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Esta é uma história que eu queria ler, mas que ainda não parecia existir,
então eu tinha que ser a mudança que eu queria ver no mundo.
Nota da tradutora
Venho com mais uma tradução para vocês! Como sabem, toda tradução
que faço é autorizada pela autora da obra original. Também sabem que fic
gringa boa, é fic traduzida por Silver Shades! Essa história tem 36
capítulos, a título de curiosidade para as ansiosas como eu.
Terceiro: irei fazer diferente com essa fic. Estou nos trâmites de admissão
do meu estágio (aleluia, senhor), e para conseguir me organizar, decidi que
irei postar dois capítulos por semana, ambos às quintas-feiras, então
engajem bastante comigo! Pretendo atualizar 'Atenciosamente, Caelum' às
terças e sábados no futuro, então tudo fica bem distribuído durante os dias.
Qualquer mudança ou exceção, avisarei antes - ou em cima da hora (risos).
Quarto e último item: essa fic tem alguns gatilhos sobre violência e
descrição gráficas de combates e etc. Nada exagerado, ao meu ver, mas
será sinalizado assim como a autora fez na obra original. Como sempre,
final feliz e deliciosamente doce para o nosso casal, não se preocupem;
mas uma boa dose de drama sempre é necessária para o crescimento dos
personagens.
Sem delongas porque já disse o que precisava nas notas iniciais (volte lá se
não leu!).
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Draco era um excelente Auror – algo sobre como quase se tornar um bruxo
das trevas lhe deu insights bastante úteis sobre as mentes de bruxos e bruxas
travessos. O problema com a competência, contudo, era que ela era
frequentemente recompensada com casos cada vez mais complexos pela
Chefe do Gabinete dos Aurores, uma certa madame chamada Ninfadora
Tonks.
Com isso, nossa cena de abertura: uma manhã de segunda-feira, em algum
dia de janeiro. No meio dos cubículos cinzas do gabinete, Tonks estava
distribuindo os trabalhos classe A do mês para seus melhores Aurores como
um papai noel vingativo.
━ Malfoy, desde que agiu tão bem com o lunático Lanark na semana
passada, vou deixar você escolher seu veneno.
━ Não sei sobre seu nível de tolerância, mas eu quase perdi meu apetite. ━
Tonks inclinou seu queixo para o papel à sua direita. ━ Essas são as fotos
para sua edificação.
━ Você vai para Morpeth. Eu ouvi dizer que o Mar do Norte é adorável
nessa época do ano.
━ Ansiosa pelo seu, Malfoy. Tenho uma pitada de curiosidade sobre esse. O
alvo está trabalhando em algum projeto super secreto. Sequer me contaram
sobre o que é.
A foto dela estava no topo com uma breve nota bibliográfica – como se
alguém vivo atualmente não conhecesse ela ou seu cabelo. Ela olhou
seriamente para Draco, piscou uma vez e então deixou a moldura.
━ Tonks, não posso pegar esse. Terá que dá-lo para outra pessoa.
Tonks levantou os olhos do pergaminho que estava atacando com uma pena.
Seu cabelo se tornou em uma cor malva curiosa.
━ E?
━ De certa forma.
━ Ok ━ Tonks fungou. ━ Troque com Fernsby. Tenho certeza que ele ficará
feliz em abrir mão do trabalho do viciado em trolls por uma proteção.
Tonks deu a ele um olhar repressor, enfatizado por seus olhos se tornando
um amarelo perigoso.
Certo. Ele faria a coisa da Granger. Pelo menos não era pornografia de troll.
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Draco enviou a Granger uma nota fria e profissional afirmando que ficaria
feliz em encontrá-la o mais rápido possível para discutir sobre o pedido de
proteção do ministro.
Granger respondeu uma nota tão fria quanto, indicando que o pedido do
ministro era uma reação exagerada e que ela estaria lidando com isso em
breve, e que por favor, desconsidere isso.
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━ Sim.
━ Nome?
O porteiro consultou uma lista. Ele achou o que quer que estivesse
procurando, aparentemente, porque Draco foi indicado a entrar no pátio
verdejante da Universidade Trinity. ("Não é um quadriciclo, nós os
chamamos de quadras em Cambridge" o porteiro disse para alguns turistas,
mas Draco não lhe deu atenção. Ele sabia o que era um quadriciclo quando
via.)
Às nove horas de um dia útil, o Salão do Rei era uma agitação turbulenta de
bruxos e bruxas estudantes, em busca do conhecimento mágico avançado.
Draco passou anos na Universidade de Paris para conseguir seu
bacharelado em Alquimia e sua maestria em Magias Marciais (duelos), mas
nunca pisou em uma instituição de ensino superior no Reino Unido. O
Salão do Rei manteve seu ambiente do século XVI – escuro, excesso de
madeira esculpida e luz de velas – e oscilou em algum lugar entre puro
Gótico e início do Renascimento na decoração.
Então ele espiou pela janela estreita que flanqueava a porta e quase se virou
para ir embora, porque o laboratório praticamente parecia ser trouxa e ele
deveria ter errado algo, além de apenas dizer "GRANGER" bem ali.
━ Sim ━ Draco disse, adicionando esse novo título à cada vez mais
crescente lista de títulos.
━ Tudo bem ━ o Alguém disse, com o que parecia ser um olhar suspeito,
mas Draco não poderia dizer por trás dos óculos de proteção. ━ O escritório
dela fica à direita.
Era agradável dar a Granger uma marca horrível muito merecida; não era
agradável pensar no trabalho que envolveria deixar esse local em ordem.
O tempo cura todas as feridas, mas entre ele e Granger, havia muito mais a
ser curado, e bem agora, quinze anos parecia pouco tempo desde que eram
crianças, enfrentando um ao outro em lados opostos de uma guerra. Draco
não conseguia lembrar da última vez que falou com ela diretamente e
certamente sabia que nunca ficaram sozinhos em uma sala.
━ Malfoy.
Ele gesticulou para uma cadeira do outro lado da mesa. Ao dar um passo em
direção a ela, se encontrou sendo avaliado por ela. Seu olhar vagou do
cabelo ao rosto, à insígnia de Auror no peito e desceu para suas vestes
pretas e botas.
Draco abriu sua boca para fazer algumas observações vagas – conversa
sobre Cambridge, ou Potter e Weasley, ou outras bobagens – mas Granger
foi direto ao ponto.
A falta de finesse era muito típica para Granger. Algumas coisas não
mudaram.
━ Prefiro não dizer, pois espero que você não esteja envolvido em nada
além desse encontro. Shacklebolt está exagerando. Eu deveria conversar
com ele novamente nesta semana e convencê-lo que me colocar sobre a
vigilância de um Auror é totalmente desnecessário.
━ Não, não é uma de suas propensões. Por isso fiquei bastante surpresa,
consternada, na verdade, pela decisão de envolver seu escritório.
━ Não.
━ Você não pensa que seu, seja avanço ou descoberta, esteja te colocando
em algum tipo de risco?
━ Ele acha, provavelmente com razão, que algumas pessoas não vão ficar
satisfeitas com o meu avanço.
Draco decidiu que precisava falar com Shacklebolt. Talvez fosse menos
cauteloso que Granger e revelasse algo útil para o Auror designado para ela.
Ele se encontrava realmente curioso agora sobre a natureza dessa boa
descoberta.
━ Fazer o quê?
Agora era a vez de Granger erguer uma sobrancelha, que foi a sua resposta.
Draco gesticulou para o escritório ao seu redor e o laboratório do outro lado
da porta.
━ Poderia?
━ Sim.
━ Se estamos falando sobre segurança física, não tive razão para aumentá-la
além das que já existem. Posso assegurá-lo de que sou capaz de proteger
meu laboratório além de um feitiço de bloqueio. E manter meus dados
seguros.
Shacklebolt era tão reticente com os detalhes como Granger fora, mas
impressionou Draco sobre a importância de mantê-la a salvo para finalizar o
projeto, para o benefício de qualquer ser mágico. Era tudo muito grandioso
e extremamente vago.
A única coisa positiva foi o prazer evidente de Shacklebolt sobre Draco ter
ficado com essa tarefa.
━ Eu sei que você não hesitará em ser desagradável, Malfoy, caso qualquer
indivíduo malicioso tente um movimento contra ela.
━ E ainda sim, nem ela ou você irão me contar o que o projeto envolve. Ela
te fez aceitar um maldito Voto Perpétuo antes de revelar qualquer coisa?
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Era tarde da noite na segunda-feira. O Salão do Rei estava silencioso. Draco
supôs que Granger estava fora, jantando ou intimidando graduandos
inocentes. Ele parou na porta de seu laboratório, batendo a varinha em seu
queixo pensativamente. Entretanto, antes de lançar qualquer tipo de feitiço
ou começar a bisbilhotar, Granger virou a esquina.
Granger abandonara sua roupa trouxa para vestes verdes de curandeiro. Ela
parecia tanto irritada quanto impaciente, e rapidamente confirmou essas
duas condições ao perguntar:
Draco não apreciou sem tom, o que sugeria que isso deveria durar várias
horas.
━ Mm.
Depois de alguns feitiços de revelação, Draco tinha que admitir; ela fizera o
dever de casa. Não uma surpresa, realmente. Os encantamentos que agora
protegiam a porta do laboratório dela eram muitos, bem complexos e
devidamente lançados.
A porta destrancou. Levou quatro minutos ao total. E até então, Granger não
parecia impressionada.
Draco abriu a porta para revelar uma parede de pedra.
━ Engraçado ━ disse.
Seu rosto não mostrou sua inquietação, mas ele desperdiçou seu tempo com
uma isca absolutamente impecável. Movimentou sua varinha um metro
mais abaixo da parede e a porta real do laboratório apareceu.
━ Preciso que minha equipe consiga entrar. Eles não são os melhores em
desarmar proteções, mas conseguem lidar com um Finite Incantatem.
Novamente, Draco não deu atenção ao seu tom, que agora sugeriu que ele
poderia se matar por acidente.
━ Eu acho que o propósito desse teste é ver quão longe você vai e quanto
consegue descobrir sobre minha pesquisa, mas vamos colocar as coisas de
forma ordenada. ━ Veio a voz de Granger, irritação abraçando as palavras.
Draco, de costas para ela, permitiu-se um saudável revirar de olhos; um
periódico estava quase um centímetro fora do lugar. Ele o devolveu. Acenou
sua varinha para a coleção total a fim de revelar transfigurações ou feitiços
de encobrimento, mas não havia nenhum. Então, fez o mesmo com o resto
do laboratório, sistematicamente, procurando qualquer esconderijo, ou
buracos escondidos, ou – conforme foi ficando irritado – qualquer traço
mágico. Não havia nada, exceto o conteúdo de vários frascos e tubos de
ensaio agrupados organizadamente ao longo das bancadas.
━ Não sei por quem sua análise hipotética seria conduzida, mas em caso de
um desses ser roubado para descobrir no que estou trabalhando, posso lhe
dizer que pouquíssimas pessoas no Reino Unido seriam capazes de tirar
conclusões disso.
Draco sentiu a falsa modéstia nas palavras; por pouquíssimas, ela quis
dizer: estou rodeada de idiotas e sou a única que pode entender qualquer
um desses nomes terrivelmente nomeados.
Draco estava sufocando, mas no caso dele, era por exasperação. Ela
desperdiçou o tempo dele naquela caçada louca por proteções de porta,
sabendo que não havia nada realmente útil no laboratório, ao menos que
alguém tivesse, no mínimo, doze doutorados para juntar as peças.
Mas ela tinha que ter registrado os dados; era metódica e meticulosa demais
para não ter.
━ Muito bem ━ Granger falou, com o tom que alguém usaria para elogiar
uma criança lenta que identificou corretamente um animal de fazenda.
E, é claro, ele não tinha a menor ideia de onde ir agora, além de azarar os
computadores à submissão – mas pelo o que ele se lembrava, esses
dispositivos não eram sencientes. Parou diante das caixas brilhantes, sobre
as quais as linhas estavam se movendo em padrões aleatórios.
━ ... eu precisaria trazer um nascido-trouxa ━ Draco disse no final.
━ Oh, sim, isso seria um começo ━ Granger respondeu. Ela olhou para suas
unhas. ━ Você poderia encontrar alguém que fosse um hacker decente
também. Não tenho certeza se existem muitos entre os bruxos, mas talvez
um ou dois no Reino Unido.
━ Um hacker.
━ Se, como eu suspeito, seus achados estão nessas coisas, o que me impede,
um vilão, de destruir isso e interromper sua pesquisa? ━ Draco perguntou.
━ A nuvem.
━ Então seu malvado bruxo das trevas do pântano não teria muito a
descobrir aqui.
Draco deu a ela um olhar rápido, querendo saber quem eles eram, porque
ele gostava de ouvir quão bom era.
Ele ergueu sua varinha e, em uma fração de segundo, seu feitiço a atingiu
no peito.
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Boa leitura!
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━ Eles não têm uma razão agora, mas se sua Grande Descoberta é tão
significante como Shacklebolt pensa, e se, quando, vier a público, então... ━
Ele se virou para ela novamente, sua varinha erguida.
━ Vou admitir que sua pesquisa é mais ou menos segura da maioria dos
intrusos mágicos ━ Draco disse. Os frascos voltaram aos seus lugares. ━
Mas isso tudo vive em sua cabeça e, portanto, pode ser lido, ou torturado,
de você ou qualquer um de sua equipe.
Ele pressionou um dedo no centro de sua testa; aquela bruxa estava fazendo
seu cérebro arder. Enquanto isso, Granger parecia querer dobrá-lo e
esbofeteá-lo no mundo material para uma boa medida – e isso não seria
uma adorável retrospectiva dos dias de escola deles?
━ Flu, aparatação...
Draco fez um grande esforço para não torcer o lábio. Que posição difícil de
tomar. Que coisa difícil de odiar. Que evasão triste de uma das melhores
alegrias de ser Mágico. Granger caiu em sua estima irremediavelmente.
Ele não passou muito tempo refletindo sobre as fraquezas da moda trouxa, e
de qualquer forma, a própria bruxa era um pouco preocupante. Podia ver
agora como ela era magra, como suas clavículas eram aparentes, como seu
pescoço parecia muito delicado para segurar a massa de cabelo empilhada
na cabeça. Como era pálida, apagada e geralmente parecia esgotada.
E havia muitos; Granger estava em todo lugar e fazia tudo. Ela dedicava
horas ao laboratório, horas de clínica, horas de aula, voluntária em uma
quantidade horrível de boas causas, sessões de tutoria, sessões de
orientação, curandeira no St. Mungos e o que parecia ser um local trouxa de
cirurgia, uma (1) noite de pub a cada duas semanas com Potter e amigos,
jantares com colegas, algo chamado "ioga" em horas profanas pela manhã,
algo chamado "veterinário do Bichento" que acontecia a cada três meses e
dias ocasionais, aqui ou ali, marcado com um asterisco.
━ O que são esses? ━ Draco perguntou, apontando para um dos blocos com
um asterisco.
Ele continuou sua busca, embora duvidasse que havia algo mais para achar.
A parede dos fundos do escritório estava coberta de várias molduras de
inúmeros tamanhos, certificados, diplomas, prêmios...
Granger olhou para ele. Bom, ele se achou engraçado, mesmo que ela não.
Ela pediu licença para fazer chá, e em uma demonstração de educação que
foi moderadamente difícil de verbalizar, perguntou se ele gostaria de uma
xícara. Draco disse não. Granger pareceu aliviada.
Depois que saiu, Draco, sendo uma pessoa pragmática e sorrateira, tirou
vantagem do momento para lançar alguns feitiços discretos de rastreamento
sobre alguns de seus itens pessoais: os tênis debaixo da mesa, grampos de
cabelo (os benditos estavam em todo lugar), uma xícara não-terminada de
chá. Ele fuçou os papéis na mesa dela e não achou nada interessante
(convites de conferências, resultados de pedidos de bolsas trouxas, notas de
alunos. Tudo inútil).
━ Espera aí!
━ Esse lugar todo é muito trouxa que eu sequer pensei em perguntar, mas,
como esses computadores funcionam? Estamos em uma construção mágica.
━ Oh, isso ━ Granger falou. Ela fez Draco presumir que a intenção era ser
algo casual (não foi muito casual). ━ Encontrei maneiras de contornar esse
problema.
━ Como?
━ Encontrei uma solução ━ Granger disse com outro gesto vago. ━ Não
seria possível trabalhar com penas e pergaminho; são completamente
arcaicos. Sem mencionar as centenas de milhares de cálculos e projeções
que preciso fazer... De qualquer forma, não precisa se preocupar com isso.
Posso assegurar que não é nada perigoso.
━ Não são perigosos, mas você não vai gostar da sensação. ━ Ela ficou ao
lado dele e levantou um. ━ Eu o chamo como uma barreira anti-magia, pela
falta de um termo melhor. Bastante desafiador para criar, mas serve aos
meus propósitos.
Draco a encarou. Bloquear magia era algo bem difícil – uma coisa
principalmente relegada às discussões teóricas. O punhado de artefatos
inibidores de magia que ele ouvira falar eram de lendas distantes, perdidos
no tempo. E ainda...
━ Não tenho certeza se são permitidos pela lei ━ Draco falou, olhando para
os discos.
━ Espere por minha coruja em alguns dias. Outra coisa, por favor pare de
dar torta de melado a ele, o deixa indisciplinado.
━ Sim.
━ Finalmente ━ Granger respondeu. Então, porque ela era um indivíduo
normal e de bom senso, sentou em sua mesa para trabalhar mais.
Draco viu que ele tinha, para todas as intenções e propósitos, deixado de
existir e decidiu ir embora sem cerimônia.
━ Eu vi, Granger.
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Datas para alguns encontros românticos, talvez? Era por isso que ela não
havia marcado mais detalhes?
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━ Esse ━ Draco disse, jogando um anel para ela. A pequena banda prateada
pousou no pergaminho, girou uma vez e parou. ━ Não me importo de
treiná-la sobre Imperius ou a resistência de Veritaserum, ou proteções
mágicas pessoais, ou oclumência avançada, ou autodefesa física. Merlin
proteja; parece que seu soco é capaz de causar uma concussão em um
mosquito, na melhor das hipóteses. E nem eu acho que você quer suportar
essas coisas.
━ Correto ━ ela falou, seu olhar suspeito indo do anel para Draco.
━ Não quero ser um sentinela na sua porta como algum guarda-costas
glorificado, esperando pelo o que quer que Shacklebolt espera que
aconteça, acontecer.
Draco esperou para ser elogiado pela elegância de sua brilhante solução.
Em vez disso, Granger cutucou o anel com sua varinha.
Ah, sim. O incidente com Kátia Bell. Se Draco tivesse algum sentimento,
provavelmente teria ficado um pouco machucado pela demonstração de
desconfiança devido às ações de um jovem idiota manipulado pelo pior
bruxo das trevas do século, uma década e meia atrás. Mas ele não tinha,
então o ponto era discutível.
Draco supôs que o diagnóstico mágico seria mais fácil para ela por ser uma
curandeira.
━ Como é que é?
A menos que ele não tivesse entendido, Granger estava sugerindo que sua
criação excepcional era uma imitação de algo trouxa? O quê?
━ Chave de portal. Para momentos nos quais você não pode aparatar ou
estiver presa em uma barreira anti-aparatação. Não terminei os cálculos.
Granger parecia levemente impressionada. Draco supôs que ela estava
rodeada pela nação dos melhores cérebros da atualidade e que ele deveria
estar lisonjeado por tê-la meio impressionada pela mera criação
insignificante de um Auror.
━ Uma chave de portal sob demanda pode ser algo ━ ela disse.
Granger nivelou seu olhar nele. Suas costas ficaram rígidas. Eles estavam
perigosamente próximos de uma conversa civilizada e parecia ter esquecido
com quem estava falando. Ela fungou em vez de responder.
━ Não.
━ Isso é um artefato.
━ Correto.
━ Sim.
É claro que ela havia visto o feitiço de ocultação que fazia o anel parecer
uma simples aliança de prata. Agora havia tocado com sua varinha para
revelar a verdadeira sua aparência; um ouroboros prateado ornamentado,
comendo sua própria cauda. No interior, o lema da família: Sanctimonia
Vincet Semper. A pureza sempre vencerá.
━ Tem certeza que esse anel não vai tentar amputar meu dedo quando
colocá-lo? Não sou pura, afinal.
━ Você viu algum sinal de magia das trevas? ━ Ele perguntou. Rápido
demais; pareceu na defensiva. Explosivo.
━ Se havia alguma, não existe mais ━ Granger falou. Ela tocou no anel
novamente, revertendo-o na aliança prata. Parecia pensativa.
━ Vou precisar de algum tempo para passar por essa lista extremamente
compreensiva de recomendações ━ disse no final.
━ Tire o tempo que precisar ━ Draco disse. ━ Mas saiba que a alternativa é
Shacklebolt montar um acampamento para eu passar a noite no seu
laboratório.
Ela olhou para ele e pareceu decidir que poderia estar brincando.
━ Vou precisar pensar sobre o item cinquenta e seis em particular. Você quer
o anel de volta durante esse tempo?
━ Fique com ele ━ Draco falou. ━ Dê para seus amigos analisarem. Não
existe um irmão Weasley supostamente bom nessas coisas? E quando sanar
suas dúvidas, me mande uma coruja e poderemos seguir em frente com
nossas vidas.
Granger se animou, como se continuar com sua vida sem uma craca em
forma de Draco presa a ela fosse a esperança mais gentil que ele poderia
oferecer.
━ Eu vou ━ disse.
Dois de seus estudantes, vestidos em suas estranhas capas brancas e óculos
de proteção, bateram na porta, animados para compartilhar algum novo
desenvolvimento com a querida professora Granger.
Draco se levantou para sair enquanto ela vestia seu próprio jaleco branco
para se juntar aos alunos no laboratório.
━ Eu suponho que devo te agradecer. Por trabalhar nisso como está fazendo.
Não tenho me esforçado, exatamente, tentando achar uma solução para o
pedido de Shacklebolt. O anel é uma boa ideia.
━ Acho que você está mais do que se esforçando em outro lugar ━ Draco
falou.
Ele foi embora. Ela murmurou algo que parecia ser um adeus.
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Ora, ora, ora. Temos um enredo sendo formado. Comentem suas primeiras
impressões!
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━ Estou bem. Vim para proteger sua casa, não para uma consulta.
Draco viu que ela estava vestindo uma outra versão do jaleco branco, dessa
vez, adornado com uma engenhoca pendurada no pescoço.
Ela o trouxe para a entrada do chalé, a qual parecia uma sala, exceto que era
uma explosão de livros.
━ Digitalizado?
Granger olhou para ele como se tivesse acabado de confirmar quão elegante
era.
Isso parecia uma denominação otimista para Draco, que assistiu o granizo
de janeiro começar a chuviscar pelo vidro com ceticismo.
Então uma criatura laranja estranha com cara de amassado apareceu e fez
seu caminho para os tornozelos de Granger.
━ Não tem nada errado com ele ━ ela respondeu. Tanto Granger quanto a
criatura olharam para ele, ofendidos. ━ Ele é um Meio-Amasso e muito
inteligente. Não é, meu amor? Meu docinho? Meu anjo?
Conforme suas orelhas eram massageadas por Granger, o gato olhava para
Draco com uma expressão de puro desdém. Então decidiu que tivera o
suficiente da atenção dela e se virou para sair, seu rabo absurdamente
erguido para dar a ele uma ampla visão de seu orifício.
O primeiro parecia ser usado para estudo. Draco notou um tipo de pedestal
no meio do espaço. Nele havia um grimório, muito antigo e surrado,
rodeado pelo brilho de um feitiço de estase.
━ Tenho que ir. Acredito que viu o suficiente para se orientar. Por favor,
deixe as proteções permitirem que Bichento entre e saia. Ele gosta de
passear. Estarei de volta em algumas horas.
Esquisitice absoluta.
Ou talvez não, ele refletiu enquanto voltava para o jardim. Se ela estava
indo para uma cirurgia trouxa, teria que aparecer por meio trouxa; uma
aparição instantânea na porta iria levantar suspeitas.
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Francamente, para uma bruxa com a relativa fama de Granger, cujo os dois
amigos mais próximos agora eram aurores, suas medidas de proteções eram
insignificantes. Mas então, agora era tempo de paz e ela era estudante – não
uma criança perseguindo objetos das trevas para assassinar um bruxo do
mal sete vezes.
━ Meu carro é novo. Não pode protegê-lo; vai estragar alguma coisa.
Isso foi dito como se Draco tivesse aproximadamente 120 anos e sua última
aula fora quando os carros eram chamados de carruagens.
━ Ok. Você pode protegê-lo. Mas tente ficar longe do painel central com
todos os botões. Perto do volante.
━ Você deve estar faminto. Quer entrar? Tenho alguns biscoitos. Podemos
falar sobre as recomendações e o anel.
No que dizia respeito a Draco, o principal ponto da dieta era pêlo de gato.
Ele puxou alguns fios alaranjados de sua boca enquanto o gato (criatura
infernal) serpenteava pelos pés da cadeira dele, olhando-o
presunçosamente.
Draco, ainda puxando os fios, disse um "Ptht" como resposta, mas o que
realmente queria dizer era: se eu achar pêlos em minhas bolas esta noite,
vou esfolar o animal com minhas próprias mãos.
━ Cheetos de queijo.
Assim que as palavras saíram de sua boca, ele se interrompeu, mas era tarde
demais. Granger estava olhando para como se tivesse confirmado, pela
segunda vez na noite, que ele era um imbecil muito privilegiado.
Ela se levantou, mandíbula cerrada, para fazer chá. Pareceu uma desculpa
para se afastar imediatamente dele.
Mas, de qualquer forma, Draco não estava aqui para fazer amigos.
Granger batia com a chaleira. Parecia estar segurando uma certa quantidade
de insultos destinados a ele. Draco discretamente verificou seus bolsos.
Tinha um bezoar, caso seu chá tivesse algum aditivo especial, cortesia da
Defensora dos Elfos Domésticos.
Granger colocou mais chá e pegou outro pacote de biscoitos, já que Draco
engoliu o outro inteiramente.
Draco queria dizer: naturalmente; eu sou um gênio. Onde está seu FitZit
agora?
━ Sim? ━ Draco disse, mesmo tendo uma noção do que seria. Na verdade,
ele estava surpreso por ela não ter perguntado antes.
O olhar dela foi do anel dele para o que estava na mesa. Então, depois de
algumas deliberações pessoais em seu cérebro grande disse, muito
sabiamente, na opinião de Draco:
━ Não devo fazer mais perguntas sobre o uso original disso. Sinto que mais
detalhes irão me afastar da coisa toda.
Porque sim, esses anéis antigos foram usados por casais na família Malfoy.
Sua mãe havia tirado o dela alguns anos atrás, depois da morte de Lúcio
Malfoy em Azkaban – o silêncio do anel era um lembrete constante da
perda e ela não aguentava mais usá-lo.
━ Eu faço isso ━ Draco disse. ━ Precisa ser feito pela pessoa usando o
anel... er, o parceiro.
Ele tentou parecer rude e profissional sobre, mas havia muitas coisas no
mundo tão pouco profissionais como um homem colocando um anel na mão
de uma mulher, e foi estranho apesar de suas melhores tentativas. Se
perguntou se Granger achou tão estranho quanto ele. Ela estava estudando o
papel de parede da cozinha, um tom de rosa em suas bochechas.
A mão dela era pequena na dele e delicada. O anel deslizou sem esforço.
Ele sentiu um tipo de reflexo em seu próprio – tinha alguém para conversar
agora.
━ O sinal de socorro é ativado girando o anel três vezes ━ Draco falou para
quebrar o silêncio. ━ Faça isso e irei aparatar até você imediatamente.
━ Estou torcendo muito para nunca ter que usá-lo na verdade. ━ Ela olhou
para o anel brilhando em sua mão. ━ Pelo menos essa coisa não tentou me
matar imediatamente.
━ Bom. Agora, antes de eu ir, uma última coisa. ━ Draco colocou a mão no
bolso. ━ Minha coruja perdeu metade do peso desde que começamos a nos
comunicar, então eu...
━ ...Eu decidi ceder à moda e comprar essas coisas ━ Draco terminou. Ele
colocou um par de Blocos-Falantes Weasley. ━ Você provavelmente ouviu
sobre eles; febre entre os mais jovens. Corujas não são mais as certas. Não
rápidas o suficiente.
Na opinião de Draco, um triste fim para uma longa tradição bruxa. Não se
pode escrever uma carta com palavras intensas em um Bloco-Falante –
simplesmente não pode.
━ Eu conheço isso ━ Granger falou. Ela estava explicitamente segurando
um sorriso malicioso. Draco pesou os prós e contras de perguntá-la a razão
do sorriso. Ele decidiu contra: entre ela e o gato, os níveis de presunção no
local logo lhe causariam uma asfixia.
━ Sim ━ ela respondeu, aceitando o objeto. ━ Obrigada. Sinto muito por sua
coruja.
Draco decidiu que aquilo foi um fim aceitável para uma noite desagradável.
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Aproveitem o próximo!
4. Imbolc
Boa leitura!
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━ A nossa. Ela disse que você foi muito profissional. Sabemos a verdade.
Ele também não tinha ideia, mas provocar a Dupla Incômoda era sempre
prazeroso. Os dois pareciam irritados por Draco aparentemente saber de
algo que eles não tinham conhecimento.
━ Palavras sábias, Malfoy ━ Potter disse enquanto saía ━ não insulte o gato
de Hermione.
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Ele tirou isso da cabeça e se juntou a Goggin e alguns aurores juniores para
uma sessão de duelos de combate. Tonks insistiu que os seus funcionários
não apenas mantivessem o nível através de uma prática rigorosa, mas
também as habilidades como lutadores físicos. Muitos reclamaram por ter
que aprender a lutar como trouxas. Tonks os manteve na linha. Um auror
desarmado com treinamento de luta ainda poderia manobrar, desarmar ou
mutilar um oponente, se mantivesse o juízo sobre ele. Um auror desarmado
sem essas coisas era um auror muito morto.
Ele pediu uma pausa, cerrando a mandíbula e usando o Bloco para enviar a
Granger uma mensagem irritada, consistindo apenas na pontuação: ???
Draco não respondeu, mais por não saber o que dizer, mas também porque
Goggin decidiu que aquela pausa estava acabada e agora tentava lhe causar
uma concussão.
Por que?
Feriado?
Naquela noite, enquanto Draco estava jantando, seu anel sinalizava dor.
Mas não era dor física. Era a dor do luto, de algum lugar em
Cambridgeshire. A pungência do sentimento o surpreendeu. A sinceridade.
Granger realmente era uma benfeitora para o efeito. Ele supôs que ela
chegara em casa e estava cedendo à perda do paciente.
Draco não contara para sua mãe que pegou os anéis Malfoy. Ele tinha
certeza que ela não concordaria com seu redirecionamento e nem com a
escolha do parceiro.
━ Você gostou? ━ Sua mãe perguntou, inclinando-se para tocar algumas das
pétalas delicadas. Ela parecia estar pensativa. ━ Amanhã é Imbolc.
━ Você vai estar em casa amanhã? Terei algumas amigas vindo para o chá.
Draco fez alguns cálculos rápidos. Essas algumas amigas certamente teriam
filhas adoráveis e amorosas, que sem dúvida viriam também. Sua mãe tinha
ficado bem menos sutil em relação ao casamento desde que ele fizera trinta
anos.
A nota de Granger mais cedo ofereceu uma saída conveniente. Draco sorriu
e disse:
A própria Granger não sabia que teria companhia, uma pena para ela. Ele
chamaria de verificação. A segurança dela contra ameaças – reais ou
imaginadas por Shacklebolt – era sua maior prioridade, no final das contas.
Seu Bloco vibrou. Ele o convocou para achar uma nota de Granger, uma
resposta atrasada para a pergunta dele. Sim, um dos feriados com asterisco.
Um ponto turístico. Vou girar o anel se precisar de você.
A última frase foi algo como: Eu não preciso de você, não venha, você não
está convidado.
Existiam outras coincidências tão interessantes? Ele foi para as outras datas.
O próximo asterisco era no último final de semana de Março. Então outro
no começo de Maio. Então Junho. Depois, início de Agosto.
──── ◉ ────
Granger estava se movendo bastante rápido, dado que estava descendo uma
estrada rural em seu carro.
Granger freou e parou o carro de uma vez. Draco se arrumou do jeito certo
com dificuldade quando uma enxurrada de perguntas chegou, incluindo: o
que diabos ele pensava que estava fazendo, quem pensava que era, como
ousava e se ele era insano ou não.
Vendo que o pior da briga havia passado, Draco, tendo visto um espelho
logo acima da cabeça de Granger, o virou para si mesmo. Era a altura
perfeita para checar seu cabelo. Trouxas eram bons, realmente – eles tinham
as prioridades definidas.
Granger gaguejou.
━ Você acabou de pegar meu espelho retrovisor para consertar seu cabelo?
━ Não é minha culpa que seu carro é tão apertado ━ Draco falou, tentando
puxar suas pernas para si.
━ E não é minha culpa que você é uma marionete desengonçada que decidiu
aparatar dentro do meu Mini Cooper.
Antes que Draco tivesse tempo para registrar sua ofensa para essa
comparação injusta, ela chegou no cerne da questão:
━ Sim.
━ E então? ━ Ela pressionou. ━ Estou bem, como pode ver. Pode ir embora
agora.
O que quer que Granger estava esperando, não era isso. Uma expressão
estranha brilhou em seu rosto, como se estivesse segurando uma risada.
━ Eu posso. Esse botão, aqui ━ ela falou, apontando para uma coisa redonda
no painel. ━ É um recurso de segurança que os trouxas inventaram.
━ O que é isso?
━ Tá bom ━ ela disse no final. ━ Você pode ficar enquanto esse chá
angustiante de sua mãe dura. Apenas não fique em meu caminho.
Estava claro que, na opinião dela, Draco era o verdadeiro Auror Incômodo.
──── ◉ ────
Granger não falou nada. Seu desagrado com sua presença continuou e ela
não estava escondendo. Pouco importava para Draco – um passeio chuvoso
através da estrada de terra inglesa com uma Granger irritada era uma
mudança refrescante em relação aos usuais lanches minúsculos e coquetéis
com caçadoras de dinheiro indecentes.
Ela tinha reflexos decentes, Draco refletiu enquanto chupava sua junta
dolorida.
Ele deveria? Tão generosa. Draco – depois de uma breve luta com a
maçaneta – saiu do veículo. Segurou os gemidos enquanto trazia um pouco
de sensação de volta para as pernas.
Granger observou sua emergência com o Mini com as mãos na cintura. Ele
a sentiu observando sua escolha de roupas (as vestes de auror sobre o traje
perene) e calçados (botas perfeitamente funcionais de couro de dragão). Ela
devia ter concluído que isso serviria – ou não, não serviria e o colocaria em
perigo, e aquilo estava perfeito.
Rapidamente, ficou óbvio que não era uma caminhada em prol da saúde
dela. Ela estava procurando por algo. Ou vários algos. Olhou para a
vegetação rasteira, tocou os troncos de árvores, gentilmente pegou as folhas
das samambaias na palma da mão e as estudou. Ela não pegou nada, no
entanto, e assim anulou qualquer teoria sobre coleta de ingredientes que
Draco estivera suspeitando.
Eles progrediram dessa forma por mais de meia hora, marcada por uma
pausa para renovar os desbotados feitiços Impervius.
Wood-sorrel - Oxalis
Mellifluous Honewort
Helianthemum apenninum
Helianthemum nummularium
Tassel Moss
Granger usou sua varinha para riscar a maioria dos itens. Restou apenas o
Tassel Moss.
━ O que é Tassel Moss? ━ Draco perguntou.
Sua mão voou para seu coração acelerado (Draco sentiu as batidas através
do anel). Ele esperava ser repreendido. Entretanto, o mau humor dela
parecia ter sido substituído pela dúvida animada relacionada à lista.
━ Qual teoria?
━ Nada. Pelo menos, não diretamente. ━ Ela se virou para olhar para ele
através da chuva, como se quisesse avaliar se valia a pena dizer. ━ Estou
refazendo os passos de uma bruxa velha e esquisita, cujo trabalho incluía,
entre tantas coisas, as descrições de certos locais sagrados nas Ilhas
Britânicas.
Não, Draco não sabia – na verdade, ele nunca ouvira falar sobre essas
plantas – mas acenou em vez de admitir isso.
O que quer que tenha chamado sua atenção, não era o que ela estava
procurando. Ela se levantou. Não parecia desapontada, ao contrário, parecia
determinada. E suja.
Pela primeira vez desde que ele pegara o caso de Granger das mãos de
Tonks, Draco se sentiu feliz pela decisão. Isso era com certeza mais
prazeroso do que a maior parte do trabalho como auror – menos maldições
e eviscerações vindo em sua direção, para começo de conversa.
Draco empurrou alguns arbustos para ser, mais uma vez, presenteado com a
vista da bunda de Granger. A familiaridade gerava conforto – ele estava
desenvolvendo muita apreço por isso.
Por razões conhecidas apenas por ela, Granger quase pressionou o rosto em
um pedaço de musgo e estava cheirando-o fortemente.
━ Granger, o quê...
Havia sujeira no topo do nariz dela. Nas sombras dos grandes carvalhos ao
redor deles, os olhos escuros dela brilhavam com algum tipo de excitação.
Um cacho úmido grupo na boca dela. Suas bochechas estavam rosadas pelo
vento de Fevereiro. Um sorriso brilhou para ele, algo breve e raro.
Ela bateu as mãos juntas e gritou para o pedaço de musgo, como se fosse
um tesouro que valia milhares e milhares de Galeões.
Antes que Draco pudesse processar sua percepção, um grito rouco ecoou de
algum canto distante na floresta. Para seu aborrecimento, Granger deslizou
para o lado dele imediatamente, a varinha levantada.
O barulho estranho continuou. Quando ela viu que ele não reagiu e não
parecia alarmado, perguntou:
━ Oh.
━ Oh, não ━ Granger respondeu. ━ Apenas um. Eu tenho outras três mil
coisas para fazer antes de terminar.
━ Por que tinha que fazer isso no Imbolc? ━ Ele perguntou. Em sua opinião,
teria sido melhor planejado em Beltane, em um clima mais agradável.
━ Por que não vai para outro lugar? Ela não vai saber que você não está
estritamente trabalhando.
━ Não estou saindo ━ Draco falou. ━ Se você for atacada enquanto estiver
trabalhando, Shacklebolt vai ter minha cabeça.
━ Se tem algo que aprendi com o enorme erro em contar para Shacklebolt, é
não compartilhar uma palavra sobre meu trabalho. ━ Granger cruzou os
braços. Sua postura foi bastante prejudicada pela única folha presa em seu
chapéu, voando.
━ Não. Você pode aparatar no pub mais próximo, ter uma bebida
aconchegante e ir para casa quando estiver a salvo das moças.
━ Eu não sou aquele que precisa ficar seguro ━ Draco disse.
━ Vou visitar o Jardim Chalice Well. Isso envolve fingir que é um trouxa. O
que você não consegue.
━ Eu posso fingir que sou um trouxa muito bem ━ Draco disse, indignado.
━ O programa de auror inclui uma unidade substancial de disfarce, e eu
passei por ele com honra, obrigado.
Ele estava pensando que Granger tomou uma boa decisão? Por que ela
deveria brigar com ele sobre tudo?
━ Isso vai ter que servir ━ Granger disse, embora parecesse cínica.
━ Não.
━ Sim.
Draco congelou.
Vendo que ele estava sendo tão solene, Granger ficou séria também.
━ Devemos?
Então ele arruinou o sério momento ao precisar de ajuda para abrir a porta
do carro. Granger deu a volta para ajudá-lo com santa paciência.
Ela não tinha, para seu crédito, lançado nenhuma calúnia sobre a habilidade
dele de se portar como um trouxa.
──── ◉ ────
Eu não sei vocês, mas esse Draco que só perturba a Hermione tem meu
coração completamente. Ainda teremos muitas intrigas e visitas
indesejáveis nesses feriados da Hermione.
Mais uma dupla de capítulos para vocês. Esse é o primeiro que tem
imagens no texto, então me digam como fica para ler com elas inclusas
aqui (se bagunça o texto, se é desconfortável, se gostaram assim, etc).
Boa leitura!
──── ◉ ────
━ Vai estar cheio esta tarde ━ ela disse, finalmente. ━ Nos Jardins, quero
dizer. Vamos tentar ser discretos. Temos que ir até a loja de presentes para
comprar os ingressos, mas depois seremos capazes de entrar nos jardins
sozinhos e evitar a maior parte da multidão.
━ As fontes nessa área têm sido usadas tanto por trouxas quanto bruxos há
milênios ━ respondeu. ━ Começou a ficar difícil apagar a coisa toda de
tantas mentes após o Estatuto do Sigilo, acredito. Mas, para responder sua
pergunta, os trouxas só conhecem duas fontes em Glastonbury: uma é
chamada de Fonte Branca e outra é chamada de Poço Vermelho. Nenhuma
propriedade mágica em ambas, apesar dos trouxas terem descrito seu
próprio significado espiritual e mitológico. Eles têm histórias relacionando-
as com o Santo Graal e o Rei Arthur. É suposto que ele tenha sido enterrado
no mosteiro de Glastonbury, além de outras lendas.
━ Sim.
━ Você está sendo muito curioso ━ Granger falou. Draco sentiu que ela
queria dizer intrometido, mas escolheu a opção educada.
━ Acho que o poço atinge sua potência mágica mais alta durante o Imbolc ━
Draco falou. Granger não respondeu. ━ Estou certo, não é?
Ela tossiu.
Essa bruxa era – alguma coisa. Draco nunca havia suportado tantos pontos e
contrapontos tão implacáveis. Ele sentiu que, se estivesse acompanhando o
placar, seria o perdedor.
━ Não sou um segurança. Não fui designado para andar sem rumo atrás de
você ━ falou.
━ Geração Z?
━ Por que alguém não diz a eles que sintetizaram demais essas coisas a
ponto de perder qualquer propriedade mágica?
━ Fique aqui ━ ela disse. ━ Vou pegar nossos ingressos. Não quebre nada.
Graças a Merlin pela dica; ele poderia começar a pulverizar as coisas por
excesso de espírito, caso contrário. Enfiando as mãos no bolso, Draco ficou
no canto e assistiu Granger ir embora. A multidão ao redor dela não olhou
duas vezes. Ela realmente se misturava. Já ele, foi alvo de mais do que
alguns olhares – sua altura, o cabelo loiro platinado, seu terno elegante.
Granger agora havia se juntado à fila lenta de ingressos. Ter sua Superiora
longe dele em um local movimentado não era algo que gostasse, de um
ponto de vista puramente profissional. Ele executou alguma Legilimência
clandestina em uma amostragem aleatória das pessoas na loja. A multidão
era composta principalmente por trouxas. Havia um casal de bruxos, mas
não tinham más intenções – nem qualquer ideia de que Granger estava aqui.
Eles a reconheceriam se a vissem? Talvez – mas Draco não podia mergulhar
em suas mentes tão precisamente desta distância.
As instruções dela sobre ser discreto era mais do que hipócrita,
considerando que simplesmente entrou em uma conversa com os trouxas
que estavam atrás dela. Draco, irritado, lançou uma Legilimência de
superfície para checar as intenções sinistras da família. Nada de interessante
– apenas eram turistas amigáveis.
Ele notou uma presença à espreita, espiando em uma prateleira. Ele fingiu
estar interessado nas velas fedorentas.
Draco sentiu que estava sendo analisado por uma encarnação trouxa da
Trelawney cruzada com uma mariposa gigante.
━ Não acho que essas velas vão te fazer bem ━ Eunice continuou.
━ Está?
━ Oh, você tem? ━ Eunice parecia desconcertada. Ela deslizou algo na mão
de Draco. ━ Meu cartão. Eu faço realinhamento de chakras. Pegue-o.
Nossas energias são bastante compatíveis...
Eunice flutuou para longe ao mesmo tempo que Granger chegou, trazendo
cafés.
━ Eunice ━ Draco respondeu. ━ Ela me deu isso. Você precisa realinhar seus
chakras?
Granger trocou um dos cafés pelo cartão oferecido. Algo estava rabiscado
apressadamente nele.
━ Uma pena que você nem sabe o que um celular é. Pobre Eunice, estava
latindo para a árvore errada.
━ Ela também achou que seus chakras precisavam ser realinhados. Não
vamos nos envolver demais com o senso dos pensamentos de Eunice ━
Granger falou rispidamente.
Se souber de algum homem que precisa checar o próprio ego, uma simples
conversa com Granger o colocaria no lugar.
━ Arrojado? Amargo?
━ Muito caro.
Draco escondeu sua zombaria no copo.
Placas aqui e ali pediam aos visitantes que mantivessem silêncio, por
respeito aos que meditavam. Granger lançou um feitiço silenciador ao redor
dos dois para que pudessem conversar.
Eles pararam (bom, Granger parou e Draco tropeçou nela) no que parecia
ser uma tampa de bueiro, escondida no meio de um arbusto. Através de uma
superfície de ferro e molhada, haviam dois círculos grandes, cruzando-se
sobre folhas e musgo.
Entrada do Poço Verde. (Photo: londontoolkit.com)
Graças aos céus por esses feitiços de silenciamento, ele pensou conforme
caíam.
Draco levantou-se. Ela estava em algum lugar à sua esquerda. Não parecia
estar se recuperando tão bem como ele – estava mais chocada.
Draco tateou a penumbra para ver que seu café era uma causa perdida. Que
pena.
Se ela tivesse adicionado "como você", Draco iria enfeitiçá-la – seu ego já
tinha sofrido bastante hoje.
Ela não tinha. (Foi quase decepcionante que tenha deixado o momento
passar).
Seus olhos se esforçaram para ter uma noção do que, exatamente, espreitava
na escuridão manchada de cogumelos.
━ Você disse que não ficaria no meu caminho. Sequer deveria estar aqui.
Isso é delicado. E criticamente importante.
Sim, Tonks, ela foi morta por uma Feiticeira. Sim, eu estava bem ali. Sim,
eu permiti que ela fosse até elas. Sim, ela foi desmembrada bem em minha
frente. Ela queria pegar alguma água chique desse poço, você sabe; nada a
faria parar.
━ Sim, se eu puder. Eu tenho uma oferta ━ Granger disse. Sua figura era
uma silhueta leve, iluminada por trás pela luminescência do Poço Verde.
Granger produziu um frasco largo, com tampa dourada que brilhava na luz
baixa.
━ Abaixe a varinha, jovem. Essa garota não vai encontrar sua morte aqui.
━ Sim.
━ Está certo, você não vai. Garoto estúpido. Eu faria seu cérebro derreter e
bebê-lo enquanto ainda estivesse quente, não é?
O pavor frio correu pela espinha de Draco, apesar da criatura não ter lhe
ameaçado diretamente. Ele se perguntou se suas maldições imperdoáveis
seriam úteis contra essas coisas – apesar de dever estar pensando em luz.
━ Não comece com a poesia ━ a primeira Guardiã disse para sua irmã. ━
Não queremos mexer com os miolos dele.
Ela e sua irmã gargalharam, como se fosse a coisa mais turbulenta que já
haviam escutado.
━ Mas eu queria...
━ Não ━ Draco falou, seu aperto no cotovelo dela era inflexível. ━ Vamos.
━ Que porra foi aquela? Você deveria ter me dito que iria barganhar com
duas criaturas das trevas!
O rosto de Granger estava pálido na fosforescência.
━ Pare de brigar comigo ━ Granger disse, afastando as mãos dele. ━ Ela não
iria arrancar meu fígado. Elas foram legais. E certamente não eram
feiticeiras.
━ Elas eram a merda de Dementadores mulheres e você nunca vai lidar com
esse tipo de criatura de novo sem me contar primeiro. Eu preciso que você
entenda que se qualquer coisa acontecer com você, Shacklebolt vai ter
minha cabeça, Tonks terá minhas bolas e Potter e Weasley vão limpar o
resto. Minha mãe vai me enterrar em um pote de Marmite. Você entendeu?
━ Nada ━ Granger disse. Vendo quão intensamente ele estava olhando para
ela, deu um passo para trás. ━ É estupidez.
━ É apenas parte... parte da lenda que cerca as Guardiãs que diz que... é
estúpido e obviamente mentira, mas sugere que elas são Videntes.
━ Uma delas sabe quando você morre e a outra sabe como você morre.
Draco estremeceu.
━ Como você pode ser tão arrogante sobre esse tipo de lenda? Você
literalmente é a melhor amiga do mais premonitório, profetizado,
prognosticado Menino Irritante Que Sobreviveu!
━ Eu acho que uma dessas feiticeiras estava prestes a dizer algo. Ela
começou a falar em rimas. Porra. Eu me pergunto se ela sabia o como ou
quando...
━ Tarde demais. Estou pensando nisso. O que rima com céus? ━ Draco
perguntou? ━ Véus?
━ Que porr...?! O que é isso, o casaco de mil bolsos? Como isso cabe aí?
Você sequer o encolheu.
━ Oh, entendi. É por isso que você carrega sacos enormes de galeões? Por
conveniência?
━ Não. Eu os carrego como precaução.
━ Ugh! Estou atrasada! Eu tinha outra coisa para fazer, mas você me
atrasou demais...
Draco ergueu os olhos para o teto de cogumelo. É claro que era culpa dele.
━ Que coisa?
━ Mas o quê?
━ Que pena ━ Draco falou. ━ Qualquer confiança que eu possa ter em seu
julgamento acabou de ser obliterada por sua decisão de pechinchar com
bruxas, sem um único plano de contingência se elas ficassem com fome.
Granger fez um som que parecia mais um rosnado do que outra coisa.
Ela fez menção de se afastar, mas seus joelhos fraquejaram, e ela girou de
volta para Draco.
Sua voz pareceu trazê-la de volta a si mesma. Ela o segurou por mais um
momento, então respirou trêmula e se afastou com um pedido de desculpas
murmurado. Draco olhou em volta procurando trouxas e, não vendo
nenhum, cancelou sua desilusão.
━ Sim.
━ Eu? ━ Draco perguntou. ━ De forma alguma, uma delas queria puxar meu
cérebro do crânio, ou você não ouviu aquela parte?
━ Engraçado.
Draco olhou para Granger. Talvez fosse o humor de curandeira, mas ela
podia ser horrível quando estava sem adrenalina. Talvez fosse bom não
jogar Quadribol. Então, novamente, Draco ponderou, ela poderia ser uma
batedora excepcional. Sem balaços necessários, Granger Perigosa poderia
desmoronar psiques com algumas sílabas.
━ E se eu pedir gentilmente?
━ Não.
━ Não vou interagir com nada sombrio, ou ninguém, a propósito. Não tem
nada a ver com meu projeto.
Draco a estudou. Ela parecia genuinamente desanimada por ele arruinar sua
terceira atividade da lista. Decidiu ser caridoso.
──── ◉ ────
━ Sim. Em Tynstesfield.
Draco queria gargalhar alto, mas sentiu que seria antiprofissional. Ele se
contentou em ofegar:
━ A decadência.
━ Como pode ver, estou muito segura aqui; as únicas coisas ruins são suas
tentativas de ser engraçado.
━ Sim.
━ Mm.
━ Tynstesfield.
Granger tirou os olhos da estrada para dar a ele um olhar de pura surpresa.
O lamento desapareceu.
──── ◉ ────
Buckley era dos bons. Um Auror novo, afiado e ansioso para se provar, o
que significava que Draco poderia exigir um pouco mais – bom, ele
chamaria de gerenciar – e iria delegar a maior parte de seus plantões de
vigilância para o rapaz. Isso iria, como Draco explicou nobremente para
Buckley, permiti-lo que ganhasse mais experiência. Buckley acenou com
entusiasmo e fez Draco se lembrar de um cachorrinho.
Ele empurrou o relógio alegando três da manhã para seu jovem colega
zeloso e foi para a cama.
Draco sentiu seu anel o despertar quando estava quase caindo no sono: dor
e uma frequência cardíaca elevada, reverberando de Cambridgeshire.
Ele estava muito longe do país para uma aparatação direta. Explodiu um
fogo na lareira do hotel e usou o flu até um bar em Cambridge, e de lá
aparatou para a localização do anel.
Agora que podia verificar que não havia ameaça imediata, Draco podia
entender a cena. Havia velas acesas em um canto e uma música suave
tocava. Granger estava com aquelas roupas trouxas ridiculamente justas,
verde-caqui dessa vez. Seu cabelo estava preso em uma trança francesa,
grossa como o pulso dele.
━ O que?
Draco estava se sentindo muito estúpido. Ele apertou o casaco para cobrir
seu pijama. Havia pouco que pudesse fazer por seus pés descalços.
━ Você encontrou?
━ Não ━ Granger disse. Ela ficou de pé com irritação evidente. ━ Recalibre
seu anel, para que apareça apenas em crises reais.
Draco desaparatou.
──── ◉ ────
Havia algo bom em receber uma. Aquecia a alma, na verdade. Ele não tinha
certeza de qual parte gostou mais: Granger refletindo sobre isso por um dia
e então se desculpando, ela admitindo que estava errada, ou agradecendo a
ele.
Ele levantou o olhar, um vago sorriso no rosto, para ver Rosalie tagarelando
sobre o próximo baile que seu pai iria hospedar. Draco perdeu o início da
conversa. Para apoiar os órfãos, ou algo do tipo, provavelmente.
Os órfãos ajudaram Augustin Delacroix? Draco não ligou muito para uma
explicação. Seu Bloco-Falante vibrou. Ele checou por baixo da mesa para
ver uma mensagem de Granger:
Você percebe que eu teria que fazer coisas ruins que justificam um pedido
de desculpas.
Você tem um apreço por coisas ruins. Eu compilei uma lista razoável de
suas atividades ilícitas, Draco respondeu.
Draco ergueu a cabeça. Madame Delacroix perguntou algo que ele ouviu
parcialmente, sobre seu cronograma em Março. Ele respondeu
afirmativamente – é claro, sim, ele ficaria feliz em liberar seu horário para
uma causa tão nobre. Sua mãe sorriu com a aceitação fácil e indicou que
ela, também, ficaria encantada em comparecer.
A bruxa bonita falou elegantemente sobre qualquer coisa que achasse que
poderia chamar a atenção dele – Quadribol, seu trabalho, o tempo. Draco
ouviu apenas com um ouvido, porque não era sobre bruxas querendo seu
cérebro em um canudinho e, portanto, era bastante chato.
Ele se encontrou desejando continuar a conversa com outra bruxa, uma que
tinha sua mensagem vibrando no bolso dele.
━ Mas?
━ Oh.
Discutir com sua pálida e triste mãe nunca esteve no topo da lista de
afazeres dele. Tentou ser gentil enquanto a advertia.
━ Nós já tivemos essa conversa antes. Eu não preciso, e nem quero, que
você arranje bruxas para mim.
━ Eu estou feliz.
Outro suspiro de Narcisa.
━ Em sua idade, seu pai estava casado, você sabe, e tinha você, com quatro
ou cinco anos...
Narcisa, vendo que não faria nenhum avanço, caminhou em direção à porta.
━ Eu não acho que ela exista ━ ela disse sobre o ombro enquanto saía.
━ Quem?
──── ◉ ────
Granger escreveu para Draco uma semana antes, avisando-o que estaria
palestrando em uma conferência na quinta-feira.
Sim, Granger, obrigada pela ousadia. Ele usaria seu julgamento avançado.
Draco achou uma alcova escura perto da frente do auditório onde pesquisou
o local. Ele estava a vinte metros do palco, uma vantagem para poder ver
Granger sentada em uma longa mesa, junto de outros três de seus bolsistas
de pesquisa. Eles estavam conversando enquanto a multidão preenchia o
lugar.
Satisfeito por não ter ameaças imediatas, Draco lançou proteções ao longo
da frente do palco por precaução e se sentou na alcova. Quando a
conferência começou, ele folheou a programação. Aquilo o informou que o
painel de hoje apresentaria líderes internacionais em engenharia de células
imunes e imunoterapia.
Isso disse muito pouco a Draco, é claro. Câncer era, decididamente, um mal
trouxa. Os seres mágicos raramente eram atingidos por isso,e quando eram,
rapidamente seria resolvido. Entretanto, não parecia ser o caso dos trouxas,
a qual parecia ser uma condição séria e incurável de diversas formas.
Draco decidiu que seria bastante seguro deixar Granger com sua Leucemia
Linfoide Crônica. A única ameaça nesse local era a morte por um acrônimo
obscuro. Bem quando estava prestes a sair – ele estava imaginando muito
um cochilo – o mediador anunciou que a Dra. Granger iria palestrar em
seguida.
Ela era uma figura pequena no palco, de longe a mais baixa entre os
palestrantes. Granger sorriu para a audiência enquanto se aproximava de um
amplificador de voz trouxa no pódio. Seus movimentos eram confiantes e
equilibrados. Não tinha anotações, mas a tela grande atrás dela projetava
diagramas e tópicos.
Fez alguns comentários iniciais que incluíram uma piada que passou
completamente batido para Draco, mas o auditório se encheu de risadas.
Sua apresentação focou nos avanços em algo chamado Terapia com
linfócitos-T do antígeno quimérico em linfócitos-B malignos. Ela fez
contato visual com todos, respondeu perguntas, foi desafiada, contra-
argumentou o desafio e defendeu sua posição sem perder o ritmo.
Depois de terminar sua palestra, ela voltou para a mesa e seus colegas
discutiram o assunto. Em algum ponto, Draco sequer tinha certeza se ela e
os outros estavam falando sua língua, enquanto se interrogavam sobre Vírus
Epstein-Barr e Linfomas de células-TNK, e os desafios nos diagnósticos e a
arquitetura da pesquisa do líquido da biópsia. Granger fez um trocadilho
sobre degradação da MALT-1, o qual foi, aparentemente, muito engraçado.
Granger deve ter pego o movimento de sua cabeça branca nas sombras.
Quando viu que era Draco, deu a ele um breve sorriso em reconhecimento –
sentimento bizarro – e continuou com a discussão, suas mãos fazendo
grandes arcos enquanto explicava algo.
Como sempre, a conversa fiada foi dispensada. Em vez disso, ele encontrou
seu disfarce trouxa sendo avaliado por ela, o olhar acentuado por uma
sobrancelha levantada.
