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1a edição: 2009
Direitos reservados desta edição:
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
M939 Métodos de pesquisa / [organizado por] Tatiana Engel Gerhardt e Denise Tolfo Silveira ;
coordenado pela Universidade Aberta do Brasil – UAB/UFRGS e pelo Curso de
Graduação Tecnológica – Planejamento e Gestão para o Desenvolvimento Rural
da SEAD/UFRGS. – Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009.
120 p. : il. ; 17,5x25cm
(Série Educação a Distância)
Inclui figuras, quadros e anexos.
Inclui referências.
1.Metodologia da pesquisa científica. 2. Métodos de pesquisa. 3. Pesquisa científica
– Elaboração. 4. Projeto de pesquisa – Estruturação. 5. Tecnologia da informação e co-
municação – Pesquisa. 6. Ética – Plágio. I. Gerhardt, Tatiana Engel. II. Silveira, Denise
Tolfo. III. Universidade Aberta do Brasil. IV. Universidade Federal do Rio Grande do
Sul. Secretaria de Educação a Distância. Graduação Tecnológica – Planejamento e
Gestão para o Desenvolvimento Rural.
CDU 001.891
CIP-Brasil. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação.
(Jaqueline Trombin – Bibliotecária responsável CRB10/979)
ISBN 978-85-386-0071-8
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UNIDADE 2 – A PESQUISA CIENTÍFICA ......
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Denise Tolfo Silveira e Fernanda Peixoto Córdova
INTRODUÇÃO
OBJETIVOS
as trocas simbólicas nem se submetem à prova de fatos, pois os dados analisados são
não-métricos (suscitados e de interação) e se valem de diferentes abordagens.
Na pesquisa qualitativa, o cientista é ao mesmo tempo o sujeito e o objeto de
suas pesquisas. O desenvolvimento da pesquisa é imprevisível. O conhecimento do
pesquisador é parcial e limitado. O objetivo da amostra é de produzir informações
aprofundadas e ilustrativas: seja ela pequena ou grande, o que importa é que ela seja
capaz de produzir novas informações (DESLAURIERS, 1991, p. 58).
A pesquisa qualitativa preocupa-se, portanto, com aspectos da realidade que
não podem ser quantificados, centrando-se na compreensão e explicação da dinâ-
mica das relações sociais. Para Minayo (2001), a pesquisa qualitativa trabalha com o
universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que cor-
responde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos
que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. Aplicada inicialmente
em estudos de Antropologia e Sociologia, como contraponto à pesquisa quantitativa
dominante, tem alargado seu campo de atuação a áreas como a Psicologia e a Educa-
ção. A pesquisa qualitativa é criticada por seu empirismo, pela subjetividade e pelo
envolvimento emocional do pesquisador (MINAYO, 2001, p. 14).
As características da pesquisa qualitativa são: objetivação do fenômeno; hie-
rarquização das ações de descrever, compreender, explicar, precisão das relações entre
o global e o local em determinado fenômeno; observância das diferenças entre o
mundo social e o mundo natural; respeito ao caráter interativo entre os objetivos
buscados pelos investigadores, suas orientações teóricas e seus dados empíricos; bus-
ca de resultados os mais fidedignos possíveis; oposição ao pressuposto que defende
um modelo único de pesquisa para todas as ciências.
Entretanto, o pesquisador deve estar atento para alguns limites e riscos da pes-
quisa qualitativa, tais como: excessiva confiança no investigador como instrumento
de coleta de dados; risco de que a reflexão exaustiva acerca das notas de campo possa
representar uma tentativa de dar conta da totalidade do objeto estudado, além de
controlar a influência do observador sobre o objeto de estudo; falta de detalhes sobre
os processos através dos quais as conclusões foram alcançadas; falta de observância
de aspectos diferentes sob enfoques diferentes; certeza do próprio pesquisador com
relação a seus dados; sensação de dominar profundamente seu objeto de estudo; en-
volvimento do pesquisador na situação pesquisada, ou com os sujeitos pesquisados.
