua d ro 5-12
Critérios diagn6sticos e códigos para o Indice Gengival

Critérios Código

- Ausenoa de Inflamação - gengIVa Uniformemente rosada O


- Inflamação leve - modIfIcação pequena na cor e textura gengIVal5 ,
- Inflamação moderada - gengIva moderadamente avermelhada, vitrea, edemaciada
e I"lIpertrôflca, com sangra~nto sob estímulo 2
- Inflamação severa - geng.va OIbdamente avermelhada. hlpe!"uórlCa. com teMénoa
ao sangramento expontáneo e presença de ulceração 3
194 5.JVde BUCiJI Cokrl~

o índIce PMA (Shour e Massler, 1949) exa po de trabalho e de neceSSIdade de tratamen-


mina as áreas da gengiva papllar, marginal e to pertodontal deve corresponder ao nível de
Insenda em torno de cada dente, sendo posst- oferta de serVIços de cada programa odonto-
velmente o maIs antigo de todos os (ndlces que lógICO; b) que ainda não há consenso entre os
,medem condlÇoes gengrvalS reversÍYels Con- espeaahstas em penodontla e em saúde pUbli-
tudo, requer mcllOr precIsão de dlagnóSt1co e ca Quanto a convemênaa da conversão auto-
teve :ieU uso vIrtualmente abandonado nos es- matlccl dos problemas diagnostICados por meIo
tudos maIs recentes face a dIfIculdades de com- de índICes epidemiológICOS em tipos de trata-
paração entre resultados de dIstintos eltamlna- mento, deVIdo aos diferentes padrões de res-
dores (Stnffler et aI., 1983). posta orgãmca IndIVIduai às DPs

c. indice periodontal - IP d . índice de placa


Sem dUVIda o [ndlce Penodontal - IP de
O índice de Placa de Turesk.y, Gllmore e Gil·
Russell (1956; 1967), é a maIs difundIda den-
ck.man (1970) é uma modificação da proposta
tre as medIdas epIdemIOlógICas relatIVas às DPs,
de Qutgley e Hem (1962) e examina as superfí·
devendo sua popularIdade à faclhdade de uso,
cles vestibular e Irngual de cada dente, attlbuln-
mudez na separaç.\o de conceitos para suas
do um escore de O a 5 de acordo com os cnte-
cinco subdiVisões e à consequente redução de
fiOS contidos no Quadro 5-14 ConstitUI uma
dIferenças InUa e Interexamlnadores que lhe
alternativa favorável ao uso do IndlCe PHP de
dâ melhor comparabilidade de resultados
Podshadley e Haley (1968), ao índice de Placa
E um índice misto, poIS mede tanto a fase de Stlness e Lôe (1966) e também ao lHOS VIS-
reversível da DP quanto a presumrvelmente
to aama (MOlmaz, 1997)
Ifreversivel, sendo aphcado à totalidade dos den-
Obtem-se o índICe pela diVisão do total de
tes presentes na boca conforme os cnténos ex·
escores atrtbu(dos, pelo número total de suo
postos no quadro 5-13 A OMS recomenda o IP
perfiCles examinadas, com uma amphlude poso
para os estudos Que qUiserem captar Informa-
sivel de O a 5
ções em um nivel de detalhe Que nào possa ser MOlmaz (1998) anahsou a formação de pla-
coberto pelo seu método básICO que e o IPC ca bacterlana dental em alunos da Faculdade
Para obter o IP médIO por pessoa os valores
de OdontologIa de Araçatuba, SAo Paulo, com-
dados a cada dente são somados e o resulta-
parando a sua evolução ao longo de um perío-
do é dIVIdIdo pelo total de dentes examinados
do de 28 dias pelos índICes de Turesky et ai e
Para grupos, basta somar os lP IndIViduaIS e
de O'leary (1976).· Foram formados dOIS gfU
diVidir pelo número de pessoas examlnadas_
pos, um com profilaXia préVia e outro sem
~ posslVel efPtuar a transformação do IP em
profilaXia Os valores IniCiai e fInal dos dOIS gru
necessidades de tratamento. Um procedimen-
pos estão na tabela 5-12 A profilaXia fOI sufi-
to simples nesse sentIdo fOI sugerido por Dou-
ciente para redUZir o Indlce apenas na primei
glass et ai (1984), composto por Quatro pas-
ra semana. pratICamente deixando de ter efel'
sos 1) multlphca·se o IP médio pelo número
to a partir dai As figuras demonstrativas do
de habitantes, por faixa etária, 2) converte-se
índICe de Turesky et aI., aquI apresentadas,
o IP em tIpOS de serviços necessáriOS; 3) estl-
foram prodUZidas por Suzulelde S MOlmaz
ma·se o tempo necessáno por tipo de servu;o;
(1998) e cedidas para pubhcaç:io.
4) multlpllca·se o resultado do passo 1 pelo do
passo 3 obtendo o tempo total necessáno para
• o itda Df pIIy de Ol.Nr)" (1967) ~". ~ 0.1
reahzação do tratamento da população. ~ Df J)I.la r-..s wpenlOH Vf1tDar. me5III õrut ~
DOIS pontos Importantes devem ser refen lIngwI O ~ t fomeodo Im p8Gflw. de superl~
dos: a) que toda e Qualquer estImativa de tem- com placa em 'Nç-'C) ao lOtaI cYs q.III! lorllTl ~
Idenr/(Kaçao de Probiemas 195

Quadro 5-13
Critérios diagnósticos e códigos para o Indice periodontal (I P)

Critérios código

- N~UVO. IneXIstente Inflamação ou perda de funçao em razao da destrUJÇão dos te0d05.

-
de suporte dental
GenglVltE' tE've Inflamação da gengIVa hv~ não orcunscrevendo a coroa dentâ/la
°,
- GenglVItE' lnflaiTIação que orcunscreve totalmente o dente, mas não hã ruptura
aparente da mserçâo ePltSal 2
- GengMte com formação de boIsa~ a Inserção ePltellal esta rompida e exlste uma bolsa
(e não apenas uma depressão genglval). Náo hã InterferenCla com a função mastiga
16na normat, mantenda.se o dente firme no St'U alveolo ..em rl'IObIhdade 6
- DestrUIção avançada com perda de função masllgat6na o dente pode ser perdido. com
possrvel mlgraçao, ao percutl-lo com Instrumento pft7ll()Ca-se um som surdo, pode ser
compnmldo no alveolo 8

Quadro 5·14
Critérios de diagnóstico para o In diee de placa de Turesky et ai

Critério Escore

Nenhuma Placa
°
Por~õe separadas ou faula descontinua de placa na margem ceMal da superfioe dentima
FaIXa fina contmua de até 1 mm de placa na margem cet'VlcaJ da superfiae ,
1

Faixa de placa malS larga que 1 mm, mas menor que 1/3 da supedicle 3
Placa cobnndo entre 1/3 li! 2/3 da superllOe 4
Placa cobnndo 2/3 ou mais da superlioe 5

Fome MOlmaz. 1998

Tabela 5·12
Indlce de placa em alunos de odontologia
medido de Oa 28 Dias

Grupo unidade Exame 7 Dias 140ias 21 Dias 28 Dias


de Medida Inidal

Com fndlce 1,71 1.16 1.45 1.60 1.60


ProfilaXia
PréVIa DesvIo Padrão 0,53 0,38 0,45 0,50 0,44

rndlCe 1,57 1,43 1,52 1,63 1,67


"'m
ProfilaXia DeSVIO Padrão 0,54 0,59 0,57 1,61 1.71

fontp MOImaz (1998)


196 Saúde Bucal CoIetrva

Quadro 5-15
Critérios e tratamento Indicado para o fndice de Diagnóstico e Registro Perlodontal - IDRP
,
Código Critêrio Tratamento indicado

O Sadio (ausência de sangramento); parte colorida Manutenção da saúde


da sonda inteIramente YlsiYe!
, Sangramento pela sondagem; parte colonda da Instruções de higiene oral e controle
sonda intetramente visível da placa baCleriana
2 Presença de cãlculo e/ ou de fator~ rele-nt1'lOS da Instruções de higIene oral. controle da
placa, parte coIonda da sonda Inteiramente ~ plaGJ, remoção dO!i fatores de retençAo
, Bolsa com 4 a 5 mm de profundIdade; faOOl col~ Instruções de higIene oral, controle da
nda da sonda Visível em parte placa, remoção dos fatores de reten-
ção; exame dimco e terapa adequada
4 Bolsa com 6 mm ou maiS de profundidade, falX.iJ Instruções de hl9lene oral, controle da
(olonda da sonda não está visivel placa, remoção dos fatores de reten-
ção, E'KamE' clinico e terapia adequada,
com tratamento complexo proYa~
X Sextante sem dentes -

Fonrps Tf'Y~ (1993), Nagl (1994)

Fig . 5-8 Escore O- indlce de Turesky Fig, 5-9 EscorE' 1 - indlCe de Turesky,

Flg. 5-10 Escore 2 - IndlCE' de Turesky fig . 5-11 Escore 3 - [ndlce de Turesky
Identificação de Problemas. 197

