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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS


ESCOLA DE ENGENHARIA ELÉTRICA, MECÂNICA E DE COMPUTAÇÃO

ANÁLISE DA ARQUITETURA E DE IMPLEMENTAÇÕES DO OPEN RAN E SUAS


CONTRIBUIÇÕES PARA AS REDES 5G E 6G

GABRIEL SOARES TELES

ORIENTADOR: MARCELO STEHLING DE CASTRO

MONOGRAFIA DE PROJETO FINAL DE CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE

COMPUTAÇÃO

GOIÂNIA, GO, BRASIL: 2024


UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE ENGENHARIA ELÉTRICA, MECÂNICA E DE COMPUTAÇÃO

TERMO DE CIÊNCIA E DE AUTORIZAÇÃO PARA DISPONIBILIZAR VERSÕES


ELETRÔNICAS DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE GRADUAÇÃO NO
REPOSITÓRIO INSTITUCIONAL DA UFG
Na qualidade de titular dos direitos de autor, autorizo a Universidade Federal de Goiás (UFG) a
disponibilizar, gratuitamente, por meio do Repositório Institucional (RI/UFG), regulamentado pela
Resolução CEPEC no 1240/2014, sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei no
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orientador(a) firmam o compromisso de que o trabalho não contém nenhuma violação de quaisquer
direitos autorais ou outro direito de terceiros.

1. Identificação do Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação (TCCG)


Nome(s) completo(s) do(a)(s) autor(a)(es)(as): Gabriel Soares Teles
Título do trabalho: Análise da Arquitetura e de Implementações do Open RAN e suas contribuições para
as redes 5G e 6G
2. Informações de acesso ao documento (este campo deve ser preenchido pelo orientador) Concorda
com a liberação total do documento [X] SIM [ ] NÃO¹

[1] Neste caso o documento será embargado por até um ano a partir da data de defesa. Após esse período,
a possível disponibilização ocorrerá apenas mediante: a) consulta ao(à)(s) autor(a)(es)(as) e ao(à)
orientador(a); b) novo Termo de Ciência e de Autorização (TECA) assinado e inserido no arquivo do
TCCG. O documento não será disponibilizado durante o período de embargo.
Casos de embargo:
- Solicitação de registro de patente;
- Submissão de artigo em revista científica;
- Publicação como capítulo de livro.

Obs.: Este termo deve ser assinado no SEI pelo orientador e pelo autor.

Documento assinado eletronicamente por Marcelo Stehling De Castro, Professor do Magistério


Superior, em 31/01/2024, às 18:47, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no § 3º do
art. 4º do Decreto nº 10.543, de 13 de novembro de 2020 .

Documento assinado eletronicamente por Gabriel Soares Teles, Discente, em 31/01/2024, às 18:52,
conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no § 3º do art. 4º do Decreto nº 10.543, de 13 de
novembro de 2020.

Termo de Ciência e de Autorização TCCG (RI) 4321750 SEI 23070.058373/2023-46 / pg. 1


A autenticidade deste documento pode ser conferida no site
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informando o código verificador 4321750 e o código CRC 6F67ADEE.

Referência: Processo nº 23070.058373/2023-46 SEI nº 4321750

Termo de Ciência e de Autorização TCCG (RI) 4321750 SEI 23070.058373/2023-46 / pg. 2


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GABRIEL SOARES TELES

Análise da Arquitetura e de Implementações do Open


RAN e suas contribuições para as redes 5G e 6G

Trabalho de conclusão de curso apresentado na


Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de
Computação como requisito para a conclusão do
curso de Engenharia de Computação e obtenção
do título de Engenharia de Computação.

Universidade Federal de Goiás - UFG

Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação - EMC

Orientador: Prof. Dr. Marcelo Stehling de Castro

Goiânia, Goiás, Brasil: 2024


Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do
Programa de Geração Automática do Sistema de Bibliotecas da UFG.

Teles, Gabriel Soares


Análise da Arquitetura e de Implementações do Open RAN e suas
contribuições para as redes 5G e 6G [manuscrito] / Gabriel Soares
Teles. - 2024.
xxi, 21 f.: il.

Orientador: Prof. Dr. Marcelo Stehling de Castro.


Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade
Federal de Goiás, Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de
Computação (EMC), Engenharia da Computação, Goiânia, 2024.
Bibliografia.

1. Open RAN. 2. Redes móveis. 3. Evolução da arquitetura. 4. 5G. 5.


6G. I. Castro, Marcelo Stehling de, orient. II. Título.

CDU 621.3
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE ENGENHARIA ELÉTRICA, MECÂNICA E DE COMPUTAÇÃO

ATA DE DEFESA DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Ao(s) 31 dia(s) do mês de janeiro do ano de 2024 iniciou-se a sessão pública de defesa do Projeto Final II
intitulado “Análise da Arquitetura e de Implementações do Open RAN e suas contribuições para as
redes 5G e 6G”, de autoria de Gabriel Soares Teles , , do curso de Engenharia de Computação, do(a)
Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação (EMC) da UFG. Os trabalhos foram
instalados pelo Prof. Dr. Marcelo Stehling de Castro – EMC/UFG com a participação dos demais
membros da Banca Examinadora: Prof. Dr. Rodrigo Pinto Lemos – EMC/UFG e Prof. Dr. Flávio Geraldo
Coelho Rocha – EMC/UFG. Após a apresentação, a banca examinadora realizou a arguição do(a) estudante.
Posteriormente, de forma reservada, a Banca Examinadora atribuiu a nota final de 9,5, tendo sido o TCC
considerado APROVADO.
Proclamados os resultados, os trabalhos foram encerrados e, para constar, lavrou-se a presente ata que segue
assinada pelos Membros da Banca Examinadora.

Documento assinado eletronicamente por Marcelo Stehling De Castro, Professor do Magistério


Superior, em 31/01/2024, às 18:20, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no § 3º do
art. 4º do Decreto nº 10.543, de 13 de novembro de 2020 .

Documento assinado eletronicamente por Rodrigo Pinto Lemos, Professor do Magistério Superior,
em 31/01/2024, às 18:21, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no § 3º do art. 4º do
Decreto nº 10.543, de 13 de novembro de 2020 .

Documento assinado eletronicamente por Flavio Geraldo Coelho Rocha, Professor do Magistério
Superior, em 31/01/2024, às 18:25, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no § 3º do
art. 4º do Decreto nº 10.543, de 13 de novembro de 2020 .

A autenticidade deste documento pode ser conferida no site


https://sei.ufg.br/sei/controlador_externo.php?acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0,
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Referência: Processo nº 23070.058373/2023-46 SEI nº 4321756

Ata de Defesa de Trabalho de Conclusão de Curso 4321756 SEI 23070.058373/2023-46 / pg. 1


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Análise da Arquitetura e de Implementações do Open


RAN e suas contribuições para as redes 5G e 6G
Gabriel Soares Teles¹, Marcelo Stehling de Castro2

Universidade Federal de Goiás (UFG) - Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação


(EMC) - Goiânia, Goiás, Brasil 74601-010, e-mails: gsteles@discente.ufg.br¹, graduando em
Engenharia de Computação. mcastro@ufg.br2, Professor Associado - EMC/UFG.

