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CONTABILIZAÇÃO DE OPERAÇÕES COM CRIPTOMOEDAS¹

Eduardo Cardoso de Castro²


Fábio Peripolli Rossato ³

Resumo: Observando o momento atual, com a presença das criptomoedas, ainda ocorrem
dúvidas no que se refere ao seu funcionamento e utilização, tanto para pessoas comuns, quanto
para as empresas. Tendo isso em mente, sob a perspectiva da contabilidade, essa pesquisa
aborda o tema de criptomoedas, focando em analisar as alternativas de como escriturar
corretamente na contabilidade das empresas. É notável que, com a utilização dessa tecnologia,
o desconhecimento de seu funcionamento é um potencial problema para os profissionais
contábeis. Sendo assim, esse trabalho possui o objetivo principal de apresentar como funciona
o sistema das criptomoedas e como deve ser feita sua contabilização a partir da legislação
vigente e dos pronunciamentos contábeis, além de compreender o sistema das criptomoedas;
analisar as possibilidades de utilização de criptomoedas como ativo das empresas e os impactos
contábeis e tributários na entidade; entender a forma correta de contabilização de criptomoedas
dentro do sistema contábil na perspectiva da legislação vigente e dos pronunciamentos
contábeis. Para tanto, foi utilizado método de abordagem qualitativa de natureza aplicada e com
objetivo descritivo. Quanto aos procedimentos técnicos utilizados, o presente estudo se
classifica como bibliográfica e documental, e quanto à análise dos dados, foi realizada de forma
qualitativa. Conforme o que foi visto, considera-se como resultado que a forma correta de
contabilizar as criptomoedas ocorre conforme o intuito de sua utilização dentro das empresas
que a possui, podendo ser classificada como caixa e equivalente de caixa, instrumento
financeiro, inventários, e ativos intangíveis.
Palavras-chave: Bitcoin. Contabilidade de criptoativos. CPC. Criptomoedas. Tributação de
criptomoedas.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Atualmente no mundo, todos os dias há alguma inovação tecnológica sendo criada e


dessa forma, todos os dias as pessoas têm de se adaptar a essas inovações. Sendo assim, tendo
em vista que uma destas inovações são as criptomoedas, se tratando de uma inovação da moeda
de troca do mundo financeiro, é importante conhecer como funciona o seu sistema de

¹ Trabalho de Conclusão de Curso apresentado na disciplina de Monografia II do Curso de Ciências Contábeis da Faculdade
de Direito de Santa Maria - FADISMA como requisito final para a aprovação na referida disciplina.

²Graduando em Ciências Contábeis da Faculdade de Direito de Santa Maria - FADISMA, e-mail: dudu.09.5@hotmail.com

³ Professor do Curso de Ciências Contábeis da Faculdade de Direito de Santa Maria - FADISMA, nas disciplinas de
Contabilidade Tributária, Estrutura e Análise das Demonstrações Contábeis e Estágio Supervisionado B. Graduado pela
Universidade Federal de Santa Maria-UFSM. Especialista em Controladoria pela Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC.
Mestre em Administração pela Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC. Contador. E-mail: fabio.rossato@fadisma.com.br
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transferências e como ela impacta no mundo contábil. Sob esse viés, há alguns exemplos que
podem ser citados de como as criptomoedas podem impactar a contabilidade dentro de uma
organização, que vai depender de como esta vai utilizar essa ferramenta.
Com essa forma de fazer transações, é importante para os contadores buscar as
informações necessárias para saber lidar com clientes que utilizam criptomoedas, por mais que
estas não estejam de fato consolidadas. No Brasil, já existe formas de utilizar as criptomoedas,
tal qual o bitcoin, como pagamento em suas mercadorias e serviços. Vale ressaltar que
realmente são poucas as lojas que aceitam o bitcoin, geralmente sendo necessário um
intermediário que recebe e envia o dinheiro para o vendedor (MERCADO BITCOIN, 2022). A
título de curiosidade, há algumas empresas famosas que aceitam criptomoedas como
pagamento de seus serviços e produtos, conforme o Mercado Bitcoin (2022), essas empresas
são: McDonald’s, Ifood, Carrefour, Americanas e Centauro.
Portanto, o tema abortado pela presente pesquisa é criptomoedas do ponto de vista
contábil e tributário, delimitando-se em analisar as formas adequadas para escriturar as
criptomoedas na contabilidade. Nesse sentido, o desconhecimento é um agravante do problema,
que se trata de entender, quais tratamentos contábeis e tributários, os contadores devem ter na
contabilização de criptomoedas nas empresas?
Dito isso, essa pesquisa detalha quais as normas e pronunciamentos que devem ser
aplicados no tratamento contábil e tributário de criptomoedas, o que tem grande relevância para
atingir os objetivos. O objetivo principal desta revisão bibliográfica é apresentar como funciona
o sistema das criptomoedas e como deve ser feita sua contabilização a partir da legislação
vigente e dos pronunciamentos contábeis. Para mais, busca-se compreender o sistema das
criptomoedas; analisar as possibilidades de utilização de criptomoedas como ativo das empresas
e os impactos contábeis e tributários na entidade; entender a forma correta de contabilização de
criptomoedas dentro do sistema contábil na perspectiva da legislação vigente e dos
pronunciamentos contábeis.
O presente artigo se justifica tendo em vista que, as criptomoedas são uma inovação não
apenas no campo dos investimentos, mas também como uma moeda de troca, mercadoria ou
um ativo intangível, que poderão ser utilizadas pelas empresas. Sendo assim o profissional
contábil, da mesma forma que os alunos do curso de ciências contábeis da Faculdade de Direito
de Santa Maria (FADISMA), que serão futuros contadores, tem o dever de estar ciente de como
trabalhar com elas, para serem profissionais aptos a atender essa demanda.
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A metodologia aplicada de forma qualitativa foi desenvolvida em procedimentos


técnicos bibliográficos e documentais, em leis, pesquisas e livros, seguindo o que é detalhado
no tópico Metodologia.
A pesquisa está enquadrada na área de Concentração de Contabilidade, Controladoria e
Auditoria do Curso de Graduação em Ciências Contábeis e sua linha de pesquisa insere-se em
Contabilidade Pública, Societária, Tributária, Ambiental.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 CRIPTOMOEDAS