Fig. 5-12 Escore 4 - índiCe de Turesky. fig . 5-13 Escore 5 - Indlce de Ture5ky

8. índice de diagn6stico e culo (com pelo menos um código "2"). Para os


registro periodontal que possuem bolsas (códigos "3" e "4"), está
Indicado um exame mais detalhado para deCl'
O Periodontal Screening & Recording Sys- são sobre o melhor plano de tratamento_
tem (PSR) ou indlce de Diagnóstico e Regl~­
tro Periodontal (IDRP) é uma simplificação do
[ndice Periodontal Comunitário, acons:!lhado 5.5 índices para
pela American Acade:ny of Periodontology
e pela Amedean Dental Assoeialion para utlli·
maloclusões
zação em epidemiologia e para a obtenção Dante Bresolin
de informações clínicas em consultório (Nas!.
1994, Pinto. 1996; Tevacek e Tevacek, 1993; AsSim corno a cárie dentária e a doença
ZenóblO el ai, 1998). penodontal, tambem as malodusõe5 requerem
Os critérios utilizados estão expliCitados no índices cu classIficações para serem avaliadas
quadro 5·15 A exemplo do IPC. adota-se a di' As malcclusães representam deSVIOS de norma·
Visão por sextantes e a sonda periodontal tipo lidade das arcadas dentárias, do esqueleto faoal
OMS Todos os dentes são examinados e uma ou de ambos, com reflexos variados tanto nas
só nota é dada para eada ~extante, correspon· diversc;s funções do aparelho estomatognâuco
dendo â situação mais grave ou sl:Nera encon· quanto na aparência e auto-estima dos Indiv~
trada A interpre tação dos resultados é feita. duos afetados Tal complexidade de vallável~
em cada Idade ou grupo etário, segundo qua· constituI um verdadeiro desafio aos quo> r;r-:!te;l'
tro categorias. com base no percentual de peso dem crIar índICes representatIVOs dos diferentes
soas sad:as. com sangramento gengiva I. com graus de severidade desses problem;::;.
cãlculo ou com bolsa periodontal.
Em termos de tratamento sugerido, os que
têm sangramento gengival (no máximo código 5 .5.1 Requ isitos para um índice
., I") devem ser submetidos a instruções de hi- de oclusão
giene oral e controle de placa bacteriana, acres-
centando-se a remoção de fatores retentores De acordo com a OMS (WHO, 1997) e com
de placa e correção de margens defeituosas Summers (1971), um bom indice nesta área
em restaurações para os que apresentam cál- deve preencher dez requisitos báslcos_
198 SaúdE' Bucal CoIerlVa

a) expressar a condição do grupo por meio Assim, por deflnrção, para um indice ter
de um número simples, correspondendo à validade no tempo, seu valor deveria manter·
posição relativa em uma escala finita com se constante ou aumentar com o tempo, indi-
limites supenor e mferlor definidos, gradual- cando que O distúrbiO oclusal ê o mesmo ou
mente, a partir de O (por ex_, desde a au· está fIcando maIs severo. Não poderia decres-
sência de doença até que alcance seu estâ· cer com o passar dos meses ou anos, o que
glo terminal); Indicaria uma melhora do dIstúrbio oclusaL Isso
porque, ainda que ocorram frequentes citações
b) ser Igualmente sensitIVO ao longo da escala, na literatura a respeito de autocorreção de ma
c) ter valores que correspondam ã importân- loclusões, na prátICa eXistem na verdade mUI
cia clinlca do estágio da doença que repre- 10 poucas situações em que este fenõmeno se
senta, concretiza
d) ser passivel de análise estatística,
e) ser reproduzível, 5.5.2 Métodos de registro de
f) utilizar equipamento e Instrumental que fun- maloclusões
Cionem efetivamente em sltuaçôes de cam·
po; o registro de malodusões de uma determi-
g) basear-se em procedimentos que requeiram nada população é feito por meiO de métodos
mínimo Julgamento pessoal. qualitatiVOS e metc jos quantitatIVos.
h) ser facII o sufICiente para permitir O estudo Os primeiros m .!todos eram todos quali-
de uma grande população sem custos pe- tativos Em ordem cronológica, de acordo com
sados e sem demasiado desgaste em ter· Tang e Wel (199"1), os seguintes autores ga-
mos de tempo e energia, nharam destaque neste campo: Angle (1899),
i) permitir a pronta detecção de um deSVIO Stallard (1932), McCall (1944), Sdare (1945), Fosk
nas condições do grupo, para melhor ou (1960), BJork, Krebs e SoIow (1964), Profltt e
para pior; Ack.erman (1973), WHOjFDI (1979), Klnaan e
J} ser valido ao longo do tempo. Bruke (1981).
De início, s6 alguns sintomas de ma
Summers refere que a fidelidade de um in- locIusões foram arbitrariamente seleCionados
dlce ao longo do tempo neste caso estã ligada como Itens para registro Nos metodos maIs
ao fato de que as alterações de desenvolvimen- recentes, houve uma crescente tendênCIa no
to das desordens oclusaj!fo podem consistir seja sentido de registrar Itens que podenam ser
de um "defeito ortod6ntIC0 bãsico", seja de agrupados de maneira lógICa,
um "sintoma" da alteração do desenvolvimen- O método de Angle (1907) de claSSIficar
to . Um defeito ortodôntico básico pode ser de- malodusões tem sido mundialmente utlhzado
finido como uma disfunção oclusal constante, atê hOJe. MUIto o criticam por suas limitações
enquanto um sintoma de um efeito de desen-- em avahar condIções ântero-postenores e não
volvimento e uma adaptação ao desenvolvt- Indulr alterações vertiCaiS, transversaiS ou UOl-
menta, a qual pode ser uma acomodação ao lateraiS, sendo também mUito dependente dos
cresCimento normal ou mesmo a um defeito Cfltérios clinicas de cada profissional. Deve ser
ortodôntico bãslCo Vale acrescentar que um lembrado, no entanto, que a sua populanda-
sintoma pode ser constante (presente em to- de reSIde fundamentalmente na sua slmplin
das as Idades) ou variável (flutuando com a dade, além de que Angle de fato propôs uma
Idade)_ Um índice devena concentrar·se no, ou claSSificação que pudesse serVI( quase que
ser sensível ao defeito ortodõntlco básICO, e como uma preSCrição de tratamento. De fato,
não ser sensível ao sintoma Angle não sugeriu que sua claSSifICação fosse
Idenrificaçlo de Problemas 199

utlhzada como um indlce de maloclusão ou ronto/canadá Ele propés, no IniCIO dos anos
uma ferramenta epidemiológica, como mais 60, o Malocclusion Seventy EstimalP (MSE) -
tarde fOI fenq por multas pesquisadores índice de EstimatIva de Severidade da
Quanto ao metodo da FDI/OMS, tem como Maloclusão, conSiderando sete medidas com
principal obJetivo a avaliação da prevalência base em seiS tIpoS de maloclusões Em 1966
de maloclusães e de .rregularidades dentánas, seu aluno Chester Summers (Summers, 1966),
estimando as necessidades de tratamento de proveniente da UnIVersldade de MlChlgan. con·
um grupo populacional. servindo de base ao clUIU sua tese de doutoramento propondo o
planejamento de serviços ortodôntlcos Em hOJe internacionalmente conhecido índice
seu formato atual. elaborado em 1997 (WHO, Odusal, que se baseia e é um refinamento do
1997), o metodo está descrito no subtítulo 5.2 MSE Summers (1971) ampliou para nove as
deste hvro. Como todos os métodos, apesar medidas e para sete os tipoS de maloclusões,
de ser um dos mais perfeitos, apresenta a limi- além de propor diferentes esquemas e for
tação evidente de que os números aos quais mas de avaliação para os diStintos estágIOS
chega não conseguem, por SI prôpnos, deflmr de desenvolvimento dentáriO, tais como a
as situações que requerem ou não tratamen- dentição decidua, a mista e a permanente
to. Esta, aliás, é uma das maiores limitações DepOIS disso, Grainger (1967) desenvolveu
Inerentes aos métodos qualitativos No caso do outro trabalho que culminOU no índice de PrI-
Indlce da OMS as necessidades de tratamento oridade de Tratamento. utilizando onze me-
ortodõntlCo são Julgadas subJetivamente, con- didas e sete tIpoS de maloclusões.
forme quatro categoflas: não necessarlo, duvl' Embora o fndlCe Oclusal tenha se Imposto
doso, necessiHlo e urgente. como o que apresenta menor dlstorçao, me-
Os m étodos quantitativos medem a se- lhor correi aCIonamento com os padrões clini·
veridade das maloclusões e as tentalNas de criá. cos e maior validade no tempo, ainda apresen·
los - nas décadas de 50 e 60 principalmente - ta limitações. A maior delas esta em que não
foram posteriores ao surgimento dos métodos conSIdera as sltuaçóes nas quaIs os primeiros
quahtatlvos. Os prinCipaiS autores envolVIdos, molares foram extraídos ou migraram Pare-
segundo Tang e Wei (1993), são: Massler e ce não haver, ainda, um índice de medição de
Frankel (1951), Vanklrk e Pennell (1959) com malodusões que seja universalmente aceito,
o índICe de Mau Ahnhamento, Draker (1960) mas o INTO, descnto a seguir, ganhou cres-
com o [ndlce de DeSVIO Vestibulollngual Debili- cente aceitação e é hOJe o mais utilizado
tante, Poulton e Aaronson (1961) com o [ndl-
ce Oclusal. Gralnger (1960-61) com o IndlCe 5 .5.3 índica da necessidades de
de Estimativa da Severidade da Malodusão, tratamento ortodôntico
Summers (1966) com o [ndlce Odusal. Gralnger
(1967) com o índice de priondade de Trata· Com o objetIVo de elencar as pessoas com
mento, Salzmann (1968) com o Registro de maiores POSSibilidades de obter benefíCIOS com
Avaliação de Maloclusães Debihtantes. um tratamento ortodõntlco, o fndex of Ortho-
Os primeiros estudiosos dos métodos quan- dontic Treatment Need (lOTN) ou índIce de
titativos avaliaram maloclusões apenas com Necessidades de Tratamento Ortodõntlco -
base em alguns poucos Itens escolhidos de INTO (Brook e Shaw. 1989) coloca os VartOS
maneira arbitrária, mas recentemente Itens problemas de malodusão em uma escala com-
mais cuidadosa e sistematicamente escolhidos binada com outra relatIVa a percepções de
foram medidos e registrados As melhores con- Inadequações estétIcas
tribUições neste campo foram dadas por O componente odontolôglco do INTO, ba-
Gralnger (1960-61), na UOIversidade de To- seado Originalmente no Swedish National
200 Saúde Bucal Coletiva

Quadro 5-16
Componente de saúde bucal do rndice de Necessidades de Tratamento Ortodôntico - INTO

G~u Crrtério diagnóstico

5 (Muito Severo:
Necessrta tnrtamento)
5,j Erupção de dentes ImposSIbilitada (exceto tercettos molares) devido a
apmhamento, deslocamento, presença de dentes supranumerarios, deciduos
relidos e qualquer causa patol6gt<a
5.h Ausênoa extensiva de dentes extglndo repoSIção (maIS de um dente perdido
em cada quadrante) e requerendo ortodontla prévia
s.• OvefJet maior que g mm
5.m O~qet reverso maior que 3,5 mm, acompanhado por dificuldades de
mastigação ou fala informadas pelo paciente
5.p Lâblo leponl'lO e fissura palatlna
s.• Dentes decíduos impactados

