Você está na página 1de 392

J. J.

BENITEZ

O OVNI DE BELÉM

Tradução de ELIZABETH SOARES

EDITORA RECORD

1993

Meu agradecimento especial aos médicos Antônio

Hermosilla Molina (Sevilha), José Maria Genis Gálvez (Sevilha), Manuel


Molina (Granada), Manuel Vitoria (Bilbao) e Juan Ignacio Otazua
(Algorta).

Também me ajudaram com seus conselhos, informação e

incentivo: Manuel Audije, capitão de submarinos

(Cartagena); Vicente Pérez Ballester (Madri); Suk Joo Chung; J. O. Cardús,


diretor do Observatório do Ebro; J. M. Igartua (teólogo); Arsenio Álvarez,
catedrático de latim

(Portugalete); Ana Benitez; Manuel Osuna, mestre da

investigação ufológica de campo (Umbrete); Isaac Benadiba, rabino da


comunidade judaica de Ceuta; Ignacio Mendieta, sacerdote (Areta, Llodio)
e Raquel Forniés, minha mulher.

Aos "heterodoxos", sempre mais escassos que os ortodoxos (graças a Deus).

Sumário

CAPÍTULO I.......................................... 13 Os fatos são sagrados; os


comentários, livres. — Os "anjos" da Bíblia partiram realmente? — Quem
me "puxa"? —
Quanto mais investigo, menos sei. — Certamente

continuarei "batalhando" com os teólogos e hipercríticos. — Uma coisa


posso jurar.

CAPÍTULO II..................................... 18 Castanuelo: os bons "serviços" de


Ramón Munoz. — Juanito dos Prados: o calcanhar-de-aquiles de muitos
cientistas. — 1972: a paralisação de Juan e seu rebanho. — Algeciras: o
relógio não voltou a funcionar. — Gallarta: paralisado na sacada. — França:
a discussão dos extraterrenos. — Esteban Penate não esquecerá aqueles
pacotes de cigarros. — "Todos tinham seus rostos voltados para cima." —
Mas será que os "anjos" viajam em OVNIS? — Sete hipóteses que podem
espantar o leitor.

CAPÍTULO III.................................... 34

Deus podia mesmo sentir atração sexual? — As formosas filhas dos homens
e de como os anjos tampouco deviam "ser de pedra". — Os exegetas
católicos procuram escamotear o problema. — Até os estudiosos das
escrituras admitem: "Falta algo no Gênesis." — A estranha "aventura" dos
duzentos "veladores". — Os eloístas de fato só queriam fazer amor? —
Alguns exemplos de agressões sexuais no século
XX. — Três americanas a bordo de um OVNI. — O que acontece quando o
"raptado" é um homem?—Uma formosa extraterrena entrou nua no recinto.
— "Notei que ela não me beijou uma única vez." — Nem todos são
"piratas" do espaço.

CAPÍTULO IV.................................... 99 Jacó, aliás, "Israel", deparou com


um "acampamento" dos eloístas. — Como o esperto neto de Abraão envia
na frente todos os seus parentes. — Um "anjo" em baixa forma? — Jacó
recebeu um autêntico golpe de judô. — Certamente, os

"folclóricos" comentaristas católicos não estão de acordo. — Somos mais


perigosos que o patriarca e seu povo. — Não dispare contra os OVNIS:
pode acabar cego... ou morto. — Alerta de combate na base espanhola de
Talavera la Real. — Inácio de Souza partiu para o outro mundo acreditando
que havia assassinado um extraterreno.

CAPÍTULO V....................................... 131 Saulo também foi cegado por


um OVNI. — Os

comentaristas bíblicos não se arriscam com o apóstolo de Tarso. — O


"despiste" de Lucas. — Estaria Jesus de Nazaré no interior da nave que
cegou Saulo? — Tudo foi uma

"manobra" para "captar" o fogoso Saulo. — Sodoma: segundo os exegetas


católicos, a "cegueira foi uma ilusão de ótica".

CAPÍTULO VI........................................ 139 Os eloístas não eram


"futurólogos". — A "chave": vivem mais do que nós. — Abraão não
acreditava. — Era o

patriarca de Ur um "bronco", como insinuam alguns

exegetas? — Os "astronautas" o deixaram às escuras. — As trevas também


caíram um belo dia sobre a granja de El Bizco. — Enquanto os egípcios
sofriam densas trevas, os judeus desfrutavam de "luz". — Os "peritos" da
igreja preferem as tempestades de areia. "O pacto da carne", ou um novo
passo para minha excomunhão. — Aos "braseiros
fumegantes" e às "tochas ardentes" nós hoje chamamos de foo-fighters. El
Palmar: um "luzeiro" no alto da cabana. — Logrono: uma "bola luminosa"
fã de rádio. — Eu tenho um amigo ousado. — Cádiz: uma "chama" debaixo
da cama. CAPÍTULO VII....................................... 172 Meu profundo
respeito ao Espírito Santo continua. — Os "astronautas de Jeová",
transmissores da força do Espírito. — Basta olhar Melecio no rosto para se
saber que é honrado. — Outro sinal "familiar" na investigação OVNI: o
"vento impetuoso". — O coração me diz que foram foo-fighters as "línguas
de fogo" que desceram sobre os apóstolos no Pentecostes. — É uma pena
que Lucas não indagasse um pouco mais fora da casa!

CAPÍTULO VIII...................................... 182 Sinai: "Não ultrapassem, zona


proibida." — Como os "anjos" tomavam precauções. — O mais numeroso
avistamento

OVNI: 600 mil testemunhas. — O "rolo" de Zacarias. — Colômbia: 0,8


milirroentgens após a aterrissagem de um OVNI. — Segundo os
comentaristas bíblicos, "sou um lugar proibido para mim mesmo". — E se o
maciço do Sinai emitisse ainda "aguilhoadas" radioativas?

CAPÍTULO IX........................................ 190 "Cortina de fumaça" contra os


curiosos. — Um banco de "névoa seca" na Estremadura. — Um trator
atolado e outra
nave envolta em névoa no vale de Los Garabatos. —

Poderiam ter ficado vestígios das naves de Jeová nas rochas graníticas do
Sinai? — Uma "nuvem" luminosa sobre o rio Sena. — Também em
Fuentesaúco foram vistos os "rolos voadores" de Zacarias. — Em
conseqüência, Deus agora precisa "ocultar-se" dos olhares impuros.

CAPÍTULO X........................................ 204 Os "carros e rodas de fogo"


tomam a iniciativa no Antigo Testamento. — Meu profeta favorito. — Elias
devia estar com muita pressa para perder um manto. — O caso do

bezerro "voador". — Para os exegetas católicos, o profeta teve um


"transporte extático". — Na verdade, onde vai Elias? — Onde Jesus de
Nazaré atribui valor ao assunto e afirma que Elias é João Batista. — Apesar
das palavras de Cristo, "sua" Igreja nega a reencarnação. — A "saga" dos

"arrebatados". — Enoque: outro que não voltou. — Trajes espaciais para


Isaías. — Só conseguiram levantar Baruque uns metros. — O "rapto" de
Filipe, ou como os "astronautas" matam dois coelhos com uma só cajadada.
— Fry, o cientista cético que viu a "árvore do Paraíso". — "Seqüestro" no
rali internacional da América do Sul: setenta quilômetros entre as nuvens.

CAPÍTULO XI........................................ 243 Ferozes ataques de alguns


teólogos e exegetas contra Ezequiel. — Eu fico do lado do profeta. — Dez
hipóteses "oficiais" tentam explicar a "visão" de Ezequiel. — Quem está na
Idade da Pedra: os selvagens da Polinésia ou muitos dos nossos
comentaristas bíblicos?

CAPÍTULO XII....................................... 253 Em Pozo Gutiérrez também


viram a "roda" de Ezequiel. — Os maníacos tentam disfarçar Deus a todo
custo, mesmo que seja de "roda com olhos". — Os exegetas classificarão de
"esquizofrênico catatônico" o mestre-de-obras que viu uma "roda com
olhos" em Alicante? — Para que fazermos

rodeios? O caso de Ezequiel no rio Cobar foi um "contato de terceiro grau".


CAPÍTULO XIII...................................... 260 Um engenheiro da NASA
reconstrói a nave de Ezequiel. — Blumrich: sim, mas não. — Um
misterioso "aperitivo" antes de penetrar na nave. — Joe trocou um jarro de
água por quatro "bolachas" extraterrenas. — Teria Ezequiel sofrido os
efeitos da gravidade? — Jesus também falou de "carros luminosos".

CAPÍTULO XIV...................................... 276 Um pequeno segredo: eu


acredito nos Reis Magos. — Os evangelhos apócrifos informam mais e
melhor sobre a "estrela" de Belém. — Herodes ofereceu um diadema ao
Menino. — Quase todos concordam: os Magos eram persas. — Onde está o
"testamento de Adão"? — A viagem até Belém pode ter durado de três a
cinco meses. — Esdras já percorrera o caminho seguido pelos Magos. —
Houve uma troca de "estrela" na chegada a Jerusalém? — Santa Maria de
Ágreda também "viu" a "estrela". — Hoje os homens não acreditam em
OVNIS, mas penduram uma "estrela" na

árvore de Natal. — Onde, finalmente, "esvazio" meu

coração.
Numa aprazível e ensolarada manhã de dezembro de 1972, Juan González
Domínguez, perto da remota aldeia de

Castanuelo, em Huelva, viveu o acontecimento mais

estranho de todos que ocorreram em seus 42 anos de vida. Por volta do


meio-dia, quando se aproximava com seu

rebanho de cabras da estrada distrital que desce de Aracena, exatamente no


rumo de Castanuelo, uma forte explosão forçou-o a levantar o rosto. Um
objeto desconhecido, que parecia uma geladeira, brilhante sob o sol, pousou
sobre o asfalto, à pequena distância do desconcertado pastor. Como
conseqüência da súbita aparição do artefato, tanto a cadela quanto o
rebanho que seguiam à frente de Juan e estavam a ponto de entoar na
estrada, se viraram, espantados. Mas este giro fulminante foi o único
movimento que puderam

articular. Uma força invisível e poderosa os havia

imobilizado. E o mesmo sucedeu com Juan González.

Enquanto aquela máquina permaneceu no solo, o grupo

ficou "congelado", conservando as mesmas posturas que mantinham no


momento da paralisação.

O pastor — que naqueles momentos levava um saco com

uns quarenta quilos de frutas — estava consciente do que ocorria. Via,


ouvia, sentia, mas não podia se mover. Nem sequer lhe foi possível esboçar
um leve sorriso ante as "ridículas posturas em que haviam ficado sua cadela
e as cabras..."

Só após dois ou três minutos, quando o objeto se elevou, deixando atrás de


si uma espessa fumaça branca, Juan González Domínguez e os animais
recobraram a capacidade de movimento.

Capítulo 1
Os fatos são sagrados; os comentários, livres. — Os "anjos" da Bíblia
partiram realmente? — Quem me "puxa"? —

Quanto mais investigo, menos sei. — Certamente

continuarei "batalhando" com os teólogos e hipercríticos. — Uma coisa


posso jurar.

Decidi abordar o pretenso estudo quando investigava este caso de OVNI. A


"paralisação" do pastor de Castanuelo e de todo o seu rebanho me trouxe à
memória outro "caso"

registrado dois mil anos atrás e que eu havia conhecido através dos
chamados Evangelhos Apócrifos. Refiro-me ao acontecimento não menos
singular descrito no capítulo XVIII do Proto-Evangelho de São Tiago, no
qual o próprio José nos conta como, ao sair da cova onde Maria acabara de
se refugiar para dar à luz, tudo ao seu redor sofreu uma alteração quase
mágica. A passagem em questão diz

textualmente:

1. E, encontrando uma cova, coloquei-a lá dentro e, tendo deixado os filhos


com ela — refere-se a Maria —, fui buscar uma parteira hebréia na região
de Belém.

2. E eu, José, tentei andar, mas não podia avançar; e ao elevar meus olhos
para o espaço, pareceu-me como se o ar estivesse estremecido de assombro;
e quando fixei minha vista no Armamento, encontrei-o estático, tal como
estavam imóveis os pássaros do céu; e ao dirigir meu olhar para trás, vi um
recipiente no solo e uns trabalhadores deitados em atitude de comer, com
suas mãos na vasilha. Mas os que
simulavam mastigar na realidade não o faziam; e os que pareciam estar em
atitude de pegar a comida, tampouco a tiravam do prato; e finalmente, os
que pareciam introduzir o alimento na boca não o faziam, uma vez que
todos tinham os rostos voltados para o alto.

"Também havia umas ovelhas sendo tocadas, mas não davam um passo,
estavam paradas, e o pastor ergueu a mão direita para bater nelas com o
cajado, mas ficou com a mão

suspensa no ar. E ao dirigir minha visão até a correnteza do rio, vi como uns
cabritinhos punham os focinhos na água, mas não bebiam. Em resumo,
todas as coisas foram

paralisadas num momento do seu curso normal."

Há anos, praticamente desde que meus arquivos de OVNIS começaram a


crescer com certa seriedade, uma idéia — não sei se a chamo de intuição,
sentimento ou pura dedução — foi crescendo dentro de mim: muitos dos
casos que

investigo através do mundo — tanto de encontros com

OVNIS quanto com seus tripulantes — são muito parecidos, às vezes


"calcados", em determinadas passagens da Bíblia. Sei que em nenhum dos
textos que formam o Antigo e Novo

Testamento, e nem dos chamados Evangelhos Apócrifos,

jamais se fala de "OVNIS" ou "naves espaciais". Estes, claro, são conceitos


modernos. Contudo, as descrições dos "anjos", da "glória de Jeová" e do
próprio Deus, que se repetem centenas de vezes nas Sagradas Escrituras, me
recordam, quase sem querer, os relatos e testemunhos atuais sobre "objetos
voadores não-identificados", ou sobre os seres que os conduzem.

E antes de começar a expor algumas dessas curiosas

"coincidências", devo advertir o leitor — tal como sempre faço nos


trabalhos que beiram ou penetram a delicada
temática da fé ou dos princípios religiosos — que também no presente
relato "os fatos são sagrados, e os comentários, livres".

Portanto, que ninguém veja qualquer dogma no que não

passam de apreciações pessoais, sujeitas, naturalmente, a erros e a uma total


carga de subjetivismo. Não é minha intenção — não me cansarei de repetir
— diminuir ou

debilitar a fé ou as reservas espirituais de ninguém. Pelo contrário. Os que


me conhecem um pouco sabem que sou

um incansável garimpeiro da Verdade. E se me decidi a

escrever sobre este assunto é porque, conforme passam os anos, minha


convicção fica mais sólida: estou certo de que aqueles "anjos" que visitaram
a Terra há quatro mil e dois mil anos, e sobre os quais a Bíblia nos dá inteira
razão, são os mesmos que hoje continuam cruzando nossos céus e os

quais a incipiente ciência chamada ufologia classifica como "seres


extraterrestres". Uns astronautas que, definitivamente, precisam de veículos
espaciais para se deslocarem e cuja natureza — pelo menos em muitos dos
casos que investiguei — pode ser igual ou muito parecida com a humana.
Isto

muito menos exclui a existência de outros "anjos" cuja natureza seja


puramente energética e que, é lógico, aceito. Como admito da mesma forma
o fato objetivo da existência de outros "astronautas" extraterrenos, também
tripulantes dos populares OVNIS, que nada têm a ver com esses "anjos-
astronautas-missionários", se me permitem a expressão. Resumindo: em
minha opinião, e sempre baseando-me em

milhares de investigações, os "pilotos" dos OVNIS poderiam ser divididos


em duas grandes categorias: de um lado,

aqueles que chegam à Terra em missões puramente


científicas ou exploratórias. De outro, os que podem estar trabalhando em
"missões especiais", ou "divinas", ou

"superiores", sempre a serviço da Suprema Força ou Deus e


que, repito, foram conhecidos outrora como "anjos" ou

"enviados".

Alguns — especialmente os incrédulos — poderão se

perguntar, com todo o direito, por que me lancei nesta escorregadia


"aventura". O que posso achar?

Existe uma única razão (pelo menos assim acredito). "Algo" ou "alguém"—
tampouco poderia definir com exatidão —

parece puxar por mim há anos. E esses "puxões", sutis como o nascimento
ou a morte de um pensamento, terminam

colocando-me sempre diante das mais desconcertantes e

belas empreitadas. Por exemplo: seguir incansavelmente o "rastro" dos


OVNIS; mergulhar na mitologia e nas lendas de todos os povos; abrir a
Bíblia e percorrê-la com "novos olhos", à luz do século XX e das
investigações dos OVNIS... Esta — sei muito bem — foi somente uma
nova tentativa, uma nova aproximação, prelúdio de outros "puxões" mais
espetaculares e profundos. Sei disso muito bem... Sei que esse "alguém" me
prepara para outros "trabalhos" mais

árduos, e que muito em breve meu coração sobrevoará de novo as Sagradas


Escrituras...

Estas palavras podem parecer pretensiosas. Não é minha intenção. Bem


sabe Deus que não entendo por que me vejo envolvido em "aventuras"
como as de O Enviado* ou Os

Astronautas de Jeová, rondando sempre em torno da figura de Jesus de


Nazaré ou de seus "anjos", aos quais não me envergonho de chamar de
"astronautas". Será que descobri Cristo aos meus 33 anos? Será que só
busco a verdade, como tantos e tantos?...
Do que tenho certeza é que nessa busca incansável surge uma infinidade de
armadilhas e inimigos; nascem

incompreensões e até ódios, e qualquer um se sente

enfraquecer na mais ácida das solidões: a do próprio coração. Por isso,


pouco a pouco, vou me retraindo. Por isso, muito lentamente, vou fechando
minha boca e dou a palavra a

meus sentimentos. Quanto mais investigo — já o disse

muitas vezes —, menos sei. Quanto mais me aprofundo no mistério dos


"não-identificados" ou do cosmo, mais indigno e pequeno apareço diante de
mim mesmo... Mas, para meu grande pesar, devo continuar "na luta", pondo
ao alcance dos homens de boa vontade tudo quanto eu possa averiguar e
investigar em meu novo trabalho. Por isso, quase não me afetam as críticas,
as trapaças ou os insultos. Por isso continuarei me digladiando — no mais
pacífico dos sentidos — com os teólogos, estudiosos das escrituras e
exegetas ou comentaristas bíblicos. Sei, compreendo e respeito suas
interpretações e critérios, e só lhes peço em troca que façam o mesmo com
minhas teorias. No fundo, nem eles nem eu

podemos provar quem está mais perto da Verdade. O que

desejo, como já disse e assino embaixo, é que vejam ou julguem meus


escritos como "conseqüentes com minhas

próprias investigações". Entendo perfeitamente que estes homens, entregues


de corpo e alma—como eu na minha

área — ao estudo da Bíblia não aceitam e até percam as estribeiras diante


de propostas como as que apresento neste livro. Portanto não é de espantar
que eles não acreditem, investiguem ou se informem sobre o fenômeno dos
mal

denominados OVNIS. Mas este justo desejo, tal e como


estão as coisas, não parece próximo ou fácil... Estamos, pois, diante de um
círculo vicioso: os teólogos, exegetas e

cientistas em geral — sempre salvaguardando as honrosas exceções — não


crêem nos OVNIS porque não os

investigam. E não os investigam porque não crêem...

Como sair então desse beco sem saída? Sinceramente, não sei. Por isso, a
única coisa que me ocorre é rogar aos
especialistas bíblicos que, se não podem ou não querem sair em campo e
investigar tal fenômeno, que sejam

benevolentes com esta "possibilidade". Uma "possibilidade", ou "teoria", ou


"certeza" — segundo os casos e indivíduos — que, longe de nublar a
divindade de Jesus ou de suas obras e planos, os engrandece e ilumina com
mais força ainda. Se diante de mim se desenhasse a menor suspeita de que
meus escritos, investigações e opiniões pudessem apequenar ou macular a
fé das pessoas em Cristo ou na Grande Força, nenhum de meus livros veria
a luz. Isso eu posso jurar. Mas passemos aos fatos. Ao longo das próximas
páginas, o leitor poderá observar e deduzir como muitas das fotografias e
relatos atuais sobre OVNIS ou sobre seus tripulantes encerram um
desconcertante "paralelismo" com outros

eventos que a Bíblia nos mostra. Esta espantosa realidade — como também
terá adivinhado o leitor — conduz, quase inevitavelmente, a uma torrente
de dúvidas e interrogações. Uma "torrente" — posso garantir por
experiência pessoal — límpida e sem "redemoinhos", da qual sempre se sai

enriquecido.

Mas deixemos para o final algumas dessas perguntas... Capítulo II

Castanuelo: os bons "serviços" de Ramón Muñoz. - Juanito dos Prados: o


calcanhar-de-aquiles de muitos cientistas. — 1972: a paralisação de Juan e
seu rebanho. — Algeciras: o relógio não voltou a funcionar. — Gallarta:
paralisado na sacada. — França: a discussão dos extraterrenos. —Esteban
Peñale não esquecerá aqueles pacotes de cigarros. — "Todos tinham seus
rostos voltados para cima." — Mas será que os "anjos" viajam em OVNIS?
— Sete hipóteses que podem espantar o leitor.

Voltando a Castañuelo, creio que se não fosse pelos bons serviços de


Ramón Muñoz, vizinho da paradisíaca aldeia e amigo de meu bom amigo e
mestre Manuel Osuma, o caso

da "paralisação de Juan González Domínguez e seu rebanho" possivelmente


teria caído no esquecimento. Estou há muitos anos na investigação de
campo e percorri quase um milhão de quilômetros atrás dos OVNIS, e
sempre me "fascinou" esta maneira tão casual de inteirar-me destes
encontros. Por mais antigo que seja o caso, e por mais remota e esquecida
que possa parecer a povoação, sempre surge uma "pista", uma família ou
um conhecido de outro conhecido da

testemunha, que terminam por me informar. Assim

aconteceu com Castañuelo.

Jamais passou pela cabeça de Juan González que "aquilo" que lhe ocorreu
em Los Barrancos, em dezembro de 1972,

pudesse ter o menor interesse para outras pessoas. Só comentou o fato com
sua família e com o punhado de

amigos que dão vida a esta escondida aldeia de Sierra Morena. O incidente
teria morrido aí, se não morasse em Castañuelo o bom Ramón Muñoz,
homem de espírito

inquieto, que não tardou em comunicar o fato ao

investigador sevilhano Manuel Osuma. Esta preocupação de Juanito dos


Prados, como é conhecido familiarmente em Castañuelo, diz muito em
favor da autenticidade do caso. Juan é um homem pleno, com uma saúde
invejável e, como quase todo camponês, sem o menor assomo de
"imaginação ou fantasia febricitante". Juan viveu ou "sofreu" — segundo a
ótica — um fato físico e concreto, e nas duas oportunidades em que o visitei
nunca notei a menor contradição.

Acostumado como está em viver nos bosques e montanhas de Huelva,


Juanito desfruta de uma qualidade que nós, os
homens das grandes cidades, bem gostaríamos de possuir: uma excelente
capacidade de observação. Ao contrário do que afirmam alguns cientistas
de fancaria, mais preocupados, diante das câmeras e microfones da TV, com
o que poderão pensar seus colegas de universidade ou de "poltrona", são
precisamente estes humildes agricultores, marinheiros ou pastores, aqueles
que podem oferecer aos investigadores sérios os testemunhos mais sinceros
e repletos de detalhes. Claro que para mim é muito mais rico e digno de
crédito o depoimento de um pescador — capaz de distinguir a

embarcação de um companheiro a milhas de distância —

que o de um cidadão de qualquer metrópole, talvez mais preparado


intelectualmente, porém por demais, atrofiado e intoxicado.

Mas vamos aos detalhes da singular paralisia:

— Você diz, Juan, que naquela manhã de dezembro de 1972 estava


atravessando uma zona de pinheiros e eucaliptos, tocando o rebanho. O que
aconteceu?

— Bem, eu conduzia um rebanho de cabras. Tinha colhido frutas numa


fazenda que arrendei. Por volta do meio-dia, segui com a carga nas costas
até um local que chamamos Los Barrancos. As cabras tinham se
aproximado da estrada e fui até elas, para impedir que atravessassem. De
repente, ouvi uma explosão e vi aquilo... Foi visto e não visto. As cabras e a
cadela se viraram para mim e assim ficaram.

— Sem se moverem?

— Sim, completamente imóveis. E comigo aconteceu o

mesmo. Nem eu nem os animais podíamos dar um passo

sequer. E mais, eu nem sequer sentia o peso das frutas que levava às costas.

— Quanto pesava a carga?

— Mais ou menos quarenta quilos.


— Quantas cabras conduzia?

— Umas vinte ou vinte e cinco. Não lembro bem...

— E todas ficaram imóveis?

— Inclusive a cadela.

Em minha imediata visita ao local da ocorrência, sempre em companhia de


Juanito dos Prados, este me mostrou, "sobre o terreno", o ponto exato em
que ficou "congelado" pelo

OVNI. Tratava-se de um pequeno fundo de vale entre dois montes


coalhados de pinheiros e eucaliptos, pelo qual corre parte da estrada
distrital. Segundo meus cálculos, a

testemunha se achava a uns cinqüenta metros do ponto

onde desceu o objeto. O rebanho, por seu turno, se

espalhava ao longo desta meia centena de metros. Algumas das cabras,


inclusive, foram surpreendidas pelo fenômeno quando caminhavam à beira
do asfalto.

— Aquela situação — prosseguiu Juan — durou dois ou três minutos.


Esgotado este tempo, a coisa soltou outra explosão e se levantou, deixando
atrás de si uma cortina de fumaça branca.

Juan me confessou que as posturas dos animais durante a paralisia —


especialmente de sua cadela — provocaram-lhe uma irresistível vontade de
rir.

— Você precisava ter visto!...

— Asseguro-lhe que ficaria encantado.

— A cadela estava com uma pata levantada e as cabras em posições


realmente ridículas.
— Viraram-se todas para você?

— Quase todas. Isso me permitiu observá-las muito tempo. Mas, mesmo


morrendo de vontade, eu tampouco conseguia

rir.

— Você via e ouvia?

— Sim, claro. Já lhe disse que ouvi as duas explosões.


— Como era o artefato?

— Quadrado. Parecia de alumínio. Creio que dois homens não o abarcavam


com os braços abertos. Vi quatro patas curtas... de uns trinta ou quarenta
centímetros. Quanto à altura, talvez atingisse dois metros.

Diante de minha insistência, Juan pegou um lápis e traçou em meu "diário


de bordo" um desenho rudimentar, mas

prático o suficiente para dar-me uma idéia da forma da nave. Uma vez
concluído o esboço, Juanito dos Prados arrematou sua obra com um
comentário definitivo:

— Parecia uma geladeira..., mas com um farol vermelho muito forte na


parte superior e outras duas luzes menores nos costados.

— Levava algum emblema ou bandeira?

— Não. A chapa brilhava muito, como se fosse aço

inoxidável, mas não vi bandeiras. O que tinha eram duas janelas dos lados e
um pouco acima das luzinhas brancas. — Conseguiu ver alguém no
interior?

— Também não.

A testemunha, é lógico, não pôde descobrir como era a parte traseira do


OVNI pela simples razão de que se achava imobilizada.

— E de imediato, como dizia, escutei outra explosão e o "bicho" subiu e


desapareceu no céu.

— Como foi esse ruído?

— Assim como se você desse uma pancada numa chapa.

Juan ficou em dúvida e reforçou o exemplo com outra


comparação:

— Foi parecido com o ruído que faz a porta de um

caminhão quando batida com força.

— Decolou antes ou depois da explosão?

— Ao mesmo tempo. E deixou uma fumaça branca muito

espessa.

— Lembra se a cadela chegou a latir?

— Enquanto esteve parada, não. Depois, sim.

— Depois que recobraram os movimentos, até onde

seguiram as cabras?

— Voltaram de novo à estrada

O pastor venceu então os metros que o separavam do ponto onde havia


aparecido o OVNI e permaneceu algum tempo na estrada, tentando
localizar alguma marca ou relevo. Mas foi inútil. A estranha máquina só
havia deixado atrás de si uma espessa esteira de fumaça branca e,
certamente, um bom susto no ânimo da vizinha Castañuelo.

Algeciras: O Relógio Não Voltou a Funcionar

Por certo, este não é o único caso de paralisia da testemunha diante de um


OVNI. Em meu livro Os Astronautas de Jeová exponho outros três casos
igualmente eloqüentes: o de um piloto civil espanhol, Antônio Manzano,
imobilizado

enquanto caçava na zona denominada El Cobre, nas

proximidades de Algeciras. Diante de Manzano, e em plena noite, apareceu


um disco muito luminoso, aterrissando num vale.
— Eu levava uma lanterna na mão — explicou-me — e, de súbito, ao subir
um morro, observei no vale seguinte uma espécie de disco de grande
luminosidade. Eu me achava a curta distância do objeto e tratei de avançar
até ele. Mas me foi impossível. Aquela "coisa" tão chamativa me havia
paralisado. Podia sentir e ver, mas meus músculos não reagiam. Não podia
avançar nem retroceder...

"Recordo que havia alguém a poucos passos do disco.

Pareceu-me um homem, porém mais alto que o normal.


Pelo menos uns dois metros. Estava de costas para mim e parecia examinar
algum detalhe do objeto. Trajava uma espécie de macacão metalizado, uma
vestimenta de uma só peça.

"Em poucos segundos começou a caminhar até a nave.

Inclinou-se e o vi entrar por debaixo do disco. Depois não o vi mais. Então,


o OVNI mudou de cor, subiu lentamente e, a poucos metros da terra, voltou
a estabilizar-se. Diante do meu assombro, aquilo se afastou a uma
velocidade

endemoninhada. Desapareceu no horizonte em menos de

cinco segundos! Então recuperei os movimentos, mas minha lanterna, que


havia se apagado quando me acerquei do disco, não funcionou. E o mesmo
ocorreu com meu relógio de

pulso...

Gallarta: Paralisado na Sacada

Em 1978, um modesto marceneiro-armador, residente no

bairro de La Florida, na localidade biscainha de Gallarta, viveu também


uma situação similar à de Juanito dos Prados e à relatada pelo piloto civil.
Juan Sillero foi despertado uma noite por um potente zumbido. Chegou à
sacada de sua casa e ficou aterrorizado. Diante dele, a curta distância, havia
um enorme disco de uns cinqüenta metros de diâmetro, que

brilhava como ele jamais vira em sua vida.

— O aparelho — contou-me numa das múltiplas entrevistas que tive com


ele — parecia estar em dificuldades. Estava imóvel e numa posição muito
forçada. Em vez de ficar na horizontal, o disco se posicionara "de lado".
Tinha grandes "patas" ou tubos, que quase quebraram o meu telhado.

Quando quis reagir, me vi garroteado. Não podia me mover! Quando


perguntei a Sillero se aquela súbita paralisia podia ser creditada ao medo, o
marceneiro respondeu que não, que aquela reação perdurou unicamente até
que o objeto se perdeu muito lentamente por trás de um pinheiral que

sombreia a casa de Juan Sillero.

— Eu me assustei — acrescentou —, mas não foi esta a.

única razão de minha imobilidade. Aquele aparelho, estou certo, era o que
me impedia de sequer gritar.

França: A Discussão dos Extraterrenos

O terceiro caso de paralisia total ocorreu em 1º. de julho de 1965, num


campo de alfazema perto da localidade francesa de Valensole, na região
alpina de Haute-Provence.

A testemunha foi um agricultor de seus quarenta anos. Mais um camponês


incapaz de inventar uma história tão

complicada como aquela...

— Naquela manhã eu estava num campo de alfazema de

minha propriedade. Estava trabalhando nas fainas de

escórdio, e por volta das seis da manhã, enquanto fazia uma pausa no
trabalho, escutei um silvo breve. Não vi nada e pensei que talvez algum dos
helicópteros da Força Aérea tivesse tido problemas, aterrissando nas
proximidades. "Eu me dirigi rapidamente até o lugar de onde havia

procedido o ruído e, ao deixar para trás um monturo de pedras que me


tapava a visão, observei, a uns cem metros, um objeto raro, pousado num
dos campos de alfazema.

Aquilo me indignou.

"Apressei o passo, mas, conforme avançava até o suposto helicóptero,


compreendi que 'aquilo' não era um
helicóptero. Era como uma bola de rúgbi, do tamanho

aproximado de um automóvel Dauphine.

"Que estranho, pensei, mas continuei caminhando. Junto ao


'ovo' havia dois homens. Melhor dizendo, dois 'meninos'. Essa foi a
primeira impressão que tive, enquanto me

acercava. Mas o que fazem dois meninos em meu campo de alfazema e


junto a um aparelho tão raro?

"E dei-me conta de que não poderiam ser meninos.

O camponês se aproximou uns dez metros. Segundo suas próprias palavras,


os dois seres estavam ligeiramente agachados. Um de costas e o outro de
frente. O proprietário do campo assegura que ambos olhavam — e com
grande

curiosidade — uma das plantas de alfazema.

— Quando cheguei a uns oito ou dez metros — prosseguiu a testemunha


—, o indivíduo que estava de frente me viu. Os dois se ergueram. E o que
estivera de costas para mim ergueu a mão direita e me mostrou o que me
pareceu então um objeto pequeno. A partir deste momento, não pude me
mover. Fiquei garroteado. E o pior é que me dava conta de tudo: via, sentia,
escutava...

"Aquele ser colocou rapidamente o objeto numa cartucheira que levava no


cinto e eles ali ficaram, diante de mim, como se discutissem. Então
examinei-os bem: eram homenzinhos de pouco mais de um metro de altura.
Suas cabeças eram grandes e desproporcionais em relação ao resto do
corpo. Vestiam um macacão azul-escuro, e nos flancos levavam objetos
semelhantes a estojos, o da direita mais volumoso que o da esquerda.

"Tinham a pele lisa e de uma tonalidade muito similar à dos europeus. Não
tinham pálpebras, e seus olhos eram como os nossos. As bocas, por outro
lado, não passavam de um simples buraco redondo. Não tinham barba, e as
cabeças eram totalmente calvas. Pareciam sair diretamente dos ombros, sem
qualquer pescoço.

"O resto do corpo era normal: braços, pernas etc. Durante algum tempo
aqueles dois seres falaram entre si, mas como se
discutissem. Emitiam um som gutural e ininteligível para mim.

"Curiosamente, ainda que não pudesse mexer sequer a

cabeça, não senti medo. Aqueles dois seres infundiam uma grande
tranqüilidade.

"Depois, ao cabo de alguns minutos, subiram agilmente no aparelho.


Primeiro com auxílio da mão direita, depois com ambas. Uma vez no
interior, uma porta corrediça se fechou de cima a baixo, como se fosse a
porta de uma escrivaninha. A bola de rúgbi tinha em sua parte superior uma
cúpula transparente, algo assim como plexiglas. E ali surgiram de novo os
dois seres.

"Eu continuava imóvel. De súbito, aquele aparelho, que teria dois metros de
altura, emitiu um ruído surdo. Elevou-se cerca de um metro sobre o solo e
começou a desaparecer na direção das colinas. Os dois estranhos seres
permaneceram o tempo todo virados para mim.

"Quando aquele aparelho havia percorrido uns trinta metros, sua velocidade
se tornou assombrosa e o perdi de vista em questão de décimos de segundo.

"E ali continuei paralisado por mais dez ou quinze minutos. Decorrido esse
tempo, recuperei a normalidade.

Esteban Penate Não Esquecerá Aqueles Pacotes de Cigarros

Vou encerrar esta breve, porém, eloqüente demonstração de paralisias em


pleno século XX com outro caso que, tal como o do pastor de Castañuelo,
permaneceu inédito até hoje. Ocorreu numa fazenda denominada La
Borralla, na região de
Villablanca, pequeno povoado a uns oito quilômetros da fronteira com
Portugal, também na província de Huelva. A família Peñate-Sánchez era a
encarregada da vigilância do lugar. Nem Juan, o chefe da família e guarda
jurado, nem sua mulher, Dolores Sánchez Moreno, nem tampouco o filho e
principal protagonista do acontecimento, Esteban,

recordavam a data exata da ocorrência. Só pude averiguar que se tratava de


um dia de trabalho, em pleno verão e ali pelo ano de 1977 ou 1978.

O fato, se bem que manifestado a um reduzido círculo de vizinhos e


familiares, foi caindo no esquecimento. Eu era a primeira pessoa que se
interessava seriamente pelo

misterioso incidente e, nos primeiros momentos da

entrevista, a modesta família se sentiu um tanto alarmada. Nem é preciso


dizer que desde o primeiro instante acreditei na total sinceridade das
testemunhas. O caso não havia obtido a menor repercussão nos meios de
comunicação, e se não fosse minha ida à fazenda El Boyero, onde reside

atualmente a família Peñate, tudo continuaria no mais

obscuro dos silêncios.

Mas vamos aos fatos.

Naquela tarde, Juan Peñate ordenou a seu filho Esteban que fosse até uma
árvore existente num pomar perto da fazenda, cerca de um quilômetro. O
pastor de La Borralla, como era o costume, havia deixado ao pé da
mencionada árvore uns

pacotes de cigarro.

Esteban Peñate Sánchez, então com seus quinze anos, se encaminhou


solitário até o lugar...

— Peguei os dois pacotes de Celtas e iniciei o caminho de volta.


A família me explicou que, devido à distância da fazenda em relação a
Villablanca, e já que o pastor passava pelo povoado, Juan e a mulher
costumavam fazer-lhe algumas

encomendas. Portanto, as visitas de Esteban à citada árvore eram


freqüentes.

— Eu tinha dado uns cem passos — continuou o filho de

Juan — quando senti aquele calor. E, sem saber por que, me vi olhando para
cima.

— Mas, se era verão, logicamente fazia calor...

— Sim, mas não como aquele. Era uma sensação de calor

por todo o corpo. Dos pés à cabeça...

— Que roupas trajava?

— Uma camisa e calças jeans.

— E o que houve?

— Nada, até que olhei para o céu e vi aquilo...

— O que era "aquilo"?

— Um objeto redondo e de cor de amora. Tinha um brilho muito forte, mas


não iluminava. Fiquei com medo e quis correr até minha casa. Mas não
podia me mover.

— Devido ao medo?

— Vá lá que seja... Estava paralisado. Eu me dava conta de tudo, mas meu


corpo não reagia.

— Em que posição foi surpreendido pela paralisia?


— Com uma perna um pouco à frente. Como alguém que

está caminhando.

Esteban permaneceu nesta posição por uns dez minutos.

Tempo mais que suficiente para forçar os músculos ao

movimento e, por certo, para reter as imagens de tudo que acontecia ao seu
redor e, sobretudo, daquele objeto

silencioso e circular.

— Agora que tocou no assunto, achei estranho não escutar ruído algum na
área. Há muitas perdizes por ali, e é normal a gente vê-las voar ou ciscar.
Suponho que, se estavam no local, devem ter ficado como eu.
— Tentou levantar os braços, ou correr, fazer algum movimento?

— Sim, tentei tudo. Inclusive caminhar para trás. Mas era impossível.

— O objeto se aproximou?

— Não. Ficou o tempo todo parado.

— E como terminou tudo?

— O objeto se afastou na direção de Portugal. Então o calor sumiu e pude


andar. Ao me ver livre, comecei a correr e cheguei em casa apavorado...

A mãe de Esteban me confirmou estes detalhes:

— Chegou pálido e suando. Estava muito alterado.

— Naquela noite não consegui dormir — acrescentou

Esteban, que voltara a emocionar-se ao recordar a

ocorrência. — Cheguei várias vezes à janela, mas não vi mais nada.

— A que horas ocorreu a paralisia?

— Ao entardecer. Quase entre o dia e a noite.

No dia seguinte, o moço voltou ao local, mas nada notou de anormal.

— Só houve um detalhe que chamou minha atenção: a parte superior da


árvore onde o pastor havia deixado os cigarros estava amarelecida. E o
mesmo acontecia com uma pereira silvestre bem próxima. As folhas em vez
de verdes como o resto da árvore pareciam secas...

Poucos dias depois, o pai de Esteban protagonizou outro interessante


contato com um objeto de características muito similares do que fora visto
por Esteban Peñate e que, sem dúvida, tinha sido o responsável pela total
imobilização do jovem. Mas prefiro deixar para outra ocasião o relato deste
segundo contato com o OVNI.

"Todos Tinham seus Rostos Voltados Para Cima"

Pessoalmente, a descrição de São José no Evangelho

Apócrifo me causou um grande impacto. Tive que lê-lo muito devagar e


voltar ao texto vezes e mais vezes até aceitar o que estava diante de meus
olhos. Eu havia

investigado muitas dessas paralisações, e ao comprovar a esmagadora


semelhança entre esta passagem do Proto-

Evangelho de São Tiago e o que ouvi de Juanito dos Prados, por exemplo,
minhas dúvidas se esfumaram: aquele fato "apócrifo" havia ocorrido de
verdade. E, se assim foi, o que pôde provocar o "congelamento" dos
pássaros, dos

trabalhadores que comiam numa vasilha e do pastor e de suas ovelhas há


quase dois mil anos?

A resposta nos é dada por São José numa frase-chave: "... todos tinham seus
rostos voltados para cima".

Claro está que se aqueles trabalhadores dos campos próximos a Belém


foram surpreendidos pela paralisia, com seus rostos fixados no céu, era
porque ali em cima havia "algo" que — segundos ou décimos de segundos
antes de registrar-se a imobilização total, ou ao mesmo tempo — os havia
alertado. Isso foi o que aconteceu, como vimos, no caso do rapaz de
Villablanca, Esteban Peñate. Sua paralisia praticamente coincidiu com seu
gesto de olhar para o céu...

Por sua vez, Juan González, o pastor de Castanuelo, também olhou para
cima, surpreendido pela detonação que precedeu a descida do OVNI e sua
quase simultânea paralisia. É preciso dizer que nenhuma das testemunhas
antes
apresentadas conhece o citado Proto-Evangelho de São Tiago...

Embora São José não pareça ter visto objeto algum no firmamento — pelo
menos o autor sagrado não o registrou
no mencionado Evangelho Apócrifo —, estou certo de que o "responsável"
por esta paralisação coletiva foi um OVNI. Ou, para ser mais exato, uma
nave tripulada por esses "anjos" que aparecem sem cessar na Bíblia.

É possível que o leitor que depare pela primeira vez com estes temas sinta
uma certa inquietação — e inclusive fique furioso — ante uma afirmação
tão cabal. Será que os "anjos" viajavam em OVNIS? Mas, mesmo aceitando
uma coisa

assim, que faziam os OVNIS nos momentos que

antecederam o nascimento do Messias?

Antes de prosseguir, creio que este é o momento certo para abrir um breve
parêntese e tratar de expor algumas das minhas idéias a respeito. Umas
idéias que, como já enunciei nas primeiras páginas deste informe, são
puramente

subjetivas, mesmo que solidamente enterradas em meu

coração e fruto de centenas de investigações e incontáveis horas de


reflexão.

Ainda que o tema já tenha sido desenvolvido em meus

livros O Enviado e Os Astronautas de Jeová, tentarei

sintetizar os argumentos básicos que me levam a pensar assim e que espero


poder reforçar com os casos que irão desfilando no presente estudo:

1º. Em minha opinião, Jeová não era Deus. Tratarei de me explicar. Creio
em Deus, naturalmente, mas num Deus sem corpo e sem formas físicas. Por
motivos difíceis de

entender, a Grande Força — como gosto de me referir a Deus — pôs em


andamento um "plano" para povoar este
planeta com seres inteligentes. E foram outros "seres inteligentes" — muito
evoluídos e próximos à Grande Força — os encarregados de "semear" essa
vida humana na Terra e de "velar" por seu correto desenvolvimento.

2º. Por motivos que tampouco conhecemos com segurança, o homem — o


novo "filho de Deus" — não deu certo. E os servidores da Grande Força —
os chamados "anjos" — se viram obrigados a tirar o homem do lugar onde
estava sendo controlado e observado.

3º. É provável que, a partir desta situação, o "supremo estado-maior" dos


céus tivesse concebido um "plano de salvação" para o gênero humano. E,
faz agora uns quatro mil anos, os servidores de Deus iniciaram tal "plano",

mostrando-se aos patriarcas e elegendo um povo — o judeu — que fosse o


canal preparatório para a aparição no mundo de Jesus de Nazaré, o grande
Enviado.

4º. Dado o caráter elementar e primitivo deste povo, os "intermediários", ou


"missionários", ou "anjos" de Deus, foram confundidos com o próprio
Deus. E como não havia possibilidade alguma de explicar a Abraão e seus

descendentes a verdadeira natureza e os objetivos deste "plano" de


salvação, assim como dos seres encarregados de sua realização, os próprios
"anjos" adotaram ou simularam o papel de Deus ou Jeová. Uma das partes
mais importantes do "plano", depois de tudo, era conseguir com que aquele
povo indomável aceitasse e assimilasse para sempre a idéia de um Deus
único.

5º. Este delineamento explicaria — embora eu não saiba até que ponto se
pode justificá-las — as terríveis matanças que Jeová executou ou consentiu
até que o povo de Israel

terminou por assentar-se definitivamente na terra

prometida. Se fosse o próprio Deus quem tivesse atuado diretamente, os


sistemas utilizados — estou convencido — teriam sido outros. Mas tratava-
se de "astronautas" — muito evoluídos, isto sim — de carne e osso ou, no
mínimo, com uma natureza mais ou menos parecida com a humana.
6º. A vigilância, condução, ordenamento social, higiênico e
religioso do povo "eleito" foram levados a cabo a partir das naves destes
"anjos" ou "missionários do espaço" ou através de contatos pessoais com
determinados "eleitos". Em minha opinião, tanto uns quanto outros foram
logicamente

confundidos como um todo, e ao longo do Antigo e do

Novo Testamento são denominados como "A glória de

Jeová", a "coluna de fumaça", a "coluna de fogo", o "carro de fogo", o "anjo


do Senhor" etc.

7º. É obvio que o férreo controle por parte destes

"astronautas" ou "anjos" se multiplicaria nos tempos

imediatamente anteriores ao nascimento do Messias, assim como durante


toda a vida terrena d'Ele. As inúmeras

aparições destes seres no Novo Testamento constituem, do meu ponto de


vista, uma importante prova do que digo.

Como o leitor já terá imaginado, estas propostas não são aceitas pela Igreja
católica, embora, até o momento,

tampouco tenham sido rejeitadas categoricamente. E ainda que esta forma


de "ver" as Sagradas Escrituras não se oponha — de modo algum — à
essência da divindade, nem

tampouco ao plano de redenção da humanidade, os setores tradicionais da


Igreja preferem ignorá-la, ou, na melhor das hipóteses, muitas destas
passagens são "classificadas" com o cômodo rótulo dos chamados "gêneros
literários". E o que são os gêneros literários ou midráshicos? Simplesmente,
uma forma rápida — mas falsa e anti-científica — de explicar o que não
tem explicação... para os estudiosos da Bíblia. Um exemplo: a estrela de
Belém, à qual vou me referir nas próximas páginas. As passagens de
Mateus onde se fala da dita "estrela" não se encaixam nas coordenadas dos
exegetas e, logicamente, antes de desautorizar o evangelista (pois alguns
teólogos são capazes de tudo), optaram por uma

solução "diplomática". E classificam a história da estrela e dos Magos como


uma bela licença literária de Mateus... Devo adiantar que não estou de
acordo com os referidos "gêneros literários" nem com os argumentos com
que

esgrimem para mantê-los de pé. Mas sigamos passo a passo nesta intrincada
"aventura" na qual me envolvi.

Fixemo-nos no texto da "paralisação" de homens e animais, no Evangelho


Apócrifo de São Tiago. Se até o concilio de Nicéia, no ano de 325,
circulavam entre as comunidades cristãs incontáveis evangelhos e textos
que faziam alusão ou recolhiam a vida e os ensinamentos de Cristo, por que
a partir daquela época são reconhecidos os quatro evangelhos canônicos —
os que hoje manejamos —, ficando de fora

muitos outros escritos que sempre haviam sido aceitos, inclusive pelos
papas?

A primeira e mais importante argumentação da Igreja é que entre essa


legião de escritos e tradições havia mais blablablá do que consistência, e é
provável que estivesse certa

Contudo — e isso é o mais lamentável —, na hora de

selecionar os textos que deveriam formar os Evangelhos canônicos, os


responsáveis pela Igreja lançaram no saco do "extra-oficial", do "apócrifo"
e do "pouco sério" uma

infinidade de fatos que agora, no século XX, se revelam de tanto valor


documental quanto os que foram aceitos em

Nicéia. É muito provável que descrições como a que faz São José no
conhecido Proto-Evangelho de São Tiago não
pudessem ser compreendidas pelos Santos Padres, sendo, em conseqüência,
condenadas e separadas do tronco da

"inspiração divina". Acabamos de ver como, em nossos dias, testemunhas


idôneas descreveram fenômenos idênticos ao referido no capítulo XVTÍI do
Evangelho de São Tiago. E pergunto: como pôde o autor sagrado descrever
uma

situação, "na qual todas as coisas foram em certo momento


paralisadas em seu curso normal", sem ter a mais remota idéia de que este
mesmo fenômeno também se registraria dois mil anos mais tarde? Está
claro — já o disse — que aquela paralisação vivida por São José foi um fato
real. Todavia, não foi levada em conta. Quantos textos hoje

considerados apócrifos terão tido a mesma sorte? De quantas notícias fomos


escamoteados pela "miopia" (cheia de boa-fé, não se pode negar) dos
Santos Padres?

Passemos então à última parte deste interessante

acontecimento. Se a paralisia momentânea de homens e

animais — inclusive do próprio esposo da Virgem Maria — foi uma


realidade, o que a teria provocado? Por que a equipe de "anjos" ou
"astronautas", que devia vigiar todos os passos de José e sua família a
caminho de Belém, tomou esta

decisão?

Se considerarmos que o nascimento de Jesus devia ser

iminente, seria lógico que o transcendental momento —

pelo qual tanto trabalharam os "astronautas" — se revestisse de


excepcionais medidas de segurança. E que melhor

proteção haveria do que a paralisação total e coletiva de tudo que se movia


nas imediações da cova? Uma ou várias naves se aproximaram e pousaram
no local, como contam os

"apócrifos do Nascimento". É quase certo que coube a essas naves espaciais


"congelar" a área durante um tempo

indefinido. Curiosamente, nos cinco casos atuais de

paralisação que narrei nas páginas anteriores, as testemunhas viram sempre


muito perto delas grandes objetos ou
máquinas voadoras, responsáveis diretos por tais

imobilizações.

Mas continuemos com estes significativos "paralelismos" entre o que nos


conta a Bíblia e os casos de OVNIS que investiguei.

Em minha obra Os Astronautas de Jeová incluo na íntegra os mencionados


Evangelhos Apócrifos do Nascimento do

Senhor. O Proto-Evangelho de São Tiago, por exemplo, diz a este respeito:


“Ao chegarem ao local da gruta, pararam [refere-se a José e à parteira] e
viram que ela estava sombreada por uma nuvem luminosa. E a parteira
exclamou: 'Minha alma foi engrandecida hoje, porque meus olhos

viram coisas incríveis, pois nasceu a salvação de Israel. De repente, a


nuvem começou a retirar-se da gruta e brilhou dentro uma luz tão grande
que nossos olhos não podiam

resistir a ela." Se bem que nas páginas seguintes eu vá abordar também o


tema das "nuvens luminosas", os

seguidores e estudiosos do fenômeno dos OVNIS terão já adivinhado que


este tipo de manifestação dos "não-

identificados" é bastante freqüente em nossos tempos.

Capítulo III

Deus podia mesmo sentir atração sexual? - As formosas filhas dos homens
e de como os anjos tampouco deviam "ser de pedra". — Os exegetas
católicos procuram escamotear o problema. — Até os estudiosos das
Escrituras admitem: "Falta algo no Gênesis." — A estranha "aventura" dos
duzentos "veladores". — Os eloístas de fato só queriam fazer amor? -
Alguns exemplos de agressões sexuais no século XX. - Três americanas à
bordo de um OVNI. — O que acontece quando o "raptado" é um homem?
— Uma formosa
extraterrena entrou nua no recinto. — "Notei que ela não me beijou uma
única vez." — Nem todos são "piratas" do espaço.

Diz o Gênesis:
"Quando começaram os homens a multiplicar-se sobre a

terra e lhes nasceram filhas, os filhos de Deus viram que as filhas dos
homens eram belas e escolheram esposas entre elas. E disse então Jeová:
'Meu espírito não permanecerá para sempre no homem, porque todo ele é
carne, e a

duração de sua vida só será de cento e vinte anos.'"

"Naquele tempo viviam gigantes na terra, e também depois, quando os


filhos de Deus se uniram às filhas dos homens e elas geraram filhos. Estes
foram os heróis tão afamados nos tempos antigos." (VI, 1-4).

Desde menino senti uma curiosidade especial por esta parte da História
Sagrada. Essa curiosidade, creio, esteve

permanentemente acesa dentro de mim, talvez porque havia "alguma coisa"


que não encaixava no meu curto

entendimento. Como Deus podia sentir atração sexual pelas mulheres? E, o


que era pior: quem eram aqueles "filhos de Deus" que escolheram as
mulheres a seu bel-prazer?

Para uma mente medianamente equilibrada, o texto do

Gênesis não faz sentido. Parece uma aberração do autor sagrado. Se


aceitamos que Deus, ou a Grande Força, é uma entidade "espiritual"—
como é difícil "limitar" Deus! —, sem formas nem apetites puramente
humanos, como podia gerar filhos nas filhas dos homens? Como é possível
que os Santos Padres e a Igreja em geral admitissem este relato no cânon ou
"catálogo" dos livros inspirados por Deus?

Definitivamente, algo estava errado aqui.

Meus primeiros movimentos em prol de um esclarecimento do texto


sagrado foram dirigidos a dois qualificados doutores da Igreja: Nácar e
Colunga, professores de Salamanca, mestres em teologia e consultores da
Pontifícia Comissão Bíblica, entre outros títulos.
A verdade é que me vi duplamente surpreendido pela

interpretação destes exegetas. Para começar, reconhecem que esta passagem


se apresenta "extremamente enigmática". Quanto à expressão "filhos de
Deus", que era a que

pessoalmente me desconcertava, eles dizem, textualmente: "Esta expressão,


na Bíblia, é equivalente a anjos, e neste sentido a entenderam os tradutores
gregos alexandrinos da versão dos Setenta, que a traduzem, com efeito, por
'anjos', e foi de acordo com esta versão que a literatura apócrifa judaica
interpretou a passagem das relações sexuais entre os anjos e as 'filhas dos
homens'."

Esta explicação sincera e ousada me surpreendeu. Que os anjos fossem


tomados por "filhos de Deus" me parecia

correto. Muito mais, certamente, do que atribuir ao próprio Deus a prenhez


das formosas habitantes da Terra...

Pois bem, se admitimos que os responsáveis pela prenhez das mulheres


foram os anjos, o problema continua: que tipo de anjos eram aqueles que se
sentiam atraídos sexualmente pelas fêmeas humanas? Se seguirmos o curso
da narração, a resposta a esta questão chega por si só. As mulheres ficaram
grávidas e deram à luz. Isto, em linguagem clara e enquanto não se provar o
contrário, pressupõe que os anjos copularam com as fêmeas humanas, tal e
como os homens da Terra

vêm fazendo sempre.

Em outras palavras: os supostos "anjos" eram "homens" de carne e osso...

Esta hipótese — a dos "anjos" como "filhos de Deus"

fazendo amor com as mulheres humanas — foi geralmente bem-aceita até


que no século IV — e uma vez esclarecida (?) pela Igreja a natureza dos
anjos — a conhecida passagem da Bíblia sofreu uma nova interpretação. "Já
que os anjos não podem sentir atração sexual", declararam os doutores da
Igreja, "é impossível que a expressão 'filhos de Deus’ possa
referir-se aos citados anjos." E a maior parte dos Pais da Igreja, que até
então haviam aceitado a primeira explicação, passou então à opinião
proposta por Júlio o Africano. Este assegurava que os "filhos de Deus" aos
quais o Gênesis faz alusão eram os descendentes de Set, o terceiro filho de
Adão e Eva, sempre de acordo com os textos bíblicos. Por seu turno, as
"filhas dos homens" — segundo o critério proposto por Júlio o Africano —
seriam as descendentes de Caim.

A "solução" do amigo Júlio o Africano me parece

extremamente forçada. Os próprios Nácar e Colunga

duvidam dela e inclinam-se, num gesto de admirável

prudência, por outra explicação muito mais verossímil:

"Nós", dizem os professores de Salamanca, "subscrevemos o julgamento de


A. Clamer quando afirma: 'A solução da

dificuldade será procurada no caráter de entrevista que apresentam os


primeiros versículos do capítulo 6 (refere-se ao Gênesis). Com efeito, dão a
impressão de não passarem de um fragmento mutilado, do qual certos
rasgos são por isto, mais ou menos compreensíveis, sobretudo os versículos
3 e 4..."'

Isto sim, parece lógico: nesta parte do Gênesis falta algo... Faltam talvez
outros dados que, por motivos desconhecidos, foram suprimidos pelo autor
sagrado ou por aqueles que no tristemente célebre concílio de Nicéia, no
século IV,

repeliram uma infinidade de evangelhos e tradições,

amparando-se na necessidade de recompilar, unificar e

"purificar" a História Sagrada.

Pois bem, essa parte que falta no Gênesis foi recolhida e salva nos
Evangelhos Apócrifos. Concretamente, no Livro de Enoque, no dos
Jubileus e no chamado Testamento dos

Doze Patriarcas.

Vejamos o que diz, por exemplo, o célebre e "esotérico" Livro de Enoque


em sua primeira parte (capítulo VI):

"A união dos anjos com as filhas dos homens.

"Assim é que, quando os filhos dos homens foram se

multiplicando, nasceram-lhes naqueles dias filhas formosas e belas; e os


anjos, filhos do céu, as viram e as desejaram, e se disseram: 'Vamos
escolher mulheres entre os filhos dos

homens e gerar crianças".

E prossegue Enoque mais adiante:

"Mas todos lhe responderam: 'Façamos todos juramento e

prometamos uns aos outros, com anátema, não mudar de

propósito...'”

"E estes [os chamados 'veladores'] eram duzentos, que

desceram nos dias de Jared sobre o cume do monte Hermon porque ali
haviam feito o juramento, comprometendo-se

entre si com anátema."

O Livro de Enoque se refere no capítulo VII "ao nascimento e crimes dos


gigantes":

"Estes e todos os demais com eles tomaram mulheres, cada um pegou uma
e começaram a ir a elas, a ter comércio com elas e lhes ensinaram os
sortilégios e encantamentos, e eles aprenderam a arte de cortar cachos e a
[ciência] das árvores. "(Pariram elas dois gigantes, que tudo devoram; e
logo

querem devorar os homens.)

? Como Livro de Enoque se conhece uma série de escritos, profecias e


exortações postas, em sua maioria, na boca de Enoque. Este patriarca — "o
sétimo depois de Adão'', segundo assinala a epístola de São Judas—gozou
desde muito cedo de uma consideração especial. Para explicar que viveu
menos anos que os outros patriarcas, o texto hebraico do Gênesis (V, 24) diz
que "não foi mais porque Deus o havia tomado". Na versão grega dos
Setenta diz-se neste mesmo
sentido que ' 'foi vontade de Deus, e não foi mais

encontrado porque Deus o havia transportado". Segundo

Bonsirven e Daniel Rops. "sobre esta última expressão — que volta a ser
usada no Eclesiástico (XLIV, 16) — se baseou uma porção de palpites sobre
sua ascensão ao céu, as

revelações que ali seria encarregado de fazer etc." O Livro de Enoque trata
de tudo isso.

É muito provável que a obra original deste interessante apócrifo tenha sido
escrita em hebraico. Dela foi feita uma versão grega, da qual são
conservados alguns fragmentos. Esta versão foi traduzida posteriormente
para o etíope, e o texto inserido na chamada Bíblia Ettope. Nesta última
língua é como hoje se lê o citado Livro de Enoque. (A parte que nos
interessa — relativa à descida dos anjos — parece ter sido composta à
época das perseguições de Antíoco Epifano, ou seja, até o ano 166 a.C.)

"E começaram a pecar contra os pássaros e contra as bestas, os répteis e os


peixes; depois devoraram mutuamente sua carne e beberam o sangue um do
outro. Então a terra acusou os violentos."

Nos três capítulos seguintes, Enoque nos informa de outros detalhes


interessantes:

"Ciências funestas que anjos maus ensinaram aos homens. "E Azazel
ensinou os homens a fabricar espadas e facões, o escudo e a couraça, e lhes
mostrou os metais e a arte de trabalhá-los, e os braceletes, e os adornos, e a
arte de pintar com antimônio o contorno dos olhos, e de embelezar as

pálpebras, e as pedras mais belas e preciosas e todas as tinturas coloridas, e


a revolução do mundo. A impiedade foi grande e geral; fornicaram,
erraram, e todas as suas vidas foram corrompidas."

(Aqui aparecem os encantamentos, as fórmulas para cortar os sortilégios, os


ensinamentos sobre astrologia, signos, significados do aspecto das estrelas e
o curso da Lua.) "E em seu aniquilamento", prossegue Enoque, "os homens

gritaram e seu clamor subiu ao céu."

Intervenção dos Anjos Bons

"Então, Miguel, Uriel, Rafael e Gabriel olharam lá de cima do céu e viram o


sangue derramado em abundância sobre a

terra e toda a injustiça cometida na terra. E disseram uns aos outros: 'É a
voz do grito que a terra desolada clama até as portas do céu. Agora é a
vocês, santos do céu, a quem se queixam as almas de todos os homens,
dizendo: Levem

nossa causa até o Altíssimo...'" Antes de passar a comentar estas passagens


apócrifas, vejamos qual é a versão do Livro dos Jubileus sobre as relações
entre os "filhos de Deus" e as "filhas dos homens".

Em seu capítulo IV, e ao falar de Caim e Abel, o apócrifo diz textualmente:

"Porque é nestes dias que os anjos do Senhor, aqueles que são chamados
'veladores', baixaram à terra a fim de instruir os filhos dos homens e
mostrar-lhes o juízo e a retidão sobre a terra. Enoque foi o primeiro homem
nascido sobre a terra que aprendeu a escrita e a ciência e a sabedoria, e que
descreveu num livro os signos do céu segundo a ordem dos meses, para que
os homens possam conhecer as estações do ano segundo a ordem dos
diversos meses...

"...Viu [Enoque] o passado e o futuro numa visão de seu sonho, tal como
acontecerá aos homens no dia do juízo; viu
e compreendeu todas as coisas e escreveu seu testemunho, e pôs o
testemunho sobre a terra para todos os filhos dos homens e para suas
gerações...

"... E nesses seis jubileus de anos esteve muitas vezes com os anjos de Deus
e que lhe ensinaram tudo o que está sobre o céu e a terra, e escreveu tudo. E
testemunhou aos

'veladores', que haviam pecado com as filhas dos homens e se haviam


maculado..."

Por fim, no chamado Testamento dos Patriarcas, outro livro apócrifo escrito
possivelmente até finais do século II a.C. e no qual estão reunidas as
últimas recomendações que os doze filhos de Jacó dirigem a cada um de
seus descendentes, Neftali faz outra alusão aos "filhos de Deus" e a seu
"pecado" com as "filhas dos homens".

"... Também os 'veladores' — afirma o patriarca em seu Testamento Sobre a


Bondade Natural — mudaram a ordem

de sua natureza."

* Livro dos Jubileus toma o nome de "Jubileus", ou períodos de 49 anos nos


quais Deus divide a história do mundo e que explica a Moisés, "enquanto
um anjo da face se encarrega de registrar a dita história". O apócrifo foi
escrito em hebraico e traduzido depois para o grego. Esta versão passou
seguidamente ao latim, ao etíope e, é possível, ao siríaco. Possui-se na
atualidade a quarta parte da tradução latina. A etíope nos foi transmitida na
íntegra, e desta, precisamente, foram extraídos os parágrafos aqui expostos.
Ocorre a circunstância de que um dos fragmentos do Livro dos Jubileus foi
descoberto recentemente na caverna dos manuscritos do mar Morto. Isto
nos obrigaria a situar a composição do livro no século II a.C.

Estes "esclarecimentos" da Bíblia Apócrifa dissipam — pelo menos em boa


medida — os pontos obscuros e lacunas desta parte do Gênesis. Segundo
temos visto, um grupo de "anjos" chamados "veladores" fez contato com os
descendentes de Adão e Eva — segundo dizem os registros apócrifos, para
instruir estes "filhos dos homens" nas mais elementares técnicas da
sobrevivência — e uma reduzida parte da

"equipe" (duzentos, segundo Enoque) se revoltou e aprovou por


unanimidade "gerar-lhes filhos". De acordo com a Bíblia "oficial", tempos
atrás, nossos "primeiros pais", uma vez fracassada a intenção dos eloístas,
no não menos misterioso Jardim do Éden, de "conservá-los num grau ótimo
de

pureza", foram expulsos do citado "Paraíso" e se espalharam pela terra. Foi


então, ao se multiplicarem, que deve ter-se produzido o "contato" dos
"veladores" com as "filhas dos homens". Não vou entrar agora nas razões
que pudessem ter estes "anjos" para escolher as mulheres mais formosas e
procurar uma descendência. Seria pueril supor que um

grupo de eloístas — no qual, sem dúvida, haveria mulheres — tivesse a


luxúria como única razão para mesclar-se com fêmeas da raça humana.
Teriam havido outras motivações? Pretenderam estes seres super-
amotinados perpetuar sua própria estirpe entre os homens e, de passagem,
tentar recompor a malograda "experiência genética" do Paraíso? Deixarei
estas incógnitas no espírito do leitor porque, como já disse, não é este o
motivo principal do presente estudo, e uma incursão em tais labirintos nos
afastaria dele.