A evolução tecnológica tende a ocorrer com mais frequência e em menos tempo nas
últimas décadas, talvez consequência da facilidade de se acessar e compartilhar informações e
de novas ferramentas que facilitam a criação de novas tecnologias. E nessa visão, as novas
tecnologias chegam com o intuito de oferecer soluções para questões que anteriormente não
puderam ser alcançadas, talvez por falta de acesso. Sob esse viés, surgiu a inovação tecnológica
das criptomoedas para tentar resolver certos problemas monetários que persistem atualmente,
como inflação e custos de transações (BOFF; FERREIRA, 2016).
A primeira criptomoeda que se tem registro é o Bitcoin, resultado de uma iniciativa
tomada por Satoshi Nakamoto, um alter ego anônimo, no ano de 2008. Nakamoto lançou o
Bitcoin em um fórum aberto no formato de um White paper, que é um documento informativo
sobre um determinado assunto (MACIEL, 2018). Dessa forma, o documento dizia se tratar de
uma nova moeda e sistema de pagamento, onde quem tivesse o acesso poderia usar como
quisesse (ULRICH, 2014).
A ideia de criar esse tipo de sistema já havia sido cogitado, porém falhavam em dois
pontos, que são: 1) eram detidos por empresas privadas e logo apresentavam um ponto
centralizado de falha; ou 2) não superavam o chamado problema do ‘gasto duplo’ (ULRICH,
2014). Sendo assim, Nakamoto conseguiu superar essas barreiras, sua criação é absolutamente
não reproduzível e é construído de uma forma que o seu registro de transações possibilitava a
conciliação e a verificação de cada unidade monetária conforme a evolução da moeda
(ULRICH, 2014).
O bitcoin, conforme Maciel (2018), por ter base em um código-fonte aberto, o seu
sistema não está em posse de ninguém, portanto sua moeda não pode ser reproduzida fora das
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regras desse sistema, o que solucionou os problemas encontrados nas tentativas anteriores de
criação de uma criptomoeda, além de eliminar o problema das moedas em papel controladas
por bancos e governos.
Hoje em dia, passados alguns anos, apesar de o Bitcoin ser o maior e mais famoso entre
as criptomoedas, vale mencionar a existência de uma vasta quantidade de criptomoedas.
Conforme informações divulgadas pela Tolotti (2021), “existem mais de 11 mil criptomoedas
existentes”, a título de demonstrar quais são estas outras criptomoedas, pode-se citar a
Ethereum, a EOS e a NEO como exemplo de criptomoedas diferentes e concorrentes do Bitcoin.
Tal informação dá a entender que o mundo pode estar se preparando para uma nova forma de
fazer negócios, visto que cada vez mais criptomoedas estão surgindo e se instalando em meio
a sociedade.
A Criptomoeda se diferencia de tudo aquilo que era praticado anteriormente, isso porque
ela é independente da economia de qualquer Estado, além de outras características intrínsecas
nesse instrumento. Vale destacar que, não se confunde com a moeda digital, que são recursos
armazenados em dispositivos e sistemas controlados que permite a transferência de pagamentos
entre usuários, emitidas pelo governo (SILVA, 2017). A seguir, será evidenciado como é o
funcionamento das criptomoedas e como elas são criadas.

2.1.1 Sistema da criptomoeda

Primeiramente para se ter o entendimento de como funcionam as criptomoedas, é


necessário compreender alguns conceitos de: criptografia, blockchain e mineração.

2.1.1.1 Criptografia

Começando pelo conceito de criptografia, que nada mais é que um método matemático
utilizado para dar privacidade para alguma informação (SICHEL; CALIXTO, 2018). É essa
criptografia que faz com que cada criptomoeda seja única e que não seja possível duplicá-la
sem nenhum controle, evita assim a fraude da moeda falsa e o pagamento duplo.
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2.1.1.2 Blockchain

Em sequência temos talvez a essência de todo o funcionamento, não apenas das


criptomoedas, mas de quaisquer outros tipos de criptoativos, o responsável por registrar todas
as transferências deste tipo, o Blockchain, cujo conceito é o seguinte:

Blockchain é uma forma de manter a integridade numa rede distribuída peer-to-peer


e, tal como o nome indica, é um conjunto de blocos (block) ligados entre si através de
uma corrente (chain). A forma mais simples de definir blockchain é como um livro-
razão digital composto por transações válidas, que são partilhadas e observáveis por
uma rede distribuída de computadores (PINA, 2020, p. 12).

Vale ressaltar que, o conceito de peer-to-peer conforme Sichel e Calixto (2018, p. 4)


“são redes virtuais que funcionam na Internet com o objetivo de compartilhar recursos entre os
participantes, sendo que por princípio não há diferenciação entre os participantes”. Também é
dito por Follador (2017, p. 84) que:

Ele opõe-se ao papel dos bancos e outros intermediários das transações financeiras, por
estar assentado em uma tecnologia que possibilita o envio de recursos financeiros de
parte a parte (P2P, peer-to-peer), sem necessitar de um terceiro de confiança (trusted
third party) a quem se outorgue a função de zelar para evitar que o mesmo recurso seja
gasto mais de uma vez.

Pode se dizer então que, o blockchain é um sistema que conecta blocos de transações de
criptoativos através de uma corrente que informa todo o histórico de transferência daquele ativo,
desde a sua origem até o atual dono deste, verificando e autenticando essa movimentação
constantemente e antecipadamente as futuras negociações. Ele é essencial para o controle e
funcionamento das criptomoedas, podendo dizer que sem seu sistema as criptomoedas não
existiriam, o que o faz ser tão revolucionário quanto.

2.1.1.3 Mineração

Por fim temos o conceito de mineração, onde os mineradores emprestam sua tecnologia
ao sistema para realizar as validações das transferências, e como recompensa eles adquirem
bitcoin como pagamento. Os bitcoins são criados através do seguinte processo:

Bitcoins são criados (gerados) através de um processo chamado de “mineração”, que


consiste em competir para encontrar soluções para um problema matemático enquanto
se processam transações de Bitcoins. Qualquer participante na rede Bitcoin (ou seja,
qualquer usando um dispositivo que execute a implementação completa de protocolo
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Bitcoin) pode ser um minerador, bastando utilizar o poder de processamento de seu


computador para verificar e registrar transações (ANTONOPOULUS, 2016 apud
SICHEL e CALIXTO, 2018, p. 6).

Portanto, as criptomoedas funcionam por um sistema de software compartilhado em


todo o mundo, ele encontra-se presente em cada computador utilizado para minerar esses ativos,
dessa forma sendo quase impossível a invasão desse software por hackers e possibilita
transações seguras e anônimas entre duas partes. Além disso, como foi citado acima, o
Blockchain é uma espécie de “livro contábil”, onde todo o histórico fica salvo publicamente,
tal ferramenta pode ajudar a contabilidade em relação ao controle e ao acompanhamento da
movimentação das empresas.

2.2 CRIPTOMOEDAS NO BRASIL

É necessário que se faça uma reflexão, as criptomoedas vão mesmo ser adotadas como
forma de realizar compra e venda de produtos e serviços no Brasil? Para responder a esse
questionamento, buscou-se evidências em notícias recentes que mostram que sim, há chances
de que as criptomoedas entrem na rotina tanto das empresas quanto das pessoas físicas, seja
com intuito de serem utilizadas como investimentos ou moedas de troca.
Tendo em vista tal conjuntura, ressalta-se que na esteira das tecnologias, as
criptomoedas tomaram espaço no mercado mundial, o que não ocorre de forma diferente no
Brasil (SIQUEIRA et al., 2019). Outrossim, ao que diz a notícia de Laporta, Gerbelli e G1
(2018), no ano de 2018 o mercado bitcoin na America Latina detinha em torno de 1,2 milhões
de clientes, superando o número de investidores da bolsa brasileira, a B3, além dos que aplicam
no Tesouro Direto, sendo cada um em torno de R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais).
Além disso, o Brasil tem se destacado como sendo um dos países com maior presença
de usuários de criptomoedas em todo o globo. Tal fato é esclarecido por Correia (2019, p. 3),
onde diz que:

De acordo com o Global Consumer Survey (2019), realizado pela empresa de


pesquisas Statista com mais de 280 mil respondentes, localizados em mais de 45
países, o Brasil se encontra como o segundo país com o maior número de indivíduos
que afirmam usar, ou já terem utilizado, alguma criptomoeda, representando 18% dos
respondentes.