4 (Severo:
Necessita tratamento)
4.h Ausênoa menos extensIVa de dentes requerendo ortodonlla préVia ou
mantenedor de espaço para redUZir eXlgênoas de prótese
4.• O~fJet maior que 6 mm, mas menor que g mm
4.b O~f]et reverso maior que 3,5 mm, mas sem problemas mastlgatónos ou de
fala
4.m O~'1et reverso maior que 1 mm e menor que 3.5 mm, acompanhado por
problemas mastlgatórios ou de fala
4., Mordida auzada anterior ou posterior com mais de 2 mm de dlscrepãncla
entre as POSiÇõeS de contato (forçado para trás) e intercusPldes
4.1 Mordida auzada posterior lingual sem que haja contato oclusal em um ou
em ambos segmentos bucaiS
4.d Afastamento severo dos dentes, maior que 4 mm
4 .• Mordida aberta lateral ou antenor maIOr que 4 mm
4.1 Overbite aumentado ou completo com trauma gengival ou de palato
4., Dentes pardal mente erupClonados, ponteagudos e Impactados contra os
dentes adjacentes
4.x Presença de dentes supranumeranos

3 (Intermediário:
Tratamento Indicado

,.
segundo o caso)
O~rjet
labial
maior que 3,5 mm, mas menor ou igual a 6 mm, com Inaptidão

' .b O~rjet reverso maior que 1 mm e menor ou igual a 3,5 mm


,., Mordida auzada anterior ou post2rlor com discrepânCia maIOr que I mm e
mel'lOr ou igual a 2 mm, entre as posições de contato (forçado para trás)
e Interrusptdes
'.d Afastamento do ponto de contato dos dentes maior que 2 mm e menor ou
Igual a 4 mm
ldentlfKit'Jo de Problemas 201

COM. Quadro 5-16

3 .• Mordida aberta lateral ou antenor maJOr CfJi!! 2 rnm e menor OY Igual a


4mm
3.f O\.1!'rtHtt" profundo completo nos tecidos gengrval ou palatal. mas com
ausincia de trauma
2 (Leve: pequeno5
tratamentos)
2. I ~l'Jet maIOr que 3,5 mm e menor ou Igual a 6 mm com aptidão labial
2.b Ove'Jf!t ~rso maior que O mm e menor ou Igual a 1 mm
2.< Mordida auzada anterior ou postenor com dlscrepânaa menor ou igual a
1 mm entre as ~6es de contato (forçado para trás) e Intertúspldes
2.d Afastamento do ponto de contato dos dentes maJor que 1 mm li! mt'00f ou
Igual a 2 rnm
2.• Mordida aberta lateral ou anlenor maior que 1 mm e menor ou Igual a
2mm
2.1 (h.o(>~re maior ou Igual a 3,5 mm sem contato genglVal
2.• Oclusão pré-normal ou pós-normal sem outras anomalias (InclUI dlscrepãn-
<:ias de ate mela umdade)
1 (Nenhum)
I. Malodmão mUito pequena InclUindo afastamento do ponto de contato
inlenor a 1 mm

Foore Shaw (1997)

80ard (ar Health and Welfare 'ndex - Indice poderiam sItuar o Individuo num ponto maIs
para a Saúde e o Bem-estar da Administração elevado e pIor da escala, o que não ê aceito
NacIonal Sueca (lInder-Aronson, 1974), está pelo Indrce). A medição das alterações ê feIta
discriminado no quadro 5-16 e representa uma com uma régua apropriada
tentativa de síntese do conhecimento dispon~ O Aesthetk Componenr . Componente Es-
vel quanto aos efeItos negatIVos da malodusão téuco - do INTO é composto por uma escala
e das reaIs POSSibilidades de sucesso do trata- de dez pontos que utIliza uma sérte de foto-
mento ortodõntlCo (Shaw, 1997), Cada inade- grafias com as quaIs o paCIente se Identrfica e
quação oclusal ê definida e colocada em uma ê categorrzado conforme uma tabela apropna-
escala de cmco graduações separadas entre SI da de valores. O resultado fornece uma Indica-
da maneira mais clara possível. O índice parte ção das necessidades de tratamento do pa-
do pnncipio de que em particular os proble- ciente em função de seus comprometimentos
mas odusals têm especifiCIdades de localiza· estétICOS autopercebldos, permitIndo Infertr
ção na arcada dentária, sendo que as altera- neceSSidades de tratamento ortodõntrco do
ções mais severas servem de base para o trata· ponto de vista socropsrcol6gico (Shaw, 1997)
mento sugerldo_ As diversas alterações obser- No estudo báSICO que selVlU de referênCIa
vadas não podem ser somadas, de modo que para a validação do indlce (Brook: e Shaw.
variações menores da normalidade sâo ViStaS 1989), 1/3 das Ulanças de 11 e 12 anos exa-
pelo que realmente significam para o ponto minadas em uma escola da Inglaterra foram
em que estão localizadas (se fossem somadas categorizadas como pertencentes aos Graus 4
202 SaUde Bucal ColetIva

e 5 (situação severa e mUito severa com vistas Incluindo os médicos generahstas ou que exer·
ao tratamento necessârlo), 1/3 no Grau 3 e o cem outras especialidades. enfermeirOs, etc
restante 113 nos Graus 1 e 2 - agem como se problemas relaCionados à
dieta não lhes dissessem respeito. Uma das
5.6 Medição do consumo de razões para tais atitudes está na falta de In·
formação técnica suficientemente clara e aces-
açúcar e análise da dieta
sível que permita a cada profiSSional de saúde
o estado nutricIOnal de cada IndIVíduo e um efetuar um diagnóstico nutriCional e dietético
produto da relação entre o consumo alimen- bâsico, tomar as medidas Indicadas e encami-
tar e suas necessidades energéticas (Vascon- nhar aos especlahstas os casos que de fato
celos, 1995). MUitos dos males que afligem o exijam seus cuidados
gênero humano são causados ou estão dire- Neste tÓpiCO procura·se fornecer um arse-
tamente relacionados com a dieta, o que tem nal mínimo que pOSSibilite à equipe de saúde
originado a realização de um grande número bucal realizar uma análise de dieta em termos
de estudos epidemiológicos com o obJetIVO de IndiViduais ou coletiVOS. dlscuttndo Indlcaç.ões.
encontrar o pomo de equilrbno alimentar para vantagens e desvantagens dos diversos méto·
cada organismo e eVitar o desenvolvimento de dos dlsponivels para determinação do consu·
doenças (WHO. 1990; Gibson, 1990). mo alimentar.
e
Não fáCIl, entretanto, comprovar a relação Dada sua ImportãnCla como ponto de refe-
entre dieta e doenças Barrett-Connor (1991) rênCia para uma análise a respeito das condi·
ao procurar responder a pergunta "Como p0- ções nutriCiOnaiS, InclUI·se primeiro o indlce de
demos conhecer o que comemos?", lembra que Massa Corporal, que tem por base a relação
nenhum outro fator relacionado à saúde tem entre peso e altura
gerado uma preocupação tão unIVersal quanto ConSidera-se que a Ingestão de açucares
a dieta, pela simples razão de que todos comem. Simples - monossacarideos e dlssacarídeos -
Em um dos mais cuidadosos estudos desenvol- não deve ultrapassar 10% da energia total pro-
VIdos recentemente em nívellnternaoonal, peso veniente de alimentos e necessârla para o ar·
qUlsadores de dIVersos países europeus dedl- ganismo humano, o que corresponde a cerca
caram·se à validação de metodos de determI- de 20 I<g/ano ou um mâxlmo de 60 gldla (Vide
nação da dieta para tornar possível um conhe- Capo 14 e Tabs 14-3 e 144). Entre lS e 30%
Cimento mais preciSO sobre as relações entre da energia deve ser provenIente de gorduras.
dieta e cãncer (Kaal<s, 1997). 50 a 70% de carbOidratos complexos (amido,
São bem conhecidos os estudos - Vide, a fibras) e 10 a 1S% de proteínas.
respeito, o capitulo 14 - que ligam a ocorrên-
cia de canes dentaiS à Ingestão de açúcares
5.6.1 índice de massa corporal
simples (Szpunar et ai • 1995; Rugg-Gunn.
1993, Blrkhed el aI., 1989, Lachapelle et aI.,
Para analisar as condições de eqUilíbriO en·
1990) Contudo, e um fato quase sempre re-
tre peso e altura de cada Individuo, a medida
conheCIdo que mUitos profISsionais, em sua prá-
mais utlhzada é o índice de Massa Corporal -
tica odontológica dlána, atuam de forma Irre-
IMC (WHO. 1990; Keys et ai , 1972). Basta di·
levante ou simplesmente ignoram as condições
vidir o peso pelo quadrado da altura Supondo
nutrICionaiS de seus paCientes. concentrando-
um ,ndMduo com 1.70 m de altura e 60 kg
se no trabalho curativo e reabllltador ou, quan-
de peso, teremos·
do fazem prevenção, enfatizando de forma
quase absoluta o uso de fh.ior De maneira ge- a) 1,70 x 1,70 - 2,89;
raI. os não especialistas em nutrição - ai se b) 60 + 2.89 - 20,76 que é o IMC
Identificação de Problemas 103