Voltemos, pois, aos eloístas que, desobedecendo "normas superiores",


geraram filhos entre as filhas dos homens. (O termo Eloim — do qual se
originam os eloístas — foi
utilizado também para designar Jeová como Deus criador. Em minha
opinião, esta tradução é incorreta. Os eloístas nada tinham a ver com Deus
ou Jeová. Eram simplesmente servidores, ou anjos, ou "astronautas" desse
Deus ou Jeová.) Está claro — e tanto o Gênesis como os escritos apócrifos
nisto coincidem sem exceção — que estes "anjos-veladores", ou Eloim,
tinham uma natureza igual ou muito similar à nossa, embora também seja
certo que seu grau de evolução mental e tecnológica os convertia em
"Deus" ou em "deuses" para os primitivos patriarcas e seus descendentes.
Creio que já o expus com nitidez na hora de revisar meus argumentos
básicos em torno do grande "plano" da criação e salvação do homem. Neste
ponto discordo do conceito que tem a Igreja sobre a natureza dos anjos.
Reconheço — já o disse — que pode haver espíritos puros a serviço da
Grande Força ou da Perfeição, mas também creio em outros seres de carne
e osso, com uma natureza igual ou parecida com a do homem. Esses "anjos"
— sempre a serviço de Deus — eram e são as entidades adequadas para
estabelecer os contatos com a raça humana, dada a sua semelhança física
com esta. Ainda assim, a Bíblia está cheia de casos em que as testemunhas
caem de rosto na terra ao ver estes "varões" ou "anjos". Se hoje pudéssemos
contemplar algumas daquelas "aparições" aos patriarcas, certamente
levaríamos as mãos à cabeça, reconhecendo nos ditos "anjos" os
"astronautas siderais", com seus macacões metalizados, seus capacetes, suas
armas sofisticadas e seus sistemas de transporte. Às vezes me pergunto qual
será a vestimenta dos primeiros sacerdotes que subirem ao espaço e como
irão equipados aqueles

"missionários" humanos que nos séculos futuros se lancem à evangelização


de planetas mais atrasados que o nosso... E continuo me perguntando: por
acaso não pode acontecer que, nessas futuras expedições humanas à
galáxia, e em pleno processo de conquista, colonização ou exploração de
outros mundos habitados por seres inteligentes, nossos astronautas se
sintam atraídos pelas fêmeas desses povos extraterrenos e, um belo dia,
desejem engravidá-las? Naturalmente que está dentro do possível. E mais:
nós investigadores dispomos de testemunhas atuais — em pleno século XX
— de outros "astronautas" que continuam

"escolhendo" homens e mulheres humanos para a


procriação. Ainda que possa parecer impossível, os casos se contam às
dezenas. Outros "astronautas", alheios também à civilização da Terra, têm
descido em nossos dias e raptado seres humanos, obrigando-os a procriar
com eles. Vejamos alguns exemplos eloqüentes...

Alguns Exemplos de Agressões Sexuais no Século XX

Na noite de 2 de março de 1968, a Srta. Shane Kurz viveu uma das mais
traumatizantes experiências de sua vida. Após várias sessões de hipnose, a
moça, que residia naquela época em Westmoreland, Nova York, relatou
diante dos

médicos e investigadores do fenômeno OVNI como havia

sido introduzida numa estranha nave e ali obrigada a fazer amor com um
dos ocupantes do objeto.

Para o investigador Hans Holzer, que se ocupou do caso, assim como para
os médicos que realizaram a hipnose,

Shane dizia a verdade. E qual era essa verdade?

Em seu livro Os Ufonautas, Holzer assim transcreve parte da angustiante


experiência da jovem americana:

"... Ele me olha intensamente... me diz para tirar a roupa... não posso
resistir...
"Ele me diz que estivera me observando e que fui sua

escolhida... Disse: 'Você vai ter um filho meu...'

"Ele tira sua jaqueta... não quero olhar. Tem algo que parece um tubo... de
gelatina...

"Estou nua... Estou sobre uma mesa. Ele me unta com

alguma coisa... espalha vaselina ou gel por meu abdome e peito. Diz que é
para me estimular... É feito vaselina e é quente... passa-a também em
minhas partes... a introduz em meu interior...

"Seu corpo é fraco, estreito... ele é gracioso. Monta em mim... está frio...

"Sua pele é muito branca... Eu me sinto muito mal... Estou gostando, mas
tento não fazê-lo... Acho que é a vaselina... "Ele está ronronando... É como
um animal. Está gemendo... Está me estuprando... Não quero..."

Também a cantora Sandy Larson sofreu uma destas agressões por parte de
um tripulante de um OVNI.

Em 26 de agosto de 1975, Sandy se dirigia de carro de Fargo (Dakota do


Norte) até Bismark, acompanhada de sua filha e outro jovem.

Num dado momento do percurso, os três ocupantes do carro ouviram um


estranho estrondo e viram algo parecido com um flash de luz. Logo surgiu
no céu um grupo de dez ou doze discos de um forte brilho alaranjado,
aproximando-se do carro. Vários destes OVNIS situaram-se sobre o

automóvel e, nesse instante, o tempo se deteve para Sandy Larson. Apesar


de correr a sessenta quilômetros por hora, o veículo parecia imóvel...

Quando os objetos desapareceram, Sandy e seus

acompanhantes se deram conta de que ocupavam agora

assentos diferentes.
O que havia ocorrido?

Submetida a regressão hipnótica pelo eminente Dr. Leo Sprinkle, Sandy


Larson explicou que havia sido levada ao interior de um daqueles
aparelhos. Uma vez dentro do OVNI, ela foi desnudada, e ao ser esfregada
com uma loção estranha em suas partes erógenas, sentiu-se estimulada
sexualmente. Por fim, um dos seres que tripulavam o objeto consumou com
ela o ato sexual.

Apesar de todos os abundantes casos de mulheres raptadas por tripulantes


dos OVNIS, nunca se teve conhecimento — pelo menos entre os
investigadores do tema — de uma

gestação provocada por um destes abusos de tipo sexual. Em certa ocasião


soubemos do caso de uma australiana de Melbourne, Marlene Travers, na
ocasião com 24 anos de idade. Ela se achava de visita a amigos no interior
do país quando, de súbito, uma luz se moveu em círculo sobre ela. A nave
desceu e estacionou a uns dez metros de distância. A mulher foi introduzida
no OVNI e, após ser submetida a uma série de experimentos, foi assaltada
sexualmente. O ato durou várias horas. Marlene desfaleceu e voltou a si em
pleno campo, justamente no lugar onde pousara a nave. Foi examinada
pelos médicos e soube-se que havia sofrido diversas queimaduras e que
estava grávida. Contudo, quando a notícia ganhou os jornais, Marlene
Travers desapareceu misteriosamente.

Em certas ocasiões, nem os médicos nem as próprias

testemunhas podem assegurar se houve violência sexual nestes seqüestros.


Todavia, a dúvida continua sempre de pé... como foi o caso do rapto de três
mulheres em Stanford, EUA.

Também nesta ocasião, "astronautas" de outros mundos se aproximaram


com suas naves das testemunhas,
introduzindo-as nos aparelhos e submetendo-as a estranhas experiências de
tipo médico. Barry J. Greenwood, que efetuou uma exaustiva investigação,
contou o seguinte sobre o caso:

Três Americanas a Bordo de um OVNI

"Mesmo que não tenha merecido a publicidade que

receberam em sua ocasião os casos de Pascagoula, Betty e Barney Hill,


Antônio Villas Boas ou Travis Walton, este rapto de três mulheres pelos
tripulantes de um OVNI é, sem dúvida alguma, um clássico. Ocorrido há
apenas quatro anos, apresenta todas as características tão conhecidas pelos
ufólogos que se especializam em seqüestros: avistamento, contato próximo,
perda da memória; efeitos físicos, reconstituição por hipnose regressiva etc.

A cantora Sanay Larson também foi conduzida ao interior de um OVNI e


submetida a diferentes experiências sexuais.

"Durante o final de 1975 e inícios de 1976, através dos meios de


comunicação nos EUA, foram divulgados vários casos de contatos com
OVNIS. Estas descrições foram feitas pouco depois da aventura de Travis
Walton, em novembro de 1975. Alguns podem argumentar que o caso
Walton foi o catalisador para os incidentes posteriores. Não precisamos
procurar muito nos arquivos OVNI para encontrar muitos exemplos de um
único incidente que desencadeia uma série de histórias similares. Contudo,
esta não é uma razão para negar o valor dos encontros pós-Walton, assim
como a possibilidade, sempre existente, de descobertas importantes. O mais
detalhado e insólito informe deste período é o de Stanford (Kentucky), que
consiste em um contato muito próximo e seqüestro ocorrido dois meses
depois do caso Walton. Foi verdadeiramente demonstrado que é um caso
muito significativo.

O Incidente

"Em 6 de janeiro de 1976, a Sra. Louise Smith, de 44 anos, uma funcionária


do Serviço de Assistência Social do
condado de Casey, chegava a sua casa em Liberty

(Kentucky) após um dia de trabalho. Preparou o jantar, depois pegou seu


Chevrolet 67 recém-adquirido e foi a um posto de gasolina para abastecer.
Ali, a Sra. Smith se encontrou com Mona Stafford, secretária, solteira e sua
amiga há apenas umas semanas. A Sita. Stafford conduziu seu carro até a
bomba e perguntou à Sra. Smith se queria acompanhá-la até sua casa para
fazer um trabalho de costura. A Sra. Smith aceitou, e ambas levaram seus
carros até a casa- reboque da Srta. Stafford. Às oito da noite apareceu a Sra.
Elaine Thomas, de 48 anos, dona-de-casa e amiga das duas. Começaram,
entre outras coisas, a falar de arte, seu hobby favorito. A Srta. Stafford
revelou, durante o bate-papo, que era o dia do seu aniversário, e assim as
três decidiram sair para comemorar.

"Chegaram ao restaurante Redwood, situado perto de

Stafford, cerca de cinqüenta quilômetros de Liberty, entre as nove e meia e


dez da noite. Jantaram, fizeram alguns

comentários sobre as pessoas e os quadros do restaurante e saíram às 23:15.

"Por volta das 23:30, enquanto percorriam em campo

aberto, na periferia de Stanford, estando a Sra. Smith ao


volante, a Srta. Stafford observou um objeto ígneo que descia da direita
para a esquerda, vários metros acima da estrada. Pensaram que podia ser
um acidente de aviação, motivo pelo qual se aproximaram com o carro, a
fim de socorrer possíveis sobreviventes do impacto. De repente, o objeto
parou no meio do ar, à altura da copa das árvores e a uns cem metros à
frente delas.

"O objeto que pairava no ar, era enorme. 'Tão grande como um campo de
futebol', disse a Sra. Smith. Era cinza-

metálico, com uma cúpula em forma de domo

resplandecente. Era circulado bem no meio por uma fileira de luzes


vermelhas; debaixo viam-se três ou quatro luzes vermelhas ou amarelas. Q
objeto balançou brevemente,

girou contornando o carro até a esquerda e a parte posterior, dando-lhes a


impressão de que uma radiopatrulha as seguira. A Sra. Smith logo observou
uma luz azulada e nebulosa enchendo o interior do automóvel; no mesmo
instante, o carro começou a acelerar sozinho. As mulheres ficaram
petrificadas. O velocímetro marcava 150km/h e elas

tentavam desesperadamente diminuir a velocidade. A Sra. Smith tirou o pé


do acelerador, para provar a suas amigas que o automóvel estava
inteiramente fora de controle.

O objeto que se posicionou sobre o automóvel das três americanas

"De imediato observaram vários efeitos fisiológicos. As três sentiram uma


espécie de fogo nos olhos; além disso, a Sra. Smith recorda dores de cabeça
terríveis. Não se sabe se estes efeitos foram causados pelo brilho do objeto
ou por algum outro motivo, mas não terminaram aí os problemas físicos das
senhoras, como veremos mais adiante.

"Imediatamente uma força desconhecida começou a arrastar o carro para


trás. As mulheres sentiram como se estivessem rodando sobre uma série de
quebra-molas.
"O acontecimento seguinte foi a visão de uma estrada ampla, bem-
iluminada, estendendo-se na distância. No painel de instrumentos acendeu-
se uma luz de alarme indicando o

afoga-mento do motor, embora o carro corresse muito.

Segundos depois, apareceram as luzes de uma rua, e as

mulheres tiveram certeza de que estavam em Hustonville, Kentucky, a


quinze quilômetros de onde viram o gigantesco objeto pela primeira vez.

"Voltaram a assumir o controle do veículo, e quando

chegaram na casa da Sra. Smith, em Liberty, notaram que era 1:25 da


madrugada. Tinham levado mais de três horas para percorrer uma distância
normalmente feita em 45

minutos, e nenhuma delas pôde recordar o tempo

transcorrido entre o estranho comportamento do carro e sua chegada a


Hustonville. Na vida das três mulheres havia uma lacuna de oitenta
minutos.

"As peculiaridades não terminavam aqui. A Sra. Smith foi ao toalete lavar
as mãos e, ao tirar o relógio de pulso, viu que o ponteiro de minutos se
movia à mesma velocidade que o de segundos. O das horas se movia com
rapidez anormal. Meio sobressaltada por isso, tirou o relógio. Ao se lavar,
sentiu de repente uma ardência nos lugares onde foi salpicada pela água.

"Também sentia dor atrás do pescoço, por isso a Sra. Smith pediu à Srta.
Stafford que examinasse a causa da dor. Tinha uma marca vermelha muito
parecida com uma queimadura

recente, de 7,5x2,5cm. As outras tinham marcas idênticas,


só que a da Srta. Stafford situava-se atrás da orelha esquerda, enquanto as
das senhoras Smith e Thomas localizavam-se

diretamente entre a base do crânio e o final do ombro.

Três americanas foram introduzidas num OVNI em 1976 e, ao que parece,


submetidas a diversos checkups.

"Havia luz na porta do lado, de modo que chamaram o

vizinho, o Sr. Lowell Lee, e lhe contaram sua história. O Sr. Lee separou as
mulheres e pediu que fizessem um esboço do aparelho que tinham visto.
Surpreendeu-se ao ver grande semelhança entre todos os desenhos.

"As marcas vermelhas desapareceram dois dias depois, mas a sensação


ardente dos olhos persistiu durante um longo período. Todas as mulheres
tinham os olhos feridos, mas o estado da Srta. Stafford era muito pior.
Consultou um médico, o qual não pôde explicar a causa da dor e da

inflamação, mas prescreveu-lhe umas gotas para os olhos, que a ajudaram


muito pouco.

"Cada mulher comunicou perdas de peso de até sete quilos e insônia


prolongada, vários dias depois da observação. "Finalmente, os jornais se
inteiraram do caso, e na edição de 12 de fevereiro do Casey County News,
de Liberty,

apareceu um artigo sobre o tema. Vários grupos

investigadores de OVNIS convergiram para o cenário,

incluindo integrantes do MUFON, APRO, CUFOS e do

semanário norte-americano National Enquirer.

O Tempo Perdido

"O APRO e o National Enquirer puseram-se em contato


com o Dr. Leo Sprinkle para dirigir umas sessões de hipnose regressiva, a
fim de descobrir o que ocorreu às mulheres durante o lapso de oitenta
minutos. A primeira sessão, no fim de semana de 6 e 7 de março, pouco
revelou, porque a maior parte do tempo foi passada a discutir que grupo de
especialistas em OVNIS deveria cuidar do caso. Chegou-se a um acordo e
realizou-se uma segunda série de sessões de 23 a 25 de julho. O que se
segue é um resumo dos detalhes das sessões coletivas.

"A causa aparente do trepidar do carro nos quebra-molas que mencionamos


antes, foi descoberta quando as mulheres sob transe recordaram uma 'porta'.
Esta porta foi encontrada posteriormente e descobriu-se ser um guarda-gado
entre dois muros de pedra, através do qual foi lançado o carro. Há um
caminho que leva desta porta até a casa da fazenda, situada a
aproximadamente dez metros da Rodovia 78, por onde circulavam as
mulheres.

"É duvidoso como as mulheres foram retiradas do carro, uma vez que
nenhuma delas pode recordar esta parte do episódio.

Todavia, a Sra. Smith teve a impressão de que retornaria a seu carro depois
da 'experiência’.

"A Sra. Smith estava visivelmente transtornada durante sua regressão


hipnótica, na tarde de 23 de julho, passando sucessivamente por vários
níveis de agitação emocional, tais como tremores, prantos e gemidos.
Recordou estar num

lugar quente, com o rosto coberto por algo. O cobertor era opaco e ela
rogou que o tirassem para poder enxergar. Ele foi retirado e ela viu, de pé à
sua frente, um humanóide. "O ser tinha 1,37m de altura, sua pele era
cinzenta e vestia um traje escuro com capuz. A Sra. Smith viu que o

humanóide tinha mãos de um formato muito estranho —


muito parecidas com a extremidade da asa de um pássaro. Os olhos também
eram visíveis, mas não se podia notar

nenhuma outra característica. Não houve comunicação

verbal, mas a Sra. Smith soube o que queriam quando eles a fitaram.
Aparentemente, os humanóides a estavam

examinando enquanto lhe davam instruções, como: 'mexa a cabeça', 'gire'


etc. Imobilizaram um dos braços da Sra. Smith por meio de alguma força
desconhecida, já que estava caída e, de fato, impedida de mover-se.
Recordou uma sensação dolorosa quando o humanóide puxou seu braço
durante o exame. A certa altura, derramaram um líquido sobre o rosto da
Sra. Smith e permitiram que se sentasse. Extraíram um molde de suas
características físicas. Numa entrevista posterior na TV, a Sra. Smith disse
que receava ver a si mesma passeando um dia pelas ruas!

"Mona Stafford recordou estar recostada no que parecia uma sala de


operações. Um grande 'olho' de cristal perscrutou a Sra. Stafford enquanto
estava deitada, e imobilizaram seu braço tal como fizeram com o da Sra.
Smith. Durante o exame ela sentiu como se tivesse sido torturada por quatro
ou cinco figuras usando jalecos brancos e máscaras que permaneciam de pé
em frente a seu estômago, como se

fosse um balão. Gritou uma vez, e os humanóides

retorceram os pés para trás. Os humanóides haviam levado a Srta. Stafford a


um lugar que parecia o interior de uma montanha ou de um vulcão.

"Elaine Thomas se 'viu' derrubada dentro de um cômodo, com uma janela,


muito parecido com uma incubadora,

enquanto que as figuras de fora eram de 1,20m de altura, com olhos escuros
e uma pele de aspecto cinzento.

"Um instrumento em forma de 'bolinha', com 4cm de


diâmetro, foi pressionado contra o lado esquerdo do seu peito, o que causou
uma grande dor. Colocaram-lhe em

torno do pescoço um dispositivo parecido com um colar, que lhe causou


uma forte sensação de dor quando tentou falar. A princípio pensou que a
estavam apertando com as mãos, mas logo descartou essa idéia. A Sra.
Thomas sentiu um mal-estar e descobriu um ponto vermelho sobre seu

peito durante um certo tempo depois do incidente, como resultado de seu


doloroso exame. Também teve reações

emocionais de vulto em sua regressão, tal como a Srta. Stafford e a Sra.


Smith.

"Depois da regressão hipnótica, o Dr. Sprinkle ofereceu as seguintes


conclusões sobre as informações reveladas: 'Em minha opinião, cada
mulher descreve uma experiência 'real' e está usando sua inteligência e
percepção tão exatamente quanto possível para descrever as impressões
obtidas

durante as sessões de regressão hipnótica. Ainda que haja incerteza sobre


suas impressões, em especial em relação a como cada pessoa foi tirada do
carro e recolocada nele, as impressões durante o 'tempo perdido' são
similares àquelas de outras testemunhas que aparentemente foram objeto de
um rapto e exame durante seu avistamento de OVNI.

"No dia 23 de julho, o detetive James C. Young, operador poligráfico do


Departamento de Polícia de Lexington,

Kentucky, e vice-presidente da Associação Poligráfica Estadual, realizou


um exame poligráfico (detector de

mentiras). Entrevistou as mulheres individualmente, durante o período de


duas horas cada uma. Num relatório assinado, conclui:

'Minha opinião é de que estas mulheres realmente acreditam que tiveram


um encontro.' Também acrescenta: 'Antes do exame destas três pessoas, o
poligrafista determinou que elas haviam sido entrevistadas previamente
pelo Dr. Sprinkle e...
membros do Mutual UFO Network. O poligrafista não pôde determinar o
grande ou pequeno papel que estas entrevistas podem ter desempenhado
sobre as crenças atuais que estas pessoas têm acerca de seu suposto
encontro.

"Este último comentário serve para rever as conclusões feitas em meu


último artigo sobre o incidente de Travis Walton relativo à cooperação entre
os grupos de

investigação OVNI. Infelizmente, a prática de

procedimentos investigativos conflitivos continua em casos importantes, e


isto só pode servir para lançar dúvida sobre os avistamentos potencialmente
significativos.

Dados adicionais

"No dia 26 de julho, o Dr. Sprinkle telefonou para as mulheres, e elas lhe
disseram que cada uma voltara a

experimentar alguns dos sintomas que haviam tido

anteriormente, tais como fadiga, pele sensível, sensação de queimaduras e,


mais recentemente, fluxos menstruais

anormais. Talvez as regressões hipnóticas possam ter sido a causa das


mulheres experimentarem de novo estes sintomas, tal como se sabe ter
ocorrido em outros casos.

"A Sra. Smith informou que, depois do incidente, as luzes traseiras de seu
Chevrolet deixaram de funcionar. As luzes dianteiras trabalhavam
adequadamente, mas a parte do carro exposta àquilo que o empurrou para
trás havia sofrido aparentemente uma pane elétrica. Também se observou
que a pintura tinha muitas borbulhas, tanto no teto como no capo, ainda que
o teto não estivesse tão avariado quanto o capo. O metal exposto sob as
borbulhas começou a oxidar poucos dias depois. O efeito total é que a
superfície externa do carro havia sido exposta a um calor terrível.
"A Sra. Smith dizia também que seu periquito de estimação se comportava
de uma maneira estranha com ela depois do incidente OVNI. Na presença
de outras testemunhas, o

pássaro revoluteava na gaiola, se sua dona tentava

aproximar-se. Outros podiam acercar-se do periquito sem tal reação. O


pássaro simplesmente parecia não querer mais saber de sua dona. Várias
semanas depois, o periquito morreu.

"Consultou-se o serviço de meteorologia de Lexington, no dia da


ocorrência, 6 de janeiro, e prevaleciam as seguintes condições do tempo:

— Visibilidade: 15 milhas, coberto de nuvens a 10.000 pés. —


Temperatura: 38°F.

"Moradores do condado declararam ter visto luzes estranhas nessa área,


embora estas não estivessem diretamente

relacionadas com a visão das três mulheres. Vamos

mencionar, para comparação, um caso que não ocorreu na área de


observação, mas sim na mesma noite. A Sra. Janet Steward, de 29 anos,
relatou um avistamento que havia tido enquanto dirigia perto de Bethal,
Minesotta, por volta das oito da noite (Hora Média Central). Ia buscar uma
amiga, Mary Root, quando observou um grupo de três luzes diante dela. A
luz do meio era vermelha, e as duas laterais eram menores e de cor verde. A
Sra. Steward acreditou que a luz pertencia a um helicóptero, mas, à medida
que se

aproximava, via que não podia ser nenhum aparelho que ela conhecesse. As
luzes faziam definitivamente parte de um objeto. Esse objeto se deslocou de
imediato até seis metros do pára-brisa do carro, que agora seguia muito
devagar. A Sra. Steward não pôde detectar claramente a forma por trás das
luzes, mas qualquer que fosse esta, seu diâmetro era aproximadamente de
cinco metros. Estava muito assustada
pela presença daquele veículo e se agachou no assento do carro para evitar a
colisão, mas o objeto se havia afastado um pouco, assim a Sra. Steward
dirigiu rapidamente até a casa de sua amiga.

"A Sra. Steward recolheu a Srta. Root e, enquanto rodavam, as duas


mulheres observaram uma luz vermelha que as

seguia. Sobrevoou o carro durante quatro quilômetros e desapareceu


quando as mulheres chegaram a seu destino

(uma aula semanal).

"No dia seguinte, a Sra. Steward começou a ter dores

menstruais, o que era estranho, já que havia encerrado um ciclo há apenas


seis dias.

"A 3 de janeiro teve uma menstruação completa, enquanto sua amiga Mary
Root teve uma regra prematura, apesar de tomar pílulas anticoncepcionais.
A Sra. Steward também se queixou de queimação nos olhos durante quatro
dias após a visão. O problema se agravou a 11 de janeiro. Os olhos
lacrimejavam fortemente e sua visão diminuiu. Pensava em ir ao médico
naquela tarde, mas seus olhos começaram a clarear e melhoraram. No sexto
dia, após o uso continuado de um colírio, seus olhos voltaram ao estado
normal.

Conclusões

"À medida que o tempo avança, é de se esperar que as

mulheres envolvidas no rapto de Stanford relembrem mais detalhes de sua


experiência. Este incidente é mais um da crescente lista de raptos por
OVNIS, no qual o indivíduo raptado é objeto de um completo e com
freqüência doloroso exame físico. Este parece ser o motivo da maioria dos
raptos: estudar e catalogar os diversos tipos de 'animais' humanos. (Digo
'animal' porque os procedimentos usados pelas
entidades OVNI para estudar-nos são precisamente aqueles que
empregamos com nossos animais de laboratório.) Um excelente exemplo
que ilustra esta hipótese é o rapto de José Antônio da Silva, em Bebedouro,
Brasil, em 4 de maio de 1969, onde se fala de uma mostra de corpos
humanos de diferentes tipos que nos dão a imagem de uma exibição de
fisiologia humana. Quem sabe exista algum 'Colégio de Estudos Terrenos'
que colecione dados sobre nós em algum lugar do Universo!

"Os informes de seqüestros continuam aumentando em

quantidade e qualidade em todo o mundo. São realmente um importante


encadeamento no quebra-cabeça dos OVNIS,

que merece a atenção de cientistas e investigadores." Mas nem sempre têm


sido as mulheres a sofrer estas

traumatizantes experiências no interior dos OVNIS. Os investigadores de


todo o mundo dispõem de casos —

igualmente sérios e documentados — em que os "raptados" foram homens.


Um dos mais espetaculares e mais bem

estudado é, sem dúvida, o do brasileiro Villas Boas.

Eis o singular "encontro" com uma mulher "astronauta", tal e como foi
relatado pelo protagonista...

O que Ocorre Quando o "Raptado" É um Homem?

O caso que vamos expor ocorreu entre 5 e 15 de outubro de 1957, perto de


São Francisco de Sales, no estado de Minas Gerais, e teve como
protagonista o Sr. Antônio Villas Boas. Um mesmo protagonista para três
ocorrências, todas

insólitas, e a última delas de características incomuns neste tipo de contatos;


na noite do terceiro e último episódio,
Antônio Villas Boas foi levado por seres extraterrenos a uma de suas naves
para um incrível propósito: um ato de

procriação entre seres de mundos distintos.

Estes fatos, de profunda repercussão no mundo inteiro e que despertaram


diversas opiniões, são analisados no presente trabalho com base na narração
original feita pelo

protagonista ao Dr. Olavo Fontes e ao jornalista João

Martins, e nos comentários de diversas publicações em nível mundial.

Um caso excepcional que abre novas possibilidades nos

contatos com extraterrenos, pois talvez o ocorrido com o Sr. Villas Boas
seja um antecedente, uma prefiguração, de uma união em todos os níveis
entre nós e seres de outros

mundos.

0 testemunho, sua razão

— Meu nome é Antônio Villas Boas. Tenho 24 anos, vivo

com minha família numa lavoura de nossa propriedade,

perto de São Francisco de Sales. Tenho dois irmãos e três irmãs, que moram
perto; os demais já morreram. Sou o

penúltimo; os homens trabalham no campo, arando com o

trator. Na época do cultivo, trabalhamos em dois turnos. Durante o dia o


trabalho é feito pelos homens que

contratamos. À noite, geralmente eu trabalho só, e às vezes com um de


meus irmãos. Durmo durante o dia. Sou solteiro e gozo de boa saúde.
"Também estou fazendo um curso por correspondência,

estudando quando tenho tempo. Foi um sacrifício para mim vir ao Rio,
porque não deveria ter deixado a lavoura, onde precisavam muito de mim;
mas achei que tinha o dever de vir e relatar os estranhos acontecimentos em
que me vi envolvido, e estou preparado para fazer o que vocês

acharem conveniente, inclusive fazer uma declaração diante das autoridades


civis e militares. Contudo, desejaria voltar o mais depressa possível, porque
estou preocupado pela

situação em que deixei o campo.

PRIMEIRO EPISÓDIO:

5 de outubro de 1957, entre as 23 e 24 horas

— Tudo começou na noite de 5 de outubro de 1957. Houve uma festa em


nossa casa e nos recolhemos mais tarde que de costume, às onze da noite.
Estava em meu quarto com meu irmão João Villas Boas. Por causa do calor,
decidi abrir a janela que dá para o pátio da propriedade. Então vi, bem no
meio, um reflexo fluorescente prateado, mais brilhante que a lua, que
iluminava todo o terreno. Era uma luz muito

branca; não sei de onde procedia, parecia chegar do alto; como a luz de um
farol de automóvel focalizada para baixo e iluminando tudo a seu redor;
mas no céu não se via nada. "Decidi chamar meu irmão, mas ele é uma
pessoa muito

incrédula e disse que era melhor irmos dormir; então fechei a janela e
fomos deitar.

"Mais tarde, sem conseguir dominar minha curiosidade, abri novamente os


postigos da janela. A luz continuava ali, no mesmo lugar. Continuei
observando. Logo, começou a

mover-se lentamente até minha janela; fechei-a rápido, tão rápido que o
ruído despertou meu irmão; juntos, na
escuridão de nosso quarto, observamos a luz que penetrava através das
pequenas frestas dos postigos e logo se movia até o teto e brilhava entre as
telhas. Finalmente, desapareceu e não voltou.

SEGUNDO EPISÓDIO
Veio a noite de 14 de outubro de 1957. Nove dias mais tarde.

— Pode nos dizer a hora desta segunda ocorrência?

— Deviam ser entre nove e meia e dez horas da noite, embora não possa
dizer com certeza, pois estava sem

relógio.

— O que fazia nestes momentos?

— Estava trabalhando com o trator, arando o campo junto com meu irmão.
Logo vimos uma luz muito brilhante, tão brilhante que feria a vista,
estacionada no extremo norte do campo; já estava ali quando a vimos; era
grande e redonda, aproximadamente do tamanho da roda de um carro.

— A que distância estava a luz?

— Parecia estar a uma distância de cem metros, era de uma cor vermelho-
claro, e iluminava grande parte do terreno. Possivelmente havia algo dentro
dela, mas não posso afirmar com certeza, já que a luz era muito forte para
que eu pudesse ver mais.

— O que fez então?

— Chamei meu irmão para que fosse comigo ver o que era; não quis ir, de
modo que fui sozinho. Quando me

aproximei, moveu-se subitamente e, com enorme

velocidade, se transportou até o extremo sul do campo, onde voltou a se


deter. Então fui atrás e repetiu-se a mesma manobra, a luz voltando até onde
estivera no começo. Continuei tentando me aproximar, e a mesma operação
se repetiu umas vinte vezes. Mas então eu já estava cansado, de modo que
deixei de persegui-la e me reuni com meu irmão. — Continuou vendo a
luz?
— A luz permaneceu estacionada à distância durante mais alguns minutos.
De tempos em tempos, parecia emitir raios em todas as direções, com feixes
como os do sol poente. Logo se desvaneceu, tal como se tivesse apagado.
Não sei se isso foi realmente o que aconteceu, porque não pude

recordar se continuei olhando nessa direção o tempo todo. Posso ter olhado
em outra direção por uns momentos, e a luz pode ter se elevado
rapidamente e desaparecido antes que eu voltasse a olhar.

COMENTÁRIOS

Estamos diante de uma primeira e segunda aproximação, daquelas em que


não se consegue o contato. Talvez

estivessem realizando um estudo da zona e da pessoa

escolhida — indubitavelmente, a partir da insistência com que estes seres


procuram se aproximar de Antônio Villas Boas, é fácil deduzir que não foi
escolhido por acaso, e sim porque, por determinadas características, ele era
a pessoa indicada para o propósito perseguido —, e das possíveis reações
que teria no encontro definitivo.

Tanto no primeiro quanto no segundo avistamento, a nave se manteve a


uma distância considerável, como que para não ser totalmente identificada,
mas próxima o suficiente para estudar o terreno e, talvez, preparar
psicologicamente o protagonista, incentivar sua curiosidade fazê-lo desejar
e esperar novo avistamento e buscar também o momento

mais oportuno para conseguir o contato.

Nestes dois episódios se apresentam características comuns à infinidade de


casos de fenômenos OVNI:

1. A potente luz, que impede distinguir o objeto e que ilumina toda a área.
Esta luz, em determinados momentos, vai mudando de tonalidade.

2. A suspensão do objeto no ar.

3. A velocidade de deslocamento do objeto.


4. O silêncio nos deslocamentos da luz.

TERCEIRO EPISÓDIO

No dia seguinte, 15 de outubro, se produz o fato definitivo, relatado por


AVB da seguinte maneira:

— Estava só, arando com o trator no mesmo lugar. Era uma noite fria, e o
céu estava muito claro, com muitas estrelas. À uma da madrugada, vi de
repente uma estrela vermelha no céu. Parecia realmente uma dessas estrelas
grandes e

brilhantes, mas não o era, como logo descobri, porque

rapidamente começou a crescer, como se viesse em minha

direção. Em poucos segundos havia se convertido num

objeto luminoso, de forma ovóide, que voava até onde eu estava a uma
velocidade impressionante. Movia-se com

tanta rapidez que estava em cima do trator antes que eu pudesse pensar no
que fazer. Ali se deteve de chofre e

desceu até ficar a uns cinqüenta metros sobre minha cabeça, iluminando o
trator e todo o terreno ao redor como se fosse dia, com um brilho vermelho-
pálido tão poderoso que as

luzes de meu trator, que estavam acesas, foram totalmente absorvidas.

"Eu estava aterrorizado porque não tinha nem idéia do que era; pensei em
fugir no trator, mas me dei conta de que, com a escassa velocidade que
podia desenvolver, minhas

possibilidades de êxito eram poucas, dada a grande

velocidade do objeto, que enquanto isso se mantinha


estacionado no ar. Também pensei em pular do trator e

escapar a pé; mas, a terra fofa removida pelo arado teria sido um difícil
obstáculo na escuridão. Fiquei uns dois minutos sem saber o que fazer.

"O objeto luminoso se moveu adiante e deteve-se

novamente a uma distância de uns dez a quinze metros à

minha frente e começou a descair suavemente até o solo. Aproximava-se


cada vez mais, e pude ver pela primeira vez que se tratava de uma estranha
máquina, mas de forma

arredondada e circulada por pequenas luzes de cor púrpura e com um


enorme farol frontal vermelho, do qual se projetara a luz que vi quando
estava mais alta, motivo por que não tinha observado mais detalhes.

"Pude ver claramente a forma da máquina; era como um

grande ovo alongado, com três cilindros metálicos à frente (um no meio e
mais um de cada lado). Eram três eixos

metálicos, largos nas bases e finos na outra extremidade. Não pude


distinguir sua cor porque estavam envoltos numa

fosforescência avermelhada muito poderosa (como a de um anúncio


luminoso) do mesmo tom que a luz frontal.

"Na parte superior da máquina havia algo que girava a grande velocidade e
emitia uma forte luz fluorescente avermelhada. No momento em que a
máquina reduziu sua velocidade para aterrissar, a luz mudou para um tom
verde, que correspondia — tal era minha impressão — a uma diminuição da

velocidade de rotação da parte giratória, a qual, neste momento, parecia


estar tomando a forma de um disco

redondo ou uma cúpula aplanada (a forma não podia ser


distinguida antes). Não posso dizer se esta era a forma real da parte
giratória acima da máquina ou se, simplesmente, era a impressão causada
por seu movimento, porque em nenhum

momento deixou de mover-se, nem sequer depois, quando

estava no solo.

"Naturalmente, a maior parte dos detalhes que estou

descrevendo agora só foram observados por mim mais

adiante. Nesse primeiro momento, eu estava nervoso demais e agitado para


que pudesse ver muita coisa. Tanto que, ao
ver três suportes metálicos, formando um tripé, que

emergiam da nave quando estava a apenas poucos metros do solo, perdi o


pouco autocontrole que me restava. As pernas metálicas destinavam-se
obviamente a suportar o peso da máquina ao tocar o solo na aterrissagem.
Não pude ver se isto realmente ocorreu, porque dei partida no trator (o
motor estivera funcionando o tempo todo) e o fiz correr até um lado,
tentando abrir um caminho de fuga. Só havia percorrido alguns metros
quando o trator se deteve e as luzes se apagaram. Não pude explicar como
aconteceu. Tentei arrancar novamente, mas o motor não deu sinal de vida.
Então, abri a porta do trator do lado oposto àquele em que estava a
máquina, saltei e comecei a correr; tinha dado apenas alguns passos quando
alguém me pegou pelo braço.

"Eu estava no campo com meu trator quando, de repente, uma 'estrela'
vermelha foi se aproximando e terminou por aterrissar muito perto de
mim."

OS SERES

"Meu perseguidor era um indivíduo baixo (batia no meu

ombro), vestido com uma estranha indumentária. Em meu

desespero, girei bruscamente e dei um forte empurrão, que o fez perder o


equilíbrio. Isto o obrigou a soltar-me, e ele caiu de costas a uns dois metros
de mim. Tratei de aproveitar a vantagem para continuar correndo, mas fui
rapidamente alcançado por outros seres, pelos lados e por trás. Pegaram- me
pelos braços e pernas e me ergueram do solo, tirando- me assim qualquer
possibilidade de defesa. Só podia forcejar, mas me mantinham fortemente
subjugado e não me

soltaram. Comecei a gritar em voz alta, pedindo socorro e insultando-os,


exigindo que me soltassem. Notei que

enquanto me levavam até a máquina, meu modo de falar


parecia surpreendê-los ou despertar sua curiosidade, porque se detiveram e
observaram atentamente meu rosto cada vez que eu falava, embora sem me
soltarem.

"Deste modo me levaram até a máquina, que estava parada a uma altura de
uns dois metros sobre o solo, sobre os três suportes metálicos que já
mencionei. Havia uma porta aberta na metade posterior da nave. Esta porta
se abria de cima a baixo, tomando a forma de uma ponte em cuja
extremidade estava fixada uma escada metálica, do mesmo metal prateado
que havia nas paredes da máquina. A escada foi desenrolada totalmente até
o solo e me colocaram nela, coisa que não foi fácil. A escada era estreita,
deixando somente lugar para duas pessoas juntas; além disso, era flexível, e
balançava-se de um lado para o outro com meus esforços para me libertar.
Havia também um corrimão metálico de cada lado da escada, da grossura
aproximada de um cabo de vassoura.

"Tentei correr, mas fui agarrado por três seres."

"Parei várias vezes, tentando evitar que me içassem, o que os fazia parar
para não me soltarem. O parapeito era flexível (mais tarde, ao baixar, tive a
impressão de que o corrimão não era de uma só peça, e sim formado por
pequenas peças metálicas).
O interior da nave

"Uma vez dentro da máquina, vi que havíamos entrado num pequeno


compartimento quadrado. Suas paredes, de metal polido, brilhavam com os
reflexos da luz fluorescente que saía do teto metálico, emitidos por
pequenas lâmpadas quadradas colocadas no metal do teto, circundando-o
perto da parte superior das paredes. Não pude contar quantas eram, porque
me puseram no chão, e a porta exterior se ergueu e fechou, com a escada
enrolada dentro dela.

"A luz era tão intensa que parecia dia. Mas mesmo naquela luz branca
fluorescente era impossível distinguir onde estivera a porta, porque ao
fechar-se pareceu ter-se convertido em parte da parede. Só podia dizer onde
havia estado graças à escada metálica encostada na parede. Não pude
observar mais detalhes porque um dos homens —

eram cinco no total — me acenou para que fosse a outro compartimento que
podia ser entrevisto através de uma pequena porta aberta, oposta à de
entrada. Não sei se esta segunda porta já estava aberta quando entrei na
nave, porque não tinha olhado nesta direção até esse momento. Decidi
obedecer-lhes porque os homens ainda me

seguravam firme e eu estava agora encerrado com eles, não me restando


outro recurso.

"Deixamos o pequeno compartimento, onde não havia nem instrumentos


nem móveis, e entrei em outro muito maior, semi-oval, tal como o outro
compartimento e com as

mesmas paredes prateadas de metal polido. Creio que este aposento estava
no centro da máquina, porque no meio havia uma coluna metálica do teto
ao piso, larga na parte superior e mais estreita no meio. Era redonda e
parecia sólida. Não creio que fosse apenas uma decoração: devia servir para
sustentar o peso do teto. O único mobiliário que puder ver era uma mesa de
formato estranho que se

encontrava em um canto, rodeada de várias banquetas


giratórias (como as utilizadas nos bares). Tudo era do mesmo metal branco.

"Durante o que pareceu um tempo interminável permaneci de pé neste


cômodo, ainda subjugado pelos braços — por dois homens —, enquanto
aquela estranha gente me

observava e falava de mim. Digo "falava", apenas para descrever a coisa de


algum modo, porque, na verdade, o que eu estava ouvindo nem de longe se
parecia com a forma de falar humana. Era uma série de latidos, semelhantes
aos emitidos por um cachorro. Esta semelhança era muito leve, mas é a
única que me ocorre para tentar descrever os sons, totalmente distintos de
qualquer coisa que eu escutara até então. Eram latidos e grunhidos lentos,
nem muito claros nem muito ásperos, alguns mais longos, outros mais
curtos, às vezes com vários sons diferentes, todos ao mesmo tempo. Mas
eram simplesmente sons, latidos animais, e nada se distinguia que pudesse
ser tomado como o som de uma

sílaba ou uma palavra em língua estrangeira. Para mim, tudo soava igual, de
maneira que nada pude assimilar.

Os acontecimentos dentro da nave

"Quando terminaram os latidos, pareciam ter resolvido tudo, porque os


cinco me subjugaram novamente e começaram a despir-me à força.
Lutamos de novo, eu tentando dificultar o máximo possível. Protestei,
gritei. Eles, é claro, não me podiam entender, mas se detiveram e me
fitaram como se tentando fazer-me compreender que eram gente educada.
Ademais, mesmo utilizando a força, em nenhum momento
me machucaram gravemente e nem sequer rasgaram minhas

roupas, exceto talvez minha camisa (que já estava rasgada). "Por fim,
quando me despiram por completo, voltei a me

preocupar, sem saber o que viria a seguir. Então, um dos homens se


aproximou de mim com algo na mão. Parecia

uma espécie de esponja úmida, e com ela começou a

espalhar um líquido por toda a minha pele. Não era uma

dessas esponjas de borracha, porque era muito mais suave. O líquido era
claro como água, mas bastante espesso e sem cheiro. Eu sentia frio, porque
a temperatura lá fora já era baixa e estava bastante mais frio naqueles dois
cômodos dentro da máquina. Quando me despiram, comecei a

tremer, e então o líquido veio a piorar as coisas. Mas secou rapidamente, e


ao final não senti muito a diferença. Então fui guiado por três dos homens
até uma porta fechada, que estava em frente daquela pela qual entramos.
Sinalizando com as mãos para que os acompanhasse e latindo uns para os
outros, moveram-se naquela direção, comigo no meio. O

homem que ia à frente empurrou algo no meio da porta —

não pude ver o que era, talvez uma manivela ou um botão que a fazia abrir-
se para dentro em duas metades. Quando estava fechada, esta porta ia do
teto ao piso, e sobre a parte superior havia uma inscrição luminosa,
delineada em

símbolos vermelhos, que, devido a um efeito luminoso,

pareciam ressaltar uns 30mm fora do metal da porta. A

inscrição foi a única de sua espécie que vi na nave. Os signos gravados


eram completamente diferentes dos que
conhecemos como letras... Tentei memorizar suas formas, e é o que
desenhei na carta que enviei ao Sr. João Martins. Neste momento já não
lembro como eram.

"A porta em questão dava para um cômodo menor, de forma quadrada, e


iluminado da mesma forma que os outros.

Depois de entrar (eu e os dois homens), a porta se fechou de novo atrás de


nós. Eu me virei e vi algo que não sei como explicar: já não havia mais
portas ali, tudo o que podia se ver era uma parede como as demais. Não sei
como se conseguia isto. A não ser que, quando a porta se fechava, alguma
tela a escondesse de vista; eu não podia entender. O certo é que, pouco
tempo depois, a parede se abriu e foi novamente uma porta; não vi nenhuma
tela.

"Desta vez entraram mais dois homens, levando em suas

mãos dois tubos de borracha vermelha, bastante grossos, cada um com mais
de um metro de comprimento. Não

posso dizer se havia algo dentro deles, mas sei que eram ocos. Um dos
tubos estava fixado em uma das extremidades a um frasco de vidro em
forma de cálice. O outro extremo tinha um canudo em forma de ventosa,
que me aplicaram

no queixo, onde se pode ver esta marca escura, que

permaneceu como cicatriz. Antes, porém, o homem que

efetuava o trabalho apertou o tubo com suas mãos, como

que retirando o ar. Não senti dor nem comichão nesse

momento, apenas a sensação de que a pele estava sendo

absorvida. Mais tarde, porém, o local começou a inflamar e me dar coceira


(posteriormente descobri que a pele havia sido rasgada e raspada). Quando
me aplicaram o tubo de
borracha vi que meu sangue enchia lentamente o cálice até a metade. Então,
o outro tubo de reserva substituiu o

primeiro. Novamente fui sangrado pelo queixo, no outro

lado, onde ficou esta outra marca, escura como a primeira. Desta vez o
cálice foi enchido até a borda, e logo retiraram a ventosa. A pele também
estava raspada neste lugar, que me ardia e picava como do outro lado. Logo,
os homens se

retiraram e fecharam a porta.


"Despiram-me à força e me convidaram a segui-los até outro
compartimento. Sobre uma das portas, observei uns

estranhos sinais."

"Estive ali durante longo tempo, talvez meia hora. O cômodo estava vazio;
só havia um grande divã no meio, bastante amplo. Mas era macio, como se
feito de espuma de borracha, e estava coberto com um grosso material

cinzento, também macio.

"Sentei-me nele, já que estava cansado de tanto me debater e de emoções.


Nesse momento, notei um estranho odor e comecei a me sentir mal. Era
como se estivesse respirando uma espessa fumaça que me sufocava; dava a
sensação de tecido pintado que estava se queimando. Talvez fosse
realmente isso, porque, examinando as paredes, notei pela primeira vez a
existência de uma quantidade de pequenos tubos metálicos que saíam delas
à altura de minha cabeça, com as extremidades fechadas, mas cheios de
orifícios (como um chuveiro), dos quais saía uma fumaça cinzenta que se
dissolvia no ar. Esta fumaça era a causa do odor. Não posso dizer se a
fumaça já saía quando os homens estavam me extraindo sangue no outro
cômodo, já que não o notei antes. Talvez, com o abrir e fechar da porta, o ar
tivesse circulado melhor e eu não notasse nada. Mas agora, de todos os
modos, eu não me sentia bem, e as náuseas foram

aumentando, até que acabei vomitando em um canto do

cômodo. Meu entorpecimento logo desapareceu, mas ainda tinha náuseas,


devido ao cheiro de fumaça. Além disso, fiquei bastante desanimado,
esperando que acontecesse algo.

Aparência física dos seres

"Devo dizer que até este momento ainda não tinha a menor idéia da
aparência física ou da expressão destes homens. Os cinco estavam vestidos
com macacões muito justos, de um tipo grosso, mas suave, de cor cinza,
com algumas listras pretas. Este traje chegava-lhes até a nuca, onde se unia
a uma espécie de capacete feito de um material (não sei qual era) da mesma
cor, que parecia mais rígido e estava

reforçado nas costas e na frente por tiras de um metal fino de forma


triangular e à altura do nariz. Estes capacetes escondiam tudo, deixando
visíveis apenas os olhos através de duas janelinhas redondas similares aos
cristais dos óculos. Através destas janelinhas, os homens me observavam
com

uns olhos que pareciam bem menores que os nossos, mas

creio que isso era um efeito produzido pelos cristais. Todos tinham olhos
claros, que me pareciam azuis, mas não pude me certificar. Sobre os olhos,
a altura de seus capacetes tinha o dobro do tamanho de uma cabeça normal.
É provável que houvesse algo mais no capacete, sobre as cabeças, mas não
se podia ver nada do lado de fora. Mas em cima, do centro da cabeça,
emergiam três tubos prateados redondos (não

posso dizer se eram de borracha ou de plástico), pouco mais finos que uma
mangueira de jardim. Estes tubos, um no

centro e um de cada lado, eram lisos e iam até as costas, curvando-se em


direção às costelas. Ali penetravam no traje, ao qual estavam presos de uma
maneira que não sei como

explicar. O do centro entrava à altura da coluna vertebral, os outros dois,


um de cada lado, debaixo dos ombros, em um ponto uns dez centímetros
abaixo das axilas, quase nos

flancos, onde começam as costelas. Não notei nenhuma

protuberância que pudesse indicar que estes tubos

estivessem ligados a alguma coisa ou instrumento escondido


debaixo do traje.

"As mangas eram ajustadas, chegando até os pulsos, onde

continuavam em grossas luvas da mesma cor, com cinco

dedos, que deviam dificultar um pouco o movimento das

mãos. Quanto a isso, observei que os homens não podiam

dobrar os dedos até tocar as palmas com as pontas; contudo, esta


dificuldade não os impediu de me segurarem

firmemente e manejarem com destreza os tubos de borracha para extrair


sangue. O traje devia ser uma espécie de

uniforme, porque todos os membros da tripulação levavam, à altura do


peito, uma espécie de escudo vermelho redondo, do tamanho de uma rodela
de abacaxi, que de vez em

quando emitia reflexos luminosos. Os escudos em si não

emitiam luz, e sim reflexos como as de lanternas traseiras de um automóvel


refletindo os faróis dianteiros de outro, tal como se tivessem luz própria.

"A partir deste escudo, no meio do peito, saía uma franja de tecido prateado
(ou metal laminado), que se unia a um

amplo e apertado cinturão sem fivela, cuja cor não recordo. Não se viam
bolsos em nenhum dos trajes, e tampouco

recordo ter visto botões.

"As calças também eram ajustadas atrás, nas coxas e nas

pernas, sem nenhuma ruga ou costura. Não havia separação clara à altura
dos tornozelos, entre as calças e os sapatos, que se uniam entre si, formando
parte de um todo.
"Contudo, as solas eram diferentes das nossas. Eram muito grossas, de
cinco a sete centímetros de espessura. As pontas dos sapatos, que pareciam
tênis, estavam bastante arqueadas até acima, mas não terminavam em ponta.

"Pelo que logo vi, estes sapatos deviam ser bastante maiores que os pés.
Apesar disso, a passada deles era muito

desenvolta e seus movimentos bem ágeis.

"Eram todos da minha altura (talvez um pouco menos,

considerando os capacetes), exceto um deles, o que primeiro me alcançou lá


fora; este não me chegava ao queixo. Todos pareciam ser fortes, mas não
tanto para que eu temesse ser vencido num corpo-a-corpo com um deles.

A mulher extraterrena

"Após um prolongado intervalo, um ruído na porta me

assustou; voltei-me e tive uma tremenda surpresa: a porta estava aberta e


uma mulher entrava. Veio até mim

lentamente, talvez divertida pela surpresa que devia ler em meu rosto.
Fiquei atônito, e não sem razão. A mulher estava totalmente desnuda, tanto
quanto eu, e também descalça. "Além do mais, era formosa, ainda que de
um tipo diferente das mulheres que conheço. Seu cabelo era ruivo, quase
branco (como o cabelo oxigenado, fino, não muito farto; chegava-lhe até a
metade do pescoço), com as pontas

curvadas para dentro, e separado no meio. Seus olhos eram grandes e azuis,
mais largos que redondos, rasgados para fora. Seu nariz era reto, sem ser
arrebitado nem afinado na ponta, nem demasiado grande. A diferença
estava no

contorno de seu rosto, porque as maçãs eram muito altas, o que lhe tornava
o rosto mais cheio (muito mais que as mulheres índias sul-americanas).
Mas, imediatamente
abaixo, seu rosto se estreitava bruscamente, terminando num queixo muito
fino. Esta característica dava à parte inferior do rosto uma forma bastante
triangular. Seus lábios eram muitos finos, apenas visíveis. As orelhas (que
vi mais tarde) eram pequenas e não pareciam diferentes das orelhas das
mulheres que conheço. As maçãs proeminentes davam a impressão de que
havia embaixo um osso que sobressaía,
mas, como vi depois, eram suaves e carnudas ao tato, e não havia sensação
de osso.

"Seu corpo era muito mais bonito que o de qualquer mulher que conheci.
Era esbelto, com seios altos e bem separados, cintura fina e estômago
pequeno, quadris amplos e pernas grossas. Os pés eram pequenos; as mãos
largas e finas, e seus dedos e unhas, normais. Era bem mais baixa que eu;
sua cabeça batia em meu ombro.

"A mulher veio até mim silenciosamente, olhando-me com expressão de


alguém que deseja algo; logo me abraçou e começou a esfregar sua cabeça
de lado contra meu rosto. Ao mesmo tempo senti seu corpo junto ao meu.
Sua pele era branca, e os braços cobertos de sardas. Não senti perfume nem
cheiro em sua pele ou cabelos.

"A porta fechou-se de novo. Sozinho ali, com a mulher me abraçando e


dando-me a entender exatamente o que queria, comecei a excitar-me. Isto
parece incrível na situação em que me achava. Creio que o líquido com o
qual me

esfregaram a pele foi a causa. Tudo que sei é que me excitei muito, como
nunca me aconteceu antes. Terminei por me esquecer de tudo e reagi a suas
carícias com outras. Tudo foi normal; ela se comportou como faria qualquer
outra mulher. "Isso era o que eles queriam de mim: um bom sêmen como se
para melhorar sua espécie. Estava enojado, mas logo resolvi não dar
importância, porque, de qualquer modo, havia desfrutado de alguns
momentos agradáveis.

"Obviamente não trocaria nossas mulheres por ela. Gosto de mulheres com
quem se possa conversar e fazer-se entender, o que não era o caso aqui.
Além disso, alguns dos latidos e grunhidos que ouvi da boca da mulher, em
determinados momentos, quase puseram tudo a perder, causando-me a

impressão desagradável de estar com um animal.

Ante a surpresa de Villas Boas, na porta do pequeno aposento apareceu uma


mulher nua.
"Algo que notei é que não me beijou uma vez sequer.

Recordo em certo momento que abriu a boca como que para fazê-lo, mas
foi uma mordida suave em meu queixo, o que estava longe de ser um beijo.

"Pouco tempo depois, a porta abriu-se. Um dos homens apareceu no umbral


e chamou a mulher. Antes de sair ela se voltou para mim e, com um sorriso
(ou algo parecido), apontou para o céu, creio que na direção sul. Então saiu.
"Um dos homens entrou com minha roupa, mandou que eu me vestisse.
Obedeci em silêncio. Todas as minhas coisas estavam em meus bolsos,
exceto uma: o meu isqueiro. Não sei se o tomaram ou se caiu quando fui
capturado. Por esse motivo, nem sequer tentei protestar.

"Saímos e regressamos ao outro aposento. Três tripulantes da máquina


estavam sentados nas banquetas giratórias,

conversando (ou, melhor dizendo, grunhindo). O que estava comigo se uniu


a eles, deixando-me no meio do cômodo, perto da mesa que mencionei
antes.

"Agora estava completamente calmo, pois sabia que não me causariam


danos. Enquanto eles punham em ordem seus

assuntos, tratei de passar o tempo observando e fixando em minha memória


todos os detalhes do que podia ver (paredes, móveis, uniformes etc.). Num
dado momento, notei que sobre a mesa, perto deles, havia uma caixa
quadrada com um tampo de vidro e uma marca negra no lugar que

corresponde às seis horas. Havia marcas similares em todos os pontos


correspondentes às nove horas e às três. No lugar
das doze era diferente: havia quatro pequenas marcas negras enfileiradas
lado a lado. Não sei explicar o seu significado, mas eram assim.

"A princípio acreditei que o instrumento era uma espécie de relógio, porque
um dos homens lhe dava uma olhada de vez em quando. Mas não creio que
o fosse, porque mantive a vista nele durante bastante tempo, e em nenhum
momento o ponteiro se moveu. Se fosse um relógio, isto deveria ter
acontecido, pois o tempo estava passando.

"Então tive a idéia de me apoderar dele. Recordei que precisava levar algo
comigo para provar minha aventura. Se pudesse obter aquela caixa, o
problema estaria resolvido. Talvez, vendo meu interesse por ela, os homens

resolvessem me dar a caixa de presente.

"Lentamente, me aproximei mais e mais; eles não prestavam atenção. Logo


peguei o instrumento com as duas mãos e o levantei da mesa. Era pesado,
talvez mais de dois quilos. Mas sequer tive tempo de examiná-lo. Rápido
como a luz, um deles se levantou de um salto e, empurrando-me para um
lado, tomou-me o objeto, indignado, e foi recolocá-lo no lugar. Afastei-me
até que pude sentir meu dorso contra a parede mais próxima. Ali me
mantive quieto, embora não estivesse aterrorizado; mas era melhor ficar
quieto, porque eles só mostravam consideração quando eu me comportava
corretamente. A única coisa que fiz foi raspar a parede com as unhas, que
resvalaram sobre o metal polido sem deixar nenhuma marca. Fiquei ali
esperando.

"Não voltei a ver a mulher depois que saí do aposento, mas descobri onde
estava; na parte dianteira do grande cômodo havia outra porta, pela qual eu
não havia passado. Estava agora entreaberta e, de vez em quando, ouvia
ruídos que saíam dali, como se alguém se movesse. Só podia ser a mulher,
já que os demais estavam no mesmo cômodo

comigo. Imagino que o compartimento da frente devia

corresponder ao lugar onde encontraria o piloto encarregado da navegação


da máquina, mas não pude verificar.
O exterior da nave

"Por fim, um dos homens se levantou e me fez sinal para que o


acompanhasse. Os outros permaneceram sentados

sem me olhar.

"Caminhamos até o pequeno compartimento dianteiro e

chegamos até a porta externa, que estava novamente aberta, com a escada já
desenrolada. Não baixamos, porém, porque o homem me acenou para que o
acompanhasse até uma

plataforma que se estendia ao redor da máquina e que, embora estreita,


permitia que alguém caminhasse por ela em qualquer direção.

"Para começar, caminhamos pela frente. O que notei

primeiro foi uma espécie de projeção metálica, de forma quadrada,


firmemente aderida ao costado da máquina e que sobressaía (havia algo
similar do outro lado). Se estas duas partes não fossem tão pequenas, eu
teria pensado que eram asas para ajudar a máquina a voar. Por sua
aparência, creio que seu propósito era talvez mover-se para cima e abaixo,
regulando a subida ou descida da nave. Admito, contudo, que em momento
algum, nem mesmo quando levantou vôo, notei qualquer movimento nelas.
De modo que não posso explicar sua finalidade.

"Mais adiante, até a frente, o homem me apontou os três eixos metálicos


que já mencionei, solidamente colocados (os dois exteriores) nos costados
da máquina e [o central] bem em frente, como se fossem engrenagens
metálicas
cilíndricas. Todos tinham a mesma forma e longitude, muito largos na base
e diminuindo gradualmente em grossura até terminar numa fina
extremidade. Não sei se eram do mesmo metal da nave, porque emitiam
uma leve fluorescência avermelhada, como se estivessem incandescentes.
Todavia, não senti calor.

"Pouco acima de suas bases, onde estavam apoiados à máquina, havia luzes
avermelhadas colocadas neles. As duas luzes laterais eram pequenas e
redondas. Ada frente era enorme, também redonda, e era o refletor dianteiro
na nave, que já descrevi.

"Ao redor da nave, e ligeiramente acima da plataforma, sobre a qual


lançavam uma luz avermelhada, havia

incontáveis lâmpadas pequenas e quadradas, de aparência similar às


utilizadas para a iluminação interna da máquina. "Na frente, a plataforma
não se estendia ao redor de toda a máquina, e sim terminava perto de uma
grande lâmina de vidro grosso, que se projetava parcialmente para fora e se
alargava até os lados, firmemente embutida no metal. Talvez servisse para
olhar, pois em lugar nenhum havia janelinhas. "Penso, porém, que seria
difícil, porque, visto de fora, o vidro parecia embaçado. Não sei como seria
do lado de dentro, mas não creio que fosse transparente.

"Creio que aquelas engrenagens cilíndricas liberavam a energia que


acionava a máquina para a frente, porque, quando alçou vôo, sua
luminosidade aumentou

extraordinariamente, mesclando-se por completo com as luzes dos focos


dianteiros.

"Tendo visto a parte dianteira da máquina, voltamos à parte posterior, que


era muito mais volumosa que a da frente. Mas antes nos detivemos por uns
momentos, e o homem

apontou para cima, onde a enorme cúpula em forma de disco rodava


lentamente, iluminada em cheio por uma luz fluorescente esverdeada que
provinha de não sei onde. Mesmo com esse lento movimento, podia-se
escutar um som como o do ar que é sugado por um aspirador, uma espécie
de zumbido.

Desenhos da nave que desceu no Brasil e na qual foi introduzido Antônio


Villas Boas, em outubro de 1956.

"Mais tarde, quando a máquina começou a levantar-se, o disco aumentou


sua velocidade até o ponto em que se

tornou invisível, e só então podia ver-se a luz, cujo brilho também


aumentou muito e mudou de cor, tornando-se

vermelho vivo.

Nesse momento, o som também aumentou e se converteu

num verdadeiro zumbido. Não compreendi as razões de tais mudanças, e


tampouco qual seria o propósito do disco

luminoso, que não deixou de girar por um só instante. Mas deveria servir
para algo, já que estava ali.

"Parecia haver uma pequena luz avermelhada no centro

dessa cúpula ou disco giratório, mas o movimento não me permitiu verificar


isto com certeza.

"Voltando agora até a parte posterior da máquina, passamos de novo diante


da porta e continuamos caminhando. Bem

na parte traseira, onde se situaria a cauda de um avião, havia uma peça


metálica triangular, em posição vertical, que ia desde a parte dianteira à
traseira através da plataforma. Mas não era mais alta que meus joelhos, e
pude passar facilmente por cima até o outro lado e retornar. Enquanto o
fazia, notei no piso da plataforma, uma de cada lado, duas luzes em forma
de largos cortes sobressalentes, ainda que não
emitissem cintilações.

"Todavia, creio que a peça metálica em questão era uma

espécie de timão para modificar a direção da máquina. De qualquer modo, a


vi mover-se até um lado no momento em

que a máquina, então estacionaria no ar a uma certa altura, prestes a


decolar, mudou bruscamente de direção, antes de começar a afastar-se a
uma velocidade fantástica.

"Tendo visto a parte posterior da máquina, regressamos à porta. Meu guia


apontou agora a escada metálica, indicando- me que descesse por ela.
Obedeci. Quando pisei em terra firme, olhei para cima; ele ainda estava ali.
Logo apontou a si mesmo, para o solo e, finalmente, para a frente, rumo sul.
Então me indicou com um gesto que recuasse, e

desapareceu dentro da nave.

DECOLAGEM FINAL

"Agora a escada metálica começava a encurtar-se, e os

degraus se ajustavam um sobre o outro como uma pilha de tábuas. Quando


a escada chegou até a parte superior da porta — a que quando estava aberta
era um piso —, esta começou por sua vez a levantar-se, até que se encaixou
na parede da nave e ficou invisível.

"As luzes das engrenagens cilíndricas, dos faróis dianteiros e do disco


giratório aumentaram o seu brilho, enquanto o disco girava mais e mais
rapidamente. Pouco a pouco, a nave começou a elevar-se na vertical. Nesse
momento, os três eixos do tripé sobre os quais estivera apoiada se ergueram
até os costados, a parte inferior de cada perna (mais estreita, arredondada e
terminada em um pé alargado) começou a

entrar na parte superior (que era muito mais larga e

quadrada), e então as partes superiores começaram a


penetrar na máquina. Finalmente, já não se via nada ali; a base era lisa e
polida como se o tripé nunca houvesse

existido. Não pude descobrir nenhuma marca que indicasse os lugares em


que haviam penetrado. A nave continuou

subindo lentamente, até que alcançou uma altura de trinta a cinqüenta


metros. Ali se deteve uns segundos.

Simultaneamente, a luminosidade aumentou ainda mais, e o disco giratório


começou a rodar a uma velocidade

aterrorizante, enquanto sua luz passava por várias cores, até chegar a um
vermelho vivo. Nesse momento, a máquina

mudou de direção com um movimento brusco, fazendo um

ruído mais forte, uma espécie de 'golpear continuado' (isto aconteceu


quando vi a parte que chamei de 'timão' mover-se até um lado). Logo,
inclinando-se ligeiramente até um lado, a máquina saiu disparada como
uma bala para o sul, a tal velocidade que desapareceu de vista em poucos
segundos. "Então regressei a meu trator. Deixei a nave por volta das 5:30 da
manhã, e havia entrado nela à 1:15 da madrugada. De maneira que passei
ali quatro horas e quinze minutos. "Quando tentei dar partida no motor, vi
que ainda não

funcionava. Procurei descobrir algum defeito e notei que um dos cabos da


bateria havia sido desconectado e estava fora de lugar. Alguém o fizera,
porque um cabo de bateria bem colocado não se solta sozinho (eu havia
testado ao sair de casa). Devia ter sido feito por algum dos homens depois
que o trator se detivera, provavelmente enquanto me

capturavam. Talvez o tivessem feito para evitar que eu escapasse de novo,


se pudesse livrar-me deles. Era uma gente muito perspicaz, não havia nada
que não previssem. "Além de minha mãe, não contei a história a ninguém
até agora. Ela disse que eu nunca deveria me misturar de novo com essa
gente. Não tive coragem de contar a meu pai,
porque já lhe havia contado sobre a luz que aparecera no curral e ele não me
levara a sério, dizendo que eu 'andava tendo visões'.

"Mais tarde, decidi escrever ao Sr. João Martins, depois de ler um de seus
artigos em O Cruzeiro, em novembro, no qual solicitava aos leitores que o
informassem de todos os casos que tivessem relação com discos voadores.
Se tivesse dinheiro suficiente, eu teria vindo antes, mas como não tinha, tive
de esperar até que o jornalista me ajudasse nas despesas com a viagem.

"Estou a sua disposição, senhores. Se acham que devo voltar para casa, o
farei amanhã. Mas se desejam que eu permaneça mais tempo aqui, estou de
acordo em fazê-lo; para isso vim.

O esboço da máquina

Este esboço foi feitor por Villas Boas no consultório do Dr. Olavo Fontes, a
fim de tornar mais compreensíveis os detalhes da máquina, tal como nos
fornece em seu

depoimento (ver esquema, p. 77).