Resumo — Este trabalho apresenta uma análise da evolução da


arquitetura de redes móveis, com ênfase na transição para I. INTRODUÇÃO
sistemas mais abertos e flexíveis, como o Open RAN, no contexto
das redes 5G e 6G. Inicia-se com um histórico da telefonia móvel, A evolução das redes móveis ao longo das décadas
desde os sistemas analógicos até o 5G, enfatizando a busca por testemunhou avanços significativos, moldando a forma como
maiores taxas de transmissão de dados e uso de novas bandas de nos comunicamos e interagimos digitalmente. A jornada
frequência. A discussão central gira em torno da necessidade de começou com a 1G (Primeira Geração), introduzida nos anos
repensar a arquitetura celular para atender a demandas futuras, 1980, caracterizada por tecnologia analógica voltada
como eficiência energética, redução de custos, alta resiliência e principalmente para chamadas de voz, com capacidade limitada
cobertura completa. O Open RAN é apresentado como uma para transmissão de dados.
solução que permite maior flexibilidade e interoperabilidade entre Na virada para os anos 1990, surgiu a 2G (Segunda Geração),
diferentes fornecedores, utilizando hardware e software
desagregados. O artigo também aborda as diferenças entre as
marcada pela transição para tecnologia digital, melhorando a
abordagens dos EUA e Europa em relação ao Open RAN e como qualidade das chamadas e introduzindo serviços como
isso afeta seus respectivos ecossistemas de telecomunicações. Por mensagens de texto (SMS) e transferência de dados mais
fim, discute-se a viabilidade do Open RAN no contexto do 6G, eficiente.
indicando como essa abordagem pode beneficiar a transição da O advento da 3G (Terceira Geração) no início dos anos 2000
pesquisa para a implementação comercial, e como os princípios do representou um marco crucial, proporcionando maior
Open RAN podem suportar os KPIs das redes de próxima geração. capacidade de dados e acesso à internet móvel. A 3G
possibilitou serviços multimídia, como videochamadas e
Palavras-chave—Open RAN, redes móveis, desagregação, streaming de vídeo, consolidando a transição para a era digital.
evolução da arquitetura, 5G, 6G. A 4G (Quarta Geração), desenvolvida na segunda metade dos
anos 2000, trouxe consigo velocidades de internet mais rápidas
e eficiência na transmissão de dados. Com o padrão LTE, a 4G
Abstract — This paper presents an analysis of the evolution of
permitiu experiências mais avançadas, como streaming de alta
mobile network architecture, with an emphasis on the transition to
more open and flexible systems, such as Open RAN, in the context qualidade, videochamadas e jogos online.
of 5G and 6G networks. It begins with a history of mobile telephony, A 5G (Quinta Geração), iniciada no final da década de 2010,
from analog systems to 5G, highlighting the pursuit of higher data representa uma revolução nas comunicações móveis.
transmission rates and the use of new frequency bands. The central Oferecendo velocidades excepcionais, menor latência e maior
discussion revolves around the need to rethink cellular architecture capacidade de conexão, a 5G viabiliza avanços em áreas como
to meet future demands such as energy efficiency, cost reduction, Internet das Coisas (IoT), realidade virtual e aumentada.
high resilience, and complete coverage. Open RAN is introduced as Até o advento do 5G, todas as gerações anteriores
a solution that enables greater flexibility and interoperability among compartilham algumas características comuns: seu foco
different vendors, using disaggregated hardware and software. The
principal era o mercado de consumo, buscavam oferecer maior
article also addresses the differences between the approaches of the
U.S. and Europe regarding Open RAN and how it impacts their taxa de transmissão de dados aos usuários finais, eram capazes
respective telecommunications ecosystems. Finally, the feasibility of de utilizar faixas de banda larga e novas bandas de frequência.
Open RAN in the context of 6G is discussed, indicating how this Os principais cenários de aplicação estavam ligados à
approach can benefit the transition from research to commercial comunicação de voz e à conectividade com a Internet. Em
implementation and how the principles of Open RAN can support contraste com esses sistemas anteriores, novas áreas de
the KPIs of next-generation networks. requisitos foram estabelecidas para o 5G [1].
Por definição, a Radio Access Network (RAN) do 5G deve
Index Terms—Open RAN, mobile networks, disaggregation, ser energeticamente eficiente, extremamente confiável e capaz
evolution of architecture, 5G, 6G. de suportar 1.000.000 de usuários por km². Espera-se que tal
abordagem permita oferecer serviços móveis sem fio não só
para o mercado de consumidores, mas também para o setor
industrial e usuários privados e corporativos.
8

Prevendo a necessidade de suporte a múltiplos cenários, Máquina (AI/ML) e do paradigma de rede orientado a dados.
decidiu-se que a arquitetura da RAN deveria ser mais modular Open RAN também diz respeito à evolução da decomposição
do que antes [2]. do hardware (HW) e software (SW) dos elementos de rede, o
Historicamente, houve tentativas de implantar estações base que, na prática, significa que vários fornecedores podem
de maneira decomposta e por mais de um único fornecedor por entregar soluções, que hardware Commercial-off-the-shelf
local, com base em arquiteturas de referência padronizadas. A (COTS) pode ser utilizado, e que os produtos podem ser
tecnologia Wideband Code-Division Multiple Access atualizados via software de forma ágil.
(WCDMA) da era 3G possibilitou a divisão da RAN em Este trabalho é motivado pela crescente necessidade de uma
Controlador de Rede de Rádio (RNC) e estação base, infraestrutura de rede móvel que não apenas atenda às
denominada NodeB, permitindo conexões um-para-muitos demandas atuais, mas também esteja pronta para o futuro. Essa
entre essas entidades. prontidão implica a capacidade de adaptação e escalabilidade
As implantações da Quarta Geração (4G) de Long Term diante das novas tecnologias e requisitos do mercado.
Evolution (LTE) apresentaram conexões multifornecedor entre A estrutura inovadora do Open RAN surge como resposta a
as estações base do RAN, agora chamadas de Evolved NodeB essa demanda, prometendo uma revolução no ecossistema das
(eNB), e as redes centrais (CN) baseadas em uma interface redes móveis por meio da interoperabilidade e da inovação
padronizada. aberta. Nesse contexto, uma análise da arquitetura e das
No entanto, as interfaces aplicadas na RAN entre os nós implementações do Open RAN é crucial para compreender
apropriados ainda são proprietárias. Apesar dos avanços e da como essa abordagem pode contribuir para a eficiência,
complexidade da rede de acesso móvel, as soluções maduras flexibilidade e sustentabilidade das redes 5G, ao mesmo tempo
implementadas nas estações base são fornecidas por um único que prepara o terreno para a integração do 6G.
fornecedor, um cenário frequentemente descrito como bloqueio Este estudo explora como a arquitetura Open RAN pode
pelo fornecedor. superar as limitações das abordagens tradicionais de RAN,
Embora o Third Generation Partnership Project (3GPP) analisando os benefícios operacionais e econômicos, além de
tenha definido algumas interfaces e divulgado especificações desafios técnicos e regulatórios. A pesquisa também examina
públicas, os fornecedores continuam a implementar soluções e como a implementação de inteligência artificial/aprendizado de
interfaces proprietárias. Isso resultou na implementação de máquina (AI/ML) e a separação entre hardware e software são
redes RAN em determinadas bandas e áreas geográficas por um aspectos inovadores que serão investigados para compreender
único fornecedor. como podem impulsionar a eficiência e adaptabilidade das
Atualmente, observa-se uma abordagem monolítica de um redes móveis.
único fornecedor para a implantação de RAN (eNBs) em todo O artigo está organizado da seguinte maneira: na Seção 2 é
o mundo, ou seja, as redes não são abertas em toda a pilha de feita uma análise da trajetória das arquiteturas de
protocolos definida. telecomunicações, destacando suas transições e os seus
O número de assinantes de redes móveis supera a população impactos nas capacidades das redes; na Seção 3 é apresentado
mundial total. Com inserção dos dispositivos IoT que utilizam os principais grupos a frente desse movimento e seus papéis nas
o 5G, há um número muito maior de terminais por km². Prevê- implementações e padronizações dentro do Open RAN; na
se que o número de células e sites continuará a crescer no futuro Seção 4 é apresentado a arquitetura do Open RAN e os seus
devido à densificação da rede e à implementação de novas componentes e interfaces; na Seção 5 discutem-se as principais
bandas de frequência. vantagens e desafios que essa nova arquitetura encontra; na
Conforme [3], estima-se que haverá 8,8 bilhões de Seção 6 é feita a análise do benchmarking internacional e as
assinaturas móveis ativas em 2026, incluindo 3,5 bilhões de estratégias dos países em relação ao Open RAN; na Seção 7 é
assinaturas de 5G. Isso indica a necessidade de redes projetadas discutido como o 6G pode se beneficiar do Open RAN para o
para serem flexíveis e mais centralizadas. design e implantação da arquitetura de rede; por fim , a Seção 8
A flexibilidade pode ser garantida pela decomposição de contém as considerações finais.
elementos da rede dentro da arquitetura do protocolo de acesso Por encontrar-se muito material sobre o tema em inglês,
via rádio. Contudo, essa abordagem ainda não significa uma optou-se por manter as siglas e descrições na língua inglesa.
abertura em relação à perspectiva proprietária.
Na última década, a necessidade de uma abordagem flexível II. EVOLUÇÃO DA ARQUITETURA
e aberta no desenvolvimento da RAN foi identificada pelos No início, a infraestrutura de telecomunicações era dominada
operadores de redes móveis e fornecedores de equipamentos de por uma configuração monolítica, na qual as unidades de
rede, o que acabou por ser denominado Open RAN. processamento de banda base e os módulos de rádio eram
Open RAN é um termo amplo que inclui a disposição dos instalados próximos às antenas.
agentes da indústria (operadores, fornecedores, integradores, Esta estrutura, que é fundamental para as redes móveis, é
negócios privados etc.) para abrir a arquitetura da RAN com o conhecida como Radio Access Network (RAN), que opera em
objetivo de facilitar a implantação e integração de redes de conjunto com a rede principal, os terminais e a rede de
acesso via rádio móvel multifornecedor, eliminando potenciais transporte para facilitar a comunicação sem fio.
obstáculos em desenvolvimentos futuros. Na era do 4G/LTE, uma mudança estrutural ocorreu com os
Tal abertura foi assegurada pela especificação de interfaces fornecedores oferecendo Evolved Node B (eNB) desagregados
apropriadas entre nós lógicos e pela introdução de novos em Radio Remote Heads (RRHs) e Baseband Units (BBUs).
elementos de rede capazes de incorporar inteligência por meio Estes componentes, embora localizados próximos uns aos
da implementação de Inteligência Artificial/Aprendizado de
9

outros, marcaram o início da era da RAN distribuída (D-RAN),


como mostrado na Figura 1.
A RRH, também chamada de Unidade Remota (RU) nas
especificações do 5G New Radio (5G NR) do 3GPP, interage
com a antena, enquanto a BBU se concentra em operações
intensivas de computação, como o processamento de sinais para
múltiplas células e a gestão de recursos de rede [4].
Tradicionalmente, interfaces, como Common Public Radio
Interface (CPRI) ou Open Base Station Architecture Initiative
(OBSAI), eram utilizadas para estabelecer comunicação entre
as RRHs e BBUs, criando um ecossistema fechado que
limitava a interoperabilidade [1].