Valores entre 19 e 25 podem ser consIde- uma semana É possível apenas coletar o que
rados como normais e saudaveis; entre 25,1 foi consumido ou obter rnformações mais com·
e 29 Indicam peso um pouco aCima do Ideal; pletas sobre quantidades, tipO de preparação,
além deste limite apontam níveis Inaceitavel- consistênCIa dos alimentos, etc. Dietas de uma
mente acima dos recomendados De acordo semana fornecem dados bastante preCISOS mas
com estudo referido pela Organização Mun- requerem lembranças também precisas que em
dial da Saúde (WHO, 1990), brasileiros adul- geral só estão presentes em pessoas de Vida
tos apresentam um IMC em torno de 22, com metódica (Nelson et aI., 1989). Períodos de dois
uma ingestão de gorduras que proporciona a tres dias podem ser satisfatôrios quando as
entre 35% e 40% da energia total. ao passo Informaç.ões são de boa qualidade (Hartman
que na Europa o IMC tem valores entre 25 e et aI., 1990; Freudenhelm, 1993).
26 associados a uma Ingestão de gorduras res- Inquéntos de 24 horas tem a vantagem de
ponsável por 40% da energia. Ocké et ai. reduzir erros devidos a imprecisão de memó-
(1997) encontraram, na população adulta ho- na, além de serem mais faceis de aplicar, eXigi-
landesa, índICes de 25,5 para homens com ida- rem menos tempo e contarem com maior acei-
de média de 43 anos e de 24,9 para mulhe- tação dos entrevistados. Contudo, não são re-
res com 49 anos em média. presentativos para medir o padrão dietétICO
indiViduai pois o dia analisado pode não refle-
5.6.2 Métodos de análise da tir a média de consumo habituai Para superar
dieta este problema, costuma·se obter várias dietas
de 24 horas durante um determinado tempo
Os métodos para estabelecimento do con- No caso da Investigação Prospectiva Eu-
sumo de alimentos em Individuas ou comunt- ropéIa em Cãncer e Nutrição - EPJC - (Kaaks.
dades estão divididos em quatro categorias prin- 1997, Kaaks et at., 1997; Ocké et aI., 1997),
Cipais: Inquéritos Recordatórios da Dieta; Diário conduzida Junto a um grande numero de pes-
de Consumo Alimentar; História Dietética e soas em varlos países inclUSIVe com o obJetiVO
Questionarias de FreqLiênoa de Consumo Ah- de testar a validade de métodos de estabele-
mentar De grande importânCia por sua precI- cimento de dietas, foi utilizado baSicamente
são ou pela possibilidade de aplicação em gran- um questionaria de freqüência alimentar Jun·
des grupos, temos ainda: Observação Direta e to com um Inquénto de 24 horas repetido a
Pesagem dos Alimentos; Método do Inventá- cada mês durante doze meses .
riO; Consumo baseado no Orçamento Familiar; Inquéritos de 24 horas são mUito úteis e
Análise Bioquímica; Tomada de Amostras de Ali- representativos quando aplicados a comunida-
mentos; Dlsponiblhdade Geral de Alimentos (lee- des ou grupos de pessoas, pOIS fornecem mê--
Han et aI.. 1989; Gibson, 1990; Willett, 1990: dias de ingestão coletiva confiáveis na medida
Barrett-Connor, 1991; Freudenhelm, 1993; Vas- em que se combinam casos de alterações even-
concelos, 1995; Kaaks, 1997). Cada método esta tuais e de alimentação usual.
explicitado de maneira resumida a segUIr. Para analises indiVIduaIS desenvolVidas em
consultório, caso uma maior precisão e repre-
Inquéritos recordatórios de dieta sentatividade se tornem desejáveis, em pnncí-
pio não mais que tres ou quatro dietas de 24
De amplo uso tanto em estudos populacio- horas são sufiCIentes, tomando-se o CUidado
nais quanto do exame da dieta individual, o de incluir dias distintos da semana (pode ser
inquérito recordatórro consiste na listagem dos feita ao longo de uma mesma semana, geral-
alimentos ingeridos durante um determinado mente em dIas Intercalados, ou durante alguns
período, em geral variável entre 24 horas e meses que podem ser seqüenciaIS ou não, mas
204 5aude Bucal CoktJ'4

em períodos de referência limitados a um se- abmentares do Individuo com base em um ~


mestre e a nâo mais de um ano para evttar r)odo flexivel de tempo que pode ser presente
possibilidades de alterações mUito pronunoa- Ou passado e referente a uma semana, um mês
das de hábitos dletétlcos)_ ou mesmo aos costumes usuais de ...ános anos
(Vasconcelos, 1995). Para um grupo como o
Ol'rio d. consumo alimantar constrtuldo por Infantes de um a três anos, a
história alimentar feita peMl orurglão-dentlsta
Ainda que possa envolver dIVersas técnicas ou por um dos componentes da eqUIpE' de saú
de obtenção. em geral neste metodo 05 IndIVi- de bucal das chamadas -dinlcas do bebê- tem
duas procuram Informar o conteúdo de suas como rotina a obtenção da htstóna do aleita-
dietas a medida em que comem. preenchen· mento materno, do desmame e suas razões,
do hvremente uma folha ou seguindo um for- tempo de mamada, padrào de uso de açuca-
mulano, de prefer~ncla logo após cada refe .. res, Introduçào de novos alimentos, hlstófla da
ção. t de emprego comum em consultóno mas dieta segUida atualmente, etc.
pode ser utilizado para diagnósticos e análises Pode-se utilizar um questionáno ou formu-
populacionais. làno com os alimentos. porções e ate mesmo
A duração depende da finalidade com que quanudades habituaiS, para que o IndIviduo
as Informações são requeridas, podendo 11m .. preencha de acordo com seus costumes, ou a
tar se a um dia, uma semana ou perdurar por dieta pode ser anotada e cochficada pelo pro-
maiS tempo E comum que se peça ao pacien- fiSSional durante uma entrevista Por vezes são
te para registrar regularmente o que ingere no utilizadas fotos e ilustrações sobre certos tipoS
Intervalo entre duas consultas. procedimento de alimentos para aUXIliar o paCiente a lem-
que costuma ser aceitável e apropflado para a brar-se com maIOr exaudao daquilo que de fato
prátICa odontológICa Para medir as quantida- tem Ingendo (Freudenhelm, 1993)
des consumidas devem ser seguidas medidas EntrevIStas com esta finalidade podem re-
caseiras padronizadas e de acordo com os hã- querer um tempo relatIVamente tongo e nem
bltos locais sempre disponível na prática de consultÓrtO
Quando ê possível obter esses dlártos a In- Os Individuas podem Incorrer em um tiPO de
tervalos regulares. como no caso de consultas erro distinto daqueles examinados no meto-
semestrais ou anuais. constrót-Se pouco a pou- do anterIOr AqUI, há a POSSibilidade de que
co um quadro bastante preciso sobre os costu- além de lapsos de meffiÓna terminem por re-
mes alimentares de um indIViduo ou mesmo latar. pelo menos em parte, aqUilo que conSI
de uma comunidade deram uma dieta Ideal ao Invés dos próprtos
O metodo está sUjeito a falhas de memó- padrões alimentares_
na. à redução da cooperação mormente quan- Com uma história dietética bem condUZida,
do vários dias sâo eXigidos, a prováveis altera- para crianças e adultos, consegue-se preCiosas
çoes da dieta ou dos registros porque ela está Informações dlagn6sticas em relação a dieta
sendo medida e observada e, ainda. aos níveis pregressa e atual. hábitos. práticas e tabus ai ..
educacional e de conscientização dos paaen- mentares, intolerânCia a alguns alimentos, re-
tes ou partICipantes do estudo. lações com a capaCidade mastlgatóna. histó-
ria do consumo de carbOIdratos preJudICiaIS
Hiatória dietética
Queationério da freqUinci. da
A anamnese ou história alimentar tem como conaumo alimentar
foco de Interesse o padrao alimentar normal
ou usual de cada um. sendo de emprego rotr Denominado também de método quanti-
neiro na área nutnclOnal ConSISte na obtenção tativO ou de consumo Orientado, difere do
de Informações relatIVas ao consumo e hábitos dláno de consumo alimentar por ser mais estru·
IdentIficação de Problemas 20S

turado, deliberadamente restrito, murtas ve- laboradores (1991) fez uso de um questIOná-
zes auto-admrmstrado. Os Individuas respon- riO com apenas 17 componentes para obter
dem a um questionário sobre a freqüência de um indice de consumo de gorduras e coles-
Ingestão de cada Item constante de uma lista terol em comumdades de brancos, negros e
de alimentos, sela no presente ou em algum hIspâniCOS reSidentes nos Estados Unidos
perfodo da vida passada listagens completas de alimentos considera-
A lista de alimentos pode variar de acordo dos para análise populacional nos países Indu·
com o Interesse de anãhse do profissional, sen- idos no EPIC - entre os quaIs Espanha e Itálta
do bastante apropriado para Investigações di- - podem ser encontrados na publicação bási-
recionadas ao consumo de alimentos que con- ca do estudo (Kaaks. 1997; Ocké et ai, 1997,
tenham carboidratos cariogênicos. EPIC Group of Spaln, 1997), cabendo enfatizar
Os estudos de Gladys Bloá e colaborado- que nesse caso o método fOI Implementado
res levaram à construção de hstas compactas em conjunto com o dliHlo de consumo de 24
de ahmentos (92 na versão onginal, depoiS re- horas para alcançar os melhores resultados
duzido a 62) que têm servIdo de referênCia Krrstal e colaboradores desenvolveram um
InternacIonal para a aplicação do método, uma Food Behavlour Checklist - FBC (lista de che-
vez que demonstrou sua capaCIdade de alcan- cagem para comportamentos alimentares)* -
çar resultados bastante similares aos obtidos com 19 questões ~slm ou não~ que é uma Sim·
em métodos mais aprofundados como a hlstô- pllficação do Inquénto recordatóno de 24 ho-
na dietética (Block et aI., 1990). ras adaptado ao exame de Ingestão de gor·
Em outras ãreas este é um Instrumento co- dura e fibras na dieta Neste caso o uso de um
mum de trabalho, por exemplo para análises checldist abreviado fOI conSIderado como um pro-
de consumo de vitaminas (Willett et aI., 1985; cedimento râpldo, de baIXO custo e apropriado
Borrud, 1989, Harlam, 1990), de carboidratos para a determinação da dieta ao nível de gru-
totais (WllIett et aI., , 988; Block, 1992, Boeing pos e comunidades (Krrstal et ai ., 1990).
et ai , 1997), etc. Os estudos nutricionais nor-
te-americanos, de base populacional -
Observaç'o direta e pesagem dos
National Health Interview Survey conheCIdos
elimentos
como NHANES (Harlan e Block, 1990) - ado-
tam um bloco de sessenta Itens para medir a De maior exatJdão que os demaIS, conSIste
freqüênCia de consumo. Estudo de Shea e co-
no minucIOSO regIstro das quantidades de ali-
mentos Incluidos em cada refeição. lanche ou
• O checkhst inclUI os segUintes alimentos para respos- ingestão eventual, por meio da pesagem dJre-
tas Hsrm ou não"' cereais (quentes ou fnO'.l); cereais ta de tudo que vaI ser consumido. Usa-se uma
com alto conteúdo de fibras (farelo de trigo, arroz, balança ou medidas caseIras (Vasconcelos,
aveia, etc.); lanches. bacon, lingÜiça ou chounço, lei< , 995). O Estudo NaCional da Despesa Familiar
te puro, com café ou c:hocoIate, leite segundo o tipo
- ENDEF - de 1974/1975 realizado pelo IBGE
(normal ou Integral, 2% ou 1"" de gordura, desnata-
do), uma ou mais porções de frutas frescas, salada em conjunto com o Instituto NaCIOnal de AIt·
verde; outros vegetaIS no almoço; outros vegetaIS na mentação e Nutrrção e apoio técniCO e finan·
lanta, molho em vegetais COZIdos; pão preto Integral ceiro do Instituto de Pesquisa Econõmrca Inte-
ou não, muffin (tipo de bolo de conv.;tenoa macia grada - IPEA (órgão da estrutura do MInistériO
ferto de farelo ou tngo Integral); mantetga ou marga. do PlaneJamento). lançou mão desta metodola.
nna no pão; alimentO'.l fettO'.l em óleo, como batata
gla para fornecer aquele que é reconheCido
frrta, galinha ou perxe fntos; cachorro quenle, salame
e outras carnes para lanche, hambúrguer, almônde- como o maIS amplo e detalhado Informe sobre
gas, tacos, bolos, tortas, pudins; sorvetes (Knstal et condições nutriCIonais dos brasrleftos (IBGE,
ai, 1990). 1978). Na casa de 55 mil fam~las um té<:",co
206 SaVde Bucal Coletiva