2.1.1.2 PESQUISA QUANTITATIVA 35
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Esclarece Fonseca (2002, p. 20):
Diferentemente da pesquisa qualitativa, os resultados da pesquisa
quantitativa podem ser quantificados. Como as amostras geralmente
são grandes e consideradas representativas da população, os resultados
são tomados como se constituíssem um retrato real de toda a popula-
ção alvo da pesquisa. A pesquisa quantitativa se centra na objetividade.
Influenciada pelo positivismo, considera que a realidade só pode ser
compreendida com base na análise de dados brutos, recolhidos com
o auxílio de instrumentos padronizados e neutros. A pesquisa quan-
titativa recorre à linguagem matemática para descrever as causas de
um fenômeno, as relações entre variáveis, etc. A utilização conjunta da
pesquisa qualitativa e quantitativa permite recolher mais informações
do que se poderia conseguir isoladamente.
Quadro 1
Comparação dos aspectos da pesquisa qualitativa
com os da pesquisa quantitativa
Aspecto Pesquisa Quantitativa Pesquisa Qualitativa
Enfoque na interpretação do menor maior
objeto
Importância do contexto do ob- menor maior
jeto pesquisado
Proximidade do pesquisador menor maior
em relação aos fenômenos es-
tudados
Alcance do estudo no tempo instantâneo intervalo maior
Quantidade de fontes de dados uma várias
Ponto de vista do pesquisador externo à organização interno à organização
Quadro teórico e hipóteses definidas rigorosamente menos estruturadas
Assim, como visto até aqui, tanto a pesquisa quantitativa quanto a pesquisa
qualitativa apresentam diferenças com pontos fracos e fortes. Contudo, os elementos
fortes de um complementam as fraquezas do outro, fundamentais ao maior desen-
volvimento da Ciência.
INFORMAÇÃO
Ver capítulo 7: O planejamento de pesquisas qualitativas, em ALVES-MAZZOTTI &
GEWANDSZNAJDER (1998, p. 147-78).
ANOTE
A visão de que o conhecimento produzido na área das ciências naturais tem mais validade do
que o conhecimento produzido na área das ciências sociais e humanas ainda persiste, embora
muito se tenha avançado. A ideia de Galileu, segundo a qual conhecer significa quantificar, por
muito tempo esteve presente na produção do conhecimento; por isso, a pesquisa quantitativa,
mesmo nas Ciências Sociais, era utilizada como único meio até as discussões se iniciarem, na
década de 1980, no Brasil, em torno da abordagem qualitativa de pesquisa para a análise e
apreensão dos fenômenos humanos (PIETROBON, 2006, p. 78).
SUGESTÃO
Assista ao filme O ponto de mutação ou leia o livro com o mesmo título, de Fritjof Capra, físico
austríaco, que retrata a história do pensamento científico para apoiar a ideia de que é preciso
quebrar as bases da ciência moderna, pautada no sistema matemático cartesiano, que vê o
mundo como uma máquina perfeita a serviço do homem, para entender o quanto, ao longo
de séculos, ela convergiu do modo como a natureza, incluindo nós humanos, se organiza e
mantém a vida.
Objetiva gerar conhecimentos novos, úteis para o avanço da Ciência, sem apli-
cação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais.
2.1.2.2 PESQUISA APLICADA 37
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Objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de
problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais.
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experimental e de controle. Aplicado um estímulo ao grupo experimental, no
final comparam-se os dois grupos para avaliar as alterações.
pesquisas experimentais antes-depois com um único grupo, definido previa-
mente em função de suas características e geralmente reduzido.
Para Gil (2007, p. 44), os exemplos mais característicos desse tipo de pesquisa
são sobre investigações sobre ideologias ou aquelas que se propõem à análise das
diversas posições acerca de um problema.