Sendo assim, tal fato evidenciado expõe o Brasil como sendo um dos países em que as
criptomoedas possuem um forte potencial para serem adotadas pela população. Destaca-se que,
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com base em dados mais recentes o Brasil se encontrava com cerca de 10 milhões de brasileiros
investindo em criptomoedas, o que seria em torno de 4,9% do total da população e que o deixa
no quinto maior do mundo, atras apenas da Índia, EUA, Rússia e Nigéria (BERTOLUCCI,
2021).
Vale destacar, que por mais que seja escassa a procura por lugares que aceitam o
pagamento em criptomoedas, essa já é uma realidade no Brasil. Dessa forma, vale citar o que
diz Fonseca (2021, p. 18), “no Brasil em uma pesquisa rápida na internet podemos encontrar
mais de trinta empresas que permitem o Bitcoin como forma de pagamento de diferentes
ramos”. Vale ressaltar também, as informações evidencias por Fonseca (2021, p. 17), em que
ele diz que conforme os dados extraídos do site cointradermonitor.com “as corretoras que
atuam no Brasil declararam ter movimentado 30.276 Bitcoins de 1 a 30/04/2021, equivale a
aproximadamente R$ 9.707.774.327,44 (9,7 Bi)”.
Dessa forma, tendo em vista tais evidências de que o Brasil é um dos países que tem se
destacado entre os maiores do mundo e que o número de pessoas que tem adentrado no mercado
de criptomoedas, é visto uma importância em se estudar tais ativos. Outrossim, vendo as
criptomoedas como sendo mais uma tentativa de gerar lucro para aqueles que as compram, seja
esperando sua valorização ou como moeda de troca em seus negócios, supõe-se que a
contabilidade possa vir a ter uma necessidade em adequar as transações de criptomoedas quanto
ao tratamento contábil e fiscal para esses ganhos, principalmente quando for relacionada com
Pessoas Jurídicas.

3. MÉTODOS DE PESQUISA

A pesquisa seguiu uma natureza aplicada, que segundo os conceitos de Kauark,


Manhães e Medeiros (2010, p. 26) objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigida
à solução de problemas específicos. Ademais, baseado em Kauark, Manhães e Medeiros (2010,
p. 27) essa pesquisa possui uma abordagem qualitativa, pois considera que há uma relação
dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo
e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. Outrossim, no que se refere
ao ponto de vista da pesquisa, ela é descritiva, que tem o objetivo de descrever as características
de determinada população ou fenômeno adequado ao que diz Kauark, Manhães e Medeiros
(2010, p. 28).
Sob o ponto de vista dos procedimentos técnicos, essa pesquisa foi um estudo
bibliográfico e documental, pois conforme o que diz Kauark, Manhães e Medeiros (2010, p.
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28) o estudo será bibliográfico quando elaborado a partir de material já publicado, constituído
principalmente de livros, artigos de periódicos e, atualmente, material disponibilizado na
Internet e estudo documental quando elaborada a partir de materiais que não receberam
tratamento analítico. Sendo assim, ocorreu um estudo aprofundado em materiais
disponibilizados na internet e em artigos periódicos para o embasamento da pesquisa.
A coleta de dados foi realizada através da análise documental e bibliográfica por meio
de instrumentos documentais, entre os documentos a serem analisados estão: artigos científicos;
sites de notícias; jornais e revistas; dissertações sobre o tema; relatórios de pesquisa e; tabelas
estatísticas de autores que já trabalharam sobre esse tema.
A pesquisa foi realizada de forma qualitativa, utilizando métodos de análise de
conteúdo, a exemplo de artigos acadêmicos, notícias e normas, pois conforme Kauark, Manhães
e Medeiros (2010, p.27) a pesquisa qualitativa lida com fenômenos e isto não requer o uso de
métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o
pesquisador é o instrumento-chave. É descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados
indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais de abordagem.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A presente pesquisa aborda as discussões sobre como deve ser contabilizadas as


criptomoedas na contabilidade das empresas, que pode variar conforme for a intenção de uso
pela entidade. Além disso, a pesquisa também tem o intuito de apresentar a legislação pertinente
sobre o tema e as questões fiscais aplicáveis, bem como o que se vem sendo discutido sobre a
regulamentação e tributação das criptomoedas.
Para expor como as criptomoedas funcionam, a presente pesquisa buscou explicar como
funciona o seu sistema Blockchain, que é a base para o funcionamento dos criptoativos. Com
esse entendimento, foi possível compreender melhor sobre a segurança das criptomoedas e
como esse sistema proporciona que ocorra transações entre indivíduos, registrando a corrente
de transferências desde a sua origem e que pode ser utilizado para auxiliar a contabilidade com
o controle que ele dispõe aos usuários.
Além de buscar demonstrar a contabilidade de criptomoedas, essa pesquisa também
tenta evidenciar que está tecnologia pode ter potencial de ganhar espaço dentro das empresas e
que ela eventualmente poderá impactar a forma como os negócios são feitos hoje em dia, o que
intensifica a importância do estudo sobre este assunto.
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4.1 CRIPTOMOEDAS COMO INVESTIMENTO

A presente pesquisa preocupou-se em salientar a utilidade das criptomoedas como uma


alternativa de investimento, tanto para pessoas físicas quanto para jurídicas. Dessa forma
quando se trata de investimento, chegou-se ao resultado de que muitas pessoas procuram
adquirir criptomoedas, não para utilizá-las como moeda de troca, mas sim como investimento,
indo além das aplicações em bancos, poupança, certificados de Depósito Bancário (CDBs),
entre outros. Como cita Carvalho et al. (2017, p. 3), “o bitcoin pode ser considerado também
como ativo financeiro especulativo, com preço em dólares muito volátil e forte valorização - de
centavos, em 2008, para mais de USD 6.000”.
Conforme o que diz Yermack (2014), existem dois tipos de clientes para o bitcoin, que
são: os entusiastas de tecnologia, que usam com frequência o comércio online e que são liberais
e querem fugir um pouco do governo em relação ao controle da moeda. Além destes, Yermack
(2014) aponta também interesse dos investidores, onde ele evidencia que em uma época o
Bitcoin teve um volume de transações em cerca de 70 mil por dia, em que se constatou que na
maior parte o Bitcoin é mais utilizado para transferências entre investidores especulativos e não
as compras de bens e serviços, indicando pouca utilização como meio de pagamento. Tal
comportamento, compactua com os pensamentos de Lakomski-Laguerre e Desmedt (2015)
citado por Carvalho et al. (2017, p. 14), quando estes falam “o bitcoin torna-se uma moeda entre
outras em um espaço monetário globalizado e competitivo e pode, portanto, ser utilizado como
ativo específico por qualquer investidor motivado por uma lógica financeira de otimização de
portfólio”.
Sob tal ótica, as criptomoedas podem se assemelhar bastante com as ações da bolsa de
valores. Ademais, algumas estratégias utilizadas para as ações, também podem ser aplicadas
nas criptomoedas, como ilustrado por Fonseca (2021, p. 15) quando ele diz que:

De acordo com Breno Chaves, estrategista de comunicação e aquisição na


BitcoinTrade, na negociação a mercado, o investidor autorizará o valor de saldo na
plataforma e assim conseguirá conferir os preços de compra e venda das criptomoedas
ofertado pela empresa e preferências de vendedores. Assim, este de modo funciona
parecido com a bolsa de valores na negociação a mercado. Já nas ordens limitadas o
investidor estabelece a margem de preço para que uma compra seja executada,
podendo colocar um preço mais baixo do que valor atual. Deste modo, o sistema
esperará que o preço esteja no valor da sua ordem e assim então fará a aquisição. O
mesmo ocorre para uma ordem de venda, onde o investidor estipulará um preço mais
alto e assim que for atingido o sistema efetuará a venda.
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Outrossim, ao que se tem registro, a estratégia de diversificar os investimentos mostra


que ocorre uma rentabilidade melhor nas carteiras de quem tem um percentual de capital
investido em criptomoedas. Moutinho e Penha (2019) concluem que, nas carteiras em que o
investidor possuía investimento em criptomoedas, o Bitcoin mais especificadamente, ocorreu
um retorno mais favorável, otimizando a carteira e assim conseguindo uma rentabilidade de
18,27% nos ativos. Indo no mesmo sentido, Amorim & Maganini (2019, p. 15) ressaltam que
“o Bitcoin é um bom ativo para investidores de perfil arrojado, que são adeptos à grandes riscos
e à especulação”, os autores destacam que o investimento em Bitcoin não é indicado para
investidores conservadores.
Dito isso, diversos acionistas buscam diversificar as suas carteiras de investimentos
através da valorização das criptomoedas, indo ao encontro do pensamento de Maciel (2018),
que conclui que “os investimentos que utilizam criptomoedas possuem rendimentos maiores e
apresentam uma amenização dos riscos, em comparação com investimentos em ativos
tradicionais”. Tal uso para as criptomoedas é compreensível, visto que de metade do ano 2014
até o final de 2016 o seu valor foi de U$ 200 Norte Americanos para um mil dólares (Silva,
2017). Para ilustrar a variação que o bitcoin teve desde a sua criação observe a imagem a seguir:

Tabela 1 – Valor do Bitcoin desde sua criação em dolar


Ano Preço em 1º de janeiro (dólar) Preço em 31 de dezembro (dólar) Valorização
2009 US$ 0 US$ 0 0%
2010 US$ 0,1 US$ 0,3 200%
2011 US$ 0,3 US$ 4,7 1466,67%
2012 US$ 5,30 US$ 13,50 154,72%
2013 US$ 13,30 US$ 805 5952,63%
2014 US$ 815,90 US$ 318 -61,02%
2015 US$ 314,90 US$ 430 36,55%
2016 US$ 434 US$ 963,40 121,98%
2017 US$ 995,40 US$ 13.850,40 1291,44%
2018 US$ 13.404,90 US$ 3.709,40 -72,33%
2019 US$ 3.809,40 US$ 7.196,40 88,91%
2020 US$ 7.199 US$ 28.949 302,13%
2021* US$ 29.359 US$ 65.979 124,73%
Fonte: (INFOMONEY, 2021)

Muitos fatores podem influenciar no preço das criptomoedas, tal qual pode ser a
aceitação ou não da moeda em certos lugares e empresa ou a normatização de fiscalização da
moeda. Um exemplo de como o valor de uma criptomoeda pode mudar rapidamente, é da
notícia do grande empreendedor CEO da Tesla que segundo Souza (2021):
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Após Elon Musk anunciar que venderia de 10% das ações da Tesla com uma enquete
no Twitter, os papéis da empresa caíram mais de 5% antes da abertura do mercado
nos EUA — e a empresa perdeu a oitava posição como ativo mais valioso do mundo
para o bitcoin (BTC).

Assim como os valores das ações da Tesla diminuíram, o valor de mercado de bitcoins
aumentou cerca 6,18% no mesmo momento (Souza, 2021). Dessa forma é notável o potencial
das criptomoedas em servir como um investimento no portifólio dos investidores e, portanto,
esses ativos digitais podem ser bastante utilizados por pessoas jurídicas, o que torna um assunto
pertinente para a contabilização e para a fiscalização sobre o ganho de capital.
Em seguida, buscou-se demonstrar detalhadamente as formas de se tratar as
criptomoedas na contabilidade, analisando principalmente as normas estabelecidas pelo Comitê
de Pronunciamentos Contábeis, onde se pode encontrar os critérios para a classificação contábil
dos bens, direitos e obrigações, e vinculando com as possibilidades de classificar as
criptomoedas.

4.2 CONTABILIZAÇÃO E TRIBUTAÇÃO DE CRIPTOMOEDAS

Desde seu surgimento, muito se discute como deve ser a forma de contabilização e
escrituração de criptomoedas, por ainda não ter um conceito estabelecido nas normas de como
devem ser tratadas, muitos autores buscam a real classificação deste ativo. Conforme Gonçalves
(2021), criptoativos como o Bitcoin são um desafio para os contadores, na consequência de que
se têm emergido questões quanto as suas classificações, mensuração e relato contabilístico.
Gonçalves (2021) ainda diz que por mais que atualmente se tenha uma preocupação quanto a
tributação das criptomoedas, nem mesmo as normas da IAS (International Accounting
Standards) e da IFRS (International Financial Reporting Standards) dispõe de um conceito
explicito de como tratar contabilmente esses criptoativos.
Todavia, os pensamentos de Procházka (2018), Daniel e Green (2018), Grecco, Neto e
Constancio (2018) e Yatsyk (2018), convergem para o pensamento de que se tem a necessidade
de que as criptomoedas sejam tratadas nas demonstrações contábeis das entidades, pois estas
devem demonstrar fidedignamente a situação patrimonial e financeira da entidade. Sendo assim
ressalta-se a importância de saber as situações que envolvem a classificação correta das
criptomoedas.
Segundo Silva (2017), como uma forma de suprir a falta de esclarecimento por parte de
órgãos internacionais, tem-se de analisar os possíveis padrões contábeis. Portanto, faz-se valer
o que corresponde o CPC 23 (2009, p. 4), que expõe o seguinte:
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Na ausência de Pronunciamento, Interpretação ou Orientação que se aplique


especificamente a uma transação, outro evento ou condição, a administração exercerá
seu julgamento no desenvolvimento e na aplicação de política contábil que resulte em
informação que seja:
(a) relevante para a tomada de decisão econômica por parte dos usuários; e
(b) confiável, de tal modo que as demonstrações contábeis:
(i) representem adequadamente a posição patrimonial e financeira, o desempenho
financeiro e os fluxos de caixa da entidade;
(ii) reflitam a essência econômica de transações, outros eventos e condições e, não,
meramente a forma legal;
(iii) sejam neutras, isto é, que estejam isentas de viés;
(iv) sejam prudentes; e
(v) sejam completas em todos os aspectos materiais.