especIalmente treInado efetuou a pesagem de Consumo H.e.do no orçamento


cada alimento a ser consumIdo e dos seus re- familiar
siduos
De fato, 05 resíduos - comestíveIs como Este é o método hOje utilizado pelo IBGE e
restos de comida, perdas no preparo, coml~ pelo DIEESE em suas PesqUisaS de Orçamento
da deixada para os ammalS, ou não-comestí- Familiares (IBGE, 1991, 1997. DIEESE. 1996),
velS como cascas de ovo, ossos, etc. - consti- baseando-se na quantlflCaçâo dos produtos
tuem uma parte Importante do total de ali- adqumdos pela famnla e no seu preço, duran-
mentos introduzIdos em cada reSIdênCIa e te o período de uma semana Sendo uma mo-
devem ser descontados do peso Inloal Algu- dalidade indIreta de quantifIcação do consu·
mas tabelas de valor nutriCIOnal dos alimentos mo, está sUjeita ao mesmo tIpo de erro obser-
fornecem dados medIas sobre resíduos não vado no caso dos Inquéritos Recordatónos da
alimentares (Buss e Robertson, 1978), mas DIeta, conforme exposto aama
Quando realmente necessarlO estimatIVas de- O IBGE dlstnbw nos domlCnlOS seleoona-
vem ser feItas em relação a cada alimento de dos uma "caderneta de despesa coletIVa", na
fato consumido, a partIr dos valores constan- qual devem ser anotadas as despesas com ali
tes da tabela I deste livro, em anexo (pãg 529). mentos e bebidas, além de outros Itens (artl·
Um exemplo corrtqueiro ê o da banana, na gos de hIgiene pessoal, combustivels de uso
qual cerca de 40% do peso corresponde à doméSltCO, pequenas compras caseiras). O for
casca, que é um resíduo não- comestivel. Quan- mulário está reprodUZido na tabela 5.13, 10-
to aos resíduos comestiveis, sempre que não clulndo uma descrlçào de cada produto, quan·
houver VIabilidade de seguir a metodologia tldade, unIdade de medida, valor e 001 de
de pesagem do descarte adotada no ENDEF, compra Em se tratando de um estudo de base
estImativas de caráter geral Indicam que populaoonal, os produtos adqurndos no perio-
correspondem a cerca de 10% do total con- do de uma semana representam a medIa de
sumido (Buss e Robertson, 1978) consumo das fam~las, poIS enquanto algumas
É eVIdente a dIficuldade de adoção do me- estão formando estoques e nesta condição
todo de observação direta e pesagem pnnc;' fazem compras grandes, outras estão utlhzan-
palmente na prátICa odontológica, mesmo que do estoques de ahmentos eXistentes e fazem
restfito ao conjunto de alimentos de Interesse compras pequenas (IBGE, 1991). ComentáriOS
mais direto em relação âs doenças bucaiS. Não acerca dos resultados provenientes de nove
obstante, recomenda-se que nas pesqUisas ou Regiões Metropolitanas e duas outras capitais
nos estudos de caráter regional ou naCional em 1987 e 1996 são feItos no capitulo 14
desenvolVIdos pela área nutnoonal, a equipe
de odontologIa procure inclUIr dados de seu Análi.. bioqufmica
interesse .
A ingestão de nutrientes é comparada
Método do invendrio para efeItos de valtdação do método ou con·
flrmaçâo de diagnóstIco com a análise de seu
E uma SimplifICação do método antenor, conteúdo em amostras de sangue ou de flu!-
resumlndo·se na pesagem dos alimentos eXIs- dos corporaiS. Um exemplo é a análise da
tentes no domIciliO no pnmelro e no último excreção de flúor pela Urina, ou a compara
dIa do periodo em anáhse, regIstrando dIaria- ção entre nivelS de alfa tacolerol e de caro-
mente o peso de todo e qualquer novo ali- teno no plasma sangUíneo para checar a In-
mento que entre para o consumo famlhar (Vas- gesta de caroteno e de Vitamina A (lee-H an
concelos, 1995)_ et aI., 1989)
Idenflficaçlo de Problemas 207

Tabela 5.13
Caderneta de despesas coletiva para Informar consumo
dom ldliar de alimentos

Endereço : Perlodo Dia da Data N· de pessoas


semana no dom icílio
7 a 13-03-99 21 Feira 07.Q3·99

Descrição detalhada do produto Valor local de Compra
(quantidade, unidade de medida, nome) RS

2 pães Irancês (200 g) 0,30 Padana


200 9 de biscOIto salgado 2.41 Padana
1 litro de leite pasteunzado 0,53 Padana
1,3 kg de alcatra 5,70 Açougue
2 kg de figbdo bovino 4,88 Supermercado
2,8 kg de peIXe cOtvlna Inteiro 8,20 PeIKana
\ kg de sal refinado 0,65 Merceana
2 litros de relngemnte Coca-Cola
\,5 kg de maçã
3,00
2,10
."
Feira
1,6 kg de frango congelado 2,30 Supermercado
I refeIÇão pronta (600 g). 3,00 Restaurante
2 ma~os de couve (150 g)" 0,70 Feita
1,5 dllZla de laranja pêra (1 kg). 1,50 ~edot ambulante
1 pacote de 500g de espaguete 0,80 Padana
1 caixa de adoçan!e espartano (200 g) 3,50 Armarem
5 kg de açúcar refinado 2,60 Supermercado
1 vidro de café soluwl (250 g) 3,20 Padana
2 latas de 250 9 de leite condensado 2,20 Supermercado
2 latas de 250 9 de creme de leite 2,00 Supermercado
6 cremes dentaiS (90 9 cada) 4,40 FarmaClél
1 pote de geléia de ITIOfango (250 9) 1,80 Padaria
1 pacote de arroz (5 kg) 4,16 Supermercado
1 pacote de sucrilhos com açúcar (300 g) 2,75 Superm@fC3do
1 lata de achocolatado Nescau (500 g) 1,70 Supermercado
1 compota de pêssego (SOO g) 1,30 Merceana

Notas ') Anotar rleSta cad~t<l todM.U despesas com a~rnetllos e bebda~ 2) Na de5a'IÇAo de cad. produto escrella o seu
nome, a quanud~e e a unidade de medida J) O yalor é o total gaS"lo n.J compra do produto 4) O local de comJ)fa pode
ser supellnercado, padaria, QUlIilooa, vendedor ilmbulante. sacolio, etc. 5) FilÇiI SUilS anotaçOês i IéPlS, logo após as
ComPlilS, Pilli t!YItar esquectment05 6) Exemplos de unidades de medida e qwlograma (ltg), "tro, 9ratN (9) Porção, QUla,
unldilde Inlf!lra, pole, lata, mihhlfO, paco~, dúni, ~o, saco, 9ilrl'õllfa, sendo que para os J)fodUIOS marcados com aStenSCO,
espeohcar peso, se possiyeI, uma Y!l que s.6o unidades de medida com pesos vaniYets, 7) O.,.Uar pode ~ amai, refinado,
mai acIoçilntes artifICIaIS cIeYem ser anoUldos Indl'l'ldualmente, 8) Não esquecer, em partJr;uW, nenhum dos alimemo5 que
contenham açúcar, mesmo em pequena quantidade (' baJi,. P eJl.)
Fonte IBGE (lgg7)_
208 SaUde Bucal Coletiva