Fig. 2. Arquitetura C-RAN. Fonte [5]

A RAN Virtualizada (vRAN) também segue uma abordagem


semelhante à C-RAN e utiliza virtualização adicionalmente. A
vRAN substitui hardware proprietário e caro por COTS, e
desvincula o software do hardware aplicando os princípios de
Network Function Virtualization (NFV). As funções de rede
podem ser implantadas de maneira flexível usando vRAN em
máquinas virtuais ou containers, e não há dependência de
hardware. Portanto, a vRAN aprimora a flexibilidade, a
escalabilidade e a economia total de custos de propriedade [8].
Fig. 1. Arquitetura D-RAN. Fonte [5]
Como observado na Figura 3, não há diferença entre vRAN e
C-RAN, exceto que tradicionalmente o C-RAN utiliza
À medida que as redes cresciam, surgiu a necessidade de hardware proprietário, enquanto o vRAN utiliza Funções de
otimizar o uso dos recursos de banda base, levando à
Rede em plataformas de servidor [9].
centralização de recursos em locais estratégicos, como
escritórios centrais ou data centers.
Este conceito deu origem à RAN Centralizada (C-RAN),
proposta inicialmente pela China Mobile em 2009, visando a
maximização da eficiência na transmissão de dados e uma
gestão de recursos de rede mais eficaz [6].
A centralização dos BBUs, como pode sser observado na
Figura 2, permite não só o balanceamento de carga e a redução
de custos operacionais, mas também aumenta a eficiência do
hardware e do software através do pooling, além de diminuir as
despesas com aluguel de espaços físicos.
O Small Cell Forum foi um dos primeiros a reconhecer os
benefícios da virtualização e da centralização em redes de
células pequenas, e em 2015, anunciou a importância da divisão
MAC/PHY [7].
Este foi um passo decisivo rumo à decomposição funcional Fig. 3. Arquitetura vRAN. Fonte [5]
da RAN, onde o grau de centralização é determinado pela
divisão funcional, que é essencial para atender a uma ampla
gama de requisitos de desempenho e para se adaptar a variados
tipos de tráfego.
10

III. OPEN RAN


TABELA I - GRUPOS DE TRABALHO DENTRO DA O-RAN ALLIANCE
Grupo Responsabilidade
Casos de uso e arquitetura
Grupo de Trabalho 1
geral
Otimização e automação da
RAN, do RRM (Radio
Grupo de Trabalho 2 e 3
Resource Management) e do
RIC
Foco em interfaces abertas
para alcançar a
Grupo de Trabalho 4 e 5 interoperabilidade entre
diferentes fornecedores de
hardware e software RAN
Foco em comoditização,
Grupo de Trabalho 6, 7, virtualização e
8 modularização de hardware
e software RAN
Nova rede de transporte
Fig. 4. Evolução da RAN. Fonte [5] aberta baseada em novas
arquiteturas e requisitos de
Entre vários agentes da indústria, há dois grandes grupos que Grupo de Trabalho 9 serviço ao usuário final para
estão liderando o movimento Open RAN. Um deles é o fronthaul, midhaul e
Telecom Infra Project (TIP). Fundado pelo Facebook em 2016, backhaul
o TIP surgiu como uma abordagem colaborativa centrada em
engenharia, dedicada à construção e implementação de Responsável pela arquitetura
infraestrutura global de telecomunicações. OAM (Operation and
Ele é dirigido pelo conselho de administração composto pelo Grupo de Trabalho 10
Maintenance) e a interface
grupo de suas empresas fundadoras do setor de tecnologia e O1
telecomunicações. Além disso, as empresas associadas Aspectos de segurança do
desempenham papéis fundamentais, abrigando laboratórios e Grupo de Trabalho 11
ecossistema Open RAN
aceleradoras de incubadoras tecnológicas. Fonte: [11]
O TIP também organiza anualmente a TIP Summit, uma
conferência de infraestrutura reconhecida. Com uma adesão Após o estabelecimento da O-RAN Alliance, surgiu a O-
que ultrapassa 500 organizações membros, o TIP engloba RAN Software Community em colaboração entre a O-RAN
operadoras, fornecedores, desenvolvedores, integradores, Alliance e a Linux Foundation. Esta comunidade tem como
startups e diversas entidades. missão apoiar o desenvolvimento de software de código aberto
Todos os projetos são conduzidos pelos membros, utilizando para a RAN, concentrando-se nas interfaces abertas delineadas
estudos de caso atuais para impulsionar a evolução de pelas especificações O-RAN.
equipamentos e software de telecomunicações em direção a Em dezembro de 2019, a O-RAN Software Community
formas mais flexíveis, ágeis e interoperáveis. lançou seu primeiro código de software denominado "Amber",
Os participantes do TIP se engajam em grupos de projetos abrangendo as funcionalidades iniciais do controlador
distribuídos em três áreas estratégicas: Acesso; Transporte e inteligente RAN em tempo real exclusivo O-RAN, a interface
Núcleo; e Serviços. Esses grupos de projetos têm uma O1 e a pilha de protocolos.
orientação voltada para o produto, concentrando-se no Outra entidade envolvida nas iniciativas Open RAN é o
desenvolvimento de documentos de requisitos, white papers e Small Cell Forum, que estabeleceu um ecossistema Open RAN
nos resultados de testes de laboratório e de campo [10]. dedicado a small cells. Em 2020, as especificações foram
O outro grande grupo que lidera o movimento Open RAN é expandidas para permitir a construção modular de small cells
a O-RAN Alliance, que foi estabelecida em fevereiro de 2018. utilizando componentes de diferentes fornecedores.
Essa aliança foi formada pela união de duas organizações Em 2020, surgiu a Open RAN Policy Coalition,
distintas, a C-RAN Alliance e o XRAN Forum. representando um grupo de empresas com o propósito de
Enquanto a C-RAN Alliance era composta principalmente impulsionar políticas que promovam a adoção de soluções
pela China Mobile e outros fornecedores chineses, o XRAN abertas e interoperáveis na RAN.
Forum reunia fornecedores e operadoras dos EUA, Europa, Seus principais objetivos incluem apoiar o desenvolvimento
Japão e Coreia do Sul. Assim, as operadoras fundadoras iniciais global de tecnologias sem fio abertas e interoperáveis, bem
da O-RAN Alliance são a AT&T, China Mobile, Deutsche como obter o respaldo governamental para a abertura. Ao
Telekom, NTT Docomo e Orange. contrário da O-RAN Alliance, esta coalizão tem uma
Considerando a extensão e complexidade das diretrizes, a O- representação majoritariamente composta por empresas dos
RAN Alliance organiza suas recomendações em distintos EUA, sem a participação de empresas chinesas.
grupos de trabalho e focais, conforme detalhado na Tabela I.
11

Vale ressaltar que no domínio de software e virtualização, De maneira semelhante, os novos líderes fornecedores de
elementos cruciais para o Open RAN, as grandes empresas soluções de software para RAN aberta, como Mavenir, Parallel
americanas como Amazon Web Services, Google, Microsoft Wireless e Altiostar, são de origem americana. O uso de
Azure e Oracle desempenham um papel proeminente. Essas hardware genérico em vez de dedicado também representa uma
empresas estão ativamente envolvidas na promoção da RAN oportunidade significativa para empresas americanas que
aberta, principalmente por meio de sua participação na O-RAN fabricam esses componentes, como Dell, Intel ou Qualcomm
Alliance e na Open RAN Policy Coalition. [10].