━ Não sou nada além de ousado ━ Draco disse, sacudindo o cabelo. ━ Você
sabia que o bom Dr. Driessen está interessado em você?
━ O que?
━ Não.
━ Sim. Ele também gostou da saia ━ Draco falou, gesticulando para o item
apertado de cintura-alta em questão. (Ele também gostou bastante, aliás; a
moda trouxa e sua ênfase nos glúteos estava crescendo nele).
━ Ugh... quero dizer, ele é bem legal, mas... espere... como você sabe disso?
━ A mão de Granger voou para sua boca. ━ Você não usou Legilimência em
trouxas inocentes.
Granger parecia ter 90% de certeza que ele estava brincando, mas mesmo
assim olhava para ele como se fosse o Auror mais irresponsável e
depravado produzido pelo Ministério, e foi apenas sorte que os uniram.
Dr. Driessen olhou para Draco, para seu cabelo (perfeito), sua mandíbula
(também perfeita), seus olhos (perfeitos, congelantes e perfeitos) e decidiu
que estava em desvantagem.
Homem esperto.
━ É claro ━ ele disse, se afastando e parecendo frustrado. ━ Me desculpe, eu
não percebi. Onde vocês estão indo?
━ Bom... foi bom ver você, como sempre, Hermione ━ Dr. Driessen disse.
Ela estava tensa conforme o homem ia embora. Seu corpo parecia enrolado
e pronto para se afastar de Draco.
Granger foi abordada por outros colegas, que ouviram que ela está indo
para o Turf, e que estavam indo também, então iriam vê-la à noite, e que
sua primeira Gin Tônica foi lá, pipipi popopó, etc! Ela sorriu levemente e
acenou para eles.
━ Talvez isso seja um erro. ━ Foi sua conclusão sombria. ━ Você pode ir.
Vou dar uma desculpa.
Foi uma sugestão leve, exceto por um pequeno problema: após reflexão
meticulosa por oito segundos, Draco decidira que ele preferia ir.
━ Acho que não. Há centenas de médicos trouxas aqui. Se disser que estou
doente, todos irão até mim e tentar me curar. Não quero ninguém enfiando
um estetoscópio na minha bunda.
E, falando sobre bundas, que fique claro que ele absolutamente não checou
a dela, também não achou a vista prazerosa e também não diminuiu o passo
para acompanhá-la.
Draco compartilhou sua favorita. Nesta noite, ele era um piloto. Poucos
trouxas sabiam o suficiente obre as técnicas sobre voar, então, a menos que
ele encontre um real piloto – improvável, rodeado de médicos bêbados – ele
estava seguro. E, é claro, tinha uma paixão genuína sobre voar
magicamente, o que dava uma certa veracidade aos seus contos heróicos no
avião.
━ Voar não é tão difícil, sabe ━ ele disse para a mesa. ━ Mantenha o lado
azul para cima.
Risadas. O médico ao lado dele indicou que princípios tão simples também
eram aplicados à medicina: mantenha tudo dentro. Mais risadas.
Granger engasgou com a bebida. Mais risada. Quando Draco olhou para ela
em seguida, parecia que ia atraí-lo para um beco solitário e, na escuridão,
iria estrangular ele.
Quem iria saber que zombar da sabe-tudo do século poderia ser uma
atividade tão divertida.
Granger o chutou.
━ Eu amo quiz de bar ━ disse a mulher com cabelo cinza à direita de Draco.
━ Metade da diversão é aprender que você é um idiota colossal.
━ Apostos que seremos derrotados por alguns novatos da St. John ━ disse o
médico de frente para ele.
━ O que você acha? Se estiver cansado, pode voltar para... para nosso hotel.
Draco apreciou a tentativa de dá-lo uma saída, mas ele não aceitou. Ele
tinha um excelente momento acontecendo, havia o calor da mulher ao lado
dele e isso era mais que bom.
As perguntas sobre história e arte teriam atingido toda a equipe, exceto por
Granger, que ajudou todos. Então – com um gemido coletivo – eles foram
atingidos por exercícios de matemática e o time de jovens atrás deles zuniu
na pista e deixou os médicos comendo poeira.
A noite caiu. O lugar ficou mais quieto conforme as pessoas saíram após o
quiz, exceto por Draco, que estava aproveitando as bebidas, e Granger, que
ainda estava trabalhando na coisa matemática.
━ Vamos ━ chamou.
━ Tenham uma boa noite, vocês dois ━ o cara do bar disse com uma
piscadela para Granger.
Do lado de fora, nenhum deles estava andando com seu nível usual de
confiança, apesar de Granger estar certamente melhor do que Draco. Em
certo ponto, ela o puxou, no momento em que ele estava quase dando de
cara com o poste.
━ Como você vai para casa? E não diga aparatando. Vou te atordoar se
tentar.
Draco tinha certeza que, mesmo em seu estado risonho, ele seria mais
rápido do que ela.
━ Flu, eu suponho.
Draco seguiu o passo dela através das ruas de Oxford. A bebida estava
sumindo e a filosofia começou a fluir. Ele se sentiu generoso e à vontade
com o mundo.
━ Eu sou assustador?
━ Tem certeza?
━ Sim.
━ Eu ouvi falar que você jogou fogo em Snape no primeiro ano ━ Draco
disse. ━ Mas eu não acredito nisso.
━ Bom, isso é pura besteira ━ ela respondeu, não encontrando o olhar dele.
As chamas ficaram verdes. Sua última visão, enquanto olhava para trás, era
de Granger, braços cruzados, o quadril inclinado para o lado. Seus olhos
escuros o observavam como se fosse um novo problema de matemática para
ser resolvido.
Por um lado, amaciava seu ego ao intrigar o Grande Cérebro. Pelo outro,
considerando a propensão dela em resolver as coisas, o assustou bastante.
Ele não queria ser consertado.
──── ◉ ────
Eu amo esse capítulo! A descrição de Draco sobre querer conversar com a
Hermione durante o chá me lembra os momentos da adolescência que eu só
queria continuar conversando por sms do Meu Vivo com os crushs. Rindo
que nem boba, borboletas no estômago...
Boa leitura!
──── ◉ ────
Draco cronometrou a visita para coincidir com uma das aulas de Granger na
Trinity, para garantir que não iria perturbar enquanto vagava pelo lugar.
Quando chegou, o gato dela – talvez sentindo que algo nefasto pousou –
tomou uma posição de poder no telhado e encarou Draco enquanto lançava
as proteções externas.
━ Estou apenas fazendo meu trabalho, gato ━ ele falou, dando uma grande
demonstração.
O grimório ainda estava sobre o pilar, aberto no meio, ainda rodeado pelo
brilho verde do feitiço de estase. Draco protegeu a janela sobre o olhar
atento do gato e caminhou até o tomo.
Era tudo que Draco conseguia entender, o resto estava muito danificado. Ele
se lembrou do momento de volubilidade de Granger na estrada Mendip,
algo sobre descrições da flora dando dicas para sua busca misteriosa.
Nenhuma planta da lista dela foi mencionada aqui, entretanto. Deve ser algo
diferente.
Olhou para o gato. O animal não fez nada a não ser balançar a cabeça.
━ Apenas um olhar rápido ━ Draco falou. ━ Eu posso ser capaz de ajudá-la,
sabia.
Draco fez de qualquer forma. Usando sua varinha como alavanca, para que
não tocasse no livro, levantou a capa o suficiente para espiar.
Draco deixou a capa voltar para seu lugar e saiu do chalé bem rápido.
──── ◉ ────
Draco não sabia como, mas Granger suspeitava de algo. Primeiro, o Bloco-
Falante vibrou com uma série de mensagens, questionando se ele havia
tocado o livro. Ele negou, negou mais, então silenciou o Bloco para que
parasse de vibrar.
━ Vou assumir que o que quer que tenha feito foi pela capacidade
profissional como um Auror, para garantir a proteção contínua dela.
Tonks deu a ele outro olhar, então voltou para o relatório sobre os
contrabandistas dos artefatos das trevas.
Ele mal havia se sentado quando uma lontra prateada mergulhou sobre ele
do nada. Chamou-o de idiota e mentiroso de merda, e aconselhou a pular da
ponte.
Draco mandou seu próprio patrono com um pedido para que Granger
gentilmente mantivesse suas lontras barulhentas para si mesma; ele estava
trabalhando.
Foi quando percebeu outro feriado com asterisco que estava chegando em
breve – no final de semana, na verdade.
──── ◉ ────
Além dessas razões virtuosas, o tempo nas escapadas de Granger aos finais
de semana continuaram a servir os propósitos dele. Hoje, a brincadeira,
qualquer que seja, coincidiu com um dos almoços de sua mãe. Draco estava
feliz pela desculpa para estar longe, mesmo que sua mãe prometera que não
tinha motivos ocultos e que a presença de qualquer bruxa elegível seria
coincidência.
Draco usou o flu para o Mitre, o bar de Cambridge, e de lá, aparatou para a
localização do anel de Granger, o qual o levou para a cozinha dela.
Um mapa brilhou na frente dele e havia pontos de luz mais fortes do que
outros.
Ela pulou um metro, o que foi satisfatório, e então xingou ele, o que foi
ainda mais satisfatório.
Agora Draco virou sua atenção para a própria Granger, que estava toda
vestida em sua roupa trouxa. O cabelo dela era um rabo de cavalo alto, o
que lhe dava um ar esportivo sobre seu coque escolar usual. Seu nariz
estava vermelho pelo vento de Março.
━ Como me achou?
━ Bom, é tudo o que vai ter de mim ━ Granger disse. Ela começou a descer
a colina para longe de Draco. ━ Não quero falar com você.
Draco estava irritado – ele havia perdido o que quer que ela tenha vindo
fazer? A coisa em Ostara?
Ele deve ter. Ela estava saltitando para longe dele, parecendo muito feliz.
Ele não deveria ter dormido tanto.
━ Granger! Volte aqui. Não terminamos ━ Draco falou, saltitando atrás dela
pela colina.
━ Você precisa usar o maldito anel ━ Draco falou para o rabo de cavalo
balançando.
Sim, Tonks. Ela quebrou o pescoço caindo de uma colina. Eu confiei demais
nela. Sim, foi um acidente. Sim, ela está morta. Por favor, devolva meu
corpo para minha mãe no menor número de pedaços possível.
━ Mas você sabia disso, porque leu o livro. ━ A fachada de Granger estava
quebrando. Ela parecia levemente maníaca.
━ Tirar o anel não era nosso acordo. Você tem que mantê-lo a todo
momento. É o ponto principal.
Granger, que se virou para continuar sua descida, deu a volta. Seu rabo de
cavalo bateu no rosto dele, um ferimento grave pelo qual ela sequer se
desculpou.
━ Sabe o que mais não estava em nosso acordo? Você quebrando minha
confiança e tocando em minhas coisas!
━ Mão ━ pediu.
Granger estendeu-a.
Draco a agarrou rudemente. Ele queria colocar o anel tão rude quanto, para
mostrar quão irritado estava, mas não o fez, com medo de quebrar o dedo
dela. Houve um momento abençoado sem gritos enquanto deslizava o anel
de volta.
De qualquer forma, Draco não sabia que Avada Kedavra podia ser lançado
usando apenas os olhos, mas Granger estava fazendo isso com bastante
competência.
Então ela se virou para os trouxas e fez alguns sons de concordância e falsa
felicidade para afastá-los. Draco não se juntou porque ele estava morto.
Draco presumiu que a pergunta era retórica e não respondeu. Ele guardou
sua varinha e andou para onde os trouxas foram.
━ Mas...
Agora Granger estava ao lado dele. Ela agarrou a varinha dele e abaixou.
━ Não. Isso não importa. Prometo que aqueles trouxas não vão acabar com
sua reputação ou falar com o Profeta sobre esse... suposto desenvolvimento.
━ Eu não ligo ━ Draco falou, porque não ligava mesmo. ━ Eu pensei que
você sim. Você acabou de me estrangular com seus olhos.
━ Você não liga? ━ Granger parecia, pela primeira vez na vida, perplexa. ━
Pensei que sim.
━ Você terminou?
──── ◉ ────
━ Ei ━ Flint acenou.
Eles jogaram. Já passava das oito quando começaram, mas o campo foi
magicamente iluminado e permitiu um longo jogo cheio de interpretações
de regras questionáveis e feitos de quase morte. O pomo era uma coisa
indescritível naquela noite: nem Draco nem o apanhador adversário tiveram
muita sorte e ambos estavam sujeitos a insultos de suas equipes como
resultado.
Ele voou preguiçosamente para cima em longas voltas, cada vez mais alto,
até que o campo era um retângulo verde lá embaixo e a Mansão era uma
casa de bonecas, brilhando suavemente na noite.
Então ele inclinou sua vassoura para baixo e mergulhou em uma Finta de
Wronski. Parou no último minuto, mal segurando o grito de alegria que
queria explodir em seus lábios, e girou sua vassoura de volta para o céu
escuro.
Mais uma vez, o campo era um pequeno retângulo verde abaixo, mas Draco
voou ainda mais alto, até que imaginou que poderia haver nuvens entre ele
e a terra.
Ela veio para gritar com ele sobre o maldito livro? Draco voou para baixo e
parou sua vassoura na frente dela.
Mas Granger não parecia brava. Parecia confusa. A varinha dela estava
erguida, faíscas verdes de cura cintilando.
━ Eu... eu senti você... ━ ela gaguejou, olhando para o novo ambiente com
perplexidade. ━ Sua frequência cardíaca estava no teto, adrenalina alta e foi
horrível, eu...
━ Espera... como você sentiu isso? Como diabos conseguiu chegar aqui?
Era um ponto justo e Draco foi forçado a considerar que ele teria que
revisar os feitiços. Sua raiva surgiu, entretanto, porque o mal-
funcionamento com certeza era culpa dela.
━ A única idiota aqui é aquela que tirou o anel quando não deveria ter feito
e estragou algo. O feitiço é delicado.
Granger ergueu as mãos, como se não pudesse acreditar na virada absurda
do rumo da conversa.
━ É você ━ Draco falou. ━ Desde que você chegou aqui, de pijama, para
confirmar meu bem estar, e eu posso confirmar que estou bem. Tenho
certeza que tem coisa melhor para fazer.
━ Granger...
━ O que...
Os dentes dela estavam rangendo – mas não era de raiva, Draco percebeu
tardiamente – era pelo frio.
Por que diabos ela precisava que ele a levasse a algum lugar? Draco pousou
ao lado dela, percebendo por último que Granger não parecia bem. Ela tinha
os lábios brancos, estava pálida e tremendo.
━ Qual era, exatamente, o plano quando chegou aqui para salvar minha vida
com quase nenhuma reserva mágica?
Draco sentiu que ela deveria ser tocada, apesar do desconforto após a
imprudência dela praticamente camuflar isso.
Draco presumiu, com nenhum nível de exasperação, que a objeção dela era
voar.
━ Não... a Mansão não. Por favor. Me aparate até O Cisne. Vou de lá.
━ O que tem de errado com meu flu? ━ Draco perguntou, perto de perder a
paciência e agarrar o braço dela para forçar uma aparatação. ━ Minha mãe
está na França essa semana, se é por isso que...
━ Não. Não é sua mãe. É que... não quero voltar lá. Tudo bem?
Draco percebeu, horrivelmente tarde, de que era sobre sua casa que ela
tinha uma objeção. De que a Mansão ainda carregava os horrores da guerra.
━ No Cisne, então.
Ela o pegou. Sua mão era leve no braço dele e contra seu uniforme de
quadribol molhado, parecia gelada.
Eles aparataram dentro de uma ala d'O Cisne, o bar bruxo turbulento que
servia de meio de caminho para a viagem de flu até Wiltshire. As vozes no
bar soaram animadas através das paredes. Draco lançou um feitiço Não-me-
note em si mesmo e em Granger, que serviu para evitar olhares conforme
saiam do lugar e andavam até a lareira.
━ Meu chalé não está na rede de flu. Eu vou andando... é apenas alguns
minutos ━ Granger disse.
━ Você está provando que é idiota hoje, mas vejo que está piorando. Vou
com você.
Era evidente o real nível de fadiga de Granger, já que ela não discutiu.
Entraram juntos na lareira e foram cuspidos ao longo de doze paradas até
chegarem no Mitre.
Draco foi mais rápido para se equilibrar do que a bruxa idiota exausta, que
fez uma tentativa corajosa de se manter de pé, que foi mais como um
colapso contra ele. Ele serpenteou um braço na cintura dela e aparatou em
sua cozinha.
Draco apoiou Granger em uma cadeira, onde ela se sentou com um suspiro.
Ele convocou o frasco em direção a eles e quebrou sua rolha encerada.
━ Você não o entende ━ Granger disse, deixando o frasco cair na mesa com
um gesto débil. ━ Pare de fingir.
━ Ele disse que tem um sofá sobre uma bagunça de livros na sala de estar
onde você deveria deitar.
Draco não deu a Granger a chance de objetar. Ele deslizou uma mão na
dobra de seu cotovelo e aparatou os dois no andar de cima, onde a
depositou em sua cama.
Era óbvio, enquanto ele olhava ao redor da sala escura, que Granger
realmente partiu com tanta pressa quanto alegou. A cama estava em
desordem, como se ela tivesse esquecido que tinha um cobertor sobre si
quando se levantou em um pulo. O abajur de cabeceira estava torto como se
tivesse batido nele. Seu celular trouxa estava jogado no chão.
Draco reorganizou essas coisas com alguns acenos de varinha. O gato, que
havia subido as escadas atrás deles, pulou na cama e se juntou a Granger
com um som de reprovação. Ele se acomodou na axila de Granger como
uma garrafa de água peluda. Granger puxou a coberta sobre si mesma com
uma mão fraca e acariciou a cabeça do gato com a outra.
Draco, que estava esperando para ver se a poção de reposição estava tendo
o efeito desejado – e que Granger não iria morrer por causa dele – de
repente sentiu como se estivesse se intrometendo.
━ Certo. Estou indo agora. Espero que não faça isso de novo.
━ Pare de pensar, Granger ━ ele disse, mesmo depois de achar que era um
pedido paradoxal. Saiu do quarto. ━ Tchau.
━ Era apenas para usar o flu ━ ela falou baixo, mais para si mesma agora. ━
Um pouco patético, realmente.
Draco deu um longo passo de volta para o quarto. De alguma forma, não
podia deixar aquilo passar.
━ Não é patético não querer visitar o lugar onde você foi torturada.
Ele queria adicionar: sua idiota, mas sentiu que poderia não abusar demais
hoje.
━ Isso é bom. ━ A voz dela ficou ainda mais baixa, mais ausente. A poção
de reabastecimento estava começando a funcionar.
━ Sim.
━ Sim.
Ela não disse nada mais por alguns instantes. A luz da lua através da janela
deixou seu rosto iluminado: delicado, olhos abertos, ainda pálida. Seu
cabelo era uma pilha escura sobre o travesseiro, se desenrolando
lentamente.
Draco sentiu como se estivesse vendo duplo. Com sua camiseta enorme,
escondida na cama, com as mãos sobre o cobertor, ela parecia como a
garota que ele se lembrava da escola. Mas a visão desapareceu para deixá-lo
com o retrato de uma bruxa linda e cansada, que se levou ao mínimo de
magia para chegar até ele, porque achou que estava em perigo.
━ Malfoy?
Agora, as palavras dela estavam borradas. Ela estava indo direto para a
inconsciência, mas ainda lutando contra.
━ Er... Obrigado.
━ O que é?
━ Vá dormir, Granger.
━ Mas o que é?
━ Durma.
━ É um tipo de cachorro?
━ Sim. Vá dormir.
━ Que raça?
━ Um Borzoi.
Contemple o Borzoi: o feroz, raro e aristocrático Lébrel Irlandês dos reis
russos. Distante, alto e abençoado com um grande cabelo. (Foto: Paul
Croes).
Ele notou que o olhar amarelo não era cheio de ódio como sempre. Parecia
aprovação, de certa forma.
8. A Festa; Os Órfãos ou Algo
Assim
Espero que estejam gostando. Nesse capítulo, coloquei uma arte que
encontrei no tumblr da autora e ela é perfeita. Não está, oficialmente, na fic
original, mas eu quis trazê-la aqui para ilustrar.
Boa leitura!
──── ◉ ────
Março chegou com frio, úmido e pesado, e com ele, veio o dia do baile
Delacroix. Draco foi lembrado da ocasião quando seu cochilo da tarde foi
interrompido pela elfa doméstica Henriette.
━ Esse roxo cairia tão bem no senhor ━ Henriette disse, segurando um robe
rico para a inspeção de Draco. ━ Como um Imperador Romano, não é?
━ O preto, Henriette.
━ A Senhora sugeriu que pudesse tentar outra coisa. A Senhora gostaria que
o senhor não parecesse como se estivesse indo a um funeral.
Henriette era uma elfa francesa muito bem treinada e educada, mas também
muito insistente e julgava os elfos ingleses com os quais Draco crescera na
infância. Entretanto, sua mãe a amava, e Draco tinha que admitir que sua
culinária era muito melhor do que a comida enfadonha preparada por seus
irmãos do Reino Unido.
Draco tomou banho, deixou seu cabelo perfeito e vestiu as vestes pretas,
aperfeiçoou o cabelo novamente e se observou no espelho para confirmar se
estava devastadoramente bem-vestido.
Ele estava.
O que era excelente, porque nesta noite, Draco iria para o ataque. Fazia
muito tempo desde sua última transa (alguma bruxa na última festa de
aniversário de Pansy, em sua melhor lembrança) e ele tinha sentido falta da
ação nas últimas semanas.
──── ◉ ────
━ Não sabia que deixavam a ralé como vocês entrar ━ Zabini disse. Suas
vestes estavam impecavelmente sob medida, possivelmente ainda mais do
que as de Draco.
━ Bom ver vocês dois; os raros, os corajosos, que não estão casados e estão
distribuindo ramos.
━ O que ele terá, porém mais foda e menos carinho ━ Draco disse, também
observando a multidão.
Ele se abriu com cada uma delas, registrando distantemente que eram
atraentes e dispostas e achava-as pegajosas e incômodas, mais do que
qualquer coisa. Senhorita Luella Claiborne era particularmente tenaz; Draco
teve que mentir que sua mãe estava o chamando para poder escapar.
O que tinha de errado com ele? Luella estaria disposta a fornecer um rápido
trabalho atrás da cortina, provavelmente, mas não era isso que ele queria.
Também não queria levá-la para casa com ele. Também não queria fodê-la
em um dos quartos luxuosos d'O Seneca. Então o que ele queria,
exatamente? Não ela, entretanto. Nenhuma delas.
Para garantir sua mentira, Draco se juntou à sua mãe dentro do círculo dos
diretores do St. Mungos. Narcisa olhou incisivamente para a companhia
francesa de Rosalie e apertou os lábios em vez de dizer "Viu? Todas as boas
estão sendo pegas, e você, meu filho, morrerá sozinho.
━ Observe.
O choque de Draco foi tão grande que ele quase vomitou seu martini.
Mas era ela. Seu cabelo rebelde estava preso em um coque elegante na base
da nuca. Seu traje habitual foi substituído por um vestido longo verde,
provavelmente de origem trouxa, mas ainda lindamente cortado. Seu olhar
intenso estava ainda mais intenso devido as manchas escuras de algum
cosmético ao redor de seus olhos.
━ Eu não esperaria você aqui também. Não achei que a saúde se alinhava
com seus interesses.
Isso deixou Draco e Granger sozinhos, na borda do círculo maior. Ela ainda
observava ele com uma sobrancelha erguida, a qual o fez perceber que ele
estava agindo como um cretino.
━ Eu vim para olhar bundas... é a única razão pela qual estou aqui. E a
seleção de bundas aqui é insignificante, apenas para você saber, salvo
uma... er... não importa, foi uma perda de tempo monumental. E você
certamente não me falou que vinha. Eu teria me lembrado porque ficaria
irritado, já que se preocupar com você interfere com minha atenção às
bundas.
Draco puxou seu Bloco-Falante sobre o olhar fulminante dela, uma semente
de dúvida em sua mente. Foi um pouco lento ao fazê-lo. Granger fez um
som impaciente e se aproximou para virar as páginas. (Draco notou que ela
cheirava bem, novamente; leves tons de algo doce e fresco essa noite.)
━ Ah ━ Draco disse.
Por acaso, Granger realmente contara, duas semanas atrás... pouco depois
dele ter silenciado o Bloco.
Algum anjo veio resgatar Draco após chamar Granger para conhecer uma
corte de curandeiros franceses. Ela saiu, mas não sem dar um olhar
atravessado para ele, prometendo que não havia acabado ainda.
Draco fez uma retirada estratégica até Zabini e Theo com algo menos do
que sua arrogância habitual em sua caminhada.
━ Não percebi que era a maldita Granger ━ ele disse, se sentindo muito
desorientado com a coisa toda.
━ Acho que sim ━ Theo respondeu. ━ Mas lembremos que Granger estava
pegando jogadores internacionais de quadribol quando tinha quatorze anos.
Os homens podem ter atingido-a mais cedo.
━ Não sabia que você era um tipo tão silencioso. ━ A mulher dançou nos
braços de Draco. Qual era o nome dela mesmo? Amandine? Ele ficaria com
Amandine.
Os passos eram claros e a bruxa, pelo jeito que estava se pressionando nele,
estava interessada. Entretanto, Draco descobriu que não tinha interesse em
continuar.
A música terminou e uma mais lenta começou. Draco soltou seu aperto na
cintura de Amandine. Ele a acompanhou de volta para seus pais com algum
comentário educado sobre a noite e quão adorável foi conhecê-los.
Ele caminhou até o bar onde Theo e alguns sonserinos e corvinais formados
estavam.
━ Mas suponho que não queira morrer essa noite ━ Theo falou. Ele abriu
espaço para Draco no bar.
━ Ela está fora dos limites de diversas maneiras, mesmo que eu tivesse uma
inclinação para o masoquismo.
Os olhos de Draco arregalaram. Ele olhou sobre o ombro. Theo riu. Eles
assistiram enquanto o pequeno grupo de Narcisa Malfoy se dirigia para os
curandeiros franceses com quem Granger estava falando.
Draco não tinha certeza onde Granger estava na lista de pessoas para culpar
após o declínio e morte de Lúcio em Azkaban. Também não sabia como
isso pesava na própria liberdade de Narcisa, assim como a de Draco, a qual
Granger teve um papel.
Ele estava muito longe para saber o que foi conversado entre os dois
grupos. Viu as costas de Granger se endireitaram com a aproximação de
Narcisa, mas sua expressão continuou neutra. Da mesma forma, os ombros
de sua mãe estavam firmes, mas seu sorriso educado estava fixo no rosto.
Elas apertaram as mãos uma da outra e rapidamente voltaram a conversar
com outras pessoas.
━ Psh. ━ Theo girou os cubos de gelo em sua taça. ━ Estava esperando por
algo mais interessante.
━ Você não tem uma ruiva para perseguir? ━ Draco perguntou, fazendo um
movimento de enxotar.
━ Não fale meu nome na frente de Granger. Prefiro que ela esqueça que eu
existo.
━ Tarde demais ━ Theo disse, puxando-o longe do bar. ━ Gosto desse plano.
Me faz parecer que sou um doce inocente e você é um cuzão...
━ Que é o estado natural das coisas, de qualquer forma ━ Theo disse com
um sorriso malicioso sobre o ombro.
Draco debateu a ética de uma rápida azaração da língua torcida atrás de
Theo conforme se aproximavam do alvo ruivo.
O problema com a moral é que ela fazia perder tempo. Theo estava ao lado
da bruxa ruiva agora, tendo de alguma forma conseguido duas taças de
vinho, e ofereceu uma para ela e a outra para Granger, que recusou, já que
ainda estava com seu champanhe.
Theo disse algo que fez dois curandeiros rirem. Ele parecia teatralmente
angustiado. Então se virou e apontou Draco com um gesto exagerado. A
ruiva balançou a cabeça para ele; Granger não parecia impressionada.
Draco sentiu que deveria defender sua honra. Ele pegou sua própria bebida
e se aproximou.
━ Não acredite em uma palavra que saia da boca desse homem ━ ele disse
quando se aproximou delas.
━ Draco garantiu que isso queria dizer que eu estava admirando seu lindo
cabelo ━ Theo disse, a mão no peito. ━ Nunca diria algo tão pouco
cavalheiresco, senhorita.
A bruxa ruiva encarou Theo por um bom tempo. Finalmente, ela concordou.
━ Por que?
━ Munição.
A questão foi feita de um jeito irritado, como se ele lhe devesse alguma
explicação.
━ Muito o que?
Draco não tinha certeza do que ela quis dizer, mas sentiu que não era um
elogio.
━ Psh... você provavelmente faz aquela coisa trouxa... aquilo com remos
longos.
━ Mas eu não tenho a mínima ideia do que você está falando ━ ela
respondeu.
━ Sabia ━ Draco falou. Ele abriu a boca para lançar insultos sobre sua
pessoa na forma de perguntas sobre sua casa nos Alpes e se afogar em
génepi, mas uma mão frouxa acariciou seu braço, chamando a atenção.
Isso era bem mais do que um convite, e como um bruxo bem criado, ele
respondeu se poderia tirar Luella para dançar. Entretanto, a sensação da
mão lânguida na manga dele era agravante, assim como o olhar avoado em
seu rosto.
A demora para Draco responder foi notada por Luella, que olhou em volta
para ver Granger. Ela estudou Luella com um de seus olhares analíticos.
━ Não ━ Granger disse ao mesmo tempo que Draco disse: ━ Sim... Nós
íamos agora.
━ Oh, mas eu não poderia tirar seu par de você ━ Luella disse com um
sorriso amarelo. ━ Desculpe-me por interromper... Tão rude de minhas
parte, eu não te vi...
━ Mas...
Luella interrompeu os protestos de Granger com um aceno e caminhou em
direção ao bar.
━ O que você está fazendo? ━ Granger sibilou quando Draco pegou seu
braço e colocou sobre o dele. Pegou sua taça de champanhe não-terminada
e a jogou em uma bandeja flutuante.
━ Sua mãe está aqui ━ Granger disse, olhando em volta com óbvia
inquietação.
━ Mas... nós nem estamos nos falando normalmente... ela sabe que você
está trabalhando comigo?
━ Exatamente.
━ Harry está aqui. ━ Foi sua próxima objeção quando a pista de dança se
tornou visível.
━ Brilhante. Vou dizer a Potter que eu queria manter o olho próximo de
você. Alguém estava agindo suspeitosamente.
Para seu crédito, ela tentou diminuir a tensão óbvia em sua postura, mas
Draco podia sentir a rigidez persistente em seus quadris.
━ Não. Estou dançando com Draco Malfoy ━ ela rosnou. ━ Não há nada
relaxante sobre isso.
Draco se permitiu um grande e dramático suspiro.
━ Além disso, não é um jogo. Faça com que pareça real. Se minha mãe
suspeitar que eu recusei uma dança com uma Bruxa Muito Elegível por
uma dança falsa com você, não vou ouvir o fim disso.
Irritou Draco que esta lista estivesse mais ou menos correta. Ela havia
negligenciado alguns outros atributos femininos que ele ficava de olho, mas
ela raramente era vulgar.
Vendo que Draco não havia respondido a ela, Granger deu a ele um olhar
inquisitivo.
━ Estou errada? Você não vai me dizer que estou fazendo suposições
terríveis?
━ Não.
━ Não é da sua conta ━ Draco respondeu, porque não lhe devia nenhuma
explicação. E também porque ele mesmo não conseguia colocar em
palavras.
━ Hm ━ Granger falou.
Mais uma vez, ele se viu sendo objeto de um de seus olhares de avaliação, o
mesmo olhar que ela dava a problemas particularmente intrigantes.
Para a surpresa dele, isso lhe rendeu um sorriso de Granger. Ele iluminou
seus olhos e fez covinhas em sua bochecha esquerda. Desapareceu tão
rápido quanto apareceu. Draco piscou – parecia um raio de sol.
━ O que?
━ Nada.
Houve pelo menos um efeito colateral feliz, que foi que, com a mente dela
ocupada em outro lugar, o corpo de Granger relaxou um pouco mais nele e
ele sentiu menos como se estivesse segurando uma prancha e mais como se
estivesse dançando com uma mulher.
O que era alarmante à sua maneira, já que essa bruxa era mais agradável
sob suas mãos do que qualquer outra bruxa naquela noite, e as ocasionais
pitadas de seu perfume que flutuavam em seu caminho quando eles se
moviam eram mais deliciosas do que a potente perfumaria que acompanhou
Luella e sua laia. O que era muito bom, mas esta era Granger, pelo amor de
Merlin.
━Por que está mantendo ela tão perto? Você viu alguma coisa?
━ Cuido disso, Hermione ━ Potter falou, recuando para assumir o que ele,
sem dúvida, considerava uma posição discreta perto de Theo.
O aperto de Granger nos ombros de Draco agora mudou para seu pescoço e
sugeriu pensamentos de estrangulamento.
━ Fique quieta... eu quero assistir isso ━ Draco disse, inclinando-os para que
ambos pudessem ver Potter.
━ Eu vou te matar.
Nos próximos cinco minutos, Draco foi presenteado com a visão altamente
agradável de Potter olhando para Theo, acidentalmente esbarrando nele e
derramando sua bebida, e geralmente sendo uma presença hostil a menos de
meio metro do homem, não importa onde ele estivesse. Potter podia ser
uma figura bastante intimidante quando queria, reforçado pelas lendas de
seus feitos como herói de guerra e como auror, e Theo logo começou a
notar seu observador e suar por isso.
Draco falou trabalho bem feito para Potter, que deu um sinal de positivo
para ele e desapareceu na multidão.
Draco preferiu não responder a essa pergunta precisa. Ele moveu seus
quadris em uma direção e depois na outra.
━ Nada mal ━ disse. ━ Um pouco rígida; talvez precisemos colocar outro
champanhe em você.
━ Eu não acho que você seja tão entusiasmada quanto Potter. ━ Draco disse.
(Foi uma pena).
━ Eu não sou tensa ━ Granger disse com uma voz tensa. Depois de uma
pausa, ela emendou a declaração. ━ Você me deixa nervosa. Você está me
enfurecendo.
━ Tss.
━ Com certeza é ━ Granger disse. Antes que Draco pudesse se lisonjear, ela
levantou três dedos. ━ Dores de cabeça tensionais, palpitação cardíaca e
caos.
Draco zombou.
━ Se você não andasse com miúdos em seus bolsos para lidar com bruxas,
eu não teria que ser uma imposição. Você me dá dores de cabeça tensionais.
Por que sua bunda não pode levá-la a pequenos chás seguros e reuniões
sobre órfãos?
━ Quando é?
━ Onde?
━ Não?
━ Não.
━ Onde quer que as senhoras ricas se juntem em favor dos órfãos. Você
acha que eu deveria patentear isso?
━ Patentear o que?
━ Minha receita para o Repelente Malfoy. Acho que poderia ser um bom
negócio.
━ Esse negócio beneficiaria apenas você. Acho que há uma grande demanda
para a Atração Malfoy, mas boa sorte para identificar a fórmula.
━ Eu sempre estou.
━ O que?
━ Varetas de radiestesia.
━ Mentiroso.
━ É.
━ Como?
━ Você realmente quer sentir cada batida do meu coração através do anel? ━
Draco perguntou.
━ Não.
━ Exatamente. Você não quer sentir cada coisa e se perguntar que merda
estou fazendo, ou com quem.
Draco, que tinha perguntado apenas por curiosidade, estava intrigado por
ver o brilho dos olhos de Granger sumir. Ela estava ocluindo de novo.
Delacroix continuou seu discurso. Ele indicou, com aplausos pesados, que
entre sua contribuição própria e a dos outros, eles duplicaram o objetivo
inicial. A Ala Delacroix estava se tornando realidade.
Seu último olhar para ela foi quando estava sorrindo enquanto dava as mãos
com outro curandeiro. Granger estava com os olhos brilhando, feliz e linda
sobre as luzes suaves.
──── ◉ ────
Eu amo esse capítulo. Para mim, foi o ponto de virada do Draco, apesar
dele não saber disso ainda. Convenhamos, não tem como fugir da nossa
garota de ouro. Me contem o que acharam!
E confesso, quase que eu não posto esse. Foram longas 5000 palavras no
anterior e quase 7000 nesse, em uma semana que eu estava completamente
atarefada. Infelizmente, como estou próxima do início do meu estágio,
capítulos longos assim serão postados unicamente, se não eu não darei
conta de lidar com a tradução e Att. Caelum ao mesmo tempo. Mas eu
avisarei com antecedência.
Outra coisa. Vocês estão lendo os comentários que eu faço em certas frases
para esclarecer algo que foi traduzido? Está fazendo diferença para vocês
no entendimento?
Oi amores!
──── ◉ ────
Bom – para Draco, era café da manhã. Falando mais tecnicamente, era o
almoço, considerando que era meio-dia. (Theo acabou com ele: quaisquer
que foram as bebidas que serviu, resultaram em uma tremenda ressaca).
━ Por que? ━ Narcisa perguntou. Seu tom era baixo. Ela passou manteiga
em sua torrada enquanto não se importava com a resposta, o que significava
que ela se importava muito.
━ Eu estava a salvando de uma dança com alguém que ela não queria
dançar ━ ele respondeu. (Era uma versão distorcida da verdade, mas tudo
bem – sua mãe não era uma Legilimens).
━ Sim.
━ Acho que foi uma boa ideia ━ ela contou.
━ A senhorita Granger está fazendo seu nome desde seus feitos na Guerra.
Você ouviu o Sr. Delacroix falando sobre ela na noite passada... realmente,
uma bruxa memorável.
Narcisa lhe deu um olhar afiado (ela era totalmente contra a falar com a
boca cheia).
──── ◉ ────
Abril chegou e foi embora em uma garoa nebulosa. Draco quase não viu
Granger. Seu calendário parecia ainda mais impossivelmente abarrotado do
que antes.
Ele forçou uma interação – uma checagem pelo bem estar, realmente – em
uma sexta-feira à noite onde ela, por incrível que pareça, não tinha nada
marcado. Parecia um horário conveniente para aparecer e relançar as
proteções do chalé.
Estava chovendo e isso não deixaria Draco fazer seu trabalho na parte
externa. Lançou o feitiço repelente de chuva mais forte que tinha em seu
arsenal e foi para lá.
As luzes estavam acesas – Granger estava em casa. Ele podia ver sua
silhueta no chalé aquecido, curvada no sofá com um livro. Eventualmente, a
forma do gato apareceu na janela da frente para observar Draco. Ele deve
ter feito um barulho, porque a figura dela o seguiu logo depois.
Ele ergueu a varinha para o algo e lançou um feitiço com luz prateada sobre
o chalé dela.
Isso era um eufemismo – a coisa era exausta nesse tamanho, uma residência
completa, mas Draco, sendo um tipo de bruxo orgulhoso, não iria admitir.
Ele limpou a mistura de suor e chuva que escorria por sua testa e olhou para
ela. Estava satisfeito por ela estar viva e que se lembrou de comer na
semana passada. Poderia até fazer um relatório bom para Tonks com a
consciência limpa.
Draco esperou.
Draco a encarou.
━ Agora terei que checar se você está sob Imperius. Onde nós noivamos?
Com isso, Granger pisou firme de volta para dentro e bateu a porta atrás
dela. Draco refletiu, enquanto ia até ela, de que estava certa sobre ele entrar
quando explicitamente não foi convidado, como um vampiro do contra.
━ Alguém em casa? ━ Ele chamou enquanto entrava.
━ Vá embora ━ ela falou de algum lugar. ━ Não serei mais gentil com você.
━ Queria saber o que você fez com esse lugar ━ Draco disse.
━ Torta banoffee. Queria um pouco mas a padaria da vila fechou mais cedo
hoje. E bom, eu tinha bananas.
Uma gaveta se abriu em um estrondo e uma grande colher voou para Draco.
Estava enfeitada com orelhas de gato
Granger empurrou um prato em suas mãos vazias. Ele riu quando ela tentou
servir uma "fatia" para ele, a qual colapsou em uma bola de creme e
caramelo.
━ Ela nos viu dançando e disse que era uma boa visão cultivar um
relacionamento com uma bruxa nascida-trouxa muito amada.
━ Prometo que minha mãe não vai tentar te comprometer ao casamento com
a filha de Delacroix.
━ É isso que ela está tentando fazer com você? Rosalie é uma boa garota.
Eu a conheci quando estava tratando o pai dela.
Draco acenou com a mão; essa conversa não era para ser sobre ele.
━ Ela estava nos braços de um dos franceses mais ricos na última vez que a
vi, então talvez você tenha perdido sua chance.
━ Merda.
Eles beberam seus chás. Granger começou a olhar para o relógio. Draco
sentiu que qualquer intervalo que ela alocou para o descanso e socializar
estava acabando. Ele praticamente podia vê-la considerando quão rude seria
deixá-lo sozinho com o chá versus quanto ela queria voltar a ler versus quão
pouco ela o queria sem supervisão em sua casa.
Draco nunca seria aquele a tornar a vida dela mais fácil – de verdade,
atormentá-la estava se tornando sua diversão preferida e um hobby – e ele
bebeu seu chá em goles agonizantemente lentos.
Granger suspeitou de algo. Seu olhar avaliou Draco com dúvida, o qual se
tornou desconfiança quando viu o sorriso malicioso dele.
O show continuou, Draco pegou sua caneca meio terminada e uma bolacha
e seguiu Granger até a sala. Ele, também, tinha coisas melhores para fazer
além de fingir beber chá – era uma noite de sexta e seus amigos estavam
todos ficando loucos e esperando-o para se juntar a eles – mas, verdade seja
dita, Granger podia ser uma fonte de entretenimento ainda mais
estimulante.
Na sala, ela tinha retomado seu lugar no sofá. Havia um livro grande em
seu joelho e um tipo de computador dobrado ao lado dela. O fogo estalava
na lareira. O gato estava esticado sobre um tapete felpudo, tão plano que
não era visível, de imediato, onde o tapete terminava e onde o gato
começava.
Era uma cena muito tranquila. Granger parecia ter encontrado sua paz
novamente.
Ela suspirou.
━ Ler em frente ao fogo quando está chovendo é a coisa mais próxima que
temos da cura para o ser humano.
Essa não era a resposta correta. Granger olhou para ele. Então voltou para o
livro.
Ela realmente tentou. Seus olhos encontraram os dele e ela segurou o olhar,
então abriu a boca para mentir novamente, mas tudo que saiu foi Ugh.
━ Eu nunca estive nas Ilhas Orkney ━ ele disse. Tentou abrir a coisa
computador novamente, mas ela afastou sua mão. ━ Estou ansioso para
isso.
━ Não. Você pode ir para Orkney quando quiser. Não precisa vir comigo.
Isso vai ser completamente seguro, uma viagem sem perigo. Sem oferenda.
Sem feiticeiras.
━ Você está indo para as Ilhas Orkney ━ Draco falou, enunciando a palavra
lentamente.
━ Eu sei disso, obviamente. Mas meu interesse ali é fogo, não água.
━ Quase.
Ela liberou seu pulso. A ponta de seus dedos eram quentes contra a pele
dele.
Granger riu e se arrumou um pouco, o que era um sinal claro de que a visita
de Draco estava ultrapassando o limite.
━ E é.
━ Tá bom.
──── ◉ ────
━ Est confeando ━ o barman disse. Draco acenou, assumindo que essa frase
incompreensível era um comentário sobre o tempo congelador de bolas.
━ Peo menos está apenas fio e não evando ━ o barman falou. ━ Quem você
est eperando?
Mais dez minutos se passaram, durante os quais Draco passou sentado perto
de uma janela e assistiu a chuva cair do céu cinza misericordiosamente.
Qualquer que fosse a ilha entre o arquipélago Orkney que Granger
precisava ir estava protegida contra a aparatação, então eles estavam
pegando uma balsa.
Depois de contemplar seu prato vazio, ele pediu para o barman preparar
uma segunda porção para a viagem. Não era de seu feitio ser tão atencioso,
mas bem, Granger claramente não teria tempo para comer e ele não queria
gastar um momento da viagem para procurar comida.
Draco pagou o barman pelo pedido, escreveu para Granger que estaria nas
docas e foi até lá.
Draco chegou nas docas bem a tempo de assistir a última balsa desaparecer
no mar enevoado.
O rapaz na doca foi interrogado com vigor do porquê a balsa saiu faltando
dois minutos para as seis e não seis em ponto, como indicava o cronograma.
Ele balançou os ombros e disse que seu pai saía quando queria e que não
havia mais nenhum passageiro. O elegante deveria ter aparecido mais cedo.
Volte amanhã.
Draco se virou. Granger estava correndo para ele na doca. Suas vestes de
curandeira estavam enfiadas em algo que parecia seis galões de sangue.
━ Tetas de Merlin ━ ele falou. ━ Parece que você acabou de matar alguém.
━ Artéria carótida rompida... parece pior do que é, ele está vivo ━ Granger
ofegou. Ela acenou a varinha para si em um Evanesco. ━ Onde está o
barco?
━ Se foi, senhora ━ o rapaz falou. Draco notou que ele estava dirigindo mais
cortesia para Granger, como se um assassino inspirasse respeito. ━ Vocês
terão que voltar amanhã.
━ Por favor, não me mate, senhora, não foi de propósito. Nós temos
vassouras, se não se importar de voar. A chuva foi embora, pelo menos, né?
━ Me mostre as vassouras.
As vassouras eram tudo que Draco pediu para esse local remoto:
encharcadas, velhas e de durabilidade questionável.
━ Velha Glória. Parece cansada, mas vale a pena, senhor... meu papai me
ensinou a voar com ela.
━ Não ━ respondeu.
Draco disse que não era necessário um encorajamento – era seu estado
natural.
Granger acenou a varinha e um quadro brilhante surgiu com as seguintes
abas: Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças.
Nas Forças, ela colocou "não adiar a pesquisa por mais um ano". Parecia
importar – ela circulou de vermelho.
Draco estava satisfeito por vê-la também colocar "Malfoy" nas Forças.
━ Já fiz ━ ele tossiu. ━ Mas, bom... não haverá nada além de cinzas na hora
que chegarmos lá.
━ Certo, bom, eu não tinha contado que um bruxo idiota tentaria vestir uma
cobra Lebengo como gravata hoje.
(Havia ao menos dezesseis piadas que Draco poderia fazer sobre cabos
nesse momento, mas ele estava sensível o suficiente para não fazer. Pensou
que deveria ser agradecido pela discrição).
━ Não tenho certeza se confio em mim mesma para não desmaiar e cair ━
ela disse. ━ Você me seguraria se eu fosse na frente?
━ Sim.
Não estava claro se isso era uma coisa boa ou não. Granger torceu as mãos.
━ O que?
━ Eu odeio voar.
━ Eu sei. Suba.
Draco voou. Ele fez alguns círculos ao redor do barracão para se acostumar
com a Velha Glória. A vassoura era uma megera dura, mas valente o
suficiente para fazer o caminho pelo vento do norte, muito mais do que os
modelos de Draco, as quais dariam para trás em um toque. Para uma
viagem através do Mar do Norte, a Velha Glória sairia bem. Devagar e
firme.
O ajuste final de Draco foi ter um passageiro, o que era uma ocorrência rara
para ele. O balanço parecia diferente e a direção tendia para baixo.
As poucas vezes que ele montou em vassouras dessa forma foram para
encontros e esses voos foram sucedidos por pousos em um local isolado e
um bom amasso. Draco duvidava que haveria movimentos sensuais de
bunda contra sua virilha neste vôo: Granger se agarrou à vassoura como
uma morte cruel, imóvel, como se tivesse sido petrificada nela. Apenas o
cabelo dela iludiu a rigidez – os poucos fios que escaparam de seu coque
tocaram suavemente o rosto dele. Ela cheirava a xampu e antisséptico.
━ Acolhedor ━ disse.
Draco aproveitou muitos voos em sua vida jovem, mas essa viagem através
do Mar do Norte estava em primeiro como a experiência mais selvagemente
bonita que já tivera. Ele estava quase em êxtase pela vassoura velha –
forçou um nível de cuidado com o voo e atenção ao vento que as suas
jamais fizeram. O voo era praticamente técnico. Os ventos cortantes eram
demais, o tempo inconstante, então Draco escolheu voar baixo, mais ou
menos dez metros acima do nível do mar.
A Poção Calmante deve ter batido, porque Granger parecia menos tensa
entre seus braços, apesar das luvas ainda segurarem muito firme a vassoura.
Pelo o que Draco poderia dizer, os olhos dela ainda estavam fechados e ela
estava perdendo essa vista de tirar o fôlego. Mas, ele supôs, faça o que quer
que seja necessário para conseguir.
Eles correram.
Um, levemente menor, era verde-água cristalino, sua crina tão branca
quanto a espuma ao redor dela. O outro era maior, azul como a superfície
do mar, e tão rápido se juntou ao seu parceiro.
A frente, uma ilha pequena brilhava como uma jóia entre as águas escuras,
acesa com os fogos de Beltane. A vassoura, sentindo que o destino estava
próximo, acelerou.
Draco avistou um rochedo achatado à luz das estrelas e se aproximou para
aterrissar. Granger deve ter fechado os olhos de novo, porque quando seus
dedos tocaram o chão, ela chiou e teria caído da vassoura se não fosse o
braço de Draco em volta de sua cintura.
━ Aquilo foi brilhante! ━ Draco falou sob as estrelas, com os braços para
cima. ━ Emocionante. Fodidamente mágico.
Granger não disse nada. Draco lançou um Lumos sobre ela. Parecia estar
abraçando a terra.
━ Quais rituais?
Eles estavam no centro do anel agora, andando entre muitos fogos de turfa e
bruxos farreando. Granger estava encarando as fogueiras com felicidade
contida. Seu aperto no braço de Draco aumentou.
Como a atenção dela estava em outro lugar, Draco apontou sua varinha para
alguns transeuntes e lançou Legilimência não verbal. Estava satisfeito por
essa ser uma situação de baixo risco – a maioria estava festejando e se
embriagando, e não ligavam para quem eram.
━ Sem feitiços para apagar. A cinza de Beltane tem que ser a mais pura.
Granger tinha uma resposta pronta, é claro – e parecia maravilhada por ele
ter perguntado.
━ Por que o fogo aqui é específico, aquele que Cerridwen usou em seu
caldeirão. Não sei se você lembra da lenda dela...
━ Psh ━ Granger bufou. ━ Posso apenas sonhar em ser uma fração do que
ela foi. Era uma mestre da transfiguração, além de outras coisas. Ela
conseguia transformar qualquer criatura. Podia fazer os animagos de hoje
parecerem insignificantes. De qualquer forma, eu vou poupá-lo da
dissertação, deve ter notado que essas chamas parecem mais vermelhas do
que o normal?
━ Não. Eles mantiveram sua chama lendária acesa, geração após geração,
nessas ilhas. Não é incrível? ━ Os olhos de Granger brilharam. ━ Uma coisa
para testemunhar. Para sentir em minhas próprias mãos. É surreal. É
extraordinário.
━ Para que você precisa das cinzas? ━ Draco perguntou, considerando que
ela estava tão volúvel.
Ele cavou nos bolsos do casaco para pegar os itens de Thurso. Passou a
carne curada e o queijo para Granger e abriu o frasco de vinho de amora
contra o fogo para aquecê-lo novamente.
━ Na verdade, estou faminta. Obrigada. Foi tão atencioso de sua parte, eu...
Draco não sabia o que era uma barra de proteína, mas tinha gosto de
chocolate barato, o que foi glorioso em sua língua depois de todo o sal do
mar.
Eles comeram. Granger estava cortês, pegando pequenas mordidas entre
algum comentário sobre Cerridwen. Draco se perguntou, pela primeira vez,
como a família dela era e se eram bons trouxas. Ela tinha um senso de
decoro e um tipo de dignidade inata que significava uma boa educação.
━ Vou seguir sua palavra ━ Draco disse, buscando pelo vinho de amora
aquecido.
━ Esse vinho foi aquecido pela chama de Cerridwen. Não estamos bebendo-
o de um frasco como se tivéssemos dezesseis anos atrás do Cabeça de
Javali.
Draco teria informado que ela era quase uma mestre da transfiguração, mas
ele não queria que ela tivesse um ego inflado. Mesmo assim, pegou o jeito
que ele testava o peso dos cálices. Ela sorriu no cachecol.
━ Hm.
━ Estou com medo de que você esteja desenvolvendo uma opinião muito
forte sobre mim. Eu sou meramente uma curandeira, usando meus métodos
trouxas e conhecimento mágico insignificante.
Draco pegou o queijo e bebeu o vinho. Apesar de não ter certeza de que ela
estava trabalhando em uma Panacéia, sentia que o escopo era similar. Tinha
um plano para sugar a informação dela, entretanto. Ele simplesmente tinha
que ser paciente.
Talvez fosse o vinho, talvez fosse a hora tardia, talvez fosse a potência
persistente da noite Beltane, mas o momento tomou uma qualidade
sonhadora para Draco. Granger virou uma visão pintada de uma bruxa em
cor escura, seu cabelo ao vento mesclando com as sombras atrás dela, seus
olhos captando a luz vermelha do fogo. Suas mãos estavam juntas perto da
fogueira e parecia, para ele, que as chamas eram atraídas por ela e que
poderia acariciá-las se quisesse.
O sono dela não era uma surpresa. Estava quase na hora usual de Draco
dormir, o que significava que a de Granger passou fazia tempo.
Então, porque ela parecia pequena e ainda mais vulnerável deitada sob o
céu aberto, ele jogou sua capa sobre ela. Completou isso com outro feitiço
de aquecimento sobre os dois, já que o calor do fogo moribundo estava
decididamente dando lugar ao frio da noite.
Lançou algumas proteções, caso sua própria fadiga o desligasse e ele caísse
duro. Era uma prevenção certamente exagerada, considerando que os outros
celebrantes entraram em suas tendas, mas Draco não havia sobrevivido
descuidado.
Depois de mais uma hora, o topo da turfa começou a ficar cinza. Aquilo se
mexeu na brisa silenciosa e então assentou, branco sobre branco.
──── ◉ ────
Como visto, o bruxo que desdobrou a cozinha estava disposto a dar duas
xícaras e croissants um pouco medianos em troca da foice que Draco lhe
ofereceu sem palavras.
Granger o irritou novamente por não estar onde ele a deixou. Depois de
uma breve busca, a encontrou algumas fogueiras adiante, conversando com
um casal desmontando sua barraca.
Ela antecipou sua palestra com notícias: a balsa de volta para Thurso estaria
aqui em quinze minutos. Para Draco, isso era apenas uma boa notícia, já
que ele não queria outro voo em seu estado de privação de sono. Para
Granger, era uma excelente notícia. Ela até pediu para levar a Velha Glória
para o cais, querendo devolver a vassoura ao mestre da balsa e se livrar dela
para sempre.
Eles vagaram pelas pedras erguidas pelo tempo até as docas vestigiais.
Granger estava animada e saltitante e deu a Draco uma história inesperada
dos povos neolíticos de Orkney, usando a vassoura para apontar áreas de
interesse nos monólitos.
Vendo que Draco não correspondia ao entusiasmo dela, lhe deu seu próprio
café para animá-lo ainda mais e a maior parte de seu croissant.
Embarcaram na balsa. Velha Glória se reuniu com seu mestre. Draco disse
para manter o depósito. Ele e Granger tiveram uma disputa sobre se ela
devia ou não dinheiro a ele, enquanto tentava pagá-lo. Ele a cortou,
ameaçando comprar a vassoura e sequestrando-a para outros voos se não
parasse.
──── ◉ ────
Draco engasgou com o café e pediu que ela o avisasse quando fosse dizer
coisas assim.
Granger parecia afetada e disse que não era culpa dela que ele interpretasse
comentários inocentes da maneira mais grosseira possível. Mas ela
conhecia um feitiço útil para expulsões traqueicas, para que pudesse
continuar a rir sobre pênis como quisesse – ela o salvaria de engasgar.
Granger terminou de comer muito antes dele, o que significava que ela teve
tempo suficiente para vê-lo não se mover direito, por causa de seu pescoço.
Ela começou uma palestra espontânea sobre espasmos musculares cervicais,
ponderou sobre a saúde de seu nervo espinhal acessório, descreveu em
detalhes o que faria com seu esternocleidomastóideo, se ele permitisse, e
geralmente o atormentava até que ele não estivesse mais desfrutando de
seus ovos.
Você teria pensado que ele deu a ela um grande presente, permitindo que o
ajudasse. Ela se arrastou mais perto dele ao longo do banco, os olhos
acesos.
A ponta de sua varinha encontrou a junção onde seu pescoço encontrava seu
ombro. Essa não era uma sensação que Draco gostou; na verdade, foi uma
manifestação real de sua confiança nascente nela que ele permitiu isso. A
próxima sensação foi muito melhor: um alívio instantâneo e refrescante,
enquanto Granger falava um feitiço de cura.
━ Está melhor, não é? Sei que é um tratamento trouxa e você não irá segui-
lo, mas eu recomendaria compressas quentes se parecer tenso amanhã.
Ajuda com a circulação sanguínea.
━ Você teve uma noite horrível por minha causa e peço desculpas ━ Granger
disse.
━ Deixe-me comer.
━ Vá.
Ela abriu a tampa e parecia pronta para jogar o pó no fogo e sair bufando.
No entanto, parou e se virou para Draco.
━ Malfoy, eu... eu não teria sido capaz de coletar minha amostra sem você.
Eu teria que adiar meu projeto até o próximo festival Beltane, se não
estivesse lá. Não conseguiria voar sozinha.
Draco nunca foi de se esquivar de receber o elogio que lhe era devido – na
verdade, ele tendia a se deleitar com isso – mas algo na sinceridade e
gratidão sincera de Granger tornava isso assustadoramente estranho.
Além disso, era Granger. O fato de ela ser legal deu a ele arrepios.
Alguns minutos depois, Draco estava tirando fuligem de sua capa, em sua
própria sala. Ele estava muito ansioso para um banho e cama. Henriette, que
havia se materializado em sua chegada, foi enviada para preparar o banho o
mais quente que podia.
──── ◉ ────
Beijos e boa semana. Até sábado para quem está lendo Att. Caelum.