No dia seguinte (17 de outubro), Villas Boas retornou ao lugar onde a


estranha nave havia aterrissado e mediu distâncias entre as três marcas que
estavam na superfície, correspondentes aos pés do tripé sobre o qual esteve
parada a máquina. Estas medidas dão uma idéia aproximada das dimensões
reais da nave.

Inscrição

Quanto à descrição feita por Villas Boas da inscrição que viu sobre uma
porta da nave, ele tentou memorizá-la, e logo a reproduzo na entrevista que
tive com Olavo Fontes e João Martins.

Declarações do Dr. Olavo Fontes

— A declaração transcrita anteriormente foi feita de livre vontade por


Antônio Villas Boas em meu consultório.
Durante umas quatro horas ouvimos a narração e

submetemos o depoente a um detalhado interrogatório. "Tentamos


esclarecer certos detalhes, com o objetivo de ver se havia contradições e
chamar sua atenção sobre certos pontos inexplicáveis em seu relato, a fim
de ver se ficava desconcertado por isto ou se recorria a sua imaginação. "Fiz
uma investigação pessoal de todo o assunto junto com o jornalista João
Martins, que foi o primeiro homem com quem a testemunha fez contato.

"Antônio Villas Boas escreveu duas cartas a João Martins pouco tempo
depois de ocorrido o incidente. E, finalmente, decidimos enviar-lhe o
dinheiro para que fizesse a viagem ao Rio de Janeiro. Aqui chegou uns
quatro meses após os acontecimentos, com todos os detalhes ainda frescos
em sua memória.

"Foi submetido a um exaustivo interrogatório, assim como também a um


cuidadoso exame médico, incluindo testes psicológicos.

"Decidimos não publicar os resultados da investigação, porque o caso era


demasiado 'disparatado' e também devido à possibilidade de que ocorresse
um caso similar que pudesse ser comparado com este, comparação que teria
sido

sumamente interessante se o primeiro caso não fosse

conhecido.
O protagonista. Características

Antônio Villas Boas não é um tipo urbano sofisticado. É um homem


robusto, de tez escura, evidentemente um caboclo. Sua educação foi muito
rudimentar, e é o representante típico do pequeno lavrador do vasto interior
do Brasil. Desde o início da investigação ficou óbvio que não

apresentava características psicopáticas. Calmo, falava fluentemente, sem


revelar sinais de instabilidade emocional; todas as suas reações às perguntas
feitas foram inteiramente normais. Em momento algum vacilou ou perdeu o
controle de sua narração.

Suas dúvidas correspondiam exatamente ao que se poderia esperar de um


indivíduo que, em uma estranha situação, não podia encontrar explicação
para certos fatos. Em tais momentos, mesmo quando sabia que as dúvidas
que

manifestava a respeito de certas perguntas pudessem levar- nos a não dar


crédito a seu relato, contestava simplesmente: "Isso não sei", "Não posso
explicar isso".

Que se apresentem algumas variações (mas muito poucas e certamente sem


importância) em duas versões deste relato separadas por um intervalo de
três anos e meio, não é, sem dúvida, surpreendente. Na realidade, são
justamente as discrepâncias que poderíamos esperar se as experiências de
Antônio foram autênticas. Se não houvesse discrepância alguma, aí sim,
seria o caso de desconfiar.

Podem ser dados muitos exemplos em sua narração que são para ele
características totalmente inexplicáveis, como: a) o feixe de luz que
iluminou o campo, mas que não se sabia de onde provinha;

b) o que foi que fez parar o motor de seu trator e apagar as luzes;

c) a razão para a presença do disco giratório, que rodava sem cessar na parte
superior da nave;
d) por que motivo, lhe tiraram amostras de sangue;

e) a porta que se fechou e se tornou parte da parede; f) os estranhos ruídos


que saíam das gargantas dos

personagens do seu relato;

g) os sintomas (descritos mais adiante) que tem durante os dias seguintes à


sua aventura etc.

E, além disso, numa de suas cartas a João Martins, declarou que não podia
pôr certos detalhes por escrito porque se sentia envergonhado. Essa era a
parte referente à "mulher" e às "relações sexuais". Não descreveu nenhum
desses detalhes de forma espontânea. Quando interrogado sobre isto,

mostrou vergonha e embaraço, e só com insistência

conseguiu-se extrair dele os detalhes dados anteriormente. Também se


mostrou esquivo quando admitiu que a camisa que levava naquele momento
estava rota, em resposta à pergunta sobre se eles haviam rasgado sua roupa.

Estas reações emocionais estão de acordo com o que se esperaria de um


indivíduo psicologicamente normal e de sua educação e antecedentes.

Não se notou nele nenhuma tendência à superstição ou ao misticismo. Não


pensou que os tripulantes da máquina

fossem anjos, ou super-homens, ou demônios. Acha que

eram homens como nós, mas de outras regiões, de algum outro planeta.
Declarou que assim acreditava porque o tripulante que o acompanhou ao
sair da nave apontou para si mesmo, depois para o solo e para algum lugar
no céu, gesto que, em sua opinião, só podia ter um significado. Ademais, o
fato de os tripulantes permanecerem o tempo todo com os uniformes e os
capacetes indica, em sua opinião, que o ar
que eles respiram não é o mesmo que o nosso.

Considerando esta expressão como indicativa de que

classificava a mulher — a única a não usar capacete nem uniforme — como


de raça diferente dos demais

(possivelmente de origem terrestre e adaptada às condições do outro


planeta), fiz-lhe esta pergunta.

Ele se recusou com firmeza a aceitar esta possibilidade, argumentando que


ela era fisicamente igual aos demais

quando usava capacete e uniforme, só diferindo na estatura. Além disso, ao


falar, emitia os mesmos sons que os demais, e também tomou parte em sua
captura; em nenhum momento

parecia estar submissa aos demais, mostrando-se livre como eles.

Indagado sobre se o capacete não poderia ter sido algum tipo de disfarce, já
que a mulher era capaz de respirar nosso ar, ele replicou que não acreditava,
porque achava que ela só pudera respirar nossa atmosfera graças à fumaça
que saía dos pequenos tubos colocados na parede do pequeno

compartimento onde se deu o encontro. Era a mesma

fumaça que o fizera sentir-se tão mal. Na realidade, a

constatação de esta fumaça não existir em nenhum dos

outros compartimentos — onde ele não viu nenhum

tripulante tirar os capacetes —, levou-o a concluir que a fumaça era algum


gás necessário à respiração dela, colocado ali exatamente para que pudesse
dispensar o uso do capacete. Como se pode ver no exemplo anterior, o Sr.
Villas Boas é muito inteligente. Sua argumentação é surpreendentemente
lógica para um homem do interior que mal sabe ler e
escrever.

O mesmo pode ser dito quanto à sua suspeita sobre os

possíveis efeitos afrodisíacos do líquido com que lhe

esfregaram o corpo, embora esta explicação talvez tenha servido mais para
satisfazer seu próprio ego — se estava dizendo a verdade —, já que sua
excitação sexual podia

muito bem ter sido perfeitamente espontânea. Sua

repugnância inconsciente pode ser creditada ao fato de que lhe era penoso
admitir que havia sido dominado por

impulsos puramente animais.

Por outro lado, o líquido podia ter sido simplesmente anti- séptico,
desinfetante, ou desodorante, para limpá-lo e livrá- lo de germes que
pudessem ser danosos para sua

companheira.

Foi-lhe perguntado se achava que alguma de suas ações fora executada sob
domínio mental ou sugestão telepática

recebida de seus captores: sua resposta foi negativa. Disse ter continuado
em plena posse de seus pensamentos e ações

durante toda a aventura. Em momento algum se sentiu

dominado por qualquer idéia ou influência externas. "Tudo que


conseguiram obter de mim foi por minha livre

vontade", foi seu comentário. Negou ter recebido alguma sugestão


telepática ou mensagem de qualquer um deles.

— Se eles se consideravam capazes de tais coisas — concluiu —, então


devo tê-los desiludido muito.
Ao encerramento do interrogatório, João Martins lhe disse que,
lamentavelmente, não podia publicar o relato em O

Cruzeiro porque, na falta de provas mais conclusivas que o apoiassem,


dificilmente seria levado a sério, a não ser que um relato semelhante
aparecesse em outro lugar.

Villas Boas ficou visivelmente desanimado — ou porque

queria ver seu nome na revista, ou porque sentia que, pela expressão de
João Martins, o repórter não acreditava nele. Estava bastante contrariado,
mas não protestou nem tentou discutir o assunto. Simplesmente, disse:

— Nesse caso, se não precisa mais de mim, voltarei para casa


amanhã de manhã. Se deseja fazer uma viagem até lá um dia desses, terei
muito prazer em recebê-lo. E se precisar de mais alguma coisa, é só me
escrever...

Para consolá-lo de sua desilusão, foi-lhe dito que, se desejava ver sua
aventura impressa, bastava procurar os jornais

diários, que, sem dúvida, a publicariam, visto que o tema estava novamente
em foco devido às fotografias do "disco" da ilha de Trindade. Mas, citando
como exemplo este caso do fotógrafo, foi advertido de que, para muita
gente, ele não passaria de um louco ou farsante. Sua resposta foi a seguinte:
— Desafio àqueles que me acusam de ser um louco ou um

mentiroso a viajarem até minha terra e me investigarem. Verão se lá sou ou


não considerado um homem normal e

honrado. Se depois ainda continuarem duvidando de mim,

será pior para eles...

Todos os comentários anteriores confirmam a impressão de sinceridade que


o Sr. Villas Boas deu ao seu relato. Por outro lado, ele deixa bem claro que
não estamos tratando com um psicopata, um místico ou um visionário.
Apesar de tudo, o próprio conteúdo do relato é em si mesmo o maior

argumento contra sua veracidade. Certos detalhes são

demasiado fantásticos para serem dignos de crédito, o que é lamentável


para ele.

Em tais circunstâncias, nos resta a hipótese de que seja um mentiroso


extremamente inteligente, um farsante provido de uma notável imaginação
e de rara inteligência, capaz de contar uma história totalmente original,
diferente por

completo, em seu gênero, de tudo que apareceu até agora. Sua memória
também deve ser fenomenal; por exemplo, a
detalhada descrição que fez da estranha máquina coincide de forma precisa
com um modelo talhado em madeira que

enviara a João Martins em novembro. Note-se, além disso, que a nave é


totalmente diversa dos discos voadores

descritos até o presente (como se tivesse se proposto ser original também


nisto).

Esta concordância entre o modelo de madeira feito alguns meses antes e sua
descrição original (mais um esboço),

indica que este homem deve ser dotado de uma excelente

memória visual.

Outra experiência feita foi mostrar-lhe várias fotografias de mulheres


brasileiras ruivas, para ver se encontrava alguma que se parecesse — em
feições ou cabelos — com a ruiva

tripulante da nave. O resultado foi negativo.

Por fim, foi-lhe mostrada uma fotografia publicada em O Cruzeiro de uma


reprodução pintada do "venusiano" de

Adamski, realizada de acordo com as instruções do mesmo Adamski. Villas


Boas não reconheceu nenhuma semelhança, destacando que a cara da
pessoa que ele encontrou era muito mais fina e triangular em sua parte
inferior; que os olhos da mulher eram maiores e mais rasgados e que seu
cabelo era muito mais curto — chegando apenas até a metade da nuca — e
penteado de outra maneira. Tampouco reconheceu

nada parecido na vestimenta.

Informe médico

Resta ainda considerar uma das partes mais significativas deste caso: o
informe médico de Villas Boas, preparado pelo Dr. Olavo Fontes.
As observações clínicas e o exame médico são do Dr. Olavo Fontes.

"PACIENTE: Antônio Villas Boas; idade, 23 anos, solteiro, lavrador,


residente em São Francisco de Sales, Minas Gerais.
História da enfermidade

"Tal como registrado em sua declaração, deixou a máquina às 5:30 da


manhã de 16 de outubro de 1957. Sentia-se bastante fraco, pois nada havia
comido desde as nove da noite

anterior e havia vomitado bastante enquanto estava na

máquina.

"Chegou em sua casa exausto e dormiu quase o dia todo. Despertou às


16:30, sentindo-se bem, e fez uma ceia

normal.

"Mas já naquela noite, bem como na seguinte, não

conseguiu dormir. Estava nervoso e excitado; tentou dormir várias vezes,


mas logo começava a sonhar com os

acontecimentos da noite anterior, como se tudo estivesse se repetindo.


Então despertava assustado, gritando e sentindo- se capturado de novo por
seus estranhos seqüestradores. "Após várias tentativas, abandonou a idéia
de dormir, e então tratou de passar a noite estudando. Mas tampouco pôde
fazê-lo, porque não podia concentrar-se em absoluto no que estava lendo;
seus pensamentos voltavam

constantemente aos fatos da noite anterior.

"O amanhecer o encontrou inquieto, andando para lá e para cá e fumando


um cigarro atrás do outro.

"Estava cansado e todo o corpo lhe doía. Tomou uma xícara de café e,
contrariamente a seus hábitos, não comeu. Mas logo sentiu náuseas, que
duraram o dia inteiro. Também sentiu uma forte dor nas têmporas, que
palpitavam, e isto também durou todo o dia. Notou que perdera totalmente
o apetite, e durante alguns dias ficou impossibilitado de comer. "Também
passou a segunda noite sem poder dormir, no
mesmo estado em que na noite anterior. Durante esta

segunda noite começou a sentir uma desagradável sensação de ardência nos


olhos, mas a dor de cabeça havia

desaparecido e não voltou a ocorrer.

"Durante o segundo dia continuou com náuseas e

totalmente sem apetite. Não vomitou, porém, talvez porque não havia se
forçado a comer.

"A sensação de ardência nos olhos aumentou ao ser

acompanhada por constante lacrimejar. Mas não foi notada congestão das
conjuntivas, nem qualquer outro sinal de irritação nos olhos. Não se
observou redução da visão. "Na terceira noite pôde dormir normalmente,
mas desde

então, e aproximadamente durante um mês, teve insônia. Durante o dia,


cabeceava de sono e dormia a qualquer

momento, inclusive quando falava com outras pessoas, e em qualquer lugar.


Bastava ficar quieto um instante para

adormecer. Durante esse período de sonolência, também

continuaram a irritação na vista e o lacrimejar excessivo. "As náuseas,


contudo, desapareceram no terceiro dia; ele recuperou o apetite e
recomeçou a comer normalmente.

Notou que os sintomas visuais se agravavam à luz do sol, de modo que se


viu obrigado a evitar muita luz.

"No oitavo dia, enquanto trabalhava, surgiu um pequeno ferimento no


antebraço. No dia seguinte, notou que a lesão se havia convertido em um
pequeno caroço purulento, que cocava muito. Quando a ferida sarou,
permaneceu uma
mancha púrpura ao redor.

"Entre quatro e dez dias depois, apareceram feridas similares em braços e


pernas. Estas, contudo, se apresentavam

espontaneamente, sem traumatismo prévio; todas

começavam com um pequeno inchaço e um orifício no

meio, com muita ardência, e duravam de dez a vinte dias. Disse que todas
ficaram ‘arroxeadas ao redor quando
secaram', sendo as cicatrizes ainda visíveis agora. Em momento algum
observou qualquer erupção cutânea ou sensação de inflamação, e nega
também ter visto manchas hemorrágicas na pele (petéquias) ou
machucaduras em feridas menores (lunares hemorrágicos); se os houve,
passaram despercebidos. Disse, porém, que no 15e dia lhe apareceram no
rosto dois lunares amarelentos, um de cada lado do nariz, e mais ou menos
simétricos. Eram 'uma espécie de manchas semi-pálidas, como se houvesse
ali pouco sangue', que desapareceram espontaneamente ao fim de uns dez
ou vinte dias.

"Quatro meses depois dos acontecimentos, quando foi submetido a exame


médico, ainda tinha nos braços duas pequenas feridas sem fechar, além das
cicatrizes de várias outras, que foram aparecendo esporadicamente durante
os meses anteriores ao mencionado exame.

"Nenhum dos demais sintomas descritos reapareceu até o momento.

"Nega ter tido febre, diarréia, sintomas de hemorragia ou icterícia, quer


durante a fase aguda da enfermidade, quer depois. Por outro lado, não
observou área alguma de depilação em seu corpo ou rosto, tampouco perda
excessiva de cabelo em qualquer momento, entre outubro e a data da
consulta.

"Durante o período de sonolência não notou redução

aparente em sua capacidade de trabalho físico. Tampouco observou


diminuição da libido ou potência, nem mudança alguma na agudeza de sua
visão.

"Não observou anemia, e não tinha lesões ulcerosas na boca.

Enfermidades anteriores

"Menciona apenas enfermidades eruptivas próprias da

infância (sarampo, varicela), sem complicações. Nenhuma doença venérea


crônica. Faz alguns anos teve colite crônica, que atualmente não lhe causa
incômodos.

Exame físico

"O paciente é do sexo masculino, cabelo preto fino, olhos escuros, e


aparentemente não sofre de nenhuma

enfermidade aguda nem crônica.

"Biotipo: astênico, de extremidades largas.

"Fisionomia: atípica. É de estatura mediana (1,64m com sapatos), magro,


mas forte, com musculatura bem

desenvolvida.

"Está bem alimentado, não apresenta sinais de deficiência vitamínica.

"Não há deformidades físicas nem anomalias no

desenvolvimento físico.

"Os pêlos do corpo são de aparência e distribuição normais para seu sexo. A
mucosa conjuntiva é ligeiramente

descolorida.

"Os dentes, em bom estado de conservação.

"Não se palpam gânglios superficiais.

Exame dermatológico

"Observam-se as seguintes mudanças:

1. Foram observados dois pequenos lunares hipercrônicos, um de cada lado


do queixo, de pequeno tamanho e mais ou menos redondos, um deles de
tamanho aproximado de 1
cm, o outro um pouco maior e de aspecto mais irregular; a pele destas áreas
aparece mais lisa e delgada, como se tivesse
sido renovada recentemente ou como se estivesse um tanto atrofiada. Não
há nenhum elemento que permita fazer uma avaliação quanto à idade dessas
duas marcas; só se pode dizer que são cicatrizes de alguma lesão superficial
com

hemorragia subcutânea associada, que existiu pelo menos durante um mês


e, no máximo, durante doze meses. Estas marcas não parecem ser
permanentes e talvez desapareçam ao fim de alguns meses. Não se
observaram lunares ou sinais similares.

2. Várias cicatrizes de lesões cutâneas recentes — de no máximo uns meses


— no dorso das mãos, nos antebraços e nas pernas. Todas apresentam a
mesma aparência, que

recorda a de pequenos furúnculos ou feridas cicatrizadas, com áreas de


escamação ao redor, mostrando que são

relativamente recentes. Há ainda duas que não cicatrizaram, uma em cada


braço, e seu aspecto é o de pequenos nódulos ou inchaços avermelhados,
mais duros que a pele que os rodeia e destacando-se por serem dolorosos à
pressão e com um pequeno orifício central, que secreta fluído seroso
amarelado. A pele ao redor destas feridas está alterada e irritada, indicando
que as lesões são pruriginosas, já que há marcas deixadas pelas unhas do
paciente ao coçar-se.

O aspecto mais interessante de todas essas lesões e cicatrizes cutâneas é a


presença de uma área hipercrônica de coloração violeta ao redor de todas
elas, característica que nos é totalmente desconhecida. Não sabemos se
estas áreas podem ter algum significado especial. Nossa experiência em

dermatologia é insuficiente para permitir-nos interpretá-las corretamente, já


que não é essa nossa especialidade. Em conseqüência, limitamo-nos à
descrição das modificações, que também foram fotografadas.

Exame do sistema nervoso


"Boa orientação em tempo e espaço. Sentimentos e afetos dentro dos limites
normais. Testes de percepção, associação de idéias e capacidade de
raciocínio indicam mecanismos mentais aparentemente normais. Memória
de longo e curto alcance em boas condições. Excelente memória visual,
com facilidade para reproduzir desenhos ou esboços com

detalhes descritos anteriormente. Ausência de sinais ou qualquer evidência


indireta de perturbação das faculdades mentais.

"Nota: Estes resultados, mesmo sendo precisos, necessitam ser completados


— se possível — com um exame

psiquiátrico mais especializado, feito por um especialista. "Exame de


mobilidade, reflexos e sensibilidade superficial: não revela nada de
anormal.

"Assinado: OLAVO FONTES (doutor em medicina), Rio de Janeiro, 22 de


fevereiro de 1958."

Comentários publicados em "Flying Saucer

Occupants", por Coral e Jim Lorenzen

As aparentes inconsistências neste caso talvez não o sejam se consideradas


com calma e lógica.

1. O Sr. João Martins achou que se a mulher media apenas 1,42m e Villas
Boas 1,62m, ela não teria conseguido esfregar sua cabeça contra o queixo
dele. O Dr. Fontes destaca que isto teria sido possível se ela tivesse se
colocado na ponta dos pés, o que é muito possível, já que, afinal, ela era a
agressora.

Outro ponto a considerar é precisamente quanto Villas Boas media de


altura. A maioria das pessoas, em especial os homens, se "espicham" um
pouco ou se erguem o mais alto
que podem quando vão lhes medir a altura, e/ou exageram um pouco
quando se referem a sua estatura, especialmente se esta é mediana ou baixa.
Leve-se em conta que Villas Boas é de estatura mediana ou um tanto baixa
para um brasileiro. Considerando que Villas Boas era o cativo de entidades
vestidas de forma estranha em uma nave estranha, que havia sido
intoxicado com um gás e abordado sexualmente por

uma mulher de aspecto incomum, não é provável que

estivesse espichado o máximo possível. Seu depoimento

indica também que cooperou com a mulher desde o início. De modo que
talvez tenha se inclinado um pouco.

2. O problema do estranho capacete que os homens usavam poderia


também ser simples. Se o amplo espaço que havia no capacete sobre as
cabeças das criaturas estava ocupado por um sistema de filtragem, temos a
resposta. Podiam ter estado respirando o mesmo ar que Villas Boas e a
mulher, embora filtrado para não ficarem expostos aos germes. A mulher
deveria estar em estreito contato para a relação sexual, mas não haveria
necessidade de expor toda a

tripulação. O líquido com que foi esfregado o corpo de Villas Boas e o


malcheiroso gás injetado no compartimento que ocupava podiam ter sido de
natureza anti-séptica, para neutralizar qualquer germe respiratório. É
importante

recordar aqui que os capacetes da tripulação eram altos, e embora


existissem tubos unindo-os ao traje, não havia

indício de um tanque ou cápsula com a provisão de ar.

Devemos examinar, por certo, a possibilidade de que o gás utilizado fosse


um componente atmosférico necessário para a mulher e seus companheiros.
Esta conjectura é possível pelo fato de que tanto a tripulação quanto a
mulher vestiam esses trajes quando Villas Boas foi raptado no campo,
sendo ela a única a aparecer sem ele, e isto só durante o tempo que passou
no compartimento com Villas Boas, segundo

pudemos determinar. Também é provável que o gás fosse

um agente anti-séptico, como sugerimos, já que poderia ser um componente


atmosférico necessário para a mulher.

Também foi injetado no compartimento apenas uma vez e, pelo que


sabemos, em momento algum foi reforçado, apesar do fato de ser respirado
por dois indivíduos durante bastante tempo. Ademais, parece que, se certo
ingrediente gasoso era necessário, poderia ter sido distribuído através do ar
em toda a nave e não apenas naquele compartimento.

3. Quando o caso Villas Boas chegou às mãos da APRO pela primeira vez,
em 1958, tentamos explicá-lo como uma

fantasia sexual, mas os fatos reportados não encaixavam. Se Villas Boas —


que o Dr. Fontes atesta ser um homem

normal em todos os sentidos — deixara-se levar por uma fantasia sexual,


dormindo ou acordado, logicamente teria colocado no centro de seus
pensamentos uma mulher

formosa. Não ficaria alucinado com uma mulher carente de uma das
qualidades físicas geralmente atribuídas a uma mulher sexy: os lábios.

O beijo é um dos passos normais que conduzem ao ato; a mulher, contudo,


no caso de Villas Boas, não beijava, e sim usava uma técnica de morder.
Isto, em si, não está fora dos procedimentos amorosos, mas está muito
longe de ser um substituto para o bom e velho beijo dos humanos.

4. Neste caso, como em muitos incidentes de OVNI nos

quais se acham envolvidas vestimentas, equipes ou criaturas estranhas, a


crítica da possível autenticidade do informe origina a raiz da mesma
diferença entre os fatos implicados e gente, naves, vestimentas etc., das
pessoas "normais". Se realmente estes OVNIS são naves de outro planeta e
estão ocupados por seres estranhos, deveríamos esperar que os
seres, suas naves, sua tecnologia, cultura e hábitos fossem
consideravelmente diferentes dos nossos. E se estivessem tecnologicamente
avançados em centenas ou milhares de anos em relação aos homens,
deveríamos esperar que a diferença fosse ainda mais sensível.

Quando o Dr. Fontes nos visitou, em uma de suas viagens aos Estados
Unidos, perguntamos a ele:

— Acredita no relato de Villas Boas?

Sua resposta foi:

— É fantástico demais para acreditar.

Esta costuma ser a reação da maioria das pessoas ao

depararem pela primeira vez com relatos tão sensacionais. Todavia, o Dr.
Fontes vem há anos examinando informes de estranhos ocupantes de
OVNIS. Nossa primeira reação foi quase de troça, até que começamos a
somar alguns fatores importantes.

5. Se uma raça alienígena disposta a um contato e possível colonização


fizesse um reconhecimento deste planeta, uma de suas primeiras tarefas
seria saber se as duas raças poderiam se mesclar. Para isto necessitariam de
um paciente humano. Qualquer sexo seria adequado, porém seria muito
mais eficiente escolher, de alguma forma, um do sexo masculino. Caso se
utilizasse um paciente humano do sexo feminino, seriam grandes as
possibilidades de não conceber, ou de uma concepção seguida de um
aborto, devido à

considerável tensão nervosa resultante do afastamento do paciente feminino


de seu meio ambiente e família para um lugar completamente desconhecido
e na companhia de

estranhos, onde, literalmente, seria submetida a uma violação.

Deveria ser muito conhecido, em especial para uma cultura avançada, que a
formação psicológica das mulheres,
principalmente no que se refere ao sexo, é muito mais delicada que a da sua
contrapartida masculina.

Então, a situação ideal seria que os pesquisadores

escolhessem seu próprio paciente feminino, cujo período de ovulação seria


conhecido de antemão, e procedessem

exatamente como o fizeram, ao que parece, os estranhos ocupantes do


OVNI com Villas Boas.

6. Villas Boas emitiu a hipótese de que o líquido com que lhe esfregaram o
corpo tivesse sido algum afrodisíaco para excitá-lo sexualmente. O Dr.
Fontes crê que poderia ter tentado assim justificar sua capacidade de atuar
sexualmente em tais condições e, por sua vez, pensou que o líquido seria
alguma espécie de anti-séptico.

7. Lamentavelmente, e devido à grande distância, assim como à


preocupação de Villas Boas, do Dr. Fontes e do Sr. João Martins por seus
afazeres diários, não foi possível a viagem do protagonista naquele
momento para ser

submetido a um exame psiquiátrico. Desde então, Villas Boas se casou e


não tem interesse em alongar-se sobre sua experiência, por causa dos
sentimentos da esposa a respeito do assunto.

No entanto, um exame preliminar realizado pelo Dr. Fontes parece garantir-


nos que se trata de uma pessoa estável, que não mente, e que não dispunha
de conhecimentos

suficientes para imaginar um relato tão lógico.

Nem Todos São "Piratas" do Espaço

Ao comparar estes raptos atuais com os que o Gênesis nos fornece sobre os
"filhos de Deus" e as "filhas dos homens", creio que é fácil estabelecer
algumas diferenças. Por exemplo:
1º. Enquanto o Gênesis sugere que o "rapto" das "filhas dos homens" foi
conhecido por todos, os que são praticados atualmente pelos "astronautas"
extraterrenos chegam ao público (ou aos investigadores) apenas muito
depois. A quase totalidade destas "experiências" com humanos parece
efetivar-se no interior dos OVNIS e com um sigilo quase total. E mais: só
mediante a sofronização e hipnose das testemunhas se chega hoje a um
conhecimento aproximado do que lhes pôde acontecer no interior das naves.
(Há casos, como o de Villas Boas, nos quais os homens e mulheres
recordam suas experiências em nível consciente. No

entanto, como digo, estes são raros.)

Certamente que as circunstâncias têm variado muito. Há quatro, cinco ou


seis mil anos — quando possivelmente se deu a descida dos "veladores" a
uma área tão reduzida quanto determinada da terra —, o Grande Plano
traçado pelos responsáveis pelo nascimento e desenvolvimento de nossa
humanidade autorizava essas aterrissagens maciças e

públicas. Hoje, as coisas mudaram...

2º. Além disso, estou convencido de que os autores dos atuais raptos pouco
ou nada têm a ver com aqueles "anjos" ou "astronautas" que romperam os
"planos divinos",

"alterando sua natureza", tal e como especifica o Testamento dos Doze


Patriarcas.

É penoso para mim aceitar que aqueles "missionários" que colaboraram nas
primeiras fases do Grande Plano — criação do homem, eleição do povo
judeu e preparação, em suma, do nascimento de Cristo — sejam os mesmos
que hoje

introduzem homens e mulheres em suas naves, praticando neles todo tipo


de ensaios "clínicos", sexuais etc. E embora eu mantenha a hipótese de que
tais "anjos-astronautas" continuem velando pela evolução da humanidade e
colaborando com as novas "fases" do Grande Plano, eles não têm a ver com
esta "pirataria sexual".

Quem são então os responsáveis por tais seqüestros?

Em minha opinião — e sempre baseado nas centenas de

informações que compilei —, estas raças siderais que capturam os humanos


como se fôssemos potros, selvagens ou gorilas fazem parte de um "escalão"
muito acima do nosso ponto de vista técnico, mas sumamente distante,
quem sabe, dessa "parcela" cósmica na qual se encontram os "anjos-
astronautas" da Bíblia.

Em meus arquivos disponho de uma infinidade de "contatos imediatos" com


seres espaciais cujo comportamento em relação às testemunhas é
radicalmente distinto do destes "exploradores", ou "cientistas", ou "piratas"
do espaço. São exatamente "varões", "homens" ou "seres" que inspiram
"uma grande paz e confiança" — para utilizar as expressões dos que os
viram ou chegaram, inclusive, a dialogar com eles —, cujo aspecto "é
resplandecente e formoso" e que sempre "falam de amor, justiça e
acontecimentos transcendentes". Estes — como poderemos ver mais
adiante — chegaram a ser identificados ou associados com nossa velha
idéia dos anjos. Em troca, não acontece o mesmo com os tripulantes que
praticam os raptos. Como explicava Villas Boas, seus captores não tinham
aspecto de "anjos"...

3º. Por último, enquanto aquele reduzido grupo de

"rebeldes" (?) — duzentos, segundo os apócrifos — permitiu que o fruto de


sua união com as fêmeas humanas vivesse e crescesse, nos casos atuais de
agressões sexuais não se tem conhecimento da gestação e nascimento de um
único bebê híbrido. É como se todas as civilizações que nos visitam
estivessem submetidas — por mais baixo que fosse o seu nível ético — a
um rigoroso controle "superior" que
garantisse, acima de tudo, o desenvolvimento natural de uma espécie
inferior, como é o nosso caso. Isto explicaria a "inexplicável" atitude dos
OVNIS: sempre esquivos e

escorregadios. O que podemos pensar então desses casos de relações


sexuais ou de "checkups médicos" praticados em nossos dias no interior dos
OVNIS? Em minha opinião, pode haver duas explicações: que tais
experiências sejam

executadas com conhecimento prévio dos eloístas, ou

"anjos-astronautas", e, portanto, devidamente autorizadas, ou que as raças


que as levam a cabo o façam de forma

clandestina e ilegal. Se aqueles duzentos "veladores" pudessem romper a


norma estabelecida para com os "anjos dos homens" — sinal inequívoco da
liberdade de que

desfrutavam — por que desprezar a possibilidade de que outros seres


espaciais descumpram também essas leis

cósmicas? É evidente que, à raiz daquela "rebelião" entre os eloístas, o


"estado-maior supremo" dos céus intensificou seu controle e vigilância em
torno da recém-nascida

humanidade. Talvez seja esta a razão por que não voltou a ocorrer — pelo
menos, não temos notícias claras — uma descida pública, oficial e maciça
dos "astronautas" entre os seres humanos. E talvez, como conseqüência
desse férreo controle da Terra, estes raptos e contatos imediatos se realizem
"às escondidas" e sem que 90% dos "seqüestrados" recordem o que
aconteceu realmente no interior de tais naves. O que já torna quase
impossível averiguar se esses raptos ficam impunes ou se os "supremos
responsáveis" — os "celestes" ou eloístas — da humanidade se encarregam
de punir os responsáveis, na suposição, insisto, de que tais aproximações
com os homens estejam proibidas... Em honra da verdade, tampouco os
"anjos-astronautas" que tiraram os israelitas do Egito e os guiaram durante
centenas de anos até o assentamento definitivo na terra prometida foram um
exemplo de doçura e pacifismo. Venho estudando

atualmente as matanças dos "astronautas de Jeová" entre os povos vizinhos


e entre os próprios judeus, e o saldo final só pode horrorizar uma mente
objetiva. Até a própria Igreja católica se mostra impotente na hora de dar
uma explicação "satisfatória" a estes assassinatos em massa...

Como difícil é também para os exegetas "tradicionais" acertar com a


interpretação exata desta passagem do Gênesis em que, para assombro de
todos, Jacó luta com o "anjo" durante horas.

Capítulo IV

Jacó, aliás, "Israel", deparou com um "acampamento" dos eloístas. —


Como o esperto neto de Abraão envia na frente todos os seus parentes. —
Um "anjo" em baixa forma? — Jacó recebeu um autêntico golpe de judô. —
Certamente, os "folclóricos" comentaristas católicos não estão de acordo.
— Somos mais perigosos que o patriarca e seu povo. — Não dispare contra
os OVNIS: pode acabar cego... ou morto. — Alerta de combate na base
espanhola de Talavera la Real. — Inácio de Souza partiu para o outro
mundo acreditando que havia assassinado um extraterreno.

Se nos casos de "paralisação" e de agressões sexuais por parte dos


ocupantes dos OVNIS atuais e em relação aos humanos existe — como
temos visto — um paralelismo com o que

nos conta a Bíblia, não me tem sido fácil, por outro lado, encontrar uma
equiparação com o desconcertante

"encontro" entre Jacó e um anjo.

No mesmo livro do Gênesis (XXXII, 24-32) pode-se ler


textualmente:

"Jacó ficou só, e até o romper da aurora lutava com ele um homem, o qual,
vendo que não podia vencê-lo, acertou-lhe um golpe na articulação da coxa,
que se deslocou enquanto Jacó lutava com ele. O homem disse a Jacó:
'Deixa-me partir, pois a aurora se levanta.' Respondeu Jacó: 'Não te deixarei
partir antes que me abençoes.' Perguntou-lhe ele: 'Como te chamas?'
Respondeu: 'Jacó.' Então disse: 'Já não te chamarás Jacó, e sim Israel, pois
lutaste com Deus e com homens e venceste.' Tomou Jacó: 'Rogo-te, como te
chamas?' Mas ele respondeu: 'Por que perguntas pelo meu nome?' E

abençoou-o ali.

"Jacó chamou àquele lugar Fanuel, pois disse: 'Vi a Deus face a face, e a
minha vida foi salva.'

"Saía o sol quando passou por Fanuel, e manquejava de uma perna. Por isso
os filhos de Israel não comem até hoje o nervo da articulação da coxa,
porque o homem tocou a

articulação da coxa de Jacó no nervo do quadril."

Ao ler detidamente esta passagem do Antigo Testamento, qualquer um se


sente novamente confuso. Como se deu este "contato" sobre o qual o
Gênesis não diz nada? O que fazia aquele "homem" ou "anjo" — para usar
os mesmos termos

do autor sagrado — nas proximidades do acampamento de

Jacó? E, o mais assombroso: que espécie de "anjo" enfrentou o neto de


Abraão, e que não podia vencer o patriarca?

A "luta" deve ter sido tão "humana" que o "anjo", para poder livrar-se ao
incômodo Jacó, "deu-lhe um golpe na

articulação da coxa", deixando-o manco.


Antes de passar à minha própria interpretação, vejamos o que dizem as
testemunhas e os exegetas católicos acerca deste suspeitoso evento:

Para Alberto Colunga e Maximiliano Cordero, dois

eminentes estudiosos das Sagradas Escrituras, este fragmento é um puro


símbolo "e não se deve dar a ele mais que um valor de parábola em ação".

"O estilo de redação é arcaico", prosseguem em sua

interpretação, "e é bem possível que seja o eco de uma anedota folclórica
antiga para explicar o nome de Israel." Pela enésima vez, os sábios da Igreja
católica fogem do assunto. Existe maneira mais cômoda e pouco

comprometedora do que "explicar" uma passagem bíblica

rotulando-a de "símbolo" ou "parábola em ação"? Sem

querer, acabo sempre deparando com este "balaio de gatos" que são os
"gêneros literários" : uma invenção muito típica dos exegetas que não
desejam se comprometer...

E pergunto: por que a "luta de Jacó com o anjo", ou a "estrela de Belém",


ou a "travessia do mar Vermelho" devem ser

classificadas como "gêneros literários ou midráshicos" e a ressurreição de


Cristo, sua "ascensão aos Céus" ou a

"concepção virginal de Maria" — para citar alguns exemplos — são


considerados "fatos históricos e irrefutáveis"?

Se a Bíblia é considerada como "de inspiração divina", por que estes


doutores da Igreja tentam corrigir o próprio Deus? Das duas uma: ou a
Sagrada Escritura não é de inspiração divina — o que aceito —, e neste
caso teria de ser toda questionada, ou, se o é, tudo a que se refere ocorreu

realmente. (Outro assunto é que tenhamos sabido

interpretar esses fatos, tal e como verdadeiramente


aconteceram...)

Este, talvez, seja o ponto-chave. Os escritores e teólogos católicos não


poderão aceitar jamais que Jacó, por exemplo, lutou durante uma noite
inteira com um anjo porque os

anjos simplesmente — tal como está hoje este ponto da

teologia — não têm natureza humana. E aqui — insisto mais


uma vez — é onde não concordo com as correntes

teológicas atuais.

Qual é então minha teoria sobre a "luta de Jacó"?

Devo superar novamente a tentação de me aprofundar no

Gênesis...

Vou limitar-me, portanto, a esses "argumentos básicos" sobre os quais já


falei: Jacó — como antes foram Abraão e Isaac (pai de Jacó) — era uma
das "peças" que formavam a "engrenagem" da importante fase de formação
do povo

"eleito". Tanto ele quanto seus descendentes (e assim

repetem os eloístas com freqüência) são os "cimentos" de um grande povo,


do qual irá nascer o Messias. (Estamos falando de uns 2.000 a 1.800 anos
a.C.)

Como "peças fundamentais" do "Grande Plano" divino, tanto Jacó quanto


os que o rodeavam deviam ser constantemente vigiados e "mantidos nos
eixos". Tal missão estava a cargo dos eloístas, ou "anjos-astronautas-
missionários", de natureza humana ou muito similar a ela.

Mas voltemos à luta de Jacó com o anjo. Pouco antes (e assim o aceita o
Gênesis em seu capítulo XXXII, 1-13) Jacó, que regressava às terras de seu
avô Abraão, de seu pai Isaac e de seu irmão Esaú, teve um primeiro e
maciço encontro

com outros "anjos":

"Jacó prosseguiu seu caminho", diz esta parte do Gênesis, "e lhe saíram ao
encontro uns anjos de Deus. Ao vê-los, Jacó disse: 'Este é o acampamento
de Deus.' E por isso chamou aquele lugar de Maanaim.
Por certo, nada na Bíblia é casual. E tampouco este encontro com os
eloístas. Em minha opinião, essa "cerrada vigilância" dos "astronautas" aos
patriarcas em geral, e, neste caso, a Jacó em particular, os obrigava talvez a
ocupar terra em lugares mais ou menos próximos, montando verdadeiras

bases ou "acampamentos", tal e como o define Jacó com

suma precisão. Se o patriarca conta que "aquele era o

acampamento de Deus" é porque, simplesmente, ali deve ter visto algo que
lembrava um acampamento. Se estes

"astronautas" — pelas muitas razões já expostas — haviam sido


identificados pelos patriarcas como "anjos de Deus" ou como o próprio
Deus ou Jeová, a conclusão lógica é que o lugar onde estavam "acampados"
ou estabelecidos fora

considerado o "acampamento de Deus".

Pouco depois deste "tropeço" (não sabemos se casual) de Jacó com a "base"
dos "astronautas", o patriarca decide enviar a Esaú uma série de emissários,
com presentes

substanciais, a fim de aplacar a ira de seu irmão ruivo. E pouco antes do


encontro com o anjo, o astuto neto de

Abraão faz suas duas mulheres legítimas (Lia e Raquel), as duas escravas
delas e as concubinas de Jacó (Zela e Bala) e seus onze filhos cruzarem a
corredeira de Yaboq, ficando então sozinho.

No fundo, de meu ponto de vista, estas manobras de Jacó — colocando a


salvo serviçais, presentes e sua própria família — não podiam obedecer a
outras razões que não o medo e a covardia.

Logicamente, este traslado de familiares e agregados de Jacó deve ter sido


estreitamente controlado pela "equipe de astronautas", que não podia
permitir a menor falha ou dano na pessoa do patriarca e de seus onze filhos:
nada mais nada menos que o "germe" das chamadas doze tribos de Jacó,
base inicial do futuro povo de Israel...

Portanto, parece-me verossímil que o patriarca — uma vez só — pudesse


encontrar-se com um desses "anjos-

astronautas" que circulavam pelo local. E embora o Gênesis seja parco em


detalhes, é provável que Jacó se lançara
materialmente sobre o "astronauta", obrigando-o a defender- se. Tampouco
podemos perder de vista uma segunda

hipótese. E se a luta com o "astronauta" tivesse sido

minuciosamente preparada pela "equipe"? Se levarmos em

conta que o "povo eleito" já estava a ponto de consolidar-se, aquele podia


ser um momento muito oportuno para "batizá- lo". E o nome — Israel —
foi dado pelo próprio anjo.

E digo que esta disputa só foi pacificada porque, por bom senso, estes seres
deviam ter quase uma superioridade total sobre os primitivos homens de
quatro mil anos atrás. Ao "astronauta" bastaria a simples utilização de
alguns de seus sistemas paralisantes ou apenas sair de perto de Jacó para
evitar o confronto com o patriarca e, obviamente, uma noite inteira de
combate...

Mas as "circunstâncias" do "Grande Plano" talvez exigissem naquele


momento que o "astronauta" simulasse e suportasse as investidas de Jacó —
que estaria com seus quarenta anos — e, inclusive, desse a impressão de
que estava sendo

vencido pelo "eleito". Só assim podia justificar perante Jacó a necessidade


de uma troca de nome do patriarca: "Já não te chamarás Jacó, e sim Israel,
pois lutaste com Deus e com homens e venceste."

Inútil insistir no fato de que não creio que tenha sido Deus — ou a Grande
Força a que me referia nas primeiras páginas deste trabalho — quem lutou
realmente com Jacó. A própria hipótese é absurda. Se o "anjo" ou
"astronauta" se auto- definiu ao final da luta como "Deus" é porque, como

assinalei em seu momento, esta afirmação simplificava as coisas. Aquele


"homem" era um ser sobre-humano para

Jacó, é claro, como hoje seria qualquer um dos nossos


astronautas russos ou americanos para os habitantes dos séculos XV ou
XVI. O que mais podia dizer-lhe o

"astronauta"?

O que já não consigo entender totalmente é a necessidade de uma luta tão


demorada. Por que o "astronauta" esperou até o amanhecer? Será que o
resultado não seria o mesmo com um enfrentamento breve? Ou aconteceu
que as coisas

se complicaram para o confiante "anjo" — ao qual foi

exigido que lutasse corpo-a-corpo com Jacó? O Gênesis o menciona


timidamente: "... e vendo que não podia com ele [o homem], deu-lhe um
golpe na articulação da coxa..."

Na articulação da coxa? Que tipo de golpe seria este?

Após consultar uma dezena de prestigiosos médicos, todos me garantiram


que talvez o Gênesis se referisse aos tendões do músculo chamado "reto-
anterior", situado na parte

anterior ou frontal da coxa. Este tendão se insere no osso ilíaco, ou seja, na


pelve. Este músculo é uma das quatro porções ou cabeças que formam o
"quadríceps femoral".

Uma forte pancada nesta área deixaria o nosso Jacó com uma momentânea
manqueira, que daria por encerrada a luta.

O curioso é que, quando consultei especialistas de judô e jiu- jitsu, todos


concordaram que um dos golpes chamados

atemi, ou mortais, nessas artes marciais, cai exatamente nessa área do


músculo. O impacto pode atingir o citado

tendão muscular por meio do punho, do pé, do joelho ou de um objeto


contundente.

Segundo o professor coreano Suk Joo Chung, uma das


maiores autoridades européias de sam-bo (luta de origem mongólica de
onde nasceram as principais artes marciais hoje conhecidas), da dezena de
golpes atemi hoje praticados, somente o da coxa reveste-se de uma
periculosidade menor. O resto — nos seios, parte superior do crânio,
esterno, queixo, entre os olhos, sob o nariz, na barriga, testículos e rins —
tem um caráter sumamente perigoso.
Isto me fez refletir. Por que o "astronauta" aplicou em Jacó o golpe "menos
perigoso", mas ainda assim suficiente para tirá- lo de combate? Não me é
difícil imaginar que estes seres — tal como acontece hoje com nossos
astronautas e pilotos em geral — conheceram os segredos da "defesa
pessoal" e que, naturalmente, foram treinados de modo excelente. O

"astronauta" não podia matar nem lesionar seriamente o

patriarca. Isto teria sido fatal para o conjunto da "operação"...

Todos os indícios assinalam o músculo reto-anterior como o lugar onde


Jacó foi golpeado pelo "anjo".

Por isso, tal e como diz a Bíblia, limitou-se a pôr fim à situação com um
golpe certeiro e numa área concretíssima. Como já me aconteceu em outras
oportunidades, ao

comprovar por mim mesmo "que a Bíblia tem razão", e que, como neste
relato, existe um fundamento real, se tornou mais virulento meu repúdio aos
chamados "gêneros

literários" e a todos que os defendem. Não consigo assimilar, por exemplo,


que os "brilhantes" teólogos e doutores da Igreja católica afirmem que "o
autor sagrado utiliza uma velha história para explicar o nome de Feniel e
dar uma origem ao nome de Israel". Como tampouco entendo como

estes exegetas chegam a interpretar a luta de Jacó com o anjo "como um


velho tema folclórico transformado e aplicado a Jacó".

E, no cúmulo da vacuidade, arrematam a tarefa com o

seguinte "salvo-conduto":

"O ser que proíbe a passagem é o gênio do lugar que guarda o vau."

E chamam a isto uma "explicação exegética ortodoxa"...

No fundo, como já apontei antes, estas empoladas


explicações se chocam frontalmente com o autêntico

sentido da inspiração divina, relegando o papel do autor sagrado ao de um


poeta medíocre ou ao de um pobre idiota, segundo os casos...

Não consigo compreender, além disso, por que os exegetas fulminam esta
passagem e a reduzem a um "gênero literário" ou "midráshico", quando o
autor sagrado nos está

oferecendo um dado tão exato como o do "tendão da coxa". Se fosse uma


parábola, o escritor poderia ter deixado o patriarca ferido, sem maiores
explicações ou detalhes.

Por certo, e se nos ativermos ao mais estrito rigor científico, tal definição —
"a articulação da coxa" — torna-se imprecisa. Embora uma maioria dos
cirurgiões consultados tenha se

inclinado pelo já mencionado "músculo reto-anterior" é

justo dizer também que outros prestigiosos médicos me

apontaram a possibilidade de que o golpe aplicado em Jacó tenha caído no


chamado "tendão rotuliano", que é a

articulação inferior da coxa.

O músculo reto-anterior termina exatamente na rótula com um potente


tendão, que recebe o nome de "tendão

quadricipital" ou "rotuliano". Este tendão é forte e está justamente por


debaixo da pele. Em casos de esforços

violentos (ou golpes) — futebol, esqui etc. —, pode romper- se


parcialmente. Sua ruptura total, porém, é difícil. Neste último caso, a perna
ficaria impossibilitada de estender-se, perdendo sua força e estabilidade.

Se levarmos em conta o que já foi mencionado sobre os


golpes de judô, é pouco provável que o golpe do "anjo" em Jacó tenha sido
nesta área, por debaixo do joelho.

Em outras versões da Bíblia fala-se também do "tendão


ciático". Deparamos aqui com uma nova imprecisão por

parte do autor sagrado ou do tradutor. Simplesmente, não existe um "tendão


ciático" e sim um "nervo ciático". Este nervo se encontra na face posterior
da coxa. É profundo e muito próximo do plano ósseo do fêmur. Suas
funções são sensitivas e motoras. A verdade é que se torna muito difícil
danificá-lo com uma pancada. Mas, aceitando que tal nervo pudesse ser
seccionado, as conseqüências seriam estas: paralisia dos músculos
posteriores da coxa e impossibilidade de flexioná-la acima do quadril. Jacó
não teria conseguido manter-se de pé nem dobrar o joelho ou aproximar a
perna lesionada da outra.

Ao proibir os judeus de comerem o ciático, o Misná se baseia exatamente


nesta possível confusão do autor sagrado. E digo "confusão" porque, como
ficou claro, este nervo é muito difícil de ser ferido com um golpe, dada a
sua

profundidade.

Mas, deixando de lado estes "perfeccionismos", o certo é que o responsável


pelo relato desta passagem bíblica abordou uma informação correta o
suficiente para repelir seu possível caráter midráshico.

Somos Mais Perigosos que o Patriarca e seu Povo

E voltando ao paralelismo entre determinadas passagens bíblicas e os


contatos atuais com OVNIS, talvez seja a luta de Jacó com o eloísta um dos
poucos casos para o qual não pude achar comparação nos tempos atuais.
Há, isto sim, algumas "escaramuças" mais ou menos breves, em que os

terrestres atacam os ocupantes dos OVNIS e estes reagem à agressão ou,


inclusive, ao contrário. Mas estes embates costumam ser muito breves.

Em páginas anteriores pudemos ver como o brasileiro Villas Boas resistia


com todas as forças a um grupo de

"homenzinhos", chegando até a derrubar um deles com um empurrão.


Esta ausência de casos como o que nos conta o Gênesis pode ter sua raiz —
sempre do meu ponto de vista — em dois

pontos-chave:

1º. Vivemos no século XX e, como salta aos olhos, nossas "circunstâncias"


não são as dos patriarcas de quatro mil anos atrás. O "Grande Plano"
transcorre agora por etapas muito diferentes daquelas que o Gênesis nos
revela. As aspirações dos eloístas ou "celestiais" têm outra característica e,
por certo, outras motivações.

2º. Somos potencial e realmente mais perigosos do que os indefesos


patriarcas. Dispomos, enfim, de armas que

poderiam causar danos aos "astronautas-missionários". Por outro lado, a


evolução técnica da humanidade é hoje tão considerável, que muitas das
naves destes seres podem ser detectadas no momento em que entram na
atmosfera

terrestre. Os militares e os serviços secretos de todo o mundo sabem da


presença dos OVNIS e tentam

constantemente sua captura. Tudo isto condiciona — e de que forma! — as


descidas destas naves e as aproximações de seus "astronautas" aos seres
humanos. É lógico, em

conseqüência, que hoje não sejam freqüentes esses

"contatos" de horas entre os eloístas e os possíveis "eleitos" do século XX.

Apesar de tudo, algumas das raças que nos visitam

atualmente — e que possivelmente não têm nada a ver com os "anjos-


astronautas" que aparecem na Bíblia — foram

protagonistas de confrontos com os humanos. Combates — se é que


podemos chamá-los assim — nos quais, por
dedução, sempre temos levado a pior. (Mais ou menos como no caso de
Jacó.)

O primeiro caso que selecionei foi, mais do que uma

agressão, uma reação a um ataque inicial por parte de um ser humano...

Três Disparos Contra um OVNI

Naquela noite de domingo, 30 de agosto de 1970, Almiro

Martins de Freitas, 31 anos e pai de três filhos, realizava sua ronda como
vigilante noturno na central hidrelétrica da Barragem do Funil, a uns seis
quilômetros de Itatiaia, no Estado do Rio de Janeiro.

Eram 9:30 da noite quando Almiro, que acabava de

inspecionar as imediações da represa, observou, sobre um barranco


próximo, uma misteriosa fileira de luzes

alaranjadas, azuis e de outras cores. Imaginou que fosse alguma nova


máquina da hidrelétrica, e seu primeiro

impulso foi aproximar-se para se certificar. Mas sentiu medo, chegando


inclusive a ocultar-se junto às casas dos

transformadores. Por fim prevaleceu o sentimento do dever e o vigilante


resolveu aproximar-se da coisa, mas com

cautela.

A testemunha — Almiro Martins de Freitas — sofreu cegueira temporária


ao se aproximar de um OVNI.

Sacou sua arma regulamentar e, silenciosamente, chegou a uns quinze


metros das luzes. Tratava-se de um objeto que permanecia suspenso a pouca
distância do solo. Emitia luzes de diferentes cores, passando do azul ao
amarelo, ao verde, ao roxo, ao laranja e outros. Mas a testemunha não pôde
discernir a forma do OVNI.

— Dava a impressão — disse — de um avião pousado

durante a noite numa pista de aterrissagem, embora aquelas luzes fossem


muito mais intensas e não permitissem

distinguir a forma do objeto.

Quando se achava a uns quinze metros da coisa, Almiro

ouviu um ruído estranho, parecido com o de uma turbina de um avião a


jato. Este ruído foi aumentando gradualmente, até o ponto de deixá-lo quase
surdo. Foi então que Almiro decidiu enfrentar o que lhe parecia um perigo
iminente. Fez dois disparos e, segundo suas próprias palavras, "tive certeza
de que acertei, pois sempre fui bom atirador".

A seguir recorda apenas que as luzes aumentaram de

intensidade, causando-lhe uma clara sensação de calor. Algo assim como se


tivesse uma febre de quarenta graus. Depois, as luzes se apagaram e surgiu
um intenso relâmpago que o cegou instantaneamente, paralisando-o.

A testemunha afirmou que chegou a fazer um terceiro

disparo, embora talvez só por um puro sentimento de

impotência ou instinto de conservação, já que mal percebia o que acontecia


ao seu redor.

As duas primeiras pessoas que acorreram em seu auxílio foram seu


companheiro Mauro e o chefe da segurança da

hidrelétrica, que declararam ter encontrado Almiro de pé, rígido,


imobilizado e olhando em direção ao barranco.

Continuava com seu revólver na mão e repetia com voz


débil:

— Não olhem, cuidado com o clarão! Estou cego!

Mas já não se via nada de anormal naquela área. Só quando foi conduzido
ao automóvel é que Almiro começou a

recobrar os movimentos.
Quando inspecionaram o barranco, e apesar de ter chovido na tarde anterior
ao encontro de Almiro, os técnicos da hidrelétrica encontraram na vertente
do barranco — bem

no lugar onde a testemunha assegurava ter visto as luzes — uma parte que
havia secado misteriosamente. Dentro dessa área podia ser visto um círculo
de três metros de diâmetro, que não apresentava qualquer vestígio da chuva.

Almiro recebeu os primeiros socorros médicos na Santa Casa de Resende,


onde permaneceu um dia internado. Como este hospital não era conveniado
com a previdência social,

Almiro foi transferido para a Cruz Vermelha, no Rio de

Janeiro. Após alguns exames oftalmológicos, o Dr.

Orlandino Fonseca declarou:

"O paciente sofre de cegueira psicogênica. Quer dizer, uma cegueira


produzida por um choque emocional, sem existir lesões nos olhos.

"Está sendo submetido a um tratamento preparatório aos

exames para investigar as causas que motivaram o violento choque que


recebeu. O funcionamento de seu organismo é

normal. E possível que a partir da próxima segunda-feira possa receber


outro tipo de tratamento. Por enquanto

permanecerá isolado, por questões de segurança médica." O tratamento


aplicado a Almiro baseou-se,

fundamentalmente, na hipnose, já que o Dr. Fonseca

assegurara "que, dado que sua cegueira era psicogênica, para ser curada era
preciso que o paciente recobrasse seu estado de equilíbrio físico e mental".
Alguns dias depois, exatamente em 8 de setembro, Almiro de Freitas
começou a ver, embora como sombras nebulosas, as imagens do médico e
da enfermeira. Isto ocorreu ao

despertar de um dos transes hipnóticos a que foi submetido. No sábado, dia


11, Almiro foi transferido para a Policlínica Central do Rio de Janeiro, onde
se fez um encefalograma, cujo resultado foi normal. Por fim, no dia 14
desse mesmo mês, Almiro recebeu alta, embora com a recomendação de

que continuasse um tratamento à base de tranqüilizantes. O Dr. Orlandino


Fonseca declarou o seguinte, naquele

mesmo dia 14:

— Almiro recuperou a visão de repente, mas foi preparado gradualmente


para isso. Antes de receber alta, foi submetido a um exame oftalmológico,
que deu como resultado uma

"visão normal". Durante a hipnose, Almiro relatou várias vezes sua


observação. Este era o objetivo do tratamento: em primeiro lugar, restituir-
lhe a visão; em seguida, reintegrá-lo no domínio de seu sistema neuro-
emocional. O importante era curar o paciente e não entrar em detalhes sobre
se foi ou não um raio luminoso procedente de um disco voador que

lhe causou a cegueira.

Ato contínuo, o Dr. Fonseca acrescentou:

— É a primeira vez que a Cruz Vermelha trata uma doença como a que
afetou Almiro. A previdência social qualificou-a como "acidente de
trabalho", de acordo com a qualificação internacional no 3058 do Código
Nacional de Enfermidades da Organização Mundial da Saúde. Por outro
lado, o INPS jamais havia adotado este tipo de tratamento em toda a sua
história.

Almiro foi então transferido para a sede da empresa em que trabalhava: o


SESVI (Serviço Especial de Segurança e
Vigilância Interna), na Tijuca. A testemunha, porém, não voltou a seu
serviço como vigilante noturno. O SESVI o

colocou no cargo de instrutor de segurança.

Por fim, vamos conhecer a opinião do próprio Almiro sobre o que produziu
a cegueira:

— Jamais me passou pela cabeça a idéia de que pudesse


tratar-se de um disco voador, que só existe nas histórias de ficção científica
Por outro lado, naquele dia dormi muito bem, sendo, portanto, inviável a
hipótese de que eu tivesse adormecido e sonhado tudo.

Quando lhe perguntaram o que faria se voltasse a ver aquela "coisa",


respondeu:

— Sairia correndo.

Curiosamente, uma semana depois do incidente de Almiro Martins de


Freitas, exatamente no dia 6 de setembro, outro OVNI sobrevoou a
hidrelétrica da Barragem do Funil, sendo desta vez visto por seis
testemunhas.

Até 1:20 da madrugada, Luís Fernando Ângelo, João Batista Pereira, José
Carlos Pinto, José Antônio Silva e Mauro de Souza Alves — este último
um dos que socorreram Almiro —puderam observar o OVNI durante vinte
minutos. A

atenção dos guardas foi atraída por um conjunto de

pequenas luzes vermelhas, verdes e amarelas, que

apareceram de repente no céu, deslocando-se

silenciosamente de uma montanha a outra e a uns

setecentos metros do solo. As luzes se acendiam e apagavam ou mudavam


de posição alternadamente, como se

estivessem submetidas a um controle. Os vigilantes

permaneceram em seus postos, limitando-se a observá-las, já que haviam


recebido ordens de não fazer uso de suas armas caso o objeto visto por
Almiro tornasse a aparecer.

Apesar do céu estrelado, os guardas não conseguiram definir a forma do


OVNI, mas puderam dizer que não tinha o
clássico aspecto de um disco voador:

— Parecia um avião sem asas, de dimensões não muito

grandes, com a fuselagem quadrada e com arestas.

Após ter passeado durante vários minutos pela área da hidrelétrica, o OVNI
aterrissou num ponto muito distante de onde se encontravam, do outro lado
do rio Paraíba. Então, um dos vigilantes — José Antônio Silva —

aproveitou a ocasião para ir buscar um binóculo. Assim pôde distinguir no


corpo do OVNI uns pontos que pareciam

escotilhas. Todas as testemunhas concordaram que, durante seu


deslocamento, o objeto não emitiu ruído algum e

desapareceu de seu campo visual, ganhando altura

lentamente e perdendo-se no espaço em questão de

segundos.

Talavera la Real: Um Extraterreno "Introduziu- se" na Base Aérea

Outro caso documentado de agressão ao suposto ocupante de um OVNI,


com "reação" por parte daquele —

curiosamente também com perda temporária de visão em uma das


testemunhas— ocorreu na região de Estremadura. O acontecimento teve
como cenário a base aérea de Talavera La Real, na província de Badajoz.

Eis o apaixonante relato:

O que aconteceu na base aérea de Talavera La Real, na madrugada de 12 de


novembro de 1976, foi simplesmente assombroso.

A circunstância de que as três testemunhas tenham permanecido até faz


pouco tempo na citada base, cumprindo o serviço militar obrigatório, nos
obrigou a "congelar" a informação que oferecemos hoje, e que nos foi
facilitada pelos próprios soldados que protagonizaram o sensacional fato.

Eis que naquela madrugada — até 1:45 — José Maria Trejo e Juan
Carrizosa Luján estavam de guarda na chamada área de combustíveis da
referida base aérea e escola de jatos, a
poucos quilômetros de Badajoz.

— Estávamos de guarda, cada um em sua guarita...

Por volta de 1:45, os dois soldados, afastados uns sessenta metros um do


outro, ouviram ruídos estranhos.

— Pareciam as clássicas interferências radiofônicas. E, de imediato, em


meio à escuridão, o ruído mudou e se

transformou numa espécie de silvo agudo, penetrante. Doía nos ouvidos.

Os soldados passaram da surpresa à estranheza, e desta à lógica


preocupação.

— Estávamos na área de combustível e podia tratar-se de alguma tentativa


de sabotagem. Isto começou a nos

preocupar.

Mas aquele silvo penetrante durou somente cinco minutos. Depois se fez de
novo silêncio.

— Ouviu?—gritou José MariaTrejo para seu companheiro Juan Carrizosa.

— Sim, ouvi... O que poderia ser?

O estranho ruído soara muito próximo da guarita de José Maria Trejo. E


este, ante a possibilidade de que alguém tivesse penetrado na área militar,
pediu a seu companheiro que se aproximasse com o fim de realizarem uma
inspeção mais rigorosa na área.

"O ruído mudou e se transformou numa espécie de silvo agudo. Doía nos
ouvidos..."

Os dois levavam armas automáticas e a munição

regulamentar.
— Após uns cinco minutos de silêncio — prosseguiram explicando os
soldados —, voltou a soar aquele zumbido... "Pensamos que estávamos
ficando loucos. Era um som muito agudo. Parecia que ia nos perfurar os
tímpanos. "Continuou a soar por mais cinco minutos,

aproximadamente. Depois voltou o silêncio. E nesse momento vimos uma


claridade no céu.

"Tinha o resplendor de um fogo-de-bengala. Estava alto, exatamente acima


de nós. Estendia-se num amplo raio, bem além de Badajoz. Dentro de
quinze ou vinte segundos, aquele resplendor intenso desapareceu...

Os soldados ficaram atônitos.

— Não tínhamos saído de nosso assombro, quando, em dois ou três


minutos, chegou à guarita outro sentinela, com um dos cães de guarda. Era
o que chamamos de corre-turnos, que tem por missão percorrer os
diferentes postos de vigilância da base.

"Ele nos perguntou se tínhamos visto aquele clarão. Dissemos que sim e
continuamos comentando o ocorrido. Mas não encontramos uma
explicação...

Nas proximidades das duas guaritas, segundo pude observar em minha


visita à base, ergue-se um pequeno barracão, onde dormem os sentinelas e
um cabo. José Maria Trejo e Juan Carrizosa tocaram a campainha e, em
breve, outros soldados vieram rendê-los.

— Avisamos a Pavón, o cabo de serviço, e ele decidiu que déssemos uma


volta pelo local, a fim de comprovar se havia alguma anormalidade. E
assim fizemos.

Na área de combustível

Metralhadoras em punho, os três soldados — José Maria Trejo, Juan


Carrizosa e o corre-turnos José Hidalgo, que controlava o cachorro —
encaminharam-se até a ampla área onde se armazenava o combustível para
os jatos. A
escuridão naqueles momentos era total.

— Caminhamos uns trezentos metros em direção a Badajoz,


e sempre paralelamente ao muro que separa a base da rodovia. Íamos
colados à parede e em silêncio.

"O corre-turnos comentou algo sobre a possibilidade de que alguém tivesse


entrado na base, mas seguimos em frente. O cão parecia tranqüilo: era um
animal adestrado e isto nos dava confiança...

"Mas logo, em meio àquela escuridão, quando havíamos chegado à altura


de uma guarita em construção, sentimos uma espécie de redemoinho.
Carregamos as metralhadoras e ficamos quietos. Em silêncio. Tentando
escutar. Tentando ver algo...

Os soldados interromperam seu relato. A lembrança

daqueles momentos era especialmente intensa. E não era para menos...

— Aquele redemoinho, ou lá o que fosse — continuou Trejo —, estava


localizado em um único ponto.

"Sentimos uma espécie de redemoinho e como se os galhos de um eucalipto


próximo se partissem."

"Logo sentimos como se os galhos de uns eucaliptos

próximos tivessem se quebrado.

Aquilo foi definitivo. Os soldados soltaram o cão de guarda, que se lançou


com bravura até a escuridão. Mais

precisamente, até o ponto de onde viera o estalido de galhos quebrados.


Foram segundos de tensão. Os três soldados, aferrados às suas
metralhadoras, aguardavam os possíveis latidos do cão. Mas esses vieram.

— Depois de alguns segundos que nos pareceram eternos, o cachorro


voltou até nós. Mas parecia enjoado...

cambaleante... como se "algo" ou "alguém" o tivesse


aterrorizado ou golpeado...

"Não podíamos explicar o que acontecia ali. Quatro ou cinco vezes,


animado por nós, o cachorro voltou até os eucaliptos. Mas sempre voltava
de forma idêntica. Era como se lhe doessem os ouvidos...

"Na última vez em que voltou até nós, o cão começou a dar voltas ao nosso
redor...

Gritamos o sinal de "alto!"