Tomada de amostras d. aUmentos dente no pais, chega-se ao consumo per caplta


para análise de cada produto. Em 1996, por exemplo, o
consumo médiO anual per caplta de açúcar no
EXistem três metologlas básicas de análise Brasil fOI de 59,2 kg, quase três vezes superIOr
nutriCional e dietética completa de uma ou mais à média mundial de 20,4 kg por pessoa
refeições com o obJetivo de realizar sua análi- Embora se trate de uma Importante medi
se laboratorial ou apenas verifICar com exati- da do valor global da produção de cada país e
dão seu conteúdo: seja de grande utilidade como mdlcador de
a) duplicação de tudo o que é servido ao Indi- mercado, não tem senSibilidade para avaliar
viduo, para análise e posterior comparação diferenças em termos regionaIS, por grupos de
com a Ingestão de nutrientes de acordo com renda. Idade, sexo ou qualquer outra caracte-
tabelas de alimentos Similares à constante rística especifica de pessoas ou estratos popu-
do Anexo I, laoonals
b) substitUição por uma refeição Similar, o que
e frequente em estudos nutriCionaiS real ..
5 .6 .3 Questionários
zados Junto a operarlos que costumam tra-
zer marmitas ou -quentinhas" de casa para
auto·administrados
consumir no trabalho; A hipótese de que as próprias pessoas, em
c) observação direta, discriminando e pesando suas casas ou quando VISitam um centro de
todos 05 alimentos antes do seu consumo, saúde ou um consultÓriO, possam fornecer -
enlregando-os ao indIViduo e depoiS pesan- sem a presença de um profiSSional ao seu lado
do OS resíduos para subtraí-Ios do total - mformações tecnicamente válidas sobre os
alimentos que Ingerem, abre um amplo cená·
Disponibilidade geral d. alimentos ou fiO de POSSibilidades em termos de dlagnóstl·
consumo per cspit8 nacional co de grupos populaCionaiS, tendo em VIsta as
faolldades de acesso e a óbvia redução de cus-
Originalmente cnadas pela FAO, as Folhas tos implícitas no método
de Balanço Alimentar - FBA - são Instrumen- Em particular para a área odontológica, na
tos mUito utilizados hOJe em dia para estabele- qual 05 Interesses maiores estão concentrados
cer a disponibilidade nacional e mundial dos nos aspectos gerais da dieta e na Ingestão de
seguintes grupos de alimentos: Açúcares; Car- carboidratos Simples, as vantagens da utiliza·
nes e derivados; Cereais e derIVados; Frutas; ção dos chamados questionáriOS auto-admlnls·
Gorduras e Óleos; Hortaliças; leite e derIVados, trados parecem ser ainda mais eVidentes
Ovos; Pescados; Raizes e tubérculos (Vascon- Um grande numero de trabalhos atesta a
celos, 1995). Viabilidade de obtenção de respostas adequa·
A dIsponibilidade de açúcar no Brasil é for- das sobre o própno consumo alimentar por esta
necida por órgãos governamentaIS da área e metodologia, sendo comum o emprego des-
pode ser comparada com informações SImila- sa estratêgla Junto a mães, que detalham a
res de outros países por meIO de dados comp'" dieta de seus filhos menores (Basch et aI. 1990:
lados pela Organização InternacIOnal do Açú- Steln et aI., 1991).
car e por InstitUições que trabalham com o mer- Um dos mais completos e precIsos estudos
cado do produto (ISO, 1996; lhe Czarnlkow, InternaCJonals relaCIonados à validação de mé-
1997). t calculada pelo total prodUZido no pais todos de investigação dietética - European
maiS o que é Importado e menos o que é ex- Prospective Inves tigatlon inca Cancer and
portado. Indiretamente, mede o consumo. O... Nurntion - EPIC: (Kaaks, 1997, Kaaks et aI.,
Vldindo-se o total obtido pela população resi- 1997; Ocké et aI., 1997) - optou pela aplica
Identificação de Problemas 209

ção de self.administered food frequency ques- tÓriO e/ou em estudos epidemiológicos Inte-
rtonnaires (questiona riOS auto-administrados ressados em explorar os aspectos nutriCIOnaiS
de freqüência de alimentação) devido ao gran· relaCionados a problemas odontológICOS.
de número de participantes, com resultados Para realizar um Inquérito recordatório de
finais satisfatórios. 24 horas. o formulário mostrado no quadro 5·
As Pesquisas de Orçamentos Familiares 17 pode ser utilizado com faCilidade dada a
desenvolvidas em nível nacional pelo IBGE sua simpliCidade de aplicação. Sua análise tan-
J (1991, 1997) e em nivellocal ou regional por to pode limitar-se a uma Visão ampla do que é
Instttulções como o D1EESE (1996) adotam este consumido de acordo com os grupos alimen·
tipO de questlonano, como se VIU no exemplo tares, quanto ganhar maior profundidade por
da tabela 5·13. Epreciso relacionar os allmen· meio da conversão dos alimentos em seus com-
tos que devem ser informados, uma vez que ponentes principais.
formulariaS em aberto (descrição livre do que Na primeira opção, basta anotar o número
comeu) estão mUito SUjeitos a omissões e não de porções Ingendas no dia para cada um dos
são adequados para esta metodologia. quatro grupos alimentares pnnClpals e campa·

r Como alternativa, as Informações podem


ser consegUidas por telefone. Posner et aI.
rar com os padrões recomendados por faixa
de Idade conforme se vê na parte mferlor do
(1982) compararam resultados de entrevistas quadro 5-17
feitas por este meio com os provenientes do Na segunda opção. é preCiso transformar
Estudo de Saúde e Nutrição dos Estados Un~ cada alimento em seus componentes principaiS
dos, conclUindo que dados dietétiCOS aceita- - calorias totaiS, proteínas. carboidratos, lipí-
vels podem ser obtidos por telefone, redUZin- diOS - conforme os dados constantes na tabe-
do de maneira significativa os custos tipicamen- la do Anexo I. Em seguida, observa·se se a diS-
te associados a outros métodos. A resultados tribuição percentual da ingesta está adequa-
t Similares chegaram, entre outros, Shea et aI.
(1991) com um questionaria resumido de 17
da (Vide Capo 14) e procura-se dar orienta-
ções ao paCiente no sentido de cOrrigir as
itens e Kristal et aI. (1 990). ObViamente, neste distorções eventualmente eXistentes. Como Já
caso hã um forte Viés no estudo, uma vez que foi referido. para alcançar uma maior preCi-
( as pessoas que não possuem telefone estão são, é aconselhável realizar mais de um inqué-
excluídas da amostra Uma poSSibilidade está rito de 24 horas ou obter a dieta consumida
em combinar este Instrumento com outras for- durante um período de três a sete dias.
mas de obtenção não direta de informações. Epossível restringir a coleta de mformações
dietéticas tão só â ingestão de açúcares em
suas variadas formas. Isto pode ser feito por
5_6_4 Métodos apropriados para meio de um inquérito direCionado de forma
uso em saúde bucal espeCial para os carboidratos simples, mas é
preferível trabalhar com o conjunto da dieta,
( A partir da bateria de métodos aquI nela sublinhando os ahmentos potenClalmen·
apresentados, cada profissional e cada servi- te preJudiCiaiS à dentição.
ço de saúde bucal deve escolher aquele ou O consumo de açúcar pode ser estudado
aqueles que melhor se coadunam com as ca- por meio do quadro 5-18 Originalmente pre-
racteristlCas dos pacientes e das comunidades posto por Nizel (1972) e adaptado por Pinto
I
que constituem sua clientela. Os comentários (1978), neste caso, com base em uma dieta de
e sugestões apresentados a seguir visam for- três dias. Na análise, parte-se do pressuposto
necer uma orientação prátJca em relação às de que a cada expoSição ao açücar haveria um
principais opções de análise de dieta em consul· período potenCial de 20 minutos de atividade
210 Saude Bucal Coletiva

Quadro 5-11
Inqué rito recordatório de dieta

Nome:
Data de nasclmento:---1---1__ Idade: Sexo:
Peso: k. Altura: <m Data:---1---1

Refeição Alimento ou Quantidade ObselVações


grupo alimentar (medida caseira) (hora. Ingredientes)

café da manhã
,,""'"
Almoço

,,""'"
Jantar
lancheI
outras Ingestões

Avaliação do consumo alimentar

Alimento gl ml caloria Proteina Lipldlo carboidfilto

Tolal
Requenmenlos
(Padrão teónco)
Diferença ... ou -
Fonfe Vasconcelos. 1995
Quadro 5018
Inge stão de alimentos açucarados durante três dias. segundo a forma e momento e m que
ocorre o ataque ãcido potencial

Forma Quando l i Dia 2' Dia 3' Dia Total de


do açuca r come I!lIposiçõe s
Na refeição v ,
liquido
Entre r@felÇôes v vv vvv
•,
Na refeIÇão v
Sólido
Entre refeIÇões vvv vv vv 7

TOlal Geral
PotenCial de produção de ácido
-- 15
x 20 minutos
Em cinco dias -
Dlanamente, em media
.. ...
...
-- 300 minutos
100 minutos
pré-<arlogêmca, ou seja, de ataque áCido e Questionários auto-apllcados de freqüên-
redução do pH cia alimentar devem fundamentar·se em uma
Uma listagem limitada de alimentos por ca- lista smtétlCa de alimentos com ênfase partlCU'
tegona deve estar ao alcance do profiSSIOnal ou lar 005 que contêm açucares, limitado a res-
pesqUIsador. Indulndo por ex, os seguintes ar· postas "SIm ou não" ou especIficando asquantJ-
tlgos i) alimentos líqUidos açucarados - sucos, dades ,"geridas Clientes podem preencher
refrigerantes não dietéticos, bebidas suaves o formulárto enquanto estão na sala de espe-
como licores, chá e café adoçados. medicamen- ra, ou podem levá·lo para casa devolvendo
tos adoçados (como xaropes para gnpe), lerte no dia ou na consulta seguinte Em uma co-
condensàdo, caldas doces, sorvetes; 11) alimen- mumdade, IStO pode ser feito durante uma reu--
tos retentlVOs - bolos, biSCOitos. pudins, geléias, nlão ou com dlstflbUlção dos formulárIOS nos
mel, frutas cnstahzadas, cereats com cobertura WxaIS de maior afluxo das pessoas ou de casa
de açucar, chocolates, pirulitos, balas Anotar em casa A partI( das Informações coletadas,
como Ingestão a Unidade correspondente a cada deflne-se um programa de educação em saúde
produto, como uma bala. uma xícara de café, voltado para a formação de hábitos saudáveIS e
um cafezinho. uma fatia médIa de bolo. para a correção das distorções diagnosticadas
No exemplo, há uma elevada exposição ao No caso de paCIentes de consultórIO. even-
ataque áCido, com média diária de cem minu- tuais dÚVidas podem ser esclarecidas por meio
tos. Compete ao profiSSional Informar ao pa- de contato pessoal com o Informante. enquan-
Ciente que nessas condições será difícil ou Im- to que nos estudos coletIVOS a tendenoa é de
possivel evitar novas cáries, estando IndICada que ocorra uma compensação entre sub e suo
em espeCial a redução no consumo de açúca- pennformação de maneira que se possa alcan-
res sólidos entre as refeições. Alem diSSO, cabe çar uma média confiável sobre os padrões de
comentar a qualidade dos produtos Ingeridos, consumo alimentar do grupo populaaonal exa
hxando maior atenção naqueles que por sua minado.
conSistência pega/asa têm faCilidade em ade- O modelo apresentado no quadro 5-19 fOI
fi( aos dentes. adaptado a partir dos questlOnânos utilizados
Diários de consumo alimentar e Histórias no estudo nutriCIOnal europeu EPIC (Katsouya-
dietéticas podem ser de utlhdade quando o- ° nnl et aI., 1997, Oc~ et ai, 1997), de estudos
rurglão-dentlsta considerar necessâno um co- de Shaw (1975) e Rugg-Gunn (1993) e das .n-
nheCimento mais aprofundado ou detalhado formações da última PesqUisa de Orçamentos
em relação aos padrões alimentares de seus Familiares (POF) do IBGE (1997). conSiderando
paCIentes Isso ocorre, por exemplo, em casos uma maior especIfICaÇão para açúcares SImples.
de resposta Insatisfatória à fluorterapla e dift- Pode ser aplicado por um proftssKmal VIa entre-
culdade em modificar hábitos alimentares que VISta pessoal ou por telefone e, ainda, pelo pr~
vêm de longa data pno Individuo desde que receba Instruções oraiS
Questionários de freqüência alimentar re- ou por escrrto apropriadas A analise é Similar à
presentam uma das mais apropnadas alterna· referida para o quadro S--lB Para a alimenta-
IIvas disponíveiS para utilização na prátICa ção geral. um enfoque analítICO baseado nos gru-
odontológica de consultÓriO ou de saúde pú. pos alimentares principais e aceltavel ..
bllca. AdemaiS da aplicação dtreta pelo profis-
SIOnal ou por um dos componentes da eqUipe • Os quatro grandes grupos ahmentarH ntão ~Ifl­
de saúde bucal por meio de uma entrevIsta cados a segw, com o núme'O d" potÇÕH d.ãnas QUE'
dletetlCa, cabe considerar como uma POSSlbllt- ~ ser Ing~as respK1lvamente por Um.1 cnan-