11. Draco Malfoy, Idiota Desatento
O capítulo 12 vem logo em seguida, mas um pouco mais tarde porque estou
terminando a tradução dele.
Boa leitura!
──── ◉ ────
Draco não gostava daquilo. Podia ter sido apenas um bruxo curioso, ou até
mesmo um ladrão - seria o melhor cenário. Também poderia ter sido o
primeiro indicador de que alguém estava de olho em Granger e que a
paranoia de Shacklebolt não era brincadeira.
Draco mandou uma nota rápida para ela: Precisamos conversar. Alguém
invadiu suas proteções.
Quando ela não respondeu imediatamente, ele checou seu calendário. Ela
estava ensinando na Cambridge trouxa.
──── ◉ ────
A aula de Granger estava terminando. Draco teve que esperar apenas por
dez minutos fora da pequena sala. Meia dúzia de estudantes saíram
enquanto ele ainda estava invisível aos olhos trouxas e deslizou entre eles
em direção ao interior do local.
A lousa indicava que o tópico do dia foi "Anticorpos Monoclonais
Conjugados". Draco estava feliz por esses anticorpos pelo menos saberem a
conjugação verbal.
Ela leu e fez uma carranca. Começou a escrever uma resposta. Draco supôs
que deveria se revelar, já que a vibração pela resposta em seu próprio
Bloco-Falante faria isso.
━ Sabe, eu prefiro que você pegue a varinha e cuspa uma maldição em vez
de gritar. Viu minha mensagem?
Granger não estava pronta para falar. O anel dele dizia que seu coração
estava acelerado.
━ Eu... o quê?
━ Estou aqui para falar sobre quem estava bisbilhotando seu chalé. E
porquê.
Ela cruzou os braços e esperou, seus olhos fixos no rosto dele. O peso de
toda a atenção do grande cérebro Granger o pressionou, pronto para
adquirir informação e fazer algo com aquilo.
━ Uma das proteções acionou um alarme na parte de trás do chalé ━ ele
disse. ━ Alguém estava testando a proteção ou tentando desarmá-la.
Cheguei lá em três minutos, mas já tinham ido. Ninguém apareceu com o
Homenium Revelium, exceto sua vizinha trouxa, mas eu achei um traço
mágico...
Granger parecia intrigada, mas aparentou deixar suas perguntas para mais
tarde.
━ Ela estava dormindo e do outro lado do chalé. E se esse intruso vale algo,
pelo menos estava sob desilusão para um passeio na Cambridgeshire trouxa.
Os dedos de Granger batiam na mesa.
Draco estava ficando fatigado por ser interrogado como um rebelde sem
formação, mas ele supôs que deveria esperar isso dela.
━ Você parece zangada. Vai me dar uma detenção? ━ Ele perguntou, seu
sorriso aumentando.
━ Isso é a faculdade. Nós não damos detenções. Pode ir para as perguntas?
━ Por agora, negócios. Melhor cenário, foi uma visita aleatória de um bruxo
que queria fazer um dinheiro rápido e foi assustado por sua proteção. Mas
nós vamos seguir como se fosse o primeiro contato de uma parte hostil.
Você deu alguma dica a alguém, recentemente, sobre sua descoberta?
Granger se irritou.
━ Quem é Larsen?
━ Sim.
━ Sim, estou ciente disso, assim como as frustrações dele sobre. ━ Os dedos
dele bateram mais forte na mesa. ━ Isso deixa meu trabalho muito mais
difícil para saber de que merda eu estou te protegendo.
━ Sim. Mas você mesmo disse que deve ter sido um invasor na redondeza.
━ Mesmo ela repetindo essa suposição, Granger parecia cética.
━ Eu não sei.
━ Nem eu. ━ Granger parecia tão perturbada quanto Draco se sentia sobre a
coisa toda. Ela estava balançando o pé debaixo da mesa como costumava
fazer quando estava irritada. Novamente, Draco foi lembrado do balançar
irritado do rabo de um gato.
━ Eu entendo. E espero que não haja outro incidente. Prefiro que ninguém
saiba até eu estiver pronta para ir à público. Você provavelmente irá me
forçar a me esconder ou algo igualmente excessivo.
Granger passou as mãos para cima e para baixo em seus braços como se
estivesse com frio.
━ Essa coisa toda é inquietante. Não gosto disso. Eu realmente espero que
tenha sido um ladrão estúpido.
━ Se não foi um ladrão estúpido... bem, os malvados sabem agora que você
está bem protegida.
━ Ambos. Eu vou dizê-los que você, ou o Ministério, está ciente dos riscos
e tomou precauções. Que você está sendo vigiada. Talvez os assuste. Ou vai
incentivá-los à manobras piores.
A seriedade não pedida ali fez Draco querer fugir. Por que ela tinha que
infligir tanta sinceridade sobre ele? Ele queria se contorcer.
━ E eu não sou exatamente uma imbecil que não sabe se defender ━ ela
continuou. ━ Gritando e caindo sobre as cadeiras, apesar de você. E eu
tenho a melhor proteção disponível para casas. Bom, a maioria delas.
Suponho que Mansões e Castelos no Vale Loire são de um patamar
diferenciado.
━ Você fala sobre mim para seu gato? ━ Ele perguntou, incerto se era um
comportamento perturbado ou normal para ela.
━ Ele gosta de ser informado. Ajuda-o a decidir quantos pelos você vai
comer.
━ Eu irei.
━ Eu devo ir.
━ Sim?
━ Sim.
━ Para trouxas?
━ Sim.
━ Isso é horrível ━ Granger disse. ━ Você vai querer ficar de olho nisso.
Poções têm um efeito vastamente diferente na população não mágica.
━ Seu gosto por homens evoluiu. ━ Ele deu de ombros. ━ Você pode fazer
melhor do que ser assistente de jardineiro, com certeza...
━ Talvez.
━ E agora é café?
━ Não.
━ Me mostre.
Eles deixaram a sala juntos e desceram alguns andares até o térreo. Granger
acenou com a varinha para o peito de Draco para esconder a insígnia de
Auror; suas vestes pretas não provocariam olhares mais demorados na
Cambridge trouxa.
Ela o levou até o pequeno café. Havia uma única panacota sobrando.
Ela comprou para ele (ele não tinha dinheiro trouxa) e um cappuccino para
si mesma.
━ Obrigada por me deixar compartilhar esse dia especial com vocês dois ━
ela disse, colocando a sobremesa nas mãos de Draco com muita reverência.
━ Um brinde a uma vida feliz e com amor.
Eles saíram do prédio para o sol quente de Maio. Draco, comendo sua alma-
gêmea com a colher, viu sua vingança em forma de um jovem rapaz robusto
cortando a grama.
━ Olhe, Granger, seu jardineiro está aparando a quadra. Quer que eu fale
com ele por você?
━ Ela é um pouco tímida, mas essa Professora aqui quer seus números?
━ Meu o que?
━ Você entendeu ━ Draco disse, fazendo mímica sobre Granger usando seu
dispositivo trouxa.
Granger, com um aperto no cotovelo de Draco que era mais uma beliscada,
os afastou do jardineiro, que parecia desapontado.
Draco, sentindo como se tivesse doze anos, estava rindo para si mesmo.
━ Eviscerado, Granger.
━ Oh, silêncio.
━ Onde estamos indo?
Havia uma alcova escura atrás de alguns arbustos que parecia servir.
Granger puxou a varinha e, com um último olhar irritado para Draco,
aparatou para casa.
Foi quando ele descobriu que ela transfigurou aquilo em muco de minhoca.
──── ◉ ────
12. A Festa do Chá
Ele estava, portanto, surpreso ao receber uma mensagem dela antes que a
semana terminasse.
Não puna minha mãe por minha causa, Draco disse. Além disso, eu comi
muco de minhoca... não sofri o suficiente?
Mas isso é complicado, Draco disse. Ele esperava que ela pudesse escutar o
choramingo através do texto.
Draco se endireitou em seu assento. Então ela estava jogando aquela carta.
Ele supôs que não tinha escolha, então.
──── ◉ ────
Ele pegou Henriette e pediu a ela, baixinho, para avisá-lo quando Granger
chegasse.
Então ele entrou no salão, o qual Narcisa havia aberto para o terraço oeste
naquela linda tarde de Maio. Mesas de prata delicadamente forjadas,
empilhadas com sanduíches e bolos, espalhavam-se pelo terraço. Os
convidados estavam protegidos do sol por guarda-sóis de renda flutuantes
sobre eles.
Draco reconheceu alguns antigos colegas de escola e foi conversar com
Terry Boot (Departamento de Acidentes e Catástrofes Mágicas), Davies
(Transporte Mágico) e Padma Patil (Universidade de Edimburgo). A
conversa passou de provocações mútuas sobre envelhecer, para a recente
apresentação dos Falmouth Falcons para crianças, momento em que Draco
perdeu o interesse e começou a considerar manobras evasivas.
━ O que você quer dizer? Oh... você disse que tinha reconstruído.
Granger também olhou para o grande teto. Ela ficou quieta por um
momento e então falou:
Granger voltou sua atenção do teto para ele. Sua expressão passou de
surpresa para impressionada, depois voltou para neutra.
━ Precisamente.
━ Diga-me quando tiver resolvido. ━ Draco indicou a porta com seu braço.
━ Devemos?
━ Metade dos convidados aqui hoje são cérebros. Você pode discutir
metafísica para o conteúdo do seu pequeno coração. A gêmea Patil que
ensina em Edimburgo está aqui.
Esta notícia estimulou Granger a seguir Draco até a porta que levava ao hall
de entrada. Ela parou na soleira e respirou fundo, fortalecendo. Então
entrou na Mansão propriamente dita. Draco, olhando para trás, notou que
ela mantinha a cabeça baixa e não olhava em volta. O que era uma pena,
porque mudanças substanciais haviam sido feitas desde sua última e infeliz
visita.
Eles pararam em outra grande janela de formato estranho que dava para o
leste.
━ Nós também. Parece que algum ancestral Malfoy no século XVIII ficou
um pouco empolgado com os laços da família com Salazar Sonserina e
decidiu adotar as imagens serpentinas de todo o coração.
━ Oh... ruínas!
━ Céltico?
Granger fungou.
━ Hum.
━ Que pena ━ Draco disse. ━ Henriette é francesa, você sabe. Radical por
natureza.
━ Estou muito feliz que elas tenham sua aprovação. ━ Veio a voz de
Narcisa. ━ Bem-vinda, Curandeira Granger. Estou tão feliz que você pôde
vir.
Sim - Narcisa tinha acabado de olhar para Granger e seus olhos voaram
para a agitação. Seu olhar então deslizou para aqueles com quem Granger
estava falando, observando a natureza de suas interações.
Alguns dias antes, Narcisa havia confessado a Draco sua surpresa por "a
garota Granger" ter aceitado o convite para o chá. Ela andou de um lado
para o outro no estúdio de Draco e enumerou detalhadamente os benefícios:
uma nascida trouxa, uma amiga íntima de Potter, uma curandeira com uma
excelente reputação - e, claro, uma bruxa que esteve do Outro Lado da
guerra, que agora condescendeu em juntar-se a eles na Mansão. Ela deveria
ter pensado nisso antes, realmente - mas a Srta. Granger sempre foi tão fria
e insociável. Que golpe de sorte Draco ter dançado com ela.
━ Não interessa.
━ O último, então.
━ Se você precisar da flor para alguma coisa, tenho certeza que minha mãe
não se importaria. Ela provavelmente ficaria muito feliz em contribuir para
qualquer que seja o seu esforço.
━ Como?
A realização ocorreu-lhe.
━ Sim.
Agora seu rosto parecia tenso e sua respiração estava ficando superficial. A
Poção Calmante acabou em um momento tão infeliz?
━ Vamos sair daqui ━ Draco falou. Ele não lhe deu a opção de discutir,
enfiando o braço no dela e conduzindo-a para fora da estufa. Para qualquer
espectador, estava sendo um cavalheiro escoltando uma dama por poças de
lama, mas seu aperto era de ferro.
Ele disse a si mesmo que essa solicitude era porque iria devastar sua mãe se
Granger desmaiasse e fizesse uma cena durante um de seus chás. Não era
porque ele se importava particularmente com a bruxa que segurava seu
braço, que de alguma forma vacilava entre poderosa e totalmente frágil em
um piscar de olhos.
━ Malfoy, eu estou bem ━ ela disse com os dentes cerrados, tentando puxar
o braço para longe.
━ Tudo bem. Eu vou ficar bem em um momento. Não esperava ser tão...
Draco acenou sua varinha para a fonte, ativando o borbulhar de sprays que
realmente a fez ganhar vida.
━ É claro.
━ Não.
━ Exatamente.
Deixando de lado o bate-papo leve sobre a fonte, ele estava lutando com
alguns sentimentos desconfortáveis. Tinha convencido Granger a vir para
agradar sua mãe, mas não tinha sido apenas um passeio à tarde na casa de
um ex-inimigo para ela. Ver a reação dela ao ficar onde aquela maldita sala
de estar estava ajudou Draco a entender que isso tinha sido algo maior e
muito mais difícil.
Para ele, a casa não era nem a mesma casa e a sala de estar nem existia
mais, mas para Granger, isso tinha sido uma visita à uma cena de
sofrimento. Seus gritos ecoaram por todo esse terreno por muitas horas sob
a varinha de Belatrix. Durante suas noites mais agitadas, ele se lembrava
deles.
Não foi bravura - foi uma verdadeira coragem vir aqui.
━ Eu não deveria ter feito você vir ━ Draco disse sem olhar para Granger,
porque admitir falhas não era fácil para ele. ━ Quer ir para casa? Vou levá-la
de volta ao salão de Flu. Podemos dizer que foi chamada para um de seus
pacientes.
Granger olhou para ele com uma espécie de surpresa muda. Então olhou
para suas mãos, que pararam de tremer.
A cor voltou ao seu rosto e sua respiração voltou ao normal. No entanto, ela
não voltou ao nível de calma incomum que marcou sua chegada aqui; a
poção realmente havia passado.
Granger estava olhando para a estufa que ficava no lugar onde havia sido
torturada.
━ Coisas boas crescem lá, agora ━ continuou. ━ Até sua casa é... é diferente.
E não me refiro apenas ao edifício. É tocada pela Luz.
Draco não disse nada. Eles se desviaram para um novo território estranho,
além de brigas e brincadeiras, e ele não tinha uma base sólida.
━ Pelo menos você mudou o suficiente para que eu não veja mais o idiota
valentão dos meus dias de escola.
━ Mudei?
Enquanto ela sorria, Draco sentiu a tensão diminuir. Eles voltaram para um
terreno familiar.
━ Uau ━ disse.
━ Obrigado.
━ Qual o próximo?
━ Pode ser.
━ Vários fios, eu acho. Você pode ter alguma herança Pixie. Isso explicaria
a estridência.
━ Eu não sou estridente ━ ela disse, ficando cada vez mais estridente.
━ Quase certeza?
Enquanto o som brilhante ecoava pelo pátio, Draco decidiu que fazer
Granger rir também poderia ser um hobby digno de ser perseguido.
━ Eu senti isso.
━ Sentiu?
━ Não.
Entretanto, ele não queria. Preferia sentar aqui e assistir o pôr do sol tingir o
céu de rosa suave e ouvir a fonte, e aproveitar o zumbido de bem-estar que
apenas o chocolate mágico poderia dar. Talvez puxar uma discussão ou duas
para Granger, apenas por esporte.
No entanto, antes que Draco tivesse o luxo de lançar seu próximo míssil,
um grupo de foliões se juntou a eles no pátio e arruinou a atmosfera com
exclamações sobre a beleza da fonte.
Draco notou que Granger se afastou dele no banco. Isso o divertiu - o que
ela achava, que as pessoas iriam vê-los juntos em um banco e chegar a
algum tipo de conclusão? Ele era Draco Malfoy e ela era Hermione
Granger. Isso era totalmente risível.
Draco estava ainda mais irritado por isso. E como diabos Zabini sabia
disso? O filho da puta.
Zabini então deu as costas para Draco e começou a bater um papo afável
com Granger. Ele perguntou sobre seu(s) emprego(s), sobre sua pesquisa e
sobre por que ela estava perdendo seu tempo com um grande idiota como
Draco. Ela deveria vir e sentar-se com ele sob as cerejeiras. Narcisa pegaria
o champanhe.
Draco, que estava olhando para a bunda de Granger quando ela saiu, ficou
irritado ao descobrir que Zabini estava fazendo o mesmo.
━ Eu não estava sentado ao lado dela porque ela é uma coisa bonita ━ Draco
disse. Ele não queria explicar os comos e porquês disso, no entanto. ━
Apenas... aconteceu.
━ Nenhuma. Mas... isso é bom. Por um momento pensei que você estava
ficando um pouco possessivo, meu velho.
Draco zombou.
━ Possessivo? É Granger.
Uma coisa era certa: se Zabini achava que Granger seria uma mera
diversão, ele teria um choque no sistema. As bruxas puro-sangue que
participavam de seus flertes habituais eram diametralmente opostas de
Granger em cem níveis. Uma diversão? Zabini não tinha ideia de onde
estava se metendo.
Draco concluiu que Zabini não sabia de nada e que ele era um idiota.
──── ◉ ────
Para quem acompanha Att. Caelum, amanhã pós expediente irei postar o
capítulo porque estarei indo embora, como avisei no Insta também. Um
super beijo e tenham um ótimo final de semana <3
13. Solstício
──── ◉ ────
Draco não viu Granger novamente até meados de Junho. Ela entrou em seu
laboratório na Trinity no momento em que ele estava reformulando suas
proteções.
━ Perceptiva.
━ Balaço?
━ Mantícora.
━ Obviamente.
━ Quem?
━ Curandeiro Parnell.
━ Isto ajudaria.
━ Não?
Ela puxou a cabeça de volta para seu escritório e fechou a porta novamente.
━ Diga-me.
━ Não.
━ Mentirosa.
Granger abriu a porta novamente. Ela foi acompanhada pela corrente fria de
amuletos refrescantes e um cheiro (surpreendentemente sedutor) de
antisséptico e suor. Seu cabelo era um coque bagunçado na cabeça. Ela
havia tirado suas vestes de curandeira e as substituído por roupas trouxas.
━ Você ainda não está decente ━ ele disse, observando seu short e o top
decotado (ainda de manga comprida, no entanto).
Draco ocupou sua cadeira habitual na frente da mesa dela e assumiu uma
pose magnânima.
Draco gesticulou para que ela continuasse de uma maneira régia. Além
disso, ele não estava tendo nenhuma dificuldade em se concentrar em seu
rosto e seu decote baixo não o estava distraindo.
━ O que seria?
━ Quando iremos?
━ Estou começando a pensar que sim ━ Granger disse. Sua risada contida
fez seus olhos brilharem.
━ Me conte.
━ Sim.
━ Humana?
━ Sim.
Granger observou Draco ansiosamente por sua reação. Ele a fez sofrer
olhando para ela sem expressão por vinte segundos.
━ Diabólico, Granger.
━ Morta, é claro.
━ De Maria Madalena.
━ O que?
━ E?
━ São bruxas.
━ Ah ━ Draco disse.
━ Elas estão disfarçadas como uma ordem religiosa há séculos, para escapar
da perseguição. Protegeram Madalena quando ela fugiu da Terra Santa.
Roubar deles será um pouco mais complicado do que aparatar e roubar sua
relíquia mais preciosa.
━ Diga-me.
━ Eu sei, mas sim. Se as freiras tentarem barrar a entrada, por causa das
comemorações do solstício de verão, provavelmente não o farão, mas por
precaução, diremos que esta visita foi o ponto alto de nossa lua de mel, e
que a peregrinação foi uma promessa de voto de casamento, e que tudo o
que queremos fazer é rezar para Madalena, e eles não vão, por favor,
considerar abrir uma exceção? Vou chorar. Você também pode chorar.
Espero que eles deixem os idiotas chorões entrarem com supervisão
mínima.
━ Isso significa que elas são miseráveis sem coração e eu não vou me sentir
mal por atordoá-las para entrar.
Granger acenou com a varinha e uma runa brilhante ganhou vida entre eles.
Ela agitou sua varinha e mostrou mais duas ou três. Cada um deles continha
o radical Kenaz: fogo.
━ Sim.
━ Que metais?
━ Vou deixar o seu para você. Eu ia fazer alguns simples. Estudei na França
por dois anos e só fui reconhecido uma vez, por um colega inglês. Eu não
acho que as freiras do mosteiro mais remoto do país estarão atualizadas no
visual mais recente de Hermione Granger.
━ Justo.
━ Nós vamos cambalear pelo mosteiro, atordoando e obliviando conforme
necessário, e espero que não, e eu pegarei um fragmento do crânio tão
pequeno que eles nem saberão que ele se foi.
━ Toda a área está protegida ━ Granger fez uma careta. ━ É por isso que
estamos sendo caminhantes trouxas. Teremos que trotar até a beira da ala
para desaparatar.
━ Chave de portal?
━ Caramba.
━ Vassouras?
━ Por que é sempre vassouras, com você? ━ Ela perguntou em uma espécie
de rosnado.
━ Porque elas são muito úteis e muito mais rápidas do que descer a trilha a
pé até que possamos desaparatar. A menos que você seja secretamente um
Animago de cabra da montanha?
Granger suspirou.
━ Eu vou escolher uma das minhas ━ Draco disse, ficando bastante animado
com a perspectiva. ━ Posso colocar um segundo assento.
━ Um assento. Maravilhoso.
━ Não. Eu sei que é uma boa ideia ━ ela respondeu. Parecia carrancuda. ━
Eu não tenho que gostar disso.
━ Bom. Quando devo levar minha vassoura para você espremer no bolso?
Teremos que ver se o eixo se encaixa em qualquer fenda minúscula que
você esteja oferecendo, amuletos de extensão ou não.
━ Assim como?
Granger, percebendo que ele estava zoando, deu a ele um olhar de alerta.
━ Pelo menos eu não estou engasgando com uma omelete enquanto faço
isso.
━ Pare.
━ Certo.
Dado que ele não queria ter seus testículos azarados, Draco se levantou para
sair.
E ele não se importava nem um pouco, e isso certamente não o irritava sem
motivo.
Ele enviou uma mensagem para Zabini, com uma abundância de – bem, ele
chamaria isso de cautela – perguntas sobre se ele tinha algum plano para
aquela noite. Zabini disse que não, mas ficaria feliz em ter planos; eles
deveriam se encontrar no Macassar?
Draco devolveu sua resposta. Theo também foi convidado, que sugeriu que
convidassem Pansy, que trouxe para ela o marido vagabundo Longbottom,
que convidou MacMillan, que chegou com três colegas do Ministério, e eles
acabaram fazendo uma noite e tanto.
Um dos calouros de MacMillan era uma bruxa com quem Draco dormiu
algumas vezes ao longo dos anos. Ela deu a ele suas atenções amorosas a
noite toda e ele as aceitou com uma espécie de indiferença – os toques em
sua coxa, o aperto de seu braço. No entanto, quando ela o seguiu até o
corredor escuro que levava ao banheiro, ele descobriu que não tinha
vontade de prosseguir com ela. Quando voltou, muito tranquilo, e com uma
bruxa olhando ofendida atrás dele, Zabini e Ernie olharam para ele com
uma sobrancelha erguida.
Que se foda. Enquanto tomava seu Whisky de Fogo, Draco refletiu que pelo
menos poderia ficar tranquilo que não era com o maldito Zabini que
Granger estava se aconchegando esta noite.
──── ◉ ────
Então, depois de um longo giro de três minutos no flu que deixou Granger
verde, eles se encontraram no coração do Tournesol em Aix-en-Provence.
Eles passaram zunindo pelo sinuoso tráfego provençal sem problemas até
que Granger encontrou um desafiante: um Citroën preto cuja principal
alegria era correr para alcançá-los e ultrapassá-los, e depois desacelerar
novamente de um jeito meio irritado.
━ Estou quase pensando em acertá-lo com um furo ━ ele disse, girando sua
varinha entre os dedos.
━ Eu não achei que este carro tivesse esse tipo de entusiasmo. O que você
colocou nela como gasolina, poção de pimenta? Oh, você estava com sua
varinha!
Granger estava enfiando algo no bolso. Ela começou:
━ O que? Não.
Draco a observou.
━ Paradoxo de Granger.
━ Perdão?
Draco a sentiu dar-lhe um olhar de soslaio, para o qual ele arqueou uma
sobrancelha.
━ O que?
━ Os hotéis mais bonitos estavam todos lotados, então não se preocupe com
a qualidade do lugar. É... mais velho. O restaurante é aparentemente
adorável, no entanto.
O celular dela, que estava servindo como uma espécie de mapa ao vivo
durante a viagem, de repente anunciou que o Hotel Plaisance estava
chegando à sua direita.
━ Vista para o mar, pelo menos? ━ ela falou, abrindo as venezianas para
arejar as coisas.
Granger observou Draco onde ele estava sentado, seus joelhos quase no
queixo.
━ A cama é sua ━ disse com o que sem dúvida pretendia soar como
generosidade. Soou bastante estratégico aos ouvidos de Draco. Ela estava
de olho no sofá. ━ Vou transfigurar isso em algo útil para mim.
━ Isso deve bastar ━ disse, ligeiramente sem fôlego pelo esforço mágico. ━
Agora. Eu gostaria de um banho. Quais são os seus planos para a noite? O
jantar é às oito.
━ Meu trabalho ━ Draco falou, já protegendo a janela. ━ Vou dar uma volta.
Te encontro de volta aqui faltando quinze minutos.
━ O que é isso?
━ ...Você só tem três horas ━ Draco disse. Mesmo do outro lado da sala, a
lista parecia longa.
Amanhã seria uma história totalmente diferente, é claro. Draco voltou para
o quarto deles para ler o tomo sobre as proteções que ele trouxe com ele.
Granger se aproximou da cama para ler o título de seu livro. Com o canto
do olho, Draco viu que ela havia mudado para um vestido de verão branco e
arejado. Seu cabelo estava preso em uma trança, embora estivesse se
desfazendo lentamente. Ela cheirava a sol na pele e algo doce. Ele respirou
mais fundo. Amêndoas?
Draco fez o livro flutuar mais para baixo para poder olhar nos olhos dela.
━ Mentirosa.
Era requintada.
Ele retomou sua leitura, mas apenas por um momento, porque Granger
estava pairando sobre o livro de uma forma ciumenta.
Draco se mexeu com um resmungo (não havia muito espaço para se mexer).
━ Mas você encontrou uma Coisa Interessante ━ ela disse. Seus olhos
brilhavam de curiosidade.
Em vez disso, ela era quente, cheirava a sol e amêndoas, seu cabelo estava
tocando o pescoço dele e era íntimo e estranho. Ele sentiu uma espécie de
paralisia prazerosa, de não querer respirar, de não ousar se mexer e
acidentalmente tocá-la demais, ou pior, fazer com que ela se afastasse.
Seus olhos não paravam de desviar do livro acima deles para as pernas dela,
que estavam dobradas no joelho, com uma perna cruzada sobre a outra. Seu
vestido estava dobrado nas coxas, cobrindo qualquer coisa de interesse –
não havia nada de indecente nisso, na verdade – e ainda assim parecia
ilícito e emocionante, ver as pernas de Granger daqui. Ela havia tirado as
sandálias para se juntar a ele na cama. Ele podia ver o arco delicado de seu
pé descalço, as linhas de bronzeado onde o sol a beijou e depois trabalhou
em torno das tiras, os dedos pintados de rosa.
━ Você está fazendo isso de propósito para me irritar, sendo tão lento ━ ela
falou.
Granger acenou com a varinha para ver as horas – eram oito em ponto.
━ Podem estar ━ Draco respondeu. Ele descobriu que seu cérebro estava
trabalhando em uma espécie de câmera lenta; ainda estava processando as
coxas dela e o vestido amarrotado, e ainda não havia se juntado a ele no
presente.
━ Teremos que ser muito cuidadosos amanhã, se essas coisas são tão
excitantes quanto este texto sugere.
Granger estava refazendo sua trança. Draco sentiu o cheiro do xampu dela.
Isso trouxe seu cérebro de volta ao presente, porque gostou.
Ela ainda estava falando sobre o capítulo que eles tinham acabado de ler, e
se Draco achava que precisava de mais preparação, e se eles deveriam
revisitar o plano, e se sim, quais partes eles deveriam modificar. Talvez ela
devesse fingir doença no mosteiro para distrair as Irmãs enquanto Draco
entrava na cripta, para ganhar mais tempo? Mas não, ele não estudou os
mapas como ela; levara semanas para memorizar os caminhos labirínticos,
etc e etc.
O que foi excelente, pois deu a Draco tempo para se controlar. O que diabos
havia de errado com ele? Foi ao banheiro jogar um pouco de água fria no
rosto e, esperava, algum sentido em seu cérebro
──── ◉ ────
Como se viu, a velhinha meio surda que aceitou a reserva deles interpretou
criativamente seus nomes.
Granger era uma massa desossada de riso contido. Seus ombros tremeram.
Draco caiu para trás em sua cadeira e realmente se sentiu se desintegrar em
alegria.
━ Meu Deus. ━ Granger respirou. ━ Oh, meu Deus... por que... por que...
Draco tentou ficar sóbrio, mas então ele olhou para o cartaz novamente, e
Crotch olhou de volta para ele em uma bela caligrafia fluida, e ele levou o
guardanapo à boca para se abafar.
Sua voz ficou alta e ela não conseguiu terminar a frase por causa de sua
risadinha estridente. Algumas cabeças das mesas ao redor se viraram para
ela. Ela escondeu o rosto nas mãos.
━ Eles vão pensar que já estamos bêbados e vão e nos expulsar ━ Draco
disse, valentemente se endireitando e tentando recuperar o controle.
━ Feito, H...
Quanto a Draco, ele mal podia sentir suas bochechas. Ele gesticulou para o
garçom deixar a garrafa de vinho.
Depois de respirar um pouco mais, ambos recuperaram seu autocontrole –
bem, principalmente. Granger estava evitando olhar para qualquer lugar
perto da lousa.
━ Obviamente.
━ Diga-me.
Então Draco disse a ela. Ele compartilhou duas ou três de suas histórias
favoritas, que destacavam seu próprio heroísmo e inteligência. No entanto,
Granger não era o público cativo e agitado com quem ele costumava
compartilhar essas histórias. Ela era analítica e curiosa e fez algumas
perguntas bastante penetrantes. Por que ele não silenciou as sereias
primeiro? A luta de facas foi emocionante, mas como ele se deixou
desarmar em primeiro lugar? Por que seu kit de emergência não incluía
poções de reposição de sangue? Todos os Aurores não deveriam ter um
conhecimento básico das propriedades do Acônito? Por que ele não usou
um agente nervoso no troll?
Por que de fato? Draco aparou, rebateu, justificou e defendeu, até que
Granger estivesse satisfeita.
O garçom chegou com seus pedidos. Já era hora; Draco estava faminto. Os
lanches no carro e a tâmara recheada pareciam muito distantes.
Granger piscou. Então ela apontou para algum lugar atrás dele.
Draco se virou em sua cadeira para olhar para a saliência cinza-areia que se
projetava de um penhasco distante, acima da linha das árvores.
(Foto: religiana.com)
Draco devolveu sua resposta, assegurando a sua mãe que tudo estava bem e
que ele não tinha sido assaltado por bandidos franceses.
Granger estava terminando sua comida. Ela estava lutando para manter uma
expressão neutra; um olhar de diversão continuou lavando em suas feições.
━ Oh, nada. ━ Granger encontrou um novo foco em uma cenoura, que ela
empurrou com o garfo. ━ Eu não sabia que sua mãe usava os Blocos.
Granger olhou para cima com um interesse vívido que ela estava tentando, e
falhando, manter escondida.
━ Essa foi realmente a sua melhor tentativa? ━ Ele perguntou diante desse
fracasso miserável.
━ Granger.
━ Sim?
━ Diga-me.
Granger bateu na faca dele com o garfo em um pedido tácito para removê-la
do prato.
Granger suspirou.
━ Sim.
━ Uau.
━ Descoberto o que?
━ Não.
━ Sim.
━ Não.
Aqui Granger foi interrompida pelo garçom removendo seus pratos vazios.
Ela aceitou o menu de sobremesas e continuou:
━ Eu amo corujas; eu as acho tão pitorescas e queridas, mas tão lentas. Não
fique zangado, elas são lentas, você mesmo disse isso há pouco. E o flu só é
conveniente se estiver perto de uma lareira conectada. Criei os Blocos para
complementar esses meios de comunicação, não para substituí-los. Adoro
escrever uma boa carta. Nunca esperei que fossem tão populares como são.
Os gêmeos me ajudaram a trazê-los para o mercado e eles obtêm uma
porcentagem dos lucros.
Draco manteve suas feições educadas em algo neutro. A outra opção era um
olhar de olhos esbugalhados. Essa mulher não era apenas assustadoramente
inteligente, mas também absolutamente perfeita. Todo mundo tinha um
Bloco. Sua própria mãe tinha um Bloco e estava, a julgar pelo zumbido em
seu bolso, rapidamente ganhando proficiência. Granger devia estar rolando
em Galeões. Não é de admirar que ela tenha entregado um saco cheio a uma
bruxa sem pensar duas vezes.
━ Então é assim que você está financiando seu maldito projeto ━ ele disse,
por fim.
━ Entre outras coisas, sim. Passei tempo suficiente sob a tirania das
agências de concessão para desfrutar da independência.
Draco a olhou.
━ É?
━ Oh.
Enquanto isso, Draco lutava para entender o fenômeno paradoxal que era
Granger. Ela poderia ter sido rica – extravagantemente. E, no entanto, optou
por financiar sua pesquisa em vez de desfrutar de uma vida de lazer. Ela
trabalhava em cerca de doze empregos. Poderia ter sua própria casa de
campo, mas morava em um chalé apertado nos arredores de Cambridge.
Poderia ter uma equipe completa de elfos domésticos, mas só tinha um gato
e uma lata de atum em seus armários.
Não fazia sentido. E ainda assim, enquanto Draco considerava o que ele
sabia sobre a bruxa na frente dele, meio que aconteceu. Ela era muito
motivada para uma vida de lazer. Muito fundamentada para a extravagância
de grandes casas e elfos domésticos. Muito boa para fazer qualquer coisa
além do bom com esse dinheiro. Era tudo terrivelmente louvável. Incrível,
realmente.
Granger limpou a garganta. Draco percebeu que ele estava olhando para ela
e que o garçom estava olhando para ele.
Granger soltou uma risadinha, lutou para controlá-la, respirou fundo e ficou
imóvel.
━ Eu disse para você não fazer isso ━ ela engasgou, voltando para respirar.
Ajudaria se ela não parecesse uma adorável dríade grega esta noite, prestes
a se juntar à comitiva de Artemis.
Havia outras coisas acontecendo que eram bastante atípicas, mas se essa era
a única que o cérebro estava pegando, Draco estava bem.
━ Estou saboreando ━ ele falou. Deu uma mordida lenta para demonstrar.
A sobrancelha de Granger se contraiu.
Granger estreitou os olhos para ele. Draco deu outra mordida lenta,
mantendo um nível desagradável de contato visual. Ela desviou o olhar.
Ele percebeu o que o glamour estava cobrindo com uma sensação nauseante
em seu estômago. Uma memória vívida voltou, da obra de Belatriz, dura
contra a pele de Granger. De Granger, flácida e exausta, deitada como uma
coisa morta no chão da sala de visitas. Do sangue escorrendo das letras
recém-esculpidas.
━ Malfoy?
Draco piscou.
━ Hum?
━ Só pensando no amanhã.
Mas, na verdade, ele estava pensando em um ontem distante, quando essa
bruxa foi mutilada nos corredores de sua casa. E ela ainda carregava a
cicatriz e a escondia, dele e de todos, mas ainda estava lá. Um lembrete
diário para ela, de crueldade e ódio doentio. De quão perto esteve da morte.
De quão perto seu mundo tinha chegado a um ponto sem retorno.
━ Deve haver um marco ali, onde Madalena teria pisado pela primeira vez
na França.
━ Você viria?
Granger disse "Lindo," e Draco disse "Sim," mas eles não estavam falando
sobre a mesma coisa.
Draco disse que achava que havia lugares piores para pousar do que
Provença. Granger disse que também pensava assim. Draco perguntou se
Madalena teria comido tâmaras recheadas com pasta de amêndoas quando
estava aqui. Granger imaginou que foi ela quem trouxe a receita da Terra
Santa, em primeiro lugar. Draco disse que roubar o crédito por uma criação
culinária tão sublime era uma coisa classicamente francesa de se fazer.
Granger concordou.
Ele não precisou de sua ajuda para subir atrás dela, mas mesmo assim
aceitou a pequena mão que ela estendeu para ele e se divertiu com o esforço
sério que ela colocou em seu puxão.
O sol derramou ouro no horizonte. Com o brilho atrás dela, Granger parecia
estar vestindo nada além de luz.
──── ◉ ────
Ele está considerando Hermione com outros olhos agora, e por aqui eu
gosto de dizer que o "romance" começa. Acho que irão gostar do
desenvolvimento nos próximos capítulos.
Gostaram? Sei que minha demora acaba fazendo com que a fluidez dos
capítulos se perca, mas esse foi difícil de traduzir, fora o meu tempo
escasso. Eu queria ter postado ele no sábado, mas voltar para minha
cidade também complicou tudo.
Os próximos capítulos são beeeem mais curtos, então se tudo der certo,
atualização dupla dia 14/07.
Um beijo!
14. Vá Para um Convento
Oi, bebês!
É, eu sei... eu sei... eu sou uma pessoa indecisa kkkkk. Bom, felizmente tem
capítulo hoje! Acordei inspirada e com vontade de traduzir, já que o dia
hoje no trabalho foi mais tranquilo. Porém, reforço que isso não será
padrão. O que falei no perfil se mantém; meus horários são malucos e não
tem uma constância de atualizações.
Esse capítulo tinha algumas fotos originais que eu, sinceramente, achei que
foi "encheção de linguiça". Nada que realmente ilustre o capítulo ou traga
mais sentido visual à escrita, então coloquei as essenciais. Aviso também
que a tradução foi cansativa, então qualquer erro, já sabem.
──── ◉ ────
Granger olhou para cima de onde ela estava transformando a colcha gasta
em um cobertor de pelúcia.
━ Oh! Muito bem. Eu sempre disse a Harry e Rony que eles deveriam
considerar algo como Duelo. Mas, bem... ━ Aqui, diante da sobrancelha
cinicamente levantada de Draco, Granger terminou, fracamente: ━ Eles
nunca amaram a academia.
━ Não. Responda-me.
━ Não.
━ Você teria feito melhor do que aquele par de babacas ━ Draco disse. ━
Exceto pelos práticos. Gritos demais, xingamentos insuficientes. Maître
Toussaint teria comido você viva.
━ Universidade de Paris.
━ Mm. Veja bem, meus mestres franceses quase me comeram viva. Seus
métodos pedagógicos consistiam principalmente na intimidação. Fiz uma
concentração na Sorbonne. Eu chorava todos os dias.
━ Melhor do que sangrar todos os dias ━ ele disse, com um tipo heróico de
indiferença. (Foi, em sua defesa, apenas um exagero.)
Draco quase se ofereceu para mostrar a ela suas cicatrizes mais arrojadas,
mas lembrou, bem a tempo, que Granger tinha as suas próprias, e que não
seria bom embarcar em uma competição nessa frente.
Draco achou que preferia ter gostado de ver esse negligee. Em voz alta, ele
disse:
━ Mais do que este tapete de piquenique que você está usando? Impossível.
━ Ah, sim. ━ Granger subiu em sua cama. Draco notou que ela havia se
apropriado de seu tomo em proteções. Ela acenou com a mão para ele. ━
Bem, vá em frente... vá se trocar, e vamos dar uma olhada em seus pijamas
de alta costura.
Draco escovou os dentes e vestiu seu habitual pijama de seda preta. Era
uma sensação estranha, esperar o julgamento de Granger sobre sua escolha
de traje de dormir. Não que ele desse a mínima para o que ela pensava, ou
qualquer coisa.
Ele caminhou de volta para fora do banheiro.
━ Perdão?
━ Em grau limitado.
━ Paz. Cessar-fogo?
━ Eu aceito.
──── ◉ ────
Draco tinha nutrido uma suspeita de que Granger era uma daquelas odiosas
pessoas matinais. Ela provou isso assim que pôde no dia seguinte,
lançando-se para fora da cama na profana hora das cinco e meia.
Para agravar ainda mais sua irritação, Draco acordou duro. Ele permaneceu
imóvel, de bruços na cama, enquanto Granger brincava com sua mala,
reclamou de ter dormido mal e finalmente entrou no chuveiro.
Ele acenou para longe de sua indecência com sua varinha, tentando se
lembrar de quando tinha acordado pela última vez com tanta raiva. Puta que
pariu, ele precisava de uma transa.
━ Ou o que?
━ Certo.
Draco tentou continuar dormindo. Em vez disso, ele foi visitado por uma
segunda ereção, que ele cuidou irritado no minúsculo chuveiro. Foi
insatisfatório e ele bateu o cotovelo contra a parede fazendo isso, mas foi
um alívio.
━ Ambos são para você ━ disse, pressionando os dois copos nas mãos de
Draco. ━ Espero que você seja menos idiota pelo resto da manhã.
Draco, ainda irritado, pegou as oferendas sem palavras, e saiu para a
pequena sacada para apreciá-las em paz.
━ Vamos.
Granger virou para o outro lado enquanto Draco vestia seu desajeitado traje
de caminhante trouxa recém-casado. Ele enfeitiçou seu cabelo para parecer
menos Malfoy. Granger fez o mesmo, para parecer menos Granger.
━ Hilário.
Granger havia escolhido deixar seu cabelo louro-branco e liso e mudar seus
olhos para um cinza frio. Draco havia escolhido uma mecha de cachos
escuros e olhos castanhos.
A subida foi, como prometida por Granger, um pouco trabalhosa. Era cedo
o suficiente para que o calor do dia não os derretesse completamente. À
medida que subiam, eram protegidos do pior do sol por uma catedral de
árvores que filtrava a luz em verdes frescos. Jacintos brancos pontilhavam a
vegetação rasteira. Cheirava a terra e cogumelos.
Entre ofegos para respirar, Granger forneceu a Draco as histórias dos vários
peregrinos que percorreram esse caminho, e os supostos milagres que se
seguiram.
Draco disse que, por mais fascinantes que essas histórias fossem, ele a
aconselharia a economizar fôlego para a escalada e se concentrar. Ela não
ouviu o conselho dele. Mais ou menos na metade de uma subida íngreme,
sua palestra a distraiu demais e ela tropeçou para fora do caminho e caiu em
uma vala cheia de lama. Sua varinha, que ela estava usando para remover o
crescimento espinhoso, permaneceu no caminho com Draco.
Draco, vendo que Granger estava ilesa no fundo da vala, assumiu uma
posição contemplativa, encostando o ombro em uma árvore.
Ela tentou escalar para fora, o que só a afundou ainda mais nos arbustos.
━ Parece que você perdeu um gol quadrado com um Jack Russell ━ Draco
disse.
━ Não. Você está bravo? É a sua vassoura mais rápida. Vou me dar uma
lesão cerebral traumática.
Draco zombou.
Granger o encarou, ambas as mãos nos quadris. Então ela mudou de rumo.
━ Tudo bem...
O que era verdade, mas Draco esperava que ela não tivesse notado.
━ Não é da sua conta ━ Draco retrucou, porque a resposta era não, porque
ele era um procrastinador, e então se esqueceu.
━ Você está querendo me subornar com uma cura para evitar usar a
vassoura, não é?
A dor venceu. Ele precisava ser ágil, para o que quer que o mosteiro jogasse
neles. Infelizmente.
Ela fez um trabalho rápido de sua fuga, depois disso. A terra diante dela se
dividiu em uma plataforma que, impulsionada por raízes grossas, a levou de
volta ao caminho.
Granger com a varinha de volta na mão parecia bem mais perigosa do que a
sem varinha na vala. Ela estava olhando para Draco com algo menos do que
bondade por sua risada às custas dela. O calor disso prometia vingança.
━ Ah não, não, não. Sem visitas hoje; o mosteiro está fechado ━ a irmã
disse.
Granger fez uma boa aproximação da angústia. Draco entrou com uma
explicação para a freira que a peregrinação ao mosteiro era de significado
espiritual para ambos, e que eles passaram a lua de mel aqui especialmente
para visitar. Ela não consideraria fazer uma exceção?
Granger fungou que tudo o que ela queria fazer era acender uma vela e
fazer uma oração para Madalena, porque ela era uma pecadora arrependida
e precisava de sua bênção sagrada.
Draco fez um grande show para confortar sua esposa soluçando. (Foi
interessante embalar Granger e sentir a respiração dela em seu peito através
de sua camisa. Foi surpreendentemente... bom. Ele iria com bom.)
Ele acariciou seu bumbum teatralmente; ela enrijeceu e seu aperto em seu
braço aumentou.
Quinze minutos certamente não eram suficientes para seus planos nefastos,
mas Draco e Granger expressaram alguma gratidão.
━ Talvez não.
Draco desviou o olhar, divertido. Ele não disse a ela que seus olhos tinham
um efeito contrário – de atrair, de puxar. Às vezes, se ele não estivesse
cauteloso, travar os olhos com ela parecia cair, como cair de cabeça.
Era muito maior do que Draco havia imaginado – bem mais uma caverna –
contendo uma capela inteira. As paredes estavam pontilhadas com velas
votivas. Fissuras na caverna haviam sido bloqueadas por vitrais, que
banhavam o lugar em vermelhos e azuis profundos.
Enquanto isso, Draco estava lançando seus feitiços de detecção, que lhe
diziam que havia cerca de cinco freiras no local.
━ Pode haver mais. Esta rocha torna difícil dizer. Então são cinco bruxas e
uma quantidade incalculável de proteções.
━ Seu atordoamento vai durar pelo menos mais vinte minutos? ━ Perguntou.
━ As Irmãs não são muito legais ━ ela disse. Draco podia ouvir a carranca
em sua voz.
Na parte inferior da escada de pedra, o ar ficou viciado e mofado. Eles
chegaram ao portão da cripta e, com ele, seu primeiro verdadeiro desafio:
um Bloqueio de Sangue.
━ Isso é magia das trevas ━ ele disse. ━ Essas freiras não estão brincando.
━ Não temos tempo. Accio ━ Draco disse, acenando com sua varinha em
direção à freira Transfigurada, que estava deitada como um gato
esparramado em algum lugar acima deles.
Granger claramente não tinha ideia das capacidades de Draco. Ele não
respondeu, concentrando sua vontade no voo do banco volumoso,
atualmente zunindo pela passagem acima deles. Se alguma freira tivesse a
infelicidade de estar em seu caminho, ela seria sumariamente pulverizada.
Vendo que ela não tinha culhão para fazer a parte suja, puxou sua faca.
Ele sentiu Granger espiar em seu ombro e observar sua varinha translúcida
desarmar a coisa.
━ Cinco minutos até o velhota da entrada vir nos atormentar. Talvez dez, se
ela recuar ao ver nossas cabeças piedosas.
━ Isso está indo muito mais devagar do que eu gostaria ━ Draco disse,
acelerando o passo, sua varinha erguida para detectar mais ameaças.
Draco cerrou os dentes: este, ele tinha lido no texto sobre os monges
dominicanos.
━ Sacrifício humano.
━ O que?
Em defesa dela, Draco também não esperava outra proteção tão cedo depois
desses dois – mas lá estava. Ela tropeçou nele e uma rajada de Flechas do
Arcanista vooaram para eles de todas as direções.
━ Faça algo sobre o maldito fogo antes que derrube meu escudo!
━ Você vai ter que me ensinar essa ━ ele pediu, afastando-se dela.
━ Outra hora ━ Granger disse, Havia um tremor em sua voz, mas se era
nervosismo ou fadiga, Draco não tinha certeza. Cada runa incendiária e
feitiço que ela usava era um dreno em sua magia, assim como cada
maldição que ele estava quebrando era um dreno na dele. Nenhum deles
esperava estar tão tenso. Na contagem de Draco, eles quebraram mais de
vinte maldições no espaço de quinze minutos
━ Você tem certeza de que não estamos entrando em uma câmara funerária
━ Draco murmurou enquanto se agachava para continuar avançando.
━ O que é isso?
━ Um tapete de Crucio?
━ Essencialmente.
Enquanto ela falava, uma faísca roxa brilhou na visão periférica de Draco.
Ele afastou Granger do caminho assim que a faísca explodiu em um chicote
de luz violeta viciosa. A maldição sibilou contra a parede onde a cabeça de
Granger esteve.
━ O que foi isso? ━ A boca de Granger estava aberta enquanto ela observava
o lodo roxo corrosivo roer a parede de pedra.
━ Esfolador de Mentes ━ Draco respondeu, recuperando seus pés. ━
Começo atrasado. Desagradável.
━ O que é isso?
━ Invertida... Ética? ━ Draco repetiu. Ele esperava algo bem mais letal.
Entranhas invertidas, talvez.
━ Isso reverteria qualquer que seja o seu ponto de vista moral normal ━
Granger continuou. ━ Eu imagino. Isso mudaria suas intenções.
━ Finalmente.
A coisa toda parecia ser feita de ouro puro. Ele brilhava na escuridão,
exceto pelo crânio de Madalena, que se projetava preto. Em ambos os lados
havia mais ouro – crucifixos, taças, estatuetas e cofres transbordando de
moedas.
Oláaaaaa!
Boa leitura!
──── ◉ ────
━ Me-dê uma boa razão para não gritar para as boas Irmãs sobre intrusos
━ o crânio disse.
━ Promessas, promessas.
━ Um fantasma? Espírito?
━ Não é a hora.
━ Certo, vamos discutir o que um rapaz bonito como você está fazendo em
um lugar como este.
Granger estava com as mãos nos joelhos, sem fôlego pelo esforço mágico.
━ Sim. Minha mandíbula viveu em Roma por 700 anos; acabamos de nos
reencontrar.
━ Sério?
━ Eu, er...vejo que seu osso occipital está rachado. Você se importa se eu
arrumar um pouco?
──── ◉ ────
A graça salvadora deles, quando caíram, foi que ambos estavam com as
varinhas na mão. Granger arremessou um Wingardium Leviosa em Draco
assim que ele lançou o mesmo nela, e então eles pairaram, totalmente à
mercê da força de vontade do outro, centímetros acima do Tormento.
━ Vassoura!
Granger jogou o crânio para Draco, que o pegou como uma goles ossuda.
Ela puxou a vassoura. Em um feito de acrobacias desajeitadas e flutuantes,
ela conseguiu uma perna por cima. Então, sob suas mãos inexperientes, ela
se moveu em direção a Draco em puxões incertos e incertos. Quando
Granger chegou perto o suficiente, ele puxou o cabo para si e desabou sobre
ele atrás dela.
Draco flutuou a vassoura para cima e para baixo no calabouço estreito, sua
varinha erguida, procurando uma saída.
━ Nós poderíamos tentar força bruta com alguns Bombardas ━ Draco disse.
Mas isso drenaria nós dois, e vá saber o que está do outro lado.
━ Tem que haver uma entrada... de que outra forma eles trazem os
prisioneiros? ━ Draco redobrou sua busca. ━ Precisamos encontrá-lo; esse
será o ponto fraco.
━ Não terminei.
Granger agora estava ficando excitado. Ela se virou para ele na vassoura.
━ Então, você está dizendo que funciona, mas não temos ideia de onde
vamos acabar?
━ Sim.
━ Ative-a.
━ Você não entende. Eu não tenho nenhuma maldita pista de onde vamos
acabar ━ Draco repetiu. ━ Pode ser nas entranhas da terra. Pode ser o
interior de um vulcão ou as profundezas da Atlântida. Podemos morrer no
momento em que chegarmos; esmagados, queimados ou asfixiados.
━ Shh.
━ O que ela faz de melhor ━ Draco respondeu. (Era uma coisa boa que
Granger não estava ouvindo; carinho não solicitado havia entrado na
declaração. Eurgh.)
━ Nós temos o crânio. E tenho vidas para mudar para melhor. Vamos
verificar a coisa estúpida para rastrear feitiços; não precisamos da
Irmandade nos seguindo para onde quer que acabemos.
O crânio foi submetido a feitiços de diagnóstico de Granger e Draco.
Nenhum dos dois foi gentil com isso, mas o crânio parecia ter pouca
sensibilidade.
━ Isso faz cócegas ━ o crânio falou enquanto estava suspenso entre os dois,
sendo pulverizado por feitiços.
━ O que foi uma ideia brilhante. Um único feitiço não malicioso no final.
Direto para uma masmorra. Malditas freiras.
━ Tudo bem ━ Draco falou. ━ Vamos lá. Mas antes quero deixar alguns
agradecimentos às Irmãs Beneditinas das Merdas Sagradas.
Granger encontrou seus olhos e assentiu. Ela estava no limite, mas não
estava com medo.
Bruxa valente.
──── ◉ ────
(Foto: theworldgeography.com)
━ Isso seria muito conveniente ━ Granger comentou.━ Pelo menos não foi
para um centro de um vulcão e não fomos estrunchados por Aritmancia mal
executada. Muito bem.
━ Concordo.
Ela tateou em seu bolso até encontrar seu dispositivo trouxa, que puxou em
triunfo. No entanto, o triunfo durou pouco. Granger andou de um lado para
o outro, segurou o celular bem alto, baixou, apertou alguns botões – mas o
que quer que fosse feito, não estava funcionando.
━ Cirílico?
━ Eu não tenho ideia ━ ela disse, soando, pela primeira vez em sua vida,
totalmente confusa.
━ Bem feito. Você tem alguma coisa para comer nesse bolso?
━ Obviamente.
Água engarrafada ("Muito caro") e uma garrafa de vinho branco ("Não faço
ideia se é bom; a garrafa era bonita").
━ Certo. Eu posso pelo menos sentir como se tivesse contribuído com algo
para este repasto.
━ Contribuiu com alguma coisa? Malfoy, hoje teria sido impossível sem
você. Eu teria errado o caminho na primeira escada alucinatória e
terminaria em uma masmorra para sempre. E se não tivesse, estaria
possuída por demônios, ou muito morta. Você sabia o contra-feitiço para
cada maldita coisa que encontramos. Você amaldiçoou seu caminho através
de um labirinto que não foi penetrado desde a Idade das Trevas. Você
acertou um Portus neste local e funcionou, e estamos aqui, e vivos, por sua
causa. Você foi...
Aqui ela fez uma pausa, procurou por palavras e pareceu ficar
autoconsciente.
Quanto a Draco, ele não disse nada, porque ele estava lutando com uma
onda de prazer com essa série de elogios e se divertindo com o desconforto
de Granger, com o que parecia ser o calor de um rubor em suas bochechas,
só que ele não corou, porque ele era o Draco Malfoy, então provavelmente
era uma queimadura de sol desse maldito deserto.
━ Uma última coisa antes de comermos, se você não se importa ━ disse,
optando por mudar de assunto violentamente.
━ O que?
━ Faça.
Draco sentiu o tremor da magia dela em seu cabelo e a carícia dela em seus
olhos. Parecia, talvez, ainda mais íntimo do que um toque teria sido.
━ Você pode apenas dizer que meu cabelo é magnífico, sabia ━ Draco disse.
━ É adequado, para um bruxo que acabou de invadir uma cripta e fugiu das
freiras. Vamos comer?
Ele meio que esperava que Granger produzisse uma, mas ela se opôs.
━ Você restaurou a honra de uma nação inteira ━ Draco falou para a caveira.
━ Oh, é você. Sabe, eu estava pensando que você ficaria melhor loiro.
━ Obrigado ━ ele disse.
━ Teremos que tentar, agora que ela nos viu ━ Granger respondeu,
parecendo séria. ━ Ela tem uma mente, de qualquer maneira.
Draco notou que Granger havia puxado seu osteótomo de volta – ela
finalmente conseguiria aquela amostra. Inclinou o crânio na direção de
Draco. Ele a distraiu sacudindo o cabelo e olhando sedutoramente.
Granger pegou um saco, que ela jogou sobre o crânio para que ele não os
visse mais. Então ela apontou a varinha para a protuberância na bolsa.
━ Obliviate.
A voz abafada e confusa do crânio veio através do saco.
━ Todo mundo usaria vestes religiosas ━ Granger disse, uma risada em sua
voz. ━ Você teria prosperado positivamente.
━ Então?
━ Sabe, o sol está se pondo aqui. ━ Sua voz estava pensativa. ━ Era o meio
da manhã no mosteiro. Isso significa que saltamos oito ou dez fusos
horários à frente, dependendo da nossa proximidade com o equador.
━ O que?
Ela passou-lhe algo para sua inspeção: uma concha esbranquiçada e
alongada.
━ Isso costumava ser o fundo do mar ━ falou enquanto olhava para a areia.
━ Que curioso.
Agora ela estava passando os dedos pela areia, desenterrando mais pedaços
de vida marinha. Seus olhos brilhavam de curiosidade. Todos os problemas
do dia – as maldições, as experiências de quase morte – pareciam ter
desaparecido à luz desse novo mistério. Com seu cabelo coberto de poeira
de cripta, uma linha arroxeada de resíduo de Devorador de Mentes em sua
bochecha e seu kit de caminhada rasgado, ela parecia um arqueólogo de
olhos arregalados, buscando respostas entre as areias infinitas.
O efeito era bastante atraente. Se alguém tivesse dito a Draco, meses atrás,
que teria encontrado uma bruxa maltratada e suja de terra cavando na areia,
ele teria zombado. Mas lá estava.
━ Fascinante.
━ Não sei o suficiente sobre mares antigos para fazer qualquer tipo de
suposição inteligente, com base nessas criaturas. Será perigoso para nós
aparatar em qualquer lugar, já que não temos a menor ideia de onde estamos
no planeta. Acho que nosso próximo plano de ação deve ser um voo de
reconhecimento para ver se podemos encontrar a civilização e,
esperançosamente, um flu conectado internacionalmente.
━ Sim.
━ Sim.
━ Sim, tudo bem? Acabou sendo extremamente útil. Não seja presunçoso
sobre isso.
━ Tarde demais.
Draco sorriu largamente. Ah sim, ele era presunçoso. Granger, com suas
opiniões firmemente estabelecidas sobre tudo, mudou de ideia sobre voar,
de todas as coisas. Ele queria muito esfregar isso, mas o autocontrole
prevaleceu.