Como exemplo desse tipo de pesquisa, pode-se citar um estudo sobre a eva-
são escolar, quando se tenta analisar suas causas. Num estudo experimental, seria
o inverso, tomando-se primeiramente um grupo de alunos a quem seria dado um
determinado tratamento, e observando-se depois o índice de evasão.
Fonseca (2002) aponta que este tipo de pesquisa é utilizado em estudos explo-
ratórios e descritivos, o levantamento pode ser de dois tipos: levantamento de uma
amostra ou levantamento de uma população (também designado censo).
Esclarece o autor (2002, p. 33):
O Censo populacional constituía única fonte de informação sobre a
situação de vida da população nos municípios e localidades. Os cen-
sos produzem informações imprescindíveis para a definição de po-
líticas públicas estaduais e municipais e para a tomada de decisões
de investimentos, sejam eles provenientes da iniciativa privada ou de
qualquer nível de governo. Foram recenseados todos os moradores
em domicílios particulares (permanentes e improvisados) e coletivos,
na data de referência. Através de pesquisas mensais do comércio, da
indústria e da agricultura, é possível recolher informações sobre o seu
desempenho. A coleta de dados realiza-se em ambos os casos através
de questionários ou entrevistas.
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É a pesquisa que busca informação diretamente com um grupo de interesse a
respeito dos dados que se deseja obter. Trata-se de um procedimento útil, especial-
mente em pesquisas exploratórias e descritivas (SANTOS, 1999).
A pesquisa com survey pode ser referida como sendo a obtenção de dados ou
informações sobre as características ou as opiniões de determinado grupo de pessoas,
indicado como representante de uma população-alvo, utilizando um questionário
como instrumento de pesquisa (FONSECA, 2002, p. 33).
Nesse tipo de pesquisa, o respondente não é identificável, portanto o sigilo é
garantido. São exemplos desse tipo de estudo as pesquisas de opinião sobre determi-
nado atributo, a realização de um mapeamento geológico ou botânico.
Para Alves-Mazzotti (2006, p. 640), os exemplos mais comuns para esse tipo
de estudo são os que focalizam apenas uma unidade: um indivíduo (como os casos
clínicos descritos por Freud), um pequeno grupo (como o estudo de Paul Willis so-
bre um grupo de rapazes da classe trabalhadora inglesa), uma instituição (como uma
escola, um hospital), um programa (como o Bolsa Família), ou um evento (a eleição
do diretor de uma escola).
Ainda segundo a autora, podemos ter também estudos de casos múltiplos, nos
quais vários estudos são conduzidos simultaneamente: vários indivíduos (como, por
exemplo, professores alfabetizadores bem-sucedidos), várias instituições (como, por
exemplo, diferentes escolas que estão desenvolvendo um mesmo projeto).
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...... 2.1.4.9 PESQUISA PARTICIPANTE
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2.1.4.10 PESQUISA-AÇÃO
Para Gil (2007, p. 55), a pesquisa-ação tem sido alvo de controvérsia devido ao
envolvimento ativo do pesquisador e à ação por parte das pessoas ou grupos envol-
vidos no problema. Apesar das críticas, essa modalidade de pesquisa tem sido usada
por pesquisadores identificados pelas ideologias reformistas e participativas.
2.1.4.11 PESQUISA ETNOGRÁFICA 43
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A pesquisa etnográfica pode ser entendida como o estudo de um grupo ou povo.
As características específicas da pesquisa etnográfica são:
o uso da observação participante, da entrevista intensiva e da análise de documentos;
a interação entre pesquisador e objeto pesquisado;
a flexibilidade para modificar os rumos da pesquisa;
a ênfase no processo, e não nos resultados finais;
a visão dos sujeitos pesquisados sobre suas experiências;
a não intervenção do pesquisador sobre o ambiente pesquisado;
a variação do período, que pode ser de semanas, de meses e até de anos;
a coleta dos dados descritivos, transcritos literalmente para a utilização no relatório.
2.2 REFERÊNCIAS