Fig. 5. Arquitetura Open RAN. Fonte [5]

funções de rede que tradicionalmente seriam executadas em


IV. ARQUITETURA DO OPEN RAN hardware dedicado.
A arquitetura O-RAN, ilustrada na Figura 5, é composta Já a O-CU concentra funções de processamento em um local
pelos seguintes componentes e interfaces: centralizado. Ela é responsável por lidar com as funções das
camadas superiores, como gerenciamento de mobilidade e
controle de recursos de rádio (Radio Resource Control - RRC).
1. O-RAN Radio Unit (O-RU) A O-CU , assim como a O-DU, utiliza a NFV para virtualizar
2. O-RAN Distributed Unit (O-DU) funções de rede.
3. O-RAN Central Unit (O-CU) Com a NFV, a O-CU pode ser implementada em ambientes
4. Service Management and Orchestration (SMO) de nuvem, proporcionando ainda mais flexibilidade na alocação
5. Near-Real-Time RAN Intelligent Controller (Near- de recursos.
RT RIC) e Non-Real-Time RAN Intelligent No entanto, na O-DU, essas funções são distribuídas para
Controller (Non-RT RIC) locais mais próximos das antenas para otimizar o
6. Interfaces processamento distribuído. A interface que conecta à O-CU
com a O-DU se chama F1 [12].
A O-RAN Radio Unit (O-RU) é um componente crucial na Há, ainda, uma desagregação horizontal dentro da própria O-
arquitetura Open RAN. Ela serve como interface física entre a CU que implica na divisão em dois subcomponentes distintos:
rede central e o meio de transmissão sem fio, convertendo os o O-CU-UP (User Plane) e o O-CU-CP (Control Plane). O O-
sinais digitais em sinais de rádio e vice-versa. CU-UP é responsável pela parte do plano de usuário.
Ela é responsável por receber e transmitir sinais de rádio para Sua função envolve o gerenciamento do tráfego de dados do
os dispositivos dos usuários realizando a conversão de sinais de usuário, incluindo o encaminhamento eficiente de pacotes de
rádio em sinais digitais que podem ser processados pela O-RAN dados para e a partir dos dispositivos móveis e a coleta de dados
Distributed Unit (O-DU) e pela O-RAN Central Unit (O-CU). provenientes desses dispositivos.
Na arquitetura O-RAN, os sinais de rádio são comunicados Enquanto isso, o O-CU-CP lida com o plano de controle.
entre a O-RU e a O-DU através da interface Open Fronthaul. Suas funções incluem o gerenciamento de recursos,
A O-RU é geralmente localizada perto das antenas de rádio e configuração de sessões, controle de mobilidade e outras tarefas
pode ser projetada para suportar diferentes bandas de relacionadas ao controle da rede. O O-CU-CP toma decisões
frequência e padrões de rádio, como 4G, 5G etc. Isso permite sobre a configuração e o controle de recursos na rede.
que a rede se adapte a diferentes necessidades e condições [8]. Ele é responsável por coordenar e gerenciar a comunicação
A O-DU é responsável por funções de processamento entre os diferentes elementos da estação base e garantir que a
distribuído na estação base. Ela gerencia as funções das rede esteja otimizada para a melhor experiência do usuário. A
camadas inferiores, incluindo processamento da camada de interface que conecta a CU-UP ao CU-CP se chama E1 [12].
controle de acesso (Medium Access Control - MAC) e a camada A arquitetura O-RAN também inclui o Service Management
física (Physical interface - PHY). A O-DU pode utilizar and Orchestration (SMO). O SMO assume a responsabilidade
Network Functions Virtualization (NFV) para virtualizar de coordenar e gerenciar o ciclo de vida de ponta a ponta dos
12

serviços RAN. Isso facilita a coordenação entre os diversos Localizado num ponto central, o Non-RT RIC pode interagir
elementos da rede, promovendo uma maior eficiência com vários Near-RT RICs, coordenando ações amplas e
operacional e o uso mais eficaz dos recursos disponíveis. oferecendo suporte na tomada de decisões estratégicas para a
Ao utilizar o SMO na arquitetura do O-RAN, as operadoras otimização da rede.
podem usufruir de uma infraestrutura de rede ágil, automatizada O Non-RT RIC também conta com suas próprias aplicações,
e inteligente, capaz de se adaptar rapidamente às demandas em chamadas rApps, que são responsáveis por otimizações mais
constante mudança e proporcionar um desempenho aprimorado complexas e pelo fornecimento de políticas de longo prazo.
em uma ampla variedade de cenários de uso. O SMO se conecta Estas rApps também podem envolver o treinamento e a
a todos os componentes por meio da interface O1 [12]. recalibração de modelos de otimização que serão aplicados não
Outro conceito inovador incorporado é o RAN Intelligent só no próprio Non-RT RIC, como também nas xApps do Near-
Controller (RIC), que é um componente desenvolvido para RT RIC, permitindo um processo contínuo de aprendizado e
elevar a inteligência e a adaptabilidade da RAN. melhoria para a gestão de recursos.
O RIC é uma plataforma baseada em software que viabiliza A interface A1 é o canal através do qual os dois tipos de RIC
a implementação de funcionalidades avançadas, tais como o se comunicam, permitindo o alinhamento de estratégias de
gerenciamento em tempo real dos recursos de rádio, a otimização em tempo quase real e o compartilhamento de
otimização de rede e a aplicação de políticas para o modelos de Machine Learning treinados [12].
gerenciamento desses recursos.
Ao utilizar algoritmos de aprendizado de máquina e
inteligência artificial, o RIC é capaz de realizar tomadas de
decisão dinâmicas e inteligentes, aprimorando o desempenho
da rede com base em padrões de tráfego, comportamento do
usuário e outras informações contextuais.
Essa camada adicional de inteligência proporciona às
operadoras de rede a capacidade de oferecer serviços mais
confiáveis, consistentes e eficientes, contribuindo para a
melhoria geral da qualidade da experiência dos usuários finais.
A conexão do RIC aos demais elementos da arquitetura ocorre
por meio das interfaces E2, A1 e O1 [12].
Os controladores RIC são divididos em dois tipos principais
que se diferenciam pelo ritmo de operação e posicionamento
estratégico na rede. O primeiro tipo, conhecido como Near-
Real-Time RAN Intelligent Controller (Near-RT RIC), é
projetado para reagir rapidamente a mudanças e necessidades
da rede, operando em uma janela de tempo que vai de
milissegundos a um segundo.
Sua função é gerenciar e otimizar as funções e recursos da Fig. 6. Especificações das Interfaces abertas da O-RAN Alliance. Fonte [5]
rede celular em uma base de tempo quase imediata,
aproveitando a capacidade de processar informações de As interfaces mencionadas são componentes chave na
maneira ágil para ajustar as configurações da rede conforme arquitetura que permitem a comunicação entre diferentes partes
necessário. da RAN. Suas utilizações estão presentes na Figura 6, sendo
Este controlador está fisicamente próximo dos elementos da que cada uma tem um propósito específico e facilita diferentes
rede que ele gerencia, como as O-DU e as O-CU, facilitando tipos de operações e gerenciamento dentro da rede [13].
assim uma comunicação rápida e eficiente. Através da interface
E2, o Near-RT RIC pode interagir diretamente com essas A1: é utilizada para a comunicação entre o Non-RT RIC e o
unidades, além de outras estações base que são compatíveis Near-RT RIC. Ela serve para o transporte de políticas de
com o padrão O-RAN, seja 5G, 4G etc. otimização e parametrização de modelos de Machine Learning.
O controlador é composto por xApps - aplicativos Através desta interface, o Non-RT RIC pode enviar orientações
especializados que executam funções específicas dentro do e parâmetros de políticas para o Near-RT RIC, que as utiliza
Near-RT RIC, como o gerenciamento dos recursos de rádio. para ajustar suas operações e otimizações em tempo quase real.
Estes aplicativos podem ser desenvolvidos por diferentes
fornecedores, incentivando a inovação e a competição no O1: é responsável pela gestão e orquestração entre os
mercado [12]. elementos da rede e o SMO. Ela oferece suporte a serviços de
Já o Non-Real-Time RAN Intelligent Controller (Non-RT gerenciamento, que incluem gerenciamento do ciclo de vida dos
RIC) tem uma abordagem mais deliberada e menos imediata. componentes O-RAN, desde sua inicialização e configuração
Ele é parte integrante do SMO e fornece uma visão até a garantia de tolerância a falhas, desempenho otimizado,
macroscópica e estratégica da rede. monitoramento contínuo, coleta de indicadores-chave de
Este controlador pode levar minutos ou até horas para desempenho (KPIs) e a administração eficaz de software e
responder, pois seu papel está mais relacionado à otimização e arquivos.
ao planejamento de longo prazo, utilizando políticas e modelos
de Machine Learning para fornecer diretrizes ao Near-RT RIC.
13