━ O sol está se pondo. Vamos esperar até que esteja sob o horizonte, e então
fazer um pequeno reconhecimento do alto. Se houver assentamentos, serão
iluminados e poderemos vê-los a quilômetros de distância.
Os animais pararam com o movimento súbito. Eles olharam para ela como
se fosse a esquisitice meio transfigurada, e não eles. Então, com um
estranho passo a galope, continuaram.
━ Isso vai nos ajudar a situar. Esses antílopes têm um alcance estreito.
Estamos em algum lugar na Ásia Central. ━ Ela mordeu o lábio. ━ Os
centros populacionais são poucos e distantes entre si.
━ Eu daria mais uma hora ━ ele falou, olhando para o sol que se punha atrás
das dunas. ━ Então podemos voar.
Logo, o sol não passava de uma lembrança dourada refletida no solo. Não
havia canto de pássaros no deserto; tudo estava quieto, exceto pelo assobio
lamentoso do vento entre os cascos enferrujados.
Draco nunca tinha visto um céu como este, tão iluminado com seu próprio
brilho, brilhando com poderosos mistérios de mundos distantes.
──── ◉ ────
Nem Draco ou Granger tinham planejado tirar uma soneca, mas a exaustão
mágica cobrou seu preço e os nocauteou por duas horas.
━ Só porque eu acho que é uma boa ideia não significa que eu vou gostar.
Fazer-me gritar de terror não é o objetivo deste exercício.
━ Você se sai melhor quando não tem tempo para pensar sobre isso ━ ele
comentou enquanto Granger se enfiava entre suas pernas. ━ Como na cripta.
━ Preparada?
Draco não esperou para ser informado duas vezes. Ele começou com
vontade, ansioso para se perder nesses céus com suas milhões e milhões de
estrelas.
━ Por que a vassoura está zumbindo na nossa direção? ━ Sua pergunta foi
atada ao medo tácito de um mau funcionamento.
━ Quão rápido?
Draco pensou por um momento em sua resposta, que tomou a forma de uma
pergunta:
(Draco não entendeu por que a Alemanha era relevante para esta
declaração.)
━ Correto.
━ Tipo isso.
━ Vamos fazer isso. Lance mais alguns corta-ventos... vou fazer algo com
meu cabelo.
O que era excelente, porque entre Granger e seu gato, Draco havia ingerido
cabelo suficiente para durar uma semana. Ele diminuiu a velocidade deles
para lançar seus feitiços enquanto ela enrolava seu rabo de cavalo em uma
trança e o colocava em seu top.
━ Eu sei.
━ Meu carro tem cintos de segurança e está firme na terra o tempo todo...
━ Ughfrlp.
"Bom.
Ele segurou Granger com força, em parte para mantê-la segura, em parte
porque ele queria, porque a sensação era agradável – segurar essa bruxa um
pouco louca e brilhante, que passava seus fins de semana brincando sobre
criptas, e que o provocava a cada momento.
Ela estava quente entre seus braços e cheirava a poeira de viagem, aventura
e alegria.
A coisa toda era uma loucura – segurar Granger como se ele quisesse, voar
sobre essas selvas instáveis, não ter nenhuma pista real de onde na Terra
eles estavam, o Portus ilegal e inacabado, o crânio falante, tudo isso.
Absolutamente insano.
Ao sul deles brilhava o brilho amarelo das luzes trouxas. No início, eles
pontilhavam as areias, aqui e ali, e então começaram a formar pistas longas
e paralelas. Estradas.
━ Uma cidade!
Granger pediu a Draco que diminuísse mais a velocidade para que ela
pudesse consultar seu celular, agora que haviam chegado à civilização.
Eles foram cuspidos em solo britânico vinte minutos depois, após a mais
longa e vertiginosa jornada de Flu que qualquer um deles já havia
experimentado. Draco saiu dele; Granger se sentou sem ossos.
━ Eu sinto isso.
━ Se eu cheirar uma poção, vou decorar este chão com berinjela e...
━ Shh.
━ Desaparate-nos.
━ Onde?
──── ◉ ────
──── ◉ ────
E assim Draco chegou ao fim deste dia bizarro, em uma das famosas suítes
do Seneca, com vista para os jardins do Palácio de Kensington, com uma
Granger caída decorativamente jogada sobre uma cadeira alongada.
A água tinha sido bebida e o balde parecia sem uso – pelo menos ela estava
se sentindo melhor.
━ Coma tudo. ━ Veio a voz dela entre o som do chuveiro. ━ Só quero chá.
━ O espelho?
━ O que você está fazendo com suas roupas? ━ Ela perguntou, com um
gesto para a pilha rasgada e manchada que havia deixado no banheiro ao
lado dele. ━ Abri meu bolso extensível. Não consigo decidir se vale a pena
enviá-los para a lavanderia? Doamos para órfãos?
━ Mas e os órfãos?
Granger suspirou para ele, como se quisesse dizer que ele era terrível, mas
não valia a pena o esforço, porque ele já sabia disso. Então ela notou um
bilhete sobre a mesa.
━ O que é isso?
Ela o colocou para baixo. Lentamente, suas mãos subiram para cobrir o
rosto. Então, por um longo minuto, seus ombros tremeram e ela fez
pequenos sons, abafados por suas mãos.
━ Ah, sim, você estava. Ainda está, embora o calor do chuveiro o tenha
ajudado. Você quer que eu o cure de novo?
Draco ponderou sobre isso, então engoliu seu orgulho e deslizou para o
chão ao lado dela. Ele abriu o roupão para expor o joelho.
━ Eu não sabia que você me observava tão de perto ━ disse. Porque ela
certamente não observou as coisas que ele queria que ela observasse, a
criatura irritante.
━ Não se gabe; vem com o meu trabalho. Mais ou menos como você avalia
todos como se fossem assassinos secretos.
Draco zombou.
Draco supôs que ele poderia informá-la que ela se apresentou de forma
bastante competente no campo e que ficou devidamente impressionado com
algumas de suas acrobacias, mas Granger completou o feitiço de cura e o
momento passou.
Ela deu um tapinha no joelho dele, como se fosse um menino travesso que
tinha caído de uma árvore, e não um Auror que tinha sido atacado por uma
Mantícora enfurecida.
━ Bem. Agora não há mais drama por uma semana. Parnell não será tão
legal quanto eu.
Então ela puxou a ponta do roupão de Draco e o enfiou com força sob sua
coxa.
Draco soltou um bufo inesperado de diversão, tão forte que machucou seu
nariz.
Mas isso era tudo o que era – potencial; existindo na possibilidade, mas não
na realidade. Com qualquer outra bruxa, sim. Com essa bruxa? Não. Esta
era Granger, e Granger era, bem – Granger.
Agora, ela tinha tirado os chinelos enormes e foi até a janela. Desfez o
cabelo de sua pilha molhada e desembaraçou com os dedos. As cortinas se
abriram magicamente quando aproximou, desejando mostrar a vista
exclusiva dos jardins do Palácio de Kensington. Enquanto penteava o
cabelo, Granger admirava a vista e presenteou Draco com pedaços de
história trouxa e mágica no lugar.
O sol estava se pondo nas Ilhas Britânicas, como havia se posto horas atrás
no cemitério de navios no deserto.
E ela ficou na luz vermelha, bastante mágica, como se fosse tocada pelo
fogo. E o crepúsculo caiu sobre a grande cidade de Londres, o céu ficou
roxo, e então, finalmente, veio a noite. Draco teve um vislumbre de uma
feiticeira com uma cascata de cabelo caindo pelas costas – e então ela o
torceu e era Granger novamente.
━ Em vez disso ━ ela falou, olhando para cima. ━ Se alguém procurar nosso
conselho sobre onde construir o próximo grande observatório bruxo,
teremos uma resposta.
━ Isso acontece com você com frequência? Sendo perguntado sobre onde
construir observatórios?
━ A nobreza obriga.
Granger olhou para ele com um olhar que lhe dizia que ele era um
espertinho absoluto. A menos que estivesse enganado, havia uma espécie de
carinho latente nisso, embora fosse muito, muito profundo.
━ Você acha que aquele espelho enviaria algumas roupas para nós? Não
gosto da ideia de ir ao flu com essa elegância.
━ Você está pronto para enfrentar o flu novamente tão cedo? ━ Draco
perguntou.
O pedido de vestes foi feito, para um bruxo alto e uma bruxa da altura
aproximada de um duende. (Granger enfiou a cabeça no banheiro e corrigiu
esse erro).
━ Ugh... não.
━ Vejo que essas vestes vêm com a suposição de que o usuário terá uma
dama de companhia. Você poderia me ajudar?
Draco, não tendo ideia de como dar os nós adequados para um manto
feminino, optou por pegar um punhado de fitas e enfiá-las na parte de trás
do vestido. E ele não passou um momento pensando em como Granger não
estava usando roupas íntimas, obrigado.
━ Isso não parece muito certo ━ ela disse enquanto as fitas eram colocadas.
Eles pararam na frente do espelho para dar uma olhada antes de descerem
para a lareira.
Draco disse que Granger parecia terrivelmente com uma esposa puro-
sangue, saindo para deixar os filhos na estação King Cross, em 1961.
Granger disse que Draco parecia ter acabado de sair do quartel general em
1825.
O espelho entrou na conversa para registrar sua opinião de que eles eram
"um casal extremamente bonito".
Então ela parou, agarrou o braço dele em um grito estridente e o puxou para
si.
━ O que...?
━ O que estamos...
━ Fique alto. Por que você é sempre assim, exceto quando precisa? ━ Ela
perguntou em um sussurro irritado. ━ Me proteja.
━ Cormac.
━ McLaggen?
━ Oh, ele só está apaixonado por mim há anos. Tipo de homem tenaz.
Pegajoso. Viscoso, realmente. Fique aí, o grupo dele está prestes a entrar
nas salas de jantar. Não... espere... eles ainda estão conversando. Vou lançar
um Não-Me-Note. Oh não... Derrick acabou de ver você, eu acho. É o seu
cabelo estúpido. Como um farol através dos malditos Peninos. Não. Eles
estão vindo para cá. Eu nunca estive aqui. Adeus.
Com isso, Granger deslizou sob o braço de Draco e tentou correr de volta
para o elevador, mas ele se abriu e uma verdadeira enxurrada de senhoras e
senhores prontos para o jantar saiu e a atirou para o lado como um pedaço
de destroços.
Draco, tendo percebido que seu papel agora era distrair e desviar, virou-se e
cumprimentou Derrick que se aproximava com um aperto de mão
("Peregrine, minha costeleta de cordeiro, como você está?") e McLaggen
com um aperto de mão duplo muito longo: "Olá. Eu não acredito que nos
conhecemos, Draco Malfoy". Sim, eu sei que não preciso de apresentações.
Você está aqui para jantar com esse canalha? Acho que me lembro de você
de Hogwarts. Você ainda joga Quadribol? Deve se juntar a nós no campo.
Peregrine vem de vez em quando, ainda um bom batedor, embora o golpe
seja menos poderoso do que costumava ser... um toque de artrite no ombro,
imagino, pobre coitado. Junte-se a nós. Noites de quarta-feira na Mansão.
Só tivemos uma morte em cinco anos. É tudo uma boa diversão,
realmente...
━ Eu poderia jurar que tinha visto Hermione com você ━ McLaggen falou,
desviando de Draco para olhar para os elevadores. ━ Eu conheceria aquela
bruxa em qualquer lugar.
Peregrine zombou.
Draco fez algumas observações sobre a recente vitória dos Kestrels sobre os
Cannons. Quando os dois interlocutores estavam ocupados com o assunto,
ele deu uma olhada nos cérebros de McLaggen, tal como eram.
Ele manteve seu exame no nível da superfície, folheando os pensamentos
mais recentes do homem. Ele se viu como McLaggen o vira do outro lado
do saguão, pressionado contra a figura de uma mulher de túnica azul-
marinho, com cabelos escuros empilhados na cabeça. Então ele viu as
costas da mulher enquanto ela deslizava em direção ao elevador, fitas
desfeitas fluindo atrás dela. McLaggen tinha certeza de que Draco estava
beijando alguém e quase certeza de que tinha sido Granger. Apenas as
vestes formais o desanimaram; isso e o fato de que ela esteve com Draco
Malfoy, de todas as pessoas. A dissonância cognitiva deste último ponto
tomou conta de toda a memória.
━ Aqui. ━ Granger desfez sua desilusão. ━ Por que você parece tão
assassino?
━ Quadribol.
Sim.
O estudo dela era tão focado que Draco ocluiu instintivamente, mesmo que
Granger não fosse uma Legilimens. Ela viu a mudança e seu foco ficou
ainda mais aguçado.
━ O que aconteceu?
━ Por quanto tempo você vai deixar McLaggen aterrorizar você antes de
amaldiçoar as bolas dele?
━ Eu sabia ━ ela disse em uma mistura estridente de triunfo e
aborrecimento. ━ Você usou Legilimência nele. Você não pode fazer isso.
━ Eu posso e eu fiz.
━ São assuntos particulares. Eles não têm nada a ver com você.
━ Ele nunca cruzaria essa linha. Não é tão estúpido. Ele toca... isso é tudo.
Pare de parecer assim, como se estivesse prestes a duelar com ele no
saguão.
Draco zombou.
━ Sem xingamentos. Não, nada. Nada disso tem a ver com você. Você não
deveria ter visto nada disso.
━ Não.
━ Então eu vou decidir o que ele provavelmente vai fazer ━ Draco disse,
batendo em seu próprio peito com força desnecessária.
Granger colocou a ponta do dedo em seu lábio e pensou. Por fim, ela disse:
━ O que posso dizer? Sou magnética. Eu não posso nem atravessar uma sala
sem bruxos caindo no meu colo.
━ Ah, sim, você parece. Parece que você está prestes a ir à ópera depois de
um dia fotografando animais selvagens inocentes. Perdizes, provavelmente.
━ Você é terrível, mas não tão terrível. Agora, me prometa que não vai fazer
algo estúpido sobre McLaggen.
━ Eu prometo que não farei nada estúpido sobre McLaggen ━ Draco disse,
com sinceridade.
Os olhos de Granger se estreitaram no local escuro e ela reformulou,
sabiamente, seu pedido.
━ Por favor.
━ Não.
━ Malfoy.
━ Tá bom. Eu prometo.
Granger se endireitou.
━ Sem sentido.
Granger suspirou.
━ Granger.
━ O que?
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Essa arte... ESSA ARTE... MEU DEUS! Hermione, como eu queria uma
narrativa sua nesse momento!
Amando cada vez mais o rumo dessa fic. Há muito para acontecer ainda,
mas as coisas interessantes (ainda mais) estão chegando.
Dito isso, o próximo capítulo tem quase 9000 palavras, então obviamente
eu tomarei mais tempo para traduzi-lo, além, é claro, de me dedicar a Att.
Caelum também. Sem data decidida, mas eu posto assim que conseguir,
vocês sabem.
Bom, demorei, mas cheguei. Eu sabia que esse capítulo iria tomar bastante
tempo.
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━ Você! Você prometeu que não faria nada! ━ A lontra de Granger gritou na
cara de Draco. ━ Você é o pior!
O som estridente da voz dela ecoou pelo beco onde ele estava escondido.
Granger abriu a porta com uma veemência que sugeria que ela também
estava em pé de guerra.
━ Você é uma idiota ━ ele disse como forma de saudação.
━ Eu? ━ Granger retrucou. Ela estava selvagem sobre os olhos. ━ Eu?! Você
é o idiota! Você não deveria tocar em McLaggen!
━ Talfryn tem acusações contra ele mais longas que meu braço! Armadilha
para besta! Falsificação! Esportes sanguinários! Extorsão! Crueldade com
Criaturas Mágicas! Extorsão!
━ Eu tive que cuidar daquele troglodita por quatro malditas horas! Você
quebrou todos os membros dele!
━ Se você pudesse manter suas malditas emoções sob controle, eu teria meu
homem acorrentado! Mas não! Você teve que enviar sua lontra raivosa!
Sua raiva a fez brilhar; seu olhar estava em chamas com o calor de sua
convicção; suas bochechas estavam coradas. Ela queria estrangulá-lo tanto
quanto ele queria estrangulá-la. E houve um momento de loucura, onde o
limite entre a raiva e a paixão oscilou e se inclinou, e ele poderia tê-la
estrangulado, ou poderia ter esmagado sua boca contra a dela, com força,
para fazer algo com a intensidade do sentimento; para calá-la; para provar
um ponto.
A louca possibilidade era contagiosa – seus olhos voaram para a boca dele.
Então ela piscou e, como uma coisa despertando de um transe, parecia
distantemente chocada.
Percebendo que ele ainda estava segurando a mão dela, Draco a soltou e
deu um grande passo para trás. Granger também deu um grande passo para
longe e parecia que ela preferia voltar para a cripta e se jogar no tapete
Crucio do que estar lá. Seu rubor subiu de suas bochechas até a ponte de
seu nariz.
━ Certo.
O gato parou aos pés de Draco, e então, como se estivesse lhe dando um
grande presente, enrolou-se em suas botas e cobriu suas calças de laranja.
Draco estava quase tão desorientado por isso quanto pelo momento com
Granger. Ele mal sabia o que fazer consigo mesmo. No entanto, quando ele
se abaixou para acariciar o gato, a criatura assobiou para ele e fugiu de volta
para o jardim escuro.
━ Criatura impertinente.
━ Ele é.
━ Sim.
Eles murmuraram algo que pode ter sido, para o ouvinte com ouvidos
incrivelmente aguçados, um pedido de desculpas, em uma linguagem que
consistia principalmente em murmúrios e pigarros. A fúria fervilhante deles
deu lugar agora a um certo grau de vergonha, que Draco era mais hábil em
esconder do que Granger.
━ De fato.
Ele estava prestes a dizer que tinha que sair – de novo – mas a postura de
Granger mudou. Ela não estava mais posicionada para atacar a garganta
dele – estava meio virada para dentro da casa, hesitando sobre alguma
coisa.
━ O que é?
━ Seja sério.
━ Já estou pensando nisso. O crânio acabou sendo útil? Por favor, me diga
que valeu a pena.
━ Bom.
━ Para quê?
━ Isso não será até o final do verão, em Lughnasadh. Não porque quaisquer
potências mágicas estejam em jogo, lembre-se. É só meu próximo fim de
semana de folga antes...
Granger engasgou.
Draco sentiu o cheiro de algo queimando, pensando bem, mas ele pensou
que era o pedaço de jornal.
Granger tirou algo do fogão – algo bem preto. Draco abriu uma janela e
conjurou uma brisa forte para arejar o lugar.
Ele ingenuamente pensou que sua fonte de fúria havia sido drenada. Estava
errado. Granger sempre tinha um suprimento adicional de ira.
━ Isso é culpa sua ━ retrucou, virando-se para ele com uma mão no quadril.
━ Você me distraiu.
━ O que era isso? ━ Draco perguntou, para verificar se ele deveria se sentir
mal.
Granger apontou para a lixeira. Uma caixa estava saindo dela, o que
indicava que era a Torta de Peixe Congelada da Srta. Mabel.
Granger raspou a pilha preta na lixeira junto com a caixa, que era, na
opinião de Draco, onde ela pertencia em primeiro lugar.
━ Granger.
━ O que.
━ O que?
Ele poderia muito bem ter sugerido atear fogo a um hospital infantil, por
todo o choque que sua sugestão gerou.
Draco levantou os olhos para o teto. Ela estava fazendo uma coisa dessas.
Ela ainda estava olhando para ele em um tipo suspeito de confusão, seus
braços cruzados na típica postura de defesa de Granger.
━ Por que?
As mulheres não fugiam de Draco, como regra geral – muito pelo contrário.
Era uma sensação desconhecida e desagradável.
Ele esperou que ela se trocasse, o que levou aproximadamente dois dias
úteis. Então ela desceu as escadas rolando, usando um vestido vermelho de
verão. ━ Pronto, agora estarei apresentável.
━ Eu não sei ━ Granger falou, puxando seu cabelo em um coque baixo que
era, de alguma forma, elegante e bagunçado. ━ Estar com você atrai o caos;
eu meio que espero que Shacklebolt decida aparecer para um bate-papo.
Draco sentiu que o atrator do caos era ela, mas mesmo assim.
━ Eu prefiro esperar que ele faça. Ele pode dizer a Tonks que estou
construindo um relacionamento com minha Superiora e não sendo um
valentão assustador.
Assim que Draco estava lançando um olhar para ela, Granger encontrou
seus olhos. Então ela levantou a mão.
Então o elfo aparatou diante deles novamente, como se ele não tivesse ido a
lugar nenhum em primeiro lugar.
━ Chantilly?
Granger não estava tão fixada em seus pés como esteve durante sua última
visita. Ela olhou ao redor, observando as paredes brancas, os cachos
encantados de velas flutuando a cada poucos passos, os fogos acesos nas
muitas lareiras. A nova Mansão era bem menos monótona que a antiga.
Draco a conduziu até um dos salões, que estava bem abastecido com todos
os tipos de lanches. Eles tiveram vinte segundos para escolher um lugar e
colher azeitonas antes que Tupey se materializasse novamente, desejando
saber o que eles gostariam de beber.
Granger abriu a boca para dizer alguma coisa, mas houve outro estalo e
Tupey aparatou com as bebidas. Draco recebeu o dele com a quantidade
usual de polidez, mas o de Granger foi colocado em sua mão com o maior
cuidado. Tupey desaparatou.
Draco abriu a boca para falar, mas um terceiro elfo aparatou da cozinha
para perguntar se a Colega Curandeira Granger tinha alguma alergia ou
preferência que as cozinhas deveriam saber? Ela não tinha. O elfo da
cozinha desaparatou.
Draco deixou Granger para admirar a vista dos jardins enquanto caminhava
à frente para ver se a mesa estava pronta. Ele estava satisfeito com o que os
elfos domésticos haviam montado em tão pouco tempo: uma mesa de prata
e duas cadeiras, um excesso de flores de verão emprestando seu perfume ao
ar noturno e uma verdadeira extravagância de lanternas e luzes de fadas.
━ As rosas, Henriette.
━ Leve-as, Henriette.
━ Eles estão no auge de sua floração, senhor. Parece uma pena desperdiçá-
las.
━ No entanto, eu gostaria...
Henriette deu a Draco um longo olhar que sugeria que, como sempre, ela
sabia melhor, e se ele parasse de duvidar dela, ele também pararia de se
fazer de bobo, o garoto tolo.
━ Exato.
━ Às vezes.
Granger olhou para ele com os olhos semicerrados, como se ela estivesse
detectando o duplo sentido, mas não tinha certeza se ele estava falando
sério. Draco decidiu deixá-la cozinhar na incerteza.
━ Oh.
Dado que ela estava tentando não parecer afetada, Draco não a questionou
mais sobre o assunto, que ele achou que mostrava grande delicadeza.
Ele não se preocupou com palavras de simpatia porque realmente não fazia
isso, e ela não acreditaria que ele estava sendo sincero, de qualquer
maneira.
Ele terminou seu conhaque para que o copo vazio dela não se sentisse
solitário. Ele era sensível assim.
━ Sim.
━ Sim? Me relembre.
Assim que Granger estava prestes a falar, Tupey surgiu para sugerir um
Sauvignon Blanc para o próximo prato, já que era peixe. Draco e Granger
concordaram. Tupey serviu o vinho e desaparatou.
Enquanto ela refletia sobre essa nova complexidade, Draco acenou para
Henriette na direção deles e a mandou buscar o relatório dos arqueólogos.
Henriette voltou com um rolo grosso de pergaminho nas mãos e um olhar
interrogativo no rosto.
━ Aceito sua desculpa mal dada e indireta para um elogio ━ Granger falou,
desenrolando o pergaminho.
Granger afundou no relatório, deixando seu risoto esfriar em seu prato. Ela
ocasionalmente se lembrava da presença de Draco, que era sinalizada por
um "Oh" e, em seguida, um compartilhamento de algum fragmento
fascinante ou outro.
Granger piscou.
━ Houve um momento hoje, na sua porta, quando você parecia estar prestes
a me transfigurar em um inseto e pisar em mim.
Ela parecia estar fazendo uma anotação especial dessa nova ideia.
━ Ah, bom. Isso não seria esportivo. Como você faria isso, então?
━ Talvez amarre você e deixe Bichento tentar. Então eu seria apenas uma
cúmplice de assassinato.
━ A primeira parte dessa frase foi promissora, até você trazer o gato.
Granger não prestou atenção a essa abertura suave de flerte. Ela estava
relembrando.
━ Ele quase sufocou Rony uma vez. Deitou-se sobre o rosto enquanto
dormia. Tenho um medo particular de que tenha sido de propósito.
Granger não deu a ele a honra de uma risada, mas escondeu um sorriso atrás
de um gole de vinho.
Ela disse:
— Perfeito. Eles têm muitos benefícios para a saúde, você sabe,
alcachofras.
━ Têm?
━ Da mesma forma.
━ Tenho certeza de que a senhorita Mabel faz uma torta de peixe crocante ━
Draco disse.
Henriette engasgou com esta revelação. As mãos de Tupey voaram para sua
boca.
━ Não!
━ Você está certa ━ Draco disse. ━ Havia também uma caixa de biscoitos,
com apenas alguns anos. Um pouco empoeirado, mas ainda bom.
━ Eu ainda não tinha ido às lojas esta semana ━ Granger se defendeu, numa
tentativa de tranquilizá-la. ━ É por isso que meus armários estavam tão
vazios. Eu estava um pouco ocupada.
━ Ah, sim ━ Draco disse. ━ Porque eles geralmente estão cheios até
estourar, não estão?
Ele estava esperando pelo chute debaixo da mesa de Granger, e ele veio. Ele
agarrou seu tornozelo em sua mão e resmungou.
Granger tentou recuperar a posse de seu pé, mas Draco a informou que ser
esperta significava que ela havia perdido os privilégios dos pés.
E se ele tivesse algum interesse em fazê-lo – o que não tinha – seria culpa
das alcachofras.
Granger não parecia ousar exigir seu pé para trás em voz alta na frente de
Henriette, porque isso levaria a perguntas desconfortáveis sobre por que ela
tentou chutar o senhor na mesa de jantar, o que era uma gafe muito maior
do que ler.
━ Os elfos domésticos estão entediados sem minha mãe e suas festas... Por
que você não lhes dá permissão para aparecer uma ou duas vezes por
semana e encher seus armários? Pelo menos até minha mãe voltar?
━ Absolutamente n...
━ Não por mais quinze dias ━ Draco respondeu. ━ Então você estará livre
dos elfos. Mas, enquanto isso, você lhes devolverá a alegria de viver.
━ Muito bem. Mas só porque não quero que Henriette me considere mal
educada por rejeitar sua oferta. Acho que ela se ofenderia pessoalmente.
━ Se Henriette se preocupasse com sua educação, ela o teria esnobado
desde o início. Ela é uma elfa bastante opinativa. Agora coma seu mil-
folhas ou ela vai te repreender de novo.
Granger voltou sua atenção para seu prato. Draco tomou um gole do vinho
doce.
O toque dela em seu braço foi leve, no início, mas depois de alguns passos,
seu aperto aumentou.
Foi um milagre nenhum deles ter dito algo embriagado e estúpido ainda –
mas a noite era uma criança, e o caminho para os jardins acenava, e as
possibilidades de estupidez brilhavam como as velas que ladeavam o
caminho.
Eles vagaram por uma fileira dupla de lilases carregados de flores. À direita
deles estava a estufa, seu brilho quente manchado pela profusão de flores de
malva. A brisa fazia as flores estremecerem como uma borboleta; a luz
brilhou no caminho.
Foi estável.
Foi a mão esquerda que ela levantou. Seu braço estava nu e contra a pele de
seu braço estava aquele borrão.
Ele pegou o pulso dela – gentilmente, mas ela se encolheu mesmo assim – e
o puxou em direção a ele.
Ele virou o pulso dela para que o borrão do feitiço refletisse a luz vacilante.
━ Bem... eu tenho. ━ Sua voz era incerta. Ela olhou para ele com uma
cautela de olhos arregalados, uma coisa selvagem prestes a se afastar e
correr. Ela cheirava à doçura dos Sauternes.
Duas palavras pesadas que Draco vinha carregando desde Provença saíram
com dificuldade.
━ Eu sinto muito.
━ Não. Não curam. ━ Granger ficou quieta por um momento. Então, ela
acenou com o feitiço para revelar a palavra. ━ Coisa feia.
A velha ferida estava clara em sua pele, tão crua quanto no dia em que foi
esculpida. Ainda brilhava. A boca de Draco estava como algodão e seca. Por
um momento, ela tinha 17 anos, deitada como morta no chão da sala de
estar, a poucos metros de onde eles estavam. Então ela era Granger
novamente, uma inteligência ardente, uma transformadora do mundo, mas
ainda assim, marcada. O aperto de Draco em seu pulso ficou um pouco
mais apertado – vergonha e tristeza.
━ Ainda dói? ━ Draco perguntou, porque parecia muito cru para não fazê-lo.
Draco nunca teve nenhuma intenção de mostrar a ela sua própria vergonha
– ainda mais vergonhosa porque foi adquirida de boa vontade.
O que restava em seu braço era uma Marca distorcida e meio desbotada.
Era uma mistura grotesca de carne preta e tecido cicatricial elevado, agora,
de tentativas fracassadas de removê-lo.
━ Oh ━ Granger ofegou.
Granger ficou em silêncio por um longo tempo. Por fim, ela disse:
━ Não.
━ Isso não apaga o passado ━ Draco disse. O braço maculado que mantinha
entre eles era um atestado eloquente disso.
━ Não. Mas as escolhas que você fez desde então definem você mais do que
aquelas que você fez na época.
━ Sim?
━ Você tinha dezesseis anos. Você era... todos nós éramos... crianças-
soldados lançados em uma guerra, tentando fazer o que nos ensinaram que
era certo. Tentando proteger nossos entes queridos.
━ Faz quinze anos ━ Granger disse. Ela baixou o próprio braço. Ela parecia
cansada. ━ Posso assegurar-lhe que ruminei longamente sobre o assunto. Eu
perdoei aqueles que merecem.
Agora foi a vez de Granger pegar seu pulso. Ela o puxou para um triângulo
de luz entre as sombras e se inclinou para observar a Marca mais de perto.
Draco queria se afastar, mas ela tinha sido corajosa o suficiente para deixá-
lo olhar para ela, então ele não deveria ser um covarde agora.
Seu dedo roçou sulcos cheios de cicatrizes e carne meio derretida que nunca
havia sentido o toque da mão de outra pessoa.
Seu braço se contraiu sob seu escrutínio. Ele queria guardar a Marca de
novo: era tão feia, tão deformada, tão cheia de memórias horríveis e
vergonha.
━ Eu não acho que há muito que eu possa fazer com este também ━ Granger
disse. ━ Em termos de cura, quero dizer. ━ O pensamento pareceu deixá-la
triste.
Eles ficaram em silêncio. E agora ela conhecia algumas de suas dores e ele
conhecia algumas das dela. Havia uma intimidade nisso. Ser visto. Era
estranho, sensível ao toque, enervante.
Eles ficaram em silêncio e ainda assim não era silêncio, era espesso e denso
e rodopiante. Pesava em seus tímpanos e peitos como uma pressão.
━ E estamos vivos.
━ Você não. Vamos dar uma olhada nas rosas? Tenha seus êxtases femininos
prontos.
Eles vagaram pelo caminho que serpenteava pela luz das velas até
chegarem ao jardim de rosas. A seus pés, Violetas da Meia-Noite espiavam,
aqui e ali, atraídas pela lua crescente.
Seus passos eram lentos e bêbados e deliciosamente sem rumo. Foi perfeito;
Draco sabia muito pouco sobre rosas para fazer um tour de verdade e
Granger se contentava em vagar de uma em outra sem plano ou propósito,
tocando suas pétalas frouxas. Bonitos nomes saíram de seus lábios quando
ela reconheceu alguns: anabelas, flores silvestres, Apolline, duquesa, flor
beijos, Claire, pétala escarlate.
Draco queria tentar com ela por ser sentimental, mas ele também se
encontrou em um tipo de humor suave e brando. O tipo de humor em que
ele poderia dizer a uma bruxa que sim, as rosas eram doces, mas ela era a
coisa mais doce no jardim, só para vê-la corar.
Ele não o fez, porque ele era feito de material mais forte.
Passaram para a seguinte, uma esplêndida rosa branca. Granger segurou sua
cabeça pesada e a puxou para fora. Draco veio atrás dela novamente e os
dois sentiram o cheiro ao mesmo tempo, e a bochecha dela roçou o queixo
dele.
A curva de suas saias roçou a frente de suas calças. O cabelo dela fez
cócegas na lateral do rosto dele.
Granger disse que era coco e o desafiou a discordar. Draco discordou
naturalmente – era kiwi.
A doce paralisia estava vindo sobre ele novamente, de não querer se mexer,
de leveza em suas veias, de membros parecendo sem peso e pálpebras
pesadas. Ele queria colocar o queixo onde o pescoço dela encontrava o
ombro e ficar ali. Queria dizer coisas em seu ouvido e senti-la estremecer
contra ele. Queria ficar aqui, sendo estúpido sobre kiwi, por uma vida ou
duas. Ele queria flutuar.
Ela olhou por cima do ombro para ele para agradecer, e seus olhos se
encontraram, e os dela eram escuros e curiosos e os dele eram leves e
afiados, e eram universos colidindo. Era todas aquelas contraposições de
luz e trevas, nascidos-trouxas e sangue-puro, Ordem e Comensal da Morte e
uma terrível incompatibilidade atrás de uma terrível incompatibilidade. As
polaridades violentas que os tornaram quem eles eram.
A memória daquela noite permaneceria com Draco por muito tempo depois,
beijada pela lua e doce. A luz em seus olhos, o sabor do vinho, o brilho das
estrelas na fonte, a lenta sedução das rosas.
──── ◉ ────
Bom, esse foi gigante, então podem me avisar se tiver erros grotescos ou
coisas fora do lugar, por favor. Prometo caprichar mais no próximo. Ele
tem em torno de 3500 palavras e vai sair muito mais rápido que esse.
Um beijo grande.
18. Compensação
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Onde?
Ele a viu pela janela do café, ainda conversando com um homem. Draco
tinha formado uma imagem mental confortável desse sujeito Larsen: um
tipo de cientista pequeno e magro, provavelmente careca e de óculos.
Em vez disso, sentado do outro lado da mesa de Granger estava um homem
de 1,80m e muitos quilos. Seu cabelo era louro-avermelhado, assim como
sua impressionante barba, e seus olhos eram de um azul penetrante.
Os olhos do viking estavam fixos em Granger de uma forma que Draco não
gostou. Havia algo predatório nisso – algo faminto. E Granger estava
gesticulando e ocupada demais estando empolgada com os nanobiológicos
para notar. As suspeitas começaram a se infiltrar: esse trouxa carnudo
tentaria roubar suas ideias? Ganhar dinheiro com ela? Literalmente comê-
la?
Seu segundo pensamento foi atordoar Larsen e rasgar sua mente para
descobrir quais eram seus projetos, mas, novamente, havia as multidões e,
além disso, o homem era um oclumen. Ele precisaria amolecê-lo primeiro,
então transformar seu cérebro em purê.
Draco fez uma pausa em seu ritmo, suas vestes de Auror chicoteando
dramaticamente em suas botas.
━ ...O que?
━ Ele estava ocluindo enquanto falava com você no café. O que quer que
ele tenha dito que ele é, é mentira.
━ Vou deixar de lado a questão de por que você estava espionando meu
convidado em uma reunião que não tinha nada a ver com você...
━ Convidou você para visitar? Eu posso te dizer agora que você não está
indo. Por que ele está fingindo ser um trouxa?
━ Não sei. Talvez ele não saiba que eu sou uma bruxa? Eu o conheci em
uma conferência trouxa; não me apresento como Doutora Granger, a Bruxa,
nesses eventos. Ele pode fazer o mesmo.
Granger estava olhando para Draco como se ele estivesse fazendo muito
barulho por nada. Draco discordou.
━ Ele sabe que você é uma bruxa ━ Draco disse. ━ Ele deve saber. O mundo
mágico é muito pequeno para ele nunca ter ouvido falar de Hermione
Granger, a menos que tenha nano-orelhas em cima de seus nanocérebros.
━ Se você fizesse, não veria nada. Ele está escondendo alguma coisa. ━
Draco quase colidiu com a parede e girou para avançar novamente.
━ Interrogá-lo?
━ Amigavelmente.
━ Nós usamos você para atraí-lo para o bar. Dê algumas cervejas. Mais do
que algumas, dada a massa do sujeito. Uma gota de Veritaserum, só porque
ele sabe ocluir. Leve-o pelos fundos, amarre-o, abra os olhos dele e voilà.
Respostas. Ele acorda com um pouco de dor de cabeça e segue seu caminho
alegremente.
━ E você? Uma bela multa e a perda do seu emprego por violar cerca de
trinta leis?
━ Oh. Sim. ━ Draco foi para o outro lado do escritório. ━ Mas estarei perto.
Eu não gostei de como ele olhou para você.
━ Pesado. Demais.
━ Seus olhos não são tão penetrantes quanto os de outras pessoas, posso
garantir.
━ Ele não cheirava bem ━ Draco disse, balançando suas vestes ao redor dele
para girar novamente.
Draco sentou-se.
━ Ele não é um condenado até ser julgado e sentenciado. Mas sim. Lars, o
burro, pode esperar. Diga-me o que você tem feito... sem permissão, é claro.
Gostaria de registrar minha reprovação, aliás.
O olhar que Granger lançou para ele não foi nada impressionado.
━ Ah, porque você pede minha permissão para entrar na minha vida o
tempo todo.
Draco gesticulou para que ela continuasse. Ela deu-lhe um olhar duro que o
informou que não precisava de sua permissão nessa frente.
━ Eu pensei sobre o que você disse, sobre como seu homem estava
mantendo o Nundu para baixo. Eles são feitos para serem quase impossíveis
de manter em cativeiro.
━ Correto.
━ Naturalmente.
Granger recomeçou.
━ Dado que o seu homem é um bruxo, pensei que seria improvável que ele
fosse para um projetor de dardos, não saberia como usar uma arma. Nem
poderia instalar um sistema de vaporizador sofisticado para o composto
imobilizador que está usando, não se estiver saltitando pelo país com essa
pobre fera. Os ingeríveis seriam muito difíceis de dosar, especialmente se os
Nundu se recusassem a comer.
━ O sistema mais portátil e à prova de falhas seria algo mágico que ele
poderia modificar para usar uma seringa balística, cheia de seu
tranquilizante de escolha, onde quer que ele esteja adquirindo isso. E, como
se vê, há muito poucos fabricantes de seringas balísticas em todo o mundo.
Você sabia disso?
━ Vou deixar você continuar com isso, então ━ Draco falou, levantando-se.
━ Malfoy?
━ O que?
──── ◉ ────
E Draco ficou pensando no que faria para se redimir. Agora, ele devia a
Granger. Sujeito e explosão.
Mantenha a véspera de amanhã livre, ele anotou para ela. Tenho algo para
te dar.
Se for a cabeça de McLaggen em uma bandeja, pode ficar com ela, Granger
escreveu de volta.
Não?
Seria algo um pouco mais elegante. Usá-lo como adubo nos jardins e
depois enviar-lhe um buquê.
Ela parecia estranhamente cansada. Draco sabia por sua agenda que ela
estava trabalhando longas horas em seu laboratório naquela semana, mas
ver as sombras sob seus olhos o fez refletir sobre o quão tarde.
No entanto, ele ficou satisfeito ao encontrá-la à mesa com os restos de uma
refeição real – um ensopado de algum tipo, pão e uma tigela de iogurte. Ele
não fez nenhum comentário; ela não precisava de um eu-te-disse para saber
que a ideia dele tinha sido boa.
━ Primeiro, eu quero que saiba que isso foi uma dor de cabeça absoluta para
encontrar.
━ Oh?
━ Em segundo lugar, quero que você saiba que eu originalmente usaria isso
como alavanca para chantageá-la.
━ Você ia me chantagear?
━ Sim.
━ Em troca de quê?!
━ Para você me dizer sobre o que é seu projeto ━ Draco respondeu, soltando
o cetim grosso que envolvia o objeto.
Draco deu um passo para o lado e fez sinal para ela avançar. Granger se
aproximou da mesa, curiosidade e preocupação misturadas em seus olhos.
Os embrulhos de cetim caíram para revelar uma caixa ornamentada e
esculpida.
Dentro dele, dentro de dobras da mais fina seda, havia um livro aninhado.
Seu título brilhava em letras douradas desgastadas: Revelações.
Granger engasgou e deu um passo para trás, suas mãos em sua clavícula.
━ Como?!
━ Um amigo de um amigo.
━ Mas... mas a última cópia intacta foi destruída quando Glyndwr
incendiou...
Mas era de Granger que ele estava com saudades, então ele também devia
estar sonhando.
━ Eu não posso ficar com isso ━ ela disse, finalmente. ━ É muito precioso.
Quando eu o tiver estudado... ah, espero que as partes que estou perdendo
ainda existam neste... terei que entregá-lo a uma das bibliotecas. Não
consigo guardar para mim.
━ Faz o que quiser com isso. É seu ━ Draco disse com um encolher de
ombros indiferente. O encolher de ombros indiferente foi para mostrar que
ele era frio e não afetado, em vez de se sentir estupidamente satisfeito por
ela estar tão feliz.
━ Meu Deus ━ Granger ofegou, suas mãos em suas bochechas, que estavam
bastante rosadas. ━ Acho que se você tivesse tentado me subornar com isso,
teria funcionado.
━ Eu não faria?
━ Lupib.
━ Entendido.
━ Sério?
━ Sim.
━ Primeiro de tudo, você consegue sair para pegar leite uma vez por ano...
━ Ei.
━ Em segundo lugar, sim, especialmente esse tipo de reunião improvisada.
Eu não confio nele. Nenhum bruxo oclui uma conversa inteira, a menos que
esteja escondendo algo significativo.
━ Tudo bem, tudo bem ━ Granger disse. ━ Tendo você aparatando em Tesco
em seu kit de auror completo seria terrivelmente divertido de testemunhar,
de qualquer maneira...
Granger riu.
━ Certo.
━ Tchau, Malfoy.
Oie, amores!
A todo mundo que me deu um retorno, seja no Instagram ou nas notas aqui
do Wattpad, meu muito obrigada. Realmente, essa pausa foi muito
necessária e me sinto muito melhor. Como dito anteriormente, esse retorno
será gradual, conforme eu vou entendendo minha rotina e onde consigo
encaixar as fics.
Dito isso, a primeira parte desse retorno vai ser a finalização dessa
tradução. Uma leitora querida @lebruu chegou a traduzir os capítulos
restantes para um grupo de amigas e me deu permissão para utilizar a
tradução. Apesar de eu sempre passar meu pente fino e mudar coisinha
aqui ou ali, o crédito é dela pela parte mais difícil do trabalho.
──── ◉ ────
Draco estava se sentindo bem. Ele e outros quatro Aurores montaram uma
ala anti-aparatação em torno de um quilômetro ao redor do forte, com uma
runa antiga no centro. O time foi aconselhado por Magizoologistas que os
acompanhariam pelos perigos do Nundu – seu veneno letal sem antídoto
conhecido, sua agressividade, sua agilidade mortal.
O Nundu. (Imagem: thetimes.co.uk)
Eles se depararam com uma sala de guarda, que era uma bagunça de móveis
decrépitos e novos sacos de dormir, comida velha e milhares de seringas
balísticas que se mostraram tão críticas para rastrear Talfryn.
Agora que eles estavam em grande desvantagem numérica, não haveria luta
agradável. O que foi excelente, pois Draco preferia lutar sujo – desiludido e
com uso liberal de Legilimência. Goggin era um excelente parceiro; o
irlandês era um brigão de coração e adorava uma oportunidade de ficar
malvado.
A ala anti-aparatação era uma faca de dois gumes. Draco desejou muito
poder aparatar ao lado de Talfryn e levá-lo, mas ele estava apenas a dois
terços do caminho até lá.
Os Aurores gritaram para saírem; eles não estavam equipados para lidar
com esta besta. Draco ouviu a corrida sem fôlego de Goggin ao seu lado
enquanto eles corriam para a passagem.
Como previsto, a desilusão não funcionava com felinos mágicos. Draco fez
uma nota para contar a Ridgewell, caso sobrevivesse o suficiente para falar
com ela novamente. A besta estava rastreando o movimento deles, assim
como o de um punhado de outras figuras invisíveis para eles no pátio.
Ele e Goggin pararam e olharam para o chão, como haviam sido ensinados
por Ridgewell. Foi uma das coisas mais difíceis que Draco já fez. Todos os
seus instintos gritavam para ele fugir ou disparar uma Bombarda no rosto
da criatura.
Houve uma briga na passagem que levava à saída. Dois dos homens de
Talfryn lutavam para passar antes do outro. O Nundu saltou, atravessando o
pátio em dois graciosos saltos. A desilusão dos homens se dissipou
enquanto eles morriam, um esmagado pelo peso da criatura, o outro
casualmente decapitado pelo movimento de uma pata. Sua cabeça rolou
para os pés de Draco como uma maldita goles.
A passagem era pequena demais para o Nundu entrar. Ele voltou sua
atenção para o pátio, suas narinas dilatadas, veneno pingando de seu
focinho. Estava farejando alguma coisa.
Humphreys.
Draco não podia culpar a jovem Auror pela explosão de feitiços que ela
lançou contra a fera; ele teria feito o mesmo, se estivesse encurralado. Ela
enviou algo cortando seu rosto; ele deu de ombros com um espirro que
espalhou veneno em um raio de dois metros.
Draco levantou sua varinha; o braço desiludido de Goggin ao seu lado fez o
mesmo.
Eles cortaram suas varinhas para baixo ao mesmo tempo, fazendo com que
seus feitiços se juntassem e fossem arremessados como uma bola de fogo
em direção ao flanco da fera. O feitiço explodiu com o impacto, deixando
seus ouvidos zumbindo. Humphreys foi atingida pela força percussiva da
explosão; ela bateu em uma parede e perdeu sua desilusão. Draco podia vê-
la rastejando pela fumaça.
E o Nundu? Ele havia sido derrubado de lado pela explosão, mas agora
recuperou os pés e balançou a crina, como se isso tivesse sido um empurrão
brincalhão e não um feitiço mortal.
Ele voltou o peso considerável de sua atenção para Draco e Goggin.
Eles ergueram suas varinhas. A fera saltou. Goggin acertou-o com uma
Bombarda na boca aberta, o que lhes deu um momento de trégua quando
aterrissou, a poucos metros deles, e soltou uma tosse molhada de veneno. O
feitiço cegante de Draco foi o próximo, apontado para os olhos, quase à
queima-roupa.
Draco estava do lado de seu olho bom restante. Ele apontou outro feitiço
cegante assim que a besta virou sua cabeça pesada para ele e mostrou suas
presas novamente.
Ele acertou a fera no olho e ela o presenteou na garganta com um veneno
abrasador.
──── ◉ ────
Draco acordou com um teto branco passando por ele, como se ele ou o teto
estivessem se movendo em alta velocidade. Havia vozes erguidas e palavras
indistintas e sons de caos geral. Pés correndo, equipamento tilintando, o
zumbido das rodas.
Seu corpo não era mais seu corpo; era uma coisa composta principalmente
de dor. Ele não podia gritar.
E então, distante, ele pôde ouvir um grito. Mas não era dele – era de sua
mãe.
──── ◉ ────
Draco acordou com outro teto branco. Desta vez, não estava zunindo
incrivelmente rápido. Ele considerou esse desenvolvimento como uma boa
notícia.
Outra boa notícia: ele não sentia dor. Na verdade, ele se sentia excelente.
Ele nunca se sentiu tão maravilhoso em sua vida. Cheio de vitalidade.
Cheio de alegria.
━ Cheio de analgésicos. ━ Veio uma voz gentil. ━ Você está cheio até as
guelras com eles, criança. Não tente se levantar. Vou buscar seu Curandeiro.
A voz gentil pertencia a uma espécie de bruxa matrona com as vestes verde-
claras do St. Mungus. Uma enfermeira. Draco a observou sair, rindo com o
estranho efeito olho de peixe ocorrendo em sua visão, o que fez o bumbum
dela hilariamente grande. Então ele piscou e as paredes começaram a se
espremer para dentro. Se fechasse os olhos, via caleidoscópios. Um gato
laranja e um Nundu, girando um para o outro, lutando entre si em espirais
concêntricas, sem parar.
Ele abriu os olhos novamente. Ele estava no St. Mungus. Ele estava vivo.
Ele não deveria estar morto?
━ Sim, e você vai por mais algumas horas, pelo menos. Você está tomando
um coquetel que afeta a neurotransmissão. Era a única maneira de controlar
sua dor durante o procedimento. Você provavelmente terá alucinações... se
ainda não tiver, é claro.
━ Você pode confiar em mim ━ Draco falou. Ele tentou bater no nariz, mas
em vez disso, cutucou-se no olho. ━ Vou guardar seu segredo.
━ Falaremos sobre isso mais tarde. Quando você tiver dormido um pouco.
━ Isso é bom.
━ Não.
━ Eu quero te beijar.
━ Vá dormir, Malfoy.
Granger era uma figura distante agora, fundindo-se dentro e fora das
sombras do corredor. Ela fechou a porta atrás dela.
──── ◉ ────
Draco acordou novamente. Algo sobre o sol entrando pela janela lhe disse
que era o dia seguinte.
━ Ditano?
Draco assentiu.
Alguns minutos depois, sua mãe entrou correndo e o abraçou com seus
braços finos. Ela parecia terrivelmente abalada, pálida e cansada. Ela se
empoleirou ao lado da cama e o acariciou longamente, perguntando como
ele se sentia, como estava seu pescoço, se ele conseguia respirar, se
conseguia engolir, como ele havia dormido, e assim por diante, até que a
boca de Draco ficou seca e ele teve que pedir água.
Ele descobriu que sua equipe havia conseguido sair do forte com uma
mistura de ferimentos, embora nenhum tão terrível quanto o dele. Este era o
seu terceiro dia no St. Mungus.
━ Chega sobre eles. Estou tão... tão feliz em vê-lo bem. Eu quase perdi
você. Não sei o que teria feito.
Narcisa parou e respirou fundo para conter um soluço. Ela não gostava de
chorar.
━ Não seja arrogante sobre isso. Você não estava bem. Você quase morreu.
A garota Granger... Curandeira Granger... ela foi instrumental. Ninguém
sabia o que fazer. Esse veneno não tem um antídoto conhecido. A maioria
dos curandeiros nem sabia o que era um Nundu. Nem eu, veja bem... o que
o levou a perseguir tal criatura, eu nunca vou entender. Você estava
praticamente morto. Mas ela sabia das coisas. Coisas trouxas, eu acho. Ela
levou você para longe por quatro horas... eu compus um elogio inteiro na
minha cabeça... e quando ela voltou, ela disse que você ia viver.
━ Você vai escrever uma dedicatória para mim? Eu gostaria muito de lê-lo.
Era Granger. Ela não estava usando suas vestes de Curandeira, hoje – era
seu traje de professora trouxa. Outra daquelas saias de cintura alta e blusas
de seda.
━ Oh... er, me desculpe por interromper ━ ela disse. ━ Posso voltar mais
tarde.
Draco não podia realmente ver o que aconteceu em seguida – sua mãe se
lançou para o corredor com os braços abertos, e tudo que ele ouviu foi um
oof de Granger enquanto ela, presumivelmente, estava sendo abraçada com
força.
━ Er... à sua esquerda. ━ Veio a voz de Granger. ━ Não, sua outra esquerda.
━ E como estamos?
━ Então eu vivi.
━ Sim. Ela ficou muito louca quando viu você na maca. Era um perigo para
si mesma e para a equipe do hospital.
━ Isso significa que ela te ama muito. Você tem sorte de ter isso.
━ Certo...
━ Oh, eu não estou de serviço hoje. Só estava dando uma olhada para ver
como você estava indo. Tenho que estar em Trinity em vinte minutos.
━ Aula?
━ Avaliar. Um doutorado.
━ Talvez eu devesse sair, antes que ela volte ━ Granger refletiu. ━ Ela não
terá que reviver o julgamento do abraço tão cedo.
Draco concordou; no entanto, havia uma coisa que ele queria abordar, em
particular, antes de Granger partir... sua idiotice alimentada pela anestesia.
━ Para quê?
━ Ah.
━ Eu prefiro me Obliviar.
━ Sem auto-obliviações. Você pode usar whisky de fogo, assim como todo
mundo.
━ Certo ━ Draco disse. ━ Então eu vou para o pub o mais rápido possível.
Quando posso sair?
Granger finalmente abandonou seu posto na porta para entrar na sala. Ela
examinou a documentação variadamente presa ou flutuando acima da cama
de Draco. Então, lançou uma série de feitiços de diagnóstico que brilhavam
em esquemas verdes escuros acima do peito dele.
━ Francamente, eu poderia te dar alta amanhã de manhã ━ ela respondeu. ━
Mas sem álcool por pelo menos quinze dias, eu temo. Você acabou de
sobreviver a uma toxina letal, gentilmente permita que seu corpo se
recupere antes de começar a beber outra.
━ Não.
━ O tempo todo?
━ Sim.
━ Verdadeiramente.
━ Sim.
━ E sentar no colo?
━ Eu vou agora ━ Granger disse. Havia um gorjeio em sua voz, do tipo que
indicava que ela estava à beira do riso.
Ela se foi. Draco não – repito, não – olhou para a bunda dela enquanto ela
se afastava. Por tudo que ele sabia, algum vestígio persistente do coquetel o
faria deixar escapar algo estúpido.
Tudo bem, então ele roubou um olhar quando ela já estava bem fora da sala.
Draco não a informou que ele gostou. Narcisa já havia sofrido muitos
choques.
Draco se juntou a ela no dia seguinte e foi quase sufocado pelas atenções
conjuntas de sua mãe e dos preocupados elfos domésticos. Durante a
semana seguinte, cada passo seu – entre um fluxo constante de amigos e
simpatizantes – foi assombrado por um elfo ou Narcisa carregando pomada
Vahlia, sopas restauradoras ou compressas quentes. Ele definhou em
deliciosa auto-indulgência sob seus cuidados nos primeiros dias, e depois se
cansou disso e passou a se esconder em lugares distantes dos terrenos da
Mansão pelo resto de sua recuperação.
━ Um elfo doméstico? Sério? Aquela bruxa salvou sua vida. Você vai levar
para ela, com o máximo de agradecimentos efusivos que puder transmitir.
━ Certo.
━ Ou coisas trouxas. Nada de coisas trouxas. Bem... talvez sim para coisas
trouxas. Eles têm órfãos? Cuide para que você descubra.
━ É claro.
━ Feliz por isso ━ Draco disse com uma medida igual de despreocupação. ━
Eles se saíram muito bem.
Então sua mãe ia ser intrometida sobre isso. Não é uma surpresa.
━ Sua lontra.
━ Sim. Ela estava parcialmente certa, veja bem; eu dei uma concussão em
McLaggen.
━ Claro.
━ Uma colega?
━ Não, não tenho tempo. Eu só queria observá-lo com meu olho redondo...
━ Enquanto ela dizia isso, seu olho ficou bem redondo. ━ E garantir que
você sobreviveu ao veneno Nundu. Os rumores são verdadeiros. Mostre-me
a lesão; deve ser dramática.
Draco puxou seu colarinho, que estava pegajoso com pomada de Vahlia.
━ Oh, você sabe, um pouco pior para o desgaste, um pouco mole, um pouco
machucado. Goggin e Buckley ainda estão tossindo inalante; teremos que
inventar melhor do que os feitiços cabeça-de-bolha, da próxima vez.
━ E Humphreys?
━ Bom.
━ O que?
━ Humphreys não poderia... Granger tem um gato ━ ele disse. Para seus
ouvidos, a fraqueza da desculpa ressoou embaraçosamente pela sala de flu.
Tonks zombou.
━ Humphie irá contornar isso. Não seja bobo. Ou talvez eu passe o trabalho
para Goggin para manter seu nariz intacto por um tempo; o homem se
envolve em cada missão...
Agora Tonks retirou a cabeça das chamas. Draco a ouviu gritar: ━ Alguém
mate essa maldita coisa! ━ Sua cabeça apareceu de volta. ━ Desculpe.
Weasley está tendo uma crise: há uma aranha.
Tonks retrucou.
Ele também ponderou sobre a incômoda questão de por que não deixou o
trabalho de Granger. Algumas razões imediatamente óbvias vieram à mente.
Bem, não exatamente motivos – memórias, sim, de momentos específicos:
uma noite dourada na praia; a maneira como ela mordia o lábio quando não
queria rir; rosas e seus efeitos fascinantes; a sensação de seus beijos alegres.
Mas essas não eram razões e, portanto, foram facilmente descartadas como
sentimentos sem sentido.
Ali. Isso era melhor. Tudo fazia sentido. E se uma parte minúscula dele
apreciava as "férias" ridículas de Granger, ou se deleitava com sua
companhia, ou começava a ansiar por vê-la, ou qualquer coisa desse tipo,
era vastamente dominada por esse raciocínio robusto.
Sua mãe o chamou para a sala de jantar para avisá-lo de que o arranjo de
flores estava pronto e que ele poderia entregá-lo a Granger o quanto antes.
Draco enviou uma nota para ela, perguntando sobre sua disponibilidade
naquela noite.
Ela estaria no pub com Potter e amigos, mas chegaria em casa às nove. Isso
serviria?
Naquela noite, Draco se retirou para seus aposentos para tomar banho e
fazer a barba. Enquanto passava uma gota de colônia em seus pulsos, ele
sentiu estranhamente como se estivesse se preparando para um encontro. O
que era idiota, porque tudo o que estava fazendo era ser um garoto de
recados para sua mãe, na verdade.
━ Claro que não ━ ela disse, aceitando o buquê. ━ Elas são lindas demais.
━ Com os elogios da minha mãe. Ela anexou uma carta para você. Devo
também transmitir-lhe os meus exuberantes agradecimentos por ter salvado
a minha vida. Por favor, diga a ela que eu fiz isso, se ela perguntar.