Esta, segundo me explicaram os soldados, era uma das técnicas de defesa


ensinadas aos cães de guarda.

— Quando existe um perigo ou algo desconhecido que possa ameaçar os


sentinelas — prosseguiram —, estes cães giram sem parar, estabelecendo
assim um obstáculo, uma proteção entre o possível perigo e a pessoa a qual
têm de defender. Aquela atitude do cão acabou alarmando os três rapazes,
que decididamente passaram à ação.

— Gritamos "alto!" várias vezes... Mas não víamos nada. O cão continuava
rosnando de modo ameaçador e girava cada vez mais rápido...

"Pensamos que podia tratar-se de alguma sabotagem, e preparamos as


armas, dispostos a tudo...

Mas os soldados não podiam sequer imaginar o que os aguardava...

— Pressenti alguma coisa — continuou José Maria Trejo. — Foi como uma
sensação. "Alguém" estava às minhas costas. Um calafrio percorreu meu
estômago. Olhei com o canto do olho e vi, atrás e um pouco à minha
esquerda, uma luz esverdeada... Virei-me como se movido por uma mola e,
meu Deus! Deparei com a coisa mais fantástica e

inexplicável que já pude ver em minha vida...


"Pressenti alguma coisa", explicou-me o soldado. "Foi como uma sensação.
'Alguém' estava às minhas costas..."

Muito alta

"Era uma figura humana. Ou, pelo menos, assim parecia... E era muito alta,
de uns três metros. Estávamos a uns quinze metros 'daquilo'...

Apesar do tempo transcorrido, os soldados refletiam em suas palavras e em


seus rostos a grande tensão sofrida naquela noite. Após uma breve pausa,
prosseguiram:

— Como era? Era todo luz. Uma luz verde, como a

luminosidade que oferece um fósforo durante a noite... — O mais estranho


— disse outra das testemunhas — é que aquela figura, toda luminosa,
parecia formada por pequenos pontinhos. Nas suas bordas estes pontos
luminosos eram mais intensos. A cabeça era pequena e como que coberta
por uma espécie de capacete... os braços eram compridos, o corpo largo.

— Estava sobre o solo?

— Sim. Mas não vimos os pés. Nem as pernas. Era como uma bobina... o
corpo parecia uma bobina. Largo e sem pernas, pelo menos não pudemos
vê-las...

"Os braços estavam cruzados. Mas as mãos também não apareciam com
nitidez.

O então soldado José Maria Trejo — que foi o primeiro a contemplar


aquela figura — ficou paralisado pelo terror e pela surpresa

— Não sei quanto tempo passei sem reagir. Talvez dez ou quinze
segundos...

"Era uma figura humana... Estávamos a uns quinze metros 'daquilo'."


"Eu tinha a metralhadora apontada e, quando decidi atirar, senti uma rigidez
geral. Não podia disparar. Não podia! "Comecei a sentir uma espécie de
enfraquecimento. Via e ouvia perfeitamente, mas sentia que ia caindo
lentamente. E antes de cravar os joelhos sobre a relva, gritei: 'Ao chão... vão
nos matar!...'

"Não pude falar mais nada. Era como se tudo fosse

escurecendo lentamente...

Mas a surpresa daquela patrulha mal tinha começado.

Um dos soldados teve que ser hospitalizado

Ao grito do soldado, os dois companheiros se voltaram para Trejo e ficaram


também atônitos.

— Vi como José Maria caía — disse Hidalgo —, e também aquela coisa


enorme e luminosa.

Quase em uníssono, e como se obedecendo a um

mecanismo perfeitamente preparado para isso, os soldados abriram fogo


contra a estranha figura.

— Disparamos como loucos...

No total, fizeram entre quarenta e cinqüenta disparos. Todos eles, por certo,
contra a figura daquele ser gigantesco que havia aparecido na escuridão, em
plena base aérea de Talavera La Real.

— Ouvi os disparos — prosseguiu Trejo. — Estava no chão, mas podia


ouvir.

— E o que ocorreu com aquela figura?

— No momento dos disparos se tornou mais luminosa,


como o flash de uma máquina fotográfica, e desapareceu de forma muito
parecida à da imagem de uma televisão quando é apagada.

"Ficamos mais surpresos ainda. O que realmente era 'aquilo'? Onde


estava...?

Enquanto os dois soldados corriam em auxílio de José Maria Trejo, os três


puderam ouvir de novo o mesmo som que haviam percebido minutos antes
da aparição do enigmático ser luminoso e na mesma direção: ou seja, na
área dos eucaliptos.

— Desta vez — continuaram os dois jovens estremenhos — o ruído durou


uns dez ou quinze segundos. Depois, silêncio. Antes de seguir adiante com
nossa conversação, pedi a Trejo que se concentrasse, que fizesse um esforço
e que tentasse recordar em que exato momento começou a sentir-se mal e a
perder as forças.

O rapaz, para minha surpresa, comentou:

— É curioso... só comecei a cair quando tentei apertar o gatilho da


metralhadora...

— E por que acha que é "curioso"?

José Maria Trejo ficou pensativo, como se não tivesse ouvido minha
pergunta.

Ao grito do soldado, os dois companheiros se voltaram para Trejo e ficaram


atônitos.

"Como se adivinhasse minhas intenções"

— Parecia como se aquele "ser" — murmurou para si

mesmo — tivesse adivinhado minhas intenções. Mas não

pode ter sido. Como "aquilo" ia saber que eu estava prestes a apertar o
gatilho?
Ficamos todos em silêncio.

— E depois?

— Meus companheiros me ajudaram a levantar. Pouco a

pouco me recuperei. O meu peito doía. Mas era também

estranho... Eu havia caído bruscamente no chão. Nem me havia golpeado


com a arma...

"Depois de quinze a vinte minutos, aquela dor surda havia passado.

"Certamente foi dado o alarme. As rajadas de metralhadora haviam


despertado metade da base militar...

E os três soldados, como é lógico, tiveram sérios problemas na hora de


explicar o que havia ocorrido com eles...

Contudo, ao raiar do dia, um total de cinqüenta homens, a mando de um


oficial, praticamente "peneirou" a área onde ocorreram os fatos. E eis outro
detalhe inexplicável: não se encontrou um único cartucho das quase
cinqüenta balas que foram disparadas. Como era possível?

Como se não bastasse — e para espanto de oficiais e dos próprios


protagonistas —, no muro onde devia haver marcas dos muitos impactos
das balas não se via o menor sinal de tiroteio.

Naturalmente, as metralhadoras tinham sido disparadas, como foi


confirmado pelos especialistas da Força Aérea. Mas então o que havia
ocorrido com aqueles quase

cinqüenta projéteis? Com o que haviam realmente deparado aqueles


sentinelas?

— Os disparos foram feitos à meia altura—assinalaram os soldados. —


Nunca pudemos entender como nenhum se

cravou no muro...
Hospitalizado

Mas as coisas não terminariam aí... Poucos dias depois do ocorrido, José
Maria Trejo entrou no refeitório da base e exclamou de repente: "Tem
pouca luz aqui!" — Minha vista começou a escurecer — prosseguiu — e
perdi totalmente a visão. Assustei-me e, segundo me disseram, fui
transferido para a enfermaria. Durante quinze minutos não reagi. Havia
perdido a consciência.

Os soldados abriram fogo contra aquela misteriosa figura. "Deixaram-me


internado na enfermaria da base e ali

permaneci um dia inteiro. Depois me recuperei...

"Mas, depois de quatro ou cinco dias, me levaram para o hospital de


Badajoz. Ali fiquei uma semana e três dias... — O que aconteceu no
hospital?

— Fui submetido a vários exames: de sangue, urina, raios X, ouvidos, olhos


etc. Mas não falaram nada. Por outro lado, eu me achava bem.

"Mas, dois dias antes de sair do hospital, e quando estava com minha noiva
no carro, voltou a acontecer...

"Perdi novamente a visão. Pedi à minha noiva que me

ajudasse a sair do carro. E assim permaneci durante quinze minutos, mais


ou menos. A seguir, pouco apouco, fui

recobrando a visão.

— Quanto tempo se havia passado desde aquela madrugada de 12 de


novembro?

— Uns quinze dias.

Diante da repetição da perda de visão, o soldado foi transferido para Madri,


mais especialmente para o Hospital do Ar, da Força Aérea espanhola. Era o
dia 30 de novembro quando José Maria Trejo ingressou no citado centro

hospitalar da capital da Espanha.

Ali permaneceu um mês inteiro. Foi examinado de novo, sendo submetido a


todos os tipos de exames...

"Distúrbio nervoso"

— Que explicação os médicos lhe deram?

— Nenhuma. Só que eu havia sofrido um "distúrbio

nervoso". Mas jamais pude saber o que ocorria realmente. Ali mesmo no
Hospital do Ar tive outro "ataque". Desta vez sofri uma dor de cabeça muito
intensa e comecei a dar pulos na cama. Também perdi a visão...

— Como era a dor de cabeça?

— Vinha quase sempre pouco antes de eu perder a visão. Primeiro me doía


a nuca, depois a fronte, e por fim eu ficava cego.

Ao que parece, e desde aqueles dias de janeiro de 1977, o soldado não


voltara a experimentar qualquer anormalidade. Quando interroguei os
soldados sobre a natureza do que haviam visto e contra o que tinham
disparado, eles

responderam:

— Não sabemos o que era exatamente. Mas do que não

temos dúvida alguma, já que vimos perfeitamente os três, é que "aquilo" era
algo parecido com um homem, porém

muito alto...

Até aqui, um dos mais espetaculares casos de "agressão" mútua. Um caso


que, como dizia anteriormente, realça a periculosidade das armas humanas,
tão diferentes das que podiam usar os patriarcas...
Todavia, muitas incógnitas cercam este caso apaixonante. O que pôde ter
acontecido com aqueles quase cinqüenta
projéteis que foram disparados contra o "ser"? Como é possível que
nenhuma das balas aparecesse no muro situado imediatamente atrás da
enigmática figura? Ainda assim, as metralhadoras foram disparadas, pelo
que consta.

Embora o fato tenha se difundido como um rastilho de pólvora entre os


homens que formavam a base militar, a notícia — como tantas vezes — não
chegou aos meios de comunicação. E manteve-se um silêncio total sobre o
assunto. As próprias testemunhas receberam instruções concretas de não
comentar o ocorrido.

Contudo, e através de meus contatos com alguns dos pilotos e oficiais da


base aérea, pude conhecer o mencionado fato, que foi plenamente ratificado
pelos próprios protagonistas. Outro caso inexplicável, no qual não houve
agressão alguma por parte da testemunha e sim, em vez disso, pelo OVNI,
aconteceu nos primeiros dias de setembro de 1970, pouco tempo depois do
"encontro" de Almiro Martins de Freitas.

Brasil: Chamuscaram-lhe as Costas

O evento teve lugar nos arredores de Belo Horizonte. Uma camponesa que
se dirigia para sua casa, seguindo uma estrada vicinal, recebeu um poderoso
"relâmpago" luminoso,

procedente de um ponto situado às suas costas e acima dela. Ao sentir o


impacto, a mulher notou um forte calor nas costas. Virou-se depressa e
conseguiu ver um enorme "farol" de intensa luminosidade, a uns cinqüenta
metros de

distância.

Através da luz pôde perceber a sombra quadrada de um objeto. No


momento em que a camponesa se virou, o OVNI se afastou, elevando-se,
enquanto mudava a cor de sua luz até uma tonalidade alaranjada.

A mulher retomou o caminho para casa, acompanhada pelo OVNI durante


uns quinze minutos. Nesta ocasião, o objeto não chegou a molestá-la.
O OVNI foi visto também por outras pessoas que se

achavam na casa da camponesa.

Dois dias depois do incidente, a mulher começou a sentir dores de cabeça,


distúrbios visuais e calafrios. A roupa que usava na ocasião ficou
chamuscada, e a pele das costas queimada. Segundo a testemunha, tais
queimaduras levaram dois dias para sarar.

"Meninos" Calvos e com Péssimas Intenções

Mas talvez um dos casos mais lamentáveis neste capítulo das "agressões"
foi o protagonizado por Inácio de Souza e sua esposa, Maria, em 13 de
agosto de 1967.

Nesse dia, o casal voltava à granja Santa Maria, situada entre Crixás e Pilar
de Goiás, no estado do mesmo nome.

À medida que se acercavam da propriedade, perceberam a presença de um


estranho objeto, pousado na pista de

aterrissagem da granja. Era um curioso objeto, de uns 35 metros de


diâmetro, perto do qual havia três homens

desconhecidos para o casal. Num primeiro momento, Inácio pensou que


podia tratar-se de alguns amigos em visita de cortesia. Mas se assustou um
pouco ao ver a estranha forma do "avião".

Aqueles seres eram em tudo iguais aos humanos, exceto

num detalhe: os três pareciam calvos. Sua atitude era muito curiosa, dando
a impressão de que estavam a ponto de

começar a brincar como crianças, embora em silêncio.

Quando aqueles seres viram o casal chegar, apontaram

Inácio com um dedo e correram até eles. A primeira reação


de Inácio foi gritar para que sua mulher se escondesse na casa, enquanto
disparava sua escopeta contra o ser que se achava mais próximo.

(Posteriormente, e uma vez que, segundo ele, havia acertado o tripulante do


OVNI na cabeça, Inácio sofreu graves problemas de consciência,
acreditando que havia cometido um assassinato.)

A ilustração mostra o momento em que Inácio dispara sua escopeta contra


um dos tripulantes do OVNI. Nesse instante, um facho de luz partiu da nave
e derrubou a testemunha.

Naquele instante, do suposto "avião" saiu um jorro de luz verde, que atingiu
Inácio na parte esquerda do peito,

derrubando-o por terra. Maria correu então até seu marido, recolhendo a
escopeta. Mas era tarde demais; os seres

haviam entrado no OVNI, que se elevou na vertical e a

grande velocidade, emitindo um zumbido parecido com o

das abelhas.

Durante os dias seguintes, Inácio sofreu náuseas,

formigamentos e um embotamento geral em todo o corpo,

enquanto suas mãos tremiam. No terceiro dia chegou o

proprietário da granja, que, inteirado dos fatos, mandou Inácio para um


hospital de Goiânia. Ali, o médico, sem saber o que acontecera, comprovou
a existência de uma

queimadura circular, de quinze centímetros de diâmetro, na parte esquerda


do tórax. Quanto aos outros sintomas,

diagnosticou que se deviam à "ingestão de ervas venenosas". Quando o


proprietário da granja explicou a verdade, o
médico prescreveu para Inácio o internamente numa

clínica, a fim de realizar exames de sangue, urina e fezes. Quatro dias


depois dos exames, Inácio foi mandado para casa.

Diante desta súbita transferência do enfermo para sua casa, o proprietário


da granja interrogou o médico, e este

comunicou-lhe que Inácio sofria de leucemia, ou seja,

câncer no sangue, dando-lhe uns três meses de vida.

A partir de então, o estado de Inácio piorou a olhos vistos: a pele ficou


tomada de manchas amarelo-esbranquiçadas, do tamanho de uma unha,
enquanto sofria dores terríveis.

Definhou rapidamente e, antes de morrer, seu corpo era só pele e ossos.

Inácio morreu em 11 de outubro de 1967. Tal e como havia determinado,


todos os seus pertences pessoais foram

incinerados.

Antes de prosseguir com outras surpreendentes semelhanças entre casos de


OVNIS atuais e passagens do Antigo e Novo Testamento, quero aproveitar
a exposição de dois destes "contatos" com agressões para dar um salto no
tempo e

mostrar ao leitor outra curiosa "coincidência": desta vez, com "algo" que
aconteceu com Paulo e que é contado por Lucas —repetido três vezes —
em sua obra Atos dos

Apóstolos.

Queira Deus que o leitor não termine aqui por perder as estribeiras...

Capítulo V

Saulo também foi cegado por um OVNI. — Os


comentaristas bíblicos não se arriscam com o apóstolo de Tarso. — O
"despiste" de Lucas. — Estaria Jesus de Nazaré no interior da nave que
cegou Saulo? — Tudo foi uma
"manobra" para "captar" o fogoso Saulo. — Sodoma: segundo os exegetas
católicos, a "cegueira foi uma ilusão de ótica".

Vimos como em 1970 e 1976 o vigilante noturno Almiro

Martins de Freitas e o soldado espanhol José Maria Trejo, respectivamente,


sofreram cegueira temporária em

conseqüência de encontros com um OVNI e um suposto

tripulante destas naves. O brasileiro, segundo sua própria confissão, ficou


sem visão devido a um fortíssimo relâmpago luminoso que partiu do objeto.

Pois bem, o que nos contam os Atos dos Apóstolos acerca da súbita
conversão de Saulo ou São Paulo?

Os Atos dos Apóstolos foram escritos, segundo parece, por Lucas, que
também foi autor de um dos evangelhos

canônicos. Embora não se tenha certeza, é possível que este relato sobre os
'”atos'' dos apóstolos tenha nascido em Roma, por volta dos anos 60-62,
quando estava a ponto de ser decidida, favoravelmente, a sentença contra
Paulo. As

narrativas centram-se nas atividades de Pedro em Jerusalém e na Palestina e


nas de Saulo, ou São Paulo, em suas viagens, até seu encarceramento em
Roma.

No primeiro relato, a cargo do próprio Lucas (IX.1-19), se diz textualmente:

"Saulo, respirando ameaças de morte contra os discípulos do Senhor,


dirigiu-se ao sumo sacerdote, pedindo-lhe cartas de recomendação para as
sinagogas de Damasco, a fim de levar presos a Jerusalém todos os homens e
mulheres que achasse seguindo esta doutrina. Estando já perto de Damasco,
viu-se de repente rodeado por uma luz vinda do céu. Caindo por terra, ouviu
uma voz que dizia: 'Saulo, Saulo, por que me persegues?' Ele replicou:
'Quem és, Senhor?' E Ele: 'Sou Jesus, a quem persegues. Levanta-te e entra
na cidade. Aí te será dito o que deves fazer.' Os homens que o
acompanhavam enchiam-se de espanto, pois ouviam

perfeitamente a voz, mas não viam ninguém. Saulo

levantou-se do chão. Abrindo porém os olhos, não via nada. Tomaram-no


pela mão e o introduziram em Damasco, onde

esteve três dias sem ver, sem comer nem beber.

"Havia em Damasco um discípulo chamado Ananias, a quem o Senhor


disse numa visão: 'Ananias!' Ao que ele respondeu: 'Eis-me aqui, Senhor.' E
o Senhor: 'Levanta-te e vai até a rua Direita, e na casa de Judas, pergunta
por um Saulo de Tarso, que está orando.' Saulo teve uma visão de um
homem

chamado Ananias, que lhe punha as mãos para que

recobrasse a visão. E Ananias replicou: 'Senhor, muitos já me falaram deste


homem, quantos males fez aos teus fiéis em Jerusalém. E aqui ele tem o
poder dos príncipes dos sacerdotes para prender a quantos invocam o teu
nome.' Mas o Senhor lhe disse: 'Vai, porque este homem é para mim um
instrumento escolhido, que levará o meu nome

diante das nações, dos reis e dos filhos de Israel. E eu lhe mostrarei tudo
que terá de padecer pelo meu nome.'

"E Ananias foi. Entrou na casa e, impondo-lhe as mãos, disse: 'Saulo, meu
irmão, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho, enviou-me para que
recobres a vista e fiques cheio do Espírito Santo.' E no mesmo instante
caíram dos olhos de Saulo como que umas escamas, e ele recuperou a vista.

Levantando-se, foi batizado e, tendo comido, ficou

confortado..."

Esta descrição feita por Lucas da famosa conversão de Saulo — repetida


mais duas vezes nos mesmos Atos dos Apóstolos e às quais voltarei a me
referir em breve — guarda uma semelhança com esses casos atuais em que
as testemunhas se viram temporariamente afetadas pela perda da visão.
Novamente uma luz desce perto das testemunhas — neste caso de Saulo e
das pessoas que o acompanhavam até

Damasco —, e o até então "perseguidor" dos primeiros

cristãos cai à terra, ficando cego durante horas.

Não consegui encontrar um só texto em que os teólogos ou exegetas


católicos se atrevam a relegar este ato a um simples "gênero literário" ou a
uma "formosa parábola em ação" do evangelista. Talvez não tenham tido o
suficiente valor, já que o próprio São Paulo se encarrega, nos mesmos Atos
dos Apóstolos, de repetir e realçar seu misterioso "encontro". Aqui se
apresenta

— sempre de meu ponto de vista — uma nova contradição, que não deixa
em boa posição estes hipercríticos da exegese e da teologia. Vejamos: por
que um relato como o do

evangelista Mateus sobre a "estrela" ou "luz" que guiou os Magos até


Belém é classificado como "gênero literário" sem o menor rigor histórico,
enquanto a "luz" que envolveu Saulo a caminho de Damasco, em troca,
recebeu todas as "bênçãos" dos estudiosos da Bíblia? Se é um problema de
"testemunhas", a enigmática "luz" dos Magos foi vista por tantas ou mais
pessoas do que aquela que cegou Paulo. Se, por outro lado, nos fixamos no
capítulo da "credibilidade", o que pode ser mais fantástico? Em minha
opinião, uma

"estrela" que siga adiante dos Magos pode ser tão singular quanto uma "luz"
que baixe dos céus e deixe cego um

caminhante...

Quanto ao assunto da "inspiração divina", nenhum dos atos aqui


examinados pode ser "poupado" da dita "inspiração": ambos foram
incluídos pela própria Igreja no cânon de livros sagrados.

Existe algo falho, portanto, nos delineamentos destes "sábios" da exegese.


Mas continuemos com a "luz" que apareceu a Saulo. O

mesmo Paulo nos oferece novos detalhes em um de seus

discursos ao povo* e em sua defesa perante o rei Agripa. Na primeira


ocasião, o apóstolo de Tarso nos diz, inclusive, em que momento do dia
ocorreu a aparição da tal "luz".

"...Ora, estando eu no meu caminho, e aproximando-me de Damasco, pelo


meio-dia, de repente me rodeou uma forte luz do céu. Caí por terra e ouvi
uma voz que me dizia: 'Saulo, Saulo, por que me persegues?' E respondi:
'Quem és, Senhor?' A voz me disse: 'Sou Jesus de Nazaré, a quem
persegues.'

"E os meus companheiros viram a luz, mas não ouviram a voz daquele que
me falava. Eu disse: 'Que devo fazer, meu Senhor?' O Senhor me disse:
'Levanta-te, vai a Damasco, e lá te será dito tudo o que deves fazer.'

"Como não enxergava por causa da intensidade daquela luz, entrei em


Damasco guiado pela mão dos meus

companheiros..."

O próprio Saulo nos revela a hora em que se deu o

"encontro": pelo meio-dia, ou seja, em plena luz. E o que pode ser esta
"luz", que, em meio à claridade do dia, desce dos céus e inunda Saulo e seus
acompanhantes com sua

luminosidade? Quantas testemunhas atuais fizeram

descrições semelhantes a esta de Saulo? Simplesmente, centenas de


milhares. Se alguém consultar a bibliografia ou as estatísticas sobre
OVNIS, terá de concordar comigo que milhares destas naves têm se
aproximado de caminhantes, automóveis, camponeses, aviões civis e
militares, barcos etc., envolvendo-os numa fortíssima luz. Tal como

aconteceu com Saulo por volta dos anos 34 e 36 d.C. No terceiro texto dos
Atos, no qual São Paulo relata sua conversão para o rei Agripa (em visita a
Cesaréia para saudar
Festo), o recém-convertido a Jesus faz, inclusive, uma comparação na hora
de valorizar a extraordinária "luz": "...e ao meio-dia, ó rei, uma luz do céu,
mais fulgurante que o sol, brilhou em torno de mim e dos meus

companheiros..."

Uma luz mais brilhante que o sol? Quantas vezes ouvi de lábios das
testemunhas de OVNIS esta mesma comparação? Nem eu mesmo o sei...
Para mim está claro — e assim quero expor com toda firmeza e honestidade
— que a "luz" vista por Saulo e todos os que o acompanhavam só podia ser
uma nave. Uma das muitas naves que utilizaram e utilizam os "anjos-
astronautas" na execução do "Grande Plano". Uma nave que emitia uma luz
fortíssima e que, como ocorre

ainda em nossos dias, encheu de espanto a todos que a

viram:

"...caímos todos por terra, e ouvi uma voz que me dizia em língua hebraica:
'Saulo, Saulo, por que me persegues?"' Assim Paulo descreve ao rei Agripa
o grande terror que, sem dúvida, a aparição da "luz" provocou nas
testemunhas. Que outra reação se poderia esperar daqueles homens de
1.950 anos atrás? Se os "astronautas" tivessem previsto que o irrequieto
Saulo se juntaria às suas fileiras, que melhor método havia senão
impressioná-lo com uma "visão divina" e, de quebra, deixá-lo
momentaneamente cego? Uma

cegueira que, a julgar pelos três testemunhos dos Atos dos Apóstolos, só
afetou a ele? E aqui se apresenta outro ponto obscuro. Se a forte
luminosidade inundou Saulo e seus

acompanhantes, por que ele foi o único afetado?

Minha teoria é a de que esta luminosidade — como

observamos nos casos atuais de "agressão" por parte dos OVNIS — não foi
a responsável por Saulo ter perdido a
visão. Outro fator deve ter provocado o "acidente". Aos tripulantes da nave
só interessava a pessoa do cidadão romano de Tarso. Isso é evidente. Os
demais — seus

companheiros de viagem — foram neste caso simples

testemunhas e o meio de ajuda que possibilitou a Paulo chegar a Damasco


após a perda da visão. E a prova é que nenhum deles ficou cego.

O que poderia então ter feito Saulo perder a visão? Se analisarmos os casos
de Almiro de Freitas ou de Trejo, é possível que a resposta resida aí mesmo:
um "relâmpago" ou "raio" luminoso que incidisse unicamente nos olhos do

futuro apóstolo. Um "relâmpago" do qual, certamente, nada nos dizem nem


Saulo nem Lucas. Mas quantos detalhes

destas "visões" se perderam, ou simplesmente não foram recolhidos pelos


evangelistas?

No terreno em que me movimento há mais de dez anos — a investigação


dos OVNIS — é comum alguém se inteirar da aparição de um destes
objetos em tal ou qual lugar, seja através dos meios de comunicação ou por
referências de amigos ou familiares das testemunhas. Pois bem, quando
chega até ele o protagonista do acontecido, a notícia original se enriquece
com uma infinidade de detalhes — às vezes de grande importância — e, em
outras ocasiões, alguém

comprova que aquela notícia que o movimentou pouco ou

nada tem a ver com o que realmente ocorreu. Quero dizer com isto que é
mais provável que nas descrições dos Atos dos Apóstolos faltem numerosos
"detalhes" que foram

observados pelas testemunhas — não esqueçamos que Saulo ficou cego em


seguida —, e que hoje poderiam ter

esclarecido ainda mais o que verdadeiramente aconteceu naquela jornada


até Damasco.
Uma pequena prova do que afirmo é encontrada exatamente quando se
compara a versão de Lucas com a do próprio
Saulo. Enquanto o primeiro assegura "que os homens que o acompanhavam
enchiam-se de espanto, pois ouviam

perfeitamente a voz, mas não viam ninguém", Paulo, em seu discurso ao


povo, afirma o contrário: "...os que estavam comigo viram a luz, mas não
ouviram a voz daquele que me falava..."

Em que ficamos? Ouviram ou não a misteriosa voz?

Pessoalmente, e também como algo aprendido em mais de

vinte anos de jornalismo, confio mais na versão da

testemunha ou protagonista da ocorrência do que no que ouço de outra


pessoa que não viveu o acontecido e a que, definitivamente, "alguém
contou a história", ainda que tenha sido o próprio interessado.

E vamos à parte mais delicada do "encontro" de Saulo. Se a voz que ouviu,


e que provavelmente ouviram também seus companheiros, partia do interior
da nave — como creio —, será que Jesus Nazareno se achava em seu
interior? O mais lógico é que não. Quando alguém analisa minuciosamente
as palavras de São Paulo percebe que o apóstolo não viu em momento
algum a figura de Cristo. Diz apenas ter ouvido sua voz. Uma voz que se
auto-proclama como "Jesus de

Nazaré". Mas teria sido o próprio Jesus quem pronunciou tais frases? Como
já expliquei ao julgar a atuação dos "anjos- astronautas" em relação a Jeová
ou Deus, e à totalidade do "Grande Plano", a nenhuma mente racional
ocorre

identificar esses "servidores" de Deus com o próprio Deus. Se os


"astronautas" se faziam passar por Jeová, é porque as circunstâncias
daqueles tempos assim o exigiam. E embora, insisto, cumprissem uma
missão divina, nem por isso

podiam ser confundidos com a Grande Força.

O mesmo pode ter acontecido no caminho de Damasco. Os


"astronautas" — que haviam iniciado uma nova "fase" no chamado "plano
divino" — se apresentaram com uma de

suas naves diante de Saulo e seus acompanhantes e mudaram o rumo da


vida daquele, invocando não o nome de Jeová, mas o do ressuscitado: o
Filho de Deus. Esta "troca" me parece perfeitamente natural, já que a
humanidade havia entrado em uma nova etapa. Se Jesus tivesse desejado

aparecer "pessoalmente" a Saulo — tal como fez em dezenas de ocasiões


perante os apóstolos —, provavelmente o teria feito e com toda
naturalidade. Pelo que me lembre, Jesus de Nazaré jamais se distinguiu por
cegar as pessoas nem por causar qualquer dano, mesmo que apenas

temporariamente...

Por fim, o que podemos pensar desses sintomas posteriores ao "encontro"


com a "luz" e que, segundo Lucas, deixaram Saulo prostrado, sem comer
nem beber, durante 72 horas? Esta parte do relato não faz lembrar outras
descrições das testemunhas atuais de OVNIS, que perdem o apetite e ficam
em estado de choque, pelo menos nos dias subseqüentes à ocorrência?

Paulo era um homem saudável e forte, e embora o fato o tivesse afetado a


nível psicológico, nem por isso teria deixado de receber alimento ou água.
A não ser,

naturalmente, que, junto com a cegueira, seu organismo tivesse ficado


igualmente alterado. E volto aos já

mencionados encontros atuais com estas naves...

Esta não é tampouco a única referência da Bíblia a uma cegueira provocada


diretamente pela "tripulação de

astronautas". No Gênesis (XIX, 9-12), os famosos "anjos" que chegam a


Sodoma e que são convidados por Lot a passar a noite em sua casa, vêem-se
obrigados a utilizar algum

procedimento ou arma que mantenha afastada a multidão


que tentava sodomizá-los. A passagem não poderia ser mais
categórica:

"...pressionavam Lot violentamente, e já estavam prestes a arrombar a porta


quando, tirando os homens [os anjos] sua mão, colocaram Lot dentro da
casa e fecharam a porta. Aos que estavam fora, do maior ao menor,
tornaram cegos, e já não podiam achar a porta".

Quando li a interpretação que os eruditos mestres da Igreja davam a esta


passagem, meu estupor foi enorme.

Assim dizem "peritos" como Nácar e Colunga:

"...os hóspedes defendem Lot e fecham a porta contra os atacantes, fazendo-


os padecer de uma espécie de cegueira ou ilusão de ótica, de modo que não
achassem a porta".

Uma "ilusão de ótica"? Isto sim é que é "gênero literário" ou vontade de


zombar daqueles que ainda conservam um

mínimo de seriedade e rigor...

* Saulo ficou cego no caminho para Damasco seis anos

depois da morte e ressurreição de Cristo. Ou seja, no ano 39 da nossa era.


Devia, portanto, estar entre trinta e quarenta anos. A julgar pelas penosas
viagens que se seguiram a esta conversão, Paulo devia ter uma saúde de
ferro. Esta

atividade febril não desapareceu até o ano 67, quando foi executado a fio de
espada. Passou, portanto, 28 anos

viajando e batalhando por Jesus de Nazaré, através de todos os caminhos do


Mediterrâneo.

Capítulo VI

Os eloístas não eram "futurólogos". — A "chave": vivem mais do que nós.


— Abraão não acreditava. — Era o
patriarca de Ur um "bronco", como insinuam alguns

exegetas? — Os "astronautas” o deixaram às escuras. — As trevas também


caíram um belo dia sobre a granja El Bizco. — Enquanto os egípcios
sofriam densas trevas, os judeus desfrutavam de "luz". — Os "peritos" da
Igreja preferem as tempestades de areia. — "O pacto da carne", ou um novo
passo para minha excomunhão. — Aos "braseiros

fumegantes "e às “tochas ardentes'' nós hoje chamamos de foo-fighter. — El


Palmar: um "luzeiro" no alto da cubana. — Logroño: uma "bola luminosa"
fã de rádio. — Eu tenho um amigo ousado. — Cádiz: uma "chama" debaixo
da cama.

Segundo minha hipótese de trabalho, o presente capítulo pode conter a


"chave" ou, no mínimo, uma sólida resposta à pergunta que me atormenta
há muitos anos: os tripulantes dos OVNIS, aos quais "persigo" sem cessar,
serão os "anjos- astronautas" que aparecem na Bíblia?

Assim creio, no mais recôndito do coração — embora ainda não disponha


da prova final e definitiva. Nem todas essas raças e civilizações que hoje
nos visitam, como já disse, podem ser identificadas com os eloístas de
Abraão ou de São Paulo, mas algumas sim. Isto, naturalmente, me obriga a
liberar esses "astronautas" dos duros grilhões do tempo a que nós, sim,
estamos submetidos. A não ser, claro, que a grande "equipe" de Jeová fosse
trocada periodicamente. Eu me

inclino, contudo, pela primeira teoria: os "anjos-astronautas" podiam


desfrutar de uma longevidade (fruto talvez de sua extraordinária
tecnologia), que hoje nos faria empalidecer de inveja. No fundo, não vejo
por que esta possibilidade deve nos repugnar... Não somos nós, os homens
do século XX, que buscamos com mais afinco o prolongamento máximo da
vida humana? Por que estranharmos então que outros seres que podem estar
milhares ou milhões de anos à nossa frente — ou simplesmente ser
diferentes de nós — tenham

descoberto este acalentado "segredo"?


Às vezes me pergunto o que seria desta nossa humanidade se, em vez de
"queimar" equipes completas de cientistas e milhares de milhões de dólares
em novas bombas e

"sistemas de defesa", fixássemos nossos objetivos individuais e coletivos na


paz e no progresso... Imaginemos por um instante que o grande Leonardo
da Vinci pudesse assomar ao tímido universo investigativo no século XX.
Ficaria

desconcertado ante projetos como os seguintes:

"Investigação sobre o desenvolvimento neuronal nos

embriões de sanguessugas", "os satélites de Saturno",

"descrição detalhada do processo infeccioso de um vírus", "os bebês de


proveta", "estudos sistemáticos das colheitas de trigo e cevada na
hemisfério Norte, via satélite", "a ótica de ondas guiadas através de um raio
laser", "o desvio dos continentes e como, em movimento, estes arrastam
consigo as raízes profundas de suas zonas mais antigas", "a visão
infravermelha de algumas serpentes", "os Cray-1 e o Cyber 205: cérebros
eletrônicos capazes de efetuar cem milhões de operações por segundo"...

A lista seria interminável.

Mas voltemos ao Antigo Testamento. Por que digo que os eloístas podiam
— e podem — desfrutar dessa longa vida? Na realidade, "eles" próprios o
revelaram a Abrão...

"...e Jeová se dirigiu a Abrão em visão—revela o Gênesis (XV, 1-21) —,


dizendo-lhe: 'Nada temas, Abrão; sou teu protetor; e tua recompensa será
muito grande.' Abrão

replicou: 'Senhor, Jeová, o que me dareis? Partirei sem filhos, e o herdeiro


de minha casa é Eliezer de Damasco. Não me destes descendência, e um
escravo será o meu
herdeiro.' Mas em seguida Jeová respondeu: 'Não será ele o teu herdeiro,
mas alguém saído das tuas entranhas.'

"E, conduzindo-o até fora, disse-lhe: 'Olha para o céu e conta as estrelas, se
és capaz; tão numerosa assim será tua descendência.' E Abrão confiou em
Jeová, e Jeová lho

imputou para justiça. Disse-lhe depois Jeová: 'Sou Jeová, que te fiz saúde
Ur da Caldéia para dar-te esta terra.' Perguntou- lhe Abrão: 'Senhor Deus,
como saberei que a hei de

possuir?' Respondeu-lhe: 'Toma uma novilha, uma cabra e um cordeiro,


cada qual de três anos, uma rola e um

pombinho.'

"Abrão tomou todos esses animais, dividiu-os pelo meio, colocando suas
metades uma defronte da outra. Viram as aves de rapina e atiraram-se sobre
os cadáveres, porém Abrão as enxotou. Ao pôr-do-sol caiu um profundo
torpor sobre Abrão, e grande pavor e cerradas trevas o envolveram; e o
Senhor disse a Abrão:' Sabe que teus descendentes

habitarão como peregrinos terra alheia, onde serão

escravizados e oprimidos por quatrocentos anos; mas

julgarei também o povo ao qual estiverem submetidos, e depois sairão dessa


terra com grandes riquezas. Quanto a ti, irás em paz juntar-te a teus pais, e
serás sepultado em ditosa velhice. Somente à quarta geração voltarão para
aqui, porque ainda não chegou ao cúmulo a iniqüidade dos amorreus.' "E
sucedeu que, quando o sol se pôs houve densa escuridão; e eis que um
braseiro fumegante e uma tocha ardente

passaram entre as carnes divididas. Naquele mesmo dia, fez o Senhor


aliança com Abrão, dizendo: 'À tua descendência dou esta terra, desde a
torrente do Egito até o grande rio Eufrates: a terra dos cineus, dos ceneseus,
dos cadmoneus, dos heteus, dos ferezeus, dos amorreus, dos cananeus, dos
gergeseus e dos jebuseus.'"
Os "astronautas" se "adiantam" no tempo e anunciam a

Abraão (que então ainda se chamava Abrão) três fatos

concretos:
1º. Apesar de sua idade avançada, o patriarca terá

descendência própria ("de suas entranhas"), com a qual não terá que deixar
sua extensa propriedade ao criado Eliezer, tal como determinava a
legislação da Assíria e de Nuzu.

2º. Essa numerosa descendência será escravizada por

quatrocentos anos.

3º. Quando se passarem quatro gerações, os descendentes de Abraão


voltarão à "terra prometida".

Basta dar-se uma olhada no capítulo XVIII do Gênesis e no Êxodo para


comprovar que as coisas aconteceram tal e como foi anunciado a Abraão.
Se partimos da já reiterada hipótese de que Jeová não era Deus, e de que
este conceito ou idéia estava sendo utilizado por toda uma "equipe" de

"astronautas-missionários" no "grande plano" da preparação do nascimento


de Cristo, o lógico é pensar que esse evidente "conhecimento do futuro" por
parte dos eloístas tinha sua raiz na existência de um minucioso "programa"
de trabalho. Não creio que estes "astronautas" — de carne e osso, afinal —
tivessem a capacidade de "adivinhar" o futuro. Isso ficava para o verdadeiro
Deus e para seu "estado-maior supremo", mas não para os "astronautas" ou
"missionários",

encarregados, quando muito, da materialização física do "grande plano".

Portanto, minha hipótese baseia-se em que — na hora de planejar a eleição


dos patriarcas (base do povo "eleito") e do território onde deveria instalar-se
a tal comunidade — os "astronautas tiveram que levar em conta, entre
outros, os seguintes fatores: características genéticas dos indivíduos que
deviam escolher (não esqueçamos que Jesus de Nazaré seria "alguém"
muito especial); tempo mínimo necessário para "formar" e "dar corpo" a
essa comunidade "eleita"; tempo igualmente exato para "instruí-la" na idéia
básica de um único Deus; "fórmulas" e "procedimentos" a se seguir para
que o mencionado povo admitisse e reconhecesse
Jeová como "o mais forte dos deuses" e, certamente, tempo mínimo
necessário para expulsar ou eliminar os legítimos habitantes dessa "terra
prometida".

Para nossos atuais biólogos e engenheiros genéticos não seria muito difícil
averiguar o tempo mínimo necessário para formar, por exemplo, um
determinado grupo humano, a

partir de uma série de "primeiros exemplares". Se isto é perfeitamente


possível, apesar de nossa ainda rudimentar tecnologia, do que não seriam
capazes aqueles "astronautas"? Ao final desta "informação" que os eloístas
proporcionam a Abraão aparece, inclusive, uma dessas "razões" que, sem
dúvida, os "astronautas" valorizaram: "...à quarta geração voltarão para
aqui, porque ainda não chegou ao cúmulo a iniqüidade dos amorreus".

"Jeová" não podia dar maiores explicações a Abraão e lança mão — como
tantas vezes — de um raciocínio ao alcance da mente do patriarca de Ur da
Caldéia: a "iniqüidade dos amorreus".

Teria sido contraproducente para o "grande plano" que os eloístas


expulsassem de suas terras os legítimos habitantes de Canaã para instalar ali
um grupo incipiente que, além disso, necessitava de muitas provas
"divinas". Estava claro que os "astronautas" necessitavam de tempo, e uma
fórmula quase perfeita era reunir esse embrião de povo sob a denominação
de outra raça mais poderosa e próxima. Isto lhes facilitaria — uma vez
conseguido o número mínimo imprescindível de

indivíduos — um duplo objetivo: um mais cômodo e

perfeito controle da raça eleita e, de passagem, a

possibilidade de "libertá-los" com todo um desdobramento de "poder". A


partir desta quarta geração, a população judia
seria já suficientemente numerosa para ser instruída "por completo" e
conduzida à "terra prometida".

Estes deviam ser os "planos" dos "astronautas". Uns "planos" que —


exatamente por não terem capacidade de "adivinhar" o futuro — nem
sempre saíram como programado... E estou pensando, por exemplo, nesses
quarenta anos pelo deserto do Sinai, que em momento algum anunciaram a
Abraão ou a seus descendentes. Por quê? Muito simples: porque os

eloístas não puderam imaginar até que ponto seus

"protegidos" eram de "dura tempera"...

Enfim, estas "profecias" dos eloístas se repetem em outras oportunidades ao


longo da Bíblia. Está claro para mim que os "astronautas" realizaram seu
trabalho durante quase dois mil anos, sem que a passagem destes vinte
séculos chegasse a limitá-los. E me pergunto: se aquela "equipe" teve

capacidade suficiente para desenvolver essas primeiras fases do "Grande


Plano", por que não poderiam estar fazendo o mesmo nestes últimos dois
mil anos?

Não desfrutando da capacidade de adivinhação do futuro, os "astronautas"


não se teriam lançado a "profetizar", não fosse por essa singular
característica que lhes permitia — e permite — elaborar planos a "longo
prazo": sua considerável longevidade.

Mas volto a me perder em "profundezas" a que não desejo descer neste


trabalho...

"Pegando o Bonde Andando"

E novamente uma passagem bíblica apresenta descrições que conheço


muito bem, ao longo de minhas investigações sobre OVNIS.

"...ao pôr-do-sol", diz o parágrafo do Gênesis que acabamos de ver, "caiu


um profundo torpor sobre Abrão, e grande pavor e cerradas trevas o
envolveram."
É curioso. Se Abraão já estava mais ou menos familiarizado com a presença
dos eloístas — e a prova é que, inclusive, fala e come com eles (Gênesis,
18), por que esse pavor? A resposta, de meu ponto de vista como
investigador, tem de ser procurada em outros "fenômenos". Quem sabe
nesse

"torpor" tão suspeito? O que foram as trevas que o

aterrorizaram?

Analisemos estas frases em detalhes. Se o Gênesis diz que o sol já se punha,


o ilógico — de um ponto de vista natural e meteorológico — é que o
patriarca ficasse "envolvido" por cerradas trevas. A noite fechada não cai
como um chumbo, quando o sol ainda não desapareceu no horizonte. Esta
ocorrência desconcertante, em minha opinião, deve ter sido a causa
principal desse medo que a Bíblia transmite. Por certo — e pela enésima
vez—não compartilho da explicação que nos oferecem alguns doutores da
Igreja sobre esta passagem do Antigo Testamento. Para estes senhores, a
presença das aves de rapina que caem sobre os restos

esquartejados dos animais "são um presságio do triste destino que a


descendência de Abraão terá de suportar durante quatro gerações". Os
pássaros — escrevem os mestres de Salamanca — que caem sobre a presa
são símbolos de mau agouro, e simbolizam a escravidão dos hebreus sob a

disciplina férrea dos egípcios. Assim, os pássaros que querem comer os


restos de carne são os inimigos da

descendência de Abraão. O gesto deste ao enxotá-los com um pau é a


libertação final do povo oprimido. Durante o sonho, Deus comunicou ao
patriarca o sentido daquelas aves de rapina revoluteando sobre suas vítimas
esquartejadas. Por isso o texto diz que Abraão "foi tomado de grande
pavor"; é
o triste presságio que recai sobre seus descendentes, pois se vêem obrigados
a viver como "estrangeiros" num país

estranho.

Uma vez mais, os exegetas "pegam o bonde andando" e

tentam "provar que pau é pedra". Parece-me forçado demais tentar ver num
simples ato físico — como o de enxotar os abutres — todo um símbolo de
"mau agouro" e de "futura escravidão". Pelo menos em alguns doutores em
teologia e exegese, ciências que pouco ou nada têm a ver com a

adivinhação e a feitiçaria...

Por outro lado, não sei até que ponto pode considerar-se como "triste" o
destino dos descendentes de Abraão

escravizados pelos egípcios. Se não me engano, são os próprios hebreus que


— uma vez tirados do Egito — se

lamentavam perante Moisés por sua libertação: "Partiram de Elim", diz o


Êxodo (XVI, 1-4), "e toda a assembléia dos filhos de Israel chegou ao
deserto de Sin, situado entre Elim e o Sinai. Era o 15º. dia do segundo mês
após sua saída do Egito. Toda a assembléia dos filhos de Israel se pôs a
murmurar contra Moisés e Aarão no deserto. Eles diziam: 'Era melhor
morrermos pela mão de Jeová no Egito, quando nos sentávamos junto às
panelas de carne e nos fartávamos de pão. Vós nos conduzistes a este
deserto para matardes de fome toda esta multidão."'

Salta aos olhos que os judeus não lamentavam seus 430 anos de
permanência no Egito. Em conseqüência, não deve ter sido tão "triste"
como asseguram estes doutores da Igreja católica. E mais, o próprio Êxodo
nos conta que os

seiscentos mil israelitas que saíram de Ramsés até Socot tocavam grandes
rebanhos de ovelhas e bois (XII, 37-42) e que, inclusive, haviam despojado
os egípcios de ouro e prata.
Quanto ao "sonho" em que Deus comunicou a Abraão o

sentido daquelas aves de rapina voando sobre as vítimas esquartejadas,


sinceramente não sei de onde os especialistas tiraram o fato de que o
patriarca estivesse dormindo naquela ocasião. O Gênesis não diz nada. O
Gênesis fala de "torpor", que é outra coisa.

Portanto, de meu ponto de vista, carece de fundamento esta apreciação final


dos exegetas quando afirmam "que por isso o texto diz que Abraão foi
tomado de grande pavor".

Não creio que Abraão tenha tido qualquer "sonho" nesta ocasião, e muito
menos que sentisse pavor por algo que ia acontecer nos quatrocentos anos
seguintes. O patriarca — e volto ao fenômeno das cerradas trevas — deve
ter sentido pânico, como ocorreu com muitos outros "eleitos" de Jeová, ante
um fenômeno ou conjunto de fenômenos, total e

absolutamente físicos e tangíveis, que não conheciam e que alteraram sua


lógica. Não esqueçamos que Abraão, embora nômade, era também um
homem culto e, possivelmente, de costumes refinados. O patriarca saiu de
sua magnífica cidade de Ur, na Caldéia, onde passou toda a juventude. Tal e
como nos tem mostrado a arqueologia moderna, em princípios do segundo
milênio antes de Cristo, a cidade de Ur era uma capital poderosa, rica e
repleta de magnificências. O professor Koldewey, em suas escavações,
demonstrou que, há quatro mil anos — justamente na época em que Abraão
vivia em Ur —, este povoado dispunha de casas de dois andares, com doze
e quatorze cômodos cada uma, com

paredes apuradamente emboçadas com argamassa e

perfeitamente caiadas. O visitante entrava num pequeno átrio, onde lavava


os pés e as mãos nas pias de água. Dali penetrava em um pátio interno
espaçoso e claro, cujo solo estava belamente pavimentado. Ao redor deste
pátio —
conta-nos Keller — se agrupavam a ante-sala, a cozinha, os quartos e o altar
particular. Por uma escada de pedra, sob a qual se situava o banheiro, subia-
se ao segundo andar, onde ficavam os aposentos da família e dos
convidados. Nestas casas patriarcais havia relativo conforto e, por certo, um
grande refinamento.

Woolley e outros investigadores encontraram em milhares de tabuinhas de


cera claríssimos expoentes da avançada civilização que Abraão deve ter
conhecido e desfrutado. Nestas tábuas, por exemplo, além de simples
somas,

aparecem fórmulas para extração de raízes quadradas e cúbicas...

Embora alguns arqueólogos não se mostrem muito de

acordo com esta teoria sobre a origem de Abraão —

transportam-no às terras de Najor, na Mesopotâmia

setentrional —, o certo é que o patriarca viveu um longo período de tempo


em Ur, adquirindo um mínimo de

cultura. Não se pode pretender—como tentaram os

exegetas—subestimar a inteligência de Abraão, assegurando que "caiu


tomado de pavor" em conseqüência de um sonho. O mais lógico em uma
mente racional e culta como a do patriarca é que, caso tenha ocorrido este
"sonho", o protagonista o tivesse analisado ou esclarecido, mas não
necessariamente entrado em pânico. Esse "pavor" — insisto — deve ter
sido provocado por outras "razões"...

Ajusta-se em meu cérebro — e suponho que no de Abraão, já acostumado


em sua peregrinação até Canaã a contemplar centenas de crepúsculos —
que uma súbita e inexplicável alteração da luminosidade diurna possa
causar estranheza e até pânico nos seres humanos. E ainda mais se esse

"fenômeno" se faz acompanhar de um não menos


enigmático "torpor".

Suponho que os "sábios" doutores da Igreja terão encontrado a solução para


este enigma que nos apresenta o Gênesis: "Estamos diante de um novo caso
de parábola em ação, ou de lenda, ou de gênero literário", podem esgrimir
estes exegetas. Mas o que diriam se houvessem investigado o fenômeno
registrado na localidade de Marchena, por volta de 1959, e que parece
calcado no que ocorreu com Abraão? Abraão foi educado no refinamento
de cidades como Ur e Babilônia. Não podia ser, portanto, um "bronco",
como insinuaram alguns exegetas e comentaristas bíblicos.

Marchena: Um Caso Extraordinário

Numa de minhas inúmeras visitas a Algeciras — sempre investigando o


tema dos OVNIS — conheci, dos lábios das testemunhas presentes, o
ocorrido no inverno de 1959 ou 1960 (meus informantes não recordavam a
data com

exatidão) nos olivais próximos a Marchena.

Tanto Rosi de Gómez Serrano como sua mãe, Elvira Navarro Suárez,
testemunhas do estranho fenômeno a que vou me referir, são pessoas de
absoluta confiança, minhas

conhecidas de longa data. Rosi é esposa de Andrés Gómez Serrano, atual


chefe da polícia municipal de Algeciras e um dos mais veteranos
investigadores de campo na ufologia européia Ele, para minha sorte, se
encontrava presente quando Rosi e Elvira me informaram da "grande
escuridão" que inundou aquela zona próxima a Marchena, por volta de
janeiro de 1959 ou 1960.

Abrahão foi educado no refinamento de cidades como Ur e Babilônia. Não


podia ser, portanto, um “bronco”, como insinuaram alguns exegetas e
comentaristas bíblicos.
— Lembro que era inverno — explicou-me a mãe de Rosi,

que, por sua idade, recordava o fato com maior exatidão. — Deviam ser
sete ou sete e meia da tarde e ainda estava claro. Eu e Rosi regressávamos,
com outras dez ou quinze pessoas, da colheita de azeitonas e, de repente,
vimos no céu umas luzes coloridas. Eram muitas, talvez cinqüenta...

"Nesse momento' anoiteceu', com uma escuridão tão

fechada que não podíamos ver nem as pessoas que

caminhavam a nossa frente. E nos assustamos, claro...

— Quanto durou aquela "escuridão"?

— Uns cinco minutos. Depois tornamos a ver aquelas luzes de cores e


novamente se fez "dia".

Então, ao voltar a claridade, aquelas luzes subiram e

desapareceram.

O "anoitecer" propriamente dito chegou depois, na hora habitual.

Nem Elvira nem sua filha esqueceram aquele

acontecimento, embora tampouco pudessem explicá-lo. A

mãe de Rosi pensou que "aquilo" podia ser um mau

presságio: "Talvez o aviso de uma nova guerra, tal e como já havia


acontecido em 1936, com aquele extraordinário 'baile' de estrelas no céu..."

As trevas misteriosas, que envolveram os vizinhos de

Marchena, tal como aconteceu com Abraão, caíram sobre o grupo quando
este se encontrava na granja El Bizco, cerca de hora e meia, em lombo de
burro, da citada localidade sevilhana.
Para qualquer ufólogo de experiência mediana, a relação entre as "luzes" e a
"escuridão" é mais do que evidente. Só podiam ter sido essas "luzes" ou
OVNIS os responsáveis diretos pelas trevas. Outro problema é como o
conseguiram e, sobretudo, "para quê". Meu objetivo nestes momentos não é
tentar responder a essas duas últimas perguntas. O que me propus é mostrar
ao leitor o "paralelismo" existente entre casos e fenômenos OVNI de hoje e
determinadas passagens da Bíblia.

Se continuarmos nos aprofundando nestes dois casos de

"súbita e anormal escuridão" que envolveram Abraão, quatro mil anos atrás,
e Elvira Navarro e sua filha, há pouco mais de dez, reconheceremos que não
estamos diante de fenômenos naturais. Se o sol tivesse "escurecido" de
repente, metade do mundo (a parte iluminada) teria presenciado tal

acontecimento. E os astrônomos o teriam assinalado. Mas nada consta nos


anais da astronomia; nem sequer na da

China ou da Mesopotâmia, que havia começado a adquirir um sensível


prestígio. Em relação ao caso ocorrido em pleno século XX, com mais
razão ainda, dado o alcance da nossa tecnologia e a rapidez dos meios de
comunicação. Se o sol tivesse sua luminosidade embaçada — embora
somente por alguns segundos —, a comoção em nível mundial seria

logicamente indescritível. E, que eu saiba, nesses invernos de 1959 e 1960,


os observatórios meteorológicos e

astronômicos não assinalaram "incidentes" deste tipo.

O que nos resta então?

Estou certo de que o acontecimento vivido pelos colhedores de azeitonas de


Marchena teve um caráter unicamente local. As "trevas" — totalmente
artificiais e provocadas pela "esquadrilha" de cinqüenta OVNIS — só
surgiram nos

arredores de El Bizco. A comprovação foi muito simples: bastou-me


recorrer aos arquivos de jornais de Sevilha, Málaga e Granada e consultar
as coleções daqueles dias. Não encontrei uma única alusão ao citado
fenômeno. Se

juntarmos a isso o fato concreto de que em povoados muito próximos de


Marchena — como no caso de Montemolín,
Paradas, Calvário e Puebla de Cazalla, entre outros — tudo transcorreu
normalmente naqueles meses, a dedução final só pode ser uma: a misteriosa
e inexplicável "escuridão" se produziu num raio de ação muito curto.

E tal como sucedeu com estes quinze agricultores, que

ficaram perturbados ante um fenômeno tão pouco

freqüente, o terror de Abraão — sempre de meu ponto de

vista — nasceu exatamente da aparição ilógica das densas trevas. Trevas


que entraram novamente em cena com

Moisés e nos momentos que antecederam a morte de Jesus

na cruz. Recordemos as duas passagens:

No Êxodo (X, 21-24) lê-se: "Disse Jeová a Moisés: 'Estende a mão para o
céu e virão trevas sobre a terra do Egito, trevas que se possam apalpar.'

"E Moisés estendeu a mão ao céu, e houve trevas espessas em toda a terra
do Egito durante três dias. Não se via um ao outro e ninguém se levantou do
seu lugar por três dias; mas todos os filhos de Israel tinham luz em suas
habitações..." Quanto ao segundo testemunho, ocorrido em plena

crucificação, Lucas, Marcos e Mateus são os evangelistas que fazem


menção ao fato. As menções são praticamente iguais: "Já era a hora sexta, e
as trevas cobriram toda a terra até a hora nona, obscurecendo-se o sol, e o
véu do tempo se

rasgou ao meio..."

Jeová, ao provocar esta nona e penúltima praga sobre o

Egito, "lança mão" de um "sistema" que, embora incruento, deveria ter


enchido de terror os súditos do faraó. O

"fenômeno", como descreve o próprio Êxodo, teve um


caráter "local" ("virão trevas sobre a terra do Egito"), embora de uma
intensidade tal que, durante esses três dias, "não se viam uns aos outros".
No entanto, os judeus, apesar de

viverem nas mesmas cidades que os egípcios, dispunham de luz, tal e como
reza o Livro Sagrado. É exatamente esta curiosa "circunstância", entre
outras, a que destrói a

explicação oficial da Igreja sobre estas trevas...

"Nos países próximos ao deserto, como Síria e Egito", diz o comentário dos
exegetas, "ocorre por vezes este fenômeno da escuridão. As areias do
deserto que o jamsim um vento sudeste calmoso e sufocante (conhecido
também como

simum ou siroco), levanta com força, inundam a atmosfera e produzem uma


grande escuridão. Um fenômeno similar

parece ser o relato aqui, provocando a súplica do taumaturgo Moisés..."

Os peritos oficiais da Igreja em "assuntos bíblicos" não parecem muito


inclinados a considerar que os egípcios,

exatamente por terem nascido junto ao deserto, deviam

conhecer melhor do que ninguém — muito melhor,

certamente, que estes estudiosos de antanho — as

tempestades de areia, com suas conseqüências e o método para combatê-las.


Como é possível que os habitantes desta terra fossem tão lerdos a ponto de
assustar-se diante da escuridão, sempre parcial, de uma tormenta deste tipo?

Se os "astronautas" tivessem provocado um vento capaz de levantar as


areias do deserto, obscurecendo assim o sol, não creio que o resultado
pudesse aproximar-se sequer desses três dias de "trevas densíssimas". Por
outro lado, os exegetas se esquecem de que um fenômeno deste quilate —
durante
três dias — teria sepultado muitas das aldeias e povoados egípcios. E nada
disto aconteceu...

Heródoto, por exemplo, conta-nos uma catástrofe sofrida pelo exército de


Cambises, que foi soterrado pelas areias do deserto, em conseqüência de
uma tormenta deste tipo.

Se a "equipe" de "anjos-astronautas" tivesse optado por este sistema de


tempestades de areia — coisa que poderia ter
provocado, em virtude de sua tecnologia —, como as teria maquinado para
preservar os israelitas que, repito,

conviviam com os egípcios em suas mesmas cidades e

aldeias? Tal e como diz o Êxodo, "os filhos de Israel tinham luz em suas
habitações". Como se entende isto?

Em minha opinião, as palavras do autor sagrado devem ser tomadas em seu


sentido literal: simplesmente, a "equipe" de Jeová provocou trevas
espessas...

Talvez nos seja difícil entender, mas — transportando nossa atual


tecnologia a outras épocas da humanidade — o que teriam pensado os reis
católicos se a conquista de Granada tivesse sido executada com uma
esquadrilha de helicópteros de combate? Será que Santa Teresa e suas irmãs
não teriam considerado um "milagre" a simples presença de uma

lavadora automática?

A julgar por sua evolução e desenvolvimento tecnológicos, os "astronautas"


puderam provocar uma "noite" de três dias, pressionando assim o faraó para
que permitisse a saída dos israelitas e seu gado.

Essa mesma tecnologia e esses mesmos "astronautas" foram quem, séculos


mais tarde, "escureceram" o sol minutos antes da morte de Jesus.

Mas a Igreja, claro está, não pensa assim... As trevas que escureceram a
terra nada mais foram — segundo Dalman e Lagrange — que um eclipse
solar, provocado por nuvens

que levantaram o vento siroco. E aos comentaristas da

exegese bíblica assim lhe pareceu...

No fundo, estamos diante do mesmo problema suscitado


com as trevas da nona praga do Egito: será que os judeus e os romanos que
presenciaram a crucificação de Cristo não

sabiam o que eram um vento do deserto e seus efeitos? Se essas trevas de


que nos falam Lucas, Marcos e Mateus

tivessem sido o fruto de uma tempestade de areia, nem o centurião que


vigiava no Gólgota, nem "toda a turba que havia acorrido àquele
espetáculo" teriam batido no peito "ao ver as coisas que ocorreram". Deve
ter sido algo

verdadeiramente singular e imponente — um

escurecimento total de Jerusalém e seus arredores, por exemplo — para que


chegasse ao conhecimento de Pôncio

Pilatos, tal e como detalha o texto apócrifo denominado Atas de Pilatos:

"... Era por volta da hora sexta quando caíram as trevas sobre a terra", diz o
mencionado texto, "até a hora nona por haver-se o sol escurecido: e o véu
do templo se rasgou pela metade. Jesus então usou uma grande voz e disse:
'Pai, baddach efkid ruel’, que significa: 'Em tuas mãos

encomendo meu espírito.' E, dizendo isto, entregou sua alma. Ao ver o


ocorrido, o centurião louvou a Deus,

dizendo: 'Este homem era justo.' E todas as turbas que assistiam ao


espetáculo, ao contemplar o ocorrido, se

voltavam, batendo no peito.

"O centurião, por seu turno, reportou ao governador o

acontecido. Este, ao ouvi-lo, se contristou, tal como sua mulher, e ambos


passaram todo aquele dia sem comer nem beber. Depois, Pilatos fez chamar
aos judeus e lhes disse: 'Vistes o que aconteceu?' Mas eles responderam:
'Foi um simples eclipse do sol, como de hábito.'"
Por mais partidários que fossem de Jesus, nem Lucas, nem Marcos, nem
Mateus teriam cometido a torpeza de incluir em seus textos evangélicos o
relato de um fenômeno

puramente natural, como é o relativo escurecimento do

disco solar pelas nuvens. Uma vez mais, os "gênios" da exegese bíblica
consideram os homens do século I como

deficientes mentais, incapazes de distinguir entre algo mais


ou menos habitual e natural e "algo" tão extraordinário e fora do comum, a
ponto de um centurião — habituado a todo

tipo de horrores — reconhecer publicamente a divindade daquele Homem.


As trevas deviam ter sido tão

surpreendentes, que o citado centurião comentou o

acontecido com o governador Pôncio Pilatos e este, por sua vez, o ligou aos
judeus. Imagino que a contestação dos fariseus não deve ter deixado Pilatos
satisfeito, pois, embora covarde, ele não era tolo. Um eclipse solar entre a
hora sexta e a nona? O que dizem os astrônomos?

A Páscoa judaica era celebrada no dia 14 do Nisã — ou seja, justamente no


plenilúnio ou lua cheia — e, portanto, era impossível um eclipse solar
(parcial ou total).

Os judeus deviam saber disso, mas tentaram tirar a

importância do assunto, pelo menos diante do representante do César.


Contudo, e apesar deste trabalho de "sapa", duvido muito que os
astrônomos, escribas e outras pessoas "letradas" presentes naqueles
momentos em Jerusalém, mordessem a

isca e associassem essas três horas de trevas com um simples eclipse do sol.
Os "astronautas" — talvez para deixar uma "marca" mais profunda naquele
povo que se atrevera a

executar o Filho de Deus, ou por outras "razões" que nos levariam muito
longe — quiseram fazer sumir o local da execução, e possivelmente parte
da cidade, nas mesmas e espessas trevas que já haviam utilizado com
Abraão e com o faraó. Portanto, tampouco aceito essa interpretação final
dos exegetas católicos na qual afirmam "que esta escuridão foi um
fenômeno providencial, pela qual toda a natureza

mostrava sua lástima..."

Não creio que as trevas fossem um "fenômeno


providencial", nem que a natureza mostrasse assim sua

lástima. Foi um acontecimento provocado e mantido

durante todo o tempo que Jesus permaneceu vivo na cruz. Quanto a esse
suposto "sinal de lástima" de toda a natureza, os escrituristas e exegetas em
geral voltam a confundir alhos com bugalhos... Parece-me pueril supor que
a natureza tem capacidade para "entristecer-se" ou para "alegrar-se",
embora estejamos falando da morte de Jesus. Se "toda a natureza" — como
dizem os teólogos — tivesse se sentido identificada com a dor pela morte
de Cristo, nem as fontes continuariam manando, nem as árvores manteriam
seu verdor, nem os

camponeses teriam colhido suas safras, nem as vacas e

cabras continuariam dando leite etc.

Não sei se os doutores da Igreja terão chegado a perceber que estas


"explicações" dos textos sagrados, longe de

convencer as pessoas com um mínimo de cérebro, acabam

por afastá-las e deixá-las profundamente céticas.

Deus Disfarçou-se em "Braseiro"?

Antes de me afastar desta passagem do Gênesis, na qual vimos como


Abraão cai envolto em densas trevas, quero fixar a atenção do leitor em
outra "descrição" que o autor sagrado faz de Deus.

Diz a Bíblia que, "tendo já o sol se posto, e em densíssimas trevas,


aparecem um braseiro fumegante e uma tocha

ardente, que passam pelo meio das carnes divididas. Naquele dia Jeová fez
um pacto com Abraão..."

Falei "descrição" de Deus porque assim o consideram os próprios teólogos


e especialistas nas Sagradas Escrituras: "A passagem por entre as carnes
divididas é a forma ritual", escrevem Eloíno Nácar Fuster, Alberto Colunga
e Gaetano Cicognani, "de consagrar um pacto entre homens,

colocando Deus como testemunha. Aqui, o mesmo Deus


passa entre as carnes, simbolizado pelo fogo."

Segundo este delineamento, o "braseiro" e a "tocha ardente" eram Deus.

Não que eu tenha qualquer coisa contra a Igreja católica— à qual respeito,
naturalmente —, mas, embora possa pecar pela repetição, estas
"manifestações divinas" continuam me recordando inúmeros casos atuais e
passados do que hoje chamamos de OVNIS.

Não sei se serei considerado como "réu de excomunhão" pelo que vou
expor. Minha consciência pede que o faça e, portanto, correrei o risco.