E2: conecta o Near-RT RIC com os elementos da rede, como para áreas com alta densidade de tráfego, ou componentes de
as O-DU e as O-CU. Esta interface é crítica para a operação de baixo custo para áreas com baixa densidade de tráfego [14].
funções em tempo quase real, permitindo que o Near-RT RIC O controlador inteligente RIC, que é uma das funções
colete dados de monitoramento, realize controle de recursos de principais introduzidas na arquitetura O-RAN, traz outra grande
rádio e aplique políticas em uma escala de tempo que varia de vantagem através da incorporação de inteligência artificial. Ele
milissegundos a um segundo. Os xApps no Near-RT RIC tem como objetivo aprimorar as funções de rede tradicionais
utilizam a E2 para implementar a lógica de controle necessária possibilitando monitorar, aprender e realizar atuações em
para a gestão dos recursos de rádio. malha-fechada, ou seja, com realimentação.
Assim as redes de telecomunicações poderão aprender e
F1: é utilizada para conectar à O-CU com a O-DU dentro da otimizar seus processos de forma conjunta e contínua obtendo
RAN. Essa interface desempenha um papel crucial na separação um desempenho muito melhor e reagindo de forma mais
funcional entre o plano de controle e o plano de usuários, dinâmica às mudanças da rede.
permitindo a comunicação e coordenação entre essas duas Sendo divido em duas funções, a função Non-RT RIC faz
partes da rede. A F1 ajuda na gestão e no controle do tráfego de parte da camada de orquestração e gerenciamento e tem como
usuários e no fornecimento de informações de controle para a tarefa recuperar as configurações necessárias, indicadores de
preparação e configuração da rede. desempenho, relatórios de medição e outros dados do
gerenciamento de configuração e desempenho com a finalidade
E1: é responsável por ligar o O-CU-UP e o O-CU-CP entre de construir/treinar modelos IA/ML.
si. Ela transmite dados de configuração para garantir a operação Além disso, outras informações da camada de aplicação, por
integrada dos planos. Além disso, envia informações de exemplo, localização Global Positioning System (GPS) dos
capacidade do plano de usuário para o plano de controle, usuários e previsões de padrão de mobilidade podem ser usadas
incluindo o status atual do plano de usuário. Essa interface para enriquecer o modelo.
desempenha um papel essencial na sincronização e adaptação Em seguida, o modelo IA/ML treinado é transferido para o
dinâmica dos componentes O-CU, assegurando uma Near-RT RIC e pode ser usado para inferir a melhor distribuição
comunicação eficiente entre os diferentes planos da arquitetura. das células, prever a configuração e alocação ideal de recursos
de rádio e a configuração de parâmetros para sistemas MIMO
Open Fronthaul: é responsável pela comunicação entre um massivo para cada célula de acordo com um objetivo de
O-DU e um ou mais O-RUs no mesmo gNB. Esta interface otimização global definido pelo operador da rede [17].
facilita o compartilhamento de responsabilidades entre o O-RU Há diversos exemplos de casos de uso que mostram a
e o O-DU. Além disso, permite que o O-DU exerça controle aplicação bem-sucedida de modelos de IA/ML no 5G. Esses
sobre as O-RUs. exemplos de aplicação são possibilitados graças ao paradigma
do Open RAN, evidenciando de maneira prática a viabilidade e
relevância da arquitetura O-RAN. Entre esses exemplos, se
V. VANTAGENS E DESAFIOS DO OPEN RAN
destacam [18]:
Uma das principais vantagens do Open RAN é a sua maior
flexibilidade e interoperabilidade. Isso ocorre porque as • Controle de escalonamento em redes 5G
operadoras podem escolher os componentes do Open RAN que fatiadas: Uma consideração importante no
melhor atendem às suas necessidades. fracionamento de recursos da rede é a estratégia de
Por exemplo, uma operadora pode optar por usar um escalonamento, responsável por alocar
componente de um fornecedor para o rádio, um componente de dinamicamente recursos limitados para usuários
outro fornecedor para o processamento e um componente de um com diversos requisitos de Qualidade de Serviço
terceiro fornecedor para a rede de transporte [14]. (QoS), adaptando-se às alterações no perfil de
Essa abertura do mercado fomentada pelo Open RAN acaba tráfego e ao estado da rede. Nesse cenário, um
aumentando a competitividade entre os fornecedores novos e modelo de IA/ML em execução em um xApp no
tradicionais no mercado dos componentes, o que acaba Near-RT RIC assume a tarefa de selecionar a
impulsionando a inovação e o desenvolvimento tecnológico dos política de escalonamento de maior desempenho
seus produtos buscando a diferenciação no mercado. Isso leva para cada fatia de recursos da RAN. Essa
a um ciclo virtuoso de inovação, onde novas ideias e abordagem apresenta a capacidade de otimizar a
tecnologias podem ser rapidamente testadas e implementadas, alocação de recursos da rede, alinhando-se às
acelerando o progresso tecnológico no setor de demandas e dinâmicas intrínsecas da própria
telecomunicações [15]. infraestrutura.
Outra vantagem do Open RAN é a sua capacidade de reduzir
os custos dos componentes. Isso ocorre porque ela possibilita • Direcionamento de tráfego: Nas redes
uma maior variedade de componentes disponíveis no mercado convencionais, o controle de tráfego tende a ser
por diferentes fornecedores aumentando a concorrência e centralizado na célula, resultando na falta de
consequentemente diminuindo os preços. [16]. flexibilidade para ajustar o tráfego de acordo com
A flexibilidade do Open RAN também permite que as as diversas condições de rádio na área de cobertura.
operadoras personalizem suas redes para atender melhor a seus Isso implica em tratar a maioria dos dispositivos de
clientes e às demandas do mercado. Por exemplo, uma maneira uniforme, utilizando valores médios da
operadora pode optar por usar componentes de alta capacidade
14

célula. A arquitetura O-RAN foi concebida para registra a concentração de usuários, seus
superar essa limitação, introduzindo estratégias de movimentos e o fluxo de tráfego de dados. Tais
controle de tráfego personalizadas, focalizando nos dados são extremamente valiosos para as
dispositivos individuais. Essa abordagem operadoras na otimização de suas redes e oferecem
proporciona otimizações proativas ao antecipar as a possibilidade de criar serviços adicionais para os
condições da rede. A personalização é alcançada gestores dos espaços onde a localização é realizada.
por meio da implementação de estratégias de Por exemplo, algoritmos que identificam padrões de
controle de tráfego, utilizando técnicas de IA/ML movimentação de pessoas podem ser configurados
nos componentes Non-RT e Near-RT RIC. Essas para emitir alertas em situações em que há desvios
estratégias são alimentadas pelos dados coletados significativos desses padrões, o que pode ser
por meio da interface O1 dos módulos O-CUs e O- indicativo de situações emergenciais.
DUs.

