Sempre imaginei escrevendo um livro e todos diziam
sobre o dom da escrita ser exploradora, porém adiava por não
sentir preparada. As ideias surgiam na mesma rapidez que
desapareciam, por outro lado, sabia exatamente que
escrever, foi quando deixei as palavras fluírem como na
melodia de uma canção, realizando o sonho de quando ainda
era uma menina inocente e sonhadora, que queria mudar o
mundo e ser reconhecida por fazer a diferença. Sabia desde o
inicio que envolveria a educação e a sexualidade, mas só foi
externamente revelado quando iniciei as sessões
psicóloga, nesse período tive certeza que a missão de
transformar o mundo estava em torno da minha dor.
Iniciei a missão quando estava na faculdade, estudava
pedagogia na Universidade do Estado da Bahia (UNEB)
campus III, alocada em Juazeiro Bahia, foi lá que nasci e criei
raízes. O interesse em torno da sexualidade foi aumentando
cada vez mais, se intensificando no ultimo ano de curso em
2022, quando iniciei o processo de criação do primeiro
trabalho em torno do assunto, o trabalho de conclusão de
curso, o famoso e temido tcc.
Apesar do que dizem e caracterizam o tcc como o
monstro universitário, eu encontrei um refugio em cada etapa
da pesquisa, entrei de corpo, alma e dor e em minhas
palavras um grito de justiça por todas e todos que foram
negligenciados pela ausência do ensino de gênero e
sexualidade.
Ao finalizar a pesquisa que recebeu como titulo
EDUCAÇÃO SEXUAL: ESTUDO DAS PERCEPÇÕES E PRÁTICAS
DESENVOLVIDAS POR UMA INSTITUIÇÃO DE APOIO INFANTO-
na
JUVENIL, em que possuía como objetivo retratar as
observações feitas na instituição de apoio, analisando e
levando ao leitor a visão desses educadores e suas práticas
dentro da instituição, levantando a discussão sobre o tema
que apesar de estarmos na era pós-moderna, é um assunto
polemico e evitado por alguns pais, educadores e gestores
escolares. Concluindo o raciocínio inicial, ao finalizar a
pesquisa, sentir que era apenas o inicia de tudo em que
estava proposta a realizar para que a Educação Sexual se
tornasse não só aceita pela sociedade, mas que no campo
educacional ofertasse as crianças, jovens e comunidade à
merecida educação e visibilidade.
Por consequência disso surgiu à idealização do projeto
que se iniciou na rede social Instagram. No perfil titulado por
@prof.hyandra, o perfil tem como publico alvo educadores e
pais que procuram conhecimento sobre a Educação Sexual
Positiva, informações, dicas e tirando as duvidas sobre o
tema “Sexualidade” . Produzindo materiais informativos
acerca da Educação Sexual, além das informações o perfil
promove aos seguidores e publico em geral a contar as suas
historias no qual foram negligenciadas pela falta de
informação e educação sexual.
Sigmund Freud medico neurologista e psicanalista que
defende o método da escuta e fala, diz que todas as pessoas
possuem sentimentos, pensamentos e desejos, esteja oculto
ou não. Uma das suas intenções nesse conceito era ajudar os
pacientes a identificar seus possíveis gatinhos e tratar de
traumas que muitas vezes só é descoberto quando se fala em
voz alta. Que se encaixa não apenas na psicologia, mas na
educação, já que falar em voz alta é um dos métodos de
ensino mais eficazes, segundos os próprios estudantes, já a
fase da Educação Infantil as crianças aprendem por
repetições.
Para os psicólogos acreditam que para curar uma ferida
em aberto é necessário mexer no lugar afetado, e é assim
que muitas vezes descobrimos nossos traumas quando é
expulso, explanado para fora do seu ser, provocando um
sentimento de alivio, um peso que retiramos das costas, por
que não dizer, da alma. Seguindo essa teoria, surgiu com
objetivo de proporcionar esse alivio e o sentimento de
liberdade o quadro “historias censuradas: as historias que não
nos permitiram contar” homens e mulheres que guardam a
sete chaves um passado doloroso que procura a
oportunidade de se livrar do peso de tantos anos escondendo
sua verdadeira historia. Gosto e costumo dizer que ajudo
essas pessoas a finalmente gritar por socorro, a intenção é de
alguma forma aliviar a dor, como também servindo de alerta
aos pais e educadores, a diretora da escola onde atuo
atualmente costuma dizer que as crianças não sabem
discernir o que é perigoso para eles, mas os adultos ao seu
redor tanto sabe, como tem o dever de protegê-las. Quando
se sabe a verdade e não faz nada para mudar, somos
automaticamente cumplice do crime. As historias em sua
maioria é de adultos que não entendiam a dimensão que
esses atos do outro causariam tanta dor no futuro, buscam
encontrar refugio, uma forma de falar sem ser julgada ou
apontada como culpada, mostramos que infelizmente a
milhares de pessoas na mesma situação, mas eles não estão
sozinhos, existe alguém que pretende ouvir e apenas te
abraçar em sinal de apoio.

O quadro é publicado ao menos uma vez por semana,

as historias são enviadas por seguidores que confidenciaram
e compartilharam suas dores, tudo de forma anônima,
contada por mim.

Hyandra Rodrigues