Abraão, naqueles primeiros "contatos" com os eloístas, e diante de sua


generosa promessa de ser-lhe entregue a terra de Canaã, não confia
demasiadamente e pergunta — quase exige — qual será o sinal ou prova de
que aquelas terras serão suas. E os "astronautas" recorrem a um "sinal" — a
um pacto — bem conhecido do patriarca e que era de uso

comum entre os povos da Mesopotâmia. Os arqueólogos

descobriram, em tabuinhas de cera pertencentes à

civilização da cidade de Mari, ao norte da Mesopotâmia, a descrição do que


denominavam "matar o asno da aliança", e que equivalia a "terminar ou
fechar um pacto". O animal ou animais utilizados no pacto eram divididos
ou cortados pela metade e colocados na terra ou pendurados em estacas,
formando uma "rua" por onde caminhavam aqueles que se comprometiam
com o acordo ou aliança. Entre os beduínos da Transjordânia, o rito de fedú
ainda é freqüente: quando um membro da família está doente, mata-se uma
ovelha, que é cortada em duas partes, e ela é pendurada sob a tenda ou
debaixo da porta. A fim de conjurar a desgraça, todos os familiares do
doente devem passar entre os dois pedaços. Jeremias também nos conta
(XXXIV, 18) como, neste tipo de "aliança" — passando entre os quartos de
um bezerro —, os que tomam parte no "pacto" se comprometem a cumpri-
lo, sob pena de serem "feridos pela justiça", tal e como é representado
através dos animais esquartejados.
Tanto em grego clássico como em latim dispomos

igualmente de testemunhos que confirmam esta fórmula de "cortar" a vítima


que acompanha os juramentos do pacto. Tito Lívio, por exemplo, nos diz:
"Se o povo romano, por má-fé, rompe o pacto, então Júpiter fere o povo
romano, como eu faço ferir este porco, e fere tanto mais forte quanto tu
sejas mais poderoso."

Em suma, os "astronautas" estavam a par destes costumes e ordenaram a


Abraão que sacrificasse uma vaca, uma cabra ou um carneiro, todos de três
anos, assim como uma rola e um pombo. Mas por que exatamente de três
anos? A única

explicação que me pareceu satisfatória — e que me foi proporcionada por


alguns criadores veteranos — é a do valor de tais peças. Tanto a vaca
quanto a cabra podiam

proporcionar a Abraão um número considerável de crias. E o mesmo


podemos dizer do carneiro, como procriador. Isto, logicamente, "encarecia"
o sacrifício, multiplicando a seriedade e solidez do pacto.

E entremos agora no caso do braseiro fumegante e da tocha ardente.

O que entendemos por "braseiro"? Segundo a Real Academia da Língua


Espanhola, um braseiro é "um oco feito no

maciço das lareiras, com uma grelha para conter o fogo e um respiradouro
inferior para dar passagem ao ar".

A verdade é que não imagino Deus "disfarçado" deste jeito e passando por
entre as reses esquartejadas. E provável que a Grande Força tenha um
grande senso de humor (Jesus, pelo menos, o tinha), mas não consigo
imaginá-la "convertida"
no referido "braseiro fumegante"...

Minha opinião, uma vez mais, é de que aqueles "servidores" da Grande


Força (os "anjos-astronauta") foram, como

sempre, os encarregados de selar o pacto com Abraão, e o fizeram com


qualquer uma de suas muitas naves. Essa forma que descreve o autor
sagrado — o braseiro que solta fumaça — pode corresponder a algum dos
pequenos veículos, que lembraram a Abraão as peças ou pequenos braseiros
que utilizavam diariamente em suas cidades e acampamentos. Se hoje
muitas das testemunhas da passagem ou pouso destas naves as descrevem
comparando-as a objetos ou utensílios bem conhecidos no século XX
(cabines telefônicas,

geladeiras, bolas de futebol americano etc.), nada mais natural que aqueles
homens do Antigo Testamento fizessem o mesmo com as ferramentas ou
utensílios que manejavam. Mas este tema ficará mais nítido quando
abordarmos o apaixonante capítulo das "rodas, carros e colunas de fogo".
Quanto ao segundo "elemento" que cruza as peças — essa "tocha ardente
—, das duas uma: ou Abraão foi testemunha de dois objetos diferentes (o
forno e o fogo), ou confundiu as diferentes partes de um único veículo com
duas

manifestações individualizadas. Caso se tratasse de uma única nave, é


possível que o patriarca — envolto como estava em "densíssimas trevas" —
não conseguisse fixar a estrutura única e indivisível do objeto. Convido a
quantos possam ter acesso às proximidades de uma base aérea que
observem as decolagens ou pousos noturnos dos aviões de combate. Para
um indivíduo que jamais tivesse visto um jato, "aquilo" que se move na
distância e em plena treva poderia ser identificado como uma "língua de
fogo", umas luzes multicores e um potente feixe luminoso, que se deslocam
simultaneamente. Nós que conhecemos a natureza e as formas de um avião
a jato não temos dificuldade para acertar em sua identificação, mas o que
podia fazer o velho Abraão?

Se aceitamos que o patriarca contemplou realmente dois corpos distintos—


o "braseiro" por um lado e a "tocha ardente" por outro —, cabe a
possibilidade de que o segundo fosse o que hoje — e apenas hoje —
chamamos de "bola de fogo" ou foo-fighter. Os seguidores e estudiosos do

fenômeno dos OVNIS sabem que estas "bolas luminosas" — que são vistas
aos milhares em todo o planeta — têm

dimensões muito reduzidas: desde o tamanho do lume ou chama de uma


vela até esferas de meio metro. Estes objetos foram observados nos lugares
mais insuspeitados: no interior de um quarto, em estábulos, sobre centrais
nucleares e "escoltando" ou "perseguindo" a todo tipo de veículos... Estas
reduzidas dimensões nos fazem suspeitar que se tratam de "sondas" ou
pequenos engenhos, teleguiados a partir de OVNIS maiores, e com missões
de exploração em lugares onde não é possível—ou "recomendável"—a
presença das naves.

Como digo, os testemunhos sobre estas furtivas "bolas de fogo" são tão
numerosas que um conciso "inventário" destes exigiria todo um volume.
Portanto, me limitarei a uma brevíssima amostra — com fotografias
incluídas — de alguns dos casos que eu próprio investiguei e que guardam
um paralelismo com o que nos diz o Gênesis.

É preciso deixar claro que, se me atrevi a comparar esta "tocha ardente"


com os foo-fighters ou "bolas de fogo" é porque, segundo o Gênesis, tanto o
"braseiro" quanto a "tocha" cruzaram por entre as metades dos animais,

fechando assim a aliança de Jeová com Abraão. Pois bem, de acordo com o
costume, estas "ruas" ou "corredores" eram
estreitos o suficiente para permitir somente a passagem de uma ou duas
pessoas. O lógico então é que, não podendo os "astronautas" passar por
entre as carnes, isso fosse feito exatamente por alguns dos veículos
menores: as "bolas luminosas", cuja descrição no Gênesis guarda profunda
semelhança com as "esferas de fogo" que se observam nos tempos que
correm.

Pensou que Fosse a Alma de sua Falecida Mãe

Faz alguns anos, Josefa Moya Guzmán, da localidade de El Palmar, muito


próxima de Vejer de La Frontera (Cádiz), se viu surpreendida em plena
noite pela presença de um "luzeiro". Naquela época — por volta de 1968
—, Pepa Moya vivia numa cabana da granja Mojinete...

— Estava deitada quando, às tantas da madrugada e em meio à escuridão,


apareceu no alto da cabana uma luz muito brilhante. Era como um
"luzeiro".

A senhora me explicou que naquela ocasião seu marido se encontrava fora


da granja e que ela estava dormindo com uma filha pequena.

— Creio que acabara de despertar — prosseguiu a

testemunha — quando, sem saber como nem por onde

havia entrado, aquele "luzeiro" apareceu junto ao teto da cabana. E ali


permaneceu, quieto e com uma forte luz, pelo espaço de uns dez minutos.

"Não fiz o menor movimento e continuei contemplando aquela 'bola' até


que, pouco a pouco, se foi 'apagando' e desapareceu.

Ao longo da entrevista — à qual assistia meu bom amigo Rafael Vite,


morador das proximidades e homem idôneo —, Josefa comentou que o
"luzeiro" não pôde entrar pela janela ou pela porta porque, simplesmente,
estavam fechadas. Por outro lado, o telhado, formado por ripas e bambus,
estava perfeitamente trançado e não permitia sequer a passagem da chuva.
Por onde havia penetrado então aquela bola luminosa? Ou não teria havido
necessidade de "filtrar-se" no interior da cabana? A julgar pela descrição de
Josefa Moya sobre a forma de desaparecer — "apagando-se como a luz de
uma vela" —, era muito provável que o objeto tivesse surgido no interior da
cabana da mesma forma que se esfumou.

A testemunha — mulher de grande simplicidade e escassa cultura — nos


disse que, "num primeiro momento, pensou que se tratasse da alma de sua
falecida mãe".

Mas, em outras ocasiões, estas "bolas de luz" aproveitam as portas e janelas


para se introduzirem nas casas. Este foi o caso do famoso seminarista de
Logrono...

Logrono: O Susto do Seminarista

Também de madrugada, o seminarista Javier Bosque sofreu uma


experiência que não esquecerá enquanto viver. Era o dia 21 de junho de
1972. Local: seu quarto no Seminário dos Padres Escolápios, em Logrono,
capital da província de Ia Rioja.

— Naquele dia — conta o seminarista de Saragoça — estive gravando em


uma fita alguns acordes de guitarra. E deixei o gravador sobre uma
poltrona, bem perto de minha cama. E ali permaneceu por toda a noite.

"Ao me deitar, coloquei, como costumava fazer, um

cinzeiro daqueles de pé no costado esquerdo da cama e, sobre ele, uma


luminária flexível, mas com o foco dirigido para a parede, de modo que
iluminasse o quarto, mas não me
incomodasse. Caí na cama, liguei o rádio e me dispus a ler Dom Quixote.

Assim decorreu parte da noite, até que, por volta das duas da madrugada,
Javier notou como a luz do quarto aumentava sensivelmente de intensidade.
A princípio pensou em uma das freqüentes elevações de corrente elétrica e,
já cansado pela leitura, deixou o livro na mesinha-de-cabeceira, situada à
sua esquerda. Este movimento o fez descobrir "algo" fortemente iluminado,
que se achava muito perto da janela que dava para a rua. Ficou imóvel e
desconcertado. O "foco" era potentíssimo...

Sua surpresa degenerou em pânico quando, lentamente, a janela começou a


abrir-se, dando passagem a um objeto luminoso que "flutuava" e que se
dirigia em linha reta até o centro do quarto. Era "algo" de forma ovóide, de
meio metro por uns 35 centímetros de altura.

— Avançou muito depressa e a uns dois metros do solo. Eu estava muito


assustado. "Aquilo" não fazia o menor ruído e, em poucos segundos, ficou
parado aos pés de minha cama. Javier Bosque, acometido de evidente
nervosismo, cobriu quase toda a cabeça com o cobertor e continuou
observando o "intruso". Logo, o objeto iniciou uma descida — na

vertical - até situar-se a uns quarenta centímetros do chão. Sua luz


permanecia vivíssima. Tão forte, que o jovem se via obrigado a observá-lo
com os olhos semicerrados.

Nesse momento, sem saber o que fazer, o seminarista

recordou que o rádio de pilha continuava funcionando e, embora a emissora


já houvesse saído do ar, o aparelho emitia uns chiados muito estranhos.

— Esses chiados começaram exatamente no momento em

que o objeto penetrou no quarto. Eram muito agudos, e pensei que talvez o
gravador pudesse registrá-los. Assim, estiquei a mão por debaixo das
cobertas e liguei o gravador. Uma vez situado na segunda posição (quase ao
rés-do-chão), o OVNI emitiu um raio luminoso, que incidiu
primeiramente no gravador e, ato contínuo, no rádio de pilha.

O "raio" luminoso retirou-se novamente até o objeto, e este, também em


silêncio, subiu de novo até uns dois metros, retrocedeu e saiu pela janela.

Porém, de sua posição na cama, Javier Bosque chegou a apreciar como o


luminoso ovóide se elevava até o céu. Mas o rapaz só ousou chegar à janela
alguns minutos depois. Primeiro, preferiu aumentar o volume de seu rádio e
tentar gravar o melhor possível aquele chiado tão agudo. Quando o som
desapareceu, o seminarista desligou seus aparelhos e pulou da cama,
dirigindo-se à janela. A rua estava deserta, e as nuvens cobriam
parcialmente o céu. Mas ali não havia nem sinal do misterioso objeto.

Na gravura, a entrada do foo-fighter ou "bola de fogo" no quarto do então


seminarista Javier Bosque, em plena cidade de Logroño. Após penetrar pela
janela, o luminoso ovóide desceu até pequena altura do solo, lançando dali
um facho de luz sobre o rádio e o gravador.

Quando a notícia vazou entre os meios de comunicação, os jornalistas


assediaram o jovem. Mas apesar dos muitos interrogatórios a que foi
submetido, jamais cometeu uma única contradição.

"... Aquele objeto se movia e avançava", afirmou repetidas vezes, "como se


'dirigido' por algo. Movia-se com segurança
e sem a menor vacilação.

"... Era totalmente liso e metálico.

"... Tinha uma borda brilhante e 'vibrante', tal como o resto de sua estrutura.

"... A idéia mais exata que tenho é que sua superfície parecia de natureza
metálica, embora vibrasse a uma freqüência altíssima. Algo assim como o
relê de um eletroímã

movendo-se a milhares de vibrações por segundo.

À esquerda, Javier Bosque, testemunha da entrada do foo- fighter.

"Quanto ao raio luminoso, tinha a mesma intensidade que o ovóide, embora


não vibrasse como o objeto.

"... O 'feixe' de luz parecia algo sólido e concreto, com limites muito bem
definidos.

"... A princípio me pareceu algo assim como uma antena telescópica, mas
em poucos segundos compreendi que se tratava de um feixe de luz.

"... Aquele "raio" saiu muito depressa; com a mesma

velocidade que os olhos de um caracol. Seu avanço foi lento e reto, com
uma ligeira inclinação para cima, até situar-se sobre o rádio colocado na
mesinha-de-cabeceira. Calculo que o diâmetro deste 'feixe' poderia ser de
uns cinco centímetros. Curiosamente, ao tocar o aparelho, retrocedeu alguns
centímetros. Logo avançou novamente, com grande precaução. Este fato foi
aquele que, exatamente, me

recordou o movimento dos olhos do caracol. Quando o raio tocou o rádio,


este bambeou levemente, mas não chegou a cair.

"... Antes de tocar o gravador, o raio retrocedeu lentamente até metade da


longitude alcançada e mudou sua inclinação, dirigindo-se então até o
gravador, que estava apoiado na poltrona. Tocou-o lateralmente e, por fim,
retrocedeu até o ovóide.

"... Mesmo empapado em suor, convenci-me de que 'aquilo' não tinha


intenções agressivas. E tão logo desapareceu pela janela, sentei-me na
cama, pus o rádio entre as pernas e peguei o microfone.

"... Por fim, não posso omitir que, a partir do momento em que liguei o
gravador, comecei a notar uma sensação muito rara, que podia se resumir
nestas palavras: "MEDIR O TEMPO... MEDIDA DO TEMPO."

Eu Tenho um Amigo Ousado

Apesar de sua audácia, poucas vezes foi possível fotografar estas "bolas
luminosas" ou "de fogo". Logicamente, a surpresa ou o terror terminam por
dominar as testemunhas, e ninguém se lembra da máquina fotográfica. Esta
reação é normal. Por isso, quando alguém — longe de fugir ante a presença
de um foo-fighter — decide avançar até ele e, além disso, o fotografa por
duas vezes, o ocorrido adquire um valor duplo.

Isto foi o que aconteceu no mês de agosto de 1978 em minha querida terra
natal: Navarra.

Naquela ocasião, um navarrino tão audaz quanto sincero teve a coragem e o


sangue-frio de deter o veículo em que viajava na estrada de Arguedas a
Tudela e aproximar-se de um objeto luminoso. Mas a coisa não acaba aí...

Francisco Azagra Soria, um industrial, me descreveu a ocorrência nos


seguintes termos:

— Não me lembro muito bem da data, mas foi por volta de


15 de agosto. O povoado de Arguedas estava em festa, e meu sobrinho e
outro primo tinham ido se divertir um pouco. Eu não os acompanhava
naquela ocasião. Nem mesmo na

segunda vez em que lhes "apareceu" o OVNI...

— Será que houve dois "contatos"?

— Sim. Na primeira noite, por volta de uma ou uma e meia da madrugada,


os dois jovens entraram no carro e tomaram a grande reta de Arguedas. Este
percurso, como sabe, tem dezesseis quilômetros e é totalmente em linha
reta. Pois bem, quando haviam percorrido três ou quatro quilômetros,
apareceu-lhes uma luz muito rara. Os rapazes se assustaram e aceleraram à
máxima velocidade do automóvel. Mas a luz os seguiu sempre à mesma
velocidade. Seguia por trás e a uns quarenta ou cinqüenta metros. Se
reduziam, a "luz" diminuía também sua velocidade. Se aceleravam, a
"coisa" fazia o mesmo.

"Chegaram ao povoado, muito atemorizados. Meu sobrinho tinha dezenove


anos na época e estudava arquitetura em Bruxelas. É um jovem muito culto
e não se assusta com facilidade.

A segunda noite

— No dia seguinte voltaram a Arguedas. E quando deixaram o povoado e


entraram na mesma reta, a "bola de fogo" saiu novamente e se colocou
junto ao carro. O medo dos garotos devia ser grande. O objeto, segundo me
contaram, se comportou da mesma forma que na noite anterior.

— Que horas eram?

— Meia-noite e meia.

A terceira noite

As testemunhas relataram a meu bom amigo Paço Azagra este segundo


"esbarrão" com a misteriosa "luz". E foi então que o navarrino tomou a
decisão de acompanhar seu
sobrinho e o primo deste.

Azagra Soria, insisto, é homem decidido e que não se assusta com


facilidade. Pegaram uma câmera — uma Kodak

Instamatic — e correram até Arguedas.

E também à meia-noite e meia, os três navarrinos se

puseram a caminho. Dirigia, como sempre, o sobrinho de Francisco. A


escuridão era total quando penetraram na mencionada reta.

E ocorreu pela terceira vez: um objeto luminoso se

apresentou por detrás do automóvel.

— Era como um círculo de cor vermelha — prosseguiu

Azagra —, que pairava sobre a estrada. Meu sobrinho

acelerou ao vê-lo, mas a "luz" nos seguia à mesma

velocidade que assinalava o velocímetro.

— A que distância?

— Foi se aproximando pouco a pouco e devia ter chegado a uns sessenta


metros.

Os dois jovens continuaram acelerando, tomados de natural nervosismo.


Mas Paço Azagra não estava disposto a perder aquela oportunidade. E
obrigou seu sobrinho a parar o carro. — Tive que gritar — acrescentou —,
porque ele não parecia muito disposto a parar.

— E o que você fez?

— Quando o carro parou no acostamento, peguei a máquina fotográfica e


saltei. O objeto se colocara atrás do carro, também junto à valeta. Estava
quieto e a cerca de um metro e meio do solo. Era uma luz muito intensa. A
princípio, quando caminhei até ele, tinha uma tonalidade
esbranquiçada. Depois foi mudando para laranja...

— A "luz" retrocedeu?

— Em momento algum. Parecia "esperar-me"...

— E a que distância você chegou?

— Não sei... Talvez a uns dez metros. Era uma espécie de bola ou esfera de
meio metro de diâmetro,

aproximadamente. E saía uma espécie de raio...

— A essa distância deveria ter ouvido algum ruído...

— Nada. O silêncio era completo.

Paço Azagra, sem se perturbar, levou a câmera aos olhos e disparou. Mas,
ao tentar girar o filme, o navarrino não acertou com o mecanismo.

— A câmera não era minha e, com medo de danificá-la,

regressei ao carro e pedi ao meu sobrinho que girasse o filme. Assim ele fez
e voltei até o objeto. E tirei uma segunda foto dele.

— Ocorreu alguma mudança nesta nova tomada?

— Se não me engano, a "bola" luminosa havia se retraído um pouco.


Aproximei-me um pouco mais, embora não

possa lhe dizer a que distância se situava a "luz".

Ao se examinar as cópias—já que os negativos originais se encontram em


Bruxelas com o sobrinho—nota-se,

efetivamente, um certo distanciamento da "luz". Uma árvore situada à


esquerda do OVNI serve de referência para calcular estas medidas.
Uma vez feita a segunda fotografia, Azagra, com a mesma tranqüilidade,
regressou ao carro e se afastaram rumo a Tudela. E ali ficou o OVNI.

O filme foi revelado na própria cidade de Tudela.

— Lembro-me — acrescentou Francisco — que tive de

insistir três vezes com o laboratorista para que me fizesse as cópias destas
fotos. Dizia que não havia saído nada...

Um recorde completo

Embora os negativos, como assinalei anteriormente, ainda não tenham sido


estudados, creio que a honradez e

honestidade do fotógrafo são tais que as fotos podem ser consideradas boas.
Não descartei porém a correspondente análise dos negativos, porque, entre
outras razões, é muito provável que, dispondo de tais originais, as
investigações lancem novos e interessantes detalhes sobre o OVNI.

1921: Uma "Chama de Vela" que Voa

E antes de entrar no delicado assunto da aparição destas "línguas de fogo"


de Pentecostes, vou encerrar esta curta seqüência de casos de "bolas de
fogo" com outro

acontecimento que permaneceu inédito até hoje e que — estou certo — dará
o que pensar...

Por volta de 1921, Antonia Utrera Domínguez estava com dez anos de
idade. Vivia com sua madrasta — Frasquita Tirado Domínguez — e um
filho desta, de meses de idade, no pequeno povoado gaditano de Barbate.
(Exatamente porque conheço Barbate desde menino, como também a

protagonista da insólita ocorrência — uma mulher de grande simplicidade e


humanidade —, o relato de Antonia sempre me foi digno de fidelidade
absoluta. E mais: não fosse por minha incansável curiosidade e meu desejo
de conhecer e compilar todo tipo de histórias, lendas e tradições mais ou
menos insólitas, Antonia Utrera não teria comentado "seu" encontro com
uma "língua de fogo"...)

Mas vamos ao que interessa. Numa noite daquele verão de 1921, a pequena
Antonia ficou cuidando do bebê de sua
madrasta. Esta saiu de casa, encarregando-a de dar a

mamadeira quando o bebê começasse a chorar. A menina

pegou uma manta e se deitou no chão da sala de jantar. — Por que


exatamente no chão?

— Tinha medo de dormir e não ouvir quando o menino

começasse a chorar. Por isso, em vez de deixar o bebê no quarto de minha


madrasta, eu me deitei com ele no cômodo ao lado.

Antonia pôs seu braço debaixo da cabeça do menino, à guisa de travesseiro,


e tentou dormir um pouco. Mas por volta das três ou quatro da madrugada,
o pequeno se mexeu e a

menina acordou, tendo a atenção chamada por uma "luz" que havia surgido
debaixo da cama de casal. O quarto da madrasta estava com a porta aberta,
e Antonia — da sua posição no chão da sala de jantar — podia ver
perfeitamente a cama de seus pais.

— Era uma luz muito rara. Tinha a cor e o tamanho da

chama de uma vela, mas o estranho era que não iluminava. Então, ao abrir
os olhos, vi que a "língua de fogo" saiu de debaixo da cama e se dirigiu para
mim. Fez uma volta ao redor de minha cabeça e voltou ao mesmo lugar.
Comecei a tremer de medo. Tremia tanto que o movimento do braço
terminou por adormecer de novo o bebê.

"E sempre que eu abria os olhos, aquela 'luz' repetia a mesma coisa: saía de
debaixo da cama e voava até o alto de minha cabeça. Depois se afastava
para o quarto de dormir.

— Quanto tempo esteve vendo aquela "língua de fogo"?

— Mais de duas horas.

— Lembra do tamanho da "luz"?


— Se lembro?! Lembro como se tivesse sido ainda há

pouco... Isso não se esquece facilmente... Tinha uns três centímetros.


Exatamente como a chama de uma vela.

— E quantas vezes "voou" até sua cabeça?

— Umas cinco ou seis.

— Ouviu algum ruído?

— Nenhum. A casa estava em silêncio e em escuridão total. Por isso a vi de


imediato.

Finalmente, quando já amanhecia, a madrasta chamou à

porta, e a menina — "sempre com os olhos cerrados" para que a "luz" não
lhe caísse em cima — abriu a porta, às apalpadelas.

— Quando abri os olhos, a "luz" havia desaparecido.

— E contou à sua madrasta?

— Não, acho que não...

— Porquê?

— Não sei bem. Talvez, como o bebê não acordou, por

medo que ela me castigasse por não ter dado a mamadeira a ele.

— Faz alguma idéia do que pode ter sido aquela "língua luminosa"?

— Não, jamais soube. Posso dizer apenas que minha avó morreu um dia
após eu ver a "luz".

— Acha que pode ter sido um "sinal" ou "aviso"?

— Quem sabe...
Desnecessário dizer que Antonia Utrera jamais ouviu falar de foo-fighter,
mas seu testemunho — que permaneceu no esquecimento durante sessenta
anos — contém um grande valor, pelo menos para os investigadores. Sua
descrição me faz pensar que a mencionada "luz" não passava de uma das
muitas modalidades de "bolas ou caças de fogo". (Como recordarão os
estudiosos do fenômeno ÓVNI, esta

denominação nasceu entre os pilotos de caça da Segunda Guerra Mundial,


que viam como misteriosas "bolas de fogo" os "escoltavam" e "vigiavam"
durante muitas de suas
incursões e combates aéreos.)

Capítulo VII

Meu profundo respeito ao Espírito Santo continua, - Os "astronautas de


Jeová", transmissores da força do Espírito, — Basta olhar Melecio no rosto
para se saber que é honrado. — Outro sinal "familiar" na investigação
OVNI: o "vento impetuoso". - O coração me diz que foram foo-fighters as
"línguas de fogo" que desceram sobre os apóstolos no

Pentecostes. - É uma pena que Lucas não indagasse um

pouco mais fora da casa!

Se selecionei estes casos concretos de encontros com "bolas de fogo",


certamente o foi com a melhor intenção do

mundo. Uma dupla intenção: por um lado, mostrar o

paralelismo existente entre a "tocha ardente" que passou no meio dos


animais esquartejados por Abraão e as esferas ou bolas luminosas que
foram vistas e fotografadas no século XX. Por outro lado, estabelecer outro
paralelismo muito mais ousado e comprometido: aquele das "línguas de
fogo" que nos descrevem os Atos dos Apóstolos e estas mesmas "luzes" ou
"línguas" que voam e se exibem fora e dentro de nossas casas.

Antes de prosseguir, devo esclarecer algo: dos "seres" que formam ou


integram a divindade Pai, Filho e Espírito Santo, tenho medo é deste último.
Se os dois primeiros me

inspiram confiança, o terceiro — e eu não saberia dizer porquê — me


provoca um profundo respeito. É possível que eu tenha a intuição de que
ninguém escapa a sua justiça e, por isso, me sinta perturbado quando seu
nome aparece diante de mim. Nestas páginas não tento atacá-lo ou

ridicularizá-lo. Seria tão absurdo quanto insensato da minha parte. Creio


Nele e sei que seu poder é infinito. Não compartilho, porém, dessas
"explicações" da Igreja católica, que associam e identificam o chamado
Espírito com

"pombas" e "línguas de fogo". Aí está, segundo meu coração, o erro.

Mas antes de prosseguir com minha hipótese, analisemos a narração de


Lucas nos Atos dos Apóstolos (II, 1,5). Assim diz o autor sagrado:

"Chegando o dia de Pentecostes,* estavam todos reunidos no mesmo lugar;


de repente, veio do céu um ruído, como de um vento impetuoso, e encheu
toda a casa onde estavam sentados. E apareceram-lhes então línguas como
que de fogo, que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Todos
ficaram cheios do Espírito Santo, e passaram a falar em outras línguas,
conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem."

Qual é então minha interpretação deste transcendental acontecimento?

A julgar pelos casos atuais que expusemos, e pelas centenas de outros que
podem ser consultados na ampla bibliografia mundial sobre OVNIS, esse
"ruído como de um vento

impetuoso" só podia proceder de uma ou várias das naves da "equipe de


astronautas". Em muitas oportunidades, estas super-máquinas se aproximam
das aldeias, cidades ou

testemunhas no mais absoluto silêncio. Mas, em outros casos, portentosos


veículos chegam acompanhados ou

precedidos por zumbidos, chiados ou estrondos.

Jesus, o Mestre, havia terminado sua missão na Terra. Isso é certo. Mas isto
não significava que o "grande plano" de salvação do homem estivesse
concluído. Pelo contrário. Talvez a partir da morte e ressurreição de Cristo,
os "anjos-
astronautas" houvessem iniciado uma nova "fase". E, tal como aconteceria
pouco depois do Pentecostes com Saulo, também os apóstolos e discípulos
de Jesus necessitavam do constante "apoio logístico" dos "super-
missionários do espaço". Cristo, além disso, havia-lhes prometido o
imediato envio do Espírito. Mas, da mesma forma como a Grande

Força, ou Deus, ou o Pai — como queiramos chamá-lo —

nunca interveio de uma forma direta na formação e

condução do "povo eleito", por que iria fazê-lo agora? O resultado é que
também foram seus "anjos" os responsáveis e encarregados de "vitalizar"
com o Espírito aos que deviam pregar a nova mensagem por todas as terras.
Da mesma

forma que os autores bíblicos foram "peças transmissoras" do Espírito, ou


nossos sacerdotes o são hoje dessa suprema Sabedoria, aqueles
"astronautas" ou "celestes" puderam sê-lo na célebre jornada das "línguas
de fogo". O fato de que sua sofisticada tecnologia servisse de "ponte" ou
"meio" para infundir o Espírito nos apóstolos, não significa que devamos
confundi-la com o próprio Espírito Santo, tal e como fez a Igreja. E vamos
às provas. Segundo os doutores em teologia, "as chamas de fogo são o
símbolo sensível do Espírito

Santo".

Esta, enfim, parece ser nossa constante diferença de

critérios: enquanto a Igreja considera essas "línguas de fogo" como o


próprio Espírito, para mim trata-se apenas de um sistema para fazer chegar
sua força, lucidez e sabedoria. Em outras palavras: umas "sondas" ou
"veículos" teleguiados, capazes de entrar ou materializar-se naqueles
lugares onde não podem ou não devem descer as naves. Estes foo-

fighters, ou "bolas luminosas", ou "línguas de fogo", teriam sido


catapultados a partir de qualquer das grandes naves da "equipe", com a já
mencionada missão.
Quero abrir um novo parêntese, para oferecer ao leitor outro caso moderno
no qual — tal como pôde acontecer dois mil anos atrás — uma testemunha
digna de toda confiança nos conta como um grande OVNI foi visto muito
perto destas desconcertantes "bolas luminosas".

Armado de Paus Contra Centenas de "Bolas Luminosas"

Não há como errar para se chegar à casa de Melecio Pérez Manrique, à


entrada de Boadilla. Uma lustrosa roda de

carroça, pintada de dourado e escarlate e colocada no jardim, pode ser vista


de um quilômetro de distância.

Ali conheci um camponês de setenta anos, testemunha

principal de uma das maiores "chuvas" de foo-fighters ou "bolas de fogo"


de toda a história da ufologia espanhola e talvez mundial...

Melecio é um homem de bem. Sempre viveu no campo e

para o campo. Nasceu em Boadilla — uma retirada aldeia

situada a pouco mais de quarenta quilômetros de Palencia — , e ali espera,


em paz, a hora de sua morte.

Ninguém na aldeia jamais duvidou do seu relato, e eu, por certo, também
não. Às vezes basta olhar no rosto das

pessoas para saber se são honradas...

Ele é respeitado em toda a comarca, e ninguém pode

duvidar de sua honradez e honestidade.

E enquanto a filha de Melecio nos servia em silêncio uma xícara de café, eu


me dispus a ouvir o relato do camponês: — Foi no inverno, 28 de novembro
de 1968. Gravei bem a
data, porque, além do mais, era o último dia da semeadura. "Por volta das
oito da noite, com o sol já tendo se posto, tirei o trator dos campos e saí de
Melgar de Yuso, onde estivera
trabalhando, seguindo pela rodovia até aqui, em Boadilla. "Levava também
a máquina de semear. Deste modo a

velocidade do trator era lenta.

"Fazia muito frio, e minha tia me pedira que parasse para lanchar com ela
em Yuso. Mas recusei e segui em frente. "E, conforme seguia, observei
muitas luzes dos dois lados da rodovia, nos campos. Talvez trinta ou
quarenta de cada lado...

"Eram brancas e pareciam estar no solo.

"A princípio pensei que eram os faróis dos tratores e caminhões que
carregavam as beterrabas. Mas logo reparei na hora e na escuridão reinante
e compreendi que não podiam ser tratores ou reboques, porque, àquela hora
e com aquele frio, os campos ficam vazios.

"Segui até Boadilla, e ao chegar à encruzilhada de Melgar com Itero de Ia


Vega apareceu no céu aquela outra luz... — Quanto tempo levou para
chegar a esta encruzilhada?

— Uns vinte minutos.

— E todo este tempo esteve vendo as luzes na terra?

— Sim. O curioso é que não se moviam. Não sei o que

poderia ser aquilo...

— E diz que viu outra luz no céu?

— Isso mesmo. Mas esta era muito maior. Redonda e um pouco maior que
a lua cheia. Tinha esta forma...

Melecio pegou meu caderninho de notas e desenhou um

círculo com uma espécie de telhadinho na parte superior. — Este ângulo ou


telhado que vi aqui em cima brilhava como as luzes fluorescentes.
"Eu estava assombrado — continuou o lavrador. — Ali

acontecia algo raro.

"A luz do céu permanecia quieta e a pouco mais de

quinhentos ou seiscentos metros. De súbito, fez um giro muito brusco e se


colocou à minha esquerda. Não sabia o que fazer. O trator ia na máxima
velocidade... uns quinze ou vinte quilômetros por hora.

"E antes que eu pudesse pensar, a luz deu outro salto e se situou à minha
frente. Exatamente sobre a estrada.

"Foi então que senti medo. Reduzi a velocidade e pouco faltou para que eu
saltasse e me jogasse na valeta.

"Mas, prontamente, com a mesma velocidade que nas outras ocasiões, a luz
voltou ao meu lado esquerdo. E me

acompanhou pelo espaço de dois quilômetros.

— Estava disposto a se atirar do trator em movimento? — Acho que sim.


Mas justo quando ia tentar, a luz se deslocou para minha esquerda, a uns
sessenta metros da estrada.

— Como se tivesse "lido seus pensamentos"? Melecio me observou tanto


com estranheza quanto com desconfiança. E terminou por exclamar.

— Eu diria que sim! Mas como é que você sabe? Pedi a Melecio que
seguisse com seu relato.

— Bem, ao chegar a uma pequena elevação e iniciar a

descida, observei à minha esquerda, e também à margem da estrada, outras


duas luzes alaranjadas que, a princípio, confundi com as lanternas traseiras
de algum caminhão. Estavam a um metro do solo, mais ou menos, e
separadas uns dois metros entre si.
Juanito dos Prados em plena labuta em sua aprazível aldeia de Catañuelo,
em Huelva. (Foto: J.J. Benítez)
Esteban Penate, outra testemunha que foi paralisada por um OVNI. Como é
possível que os evangelhos apócrifos nos descrevam acontecimentos
"gêmeos" deste, ocorrido em Huelva, e com dois mil anos de diferença?
(Foto: J.J. Benítez)

Quando os sacerdotes viajarem pela primeira vez ao espaço, como irão


vestidos: de batina ou em traje de astronautas? Por que então perder as
estribeiras ante a possibilidade de outros "missionários-astronautas"
procedentes do Universo?

EM minha opinião, a fortíssima luz que cegou

temporariamente Saulo na estrada de Damasco seria hoje reconhecida pelos


investigadores como um "objeto voador não-identificado".

Nenhum astrônomo aceita que as trevas que rodearam a morte de Cristo


foram provocadas por um eclipse do sol. Particularmente, também não
compartilho a teoria de alguns teólogos e exegetas bíblicos que afirmam ter
sido uma tempestade de areia que ocultou o sol.

Uma luminosa e diminuta esfera permanecia a pouco mais de um metro do


asfalto. E Azagra se aproximou dela,

fotografando-a por duas vezes. À esquerda do foo-fighter pode ser visto o


tronco de uma árvore. À direita da "bola de fogo" e um pouco mais atrás,
uma placa de trânsito. Podem ter sido assim o "braseiro fumegante" e a
"tocha ardente" que Abraão descreve?

Outra fotografia excepcional. Uma "bola de fogo" foi fotografada em 1974


por um cidadão francês na região de Uzès. O objeto se encontrava a 23
metros da testemunha.

Francisco Azagra Soria, moscando uma das fotos da "bola de fogo" que viu
na estrada de Arguedas a Tudela, na província de Navarra. (Foto: J.J.
Benítez)
As misteriosas "línguas de fogo" que apareceram sobre os apóstolos no dia
de Pentecostes, segundo Doré. Talvez algum dia venhamos a descobrir que
tal fenômeno tem muito a ver com o que hoje conhecemos como foo-
fighters.

Hoje sabemos que este OVNI, fotografado em 1967 por Joseph L. Ferrière,
pode ser uma nave "nutriz" ou

"portadora" de outros objetos menores. Sua forma era tipicamente


cilíndrica. Mas o que teriam pensado os judeus que acompanhavam Moisés
no êxodo pelo Sinai se tivessem visto algo semelhante? Não o teriam
definido como uma coluna de fogo"?
Um OVNI se aproximou da terra nas imediações da aldeia de Mendaza
(Navarra). A cevada ficou calcinada — tal como aparece na fotografia —,
mas só no lugar onde se situou a nave. O resto do campo de cevada não
sofreu dano algum. Em minha opinião as precauções dos "astronautas de
Jeová'' para que o povo judeu não se aproximasse de suas naves podiam
estar justificadas por estes efeitos e radiações.

Misteriosamente, as espigas recolhidas por J.J. Benítez no lugar onde


ocorreu a quase-aterrissagem de um OVNI, em Mendaza, só aparecem
calcinadas em uma de suas faces. (Foto: Betargi)

J.J. Benítez, no laboratório de genética da Faculdade de Ciências da


Universidade Autônoma de Bilbao, com uma das cientistas encarregadas da
análise das espigas

misteriosamente calcinadas por um OVNI em Mendaza

(Navarra). Qualquer pessoa ou animal que houvesse se aproximado do


OVNI naqueles instantes poderia ter sofrido graves efeitos, tal como pode
ter ocorrido com a descida de "Jeová no Sinai. (Foto Betargi)

O que teriam exclamado Moisés e seu povo se, de súbito, tivessem visto
esta gigantesca nave "nutriz"e o pequeno OVNI que aparece a seu lado? O
mais provável é que os teriam definido como uma "nuvem luminosa" e um
"carro ou roda de fogo". Hoje, 3.400 anos mais tarde, e recém- estreada a
conquista do espaço, sabemos que se trata de um veículo de origem
extraterrena, com forma de "nuvem". (A seqüência completa destes OVNIS
- captados em 1977 no Pireneu de Huescas — é apresentada no livro de J. J.
Benítez, La Gran Oleada.)

O contador Geiger do Instituto de Assuntos Nucleares da Colômbia


registrou radioatividade no local de aterrissagem de um OVNI em Ibargué.

O casal formado por Benigno e Martina Rueda Manzano, vizinhos do


povoado de Alvarado, em companhia de seus filhos. (Foto: J. J. Benítez)
Nesta mesma rodovia da Estremadura registrou-se um insólito encontro da
família de Alvarado com uma misteriosa "névoa". (Foto: J. J. Benítez)

Para os teólogos e exegetas católicos, Elias sofreu um "transporte extático".


O que estes "sábios" não dizem é por que não "regressou" de tal "êxtase".
Em minha opinião tal como reproduz a pintura de Alfredo G. Garamendi,
Elias foi "arrebatado" por uma nave espacial. Eliseu só pode recolher o
manto que seu mestre deixou cair.
E se quereis compreender, é ele o Elias que devia voltar. Quem tem ouvidos
ouça. "Assim falou Jesus sobre João Batista (Mateus 11, 14-16). É esta a
explicação para o misterioso desaparecimento de Elias, séculos atrás?

Como os patriarcas de quatro mil anos atrás teriam explicado uns "seres"
como estes, com seu equipamento de

submersão? Teriam falado de "homens-rãs" ou de deuses saídos do fundo


do mar?

O Pintor Garamendi viu assim a "visão" do profeta Ezequiel. A


"interpretação" dos exegetas católicos é, todavia, muito mais "fantástica"...

Primeira Foto

Purificación Nieves Alvarez e seu marido Manuel Álvarez vivem há 37


anos na solidão do lugarejo chamado Pozo Gutiérrez. Jamais souberam de
OVNIS e ao verem, em 1980, uma destas naves, descreveram-na como uma
"roda". (Foto: J. J. Benítez)

Segunda Foto

Joe Simonton nos mostra uma das quatro "bolachas" que lhe foram
oferecidas pelos tripulantes do OVNI.

No ano de 1973, este esquema do engenheiro Blumrich deu a volta ao


mundo. Segundo o engenheiro da NASA, este poderia ter sido o aspecto da
nave que desceu diante dos olhos do profeta Ezequiel à margem do rio
Quebar, na Mesopotâmia. Pessoalmente, não estou muito de acordo com
alguns detalhes de tal nave.

Hoje, nossos astronautas devem vencer a força da gravidade com a ajuda de


trajes especiais. Em minha opinião, o profeta Ezequiel nos descreve em seu
livro os efeitos da gravidade positiva sobre seu organismo: "... a mão de
Jeová pesava fortemente sobre mim.

"Carros e rodas de fogo" proliferam sem cessar nos Antigo e Novo


Testamento. Para qualquer investigador de OVNIS medianamente bem
informado, está claro que essas

descrições bíblicas têm muito a ver com o que hoje nos relatam as
testemunhas da passagem destas naves.

(Fotografia de um OVNI com forma de “roda'', captada pelo cientista norte-


americano Fry, no Oregon.)

A "estrela" que guiava os Magos apareceu de novo ante os persas quando


estes saíram de Jerusalém rumo a Belém. Mas, nesse momento — e
segundo os evangelhos apócrifos —, a
"estrela" tinha forma de "coluna de luz", algo muito similar a este luminoso
OVNI com formato de "coluna" fotografado na Argentina.

"Ao mesmo tempo, notei outra luz muito forte à direita, só que branca.

"Pensei que fosse alguém com alguma lanterna. Mas, depois de andar um
quilômetro, percebi que não as alcançava

nunca... Como era possível?

— E o que foi feito da luz que brilhava no céu?

— Seguia a curta distância, na minha frente. Comecei a piscar os faróis


altos, mas ninguém respondia. Eu estava louco por chegar a Boadilla, ou,
pelo menos, cruzar com alguém na estrada. Mas absolutamente ninguém
passava... "Em breve vi uma quarta luz, também branca, que surgiu à minha
esquerda. Eu a vi sair por um dos caminhos e

acreditava que fosse um trator. Respirei, aliviado. Parei meu trator e esperei
que o outro saísse na estrada. Mas não ouvi ruído algum. Após vários
minutos de espera inútil, decidi continuar. A luz se havia detido também...

— E as luzes restantes?

— Todas seguiam adiante uns dez ou quinze metros. Apenas a grande, no


céu, estava mais distanciada.

"Em suma, após ultrapassar esta quarta e última luz, virei-me e ela já não
estava mais lá...

— O que pensou daquelas luzes?

— Não sabia o que pensar. Esse era o mal. Estava confuso. Mas juro que
não pensei então em OVNIS nem em nada

semelhante...

— E o que ocorreu?
— As luzes me seguiram até o acesso a Boadilla, num total de uns sete
quilômetros.

"Quando estava a ponto de pegar a última curva e entrar no povoado, a


terceira luz, a da minha direita, se elevou bruscamente e desapareceu no
céu. Fiquei atônito. Mas o melhor veio depois...

Beberiquei o café e aguardei impaciente que Melecio

terminasse de acender seu cigarro.

— À esquerda da estrada, bem na direção em que seguiam as duas luzes


alaranjadas, tínhamos em Boadilla umas belas árvores.

"Pois bem, falei comigo, se essas luzes me seguem por aí vão bater no
bosque...

"E qual não foi minha surpresa ao ver como uma delas seguia pela própria
valeta, enquanto a segunda, fazendo mil fintas e contornos, evitava todas e
cada uma das árvores que surgiam em seu caminho...

"Entrei em Boadilla como alma que o diabo carrega.

Reconheço, entretanto, que aquelas duas luzes alaranjadas haviam ficado


como que grudadas em uma cerca externa. "Saltei do trator e corri até o bar.
Ali estavam Pedro Mediavilla e Edelmiro, este já falecido. Nós três subimos
no trator e voltamos à rodovia.

"A luz maior continuava no céu, já seguindo na direção de Amusco. E dos


dois lados da estrada, tal e como as tinha visto no princípio, dezenas de
luzes brancas. E todas à cerca de um metro do solo.

"Paramos o trator e Pedro, com um pau, dirigiu-se às

lavouras, disposto a golpear uma daquelas luzes.

"Mas quando se dispunha a vibrar a primeira cacetada, a luz, que era como
um pequeno disco, se apagou e desapareceu. — Quantas luzes havia nos
campos?
— Como se pode saber...! Enchiam todas as plantações até
onde a vista alcançava...

— E eram todas iguais?

— Sim, brancas e redondas. Era um lindo espetáculo...! "Estávamos tão


assombrados que seguimos com o trator até Frómista. E as luzes se
estendiam infinitas sobre os campos. — O que se plantava então naqueles
campos?

— Cevada e trigo.

— Lembra se havia lua?

— Não, naquela noite não.

— Que tamanho calcula que tivesse a luz maior?

— Era enorme. Talvez cem metros ou mais. Na verdade, era o que mais nos
interessava. E a seguimos, como digo, quase até Frómista. Mas quando
vimos que a luz se afastava, retornamos à aldeia.

— O senhor acreditava em OVNIS?

— Não.

— E seus companheiros?

— Acho que também não.

A julgar pela descrição deste humilde agricultor, que nada ou quase nada
conhecia sobre o tema, aquela noite do inverno de 1968 — bem conhecido
entre os investigadores pela grande onda registrada na Espanha e em grande
parte do mundo —, uma nave de consideráveis dimensões havia sobrevoado
os campos de Palencia. E dezenas — talvez centenas — dos mesmíssimos
foo-fighters ou "bolas de fogo" chegaram até os mesmíssimos sulcos recém-
semeados. Se isto assim ocorreu, talvez pudéssemos aventar a hipótese de
uma tentativa de análise ou conhecimento dos campos recém-semeados por
parte dos seres que tripulavam a
"grande luz", como Melecio chamava o brilhante objeto que o assustou.

Os Apóstolos Viram Muito Mais Coisas

Calculo que o ideal teria sido estar junto à casa daqueles apóstolos. Talvez
então, ao ouvir primeiro aquele "ruído" — "como o de um vento
impetuoso" — tivéssemos erguido a cabeça para o céu e descoberto uma
formidável luz, ou uma "coluna de fumaça", ou uma nave brilhante ao sol, a
pequena distância sobre os terraços de Jerusalém.

E tal como no caso de Boadilla, talvez nas proximidades da citada nave,


teríamos observado outras fulgurantes e diminutas bolas. E pudéssemos
estar no interior do recinto, talvez nos tivesse surpreendido a grande
semelhança entre aquelas "línguas de fogo" e o ovóide luminoso que
penetrou no quarto de Javier Bosque, o "luzeiro" que "apareceu e
desapareceu" na cabana de Palmar ou a "chama de uma vela" que passeou
pela casa de Antonia Utrera. Não são

coincidências demais?

Foi uma lástima que Lucas não procurasse outros

testemunhos entre as pessoas que circulavam naqueles momentos pelas


cercanias da casa. Estou convencido de que viram "muitas coisas mais"...
Quantas vezes me perguntei, por que Cristo ou os eloístas não permitiram
jamais que o que hoje conhecemos por "repórteres" os acompanhassem em
suas "missões"! Por que não há descrições mais

detalhadas dessas doze ou vinte, ou quem sabe quantas "línguas de fogo",


que irromperam na casa dos apóstolos? Talvez não seja prudente abordar
um excessivo número de "detalhes". Talvez não tivesse sido "aconselhável"
para civilizações futuras, como a nossa, que já começa a entender o que é a
conquista espacial, as sondas teleguiadas ou a assimilação de
conhecimentos através de imagens...

A título de comentário, quero recordar ao leitor uma


passagem escrita por Stefan Denaerde — que afirma ter

estado no interior de um OVNI —, no qual este executivo assegura que os


extraterrenos de "larga" lhe transmitiram uma infinidade de conhecimentos
e vivências mediante um sistema de "radiações". Não será esta a fórmula
ideal para que nossos netos ou tataranetos cursem o bacharelado ou seus
estudos universitários? E me atrevo a ir mais além: não pode ser isso
mesmo — a transmissão de informações através de "línguas de fogo" — o
que sempre lemos como a "descida do Espírito" sobre os apóstolos? A
essência do Espírito se verá diminuída se algum dia — quando o ser
humano tiver

aprendido a levar a Palavra de Deus pelo espaço —, os

"missionários-astronautas" da Terra repartirem esse

conhecimento divino através de aparelhos de vídeo, de fitas de gravação ou


de monitores de TV? Claro que não.

Mas a maioria dos doutores da Igreja católica não quer nem ouvir falar
destas, segundo eles, "solenes elucubrações". E mais: para estes "sábios", os
OVNIS não existem. Como

podemos pretender então que "vejam" ou "identifiquem" nas "colunas de


fumaça e fogo" da Bíblia as gigantescas naves siderais dos eloístas?
Reconheço que há momentos nos quais também me pergunto por que
continuo na luta; por que me empenho em reunir e exibir provas da
realidade

extraterrena...

Talvez uma das respostas resida exatamente nesta

"necessidade" de investigar tudo aquilo que hoje é repelido pela ciência ou


pela ortodoxia.

Que atrativos poderia ter o estudo e o aprofundamento nos OVNIS se, por
exemplo, os cientistas do mundo tivessem aceitado sua existência desde o
início?

O que verdadeiramente me inquieta e interessa é aquilo que quebra a


monotonia e agita os espíritos.

Capítulo VIII

Sinai: "Não ultrapassem, zona proibida." — Como os "anjos" tomavam


precauções. — O mais numeroso alistamento

OVNI: 600 mil testemunhas. — O "rolo" de Zacarias. — Colômbia: 0,8


milirroentgens após a aterrissagem de um OVNI. — Segundo os
comentaristas bíblicos, "sou um lugar proibido para mim mesmo". — E se o
maciço do Sinai emitisse ainda "aguilhoadas" radioativas?

Estamos diante de outro "desdobramento" divino que

provoca comoção e que rompe os esquemas de qualquer

formação "tradicional".

No capítulo XIX do Êxodo, tão logo Moisés chega com o povo hebreu ao
pé do maciço do Sinai, Jeová diz ao seu "eleito":

"Eis que virei a ti na obscuridade de uma nuvem, para que o povo ouça
quando eu te falar, e para que também confie em ti para sempre. Vai ter com
o povo e santifica-os hoje e amanhã. Lavem eles suas vestes, e estejam
prontos para o terceiro dia, pois no terceiro dia descerá Jeová, à vista de
todo o povo, sobre o monte Sinai. Fixarás ao redor limites ao povo, e dir-
lhe-ás: 'Guardai-vos de subir o monte, ou de tocar a sua base; se alguém
tocar o monte será morto. Mão nenhuma tocará neste, se não, será
apedrejado ou flechado; quer seja animal, quer seja homem, não viverá.
Quando soar longamente a trombeta, subirão eles ao monte.'"

Deste parágrafo, como dos seguintes, podemos extrair

algumas conclusões muito curiosas:


1º. Jeová chegará em forma de "nuvem escura". E o fará "no terceiro dia",
baixando "sobre o cume de uma montanha".
2º. Jeová se preocupava, principalmente, com que ninguém se aproximasse
ao local da "aterrissagem".

Novamente me vejo diante do beco sem saída dessa

misteriosa "natureza" de Jeová. Se este tivesse sido

realmente Deus, não creio que necessitasse de "nuvem" nem de tempo


algum para aparecer ante Moisés e seu povo, e muito menos de
"precauções" como as que obrigou os

israelitas a tomarem.

Estas descrições e pormenores — que os teólogos chamam pomposamente


de "a teofania do Sinai" — nada mais fizeram senão reforçar minha velha
idéia sobre os eloístas. Os "astronautas" consideraram que aquele era um
bom

momento e um excelente lugar para "mostrar-se" ao povo que acabavam de


tirar do Egito e para iniciar o complicado processo de organização social,
sanitária, econômica e, por certo, religiosa dos "selecionados". E
estabeleceram um "prazo" — três dias — para sua descida. Mas por que
esse tempo? O mais natural seria que tivessem podido descer a qualquer
momento. O que talvez não estivesse bem claro é que a "destrambelhada"
multidão — mais de seiscentas mil pessoas — reagisse corretamente à
súbita aparição de naves espaciais. Os "anjos-astronautas", que não tinham
nenhuma pressa, preferiram que o povo "fizesse uma idéia" de uma
iminente visita de "Jeová" e que, sobretudo, Moisés tivesse tempo de "fixar
os limites" de segurança. E voltamos às interrogações: por que os
"astronautas" se mostraram tão reiterativos na hora de advertir Moisés sobre
os perigos contidos na violação desses limites?

Talvez a resposta vá implícita na descrição do próprio Jeová: na "nuvem"


que pousou sobre o Sinai. Tanto esta "nuvem" que baixa sobre a montanha
como a "coluna de nuvens" que descreve também o Êxodo na passagem do
mar Vermelho, e as não menos célebres "colunas de fogo e nuvem" que
descem à porta da tenda de congregação e das quais sai "Jeová" para
conversar com Moisés, são para mim a mesma coisa: naves de forma
alongada ou cilíndrica ou com aspecto do que hoje milhares de testemunhas
descrevem como

"charutos". Em suma, naves espaciais, provavelmente

"nutrizes" ou "portadores", para as quais aqueles homens de três mil anos e


pico atrás não tinham palavras que as pudessem definir corretamente. Por
isso lançavam mão dos similares que conheciam e que mais bem se
adaptavam a seu aspecto ou forma exterior. E qual seria o similar perfeito?
Simplesmente uma "nuvem", ou uma "coluna", ou um

"rolo", tal como as define também Zacarias.

"E olhei", conta Zacarias (V, 2-8), "e eis que vi um rolo que voava. E disse-
me o anjo: 'O que vês?' E respondi: Um rolo que voa, de vinte côvados de
comprimento por dez côvados de largura."'

Zacarias, como ocorre em outros livros sagrados, confunde uma nave de


forma cilíndrica com os rolos, ou "livros", que se utilizavam naqueles
tempos e que costumavam ser

guardados em cápsulas ou tubos de metal ou couro. Mas que tipo de livro


podia ser aquele, que tinha uns dez metros de comprimento e cinco de
largura e que, para cúmulo dos cúmulos, voava?

A comparação de Zacarias, tal como as de Moisés no Êxodo, me parece


excelente. Que outra coisa poderiam escrever, se considerarmos sua
primitiva tecnologia?

Pois bem, se essas "nuvens" ou "colunas" eram na realidade naves espaciais


a serviço dos "missionários-astronautas", podia acontecer que uma
aproximação incontrolada destas naves afetasse seriamente os "curiosos".
Também podemos supor que os "astronautas" não estavam muito dispostos
a
que a grande multidão formada pelo "povo eleito" naqueles momentos
tivesse possibilidade de chegar até a "base", no cume do Sinai, com tudo o
que isto podia acarretar: possível deterioração de suas equipes e sistemas,
incontáveis infecções para os eloístas, provocadas por milhares de pessoas
sem um mínimo de higiene e — por que não? — a "descoberta" de um
"mistério" que "eles" tentavam manter havia séculos...

* No Êxodo (XXXIII, 7-11) se diz: "Moisés foi levantar a tenda a alguma


distância fora do acampamento, e

chamava-a tenda da reunião. Todo aquele que buscava

a Jeová ia à tenda da reunião, que estava fora do

acampamento. Quando Moisés se dirigia para a tenda

todo o povo se erguia, cada um à porta de sua tenda, para segui-lo com os
olhos até entrar ele na tenda. E logo que ele acabava de entrar, a coluna de
nuvem

descia e punha-se à porta da tenda; e Jeová falava com Moisés. À vista da


coluna de nuvem, todo o povo, em

pé à entrada de suas tendas, se prostrava no mesmo

lugar. Jeová falava a Moisés face a face, como qualquer um fala com seu
amigo. Ent ão voltava Moisés ao

acampamento, mas o moço Josué, seu ajudante, filho

de Num, não se apartava do interior da tenda."

Sem dúvida, e a julgar pelos "conselhos" que Jeová

proporciona a Moisés antes da grande "aterrissagem" no Sinai, esse risco de


"contaminação radioativa" para aqueles que não respeitassem o limite em
torno da montanha pode ter sido um dos principais quebra -cabeças da
"equipe". E, num excesso de prevenção, no caso de falha nas medidas de
segurança, os "astronautas" estabele cem inclusive o que se deve fazer com
qualquer homem ou animal que ultrapasse esses limites: "... ninguém
colocará a mão sobre ele, se não, será apedrejado ou flechado". — Não
acho que seja justo ceifar a vida de um ser humano — menino, mulher,
ancião, ou varão — por simplesmente tocar ou ultrapassar alguns "limites".
E muito menos equiparar a intencionalidade de um ser racional com os
movimentos de um camelo ou asno.

Será que se podia culpar de "desobediência" a Deus os animais que


acompanhavam o povo hebreu, só por causa de um erro de seus pastores ou
porque uma serpente os pusera em fuga até o cume da montanha,
ultrapassando assim esses "limites"?

Claro que não. Devia existir outra razão, um motivo

poderoso o suficiente para sac rificar ou manter à distância essas pessoas ou


animais com pedras ou flechas. Se a

execução desses transgressores tivesse ocorrido em contato com o resto da


comunidade, o mais provável é que o "mal" teria se disseminado.

Hoje, graças à moderna inv estigação OVNI, sabemos

também de "contatos imediatos" nos quais os contadores Geiger registraram


diferentes graus de radioatividade nos lugares onde o objeto pousou.

Para não cansar o leitor com uma série repetitiva de casos — que ele pode
encontrar na extensa bibliografia sobre o fenômeno —, indicarei apenas o
acontecimento na

Colômbia e que foi comprovado por um órgão da maior

seriedade como o Instituto Colombiano para Assuntos

Nucleares.

Como ocorreu tantas vezes, duas testemunhas — neste caso, um camponês


chamado Ricardo Segura e um jovem negro
— observaram um belo dia como um objeto em forma de
disco, de cor verde brilhante e com uma espécie de cúpula, se levantava
suavemente do solo, numa fazenda da

localidade de Ibargué. O OVNI, sempre em silêncio, se elevou na vertical,


perdendo-se no céu em questão de segundos.

E também como muitas outras vezes, o fato terminou por chegar aos
ouvidos de investigadores e estudiosos do tema. Neste caso, Ricardo Segura
comentou a ocorrência com alguns amigos, e a notícia terminou por chegar
ao

conhecimento do advogado Guillermo Caballero Farfán, que se deslocou


para o lugar em companhia do arquiteto e ex- chefe de "valorização
municipal" de Imagué, Jorge Caycedo. O primeiro sofreu distúrbios, e o
segundo viu como seu relógio de pulso ficava sensivelmente alterado. No
lugar da aterrissagem do OVNI apareceram três concavidades, que
formavam um triângulo equilátero e que foram produzidas, sem dúvida,
pelo tripé do aparelho. O pasto estava

totalmente queimado e a terra amassada por algo muito pesado.

Apesar de terem transcorrido mais de dez dias desde a aterrissagem do


OVNI, a equipe que acorreu pouco depois da primeira exploração do
advogado Caballero Farfán, e que pertencia ao citado Instituto para
Assuntos Nucleares, encontrou evidentes sinais de radiação. Eis aqui o
relatório elaborado pelos citados técnicos e que foi remetido ao ICIFE
(Instituto Colombiano de Investigação de Fenômenos

Extraterrenos):

Considerações:

a) A existência ou não de radioatividade,

b) Tipos de radiação,

c) Níveis,
d) Causas e conseqüências.

"Notáveis variações puderam ser observadas, mas não de aterrissagem da


nave (em milirroentgens). No desenho de baixo, um esquema do OVNI, tal
como foi descrito pelas testemunhas colombianas de Ibargué e de acordo
com os dados extraídos nas medições dos orifícios achados em terra e que
correspondiam ao "trem de pouso".

Na figura de cima, o índice de radioatividade registrado no local da forma


periódica, já que as radiações se produzem ao acaso e só se podem verificar
estatisticamente. Entre os valores encontrados foram obtidos (através do
contador Geiger) até 0,08 milirroentgens por hora, que chega a superar o
índice estatístico da região, que é de 0,02 milirroentgens por hora. O tipo de
elemento radioativo parece ser de exposição de vida curta, já que, dentro
dos níveis observados, tem tendência de aniquilação a curto prazo.

"As causas da radiação, que produziu queimaduras notáveis nos vegetais


próximos, podem ser os elementos

constituintes do aparelho ou do combustível que se utiliza neste sistema de


locomoção. Em conseqüência, da

queimadura produzida nos vegetais, e realizado um

exaustivo exame laboratorial que indica que o elemento não é plenamente


identificável, concluiu-se que possuem um material radioativo de vida curta
ou mediana, não muito conhecido por nós."

Se, como temos visto, estas naves podem deixar sobre o


terreno um rastro de radioatividade, o mais provável é que aquelas
astronaves de quatro ou dois mil anos atrás se comportaram da mesma
forma. Daí a obsessão dos

"astronautas" — tantas vezes abordada no Livro Sagrado — em impedir


que os hebreus se aproximassem. É certo que esta circunstância favorecia
os planos da "equipe" — que necessitava manter-se vigilante e, ao mesmo
tempo, distante e inacessível, como convinha a um Deus —, mas não creio
que tal atitude nascesse unicamente do desejo de "santificar" o lugar, como
explicam os exegetas.

"Transcendência e santidade", diz em sua interpretação a Bíblia de


Jerusalém, "são inseparáveis, e a santidade implica uma separação do
profano. Os lugares em que Deus se faz presente são lugares proibidos..."

Com todos os meus respeitos por Desclée de Brouwer e

professores que trabalharam na tradução e interpretação da citada Bíblia,


estas afirmações me parecem aberrantes, produto, sem dúvida, de uma
grave falta de perspectiva. Se a santidade supõe uma separação do profano,
como se

entende que Santa Teresa passasse a maior parte de sua vida entre panelas?
E que podemos dizer de São José, que viveu permanentemente no meio de
tábuas e andaimes? Se os

"lugares em que Deus se faz presente são lugares proibidos", como


pretendem esses "especialistas", tudo quanto nos

rodeia deveria estar "proibido". Pelo menos assim é o meu critério. Se a


Grande Força sustenta tudo — e não estou fazendo panteísmo —, essa
divindade tem que se manifestar em todas e cada uma das criaturas: desde a
face geométrica de um cacto, até a espiral elétrica da música, passando pelo
"inteligente" olhar de um cachorro, para não falarmos do coração de um
homem... Se aceito que Deus pode estar em mim mesmo — ainda que no
meu caso seja só de vez em
quando —, isto significa que eu me converto em um "lugar" proibido para
mim mesmo?

Absolutamente, não.

Portanto, não posso compartilhar a "explicação" de Brouwer nem a dos


professores de Salamanca quando dizem "que a presença de Jeová naquele
lugar (o Sinai) o converte em sagrado, de modo que ninguém possa
aproximar-se do cume sagrado se não participar em alto grau da 'santidade
divina"'. Isto é igualmente absurdo. Será que Moisés e Aarão — seu lugar-
tenente — eram "santos" em alto grau? Que eu me

lembre, nem o primeiro nem o segundo, nem nenhum dos

patriarcas são considerados como tais. Será que nossos bispos e sacerdotes
— e inclusive o papa—são "santos" por

desempenharem um papel de "intermediários" entre a

divindade e os homens?

Meu destino parece ser confrontar-me constantemente com os teólogos e


exegetas. Portanto, não é de estranhar que eu tampouco concorde com eles
na hora de "explicar" o

significado das famosas "nuvens" que desciam à vista

daqueles seiscentos mil judeus.

Capítulo IX

"Cortina de fumaça" contra os curiosos. — Um banco de "névoa seca'' na


Estremadura. - Um trator atolado e outra nave envolta em névoa no vale de
Los Garabatos. —

Poderiam ter ficado vestígios das naves de Jeová nas rochas graníticas do
Sinai? — Uma "nuvem" luminosa sobre o rio Sena. — Também em
Fuentesaúco foram vistos os "rolos voadores" de Zacarias. — Em
conseqüência, Deus agora precisa "ocultar-se" dos olhares impuros.
No terceiro dia, ao raiar da aurora, houve trovões e

relâmpagos e uma densa nuvem sobre o monte e um

poderoso ressoar de trombeta; e todo o povo que estava no acampamento se


pôs a tremer. Então Moisés fez sair o povo do acampamento para ir ao
encontro de Deus, e se

detiveram ao pé do monte. Todo o monte Sinai fumegava, porque Jeová


havia descido sobre ele no fogo. Subia a

fumaça como de um forno, e todo o monte retumbava com

violência. O soar da trombeta se fazia cada vez mais forte; Moisés falava e
Deus respondia-lhe com o trovão..."

E mais adiante, diz também o Êxodo:

"Disse Jeová a Moisés: 'Sobe até mim, ao monte; fica ali, e te darei as
tábuas de pedra — a lei e os mandamentos — que tenho escritos para tua
instrução."'

"E se levantou Moisés com Josué, seu ajudante; e subiram à montanha de


Deus. Disse aos anciãos: 'Esperai-nos aqui até que voltemos a vós. Ficam
aqui convosco Aarão e Jur.

Aquele que tiver alguma pergunta, que recorra a eles.' E subiu Moisés ao
monte.