• Escalonamento elástico da RAN virtualizada: Apesar da abordagem Open RAN prometer transformar a
Dentro de um cenário de RAN virtualizada, os indústria de telecomunicações através das vantagens
recursos de processamento são centralizados em um mencionadas acima, a implementação dessa tecnologia enfrenta
data center, que abriga um conjunto de BBUs em vários desafios significativos. Entre eles incluem-se:
um sistema conhecido como pool de BBUs. Em
contrapartida, a cobertura da rede é provida através • Interoperabilidade e Integração de Sistemas: Um
de diversos pontos de transmissão de rádio. Com o dos principais desafios do Open RAN é garantir a
objetivo de otimizar custos, múltiplas BBUs são interoperabilidade entre os vários componentes de
consolidadas para atuar coletivamente em um diferentes fornecedores. A promessa de Open RAN
ambiente de infraestrutura virtual. O software é que as operadoras possam misturar e combinar
operando nas BBUs deve ser projetado para ser hardware e software de diferentes fornecedores,
flexível, ajustando-se conforme as variações na mas isso pressupõe um nível de padronização que
demanda de rede. A compatibilidade com as NFV é ainda está em desenvolvimento [19]. A integração
uma premissa na RAN virtualizada, e a plataforma de sistemas de múltiplos fornecedores pode levar a
de orquestração correspondente deve possuir a problemas de compatibilidade e desempenho que
função de ajustar dinamicamente o volume de exigem esforços significativos de engenharia e
instâncias de processamento, guiando-se por testes [20].
políticas automáticas que consideram fatores como
horário ou uso atual de CPU/memória. Métodos de • Segurança de Rede: A segurança é outro desafio
IA/ML apresentam-se como ferramentas valiosas crítico para o Open RAN. Enquanto a abertura da
para desenvolver modelos preditivos acerca das rede pode promover a inovação, também pode
flutuações de demanda, identificando padrões de aumentar a superfície de ataque e introduzir vetores
aumento e diminuição de uso em diferentes de ameaças adicionais. A implementação de uma
momentos. Com isso, o sistema orquestrador NFV abordagem multicamadas de segurança é essencial
tem a capacidade de consultar esses modelos para proteger contra ameaças internas e externas, o
preditivos com base em políticas rígidas e que pode ser mais complexo em um ambiente com
convencionais, possibilitando uma alocação de múltiplos fornecedores [21].
recursos de rede muito mais ágil e alinhada com • Custos de Implementação e Operação: A
previsões de demanda mais precisas, garantindo expectativa é que o Open RAN reduza custos por
assim uma gestão de rede mais inteligente e meio da competição e inovação. No entanto, os
economicamente eficiente. custos iniciais de implementação podem ser altos
devido à necessidade de novos equipamentos e à
• Predição de localização: As técnicas de IA/ML complexidade da integração e teste de componentes
têm o potencial de determinar a localização exata de de diferentes fornecedores. Além disso, há o desafio
um dispositivo móvel, como um smartphone, de gerenciar e operar uma rede heterogênea, o que
avaliando as condições do sinal recebido por esse pode exigir novas ferramentas e habilidades [22].
aparelho. Na estrutura de uma RAN virtualizada,
variáveis como a resposta ao impulso do canal • Maturidade Tecnológica e Desempenho: A
medida em vários pontos e potência relativa de cada maturidade tecnológica é um desafio para o Open
dispositivo vista por diferentes pontos de rádio RAN. Algumas das tecnologias e interfaces ainda
podem ser integradas a um modelo preditivo para estão em desenvolvimento ou não foram
estabelecer a posição do dispositivo. Utilizando amplamente testadas em ambientes operacionais.
IA/ML, é possível realizar um mapeamento interno Isso levanta preocupações sobre o desempenho e a
detalhado, baseando-se nessas métricas. Essa confiabilidade das redes Open RAN, especialmente
capacidade de localização fina pode ser empregada em comparação com as soluções tradicionais de
para compilar um repositório espaço-temporal que
15

RAN que são otimizadas e testadas ao longo de o que implicaria controle tanto da geração quanto do transporte
muitos anos [23]. de dados.
Quanto ao aspecto inovador, diversos setores têm sido
• Desenvolvimento de Talentos e Capacitação: A revolucionados pela inovação e a chegada do 5G pode
capacitação de talentos é outro desafio significativo. representar uma oportunidade para as operadoras. Entretanto,
A implementação do Open RAN requer uma força um mercado com poucos fornecedores, que é ao mesmo tempo
de trabalho com novas habilidades em áreas como caro e complexo, pode ser uma barreira.
rádio definido por software e virtualização de Sem um ecossistema inovador em redes móveis,
funções de rede. As operadoras precisarão investir impulsionado por desafios concretos e com potencial para
em treinamento e desenvolvimento de talentos ou alterar o comportamento da rede, é desafiador dar o passo
buscar parcerias com fornecedores e instituições seguinte. Atualmente, as operadoras adquirem softwares e
acadêmicas para preencher essa lacuna de hardwares de forma integrada e com pouca flexibilidade para
habilidades [24]. modificações.
A inovação, seja ela tecnológica ou de profundidade técnica,
Embora o Open RAN ofereça o potencial para uma revolução é determinada pelos fornecedores. Já a inovação aplicada, por
na indústria de telecomunicações, os desafios apresentados são meio de soluções ou modelos de negócios, tem visto pouco
formidáveis. A superação desses obstáculos exigirá uma sucesso entre as operadoras [26].
colaboração estreita entre operadoras, fornecedores, Um ecossistema de telecomunicações aquecido e robusto,
organizações de padronização e governos para garantir que o composto de operadoras, startups, incubadoras, aceleradoras,
ecossistema Open RAN possa cumprir sua promessa de redes investidores e Instituições Científicas, Tecnológicas e de
mais abertas, flexíveis e inovadoras. Inovação (ICTs) públicas e privadas, é vital para a geração de
inovação, do incremental ao disruptivo.
VI. PAÍSES E MERCADO DO 5G A carência de um ecossistema de telecomunicações robusto
no Brasil se torna evidente com a introdução do 5G. Mesmo
Apesar das constantes transformações, impulsionadas pelos
com grandes expectativas, ainda não houve muitos casos de uso
avanços tecnológicos e inovações decorrentes da conectividade,
do 5G, de soluções comerciais inovadoras ou de novos modelos
o setor de telecomunicações permanece restrito, com poucas
de negócio por parte das operadoras, startups de 5G e empresas
operadoras de redes celulares no Brasil e um número limitado
que utilizam redes privadas.
de fornecedores globais de infraestrutura de redes móveis.
A impressão inicial é a de um país à espera da chegada da
É importante destacar que, do ponto de vista geopolítico, as
tecnologia para agir, perdendo, assim, o momento ideal para
principais empresas fornecedoras estão situadas na Europa,
desenvolver oportunidades nacionais e resultando na adoção de
possuindo duas delas, e na Ásia, mais precisamente na China.
tecnologias desenvolvidas no exterior.
Atualmente, essas três empresas detêm mais de 75% do
Um mercado com opções limitadas é um mercado onde
mercado global de RAN, com a Huawei da China liderando
inovar se torna uma tarefa árdua. O Open RAN oferece uma
com 31%, seguida pela Ericsson da Suécia com 28% e pela
abertura de mercado que pode promover uma revolução
Nokia da Finlândia com 17% [25].
tecnológica e de negócios nas operadoras através da inovação.
Diante de um cenário onde o 5G está concentrado nas mãos
É importante destacar a política pública implantada pelo
de três gigantes fabricantes e com a possibilidade de um
Reino Unido que identifica um cenário de fornecedores
duopólio Ericsson-Nokia, com a eventual exclusão da Huawei
limitados como prejudicial ao cidadão e, portanto, ao país [27].
de certos mercados, as operadoras de telecomunicação
O Reino Unido está comprometido em estimular uma maior
ressaltam a importância de diversificar e flexibilizar seus
concorrência e inovação na cadeia de fornecimento de
provedores, uma liberdade que é oferecida pelo Open RAN, e
telecomunicações, o que envolve a criação de um ambiente
que pode resultar em mais inovação e na redução de custos.
propício à competição e à inovação baseado em interfaces
Existem fatores cruciais neste contexto que, à primeira vista,
abertas e padrões interoperáveis.
podem sugerir que somente os elementos técnicos são
Esse ambiente será composto por uma diversidade de
motivações ou obstáculos para a adoção do Open RAN.
fornecedores, com a segurança sendo uma norma adotada tanto
Na verdade, a diversidade fomentada pelo Open RAN pode
por operadoras quanto por provedores, assegurando a robustez
parecer, por si só, uma estratégia benéfica para o ecossistema
e a resiliência das redes.
de telecomunicações, incluindo a entrada de novos players, o
O exemplo do Reino Unido mostra que o apoio ao Open
avanço inovador e a diminuição dos custos.
RAN vai além das grandes operadoras mundiais, alcançando
No entanto, uma análise mais abrangente, que leve em conta
também governos, com destaque para o americano. Políticas
também as manobras políticas dos países, as políticas públicas
públicas ou estratégias nacionais são comuns em questões que
e a distribuição geográfica dos novos participantes, pode
envolvem liderança tecnológica, impacto econômico e
resultar em novas formas de polarização no âmbito global.
segurança nacional, e o Open RAN tem ganhado notoriedade
Riscos que podem surgir de uma perspectiva mais ampla
nesse contexto.
incluem: uma concentração de fornecedores num único país, a
Nações que lideram em tecnologias de comunicação móvel,
centralização do valor agregado dos produtos em uma única
como a Coreia do Sul, Japão e China, investem pesadamente
nação ou, pior, a dominação do ecossistema de
em seu ecossistema com apoio direto, promovendo o
telecomunicações por grandes corporações tecnológicas (TIC),
desenvolvimento tecnológico, unindo entidades privadas e
16

acadêmicas, por meio de incentivos fiscais e políticas decisivamente na geopolítica para proteger seus mercados de
facilitadoras para os atores do setor [28]. influências externas, especialmente chinesas.
Países que impulsionam tecnologias fortalecem seu Além de ações internas, esses países coordenam estratégias
ecossistema local e reduzem a dependência de tecnologias globais com parceiros e aliados para reforçar essas medidas
estrangeiras. Em contraste, países como os EUA adotam uma [29].
abordagem liberal e menos intervencionista, mas atuam

Fig. 7. Benchmarking Internacional. Fonte [28]

