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A mulher como mediadora entre o céu e terra, o ma e mi ou miryen no hebraico. Contra todos
os fanatismos, formas de misoginia, ódio ou medo da mulher. Só quando a mulher for a sua
totalidade e não mais se dividir entre a pura e a devassa, a esposa e a amante ou a prostituta, e
atingir a sua dignidade máxima poderá Ter os filhos da nova humanidade. Como Maria concebeu
Cristo, imaculada e redentora, ou Maria Madalena foi certamente a irmã e a amante do
homem futuro.
O homem que ainda não é porque ficou oculto o testamento da mulher e o seu verdadeiro papel.
Foi Maria Madalena quem viu Cristo mediúnicamente “ressuscitado” através dos olhos do
espírito... Mas o seu evangelho não consta na Bíblia. Esta e outras omissões ao longo dos séculos
e da história fizeram com que a mulher mantenha, nas diferentes partes do globo, um estatuto
inferior sem que os homens percebam o seu enorme erro. E mesmo nos pontos mais avançados
das sociedades ditas civilizadas e iguais a prostituição é exercida e as mulheres sofrem de toda a
espécie de descriminações. Contudo não podemos esperar dos homens qualquer atenuante para
esta realidade. Têm de ser as mulheres a tomar consciência do seu próprio ser e da sua
totalidade. Só assim poderão exigir e não Ter medo de nada. A união de todas as mulheres e não
a sua cisão será a salvação do planeta da destruição. A mulher dividida e separada, a mulher
torturada e sem identidade gera monstros!
A concepção, por ser imaculada no espírito e na ordem universal dos princípios, é sagrada, e a
mulher como seu veículo tem de atingir a sua dignidade a sua dimensão própria de deusa para
poder gerar homens e não monstros. A concepção é um “milagre de Deus...” um Dom universal
e todas as criaturas são criaturas de deus ou deuses se a sua concepção for vivida e sentida
como um Dom, e não a mulher como uma besta de carga, tratada como impura ou escravizada!
Era esse milagre que era CELEBRADO na antiguidade.
A consciência do sagrado na mulher e em toda a natureza é o que para mim era o paganismo. A
consciência do que era a criação era mais importante do que os feitos dos homens e foi essa
vaidade e ambição do macho que destruiu a terra. As suas conquista arbitrárias de outros povos
pela violência e despotismo. E se os homens não integrarem a mulher no seu mundo
urgentemente, serão eles forçados a afirmá-la de travestis e a recorrer a operações de uma forma
caricata e patológica, como vítimas diretas do machismo redutor (O que não quer dizer que os
homens não sejam sensíveis e delicados).
Todas as formas naturais, todas as manifestações humanas ao cimo do planeta são sagradas na
ordem infinita do cosmos e não é a ciência nem a religião nem as ideologias que nos salvarão,
mas o sentimento do sagrado vivenciado por cada um de nós, dentro e fora.
Só depois cantarei o homem, o Andrógino, o irmão. O meu irmão da minha alma. Aquele que é
igual a mim dentro e fora. Quando a carga de perversidade e de ignorância desaparecer das
mentes humanas.
NOUT
Vi o teu rosto na lua...
Aparecia e sorria entre as nuvens e desaparecia!
Ias e vinhas como uma fada
E com as mãos brincavas com as estrelas,
Dançando entre os raios de luz.
Inebriava-me com promessas que eu decifrava nas esferas.
Rodopiavas no céu, e o teu raio estilhaçava todo o meu ser.
Eu caia em abismos, memórias e perfumes.
E quando me erguia já não te via...
A minha alma escurecia e pedia que aparecesses outra vez;
E mais uma vez tu vinhas e dançavas para mim:
A TUA IMAGEM
Tenho a tua imagem gravada no mais fundo do meu coração:
Olhos internos, fibras e nervos te vêm.
Corre no meu sangue como um rio
E eu deixo-me levar na corrente do teu ser.
Bebo da tua seiva e ergo-me
Como a coluna do templo em que és rainha e minha
No mais sagrado altar em que te posso abrigar.
Guardam-me as almas os teus olhos
Que me seguem a cada silêncio e a cada gesto.
Queria abraçar-te o ventre e adormecer suavemente a teus pés
Como o pedinte à porta de uma igreja ou o nômade no deserto,
A minha sede de ti é eterna, ó mãe do céu e da terra em que nasci!
MAGNA MATER
Vem ó face oculta de mim, volta ao nosso seio...
E sê de novo a detentora de toda a magia e cura.
Vem, Lilith, a primeira mulher castigada,
Vem Cybele, escondida nas cavernas, Afrodite do mar,
Deméter e Perséfone encontradas...
Vem Maat ao meu coração semear a verdade,
Restabelecer a justiça!
Vem Virgem Maria a Piedade...
Voltem todas as deusas, para que as mulheres...
Sejam enfim Mulheres,
Para que a mãe ame a filha,
Para que o ódio cesse entre o macho e a fêmea.
Voltem e
Libertem-nos do Pai-todo-poderoso e do Pecado!
BASTIT
São os teus olhos cor de amêndoa que me olham doce,
Que me põem tonta de tanto te olhar.
São os teus olhos fixos na imensidão do que eu sinto
Que me fazem estremecer de tanto te amar...
São os teus olhos de gata que pousam brandos nas minhas mãos,
Que afagam o meu desejo de te acariciar...
Desejo suspenso no mais íntimo receio de te assustar.
E para que não fujas e me deixes,
Finjo que não sou de carne e osso
E evito diante de ti chorar a imensidão do meu ensejo
De te afagar.
“Na ilha de Creta, onde a Deusa ainda era suprema, não havia sinais de guerra. Aí a
economia prosperava e as artes floresciam”.
In O Cálice e a Espada, de Riane Eisler.
"No coração dos amantes que bebem a lia, ateiam-se os desejos ardentes.
No foro interior dos sábios de coração triste, há refutações (...)". RUMI
Feitiço
Possessa sim, mas de amor o teu!
Amante de mim, sim...
Mas de tanto em mim viveres ó Deusa
Crente e serva de um só e único olhar,
O teu invisível olhar,
Que me fulminou de magia
E ardente nostalgia,
Mal eu nasci...