Tendo em vista o CPC 23, Pina (2020) nos traz que as criptomoedas podem ser
classificadas, segundo as normas contábeis: caixa e equivalente de caixa; instrumento
financeiro, que não seja caixa e equivalente de caixa; inventários e; ativos intangíveis. Vale
destacar que, o que vai definir a política contabilística a ser adotada será a intenção da qual foi
adquirida a criptomoeda e para qual finalidade (YATSYK 2018; PROCHÁZKA, 2018; ERNST
& YOUNG, 2021).

4.2.1 Caixa e equivalente de caixa

Para ser classificado nesta categoria é necessário que se tenha em mente três categorias
que são: a possibilidade de medir o valor; ser um instrumento de reserva de valor e; poder ser
um meio de troca. (PINA, 2020). Ao que diz o CPC 03 (R2) (2010, s.p.), para ser caixa ou
equivalente de caixa “ele precisa ter conversibilidade imediata em montante conhecido de caixa
e estar sujeito a um insignificante risco de mudança de valor”. Ainda em análise do CPC 03
(R2) (2010), considerando as criptomoedas como sendo moeda estrangeira, o pronunciamento
diz que “os fluxos de caixa advindos de transações em moeda estrangeira devem ser registrados
na moeda funcional da entidade”, ou seja, os valores delas devem ser registrados em Reais, no
caso de entidades brasileiras.
Conforme Raiborn e Sivitanides (2015), é um erro classificar as criptomoedas como
equivalentes de caixa pois estas não são nem extremamente líquidas e nem podem ser
convertidas imediatamente em qualquer valor de dinheiro. Além disso, não podem ser
armazenadas em bancos tradicionais e nem podem ser sacadas de caixas eletrônicos comuns
(RAIBORN e SIVITANIDES, 2015; YATSYK, 2018). Agregando as anteriores disposições,
Ernst & Young (2021) menciona outros motivos para não classificar criptomoedas como
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equivalentes de caixa, sendo um deles, que as criptomoedas não estão dispostas no valor da
moeda em curso legal do país e outro que o valor desse criptoativo é muito volátil.
Em contraponto, Procházka (2018) intercede dizendo que as normas não acompanham
a evolução dos sistemas de pagamento e, sendo assim, sua vontade é que a contabilidade
adotasse as definições da economia de dinheiro. Conforme Procházka (2018, p. 6), “em
economia, dinheiro é geralmente definido como qualquer coisa que geralmente é aceita como
pagamento de bens e serviços ou no pagamento de dívidas”. Sob tal perspectiva, no caso de
uma entidade utilizar uma criptomoeda como sendo o principal meio desta empresa realizar
suas transações, ela deve utilizar essa criptomoeda como a moeda funcional dessa entidade, e
as outras transações que porventura acontecer com outras moedas e criptomoedas, como de
moeda estrangeira, aplicando-lhes as respectivas taxas de câmbio na referida data
(PROCHÁZKA, 2018).

4.2.2 Instrumento financeiro

Se classifica como um instrumento financeiro aquele direito contratual que dê direito a


receber dinheiro ou outro ativo financeiro de outra entidade ou qualquer ativo que seja um
instrumento de capital próprio de uma outra entidade (PINA, 2020). Tal conceito harmoniza
com o CPC 39 (2009, p. 6), onde “Instrumento financeiro é qualquer contrato que dê origem a
um ativo financeiro para a entidade e a um passivo financeiro ou instrumento patrimonial para
outra entidade”. Dessa forma, como não é necessário um contrato para que ocorra as
transferências de criptomoedas, conforme o que diz ASBJ (Accounting Standards Board of
Japan), ao não originarem a existência de um contrato entre as partes envolvidas numa
transação, não podem ser incluídas nesta categoria (PINA, 2020).
Entretanto, por mais que não é necessário um contrato para ocorrer as transferências de
criptomoedas, Ernst & Young (2021, p. 11) diz que:

O uso de blockchain ou tecnologia de contabilidade distribuída não dá origem


automaticamente a uma relação contratual entre as partes. Por um lado, os ativos
criptográficos que dão direito ao titular de bens, serviços ou instrumentos financeiros
subjacentes fornecidos por uma contraparte identificável podem atender à definição
de um contrato.

Dessa forma, constatado que a entidade adquirente teve uma aquisição de criptomoeda
por contrato de participação residual de dos ativos líquidos da outra entidade, pode-se classificar
a operação como sendo um instrumento financeiro (GONÇALVES, 2021). Complementando,
Gonçalves (2021) fala sobre a mensuração das criptomoedas classificadas como instrumento
14

financeiro detidos para negócios e para os não detidos para negócios. Para as criptomoedas
detidas para negócios, o reconhecimento é pelo valor justo e alterações desse valor justo devem
ser realizado pelo método de do valor justo por resultado, sendo as taxas reconhecidas como
gastos (GONÇALVES, 2021). Vale explanar que segundo o CPC 46 (2012, s.p.), o
reconhecimento de valor justo “é uma mensuração baseada em mercado e não uma mensuração
específica da entidade”, ou seja, o valor da qual o bem é cotado no mercado sem “força” a
transação. Além disso, conforme o CPC 48 (2016, s.p.), ocorre que no método de valor justo
por meio do resultado que “qualquer ganho ou perda decorrente da diferença entre o custo
amortizado anterior do ativo financeiro e o valor justo deve ser reconhecido no resultado”.
Seguindo a explicação do que se refere o caso das não detidas para negócios, é explicado que:

Aquando da mensuração inicial, o proprietário pode optar por reconhecer as alterações


do justo valor através do método do justo valor por meio dos resultados ou através do
método do justo valor por meio do capital. Optando pelo reconhecimento das
alterações de justo valor, através do método do justo valor por meio do capital, não
podem ser reconhecidas reversões do justo valor, sendo que as taxas de transação
devem ser integradas no reconhecimento inicial do justo valor. De referir que a opção
por qualquer que seja o método de reconhecimento de alterações de justo valor, essa
opção é irreversível (GONÇALVES, 2021, p. 56).

Em contraponto, os autores Procházka (2018), Yatsyk (2018), Daniel e Green (2018)


afirmam que mesmo sendo fato a semelhança do tratamento das criptomoedas como
instrumento financeiro, as criptomoedas não devem ter essa classificação, justamente pela falta
de relação contratual.