A Figura 7, conforme [28], destaca a distribuição e o papel Com o Open RAN, a cadeia de valor do 5G é direcionada
desempenhado pelos países quanto à maturidade do para setores onde as empresas americanas possuem vantagens,
ecossistema em tecnologia 5G, sua contribuição para o tanto em software quanto em hardware [32]. O papel crucial do
desenvolvimento dessa tecnologia e as oportunidades geradas software e da virtualização no Open RAN reforça uma possível
pelo 5G. Esse padrão de liderança tecnológica e de inovação supremacia americana.
tem se mantido por várias gerações de tecnologia G e é esperado O cenário de computação em nuvem é dominado por gigantes
que continue na próxima geração, o 6G. americanas como Amazon Web Services, Google, Microsoft
Essa figura evidencia que o Brasil é um país que segue e Azure e Oracle. Estas companhias têm mostrado um interesse
consome tecnologias, tendo que superar múltiplos desafios para crescente em entrar no mercado de telecomunicações,
alcançar o nível de outras nações. especialmente em projetos relacionados ao Open RAN.
Essa posição reforça a ideia da ausência de um ecossistema Da mesma forma, empresas fornecedoras de soluções de
de inovação em telecomunicações no país e da necessidade de software essenciais para o Open RAN como Mavenir, Parallel
uma política pública mais estratégica para o setor. É essencial Wireless e Altiostar, são também de origem americana. A
notar que a dependência tecnológica pode transformar-se em utilização de hardware genérico, em contraposição ao hardware
uma questão de Estado, como observado durante a pandemia. dedicado, também representa uma chance para fabricantes
Além disso, alguns países têm adotado a prática de americanos como Dell, Intel e Qualcomm. Na Figura 8 são
protecionismo de seus mercados de telecomunicações, visto mostradas outras empresas chaves no desenvolvimento do
que dados e informações representam o principal ativo da era Open RAN em que muitas também são americanas.
atual. Tais oportunidades econômicas e de mercado justificam o
O fechamento de mercados para determinados fornecedores apoio político e financeiro robusto por parte dos governantes
estrangeiros tem sido a pauta, por exemplo, nos Estados Unidos americanos ao Open RAN.
[30] e, também, na Europa, reduzindo, assim, mais a Adicionalmente, além de uma estratégia interna firme para
competição entre os fornecedores existentes. adotar e implementar o Open RAN, tanto a atual gestão dos
Olhando para uma perspectiva mais abrangente das EUA quanto a anterior têm conduzido uma campanha
estratégias globais em torno do Open RAN, é fato o suporte diplomática consistente sobre o tema com aliados na Europa e
político e financeiro expressivo dado pelos Estados Unidos. no Reino Unido [29].
Além disso, o país tem promovido ativamente este tópico
junto aos seus aliados [29]. Além da estratégia de excluir
determinadas empresas estrangeiras do seu mercado local, o
Open RAN é vista e entendida pela indústria, pelos políticos e
pelos pesquisadores como uma oportunidade para a liderança
tecnológica americana [31].
17

controle de loop fechado (por exemplo, Aliança O-RAN); e as


implantações reais.
A busca que conduziu o desenvolvimento das redes 4G e 5G
foi impulsionada por melhorias na eficiência espectral (por
exemplo, modulações de ordem superior e novos esquemas de
codificação), acesso ao espectro (por exemplo, novas bandas de
frequência em ondas milimétricas) e suporte para conectividade
de máquinas e sistemas de baixa latência. Os sistemas sem fio
futuros também visam melhorias em Key Performance
Indicators (KPIs) complementares, conforme mostrado nos
círculos azuis na Figura 9 [35]:

• Eficiência energética: o consumo de energia é um


dos principais impulsionadores de custos para
Fig. 8. Empresas chave no desenvolvimento do Open RAN. Fonte [33] operadores de telecomunicações, até 60% das
despesas operacionais, e, no geral, a indústria de
Diante da pressão e do entusiasmo de parceiros e aliados tecnologias da informação e computação contribui
como EUA, Japão e Reino Unido, e de algumas operadoras com dois a três por cento das emissões totais de
europeias, a União Europeia tem mantido uma posição gases de efeito estufa. Com isso em mente, a
cautelosa em relação ao Open RAN, uma postura justificada literatura recente tem se concentrado em melhorar a
frente ao contexto em que dois dos três grandes fornecedores de eficiência energética como um dos elementos-chave
redes proprietárias são europeus. do design de sistemas celulares de próxima geração,
Os europeus têm clara consciência das vantagens e dos aprimorando componentes de rádio, protocolos,
benefícios que o Open RAN pode trazer, tanto para operadoras eficiência e utilização.
quanto para novos fornecedores de hardware e software.
Entretanto, existem dois grandes riscos [34]. • Menores custos e complexidade de implantação
Primeiramente, como mencionado anteriormente, há a e operacionais: atualizar redes celulares ao longo
possibilidade de os dois grandes provedores europeus de das gerações é um exercício complexo e custoso
soluções proprietárias perderem participação de mercado para os operadores de rede, com ciclos que levam
significativa com a nova arquitetura e com a entrada de novos anos para serem completados, por exemplo, um
competidores, embora seja importante mencionar que ambos grande operador dos EUA transferiu o tráfego
estão participando ativamente das discussões sobre o Open comercial para uma rede central autônoma 5G em
RAN nos principais fóruns. 2022, três anos após lançar um serviço comercial
Em segundo lugar, a probabilidade é alta de que a maioria 5G. Da mesma forma, as operações exigem
dos novos participantes no mercado de telecomunicações planejamento cuidadoso e supervisão com humanos
móveis não seja de origem europeia, o que aumentaria a no ciclo, aumentando as despesas e limitando o
dependência tecnológica do continente. escopo da otimização a poucos parâmetros e
Enquanto o Open RAN beneficia o mercado americano, o serviços selecionados. Os futuros sistemas sem fio
mesmo pode não acontecer na Europa, particularmente nos precisarão de processos simplificados e
setores de serviços e software. automatizados para implantação e operações de
Portanto, diferentemente dos Estados Unidos, que têm um rede.
ecossistema mais sólido e abrangente, que vai desde a produção
de chips até serviços de integração, e com grande potencial de • Ciclos de inovação mais rápidos: uma vez que
estimular novas empresas emergentes, a Europa enfrenta um uma rede está operacional, implantar e testar novos
ecossistema menos consolidado, com forte presença de recursos e funcionalidades, por exemplo, recursos
empresas de hardware de rádio e poucas novas empresas no de novas versões do 3GPP, representa um esforço e
segmento de software. Com isso, é provável que atores de fora custo adicionais, pois isso poderia levar à violação
da Europa sejam os primeiros a colher os benefícios da dos requisitos do Service Level Agreement (SLA) e
desagregação [29]. risco de interrupção do serviço. Isso desacelera a
inovação e impede uma rápida adoção de novas
VII. VIABILIDADE NO CONTEXTO DO 6G técnicas e soluções em redes celulares. Um desafio
chave a ser abordado em redes de próxima geração
Nesta seção, é discutido como o 6G pode se beneficiar da
para desbloquear uma transição mais rápida da
adoção de uma nova abordagem a nível de sistema para o design
pesquisa de laboratório para produtos comerciais de
e implantação da arquitetura de rede, levando a uma transição
ponta.
simplificada da inovação da pesquisa e padronização para a
produção. É importante distinguir entre padrões para
funcionalidades chave (como é principalmente feito pela • Cobertura completa: a implantação de redes 5G de
3GPP); para possibilitar uma implantação nas nuvens com alta frequência até agora tem se concentrado em
mercados urbanos densos, pois a utilização prevista
18

em implantações suburbanas e rurais não justifica o vários setores da economia. Portanto, aumentar a
custo de implantação. Isso cria redes celulares resiliência da infraestrutura de rede a diferentes
evoluindo em duas trilhas divergentes, com áreas incidentes, seja baseado em software ou causados,
menos densamente povoadas ficando para trás. por exemplo, por falta de energia ou eventos
Além disso, partes significativas do mundo ainda climáticos, é primordial à medida que tornamos a
carecem de conectividade celular. Fornecer conectividade celular ainda mais difundida e
cobertura completa é um dos alvos dos sistemas sem essencial.
fio de próxima geração, com pesquisas que até
agora se concentraram em sistemas não terrestres e Para alcançar esses alvos, há uma oportunidade de repensar
redução de custos para implantação. a arquitetura e operações celulares com uma abordagem
holística que pode proporcionar mais ganhos do que as
• Alta resiliência: a infraestrutura celular é crítica melhorias nas camadas inferiores da pilha de protocolos RAN,
para a nossa sociedade, e grandes períodos de por exemplo, o redesenho da camada física com IA [35]].
inatividade de uma infraestrutura de operadora
muitas vezes causam perdas significativas para