━ Sua efervescência me tirou do sério.
━ Perfeito.
━ Acredito que minha mãe os encantou para durar... mas suponho que não
poderia ser ruim.
━ Você pode entrar, se quiser ━ ela chamou. ━ Se você não tiver outros
planos?
Foi a segunda vez que uma mulher provocou Draco por suas dificuldades
hoje e ele se sentiu um pouco sobrecarregado.
━ Vou lhe oferecer uma xícara de chá padrão ━ ela disse. ━ Isso será
revigorante, depois de todos os mimos que você suportou?
━ Mais tarde, por favor ━ ele pediu. ━ Já ouvi o suficiente sobre seu alívio
por seu filho ainda estar vivo.
━ Ela quer que você saia do negócio de Auror, sabe. Está bastante
desgostosa com isso.
━ Eu sei. Ela nunca amou isso para começar. O incidente de Nundu é o mais
perto que cheguei de morrer no trabalho. Um choque para ela.
Sua lontra flutuou para Draco e parecia tão arrependida quanto uma lontra
poderia.
━ Ela está. Até se ofereceu para me dar a escolha da ninhada para minha
próxima missão, como recompensa... e para me tirar dessa missão de
proteção.
━ Sério?
━ Sim.
Ela ligou a chaleira; estava de costas para Draco, mas havia uma tensão em
seus ombros.
━ Eu disse não.
━ Bichento, o que você está fazendo, seu tolo? Você vai deixar o pêlo todo
em cima dele.
Como se tivesse sido lembrado desse imperativo central em sua vida, o gato
deu alguns passos em direção ao peito de Draco e esfregou-se contra suas
finas vestes pretas. Sua cauda passou por baixo do queixo.
━ Você pode tentar ━ ela respondeu, embora houvesse dúvida em sua voz.
Draco arrumou seu cabelo, que nunca tinha sido usado de forma tão
vergonhosa.
━ Esqueci de esquecer de ferver a água ━ Granger falou, servindo o chá em
duas canecas fumegantes. ━ E você... você está satisfeito? Eu sei que a
tarefa de proteção não era o resultado preferido para nenhum de nós. Estou
bastante surpresa que você decidiu mantê-lo.
Draco mexeu leite em seu chá, o que lhe deu tempo para pensar em uma
resposta agradável e neutra.
━ Eu não passaria meu anel de família para outro Auror... que é a única
maneira de manter a proteção minimamente intrusiva para você.
━ E... acho que gostaria de ver a coisa até o fim ━ Draco disse. ━ Agora que
cheguei até aqui.
━ Um finalizador.
━ Ocasionalmente.
━ Seis meses inteiros. Para onde foi o tempo? E só tentamos nos matar duas
ou três vezes. Estamos indo bem.
━ Sua última tentativa foi a mais bem sucedida até agora ━ Draco disse com
um gesto em seu pescoço.
━ Como você curou isso? Mamãe disse que você fez coisas trouxas.
━ Então. Assim que você mencionou que havia um Nundu em solo inglês,
pensei que seria útil fazer um pouco de pesquisa.
━ Sim.
━ Foi um projeto de estimação. Por tudo que eu sabia, não estava indo a
lugar nenhum. Afinal, não há antídoto conhecido.
Granger, que estava sentada à mesa, se afastou dela, acenou com a varinha e
começou a se aquecer para a palestra. Diagramas, frascos e moléculas
ganharam vida ao seu redor.
Arte de tirar o fôlego por nikitajobson
━ O veneno de Nundu é uma potente neurotoxina conhecida como
Alorectina, esta roxa. Quando eu estava lendo sobre seus efeitos, eles
pareciam quase idênticos a uma biotoxina não mágica chamada Fenitoxina,
aquela laranja. É um veneno predatório. Fiz um trabalho de laboratório para
confirmar a sinonímia.
━ Correto. Você tem sorte que sua equipe o levou ao St. Mungus tão rápido
quanto eles. De qualquer forma, existem protocolos experimentais de
tratamento trouxa estabelecidos para Fenitoxina e, bem, dado que era isso
ou sua morte iminente, eu os administrei. Neostigmina, inibidores da
colinesterase, agonistas alfa-adrenérgicos.
━ Por que?
━ Isso me desestabiliza.
━ Professora.
━ De qualquer forma, você vai entrar para a história como o Auror que
lutou contra um Nundu e sobreviveu ━ Granger falou sobre o som da água
caindo.
━ Sinto que devo receber um troféu. Ou uma placa. ━ Draco pausou, então
acrescentou: ━ Não... se alguém está recebendo placas, deveria ser você. Eu
realmente não fiz nada além de entrar em um fluxo de veneno fresco da
fonte.
━ Tenho tantas placas que não faço ideia do que fazer com elas. Um
espertinho uma vez chamou minha coleção de mosaico, você sabe.
━ Devo perguntar se você tem órfãos ou outras causas nobres para apoiar.
Minha mãe e eu desejamos adicionar nossa considerável influência a
qualquer questão que esteja próxima e querida ao seu coração.
━ Seja séria.
Granger olhou para ele, viu que ele estava falando sério, e suspirou.
━ Certo. Mas talvez "um pouco acima e além" ━ Draco disse, ecoando os
sentimentos de Granger em um vestíbulo distante.
━ Pss.
━ Da mesma forma ━ Draco falou, porque era verdade. ━ Então, o que vai
ser? Teremos o maior prazer em contribuir para o seu fundo de pesquisa.
Disseram-me que é muito caro administrar um laboratório.
━ Quantifique "grande".
━ Você descobrirá.
━ Então, por favor, encaminhe para a ala Janus Thickey para os residentes
de longa data do hospital. Está terrivelmente velha e suja.
━ Feito.
━ Tudo bem.
━ Exatamente.
Eles se olharam.
Ela nem mesmo aceitou a oferta de financiar sua própria pesquisa. Ela tinha
que ser tão boa? Tão caridosa? Tão pura?
Ele olhou em volta, meio que esperando que uma manada de unicórnios
descesse sobre sua cabana para ser acariciada por ela.
━ O que?
━ Os unicórnios?
Granger se levantou para levar as canecas vazias para a pia, olhando-o por
cima do ombro com suspeita. Draco também se levantou, para trazer as
colheres, mesmo que pudesse levitar com a mesma facilidade. Mas ela
estava fazendo à mão, e ele estava em sua casa, então ele fez o que ela fez,
e isso não era uma desculpa para ficar perto dela.
━ Você viu como minha própria cópia estava danificada (não minta, eu sei
que você viu)... eu tinha talvez trinta por cento do texto em sua forma
integral. Consegui fazer certas inferências educadas, mas logo chegaria a
um beco sem saída.
Ela acenou para longe dos feitiços, lançou algum tipo de protetor em sua
mão e abriu o livro.
━ Eu posso o quê?
Ele não esperava a força de seu lançamento. Ela pulou para alcançar seu
pescoço, trancou os braços ao redor dele e o apertou em um abraço de
sincera gratidão. Ele passou um único braço educado ao redor dela – para
manter o equilíbrio, ou algo assim. Ela cheirava a chá e açúcar e se sentia
deliciosa contra ele.
Draco esperou que sua língua lhe fornecesse uma resposta espirituosa, mas
se viu experimentando um vazio lexical absoluto. Nada espirituoso estava
por vir. Nada imprudente, também. Ele estava tão bom quanto atordoado.
Ele cometeu um erro tático ao olhar para baixo, e então viu seus olhos
calorosos, e seu sorriso, e oh não. Agora ele queria envolver seus braços ao
redor dela – realmente, não essa coisa meio bunda que ele tinha – e levantá-
la. Fazer um abraço de verdade, uma coisa de corpo inteiro, contato frontal
completo, era isso que ele queria. E talvez a depositar no encosto do sofá;
parecia o tipo certo de altura. E então, outras coisas.
Ele não fez essas coisas. Porque ele não era um idiota. E ela fugiria
gritando. E provavelmente daria um tapa nele. Era Granger.
Ela voltou para sua entusiasmada visita guiada ao tomo, apontando para
algumas marcas ao longo das bordas das páginas.
Ele era um mentiroso; ele estava flutuando em algum lugar nos confins do
universo em um torpor feliz.
Granger parecia sentir que ela havia perdido a atenção do público. Com um
pequeno suspiro feliz, ela fechou o livro.
━ Como assim?
━ Eu deveria ir.
━ Encantador. Obrigada.
Draco poderia ter falado uma verdade secreta sobre como a fadiga de
alguma forma se tornou ela. Como as manchas sob seus olhos falavam do
trabalho incansável de uma mente brilhante. Como sua trança casual parecia
encantadoramente ingênua e convidava o jogo de dedos entre gavinhas
escapadas.
Granger abriu a porta da frente. Draco passou por ela para sair com um
roçar fugaz de seu braço contra seu ombro. Ele entrou na noite banhada
pela lua de julho, doce com o aroma pleno do verão.
━ Alguém já lhe disse que você pode estar se esforçando demais? ━ Draco
perguntou.
━ Bom.
Draco zombou.
━ Eu não serviria como mensageiro deles. Estou feliz que eles notaram e
não são amigos completamente inúteis.
━ Tss.
Ela estava emoldurada pelo brilho dourado do chalé atrás dela, luzes suaves
e um fogo na lareira. Sua sombra cintilou na varanda. A sombra de Draco
era mais escura, projetada por trás, uma sombra da lua cruzando
delicadamente com a dela.
E foi uma coisa estranha, porque ela estava cansada, e ele estava saindo, e
ainda assim, parecia que ambos estavam demorando.
Ele queria ficar. Era gostoso ficar. Ficar sob as glicínias desbotadas,
observando suas sombras se misturando e brigando por coisas sem
importância. Havia algo terrivelmente precioso nisso. Talvez porque fosse
desnecessário. Foi por prazer. Foi apenas isso.
Ele a observou por um tempo, por um sinal de impaciência, mas não havia
nenhum. Apenas um quadril contra o batente da porta, um braço preso
frouxamente em sua cintura. Ela estava falando sobre sua mãe agora,
pedindo-lhe para dizer a ela que ela adorava as flores. Ele disse algo em
troca, algo que ela pudesse responder, para continuar a prolongar o
momento.
Ele disse que era a coisa mais linda que ele já tinha visto. Ele estendeu a
mão para pegá-lo. Ele puxou os dedos contra os dela.
Sim. A menos que ele estivesse muito enganado, havia algo entre ele e
Granger.
Sumi por um tempinho beeeem menor dessa vez. Como eu disse, estou
voltando bem aos poucos enquanto me arranjo na nova rotina.
Vou postar esse por agora enquanto estou arrumando o próximo que tem
belíssimas dez mil palavras. Se conseguir, posto hoje.
──── ◉ ────
Foi então – com o rosto na axila de Potter – que Draco começou a perceber
que algo perigoso estava acontecendo. Algo impróprio para o Maldito
Draco Malfoy.
Quando começou? Ele não tinha certeza. Houveram, agora que ele estava
olhando para trás e abordando objetivamente, certos momentos cruciais.
Talvez quando eles dançaram. Talvez em Provença. Talvez quando ela
tocou em sua Marca, cheia de cicatrizes. Talvez quando ela se colocou em
um esgotamento mágico para resgatá-lo de uma ameaça inexistente no
campo de Quadribol. Ou quando ela o chamou de força em sua análise
SWOT. Pode ter sido quando ela ficou loucamente entusiasmada com o
musgo. Ele não sabia. Tinha sido gradual e lento e facilmente ignorado.
E, além disso – além disso! – Draco detestava sentimentos. Eles eram uma
irritação e uma distração na melhor das hipóteses e uma vulnerabilidade
hedionda na pior. Ele havia se esquivado com sucesso de sentimentos em
todos os seus envolvimentos com o sexo frágil, incluindo no seu noivado
com Astoria. Era um bom hábito a ser cultivado. Mantinha as coisas limpas
e arrumadas. Mantinha ele invicto e livre.
Enquanto isso, Theo, sendo um sujeito ocioso (diferente de Draco, que era
um campeão de diligência) estava reclinado em uma cadeira, com um copo
na mão. Sendo inútil, como sempre.
━ Nós odiamos. Exceto ela. Mas eu preciso odiá-la. Bem... talvez não ódio.
Desgostar. Ou... ou melhor, continuar a me incomodar com ela. Não gostar
dela, em todo caso.
━ Por que?
━ Quem?
━ Ela.
━ Mmm. Discordo.
Draco zombou, andou um pouco mais, então passou a mão pelo cabelo.
━ Isso é ruim.
━ Não.
━ Cale-se.
━ Todas as opções acima, então ━ disse Theo. Ele comeu uma uva e parecia
satisfeito.
━ Nenhuma delas. Vai se foder. ━ Draco foi para um canto da sala, ficou
parado por um momento, e então caminhou de volta para Theo. ━ Há cem –
mil – razões pelas quais eu não deveria ter nenhum desses sentimentos.
━ Enumere as razões.
━ Não.
━ Fica mais fácil pensar sobre essas idiotices sem – eurgh – sentimentos.
━ Ah, isso é delicioso. Muito mais interessante do que seus contos sórdidos
habituais. Os top três, pelo menos.
━ Bom.
Draco retomou sua caminhada agitada pelo salão. Suas vestes rodopiantes
acertaram a garrafa de vinho de Theo e ela se estilhaçou contra uma parede.
Theo assobiou.
━ Você tem sorte de eu ter bebido a maior parte disso. Está envelhecendo
desde que eu era uma espécie de zigoto. E agora olhe para isso –
encontrando seu fim porque Draco Malfoy tem uma queda por alguém.
━ Então, o que é?
━ Não sei. Eu não quero. Acho melhor não vê-la. Deixar isso passar.
━ Então o que você sugere? Não quero vê-la novamente. Eu serei apenas
um tolo de olhos apaixonados tentando encontrar desculpas para colocar
flores no cabelo dela.
━ Eu diria para encontrar outra pessoa para distraí-lo, mas tenho a sensação
de que essa foi sua primeira linha de ataque e um fracasso miserável.
━ Ah.
━ O que devo dizer, da próxima vez que ouvir seu bom nome sendo
manchado?
━ Eu não posso, disse Draco. ━ G... minha Curandeira disse que eu tinha
que ficar sem bebida por quinze dias. Eu tenho que esperar até terça-feira.
Draco olhou para Theo, mas Theo parecia estar seguindo essa linha de
investigação inocentemente.
━ Certo.
Draco, bastante certo de que estava sendo iscado, agora, apenas farejou.
━ Se você acha que uma Curandeira arrogante seria uma adição empolgante
ao grupo de sempre.
━ Eu acho que ela pode ser. E apenas pense: nós poderíamos ter dança e
chocar Luella com a visão de Granger se aconchegando em você...
Draco estava surdo para o resto da frase; suas funções cognitivas estavam
inteiramente ocupadas pela adorável noção de segurar Granger em seus
braços. Vestido aberto nas costas novamente, certamente. Verde estava bom.
Ou preto? Ela provavelmente seria uma visão em preto. E saltos que a
levariam à altura certa para...
Não. Porra.
━ E você?
━ E mamou.
━ Oh, sim.
━ Minha nossa.
━ Oh, meu Deus... ━ Theo respirou. ━ Você está ficando lírico sobre os
olhos. Isso é perigoso.
━ É mesmo?
━ Terrivelmente. Você tentará sonetos a seguir. Então não será mais uma
paixão, será amor.
Draco estremeceu.
━ Eu não vou ler seus poemas, se isso acontecer. Estou lhe dizendo agora,
eu me recuso. Eles serão horríveis para a alma.
━ Não haverá porra de poemas ━ disse Draco. ━ Talvez eu tenha que forçar
o meu caminho através disso. Quando surgirem pensamentos, simplesmente
anulá-los.
━ Anulá-los.
━ Sim.
━ Isso não me parece saudável, meu velho ━ disse Theo, descascando uma
uva. ━ Mas o que eu sei.
━ Nada, como esta conversa deixou bem claro. Estou indo. Não preciso
pedir que guarde isso para você.
━ Obviamente.
━ Vai se foder.
──── ◉ ────
Ele e Granger falavam pouco, com apenas um ocasional Bloco dela para
avisá-lo sobre sua participação em eventos públicos ou movimentos fora da
cidade. De Larsen não ouviu mais nada. Granger disse que o homem havia
se tornado distante e não parecia mais interessado em se encontrar com ela.
Draco tomou isso como uma boa notícia, embora o viking e seu interesse
em Granger ainda pesassem sobre ele. Ele casualmente adicionou a
descrição de Larsen à lista de Pessoas de Interesse dos Aurores, com uma
nota para contatá-lo diretamente, caso esse indivíduo fosse visto em solo
inglês.
Draco ficou confiante de que o Algo não era nada, afinal – um lapso
momentâneo de julgamento, uma paixão de verão esquecível.
Ele estava tão confiante – ou, talvez, ansioso para provar isso para si
mesmo – que quando Granger o avisou sobre seu próximo passeio de
asterisco, ele decidiu acompanhá-la.
Draco disse a si mesmo que sua expectativa para o encontro se devia apenas
ao fato de ser um final agradável e fácil para a programação de segunda-
feira, que consistia em uma visita ao St. Mungus, seguido por um local de
caça Necromante.
━ Uma médica, você disse? Permitimos que eles pratiquem no St. Mungus?
Eu não fazia ideia, disse outro membro do conselho.
Por fim, chegaram ao quarto andar. Granger não havia exagerado o quão
suja era a enfermaria de cuidados de longo prazo. Enquanto caminhava pela
porta, Draco notou que o J e o T estavam faltando na placa, que proclamava
empoeirada:
Outras camas tinham cortinas fechadas ao redor delas. Uma voz flutuou
atrás de um deles, suave, triste e familiar, mas Draco não conseguia
identificá-la. Uma criança respondeu.
Ele manteve a voz baixa, mas suas perguntas foram afiadas: havia uma
razão pela qual o Conselho não considerava adequado injetar fundos nesta
ala desde, ao que parece, 1903? Por que os fundos para manutenção e
conservação não foram direcionados para cá? Eles foram desviados para
outro lugar? Muitos almoços e jantares da diretoria no Seneca, talvez? A
Diretoria não realizou visitas regulares ao hospital? Eles consideraram esta
ala aceitável? Por que esta parece ser a primeira vez deles aqui? Por que só
havia dinheiro suficiente para um curandeiro nesta ala, enquanto o café no
andar de cima oferecia chocolate quente Porcelana? Por que os valentes
sobreviventes da grande guerra tinham uma única janela e nenhuma
banheira? Por que, pelo amor de Merlin, eles não poderiam substituir o
maldito 'J' na porta da frente?
━ T...tudo bem.
━ Será transformador.
━ Cláusulas?
Houve um suspiro seguido pelo que poderia ter sido o som de Smethwyck
caindo em um desmaio.
22. Lughnasadh; O Topo do Mundo
Draco rapidamente arrumou a frente de suas vestes para que elas caíssem
sobre seu peito, sugerindo peitorais robustos. Ele passou a mão pelo cabelo
para se certificar de que parecia rudemente despenteado, como convinha a
um Auror que fazia coisas rudes e viris.
Então ele se reclinou contra um poste de luz para esperar por Granger, com
a intenção de projetar uma vibe legal, casual e desinteressada.
━ Você teve que escolher essa polegada quadrada precisa para aparatar? ━
Draco perguntou irritado, tirando a poeira de suas vestes.
━ Você não conseguiu encontrar outro lugar para relaxar além da via
principal?! Sério? ━ Granger se levantou. ━ Acho que meu pé estava no seu
baço.
━ Eu senti.
Eles se levantaram e se olharam em uma espécie de avaliação mútua. Fazia
quase um mês desde a última vez que se viram. Granger estava com aquele
olhar sobrecarregado de novo ━ as manchas profundas sob seus olhos, a
boca repuxada.
Não ofuscou.
━ Obrigada. Posso perguntar sobre o globo ocular que você tem sobre o
ombro?
Draco olhou para baixo. Qualquer que seja o cadáver com o qual ele tenha
lidado mais recentemente, deixou um olho e um longo nervo óptico
enrolado na parte de trás do braço, arruinando bastante sua vibe fria e
casual.
Os olhos de Granger percorreram o resto dele, mas não havia mais partes de
corpos desonestos para serem encontrados. Ela gesticulou para a estrada.
━ Irma?
━ Madame Pince.
Draco notou que não havia nenhum fluxo de informação dirigido a ele,
nenhum 'Olha, Malfoy, nenhum insulto pela vegetação' para apontar para
uma folha. Talvez Granger estivesse cansada ━ este era, na melhor das
hipóteses, seu primeiro dia de folga desde o solstício de verão. E aquele
feriado dificilmente tinha sido um momento relaxante: muitas freiras
assassinas.
Mas havia mais do que cansaço ━ havia também uma espécie de reserva
vindo dela. Ela estava mantendo distância. Ele se perguntou,
descontroladamente, se ela também havia notado o Algo, e se isso a havia
assustado tanto quanto a ele.
━ Eu sei.
Eles espiaram no Salão Principal, onde estavam as quatro mesas das Casas,
gastas e vazias, esperando primeiro de setembro. O salão sempre pareceu
tão grande, as mesas quase intermináveis. Agora Draco não tinha certeza se
conseguiria se espremer em um dos bancos da Sonserina sem se machucar.
Eles continuaram passando por salas de aula vazias que cheiravam a giz e
anos de tinta derramada. A luz do sol entrava pelas janelas empoeiradas.
Granger foi recebida por Madame Pince com algo que se aproximava do
calor ━ uma pitada, um tipo reticente de calor. Draco foi observado com
surpresa, duas vezes, porque estava com Granger.
━ O Manuscrito de Ypres. Eu sei que você pode lidar com livros raros, Srta.
Granger, mas tenha um cuidado especial com este. Eu tirei as proteções
para você.
━ Você?
━ Curioso, sim ━ disse Draco. ━ Ele deve ter sido um rapaz corajoso. A
menos que fosse Weasley. Ele não conta. Não pode, principalmente.
━ Não seja malvado ━ disse Granger. ━ Mas, não... Rony não foi meu
primeiro beijo. Viktor teve essa honra.
━ Viktor?
━ Krum.
E agora ele estava aqui de novo, mas a única saia para perseguir era a de
Granger. Seu olhar vagou para seu traseiro e pernas enquanto ela andava à
frente, até que ele se pegou imaginando como ela ficaria empurrada contra
os livros, e então ele deu a si mesmo um peteleco mental na orelha. Não.
Ele não estava fazendo isso. Ele estava anulando.
A Seção Restrita havia sido ampliada para exibir a coleção de Snape, mas
fora isso parecia a mesma de sempre. Draco acenou com a varinha por
curiosidade, sorrindo enquanto iluminava as várias proteções e azarações
desagradáveis espalhadas pelas prateleiras.
━ Pince tem um talento para isso aqui, eu assumo ━ disse Draco. ━ Talvez
ela tenha perdido seu chamado como freira.
Ela fez uma pausa para empurrar uma mecha de cabelo úmido de sua testa.
Em vez de se sentar para ler, como Draco esperava, ela simplesmente pegou
seu celular e começou a ━ se ele estava entendendo direito ━ tirar fotos das
páginas de seu interesse.
O problema com Granger era que ela sempre vinha com novas intrigas. Ela
nunca o entediava. Por que ela não podia entediá-lo? Seria mais fácil para
todas as partes se ele não estivesse perpetuamente estimulado por ela.
(Intelectualmente, obviamente.)
Granger se inclinou sobre a mesa de leitura para tirar as fotos. Draco não
olhou para ela. Na verdade, ele se afastou dela, conjurou um espelho e
tentou salvar seu cabelo.
━ Seria muito mais conveniente para mim revisar este manuscrito em casa ━
disse Granger ━ mas Madame Pince nunca me deixaria removê-lo da
biblioteca. Então estou fazendo a próxima melhor coisa: fotos digitais. Não
conte a ela. Ela vai pensar que estou roubando a alma do livro ou algo
assim.
━ Certo. Estou bastante feliz por você não estar se preparando para uma
leitura. Estou suando aqui ━ disse Draco, tirando suas vestes e abrindo o
colarinho.
Granger dirigiu outro feitiço refrescante para ele, e depois para si mesma.
Ela puxou seu cabelo em uma mecha acima de sua coroa e empurrou sua
varinha através dele.
Draco, tendo feito o seu melhor com seu próprio penteado, veio ao lado
dela para observar o manuscrito. Continha diagramas de procedimentos
médicos e pacientes medievais em vários estados de angústia.
Ele notou que Granger estava ficando bem longe dele, embora ela estivesse
sendo casual sobre isso. Se ele se aproximasse, ela encontrava uma razão
para passar para o outro lado da mesa. Se ele se juntasse a ela lá, ela dava a
volta novamente para tirar suas fotos de um ângulo diferente.
Ele deveria se ofender? Ele deveria estar feliz? Ele não sabia. Ele se sentiu
ofendido, mas isso era porque as bruxas geralmente não fugiam de sua
proximidade.
━ O que?
━ Não ━ disse Granger com um rápido olhar para ele. Ela voltou para suas
fotografias.
━ É uma boa mudança, você sabe, a companhia dos vivos. Você tem um
pouco mais de vitalidade do que um cadáver cambaleante.
━ Você tem tanto jeito com as palavras ━ veio sua resposta seca. ━ Isso me
desfaz completamente.
━ Acabou? Já?!
━ Eu suponho que você deveria ━ disse Pince. Seu olhar agora viajou para o
rosto de Draco e seu cabelo, e sua gola, e então sua braguilha.
━ Ela olhou.
━ Estou perturbado.
━ Eu acho que ela acha que nós aparecemos para uma porra de uma
rapidinha.
Granger girou tão rapidamente que suas saias balançaram em um círculo ao
redor de suas coxas.
━ E se estivermos errados?
━ Estamos errados?
━ Desculpe.
━ Se você vai me imitar, gentilmente abaixe uma oitava; isso foi penetrante.
━ Granger voltou para a biblioteca. ━ E por que ela não estava suada? ━ ela
chamou por cima do ombro.
━ Ela se foi ━ disse Granger. ━ Não foi possível encontrá-la. Ela deve ter
saído pela entrada leste.
━ Uma carta?! Sério? Você quer que eu coloque esse absurdo por escrito?
Querida Madame Pince, você olhou para a protuberância de Malfoy, então
não tínhamos certeza se você tirou conclusões precipitadas, mas por favor,
esteja ciente de que eu não fiquei com ele na biblioteca? Atenciosamente,
Hermione?
Draco foi incapaz de conter uma risada. Ele caminhou à frente dela,
sentindo que poderia ser mais seguro estar longe de um golpe.
━ Ai... o que...
━ Não. Eu vim aqui com permissão explícita para usar a biblioteca, não
para levar Draco Malfoy em um nostálgico passeio panorâmico pelo
castelo. E se Filch nos pegar?
━ E se Filch nos pegar? ━ repetiu Draco, descendo as escadas. ━ Oh, ele vai
nos mandar direto para a detenção, eu espero.
Ele olhou para cima para ver que Granger tinha uma mão em seu quadril.
Agora ela tinha quatorze anos novamente. Ela parecia estar esperando que
um monitor aparecesse, para que ela pudesse denunciá-lo e ter os pontos da
casa marcados.
━ Por que você está aqui com ela? ━ Perguntou Phineas, apontando com a
cabeça para Granger.
Granger, que ficava olhando por cima do ombro dela como se McGonagall
pudesse se materializar e dar uma bronca nela, sorriu ao ver o cavaleiro.
━ Senhor Cadogan!
━ Você está com esse patife, mesmo? ━ disse o cavaleiro, apontando para
Draco com sua espada. ━ Você está aqui sob coação?
━ Ele é um auror, seu idiota ━ disse Phineas. ━ Claro que ele tem um
coração valente. Arriscando o pescoço por imbecis diariamente, aposto.
Eles foram para a sala de Poções. A porta estava entreaberta. Draco entrou.
Tudo parecia igual, só que menor; as bancadas bem esfregadas, a fileira de
pias velhas, os caldeirões empilhados ao longo da parede dos fundos.
Draco foi até o que tinha sido sua mesa de trabalho por sete anos. Granger
ficou indecisa na porta, então o seguiu para dentro.
━ Certo. Chega de suas vulvas conceituais. Vamos para a sua sala comunal.
Granger tentou liderar o caminho, mas logo ficou claro que ela não tinha
mais do que uma noção geral de onde ficava a sala comunal da Sonserina.
━ Aqui?
━ Vamos tentar. Por cinco minutos, Granger. Eu não estou pedindo para
você adivinhar coisas da Sonserina até a próxima semana.
Nem mesmo um tremor da pedra. Granger pareceu levar para o lado pessoal
e começou a se aquecer para o exercício.
Granger ofegou.
━ Um estúpido!
━ Um estúpido infantil.
━ Um grosso!
━ Godric, o burro.
━ Bastante.
Um tipo de risada nasal emanava atrás deles. Phineas havia deslizado para
dentro de uma pintura de uma paisagem montanhosa.
━ Na verdade eu...
Phineas olhou para Granger, que estava corando furiosamente, e então para
Draco, que o encarou com um sorriso.
━ Gurdyroot.
A parede se abriu para revelar a porta escura e polida que levava ao salão
comunal da Sonserina. Draco a abriu.
Parecia que a escola tinha feito alguns esforços para iluminar o lugar. As
lâmpadas esverdeadas e bulbosas dos dias de Draco foram substituídas por
lâmpadas a gás que davam um brilho quente ao quarto. A mobília parecia a
mesma da juventude de Draco ━ sofás de couro e cadeiras de espaldar alto,
mesas e armários esculpidos com ornamentos. Espelhos dourados
brilhavam nas sombras.
E agora parecia uma sala de jogos infantil. As mesas para a lição de casa.
As regras da Casa fixadas no quadro de avisos. As faixas desbotadas
comemorando as vitórias passadas na Copa das Casas. As estantes com seus
livros gastos. Era tudo tão pequeno.
Granger fungou.
━ Agora isso é interessante ━ disse ela, chegando às janelas que davam para
a água.
Draco a deixou com sua observação. Ele entrou no círculo de cinco camas
com dossel verde que ocupavam o resto do quarto. Goyle, Crabbe, Zabini,
Nott. Morto, morto, vivo, vivo.
Finalmente, ele chegou a que tinha sido sua cama. Certamente, certamente
não tinha sido tão pequena. Sempre pareceu tão grande.
━ Nada de Lula Gigante, mas vejo que um Malfoy Gigante tomou posse de
uma das camas.
━ Você não achava triste aqui? Eu não posso imaginar o quão frio seria no
inverno.
Difícil discordar.
Granger se levantou. Ele observou suas saias passarem pela cama. Uma
lufada de seu sabonete a seguiu.
Ele anulou uma ideia não muito formada envolvendo Granger e esta velha
cama antes que ela pudesse atingir uma forma e então ━ o horror ━ viver em
sua mente.
Eles refizeram seus passos para fora do dormitório e pela sala comunal.
Draco deu uma última olhada ao redor. Ele poderia não estar de volta aqui
por mais uma década. Seria ainda menor, então? À medida que a vida
avançava implacavelmente e suas memórias de infância diminuíam e
diminuíam em um ponto de luz cada vez menor atrás dele?
━ Você realmente veio para relembrar ━ disse Granger. ━ Você ficou todo...
todo melancólico.
Granger foi para o corredor que eles desceram, da sala de Poções. Draco a
pegou pelo cotovelo e lhe mostrou uma saída mais rápida, subindo uma
escada estreita que levava direto ao Hall de Entrada.
Por que ele a pegou pelo cotovelo? Ele não tinha motivos para pegá-la pelo
cotovelo. Ele poderia ter dito alguma coisa. Isso foi estúpido, e um fracasso
de Anulamento.
Ele a deixou subir a escada estreita primeiro e, porque o traseiro dela estava
bem ali, ele olhou para os pés por todo o caminho.
━ Bem ━ você é bem-vindo para se juntar a mim, mas não será tão
rebuscado quanto na Mansão.
Ela tentou a porta do Três Vassouras, apenas para encontrar um aviso
indicando que eles estavam fechados até setembro.
━ Não tenho certeza se estou tão desesperada. Ouvi dizer que decaiu
bastante desde que Aberforth se aposentou.
━ O que? Não pode ser tão ruim para uma cerveja e um pouco de comida de
pub, pode?
Poderia.
Draco e Granger foram recebidos (se um termo tão alegre pudesse ser
usado) por um homem que parecia mais um Skrewt do que a maioria dos
Skrewts. Ele parecia irritado que eles se atreveram a dar-lhe trabalho. Essa
foi a bandeira vermelha número um de que esta seria uma experiência
excepcionalmente terrível.
Eles pediram uma cerveja; eles foram informados de que não havia cerveja
no local. Essa foi a bandeira vermelha número dois. A essa altura, um par
mais sábio teria levantado e saído, mas uma espécie de curiosidade se
acendeu neles, para ver o quão ruim isso poderia realmente ficar.
Eles se sentaram em uma mesa suja perto do que provavelmente tinha sido
uma janela, exceto que agora estava coberta de sujeira.
O Skrewt deixou cair dois copos borrados na mesa e derramou algo claro
neles antes de ir para a cozinha.
Granger ergueu seu copo para Draco com um olhar preocupado. Ela tomou
um gole generoso do seu; ele virou metade do seu. Ambos gaguejaram e
tossiram.
Eles beberam novamente para confirmar que tinha sido tão ruim. Tinha.
Granger era uma mistura chorosa de riso e tosse. Draco perdeu a maior
parte de sua voz.
O rótulo incluía um aviso de que não deveria ser consumida pura e para
tomar a bebida com responsabilidade.
O que foi a bandeira vermelha número três, mas ora; um níquel para entrar,
um Galeão para sair.
Granger manteve seu sangue-frio. Ela puxou as salsichas e purê para eles
com uma espécie de otimismo sombrio.
━ Parece um prolapso.
━ Lard Voldemort.
━ Meu Deus.
━ Eu acho que isso pode ser um pedido de ajuda ━ disse Granger, sombria.
━ Devemos perguntar a ele se ele está bem?
━ Tudo bem.
━ Você estava certa, afinal. Não era tão rebuscada quanto a comida da
Mansão.
Draco desistiu dela e se concentrou em seu próprio pão e queijo, que ele
preparou moderadamente bem. Sua única dificuldade era encontrar sua
própria boca.
━ Eu sou?
━ Sim ━ disse Granger. ━ Você faz tudo parecer sem esforço, sabe?
Granger mastigou.
━ Foi uma constatação. Você pode ficar atrevido quando puder colocar um
sanduíche na boca, não antes.
Draco conseguiu fazer isso, então inalou para dizer algo, então engasgou
com uma migalha.
Granger colocou a varinha de lado como se fosse uma coisa perigosa. Então
ela pressionou os dedos na boca e parecia que ela estava segurando uma
gargalhada.
Que era todo o endosso que Granger precisava, de qualquer maneira. Ela
bebeu, também, e passou de volta.
━ Pare de olhar para mim ━ disse Granger, segurando uma mão na frente da
boca dela, o que fez Draco perceber que ele estava olhando para a boca
dela. ━ Eu não posso nem comer um pedaço de queijo.
━ Eu não estou olhando para você ━ disse Draco, como o mentiroso que ele
era. ━ Estou olhando para a vista.
━ Você não estava brincando sobre os duzentos por cento de teor alcoólico
no sangue ━ disse Granger, aproximando-se dele no cobertor para olhar a
vista também.
━ Mentiroso. Eu sei que você tem uma veia artística; eu vi seu magnífico
testículo.
━ A mente bêbada fala o coração sóbrio ━ disse Draco. Ele tentou mexer as
sobrancelhas, mas não tinha certeza do que conseguiu fazer; Granger
apenas parecia perplexa.
━ Mudança nada sutil de assunto, mas sim ━ disse Draco, acenando com a
varinha para a torta, que flutuou em direção a eles. ━ Você gostaria de um
pouco de estimulação também?
━ Se vamos criticar o sistema... Depois de hoje, acho que pode ter havido
um lado ruim em todo o sigilo entre as Casas.
━ Você está dizendo que poderia não ter me considerado uma criatura tão
terrível, se você tivesse visto o travesseiro em que babei à noite?
━ Exatamente ━ riu Granger. ━ Mas realmente. Quero dizer. Você era uma
entidade que surgia do nada, dizia coisas horríveis e depois desaparecia até
a próxima discussão.
━ Eu tive que adotar táticas de guerrilha para evitar os tapas ━ disse Draco.
━ Isso foi uma vez ━ disse Granger. Ela comeu uma cereja. ━ O segredo
promoveu fraturas acima e além daquelas criadas pelas divisões das Casas.
Essa é a minha posição. Do que você está rindo?
━ Aqui.
Granger jogou junto. Ela se moveu para se sentar ao lado dele,
ostensivamente para observá-lo. Draco notou que a reserva dela do início
do dia havia desaparecido. Foi a bebida? A conversa? Ele?
O que o fez perceber que ele mesmo não estava anulando. E agora que ela
estava ao lado dele, as coisas estavam começando a acontecer novamente ━
o início daquela doçura em suas veias, o zumbido de seu pulso.
Ele deveria.
━ Certo. Vamos dar uma olhada, agora que posso ver você direito ━ disse
Granger.
━ Talvez eu leia você como um, agora que minha visão não está obstruída.
━ Ah, essa é uma pergunta interessante ━ disse Granger. Ela ficou pensativa
ao estudar o rosto dele.
━ É ━ disse Draco. ━ Eu perdôo você; você não tem uma alma poética. São
iluminuras suntuosas?
Ele sabia que ela não estava fazendo isso de propósito. Ele sabia que ela
não tinha planejado fazer isso. Não havia cálculo nela. Ela nem sabia o que
estava fazendo com ele.
━ Oi.
━ Obrigado por tirar seus pés do quadro. Isso me trouxe uma clareza real. ━
Então, vendo seu aborrecimento, ela olhou para o céu. ━ Pare de pescar
elogios. Você sabe que é terrivelmente bonito.
━ Não me canso de ouvir.
━ Você deixou de ser um furão gorduroso. Aí: um elogio. Você está feliz?
━ Não.
━ Sim.
Draco não permitia tocarem em seu cabelo. Aqueles que foram tolos o
suficiente para tentar foram enfeitiçados em uma pilha trêmula de carne
moída. Mas Granger...
Seu breve toque foi muito mais inebriante do que qualquer bebida que ele
tomou hoje.
━ Adequado, você sabe. Decente. Um dia, você encontrará alguém que pode
olhar para além disso.
Ela estava segurando um sorriso.
Ele queria retribuir algum tipo de elogio provocador, mas... ele não deveria.
Ele queria dizer a ela que ela era como a vodka ━ intoxicante mesmo nas
menores medidas e levando a erros de julgamento. Ele queria provocá-la
sobre como ela comia cerejas ━ quem mordia cerejas ao meio? Deve ser por
causa de sua boca pequena. Ele queria dizer a ela que se ele tivesse
superado sua fase de furão gorduroso, ela havia superado seus dias de
esquilo assustado. Ele queria fazer suposições sobre por que a varinha dela
estava empurrando coisas em sua virilha.
Mas isso borraria ainda mais a linha já indistinta entre provocar e flertar, e
ele não deveria estar flertando. Ele deveria estar anulando. Ele deveria
permanecer friamente neutro, não afetado, distante. Profissional. Ela era sua
protegida.
Ele deu uma olhada nela. Ela se virou para retomar sua batalha perene com
seu cabelo. Ela o afrouxou ━ ele sentiu cheiro de xampu ━ e então o
prendeu em um rabo de cavalo. E ele não estava olhando para sua nuca,
onde pequenos cachos escapavam e a pele era mais sensível e beijável. Ele
não estava olhando para a borda recortada de seu vestido, onde ele
mergulhava entre as omoplatas. Ele não estava olhando para o zíper.
Certo, mas e se ele apenas ━ apenas se movesse atrás dela e puxasse uma
parte de seu vestido de seu ombro e pressionasse sua boca naquele local?
Então ela colocou a cestinha de cerejas entre ela e Draco se sentou ao lado
dele na beirada do promontório, de modo que suas pernas balançassem ao
lado das dele.
Eles falaram. Ele tentou não olhar para sua boca avermelhada. Tentou não
pensar na borda molhada da garrafa de cidra que eles passavam de um lado
para o outro. Seus ombros se tocavam de vez em quando. Ele sentiu o toque
ocasional de seus cachos quando o vento os provocava em seu caminho. A
brisa trouxe sugestões dela para ele, cidra e xampu e o sal da pele no calor
do verão.
Seria realmente tão terrível, não anular, apenas por enquanto? Ele havia
anulado por semanas, afinal. Ele sabia que poderia fazer isso de novo. Ele
poderia simplesmente desfrutar agora e voltar a anular depois, não poderia?
Seria bom, não é? Ele tinha tudo sob controle.
━ Diga-me.
━ Melhor ainda.
Agora ela não estava brincando... agora ela estava sendo sincera.
Draco sentiu um sorriso, espontâneo, surgir em seu rosto. Uma alegria nova
e desconhecida cresceu em seu peito.
━ Você sabe... eu também ━ disse Draco.
━ Sentimental.
━ Assustadoramente.
O toque foi fugaz, apressado. Qualquer outra coisa seria muito doce.
E foi lindo, sentado ao lado de Granger, com o braço dele roçando o dela,
aqui no topo do promontório, que, nesse momento, parecia o topo do
mundo.
23. Draco Malfoy, Notório Auror
Consegui adiantar mais capítulos para vocês, então aqui vamos, sem
delongas.
Reforçando, eu posto assim que eles estão prontos, então não tem
quantidade certa ou dia certo, mas estou fazendo meu melhor para
terminar essa história o quanto antes. Obrigada por todo o apoio e
incentivo.
──── ◉ ────
O brilho pós-Granger de Draco durou a noite toda. Quando ele voltou para
a Mansão, ele vagou, suspirando e olhando para fora das janelas. Ele sorriu
vagamente para nada. Pensou na nuca dela e onde mais gostaria de colocar
a boca. Ele leu algumas de suas mensagens antigas no Bloco. Ele se
entregou a um delicioso devaneio com ela na biblioteca, encostada nas
estantes.
Seu cérebro, que estava à deriva entre aquelas estúpidas nuvens fofas,
voltou a cair para a terra, onde voltou a residir em seu crânio, mas mal-
humorado, como se ele o tivesse interrompido em algo importante. Como se
houvesse algo remotamente importante sobre cerejas e vestidos de verão e
estou feliz que você continuou na tarefa de proteção.
Na entrada do jardim de rosas, Draco girou nos calcanhares e voltou para a
Mansão. Ele se trancou em seu escritório, onde andava a passos largos,
recém-perturbado.
O que diabos havia de errado com ele? Vê-la tinha sido uma má ideia. Ele
tinha se saído muito bem durante o mês de julho, tirando Granger da
cabeça. A paixão tinha praticamente sido anulada. Mas então, na presença
dela, sua anulação durou uma hora. Uma hora!
Draco se inclinou contra a lareira apagada e bateu seus dedos contra ela. Ela
era sua maldita protegida. E – ainda mais importante – ele era Draco
Malfoy. Altamente elegível, perpetuamente desvinculado. Ele não fazia o
tipo imbecil apaixonado.
Seu Bloco zumbiu. Draco esperou dez minutos inteiros antes de verificá-lo,
durante o qual ele andou agitado enquanto dizia a si mesmo que estava
agindo com calma.
Não era Granger que estava chamando ele, de qualquer maneira. E ele não
ficou nem um pouco desapontado. Era Goggin, agendando uma sessão de
treinamento para a manhã seguinte. O que seria uma excelente saída para
essas energias loucas e frustradas com as quais ele estava lutando.
Draco respondeu, Sem varinhas, para garantir que Goggin lhe socasse um
pouco de juízo.
──── ◉ ────
Draco ficou satisfeito consigo mesmo mais uma vez. Tudo ia ficar bem.
Seu primeiro contato com Granger foi iniciado por ela, e começou com um
insulto, o que era promissor.
Draco, que estava Agindo com Calma, esperou duas horas antes de
responder com: ?
Draco achou desafiador agir com calma quando havia um sorriso em seu
rosto. Minha definição de grande atendeu às suas expectativas?
Você queria uma piscina, disse Draco. Isso leva outro zero.
Isso foi um devaneio ocioso! respondeu Granger. Draco podia ouvir a voz
dela ficando estridente. Você não me respondeu, re: loucura.
Ele não respondeu, porque seu primeiro impulso foi dizer a verdade, que
lhe dava um verdadeiro prazer em realizar seus devaneios ociosos, mas isso
era – isso era tão – eurgh. A verdade era uma bagunça açucarada.
Obrigada por fazer isso, disse Granger. Vai mudar muitas vidas para
melhor.
Isso pareceu uma forte observação conclusiva para Draco, que decidiu não
responder mais. Ele olhou para a conversa e ficou satisfeito consigo
mesmo: tinha sido esmagadoramente neutro. Bem, exceto, talvez, pela coisa
de 'definição de grande', mas isso era apenas – apenas flerte por esporte. Ele
nem fez a piada gritantemente óbvia quando ela disse que ficou chocada
com isso.
Viu? Isso estava indo bem. Tudo estava sob controle. Não tinha crush aqui.
Mais tarde naquela noite, Granger enviou outra nota, desta vez,
convidando-o para jantar em agradecimento; ela conhecia um bom lugar
francês, ele gostaria de ir? Draco leu o convite com um grau estúpido de
desejo. No entanto, um agradecimento pessoal representaria desafios para a
anulação e também, sem dúvida, garantiria outro de seus abraços. Quanto
menos desses ele conseguisse, menos cretino ele ficaria.
Ocorreu-lhe que poderia perguntar a ela, mas não – era mais seguro manter
as comunicações no mínimo. Ele aprovou os planos e fez arranjos para a
transferência dos fundos.
Nas semanas que se seguiram, Draco, cada vez mais desesperado, chegou a
ir em encontros. Eles foram bons, até onde foram – o que não era muito
longe. As bruxas não acionaram qualquer porção primitiva de seu cérebro
que costumavam acionar. Isso resultou em Draco agindo como um perfeito
cavalheiro, porque ele não fez nenhum movimento para foder, ou mesmo
beijar, ninguém, mas ele fez uma grande quantidade de puxar cadeiras e
abrir portas (para que elas pudessem sair).
Nenhum peito foi espalmado.
Se Granger notou uma retirada da parte dele, ela não fez nenhum
comentário. Suas comunicações espelhavam as dele – breves e diretas.
Com o passar do mês, Draco começou a ficar de olho em seu Bloco. Com o
fim de setembro veio Mabon, o equinócio de outono.
Granger foi pontual. Alguns dias antes de Mabon, o Bloco de Draco
disparou. Quando ele viu que era dela, ele ficou extremamente controlado –
até mesmo entediado – e seu batimento cardíaco não acelerou nem um
pouco.
Não fiz nenhum trabalho de campo que eu deveria fazer antes de Mabon. O
dia consistirá em passear pelo Reino Unido, olhando cogumelos. Deixo seu
comparecimento a seu critério.
O único dilúvio será uma mancha de chuva dificilmente digna desse nome,
disse Granger.
Tudo bem, disse Draco. Não irei, mas envie o itinerário quando estiver
pronto.
──── ◉ ────
O anel em seu dedo ecoava medo. Draco não se preocupou com explicações
para seus confusos companheiros de equipe, que o questionavam rudemente
sobre por que diabos ele estava checando seu maldito Bloco em vez de
pegar o pomo?
Assim que Draco puxou sua varinha para desaparatar, seu anel queimou.
Granger havia ativado o sinal de socorro.
Caralho.
Três bandidos contra um Draco. Você tinha que sentir um pouco de pena
deles.
O bruxo careca embalou seu cotoco sangrento no peito, pegou sua varinha
com a outra mão e ficou de pé. Um olhar em sua mente informou Draco de
outro iminente Avada Kedavra.
Draco foi atingido por um Finite. O que estava tudo bem – ele não se
importava que eles soubessem quem estava prestes a acabar com eles.
O alto fez uma corrida passando por Draco até a saída. Ele foi repelido pela
proteção e arremessado de volta para Draco.
Ele engasgou
O careca havia recebido suas instruções do alto, e por isso era ainda mais
inútil.
Havia conforto em ela estar bem o suficiente para verificar se Draco era
realmente Draco.
— Semente de papoula.
Adrenalina, obviamente.
— O que?
— Ah — disse Draco.
Ela estava abalada. Ela parecia frágil na frente de sua mesa sobrecarregada,
seus braços em volta de sua cintura, seus lábios pálidos.
— Eles tinham instruções para confirmar o que você está fazendo — disse
Draco.
— Fora daqui. Os feitiços seguraram. Mas você nunca mais estará aqui
sozinha. Nós precisamos conversar.
— Minha casa?
— Tudo bem... por esta noite. Mas eles sabem onde você mora.
A principal medibruxa fez uma careta e disse que não havia muito que ela
pudesse fazer por aquele, mas que o levaria para uma autópsia. Os outros
dois flutuaram em macas, às quais Goggin acrescentou correias bastante
desagradáveis, caso acordassem. Ele os seguiu.
Tonks avistou Granger e voou até ela, agarrou-a pelos ombros e perguntou
se ela estava bem.
— Vou ficar com ela durante a noite — disse Draco. — Então podemos
fazer outros arranjos.
— Mas eu tenho...
— Vamos nos esforçar para o mínimo de interrupção no trabalho e na vida
— interrompeu Tonks. Seu tom, embora amigável, não admitia discussão.
— Entendido.
Com isso, Tonks levantou sua varinha, girou nos calcanhares e desaparatou.
— Vamos lá.
Seus olhos ainda estavam arregalados. Ela hesitou por um momento, então
pegou seu braço. Eles se acotovelaram quando ele girou para a
Desaparatação. Ele imaginou que a sentiu estremecer.
Granger estava com uma mão na outra, um sinal claro de que ela também
tinha coisas a dizer.
— Psicológico.
— Mágico ou trouxa?
— Mágico.
— Para mim?
Ela ainda estava olhando para ele com aquele olhar de olhos arregalados.
De todas as coisas que Draco queria deixar escapar, questioná-la sobre isso
parecia a menos arriscada.
— Eu... er... acho que estou um pouco desconcertada, tendo visto você em
ação contra aqueles homens. Você foi... ela procurou por uma palavra por
um momento – bastante implacável.
Granger não esperou por sua resposta e se levantou para se mexer com a
planta e a chaleira. Ela estava perturbada e descomposta. Ela derrubou o
coador.
Ele levantou para ficar ao lado dela na bancada e acalmou suas mãos com
as suas próprias. Granger se encolheu com o toque e olhou para ele em
confusão.
— As mentes dos bandidos que pegamos esta noite vão ser torcidas por
cada pingo de informação que elas contêm consciente ou
inconscientemente.
Granger assentiu.
— Obrigada.
Ele poderia ter terminado ali. Mas ele tinha algo mais a dizer. Seu aperto se
contorceu em torno de suas mãos.
— Sim?
Ela quebrou seu aperto e pressionou as costas de sua mão em sua boca.
— Desculpe, eu... apenas...
Oh, ele queria isso. Uma parte distante de seu cérebro disse, porra,
finalmente. Não houve constrangimento desta vez; seus braços sabiam
exatamente o que fazer. Ele a pegou e a apertou e a segurou contra seu
peito. Ele ouviu e sentiu sua respiração estremecendo enquanto ela lutava
contra as lágrimas. Ele murmurou algumas coisas – que não havia problema
em chorar, que o laboratório dela havia sofrido uma intrusão violenta e isso
era angustiante e terrível, que choque e medo eram reações totalmente
normais.
Ela podia ouvir seu coração batendo em seu peito? Ele ainda estava com
seu uniforme de Quadribol. Ele provavelmente fedia. Por que ela estava tão
frágil? Sua respiração estava quente. Seus braços eram uma pressão doce
em torno de suas costelas. A sensação de sua cabeça pressionada contra ele
era indescritivelmente preciosa. A sensação de seu peito, expandindo e
contraindo contra os braços enquanto ela respirava era algo raro e para ser
estimado.
Era prazer e miséria, segurando Granger naquele abraço. Isso rompeu com
quaisquer fortificações que ele criou no último mês com um estilhaço
cristalino. Isso o fez querer dizer coisas, deixar escapar coisas, dizer a ela
que ele sentia falta dela e que ele queria – estar mais com ela, o que quer
que isso significasse. Que ele estava anulando as coisas porque não queria
fazer parte dessas coisas, mas elas ainda existiam, uma bagunça fervilhante,
turbulenta e indescritível. Que essas coisas o atormentavam nas primeiras
horas da noite, quando o mundo estava quieto e ele estava sozinho com seus
pensamentos. Que ele não iria falar nada disso, porque ele estava com
muito medo de arriscar a coisa que eles tinham agora – esta dança na ponta
de um fulcro, este equilíbrio.
Ele não podia contar a ela. Este não era o momento. E além disso – ele não
arriscaria. Isso mudaria as coisas. E ele amava o que quer que fosse, agora,
mais do que odiava a sensação de que não era suficiente.
Draco ficaria feliz ali por uma eternidade, abraçando-a. Foi Granger, que
Deus a abençoe e amaldiçoe, quem acabou com isso.
Ela não chorou. No entanto, ela disse, com a voz tensa e sem olhar para ele:
Ele bebeu a tisana agora morna, desejando que fosse fortificada por alguns
goles de uísque. Espalhou uma agradável sensação de entorpecimento pela
garganta e pelos membros. Perto o suficiente.
Ela parecia ter esgotado sua cota de emoções para o dia e não tinha mais
nada para dar e, além disso, as coisas precisavam ser discutidas.
— Mas...
Ela suspirou.
— Tudo bem. Tudo bem. Mas... mas você deve prometer fazer o que Tonks
disse. Sobre interrupções mínimas. Eu não vou ser trancada e mantida longe
do meu trabalho. É importante demais.
— Eu prometo.
— Eu sei que você vai ficar todo... todo...
— Eu não o queimei.
Com apreensão, Granger estendeu a mão para ele. Era aquela com o anel.
Ele agarrou-a na sua. Era delicada e quente.
— Sim.
──── ◉ ────
Confesso que tremi na base quando li esse capítulo pela primeira vez. Que
os jogos comecem agora!
24. Draco Malfoy, Punheteiro
— Explique.
Granger parecia muito cansada para assumir seu habitual ar professoral. Ela
respirou fundo e parecia estar organizando seus pensamentos.
— Essas doenças têm sido a ovelha negra dos curandeiros por séculos e
séculos. Incurável. Muitas vezes mortal. A medicina trouxa fez avanços
incríveis em terapias direcionadas para suas próprias doenças "incuráveis"
nas últimas décadas. Eles desenvolveram algo chamado imunoterapia,
usando o próprio sistema imunológico do paciente para combater condições
específicas. Eu apresentei em Oxford, você se lembra? Bem, para
simplificar demais, estou aplicando esse conceito a doenças mágicas. Meu
tratamento imitará a ação de anticorpos, visando doenças mágicas
específicas.
— Certo. — Draco a encarou. — Então, para que foi toda essa andança?
Granger o estudou como se decidisse até que ponto ela precisava simplificar
demais.
Granger moveu suas mãos ainda unidas para que descansassem na mesa;
seu braço devia estar cansado. O que significava que agora estavam de
mãos dadas sobre uma mesa. O que era bom e não significava nada.
— Certo — disse Draco. Ele olhou para Granger em uma espécie de torpor
por um momento, então disse: — Secretum finitur.
Uma fita final de luz dourada emanava de sua varinha, envolvia suas mãos,
então viajou pelo braço de Draco e pelos lábios antes de desaparecer. Sua
língua estava pesada e havia uma nova sensação de restrição em suas mãos.
Desapareceria em algumas horas, mas era um lembrete físico de que agora
ele estava ligado por feitiço.
— Você deve estar devidamente exausto — disse Granger, olhando para ele.
— Esse feitiço é difícil de sustentar por muito tempo.
— Um verdadeiro malandro.
— Poção de reabastecimento?
Granger empalideceu.
— Greyback?!
— Sim.
— Não! Não... não pode ter sido. Ele está morto há uma década.
— Houve o quê?! — disse Granger, pulando para frente em seu assento tão
de repente que seus joelhos bateram. — Há quanto tempo isso vem
acontecendo?
— Quando foi a lua cheia? Uma semana atrás? E então houve aquela
erupção de infecções em bebês no Lake District alguns meses atrás, mas
pegamos o indivíduo responsável. Pelo menos, pensávamos que tínhamos.
— Você está pensando que Greyback voltou, e de alguma forma ouviu falar
do meu projeto, e está deliberadamente infectando mais pessoas como —
como uma espécie de contramedida? Vingança? Aviso?
— Ele sempre teve um prazer doentio em espalhar sua doença para tantos
inocentes quanto possível. Se aquele lobisomem idiota suspeitar que você
está trabalhando em uma cura genuína para a licantropia, e ele está de volta
em solo inglês, temos motivos reais para preocupação.
Com isso ele quis dizer que estava genuinamente preocupado com o bem-
estar contínuo de Granger.
— É o arquivo de Potter, mas acho que não. Robards — ele lidera o DMLE
— queria ver se era outro caso único, como o mordedor de bebês no Lake
District. Shack vai dar uma cambalhota.
— Ele vai. Ele já estava muito preocupado com a minha segurança quando
o tratamento era hipotético e os lobisomens eram uma ameaça
desorganizada e inexistente, que não faziam ideia do que eu estava fazendo.
Agora eles sabem, e Greyback está de volta? Shacklebolt ficará frenético.
Ele vai querer medidas de proteção ridículas — ele vai querer me trancar.
Sua voz estava tensa e ansiosa. Seu próximo olhar para Draco falou de um
medo de longa data de que ele também pressionaria para trancá-la. Ele
entendia, agora, sua reticência em lhe dizer qualquer coisa. Porque os
impulsos surgiram desse novo conhecimento do que ela estava fazendo —
impulsos para forçá-la a se esconder e, sim, para prendê-la. Sequestrá-la
para longe, a quilômetros daqui, continentes daqui, e garantir que Greyback
nunca tivesse a oportunidade de machucá-la.
Mantê-la segura sempre foi o objetivo, mas a importância vital disso agora
o pressionava como uma dor, como um medo. Era adoecedor.