4.2.3 Inventário

Esse conceito de inventário, que pode ser substituído por estoque e é definido para
aquele ativo onde se adquire para depois revendê-lo. Nesse caso, a diretiva correspondente é o
CPC 16 (R1) (2009), que busca dar, entre outros, orientação sobre a determinação do valor de
custo dos estoques e sobre o seu subsequente reconhecimento como despesa em resultado,
incluindo qualquer redução ao valor realizável líquido. Conforme o CPC 16 (R1) (2009), “Valor
realizável líquido é o preço de venda estimado no curso normal dos negócios deduzido dos
custos estimados para sua conclusão e dos gastos estimados necessários para se concretizar a
venda”. De acordo com o Pina (2020), “só no caso de as criptomoedas serem detidas com o
objetivo de serem vendidas no âmbito de atividade da empresa, é que devem ser reconhecidas
como inventário”. Isto é, no caso de as criptomoedas serem utilizadas como mercadoria de
compra e venda, como atividade da empresa, ela pode se enquadrar nessa categoria de ativo.
15

Por outro lado, Procházka (2018) agrega mais uma situação da qual as criptomoedas
podem ser consideradas inventários, que é quando o objetivo da entidade é focado na mineração
de criptomoedas. Posto isso, Procháska (2018) classifica as empresas que compram e vendem
criptomoedas como “corretoras-negociantes de commodities” e, dessa forma, a mensuração
deve ser demonstrada com o método de valor justo, deduzindo assim o valor dos custos de
venda. Outrossim, no caso de mineração de criptomoedas, deve-se imputar os gastos obtidos
com o processo de mineração as criptomoedas, obtendo assim o custo do produto acabado
(PROCHÁZKA, 2018).
De salientar ainda que, situações em que as corretoras detêm em sua posse as
criptomoedas de seus clientes. Nestes casos, na perspectiva de Gonçalves (2021, p. 50):

inicialmente as entidades devem reconhecer as criptomoedas pelo justo valor de


mercado à data do depósito do cliente. De seguida, deve ser reconhecido um passivo
pelo mesmo montante, sendo que, esse passivo reconhecido irá corresponder à
obrigação que os corretores negociantes de commodities têm de devolver a
criptomoeda ao seu cliente.

Nestes casos, é valido evidenciar que como essas criptomoedas não pertencem a
corretora, os ganhos ou perdas não serão reconhecidos por ela, mas sim por seus clientes
(ASBJ apud GONÇALVES, 2021). Tal fato se justifica tendo em vista que, é a pessoa física
que decide efetuar a venda do ativo do qual a corretora apenas faz a intermediação.

4.2.4 Ativo intangível

Como o próprio nome já evidência, é aquele ativo que não existe fisicamente, mas
possui um valor, onde a entidade que o possui tem o controle deste para gerar benefícios em
prol de suas atividades (PINA, 2020). Ao que diz o CPC 04 (R1) (2010, s.p.):

Um ativo satisfaz o critério de identificação, em termos de definição de um ativo


intangível, quando:
(a) for separável, ou seja, puder ser separado da entidade e vendido, transferido,
licenciado, alugado ou trocado, individualmente ou junto com um contrato, ativo ou
passivo relacionado, independente da intenção de uso pela entidade; ou
(b) resultar de direitos contratuais ou outros direitos legais, independentemente de tais
direitos serem transferíveis ou separáveis da entidade ou de outros direitos e
obrigações.

A norma também prevê que, o reconhecimento inicial do ativo intangível deve ser feito
pelo seu custo (CPC 04 (R1), 2010). Contudo, quando a empresa não consegue identificar e
16

separar com adequada garantia quais foram os custos empregados para constituir o ativo
intangível, os custos associados ao ativo devem ser classificados como gastos (GONÇALVES,
2021).
No que tange às mensurações subsequentes, Gonçalves (2021) apresenta duas opções
para os proprietários desses ativos, que são: modelo de custo e modelo de reavaliação. Sendo
assim, o modelo de custo funciona com o ativo sendo contabilizado conforme seu custo,
deduzindo as amortizações e perdas com a redução de seu valor realizável líquido
(GONÇALVES, 2021). Já no método de reavaliação, vai depender se existe um mercado ativo
para esse ativo intangível, nesse caso é mensurado pelo valor justo, deduzindo amortizações,
caso tenha vida útil, e perdas com a redução de seu valor realizável líquido (GONÇALVES,
2021). Vale mencionar ainda que, no método de reavaliação, no que diz Gonçalves (2021, p.
61), “os aumentos de reavaliação são reconhecidos e acumulados em excedentes de reavaliação,
exceto quando se verifique que desse movimento contabilístico reverta uma redução de
reavaliação”.
Não obstante, Procházka (2018) e Yatsyk (2018) acentuam que, por mais que seja
possível classificar criptomoedas como ativo intangível, não seria o mais acertado, visto que
não possuem as características econômicas para ativo intangível e não evidência com clareza a
intenção da entidade com esse ativo.
Para evidenciar as situações e as variações de classe, o autor Silva (2017) elaborou um
quadro trazendo variadas hipóteses de uso das criptomoedas e sua classificação contábil de
acordo, assim como a base teórica baseando-se nos pronunciamentos do CPC e legislação.
17

Quadro 1 - Possíveis métodos de classificação contábil para criptomoedas


BASE
HIPÓTESE/SITUAÇÃO CLASSIFICAÇÃO TEÓRICA RECONHECIMENTO MENSURAÇÃO
LEGAL
No momento da Pelo valor em
Ativo circulante -
Venda de bens e serviços CPC 03. realização da transação Reais da
Disponibilidades
com recebimento em Gross de venda, um vez que se transação (Nota
(Equivalentes de
Bitcoins (2015). caracteriza como uma ou Documento
Caixa)
venda á vista. Fiscal)
Pelo custo
histórico da
No momento da
Investimento destinado CPC 26. aquisição,
Ativo circulante - aquisição, reconhecendo
para venda imediata Venter convertido em
Aplicações o eventual resultado
(menor que 12 meses) (2016) Reais conforme
pela realização na venda
extrato da
exchange
Valor de custo ou
pelo valor
Compra e venda de
No momento da realizável líquido,
Bitcoins, atuando como
Ativo circulante - aquisição, mantendo dos dois o menor,
entidade de revenda da CPC 16
Estoques pelo valor histórico até a tomando como
moeda, sem ser Exchange
realização referência o valor
oficial
da exchange que
possui carteira
Valor justo
praticado, com
Investimento mantido CPC 03 Lei No momento da reconhecimento
para valorização, com Ativo não circulante 6.404/76. aquisição, mantendo de eventuais
intenção de venda em - Investimentos Venter pelo valor histórico até a resultados apenas
prazo maior que 12 meses (2016). realização na realização no
momento da
venda
Valor do custo
diretamente
atribuível à
No momento da
preparação do
confirmação das
Mineração de Bitcoin, CPC 26 Lei ativo para a
transações no
produzindo-se a moeda Ativo não circulante 11.638/2007. finalidade
Blockchain,
virtual, sem intenção de - Intangível Venter proposta (rateio
reconhecendo pela
venda (2016). de todos os custos
cotação da exchange
envolvidos pelos
que possui carteira
bictoins
produzidos na
mineração)

Exchange: plataformas digitais onde é possível comprar, vender, trocar e guardar criptomoedas.
Fonte: (SILVA, 2017)
18

Ao analisar a tabela apresentada por Silva (2017), fica mais simplificado e prático como
se deve ser a classificação das moedas digitais na contabilidade das empresas, mostrando que,
dependendo da atividade é possível considerar bitcoin como caixa, aplicação, estoque,
investimento e ativo intangível. Desta forma, é evidente que ainda não está estabelecido um
conceito concreto e imutável para este ativo. Sendo assim, o debate sobre esse tema ainda deve
ser realizado durante os próximos anos pelas autoridades legais e concelhos de contabilidade
nacionais e internacionais.