dade válida, acessível têc.nlca e financeiramen- ça, um ~nte médiO e um adullo entre paren-
teses: a) pão e cereais (3 a 4 - 3 a 4 - 2); b) carne (2 -
te, a adoção de Questionários auto-aplica- 2 - 2); frutas e vegetais (4 - 5.6 - 4), d) ~ e CefealS
dos (4-Sa6-4)
212 Saüde Bucal CoIerilla

Quadro 5019
Questionãrio compacto de freqüência alimentar auto-aplicável ou para entrevista por
.
p rofissional com enfase no controte d e aU m entos com açúcar·

Alimento·· café lanche Almoço Lanche Janta Outras


M anhã Tarde Refeições

Açúcar refinado/
mascavo
Agua mmeral
Arroz
Batata doce
Batata fnta
Batata ou tros
preparos
Bebida alcoõlica
Beterraba
Bolacha doce
Bolacha sal
e,,,
.d.
Caldo de cana
Caramelo/balas
carne com aordura
Carne magra
Chá
Chiclete com açucar
Chiclete sem açucar
Chocolate
Doce de leite/
ambroSla
Doce em calda
(compotas)
Dropes
Feijão
Frutas
Frutas cristalizadas
Galinha
Gelatina doce
Gelela

• Ni5lnill~r
o numero de do!>eS ou medidas lISual5 Por ex.. 1 kÍcara café. 1 colher de açucaro , brle mêdlO. 2 porçóes de
~erduras.
2 hambúrgueres. , sorvete, 3 fatias de pizza
• * Os produtos estão em ordem alfabética. mas podem !ler reunidos pelo us.o comum DOr refelçáo café. leIte. pão.
manteiga, geléia, etc. e depoiS arroz. lel/ilIo. carne. etc-
Idenrrficação de Problemas 213

Cont. Quadro 5-19

Alimento·" cal' lanche Almo<;o lanche Janta Outras


Ma nhã Tarde Refeiçées

Hambúrguer/san-
duích~ com carne

Iogurte com açúcar

Iogurte natural
Lanches com açúcar
Lanches diverws
sem açucar
leite
leite condensado,
creme de leite
Maionese
Manteiga/marganna
Massas f'spaguf'te, etc.
Mel abelha/Karo
Outros legum~

0""'
Pão doce
Pão francês
Pâo integral
Pão preto
Peixe (indUi camarão, etc.)
PIrulito
Pizza
Porca
Presunto, bacOM,
salame, mortadela
Pudim
QueiJo
Refngerantes: Coca-Cala
e outros nâo-dletetlcos
Refngerante dietetlco
Sanduíche sem carne
50",
Sorvele
Suco com açúcar
Suco sem açúcar
Sucrilhos
Torta/bolo
Vf'rduras
214 SaUde Bucal Coletiva

Para estudos de consumo baseados no or- vos do açúcar nâo sâo neutros para o organIS-
çamento familiar devem ser utihzados os da- mo humano, devendo ser submebdos a restri-
dos das P.O.F. (I BGE 199 1, 1997), do DIEESE ções no que se refere à quantidade em Que sâo
(1996) ou de fontes locais Similares Quanto a ingeridos. Alguns deles podem conter contra-
disponibilidade de açúcar per capita no Bra- indicações para certas pessoas, como é o caso
Sil, ver o capitulo 14 dos portadores de fenl1cetonúrla - mal con·
gênlto e raro que se caracteriza pela ausênCia
5 .6.5 Inges tão aceitável de de uma enzima que metaboliza a fenilalanlna -
adoç antes um aminoãcido presente no aspartame,
Em função desses problemas, fOI estabe-
Os produtos considerados como subs'tltutl- lecida pelo Codex Alimentarlus, organismo

Tabela 5--14
Ingestão d iária aceitável (IDA), poder adoçante e caracteristicas próprias de
seis adoçantes selecionados

Ad~ante IDA' IDA para pessoa Poder Procedência e


com 60 kg adoçante l caracterlstlcas

Sacarina ',5 210mg 200-700 Produto artlfioal (.lodo sulfamoll-bermxo), não é


cariogênica nem merabolizada pelo organtsmo Em
geral associada ao ciclamato por ter gosto amargo
residual
Ctdamato 11,0 660"", .., Art:IflOal (ãodo ctdo-hexano sulfãrmco) Sem gos-
to, nao é canogénlco nem metabohzado pelo 01'
ganismo Na forma sóchca é pretudloal a
hlpertensos
Acessul- 15,0 900mg 181).200 ArtIficial (polâssio). Pode Ir ao fogo e ser adiclona-
fame--I< do a enlatados e produtos Jacteos, poiS não e
metabohzado nem modificado por altas tempera
turas ou ambientes .lodos. ~ multo doce no come-
ço da degustação, mas o sabor doce logo
desaparece
EsteYlosideo 5,5 '00"", '00 Natural (SteYla rebaudlana, planta nativa brasllet-
ra). atolOCO ao orgarusmo, tem gosto amargo de
ervas quando Ingendo
Asparlame 40,0 2.400 mg 200 Ar1Ifioal (ácido aspartlco e amlnoãodo fenila-
Lanlna), ê o que tem sabor mais parecido com O
açúcar Dlssolve-se na água mas perde sua doçura
sob aftas temperaturas. Tem valor cal6nco despre-
zivel, ê totalmente metabolizado pelo orgamsmo
e pode ser consumido por diabéticos e hiperlensos.
mas não por femlcetonllflcos e graVldas
Frutose - - ',5 Natural (frutas e mel). ~ canogêrnca, útil só para
diabéticos Uso comum em bolos, biscOitos, sucos

Notas. I • lf19Mtio [)sirla! Ao!rtãveI, 2 - OIwltas -.eles ~ ma~ eM! o ~wr


fome Adoç<lntes, 1998
IdentlrlCação de Problemas 215

hgado ã ONU que em nível internacional re- tolôglcos no Desempenho Dlano (IODO), tra-
gulamenta o uso de alimentos, uma medida tando-se aqui de apresentar aos leitores um
denominada de Ingestão Diária Aceitável conjunto de medidas alternativas ou comple-
- IDA, que estabelece a quantidade de cada mentares originárias deste mOVImento mova-
adoçante que pode ser consumida por dia dor que cada vez mais caractenza a odontolo-
com segurança para a saúde Individuai (Ado- gia em nível InternaCional.
çantes, 1998). Uma multiplicidade de Indicadores tem Sido
O valor da IDA e a quantidade máxima acei- proposta neste campo, buscando em geral for-
tavel para uma pessoa de 60 kg junto a outras necer uma perspectiva sOClocultura!-econôml-
Informações específicas, considerando seis ca aos problemas de saúde bucal ou então se
adoçantes selecionados, está na tabela 5-14_ limitando a examinar a funcionalidade da den-
Para calcular a dose segura de cada um, deve- tição, como é o caso do Index of Chewing Abl-
se multiplicar o valor constante da tabela pelo My (lCA) índice de Capacidade Mastlgatóna
peso IndividuaI. Como exemplo, a quantidade de leake (1990). Pode-se refem, entre outros:
maxlma de aspartame admissível seria de 60 Oral Hea/th-Re/ated Ouality af Life Measure
kg x 40 mg .. 2.400 mg ou 2,4 g. Para ultra- (OHOOL) - Mediçào da Saúde Bucal Relacio-
passar tal hmlte seria preCiso tomar 48 latas de nada ã Qualidade de Vida, de KresSln (1997);
"Dlet Pepst". Já em relação ao Clclamato (60 The Dental/mpact Profile (D/P) - Perfil do Im-
kg x 11,0 .. 660 mg) e à sacarina (60 kg x 3,5 pacto Odontológico, de Strauss (1997), The
-- 210 mg) seriam necessárias respectivamen- Sociallmpacts of Dental Disease (SIDO) - Im-
te apenas 9,8 e 3,8 latas do mesmo refrige- pactos Sociais das Doenças BucaIS, de Cushlng,
rante. Sheiham e Maizels (1986); The Sickness Impact
Profile (SIP) Perfil dos Impactos das Doenças
(Gilson et aI., 1975; Relsine, 1997); The Gena-
tric Oral Health Assessment Index (GOHAI) -
5 .7 Saúde bucal e qualidada indice de DetermInação da Saúde Bucal Geriá-
de vida: novas trica, de Atchlson e Dolan (1990), The Dental
perspectivas Impact on Daily Living (DIDL) - Impactos
OdontológiCOS na Vida Olaria, de leào e
Cada vez mais se torna eVidente a Iimlta- Shelham (1995); lhe Shortened Dental Arch
çào das praticas dãssicas de medição dos pro- (SOA) - Arco Dentário Encurtado, de Elias e
blemas odontológicos e das resultantes indica- Sheiham (1998). Uma análise global sobre este
ções de tratamento. índices como o CPO ou o sistema de novos indICadores pode ser encon-
IPe conSideram apenas as dimensões cllmcas, trada em Slade (1997).
dependentes do diagnóstico profissional, da A pesquisadora brasileira Ana leão de--
cãrle dental e das doenças peflodontais. No senvolveu um IOdlcador socloodontológlco
entanto, problemas fundamentais como o denomlOado de Dental Impacts on Da/ly
edentuhsmo, por exemplo, possuem fortes Living (DIDL), ou Impactos OdontológICOS na
raízes sociais e econômicas e só podem ser Vida Diaria, com o objetivo de comparar as
suficientemente compreendidos e explicados conseqüências PSICossociais relacionadas â
quando seus portadores são OUVidos e quan- qualidade de Vida com o status em termos de
do os autodlagnóstlcos e opiniões destas pes- saúde bucal de um Indrvíduo ou de uma comu-
soas sào tomados em consideração. nidade (leão, 1993; leào e Sherham, 1995)
Este tema e discutido em profundidade por O questionáriO aborda CIOCO características
Aubrey Sheiham no capitulo 6, Incluindo uma ou drmensões báSicas, relaCionadas â aparên-
CUidadosa análise do índice de Impactos Odon- Cia, dor, conforto, performance geral e res-
216 Saúde Bucal Coletiva