Os três homens em seu laboratório tinham sido uma mera prévia do que
estava por vir. E mesmo assim, foi uma coisa próxima — e se eles tivessem
conseguido quebrar as proteções, pensando que o laboratório estaria vazio à
meia-noite, e encontrassem Granger lá? Com aquele idiota usando a
maldição da morte à vontade, e ela, encaixotada naquele pequeno escritório,
sem ter para onde ir? Ela estaria morta em um momento.
— Eu sei o que eu disse. Mas sua segurança vem em primeiro lugar. Eu não
sabia que era a porra do Greyback.
Até mesmo Granger teve que admitir esse ponto, o que ela fez com um
suspiro, deixando cair a cabeça entre as mãos.
— São três meses de organização, para Greyback. Você vê por que não
posso adiar as coisas - não posso parar e me esconder até que ele seja pego.
Ele pode causar tanto dano...
Agora ele também queria suspirar e deixar cair a cabeça entre as mãos,
porque teria sido muito mais simples levar Granger embora até que Fenrir e
seus acólitos fossem presos. Mas Granger estava certa; adiar seu projeto até
que Greyback fosse pego poderia significar potencialmente dezenas de luas
cheias. O homem havia escapado da captura por 15 anos.
— Se alguém pode fazer isso, é você. Não houve uma bruxa ou bruxo vivo
com sua combinação de conhecimento mágico e trouxa. Você é... você é...
— Draco se interrompeu e se virou para olhar pela janela escura. — Puta
merda. Eu não posso acreditar que vou viver para ver a licantropia curada
em minha vida.
— Quando os homens de Greyback não voltarem esta noite, ele saberá que
foram pegos — disse Draco. — Uma invasão de laboratório não deveria ter
resultado na apreensão de todos os três — a menos que o laboratório
estivesse excepcionalmente bem protegido. E por que estaria
excepcionalmente bem protegido, senão para esconder algo excepcional?
Greyback provavelmente vai ler isso como uma confirmação de que você
está fazendo o que ele pensa que você está fazendo. As coisas vão ficar
perigosas. Seu objetivo principal será matar você.
Granger apertou os lábios em uma linha infeliz.
— Esta noite tudo bem. Eu não acho que eles vão tentar outra coisa. Depois
disso? Não. Alguém já farejou suas proteções aqui uma vez. Provavelmente
eram eles. Eles devem ter decidido que seu laboratório era um alvo mais
valioso. Não que eles encontrem alguma coisa lá, graças às suas nuvens e
coisas. A única coisa real de valor em qualquer ponto é — você. Esta noite
foi a sua última noite sozinha lá. E você vai ter que restringir seus
movimentos em público.
— Eu vou contigo.
Draco tentou ser tão comedido quanto ele prometeu que era e não
categoricamente dizer a ela que ela nunca ficaria sozinha novamente.
— Até pegarmos Greyback e quem estiver trabalhando com ele, você pode
esperar um Auror com você em todos os lugares. Eu concordo que seu
trabalho tem que continuar — Granger parecia aliviada enquanto Draco
falava essas palavras — mas Greyback é implacável. Ele terá uma rede
inteira de seu antigo bando aqui e os levará ao frenesi. Ele prefere morrer a
ver você curar a licantropia. Ele provavelmente se cagou quando descobriu
no que a grande Granger estava trabalhando — deuses, eu adoraria ter visto
a reação dele...
— Como ele descobriu — é isso que eu quero saber. Você não acha —
Shacklebolt?
— Não. Por que ele insistiria na proteção dos Aurores tão cedo? E você o
ligou com um Voto Perpétuo também.
— A menos que um dos meus alunos? Mas eles estão trabalhando em
pedaços de cerca de doze projetos para mim. Eles não conhecem o quadro
maior. Não pode ter sido.
— Inferno — disse Draco passando a mão pelo rosto. — Não sei. Eles
nunca foram tão expansionistas quanto os lobisomens. Mais interessado em
alimentação do que em transformação. Mas e se souberem de uma cura?
Não sei como eles reagiriam. E você disse — Dementadores?!
— Corta essa.
— ...Sério?
Draco a encarou.
— O que você está fazendo... se tiver sucesso... será... será um tour de force
absoluto. Totalmente revolucionário.
— Mm. Vou aceitar esse termo para isso, mais do que para os Blocos.
— Como você pode ser tão cruel comigo em meu estado frágil?
Draco geralmente se achava melhor do que aqueles ao seu redor — não que
houvesse algo de errado com eles, mas ele era apenas melhor, sabe — mais
inteligente, mais rápido, mais bonito, mais afiado, mais rico. Com Granger,
ele sempre sentiu que estava na presença de um intelecto muito maior que o
seu. Mas agora — agora ele se sentia na presença de alguém melhor do que
ele em muitos níveis — bom demais para ele, realmente.
Foi humildade.
Ele não se sentia tão humilde desde — ele voltou às suas memórias —
desde o verão de 1992, quando os resultados dos exames do primeiro ano
saíram e ele descobriu que uma nascida trouxa tinha sido a primeira da
classe, acima dele, em todas as matérias em Hogwarts.
Bem, ela estava nisso de novo. Só que agora ela se tornou alguém
importante pra caralho.
A responsabilidade pesava tanto sobre ele que mal conseguia levantar a mão
para aceitar a caneca fresca de ópio que Granger lhe passou.
— Quem?
Draco deu um aceno vago.
— Fazer o que?
Granger foi para a sala da frente, onde ela se cercou com um vórtice de
livros e papéis, que se formaram em pilhas organizadas.
Claro que ela não iria questionar sua sugestão do sofá. Claro que ela não ia
fazer uma contraproposta, você sabe, dividir sua cama. Que era
absolutamente grande o suficiente para dois.
Não que Draco teria aceitado de qualquer maneira. Ele era um profissional.
Tinha sido apenas um pensamento. Ele estaria muito mais perto dela, caso
algo acontecesse.
— Eu sinto muito.
Ele continuou a lutar com a gravata desajeitada sob a axila, que resistiu
diabolicamente. Claro, a única vez que ele tinha uma audiência era a única
vez que ele deixou a coisa encharcada e depois a deixou secar, o que
resultou em um nó rígido e medonho. Claro, ele nunca teve problemas em
se desfazer de seu uniforme de Quadribol em sua vida inteira, até este
momento, quando Granger estava lá para testemunhar sua incompetência.
— Eu consigo.
Ela se sentou, com as mãos cruzadas sobre os joelhos, para observar seus
esforços.
— Tudo bem — disse Granger. Seu rosto estava grave, mas seus lábios
estavam pressionados de uma forma que sugeria a supressão do riso.
Em defesa de Draco, ela também lutou e acabou atacando com sua varinha
e repetidos feitiços para desembaraçar.
Então ela o ajudou a tirar o peito e as placas traseiras, muito parecido com
uma bela donzela ajudando seu cavaleiro depois de uma batalha, se belas
donzelas fossem pesquisadores incomparáveis e cavaleiros fossem cretinos
inúteis.
— Bom — disse Draco. — Não quero a opinião dele neste exato momento.
Ficar nu, com a mão de Granger bem ali, era uma sensação interessante.
Havia outras coisas que ele gostaria de colocar na mão dela, mas essas
coisas estavam fedorentas e sujas e também, pelo amor de Deus, ela tinha
acabado de passar por algo traumático. O que havia de errado com ele?
Então chegou a hora de anular antes que seu pênis decidisse despertar. Ele
não se masturbaria no chuveiro de Granger. Ele simplesmente não faria
isso.
Tudo bem, ele faria, mas era rápido e sujo e carregado de adrenalina pós-
luta. Era apenas para fazer o trabalho e tirar o tesão de seu sistema.
Saber que ela estava em algum lugar do outro lado da porta enquanto ele se
acariciava era inexplicavelmente excitante. Ele se inclinou, uma mão
espalmada contra o azulejo e uma mão se mexendo, e o vapor e os cheiros
de Granger o levaram a uma fantasia favorita envolvendo Granger e sua
boca, e mãos delicadas acariciando para cima e para baixo, e chupando...
Sua mão fez um punho contra a parede quando ele gozou com um suspiro
agudo.
Puta merda.
Ele mudou a água para fria em um esforço para esfriar o rubor em seu rosto
e peito. O encanamento trouxa não brincava — era glacial. Pensamentos
malucos foram substituídos por estremecimentos enquanto Draco
recuperava o fôlego.
— Está tudo bem — disse Granger. Ela fechou a porta. Ele podia ouvir o
gorjeio do riso contido através dela. — Eu tenho umas com gatinhos nelas.
— Mostre-me.
— Eu prefiro morrer.
Draco riu enquanto vestia suas calças. Depois vieram as calças pretas soltas
e a blusa de manga comprida que ele usava sob seu uniforme de Quadribol.
Eles também cheiravam a Granger, agora — seja lá qual sabão que sua
máquina usasse.
Ele ajeitou o cabelo no espelho, excepcionalmente feliz por ele não poder
falar e informar Granger do que havia testemunhado.
Ele se viu incapaz de olhá-la nos olhos quando saiu do banheiro, mas fingiu
que era porque estava olhando pelas janelas, para Importantes Propósitos de
Segurança dos Aurores. Ela não precisava saber o que ele acabara de
imaginá-la fazendo.
Certo.
No andar de baixo, Draco foi presenteado com sua cama improvisada, que
era o sofá, transfigurado em uma espécie de cama diurna. Ao lado havia um
copo de água e um pacote de biscoitos.
Ela até achou por bem fornecer a ele material de leitura para passar as
horas: uma cópia do mais novo artigo de Rasmussen e Vestergaard. Um
olhar para o horrendo jargão científico decassílabo fez seus olhos brilharem.
— Tente isso.
— Estimulante?
— Estromas é o plural.
— Certo.
Draco acenou para ela. Era estranho ser o alvo de gratidão inocente quando
ele tinha acabado de ser terrível no banheiro dela.
──── ◉ ────
Agarrando sua varinha, uma maldição pronta, ele virou a cabeça para ver
que era o gato. Ele o viu no sofá no mesmo momento.
Draco meio que esperava que silvasse para ele por ousar estar na casa de
Granger depois do expediente. Em vez disso, o gato trotou em sua direção
com o rabo erguido e, com o instinto infalível de um gato para encontrar
lugares quentes, pulou sobre ele e pousou em seu peito.
Draco moveu uma mão para tentar acariciar sua cabeça, mas uma grande
pata encontrou seus dedos e manteve sua mão abaixada. As garras estavam
embainhadas, mas a mensagem era clara: Draco era uma fonte de calor e
não deveria ser presunçoso e achar que era algo melhor.
— Ela me avisou sobre sua asfixia, então nem tente — disse Draco.
Enquanto ele estava deitado no escuro, sob o calor do gato ronronando, seu
coração ainda estremeceu com os tremores do medo que sentiu quando
Granger ativou o sinal de socorro. Ele não precisava de um bicho-papão
para lhe dizer o que temia ver.
Na prática, a coisa toda foi ofuscada por um medo particular de que toda a
estrutura frágil desmoronasse novamente, da próxima vez que Granger
sorrisse para ele.
25. Perigos da Proximidade de
Granger
Ela estava olhando para ele e seu novo acessório – o gato adormecido,
enrolado no pescoço como um lenço peludo.
– Er – bom dia - disse Granger, quando viu que estava sendo observada.
O gato se mexeu ao som de sua voz. Ele saltou de cima de Draco, usando
seu rosto como ponto de lançamento, e caminhou em direção a sua dona.
Granger perguntou a Draco o que ele gostaria de tomar café da manhã. Ele
pediu uma xícara de café para tirar o sabor pungente de pé de gato.
Os cérebros se entreolharam.
Granger se mexeu.
– Acho que está na hora de dizer no que estou trabalhando. Malfoy, você
faria as honras pelo Voto Perpétuo ?
O Voto foi lançado. Granger resumiu seu trabalho e descobertas para Tonks,
e Draco acrescentou a descoberta igualmente interessante (e angustiante) de
que Fenrir Greyback havia retornado e parecia ter remontado algo de sua
antiga matilha. Eles foram provavelmente os responsáveis pelos ataques à
lua cheia, além de atacar Granger.
Quando eles saíram, Draco deu uma olhada para trás para ela. Tonks estava
sentada em sua mesa, com as mãos cruzadas à sua frente, os nós dos dedos
pressionados contra a boca.
– Eu tenho uma gravação disso - disse Granger, e ela pegou seu celular.
Ele reprimiu um lampejo de ciúmes com a maneira fácil com que Potter
apoiou um cotovelo no braço de Granger e se aproximou dela, e como
Weasley se jogou casualmente no encosto da cadeira dela – tudo isso
enquanto Draco estava a uma distância de um braço decoroso e rígido.
Ele olhou para Granger e descobriu que ela não estava olhando para o
celular, mas sim para ele. A expressão dela levou um momento para ele
interpretar – era algo sério, algo estudioso, algo pensativo.
Ela se virou quando ele pegou seu olhar. Draco estava determinado a
continuar pegando-a quando ela o observasse, a interromper seu processo
de pensamento e manter-se seguro sem solução.
– Desculpe - disse Tonks. – Não soou oco – isso é um elogio, Potter. Todos
nós fomos atualizados?
– Temos muito o que discutir, mas vamos começar com a parte mais
importante: a segurança de Hermione.
– Certo. - disse Weasley. – Temos que tirá-la daqui. O que você gostaria,
Hermione? Madagáscar? Groenlândia? Tibete?
Draco não podia culpar o homem pela reação – ele teve exatamente o
mesmo reflexo.
Locais mágicos eram muito mais seguros por natureza, mas um Auror dali
em diante a acompanharia em seu laboratório e na urgência e emergência do
St. Mungo.
A discussão voltou-se para a habitação. Granger concordou em se mudar
para um esconderijo, desde que estivesse a uma distância de Flu de seu
laboratório. Discutiram-se as doze casas seguras administradas pelo DMLE,
cada uma das quais oferecia prós e contras (localização, facilidade de
deslocamento, defensabilidade). Tonks e Draco compartilhavam uma certa
ansiedade sobre o fato de que os esconderijos eram necessariamente
conhecidos por muitos Aurores e funcionários do DMLE.
Granger disse:
– Hah!
Granger piscou.
Tonks assentiu.
– Engenhoso, realmente.
O que era um eufemismo. Ele adorou isso pra caralho. Era perfeito. Ela
estaria protegida por magias centenárias, eles teriam elfos domésticos como
vigilância secundária, e ele estaria lá todas as noites. Ele ficou
positivamente encantado com isso.
– Hum? Oh – não, estaria tudo bem. Eu voltei desde então. Um dos eventos
de Narcissa Malfoy. - (Draco notou que ela não mencionou o jantar.) – Foi
– tudo bem. Objetivamente falando, não é uma sugestão irracional, como
uma medida temporária. Eu só hesito porque parece uma verdadeira
imposição.
– Ele não ficará feliz por mantermos os ataques da lua cheia em segredo.
Ele terá que resolver isso com Robards. Mas pelo menos temos um plano
para manter Hermione segura e bem.
Draco escoltou Granger de volta para sua casa para fazer as malas para o
que Granger chamou de uma estadia "espero que extremamente breve" na
Mansão.
A onda de carinho que o acompanhava foi anulada antes que pudesse fazê-
lo sorrir.
– Estou pronta. Acho que não preciso perguntar se você desmaia ao ver
sangue. Você está bem com eviscerações?
Eles usaram Flu para o St. Mungus para o que seria o primeiro de muitos
turnos ao lado de Granger na A&E.
Quando isso foi feito, ele se acomodou em um canto do lado de fora da sala
de operações e começou a ficar moderadamente perturbado com o
entretenimento da noite, que incluía doenças impronunciáveis, um bruxo
que se apresentou com um cone de trânsito trouxa saindo direto de seu peito
e uma quantidade inspiradora de pacientes que haviam 'caído' em objetos
vagamente fálicos, que agora estavam presos em vários orifícios.
Ele chegou bem a tempo de se despedir dela na sala de Flu. Ela deveria
passar o dia no laboratório, onde Weasley estava de serviço com Granger.
Draco estava escalado para arrancar as mentes de Sem-Mãos (agora
simplesmente Mãos) e seu amigo.
– Duvido que Greyback seja estúpido o suficiente para mandar alguém para
o laboratório novamente tão cedo - ela disse, soando como se estivesse se
tranqüilizando mais do que falando com Draco. – As proteções seguraram
lindamente da última vez. Eu não preciso me preocupar.
– Vai ficar tudo bem - disse Draco. – Eles nunca seriam estúpidos o
suficiente para tentar algo em plena luz do dia. E Weasley estará com você.
E você tem o anel. Nem espere para ter certeza de que há uma ameaça para
usá-lo – apenas use-o.
– Certo.
– Sem hesitações. Prefiro aparecer pronto para lutar contra o carteiro do que
ser tarde demais.
– Er - todo mundo.
– Por que?
– Diga-me.
– É meu aniversário.
Sério? Isso era o melhor que ele conseguia? Por que sua suavidade
desocupava totalmente seu corpo quando era mais necessária? O que havia
com Granger? Ela era uma assassina de suavidade.
– Obrigada. - disse Granger. – Mas temos coisas maiores com que nos
preocupar do que aniversários, não é?
– Bastante.
E então ela se foi, e Draco foi deixado para refletir sobre o brilho atemporal
de Er – feliz aniversário, eu suponho, e sofrer sozinho.
Antes de entrar no escritório por Flu, Draco pediu a Henriette para ajudá-lo
a encenar um esforço de recuperação naquela noite, se Granger estivesse de
volta ao local em uma hora decente.
Draco passou o dia conduzindo Legilimência nos dois bruxos presos, tendo
recebido permissão especial para fazê-lo dos poderes constituídos. A única
lembrança de algum valor real era a que ele havia encontrado na noite do
arrombamento. Ele passou longas horas no cérebro do Amigo em particular,
vasculhando semanas e meses de memórias. Greyback tinha sido cuidadoso.
Algumas informações sobre possíveis locais de encontro dos lobisomens de
Greyback foram tudo o que Draco conseguiu. Ele as passou para Potter.
Uma risadinha estridente ecoou pela sala de Flu. Quando a cabeça de Draco
escapou das saias de Granger, Tupey havia desaparecido e o pequeno
voyeur não pôde ser repreendido imediatamente.
Ela parecia exausta. Ele nem teve um momento para perguntar a ela como
ela dormiu durante sua primeira noite na Mansão – culpa dela por acordar
tão cedo.
– Droga.
– Sobre o que?
– Ele queria fazer xixi em uma garrafa em vez de me deixar sozinha por
cinco minutos enquanto ia ao banheiro.
Draco bufou.
– Um tipo dedicado.
– Dor de cabeça.
– Eu queria respostas.
E ela foi.
– Nós estamos chegando tão perto de completar isso. - disse Granger, que
parecia ter um novo vigor com o pensamento. – Muito emocionante,
realmente.
– Sim, nós. Você esteve comigo nisso desde o início. Não seja modesto –
não combina com você.
Ele deslizou em seu sofá até que ele estava deitado e colocou o braço sobre
os olhos para bloquear a luz que fazia sua cabeça doer. Ele queria ir para a
cama, mas eram apenas oito horas. Os horários de Granger estavam
transferindo para ele e ela só estava lá há um dia.
Granger o observou.
– Certo. Sua dor de cabeça. Vamos dar uma olhada. Por que você não disse
alguma coisa, em vez de me deixar enfiar mais em seu cérebro por meia
hora?
Draco fechou os olhos. Ele sentiu a ponta da varinha dela contra sua
têmpora. A sensação normalmente iniciaria uma resposta ao estresse. Ele
não tinha certeza de quando ele começou a confiar em Granger tão
implicitamente, mas ele nem abriu um olho.
– Mm.
– Silêncio.
– Mmm.
Agora seus outros sentidos ficaram mais sensíveis. Contra seu lado, ele
podia sentir o empurrão da coxa de Granger e a curva de seu traseiro. Sobre
sua têmpora, a frieza do feitiço. Ela cheirava a algo anti-séptico, o que não
deveria ser tão atraente como era, mas ele queria enterrar o rosto nela e
inalar.
Ele se perguntou o que aconteceria se ele batesse a língua contra o dedo que
estava pressionado em seus lábios.
Talvez algo tenha traído seu pensamento. Granger tirou o dedo dos lábios
dele e o pressionou sob o queixo dele, inclinando a cabeça na direção dela.
Ela moveu a varinha para a outra têmpora dele e ele ouviu o sussurro do
encantamento novamente, "Solamentum".
Draco fez aquela coisa que ele gostava de fazer, de dar a ela respostas que
na verdade se referiam a ela.
– Não é?
– Celestial.
– Bom.
– Sublime.
– Não. É verdade.
– Oh, merci! C'est trop gentil! - exclamou Granger, uma mão pressionada
em sua clavícula.
– Você realmente não precisava fazer nada. - disse Granger para Draco,
parecendo genuinamente tocada.
Granger puxou a vela do bolo e a apagou. ("É mais higiênico," ela disse
diante da sobrancelha levantada de Draco.)
Ela riu, como esperado (sensação miserável), e puxou o bolo para si.
Ao seu aceno, Granger cortou para cada um uma fatia pegajosa do bolo de
mousse.
– Ron disse que ia checar meu chalé em busca de pacotes para mim, a
caminho de casa. Ele deve me entregá-los amanhã.
– Mm.
Como regra geral, ele e Granger não faziam perguntas pessoais – um hábito
saudável a ser cultivado entre o Auror e o Protegido. Ela havia deixado
escapar uma em Provence, sobre os estudos dele – e agora ele se permitiu
uma, por curiosidade não tão ociosa.
Talvez fosse uma pergunta que Granger respondia regularmente. Ela apenas
deu de ombros.
– Igual a você, suponho. Planos diferentes. Ela queria ser a próxima Sra.
Malfoy e fazer as coisas direito, você sabe – a coisa da sociedade, as festas,
os jantares, quatro crianças e duas babás aos 25 anos. Eu queria duelos
regulares com professores franceses - (Granger concordou e disse "Como
qualquer um quer") – e fins de semana sujos em Barcelona.
– Sua mãe deve ter ficado chateada.
Ele viu que Granger tinha acabado com o bolo e enfiou o garfo na direção
dele para outra mordida, sem se preocupar em cortar um pedaço.
Ele assobiou.
– Metais de transição perto de suas mãos não podem ser a decisão mais
sábia para um Auror. - disse Granger.
– A maioria dos bandidos não tem mestrado em Transfiguração.
– Correto.
– Ainda assim. - disse Granger. Havia alegria em seus olhos. – Isso não foi
tão difícil.
– Eu digo novamente, você teria sido uma boa Auror, sem os gritos.
Certamente, também.
– Você vai me deixar ir, ou vamos ver quanto tempo leva para eu
desenvolver um novo fetiche? - perguntou Draco.
– Acho que é melhor. Não queremos que você fique muito excitado no
trabalho.
Mas era tarde demais – as algemas agora eram uma coisa que iria residir na
cabeça de Draco. Havia uma alegria que veio por ser tão rapidamente
dominado. Sua varinha também estava fora de alcance. Ela poderia ter feito
todo tipo de coisas interessantes – e descobriria que ele era um participante
disposto.
Mas não. Não haveria amassos com seu Auror algemado em um sofá. Ela
era Granger. Ela nunca cruzaria a linha. Ela era controlada e profissional.
Ética. Correta.
Maldita seja.
Ele deve seguir o exemplo e ser igualmente correto. Mas era bastante difícil
quando ela estava pressionando seu traseiro nele e colocando os dedos em
sua boca e algemando-o. E isso tinha sido apenas uma noite de atividades. E
haveria muitos mais juntos.
Como prometido, no dia seguinte, Weasley foi por Flu até a Mansão para
deixar os presentes de aniversário que foram enviados para o chalé de
Granger. Granger já tinha ido para seu laboratório, então foi Draco quem
teve o privilégio duvidoso de recebê-lo.
Weasley não era muito bom em Feitiços de Extensão, o que ele demonstrou
ao chegar com um volumoso saco de estopa cheio de embrulhos,
prontamente jogado nos braços de Draco.
Weasley ofegou.
– Eu suponho.
– Obrigado por fazer isso por ela. Você é realmente um cara decente –
apenas um pouco idiota, afinal.
Draco tinha acabado de abrir a boca para dizer ao Weasley obrigado e cai
fora, quando Weasley acrescentou:
Isso teve um imenso efeito animador em Draco, mas ele manteve seu rosto
neutro.
– Não, mas espero que ela comece a agitação em breve. Foram apenas duas
noites.
– Sim. Ela tem muito tempo para causar danos. - Weasley balançou as
sobrancelhas enquanto procurava por elfos. – É melhor eu ir embora. Você
estará no laboratório mais tarde?
– Obviamente.
– Tchau.
– Vai se ferrar.
Weasley sumiu.
A bolsa nos braços de Draco estava pesada com as expressões de amor dos
amigos e admiradores de Granger. Ele sentiu os cantos de livros e a maciez
de roupas. Algo com canela flutuou através da sarapilheira.
Ele lançou alguns feitiços de detecção para garantir que não houvesse itens
amaldiçoados ou envenenados e chamou Tupey para levar a coisa para a
suíte de Granger.
E sim, as de Draco eram mais cruéis que as de Potter. Potter tinha toda a
imaginação de um Tolete.
– Não – você conhece Kingsley. Foi uma decepção silenciosa. Ele não
ameaçou me demitir ou a Robards, então isso foi positivo.
– Pare com isso. - disse Draco. – Ele nunca te demitiria por isso.
– O ressurgimento de Greyback foi um pouco chocante. - Tonks fez uma
careta. – Ele não estava feliz. Robards pegou o pior da bronca; ele não
deveria ter tentado manter as coisas em segredo depois do infector de
crianças. De qualquer forma – eu assegurei a ele que Hermione está segura
e continuará seu trabalho. Ele pediu para ser informado sobre os planos da
WTF para a próxima lua cheia – eu gostaria de participar da próxima
reunião, Potter, se você não se importa...
Fui informada das doenças de toda a sua família extensa, disse Granger.
E Goggin?
Ele já está.
Qual musica?
Houve um atraso quando Granger, presumivelmente, parou para ouvir
Goggin.
Mais três horas disso – posso enlouquecer. Sinto sua falta terrivelmente.
Nunca mais serei má com você.
Draco olhou para cima para encontrar Tonks e Potter olhando para ele. Ele
percebeu um sorriso vago em seu rosto e o substituiu por uma carranca.
Tonks abriu a boca para lançar uma pergunta afiada sobre o que estava
prendendo sua atenção tão agradavelmente, mas Draco foi poupado de mais
explicações por uma batida na porta.
– O Malfoy está aqui? - veio a voz de Brimble, uma das aurores novatas.
Tonks enxotou Draco com um gesto animado, como se estivesse feliz por
ter uma desculpa para se livrar do idiota de olhos sonhadores.
Por que isso lhe dava uma sensação tão agradável e agitada?
Brimble era uma jovem bruxa nascida trouxa que geralmente considerava
Draco com uma espécie de temor. Sua especialidade era vigilância e
espionagem. Quando Draco se juntou a ela em sua mesa, ela remexeu
nervosamente em uma pilha de papel e deixou cair a pena.
– Qual delas?
Ela colocou uma pilha de fotos de trouxas imóveis nas mãos de Draco.
– Quem é ele?
– Ele é, er – espere, eu tenho isso em algum lugar – um oncologista. Esse é
um tipo de curandeiro trouxa que...
Era um fardo monumental, sempre estar certo, mas ele o carregava com sua
graça habitual.
– Dê-me uma lista de alvos prováveis. Vou informar seus respectivos QGs
de Aurores.
– Tudo bem.
Granger olhou para uma das fotos de Driessen sendo estrangulado. Ela
parecia doente.
Tupey se materializou para servir a sobremesa (uma tarte tatin), que tirou os
dois de seus estupores melancólicos.
Eles brigaram sobre quem aparataria quem – Granger queria que Draco
preservasse sua magia para detectar e duelar se necessário; Draco queria
que ela salvasse a dela para se defender, e talvez recolocar seus membros no
caso de um confronto.
– Precisamos sair cedo amanhã. Eu sei que você vai ficar animado.
– Brilhante.
– Bom.
Draco comeu a torta na frente dele, mas ele preferia estar comendo a do
lado dele.
~~~~~~
Seu cabelo ele arrumou para parecer malicioso e jovial. Ele usava suas
botas favoritas, que ele imaginava que lhe davam um ar de fanfarrão.
Enquanto ajeitava o cabelo no espelho, Draco refletiu que a perspectiva de
passar um dia inteiro com Granger, olhando cogumelos, deveria ter
provocado aborrecimento e verdadeiro tédio. E ainda – apesar da hora
horrível – Draco se viu bastante ansioso pela excursão.
Às 6h55, satisfeito com seu visual, Draco foi até o hall de entrada para
encontrar Granger.
Vê-la esperando por ele, toda vestida com suas coisas de passeio, foi – bom.
Isso deu a Draco uma agradável sensação de antecipação por aventura e
discussão. Para caminhadas por florestas, confrontos acidentais e freiras
loucas em fuga, tudo em boa companhia.
Draco engoliu dois cafés e quatro ovos, e eles estavam prontos para se
mandar.
Granger liderou o caminho para a sala de Flu. Ela também parecia estar
antecipando esta mais nova andança com prazer. Seu sorriso era caloroso.
– Vamos.
Mas uma coisa era certa: Granger estava feliz. Draco sentiu que nunca
poderia haver um caçador de fungos mais feliz pulando sobre esses locais
antigos. Havia nela um júbilo e uma esperança, alimentados pelo
conhecimento de que este era o penúltimo passo de seu projeto. O fim
estava à vista e a mudança do mundo logo começaria.
– Vamos lá.
Draco olhou para Granger para ver que ela também havia notado a
companhia deles. Ela ficou imóvel, um pedaço de pergaminho em uma mão
e sua varinha na outra.
– Oh! - veio a voz de Granger, que disse a Draco que ela também tinha visto
a criatura. – Qual é o problema com ela?
Sua voz assustou o rebanho em fuga. A cerva ferida foi deixada para seguir,
mancando o mais rápido que podia.
– Precisamos ajudá-la.
Granger, sem surpresa, não estava disposta a seguir esse curso lógico de
ação.
– Não vi sangue. A maneira como ela estava balançando a perna – acho que
é apenas um deslocamento.
– Não. Ela não será capaz de colocá-la de volta sozinha. Ela terá uma morte
lenta e cheia de medo ou será morta por algo horrível.
– Vamos apenas estuporá-la para que eu possa dar uma olhada. Eles são
terrivelmente raros – quase caçados até a extinção por causa de suas peles.
Não podemos simplesmente deixá-la morrer.
– Sim.
– É um maldito cervo.
– Dos quais restam menos de trezentos espécimes vivos! Ela vai morrer se
não fizermos alguma coisa.
Draco xingou e chutou um cogumelo inocente que levou uma vida inocente
e não merecia.
– Lembro-me com vívida nitidez de não ter solicitado sua aprovação. Você
não tem empatia?
– Já esgotei. Você poderia parar de ser uma maldita caridosa, por um dia em
sua vida?
– É um incômodo monstruoso!
E onde estava a compaixão de Granger por seus cabelos e vestes, por favor?
Por que eles estavam vadeando em um pântano?
– Você seria tão fácil de atrair para uma armadilha. - ofegou Draco,
alcançando. – Os bandidos só precisam encontrar um coelho com um pé
machucado-
– Ótimo. Estupefaça!
– Droga. - disse Granger. – Eu não pensei que elas seriam tão potentes.
Com a força suportada pelo pânico, a cerva saiu da lama e mergulhou entre
os dois, esperando escapar entre os humanos desajeitados.
No seu. Cabelo.
Ele ia matar os dois. Ele teria carne de cervo para o jantar e torta para a
sobremesa e a vida seria simples novamente.
Granger conjurou uma corda que serpenteou atrás da cerva, mas foi
magicamente repelida no momento em que tocou sua pele.
A criatura, a julgar por sua explosão extra de velocidade, não falava inglês.
A cerva olhou seu novo ambiente. Ela estava em uma panela circular de
terra. Draco pulou nela novamente, esperando tirar suas pernas de debaixo
dela e deitá-la para ser examinada. A cerva se esquivou. Granger disparou
para ela com os braços abertos. A cerva saltou para o lado.
Neste ponto, a criatura parecia concluir que eles eram amadores absolutos.
Ela parecia estar brincando com a perseguição deles, com a perna
pendurada e tudo. Ela esperou até que Draco ou Granger chegassem perto
dela e então saiu correndo novamente, jogando sujeira em seus rostos.
– Eu vou esfolá-la eu mesmo e fazer dela uma maldita capa. - rosnou Draco
através da lama.
Eles a pegaram. Draco colocou a criatura no chão e segurou suas três pernas
boas em um aperto de punho duplo, enquanto todas as tentativas de conjurar
cordas ou correntes escorregavam. Sua perna ferida se projetava em um
ângulo não natural atrás dela.
Draco não tinha uma resposta coerente para oferecer, pois estava cuspindo
lama.
A cerva chutou uma perna livre e cobriu o cabelo de Granger em uma bola
generosa de lama.
– Está tudo bem. - disse Granger, jogando o cabelo encharcado por cima do
ombro. – Ela está com medo. Não é culpa dela.
– Você conseguiu?
– Perfeito.
Granger Enervou a cerva, que encontrou seus pés, tremendo. Ela se afastou
deles, colocando seu peso uniformemente em todas as quatro pernas.
Granger espirrou.
~~~~~~
E seu alto astral perdurou, porque ali, entre a grama alta sob um suave céu
azul, ela encontrou a combinação mágica de fungos e flora que tanto
procurava.
Ele teve que admitir que seu visual estava arruinado. Ele lançou Scourgify e
Aguamenti até que ele não fosse mais um cocô ambulante.
Ele parou depois que os gritos dela ficaram estridentes e ela rosnou,
"Malfoy!", porque ele não queria que ela o transformasse em um cocô de
verdade.
– Luz?
– A Cova do Diabo. - disse Draco, olhando para cima para a pedra maciça
acima deles. – O que há de tão diabólico nisso?
– Talvez possamos deixar um pouco para ele. Água, quero dizer. Não
sangue infantil – eu não tenho nenhum.
Granger fez uma careta, então se inclinou para consertar o colarinho dele.
– Mas seu cabelo – uma causa perdida absoluta, hoje. - disse Granger.
– Eu não vou.
18h15.
Granger se ajoelhou ao lado da tigela de prata. A brisa dançava entre a
grama alta. Um encanto de pintassilgos levantou voo.
18h18.
18h19.
18h20.
Bateu o equinócio.
O sol se pôs.
Então ela se levantou, inclinou a cabeça para cima, abriu os braços e disse:
– Sim!
Ela girou em um círculo, uma pequena figura sob um grande céu, rindo de
sua felicidade para os céus.
Ela olhou para cima assim como ele olhou para baixo.
Continuaram como se nada tivesse acontecido. Porque ele era seu Auror e
ela sua Protegida e ambos eram profissionais consumados.
E Granger não tinha pulado gritando, sabe. Ela não limpou a boca, não
cuspiu. Ela tinha apenas sentido calor, e respirado uma vez, e agora ela
corou e se ocupou em empacotar.
– Isso é Mabon resolvido. - disse ela, alívio em sua voz. – Mal posso
acreditar.
– Um pequeno triunfo.
Ela ficou sentada lá por um longo tempo, com as mãos na terra atrás dela, o
rosto para o céu, respirando aliviada.
Essa bruxa era – essa bruxa era – ele não tinha as palavras para isso, mas
ficou impressionado com isso. Isso queria engoli-lo.
Estava nele.
27. A Festa de Theo
Como Draco preferia culpar qualquer pessoa além de si mesmo por seus
problemas, ele colocou a culpa diretamente em Granger, que não tinha nada
que sorrir para ele. Francamente, como ela se atrevia. Comportamento
desagradável. Impensado. Rude, realmente.
Muitas vezes ele já tinha se perguntado o que levou tantos de seus amigos
ao casamento e à pequenez da felicidade doméstica. Mas às vezes, quando
Granger chegava em casa, sorria um olá e sentava ao lado dele na mesa, às
vezes, por um breve momento, ele entendia. Esses momentos foram um
vislumbre de algo que ele não sabia que poderia querer, mas foram fugazes,
e o sentimento desaparecia quando ela ia para a cama, deixando-o com uma
sensação de perda de algo que ele nunca teve em primeiro lugar.
Granger abriu o dela para descobrir um convite de Theo. Ela mostrou para
Draco, que viu que Theo havia se esforçado muito com isso: a escrita era
linda, o pergaminho era do mais alto grau, a tinta brilhava luxuosamente.
Querido fodido,
Perdi meu Bloco, portanto, missiva por meios antigos. Bebidas e delícias
na minha casa, neste sábado, 7. Convidei a Granger.
Beijos,
Theo
Granger
Pansy + Longbott
Blaise
Davies + esposa
Luella (no exterior)
Flint.
Draco. Eu suponho.
– Minha nossa. Quase teríamos que enviar isso para Bletchley Park para
decifrá-lo. Sua correspondência com seus amigos geralmente envolve
ameaças de morte?
– Sim, e tentamos assassinatos uma ou duas vezes por ano; é uma espécie
de tradição.
– Só o último.
– Mm. Eu sei tudo sobre ele. E lobisomens secretos, tem algum desses?
– Eu não sou seu carcereiro. - disse Draco. – A Casa Nott é tão bem
protegida quanto a Mansão. E eu estaria com você o tempo todo.
Draco abriu a boca para dizer que, pensando bem, Granger provavelmente
não deveria ir, mas Granger agora estava batendo em seu lábio.
──── ◉ ────
Quando Draco estava pronto para sair, nem a bruxa nem a elfa haviam saído
da suíte de hóspedes. Só havia Tupey para despedir Draco em todo o seu
esplendor de black-tie.
Draco usou o Flu para a Casa Nott às sete e meia. Enquanto sacudia a
fuligem, Theo apareceu para cumprimentar seu estimado convidado.
– Obrigado por gozar desta noite, Draco. Eu sei que não é algo que você
tem feito muito.
Após uma breve conversa, Draco mudou-se para Davies e sua esposa,
Audrielle. Davies estava pensando onde esconder sua vassoura mais nova
de sua esposa; sua esposa estava sentindo falta do bebê que eles deixaram
vinte minutos atrás e imaginando quão cedo eles poderiam escapar
educadamente para casa.
Zabini riu.
– Sim, senhor!
– Claro que não, senhor. - disse a elfa, com um olhar desconfiado para Flint.
Flint, descarado, pegou sua bebida e mandou um beijo para Theo antes de
se juntar a Davies.
Pipsy, a elfa doméstica, presenteou Draco com sua G&T – muito forte. Ele
aprovou.
Ele ficou de pé para conduzir Granger ao salão. Ela foi assediada por
Longbottom (abraços), Padma (mais abraços), Pansy (beijo na bochecha) e
Zabini (aperto de mão firme).
Draco voltou seu olhar para Flint sem ouvir nada do que o homem estava
dizendo, porque oh não, Granger estava usando um vestido preto, e era
aberto nas costas, e havia uma fenda nele até a coxa, e seu cabelo foi
torcido para o lado e exibia aquela parte de seu pescoço que parecia mais
deliciosa, e Flint tinha acabado de lhe fazer uma pergunta e ele não tinha
ideia do que estava acontecendo.
– O que? - disse Draco. – Desculpe, não pude ouvi-lo com o som do... gelo.
No meu copo.
– Bobagens. - disse Flint. Ele inclinou a cabeça para Granger. – Você está
distraído.
– Não fique chateado comigo. - disse Flint. – Não fui eu que ficou todo
idiota e com os olhos úmidos no meio de uma conversa.
Draco queria que alguém enrolasse seu cabelo, mas as mãos dela estavam
ocupadas com uma descrição animada de algum tipo de fungo.
– Você continua tocando seu marido - retrucou Flint com um aceno brusco.
– Falaremos disso em um sussurro.
-Uma forma crônica de estupidez para a qual não há cura conhecida. Sua
recaída mais recente envolveu um combate mano a mano com um Nundu,
seguido por um passeio casual direto para um jato de seu veneno.
– Cheers!
Draco se viu sendo empurrado e esbofeteado no ombro e socado nas
costelas, e algum imbecil dos círculos mais profundos da cretinidade
despenteou seu cabelo. Enquanto isso, Granger estava cercada por uma
delicada multidão de pessoas batendo suavemente seus copos nos dela.
– Ele cresce em você. - disse Granger, com uma espécie de afeição latente,
como se Draco fosse uma espécie de parasita que tinha se instalado em sua
pessoa e começado a se tornar querido por ela.
– Seu maníaco absoluto. Você tem sorte de estar vivo, mais ainda vadiando
por aí, bebendo todas as minhas melhores bebidas.
– É muito – er – expressionista.
Draco olhou para Theo, o imbecil mais atrevido que já tinha nascido.
– Gosto de encorajar gênios quando vejo. Muitos desses jovens artistas não
conhecem seu próprio potencial.
Theo se divertiu por mais alguns minutos, sondando as senhoras sobre suas
interpretações da obra e suas opiniões sobre a escolha de materiais do
artista (ele deu a entender que a tinta era bastante cara e envelhecida 30
anos antes da aplicação).
– Por que você está parecendo que alguém cagou na sua chaleira? -
perguntou Flint.
Quando Theo esgotou sua fonte de diversão com as damas, ele chamou a
sala em geral:
– Vamos dançar?
Patil, Audrielle e Pansy deram giros com Draco. Enquanto isso, ver Granger
nos braços de Flint fez Draco desejar garrotear o homem com sua própria
gravata-borboleta. Vê-la nas garras de Zabini trouxe pensamentos de
sufocamento com uma das almofadas do sofá. E Theo – Draco estava meio
que pensando em quebrar seu copo em uma faca e esfaqueá-lo.
Então Theo, que parecia muito mais sóbrio do que estava deixando
transparecer, chamou a atenção para o fato de que Draco não tinha tido uma
dança apropriada com sua salvadora, o que era inaceitável. Para
aborrecimento de Draco, ele e Granger foram empurrados juntos, e todos se
reuniram e dançaram com eles e ao redor deles, e não era de todo a visão
íntima que Draco tinha sonhado em excesso.
Ele e Granger se abraçaram rigidamente. Granger parecia irritada sob o
sorriso dela. Ele pisou no pé dela e ela pisou no dele. Eles rosnaram um
para o outro. Draco disse que os pés dela eram tão pequenos que se ele
estava pisando neles, devia ser porque ela estava prendendo os dela sob os
dele de propósito. Granger disse que se ela estava pisando no dele, era
porque não se podia deixar de pisar nos pés de Draco se estivesse na mesma
sala que ele, dada a sua área de superfície.
– Conserte-a.
Draco tomou essa insinuação de que Granger não aprovava seu visual
despreocupado como uma afronta pessoal.
– Certo. - disse Draco, pegando sua gravata. – Já que você se importa tanto.
Granger o observou enquanto ele demonstrava o nó, com uma espécie de
foco irritado.
– Sim.
– Mostre-me.
– Valendo dez.
– Mas eu não estava vendo – quero dizer, eu estava vendo, mas não – de
qualquer forma, tudo bem, vou tentar.
– Com quem?
– Draco.
– Ooh.
Paty chegou.
– Um nó-Nott?*
– Uma gravata borboleta. - disse Granger com muita paciência. – Esse tipo
de nó. Não Nott.
Flint chegou.
Granger deu um passo para trás e olhou cinicamente para sua obra.
– Seis em dez.
– Como você pode ser tão cruel com Hermione? - perguntou Theo. – Ela
tentou tanto.
Granger fez uma contribuição positiva substancial para o humor de Draco
dizendo:
Houve uma migração da pista de dança para o bar para mais bebidas. Todos
ficaram agradavelmente bêbados com sua bebida preferida. O uísque caro
nas veias de Draco o deixou relaxado e lânguido. Pansy e Longbottom
desapareceram por um longo tempo e voltaram parecendo apenas um pouco
desgrenhados. Davies e sua esposa saíram pelo Flu.
No bar, Theo começou a mexer com coquetéis. Ele estava girando sua
varinha sobre uma tigela de algo branco e espumoso.
Pansy apoiou os cotovelos no bar para assistir e foi acompanhada por Patil.
– É tolice da sua parte assumir que ainda não estamos apaixonados por
você. - disse Zabini.
– Voilà!
– Elas são feitas para serem saboreadas, seu grande idiota. - disse Theo.
– Por que estamos racionando champanhe? - engasgou Pansy. – Vai ter uma
guerra?
Pipsy deu a Draco sua taça de champanhe di amore. Ele se afastou do bar e
se escondeu atrás da conveniente massa de terra que era Flint.
Porra.
Draco limpou a garganta, olhou em volta e tentou parecer despreocupado.
Granger estava agora dando um passo à frente para pegar a dela da elfa
doméstica. Em seu rosto havia um olhar de nobre pavor, como o de uma
rainha caminhando para a guilhotina.
Patil se distraiu com uma briga entre Flint e Theo. Granger visivelmente se
endureceu.
Ela respirou fundo e parecia aflita – como se alguma coisa medonha tivesse
acabado de ser confirmada.
Ela mal teve tempo de se recompor quando Pansy se virou para ela.
– E? - perguntou Theo.
Quando o foco do grupo mudou para outro lugar, Granger olhou para a taça
como se estivesse pensando em derramar seu conteúdo no chão.
– Lavanda recém-colhida.
– Masala chai.
– Nougat.
– Saboreando.
A conversa voltou aos planos de viagem e Draco foi deixado para saborear.
Ele olhou para Longbottom e se viu, pela primeira vez na vida, com inveja
do homem. Ele queria o que esse idiota tinha. Ele queria ser desejado. Não
por seu nome, dinheiro ou aparência, mas por ser um homem decente,
ocasionalmente estúpido. Ele queria alguém para enrolar seu cabelo e
amarrar suas gravatas. Ele queria que alguém segurasse sua mão e o
puxasse para as pistas de dança, e para os banheiros para rapidinhas, e ao
longo do caminho da vida.
– Draco não nos deu seu cinismo habitual. - disse Zabini. – Eu acho que vai
ser um fracasso total.
– Posso formar uma relação parassocial com seu cabelo? Está tão grande.
Mas era tarde demais. Granger e Patil se desvencilharam e para onde isso
estava indo continua sendo um mistério trágico.
– Você não deve ter medo de Draco, você sabe. Ele é bastante domesticado.
Tenho certeza que ele não vai morder.
– Medo? Dele?
Além disso, ele resolveu matar Theo pela terceira vez naquela noite. Ele
pediria a Zabini o veneno de Nundu, quando o adquirisse.
Granger sentou-se sobre as pernas dele, o bumbum nas coxas dele, os pés
cruzados nos tornozelos para o lado. Isso ofereceu a Draco uma excelente
visão do perfil dela, incluindo a lateral de um seio, vestido com tecido preto
colante, precisamente na altura dos olhos. Draco desviou os olhos para
encontrar algo mais seguro para olhar. Seu olhar pousou mais abaixo, onde
a fenda de seu vestido expôs sua coxa, bem ali, perto da virilha dele.
– Theo sabe sobre seus delírios induzidos pela anestesia, ou isso foi
coincidência? - perguntou Granger.
Ele não ia ficar duro só porque uma mulher estava em seu colo.
Theo agora estava insultando o gosto de Zabini por vinho. Patil juntou-se
com alegria; aparentemente, isso tinha sido uma fonte de discussão anterior,
e ela tinha um arsenal de piadas prontas.
– Eu posso.
– Muito kafkiano. - disse Patil. – Você terá que escrever um livro sobre sua
experiência.
– Esses filisteus não vão entender essa referência. - fungou Theo. – Com
licença. Eu tenho que voltar a encher minha bebida e, por acaso, fugir de
perto de Hermione.
– Ela pode fazer isso à distância. - chamou Draco para as costas de Theo.
– Certo! A prática!
Granger começou.
Ela se aproximou de Draco com uma espécie de foco embriagado. Ela tinha
feito uma coisa esfumaçada ao redor de seus olhos que os deixou ainda
mais outonais. Draco, portanto, não olhou para ela. Ele admirou o teto. Ele
sentiu um leve puxão aqui e ali em seu pescoço enquanto Granger mexia
com sua gravata borboleta.
Brilhante.
Tudo o que ele realmente percebeu foi seu próprio reflexo, olhos escuros,
com um rubor rosado no topo de suas maçãs do rosto. Além disso, ele tinha
um cabelo fora do lugar.
– Oito de dez. - disse Draco. – Segure isso aí para mim, querida, eu tenho
que consertar isso.
Granger não era uma querida. Ela deu a ele um olhar que estava cortando.
Ele arrumou o cabelo bem na hora; ela transformou o espelho em uma
monstruosidade côncava que o fez parecer o Skrewt.
– Acho que melhorei, pelo menos. - disse Granger, mas ficou claro que
irritou em sua alma nerd que ela não tinha alcançado as melhores notas.
– Oh?
– Só se você me ensinar aquele comando rúnico - aquele que você usou nas
flechas.
Granger pensou sobre isso, um dedo em seu lábio. Então ela se aproximou,
com um cheiro delicioso, e sussurrou:
– Tudo bem. Mas você tem que me ensinar o feitiço de proteção geodésica,
em troca.
Draco tinha um pedido final, tão privado que ele gesticulou para Granger se
aproximar ainda mais. Um de seus cachos roçou em sua boca quando ela se
inclinou.
Granger ofegou.
– Seu extorsionário.
– Eu sei.
– Por que?
Glurkk.
Agora o rosto dela estava perto do dele. Seu olhar era suave, embriagado,
sonhador.
– Eu odeio que isso tenha um gosto tão bom. - disse Granger. Ela parecia
devastada por isso. Sexymente devastada. Ela pressionou a ponta do dedo
entre os lábios.
– Estranhamente, é.
Ele podia sentir o inchaço do peito dela contra seu peito. A massa de seu
cabelo estava presa entre eles e fazia cócegas em seu pescoço.
– Eu bebi demais e não estou pensando com clareza. - disse Granger, mas
parecia que ela estava declarando isso para si mesma, e não para Draco.
Draco atraiu Theo de volta ao salão sob algum pretexto, para que Granger
pudesse usar o Flu para a Mansão sem ser ouvido.
– Você foi menos miserável do que o normal esta noite. - disse Theo.
Theo sorriu.
Ele esperava que Granger não tivesse ido direto para a cama durante sua
conversa com Theo. Eles tinham negócios inacabados.
──── ◉ ────
Draco saiu do Flu para encontrar Henriette ajudando Granger com uma
delicada limpeza de seu vestido.
Henriette limpou Draco também, então deu boa noite a ambos, um tipo de
brilho irritante em seus olhos.
– Certo. - disse Draco, ajeitando sua gravata borboleta. – Que bom que você
ainda está aqui.
– Por que...?
– O salão de baile.
– Mas o que-
– Mas nós-
Granger não fez mais objeções, mas permitiu que seu eu bêbada fosse
puxada, parecendo educadamente confusa.
– É sim!
Draco pegou uma das mãos de Granger nas suas, colocou a outra na cintura
dela e começou a guiá-la por uma valsa antes que ela pudesse ficar
Grangeriana e fazer muitas perguntas, como se ele tinha enlouquecido.
Eles dançaram alguns passos cautelosos. Ele olhou para ela para ver se ela
estava planejando fugir do lunático – mas ela estava seguindo seu exemplo,
parecendo cautelosa, mas curiosa. Ela tinha olhado para ele assim uma vez
antes, quando ele encantou um grupo inteiro de médicos trouxas naquele
pub de Oxford. Era de uma surpresa agradável e quem diabos é você, tudo
em um.
Como em Provence, a cintura dela estava quente sob a palma da mão dele.
A mão dela na dele era gentil. Ela era leve enquanto eles se moviam e, desta
vez, não havia pisar nos pés um do outro.
Ele levantou o braço e ela girou para longe dele, e eles estavam unidos
apenas pelos dedos, e então ela girou de volta para ele, tão perto que ele a
sentiu respirar novamente.
A luz estava em suas veias novamente – o sol de Mabon, incandescente,
glorioso, inchando em torno de seu coração e espremendo até o ar dele.
Novamente ela se virou, e desta vez veio de costas para ele, pressionada
contra seu peito, seu traseiro contra sua virilha. Seus olhos travaram em um
dos espelhos, mas era muito intenso para sustentar e eles desviaram o olhar
novamente.
Quando ele a trouxe para baixo, ela se agarrou a ele, rindo, o brilho da
verdadeira alegria em seus olhos. Ele sentiu uma alegria igual, como nunca
havia sentido antes. A leveza nele era sublime.
Os braços dela estavam em volta do pescoço dele. Ela estava tão perto dele
que ele queria explodir.
A sensação era rara – preciosa – de partir o coração. Ela estava radiante. Ela
tirou o fôlego dele. Ela era tudo o que ele queria.
– Granger, eu-
Ele não precisava do anel para lhe dizer que o coração dela estava
acelerado. Ele podia sentir a pulsação dele contra seu peito. O dele bateu
uma batida combinando, muito rápido, tão rápido que doeu.
Ele estava bêbado de endorfinas e muita bebida boa e muito pouco bom
senso. Seus lábios se separaram. Ela estava olhando para ele como se
pudesse beijá-lo. Era impossível. Isso não poderia acontecer.
Sua resposta foi apertá-la para cima e para ele. Ela ofegou contra seus
lábios quando ele a beijou de volta.
Só que agora não foi Amortentia que ele provou; não eram aqueles cheiros
perfumados e fabricados – era ela. Era real. E o champanhe era uma
imitação pobre, agora que ele tinha a coisa real contra ele, respirando em
staccato contra sua boca, enrolando os dedos em sua camisa. A Amortentia
não falava da suavidade de seus lábios, de tremores, de dedos enganchados
em seu colarinho, de uma bruxa deliciosa, de bochechas coradas, vacilante,
pressionando sua boca sorridente na dele.
Ela tremeu um pouco, assim como ele, com uma confusão eufórica de
adrenalina, nervos e contenção.
– Eu ainda não estou pensando com clareza. - disse ela, sua voz baixa e
sombria, suas palavras roçando em sua cicatriz.
– Obviamente.
Ele pensou que poderia morrer feliz se os lábios dela molhassem os seus
novamente.
──── ◉ ────
*No original: "I am tying a knot, Nott," - disse Granger. // Patil parecia
confusa. "A Nott Nott?"
**Tying the knot: uma expressão que significa "se casar". Há um jogo de
palavras entre "atar o nó" da gravata e "eles estão atando o nó" (se
casando). Também há a questão da fonética, porque a pronúncia é a mesma
nas palavras knot, Nott e not neste capítulo.
***No original: "I am not" - disse Hermione. // "No, I'm Nott". - disse
Theo.
28. O Viking, Condutas
Vergonhosas, Cura, Prazeres
Então ele tentou se afastar, mas ela ficou na ponta dos pés e pressionou a
boca na borda de sua mandíbula. A mão dele deslizou para a nuca dela,
pétalas de rosa roçaram seus dedos, ela suspirou contra sua bochecha.
Granger parecia igualmente confusa. Ela deu um passo para trás. Havia
autocensura, arrependimento e pavor no movimento.
Eles se entreolharam com crescente alarme e desespero por afirmar que não
tinha sido nada.
– Não - não deveríamos. - disse Draco, odiando o quão sem fôlego ele
soava.
Granger olhou para o chão, para os espelhos, para qualquer lugar menos
para ele.
– Eu sei que não somos – erm – eu sei disso – obviamente, você sabe –
– Sim, obviamente-
– Sim.
– Certo. É claro.
– Sim. Nós dois estávamos – ambos sob a influência. Não vai acontecer
novamente. Eu não gostaria de contrariar nada e prejudicar – isso. Você
como meu Auror e – e tudo.
– Certo.
– Sim.
– Sim.
– Obrigada.
Então ele disse, baixinho, mas com toda a turbulência em sua alma:
– Caralho.
──── ◉ ────
Mas Fenrir Greyback foi cuidadoso. Não havia nada de útil nas mentes dos
cativos.
Então, é claro, no próximo incidente, ele não sentiu nenhum dos dois.
Ele se desilusionou e aparatou para o anel. Por que diabos ela não ativou o
sinal de socorro? O que eles fizeram com ela?
Ele surgiu quase na escuridão, na sala de uma casa fechada com tábuas. As
silhuetas de meia dúzia de homens saltaram de surpresa quando o estalo de
sua aparatação denunciou sua chegada.
Ele não podia ver Granger e, portanto, não se atreveu a atravessá-los com
algo explosivo. Ele conseguiu petrificar três deles enquanto se orientava,
desviou duas maldições - então ele estava no fogo cruzado de muitos
feitiços para desviar e foi atingido por um Finite Incantatem, algo
concussivo em seu joelho e um Estupefaça.
Draco, vendo sua varinha cair aos pés de seus oponentes, fingiu um
colapso, como se o Estupefaça o tivesse acertado.
Restavam quatro homens. De onde ele agora estava deitado no chão, Draco
podia ver Granger, caída contra uma parede rachada. Ela também parecia
estuporada. Sem sangramento evidente. Era um pequeno alívio.
A varinha de Draco foi pega pela maior figura entre os homens, que agora
segurava três – a de Draco, a de Granger e a dele.
Era Larsen.
– Você sempre faz as partes divertidas. - disse o nasalado, sua mão tateando
na braguilha de Granger. – Eu quero-
– Tire suas mãos de cima de mim. - disse Moore, soltando Granger para se
contorcer contra o aperto de Larsen.
– Oi oi oi. Vocês dois poderiam parar de putaria? Quem sabe quantos outros
Aurores estão a caminho?
Larsen não reagiu bem ao golpe. Ele estapeou Moore contra a parede.
Moore empurrou-se para fora e se lançou em Larsen com um grito furioso.
Os outros dois tentaram intervir, com as varinhas levantadas, ameaçando
estuporar os dois combatentes.
Draco esperou por sua abertura – ele só teria uma. Eles estavam mais perto
de Granger do que dele, agora, e muito longe para ele pegar uma das
varinhas do punho de Larsen.
Enquanto seus sequestradores lutavam entre si, uma de suas mãos se moveu
em direção ao bolso. Ela manteve a cabeça baixa como se ainda estivesse
inconsciente.