"A nuvem cobriu o monte. A glória de Jeová descansou

sobre o monte Sinai, e a nuvem cobriu-o por seis dias. No sétimo dia,
chamou Jeová a Moisés em meio à nuvem. A

glória de Jeová aparecia à vista dos filhos de Israel como um fogo


devorador sobre o cume do monte. Moisés entrou na nuvem e subiu ao
monte. E permaneceu Moisés quarenta
dias e quarenta noites."

Ao ler estes textos, e outros em que as aparições de Jeová são precedidas ou


acompanhadas por "densas nuvens" e

"espessas névoas", não consigo reprimir a idéia de que os eloístas


produziam este fenômeno para "camuflar-se" e

evitar assim a curiosidade de um povo imprevisível.

Tal como comentei em meu livro Os Astronautas de Jeová, se não


interessava à equipe uma "publicidade" detalhada de suas atividades, o
normal é que procurasse ocultar ou

dissimular ao máximo suas aterrissagens e contatos com os "eleitos". E que


coisa melhor que um escudo de névoa ou nuvens espessas circundando a
"base" ou o lugar do pouso, para evitar olhares curiosos e, de passagem,
continuar mantendo nos hebreus esse necessário sentimento de

temor?

Uma importante prova do que afirmo está no segundo dos textos


anteriormente expostos. Para o autor sagrado, uma coisa é a "nuvem" e
outra, bem diferente, a "glória de Jeová, que aparecia [no sétimo dia] à vista
dos filhos de Israel como fogo devorador..." Que melhor descrição de uma
nave

fortemente iluminada ou brilhando ao sol podia nos fazer o autor do Êxodo?


O mais provável é que algumas das grandes astronaves dos eloístas
aterrissara sobre o maciço rochoso do Sinai ("a glória de Jeová descansou
sobre o monte", diz a Bíblia) e, automaticamente, um espesso "cinturão" de

nuvens a ocultou aos olhos dos israelitas. Mas, como vemos hoje na
investigação ufológica mundial, essas grandes naves "portadoras" ou
"nutrizes" sempre transportam outros

veículos menores, mais adequados às explorações.


Uma vez que os "astronautas" chamaram Moisés ao interior da nuvem, o
lógico é que a equipe continuasse vigiando os seiscentos mil acampados,
enquanto uma ou várias naves menores (a "glória de Jeová") se
posicionavam sobre o

monte, "à vista dos filhos de Israel..."

Se Moisés ia passar mais de um mês recebendo "a lei e os mandamentos"


— e, suponho, um extenso "treinamento" —

, o normal seria que esse delicado "trabalho" fosse

desenvolvido pelos eloístas no interior de uma das "cidades voadoras", ou


naves "nutrizes". A não ser, é claro, que o
"eleito" fosse transportado para outro "lugar" durante esses quarenta dias.

Mas não quero desviar-me do tema central: as nuvens e névoas que


rodeavam os veículos dos "astronautas".

Hoje também dispomos de casos similares...

Benigno e Martina Não Esquecerão Aquela Noite de Natal

Em minhas contínuas correrias atrás dos OVNIS — e nas

quais sempre chego quando "eles" já desapareceram —, parei certa vez na


pequena aldeia de "colonização" chamada

Alvarado, na Estremadura. Ali, o casal formado por Benigno e Martina


Rueda Manzano me contou seu estranho

"esbarrão" com uma não menos estranha "névoa"...

— Era a noite de Natal de 1976. Minha mulher e eu, nossos quatro filhos
menores... Felipe, de oito anos, Mari Sol e Antônio, de cinco, e Mari Tere,
de três... e uma vizinha e amiga de meus filhos, Rosário Rodríguez Ardila,
de dez

anos, regressávamos a Alvarado. Deviam ser nove e quinze da noite. Já


havia anoitecido e rodávamos em nosso R-4, pensando na ceia de Natal.
Vínhamos do povoado vizinho

de La Albuera, onde temos família.

"O caso é que, a poucos quilômetros daqui, antes de entrar numa das
curvas, minha mulher e eu observamos uma

névoa no meio da estrada. Mas era uma névoa rara...

— Porquê?

— Ocupava somente o espaço da estrada. Enquanto nos


aproximávamos, Martina e eu discutimos se era névoa ou

fumaça. O caso é que entramos na névoa. Não se via

absolutamente nada. Nem a três metros... Reduzi a

velocidade. Não sei se naquele momento ia a sessenta ou setenta


quilômetros por hora.

"Liguei os faróis baixos, mas continuava sem ver nada.

Então, ocorreu algo muito raro: pensando que se tratava de um banco de


névoa, liguei o limpador de pára-brisa, mas o vidro estava seco. Não havia
sinal de água ou de umidade. O pára-brisa nem sequer se embaraçava.
Como podia ser...? "Aquilo me manteve alerta. Foi então que vimos aquele
foco amarelado e muito potente, como um farol. Eu me assustei e dei uma
guinada para a direita da estrada.

— Onde estava a luz?

— À frente e no meio da névoa. Era redonda e um pouco

maior que um aparelho de televisão. Quando a vimos pela primeira vez,


estaria a uns quatro ou cinco metros do carro. Era muito mais forte que a
luz da solda autógena. Passamos ao lado e, aos poucos, saímos da "névoa".

"Mas o Renault começou a falhar. Como lhe digo, eu

engrenara a quarta e ligara os faróis baixos. Pois bem, ao deixar para trás a
névoa, os faróis pifaram e fiquei só com as lanternas. E o automóvel sofreu
uma retenção incrível:

apesar de estar numa reta, não havia jeito de passar dos trinta ou quarenta
quilômetros por hora. Por fim, acendeu-se a luzinha verde que indicava que
o dínamo não estava

carregando...

— E o que houve com a tal "luz"?


— Seguiu-nos por um bom trecho, sempre ao rés da estrada. Mas mudou de
cor. Ao sair da névoa, a luz se tornou

avermelhada, como o sol poente.

"E assim seguimos, a trinta ou quarenta por hora, até

chegarmos a Alvarado. Uns dez quilômetros no total. Pouco antes de


entrarmos no povoado sentimos um 'puxão’ e o

carro se normalizou. As luzes se acenderam de novo e

recuperamos a velocidade com a qual tínhamos entrado na


névoa.

— A que distância a luz os seguiu?

— Não saberia dizer... talvez a cem ou duzentos metros. — Acha que essa
"luz" foi responsável pela retenção do

carro e de tudo mais?

— Sim, claro. E a prova é que, quando estávamos a ponto de entrar no


povoado, o disco vermelho desapareceu e então ocorreu o "puxão".

Quando me interessei pelos detalhes daquela espessa

"névoa", as testemunhas coincidiram em sua cor indefinida — quase como


a fumaça — e na circunstância de que só

ocupava uns trinta metros de estrada...

— Dos lados, no campo, não havia restos de névoa. E mais — comentaram


com estranheza —, quando chegamos

perto, pudemos ver as estrelas de dentro do carro.

Durante os vinte ou trinta minutos de duração da amarga experiência a


senhora limitou-se a rezar, esperando que algum outro carro cruzasse com o
deles. Mas tal não

aconteceu. A solidão e o silêncio foram totais enquanto permaneceram no


interior da névoa e com o disco

vermelho às suas costas.

Nem Benigno nem sua mulher fizeram quaisquer

comentários em Alvarado. Contudo, como seria de esperar, os meninos


relataram o ocorrido a seus colegas de escola. Graças a esta "imprudência"
infantil, a notícia foi divulgada e pude pôr-me a caminho do branco e
aprazível povoado.

Embora este não seja o único caso de automóveis que

penetraram em misteriosos bancos de "névoa", sofrendo as mais variadas


alterações mecânicas, considero o exemplo da família de Alvarado bastante
exato e esclarecedor para se deduzir que as naves podem "fabricar" essas
"nuvens" ou "névoas", permanecendo no interior de tal "camuflagem", tal e
como nos descreve a Bíblia.

Em Cespedera se Conserva a Marca de um OVNI que Desceu Trinta Anos


Atrás

Outro caso de OVNI em que a névoa parece desempenhar o papel de "véu


protetor" — embora tampouco devamos

descartar a possibilidade de que a presença dessas "brumas" ou "nuvens"


em tomo das naves seja às vezes uma mera

conseqüência física do contato do objeto com nossa

atmosfera —, foi descoberto por Joaquín Mateo Nogales, meu dileto amigo
e o melhor investigador de campo, nas proximidades da localidade
sevilhana de Gerena.

Eis aqui, em síntese, a aterrissagem, tal como contou a testemunha


principal, Manuel Morato Román, tratorista na granja La Alegria, a uns seis
quilômetros de Gerena.

— Eu estava no ponto conhecido por Torre Mocha. Deviam ser oito e meia
da noite de 31 de janeiro de 1982. Meu trator tinha ficado atolado por causa
das últimas chuvas e, como não conseguia tirá-lo, pedi ajuda a um dos
companheiros que se dirigia à granja. Regressamos até o trator e, uma vez
ali, vimos como uma estranha e potente luz se aproximava de nós. O
companheiro se adiantou, perdendo-se de vista ao transpor um pequeno
morro. Então, aquela luz desceu até uma planície chamada Los Garabatos,
bem próxima à
ferrovia de Aznalcóllar. Fiquei deslumbrado. "Aquilo" tinha uns trinta
metros de comprimento e forma de charuto.

Quase tocava o solo e uma névoa luminosa, de muitas cores, o envolvia por
completo. Estava como que petrificado ante aquele estranho objeto.

— A que distância estava de você?

— A uns cem metros... E ali permaneci por cerca de cinco


minutos. O medo acabou me dominando e tratei de escapar dali, correndo
em direção à granja. Ao chegar contei o ocorrido e, em companhia de
outros tratoristas, voltei à planície. Mas o objeto havia desaparecido. Depois
nos inteiramos de que, à mesma hora, também sumira a imagem dos
televisores da granja, produzindo-se interferências. Embora no terreno não
se encontrassem orifícios nem

vestígios do possível trem de pouso da nave, os

investigadores notaram uma ampla superfície, de cor

amarelada, e diferente do resto da planície.

Tenho me perguntado muitas vezes se no maciço granítico de Ras-Safsafeh,


que domina a planície onde deve ter se reunido o povo judeu para
contemplar a descida de Jeová, permanecem ainda marcas e orifícios dos
trens de pouso das naves dos "astronautas-missionários".

Admito que a idéia de lançar-me à aventura de procurar estes vestígios no


Sinai me excita. Apesar do tempo

transcorrido, quem sabe se ainda estão ali, impressas a fogo na pedra... Em


minhas investigações pelo mundo tenho tido oportunidades de ver e
fotografar algumas das perfurações deixadas pelas "pernas" de pequenos e
grandes OVNIS em lajes de ardósia e também em rochas de granito. Um
destes casos — registrado em plena serra de Cespedera, em Cádiz — me
deixou atônito; a nave, que foi vista pousando há mais de trinta anos por
alguns pastores de cabras, assentara-se sobre uma grande laje, e ali ainda
estavam os orifícios de seus pontos de apoio. Por que não poderia ter
acontecido o mesmo no cume do Sinai?

E já que voltamos ao Sinai, ou "monte de Deus", não quero passar por cima
de uma matização, referente às famosas "nuvens" e às "colunas de nuvem".

Embora o autor sagrado não faça demasiadas distinções entre ambos os


conceitos, confundindo-os, às vezes, como uma mesma "realidade divina",
creio que para um investigador existem certas e notáveis diferenças. É
possível — como já comentei — que a "nuvem" que cobriu o Sinai durante
seis dias tenha sido apenas isso: uma formação de nuvens ou uma densa
névoa, ainda que fabricadas pelos eloístas. Mas também pôde acontecer que
a "nuvem" em questão fosse

uma formidável nave "portadora" ou "nutriz". Nos últimos parágrafos do


Êxodo (XL, 34-38) podemos ler um

"esclarecimento" altamente revelador:

"Então a nuvem cobriu a tenda da reunião, e a glória de Jeová encheu o


tabernáculo. Era impossível a Moisés entrar na tenda da reunião porque a
nuvem pairava sobre ela, e a glória de Jeová enchia o tabernáculo.

"Durante todo o curso de suas peregrinações, os israelitas se punham a


caminho quando se elevava a nuvem que estava sobre o tabernáculo; do
contrário eles não partiam até o dia em que ela se elevasse. E enquanto
duraram as suas

peregrinações, a nuvem do Senhor pairava sobre o

tabernáculo durante o dia, e durante a noite havia um fogo na nuvem que


era visível a todos."

Neste caso, a "nuvem" já não se comportava como uma

simples nuvem. Ela se "ergue" do tabernáculo, ou morada, ou tenda da


reunião (que era o lugar onde Moisés e os "eleitos" ou sacerdotes recebiam
instruções de Jeová), "pousa" durante o dia, e de noite "pega fogo"...

O que podia ser aquela "nuvem" tão estranha?

Na ufologia estão registrados também centenas de avista- mentos de


OVNIS de grandes dimensões, que conservam

semelhanças com nuvens, cilindros, "vigas incandescentes" ou dirigíveis.


Na maior parte dos casos, essas naves oferecem durante o dia um aspecto
plúmbeo—muito similar à das
nuvens naturais —, e à noite brilham intensamente.

Dispomos inclusive de algumas fotografias que ratificam o que digo. E


como uma imagem vale por mil palavras, prefiro que o leitor examine tais
fotos e tire suas próprias

conclusões. Como único "complemento" destas imagens,

ofereço três concisos casos atuais, registrados na França e na Espanha, nos


quais as testemunhas — apesar de viverem em plena era espacial —
descreveram também os OVNIS como

"nuvens"...

"Rolos Voadores" Sobre Fuentesaúco

O prestigioso investigador Aimé Michel nos conta que, à uma da


madrugada, um comerciante de Vernon —

monsieur Bernard Miserey — chegou em casa e guardou seu carro. Ao sair


da garagem, situada na margem sul do Sena, surpreendeu-se ao ver como
uma luz pálida iluminava a aldeia. Ergueu os olhos para o céu e descobriu
"algo" como uma massa luminosa, aparentemente suspensa sobre a

margem norte do rio. Estava em silêncio e talvez a uns trezentos metros


dele. Dir-se-ia que se tratava de um gigantesco "charuto" em posição
vertical.

— Estive apenas um instante contemplando aquilo—conta monsieur


Miserey —, quando, de chofre, da parte inferior do "charuto", apareceu um
objeto em forma de disco. A princípio, sua queda foi livre. Depois foi
freando e, após oscilar, começou a voar horizontalmente, seguindo o curso
do rio.

Durante todo esse tempo, a luminosidade do gigantesco objeto — que teria


cem metros de comprimento —
desapareceu, confundindo-se com a escuridão da noite. Outro caso
investigado também por Michel expõe a patente realidade destas naves em
forma de "nuvem".

Nesta ocasião foi vista na pequena aldeia de La Gabalière, em Saint-


Prouant, sobre a rodovia federal 160. George Fortin, a testemunha, assim
contou:

— Eram cinco da tarde. Eu trabalhava no campo com um

dos meus operários quando, de repente, do espesso manto de nuvens que


prenunciava tempestade, vimos aparecer

uma espécie de nuvem luminosa de uma cor azul-violeta. Suas formas eram
regulares, e nos lembravam as de um

charuto ou de uma cenoura. Essa "coisa" havia surgido de entre as nuvens


em posição horizontal, com uma de suas extremidades ligeiramente
inclinada até o solo. Algo assim como um submarino no momento de
submergir.

"Aquela nuvem luminosa tinha aspecto rígido. Cada uma de suas manobras,
que não mantinham relação alguma com o movimento das nuvens de
verdade, era efetuada como um todo, como se fosse uma gigantesca
máquina coberta por algum vapor...

"Desceu com muita rapidez por debaixo do manto de

nuvens, até situar-se a uns quatrocentos ou quinhentos metros do solo e a


cerca de um quilômetro de onde

estávamos. Então se deteve, e uma de suas extremidades se elevou com


rapidez, até que o objeto ficou em posição vertical e totalmente imóvel.

Também em plena luz do dia, mas talvez a uns vinte

quilômetros da aldeia de Fuentesaúco, na província de Zamora, outra


testemunha digna de toda confiança observou dois objetos voadores não-
identificados de forma cilíndrica. Estanislao López, empreiteiro de obras e
residente em Baracaldo, se dispunha, naquele 23 de outubro de 1972, a
dedicar-se a seu hobby favorito: a caça.

— Ia sozinho, ao entardecer. Lembro que, ao descer do


carro para olhar "aquilo", o sol estava vermelho e o céu transparente. Mas
vamos por partes...

"Meu carro devia estar a uns quatro ou cinco quilômetros de Aladejos e a


uns vinte de Fuentesaúco quando, de repente, observei no céu "algo" que
brilhava. Pensei em aviões a jato e continuei me aproximando de
Fuentesaúco. Mas quando estava a uns dez quilômetros da aldeia, os
supostos "aviões" de guerra pairaram sobre mim. Não creio que estivessem
a mais de quinhentos ou seiscentos metros do solo. Eu me alarmei e parei o
carro junto a umas amendoeiras. Saí e me posicionei no campo, entre as
videiras. Então percebi que eram dois objetos muito estranhos: pareciam
cilindros! "Haviam parado no ar, a uns quinhentos metros acima de um
agrupamento de quatro casas. Calculo que eu estaria a um quilômetro de
distância dos objetos.

"Era um espetáculo imponente! Estavam ali, imóveis e em silêncio total:


com uma cor alaranjada magnífica e

desafiando todas as leis da navegação... Porque aqueles veículos tinham


forma de charutos, mas eram perfeitamente seccionados nas laterais.

Quando demonstrei interesse pelo tamanho dos OVNIS, a testemunha


respondeu:

— Eu me dedico à construção e estou bastante acostumado a medir. Pois


bem, talvez eu chegue perto se disser que tinham de vinte a trinta metros de
comprimento, por quatro ou cinco de raio.

(Note-se a semelhança entre as naves observadas por este empreiteiro e a


descrição que nos faz Zacarias [V, 2-8] do "rolo que voava" e que alcançava
vinte côvados de

comprimento por dez de largura.)

Os dois eram gêmeos e brilhavam com a mesma intensidade e cor: era uma
tonalidade parecida com a cor do butano. Decorridos quinze minutos, a
testemunha viu como o
cilindro da direita começava a elevar-se muito lentamente, perdendo-se no
céu. Cinco minutos depois, o segundo

OVNI fez o mesmo, desaparecendo igualmente do alcance da vista do


assombrado caçador.

— Sentiu medo?

— Claro que sim! A tal ponto que, antes de sair do carro, pus cinco balas no
rifle e deixei a porta aberta, por via das dúvidas. Ao perdê-los de vista,
minha primeira reação foi a de correr ao quartel da Guarda Civil e
comunicar o fato. Mas mudei de idéia e só comentei com minha mulher.

— Observou alguma janelinha ou emblema na fuselagem?

— Nada. Eram lisos e brilhavam. Tampouco vi sulcos nem jorros de


fumaça. Levantaram-se em silêncio, na vertical e com toda facilidade.
Aquilo me deu muito que pensar... — Por quê? Acreditava em OVNIS?

— Não, não acreditava...

E Eu, o que Sou? Um Escritor de Ficção Científica ou um Irreverente?

Creio que é definitivo o paralelismo entre estas descrições atuais e as que


nos proporcionam o Êxodo, o Deuteronômio ou Zacarias na Bíblia. Aqueles
homens de dois mil ou três mil anos atrás utilizaram as palavras que tinham
a seu alcance, na hora de descrever as grandes naves que

desceram sobre o Sinai ou sobre a tenda da reunião. Se aqueles veículos


tinham forma cilíndrica, o normal é que os classificassem como "rolos que
voam". Se apareciam

envoltos em gases ou névoas, o lógico é que as testemunhas acreditassem


estar vendo "nuvens" ou "colunas de

nuvens"...Não se pode culpá-los — nem às testemunhas


nem aos autores sagrados — de falta de competência ou de imaginação
febricitante. Por outro lado, não penso o mesmo de alguns exegetas e
teólogos.

Quando li uma de suas "interpretações" sobre as "nuvens" que, por


exemplo, situavam-se dia e noite sobre a citada morada ou tenda da reunião,
a surpresa dá vez à ironia, e esta à incredulidade.

Moisés falava cara a cara com Jeová. Assim testemunha o Êxodo. Em


minha opinião, se hoje pudéssemos ver "cara a cara" aqueles "enviados" do
céu, talvez os identificássemos com "astronautas".

Para alguns comentaristas do século XX, essa "nuvem" que enche o


tabernáculo é "uma forma sensível de sua morada em meio ao povo".

Para outros, como é o caso do prestigioso Vocabulário de Teologia Bíblica,


de X. Léon-Dufour, "a nuvem tenebrosa por um lado e luminosa por outro"
que defende os israelitas na travessia do mar dos Juncos (mar Vermelho), e
a "coluna de fogo e nuvens" que os guia pelo deserto, "manifesta aqui o
duplo aspecto do mistério divino: santidade inacessível ao pecador, alcance
da graça para o eleito".

(Sem comentários...)

Mais adiante, o mencionado texto de Léon-Dufour arremata com


afirmações do tipo:

"... A nuvem (refere-se à que cobriu o monte Sinai) vem a ser um véu que
protege a glória de Deus contra os olhares impuros; quer-se assinalar não só
uma discriminação entre os homens, quanto a distância entre Deus e o
homem. A

nuvem, ao mesmo tempo acessível e impenetrável, permite alcançar Deus


sem vê-lo cara a cara, visão que seria mortal." Santo Deus! Como é possível
juntar mais absurdos em tão poucas palavras?
Desde quando Deus ou a Grande Força precisa "proteger-se" contra os
olhares impuros? Quem eram os "impuros"? Os

pobres judeus que haviam sido tirados do Egito quase que contra sua
vontade?

Parece como se o "intérprete" do texto sagrado tivesse se dado conta da


solene tolice que acabara de escrever,

tentando "adoçar" a coisa no parágrafo seguinte:

"... Quer-se assinalar não só uma discriminação entre os homens quanto a


distância entre Deus e o homem." A

verdade é que esta "explicação" está em radical oposição a outras passagens


da Bíblia (por exemplo, o Gênesis e o próprio Êxodo), nos quais "Jeová"
conversa direta e

pessoalmente com os homens, e inclusive come com eles

(caso de Abraão). Essa afirmação final, portanto ("... permite alcançar Deus
sem vê-lo cara a cara, visão que seria mortal"), é igualmente nula. Jeová foi
visto, cara a cara, em inúmeras oportunidades, sem falar em Jesus de
Nazaré, o Filho de Deus, e a visão deles nem assim foi mortal.

O que poderia ser mortal, como já disse anteriormente, é uma aproximação


incontrolada dos hebreus até essas

"nuvens", ou "colunas", ou "rolos voadores". Claro que para aceitar esta


hipótese de trabalho os exegetas deveriam crer primeiro na existência destas
naves e em seus ocupantes ou "astronautas". Mas, honradamente, acho isso
difícil hoje em dia...

Continuarei sendo para eles um escritor de ficção científica — no melhor


dos casos — ou um irreverente, capaz de pôr em dúvida as doutas
interpretações daqueles que se auto- proclamam como "fiéis guardiães da
ortodoxia". Talvez eu não seja nem uma coisa nem outra...
Capítulo X

Os "carros e rodas de fogo" tomam a iniciativa no Antigo Testamento. —


Meu profeta favorito. — Elias devia estar com muita pressa para perder um
manto. — O caso do

bezerro "voador". — Para os exegetas católicos, o profeta teve um


"transporte extático". — Na verdade, onde vai Elias? — Onde Jesus de
Nazaré atribui valor ao assunto e afirma que Elias é João Batista. — Apesar
das palavras de Cristo, "sua" Igreja nega a reencarnacão. —A "saga" dos

"arrebatados". — Enoque: outro que não voltou. — Trajes espaciais para


/saias. — Só conseguiram levantar Baruque uns metros. — O "rapto" de
Filipe, ou como os "astronautas" matam dois coelhos com uma só cajadada.
— Fry, o cientista cético que viu a "árvore do Paraíso". — "Seqüestro" no
rali internacional da América do Sul: setenta quilômetros entre as nuvens.

Se falei das naves "portadoras" ou "nutrizes", forçosamente devo referir-me


também aos veículos menores — as naves

chamadas de "exploratórias" na ufologia — e que, tanto na Bíblia quanto


nos tempos atuais, foram fartamente descritas. Em minha opinião, e através
de uma leitura reflexiva do Antigo e do Novo Testamento, a "equipe de
astronautas" a serviço de Deus utilizou as "colunas de fogo e fumaça" das
"nuvens luminosas", e dos "rolos voadores", possivelmente para grandes
missões: a travessia do mar Vermelho, a

descida no Sinai e o treinamento de Moisés, a condução dos seiscentos mil


israelitas pelo deserto e algumas das múltiplas batalhas contra os legítimos
donos da terra de Canaã.

Mas, tal como ocorre no século XX, os "astronautas-

missionários" utilizaram as naves menores para missões

menos espetaculares: geralmente para "entrevistas"


individuais, "controles" a curta distância e, inclusive, raptos e abduções,
como denominamos agora os seqüestros de

seres humanos por parte dos tripulantes dos OVNIS. São

então os "carros de fogo", as "rodas" e a "glória de Jeová" os que tomam a


iniciativa e os que são citados sem cessar nos Livros Sagrados. E digo que
estes fatos têm semelhança com o que investigamos em nossos dias porque
dispomos de

centenas de milhares de descrições de OVNIS que são

gêmeos dessas "rodas" e "carros de fogo" de três mil anos atrás. E também
hoje essas naves de pequenas dimensões

parecem dedicar-se a "explorar" aldeias, cidades, bases militares, ou a


aproximar-se de lugares e testemunhas onde a presença das grandes
"astronaves-mães" poderia ocasionar mais inconvenientes do que
vantagens. Curiosamente —

como iremos ver —, as formas destes OVNIS atuais fizeram com que as
testemunhas passassem a defini-los como "discos voadores".

Tal é a fartura de testemunhas deste tipo na Bíblia, que me vi obrigado a


executar uma rigorosa seleção.

Começarei por um de meus "favoritos": Elias.

No Segundo Livro dos Reis (II, 11-14), Elias e seu discípulo Eliseu foram
testemunhas de um fato que só hoje

poderíamos começar a compreender...

"Indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de
fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho. Vendo
isto, Eliseu exclamou: 'Meu pai,

meu pai, carros de Israel, e seus cavaleiros!' E nunca mais o viu; e tomando
suas vestes, rasgou-as em duas partes. Então levantou o manto que Elias lhe
deixara cair e parou nas margens do Jordão."
Sem dúvida, esse "carro de fogo" tinha de ser algo material, capaz de voar e
no qual pudesse penetrar o profeta. E que melhor definição para um objeto
brilhante e luminoso — possivelmente de forma circular — que a de "carro
de fogo"? Qual era o sistema de transporte mais sofisticado naqueles
tempos, 2.850 anos atrás? Sem dúvida, as carruagens. Portanto, era óbvio
que Eliseu associasse um objeto capaz de mover-se com rapidez aos
veículos que ele conhecia. Se os globos existissem naquela época, talvez o
discípulo de Elias tivesse falado de "globos de fogo".

"E Elias foi arrebatado ao céu pelo redemoinho." Se

houvesse

ocorrido em pleno século XX, o caso do profeta teria sido associado pelos
investigadores mais como um caso de

"rapto" ou "seqüestro " por um OVNI.

"E Elias subiu ao céu num redemoinho." Esta frase se presta a uma dupla
interpretação: devemos identificar o "carro" com o "redemoinho"? Ou se
trata de um redemoinho de

vento?

Ante meu assombro, alguns exegetas afirmam que

"redemoinho", "roda" ou "carro de fogo" talvez queiram significar a mesma


coisa. Neste caso, Elias teria sido erguido do solo pelo "carro".

Inclino-me por esta segunda possibilidade. E embora mais adiante vejamos


como a aproximação destas naves de menor tamanho vem precedida de
ocasiões de forte vento e

redemoinhos, não creio que seja este o caso de Elias. É mais do que
provável que os "astronautas" desceram até Elias e Eliseu, sendo o primeiro
introduzido no "carro" ou arrastado por ele. Faço esta comparação porque
no Segundo Livro dos Reis se faz uma colocação interessante a este
respeito. A Bíblia assegura que Eliseu pegou o manto que "Elias lhe deixara
cair". Se o "seqüestrado" por Jeová tivesse entrado tranqüilamente no
"carro", o mais provável é que não

houvesse perdido o manto. Seu ingresso ou "arrasto" deve ter sido tão
rápido ou brusco que o manto caiu por terra. E por que afirmo que pode ter
sido "arrastado" pelo "carro"? Embora na atualidade não se disponha de
muitos casos nos quais os seres humanos tenham sido "absorvidos" ou

"arrastados" pelos OVNIS, em troca contamos com

inúmeros depoimentos de testemunhas que viram como

bezerros, vacas, cavalos e outros animais são "transportados" pelos ares,


misteriosamente "enganchados" ou "presos" num facho de luz procedente
de uma dessas naves.

Mas antes de expor alguns desses casos de arrebatamento de gado, vamos


julgar duas ocorrências em que um tripulante de um OVNI e um terráqueo
"descem" por um "cone de

luz" das naves até o solo. (São casos opostos ao de Elias, que foi "elevado",
mas, no fundo, se nos mostraram igualmente úteis.)

O primeiro caso — conhecido como "O humanóide de

Imjärvi" — ocorreu a 7 de janeiro de 1970, às 4:45 da tarde, em um bosque


nos arredores da citada aldeia finlandesa. As testemunhas, Aarno Heinonen
(guarda-florestal), de 36

anos, e Esko Viljo (lavrador), de 38, tinham saído para esquiar.

Ambos desciam pela encosta de uma pequena colina quando se detiveram


em uma clareira para fazer uma breve pausa. O sol estava quase se pondo e
fazia muito frio: uns 17° abaixo de zero.

Estavam há uns cinco minutos na clareira quando ouviram um zumbido.


Distinguiram então uma luz que se movia no
céu. A luz se aproximava deles, enquanto o zumbido

aumentava também de intensidade. De imediato, a luz se deteve. E as


testemunhas observaram então uma nuvem luminosa que girava ao seu
redor. Era como uma névoa entre cinzenta e avermelhada, que pulsava com
uma

luminosidade extraordinária. Ao mesmo tempo, da parte superior da nuvem


saíram "jorros" de fumaça como se o objeto "respirasse" ou "lançasse
vapor".

A nuvem desceu então até uns quinze metros do solo, e as desconcertadas


testemunhas viram em seu interior um objeto claramente metálico, redondo
e plano em sua parte inferior. (De novo uma "nuvem" protege ou "camufla"
a uma destas naves.)

Esko e Aarno declararam que o diâmetro podia ser de uns três metros e que
viram na base do OVNI três "semi- esferas", com um tubo que sobressaía
uns vinte centímetros no centro da citada base.

"Aquilo" continuou imóvel no ar durante uns minutos, enquanto o zumbido


seguia penetrando como uma adaga nos ouvidos dos vizinhos de Imjärvi.
Em poucos instantes, o objeto começou a descer muito lentamente,
enquanto a nuvem se esfumava e o ruído crescia. Ao chegar a três ou quatro
metros da neve, o OVNI voltou a imobilizar-se e cessou o zumbido. O
guarda-florestal explicou depois que "chegou tão perto que poderia tê-lo
tocado com seu bastão de esquiar".

De imediato, pelo tubo inferior — de uns 25 centímetros de diâmetro —


brotou um brilhante raio de luz, que descreveu dois círculos antes de deter-
se, originando um círculo — muito brilhante — sobre a neve. Aquele
círculo tinha um metro de diâmetro, mais ou menos, e era rodeado por uma
orla negra. Os dois homens continuavam muito quietos, enquanto uma
névoa cinza-avermelhada começava a descer sobre a área.

— Então senti como se alguém me tivesse agarrado pela cintura —


declarou Heinonen — e como se me puxasse para trás.
Creio que dei um passo atrás, e naquele momento vi o ser... Estava de pé,
dentro do facho de luz, com uma "caixa" negra nas mãos. Por uma abertura
redonda da "caixa" surgia uma luz amarelada e pulsante.

Imjärvi (Finlândia). De súbito, por debaixo do OVNI, brotou um facho de


luz, e no meio daquele "tubo" luminoso

apareceu um ser.

"Era um ser de uns noventa centímetros de altura, de braços e pernas muito


finos. Seu rosto era pálido. A verdade é que não reparei em seus olhos, mas
sim em seu nariz. Mais que o de um nariz, tinha o aspecto de um bico em
forma de gancho. As orelhas eram muito pequenas e se estreitavam até a
parte superior.

"Usava uma espécie de macacão de um material verde-claro. Calçava botas


de um verde mais escuro, que chegavam até pouco acima dos tornozelos. Vi
também que tinha luvas metálicas brancas, até os cotovelos, e uns dedos
que pareciam garras curvas.

A segunda testemunha, por sua vez, assim descreveu o ser: — Estava no


centro da luz brilhante e desprendia uma luminosidade fosforescente. Seu
rosto era muito pálido. Tinha os ombros muito finos e caídos, e braços
também muito finos, como os de crianças. Sobre a cabeça observei um
capacete cônico, que brilhava como se fosse de metal... Enquanto os dois
esquiadores contemplavam o humanóide,
este girou ligeiramente e apontou para o guarda-florestal o orifício
iluminado da caixa. A luz pulsante era quase de cegar.

Uma névoa muito espessa e de cor cinza-avermelhada

continuou baixando do OVNI, ao mesmo tempo em que

brotavam chispas do círculo luminoso traçado sobre a neve. — Eram


chispas enormes — disseram as testemunhas —, de uns dez centímetros.
Eram coloridas: vermelhas, verdes e lilases.

Surgiram em amplas curvas, até alcançar os dois homens, porém estes nada
notaram. A névoa foi ficando espessa, até o ponto em que não podiam mais
se ver.

— De repente — continuou Esko —, o círculo sobre a neve foi se


"recolhendo" e o facho luminoso subiu, flutuando como uma chama
tremulante, até desaparecer no interior do tubo da parte inferior. Então
sentimos como se "alguém" afastasse a névoa, e sobre nossas cabeças
surgiu o céu estrelado e vazio.

Quando Inventaremos a Luz Sólida?

Outro caso igualmente curioso, no qual um facho de luz parece servir aos
tripulantes para subir ou descer da nave — ou para depositar em terra seus
"convidados" —, foi

registrado na noite de 28 de outubro de 1973, na Argentina. Dionisio


Llanca, um jovem caminhoneiro, via televisão na casa de seu tio-avô,
Enrique Ruíz, em Bahia Blanca. Por volta de meia-noite e meia desligou a
televisão e, após vestir o casaco, saiu da casa em direção ao lugar onde
estacionara seu caminhão. O veículo carregava material de construção, que
devia transportar até Rio Gallegos.

O caso — exaustivamente investigado pelo grupo ONIFE de Buenos Aires,


dirigido por meu bom amigo Fábio Zerpa — parece consistente. Um total
de nove cientistas participou dos interrogatórios e investigações. Entre eles
destacam-se, por exemplo, o Dr. Agustín Lucciano, catedrático de

toxicologia da Universidade de La Plata e formado em

medicina aeroespacial pela Sorbonne; o Dr. Juan Antônio Pérez dei Carro,
presidente da Sociedade Argentina de

Ontoanálise, e o Dr. Héctor Solari, psicanalista.

Conduzindo seu caminhão pelas ruas de Bahia Blanca,

Llanca se dirige a um posto de gasolina para abastecer. Ali percebe que seu
pneu traseiro direito estava perdendo ar e decide trocá-lo na estrada.

Faltando trinta quilômetros para Médanos, e as uns

dezenove de Bahia Blanca, deixa a pista da Rodovia 3 e estaciona perto de


um monte e de uma extensa porção de água estagnada para trocar o pneu.

Ali se encontrava Dionisio Llanca à 1:30 do domingo, 28 de outubro. De


repente, ele vê a sua esquerda, na direção de Bahia B lança, na Rodovia 3,
uma luz amarelada, a uma

distância de dois mil metros. Acha que poderia ser um

Peugeot (os automóveis dessa marca têm esse tipo de luz) vindo pela
estrada. Continua trocando o pneu e, logo, a luz se posiciona atrás dele,
sobre as copas das árvores,

iluminando tudo ao seu redor, enquanto ele fica totalmente paralisado.

Em determinado momento, alguém o puxa pela parte de trás da camisa,


fazendo-o voltar-se, e ele se vê a poucos metros de distância de três seres de
aproximadamente 1,85m de altura. Vestem um macacão cinzento muito
colado ao corpo, usam longa cabeleira ruiva que lhes chega até os ombros
largos, e calçam luvas e botas três-quartos de cor laranja. Em seguida, um
dos seres lhe faz uma espécie de punção na mão
direita, entre o polegar e o indicador, com uma máquina "parecida com um
aparelho de barbear", como disse a

testemunha aos jornalistas.

A partir desse momento, o caminhoneiro perde totalmente a consciência.


Sofre de amnésia durante 48 horas, até a terça-feira, 30 de outubro, às
22:00, no Hospital Municipal de Bahia Blanca, onde fora internado; durante
estes dois dias, a imprensa divulga a história deste homem, que vira uns
seres estranhos e uma luz.

Entrevistado pela Radio del Sur e pelo Canal 7 de televisão de Bahia


Blanca, não se lembrou dos jornalistas nos dias posteriores. Logo, na terça-
feira, 30 de outubro de 1973, recuperou em parte a memória, reconheceu
seu tio Enrique Ruíz ao lado da cama e uma comitiva policial junto dele. —
Fomos em busca do caminhão — conta Fábio Zerpa —,

que encontramos exatamente no mesmo lugar onde fora

deixado quarenta e oito horas antes. Encontramos também cento e


cinqüenta mil pesos, que Llanca levava na boléia do caminhão, e a roda
direita do veículo colocada somente até a metade.

Naquele momento nosso homem não aparecera na

investigação — assim havíamos pedido a ele — porque ainda não sabíamos


se Dionisio Llanca dizia a verdade.

A investigação científica

Começamos a investigação científica do contato em 5 de novembro de


1973, terça-feira, no consultório do Dr. Roberto Garcia del Cerro, com os
doutores Eduardo Mata, Ricardo Smirnoff e Eladio Santos, hipnólogo,
colaborando com ele.

A Dra. Mora Milano foi a encarregada de preparar os testes psicológicos.


Durante 45 dias examinamos a psique e o inconsciente deste caminhoneiro
para conhecer a verdade. Uma noite, em transe hipnótico, conseguimos que
Llanca fizesse desenhos diferentes, um deles indicando a posição em que se
achava o caminhão ao lado da Rodovia 3. Nesse desenho coloca a dois mil
metros de distância a luz amarela, para voltar a situá-la logo atrás de si, a
uns cinco metros acima das árvores e a uns quarenta metros do caminhão.
Pelo interior do bosque passa um cabo de alta tensão, que também desenha,
e que vai ser muito importante em nossa investigação. Dionisio Llanca
começa a narrar, através de várias sessões de hipnose, algo que
conscientemente não recorda, mas que guarda em seu inconsciente. Sobre
as árvores havia um aparelho de aspecto metálico, de uns seis ou sete
metros de diâmetro, o qual parece estar observando tudo o que Dionisio
Llanca faz. Em determinado momento lança um raio de luz compacto e
uniforme, que serve como uma prancha para que os seres desçam por ela.
Pegam

Llanca ao lado de seu caminhão, fazem-lhe uma punção, não com o


aparelho de barbear do primeiro momento da

informação, mas sim com uma máquina de biopsia, para extrair-lhe uma
pequena célula da mão direita e poder fazer- lhe um estudo genético no
interior do aparelho.

Então os dois homens pegam Llanca pelas axilas e,

acompanhados pela mulher que segue adiante dos três, sobem por essa "luz"
compacta até a nave, introduzindo-se nela pela parte inferior. Analisam-no
durante mais de uma hora.

Através da hipnose, Llanca explica como é o objeto no interior. Tem uma


forma ovóide, com um grande anteparo que abarca todo o diâmetro do
objeto.

Vê um ser diante dele e, à frente, um instrumental ou


tabuleiro. Tem uma alavanca em sua mão esquerda. Outro espia através do
anteparo de cristal, de onde se vê o firmamento estrelado, situado à
esquerda do protagonista. Também há dois aparelhos parecidos com uma
televisão a sua esquerda, onde se observam estrelas de cores, que ele
desenha em transe hipnótico. A mulher está a sua direita, movendo outro
instrumental em uma grande mesa, e

trabalha como se fosse uma enfermeira.

Enquanto Llanca trocava o pneu do seu caminhão, uns seres desceram por
uma espécie de "rampa" de luz sólida.

Passam-se alguns minutos, e por debaixo da nave saem duas mangueiras ou


cabos flexíveis, um agitando a pequena porção de água estagnada, enquanto
o outro faz contato com o cabo de alta tensão.

Posteriormente, a mulher tira a luva alaranjada da mão direita e coloca uma


luva preta que tem punções na palma. Ao tentar colocá-la na têmpora direita
de Llanca, bate-lhe no supercílio esquerdo e lhe produz um hematoma.
Logo, finaliza esse movimento na cabeça do protagonista e lhe produz uma
lesão, talvez uma anestesia.

Alguns minutos depois, abrem-se novamente as comportas do OVNI para


lançar outra vez o facho de luz compacto e uniforme, colocando Llanca
muito suavemente no solo dos currais da Sociedade Rural de Villa Bordeau,
entre vários vagões estacionados nos trilhos da Ferrocarril Roca, a uns dez
quilômetros do lugar onde ele havia estacionado seu caminhão.

A reconstituição policial

Aqui começa a verdadeira odisséia de Llanca.

Ele desperta e está totalmente amnésico. Não lembra como se chama, não
sabe onde está e vê apenas uma comprida

linha férrea. Já em campo aberto corre até as luzes de uma cidade,


ignorando que seja Bahia Blanca. Chega a um posto de gasolina, e o
frentista nos indica a hora do encontro, o fator horário sendo muito
importante para nós. Quando

Llanca chega ao lugar seriam aproximadamente 3:50. Ou

seja, esteve uma hora ou pouco mais dentro do OVNI e foi transportado
mais de nove quilômetros pelo ar. Segue

correndo pela Rodovia 3 até Bahia Blanca, chegando à

Rodovia 35, já quase na zona urbana de Bahia Blanca, e ali dobra para
ingressar na cidade sulina.

Quando está parado numa esquina, totalmente desorientado, alguém o


recolhe num Fiat 1600 e o leva a uma delegacia próxima à emissora de
rádio LU-3, passando pela praça

principal, como indica a reconstituição policial feita juntamente com o


médico-legista Ricardo Smirnoff. Llanca não é levado a sério na delegacia,
tal como outras vezes, e lá ficam pensando que não passava de um bêbado.

Às 7:30 da manhã, Llanca, acompanhado de outro senhor, entra no Hospital


Espanhol de Bahia Blanca. Ali, na sala de espera, é visto pela Dra. Mabel
Rosa Altaparro, que recorda que o Dr. Smirnoff se achava de plantão como
médico-

legista. O Dr. Smirnoff chega às 9:30 da manhã, nota o paciente muito


angustiado, examina o hematoma do

supercílio esquerdo e opina que foi causado pela enorme luz que havia
recebido. Isso e mais o contato com três seres muito estranhos era a única
coisa de que falava até então. Como não há cama no Hospital Espanhol, o
Dr. Smirnoff o transfere para a sala de custódia do Hospital Municipal. Ali
permanece amnésico durante 48 horas.

O Bezerro que "Pasta" nos Céus

Em minhas numerosas investigações pela América tive

oportunidade de conhecer outros casos nos quais um OVNI, ou uma força


misteriosa e invisível sempre procedente "do alto", atua sobre o gado ou os
animais domésticos, atraindo- os como um ímã atrai um pedaço de ferro.

Nas montanhas do Equador, por exemplo, inúmeros

camponeses me contaram como, de vez em quando, "luzes" misteriosas se


aproximam dos rebanhos, lançando raios de luz sobre as cabras ou vacas e
"sugando-as" até o objeto, ante o olhar atônito dos pastores.

Estes acontecimentos se produziram também na Zona do

Silêncio, ao norte do México, assim como na Patagônia e no Brasil. Neste


último ocorreu um fato que, por suas

características espetaculares, desejei incluir no presente capítulo.

Teve lugar em finais do mês de outubro de 1970 numa

fazenda chamada Palma Velha, situada em Palma, distrito de Alegrete.

Até as quatro da tarde, os empregados da fazenda — Pedro Trajano


Machado, de 66 anos, e seu filho, Eurípedes de Jesus Trindade Machado, de
23, ambos praticamente analfabetos — ocupavam-se na tarefa de cuidar do
gado bovino.

Acabavam de encerrar dezoito reses num dos cercados e se dispunham a


começar a limpeza dos animais. Separaram uma vaca avermelhada da raça
jersey e seu bezerro, de quase um mês de idade e vinte quilos de peso.
Enquanto este corria a uns cinco metros, pai e filho começaram a escovar a
vaca. Então, a incompreensível agitação do gado encerrado no curral
chamou-lhes a atenção. O nervosismo era
especialmente intenso na vaca que estavam escovando.

Num primeiro momento não deram maior importância ao

assunto. No fundo tratava-se de gado acostumado a pastar livremente, e


talvez aquela inquietação se devesse ao fato das reses estarem cercadas.
Contudo, a intranqüilidade dos animais foi aumentando. A vaca
avermelhada começou a

mugir com insistência, virando a cabeça, repetidas vezes até o lugar onde se
encontrava o bezerro.

Trajetória seguida pelo bezerro que foi misteriosamente arrebatado na


fazenda Palma Velha, no Brasil.

Esta estranha atitude da vaca terminou por obrigar Pedro Trajano a lançar
seu olhar até o bezerro, que também começa a mugir. Qual não foi sua
surpresa ao ver que o bezerro "flutuava" a um metro da terra! Estava em
posição normal — nem tombado nem inclinado —, como se ainda estivesse
no solo. O pai chamou o filho, e este ficou igualmente mudo de assombro
ao contemplar a cena. O bezerro havia começado a deslocar-se
paralelamente ao solo e sempre à mesma altura. Dirigia-se a campo aberto...
Desta forma atravessou a porta do cercado, que se

encontrava aberta, passou sob a ramagem de umas árvores e chegou até uns
vinte metros de distância do ponto de onde fora erguido. Os outros animais
continuaram mugindo e agitando-se, todos tomados de um grande medo. As

testemunhas permaneceram o tempo todo sem saber o que fazer,


contemplando o bezerro "flutuante", que não parava de mugir.

Ao chegar aos já citados vinte metros, o animal — que


continuava a um metro do pasto — começou a elevar-se na vertical e muito
lentamente. Aquela ascensão — segundo os trabalhadores da fazenda —
durou de três a quatro minutos. Durante esse tempo o bezerro conservou
sempre sua

postura inicial: como se estivesse ainda sobre o solo, com suas quatro patas
rígidas.

Quando o animal se havia afastado uns cem metros,

desapareceu de repente, "como se uma cortina invisível o tivesse


interceptado". Naquele momento, o céu estava encoberto, com um "teto" de
nuvens, não inferior a 1.200 metros.

Curiosamente, ao iniciar esta ascensão, em ângulo de noventa graus, o


bezerro parou de mugir.

Certamente, o bezerro não voltou a ser visto.

Segundo os trabalhadores da fazenda disseram em diversas ocasiões,


inclusive naquela mesma noite do

desaparecimento do bezerro, haviam observado umas "luzes de cor


vermelha, parecendo 'estrelas' que se deslocavam pelo céu, parando,
mudando de posição, acendendo-se, apagando-se e fazendo evoluções".
Estas "estrelas" foram vistas individualmente e em grupos de três.

Elias ou o "Transporte Extático"

Se estas naves são capazes hoje, como vimos, de absorver e levantar do solo
homens e animais, valendo-se de

misteriosos fachos de luz ou de forças invisíveis e

desconhecidas para nós, não poderia ter ocorrido o mesmo com Elias?

"Elias subiu ao céu no redemoinho", diz a Bíblia, "e Eliseu não mais o viu."
A descrição, na minha opinião, é muito suspeita...

Mas o que diz a Igreja sobre esta fascinante passagem bíblica? Leio os
comentários dos professores da

Universidade Pontifícia de Salamanca:

"Pelos detalhes que dá o texto, em comparação com os que aparecem em


outras passagens bíblicas, se deduz que Elias foi arrebatado violentamente
por um redemoinho; o carro e os cavalos serviram unicamente para separar
os dois

profetas. Eliseu foi o único a contemplar o desaparecimento misterioso de


seu mestre."

"Em termos de hoje", arrematam os exegetas atuais,

"diríamos que Elias, na presença de seu discípulo Eliseu, teve um transporte


extático."

E o que entendem estes sábios por um "transporte extático"? Em duas


palavras: trata-se de um êxtase. A resposta

tampouco pode me convencer. Se Elias tivesse

experimentado um êxtase, o mais lógico é que não se

houvesse movido do lugar. Quando muito, e admitindo que Elias chegasse a


levitar ou levantar-se do solo, a altura máxima alcançada não teria passado
de três ou quatro

metros, no máximo...

Mas isto, ademais, está em aberta oposição com o que

escreve o autor sagrado. O profeta em questão "não foi mais visto". O que
quer dizer, simplesmente, que foi levado. Quanto aos "cavalos" e ao
"carro", que serviram unicamente para separar Eliseu de Elias, segundo os
professores de Salamanca, a "explicação" me parece igualmente forçada e
artificial.

Como já disse, o redemoinho e o carro tinham de ser a mesma coisa. E pode


ter sido esse único objeto o que separa inicialmente os dois profetas,
levando depois Elias. Se estes exegetas lessem com atenção o versículo 11
perceberiam
que a oração está construída no singular: "E eis que um carro de fogo com
cavalos de fogo os SEPAROU um do outro."

Claro está que Elias e Eliseu não viram duas unidades

separadas, e sim uma única realidade (um carro com

cavalos), que se encarregou de separá-los.

Mas o rapto de Elias suscita outro dilema muito mais

profundo e "escorregadio". (Pelo menos para os ortodoxos.) Se aceitamos


que o profeta foi introduzido em uma das

naves da "equipe de Jeová", e que não voltou a ser visto, para onde foi
levado e para quê? Ou melhor: vou expor o

problema do ponto de vista dos teólogos. "Se admitimos que Elias foi
'arrebatado' milagrosamente, lá pelos anos 850 a.C, e que não voltou a ser
visto, o que ocorreu com ele?

Podemos dizer que morreu? Por que Jesus afirmou

cabalmente "que Elias já havia voltado" ?

Analisando as interpretações dos exegetas católicos, destaca- se uma que os


"sumos sacerdotes" da teologia não explicam... Para alguns, a dúvida sobre
a morte do profeta continua de pé. E se apóiam, por exemplo, nos
versículos do Eclesiastes (XLVIII, 10-11) que dizem: "... foste designado
(falando de Elias) nas reprovações futuras para acalmar a ira antes que ela
irrompa. Para fazer voltar o coração dos pais aos filhos, e restabelecer as
tribos de Jacó..."

Outros exegetas não acreditam muito na veracidade desta passagem (apesar


de ser "inspirada") e asseguram que "baseia- se numa reconstituição
hipotética de um texto mutilado". Há outra "corrente" que se inclina a
acreditar que Elias não morreu realmente, tal e como diz a tradição. Caso
tenha morrido, e uma vez que seu corpo nunca foi encontrado e sepultado,
Elias cairia em desgraça ante os hebreus. Como se sabe, a crença geral deste
povo assinalava que os corpos que não eram sepultados sofriam as
conseqüências de um grave castigo divino.

Mas estas especulações desabam quando se escuta as palavras do próprio


Jesus de Nazaré. No evangelho de Marcos — e

enquanto descia com Pedro, João e Tiago do monte onde

havia tido lugar a não menos enigmática "transfiguração" é descrito o


seguinte diálogo:

"... e quando desciam do monte lhes ordenou que não

contassem a ninguém o que haviam visto até que o Filho do homem


ressuscitasse de entre os mortos. Eles observaram esta recomendação,
discutindo entre si o que era isso de 'ressuscitar de entre os mortos'. E lhe
perguntaram: 'Por que dizem os escribas que Elias deve vir primeiro?' Ele
lhes respondeu: 'Elias virá primeiro e restabelecerá tudo; mas o que está
escrito sobre o Filho do homem que sofrerá muito e que será depreciado?
Pois bem, eu vos digo: Elias já veio e já fizeram com ele o que queriam,
segundo estava escrito sobre ele.'"

Estas palavras de Cristo, confesso, me deixaram confuso. Se Jesus de


Nazaré dizia que "Elias já tinha vindo", é porque assim era. Mas como,
onde e quando?

Procurei nos três evangelhos seguintes e a resposta — clara como a luz —


apareceu diante de mim em Mateus. Falando

de João Batista, Jesus afirma no capítulo XI: "Em verdade vos digo, entre
os filhos das mulheres não surgiu outro maior que João Batista. No entanto,
o menor no reino dos céus é maior que ele. Desde os dias de João Batista
até o presente, o reino dos céus é arrebatado à força, e são os violentos que
o conquistam. Porque os profetas e a lei tiveram a palavra até João. E se
quereis compreender, é ele o Elias que devia voltar. Quem tem ouvidos,
ouça."
O "esclarecimento" de Cristo tem uma grande importância. Jesus afirma
que Elias voltou. Mas, não contente com esta
revelação, se envolve muito mais e identifica Elias como

João Batista. Jesus entende que aquele povo de dura tempera não captará a
transferência de suas palavras e insiste: "... e se quereis compreender", e
"quem tem ouvidos, ouça".

Estava resolvida a terceira dúvida. "Quando?" Segundo

Cristo, Elias já havia vindo: com João Batista. Quer dizer, havia nascido na
Terra pouco antes do Nazareno. (Por volta dos anos 6,7 e 8 a.C.
Recordemos que João Batista era

poucos meses mais velho que Jesus.)

Mas esta explosiva manifestação de Cristo supõe — de meu

ponto de vista — o reconhecimento — muito sutil, isto sim — da


reencarnação. Se Elias tinha sido arrebatado 850 anos antes por um "carro
de fogo", e ninguém tornara a vê-lo,

como podia ter nascido às portas do século I? Se acreditamos nas palavras


de Jesus de Nazaré — e creio nelas, sem

nenhum tipo de restrição — João Batista era Elias. Portanto, Elias tinha que
ter morrido primeiro, para nascer depois

como o precursor do Mestre. O que é isso? Vamos usar os

termos claros: "reencarnação" ou "voltar a encarnar".

(Curiosamente, a Igreja católica receia esta palavra e, de fato, a


reencarnação como tal não é aceita.)

Em minha opinião, o próprio Jesus responde a esta segunda dúvida: "Como


Elias pôde voltar?" Como já disse,

"reencarnando" em outro ser humano: em João Batista.


A aceitação desta realidade pressupõe o esclarecimento da primeira
pergunta: "Onde?" É claro que na Palestina.

Mas nem tudo fica resolvido com a reencarnação de Elias

em João Batista. Voltando ao rapto do profeta nas

imediações da margem esquerda do Jordão, por onde andou

Elias durante esses 840 ou 850 anos? Onde esteve?

O mistério aqui se torna praticamente impenetrável. Nos

Livros Sagrados não há uma só "pista" a não ser as já

referidas alusões do Eclesiastes e dos Evangelhos. Mas nessas referências


nada é mencionado sobre esses oito

séculos "em branco". Eu, sinceramente, me sinto incapaz de lançar uma


teoria. Não teria a menor base racional. Do que não resta dúvida é que aos
"astronautas" interessava "tirar" Elias da terra de Canaã. E assim o fizeram.
Não era, como sabemos, o único caso. Algo muito parecido aconteceu

também com Enoque. O já comentado e apócrifo Livro dos

Segredos de Enoque nos conta como este patriarca — "o

sétimo desde Adão" — foi igualmente arrebatado aos céus,

sem que se tivesse voltado a ter notícias dele. Uma das

passagens deste conjunto de assombrosos relatos e

descrições de "céus", "casas celestes", "turnos" etc., diz textualmente:

"Então os anjos me chamaram, me tomaram sobre suas asas

e me transportaram ao primeiro céu."


E Enoque prossegue:

"Colocaram-me sobre as nuvens; vi o ar, o éter porém mais alto. E me


puseram no primeiro céu e me mostraram um

mar enorme, maior que o mar da Terra."

No capítulo LXX do citado Livro que Enoque, e segundo a

tradução feita sobre o texto etíope do citado documento,* lê- se também,


neste mesmo sentido:

"E chegou depois que seu nome [de Enoque] foi levado, em

vida, para perto deste Filho do homem e para perto do

Senhor dos espíritos, longe dos que habitam sobre o árido. "E foi elevado
sobre o carro do vento, e o nome [de Enoque] desapareceu dentre eles [dos
que habitam o árido].

"Desde esse dia já não mais estava entre eles, e ele [Deus] me fez sentar
entre duas regiões, entre o norte e o ocidente, ali onde os anjos haviam
pegado cordas a fim de medir para mim a mansão dos eleitos e dos justos..."
E o apócrifo conclui com outro acontecimento, que

esclarece o "rapto" de Enoque:

"Matusalém e seus irmãos construíram um altar em Assuã, onde Enoque foi


arrebatado. Imolaram sacrifícios perante o Senhor. E o povo e os anciãos do
povoado levaram

presentes aos filhos de Enoque e se entregaram a festejos durante três dias."

Uma vez mais, um patriarca é transportado — em vida — por um "carro"


voador. E embora neste caso se tivesse uma certa justificativa—escreveu
Enoque depois de tudo que viu naquela inesquecível "viagem" —, seu
"retorno", como no caso de Elias, também jamais pôde ser confirmado. O
livro sagrado chamado Eclesiástico pouco nos esclarece a respeito em seu
capítulo XLIV (16): "Enoque agradou ao Senhor, e foi arrebatado, como
exemplo de penitência para as

gerações." Contudo, o fato de citar textualmente Enoque — não


esqueçamos que o Eclesiástico é outro livro "inspirado" —, já não é
importante. Os exegetas e puristas da Bíblia não poderão atacar tal
personagem, acusando-o de "pura lenda ou de parábola em ação"...

A Bíblia nos fala também de outros "raptos" por parte de "carros de fogo"
ou do "espírito de Jeová", embora, nestes casos, os personagens
"seqüestrados" sempre fossem

devolvidos — são e salvos — à Terra.

Sendo apócrifos, Isaías e Baruque são "enganchados"

igualmente por Jeová e elevados pelos ares...

Na segunda parte do livro apócrifo chamado A Ascensão de Isaías, o


profeta conta como, durante um "êxtase" — como me parecem suspeitos
esses "transes" ou "êxtases" —, os anjos o transportam aos sete céus, e
neles vê os livros dos viventes, onde estão inscritas todas as ações dos que
vivem sobre a Terra. No firmamento — segundo conta Isaías — debaixo do
céu, vê um grande combate entre os anjos de Satã, que se invejam
reciprocamente. E o anjo explica-lhe que esta disputa reproduz aquelas que
são mantidas sobre a Terra, e que vão durar até a vinda "daquele a quem
deves ver e que o destruirá".

Depois sobem aos diversos céus, transformando-se o

resplendor do anjo enquanto o faziam. Em cada céu há um trono e anjos que


cantam para aquele que está no sétimo céu. Assim, pôde ver o que nenhum
homem viu. E no

sétimo céu viu aos antigos justos, vestidos com suas vestimentas lá de cima,
mas sem ter ainda seu trono e sua coroa de glória: serão recebidos quando
descer o Bem- Amado, que despojará o anjo da morte na Ressurreição. É
curioso: por que Isaías tem que se vestir com "traje especial"? Por que esse
"anjo" vai mudando de resplendor conforme vai subindo?

O que tudo isto me recorda?

Por seu turno, o Segundo Livro de Batuque,* também

apócrifo, diz textualmente:

"E eis que, de súbito, o espírito de força me levantou e me colocou sobre o


alto das muralhas de Jerusalém..."

Quem era este "espírito de força"? Não seria o mesmo "carro de fogo" de
Elias ou os "anjos" que arrebataram Enoque "com suas asas"? Por que, em
ocasiões, os "eleitos" são transportados presumivelmente mais além da
nossa

atmosfera terrestre e, em outros casos, como em Baruque, apenas


levantados uns poucos metros?

Assim aconteceu também com Filipe, um dos apóstolos, que foi igualmente
"arrebatado" do solo. O acontecimento que nos conta Lucas em seus Atos
dos Apóstolos me cativou especialmente. A verdade é que não o conhecia, e
suponho que o mesmo ocorrerá com muitos católicos.
Mas o assunto tem "substância". Vejamos:

"Um anjo do Senhor", diz o texto no capítulo VIII (26-40), "falou a Filipe,
dizendo: 'Levanta-te e vai para o sul, ao caminho que desce de Jerusalém a
Gaza, a Deserta/ Ele

levantou-se e partiu. E eis que um eunuco etíope, ministro de Candace,


rainha dos etíopes, e superintendente de todos os seus tesouros, tinha ido a
Jerusalém para adoração. Regressava sentado num carro e lia o profeta
Isaías. E disse o Espírito a Filipe: 'Chega-te para bem perto deste carro.' E,
aproximando-se, Filipe ouviu que o eunuco lia o profeta Isaías, e
perguntou-lhe: 'Entendes o que lês?' E ele disse: 'Como poderei entender, se
ninguém me ensinar?' E rogou a Filipe que subisse e com ele se sentasse.

"A passagem da Escritura que lia era: 'Foi levado como uma ovelha para o
matadouro, e como o cordeiro mudo diante do que o tosquia, não abriu a
boca. Em sua humilhação foi consumado o seu julgamento; e quem contará
à sua

descendência? Porque sua vida é tirada da Terra.'

"E perguntou o eunuco a Filipe: 'Rogo-te, de quem diz isto o profeta? De si


mesmo, ou de algum outro?' Então Filipe, abrindo sua boca, e começando
nesta escritura, lhe anunciou as boas novas de Jesus.

"Continuando o caminho, encontraram água. Disse então o eunuco: 'Eis aí a


água; que impede que eu seja batizado?' E desceram ambos à água, e Filipe
batizou o eunuco. Mal

saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe dos olhares do


eunuco que, jubiloso, seguiu seu caminho. E Filipe foi transportado a Azot
e, passando além, pregava o Evangelho em todas as cidades, até que chegou
a Cesaréia."

"... mal saíram da água, o Espírito arrebatou a Filipe e o transportou para a


cidade de Azot." Trata-se, de meu ponto de
vista, do sexto caso de "rapto" por um OVNI descrito na Bíblia.

Novamente, surge "algo" no céu e "arrebata" um "eleito". Nesta


oportunidade, Lucas não fala em "carro de fogo" ou "roda", mas sim do
"Espírito do Senhor". No fundo, como é fácil deduzir, trata-se de um
simples problema de linguagem. É uma pena que Lucas não investigasse
mais a fundo o fato, perguntando ao próprio Filipe ou tentando localizar o
eunuco. Talvez tivéssemos sabido algo mais sobre esse "espírito".

De uma forma ou de outra — seja chamado de "carro",

"roda" ou "espírito" —, para mim é evidente que se tratava de "algo" físico


e material, capaz de chegar até o riacho ou laguna onde Filipe estava
batizando o eunuco, tomar ou elevar o diácono e transportá-lo pelos ares até
a cidade de Azot, na costa. Se consultarmos um mapa da Palestina, veremos
que Filipe, que havia saído de Jerusalém rumo a Gaza, no sudoeste,
"viajou" entre trinta a quarenta

quilômetros (não sabemos com exatidão o ponto em que

desceram do carro) até "aparecer" em Azot. (Esta cidade se encontrava ao


norte de Gaza e Ascalão, em plena costa.) É de se supor que Filipe tenha
realizado esta "viagem aérea" no interior de alguma das naves dos
"astronautas de Jeová". Como sempre, a "equipe" estava pendente da
primeira

comunidade cristã, e calculou que aquele eunuco, ministro das finanças da


antiga Etiópia,* era uma peça importante na hora de iniciar a evangelização
de tão remotas terras. E que melhor "argumento" para convencer ao súdito
de Candace que descer sobre a laguna e "arrebatar" Filipe, ante o lógico
desconcerto do frio e insensível gestor dos tesouros da Etiópia? Era, enfim,
um motivo mais do que justificado para "realizar o prodígio". E digo que o
transporte até Azot teve de ser feito a bordo de uma nave porque, o diácono
Filipe foi "arrebatado" por uma nave e transportado para a cidade costeira
de Azot. No total, mais de trinta quilômetros pelos ares.

Em algum ponto desconhecido do caminho de Jerusalém a Gaza, por mais


fantástico que pareça este sistema de locomoção, muito mais o teria sido
"de corpo limpo". Não imagino o pobre Filipe voando como uma gaivota
sobre os campos de Israel...

Os "astronautas", como observamos, sabiam da presença do eunuco em


Jerusalém, e fizeram coincidir a viagem de Filipe com a do etíope.

Hoje, dentro da investigação OVNI, dispomos de

abundantes casos de "raptos" e surpreendentes "transportes" de testemunhas


— com veículos incluídos — que guardam semelhanças com estes
episódios das Sagradas Escrituras. De todos estes vou selecionar dois dos
mais eloqüentes.

Se Você É Cético Quanto a Isto

Daniel W. Fry, nascido em 1908, é talvez um dos

"contactados" com melhor nível cultural e técnico entre todos que afirmam
"ter estado em comunicação ou contato com os tripulantes dos OVNIS". Fry
foi um dos principais incentivadores do programa de provas de vôos de
mísseis com combustível líquido da Crescem Engineering and Research
Company. Trabalhou também para a Aerojet General Corporation, no
campo de provas da base de White Sands. Ali foi encarregado da instalação
de instrumentos para o controle e orientação de mísseis.

Tratava-se, em suma, de um cientista norte-americano absolutamente cético


em matéria dos OVNIS. Até que chegou o dia 4 de julho de 1950...

O incidente de White Sands


Fry era um homem tranqüilo. Estava casado e tinha três filhos. Quando
executava seu trabalho na Aerojet foi transferido para a célebre base de
White Sands, Novo México. Como perito em química, explosivos e
foguetes espaciais, Daniel W. Fry recebeu o encargo de instalar-se na
mencionada base, no campo de provas, para supervisionar o funcionamento
dos novos motores desenhados para um

importante projeto. Terminaria justamente aqui a

tranqüilidade e o ceticismo de Daniel Fry, como narra em seu livro The


White Sands Incidem, publicado em 1954.