tnções alimentares, com um total de 36 Itens 5 .7 . 1 índice de capacidade


ou questões, que podem ser ampliadas para mastigatória
42,45 ou 47 Itens no caso de pessoas porta-
doras, respectivamente, de prótese parcial, Proposto orlgmalmente por Leake (1 990).
prótese total, e parCIal e total combinadas. o indlce de CapaCidade Mastlgatórta constitUI
O resultado final varia entre valores -1 quan- uma interessante tentativa de avaliar as condi·
do o Impacto é negativo, O se ê neutro e +1 ções de saúde dental segundo uma de suas
no caso de ser pOSitiVO. mais Importantes funções, que é a de permitir
Slade e Spencer (1994) propuseram o Oral uma adequada mastigação dos alimentos. Tem
Health Impact Profile (OHIP) - Perfil do Impac- sido usado de modo isolado ou como um com·
to da Saúde Bucal, fundamentado num questio- ponente de outras medidas de saúde bucal re-
náriO composto por 49 questões (cada uma laCionadas à Qualidade de Vida
pOSSUI um peso específiCO) que exige, segun- De micio, os pesqUisadores estavam mais
do os autores, não mais que '7 minutos para concentrados na analise da capacidade mas·
ser preenchido por um entrevistador sufiCien- tigatôria de portadores de próteses (Kapur
temente tremado, ou mais tempo quando é et aI., 1964; Manly e Vmton. 1951), utilizan-
auto-administrado. Considera sete escalas do nos testes ahmentos de textura riglda como
comportamenlals, abordando . limitações fun- amendoim, coco, cenoura (Bourdages, 1989).
CionaiS, dor fisica. desconforto pSicológiCO, in· Leake construIU seu indlce com base na ln-
capaCidade fíSIca. mcapacldade pSicológica, formação autoforneClda em relação à capaCi-
Incapacidade SOCIal e defiCiênCia. Uma versão dade de mastigar o mais dificil de um conJun·
compacta do OHIP, com 14 questões chegou to de nove alimentos báSICOS. Uma escala de
a ser desenvolvida (Slade, 1997). "O" a "5" fOI montada a partir da pergunta
O Index af Chewing Abiliry, o GOHAI e o "Pode mastigar ou morder os segUintes allmen·
Arco DentáriO Encurtado, por suas especiflcl' tos?" . A tabela 5-15 lista os tipOS de ahmen-
dades e particular releváncla são detalhados tos, o escore conferido a cada um e o resulta·
na sequênCla do obtido no estudo baslco conduzido Junto

Tabela 5· 15
lndi ce de capacidad e mastigatória segundo seus componentes e respectivos esco res

Alimento s mais difíc eis Escores Percentual de


de mast igar respostas

Cenoura crua ou pedaços de aipo 3 5.2% podem mastigar tudo, exceto carne e maçã
Salada crua ou salada de espinafre , 3,9% podem mastigar tudo, exceto cenoura e
",po cru, carne e maçã
Bife. costeleta ou carne sólida 4 11,6% podem mastigar carne mas não maçã
ErVilha. cenoura ou feijão verde/amarelo COZido 0,9% só podem mastigar vegetais COZIdos
Maçã Inteira com casca, sem cortâ-Ia 5 77% podem mastJgar maçá
Nenhum dos alimentos aCima O 1,7 % não podem mastigar nada

Fome leake (1990)


IdentIficação de Problemas 217

a um grupo de Idosos residentes em East York, adaptada ãs condições quanto a padrões cul-
OntáriofCanadá, turais e aos hábitos alimentares típICOS de cada
Os testes estatistlcos levados a efeito mos- região onde o estudo for reahzado.
traram uma reprodutlbilidade da ordem de
97% e uma maior chance de não mastigar ade- 5.7.2 índice de saúde bucal para
quadamente, medida pelo oddHatio ou Ra- uso em geriatria
zão de RISCO (vide subtítulo 5.1), para as pes-
soas com ausênCia de pares opostos de mola- O GOHAI (Geriatn'c Oral Health Assessment
res naturais. fndex) ou índice de Determinação da Saúde
O própno autor reconhece que a escolha Bucal Geriátrica. de Atchlson e Dolan (1990)
dos alimentos reflete a realidade usualmente fOI desenhado com a Intenção de proporcio-
encontrada em paises como o Canadá e os Es- nar uma avaliação ampla das condlções de sau-
tados Unidos e outros da Europa, devendo ser de bucal de pessoas Idosas, num formato que

Quadro 5-20
Perguntas que compõem o índice de determinação da saúde bucal geriátrica (GOHAI),
escores respectivos e total. para Indivíduos com dentes e edêntulos

Pergunta Dêntulos Edêntulos


-Quão Seguido Voce-:

• limita o tlpO ou a quantidade de ahmentos que come devido a problemas


com seus dentes ou próteses? 0,52 0,89
• Tem problemas mordendo ou mastigando alimentos como carne sóhda
ou maçã? 0,70 1,81
FOl capaz de engohr confortavelmente J 4,70 4,66
• Seus dentes ou prótese (s) o Impediram de falar da maneIra como queria} 0,26 0,45
FOI CC1paz de comer qualquer COisa sem sentir desconforto? 3,92 3,23
• limitou seus contatos com outras pessoas devido às condições de seus
dentes ou pr6te5es1 O,OS 0,25
SentIu-se contente ou feliz com o aspecto de seus den tes ou próteses? 3,48 3,54
• Usou medicamentos para aliviar dor ou desconforto relatiVOS à boca 7 0,31 0,44
• Preocupou-se ou leVe CUidados com seus dentes, gengivas ou próteses? 0,74 0,80
, SentIU-SE" nervoso ou tomou conscienaa de problemas com seus dentes,
gengivas ou próteses? 0,44 0,69
• Sentiu desconforto ao alimentar-se em frente a outras pessoas deVIdo a
problemas com seus dentes ou próteses? 0,25 0,52
• Teve senSibilidade nos dentes ou gengivas ao contato com calor, friO
ou doce5? 0,71 0,30

GOHA' (desvio padrã o) 53,1 (7.6) 50.6(8.9)

'Contagem Inversa em relação a nota mál(lma que é 5 Por exemplo, 0,52 eqUivale a 5 - 0,51 .. 4,48 O GOHA/tolat e a soma
dos três Itens medidos diretamente (12,10) (om os neM! Itens medidos lmersamet'lte (40,99), no ta!.O dO!. dentulos
Fonte Atchl!iOn, 1997
218 SaUde Bucal CoIerwa

permitisse sua utilização tanto em estudos epl" dlções. sempre (valor "I"), segUIdamente
demlolôglcos quanto na prática dímca diária ("2"), às vezes ("3"), raramente ("4") ou nun·
Para efeitos do desenvolvimento do GOHAt, ca ("S"). Os escores correspondentes às res-
saúde bucal fOI definida como sendo a ausên· postas de todos são somadas e em segUida
cla de dor e Infecção. conSistindo em uma den· diVididas pelo total." O fndice ê o resultado
tição confortável e funcional (natural ou da soma simples dos escores anotados, numa
protétlCêl) que permita ao Individuo exercer seu escala de 12 a 60, sendo que o maior escore
papel social (Dolan, 1997). final indica a mais favoravel auto-tnforma·
Os 12 Itens que compõem o índice en~ ção a respeito da saúde bucal , ou sela, 60
vem a anâhse de Informações proporaonadas corresponde a "ótimo" e 12 a "muito rUim"
pelos paaentes quanto ã Influência que seus pro· Para obter o indlce global, as perguntas assI-
blemas de saúde bucal têm em relação a três naladas com um asterisco são computadas 10-
funções bâsicas: (a) fiSlca, Indulndo alimenta- versamente, ao passo que as demaIS são lidas
ção, fala e deglutição, (b) psicológica, direto.
compreendendo preocupação ou cUidado com Alguns pesqUisadores têm prefendo utlll·
a própria saúde bucal, Insatisfação com a apa- zar apenas três categorias de respostas - sem·
rência, autoconsciênCla relatIVa â saúde bucal pre. às vezes, nunca - ao Invés das CInco ar ...
e o fato de eVitar contatos SOCiais deVido a glnais, o que não altera a substância do indl·
problemas odontológICos; (c) dor ou descon- ce, Uma ve2 que os resultados alcançados com
forto, conSiderando o uso de medicamentos a aplicação do GOHAI são satisfatóriOS em
para alIViar estas sensações, desde que prove- outros tIpoS de populações, inclUindo grupos
mentes da boca. de baixa renda e Jovens:, AtchlSon (1997) pro-
As pessoas entrevistadas devem responder pôs uma mudança de denomtnação com ma·
se experimentaram qualquer dos 12 problemas nutenção da SIgla ongtnal, tntttulando-o Ge-
relacionados no quadro 5·20, ao longo dos úf. neral Ora' Heafrh Assessment Index, (indice de
tlmos três meses, em uma das seguintes con· Determtnação de Saúde Bucal Geral).

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• Como exemplo. tomemoi dOIS COI'lJUnlM de QUatro OUt!StiONnos apllc.olldos No COflJ\Jnto W,," "s resoosUls diKIas li uma
determinada pe!"9unt" COO'esponderarn às noUlS ou ~t!S 3, 2. 2 e 4, com lOtai 11 que dMdIdo por 4 rHUlta I\f rM<ha
2.75 No COIlIunto "b", as r!SQ05tM ~m aos t!SCOfe5 O, 0, I, 2, com 101al] QI.It! dIVIdido por 4 Pt!SWM d. 0,75
identIficação de PrcbIemas 219

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