Agora, entre as botas dos homens discutindo, Draco podia ver algo
brilhando na palma da mão dela. Era uma pilha de seus discos anti-mágica.
Oh. Oh.
Draco esperou.
Com estalos de seu pulso, Granger enviou discos derrapando nos cantos da
sala, sob móveis apodrecidos e em recantos escuros.
– Acabei de vê-la – não sei – se contorcer – acho que ela jogou alguma
coisa.
– Legilimens!
– O que-?
Nada aconteceu
– O que diabos está errado - disse Moore, apontando sua varinha inútil para
Draco.
Houve algum jorro de gel vítreo. Moore lançou-se para a frente com um
grito estrangulado. Draco pisou na parte de trás de sua cabeça e não
removeu seu peso até sentir a ponta da varinha perfurar o crânio do homem
e pressionar contra o fundo de sua bota.
O maior homem com quem Draco já lutou foi Goggin. Este homem fazia
Goggin parecer um menino púbere. Draco era sábio o suficiente para saber
que estava fisicamente em desvantagem. Em qualquer outra situação, ele
teria recuado. O movimento certo aqui era fugir, mesmo que apenas por
tempo suficiente para chamar reforços. O movimento lógico. O movimento
óbvio.
Mas ele não fugiria. Ele deixaria Granger sozinha com este homem
literalmente por cima de seu cadáver.
– O piloto...?
Larsen chegou muito perto. Draco cortou uma linha bonita em seu rosto.
Um soco destinado à garganta de Draco o atingiu no peito. Ele sentiu algo
quebrar.
Eles se separaram. Draco achou difícil recuperar o fôlego – algo não estava
encaixado corretamente em suas costelas. Larsen tocou o lado de sua
cabeça e olhou para sua mão ensanguentada com admiração. A aba de carne
que tinha sido sua orelha estava no chão.
Não aconteceu. Isso o atrasou por um momento, então ele mudou de tática,
concentrando-se em pegar a faca da mão de Draco. Draco viu uma abertura
para um gancho limpo e a agarrou, seu punho acertando o olho do homem.
Ele sentiu o contorno preciso da órbita ocular de Larsen contra os nós dos
dedos, sentiu uma espécie de ranger.
Aquele soco teria jogado qualquer outro homem em sua bunda, mas não o
Viking. Ele se sacudiu e se lançou novamente para a faca. Draco recebeu
sua mão tateante com a ponta da faca e a empurrou pela palma.
Larsen afastou sua mão e atacou com um gancho com a outra, apenas
parcialmente desviado por Draco.
Se Larsen acertasse um único soco sólido, essa luta acabava. O viking era
uma fera.
Agora ele estava com raiva. Ele cuspiu dentes. Ele atacou –
escandalosamente rápido, para um homem tão grande – e conseguiu chutar
a faca da mão de Draco.
Draco estava preso. Larsen estava sobre ele, uma mão em seu pescoço,
pressionando cada quilo de seu peso hediondo nele.
Em uma espécie de câmera lenta, ele viu uma pequena mão aparecer ao
lado da coxa de Larsen.
Larsen a chutou para longe e pegou a varinha restante. Então ele a pegou
pelo braço e a ergueu. O coração de Draco parou – ela parecia tão frágil, tão
frágil enquanto balançava antes de se levantar.
O viking cambaleou até a porta, sangrando profusamente, arrastando
Granger, evidentemente planejando fugir.
O viking olhou por cima do ombro, para a faca e o bisturi, e para a longa
mancha de seu próprio sangue, vermelho-escuro no chão sujo.
Ele meio rastejou, meio caiu pela porta. Ele não sabia, mas se colocou fora
do perímetro de Granger.
Agarrando sua varinha com a mão ensanguentada, Larsen abriu a boca para
desaparatar.
– Certo – o que esse idiota quer de você – duas coisas – primeiro ele queria
vasculhar seu cérebro em busca de informações sobre qualquer outra pessoa
que pudesse estar trabalhando em imunoterapia mágica, ou mesmo trouxas
que pudessem ajudar pesquisadores mágicos. E em segundo lugar-
Draco encontrou uma barreira Oclusiva mais densa. Ele lutou contra isso,
então decidiu pegar um atalho apertando a garganta de Larsen até que ela
desaparecesse.
– Como ele soube disso? - perguntou Granger. – E por que ele está tentando
isolá-lo?
– O que?!
– Ele precisa entender como você atacou o vírus porque – eles estão
tentando desenvolver – algum tipo de contramedida contra você – o
laboratório de Larsen está tentando produzir uma cepa de licantropia que
pode ser usada para infectar outras pessoas a qualquer momento, não
apenas em a lua cheia. É por isso que ele precisava entender como você fez
isso. Eles estão – eles estão tentando usar isso como uma arma.
──── ◉ ────
Greyback estava jogando um jogo inteiramente novo, agora. Sob o peso dos
olhares arregalados de Shacklebolt e Tonks, Granger concordou, com dor
óbvia, em largar seus turnos na emergência do St. Mungo. Se Larsen tivesse
sido ousado o suficiente para um sequestro diurno em Trinity, agora havia
uma possibilidade real de que Greyback fosse ousado o suficiente para
encenar algo na A&E.
– Se você for a algum lugar, será St. Mungus. - disse ela, olhando os vários
ferimentos de Draco.
~~~~~~
A visão das marcas fez Draco vacilar à beira de uma súbita queda em raiva.
Algo disso deve ter mostrado em seu rosto. Granger deu a ele um olhar
meio desconcertado e se curou com alguns movimentos rápidos de sua
varinha.
Agora ele se viu cercado pelo brilho verde dos feitiços de diagnóstico
quando Granger começou a examiná-lo.
Ele olhou para os pictogramas repletos de significados enigmáticos.
– Você é uma bruxa útil para se ter por perto. - disse Draco.
– Excepcionalmente feliz por você ter uma faca. Ia jogar o bisturi para
você.
– Você também não é muito boa nisso. Nunca vi alguém abrir uma artéria
femoral com uma exatidão tão sublime.
Houve um silêncio. Suas mãos estavam firmes enquanto ela passava por
mais alguns feitiços de diagnóstico.
– Sim. E tudo.
Granger fez uma pausa. Ela se virou, riu em suas mãos, então respirou e o
encarou novamente.
Não. Ele não pararia de ser bobo. Ele gostava de vê-la rir. Dava-lhe uma
sensação de tremor. Além disso, aquela agitação pós-adrenalina estava
despertando, e a sensação de vibração induzida por Granger continuava
querendo descer até sua virilha.
Ela teve o prazer de informar a Draco que ele não havia rompido um
testículo.
Ela foi lavar as mãos. Então ela voltou e ficou curandeira – séria e focada,
com uma certa autoridade em seu porte.
Ele foi instruído a se deitar no sofá, o que ele fez, feliz. Ele colocou as mãos
atrás da cabeça (porque era confortável, mas também porque fazia seus
peitorais saltarem, como um bônus para Granger). (Além disso, ele tinha
seis gomos definidos. Ela estava livre para notar isso também.)
Draco colocou sua camisa de volta porque Granger, balançando-a entre dois
dedos, agora a balançava impacientemente para ele.
Bestial.
Draco cogitou. Talvez ele devesse ter se permitido ser espancado para dar a
Granger mais problemas e mais motivos para despi-lo.
Em mais uma incursão na loucura, ele pensou que talvez devesse ter
rompido um testículo.
Uma versão brilhante do crânio de Draco flutuou no ar entre eles. Era muito
bonito e bem feito, com maçãs do rosto tão bonitas quanto as de Madalena.
Depois de estudar o esquema de vários ângulos, ela disse que queria ser
particularmente cuidadosa ao curar este, para garantir que fosse realinhado
corretamente e não afetasse sua mordida.
– Perdão?
– ...Encantador.
Isso era bom, pensou Draco enquanto olhava para ela. Muito bom.
Granger disse que ela sabia que seria terrivelmente difícil, mas ela
precisava que Draco mantivesse sua boca fechada por seis minutos inteiros.
Isso era bom para Draco. Ele iria luxuriar, em vez disso.
Granger ampliou a imagem diagnóstica e passou a trabalhar com
movimentos de varinha lentos e precisos. Ambos os dedos dela e sua
varinha estavam quentes em sua mandíbula. Draco fechou os olhos e
suspirou, como se estivesse apenas suspirando e não, você sabe, inalando
Granger recém-saída do chuveiro. Sabonete, pele completamente limpa.
Que pena que ele não pudesse se inclinar para frente e pressionar o rosto
entre os seios dela e inalar.
Ele decidiu que ele era realmente bestial, e uma desgraça, e foda-se o bom
comportamento, ele pensaria em peitos o quanto quisesse.
Um Auror não transava com sua protegida. Ele estava sendo terrivelmente
inadequado. Ele precisava se acalmar.
Tudo era sexy. Estes foram seis dos minutos mais sensuais da vida de
Draco. Ele queria pegá-la e...
Ops.
Draco teria sugerido que ele poderia dar a ela alguns jatos de uma dieta
líquida, se ela fosse receptiva, mas, infelizmente, ele não podia falar.
Ela acenou com um diagnóstico final e passou as pontas dos dedos ao longo
de sua bochecha enquanto o estudava, inclinando a cabeça para a esquerda,
depois para a direita.
– Perfeito. - disse ela, com evidente satisfação. – Tão bom como novo. Você
pode voltar a falar.
Draco olhou para baixo para descobrir que sua camisa fora da calça
camuflava o pior de tudo. Ele se desinchou com um aceno de varinha e
continuou sentado ali, na mesa lateral, sentindo-se o homem mais
repreensível do mundo.
Draco seguiu Granger escada acima (sim, ele olhou para a bunda dela) e
entrou na suíte de hóspedes. A sala da frente da suíte havia sido tomada,
assim como a da casa dela, por livros. Seu computador dobrável brilhava
em uma mesa.
Draco seguiu Granger escada acima (sim, ele olhou para a bunda dela) e
entrou na suíte de hóspedes. A sala da frente da suíte havia sido tomada,
assim como a de sua casa, por livros. Seu computador dobrável brilhava em
uma mesa.
Granger abriu o tomo antigo com seu grau habitual de cuidado e virou para
uma das últimas partes.
– Você acha que ela estaria au fait com detalhes sobre outros itens ou
artefatos raros, supostamente desaparecidos para sempre?
Granger virou-se para ele. Suas mãos estavam entrelaçadas na frente dela.
Ela tinha aquele olhar ansioso sobre ela, aquele que ela usou quando pediu
a ele para se juntar a ela para roubar o crânio de Maria Madalena.
– Que item?
Draco zombou.
Cumprida essa tarefa, ele trouxe alguma aparência de ordem para sua mesa
e flutuou uma garrafa de Macpherson's Rare Oak em sua direção, junto com
um copo.
Ele não sentiu nenhum dos sentimentos que normalmente seguiam quase
fatalidades com os Protegidos. Às vezes era arrogância por ter
corajosamente tirado alguém de uma situação impossível. Às vezes, se a
quase fatalidade pudesse ser evitada, era uma culpa para fazer melhor da
próxima vez. Majoritariamente, era simplesmente alívio.
Nada disso, esta noite. As imagens se repetiam em sua mente e tudo o que
ele sentia era náusea. A forma dela caída contra a parede. Moore agarrando-
a. Seu rosto, apertado pela mão enorme de Larsen. Seu balançar indefeso no
braço de Larsen, quando ele a puxou para a porta.
Nenhum alívio. Apenas isso – esse tipo de tristeza.
Por quê?
Era porque, deuses o ajudem, essa protegida era preciosa para ele. E ia além
das atrações de Amortentia. Ela importava para ele. Ele se importava com
ela.
Todas as coisas que um Auror não deveria sentir. Pior, eram todas as
vulnerabilidades que Draco odiava, em um pacote organizado.
Ele disse a si mesmo que não era amor – isso era um conforto. O amor foi
feito para ser uma coisa boa. Borboletas e bobeiras com poemas e esse tipo
de podridão. Essa coisa? Essa coisa segurando-o pela garganta? Era uma
coisa horrível. Isso doía nele.
Ela não deveria ser preciosa para ele. Ela deveria ser apenas – uma
protegida. Eles não deveriam ser nada. Eles deveriam ser colegas na melhor
das hipóteses.
Ela não deveria ser preciosa para ele. E, no entanto, ela era. Estar com ela
era divino. Isso o espantava. Ele estava miserável. Ele estava obcecado. Ele
estava mortificado. Enlouquecido. Repelido. Viciado.
Ele odiava isso. Ele não queria nenhuma parte disso. Ele não tinha pedido
por isso. Exceto em momentos de fraqueza induzida por Granger ou
Amortentia, ele sabia o que queria. Ele queria permanecer desapegado,
invicto e livre. Seu próprio homem.
(A propósito, era uma espécie de covardia. Era ter muito medo de perder
alguma coisa e, portanto, não tentar em primeiro lugar. Era orgulho. Era
uma aversão a se abrir e ser magoado. Dar a ela uma parte dele que ela
poderia quebrar. Muito melhor ficar sozinho e chamar isso de liberdade.)
Havia uma saída. Ele conhecia os protocolos. Ele deveria falar com Tonks e
renunciar a esta missão. Deixar isso desaparecer ou explodir.
Mesmo enquanto pensava nisso, ele sabia que não faria isso.
Operacionalmente, o momento para tal renúncia seria simplesmente
terrível. Mas além disso – foda-se os protocolos. Foda-se qualquer coisa
que pudesse colocá-la ainda mais longe dele. Ele não queria perder essa
coisa. Ele era muito egoísta. Ele estava viciado demais. Ele queria continuar
essa dança contínua, infinitamente cuidadosa e distante. Flerte que fingia
não ser. Lapsos que eram rapidamente atribuídos ao álcool e varridos para
debaixo do tapete.
Era verdade. Um status quo tenso. Era isso que ele queria manter. Era uma
aproximação da felicidade.
Draco se afastou da lareira com nova frustração. Ele apagou o fogo com um
golpe de sua varinha e deixou seu escritório sem nenhum propósito real
para dirigir seus passos inquietos.
Draco congelou onde estava. Parte dele desejava girar e fugir e não se
sujeitar ao que certamente seria outro encontro torturante. Duas horas de
reflexão não fizeram seu pênis esquecer os trabalhos daquela tarde. Nesse
ritmo, ela provavelmente poderia apenas passar a ponta do dedo em sua
bochecha e ele ficaria duro.
Olhe para ele. Ele tinha acabado de passar horas se intimidando, e aqui
estava ele, vacilando, em vez de fazer a coisa certa óbvia.
A lingerie de seda grudava em seus quadris, seu bumbum, seus seios. Ela
estava descalça.
Era – lindo. Tentador. Tudo.
– Vou colocar uma aba de gato aqui. - disse Draco. – Se ele souber desse
jeito.
– Eu sou?
– Incansavelmente.
Draco não olhou para baixo. Ele estava cem por cento certo de que haveria
mamilos visíveis através da seda fina do negligée e ele não queria saber
uma única maldita coisa sobre os seios de Granger, além das informações
que ele já havia coletado aqui e ali.
Ele não queria saber. De forma alguma. Sem mais detalhes, obrigado.
Draco ficou parado, preso em um limbo, dividido entre desejar boa noite a
ela – essa seria a coisa mais segura, a coisa sábia, a coisa certa – e querer
ficar. Isso seria masoquista, imprudente e estúpido.
Ele procurou algo para dizer. Nenhuma ideia surgiu, exceto comentários
sobre seus seios. Brilhante.
Draco sacudiu seu cérebro até que algo utilizável caiu e, finalmente, ele
disse:
Draco fez contato visual com ela - uma quantidade normal de contato
visual, sem olhar para baixo - e então desviou o olhar novamente.
– Expansão.
– Transformação.
Ele também sentiu que eles poderiam estar falando sobre pênis. De novo.
Apesar das tentativas de sequestro, seu tempo com ele na Mansão estava
servindo bem a ela. Ela estava mais cheia no rosto, mais rosada nas
bochechas. Sua covinha estava de volta.
– Você tem um - pode ser uma coisinha preta e enrugada, mas está lá.
– Eu suponho. E sim - eu sou altruísta desse jeito.
(O nome dele nos lábios dela lhe deu um pouco de frisson. Ele queria fazê-
la dizer isso, de novo e de novo e de novo, suspirar, gemer, beijá-lo em sua
boca.)
– Ele vai voltar em breve. Ele está ficando velho – às vezes demora um
pouco.
– Não tenho certeza. Ele provavelmente tinha alguns anos quando o peguei
no terceiro ano.
Granger foi até uma janela que dava para o outro lado do terraço e olhou
para fora.
E Draco, Campeão Idiota Mundial, decidiu se juntar atrás dela para olhar
também.
Porque, obviamente, essa era uma excelente ideia. Chegar perto dela nunca
levou a complicações.
A forma de pernas tortas do gato estava baixa na grama do lado de fora,
fazendo ataques repetidos e fracassados em uma criatura ou outra.
– Certamente não.
– Essas coisas estão sob o título de manter Granger segura. - disse Draco. –
O que é o meu trabalho, enquanto você trabalha para curar o incurável.
Draco poderia ter olhado pela janela ao lado dela. Mas não – seu cérebro
idiota desejava olhar para fora daquela. Aquela em que ela estava.
Obviamente.
Doentio, quão pouca resistência ele tinha quando estava perto dela.
Ele afastou a cortina e se inclinou sobre o ombro dela para olhar para fora.
Ele sentiu o roçar de seu cabelo contra seu queixo.
– Oh – ele está tentando de novo. Você não precisa ficar – isso pode
demorar um pouco.
O ombro suave de Granger estava – tão perto. Draco se viu olhando para
ela, para a fina alça que segurava sua camisola, para as sombras sopradas
pelo vento que brincavam em sua pele.
– Você não está em dívida comigo de forma alguma. - disse Draco, para
voltar ao assunto.
– É gentil da sua parte dizer isso, embora não seja verdade. - disse Granger.
– Até hoje, próximos, mas a seu favor; Só me dei meio ponto pela vantagem
de Talfryn. Mas você avançou significativamente com o salvamento de
vidas de hoje.
– Avancei? Excelente. Eu gosto de ganhar.
– Mm. Você se importaria de sair e fazer algo com risco moderado de vida?
- perguntou Granger com um vago aceno de mão. – Engasgar com um
queijo Wotsit, ou algo assim?
Draco riu. Sua próxima respiração trouxe o cheiro de seu xampu ao nariz.
Ele estava perto o suficiente para sentir o calor saindo dela, agora, através
daquela seda fina, através de sua camisa e contra seu peito.
– Você teve?
– Sim. De novo e de novo, em círculos. Ele era feroz. Ele ganhou, no final.
Ambos se inclinaram para frente para observar a próxima caçada. Agora ele
podia sentir a seda de seu negligée deslizando contra o tecido de sua
camisa. Agora ele podia sentir o roçar do traseiro dela contra a frente de
suas calças. O botão em sua braguilha prendeu na parte inferior das costas
dela.
– Aquele - começou Draco, então ele limpou a garganta, porque sua voz
estava rouca. – Aquele coquetel de neurotransmissão que você me deu, no
St. Mungus.
– O que tem ele? - perguntou Granger, uma espécie de sopro em sua voz.
– Abaixa as inibições?
– Sim.
– Então, quando eu disse que queria te beijar, você sabia que era verdade.
Não era apenas – delírio.
Granger olhou por cima do ombro para ele. Os olhos dela estavam escuros.
Ela assentiu.
Ele não tinha a menor ideia de onde estava indo com isso.
Ela tinha.
– Faça.
Que equilíbrio? Ele nunca tinha ouvido falar dessa palavra em sua vida.
Ele abaixou o rosto para ela, sentiu o calor da pele, respirou-a – sonolência
e o cheiro de uma vela queimada.
Ele roçou a boca no local, muito observado, muito desejado. Ele a sentiu
estremecer contra ele, viu sua respiração silenciosa e ofegante se dissipar
contra a janela fria.
Ele deu um beijo no lado de seu pescoço. Sob seus lábios, uma lembrança
da noite no jardim – a suavidade das pétalas de rosa.
Não que ela quisesse escapar. Ela estava se pressionando contra ele, sua
cabeça contra seu ombro, seu traseiro – muitas vezes imaginado, nunca
sentido – contra sua virilha. Ele estendeu a mão contra ele e o apertou e
sentiu o salto dela de surpresa.
Ele não sabia para onde ir a partir daqui - ele sabia exatamente para onde ir
a partir daqui - ele não sabia se deveria - ele sabia que não deveria - ele
estava encharcado de endorfinas, viciado em pele, coração acelerado, mente
oblíqua-
Ela suspirou e se encostou nele ainda mais, havia a pressão de sua bunda
contra ele, e ele estava duro, obviamente, e ele empurrou contra ela, e ela
fez um som de satisfação no fundo da garganta, mas não deveria – eles não
deveriam.
Ela estendeu a mão e deslizou os dedos sob a alça da cinta no ombro dele.
Ele deslizou um braço em volta da cintura dela e puxou-a contra ele, e
beijou beijos fortes na nuca dela, e beijos que eram mais mordidas do que
beijos no ombro dela, e seu estremecimento e suspiro eram a coisa mais
doce. Ela levantou a outra mão sobre a cabeça e enfiou os dedos no cabelo
dele, e esfregou-se contra sua ereção, e foi a vez dele segurar um suspiro.
– Estou com catorze anos de novo e vou terminar em minhas calças, se você
continuar assim. - ele murmurou em seu pescoço.
Granger soltou uma espécie de gemido ofegante e ela deslizou seu traseiro
contra seu pênis novamente.
– Sim.
– Sim.
– Sim.
– Estou trabalhando no projeto mais intelectualmente exigente em que já
trabalhei – possivelmente o mais desafiador em que trabalharei na minha
vida.
– Sim.
– Sim. - disse Granger. – Isso poderia tornar as coisas – muito mais difíceis.
– Sim.
– Não deveríamos.
– Tudo bem. Eu nunca me senti mais acordado na minha vida, mas tudo
bem.
Granger deixou o gato entrar. Seu rosto estava corado, seus olhos
arregalados e escuros.
Draco se virou para sair, então ele congelou. Ali, entre a habitual brisa de
vela queimada que seguia Granger, estava o cheiro inconfundível de
excitação feminina.
──── ◉ ────
A imagem o colocou no limite. Ele engasgou e puxou seu pênis para trás
com um aperto final e seu orgasmo estava nele em um, dois, três, quatro
jatos.
Ops.
Seu coração trovejou. Ele lutou para recuperar o controle de sua respiração.
Era dela.
A captura de Larsen foi um golpe enorme para Greyback, mas ainda não foi
o golpe de misericórdia. Eles precisavam encontrar o próprio homem.
– Bom dia. - disse Tonks para Larsen com uma espécie de brilho assustador.
– Adorável conversa ontem, obrigada novamente. Você já pensou em algum
outro detalhe que gostaria de compartilhar conosco? Localizações? Planos?
Alguma maquinação contra a Curandeira Granger que devamos saber?
– Legilimens.
Larsen era arrogante. Legilimentes eram raros e os bons eram ainda mais
raros. Agora que ele não estava mais sangrando, suas sofisticadas barreiras
de Oclumência estavam firmemente de volta no lugar, exceto onde os
efeitos residuais do Veritaserum de ontem suavizaram as bordas.
Ele tinha boas razões para ser arrogante. Enquanto Draco penetrava em sua
mente, ele teve que admitir que as defesas de Larsen eram impressionantes
– uma parede vasta e quase impenetrável.
A resistência deu a Draco uma desculpa para ser rude e cruel, e rude e cruel
ele foi. Ele rachou. Ele rasgou. Ele quebrou. Ele tinha todas as vantagens -
o empurrão mágico de sua varinha, o persistente Veritaserum de Larsen, a
raiva reprimida alimentando seu ataque - e ele as usou.
Draco pressionou e procurou, mas Larsen não sabia quem havia informado
Greyback sobre o projeto de Granger. Greyback tinha sido cuidadoso o
suficiente ali. E, por design e acordo mútuo, Larsen conhecia apenas um
punhado de esconderijos de Greyback, a maioria dos quais já havia sido
descoberto por Tonks no dia anterior. Uma pena. Draco ditou algumas
localizações adicionais para Brimble conforme ele as encontrava.
– Ela definitivamente vale o que vou fazer com você. - Viu como isso
alimentou cada golpe e facada subsequentes.
Larsen concluiu que Draco era algum tipo de amante louco de Granger.
Ligadas a esse pensamento estavam mais memórias, envoltas pelo medo de
serem descobertas, que Larsen desejava esconder de Draco em particular.
Quando Draco se aproximou delas, Larsen entrou em pânico.
Draco entrou.
O Larsen que foi escoltado para fora da sala de interrogatório não tinha a
acuidade mental daquele que havia entrado.
──── ◉ ────
Lady Saira relatou que, em geral, suas perguntas sobre a caixa de Pandora
eram recebidas com risos – até que, um dia no final de outubro, ela enviou
uma nota com um boato sobre um colecionador recluso, um francês que
vivia na Espanha chamado le Marquis d'Artois.
Hoje, a lareira de Flu foi instalada em seu laboratório, aberta apenas para
viagens bilaterais entre a Mansão e o laboratório. O técnico do Flu não
reconheceu Granger - ele pensou que a simpática jovem era uma estudante
de pós-graduação - e ficou tão impressionado com suas perguntas incisivas
sobre o processo de criação do Flu que lhe ofereceu um emprego como
estagiária na hora.
– Que pena. - disse Draco. – Você não pode deixar a salvação do mundo
pela metade. Simplesmente não seria esportivo.
– Ele nunca vende coisas? Claro que não. Por que isso seria simples?
– Ele é conhecido por isso – bastante odiado por isso, na verdade – nos
círculos de colecionadores. Ele tem uma das maiores coleções de objetos
arcanos do planeta e nenhum deles deixou sua posse após a aquisição. Sem
vendas, sem trocas por outras relíquias. O tipo ganancioso de patife,
segundo todos os relatos.
– Isso não nos deixa muitas opções, então, não é? Podemos mais uma vez
ter que fazer o mal, para que o bem possa seguir.
– Ooh. Acredito que você está prestes a sugerir algo perverso.
– Eu estou.
– Posso assumir com segurança que sua postura moral sobre roubo não
mudou desde Provença?
– Querida, eu não penso nem uma vez. - Draco mexeu no cabelo. – Eu sou
um absoluto dissidente, você sabe. Estou pensando em largar o negócio de
Auror e me tornar um ladrão cavalheiro. Vamos roubar a caixa – isso seria
um grande orgulho para mim.
– O que há nela?
– Esperança.
Granger assentiu.
– Versões desses existem entre muitas famílias antigas. Eles são raros o
suficiente, mas não tão únicos a ponto de interessar a alguém como o
Marquês.
– Sério.
– É verdade.
– Certo. Bem, a menos que o Marquês tenha um interesse específico em
borborigmos, não acho que isso será de muita utilidade.
Draco repassou seu inventário mental das relíquias da família Malfoy, das
quais havia muitas – joias, armas e diversas coisinhas – mas nenhuma
estava na liga de itens que impressionariam um colecionador tão perspicaz
quanto o Marquês.
– O que? - ele disse, colocando a cabeça para fora das folhas, ao mesmo
tempo em que fazia uma nota para demitir o zelador.
Seu grito indignado fez tudo o que se seguiu valer a pena - ela caindo em
cima dele e dando uma cotovelada no plexo solar (ele tinha noventa por
cento de certeza de que foi acidental), o punhado de folhas que ela enfiou
em seu rosto, a terra e os galhos em seu rosto.
Draco se defendeu das folhas dela com seus próprios punhados, que se
prenderam no cabelo dela enquanto ela lutava para se afastar dele.
Ela tentou rolar para longe de Draco e deu uma joelhada nas bolas dele.
– Tem certeza?
– Sim.
– Você pode – explicar para a minha mãe – por que ela nunca terá netos –
Talvez ele não devesse tê-los espalhado no chão com tanta liberalidade.
Era bom.
– Eu teria que pedir a permissão de Harry para usá-la como nossa moeda de
troca. Se ele disser que sim, não deve ser muito complicado de obter. Está
desprotegida, até onde eu sei.
– Sim. - Granger olhou para ele. – Você gostaria de sair para invadir uma
tumba, como um - um pequeno aquecimento atrevido para um roubo maior?
Na Mansão, Granger chamou Potter, que deu sua bênção para o uso dos
restos da Varinha das Varinhas, indicando que ele, francamente, não se
importava com o que eles fizessem com ela, apenas terminassem o maldito
projeto de Granger, pelo amor de Deus, antes todos eles fossem
transformados em lobisomens.
Naquela noite, Draco e Granger apareceram em Hogsmeade, de onde
vagaram pelos terrenos de Hogwarts e, Desilusionados, contemplaram a
vida e a morte piedosamente sobre o túmulo de Dumbledore.
Após alguma deliberação, eles decidiram que Draco deveria solicitar uma
apresentação ao Marquês através de Lady Saira. A esperança deles era que o
nome Malfoy, junto com sua oferta dos restos da Varinha das Varinhas,
pudesse ter prestígio e credibilidade suficientes para intrigar o Marquês.
– Não posso?
– Não.
Eles empacotaram a Varinha das Varinhas, com uma fita de seda em volta
do meio, em uma linda caixa de cetim e madeira Grenadil.
– Ela ainda pode ter o poder de fazer um último bem. - disse Granger.
──── ◉ ────
O Flu internacional para Málaga levou seis minutos. Granger emergiu dele
com a tenra tonalidade verde de um aspargo jovem.
– Sr. Malfoy, seja bem-vindo. Espero que suas viagens não o tenham
cansado. François pode fazer as verificações habituais, para minha
tranquilidade?
Nada aconteceu.
Draco deu um suspiro canino de alívio. Inspirada pela pele da corça Oisín,
Granger montou o que ela chamou de "uma espécie de gaiola de Faraday"
com seus discos anti-mágicos e alguns cabos. O equipamento agora estava
amarrado ao seu corpo, coberto por seu pelo grosso. Eles o testaram
longamente. Não desviaria maldições sérias, mas feitiços mais leves à
distância pareciam fracassar dentro do perímetro.
– Os... Mikhailovs.
– Oh?
Draco abanou o rabo como se nada lhe desse mais alegria do que prisão de
ventre.
– Entendo. - Ele examinou seu próprio copo. – Receio não poder demorar
muito. Estou bastante ocupado esta tarde.
– De fato.
– Um favor?
O marquês assentiu.
Ele vagou, farejando aqui e ali, até encontrar o esconderijo de François. Ele
não conseguiu encontrar nenhum outro vestígio de empregados domésticos
ou guardas nas proximidades. Sua audição aprimorada captou o que parecia
ser as cozinhas, possivelmente, à direita - as vozes altas dos elfos
domésticos. Mais além, ele podia ouvir cacarejos e gritos – macacos?!
Ele voltou para Granger-Draco e se deitou, como uma esfinge, aos pés dela.
Este foi o sinal para ela fazer um movimento – para solicitar uma visão da
coleção do Marquês e, se a resposta fosse negativa, então as coisas estavam
prestes a ficar complicadas.
– Vamos prosseguir para a parte que eu mais desprezo. Quanto você está
pedindo por esta coisa sem preço? - perguntou o marquês.
– O que você pode me oferecer que eu não possa comprar para mim?
– Eu entendi por nossas trocas que você estava interessado em vender. Não
troco peças da minha coleção, se é isso que você está sugerindo.
Granger-Draco suspirou.
– Espere.
– Sim.
– Por que?
Ele olhou para François, que parecia claramente infeliz. Então ele olhou
para a caixa novamente.
– É claro.
– E no final do tour, a Varinha das Varinhas será minha.
– Está correto.
– Você está com a varinha do Sr. Malfoy, François – eu não acho que ele
seria capaz de causar muito dano. Não que eu fosse lançar tais calúnias
sobre seu caráter, Sr. Malfoy. François está simplesmente sendo cuidadoso.
– Eu entendo. Se houver mais alguma coisa que eu possa fazer para dar
mais tranquilidade, devo deixar o cachorro para trás?
– Oh, não, Sr. Krotche pode vir. - disse o Marquês, inclinando-se para
Draco e estalando a língua para ele. – Ele é um bom menino.
Draco deu alguns saltos ao redor das pernas do Marquês, para demonstrar
que bom menino ele era.
– Sim, isso mesmo, você é um bom menino. Sim você é. Sim. Ele dá
beijos?
Era difícil dar cambalhotas quando você estava paralisado por um horror
súbito. Draco não queria dar beijos.
Entraram em uma vasta sala com arcos altos e um teto ricamente esculpido.
– Lindo.
Eles chegaram a uma porta que dava para uma sala cheia de livros, livros
em prateleiras, livros em pedestais, livros em vitrines.
O arco se dividia em mais três direções. No final de um, Draco viu o brilho
de uma chama violeta em um quarto escuro.
– Incrível.
O marquês apontou para uma grande viga que chegava ao teto, amarrada
com um cordame antigo brilhando com feitiços de estase.
– Mm. Aqui está a caixa de Pandora – bem menos uma caixa do que uma
jarra, como você vê. Um pithos seria o termo correto. E aqui, o omphalos,
do Oráculo de Delfos. A bigorna de Hefesto – absurdamente pesada, nem
sei dizer que confusão foi trazer isso...
– Eu espero que você não se ofenda – eu sei que ele é seu familiar – mas
você deve me dizer se alguma vez consideraria se separar do cachorro. Ele
é um espécime tão bem comportado. Ele adicionaria uma boa pitada de
sofisticação imperial ao meu zoológico.
– É claro. Vale a pena perguntar – sempre vale. Agora, isso foi um achado:
o crânio de Typhoeus...
François investiu contra ele. Draco disparou para longe, então disparou em
direção a ele novamente.
– Certo. Estes não são tão ruins – acho que os piores deles estavam naquela
primeira porta – me dê mais dois minutos...
– Meu Deus.
– Sim.
Eles se entreolharam.
Juntos, eles levantaram a pesada tampa. Ela saiu com uma espécie de
rangido.
Ambos recuaram, meio que esperando que o restante das pragas do mundo
fosse lançado em seus rostos.
Mas, não: a jarra estava cheia de Esperança.
Não havia tempo para filosofar sobre a natureza da esperança. Draco deu
uma cotovelada em Granger-Draco para fora do caminho, deslizou a tampa
do pithos de Pandora de volta e recolocou as proteções.
Então ela correu para o lado do Marquês e usou sua varinha para enervar
ele e François.
– Oh! Monsieur le Marquis – você está bem? Sinto muito - Krotche bateu
em você com alguma coisa, o cachorro bobo. Apenas um Estupefaça, eu
acho. Eu o coloquei no canto. Ele está punido.
Nada aconteceu.
François, com a boca puxada para baixo em uma careta amarga, lançou
feitiços de revelação sobre a sala. Todas as proteções estavam perfeitamente
intactas.
O marquês suspirou.
– Diga.
– Quer dizer...
– Posso entrar lá e segurar para você, se quiser, para você mijar de olhos
fechados?
– Absolutamente não. - disse Granger-Draco.
– Tem certeza?
– Sim. Eu vou apenas... fazer isso rápido. Sento ou fico de pé? Vou sentar -
não quero espirrar em todos os lugares...
A expressão em seu rosto quando ela voltou para a sala era – interessante.
– Não.
Draco cacarejou.
– Sim! Ultrajante. Nunca vi nada assim na minha vida - nem nunca mais
verei. Qualquer um desses itens valia todo o PIB de alguns países.
– O mastro do Argonauta!
– Quem?
Granger engasgou.
– A Chama Violeta?
– Não.
– Não.
– Granger.
– Sim. Deve ter sido. Acho que acabamos de conhecer um dos maiores
alquimistas que já existiu. Acho que acabamos de conhecer o conde de St.
Germain.
Granger gaguejou.
– De que outra forma você explica essa coleção? Aquilo deve ter sido
montada ao longo de séculos e séculos? O dinheiro envolvido?
– Um menino crotch...
– Com mau hálito... - Granger engasgou entre risos – ... Ele acha que você
está - constipado!
– Você – o homem é uma lenda! E você-! Caramba, você não poderia ter
pensado em outra coisa senão constipação?
Granger caiu de costas ao lado de Draco na cama e eles riram de alegria até
não poderem mais rir.
──── ◉ ────
Draco e Granger tinham feito planos vagos para retornar ao Reino Unido
naquela mesma noite, se pudessem – embora ambos tivessem trazido malas
para a noite, apenas no caso.
– Suponho que uma noite na Espanha não será a maior dificuldade. - disse
Granger quando eles deixaram o bar de tapas.
– Deslize da língua.
Para Draco, parecia um bom lugar para dar uma olhada e, talvez, uma
aproximação acidental ao longo da grade. No entanto, Granger decidiu
fazer um relato pouco sexy de alguns dos horrores infligidos aos hereges
durante a Inquisição espanhola, e o momento passou.
Granger liderou o caminho para o bairro mágico da vila para continuar sua
exploração. Consistia em uma única rua estreita, acessada ao tocar a varinha
em uma parede caiada que se transformava em um arco.
O que era Queimada? A princípio, Draco estava convencido de que era feito
do mesmo material que a lâmpada de lava. Era algum tipo de ponche
flamejante, aromatizado por cascas de frutas cítricas e grãos de café.
Draco e Granger tomaram o primeiro gole cada um. Era uma bebida
inebriante - conhaque quente, açúcares caramelizados, um rico sabor
residual de café.
A druida assentiu.
– Ah, sim – isso está abrindo caminho para todos os tipos de libertinagem. -
disse Granger.
Eles voltaram para o quarto de hotel. Draco disse que gostaria de ter pedido
a receita da bebida – a adição dos grãos de café foi brilhante. Granger
estava mais interessado nas partes do encantamento que eles ouviram, sua
proveniência e história, e se também poderia ser rastreado até os antigos
celtas?
No hotel, cada um tomou banho (Draco achou que ele ainda cheirava a
cachorro; Granger disse que ela ainda fedia ao perfume de Draco e era
insuportável; Draco se ofendeu e jogou um travesseiro nela).
– A Queimada.
Sua bravata sempre era uma aposta segura. Valeu a pena. Granger estreitou
os olhos para ele, então subiu na cama ao lado dele e deslizou entre os
lençóis brancos.
Draco não olhou para baixo, porque o negligée dela subiu quando ela subiu,
e era melhor não fazer isso.
Em vez disso, ele olhou para ela.
– Outra coisa?
– Oh?
– Oh?
– Perigosa.
O silêncio caiu.
Draco era um bom menino, mesmo quando não era um cachorro. Ele ficou
bem do seu lado da cama. Ele não permitiu que sua mente nem suas mãos
se desviassem para o calor suave perto dele. Ele se comportou como o
monge perfeito que era, deitado imóvel e olhando para o teto sem pensar
em Granger.
──── ◉ ────
Granger ficou de lado e olhou para Draco. Uma das alças de sua camisola
havia caído durante o sono. Ele estendeu a mão com um único dedo e
puxou-a de volta.
A mão delicada dela foi até o rosto dele e colocou uma mecha de seu cabelo
de volta no lugar.
Era noite de Samhain. O véu entre os mundos tornou-se fino. Esta noite, as
terríveis incompatibilidades importavam menos. As polaridades violentas se
suavizaram. Os universos poderiam colidir e passar um pelo outro, as
estrelas de um demorando-se amorosamente na luz do outro.
Ele pegou a mão dela antes que ela pudesse afastá-la. Ela o observou,
curiosa, imaginando. Ele pressionou um beijo nos nós dos dedos, depois na
palma da mão aberta, depois na parte interna do antebraço, onde uma
profanação foi cravada.
Através da pele fina ali, ele sentiu o batimento cardíaco dela, muito lento,
ainda, para que seu toque ecoasse no anel, mas o suficiente para que seus
lábios sentissem. Ele beijou coisas mudas em sua cicatriz – remorsos,
mágoas, confissões.
Ela se aproximou, ou ele se aproximou, ele não sabia. Tudo o que sabia era
que a boca dela agora estava ali, a centímetros da dele. Havia a atração,
havia o desejo de cair. Ele se apoiou em um cotovelo e ergueu o queixo dela
para ele.
Então ela pressionou seu próprio beijo na boca dele. Eles se encontraram
novamente, juntos, desta vez, e suas respirações ficaram mais rápidas. A
mão dela deslizou até a nuca dele. Ele a puxou para ele, fisicamente, para
fechar o meio-termo.
Eles não falaram. Falar tornaria isso real e isso não era real.
Era noite de Samhain. Eles eram almas errantes entre muitas almas errantes,
buscando consolo ou um momento de bem-aventurança.
O calor da perna dela foi lançado sobre o quadril dele. A mão dele acariciou
a pele da coxa dela, incapaz de distinguir a seda da pele sob a palma da mão
da seda do negligée nos seus nós dos dedos. Ela era toda suavidade, toda
entregue. Sua mão agarrou a bunda que o havia insultado muitas vezes. Ele
cavou dedos possessivos nela.
Draco sentiu o roçar da mão dela contra sua ereção, mas ele não queria isso
ainda – ele queria ela. Ele a puxou de volta para ele e afrouxou as alças nos
ombros dela. O negligée caiu sobre os quadris dela em uma poça de seda.
Ele adorou. Ele beijou a parte suave inferior de um seio, depois o outro,
então molhou os mamilos com a língua e o calor de sua boca. À medida que
ele avançava, e a respiração dela tornava-se mais rápida, ele sentiu uma
umidade correspondente onde ela se sentava contra seu estômago, e outra,
onde seu pênis se esticava em seu pijama.
Os dedos de Draco estavam sob a camisola agora. Ele puxou a calcinha
dela. Seguiu-se o negligée – e lá estava ela, a ninfa, nua e em cima dele, e
ele não precisava de mais nada além disso, exceto vê-la terminar em cima
dele.
A respiração dela veio pesada – e então, ela também veio, com um gemido
ofegante e um longo estremecimento que apertou os nós dos dedos de
Draco.
O anel em sua mão ganhou vida, ecoando o tom de seu pulso acelerado.
Ela se endireitou, uma das mãos contra a parede, a outra apertando o ombro
dele, por um momento trêmulo, antes de cair em cima dele para recuperar o
fôlego. Ele deslizou a mão para dentro do pijama e se acariciou enquanto
ela se deitava sobre ele, seus dedos molhados e pegajosos e cheirando a ela.
Seus olhos estavam cheios de felicidade e escuros.
Ela puxou o pijama dele. Ele os chutou. Ela colocou um joelho em cada
lado de seus quadris. Quando ele se empurrou para cima e para dentro dela,
ela empurrou sua boca contra a dele. Ele deslizou para dentro dela até a
metade. O calor e o aperto queriam desfazê-lo. Ele tremeu - contenção,
desejo.
Ela abriu mais os joelhos. Ele assistiu a união deles, o jeito que ele a abriu,
o jeito que ela movia nele para cima e para baixo sem pressa, o jeito que ela
o deixava brilhando.
Mais uma vez eles encontraram um ritmo, um vaivém repleto de beijos
molhados e respirações ofegantes. Acima dele, a visão deslumbrante dela
arqueando para cima, seus seios, seus lábios entreabertos. Cada balanço de
seus quadris o levava para mais perto, e mais perto, e mais perto, até que ele
estava no limite, ofegante.
Ela veio, apertando-se ao redor dele, e ele veio e se esvaziou nela em jorros
espasmódicos, suas mãos agarrando as coxas dela.
Ela se deitou ao lado dele, a cabeça apoiada em seu ombro. Dali, ele podia
observar a subida e descida de seus seios e o caminho até o estômago que
ele desejava seguir com a boca.
Uma mão sonolenta acariciou os cabelos dele. Ele correu os dedos ao longo
do quadril dela.
Era difícil negar o que havia acontecido, visto que cada um tinha os fluidos
corporais do outro em vários estágios de evaporação.
Se Granger não tinha uma única célula cerebral de sobra antes, agora, com a
aquisição da Esperança da caixa de Pandora, todo o seu ser foi consumido
por seu projeto. Nos dias que se seguiram, ela alcançou o estágio final de
fermentação do proto-Sanitatem e passou todas as horas acordadas no
laboratório, preparando-se para sintetizar seu milagre e lançar testes
clínicos.
Havia um vazio em seus olhos quando ela olhava para Draco, às vezes, mas
não era Oclusão. Sua mente estava obsessivamente, fervorosamente, em
outro lugar.
O fogo nela era uma coisa perigosa – a tornava tão brilhante, mas também
ameaçava consumi-la.
Quando não estava com Granger no Salão do Rei, Draco se juntava a Potter,
Weasley e sua equipe na busca por Greyback. A perseguição de Potter era
tão louca e frenética quanto o trabalho de laboratório de Granger. Eles
seguiram todas as pistas que Draco havia arrancado de Larsen. Essas
renderam algumas capturas, mas não o maldito Greyback.
──── ◉ ────
Com novembro veio a conclusão do projeto de renovação Janus Thickey. O
St. Mungus, reforçado pelo presente de Malfoy, não estava pra brincadeira.
Eles empregaram os melhores arquitetos e engenheiros mágicos para
acelerar o processo de demolição e construção, resultando em uma
instalação totalmente renovada em três meses.
Granger chegou logo após ter recebido sua mensagem de que tudo estava
limpo. Draco foi capaz de verificar que ela estava linda em um conjunto de
vestes rosa suave quando ela foi cercada por uma multidão e desapareceu
de vista.
Draco ficou satisfeito com o que via enquanto eles andavam. A nova
instalação era impressionante, mas, mais importante, ele tinha certeza de
que Granger ficaria muito feliz.
Perto do jardim havia um piano. Uma das pacientes estava tocando algo
suave nele. Sua família se aglomerava ao seu redor com sorrisos em seus
rostos. Era Lila Brown.
Isso abalou Draco, vê-la. Isso o lembrou de que Greyback vinha vitimando
inocentes há anos e ainda estava fazendo isso. Ele se perguntou se o
tratamento de Granger poderia fazer alguma coisa sobre as cicatrizes dela.
Tonks era ferozmente protetora de sua vida privada. Ela nunca mencionou
que Lupin havia se tornado um paciente aqui. Era dele a voz suave que
Draco ouvira em sua primeira visita à ala.
Eles estavam falando com Granger. Todos os três estavam apontando para o
teto encantado e sorrindo.
Draco tinha falado com Lupin algumas vezes ao longo dos anos – na
ocasional festa de Natal dos Aurores e outros eventos aqui e ali. Ele não
gostava de falar com Lupin. Lupin sempre olhava para ele com uma espécie
de bondade triste - a bondade de um professor que viu você fazer escolhas
erradas e quase destruir sua vida, mas ainda se lembra da criança que você
era. Isso fazia Draco se sentir enjoado, aquele carinho imerecido e não dito.
Hoje, porém, havia uma franca alegria no sorriso que dividia o rosto
macilento de Lupin.
– O homem do momento.
Granger estava segurando um sorriso. Draco tinha certeza de que ela tinha
algumas opiniões próprias sobre a capacidade de controle dele.
Tonks e Lupin foram atraídos por seus filhos, que queriam tocar piano.
Era Theo.
Granger riu. Era bom de ver - ela ainda estava lá, em algum lugar, sob a
febre do trabalho.
O que era verdade, ela estava, mas não cabia a Theo dizer isso. Draco, de
mandíbula tensa, transmitiu isso a Theo, empalando-o com os olhos.
Draco o encarou.
– Não.
– Covarde.
– Tia Maud. - Theo fez um gesto por cima do ombro, onde uma paciente em
um longo vestido estava olhando sedutoramente para um dos garçons.
– Cai fora, sua maldita gaivota. - disse Draco, acenando com a mão para
ele. – Vá ver sua tia.
Theo se virou.
– Preciso ir. - disse Theo. – Parabéns, de novo. Que bom ver você fazendo
algo de bom no mundo, Draco. Eu sempre soube que você tinha isso em
você. - Ele se virou para Granger e pressionou suas mãos nas dela. – Ele é
um bom homem, você sabe, sob toda a idiotice.
Theo saiu e fingiu não ouvir Draco informá-lo de que ele era uma glande.
Granger pegou a criança para devolvê-la aos pais, deixando Draco com um
prato vazio, um guardanapo sujo e um elogio não dito.
McLaggen estava muito bonito de terno e gravata. Draco notou que ele
havia escolhido um terno trouxa. Isso o irritou.
– O que?
– Estamos o quê?
– Amigáveis.
– Você acabou de fazer tudo isso e disse que era para ela, mate.
– Certo.
– Tudo bem.
– Você não precisa ficar tão ofendido. - disse Draco com um encolher de
ombros descuidado. – Não tenho certeza se alguém é bom o suficiente para
ela.
Isso deu uma pausa a McLaggen. Seu punho, que estava fechado ao lado do
corpo, relaxou.
– Concordo.
– Mas ela gosta de se fazer de difícil. Tem se feito desde Hogwarts. Ela só
precisa de um empurrãozinho.
– Um empurrãozinho?
– Eu não.
– Hum.
– Que novidade?
– Acho que não há mal nenhum em contar a você agora. - refletiu Draco. –
Você não é mais membro da diretoria do St. Mungus.
– O que?
McLaggen estalou.
– Você o que? Quem diabos você pensa que é? Você não decide se ou não
eu...
– Eu decido. Foi uma das minhas estipulações. Para uma doação dessa
magnitude, eles ficaram felizes em obedecer. Você aparentemente vem
sendo considerado um risco à reputação por alguns anos - algo a ver com
seu comportamento em relação às mulheres, principalmente Granger. Eles
também levaram essa preocupação para o MNHS. Eu acredito que você é
um dos diretores lá. Também não tenho certeza de quanto tempo você
manterá esse assento. Considere isso um alerta amigável - talvez você possa
renunciar e evitar ficar de cara.
Narcisa tinha indicado a Draco que ela iria aguentar a umidade inglesa por
algumas horas e ver a celebração. Ela chegou a tempo para os discursos,
bronzeada e ainda cheirando a qualquer terraço em Sevilha em que estava
se demorando.
Draco estava nas garras da família Belford, que se reuniu ao seu redor para
agradecê-lo e explicar as hemorróidas Bubotuber de longa data do Sr.
Belford, que haviam sido curadas, e fazer com que seu filho segurasse a
salsicha do coquetel em seu rosto.
Draco os atraiu até Granger para ouvir o que estava sendo dito entre ela e
sua mãe.
– Por favor, não me fale de gratidão. Você devolveu meu filho ao mundo
dos vivos. Isso é apenas um gesto. Você deve me dizer se houver mais
alguma coisa que minha família possa fazer por você. Como estão suas
despensas?
– Erm - eles estão bem - e você fez mais do que o suficiente, realmente foi
além-
– Ele se saiu.
– Ele parece feliz. Eu realmente só quero que ele seja feliz, sabe?
– É claro.
– Er, não... ele pertence aos Belfords. - disse Granger, levantando a criança
novamente e olhando ao redor da sala. – Ele vai ser pisado.
– Tem certeza? Ele parece um órfão. Ele está tão sujo. Talvez ele seja um
menino de rua. Por que ele está segurando uma salsicha? Ele a roubou?
Onde estão as babás?
O bando de Belfords apareceu para pegar seu filho errante. Granger foi
esbofeteada entre os membros da família em um turbilhão de
agradecimentos e parabéns e atualizações sobre hemorróidas, até que a mão
magra de Narcissa a agarrou pelo cotovelo e a tirou do vórtice para retomar
a conversa.
– Tudo o que fiz foi assinar a transferência dos fundos. O planejamento era
todo – tudo de outra pessoa no hospital.
– É claro.
Narcissa estremeceu um pouco e puxou o xale mais para perto dos ombros
magros.
– Isso é uma corrente de ar? Eu acredito que há uma corrente de ar. Alguém
abriu uma janela? Suponho que seja só eu – estive em Sevilha, Curandeira
Granger, e voltarei para lá imediatamente. Não suporto mais a umidade
inglesa. Acho que é a idade...
Havia Rebujito em seu hálito – xerez e limão. Não era o calor de Sevilha
que persistia nela – a mãe dele estava bem bêbada e se divertindo muito.
Isso explicava a volubilidade.
– O que?
– Oh não.
– Mãe.
– Você fez? Hum. Deve ser importante, então. Descubra se ela está solteira.
Seja proativo, Draco.
– Mãe.
– Estou apenas fazendo uma sugestão. A passividade só gera dor, querido.
Aprendi isso ao longo de uma longa vida. Não seja como eu. Oh – cuidado
atrás de você – aquele órfão está de volta – cuidado com seus bolsos – não,
criança, eu não quero a salsicha...
Foi a vez de Draco ser entrevistado pelo Profeta. Ele disse várias coisas
boas sobre a importância do cuidado de longo prazo e da doação, enquanto
se recuperava da nova paixão de sua mãe por Granger.
– Você está certa em não acreditar. Smethwyck lhe disse de quem seria o
lugar vago?
– Não...?
– O que?
– Eu a nomeei minha delegada para o assento. Espero que esteja tudo bem.
Eles bebericaram suas bebidas. Agora ela estava dando a ele um longo e
curioso olhar.
– Oh?
Draco tocou seu copo no dela com seu sorriso mais malfoyano.
──── ◉ ────
Aconteceu não na forma de outro ataque direto a ela, mas algo muito mais
insidioso. Algo que atraiu os olhos de toda a população bruxa para ela e
ofereceu um incentivo hediondo para ajudar Greyback a alcançá-la. Locais
mágicos importantes no Reino Unido receberam o mesmo tratamento que
St. Mungus.
O estrago estava feito. Granger não podia mais sair em público. Ela estava,
para todos os efeitos, confinada à Mansão e ao laboratório.
Lupin estava entre o primeiro grupo de pacientes a receber uma dose. Draco
escoltou uma Granger Desilusionada ao St. Mungus para administrá-lo. A
família de Lupin estava ao seu redor. Tonks segurava uma mão, seu filho
adolescente a outra. Sua filha estava de joelhos.
──── ◉ ────
Por um tempo, eles não disseram nada. Granger estava pensativa enquanto
passava por poças congeladas. Draco acompanhou seus pequenos passos, às
vezes logo atrás dela, às vezes ao lado dela.
O ar tinha um cheiro frio e claro, tão puro que era estonteante respirar
fundo.
Ela olhou para o céu atravessado pelo vento. Era um daqueles dias de
dezembro em que o firmamento é um puro brilho azul. O sopro branco de
seu suspiro foi carregado por uma rajada e desapareceu nela.
Draco deu a ela um lenço ao invés do abraço esmagador que ele queria dar
a ela.
– Gostaria de salientar que estas são lágrimas de felicidade. - disse Granger
com uma fungada.
– Obviamente.
– Vou escrever um artigo sobre este projeto, agora que meu trabalho é
público. Talvez até um livro. E terei uma longa lista de dedicatórias e
agradecimentos. Este tem sido o trabalho de muitas mãos e muitas mentes.
Todos no laboratório, claro, e tantos colegas cujos trabalhos incorporei, e os
pesquisadores que vieram antes de mim, e...
– E?
– Você gostaria?
– Sim.
– O ghoul oportunista?
– Crotch?
– Então você deve assinar como Hormone.
– Eu gosto disso.
Ela olhou para o lago tranquilo. Sob o casaco, seus ombros relaxaram. Com
as primeiras infusões concluídas, uma tremenda pressão foi retirada dela.
– Vamos fazer nada. Não acredito que alguém já tenha merecido mais isso.
Ela olhou para ele com um sorriso rápido. Ele sentiu o aperto dela em seu
cotovelo e a pressão de dedos quentes em sua capa.
Sua euforia era contagiante. Draco também sentiu uma alegria profunda –
pelo mundo mágico em geral, mas também por ela, por ter conseguido algo
tão significativo depois de tanto esforço. Os meses foram longos, os perigos
foram muitos, as ocasiões de desistência, inumeráveis.
E ela não desistiu. Ela havia atravessado. Ela havia saído e conquistado.
Agora ele tentava flutuar o queijo até a boca dela. Bateu em seu nariz e
queixo. Granger afastou o queijo. Draco desejou indicar que ele era melhor
em mirar em bocas com outras coisas.
– Gostaria de compará-lo a uma ou outra criatura – mas devo ser justa. Más
maneiras à mesa não contam entre seus muitos defeitos.
– Sim.
– Que promessa?
– Um pouco.
– Você estará ocupado hoje à noite? - perguntou Granger.
– Eu sei.
– Tudo bem.
– Vamos para o meu escritório. - disse Draco. – Vou ter que desenhar
algumas coisas. Fica um pouco... teórico.
Draco abriu a porta de seu escritório e deu um passo para o lado para deixá-
la entrar. Ela olhou em volta, observando os móveis, as pesadas cortinas, as
velas flutuando em aglomerados brilhantes. O fogo crepitava e ronronava.
Uma parede era dominada por uma pintura de alguns dos Abraxans
premiados de seu avô. As orelhas dos cavalos alados se eriçaram ao ver
Granger. Um deu a ela um pequeno relincho curioso.
Draco sentou-se atrás de sua mesa. Ele esperava que Granger ocupasse um
dos dois assentos para convidados em frente a ele. No entanto, quando ela o
viu puxando um pergaminho e um tinteiro em sua direção, ela se juntou a
ele em seu lado da mesa e se empoleirou em um dos braços largos de sua
cadeira.
Draco não se importou nem um pouco com essa invasão de espaço pessoal.
Era maravilhoso tê-la de volta.
– Capsídeos?
– Certo. Minha intenção com esta proteção era distribuir quaisquer forças
mágicas recebidas por toda a estrutura. A maioria das proteções tradicionais
tem um ponto fraco que pode ser brutalmente forçado por meio de magias
concussivas ou compressivas – especialmente as proteções parabólicas que
normalmente vemos usadas em habitações. Nenhuma proteção é
inquebrável, é claro, mas Caeli Praesidium requer muito mais pressão
mágica por um período mais longo para quebrar.
– Em essência, quanto mais vértices cruzam a esfera - assim - mais forte ela
é. Depois de estabelecer a escala e a força desejadas da proteção, você
precisa de um pouco de aritmância para dividir sua face e calcular sua
potência. Então, neste dodecaedro, por exemplo - ele esboçou - eu poderia
dividir esses pentágonos em triângulos e, a partir daí, em triângulos ainda
menores. Isso nos dá muito mais vértices. Isso se chama aumento.