"A partir de hoje me incluo entre os mais fervorosos defensores da


existência dos OVNIS"

Corria o mês de julho de 1950 quando Daniel Fry decidiu comemorar o


aniversário da independência dos Estados Unidos na cidade de Las Cruces.
Viajou então até o terminal de ônibus situado em um acampamento militar
quase

deserto nas proximidades. Quando percebeu que havia

perdido o ônibus, era tarde demais para voltar e hospedou-se


num pequeno hotel. O calor era insuportável e o ar-

condicionado começou a falhar; Fry saiu do hotel e foi passear pelo campo,
sem rumo. Ergueu os olhos para ver as estrelas e sua atenção foi despertada
por um ponto estranho: "algo" ocultava um grupo de estrelas; "algo" que,
devido à escuridão da noite, não conseguia distinguir bem e que começava a
aproximar-se do ponto onde ele se achava.

Pensou em começar a correr, mas a curiosidade o deteve. Tratava-se de um


objeto ovalado, que não emitia som algum e que, conforme se aproximava
da terra, diminuía sua

velocidade, até pousar suavemente, em silêncio, sobre o solo. Fry,


especialista em aeronaves, estava fascinado: o engenho não possuía
turbinas, não fazia barulho nem tinha gases incandescentes que
impulsionassem seu arranque. A forma suave como pousou em terra
demonstrava a Fry que se tratava de um objeto construído com material
levíssimo... Ele se aproximou da nave imóvel e começou a caminhar em
torno dela para observá-la melhor. A superfície era metálica, quente ao
toque.

Sobressaltou-se ao ouvir uma voz que o aconselhava

amistosamente a não tocar o casco da nave. Mais perturbado pelo volume


da voz que assustado pelo insólito, Fry cruzou os braços e esperou que a
voz continuasse falando.

— Um dos objetivos desta expedição — disse a voz — é

comprovar o grau de adaptação do ser humano a outros

conceitos e ambientes, assim como procurar mentes abertas e receptivas


com as quais estabelecer contato. Gostaria de ver o interior da nave?

O interior da nave

Fry se dividia entre a curiosidade científica, o ceticismo e o medo. Pediu ao


dono da voz que se mostrasse, mas esse
disse-lhe que, lamentavelmente, ainda não estava

acostumado ao ar e ao ambiente da Terra, esclarecendo que a nave que se


encontrava diante dele não passava de um pequeno transporte destinado,
entre outras coisas, a recolher amostras da superfície de nosso planeta, e
que era

controlado a partir da nave principal, situada nesse

momento a uns dezesseis mil quilômetros sobre a superfície da Terra. Uma


pequena porta se abriu. Fry entrou na nave e viu-se num salão equipado
com quatro assentos com cintos de segurança.

Sentou-se e achou que a decoração deixava muito a desejar. Surpreendido,


ouviu que a voz respondia a seus

pensamentos:

— Já sei que a decoração não é lá essas coisas, mas pelo menos é funcional.

Fry ouvia a voz como se ressoasse dentro de sua cabeça. — Aonde gostaria
de ir? Notei que é um homem

excepcionalmente incrédulo, mas esperamos que se

convença com a viagem que lhe oferecemos. Gostaria que o levássemos a


Nova York? Em meia hora estaríamos de volta. Meia hora significaria uma
velocidade por volta de quatorze mil quilômetros por hora!

Fry aceitou, mas objetou que não poderia constatar a

verdade do oferecimento, já que nada veria daquela cabine hermética. A


voz emitiu uma risada zombeteira e a nave se pôs em movimento. Logo, um
projetor se acendeu,

lançando sobre a porta da nave um raio de luz violeta. A porta ficou


completamente transparente, quase como se não existisse, e Fry começou a
ver as luzes do acampamento militar, perdidas na distância!
Quatorze mil quilômetros em poucos minutos

Quase não se percebia o movimento da nave, e Fry

começou a ver a Terra se afastando, brilhando como um grande globo, com


uma fosforescência esverdeada. O céu se tornava mais escuro, e Fry
começou a pensar que se

encontrava na estratosfera.

A voz soou novamente em sua cabeça:

— Subimos com certa lentidão para dar-lhe oportunidade de ver como se


desvaneciam as luzes das cidades que você conhece. Deve ter percebido
que, a esta altura, a escuridão é profunda, já que não há atmosfera suficiente
para difundir a luz. Quero explicar-lhe que sabemos que o povo da Terra
que viu o deslocamento vertiginoso de nossas naves pensa que nenhum
humano poderia suportar uma aceleração tão tremenda. A verdade é que a
força que acelera este veículo não apenas atua sobre cada átomo dele, como
também sobre a estrutura atômica de tudo o que se encontra em seu

interior, incluindo os passageiros. Nas aeronaves de vocês, o caso é


diferente: elas se deslocam por meio de turbinas, que produzem um impulso
sobre uma parte da aeronave. Esse impulso local acelera a nave, mas não ao
piloto nem aos passageiros. O piloto só sente a aceleração por seu contato
com o assento, e a inércia do resto do corpo produz a compressão que, em
casos extremos, causa a perda da

consciência ou a destruição do corpo humano, se tal

aceleração é excessiva.

Fry notou que desciam um pouco. As luzes de Cincinnati estavam à seus


pés. Minutos mais tarde, ante seus olhos assombrados, brilhavam os
inconfundíveis perfis da cidade de Nova York.

— Aí a tem — disse a voz. — Nossa nave se aproxima de Nova York a


partir do ângulo noroeste. Daremos uma volta completa por cima da cidade,
diminuindo a velocidade para uns mil quilômetros por hora, a fim de que
possa desfrutar o panorama.

"Meu nome é Alan e devo lhe transmitir uma mensagem de grande


importância"

— Eu me chamo Alan e você se chama Daniel, não é

mesmo?

Fry replicou afirmativamente e a voz continuou, enquanto ele observava,


fascinado, as luzes de Nova York, que

giravam a seus pés.

— Vamos começar o retorno, Daniel. Quero dizer-lhe que estou satisfeito


por suas reações e nós gostaríamos de manter contato com você. Se não se
importa, em breve o faremos. Agora vou depositá-lo no mesmo lugar onde
o encontramos, e em breve voltaremos para conversar com você.

Fry explicou mentalmente que ia se mudar para a Califórnia, e expôs sua


inquietação pela possibilidade de que não voltassem a encontrá-lo.

— Isto não significa nada, Daniel. Sua mente é boa

receptora, talvez em parte porque está treinada para lidar com imagens e
conceitos abstratos. Onde quer que se

encontre, poderá me ouvir chamando você. Mais ainda,

devo confessar-lhe que graças a sua capacidade receptora consegui entrar


em sua mente há três noites. Você estava deitado, mas não conseguia
conciliar o sono, por ter tido um dia de trabalho estafante. Lembra-se? —
Fry recordou no
ato. — Você se levantou, acendeu um cigarro e voltou a se deitar. Começou
a resolver problemas matemáticos

mentalmente até que pegou no sono. Envergonho-me em

confessar, mas sua mente estava tão aberta que penetrei nela até o fundo, até
o ponto de assegurar-lhe que conheço-o melhor do que você mesmo. O que
descobri em sua mente foi bastante satisfatório, ainda que não inteiramente
idôneo. Descobri que certas mágoas e frustrações lhe deixaram cicatrizes de
rancor, de ressentimento, embora (e isso foi o que estabeleceu minha
certeza de que seria um bom

contato) tenha percebido que essas mesmas mágoas o

haviam impulsionado a desenvolver um bom grau de

compreensão e de percepção subjetivas.

A nave descia ao mesmo tempo em que começava a reduzir a velocidade.


Começavam a aparecer sob seus pés as luzes do povoado onde Fry pensou
que passaria uma noite tranqüila e tediosa. Pousou novamente no campo e
os refletores da cabine se acenderam; a voz de Alan indicou-lhe que poderia
soltar o cinto de segurança, e Fry se pôs de pé. Curioso, observou a cabine,
tentando gravar em sua mente até o menor detalhe. Nesse momento, teve a
atenção despertada por um emblema gravado no espaldar do assento.

A árvore e a serpente do paraíso perdido

O desenho era simples, a representação simplista de uma árvore e uma


serpente. A impressão que Fry sentiu ao

reconhecer o símbolo foi tão forte, que Alan percebeu e deixou escapar um
som alarmado.

— O que há, Daniel? Ah, já percebi. Reconheceu o nosso símbolo e


imagina qual seja o seu significado. Bem, era de se esperar. Qualquer
terráqueo o teria reconhecido. Lamento é que tenhamos muito pouco tempo,
e com tantas coisas ainda para lhe dizer. Nossos antepassados viviam na
Terra, como já terá imaginado ao ver o emblema. Estavam muito adiantados
e viviam no lugar que as lendas dos terráqueos chamam de Lemúria ou Mu.
Por outro lado, o desenvolvimento

científico do continente da Atlântida também era muito avançado, ao ponto


de seus cientistas terem aprendido a manipular a energia atômica com mais
habilidade do que vocês têm atualmente. Havia certa rivalidade entre as
duas civilizações, e o desenlace era inevitável. Mas, por ora, não tenho
tempo para lhe contar mais, Daniel. Desça da nave e logo me colocarei em
contato com você. Não, não pense que não voltaremos a nos encontrar.
Ainda não cumprimos a parte mais importante da missão da qual fui
incumbido: a mensagem que você deverá transmitir à humanidade.

Adeus, Daniel. Ou melhor, até breve.

Fry deixou a nave e, como um sonâmbulo, começou a

afastar-se. Não havia se passado nem uma hora. Alguns metros adiante,
virou-se para olhar a nave. A porta havia-se fechado, e uma faixa de cor
alaranjada parecendo um

cinturão fantasmagórico iluminava o OVNI, que

subitamente decolou a uma velocidade incrível. O

deslocamento de ar produzido pela decolagem jogou Daniel ao chão.


Quando se levantou, as estrelas brilhavam serenas e do OVNI não restava
vestígio além de um círculo de relva amassada sobre o campo.

A este primeiro "contato" com a misteriosa nave e a não menos enigmática


"voz" seguiram-se outros encontros com os seres do espaço. Assim relatou
Fry em sucessivas

oportunidades e publicamente. No total — segundo Fry — foram


registrados quatro "contatos" entre 1950 e 1954.
Setenta Quilômetros "Pelas Nuvens"

O segundo caso de "arrebatamento" ou "transporte" — desta vez com


automóvel incluído — ocorreu 28 anos mais tarde, no cone sul. Em uma de
minhas viagens ao Chile, conheci os fatos. Em resumo, foi assim:

O dia mal começava. Era sábado, 23 de setembro de 1978; o céu escuro e


chuvoso apresentava condições adversas para os participantes do rali
internacional da América do Sul, que se realizaria na Rodovia 3, que é
praticamente paralela ao litoral argentino. Nesta região, inúmeras pessoas
viram como objetos voadores não-identificados submergem e emergem das
águas.

Este trecho da competição automobilística haveria de se transformar numa


insólita travessia para os ocupantes de um dos carros que participavam do
rali. Um deles era Carlos Acevedo, argentino filho de chilenos, de 38 anos,
casado pela segunda vez, pai de três filhos e dono de algumas lojas em
Santiago, que lhe permitiam levar uma vida tranqüila. Ele era o piloto.

O outro tripulante não era o co-piloto oficial; por uma série de dificuldades
surgidas nos últimos dias, Acevedo decidiu dispensar seu companheiro
oficial e substituí-lo por Miguel Ángel Moya, seu mecânico, de vinte anos
de idade e a quem conhecia há vários anos.

O carro que dirigiam era um Citroen GS 1978, de

propriedade de Acevedo; o automóvel seria a testemunha muda dos


alucinantes momentos que viveriam seus dois

ocupantes.

Localizei os competidores e tive oportunidade de ouvir detalhadamente o


relato do ocorrido. Eis aqui suas

declarações:

— Estávamos relaxados e tranqüilos; não havia motivos para preocupações.


Havíamos dormido todo o dia anterior, e quando saímos de Viedma
estávamos descansados e falamos durante muito tempo com a gente do
lugar. Enchemos o

tanque extra de gasolina, já que o outro tinha sido cheio com antecedência.
Cada um dos tanques tem capacidade para quarenta litros, e o carro
consome cerca de um litro a cada dez quilômetros.

Até aqui, o relato é perfeitamente comprovável; conto com os testemunhos


das pessoas que falaram com Acevedo e

Moya antes que estes partissem. Existe, além disso, o recibo do Automóvel
Clube argentino, devidamente assinado,

quando o carro foi abastecido. Assim, continuou Acevedo o seu relato:

— Havíamos percorrido uns trinta quilômetros; este

número é exato, já que quando saímos de Viedma pus a zero o medidor de


quilometragem, para poder seguir o mapa de itinerário sem dificuldade e
preparar os pontos médios assinalados. Foi então que, ao olhar pelo
retrovisor, me dei conta da presença de uma luz.

"Íamos sozinhos pela estrada, completamente sozinhos, embora se deva


dizer que num rali a gente nunca saiba com certeza se está só...

"Olhei pelo retrovisor e percebi que uma luz amarela muito intensa vinha
até nós; era muito vivida e emitia uns

pequenos e intensos clarões de cor lilás. Viajava a grande velocidade e


ocupou todo o espaço do espelho retrovisor. Pensei então que talvez se
tratasse de um dos Mercedes Benz que haviam ficado para trás; supus isto
ao notar dois grandes faróis no meio, além de dois de tamanho médio nos
lados e dois menores nas extremidades. Eram seis faróis no total. Isso foi
tudo que pude ver, e logo tudo se encheu de
luz. Disse ao meu parceiro:

"— Olhe, não sei se é um caminhão que vem aí atrás a trezentos por hora,
parecendo que vai nos ultrapassar por cima... Vai nos arrebentar... Veja o
que é...

"Moya replicou:

"— Acaba de me ofuscar... não vejo nada, meus olhos doem...

"Mal acabou de dizer isto, a luz se "enfiou" na cabine, iluminando-a; o


motor parou e o carro se elevou

bruscamente; senti uma grande pressão no estômago, como quando se viaja


de avião a jato. Olhei pela janela e vi que subíamos um metro, dois metros...
e mais.

Continuavam subindo

"Acreditei que havíamos chegado a uma lombada, mas não havia nenhuma.
Pensei que certamente tínhamos batido numa pedra. Continuamos subindo,
o volante girava livre e tudo se passava muito rápido.

O "caso Laguna". Outro veículo absorvido por um OVNI. Aconteceu em


maio de 1968, no Brasil.

"Minha reação foi recorrer ao mecânico, que cuida de

verificar o carro quando algo anda errado, mas deparei com ele todo
encolhido, agarrado fortemente ao seu assento; não falava, estava como que
petrificado. Depois, não pude ver mais nada; a luz havia enchido tudo; só se
via um facho de luz, e seguíamos dentro daquele cone luminoso; acho que
era um cone, embora em momento algum tenha olhado para trás.

"Eu estava assustado e um tanto desesperado; tentei abrir a porta para


lançar-me ao solo, mas não consegui; ainda hoje, é difícil abri-la.
"Tudo se passou num período de tempo que calculo em um minuto. Depois,
o carro ficou depositado a um lado do caminho, sobre um terrapleno. Então
consegui ver a luz e me dei conta de que era como um triângulo; ela dirigiu-
se até a direita, ou seja, até o mar. Pouco a pouco, foi sumindo como um
ponto diminuto.

Depois... tudo normal

"Não havia nenhum outro carro na estrada, e a noite

permanecia escura e chuvosa. Animei-me a abrir um pouco a porta e tentei


pôr o carro em movimento; tudo funcionava à perfeição e nos dirigimos até
Villa Pedro Luro, onde chegamos em poucos minutos. O trajeto foi normal,
e ao chegarmos ao mencionado povoado, demos parte à polícia, a qual nos
designou um agente que nos acompanharia até Bahia Blanca, ponto final
desta etapa do rali; nada de anormal aconteceu.

"Desde que a luz nos deixou em Villa Pedro Luro tivemos alguns
problemas; o carro parecia ratear e decidimos ligar o tanque extra de
gasolina e a bomba elétrica que adiciona mais energia ao combustível; o
veículo reagiu normalmente, mas ficamos um pouco intranqüilos.

Tanque vazio

"Em Villa Pedro Luro, já em companhia da polícia,


descobrimos que, inexplicavelmente, um dos depósitos

estava vazio; isto era absurdo, já que havíamos percorrido trinta


quilômetros desde Viedma até onde a luz nos

recolheu, e mais vinte desde onde a luz nos deixou até este povoado,
distância que teria consumido apenas cinco litros, mas... estavam faltando
35 litros! O que ocorreu com esta gasolina é um autêntico mistério para
mim...

Segundo o marcador de quilometragem, o carro de Acevedo

havia percorrido cinqüenta quilômetros, mas acontece que de Viedma a


Pedro Luro são 120 quilômetros, portanto

faltariam setenta. Acevedo nos conta:

— Calculo que o trajeto percorrido com a luz foram esses setenta


quilômetros. O incrível é que o fizemos em um

minuto, o que significa que viajávamos a 4.200 por hora; ninguém poderia
suportar tal aceleração. Mas estou certo de que foi assim, e a prova mais
clara está nos instrumentos do carro.

— Acha que tudo se passou em um minuto?

— Existe algo muito curioso: tanto o relógio de Miguel

Ángel quanto o meu marcavam um dia adiantado. Não sei

como explicar.

Tive oportunidade de revisar os relógios (ambos são da

marca Orient e automáticos, e assinalam dia e data). É

interessante destacar que o erro nos relógios não estava no dia, e sim no
número do dia. Os dois deviam marcar terça- feira 25 e marcavam terça-
feira 26. Deve-se recordar que para alterar a hora nestes relógios é preciso
girar os ponteiros 24 horas, enquanto que para a mudança de número basta

apenas apertar um botão, pelo qual é mais fácil que mude o número ante
uma alteração eletromagnética.

— Acredita que tenha visto um OVNI?

— De modo algum! O que vi era uma luz, e acho que "lá em cima" existe
uma força que percorre qualquer parte e que, portanto, pode vir de qualquer
lugar, pode se meter em

qualquer parte e provocar qualquer coisa. Quero deixar claro que não vimos
nenhum objeto, nem nada conhecido; era

apenas uma estranha formação lumínica.

Uma enigmática coincidência

Um veículo de socorro do rali chegou ao povoado de Pedro Luro, onde se


encontrou com Acevedo e Miguel Ángel. Eles contaram sua experiência aos
socorristas e estes, por sua vez, narraram o seguinte:

— Nós não vimos nem luz, nem OVNI, nem nada, mas

enquanto viajávamos até Pedro Luro, o carro começou a

falhar; as luzes diminuíram de intensidade, e logo todo o sistema elétrico


pifou, como se a bateria tivesse

descarregado. Descemos do carro para revisá-lo, mas tudo estava normal.


Esperamos um pouco até passar outro carro, mas, inexplicavelmente, as
anomalias desapareceram; as luzes voltaram a acender e o carro andou
normalmente.

Nunca soubemos o que foi que aconteceu.

Este depoimento pode ser considerado um aval para o relato de Acevedo e


seu mecânico. Significa que os tripulantes dos dois veículos depararam com
um processo totalmente

anormal, que não se pode explicar com base nos

conhecimentos técnicos dos mecânicos. A coincidência de estarem


próximos em hora e lugar é sumamente

significativa.

A outra testemunha

Quando fui entrevistar o mecânico de Acevedo, encontrei-o


adormecido e notei que seu sono era muito sobressaltado. Ao despertar, ele
me informou que desde que sofrerá a

estranha experiência não conseguira mais dormir tranqüilo; tinha pesadelos


e estava angustiado.

— Mudei muito em comparação com o que era antes —

disse Moya. — Eu era terrível, gostava de fazer gozações, cantar.

Agora não sei o que há comigo. A única coisa que posso dizer é que já não
sou o mesmo...

Descubro em Moya uma pessoa que sofreu um choque

emocional; viveu uma experiência que não compreende e

nem pode explicar. Miguel Ángel Moya nos relata sua

experiência da seguinte maneira:

— Estávamos no rali e vimos uma gigantesca luz. Virei-me no assento para


observá-la. Não pude... ela me deixou cego. Observei pela janela e vi como
subíamos... um metro, dois metros, três e até quatro, mais ou menos.

"Tudo estava iluminado... luz por todos os lados. Então me encolhi no


assento e ouvi Carlos me dizer 'O que faço? O que faço?' O carro ficou um
instante no alto... calculo que um ou dois minutos... por fim tocamos o solo.
Não me dei conta de nada; a luz se afastava.

Comparei as declarações das duas testemunhas em separado, e me dou


conta de que coincidem perfeitamente.

Despedi-me de Carlos Acevedo e Miguel Ángel Moya e os

vi se afastarem, rumo a Santiago, a bordo do Citroen. "Dois homens e um


carro protagonistas de uma estranha aventura luminosa." O motor, que foi
revisado detidamente, não
mostrou qualquer sinal de anormalidade.

Chegaram a Santiago, sãos e salvos; sua aventura havia terminado, e creio


que é o momento de fazer algumas

considerações sobre sua experiência:

1º. As testemunhas viram unicamente uma luz. Contudo, a luz se comportou


de maneira "inteligente", como se tivesse vida própria ou fosse dirigida por
"alguém" pensante.

2º. O testemunho dos socorristas, no sentido de que

ocorreram falhas elétricas, coincide em lugar e hora com o testemunho de


Acevedo.

3º. A data adiantada nos relógios... deveu-se a um problema


eletromagnético? Deve-se recordar que, em geral, entre um relógio e seu
dono estabelece-se uma relação simbiótica, na qual o mecanismo se arruína
ou sofre anomalias ante estados especialmente nervosos de seus donos.
Desta forma poderia explicar-se a falha dos relógios, mas não deixa de ser
uma coincidência que ambos tivessem exatamente a mesma

falha.

4º. Definitivamente, o automóvel não pôde ter viajado a 5.200 quilômetros


por hora, pois, se o tivesse feito, teria se desintegrado; por isto, supomos
que o tempo real da

experiência foi muito maior que o calculado pelas

testemunhas: cerca de trinta minutos. Isto significa que houve, nas


testemunhas, uma contração de tempo e espaço durante a ocorrência.
Considero que não deveria ser

descartada a possibilidade de que as testemunhas tenham viajado através do


espaço-tempo.

5º. Encontro um "fato" que me faz supor que ambas as


testemunhas esqueceram uma parte do que aconteceu; creio que
continuaram subindo, e subiram muito mais do que

calcularam. Deve-se recordar que ambos coincidiram em

afirmar que deixaram de ver o solo; se não o viam, como é possível que
determinassem a altura em que se

encontravam? Não é difícil supor que se elevaram ainda mais e que tenha
ocorrido "algo" do qual não se lembram. É preciso acrescentar que
nenhuma das testemunhas
recorda o momento em que voltaram a tocar terra firme; estiveram certos do
momento em que Acevedo abriu a

porta, mas, definitivamente, não estão conscientes do momento nem da


forma em que o veículo foi depositado de novo no solo.

O que era aquela luz? A descrição das testemunhas nos faz pensar em uma
máquina espacial intensamente iluminada, que se posicionou sobre o
automóvel, "arrebatando-o" e transportando-o a setenta quilômetros de
distância. Algo que conserva um certo paralelismo com o caso de Filipe, em
pleno século XX.

Capítulo XI

Ferozes ataques de alguns teólogos e exegetas contra Ezequiel. — Eu fico


do lado do profeta. — Dez hipóteses "oficiais" tentam explicara "visão" de
Ezequiel. — Quem está na Idade da Pedra: os selvagens da Polinésia ou
muitos dos nossos comentaristas bíblicos?

Outro de meus "profetas favoritos" é Ezequiel. E imagino que o mesmo


aconteça com aqueles investigadores do

fenômeno ÓVNI cujas mentes não se atrofiaram com as

estatísticas, computadores e monótonos questionários "por


correspondência"...

Na hora de descrever "carros de fogo" e "rodas voadoras", Ezequiel se


destaca — e como! — sobre o resto do "pelotão" de patriarcas, profetas e
eleitos em geral do povo hebreu. (E uso o termo "pelotão" sem o menor
intuito de ofensa.)

Segundo os exegetas, as primeiras "visões divinas" de

Ezequiel ocorreram uns seis séculos antes do nascimento de Jesus Cristo. O


profeta, filho de Buzi, estava entre os deportados por Nabucodonosor para
as margens do rio
Cobar, um dos canais do Eufrates que servia para irrigar a terra da Caldéia.
Ezequiel era filho de sacerdotes, e boa parte de sua vida havia transcorrido
em Jerusalém, a serviço do Templo. Era, pois, um homem culto e refinado,
e não um

"bronco", como tentaram defini-lo com menosprezo alguns "sábios" da


ortodoxia católica. Estava casado — sua mulher "era a delícia de seus
olhos", costumava dizer — e embora pareça não ter tido filhos, era um
homem equilibrado,

sensato e normal. Insisto especialmente em tudo isto

porque, como veremos nas "interpretações" dos teólogos e exegetas


católicos sobre as "visões" de Ezequiel, dificilmente se pode tachar este
profeta de fantasioso ou "alucinado". Por volta de 593 a.C. (ou seja, nos
cinco anos de cativeiro), Ezequiel teve sua primeira e "solene" visão. Assim
conta o livro que leva seu nome:

"Aconteceu no trigésimo ano, no quinto dia do quarto mês, que, estando eu


entre os exilados, junto ao rio Cobar, se abriram os céus e contemplei visões
divinas. No quinto dia do referido mês veio expressamente a palavra de
Jeová a Ezequiel, filho de Buzi, o sacerdote na terra dos caldeus, junto ao
rio Cobar. Nesse lugar veio sobre mim a mão do Senhor.

"Olhei e eis que um vento impetuoso vinha do norte, e uma espessa nuvem,
com um feixe de fogo resplandecente, e no centro algo que possuía um
brilho vermelho, que saía do meio do fogo. Do meio dessa nuvem saía a
imagem de

quatro seres que aparentavam possuir forma humana.

"Cada um tinha quatro faces e quatro asas; suas pernas eram retas, e as
plantas de seus pés assemelhavam-se às do touro, e cintilavam como bronze
polido. De seus quatro lados,

mãos humanas saíam debaixo das asas. Todos os quatro


possuíam rostos e asas. Estas se uniam uma à outra; não se viravam quando
se locomoviam; cada qual andava para a

frente; para onde os impelia o espírito; não se viravam quando iam


andando.

"O aspecto dos seres viventes era como brasas

incandescentes, como tochas que circulavam entre eles; e desse fogo que
projetava uma luz deslumbrante saíam

relâmpagos; os seres ziguezagueavam como raios.

"Enquanto observava esses seres, divisei uma roda na terra, ao lado de cada
um deles. O aspecto e estrutura das rodas eram como uma gema de Társis;
tinham as quatro a mesma aparência, e pareciam construídas uma dentro da
outra. Podiam deslocar-se em quatro direções; e não se viravam quando
iam.

"Seus aros eram de uma altura assombrosa, guarnecidos de olhos em toda a


circunferência. Quando os seres viventes se deslocavam ou se erguiam da
terra, as rodas se locomoviam e se erguiam com eles. Para onde os
impulsionava o espírito, seguiam eles e as rodas se elevavam juntamente
com eles, pois o espírito dos seres viventes animava as rodas.

"Pairando sobre eles havia algo semelhante a uma abóbada, límpida como
cristal, estendida sobre as suas cabeças. "Sob essa abóbada estendiam-se as
suas asas, até se tocarem, tendo cada um, outras duas que lhe cobria o corpo
de um e de outro lado. Ouvi o tatalar de suas asas, como o rugido de águas
poderosas, como a voz do Onipotente; ouvi o

estrondo tumultuoso, como o tropel de um exército.

Parando eles, abaixavam as asas.

"Por cima da abóbada que estava sobre suas cabeças, havia uma espécie de
trono, como uma pedra de safira; sobre esta espécie de trono estava sentada
uma silhueta humana. Vi que possuía um fulgor vermelho, como se banhada
em fogo, do que parecia ser sua cintura para cima; e daí para baixo, vi como
um fogo que lançava clarões ao redor. Como o arco- íris que aparece na
nuvem em dia de chuva, assim era o resplendor a envolvê-la. Esta era a
visão da glória de Jeová; vendo isto, caí com o rosto em terra, e ouvi a voz
que falava."

Antes de passar a comentar alguns suculentos detalhes desta exaustiva


descrição de Ezequiel, é preciso que conheçamos a opinião da Igreja sobre a
"visão da glória de Deus", tal e como define a Sagrada Escritura.

Para começar, alguns comentaristas duvidam que a

totalidade do livro tenha sido obra de Ezequiel. Outros falam de um


complexo relato, obra de dois profetas, e uns poucos atribuem o texto a um
conjunto de escritores. No fundo, e posto que o livro foi incluído na lista
dos "inspirados por Deus", tudo isto é o de menos. O importante é que
aparece em Ezequiel uma detalhada descrição da "glória de Jeová". Mas,
curiosamente, alguns exegetas parecem esquecer que o citado texto goza da
prerrogativa da inspiração divina e, como era de se esperar, consideram o
profeta como uma

vítima de "esquizofrenia catatônica, com uma regressão sexual


inconsciente, retraimento esquizofrênico, delírios de grandeza e
perseguição". Assim se manifesta E. C. Broome. Como este diagnóstico me
faz lembrar dessas outras

testemunhas de OVNIS do século XX que, ao relatarem seus encontros com


estas naves ou com seus tripulantes, são tachados pelos sisudos cientistas de
"alucinados",

"esquizofrênicos" e vítimas de "delírios de grandeza"...! Mas não terminam


aí os adjetivos que alguns estudiosos pespegaram em Ezequiel. R. H.
Pfeiffer, por exemplo,

classifica o profeta como "o primeiro fanático a surgir na Bíblia,


apresentando rasgos de obscura e selvagem
ferocidade mental".

Convido o leitor a consultar, por exemplo, o comentário bíblico São


Jerônimo (tomo II), e a comprovar as

barbaridades que lançaram sobre o nosso Ezequiel exegetas tão


"prestigiosos" como Cooke e J. Steinmann...

Mas, esquecendo estas posturas tão radicais, a verdade é que a maioria dos
teólogos e especialistas católicos admite "que muitas das descrições de
Ezequiel são pura imaginação, poesia ou recursos épico-literários".

Vejamos alguns exemplos, segundo o critério de Arnold J. Tkacik, e que são


expostos no citado comentário bíblico São Jerônimo:

"A visão do carro-trono pode ser explicada como uma

tormenta..."

Por seu turno, as criaturas viventes são identificadas como querubins,


guardiões do trono que eles mesmos arrebatam. "Esta composição de
formas", diz Tkacik, "já é encontrada em esculturas babilônicas e assírias."

O espírito. Trata-se do espírito das criaturas viventes, mas provenientes de


Deus e, neste sentido, equivale ao poderoso impulso de Deus, que dirige as
atividades do universo e do homem.

Tochas que andam. O Talmude faz uma comparação muito

adequada: "Como a chama que sai da boca de um forno." As rodas. Tkacik


afirma que "são o símbolo da mobilidade cósmica".

Circunferência. ... cheias de olhos: "É a presença de Deus que tudo vê:
existe pois uma orientação inteligente até nos mais insensitivos, mutantes e
volúveis elementos do

Universo. As rodas se movem no mesmo impulso que atua nas criaturas


vivas e que move também o profeta para
escutar e responder ao chamado de Jeová."

O firmamento. "É a abóbada sólida dos céus, onde foram fixados os corpos
celestes, e por cima da qual mora Deus, entronizado como Senhor do
Universo."

Águas poderosas. "Não é preciso recorrer aqui", diz o professor, "a


nenhuma idéia de luta mitológica entre os deuses pagãos e o abismo. Tal
como nos Salmos (XXIX), em que uma tormenta real se desencadeia sobre
o Mediterrâneo ('águas poderosas' ou 'águas imensas'), é símbolo do poder e
majestade de Deus, assim também sua presença se faz

patente através de suas criaturas."

Pairando sobre eles. "Falando estritamente, esta é a

teofania, mas não é o elemento central da convocação do profeta, como


ocorria no caso de Isaías. Jeová aparece não como um homem, e sim com a
'aparência de um homem'. A visão não manifesta a 'glória do Senhor', e sim
a 'semelhança da glória do Senhor'."

A glória do Senhor. "Além de que a glória do Senhor não esteja bem situada
na Babilônia, até que abandone Jerusalém, sua aparição aqui surge sem
preparação alguma. Auvray assinala que sempre que Jeová é apresentado na
Bíblia sob a aparência humana, sua glória não está presente, pois a glória é
representada habitualmente como uma nuvem de fumaça ou como fogo
redondo rodeado de fumaça, ou no templo..." Com todos os meus respeitos
para com este ilustre

representante da exegese bíblica, e para com aqueles da mesma opinião, as


"explicações" ou "interpretações" que oferece sobre a "visão de Ezequiel",
são dignas de um ingênuo colegial.

Enquanto lia estas dez hipóteses de trabalho — sempre respeitáveis e


discutíveis, desde que os teólogos não pretendam dogmatizar com elas —,
vieram-me à lembrança essas imagens tão famosas, captados em um remoto
rincão
da Polinésia: uns primitivos aborígines ainda na Idade da Pedra construíram
um avião com troncos e palha e

começaram a adorá-lo, na esperança de que os "deuses" que voavam nele


voltassem à terra. Aqueles homens

rudimentares — sem conhecimentos técnicos nem

conceitos e palavras suficientes e adequados — haviam tomado como


"deuses" procedentes do céu os aviões

americanos que sobrevoavam aquelas ilhas durante a

Segunda Guerra Mundial.

Pois bem, em minha opinião, e neste tema concretíssimo, não vejo grande
diferença entre estes selvagens polinésios e nossos teólogos e acurados
comentaristas bíblicos.

Por que Ezequiel não pôde escrever o que realmente viu? Por que não o
entendemos? Por que os exegetas não

conseguem "encaixá-lo" ou "rotulá-lo" como "algo"

conhecido ou com "senso comum"? Como já comentei

antes, quando isto acontece — e acontece muitas vezes na Bíblia, para


desconsolo desses estudiosos das Escrituras —, o fácil e erudito é
"apequenar o assunto", alegando "figuras retóricas", "poesia delicada", e
"exageros próprios de um gênero épico-literário".

Estas desculpas e explicações podiam e podem deixar ainda para lá de


tranqüilos a todos que não acreditam ou jamais depararam com o fenômeno
dos OVNIS. Mas são muitos os que, afortunadamente, já viram essas naves
ou dispõem de uma informação correta e suficiente. E, "casualmente", os
OVNIS de hoje — e de sempre — guardam uma demolidora

semelhança com as "rodas", as "nuvens luminosas", as


"colunas de fogo", os "carros voadores" e os "anjos"

mencionados sem cessar nas Sagradas Escrituras. Portanto, o que podemos


pensar de "interpretações" como as de Tkacik? Se estamos diante de outro
exemplo de "gênero literário", por que Ezequiel é tão exato na data da
primeira "visão"? Se não passava de simples "poesia", por que dia, mês e
ano? Segundo meu parco entendimento, isto nos situa — no

mínimo — diante de um fato "histórico".

Quanto ao "vento impetuoso que vinha do norte", e que parece preceder ou


acompanhar essa "nuvem", já tão

familiar aos investigadores, o que podemos pensar? Tratava- se de uma


tormenta, tal como expõem os exegetas?

Se estes estudiosos da Bíblia tivessem se dado ao trabalho de consultar


parte da vastíssima bibliografia OVNI encontrada em todo o mundo há mais
de 35 anos, teriam percebido que há testemunhos muito sérios nos quais
ventos bem

parecidos surgem também antes e durante as observações destes aparelhos.

Alguns anos atrás, enquanto fazia investigações na

Andaluzia, conheci um bom homem — Manuel Giménez

Junquera —, praticamente analfabeto, que me contou o

seguinte:

— Aquilo aconteceu durante a guerra civil. Eu era pastor e me encontrava


uma tarde em plena serra de Cádiz, em

companhia de outros rapazes, também pastores de cabras como eu. O tempo


era bom, e os animais espalhavam-se

pelo monte. De súbito, por volta do meio-dia, sentimos um forte vento e um


ruído muito penetrante. As cabras se espantaram e nós nos agachamos entre
os arbustos: sobre nossas cabeças passava um objeto redondo, parecendo de
cristal, que lançava fortes jorros de "ar" por sua parte inferior, levantando
uma grande poeirada à sua passagem. Parecia um redemoinho...

O OVNI — segundo me explicou Manuel com grande

plasticidade — tinha o formato de dois pratos de sopa, um contra o outro, e


muitas janelas a toda sua volta. Eram como
"olhos de boi", mas coloridos... E na parte mais alta tinha uma espécie de
chapéu cônico...

Após sobrevoar os assustados rapazes, a nave, de uns quinze metros de


diâmetro, foi pousar a pouca distância do lugar onde Manuel se encontrava.
E do OVNI desceram dois seres ("pareciam pessoas") de uma grande altura
e enfiados em velhas armaduras...

Depois de quinze minutos que pareceram séculos para

Manuel, os dois tripulantes voltaram para o interior da nave, que se elevou


em meio a um "forte redemoinho", de vento e poeira.

Também na década de trinta, outra testemunha viveu uma experiência


OVNI em que um forte e misterioso "vento"

acompanhava o deslocamento de uma destas naves.

Vejamos o que nos conta Paul Faiveley:

— Era o dia 14 de julho de 1934. Fazia duas semanas que eu me encontrava


na Inglaterra, nas imediações de Ringwood, região de Southampton.

"Aquele dia eu tinha ido à casa da Sra. Fraser, uma amiga, em companhia
de outros rapazes, também amigos. Durante a

manhã tínhamos assistido às aulas de inglês, e à tarde cavalgamos e nos


banhamos na piscina. Para se chegar à piscina é preciso vencer uns
quatrocentos metros e uma pequena colina, que não deixa ver a casa a partir
da piscina e vice-versa.

"Pois bem, eu havia tomado um banho naquela tarde, e

voltei à casa na hora da ceia. Depois, por volta das onze e meia da noite,
subi ao meu quarto e fiquei lendo um livro de Maupassant. Quando comecei
a sentir sono, decidi deitar- me. Tenho o costume de dobrar cuidadosamente
a roupa e guardar meus objetos pessoais antes de dormir, e assim o fiz. Foi
então que me dei conta da falta da carteira contendo as libras necessárias
para pagar meu aluguel. Pensei que talvez a tivesse esquecido em um dos
vestiários da piscina e, para tirar as dúvidas, vesti-me e, sem acordar Roy,
meu colega de quarto, saí até a piscina.

"Era uma noite escura. Assim, caminhei depressa até chegar ao vestiário.
Ali, de fato, estava a carteira. Mais tranqüilo, retomei o caminho que levava
à casa. Mal começava a subir a pequena encosta da colina quando notei que
a cerrada escuridão da noite desaparecia. Tudo ao meu redor se

tornava mais claro...

"Aquela sensação foi confirmada quando, de súbito, vi

minha própria sombra no solo. Minha sombra em plena

noite? Como podia ser? O que estava se passando?

"Aquela luminosidade dominou tudo. E era tão intensa que parecia como se
estivéssemos em plena manhã de julho.

Detive-me e olhei para trás. Mas eu estava certo de que atrás da piscina não
passavam estradas. Portanto, não poderiam ser os faróis de um carro. Além
disso, que carro seria capaz de projetar uma luz como aquela?

"Meus olhos fixaram-se então na 'fonte' daquela claridade: era um objeto


em forma de disco, que estava bem acima de mim. Lentamente, o aparelho
foi se deslocando até a casa. Ao seu redor havia um 'aro' de luz azul. Era
extraordinário! "Comecei a perguntar-me em voz alta: 'Mas o que é isto?
...'E ficava me repetindo, enquanto admirava aquela 'coisa' magnífica.

"Durante dois minutos, o OVNI ficou parado e radiante acima de mim.


Depois, conforme foi se afastando, o 'aro' azul foi enfraquecendo, até
desaparecer. Também a

luminosidade do disco foi empalidecendo, passando a um


tom amarelo e, por fim, ao começar a mover-se, se tornou vermelho. E
desapareceu, enquanto eu parecia ouvir o ruído do vento açoitando as
árvores. Mas era estranho, pois não ventava naquela noite...

Outra ocorrência de características semelhantes teve lugar na bela aldeia de


Burela, na província de Lugo. Recebi a primeira notícia do fato através de
meus amigos e vizinhos de Vitoria, Carlos Fernández Ormaechea, Joaquín
Márquez Iglesias, José Manuel González e Ricardo Campo

Antonanzas. Em uma de minhas visitas à Galícia, pude confirmar a solidez


da notícia.

Em 8 de junho de 1980, e durante as festas da citada aldeia galega, as


testemunhas — cuja identidade não estou

autorizado a revelar — já estavam deitadas. Eram entre duas e quatro da


madrugada.

De súbito, o casal foi despertado por um forte ruído, "como um vento muito
forte".

O marido se levantou para amarrar as tremulantes bandeiras com motivos


dos festejos e, ao abrir a janela, viu uma forte luz. Acordou sua mulher, e
ambos puderam contemplar o incrível espetáculo: "Era uma potente luz
procedente do oeste e que foi descendo pouco a pouco de uma altura de
duzentos ou trezentos metros, até colocar-se ao nível do mar."

A senhora não pôde dizer com certeza se o objeto estava sobre a superfície
da água ou se flutuava no mar. "O caso é que oscilava ao ritmo das ondas."
Segundo as testemunhas, tinha forma redonda e grandes dimensões. No
interior do OVNI via-se uma espécie de "raios", como os das bicicletas, que
dividiam o interior do objeto em seis partes. Cada uma dessas partes parecia
ter um foco de cor vermelha em seu interior.

— Também vimos uma série de "aspas" que saíam do centro do objeto,


estendendo-se radialmente.
As testemunhas se encontravam a uns trezentos metros do OVNI.

Transcorridos uns quinze minutos, o objeto, sem perder seu movimento de


balanço, começou a subir. Primeiro o fez com lentidão, para passar em
seguida a uma grande

velocidade. Conforme foi subindo, o OVNI — que podia ter o tamanho de


um avião de passageiros — mudou sua cor para um vermelho mais escuro
("Como o vinho."). Uma vez distanciado o aparelho, "o vento se acalmou".

Capítulo XII

Em Pozo Gutiérrez também viram a "roda" de Ezequiel. — Os maníacos


tentam disfarçar Deus a todo custo: mesmo que seja de "roda com olhos".
— Os exegetas classificarão de "esquizofrênico catatônico" o mestre-de-
obras que viu uma "roda com olhos" em Alicante? — Para que fazermos

rodeios? O caso de Ezequiel no rio Cobar foi um "contato de terceiro grau".

Como é possível que Ezequiel nos ofereça a descrição de um "vento


tempestuoso", prévio ou simultâneo à chegada da "nuvem com fogo
fulgurante", e outras testemunhas — 2.600 anos mais tarde — nos falem
também, em seus

"contatos" com OVNIS, de "ruído como de um forte vento", de


"redemoinhos", ou de "vento açoitando as árvores"? Não é demasiada
casualidade pensar—como afirmam os

comentaristas bíblicos — que o profeta estava "enaltecendo" ou


"adornando" o texto sagrado?

Não é mais lógico deduzir — à vista do que sabemos na


investigação ufológica — que Ezequiel viu uma nave — que confundiu
com uma nuvem —, em cujo interior viajavam

vários tripulantes?

Quando alguém lê atentamente a longa e minuciosa

passagem do livro de Ezequiel, não pode senão surpreender- se ante a


formidável semelhança do que descreve o profeta e o que hoje nos contam
as testemunhas dos OVNIS.

"Rodas..."? "Uma roda dentro de outra roda..."? "Aros cheios de olhos ao


seu redor..."?

— Mas, santo Deus! O que é tudo isto? Só neste século... para não falar de
épocas anteriores... os testemunhos de pessoas que viram voar e aterrissar
objetos com essa forma de "roda" se contam aos milhares. Dispomos
também de

fotografias e películas precisas e irrefutáveis...

Não faz muito tempo, em outra de minhas investigações atrás dos OVNIS,
cheguei a uma região remota chamada

Pozo Gutiérrez, encravada a poucos quilômetros de Islã Cristina, na


província de Huelva. Segundo algumas notícias, ali vivia um casal idoso
que, no Natal de 1980, havia tido um interessante "esbarrão" com um
OVNI. E, numa calorenta manhã de julho, cheguei ao caiado e solitário
casebre de Manuel Álvarez Barroso.

Com efeito, minhas informações eram corretas. O camponês e sua mulher


— Purificación Nieves Álvarez — me

relataram com toda simplicidade como na noite de Natal do citado ano,


enquanto preparavam a ceia tradicional, "algo" sumamente estranho
apareceu a poucos metros da pequena casa. Nenhum dos dois tinha ouvido
falar de OVNIS. E mais: creio que jamais chegaram a ler uma só linha
sobre este tema. E uma das provas do que digo surgiu ao longo da conversa:
em nenhum momento falaram ou se referiram a "OVNIS" ou a "discos
voadores". Para a amável anciã, que foi a primeira a descobrir o objeto,
"aquilo" era uma "roda" de cor vermelha, "como a vela"...

— Não a vimos chegar — comentou Purificación. — Eu

estava preparando uns lagostins e, ao chegar à porta, a vi junto aos


eucaliptos. Era bonita e com umas "palmeiras" no alto...

Nesse momento, ao ver a roda em frente à casa, Purificación Nieves


chamou seu marido.

— A princípio achamos que se tratava de ladrões, que

vinham roubar laranjas...

Manuel Álvarez me apontou um laranjal, situado entre a casa e o pequeno


bosque de eucaliptos. As laranjeiras estavam a pouco mais de cinqüenta
metros da orla do

bosque, onde a "roda" se posicionou.

— Mas a "vela" — prosseguiu o ancião — não soltava

fumaça. Isso nos pareceu estranho. E tampouco vimos

alguém ao seu redor. Era muito estranho...

Quando, em presença de Raquel Forniés, minha mulher, e Aurélio Biedma,


professor em Islã Cristina, que me

acompanhavam naquela oportunidade, insisti sobre a forma do objeto, as


testemunhas se mantiveram em sua primeira descrição:

— Tinha forma de roda. Permaneceu quieta a pouco mais de dois ou três


metros do solo.

O OVNI permaneceu imóvel e silencioso ante os olhos


atônitos do casal pelo espaço de uns quinze minutos. A anciã entrava e saía
("para que os lagostins da ceia não se queimassem no fogão"), e a "roda"
continuava ali, a uns duzentos metros da casa.

— Os cachorros só começaram a latir forte quando "aquilo" desapareceu.

O "espetáculo", para o qual o casal não tinha explicação


alguma, encheu os velhos de assombro e de uma estranha

"alegria". Purificación, com uma linguagem clara e simples, me explicou


que "as palmeiras que levava em cima tinham a cor do ouro... Era muito
bonito".

É clara a analogia entre este caso, em pleno século XX, e alguns dos
testemunhos bíblicos (incluído o de Ezequiel). É curioso observar como, em
1980, testemunhas carentes de luz elétrica e televisão, que não lêem sequer
os jornais e que, definitivamente, mantinham 37 anos de isolamento quase

total, ignorando tudo sobre o fenômeno OVNI, descrevam

uma dessas naves com as mesmas palavras que os homens de três mil anos
atrás...

Isto me dá segurança e confiança no que expus: se os

testemunhos são iguais, e se o casal de Pozo Gutiérrez não mente, como


creio, é evidente que o profeta Ezequiel

tampouco estava "inventando". E o mais importante: estou certo de que


Ezequiel nos conta a aproximação e a

aterrissagem de uma nave espacial com as expressões de que era capaz.


Algo tremendamente similar ao fenômeno

ocorrido com o casal de Huelva. Se Purificación e Manuel Álvarez não


tinham conhecimento do que era um OVNI,

com suas luzes, forma circular ou esférica e sua estrutura metálica, como
podiam defini-lo? Simplesmente, com a

imagem mais "próxima" ou "familiar": a da roda.

E o que podemos dizer dessa outra formidável expressão de Ezequiel: "Seus


aros eram de uma altura assombrosa,
guarnecidos de olhos em toda a sua volta"?

Já vimos que a interpretação do "mestre" Tkacik discorre por outros


caminhos: "... na presença de Deus, que tudo vê..." Simplesmente absurdo.
Será que Deus precisa "disfarçar-se" de roda cheia de olhos para ver os
frutos de sua criação? Às vezes tenho mais dúvidas terríveis: esses exegetas
e teólogos acreditarão no que escrevem? Ou estarão zombando de nós? Não
é mais racional que esses "olhos" sejam na verdade

janelinhas ou luzes que giram nos "aros" ou bordas das

"rodas", ou naves circulares? Se naquela época não existia ainda a luz


elétrica, e muito menos artefatos metálicos capazes de voar, que outra coisa
podiam pensar as

testemunhas?

Não vou entediar o leitor com as centenas de casos de

OVNIS "com janelinhas" que são vistos e fotografados

mundo afora. (Recordo agora mesmo, por exemplo, a

espetacular seqüência em cores de P. Villa, no Novo

México, Estados Unidos.) Vou me referir unicamente àquele mais atual —


um avistamento protagonizado por um técnico tão qualificado como um
mestre-de-obras e no qual uma

dessas naves, de uns vinte metros de diâmetro, permaneceu por cinco


minutos a 150 metros das assombradas

testemunhas.

O fato aconteceu na noite de 15 de agosto de 1982, em um camping


chamado Palm-Mar, nas proximidades de

Guardamar, no Alicante. Vicente Ruiz Lacasa, sua esposa e suas duas filhas,
de cinco e oito anos, acabaram de
preencher as fichas de inscrição no mencionado camping e dispunham-se a
procurar um bom lugar para estacionar a

caminhonete. Mas deixemos que o próprio Lacasa nos conte o ocorrido:

— Foi ao anoitecer. Antes das nove e meia. Estávamos

procurando um local onde estacionar, quando minha

mulher percebeu algo estranho a sua direita, com uma série de clarões.

E pensou em voz alta: "Parece um OVNI." Eu me espichei

no assento, olhei e, realmente, ali estava "aquilo".


Nos desenhos feitos pela própria testemunha, o mestre-de- obras Vicente
Ruiz Lacasa, podemos apreciar a forma, movimento e situação do OVNI.
Não teria sido esta nave confundida com uma "roda cheia de olhos" quando
foi vista pelo profeta Ezequiel?

"Podia ser visto com toda clareza, pois ainda restava um pouco de luz.
Tinha forma circular e aspecto metálico escuro, de uma cor parecida com o
bronze. Em sua borda, de uma certa largura, tinha o que a princípio
pareciam luzes amarelas intermitentes e outras iguais que percorriam toda a
borda, da esquerda para a direita. Tinha outra luz maior e fixa na parte
superior.

"Mais tarde... o avistamento durou quase cinco minutos... vimos com


clareza que a borda era constituída por uma série de janelas retangulares,
umas com luz e outras não, que giravam em sentido contrário ao ponteiro
do relógio. Daí a sensação de luzes piscantes e em movimento.

"Estava a uns cento e cinqüenta metros de distância e a uns cem metros de


altura. Sou mestre-de-obras e,

obrigatoriamente, tenho uma idéia exata das medidas e proporções.

"Seus movimentos, sem contar o giro sobre si mesmo, eram como um lento
balanço de um lado a outro, inclinando-se um pouco para logo voltar à
posição horizontal, sempre na mesma altura. Dava a sensação de que
flutuava...

"O tom das luzes era forte, mas não deslumbrava nem era excessivamente
brilhante. Açor era amarela, puxando um pouco para o dourado.

"Em nenhum momento emitiu qualquer ruído ou som.

"Ao final, o objeto se elevou um pouco na vertical e

começou a afastar-se com lentidão, girando com um leve balanceio. Fomos


perdendo pouco a pouco a intensidade das luzes e, de súbito, o objeto se
esfumou e desapareceu. Devo acrescentar que a noite era estrelada e nítida,
com ausência de nuvens ou brumas.

"Como pode imaginar, ficamos estupefatos depois daquilo. Não tenho fotos,
pois não a câmera à mão e porque pensei que com tão pouca luz nada sairia
perfeitamente definido... "Fizemos rapidamente um desenho do que
havíamos visto, reunindo as apreciações de todos. Também pedimos às

meninas que desenhassem 'aquilo'.

"Por comparação com objetos e coisas circulares

conhecidos, concluímos que a nave tinha um diâmetro de uns vinte metros.

"Entre as pessoas no camping não se produziu nenhuma

agitação porque a essa hora a maioria delas estava vendo televisão. Só se


viam pequenos grupos de pessoas, que se aperceberam do fenômeno entre
os claros do arvoredo ali existente...

Por sorte de todos, este avistamento e sua preciosa descrição tiveram como
protagonistas duas pessoas cultas e com

considerável bagagem de conhecimentos. Isto permitiu-lhes compreender


que estavam diante de uma máquina estranha, mas, afinal de contas, uma
nave. Uma máquina circular, com janelinhas que ao girar davam a sensação
de luzes

intermitentes. O que teria acontecido se este mesmo OVNI aparecesse ante


pessoas como Ezequiel ou monges do século XVI? Provavelmente teriam
caído de rosto na terra e o descreveriam como uma "roda com olhos a sua
volta". E o mais certo é que a maioria de seus contemporâneos — como
ainda acontece na atualidade — os teriam tachado de

"loucos", "esquizofrênicos catatônicos", ou "alucinados".


Capítulo XIII

Um engenheiro da NASA reconstrói a nave de Ezequiel. — Blumrich: sim,


mas não. — Um misterioso "aperitivo" antes de penetrar na nave. — Joe
trocou um jarro de água por quatro "bolachas" extraterrenas. — Teria
Ezequiel sofrido os efeitos da gravidade? — Jesus também falou de "carros
luminosos".

Em outro parágrafo do livro de Ezequiel, este se refere a um "firmamento"


muito pouco comum. Apesar da extrema

clareza com que descreve sua possível natureza — "como de portentoso


cristal, estendido por cima de suas cabeças" —, alguns escrituristas, como o
afamado Sr. Tkacik, opinam que tal firmamento deve ter sido tomado como
a "abóbada sólida dos céus, por cima da qual mora ou habita Deus...". O
professor e teólogo de antanho está empenhado em derrubar a reputação do
pobre Ezequiel, classificando-o com este comentário de pouco menos que
um débil mental. Se

Ezequiel era sacerdote e, conseqüentemente, era de se supor que tivesse


recebido um mínimo de instrução, não saberia distinguir o verdadeiro
firmamento e "algo" como um

portentoso cristal que, além disso, estava acima das cabeças dos "viventes"?

Por outro lado, desde quando Deus habita "acima da abóbada sólida dos
céus" e não "abaixo"? Sempre acreditei que a Grande Força estava em toda
parte. Pelo menos foi isso que aprendi nas aulas de religião... A
interpretação seguinte de Tkacik — intimamente ligada à anterior —,
tampouco é desperdiçada. Assim diz o versículo 26: "Por cima da abóbada
que estava sobre suas cabeças, havia uma espécie de trono, como uma pedra
de safira; sobre esta espécie de trono, estava sentada uma silhueta humana.
Vi que possuía um fulgor vermelho, como se banhada em fogo, do que

parecia ser sua cintura para cima; e daí para baixo, vi como um fogo que
lançava clarões ao redor."
Como se entende isto? Se partimos da base em que o profeta estava diante
de uma ou várias naves, com seus "astronautas" ou "viventes" dentro e fora
delas, e se estes tripulantes apresentavam até quatro aspectos diferentes, não
podia ser que Ezequiel não conseguisse distinguir com clareza a forma
daqueles seres, exatamente por causa de seus trajes e escafandros espaciais?

Certamente, e mesmo que os representantes da Igreja e da exegese bíblica


me tachem de louco ou de fantasioso, a "visão" de Ezequiel foi, em minha
opinião, um completo "contato de terceiro grau", como se chamam agora as

observações próximas dos OVNIS e de seus "pilotos". A prolixa descrição


do profeta não deixa lugar a dúvidas. Mas nesta ocasião não serei eu quem
irá entrar em detalhes sobre tal nave. Prefiro dar a palavra a uma pessoa
muito mais qualificada: Joseph F. Blumrich, austríaco radicado nos Estados
Unidos e engenheiro-chefe do escritório técnico de construção de projetos
da NASA.

"Os quatro seres viventes tinham feições de homem", explica

Ezequiel. É muito provável que o profeta confundisse os escafandros,


antenas e tubos de oxigênio com "caras de touro, águia e leão".
Blumrich é autor de inúmeros estudos técnicos sobre naves espaciais e, em
conseqüência, uma pessoa idônea. Pois bem, este engenheiro levou a cabo
um das mais ousadas e sólidas interpretações da "visão divina" de Ezequiel.
Em sua opinião, e depois de não poucos estudos, baseados sempre na

descrição do livro sagrado, o que o profeta viu às margens do rio Cobar foi
um módulo de aterrissagem, procedente de uma nave-mãe. Este módulo
constaria de três partes ou sistemas:

1º. O corpo principal, semi-esférico em sua metade superior e com uma


ponta (como um "pião") na inferior.

2º. A cápsula da tripulação, situada na parte superior do corpo principal.

3º. Os quatro "helicópteros" com pernas que lhes serviam de apoio.

Segundo o engenheiro da NASA, "o corpo principal da nave tem a forma


imposta pelas exigências aerodinâmicas. O vôo do espaço sideral à Terra,
através da atmosfera, começa a uma velocidade de 34 mil quilômetros por
hora, e esta aumenta segundo as exigências da viagem. Logo vai

diminuindo, até estabelecer contato com a terra. A ponta em forma de 'pião'


da zona inferior marca ou assinala o rumo na descida, ou seja, a direção de
vôo ao longo de um eixo principal. O corpo principal da nave fica situado
entre os helicópteros que o sustentam, e que Ezequiel confundiu com seres
viventes".

A nave sideral vista por Ezequiel, segundo a reconstituição feita por


Blumrich, possuía um sistema de conexões, em forma de coluna, entre o
corpo principal e os citados "helicópteros".

A nave deveria conter foguetes direcionais, com seus

correspondentes depósitos de combustível (cilíndricos ou esféricos). Na


parte inferior do cilindro ficava um

compartimento para a roda retrátil. Por outro lado, uns braços mecânicos
teriam sido dispostos no mesmo cilindro, de forma que os tripulantes
pudessem operar no exterior sem necessidade de sair do veículo.

"O rotor", explicou o engenheiro, "constaria de quatro pás que, em estado


de repouso, poderiam dobrar-se em partes até em cima ou até embaixo (não
se trataria das 'casas* mencionadas por Ezequiel). Assim se evitariam os
golpes de ar muito violentos."

Esta breve "interpretação" de Blumrich foi igualmente ridicularizada por


alguns setores "tradicionais" (não sei se "reacionários") da Igreja católica.
Pessoalmente, acho que o engenheiro da NASA não soube o que dizer. E
mais,

respeitando a essência de sua interpretação — quer dizer, que Ezequiel


esteve diante de uma nave sideral —, creio que o americano "traduziu" o
relato bíblico a uns termos

técnicos e aerodinâmicos, demasiado "caducos" e mais

adequados à nossa navegação aérea ou espacial que a de uns seres que


poderiam ter milhares ou milhões de anos de vantagem sobre nós. Por
exemplo, não creio que a nave necessitaria de "helicópteros" nem tampouco
de "foguetes direcionais" ou "depósitos de combustível". Que eu saiba, não
há uma só descrição atual de OVNIS parecida com a efetuada pelo técnico
da NASA. Inclino-me mais pela

hipótese de que Ezequiel viu uma nave relativamente

grande, acompanhada de outras menores, e das quais

desceram vários "astronautas" com seus respectivos trajes espaciais, e


talvez grandes sistemas de autopropulsão. Daí, possivelmente, a descrição
dos seres de quatro rostos e das rodas com olhos.
O que teriam pensado os pescadores do século XVIII ou a população
ribeirinha do Tâmisa à época de Ricardo Coração de Leão se tivessem visto
emergir das águas a figura de um homem-rã?

Contudo, esta possibilidade de "astronautas" equipados com escafandros às


margens do rio Cobar me faz pensar também que nesse "grande plano" da
redenção humana devem ter tomado parte seres de origem diversa. Alguns
— talvez a minoria — necessitavam de equipamentos especiais para
respirar em nossa atmosfera. Isto poderia explicar o fato de que os
"astronautas" que se aproximaram de Ezequiel

usassem capacetes. Naturalmente, não creio que a

participação de seres com dificuldades para andar sobre a superfície


terrestre fosse muito numerosa, mas, ainda assim, o maravilhoso "grande
plano" da divindade não teria por que ter sofrido alguma perda. Pelo
contrário...

Mas as venturas e desventuras de Ezequiel não terminaram com a


aproximação e a aterrissagem daquelas naves. Além disso, quem podia
imaginar que seria "convidado" a tomar um "aperitivo"?

Primeiro Era Preciso Tranqüilizar Ezequiel

Brincadeiras à parte, o profeta Ezequiel foi um dos poucos "eleitos"


alimentados pelos "missionários-astronautas". Tal como expus em meu
livro Os Astronautas de Jeová, também Maria recebeu uma dieta especial
durante sua infância. Assim nos contam os evangelhos apócrifos de Mateus,
Tiago e o livro Sobre a Infância de Maria Era mais do que lógico, se
considerarmos que a menina devia conceber um ser tão especial como
Jesus.

Mas no caso de Ezequiel este alimento — ou o que fosse — pode encerrar


outros desígnios. Façamos uma análise do texto bíblico. Quando o profeta
caiu de rosto na terra, morto de medo diante das naves que acabavam de
aterrissar junto a ele, o "homem" que se encontrava no alto da "abóbada" ou
cúpula transparente — e que, sem dúvida, era um dos
"astronautas"— lhe dirigiu a palavra, dizendo:

"'Filho do homem, põe-te de pé que vou falar-te.' E,

falando-me, entrou dentro de mim o espírito, que me pôs de pé, e escutei ao


que falava."

Paremos um instante o relato. Claro está que os "astronautas" tinham que


começar por tranqüilizar o "eleito", se realmente não queriam que morresse
ali mesmo de um ataque

cardíaco. Hoje dispomos de alguns casos similares, nos quais as


testemunhas — pelos procedimentos mais insuspeitados: raios de luz,
telepatia, possível hipnose etc. — parecem "encher-se" de uma paz e de um
sossego pouco freqüentes. Essa tranqüilidade, totalmente artificial, procede
do OVNI ou dos tripulantes que estão diante das testemunhas. (O próprio
"anjo da anunciação" tem sumo cuidado, e suas primeiras palavras a Maria
são para tranqüilizá-la.)

Portanto, nada demais que os "astronautas" que desceram diante de


Ezequiel procurassem primeiro acalmar o ritmo cardíaco do futuro profeta
ou "porta-voz" e tenham-lhe "introduzido" o "espírito", que acabou pondo-o
de pé. Esse "espírito" — como já terá adivinhado o leitor — poderia ser um
facho de luz ou uma radiação, capazes de conter, por exemplo, as descargas
de adrenalina.

E, uma vez tendo-o acalmado, o "astronauta" que estava no interior e na


parte mais alta da nave, e que se dirigia a Ezequiel através de um sistema de
alto-falantes, prosseguiu com uma mensagem:

'"Filho do homem, eu te mando aos filhos de Israel, a essa


nação rebelde, que se rebelou contra mim; eles e seus pais vêm pecando
contra mim até este dia. É a esta gente de testa dura e coração insensível
que te envio. Dize-lhes: 'Assim diz o Senhor, Jeová.' Quer te ouçam ou não,
pois são gente rebelde, pelo menos saberão que há um profeta entre eles.
Tu, filho do homem, não os temas nem tenhas medo dos

seus intentos, conquanto estejas entre moitas de abrolhos e de espinhos e


vivas entre escorpiões, não te deixes intimidar por suas palavras e atitudes,
porque é uma raça rebelde. Tu lhes transmitirá meus oráculos, quer te dêem
ouvidos ou não; é uma raça pertinaz. E tu, filho do homem, escuta o que te
digo: não sejas também rebelde, como essa raça de rebeldes. Abre a boca e
come o que te vou dar.' Olhei e vi avançando para mim uma mão, que
segurava um manuscrito enrolado. E foi desdobrado diante de mim; estava
escrito dos dois lados: eram lamentações, queixumes e gemidos.

'"Filho do homem, come este rolo que aqui está e, em

seguida, vai falar à casa de Israel.' Abri a boca e ele mo fez engolir. 'Filho
do homem, nutre teu corpo, enche teu

estômago com o rolo que te dou.' Então o comi, e era doce na boca, como o
mel."

A primeira parte do "discurso" do "astronauta" vem

confirmar o que já assinalei no capítulo de Abraão em

relação com a possível "longevidade" destes seres. Não são Deus, mas sua
avançada tecnologia os faz desfrutar de uma média de vida infinitamente
mais prolongada que a nossa. Isto lhes oferecia a possibilidade de realizar
planos a longo prazo. Contudo, como neste caso, o povo "eleito" nem

sempre reagia corretamente e segundo o "previsto". Havia retrocessos até a


idolatria, revoltas contra os "eleitos" e profetas de Jeová e fraquezas muito
características do ser humano... Por isso o "astronauta" que se dirige a
Ezequiel previne-o: "... e quer te ouçam ou não, pelo menos saberão que há
um profeta entre eles". A "equipe" se esforçava e fazia o possível, mas não
podia atentar contra a liberdade individual de cada hebreu...

Na segunda parte da mensagem, o "anjo-missionário" já

desce, em minha opinião, a um terreno mais prosaico, e oferece a Ezequiel


um "rolo". Na versão da Bíblia de

Jerusalém, a tradução é um pouco mais precisa, embora, em essência,


queira dizer o mesmo:

'"Abre a boca e come isto que te dou.' Olhei: vi uma mão que se estendia
para mim, trazendo um pergaminho

enrolado. Este foi desdobrado diante de meus olhos: estava escrito no verso
e no anverso: lamentações, gemidos e

queixas."

Ezequiel, ainda atônito pelo que está passando e vivendo, desconfia e,


curiosamente, "olha" antes de abrir a boca, tal como lhe ordena o
"astronauta". (Algumas vezes tenho me perguntado o que teria acontecido
se Ezequiel — como

alguns meninos teimosos — se tivesse recusado abrir a

boca...) E o profeta utiliza um similar acessível à sua inteligência para


descrever o "aperitivo": um "rolo" ou "pergaminho enrolado". Naqueles
tempos, e ainda durante muitos séculos mais, os livros não tinham o aspecto
que conhecemos na atualidade. Eram rolos de couro, de pele ou de natureza
vegetal. Não creio que os "astronautas" o

forçassem a comer um rolo ou pergaminho enrolado, no

sentido literal. (O pobre Ezequiel teria enorme dificuldade para digeri-lo.)