4.2.5 Regulamentação e tributação e criptomoedas

Desde que surgiu, além das discussões envolvendo sua contabilização, muito se debateu
sobre uma possível tributação ou regulação para as criptomoedas. Até os dias atuais, não foi
estabelecido nenhum ato normativo a respeito de tributos e de regulamentação adequada para
as moedas digitais. Todavia, vale destacar que segundo o site Follador (2017, p. 91):

A Receita Federal, a seu turno, incluiu, em seu Manual de Perguntas e Respostas sobre
a Declaração do IRPF de 2017, o tópico 447, em que manifesta o entendimento de
que “Moedas virtuais (bitcoins, por exemplo), ... devem ser declaradas na ficha ‘Bens
e Direitos’ como ‘outros bens’, uma vez que podem ser equiparadas a ativos
financeiros”, devendo “... ser declaradas no valor da aquisição”. Pontua que, como
não há cotação oficial para esses ativos, “... não há uma regra legal de conversão para
fins tributários”, o que, todavia, não dispensa o declarante de comprovar as operações
“... com documentação hábil e idônea para fins de tributação””.

Sendo assim, as criptomoedas estão relacionadas com a declaração de imposto de renda


e a informação de que a pessoa tem a posse desse tipo de ativo devem estar informadas no
devido local. Vale ressaltar que conforme Nardelli (2021):

os ganhos obtidos com a venda de bitcoins ou moedas virtuais, cujo valor de


venda/alienação no mês seja superior a R$35.000,00, devem ser tributados a título de
ganho de capital, devendo o imposto apurado ser recolhido no último dia do mês
seguinte ao do fato gerador.

Sendo assim, como muitos que operaram com criptomoedas podem desconhecer essa
obrigação de declarar de forma correta as criptomoedas, é de grande valia que o contador, que
tende a realizar a declaração de imposto de renda de seus clientes, saber fazer a declaração
adequadamente para ao menos informar seus clientes de tal obrigação.
Ademais, é valido evidenciar que a existência do projeto de lei n°2.303/15, que foi
elaborado pelo Deputado Áureo Lídio Moreira Ribeiro, onde este defende a regulamentação
19

das criptomoedas e, consequentemente, essa PL propõe alterações nas leis nº 12.865 de 2013,
e 9.613 de 1998 (FONSECA, 2021, p. 17). Dessa forma, o que é mencionado por esse projeto
de lei é o seguinte:

O Congresso Nacional decreta: Art. 1º Modifique-se o inciso I do art. 9º da Lei 12.865,


de 09 de outubro de 2013: “Art. 9º ........................................................................ I –
disciplinar os arranjos de pagamento; incluindo aqueles baseados em moedas virtuais
e programas de milhagens aéreas;” Art. 2º Acrescente-se o seguinte § 4º ao art.11 da
Lei 9.613, de 03 de março de 1998: “Art. 11
........................................................................ § 4º As operações mencionadas no
inciso I incluem aquelas que envolvem moedas virtuais e programas de milhagens
aéreas” Art. 3º “Aplicam-se às operações conduzidas no mercado virtual de moedas,
no que couber, as disposições da Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, e suas
alterações. Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. (BRASIL,
Projeto de Lei no 2.303)

Em dezembro de 2021, o PL 2.303/2015 foi aprovado pelo Plenário da Câmara de


Deputados seguindo para o Senado, recebendo alguns adendos que estavam sendo discutidos
pelos senadores e assim teve sua numeração alterada para 4401/2021 (MARTINES, 2022).
Entende-se então que, o brasil se prepara para uma regulamentação específica para
criptomoedas em seu governo. Apesar de ainda estar em votação, pode-se esperar que a PL
4401/2021 seja aprovada em breve, o que pode direcionar os devidos tratamentos que se deve
ter com esses ativos digitais, tanto no quesito fiscal quanto contábil.
Relativamente as formas de contabilizar as criptomoedas, a revisão de literatura desta
pesquisa conclui que o que vai definir a forma de contabilização e a mensuração de
criptomoedas será a forma como a entidade deseja utilizar esse ativo. Sob este viés, infere-se
que a contabilização das criptomoedas de entidades deve ser feita conforme as situações que
serão apresentadas pelos CPCs para cada caso.
O presente artigo mostra que com base no que demonstra no CPC 23 (2009), na ausência
de uma norma especifica para o tratamento contábil de alguma transação, cabe a administração
decidir qual será a forma que achar mais conveniente para objeto em questão. Dito isso, conclui-
se que as classificações contábeis das criptomoedas podem ser como caixa e equivalente de
caixa; instrumento financeiro, que não seja caixa e equivalente de caixa; inventários e; ativos
intangíveis. Dessa forma, para cada situação existe um CPC correspondente, que vai nortear o
tratamento adequando de como prosseguir com a classificação e mensuração destes ativos.
Posto isso, por mais que ocorra contradições, por motivos de sua alta volatilidade,
ausência de liquidez e conversão em dinheiro e que não podem ser armazenadas em bancos, a
empresa pode optar por utilizar criptomoedas como caixa e equivalente de caixa. Dessa forma
ela deve fazer uso do CPC 03 (R2) (2010), que indica classificá-las como moeda estrangeira
20

por não ser a moeda aceita no país e mensurá-las como tal. Todavia, caso a empresa utilize
criptomoedas na maioria de suas transações, a empresa pode utilizar estas como sua moeda
funcional.
Para mais, quando for de intenção da empresa, ela pode classificar suas criptomoedas
como instrumentos financeiros. Para tanto, a forma de contabilizar nessa situação é seguindo o
CPC 39 (2009), onde é evidenciado que para ser instrumento financeiro se deve contemplar
dois critérios principais, que são: ser um contrato e ser capaz de gerar um ativo financeiro e
passivo financeiro entre as empresas envolvidas. Por esse angulo, compreende-se que apesar de
não ser necessário a formação de um contrato para a aquisição de criptomoedas, as
criptomoedas podem dar origem a um ativo financeiro para a entidade e a um passivo financeiro
ou instrumento patrimonial para outra entidade e sua tecnologia Blockchain pode estabelecer
uma espécie de contrato oficializando a transação. Em seguimento, sua mensuração poderá ser
pelo valor justo, e sua variação pelo valor justo por resultado, quando detidas para negociação
e quando não destinadas a esse propósito, reconhecer as alterações pelos métodos de valor justo
por meio dos resultados ou através do método do valor justo por meio do capital.
Ademais, quando a empresa decide que terá como atividade a compra e venda de
criptomoedas, ela deverá conceituá-las como inventario em suas demonstrações.
Consequentemente, a instituição deverá ter como CPC norteador o CPC 16 (R1) (2009). Para
mais, outra situação da qual as criptomoedas podem ser consideradas inventário é quando a
empresa além de compra e venda, ela ainda tem como atividade a mineração das criptomoedas.
De tal modo, no que compete a mensuração dos estoques nesse caso deve ser feito pelo método
de valor justo, deduzindo assim o valor dos custos de venda. Aliás, quando se trata do caso de
mineração, os gastos obtidos para a aquisição da moeda devem ser embutidos no seu valor, bem
como os custos de produtos acabados.
Por fim, pode-se classificar as criptomoedas como ativos intangíveis, devendo ser mais
utilizado desta forma pelas empresas mineradoras, seguindo o que diz o CPC 04 (R1) (2010).
Como visto antes, a referida norma prevê que o valor inicial do ativo intangível deve ser pelos
valores dos custos incorridos para produzi-lo. Subsequentemente, a mensuração é feita pelo
custo deduzindo amortizações e perdas do seu valor realizável líquido, ou pelo método de
reavaliação, que no caso de criptomoedas é viável visto que existe um mercado para negociar
esse ativo e sendo assim, será mensurado pelo valor justo.
Enfim, outro assunto discutido nessa pesquisa é quanto a sua tributação e
regulamentação das criptomoedas. Ainda sem nenhuma norma especifica a este objeto, sabe-se
que a tributação das criptomoedas se deve pelo ganho de capital com a sua venda, declarado na
21