Ele olhou para cima para ver se já havia perdido sua audiência, mas não;
Granger, com as mãos cruzadas sobre o colo, era a própria imagem da
atenção extasiada.
Ele ainda podia sentir o cheiro do inverno em suas próprias roupas, mas ela
cheirava ao fogo do salão.
– Agora, para a aritmância. Esta fórmula - ele a escreveu - nos dá o número
de vértices que o poliedro terá e sua força mágica potencial. Claro, quanto
mais complexo for, mais exaustivo será para lançar – mas durará mais.
Draco rabiscou um exemplo para ela trabalhar e passou a pena para ela. Ela
se apoiou em um cotovelo. Havia um deleite silencioso nela enquanto
trabalhava – na pressão da pena no pergaminho, no pensamento.
Ela roçou a ponta da pena contra o lábio enquanto ponderava sobre o novo
problema.
Ele desejou que ela escorregasse do descanso de braço e caísse em seu colo.
Esse seria o auge do que quer que isso fosse - o sonho molhado desse
sapiófilo. Granger em seu colo, resolvendo pedaços obscuros de
exponenciação aritmântica.
Seu próximo desafio foi injusto. Granger tentou, parou confusa, então deu a
ele um olhar acusatório, antes de quebrar a aritmância ao contrário.
– Vamos ver.
– Tudo bem.
– Eu conheço.
– Minha nossa. Isso se tornou estimulante.
Sim. Estimulante. Seu pênis se contraiu contra a parte interna de sua coxa.
Granger tinha tirado seu volumoso suéter e estava usando um top trouxa
fino. Draco olhou para a largura de seus quadris - muito seguráveis, sabe,
muito bem moldados para as mãos de um homem, se um homem estivesse
tendo pensamentos sujos enquanto uma mulher calculava vértices
primários.
Ele decidiu desviar os olhos antes de desenvolver uma ereção total. A janela
em frente a sua mesa fornecia uma distração inútil. Estava escuro lá fora e
tudo o que ele podia ver era um reflexo do escritório iluminado por velas.
Granger estava inclinada, proporcionando uma visão adorável do decote e
da borda superior do sutiã.
Brilhante. Ele deveria apenas bater uma punheta sobre sua protegida aqui?
Ela estava distraída e provavelmente levaria um minuto? Deuses.
– Eu estava – superestimulado.
– Proteja a porta.
Granger reclamou.
– A perda é deles.
Ela fez menção de se levantar, mas Draco tocou seu braço com os dedos.
– O que?
Muito bom.
– Os o quê?
– Pare de soar tão elegante. Você está falando rúnica antiga, não pedindo
foie gras no Seneca.
Draco as copiou. O foco era bom para ele – ele era, aparentemente, incapaz
de se concentrar nas runas e manter uma ereção ao mesmo tempo.
– Oh, não – você fez laguz muito mole. Endireite isso. Bom. Um pouco
mais de confiança no golpe descendente. Certo. Tente novamente. O que
está acontecendo aqui? O telhado desabou sobre Hverfðar? Como alguém
desenha poliedros tão perfeitos e depois faz isso com uma runa? Tem quatro
linhas. Quanto a esta exposição - é um salgadinho Wotsit? E aquele – outro
dos seus ouriços? E isto? Um ponto de geometria hiperbólica? Você vai
rasgar o tecido do universo, nesse ritmo.
Draco não rasgou o tecido do universo, mas riu demais e abriu um buraco
no pergaminho.
A mão dela era gentil sobre a dele, a palma da mão suave sobre os nós dos
dedos.
As velas tremeluziram.
Granger tirou a mão da dele para que ele pudesse continuar sozinho. Draco
ponderou se deveria fingir incompetência – mas também não queria parecer
estúpido na frente dela.
– Essa foi uma tentativa muito justa. - disse Granger. – Bem feito.
Ela estava olhando para ele com uma mistura de satisfação e admiração, o
que agradou muito a Draco e enviou adoráveis estremecimentos tanto para
seu ego quanto para sua virilha.
Draco ainda não estava pronto para deixá-la ir – ele sentia como se tivesse
acabado de recuperá-la.
– Pensei em uma nova moeda de troca, para O Computador. Mas isso pode
esperar.
– Intriguei? Oh não.
– O que é?
– Venha comigo.
– Estratégico. Eu aprovo.
Ele abriu uma das portas. Granger deu um passo animado para frente, mas
encontrou o caminho barrado por seu braço.
– Sim?
– O computador?
– Eu serei sua tutora pessoal até que você aprenda tudo o que seu pequeno
coração negro deseja.
Draco sorriu. Eles apertaram as mãos. E, para sua alegria, Granger não o
soltou depois - ela o puxou para a biblioteca atrás dela e o puxou enquanto
descobria o lugar.
Era gratificante estar com ela enquanto ela explorava a biblioteca, que
ocupava uma ala inteira do Solar. Era em parte uma enorme sala de leitura,
em parte estantes tradicionais, em parte um museu pessoal. Janelas altas
davam para a floresta e o lago ao longo da borda oeste da propriedade. Um
fogo crepitava. Mesas de leitura e poltronas enormes foram colocadas em
arranjos cuidadosos aqui e ali, iluminadas por lanternas mágicas.
Os suspiros de Granger continuaram sendo uma enorme fonte de prazer. Ela
solicitou um tour. Draco forneceu. Eles vagaram pelas estantes e vitrines.
Granger questionou Draco sobre o sistema de classificação, sobre a filosofia
de aquisição dos Malfoys, sobre seu plano de descarte.
Draco continuou.
Draco decidiu remarcar a palestra, já que claramente não era tão fascinante
quanto pensava.
– A batalha aconteceu.
Eles terminaram sua tour. Granger encontrou o sofá mais próximo do fogo e
se enrolou nele, e olhou para a biblioteca como alguém poderia admirar
uma visão prospectiva de uma bela paisagem.
Levou um momento, mas Granger entendeu o que queria dizer e ficou com
as bochechas rosadas.
– Não.
Granger parecia ter decidido que não fazer nada era uma atividade perigosa.
– Nós também podemos, você sabe. É essencialmente nada - para mim, pelo
menos. É muito fácil.
Foi lindo aprender O Computador, pois Granger deslizou para mais perto
dele até que suas pernas se tocassem, e equilibrou o aparelho entre eles, e
então ela colocou a mão sobre a dele para demonstrar como o 'touchpad'
funcionava. Tudo muito legal. Ela mostrou a ele as funções do computador
- escrever, pesquisar, se comunicar com outras pessoas, "navegar na
internet".
A internet era uma coisa que Draco não tinha certeza se entendia, mas
Granger podia escrever coisas como 'gato' ou 'casa' ou 'oncologia' em uma
caixa, e informações sobre as coisas apareciam, e fotos também. Parecia
extraordinariamente útil. Uma enciclopédia instantânea. Granger disse que
todo o conteúdo das bibliotecas estava nele.
Ela empurrou o computador para ele para que ele pudesse testar a internet.
A primeira coisa que ele procurou, com uma digitação muito elaborada, foi
"peitos".
– Malfoy!
– Isso foi informativo. - disse Draco. – Agora eu sei todos os seus segredos.
– Mm. Posso ter exagerado na minha mão - não conheço todas os seus.
– Oh?
Granger se moveu em direção à porta.
Granger riu.
– Diga-me.
– Não.
Ele cumpriu a primeira parte da ameaça. Depois de mais alguns passos para
trás, Granger foi encurralada.
Ele se aproximou.
Ela estava contra as estantes, agora, e não tinha para onde ir. Ele sentia
cheiro de fogo.
Ele sentiu que muito de sua felicidade futura estava naqueles olhos
brilhantes.
– Que segredo? - ele perguntou novamente, porque se ele não ocupasse sua
boca com perguntas, poderia fazer algo idiota, como declarar devoção
eterna a ela.
Ela olhou para o lado, como se calculasse uma rota de fuga. Draco levantou
um braço para barrar o caminho.
Ela olhou para o outro lado. Draco colocou um único dedo sob o queixo
dela e a virou para ele.
Ele se juntou com prazer. Um pouco de seu cabelo ficou preso em sua barba
de fim de dia quando ele se inclinou.
– Ah. - disse Draco. Foi a vez dele de sorrir. Mais do que sorrir. Ele
encostou a testa no ombro dela e riu.
– Espero sua resposta. - disse Granger, sua respiração roçando o lado de seu
pescoço.
– Que pena.
– Oh?
– Qual foi a outra coisa que você pensou em comprar para mim, além dos
pijamas horríveis? A coisa inapropriada?
– Isso foi... nada. - disse ele, em vez de indicar que tinha visitado uma loja
de lingerie na Londres trouxa e sonhado com isso por dias.
Sim. Ela o tinha. Seu coração, aquele órgão estúpido e inútil, estava cheio.
Ela colocou um único dedo em seu peito e o apoiou. Ele não tinha muito a
recuar antes de acertar as estantes atrás dele, meio passo na melhor das
hipóteses.
– Mm... não.
Foi a vez dela de colocar os dedos no queixo dele. Ela atraiu seu rosto para
ela.
– Dê-nos a menor das dicas, então. - disse ela, esvoaçando, enquanto fazia,
a mais leve das dicas de sua respiração contra a boca dele.
– Ainda é querer, quando a coisa que você quer está tão disposta a se dar a
você? - perguntou Draco.
– Presentes inapropriados.
– Certo.
Ela respirou contra sua boca por mais um momento. Foi um excelente
exercício de autocontrole não deslizar a mão pela nuca dela e puxá-la para
ele.
– Estes o quê?
– Inquéritos filosóficos.
– Será que vai dar certo? Aurores são treinados contra, não são?
–En principe. Mas minha integridade profissional desmorona diante de
você, mais uma vez.
– Diga-me.
– ...Oh.
– Os trouxas são muito criativos com suas roupas de dormir, você sabe.
Muito mais do que nossos equivalentes bruxos. Tantas coisinhas de tiras –
ligas de renda – camisolas – lindos conjuntos combinando – pequenos
conjuntos atrevidos – tudo o que ocupou meus pensamentos por muito
tempo, depois.
– Terrivelmente. - disse Granger. – Venha aqui para que eu possa lhe dar seu
suborno.
Draco se inclinou.
Ela pressionou um beijo em seus lábios, mas se afastou antes que ele
pudesse responder da mesma forma.
Seu olhar voou de volta para sua boca. Então, com esforço, ela desviou o
olhar. Ela torceu preguiçosamente uma das abotoaduras dele. Dedos
delicados roçaram em seu pulso.
– Aqui.
Ele pegou a mão dela onde ela brincava com suas abotoaduras e entrelaçou
seus dedos com os dela.
Ela sorriu aquele sorriso que o fazia voar alto. Ela era uma luz entre as
sombras, olhos de corça, bochechas coradas, alma dourada.
Seu coração estava cheio dela. Sua mente, sua sagacidade, sua magia, sua
ambição, sua beleza, seu caos. Ele se sentiu à beira da queda.
Ele já a amava.
– Eu senti sua falta. - disse Draco. Sua voz pegou nas bordas.
Ele ainda segurava a mão dela. Ele passou o polegar sobre o anel dela.
Ela deslizou os dedos por baixo do suspensório dele, onde eles encostavam
em seus ombros, e puxou-o para ela.
Ele a apoiou nos livros.
Seu cabelo ficou solto. Ele a respirou com os pulmões cheios, com o
coração. Dedos pequenos procuraram algo para segurar, escorregaram em
seu bíceps, foram até seu ombro, então encontraram seu colarinho.
Havia tanta beleza em tudo aquilo – sua boca acompanhando seus beijos
lentos, a leveza dela em seus braços, seus suspiros. Foi um arrebatamento,
uma magia. Ele queria dizer a ela que ela o tinha, que ele era dela. Ele a
queria para si.
Ele a amava. Ele beijou essa constatação em seu pescoço. Ele estava tonto
com isso, doente com isso, flutuando com isso.
Existia amor desesperado quando ele ficou parado para ela ajeitar seu
colarinho. Havia amor terno quando ele puxou a cadeira dela. Havia um
amor doloroso em servir-lhe uma taça de vinho. Quando ele, como um tolo,
estendeu a mão para colocar um cacho do cabelo dela atrás da orelha, foi
devastado pelo amor.
Ele a provocava por suas pequenas mordidas porque a amava. Ele ameaçou
roubar seu último profiterole porque a amava. Foi por isso que ele a seguiu
até as criptas – por que ele lutou com corças em pântanos – por que ele
beijou sua cicatriz.
Enquanto ela subia as escadas, e ele a observava subir, cada passo dela para
longe dele era uma mágoa.
(Também transaria com ela até o limite de sua vida. Mas primeiro, os
amassos. Ele era um cavalheiro.)
Mas agora, através do anel, Draco sentia apenas um vazio. Sua tentativa de
aparatar não resultou em nada – não houve resposta do anel de Granger; ele
não sabia para onde ir.
Draco ergueu sua varinha para desaparatar direto ao ponto, mas Tonks
puxou seu braço para baixo.
– Certo.
Em sua cabeça, um coro gritante: onde ela está? Onde ela está? Onde ela
está?
– Parece que trezentos deles, se não mais. - disse Draco enquanto as figuras
se iluminavam além.
"Puta merda", disse Weasley, ao mesmo tempo em que Potter disse "Merda"
e Tonks disse "Porra".
Draco se ocupou das proteções no topo da colina. Ele desarmou uma área
grande o suficiente para os aurores passarem.
De sua nova posição dentro das barreiras, Draco podia ver a bagunça que os
esperava – facilmente trezentos lobisomens. Provavelmente a totalidade do
bando restante de Greyback – os fanáticos, os verdadeiros crentes. Eles
ficavam de pé ou agachados, observando algo no centro da multidão.
No meio de todos eles, amarrada a uma enorme pedra, estava Granger. Ela
ainda usava seu jaleco branco do laboratório.
Draco foi tomado por um desejo de correr e começar a xingar. Sua mão
desilusionada com a varinha estremeceu.
– Qual o problema com você? - ela sussurrou. – Você vai fazê-la ser morta.
Leve-me até ela.
– Deveria ter escolhido outra coisa para curar, não deveria? - veio o som de
sua voz, ainda mais áspera agora do que durante a guerra. – Pareço que
preciso de cura? Olhe para mim, garota. Há algo de errado comigo? Você
não vai dizer nada?
Ele andou por sua matilha, deleitando-se com sua vitória, perguntando a
seus homens se eles sentiam que precisavam ser curados. Ele tinha uma
pequena Curandeira aqui apenas para o prazer deles?
A distração veio.
Ele a controlou.
Granger foi puxada para longe da pedra. Tonks deslizou em seu lugar, sua
varinha dobrada contra sua perna.
Bem na hora - dois dos vigias se viraram para verificar a mulher que se
parecia com Granger.
Dois vigias chegaram perto demais da pedra para Potter e Weasley. Draco
viu seus olhos perderem o foco quando cada um deles foi atingido por um
Confundus.
Outro vigia disse algo a eles e não obteve resposta, a não ser gorgolejar.
Todos eles lançaram um olhar para trás em Tonks, odiando deixá-la tão
exposta.
– Temos certeza de que nenhum de nós deve ficar com Tonks? - perguntou
Weasley enquanto caminhavam, devagar, com cuidado, entre lobisomens
correndo.
– Ela ainda tem a varinha dela - ela vai lançar um Confrigo nas nossas
bundas se não fizermos o que ela diz. - disse Potter.
Draco certamente não ficaria. Ele tinha o fardo mais precioso do mundo em
seu ombro, e seu único objetivo, agora, era sair daqui sem ser detectado. A
morte repentina de Greyback poderia esperar.
Eles estavam na metade da colina. De lá, eles podiam ver Goggin e Buckley
– e, graças aos deuses, os recém-chegados Humphreys, Montjoy e Fernsby,
e uma dúzia de outros aurores e agentes do DMLE com eles, que se
juntaram ao confronto no lado oeste do vale.
– Continue. - disse Potter. – Ele pode cuidar de si mesmo – nós temos que
tirá-la daqui.
Atrás deles, uma bruxa estava remendando o rasgo nas proteções que Draco
havia feito. Algo em seu rosto azedo era familiar.
Eles cometeram o erro de olhar para Tonks. Greyback estava ao lado dela,
cercado por uma dúzia de homens, e parecia estar se preparando para
arrancá-la da pedra e – só os deuses sabem o quê.
A única vantagem de serem tão seriamente superados nessa luta era que os
lobisomens não podiam se desilusionar sem correr o risco de bater uns nos
outros enquanto circulavam seu inimigo.
– Você está bem. - disse Draco. – Peguei você... estamos quase fora.
– Tem certeza?
– S-sim.
Pelo que Draco podia ver sob a Desilusão, Granger estava atordoada. Ela
olhou para a pedra onde havia sido amarrada.
– Oh - eles lançaram ... Claro que sim, isso teria sido muito... muito fácil,
não é?
Granger ficou em silêncio. Ela estava se curando. Draco viu sua mão
Desilusionada lançando feitiços em sua cabeça, sua mão, um de seus
tornozelos.
Potter e Weasley estavam tentando ir até ele, mas foram cercados por uma
multidão de lobisomens.
Maldições foram lançadas em direção a Draco, aparadas e rebatidas com
estrangulamento, ruptura ou desmembramento.
A primeira Imperdoável foi lançada, uma maldição mortal bem a seus pés.
Ele sentiu o início do pânico - não por si mesmo, mas por ela. Seus
lançamentos tornaram-se apressados, imprudentes.
Era por isso que Algo era proibido entre Aurores e seus Protegidos.
– Ela está fazendo algo com o fogo – Laceratio! Sufocato! – ela precisa de
três minutos...
Ele escalou de volta para Potter e Weasley. O início dos tremores estava
nele devido ao esgotamento mágico iminente.
Greyback olhou para o cume. Ele viu a proteção prateada. Ele empurrou a
varinha para a garganta e, com uma voz magicamente amplificada, ordenou
a seus homens que destruíssem "o que diabos eles estão fazendo sob aquela
coisa".
Uma nova onda de atacantes foi para cima dos três Aurores no topo da
colina.
A nova onda de atacantes era nova e contava com cerca de duas dúzias. Os
Aurores mudaram para uma defesa desesperada, de costas para a parede,
formando um triângulo ao redor de Granger, incapaz de fazer mais do que
desviar. Eles usaram os corpos de lobisomens para absorver as maldições
mortais que surgiram em seu caminho.
Draco sentiu uma maldição cortar seu pescoço. Ele caiu de joelhos ao lado
da proteção, segurando a garganta - então sentiu o corte selar tão
rapidamente quanto se abriu.
Granger.
Ética invertida.
Tonks-Granger estava indo muito bem contra Greyback abaixo deles. Ele
era um duelista brutal a quem poucos poderiam enfrentar - certamente não
uma Curandeira que havia visto combate ativo pela última vez quinze anos
atrás.
Greyback, aparando feitiços, seu rosto uma bagunça sangrenta, olhou para a
proteção de prata, para Draco, Potter e Weasley posicionados ao redor dela,
e finalmente percebeu que a Granger que ele estava perseguindo, e que
estava enfrentando cada uma de suas maldições com as dela própria, não
era Granger.
Então, com um grito cheio de raiva, ele subiu o cume na direção deles.
Weasley foi atacado por três maldições de uma só vez. Ele desviou duas. A
terceira acertou. Ele caiu.
Havia muitos deles.
Outra maldição voou direto para Granger, onde ela se ajoelhava sobre
Weasley.
Draco estava longe demais para tirá-la do caminho. Ele não tinha varinha.
Ele não tinha escolha – não havia escolha a fazer. Ele entrou diretamente
nela.
Agora ele jazia, uma maldição paralisante sobre seus membros, sangue
pingando de sua boca, em um pesadelo vivo, enquanto Greyback,
mancando e sangrando, subia o cume.
Ela também estava gasta. Ela caiu de joelhos. A varinha caiu de sua mão.
Ia ser bom. Draco, paralisado, impotente, sabia que ia ser bom. Seria... uma
enorme explosão. Uma Transfiguração em massa. Convoque o maldito
Voldemort. Abra as portas do inferno. Qualquer coisa. Qualquer coisa.
Os lobisomens se entreolharam.
Nada aconteceu.
Greyback apontou sua varinha para o fogo para apagá-lo. Outra pessoa
lançou Aguamenti. O fogo crepitava.
– Quando tudo isso acabar, menina, e eu tiver cuidado dos seus amigos lá
embaixo, vou assar o que resta de você na sua fogueira e comê-la.
Mais gritos vieram de baixo.
– Teremos menos tempo juntos do que eu queria, mas vou aproveitar cada
um dos seus gritos.
Ele apontou sua varinha para ela. Draco conhecia aquela postura. Havia um
Crucio vindo.
Granger sorriu.
Figura após figura vestida de preto saiu do fogo e foram para cima. Dezenas
e dezenas delas em vassouras, cacarejando estridentemente.
O Caos começa!
──── ◉ ────
O silêncio caiu.
Uma pequena freira de cabelos brancos, que voou acima do resto, lançou
um feitiço de detecção no campo.
Então ele próprio levitou, batendo contra Granger, Potter e Weasley. Eles
foram depositados no topo do cume.
Uma freira fez flutuar um bruxo com o rosto ensanguentado - um dos que
havia começado o ataque às freiras.
– Eu tenho um pecador.
A freira voou acima dele e o trouxe para perto, até que a testa dele
pressionasse a parte de trás do crânio.
Não havia luz de consciência nos olhos flamejantes da coisa. Apenas uma
terrível sede de morte.
Metade deles tentou correr, metade lançou feitiços. Uma garra curvada
atingiu cinco deles e deixou cadáveres em seu rastro. O fogo líquido foi
expelido e queimou uma dúzia onde eles estavam. O golpe fulminante de
uma asa deixou um grupo de homens parados sem suas frentes – sem
rostos, sem pele, apenas tripas e ossos. Eles caíram com um som molhado.
Ele caiu aos pés do demônio. Ele plantou um casco fendido no centro do
peito de Greyback.
Uma auréola celestial brilhava agora acima da cabeça de cada freira. Seus
crucifixos flutuavam de seus pescoços e brilhavam com uma luz piedosa.
Tudo o que restou do demônio foi o crânio do bode, então ele também
desapareceu em um flash de vermelho.
A Prioresa voou sobre Draco e Granger, sua varinha levantada. Ela olhou
para a insígnia de Auror e para o jaleco de Granger e seguiu em frente.
Draco, petrificado por ela tanto no sentido físico quanto metafórico, nunca
se sentiu tão feliz por ser irrelevante.
As freiras ficaram satisfeitas com sua vitória absoluta. Elas conjuraram uma
chuva torrencial – algo de água benta, algo do dilúvio de Gênesis – que
extinguiu o fogo deixado pelo demônio e limpou aquele solo profano.
Eles desfizeram sua paralisia pelo restante do campo de batalha.
──── ◉ ────
Eles ficaram de pé. Ele segurou seu querido rosto machucado em suas mãos
e ela segurou o dele nas dela.
Ela empurrou o rosto contra o peito dele e soltou soluços de alívio e alegria.
Granger escondeu o rosto na capa de Draco, tremendo com algo que beirava
o riso histérico.
– Sim. - disse Draco. – Eu... er... não sou mais capaz de ser objetivo...
Draco apontou sua varinha para a pilha de carne moída carbonizada e disse:
Uma peça de prata deformada zuniu em sua direção – não da pilha, mas de
um ponto a alguns metros de distância.
Granger estremeceu.
– Oh, não... ele arrancou de mim e quebrou em pedaços, assim que me viu
acionar...
– Tudo é.
──── ◉ ────
– O que?!
Draco andou.
– Quem mexeu na porra do Flu? Eu vou – não vou nem usar minha varinha,
vou estrangulá-los com minhas próprias mãos. E as malditas freiras?
Granger, que estava enrolada em um sofá com os braços em volta das
pernas, enfiou o rosto nos joelhos e riu.
– Como?
– Eles estão em toda parte e você sempre os tem com você. Eu tenho feito
isso desde o nosso primeiro encontro. Eles foram úteis uma ou duas vezes.
– Certo.
– Sim.
– Você é astuto.
– Você também é.
Henriette surgiu.
– Tonks!
– Certo. Brimble tem novidades. Conte-nos o que você descobriu para que
possamos ficar devidamente indignados juntos.
– Sem estrangulamento.
– Sim, estrangulamento. - disse Draco, que não achava isso uma desculpa
adequada para o que o homem havia feito.
– Por favor, discuta seus planos para o quarto em outro momento - Brimble
está falando.
Granger corou. Weasley deu uma gargalhada. Um dos olhos de Potter
estremeceu.
Essa era a bruxa que parecia familiar no campo - aquela que estava
remendando a proteção, impedindo a fuga deles.
Brimble assentiu.
– Certo. - disse Weasley depois de engolir o dele. Ele bateu palmas. – O que
um cara tem que fazer para conseguir uma bebida de verdade por aqui?
Eles decidiram fazer disso uma festa de verdade. Patronos e Blocos foram
enviados. Logo, o salão estava cheio de família e amigos – Lupin e as
crianças, a esposa e os filhos de Potter, Luna Lovegood vagando
sonhadoramente, os colegas de Granger e os melhores alunos, Shacklebolt
(suportando muitas tiradas sobre sua escolha de assistente), Aurores e suas
famílias, uma série de curandeiros. A notícia da vitória e da festa se
espalhou e mais pessoas começaram a chegar, muitas em pijamas por causa
da hora tardia - Longbottom e Pansy, Zabini e Patil, todo o clã Weasley (que
os deuses ajudem Draco), Macmillan e outros colegas do Ministério, e,
finalmente, Theo, em um conjunto de pijamas masculinos ridiculamente
transparentes.
– Eu sabia. Eu sabia que você estava tramando alguma coisa. - disse Potter,
inclinando-se tão perto que seu hálito embriagado subiu pelo nariz de
Draco. – Eu vi como você olhava para ela.
Draco o empurrou.
– Você cheira bem. - disse Weasley. – Ele cheira bem. - ele repetiu para
Potter.
– Ele cheira?
– Eu... isso não é da sua conta... e por que você não pergunta a ela se ela me
enfeitiçou?
– Porque ela não é uma... uma canalha como você. - disse Potter.
Draco tentou dizer "Tsk", mas estava tão bêbado que saiu como uma
framboesa.
– Vocês dois estão sob a ilusão de que ela é um anjo perfeito, mas ela é...
dez vezes mais canalha que eu sou e é por isso que eu...
– ...Gosto dela.
– Sim.
– Aconteceu ou não?
– Sonhos. Em um parapeito de janela. Fantasias. Na Espanha. Nada real.
Era Samhain, você sabe. Ficamos bêbados com fogo – genuinamente – você
tem que admirar os espanhóis, eles sabem fazer bebida – ou foram os
celtas? De qualquer forma, era tudo – fantasias – lindas fantasias...
– Bachucar ela?
– Não. Ela é... eu – certo, não é da sua conta, como eu acabei de dizer...
– Sim.
– Certo.
– Eu gosto disso.
Potter e Weasley estreitaram os olhos, mas não ficou claro se eles estavam
processando a diatribe de Draco ou apenas caindo no sono.
– Estou satisfeito.
– Oh? - disse Draco. – Você está? Bom. Agora vá embora. Preciso trocar de
sapato porque você é literalmente incapaz de segurar um copo em pé –
Tupey! Sapatos e meias limpos, por favor, Weasley sofreu um acidente.
Eles voltaram para a festa, ficaram ainda mais bêbados e zoaram a noite de
bom humor.
──── ◉ ────
– Acredito que ela foi tomar um pouco de ar, monsieur. - disse Henriette. –
Devo chamá-la?
Draco engoliu uma das poções para ressaca. Então ele parou na janela e deu
um suspiro melodramático.
– Não.
Henriette se aproximou.
– Qual é o problema?
– Henriette?
– Oui?
– Ah!
– Não?
– Não. Eu não disse a ela. Mas eu vou contar a ela. Parto para desnudar
minha alma, Henriette.
Ela o avistou à distância. Ela fez uma pausa e observou-o vir até ela em
meio ao tojo congelado e ao pântano.
– Você acordou cedo. - ela disse, com uma espécie de surpresa suave.
Era coragem verdadeira, por tudo isso. Depois disso, as coisas nunca mais
seriam as mesmas.
Granger estava olhando para ele com curiosidade, com algo sério – com seu
olhar de resolver quebra-cabeças. Ela puxou o xale mais para perto de si.
Bem, ele iria resolver o maldito quebra-cabeça para ela, agora mesmo.
– Eu não quero manter o equilíbrio. - disse Draco. – Não quero mais anular.
– O... o vai e vem – o não ousar fazer mais – o não cruzar a linha. O culpar
a bebida pelos meus lapsos. O fingir que não me importo com você – que
não morreria por você – suponho que já tenha ficado claro, de qualquer
maneira. A negação – supressão – lentamente sufocando meu coração –
tudo isso.
– E-eu? - disse Granger com a voz trêmula. – Sou eu que encontro fissuras?
Eu não poderia resistir a você.
– O que?
– Continuo tentando controlar isso, mas é... mais forte do que eu. Eu não
quero – eu não queria – não sei o que quero. Sim, eu quero... eu quero uma
maldita noite sem pensar em você. Eu quero estar na mesma sala que você
sem sentir que vou morrer se não tocar em você... se eu tocar em você.
Quero que minha cabeça volte a ser minha, e meu coração. Mas você está
em ambos, seu idiota – você está me deixando louca...
– Minha culpa?
– Por que você tem que ser tão...?
– Tão o que?
– Fale por você. - disse Draco, indignado. – Você é o verme aqui. Você
deveria ser uma idiota insuportável cuja presença eu não suportaria, não
alguém cuja companhia - risos - beijos - tudo - acabei desejando como um
tolo enfeitiçado e apaixonado. Você sabe quantos encontros sangrentos eu
tive para tirar você da minha cabeça?
– O que?
– Deuses.
O silêncio caiu. Granger enxugou uma lágrima. Draco deu um passo mais
perto dela. Suas mãos alcançaram uma a outra.
– Sinto como se tivesse dado a você uma parte de mim que você poderia
quebrar. - disse Granger. – Por favor, não quebre...
– Eu nunca faria.
– ...E por que você tem que ser tão bonita, mesmo quando está chorando?
Ela era a felicidade que corria em suas veias. Ela tinha seu pequeno coração
negro em sua totalidade.
Ele diminuiu a distância entre eles. Ele segurou o rosto dela entre as mãos.
A respiração deles se misturou no ar frio.
E foi a coisa mais doce, mais marcante, mais maravilhosa, finalmente poder
fazê-lo, sem interrupção, sem desculpas, sem romper. Fazê-lo sabendo que
seu tormento era compartilhado e, portanto, havia se tornado outra coisa –
um alívio, uma alegria estrondosa.
Ele tinha uma parte dela e ela tinha uma parte dele e isso seria – isso seria
algo lindo. Poderia haver algo mais doce, poderia haver mais bem-
aventurança do que isso?
(Nikitajobson)
35. Troca Dinâmica de Fluidos: Um
modelo prático
Ela passou os dedos pelos cabelos dele. Ele a apoiou em uma árvore. Ela
tinha o colarinho dele em seus punhos e estava usando isso como alavanca
para puxá-lo para mais perto ou se levantar mais alto, com o resultado
prazeroso de língua com língua.
Draco sentiu a falta do anel - ele se acostumou com a coisa que o mantinha
informado sobre os batimentos cardíacos de Granger. Ele resolveu o
problema encontrando pontos de pulsação ao longo de sua garganta com a
boca, o que lhe deu uma explicação muito mais imediata e tátil de seus
sentimentos.
Agora uma de suas pernas estava ao redor dele. Ele a levantou mais alto,
uma mão em sua bunda, e pressionou-se contra ela.
– Por que você está sorrindo? - perguntou Granger, olhando para Draco por
cima do ombro.
Draco queria seguir com algo inteligente e sexy, mas Granger escolheu
aquele momento para tirar o xale e expor seu pijama hediondo.
Granger passou uma mão sedutora por seu quadril forrado de xadrez.
– Você não deve dizer coisas assim, a menos que seja sincero.
– ...Vou comprar para você tantos negligées trouxas inapropriados que você
terá um novo para usar todas as noites.
Ele começou a desabotoar os botões dela.
– Pequena?
Ela deitou ao lado dele e passou a mão na frente dele e abriu a braguilha
dele, e qualquer esperteza que Draco estava pronto para lançar desapareceu,
exceto por me acaricie como uma cabeceira, que não parecia forte o
suficiente para compartilhar com a classe.
Draco a puxou de volta. "Sério." Ele colocou a mão dela de volta em seu
pênis. – Como você estava, Granger.
– Sim.
– Oh?
– Oh.
– Ela tem pequenas vassouras nela, desta vez. - veio a divertida observação
de Granger.
– Vamos dar uma olhada na sua. - disse Draco, puxando a calça do pijama
dela.
Ele ficou atrás dela e observou os dois no espelho enquanto ele tirava as
coisas dela. Agora ela estava nua, e ele estava nu, e tudo o que ele queria
fazer era passar as mãos sobre ela e observar suas reações, o arqueamento
enquanto ele apertava um mamilo, o suspiro enquanto beijava seu pescoço.
Deuses, a sensação de sua pele nua contra seu pênis.
Ela esfregou a bunda contra ele e sorriu para ele no espelho quando ele
respirou fundo. Ela colocou a mão atrás dela e o acariciou. Ele deslizou a
mão para a frente dela, onde as coisas estavam mais quentes e cada vez
mais úmidas, e começou a acariciá-la um pouco. Ambos começaram a
respirar mais forte.
Eles subiram na enorme banheira com uma falta de elegância distinta, visto
que ambos estavam fixados nos órgãos genitais do outro.
– Oh?
– É claro.
– E então deixamos o... calor e a... água fazerem o resto, você sabe...
– Certo.
A mão de Draco estava em seu pênis – mas levemente, porque nesse ritmo,
ele poderia gozar em um minuto apenas com as imagens e sons.
Ela gesticulou para Draco se posicionar atrás dela – o que ele, obviamente,
fez com entusiasmo.
Draco não tinha certeza de ter visto uma visão mais excitante do que
Granger no espelho, beirando o precipício de seu orgasmo, os seios dela se
movendo no ritmo de suas estocadas.
Ele a observou gozar, sua mão molhada agarrada ao lado da banheira, sua
boceta apertando ao redor de seu pênis em um aperto longo e convulsivo.
Ela montou com um suspiro entre os dentes, pressionando o rosto em seu
antebraço.
– Eu, por mim, me sinto limpa e pronta para continuar. - disse Granger. –
Feitiço de secagem?
– Perfeito.
– Morangos e creme?
– Feito.
Draco vestiu um roupão de seda para dar a ordem enquanto Granger tentava
arrumar o cabelo no espelho.
– Essas partes queriam escapar da última vez que estive com você de
roupão, mas você estava muito ocupada ficando escandalizada pelos
projetos de irrigação soviéticos.
Granger riu.
– Oh? De que?
– Nunca.
Draco recostou-se.
– Mera conjectura. - Granger olhou para ele e seu sorriso. – Seu presunçoso
– ugh – vou te afogar no chantilly.
– Sério?
– Sim.
– Palavra de segurança?
– Neville.
– Deuses.
– Eu sei.
– Suba na cama.
Não que ele estivesse pensando em noivas, ou em casar com as tetas dela,
ou qualquer coisa.
Ele fez flutuar o pote de chantilly na direção deles, então conjurou uma
venda.
– Sim?
– Ooh. Sim.
– Excelente.
– Persuada, então.
Bem - ele pretendia apenas roubar um beijo, mas sentiu a língua dela contra
a dele, e então se viu incapaz de se afastar, e colocou um cotovelo no
travesseiro, e foi totalmente distraído por sua boca.
Foi só quando ele se viu deslizando a mão entre as coxas dela que se
separou.
– Oh?
– Você é...
Draco nunca descobriu o que ele era – ela se interrompeu com um engasgo.
Ele havia colocado creme em seus mamilos em duas porções que não
tinham absolutamente nada a ver com constelações.
– Você não pode me dizer que está surpresa com isso. - disse Draco.
– É gelado.
Em vez disso, ele beijou e lambeu seu estômago e então, quando chegou às
partes interessantes e Granger ficou imóvel, ele parou e beijou o creme de
sua coxa esquerda.
Granger suspirou. Ele subiu pela pele macia e cremosa, até a parte mais
interna de sua coxa. Granger respirou fundo, as pontas dos dedos
empurrando o colchão.
Ele parou de novo e voltou sua atenção para a linha de creme subindo por
sua coxa direita.
– Insuportável – mm–
– Você já sabe.
– Eu adoro ouvir.
Ele não tinha mais certeza de quem diabos estava provocando quem.
– Então nós poderíamos ter passado três dias transando. - disse Draco,
roçando os lábios contra a umidade dela enquanto falava.
– Tão correta. - disse Draco, estalando sua língua onde seu dedo estava. –
Vou lamber isso de você.
Granger engasgou.
– Sim.
– Eu acabei de mudar de ideia. - disse Draco. Ele pegou uma das mãos dela
e a trouxe para dentro. – Eu não quero que você me diga – eu quero que
você me mostre.
Granger riu.
– Hedonista.
– Mm. - disse Draco, sentando-se um pouco para trás para dar a ela espaço
para manobrar. – Assentos de primeira classe. Quero que saiba que estou
me acariciando.
– Não muito. - reclamou Granger. – Você deve me deixar algo para brincar,
depois...
– Haverá... muito com o que brincar. - disse Draco, olhando para seu pênis.
Draco conduziu uma análise swot. Ele a observou se tocar, dois dedos
pressionando pequenos círculos ao redor e ao redor - ela preferia um toque
leve, então, e não muito contato direto. Ela empurrou um dedo para baixo,
recolheu a umidade e voltou a subir para continuar seus círculos rítmicos.
Draco tirou a mão de seu pênis. Ele estava quase pronto para vir, ele
mesmo. Porra.
E ela estava chegando lá também. Ele observou um novo fio descer por
entre os dedos dela. Ele afastou a mão dela e a pressionou contra o colchão.
– Minha vez.
Granger suspirou.
Ele pôs um dedo dentro dela, depois outro, espremidos nas juntas pelo seu
aperto. Ele empurrou e tirou em uma cadência que combinava com a que
ela havia mostrado. Sua língua encontrou sal e sabor e recriou aqueles
pequenos círculos dela.
Quando ela começou a se contorcer, Draco percebeu que sentia muita falta
do anel. Mas, não importa – ele tinha outros indicadores.
Ela não era de gritar. Ela era de agarrar. Suas mãos encontraram seu cabelo.
Suas coxas apertadas em torno de suas orelhas. Ela empurrou seus quadris
para ele enquanto seus dedos empurravam para dentro e para fora e sua
língua beijava o calor rítmico contra ela.
Ela convulsionou contra ele, ofegou e gozou com longas contrações contra
seus dedos, quatro, cinco, seis, enquanto ele trabalhava sua língua contra
ela. Ele se sentiu se contorcer e pingar nos lençóis. Quente. Fodidamente
quente.
– Você quer que eu pare? - perguntou Granger, suas palavras como toques
leves de pluma de respiração contra seu pênis.
Ela passou por cima dele, acidentalmente de propósito roçou sua maciez
contra ele e saiu da cama.
– Acho que você deveria fazer uma pausa enquanto pode. - disse Granger.
– Isso está longe de ser flagrante. - disse Draco, acenando com a mão para
ela. – Mais.
– Melhorou?
– Oh?
Granger estava diante dele. Draco, com as sobrancelhas levantadas,
perguntou,
– Sim.
– Legilimens.
– Obviamente.
– Palavra segura?
– Prolapso.
Ela o guiou para a cama com uma mão em volta de seu pênis.
Draco fez o que ela pediu. Agora era sua vez de se reclinar contra os
travesseiros, totalmente nu.
– Accio abotoaduras.
Um par de abotoaduras prateadas voou para dentro do quarto, flutuando
próximo aos pulsos de Draco, e foi rapidamente transfigurada em algemas,
acorrentadas entre as cabeceiras da cama.
Granger riu. Com um aceno de sua varinha, ela levitou o pote de chantilly
em sua direção e lançou um feitiço refrescante nele.
– Sim.
– Talvez meu plano seja induzir o encolhimento, para que então eu possa
colocar minha boca ao redor.
Agora ela enrolou o cabelo sobre a cabeça, empurrou a varinha através dele
de uma forma profissional e começou a trabalhar.
Ela beijou o creme que havia espalhado em seu peito, lambeu os pontos que
havia colocado em seus mamilos (com muitos sorrisos maliciosos quando o
sentiu contrair) e subiu em seu pescoço (felicidade) para beijá-lo na boca.
Delicioso. Uma de suas mãos se moveu para a frente para agarrar a nuca
dela e mantê-la ali, mas – as algemas.
Draco enganchou uma perna ao redor dela, mas não era a mesma coisa. O
beijo dela passou de profundo e doce com a língua para uma versão leve
como pluma roçando os lábios dele.
Ela se moveu cada vez mais para baixo. Ele olhou para baixo e ela estava
lá, um cotovelo apoiado no colchão entre suas coxas, observando o lento
derretimento do creme em seu pênis.
Ele havia fantasiado tanto sobre algo assim que, mais uma vez, não estava
convencido de que não era um sonho. Não poderia ser real.
Draco não teve uma resposta coerente para oferecer, já que ela escolheu
aquele momento para começar a beijar seu membro, enquanto dedos gentis
puxavam suas bolas.
Draco deixou sua cabeça cair para trás e olhou para suas mãos algemadas.
Agora ele sentia a palma da mão dela também, e a outra - agora ambas as
mãos estavam trabalhando nele, para cima e para baixo, enquanto a língua
dela fazia um pequeno semicírculo logo abaixo da cabeça dele.
Ele fechou os olhos. Ele teria dado – qualquer coisa – para ela levá-lo
inteiramente em sua boca, naquele momento.
Ela não levou, obviamente. Ela deixou a ponta intacta. Ela sabia que o tinha
onde queria - tudo o denunciava, seus olhos fechados, sua respiração
pesada, a tensão correndo por ele, o pré-sêmen que pingava entre o creme
em sua cabeça intocada.
– Glurkk. - ele comentou sagazmente.
– Este é... um dos vários cenários. - ofegou Draco. – Sua boca em mim -
mas - a coisa real é muito melhor do que eu poderia imaginar...
– ...Quando eu bati uma no seu chuveiro – a noite em que fiquei lá. Isso foi
meio que uma punheta perigosa – caso você precise de mais confirmação de
que sou um homem horrível...
As mãos dela pararam. Draco deu uma olhada para baixo para vê-la
olhando para ele com um novo rubor nas bochechas.
– Você realmente?
– Sim.
– Vestidos abertos nas costas – tomando você por trás, salto alto. Estou
querendo desde aquela festa sobre os órfãos...
Ele sentiu o calor de sua risada contra seu pênis e então a bem-vinda
umidade de sua língua.
– O que mais?
– Você algemada...
– Terei que lhe dar motivos para me prender.
– Vou precisar que você me diga que sou um bom menino, em algum
momento...
– Oh?
– Isso conclui meu interrogatório. - disse ela, com uma satisfação terrível.
– Porra, obrigado.
Uma coisa era imaginar a boca dela sobre ele, mas outra bem diferente era
senti-la, a língua macia, a doce pressão de seus lábios finalmente
envolvendo sua cabeça. Ele sentiu-se contorcer para fora outro drible de
pré-sêmen, rapidamente sugado.
Ele sentiu a pressão da deglutição dela contra a parte inferior de sua cabeça
e se contorceu em um impulso final, forçando as correntes.
Ele não se mexeu por dois minutos depois, sentindo como se sua força vital
tivesse acabado de ser drenada de suas bolas.
Granger subiu na cama, deu um beijo em seus lábios - ele provou sal, ele
mesmo, chantilly, ela - e o libertou das algemas.
– Tarde demais.
Granger parou ao lado da cama, ainda com o roupão enorme. Ela juntou as
mãos diante dela e inclinou a cabeça para o lado, contemplando-o.
– O quê?
– Estou satisfeita.
– Oh?
– Você me viu?
Granger sorriu.
Ele estendeu uma mão lânguida para ela. Ela se aproximou. Ele a deslizou
entre as dobras do roupão e a passou pelo lado dela.
– Você é malditamente – incrivelmente – eu não consigo nem juntar as
palavras no momento, mas...
Ele beijou o topo de sua cabeça. Ele não conseguia se lembrar de ter beijado
o topo da cabeça de alguém em sua vida, mas lá estava.
Granger parecia estar pensando nas mesmas coisas. Ela falou em seu peito
em um murmúrio sorridente.
– Você acabou de me lembrar que eu quero fazer você dizer meu nome.
Graças aos deuses, porque Draco estava fazendo uma lista. Ele queria fazer
isso em uma vassoura. Ele queria um pouco de encenação professoral. Ele a
tomaria na biblioteca. Talvez até na biblioteca de Hogwarts, se eles
pudessem blefar uma forma de voltar. Na mesa de jantar. Em seu cubículo
no trabalho. Com certeza no laboratório. No Seneca, sim, claro. E ele a
colocaria naquele parapeito da janela, e em cada maldito parapeito desta
casa. E ele iria ejacular em seus seios. E definitivamente descobrir aquele
dispositivo de auto asfixia dela.
Haveria tempo.
Haveria uma vida inteira, talvez, ou seria uma loucura demais para se
pensar?
──── ◉ ────
A julgar pelo ângulo do sol, eram apenas dez horas da manhã quando Draco
acordou. Ele teve um prazer incomum e grogue em se sentir quente e
pegajoso, porque era com Granger que ele se sentia quente e pegajoso.
A piscada do gato lhe disse que isso não era problema dele.
O longo olhar do gato o informou que ele realmente havia notado, e que
qualquer progresso era, de fato, feito por ele, já que Draco era basicamente
um imbecil inútil. Draco poderia oferecer o pagamento na forma de arenque
defumado no café da manhã.
– ...Você não estava realmente perdido, estava, aquela vez? E na outra noite
- você não estava realmente perseguindo uma folha.
Não, disse o gato. Claro que não. Draco era um trapalhão e em algum
momento um gato simplesmente perde a paciência. A contração do rabo do
gato informou a Draco que, a propósito, as consequências seriam terríveis
para ele, caso ele estragasse isso.
– Eu não vou estragar tudo. - sussurrou Draco. – Eu não posso estragar isso.
Eu me importo demais com ela – é uma sensação horrível...
– O que mais você quer que eu diga? Ela tem todo o meu estúpido coração
– certo? Não posso machucá-la – prefiro arrancar minha própria alma...
– Eu amo ela.
O gato observou o movimento. Seu olhar para Draco disse a ele que, se
fosse para realizar sua vingança, iria para seus olhos, primeiro, de qualquer
maneira. Então mamilos. Ele afiava suas garras para esse propósito.
Mas, por enquanto, isso era desnecessário. Eles poderiam ser amigos.
Ele bateu a cabeça em seu peito e enrolou o rabo sob seu queixo.
Draco cuspiu um único pêlo de gato, presumivelmente colocado em sua
língua para garantir que ele soubesse seu lugar.
– Ressalvas?
– É irrefutável, não é?
– Sim. As descobertas de Theo foram revisadas por pares, por assim dizer.
– Não exatamente. - disse Draco. Ele tinha um terror inteiramente novo ali.
Granger bocejou.
– Uma coisa é aquele seu criptídeo entrar, mas se aqueles dois trapalhões
conseguissem atravessar minhas proteções, eu saberia que estou perdendo
meu jeito.
A essa altura, eles haviam tirado o pior do tesão de seus sistemas e podiam
ir devagar, e era algo bem mais parecido com fazer amor.
Havia tanto prazer nisso. Não o prazer carnal cru – que havia sido
encontrado várias vezes naquela manhã – mas algo íntimo, lento e doce.
Eles se despiram com cuidado e carícias. Ela tirou os suspensórios e as
abotoaduras com um leve sorriso no rosto. Ele puxou os grampos de cabelo
dela - todos, exceto um, por causa da paranóia persistente. Ela desabotoou a
camisa dele; ele tirou a blusa dela.
Quando ambos estavam nus, ele a deitou sobre os travesseiros com aquele
adorável caos de cabelos ao redor dela, sob a luz da lua crescente. Ela era a
feiticeira que ele vislumbrara há muito tempo. Ele passou os dedos pelos
cabelos dela e sentiu a impossibilidade disso, da realidade dessa visão-
sonho. Ele disse a ela que ela era linda. Ela disse a ele para beijá-la.
Seus beijos revelaram segredos. Ele contou a ela sobre sua Amortentia e ela
contou sobre a dela, e eles encontraram deliciosas surpresas nas respostas
do outro, sobre voar, e o mar, e rosas, e o cabelo dele, e as areias do deserto,
e o sabonete dela, e a colônia dele, e cidra com mel e cerejas, pedaços e
memórias e momentos que os uniram. Ele disse a ela o que pensava quando
lançava um Patrono. Ela lhe contou sobre seu quebra-cabeça, sobre os
paradoxos agora resolvidos.
De qualquer forma, Granger voltou para seu chalé. Ela voltou para seus
bons trabalhos na Cambridge trouxa, na sua cirurgia local e na U&E de St.
Mungo. O som de um chicote estalou sobre o Conselho de Administração
do St. Mungo.
Quanto a Draco, bem - ele foi premiado com uma Ordem de Merlin,
Primeira Classe, por Atos de Bravura Extraordinária, por suas diversas
manifestações de idiotice no campo de batalha. Ele também recebeu uma
carta de repreensão por Conduta Imprópria de um Auror por atos
inapropriados com sua Protegida. Foi assinado por Tonks, com um post-
scriptum perguntando sobre quando seria o casamento. Ele emoldurou a
carta e a colocou em um lugar de destaque na parede de seu cubículo, ao
lado da Ordem de Merlin. A fotografia de Granger do arquivo original do
caso foi fixada ao lado dela. Ela reclamou com ele quando ele chegou
atrasado.
Draco voltou para sua variedade usual de missões. E, quando não estava
lidando com bruxas e bruxos travessos, ele mandriava com um certo anel
danificado. As palavras esculpidas nele – pureza sempre vencerá –
significavam algo diferente agora. A pureza tinha vencido, mas foi uma
pureza de outro tipo - de propósito, de coração e mente.
Quanto ao Algo entre Draco e Granger – eles se viam quando seus horários
permitiam, talvez a cada segundo ou terceiro dia. À medida que dezembro
chegava ao fim, Draco decidiu que, fosse o que fosse, não era o suficiente.
Ele não queria voltar para recados no Bloco, não quando ele poderia beijar
significados em seu pescoço. Ele não queria acordar em camas separadas.
Ele não queria agendar. Ele queria uma vida juntos.
Uma vida junto com Granger – seja qual for a forma que ela assumisse –
não seria perfeita, uma navegação suave em um pôr do sol perpétuo. Isso,
ele sabia. Eles brigariam com frequência. Eles iriam querer se matar por
meios novos e sensacionais. Eles provavelmente chamariam isso de erro,
alguns dias. Mas eles chegariam a entendimentos. E talvez, eventualmente,
ela concordasse em viver na Mansão com ele, e encher seus altos salões
com calor. Ou, talvez, ele se mudasse para o chalé dela e fizesse algo sobre
a bagunça de livros naquela sala. Talvez, um dia, eles tivessem filhos, e
essas crianças teriam uma infância livre de dor e guerra. Ou talvez eles
simplesmente se divertissem e fossem aonde quer que o vento – ou a
benevolência de Granger – os levasse. Ou talvez eles se tornassem ladrões
cavalheiros. Ou adotassem órfãos e incutissem neles fibra moral.
Mas ele estava se adiantando com essas especulações. Ele tinha que
perguntar a ela, primeiro.
Draco teve uma conversa com sua mãe. Ele explicou muitas coisas que até
então haviam sido mantidas em segredo - os anéis, Granger morando na
Mansão, seus sentimentos imprudentes e não permitidos. Ele esperava, no
mínimo, aborrecimento, se não raiva, por sua temeridade em todas as
frentes. Em vez disso, sua mãe começou a chorar e fez uma pergunta.
– Então eu também.
– Quem?
– A bruxa perfeita que você estava esperando.
~~~~~~
Alguns dias antes do Natal, Draco convidou Granger para jantar na Mansão.
Para seu aborrecimento, ele chegou tarde em casa naquela noite, ocupado
perseguindo um lich em Grimsby. Ele saiu do Flu para encontrar a Mansão
resplandecente com decorações de Natal - enfeites de prata e ouro gêmeos,
grupos de velas brancas e guirlandas com o aroma de pinho.
– Senhor?
– Minha esperança é que - minha esperança é que ela não seja a colega
curandeira Granger por muito mais tempo.
– Espero que ela se torne outra coisa - se ela me aceitar. - disse Draco,
sentindo-se um tanto trêmulo.
– Você deve se trocar, Monsieur. - disse Henriette, dando um passo para trás
e tornando-se profissional. – Você cheira como un cadavre.
Dez minutos depois, Draco foi levado para o chuveiro e vestido com roupas
limpas. Ele então recebeu conselhos de vida de Henriette, como a
importância de ser humilde e sincero, et surtout! Surtout! não estragar isso,
Monsieur, ou ela ficaria zangada.
Draco esperava sinceramente que logo lhes desse um motivo para sorrir -
caso contrário, estaria se juntando a eles no choro.
Há algo de conto de fadas sobre rosas sob a neve - nas folhas congeladas,
nos caules dobrados, nas flores intactas, tocando pétala com pétala como os
lábios dos amantes. Algo como uma história de amor, algo como um felizes
para sempre.
A comovente beleza do jardim de rosas ficava ainda mais bela pela mulher
que caminhava por ele.
– O que você está fazendo? - ela perguntou, quando ele se aproximou dela
com ele.
– Travessuras, como sempre. - disse Draco. Ele deslizou a rosa em seu
cabelo e recuou para contemplar o efeito. – Enfeitando o lírio, na verdade –
segurando uma lanterna para o sol.
Granger olhou para ele com diversão e suspeita, mesmo quando ela corou.
Ela tocou as pontas dos dedos nas pétalas.
– Obrigada. É adoravel.
– Bom?
Draco acenou com a cabeça e fingiu entender e disse que era tudo uma boa
notícia, muito bem, muito bem.
– Estranho, não é?
Granger riu.
– Oh?
Sua voz beirou, de repente, a tremedeira. Sua voz nunca foi trêmula. Ele
queria que tivesse soado suave. Mas esta era Granger, portanto, nada suave.
Exploda tudo para o inferno.
Granger voltou sua atenção do céu para ele. Seu foco era curioso, gentil.
– Ficar com ele? - Granger procurou seus olhos. – Mas - estes são seus
anéis de família.
Certo. Ele estava estragando tudo e teria que soletrar para ela, mesmo que
seu coração estivesse fazendo o possível para bloquear sua garganta.
– Sim... claro... você está certa. Estes são os anéis da minha família. - Ele
fez uma pausa, respirou fundo e continuou. – E eu... o que estou tentando
dizer – pessimamente – é que gostaria que você fizesse parte da minha
família. Ou... que eu fizesse parte da sua. Ou que fizéssemos uma nova,
juntos - ou qualquer iteração que você desejar. O que estou tentando
perguntar é... se você daria uma chance a isso comigo...
Sua voz falhou. Agora ela estava começando a entender. Seus lábios se
separaram. Alguns flocos de neve caíram e se prenderam em seu cabelo, na
rosa, e deixaram beijos derretidos em sua bochecha.
Ela soltou um soluço que era, de alguma forma, também um som de prazer.
Ela se aproximou. Ela segurou a mão fria dele em suas mãos quentes e a
puxou, com anel e tudo, em direção ao coração dela. Lágrimas se
misturaram com a neve derretida em sua bochecha.
– Sim, eu quero – sim para tudo. Para o que quer que isso possa significar.
Sim para encontros idiotas, sim para ficarmos juntos-juntos, sim para... para
me casar com você, para passar o resto da minha vida com você. Sim para
cada palavra idiota.
– Você está... certa? Eu sou – o pior dos tagarelas – dos homens em geral...
A cabeça dele girava. Sua alma voou. Ele a beijou de volta, então seu
coração cheio de desejo surgiu em uma sequência ofegante contra a boca
dela.
– Quero mais tempo com você – quero que tenhamos a mesma cama. Eu
quero que você me supere diariamente. Eu quero dar a você, deuses, tantas
coisas. Eu quero rapidinhas em banheiros – danças – fotos em medalhões...
Lágrimas ou flocos de neve grudavam nos cílios dela. Ela engasgou outro
sim contra seus lábios.
– Eu sou o idiota mais sortudo que já andou nesta terra. - disse Draco,
segurando o rosto dela, pressionando sua testa contra a dela.
– Posso garantir que esse título vai para mim. - disse Granger com uma voz
trêmula.
Ela não conseguiu falar mais. Ela assentiu com a cabeça e pressionou o
rosto contra o peito dele.
Ela havia dito sim. Ela tinha beijado sims em sua boca. Ele queria chorar,
ele queria esmagá-la, ele queria cair de joelhos, ele queria tudo, toda essa
coisa estúpida de amor, ele queria cheio de clichês, outro beijo, outro
momento, para todo o sempre...
Ele sentiu o calor da respiração dela através de sua capa. Ela colocou seu
pequeno e trêmulo aperto ao redor dele e fez uma tentativa séria de
espremer a vida fora dele.
E – apesar de sua longa lista – ele não queria nada além disso. Esta bruxa
em seus braços, fazendo o possível para quebrar suas costelas.
Assim como estiveram neste mesmo jardim tantos meses atrás, eles eram,
mais uma vez, apenas um homem e uma mulher entre galhos verdes e uma
brisa sussurrante.
Só que, desta vez, as polaridades violentas que os separavam os
aproximaram. Afinal, o fogo ama sua escuridão. Afinal, o pecador ama seu
anjo. O outono, rindo, dança suas folhas nos altos céus de seu inverno. A
lua gira em giro após giro, perseguindo seu amado sol.
Ele colocou o anel no dedo dela. Ele havia removido todos os limiares. Ela
sentiria tudo. Os anéis se conectaram. Ele sentiu a onda de seu coração e
ela, com um suspiro, sentiu o dele.
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