Com toda a certeza, a "equipe" deu ao profeta algum elemento
perfeitamente comestível, embora em
forma de rolo. Daí a confusão de Ezequiel. Outra questão é porquê ou para
quê...

Para alguns exegetas que se atreveram com esta curiosa


passagem da Bíblia, e principalmente Tkacik, "comer o rolo deve ser
interpretado como uma experiência religiosa

interior, que descreve graficamente o ato do profeta

recebendo um conhecimento profundo da relação

estabelecida pela aliança entre Deus e o povo".

Quanto às estranhas inscrições que o profeta diz ver em

ambos os lados do "livro enrolado", Tkacik continua

especulando e afirma.

"Lamentação: no rolo aparecem unicamente 'lamentação e

queixumes'. Esta lamentação é a totalidade da mensagem que trai este


profeta, pois um profeta que prevê a paz é

suspeitoso. 'Come este rolo' — conclui o teólogo — é o

gesto que simboliza a assimilação por Ezequiel da mensagem divina, de


forma que todo o seu ser fique penetrado por ele e o seja como um tormento
até que o expresse."

Pela enésima vez sinto estar em total desacordo com os

prestigiosos e ilustres exegetas católicos. Estas interpretações me parecem


muito mais dementes e "etéreas" que as

minhas, digo com todo o respeito...

Por que Ezequiel — pelo que sabemos — é o único profeta

ao qual "Jeová" proporciona um alimento físico e tangível, "com gosto de


mel"? Se esse "rolo" que o "eleito" ingeriu tivesse a finalidade e o sentido
que Tkacik quer dar, o lógico é que também os demais profetas o tivessem
provado.

Meu critério é diferente. Das duas uma: ou Ezequiel não se achava muito
bem de saúde e aquele "aumento" contivesse

um remédio puramente curativo ou preventivo, ou a

iminente viagem a que seria submetido aconselhava a que o profeta


recebesse um tratamento especial, objetivando, por exemplo, anular a
gravidade "positiva" que estava a ponto de experimentar, tal como veremos
em seguida... Tio simples assim.

Uma "Bolacha" com Gosto de Papelão

Mas antes de entrar no "rapto" ou "arrebatamento" por parte dos


"astronautas", quero apresentar um dos poucos casos de que tive
conhecimento no qual os tripulantes de um OVNI também ofereceram um
"alimento" a um ser humano. Como o leitor comprovará de imediato, o
sentido ou finalidade da entrega das bolachas à testemunha do século XX
não foi o mesmo que aquele protagonizado por Ezequiel. Eram outros
tempos e circunstâncias. Mas, pelo menos, deixou a certeza de um ato
físico, "gêmeo" em seu desenvolvimento ao

registrado há quase 2.600 anos.

Coral Lorenzen investigou o ocorrido em 18de abril de 1961 no Wisconsin,


Estados Unidos, e diz textualmente "que este deve ter sido um dos casos de
OVNI mais polêmicos dos anos sessenta". Os fatos ocorreram assim:

"Até as onze da manhã do dia mencionado, Joe Simonton, residente perto


de Eagle Ri ver, então com sessenta anos, presenciou a descida de um
OVNI no pátio de sua granja. Foi surpreendido primeiro por um estranho
ruído — 'como procedente do alto' — e se aproximou da janela. Sua

surpresa foi enorme ao ver um objeto prateado que baixava na vertical até
pousar no pátio.
"Joe se aproximou do OVNI sem temor algum e viu uma

escotilha se abrir na parte superior. No interior do objeto havia três seres de


aspecto humano e de tez escura. Um dos tripulantes lhe estendeu então uma
jarra, também prateada, com duas alças, e gesticulou indicando a Joe que
queria beber. Sem pensar duas vezes, Joe pegou a jarra, encheu-a de água e
a devolveu ao tripulante da nave.

"O granjeiro de Eagle River aproveitou a ocasião para xeretar


no interior do aparelho e viu outro 'homem' que parecia 'cozinhar sobre um
fogão sem fogo. Junto à grelha — ou lá o que fosse — observou vários
pequenos objetos ou peças perfuradas, parecidos com as bolachas que
acompanham um chá. Quando o corajoso Joe Simonton perguntou, sempre
através de sinais, se lhes podiam dar uma daquelas bolachas, um dos pilotos
lhe ofereceu quatro.

"Em seguida, o objeto decolou num ângulo de 45 graus e desapareceu em


questão de segundos. Ao elevar-se, os pinheiros situados na direção tomada
pelo OVNI se

vergaram.

"Claro está que, uma vez divulgada a notícia, os centros de investigação dos
Estados Unidos se lançaram como abutres sobre as 'bolachas'. A NICAP de
Washington conseguiu obter uma delas, bem como o inefável Dr. Hynek. A

terceira foi comida pelo seu legítimo proprietário, Joe Simonton —, que
guardou a última como recordação.

Segundo ele, tinha gosto de papelão.

"Após uma ruidosa publicidade em torno do incidente, a NICAP declarou


que o caso se tornara sensacionalista e que se recusava a fazer uma análise
da bolacha.

"Mas o APRO — outra organização não-governamental para a investigação


dos OVNIS — levou a cabo uma análise da bolacha e declarou 'que era de
farinha de milho e de trigo, entrando também em sua composição outros
ingredientes comuns'. Contudo, os especialistas não puderam determinar a
origem exata do trigo utilizado."

Ezequiel "Viajou" Mais Além do Rio Cobar

Uma vez advertido Ezequiel sobre o que devia dizer a seus concidadãos
deportados, e enquanto esteve mastigando o misterioso "rolo" com gosto de
mel, os "astronautas" o introduziram na nave e o "arrebataram" daquele
lugar, transportando-o até o rio Cobar. Portanto, trata-se de outro caso de
"rapto" temporário, com "viagem aérea" incluída. Se não o selecionei para o
capítulo dos "arrebatados" — Elias, Enoque, Maruque e Filipe — foi
precisamente por essa

singularidade que diferencia o encontro de Ezequiel de todos os demais: o


enigmático "livro enrolado" que teve de comer antes de penetrar na nave.
Algo me diz que o profeta sofria de alguma doença ou transtorno (físico ou
mental), que obrigou a "equipe" a medicar o novo "eleito". (Mas este é
outro "labirinto" no qual, insisto, não devo me aventurar agora.)

E Ezequiel por fim entrou, ou foi introduzido—porque isto tampouco está


claro no texto sagrado — no OVNI:

"Então", diz o livro de Ezequiel, "o espírito me ergueu e ouvi atrás de mim
o ruído de uma grande trepidação—

'Bendita seja a glória de Jeová, no lugar onde esteja' —, o ruído que faziam
as asas dos seres ao bater uma nas outras, e o ruído das rodas junto a eles,
ruído de grande trepidação. E o espírito me levantou e me arrebatou; eu ia
amargurado com queimação de espírito, enquanto a mão de Jeová pesava
fortemente sobre mim. Cheguei no local dos deportados de Tel-Abib que
residiam junto ao rio Cobar — era aqui que eles moravam —, e permaneci
por sete dias, aturdido no meio deles."

A descrição do profeta não poderia ser mais clara. O

"espírito" — ou seja, a "força" da nave — ergueu-o do solo e Ezequiel


ouviu o bramido que o objeto provocava ao

decolar. Não costuma ser muito freqüente os OVNIS atuais aterrissarem ou


se elevarem com grandes explosões ou

rugidos, mas ocorreram alguns casos... Não me parece raro,


portanto, que o profeta sentisse ou escutasse tais vibrações ou sons, assim
como o bater das "asas" e o ruído das famosas "rodas".

Ato contínuo — sempre de meu ponto de vista como

investigador do fenômeno dos "não-identificados" —,

Ezequiel faz um comentário que agora, somente agora, a

partir da conquista do espaço, podemos compreender com

certa segurança...

"... eu ia amargurado com queimação de espírito, enquanto a mão de Jeová


pesava fortemente sobre mim".

Essa "amargura" pode ser interpretada como um mal-estar ou como


angústia (ou talvez um misto das duas coisas),

conseqüência do forte choque que Ezequiel sofria.

Tampouco podemos perder de vista a possibilidade de que o "rolo"


comestível tivesse começado a fazer efeito no

organismo do sacerdote

Mas, em minha opinião, a frase-chave é a última. Ezequiel nos diz que "a
mão de Jeová pesava fortemente sobre ele". E nos conta isso, justamente no
momento em que a "glória de Jeová se elevava do seu lugar", segundo a
tradução de Nácar e Colunga da mesma passagem. Agora, insisto, e só
agora, quando sabemos o que é a força da gravidade [positiva] * que
experimentam os astronautas, os pilotos ou os simples

passageiros de um avião nos momentos da decolagem,

podemos entender o texto de Ezequiel com alguma

probabilidade de êxito.
De que forma poderia o profeta ter descrito a força de

gravidade no momento da decolagem da nave? Para mim, o

similar utilizado é tão brilhante como plástico.

Ao aceitar este fato, outra dúvida me assalta

automaticamente: essa violenta decolagem — com todo o

alarde de força — era o prelúdio de uma viagem muito mais longa e


"intensa" do que nos conta o profeta? Seguindo o fio da lógica — e
aceitando que nossa "lógica" tenha algo a ver com a destes seres do espaço
— os "astronautas" não teriam necessitado de "força de empuxo" para
transportar o "eleito" a poucos metros ou quilômetros. (Não esqueçamos
que a

ação transcorre sempre junto ao rio Cobar.) Como se

entende então que a nave pegasse Ezequiel às margens deste afluente do


Eufrates para deixá-lo no lugar onde acampavam os deportados, no mesmo
rio Cobar? Não faz muito

sentido... E quando arrisco que a nave podia estar

empregando uma "grande força de empuxo" é exatamente

tendo por base essa formidável trepidação e a eloqüente descrição da força


de gravidade feita por Ezequiel. Conforme a classificação da medicina
aeronáutica, o "raptado" devia estar experimentando naqueles instantes três
ou quatro "g". Essa velocidade inicial de uns 40m/seg. cada segundo só
podia justificar-se ante um projeto ou "plano de vôo" muito mais complexo
que um simples "salto" até o acampamento

dos conterrâneos de Ezequiel. Uma "viagem" até a

estratosfera, por exemplo...


Nesta suposição, os trajes espaciais dos "astronautas" estariam plenamente
justificados, anulando então minha hipótese

anterior: que se tratava de seres com dificuldades

respiratórias dentro de nossa atmosfera. Exatamente quando nossos pilotos


e astronautas são submetidos a velocidades de dois ou três "g" (e com mais
razão ainda se ultrapassam esses limites), tornam-se imprescindíveis os
chamados trajes

"anti-g", que dispõem de mangas e capas infláveis de

borracha, parecidas com aquelas usadas para medir a pressão arterial.


Automaticamente exercem uma pressão sobre as

pernas, panturrilhas e região abdominal, atuando quando a sobrecarga se


eleva acima de dois "g" positivos (Ezequiel,
nesta decolagem, deve ter experimentado gravidade

positiva.)

*Foram feitos testes com determinados trajes — utilizados exclusivamente


pelos astronautas e sempre em posição

horizontal — que suportaram até onze "g" em três minutos. O profeta não
diz nada sobre essa possível e longa viagem, mas tampouco é bastante
explícito na hora de detalhar o que viu dentro da nave que o transportava. A
não ser, claro está, que caísse inconsciente ou que tivesse sido adormecido
intencionalmente pelos "astronautas". É muito estranho que, durante sua
viagem, o profeta permanecesse "aturdido"

durante sete dias. O que realmente teria ocorrido com ele? E por que esse
aturdimento? Teria recebido uma ordem pós- hipnótica—como tem
ocorrido hoje em dia com muitos

"seqüestrados" por OVNIS — para que não se lembrasse de onde havia


estado e o que lhe haviam feito? Ezequiel pôde ser analisado, tal como
vimos no capítulo dos "raptados"? E, em tal caso, por quê? O "rolo" que lhe
deram para comer podia ter algum vínculo com essa suposta "exploração

médica"? Quando alguém lê os capítulos seguintes do texto sagrado, nos


quais o profeta é submetido a um estranhíssimo tratamento médico, com um
severo regime alimentar

incluído, tudo parece indicar essa hipótese...

Deixarei que o próprio leitor tire suas conclusões.

E para encerrar este superficial relatório sobre as "rodas voadoras" e os


"carros de fogo" que utilizaram — e

continuam utilizando — os "astronautas de Jeová", quero trazer à luz um


remoto e quase perdido parágrafo de outro evangelho aprócrifo: o chamado
“História de José, o
Carpinteiro”, que, sinceramente, me deixou perplexo. No capítulo XXVIII
do citado texto, Jesus de Nazaré lamenta a morte de José, seu pai adotivo, e
exclama:

"E o que me impede agora de fazer uma oração ao meu bom Pai para que
me envie um grande carro luminoso que eleve José para que não sofra as
amarguras da morte e que o

transporte ao lugar de repouso na mesma carne que trago ao mundo, para


que viva ali com meus anjos incorpóreos?"

É possível que muitos se perguntem se Cristo chegou a

pronunciar estas frases. Eu também tenho me defrontado com o mesmo


dilema. A verdade não podemos saber.

Segundo São João, "o Mestre fez muitas outras coisas, que, escritas uma a
uma, não caberiam em todos os livros do mundo". Logicamente, o
evangelista exagera. Mas existe um ponto importante de razão em sua
afirmação: em três anos de vida pública, o Nazareno teve que fazer e
pronunciar uma infinidade de prodígios, discursos e palavras que se
perderam ou que — por que não? — puderam ser resgatadas graças a esses
evangelhos e escritos apócrifos, tão esquecidos quanto depreciados pela
Igreja. (Como eu teria gostado de ter seguido Jesus, mesmo que tivesse sido
nas últimas

semanas de sua vida, e reunir a total e exaustiva informação jornalística do


que disse e do que lhe aconteceu! Mas este é um sonho impossível...)

Mas vamos esquecer por um momento da incômoda dúvida

de se Jesus foi ou não o autor dessas frases sobre a morte de José e


tentemos fazer uma fria e límpida dissecação de tais palavras.

Se o documento apócrifo em questão remonta aos séculos IV e V, tal como


expressa o comentarista da Biblioteca de Autores Cristãos, Aurélio de
Santos Otero, licenciado em teologia e doutor em filologia eslava e oriental,
e ainda considerando que tudo isso fosse uma invenção de um autor
anônimo, como é possível que esse escritor se referisse (já se passaram
quinze séculos!) a um "carro luminoso que eleve
José" ? Das duas uma: ou o escritor tinha informação sobre os tais "carros e
rodas voadoras", seja porque os havia visto ou de ouvir falar, ou se trata da
mais fantástica casualidade. E digo "casualidade" porque só no século XX
(e em 1947, para sermos exatos) nasceram os termos "disco voador" e

"OVNI". E somente nesta época em que vivemos foram

executadas investigações oficiais e particulares para tentar esclarecer o


fenômeno. Como podia então o autor do

apócrifo escrever sobre tais "carros luminosos"? A resposta cai por seu
próprio peso: esses "carros" luminosos e capazes de voar eram uma
realidade também na Antigüidade.

E continuemos a teorizar. (Embora este termo me soe cada vez mais falso e
artificial.)

Vamos aceitar que Jesus tenha pronunciado essas palavras sobre o "carro
luminoso". Isto envolveria não só a ratificação da presença de OVNIS e de
seus tripulantes ou "astronautas" no citado "grande plano" da redenção
humana, mas também

— e, sobretudo, — a fascinante possibilidade de que um ser humano —


como era o caso de José — pudesse enganar a

morte unicamente entrando num desses "carros voadores".

O ato material de entrar numa nave espacial não significaria, de modo


algum, a imortalidade. Basicamente, apenas o

"tratamento" médico e a tecnologia destes seres poderiam operar o


"milagre". Hoje, por exemplo, com nossa ciência médica rudimentar e ainda
do tempo das cavernas, podemos conservar vivos um paciente de morte
cerebral e a muitos desenganados. Quem poderia imaginar no século I ou na

Renascença que o homem chegaria a tirar o coração do

tórax, substituindo-o por outro músculo similar, mas de


outra pessoa falecida pouco antes, ou até por um coração artificial de
plástico e aço? Se a ciência atual tem sido capaz de mudar o sexo de
homens e mulheres ou colocar um

marca-passo atômico sob a pele de um ancião, prolongando- lhe assim a


expectativa de vida, o que não poderiam

conseguir os médicos e pesquisadores do século XXI?

Por que nos alarmamos então diante de palavras como as de Jesus de


Nazaré?

Cristo, afinal de contas, teve inúmeros "encontros" com

esses "carros", "nuvens luminosas" e com seus "anjos" ou "astronautas" ao


longo de sua vida neste planeta, e inclusive depois de ressuscitado. Mais
ainda: seu próprio nascimento na famosa gruta de Belém cercou-se de
"fenômenos" muito

"familiares" para os pesquisadores de OVNIS. Que outra

explicação podemos dar às misteriosas "estrelas" que guiaram os Magos e


que provocaram uma comoção em todos os

vizinhos à pequena aldeia nas imediações de Jerusalém?

Capítulo XIV

Um pequeno segredo: eu acredito nos Reis Magos. —Os evangelhos


apócrifos informam mais e melhor sobre a "estrela" de Belém. — Herodes
ofereceu um diadema ao Menino. — Quase todos concordam: os Magos
eram persas. — Onde está o "testamento de Adão"? — A viagem até

Belém pode ter durado de três a cinco meses. — Esdras já percorrera o


caminho seguido pelos Magos. —Houve uma troca de "estrela" na chegada
a Jerusalém? — Santa Maria de Ágreda também "viu"a "estrela". —Hoje os
homens não acreditam em OVNIS, mas penduram uma "estrela" na

árvore de Natal — Onde, finalmente, "esvazio" meu


coração.

Já falei antes. Se existe um OVNI que me pareça simpático, esse é o que


conduziu os Magos do Oriente até Belém. Talvez a razão esteja na minha
infância. Fui um menino
feliz, e a lembrança dos Reis Magos continua me

emocionando. E mais — e este é um segredo que nunca

revelei —, ainda acredito neles. E a cada dia 5 de janeiro, ao me deitar,


costumo lançar um dissimulado olhar aos céus, procurando essa "estrela"
quase mágica que os guiou há quase dois mil anos.

Talvez o leitor que não me conheça possa ter ficado

surpreendido diante de minha crueza inicial: "Será que a 'estrela' de Belém


era um OVNI?"

Não vou insistir agora nas explicações científicas que correm pelo mundo
em torno deste maravilhoso acontecimento.

Estão amplamente detalhadas e comentadas nos meus livros anteriores, O


Enviado e Os Astronautas de Jeová Para

qualquer mente racional e medianamente informada, uma

"estrela" como aquela — capaz de guiar uma caravana

durante meses, de desaparecer da vista dos Magos em sua chegada a


Jerusalém, de voltar a mostrar-se quando estes abandonam a cidade e de
parar sobre a casa onde estava o Menino — não pode ser identificada ou
associada com a

explosão de uma estrela (nova ou supernova); com um

cometa de longa cauda, que teria se desintegrado ao tocar as mais altas


camadas da atmosfera terrestre; com uma

"conjunção planetária", como pretendia Kepler e defendem hoje em dia


muitos teólogos e exegetas (não há possibilidade astronômica de que uma
"conjunção planetária" se
prolongue durante meses, desapareça e volte a aparecer e, além disso, se
coloque sobre uma casa); com um meteoro ou um meteorito, que — como é
sua obrigação — limitam-se a cair e não a voar horizontalmente durante
meses; com um sol ou estrela, porque a aproximação de qualquer destes
astros de nosso sistema solar teria destroçado a ordem cósmica de nosso
"quintal" sideral, ou como um "gênero literário" ou "bela lenda oriental"...

Uma vez descartadas essas possíveis "explicações"

científicas, o que nos resta? Muito simples: resta-nos a presença — a


formidável presença — de um "objeto voador não-identificado". Resta-nos
um OVNI. Resta-nos uma

luminosa nave sideral, tripulada por esses "anjos-astronautas" aos quais


venho me referindo.

Mas naquela ocasião, ao escrever O Enviado e Os

Astronautas de Jeová, em meu coração ficaram pairando

muitas dúvidas. Algumas tinham a ver com este sempre

pouco conhecido capítulo dos Magos. Por exemplo:

1. "De onde vinham realmente estes primeiros adoradores de Jesus?"

2. "Quem eram eles na realidade?"

3. "Como souberam do nascimento do Messias?"

4. "Por que Herodes o Grande não os acompanhou a Belém da Judéia?"

Mateus, o único evangelista "oficial" que fala da "estrela" e dos Magos,


pouco contribui para separar essas incógnitas. Diz textualmente em seu
capítulo II:

"E tendo nascido Jesus em Belém da Judéia, no tempo do rei Herodes, eis
que uns magos vieram do Oriente a Jerusalém, dizendo: 'Onde está o rei dos
judeus que nasceu? Porque vimos a sua estrela no Oriente, e viemos adorá-
lo.' Ouvindo isto, o rei Herodes perturbou-se, e com ele toda Jerusalém.
Convocou todos os sumos sacerdotes e escribas do povo e por eles foi
informado do lugar onde havia de nascer o Cristo. E eles lhe disseram: 'Em
Belém da Judéia, porque assim está escrito pelo profeta: E tu, Belém, terra
de Judá, não és de modo algum a menor entre as capitais de Judá; porque de
ti sairá o Guia que há de apascentar o meu povo de Israel.'
"Então Herodes, chamando secretamente os magos,

inquiriu-lhes exatamente acerca do tempo em que lhes

aparecera a estrela. Depois, enviando-os a Belém, disse: 'Ide, e perguntai


diligentemente pelo menino; e quando o

achardes, participai-mo, para que eu também vá adorá-lo.' E tendo eles


ouvido o rei, partiram, e eis que a estrela que tinham visto no Oriente ia
adiante deles, até que, chegando, se deteve acima do lugar onde estava o
menino. E, vendo eles a estrela, encheram-se de imensa alegria. Entrando
na casa, viram o menino com sua mãe, Maria, e, prostrando-se, o adoraram;
e abrindo seus tesouros, lhe ofertaram dádivas: ouro, incenso e mirra. E,
sendo avisados em sonhos para que não voltassem a Herodes, partiram para
sua terra por outro caminho."

Mateus disse "que vinham do Oriente". Mas o que

entendiam então os habitantes da Palestina por "Oriente"? Sem dúvida,


Arábia, Caldéia ou Pérsia. Neste sentido, alguns evangelhos apócrifos
lançam um pouco mais de luz sobre o lugar de origem destes homens
ilustres e audazes. O

chamado Liber de Infantia Salvatoris nos conta o seguinte: "José, ao ver os


Magos, disse: 'Quem achas que são estes que vêm ao nosso encontro?
Tenho a sensação de que estão

chegando de uma longa viagem. Levantar-me-ei, pois, e irei ao encontro


deles.' E, adiantando-se, disse a Simeão (trata-se de um dos filhos de José,
que havia enviuvado): 'Creio que são adivinhos, pois, efetivamente, não
ficam um momento quietos, [sempre] observando e discutindo entre si. E
me parecem, além disso, forasteiros, pois sua vestimenta é diferente da
nossa: seu traje é amplíssimo e de cor escura. Por fim, têm barretes nas
cabeças e sarabarae cingidos em suas pernas como... Mas eis que pararam e
olham para mim. E agora caminham de novo para nós.' Quando chegaram à

cova, José lhes disse: 'Quem sois? Dizei-mo.'


"Mas eles pretendiam entrar com audácia, pois,

efetivamente, se dirigiam ao interior. José lhes disse: 'Pelo vosso bem,


dizei-me quem sois para entrardes assim em

minha casa.' E eles disseram: 'Vimos nosso guia entrar aqui. Por que
perguntas a nós? [Deus] nos enviou. Podemos

assegurar-te que é a salvação de todos. Vimos no céu a estrela do rei dos


judeus e viemos para adorá-lo, pois assim está escrito nos livros antigos
acerca do sinal desta estrela: que quando aparecesse este astro nasceria o rei
eterno que dará aos justos uma vida imortal.' José lhes disse: 'Seria
conveniente que indagásseis primeiro em Jerusalém, pois ali está o templo
do Senhor.' Responderam: 'Já estivemos em Jerusalém e anunciamos ao rei
que nasceu o Cristo e que íamos em busca dele. Mas o rei nos disse: Eu
ignoro qual seja o lugar onde nasceu. Depois mandou recado a todos os
investigadores das escrituras e a todos os magos, príncipes, sacerdotes e
doutores, que acorreram a sua presença. Ele perguntou-lhe onde deveria
nascer o Cristo. Em Belém, eles responderam. Pois assim está escrito sobre
ele: E tu, Belém de Judá, não será a mais insignificante entre as principais
de Judá, pois de ti há de sair o chefe que fixará os destinos do meu povo de
Israel.

'"Quando ouvimos isto, nos demos conta e viemos adorá-lo. Deves saber
que a estrela que nos apareceu veio nos

precedendo desde que empreendemos a viagem. Mas

Herodes, ao ouvir estas coisas, ficou com medo e nos

perguntou em segredo sobre o tempo da estrela, quando ela nos apareceu.


Ao partirmos, nos disse: Informei-vos

diligentemente, e quando o tiverdes encontrado, comunicai- me, para que eu


também possa ir adorá-lo.

'"E o próprio Herodes nos deu o diadema que costumava


levar em sua cabeça (este diadema tem uma mitra branca), e um anel
cravejado com uma preciosa pedra real, peça

incomparável recebida de presente do rei dos persas; e

mandou que oferecêssemos esta dádiva ao menino. O

próprio Herodes prometeu dar-lhe um presente quando

voltarmos a sua presença. Recebidas as dádivas, partimos de Jerusalém.


Mas eis que a estrela, que nos havia aparecido, seguia adiante de nós desde
que saímos de Jerusalém até este lugar, e logo entrou nesta caverna onde
está e onde não nos permites entrar.'

"José lhes disse: 'Por mim, não me oponho. Entrai, pois Deus é vosso guia,
e não só vosso, mas de todos aqueles a quem quis manifestar sua glória.' Ao
ouvir isto, os Magos entraram e saudaram Maria: 'Salve, cheia de graça.'
Depois, se acercaram da manjedoura e viram o infante.

"Mas José disse a Simeão: 'Filho, observa o que estes

forasteiros fizeram lá dentro, pois não fica bem que eu os espione.' E assim
fez Simeão. Logo, veio dizer ao pai: 'Mal entraram, saudaram o menino e
caíram de rosto na terra; depois puseram-se a adorá-lo, segundo o costume
dos

estrangeiros, e [agora], um de cada vez, vão beijando os pés do infante. O


que estão fazendo neste momento? Não vejo direito.' José disse: 'Observa
atentamente.' Simeão

respondeu: 'Então abrindo seus tesouros e lhe oferecem

dádivas.' José disse: 'O que é que lhe oferecem?' Simeão respondeu: 'Creio
que são os presentes enviados pelo rei Herodes. [Agora] acabam de
oferecer-lhe ouro, incenso e mirra de seus cofres e deram muitas dádivas a
Maria.' José disse-lhe: 'Estes senhores fizeram muito bem em não beijar o
menino em vão; ao contrário daqueles pastores que vieram aqui com as
mãos vazias.' E de novo lhe disse: 'Observa mais atentamente o que fazem.'
Observando-os, Simeão disse

depois: 'Eis que adoraram o bebê de novo e já vêm até nós.'" José, enfim,
nos faz uma descrição das vestimentas destes personagens "forasteiros" em
Israel, que, curiosamente, coincide com o traje clássico dos persas e seus
calções ou sarabarae característicos. Deve-se notar também que muitas das
representações pictóricas tradicionais — como as das antigas catacumbas
— sobre os Reis Magos coincidem

exatamente nesta indumentária. E o mesmo acontece com

boa parte da tradição oral e escrita. (Esta teoria é defendida, entre outros,
por São Justino, Tertuliano e Santo Epifânio.) Outros apócrifos — como é o
Evangelho Árabe da Infância de Jesus — assinalam também com toda a
clareza a origem persa dos Magos.

"E aconteceu que, tendo nascido o Senhor Jesus em Belém de Judá durante
o reinado de Herodes", diz o citado texto, "vieram a Jerusalém uns magos,
segundo a predição de

Zaratustra. E traziam como presentes ouro, incenso e mirra. E o adoraram e


ofereceram suas dádivas. Então Maria pegou um daqueles cueiros e
entregou-o em retribuição. Eles se sentiram muito honrados em aceitá-lo de
suas mãos. E na mesma hora lhes apareceu um anjo que tinha a mesma

forma daquela estrela que lhes servira de guia no caminho. E, seguindo o


rastro de sua luz, partiram dali até chegar a sua pátria.

"E saíram ao seu encontro reis e príncipes, perguntando- lhes o que haviam
visto ou feito, como haviam efetuado a ida e a volta e o que haviam
trazido.** Eles lhes apontaram o cueiro dado por

* Este texto apócrifo tem esse nome porque, até bem pouco, só se conhecia
a sua versão árabe. Mas o sábio P. Peeters conseguiu identificar a chamada
“tradução
siríaca", muito mais antiga que o primeiro. A redação árabe — bastante
deformada, por certo— 6

constituída por dois manuscritos. O primeiro procede da biblioteca de J.


Golius, e que atualmente se

encontra na Biblioteca Bodleiana de Oxford

(Inglaterra). Não existe data e figura com o número LII no catálogo de


manuscritos árabes e cristãos de Nicoll e Pusey. Este manuscrito foi
utilizado por H. Sike para sua edição e versão latina, publicada em 1697.

* O segundo manuscrito — pouco estudado — é o chamado Codex


Orientalis 32, propriedade da

Biblioteca Laurenziana de Florença (Itália). Está datado de 1299 e carece


do título original. Começa no fólio número dois, com uma profecia de
Zoroastro, para continuar depois a narrativa com o seguinte: "No ano 304
da Era de Alexandre..."

* Na redação siríaca diz-se neste mesmo ponto “que a chegada dos Magos a
seu país ocorreu na hora da ceia e que toda a Pérsia se regozijou com a
volta deles''.

Maria, pelo qual celebraram uma festa e, de acordo com o costume,


acenderam fogo e o adoraram. Depois lançaram este cueiro na fogueira, que
foi de imediato arrebatado e consumido pelo fogo. Mas, quando este se
extinguiu, tiraram o cueiro no mesmo estado em que estava antes de ser

lançado, como o fogo não o tivesse tocado. Depois,

começaram a beijá-lo e colocá-lo sobre suas cabeças,

dizendo: 'Esta sim é uma verdade, sem sombra de dúvida. Certamente é


portentoso que o fogo não tenha podido

devorá-lo ou destruí-lo.' Portanto tomaram aquela prenda e, com grandes


honras, depositaram-na entre seus tesouros. Este mesmo evangelho
apócrifo, mas em interessantíssima e mais completa versão siríaca, entra em
outros "detalhes" de grande valor, pelo menos sobre o possível país de
origem dos Magos.

Segundo este manuscrito siríaco, na mesma noite do

nascimento de Jesus foi enviado à Pérsia um "anjo guardião". Este surgiu


em forma de "estrela brilhante" aos magnatas do reino (adoradores do fogo
e das estrelas) quando celebravam uma festa. Então, três "reis", filhos de
reis, tomaram três libras de ouro, incenso e mirra e, vestindo seus melhores
trajes, cingiram a tiara e empreenderam a viagem. Foram guiados todo o
tempo pelo mesmo "anjo" que havia

arrebatado Habacuque aos céus e alimentado Daniel na cova dos leões. E


assim chegaram a Jerusalém, tal como assinalava a profecia de Zoroastro ou
Zaratustra. Os "reis e filhos de reis" perguntaram então a Herodes pelo rei
recém-nascido. Aquele os submete a interrogatório e os Magos respondem
às suas perguntas, assegurando-lhe que "um de seus deuses" os havia
informado do nascimento do rei dos judeus.

Herodes os despachou, recomendando-lhes que, depois de adorá-lo, o


informassem do lugar onde se encontrava.

Quando saíram do palácio, a estrela volta a aparecer-lhes, mas desta vez em


forma de "coluna de fogo". Adoram ao menino, e durante a noite do quinto
dia da semana posterior ao nascimento, volta a aparecer-lhes o "anjo" que
viram na Pérsia em forma de "estrela", que os acompanha até que chegam a
seu país.

Como vimos, o nome da Pérsia é constantemente repetido nos apócrifos.

Essa misteriosa profecia de Zoroastro ou Zaratustra baseia-se num


manuscrito laurentino do século XIII, conservado em Florença. Tal predição
diz que uma virgem havia de dar à luz
um filho que seria sacrificado pelos judeus e que logo subiria ao céu. Ao
seu nascimento surgiria uma estrela, sob a

direção da qual se encaminhariam os Magos até Belém, onde adorariam o


recém-nascido.

Tal profecia, como vimos, cumpriu-se matematicamente. E isso me faz


suspeitar que os "astronautas" — por motivos ignorados — elegeram
"profetas" dentro e fora do povo

hebreu. Mas isto é farinha de outro saco...

Uma Carta Misteriosa

Através da leitura destes apócrifos ficam bastante descartadas as três


primeiras incógnitas que sempre me perseguiram em relação à história dos
Magos: "De onde procediam?", "Quem eram e como souberam do
nascimento de Jesus de Nazaré?" Se os "astronautas" previram a visita
destes persas a Belém, o mais natural é que tenham descido àquelas terras e
entrado em contato direto e pessoal com os "eleitos", informando-os sobre o
nascimento do Messias e convidando-os e exigindo- lhes — porque tudo se
podia esperar da equipe de Jeová — que seguissem a sua "estrela". Ao ler o
evangelho canônico de Mateus, qualquer um acaba compreendendo por que

estes Magos se lançam à perigosa e quase absurda aventura de seguir uma


"estrela", mesmo que fossem em busca do rei dos judeus. De meu ponto de
vista — e segundo o relato de Mateus —, não era uma razão suficiente.
Devia ter ocorrido "algo" mais. Era preciso que esses Magos houvessem

recebido uma informação mais precisa e contundente. Por exemplo —


como dizem os textos apócrifos —, a visita de um "anjo", de uma "estrela",
ou de uma nave, cujos

tripulantes os puseram a par dos fatos. Somente assim é compreensível a


decisão de empreender tal viagem.

A "explicação" de alguns exegetas neste sentido só me


satisfaz em parte. "Pelo trato com os judeus, que haviam difundido por todo
o Oriente suas esperanças messiânicas — dizem os comentaristas oficiais
da Igreja —, os Magos

tinham conhecimento do esperado Messias, rei dos judeus, o qual, como


todos os grandes personagens, devia ter uma estrela que vaticinasse seu
destino. Deste prejulgamento serviu-se Deus para conduzi-los ao berço do
Salvador. A natureza desta estrela é muito misteriosa; não tanto a estrela
interior com que o espírito iluminava a alma dos Magos e os guiava até o
estábulo de Belém. Deus quis servir-se de sua ciência supersticiosa para
conduzi-los ao berço de Jesus, de onde sairiam transformados e convertidos
em anunciadores do Messias recém-nascido."

Isto me convence em parte, insisto, porque, embora seja certo que os


judeus, dispersos pelas terras da Babilônia e da Pérsia, tiveram que espalhar
suas esperanças messiânicas, isto não me parece razão suficiente para
deslocar uns sábios de suas cômodas cidades. Justamente como homens
cultos e informados no tema dos vaticínios e profecias, deviam saber que o
anúncio desta "vinda de um Messias" era antigo de mais de oito séculos,
sendo motivo de freqüentes polêmicas entre os hebreus "emigrantes". Uma
das especialidades dos Magos, segundo todas as tradições e indícios, era a
de observar o firmamento. Portanto, deviam estar muito

acostumados à observação dos astros e fenômenos celestes — tais como


cometas, meteoritos, eclipses etc. — para se excitarem ante a aparição de
uma estrela mais ou menos intensa. Anão ser que esta "estrela"—tal e como
afirmam os evangelhos apócrifos — chegasse a baixar entre os Magos, e os
"astronautas" ou "anjos do Senhor" dessem então seu realce às profecias de
Zoroastro e das Sagradas Escrituras judias. O contrário — a mencionada
hipótese "oficial" — me
parece pouco consistente e, como quase sempre,

fragilmente fixado...

Por fim, e em relação à terceira incógnita — "como teriam sabido do


nascimento de Jesus?" —, existe um texto que, embora difícil de avaliar no
que se refere à sua

autenticidade, insisto em manter nos meus arquivos.

Corresponde a outro apócrifo — o chamado Evangelho

Armênio da Infância de Jesus* —, no qual se descobre outra possível "fonte


de informação" dos Magos sobre a vinda de Cristo. Assim diz o capítulo V
do citado manuscrito:

"E um anjo do Senhor se apressou em ir ao país dos persas para avisar os


Magos e ordenar-lhes que fossem adorar o menino recém-nascido. E estes,
após caminharem durante

meses tendo por guia a estrela, chegaram ao lugar de destino no momento


em que Maria dava à luz. Note-se que à ocasião o reino dos persas
dominava a todos os outros reis do

Oriente por seu poder e suas vitórias. E os Reis Magos eram três irmãos:
Melchior, o primogênito, que reinava sobre os persas; depois Baltazar, que
reinava sobre os indianos, e o terceiro, Gaspar, que tinha uma possessão no
país dos árabes. Tendo-se reunido em conformidade com o mandato de

Deus, chegaram no justo momento em que Maria tornava-se mãe. Haviam


apressado a marcha e se encontravam ali no

momento exato do nascimento de Jesus."

Após relatar a viagem, os Magos entram em Jerusalém e se encontram com


Herodes. Eis aqui a curiosa passagem:

'"Quem vos contou o que estais dizendo e como haveis


chegado a sabê-lo?' Os Magos responderam: 'Nossos

antepassados nos legaram um testemunho escrito sobre isso, que foi


guardado com todo segredo e lacrado. E durante

longos anos, de pai para filho e de geração em geração, foi mantida viva
esta expectativa, até que, por fim, veio a cumprir-se esta palavra em nossos
dias, como nos foi

revelado de parte de Deus em uma visão que tivemos de um anjo. É por isso
que nos encontramos agora neste lugar que nos foi indicado pelo Senhor.'
Herodes disse: 'Qual é a procedência deste testemunho que somente vós
conheceis?' *Este apócrifo, que consta de 25 longuíssimos capítulos, parece
baseado em boa medida no já citado Evangelho

Árabe da Infância, e é provável, segundo Peeters, que o texto atual não seja
outra coisa senão um arranjo

parafraseado deste documento primitivo. A edição do texto original


armênio foi publicada por I. Daietsi, com suas duas redações (A e B), na
coleção dos Mequitaritas da Venezuela. P. Peeters levou a cabo também
uma tradução francesa de tal texto armênio (Paris, 1914), que serviu de base
à versão castelhana de E. Gonzáiez-Blanco (Madri, 1935).

"Os Magos responderam: 'Nosso testemunho não procede de homem algum.


É um desígnio divino referente a uma

promessa feita por Deus em favor dos filhos dos homens e que tem sido
conservado entre nós até os dias de hoje.' Herodes disse: 'Onde está esse
livro que só vosso povo

possui?' E os Magos disseram: 'Nenhuma nação, fora da

nossa, tem noticia direta ou indireta dele. Somente nós possuímos um


testemunho escrito. Porque deveis saber que, depois que Adão foi expulso
do Paraíso e depois que Caim matou Abel, o Senhor deu a nosso primeiro
pai um filho de consolação chamado Set, e com ele deixou aquela carta
escrita, firmada e lacrada de seu próprio punho. Set a

recebeu de seu pai e a transmitiu a seus filhos. Estes, por sua vez, a
transmitiram aos seus, e assim foi de geração em geração. Todos até Noé
receberam a ordem de guardá-la

com cuidado. Este patriarca a entregou a seu filho Sem, e os filhos deste a
retransmitiram a seus descendentes, os quais,
por sua vez, a entregaram a Abraão. Este a deu a

Melquisedeque, rei de Salem e sacerdote do Altíssimo,

através do qual chegou ao poder de nosso povo no tempo de Ciro, rei da


Pérsia. Nossos pais a depositaram com todas as honras num salão especial,
e assim chegou até nós, que, graças a este escrito misterioso, tivemos
conhecimento antecipado do novo monarca, filho de Israel.'

"E o rei Melquior pegou o livro do Testamento que

conservava em sua casa como legado precioso de seus

antepassados, segundo já dissemos, e o presenteou ao

menino, dizendo-lhe: 'Aqui tens a carta lacrada e assinada por teu próprio
punho, que fizestes por bem entregar a nossos ancestrais para que a
guardassem. Toma este

documento que tu mesmo escrevestes. Podes abrir e ler, pois está em teu
nome.'"

O documento em questão, dirigido a Adão, começava assim: "No ano 600,


no dia sexto da semana (que é o mesmo em

que cri em ti) e na hora sexta, enviarei a meu Filho Único, a Palavra divina,
a qual encarnará tua descendência e virá a ser filho do homem. Ele te
reintegrará a tua prístina dignidade pelos tormentos terríveis de sua paixão
na cruz. E tu então, ó Adão, unido a mim com alma pura e corpo imortal,
serás deificado e poderás, como eu, discernir o bem e o mal." Dentro da
fantasia que este apócrifo parece encerrar

(especialmente no que se refere ao conteúdo de tal "carta"), alguém pode


descobrir também alguns dados francamente

curiosos. Por exemplo: não é esta a única vez em que é citado este
enigmático Testamento ou Livro de Set, como se conhece também o citado
manuscrito. Na chamada Crônica de Zuqnin fala-se dele. Zuqnin é um
mosteiro perto de

Amida, onde o compilador José o Anacoreta deve ter escrito a mencionada


crônica por volta do ano 775. Também figura no Livro da Caverna dos
Tesouros, anterior ao século VII e ao qual talvez me refira em alguma
ocasião... Todos estes documentos, enfim, coincidem em assinalar o monte
das

Vitórias como o lugar onde foi depositado o citado Tesouro de Adão à seu
filho Set.

É igualmente estranho que esta narração dos Magos a

Herodes tenha sido representada no mosaico da adoração dos Três Reis


Magos ao Menino, que se encontra na basílica de Santa Maria a Maior, de
Roma. Cechelli teve a genialidade de confrontar os detalhes apresentados
neste apócrifo

armênio com os que aparecem no mosaico, e a coincidência é assombrosa.


(Uma dama coberta com um manto, que se

acha junto aos Magos, tem um rolo mal começado, no qual pode ver-se a
alusão à oferenda do mencionado Testamento, realizada pelo rei Melchior.
Os trajes dos Magos, próprios da realeza, coincidem também com esta
versão do Evangelho Armênio da Infância de Jesus.)

E volto a perguntar-me: Quantos fatos e notícias sobre Jesus se perderam ou


foram intencionalmente "enterrados" pela Igreja? Que belo e emocionante
seria poder descobrir algum dia esses documentos e pergaminhos secretos
que o

Vaticano talvez esconda no mais profundo de seus arquivos e criptas...!

Mas este texto armênio oferece outro dado que me fez

refletir. A viagem dos Magos — diz — durou nove meses. Salvo raras
exceções, todos os apócrifos concordam em que estes astrônomos e
astrólogos persas saíram de seu país quando Jesus praticamente acabava de
nascer. O próprio Mateus o compila em seu evangelho cora toda a nitidez:
"Onde está o rei dos judeus que nasceu?" Isto significa que os Magos, ao
chegarem a Jerusalém, já tinham

conhecimento ou consciência do feliz evento. Do contrário,


teriam mudado o verbo e perguntado a Herodes: "Onde vai nascer o rei dos
judeus?"

Mas não. Cristo já havia nascido. O mais lógico é que aquela nave que
desceu em terras do Oriente, e que conduziu a caravana até o sudoeste, fora
a encarregada de dar a boa- nova aos ilustres pagãos. É uma pena que os
evangelistas não indagassem mais acerca dos escribas e sumos sacerdotes
que Herodes convocou para descobrir a data exata em que a "estrela" se
apresentou pela primeira vez ante os Magos. (No texto de Mateus se
reconhece que o tirano os chamou em particular, e "por seus dados soube
com exatidão o tempo da aparição da estrela".) É certo também que, mais
adiante, em seu evangelho, Mateus afirma que Herodes, ao sentir-se
enganado, mandou matar a todos os meninos de dois anos para baixo. Mas,
em minha opinião, existe algo aqui que não encaixa. Será que o inquieto
Herodes pôde esperar todo esse tempo para saber se seu trono perigava ou
não? A julgar por suas violentas e fulminantes decisões, imagino que não
fosse exatamente uma pessoa que saberia sentar-se e aguardar serenamente
a confirmação de uma notícia como aquela... Ou os Magos chegaram a
Jerusalém quando Jesus tinha já quase dois anos ou Herodes se viu
obrigado a consumir boa parte desses dois anos em afazeres mais urgentes.
Por exemplo, uma viagem a Roma... O importante Evangelho Apócrifo do
Pseudo-Mateus* em seu códex "D", reflete uma crença muito difundida na
Idade Média, segundo a qual, no dia seguinte à chegada dos Magos a
Jerusalém, o rei Herodes teve que ir a Roma por motivos administrativos, e
que esta viagem durou um ano.

Neste caso, contabilizando ambas as viagens, a dos Magos e a do tirano —


estaria justificada a decisão de Herodes de assassinar os meninos menores
de dois anos.

* 'Estamos diante de um dos mais importantes textos apócrifos. Sua


influência durante a Idade Média foi enorme, especialmente na arte e na
literatura. O título tem origem na carta de São Jerônimo a Cromácio e
Heliodoro, que figura como prólogo no códex que contém o Evangelho
apócrifo e no qual se diz que o autor foi o evangelista Mateus.
Tischendorf, baseando-se na citada carta de São Jerônimo, deu este título ao
texto publicado por Thilo em 1832, segundo o manuscrito de Paris no 5557-
A (século XIV). Parece que, apesar das múltiplas condenações da Igreja a
estes textos apócrifos em geral, no caso do pseudo-Mateus, São Turíbio de
Astorga mostrou em relação a ele — e em relação a outros casos isolados
— uma atitude mais

condescendente, afirmando que “alguns dos fatos ali

assinalados poderiam estar

corretos''.

As setas assinalam as possíveis origens e rotas que os Magos seguiram até


Jerusalém e Belém. Pela direita, Pérsia. Se os astrólogos tivessem saído de
alguma cidade do Império Persa, o mais provável é que tivessem cruzado os
grandes rios — Tigre e Eufrates —, para continuar depois pela margem
direita deste último, de aguada em aguada. Uma segunda teoria centra-se
numa origem armênia, ao norte. Neste caso, os Magos teriam cruzado o rio
para desembocar em Antioquia e seguir dali para Jerusalém. Caso tivessem
saído de Babilônia ou Sippara, o caminho teria sido mais simples.

Por certo, há uma terceira possibilidade: a de que Herodes não arredou pé


da Judéia e que os "astronautas" entraram em
contato com os persas quando o menino já teria alguns

meses (talvez um ano). Porque o certo é que a viagem dos astrólogos ou


sábios orientais até Jerusalém levou no

mínimo três a cinco meses. Embora Mateus não nos facilite este importante
dado, o certo é que é muito difícil de

investigar. (E vou insistir nisso, por sua inegável repercussão na hora de


esclarecer o apaixonante mistério da "estrela".) Se estes ilustres cidadãos
procediam do Oriente — e nisto há unanimidade e "consenso" em todos os
textos sagrados,

canônicos ou não —, o mais provável é que saíram da

Mesopotâmia ou talvez das prósperas e cultas cidades da

Pérsia, porém mais ao leste. (Já vimos como os Apócrifos nos repetem
vezes sem conta que os Magos viviam nas

terras da Pérsia e como a tradição oral, escrita e pictórica nos descrevem


estes homens com vestimentas típicas do atual

Irã.)

Bem, neste caso, que rota poderiam ter seguido e quanto

tempo necessitaram para chegar a Israel?

Quase todos os investigadores concordam que, tenham

vindo da Pérsia ou da Mesopotâmia, um dos primeiros

lugares onde deveriam ter parado só podia ser a cidade de Babilônia, às


margens do Eufrates. Daqui a Jerusalém havia duas claras possibilidades:
ou adentrar o deserto arábico ou seguir a tradicional rota das caravanas,
conhecida já desde os tempos de Abraão. Todos os cronistas e historiadores
se
mostram partidários da segunda rota. Ainda que

economizasse quilômetros, o perigoso deserto de Nafud

(entre o Eufrates e a atual Jordânia) não era — nem é —

recomendável para uma caravana. Esta vastíssima área da

península arábica é na realidade um mar de areia, sobre o qual chove dois


ou três dias por ano... quando se tem sorte. Portanto, duvido muito que os
Magos — os quais, não

esqueçamos, eram guiados pela "estrela" — escolhessem o

Nafud para chegar antes a Jerusalém. Além disso, sendo

pessoas não acostumadas a estes desertos, o natural é que optassem pela


rota já conhecida e segura dos oásis. A partir de Babilônia, e seguindo
talvez a margem direita do Eufrates, os viajantes foram cobrindo etapas —
de aguada em aguada — passando por núcleos tão famosos como Mari,
Haleb,

Hameth, Kadesh e Damasco. Daqui a Jerusalém, o caminho

transcorreu com toda tranqüilidade, margeando o mar da

Galiléia e caminhando "paralelo" ao rio Jordão, até bem

perto de sua foz no mar Morto. Dali passaram a Jerico,

possivelmente uma de suas últimas escalas antes de entrar em Jerusalém.


(Esta segunda grande etapa da viagem —

desde Damasco até o sul — é conhecida hoje como "o

caminho do peregrino" ou a grande "rota de Meca".)

No total, este projeto supõe uns 1.300 quilômetros. E quanto tempo


puderam ter gasto até avistarem o palácio de
Herodes?

Além de outros testemunhos, existe um relato de T. E.

Lawrence em sua obra sobre a revolta árabe, Os Sete Pilares da Sabedoria,


na qual descreve como um camelo, levando o máximo de sua carga e
conduzido por cameleiro experiente, podia cobrir de 120 a 150 quilômetros
em 24 horas.

Pessoalmente, me parece um recorde absoluto, mas não uma medida


normal. É mais prudente o dado que nos oferece a

própria Bíblia, no livro de Esdras Este escriba, "versado na lei de Moisés" e


que havia nascido em Babilônia sob o

reinado do rei persa Artaxerxes, viajou desde a mencionada cidade, à


margem do Eufrates, até Jerusalém, seguindo

provavelmente o mesmo caminho que os Magos tomariam

quatro séculos mais tarde. Pois bem, segundo nos conta o Antigo
Testamento, Esdras precisou de cinco meses para
percorrer esses 1.300 quilômetros.

O referido livro diz textualmente em seu capítulo VII (versículos 7 a 10):

"Subiram também a Jerusalém, no ano sétimo do rei

Artaxerxes, parte dos israelitas, dos sacerdotes, levitas, cantores, porteiros e


donatos. Ele [Esdras] chegou a

Jerusalém no mês quinto: era o ano sétimo do rei. Havia planejado para o
dia um do primeiro mês sua saída de

Babilônia, e no dia um do quinto mês chegava a Jerusalém. A mão bondosa


do seu Deus estava com ele!"

Se esses 120 a ISO quilômetros em camelo que Lawrence descreve parecem


um exagero, também esses cinco meses de Esdras e seus acompanhantes de
Babilônia a Jerusalém me parecem um tempo mais longo do que o normal.
Embora

caminhar com centenas de pessoas — e naqueles tempos— devesse


constituir-se uma tarefa assaz fatigante, não creio que os Magos
necessitassem de tanto tempo. O mais

verossímil é que puderam cobrir esses 1.300 quilômetros em uns três meses,
considerando sempre que não tinham

excessiva pressa em chegar e que talvez os preparativos já lhes tivessem


tomado duas ou três semanas... Certamente o número de quilômetros se
veria aumentado sensivelmente se os Magos tivessem partido do interior da
meseta do Irã, ou Pérsia. Efraim Sirus — ardente defensor da origem persa
dos Magos — nos assinala inclusive outra possível rota, mais comprida que
a de Babilônia — Jerusalém. Para ele,

caminharam pela bifurcação sul do Velho Caminho Real da Pérsia até


Tegranacesta, ao sul das montanhas da Armênia. A partir dali cruzaram o
rio Eufrates até Antioquia, para alcançar Damasco e Jerusalém. (Esta
viagem justificaria esses cinco meses e ainda mais.)
Seja como for — e embora me incline pela mencionada rota de Babilônia e
Jerusalém, passando pelos concorridos oásis de Palmira —, o certo é que
podemos fixar a viagem dos Magos num tempo estimado de três a cinco
meses.

Não obstante, o problema continua de pé: por que Herodes decide matar os
meninos de dois anos para baixo? Se os Magos receberam o "aviso",
logicamente, quando o Menino acabava ou estava prestes a nascer, e se
necessitaram de três a cinco meses para chegar a Jerusalém, por que
Herodes não tomou a decisão de matar os infantes menores de um ano?
Seria o mais lógico numa mente sanguinária e calculista como a do rei da
Judéia.

O "mistério" — também nisto — ainda não foi resolvido satisfatoriamente.


E em meu coração já ficou semeada uma nova aventura: por que não
reconstituir a provável rota que seguiram os Magos até Belém? Estou certo
de que nessa fascinante "peregrinação" descobriria enigmas ainda

adormecidos...

O OVNI de Belém

Chegamos ao ponto que eu desejava: se a viagem dos Magos teve uma


duração aproximada de três a cinco meses, que tipo de "estrela" pode ter
sido a que os conduziu durante todo esse tempo? Aceitando inclusive a
hipótese de W. Keller de que esta peregrinação não excedeu os 45 dias de
marcha, que explicação racional podemos aceitar?

Qualquer cientista moderado nega cabalmente que uma "conjunção


planetária" seja capaz de tal "façanha". E muito menos um cometa ou um
meteorito...

E uma vez que não aceito que o relato do evangelista Mateus seja fruto de
uma "lenda oriental" ou um "gênero literário" — como apontam muitos
teólogos e escrituristas católicos e
protestantes —, a que outra conclusão posso chegar? Franca e claramente,
àquela que adiantei no começo deste capítulo sobre a estrela de Belém:
"Estamos diante de um veículo portentoso, dirigido inteligentemente." Sem
mais rodeios: uma nave tripulada. Quase todos os relatos sobre movimentos
de caravanas coincidem em um fator

elementar: desde a mais remota Antigüidade, estas viagens foram feitas


sempre de sol a sol. Salvo raras exceções, os comerciantes, pastores,
guerreiros ou simples peregrinos acampavam de noite e, sempre que
possível, perto dos poços, rios e núcleos de povoação. Os perigos do
caminho — salteadores, animais selvagens ou risco de se perder na
escuridão — eram tantos e tão freqüentes naqueles tempos, que a marcha
durante a noite era totalmente

desaconselhável. O próprio Esdras — que seguiu a mesma rota que os


Magos — diz na Bíblia:

Em linha pontilhada, vê-se a rota seguida por Esdras desde Babilônia, onde
se encontrava cativo, até Jerusalém. No total levaram cinco meses. É muito
provável que os Magos

tenham utilizado este mesmo percurso, num total

aproximado de 1.300 quilômetros.

"Ali, às margens do rio Aava — cercanias de Babilônia —, proclamei um


jejum a fim de nos humilharmos diante de nosso Deus e implorar dele uma
feliz viagem para nós, nossos filhos, e para todos os nossos haveres. Tive
vergonha, com efeito, de pedir ao rei uma escolta e os cavaleiros para nos
protegerem dos inimigos durante o trajeto..."

Segundo isto, e se as caminhadas dos Magos se deram em plena luz do dia,


como podia aparecer no céu uma "estrela luminosa"? Deste importantíssimo
"detalhe" também se

"esqueceram" os exegetas e hipercríticos...


Os Evangelhos apócrifos — uma vez mais—nos oferecem

elementos complementares de grande interesse neste

fenômeno "que comocionou os vizinhos de Belém e sua

comarca".

O Proto-Evangelho de São Tiago, por exemplo, conta que, ao chegar a


Jerusalém, os Magos foram interrogados por Herodes nos seguintes termos:

"Qual é o sinal que vistes relativo a esse rei que nasceu?" Os Magos
respondem:

"Vimos um astro muito grande que brilhava entre as demais estrelas e as


eclipsava, fazendo-as desaparecer..."

Mais adiante, este mesmo texto acrescenta:

"E naquele momento, à saída de Jerusalém, aquela estrela que tinham visto
no Oriente, voltou a guiá-los até chegarem à cova, e pousou sobre a entrada
desta."

Por sua vez, o Evangelho do Pseudo-Mateus diz:

"Mas, além disso, havia uma enorme estrela que expandia seus raios sobre a
gruta da manhã à tarde, sem que jamais, desde a origem do mundo se
tivesse visto um astro de

grandeza semelhante. Os profetas que havia em Jerusalém diziam que esta


estrela era o sinal de que havia nascido o Messias, que devia dar
cumprimento à promessa feita não só a Israel, mas a todos os povos."

"E enquanto avançavam no caminho"—prossegue o Pseudo- Mateus,


referindo-se à curta viagem dos Magos de Jerusalém a Belém, 7,5km —,
apareceu-lhes a estrela de novo, e seguia à frente deles, servindo-lhes de
guia até que chegaram, por fim, ao lugar onde se encontrava o Menino.
Quando viram a estrela, os Magos encheram-se de júbilo..."
Por último, o também mencionado apócrifo Liber de

Infantia Salvatoris — como já expus anteriormente — assim


se refere à estrela:

"Recebidos os presentes, partimos de Jerusalém. Mais eis que a estrela que


nos havia surgido seguia adiante de nós desde nossa saída de Jerusalém até
este lugar, e logo entrou nesta cova onde estás e na qual não permites nossa
entrada." Os Magos terminam assim as palavras que dirigem a José na
entrada da cova onde havia nascido Jesus:

"Quanto à origem de nosso conhecimento, ouça-nos:

soubemos pelo sinal de uma estrela, que nos surgiu mais resplandecente que
o sol, e de cujo fulgor ninguém jamais pode falar. E esta estrela significa
que a estirpe de Deus reinará na claridade do dia. Esta não girava no centro
do céu, como costumam [fazer] as estrelas fixas e também os

planetas, que ainda observam um plano fixo de tempo... mas só que esta não
é errante. Pois nos parecia que todo o pólo— o céu—não podia contê-la
com toda a sua grandeza; e nem o próprio sol pôde obscurecê-la, como [o
faz] com as outras estrelas, pelo fulgor de sua luz. [Mas ainda], este pareceu
debilitar-se à visão do resplendor de sua vinda. Pois esta estrela é a palavra
de Deus, já que há tantas palavras de Deus quanto são as estrelas. E esta
palavra de Deus, [como o próprio] Deus, é inefável. Tal como é inenarrável
esta estrela, que foi nossa companheira de viagem na marcha [que
empreendemos] para vir até o Cristo."

Depois da leitura destes textos apócrifos, tem-se a sensação de que o


evangelista Mateus omitiu uma infinidade de

"notícias". Por exemplo: que nos céus de Belém e arredores deveriam ter
sido vistas não uma, mas várias estrelas... Além daquela citada por Mateus,
havia outra "sobre a gruta da manhã à tarde". É muito provável que os
profetas de

Jerusalém se referissem a esta última quando falavam do "sinal" esperado.


Como sucedeu em uma infinidade de casos atuais de OVNIS, estas naves se
"apagam", ou desaparecem ou se afastam das testemunhas quando se
aproximam de um núcleo urbano, para aparecer de novo em campo aberto,
quando os "perseguidos" ou "observados" saem das

povoações.

(Em meus livros Cem Mil Quilômetros Atrás dos OVNIS,

TVE: Operação OVNI e OVNIS: Documentos Oficiais do

Governo Espanhol refiro-me a este tipo concreto de

avistamento.)

Portanto, não me estranha que a nave que havia precedido a caravana dos
Magos até Jerusalém se "apagara" ou

desaparecera pouco antes da entrada daqueles na cidade santa. E embora,


uma vez informados os Magos acerca do lugar onde devia nascer o Cristo,
eu não creia que tivessem tido muitos problemas para falar-lhe, o mais
prático e justo — depois de tantos quilômetros — é que essa ou outra nave
lhes saísse suavemente ao encontro, guiando-os até a casa exata. E digo
"outra nave" porque, como já vimos, os

apócrifos nos dizem que, ao empreender o caminho até

Belém, a "estrela os precedia, mas em forma de coluna de fogo".

Desta mudança de forma na "estrela" se desprende uma

espécie de relevo na nave encarregada de guiar os Magos. Este "relevo"


pode ter múltiplas justificações. E uma delas, a julgar pelo que nos contam
os apócrifos, pode ser o

lançamento de uma diminuta "sonda" ou foo-fighter, capaz de penetrar onde


uma nave maior não poderia: na cova

onde se encontrava o menino.

Embora eu saiba que esteja pisando em um terreno


sumamente especulativo, quero chamar a atenção do leitor neste sentido
acerca de outra narração, desta vez de uma santa, Maria de Ágreda, na qual
a mística conta a visão que
teve sobre a origem e o movimento da estrela de Belém:

"Naqueles tempos", escreve a abadessa da ordem de São

Francisco, "o anjo que foi enviado [aos Magos] do estábulo em Belém
acreditou ver no [ou do] ar, por poder de Deus, uma estrela de peculiar
esplendor; contudo, não tão grande como as do firmamento, pois esta
estrela estava fixa não no céu, mas sim no ar inferior, para assim guiar os
Reis Magos ao estábulo de Belém. Esta estrela foi de um grande

esplendor, diferente do sol e das estrelas.

"Com sua luz encantadora, iluminou a noite como uma

tocha, embora eles partissem de diferentes lugares. Pois estava tão elevada e
a tal distância, que todos os três

puderam vê-la. Depois de deixar suas casas, logo se

juntaram, e a estrela foi baixada ao ar e brilhou perto deles... Seguiram por


onde lhes guiou a estrela e quando chegaram a Jerusalém, a estrela apareceu
diante deles outra vez e os levou a Belém, onde parou.

"Então, tendo baixado um pouco e diminuído [em tamanho

e brilho] foi dentro da cova ou estábulo e diminuindo mais e mais


lentamente, foi pousar sobre a cabeça do Divino

Menino, vestindo-o com uma luz maravilhosa para afinal

desaparecer."

É desconcertante como a visão de uma mística — de

reconhecida santidade — pode coincidir, até nos

pormenores da "diminuição do tamanho e brilho da estrela ao descer", com


os relatos apócrifos e, sobretudo, com
muitas das descrições atuais das testemunhas de OVNIS.

Da mesma forma desconcertante é que os homens do século

XX, que negam os OVNIS, pendurem a cada ano sobre o

presépio e entre os ramos verdes da árvore de Natal uma

figura de papel prateado — uma "estrela de Belém" —, que, no meu


entender, não passava de um OVNI... É

desconcertante e ao mesmo tempo belo. E talvez chegue um dia em que os


homens descubram a Verdade e, além de

reviverem este símbolo da paz, cheguem às janelas na noite de 5 de janeiro,


esperando ver as naves dos "anjos-

astronautas", que JAMAIS se foram...

Uma Torrente de Dúvidas

Não quero concluir esta "anotação" ou "esboço", sobre o que outros


investigadores e eu consideramos que pôde ter

acontecido realmente na Bíblia, sem "aliviar" primeiro meu coração.


Adaptando aquela frase de João a seu evangelho — "Jesus realizou em
presença dos discípulos outros muitos sinais que não estão escritos neste
livro" —, também sei que muitos outros eventos que as Sagradas Escrituras
nos contam não foram relatados e comentados nesta obra. Mas haverá
ocasião. Espero que nossa "demonstração" seja clara e

eloqüente o bastante para chegar à parte mais sensível do coração humano e


— oxalá! — fazê-lo refletir.

Mas vamos ver algumas das muitas incógnitas que retumbam em meu
coração:

1º. Se o tempo não foi jamais um problema para os


"astronautas de Jeová" — talvez porque sua média de vida seja muito maior
do que a nossa —, não é possível que ainda continuem sobrevoando a terra?

2º. E, ligando-se à pergunta anterior, isto significa que o "grande plano" da


salvação da humanidade ainda não foi encerrado?

3º. Se os "astronautas-missionários" de quatro e dois mil anos atrás


escolheram "seus" profetas, e se é certo que continuam aqui, quem são seus
novos "eleitos" ou "profetas"?

4º. Se esses "celestes" a serviço de Deus se deslocavam em


naves, não pode ter ocorrido que alguns dos seres que se deixam ver dentro
e fora dos OVNIS sejam os mesmos que velaram por Abraão, por Jacó ou
por Moisés?

5º. Se é assim, não pode ser que os "profetas" ou "eleitos" do século XX


sejam exatamente os que dizem ou se proclamam "contatados" por esses
seres do espaço?

6º. E, no fundo, se admitimos esta possibilidade, quantos "profetas" ou


"eleitos" estão propagando a realidade OVNI e, o que é muito importante, a
realidade de uma "nova Era", tanto em nível público quanto de pequenos
grupos e

comunidades?

7º. Não estará nossa "dura tempera" — como a daquele povo "eleito" —
ridicularizado, ignorando e até ferindo os novos "profetas"?

8º. Não está acontecendo à "classe sacerdotal" e à grande "máquina


burocrática" que é hoje a Igreja católica o mesmo que à "casta dos fariseus"
de dois mil anos atrás?

9º. Não será porque os novos "profetas" — como Elias e João Batista —
não mais vestem batinas nem capuzes, nem

reluzem em seus peitos ou dedos crucifixos ou anéis de ouro e prata?

10º. Não estará sucedendo hoje à Igreja em relação aos OVNIS o mesmo
que ocorreu com Galileu há pouco mais de trezentos anos? Não estará
ganhando uma batalha para

acabar perdendo a guerra?

Oxalá o leitor tenha mais sorte que eu e seja capaz de encontrar as respostas
adequadas a esta "torrente" de dúvidas que, como adiantei no prólogo,
terminou sempre por
inundar a quantos de nós enfocarmos a Bíblia, a Religião e a própria Vida
com esta nova "luz".

Você também pode gostar