Fig. 9. Princípios arquitetônicos fundamentais das redes celulares de próxima geração em preto, arquitetura Open RAN em laranja, e KPIs em azul. Fonte [35]

A Figura 9 ilustra como os KPIs discutidos acima podem ser também melhora a resiliência do acesso ao espectro, usando,
suportados pelos princípios fundamentais do Open RAN e das por exemplo, rádios definidos por software ágeis, assim como
redes celulares de próxima geração. A figura prevê um sistema da infraestrutura de rede.
Open RAN desagregado e baseado em software que é escalável De fato, como feito no 5G hoje, componentes de software
e flexível, automatizado e otimizado, e capaz de acessar que implementam funções de rede podem ser implantados em
dinamicamente espectros licenciados, não licenciados e hardware genérico, que pode ser facilmente substituído e
compartilhados para acesso e links de auto-backhaul. rapidamente transferido em caso de falha de um nó de
Especificamente, através do uso de software, as funções de computação.
rede são implementadas como software e implantadas em A automação simplifica operações complexas por meio de
soluções de computação genérica, geralmente acopladas com um processo declarativo onde as tarefas são definidas
aceleradores para processamento de sinal digital. Pela antecipadamente e executadas em tempo de execução. Ela
desagregação, componentes de rede monolíticos são divididos reduz custos e complexidade, diminuindo a necessidade de
em funções de rede específicas, permitindo um acesso mais supervisão e controle manual, e diminui o tempo necessário
fácil ao mercado ao custo de testes de integração adicionais. para aplicar configurações, restaurar serviços e operar a rede.
O uso de software e a desagregação podem potencialmente O operador pode então expressar intenções de alto nível para
melhorar a eficiência energética quando combinadas com o guiar o framework de automação em direção a implantações e
escalonamento dinâmico de recursos e agregação de configurações personalizadas. A automação também melhora a
componentes RAN em escala de data center. O uso de software resiliência, quando combinada com o uso de software
19

possibilitando programação e a ajustes na cobertura, pois requisitos, como eficiência energética, confiabilidade e suporte
simplifica a implantação, operações e gestão de soluções de a uma densidade de usuários sem precedentes.
rede em locais remotos e em escala ampliada. No entanto, a As discussões sobre o 6G indicam que este representará um
segurança permanece uma questão importante devido ao avanço qualitativo, introduzindo novas abordagens de design e
aumento da superfície vulnerável a ataque. implantação da arquitetura de rede. Eficiência energética,
A otimização fornece configurações para RANs redução de custos, simplificação operacional e aceleração dos
programáveis com base em representações detalhadas e ciclos de inovação são fundamentais para o sucesso da próxima
realistas do estado da rede. Isso melhora a resiliência da rede, geração.
que pode se auto otimizar em caso de falhas ou mudanças no O artigo também refletiu sobre os desafios relacionados à
cenário operacional; a eficiência energética, pois a energia pode concentração de fornecedores e à centralização do valor
ser incluída como parte dos KPIs alvo para otimização; e o agregado, enfatizando a importância de um ecossistema de
desempenho geral do sistema, reduzindo assim o custo por bit. telecomunicações diversificado e inovador. A inovação
A possibilidade de programação permite a adaptação tecnológica, a profundidade técnica e os modelos de negócios
dinâmica de funcionalidades RAN, computação, nuvem e de aplicados foram identificados como fatores críticos para a
backhaul de rede através de controle de ciclo fechado e evolução do setor.
Application Programming Interfaces (APIs) padronizadas. Além disso, o artigo abordou a dinâmica do mercado global
Com isso, ela promove inovação e melhora a resiliência da rede de telecomunicações, destacando as estratégias dos EUA e da
permitindo novas rotinas de controle e estratégias de adaptação. Europa e as implicações para países como o Brasil, que
Através do compartilhamento de espectro, redes celulares de enfrentam o desafio de superar a dependência tecnológica e
próxima geração fornecerão uma interface aérea mais flexível e desenvolver um ecossistema de inovação próprio.
mecanismo de acesso ao espectro, que pode ser projetado de As considerações finais ressaltam a necessidade de uma
diferentes maneiras, por exemplo, acesso a novas bandas, política pública estratégica e colaboração internacional para
celular não licenciado, compartilhamento de bandas celulares lidar com desafios de segurança, eficiência energética e custos
entre diferentes operadoras, o modelo de host neutro. de implantação. A adoção de tecnologias estrangeiras sem uma
Isso está associado com a melhoria da cobertura, pois o estratégia nacional pode resultar em perda de oportunidades e
espectro pode ser alocado de forma mais eficiente com base na dependência contínua.
demanda e disponibilidade, e o acesso não exclusivo ao Em suma, o futuro das redes móveis é promissor, mas requer
espectro pode criar incentivos para operadoras implantarem uma abordagem proativa e colaborativa para garantir benefícios
redes em locais remotos ou rurais através da redução do custo amplamente distribuídos e sistemas resilientes, eficientes e
do espectro. Além disso, o acesso não exclusivo ao espectro seguros. O Open RAN oferece uma oportunidade para redefinir
pode permitir novos players e casos de uso, como para o mercado, promover a concorrência e estimular a inovação,
implantações privadas de 5G, aumentando assim a competição contudo, isso exige compromisso com pesquisa,
no mercado celular. desenvolvimento e implementação de políticas que sustentem o
Com o auto-backhaul, acesso e backhaul são multiplexados crescimento e a diversificação do setor.
na mesma forma de onda, pilha de protocolo e porção do
espectro. É outro ingrediente para a melhoria da cobertura, pois AGRADECIMENTOS
permite topologias de rede mais flexíveis que não são limitadas A trajetória até aqui foi realmente marcante, repleta de
à disponibilidade de conectividade de fibra para os nós de
desafios e descobertas enriquecedoras. Gostaria de expressar
acesso.
minha sincera gratidão a todos que contribuíram para meu
Potencialmente, isso pode se estender a domínios de rede que
crescimento e sucesso nessa jornada.
não são tradicionalmente considerados em sistemas celulares,
como Nonterrestrial Networks (NTNs), melhorando ainda mais Em primeiro lugar, agradeço aos meus pais e à minha
a cobertura global. companheira, cujo apoio incondicional e amor foram pilares
Além disso, o auto-backhaul sem fio pode se estender a fundamentais que me impulsionaram até aqui. Agradeço
porções adicionais da rede se comparado ao backhaul gNB verdadeiramente por todo suporte recebido, um reconhecimento
tradicional ou gNB-para-core, por exemplo, para interfaces que transcende o tempo e se torna uma gratidão eterna.
entre camadas do mesmo gNB, gNB para implantações de Agradeço imensamente aos meus amigos, que estiveram ao
borda, ou entre diferentes tecnologias de acesso de rádio, por meu lado nos altos e baixos, compartilhando risadas, conselhos
exemplo, Wi-Fi e celular [35]. e até mesmo os momentos de pressão. A jornada teria sido
incompleta sem a energia positiva, o apoio mútuo e as
VIII. CONSIDERAÇÕES FINAIS experiências compartilhadas.
Este artigo examinou a evolução dos sistemas de telefonia Quero expressar meu agradecimento ao professor Marcelo
móvel celular, desde sua origem nos anos 1970 até as Stehling de Castro, cuja dedicação ao ensino e inspiração
perspectivas para a próxima geração, conhecida como 6G. Ao desempenharam um papel fundamental no meu
longo das diferentes gerações, observou-se uma crescente desenvolvimento acadêmico e profissional.
ênfase na oferta de taxas de transmissão de dados mais À Universidade Federal de Goiás, desejo expressar minha
elevadas, atendendo às demandas de um mercado em constante profunda apreciação. Meus agradecimentos se estendem não
evolução. Com a transição para o 5G, surgiram novos apenas ao corpo docente, mas também ao pessoal técnico-
administrativo, pela oferta de uma estrutura acadêmica sólida e
20

enriquecedora que desempenhou um papel crucial na [10] P. H. P. Carvalho, “Estudo sobre Estado da Arte do
construção do conhecimento representado por este artigo. Open RAN aplicado ao Ecossistema de
Por fim, agradeço a todos que, de alguma forma, Telecomunicações Brasileiro,” 10 Novembro 2022.
contribuíram para esta jornada. Cada experiência e desafio [Online]. Available:
foram peças essenciais na construção deste trabalho. A todos, https://sei.anatel.gov.br/sei/modulos/pesquisa/md_pesq_
meu mais sincero obrigado. documento_consulta_externa.php?8-
74Kn1tDR89f1Q7RjX8EYU46IzCFD26Q9Xx5QNDbq
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