Declaração do IRPF, que para ser tributado devem atingir um valor superior a R$ 35.000,00
(trinta e cinco mil reais). Outro ponto que segue, é sobre o projeto de lei 4401/2021 a respeito
da regulamentação das criptomoedas, que está em processo de aprovação do Senado e que, em
breve, já deve estar sendo aprovada e gerar novas discussões sobre o tema.
Em resumo, conclui-se finalmente que hoje em dia, por mais que ocorra divergências
de opiniões, as criptomoedas com base na interpretação dos administradores das empresas,
possuem formas adequadas de serem escrituradas dentro da contabilidade das empresas e cabe
aos contadores destas estarem cientes de sua aplicação. De resto, o Brasil se prepara para
elaborar a regulamentação das criptomoedas, atualmente não vale estabelecer uma conclusão
concreta a respeito desse assunto, porém com a aprovação do PL 4401/2021, um novo estudo
sobre esse ponto.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Partindo do pressuposto que as criptomoedas são uma inovação, e que já estão sendo
utilizadas por empresas que atuam no Brasil, a presente pesquisa relacionou-se com a
metodologia documental e bibliográfica, buscando diretrizes que explicassem como essa
tecnologia afeta a maneira como as empresas fazem negócios e como isso afeta a contabilidade
dentro de outros trabalhos já realizados. Dito isso, sabendo que atualmente a tecnologia em
geral afeta o dia a dia das empresas e da sociedade, a pesquisa se justifica pela importância de
se estar preparado para atender a demanda das empresas que fazem uso das criptomoedas.
Assim, para esclarecer as considerações finais da presente pesquisa, resgata-se a
pergunta norteadora: Quais tratamentos contábeis e tributários, os contadores devem ter na
contabilização de criptomoedas nas empresas?
Consequentemente, para responder tal questionamento, a pesquisa possui seu objetivo
principal de apresentar como funciona o sistema das criptomoedas e como deve ser feita sua
contabilização a partir da legislação vigente e dos pronunciamentos contábeis. Nota-se então
que, a pesquisa alcançou seu objetivo, visto que em sua revisão bibliográfica conseguiu
demonstrar como as criptomoedas funcionam, sendo elas resultado do processo chamado de
mineração, do qual se refere a ação de competir para encontrar soluções para um problema
matemático. Em seguida também foi explicado a relação das criptomoedas com o Blockchain,
onde é feita as transferências envolvendo esses criptoativos, organizando-os em “blocos” que
são ligados por uma corrente codificada que registra os envios dos criptoativos e os mantém
registrados desde o início do surgimento daquele cripto, pode-se dizer também que esse é um
22

grande livro contábil do qual as páginas estão armazenadas em diversos computadores em todo
o globo.
Ademais, a pesquisa também demonstrou, com base nas normas atuais e com o que diz
o Comitê de Pronunciamentos Contábeis, as diversas formas de escriturar as criptomoedas na
contabilidade das empresas.
Ainda, para dar sustentabilidade para o objetivo principal, a pesquisa como efeito teve
de ter seus objetivos específicos que foram os seguintes: compreender o sistema das
criptomoedas na perspectiva contábil atual vigente no Brasil; analisar as possibilidades de
utilização de criptomoedas como ativo das empresas e como isso afeta a contabilidade da
entidade; e entender a forma correta de contabilização de criptomoedas dentro do sistema
contábil na perspectiva da legislação vigente e dos pronunciamentos contábeis.
Primeiramente, referente a compreensão do sistema das criptomoedas na perspectiva
contábil, compreende-se que a pesquisa conseguiu demonstrar como é o funcionamento dessa
tecnologia, sendo que um dos pontos tratados durante seu desenvolvimento foi como surgiu a
criptomoeda e como seu sistema Blockchain funciona, foi visto que este equipara-se a um
grande livro contábil, onde está registrado todas as transações feitas com a criptomoeda desde
a sua origem.
Segundamente, no que tange analisar as possibilidades de utilização de criptomoedas
em território brasileiro, demonstrou-se que já existem empresas utilizando esse sistema para
vender suas mercadorias, por mais que ainda não seja utilizado pela maioria das entidades.
Por último, no que diz respeito de entender a forma correta de contabilização de
criptomoedas dentro do sistema contábil na perspectiva da legislação vigente e dos
pronunciamentos contábeis, considera-se que não ocorre uma resposta única sobre o tratamento
contábil, visto que o que vai definir a forma correta de contabilização é a maneira como a
empresa utilizará a criptomoeda. Sendo assim, conclui-se que não existe uma forma única que
as criptomoedas podem ser escrituradas, mas sim diversas formas, podendo ser como caixa e
equivalentes de caixa, instrumento financeiro, inventários, e ativos intangíveis, a depender
situação em que se encontra.

Limitações

Por ser uma tecnologia que ainda se estuda a sua aplicação, o estudo desse tema possui
alguns limitadores, dentre eles a falta de bibliografias direcionadas a contabilidade. Dito isso,
por ainda não ter muitos estudos que evidenciam de forma conclusiva o entendimento sobre
23

como as criptomoedas devem ser demonstradas na contabilidade, foi necessário buscar


referencial teórico em outras fontes fora do Brasil e adequar aos pronunciamentos contábeis.
Aliás, outro desafio é entender onde as criptomoedas se encontram nas normas e leis
brasileiras, visto que no momento, apenas se pode equiparar as criptomoedas um bem e tributar
sobre o ganho de capital como é feito sobre a alienação de bens e direitos. Ou seja, falta ainda
o Brasil estabelecer uma lei direcionada para as criptomoedas, o que já se tem previsão de
discussão.

Indicações para estudos futuros

Indica-se que estudos posteriores possam ser realizados de forma mais conclusiva, visto
que o Brasil se prepara para enquadrar as criptomoedas em sua legislação e que a partir dessa,
novos estudos surgiram com direcionadores mais conclusivos referente a contabilidade.
Conclui-se enfim, que a partir do surgimento da legislação específica, caberá uma revisão desse
estudo, que pode levar a outras discussões e conclusões.

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24

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