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DEZEMBRO, 2022

ALUNA: LUÍZA
DECONTO

PORT-
OFICINA DE
HUMANIZAÇÃO EM
SAÚDE
-
SEGUNDO PERÍODO DE
PSICOLOGIA
FACULDADE
PERNAMBUCANA DE
SAÚDE

FÓLIO
PARTE 2

TUTORA: NATHALY
Luíza Deconto
CARTA DE APRESENTAÇÃO

QUEM SOU EU?

LUÍZA BARBALHO DA MOTTA GEZISKI


DECONTO,
mas normalmente chamada apenas de Lu,
tenho 18 anos e consequentemente sou uma
DAS INSPIRAÇÕES DE das mais novas da turma. Sou natural de
VIDA: Recife. De amizade fácil e personalidade
extrovertida, me entendo como uma
apaixonada pelo novo e entusiasta de
descobertas. Em meio à toda a efemeridade
da vida me descobri não só amante da
psicologia, mas completamente fascinada
pelo cuidado ao outro.

PORQUE A PSICOLOGIA?
Me formei há pouco tempo na escola onde
durante toda a minha trajetória a psicologia
nunca foi uma opção, na verdade eu não
NISE DA SILVEIRA tinha uma opção, mas sim transitava entre
várias, ao mesmo tempo que me encaixava
“O que melhora o atendimento em muitos lugares nenhum deles fazia meus
é o contato afetivo de uma olhos brilharem. O caminho que me fez
pessoa com a outra. O que chegar aqui começa no 3º ano do ensino
cura é a alegria, o que cura é a médio, momento em que percebi que para ser
falta de preconceito.” legitimamente feliz e realizada na minha
Dentre as várias personalidades
profissão teria de deixar de lado crenças
que admiro, Nise, merece antigas e me entregar para o que de fato
atenção especial por fosse para mim. A única condição a qual
transparecer em sua história sempre me apeguei, mesmo antes de saber
que seria a psicologia minha nova forma de
valores semelhantes aos meus.
ser agente ativo na sociedade, era que
Nise foi uma das poucas mesmo minimamente eu iria salvar vidas,
mulheres dentre os pioneiros no ficar marcada, e ajudar a construir histórias
cuidado à saúde mental de felizes.
forma humanizada, Nise foi olhar
afetuoso por meio da arte, como
forma de acolhimento às
pessoas marginalizadas, Nise foi
indignação ativa em meio a uma
realidade violenta, Nise foi
revolução histórica!
APRESENTAÇÃO

VIGILÂNCIA SANITÁRIA

E SE NÃO FOSSE O SUS?

DIÁRIO DE CAMPO 1

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

VISITA AO SIS

DIÁRIO DE CAMPO 2

DESCOLONIZAÇÃO DO SABER
APRESENTAÇÃO
Este portfólio é composto por atividades realizadas por mim na
Oficina de Humanização em Saúde durante o segundo período do
curso de psicologia, tendo início em 2022.2 na Faculdade
Pernambucana de Saúde (FPS)

Aqui relato também, que tipo de profissional desejo ser e quais


meus valores indispensáveis nessa caminhada, bem como, minhas
experiências extremamente enriquecedoras de imersão em
campo. Meu primeiro período na Oficina de Humanização em
Saúde, com toda a assistência e oportunidades dadas, teve papel
fundamental na consolidação de uma escolha para a vida e no
meu engrandecimento como ser humano.

PORT-
OFICINA DE
HUMANIZAÇÃO EM
SAÚDE
-
SEGUNDO PERÍODO DE
PSICOLOGIA
FACULDADE
PERNAMBUCANA DE
SAÚDE

FÓLIO
VIGILÂNCIA SANITÁRIA
Em mais uma rica vivência em classe, nossa tutora nos
apresentou uma cartilha sobre a vigilância sanitária. Essa
me fez refletir como a humanização precisa estar presente
no poder público e na gestão das cidades, pois, entende-se
por vigilância sanitária o movimento de prevenção das
ameaças à saúde da população aliado à prestação de
serviços no viés da saúde. Esse conceito me fez lembrar da
definição de saúde pela OMS, que fala não só sobre a
ausência da doença, mas sim sobre um estado de bem
estar em sua totalidade. Se liga também ao conceito de
humanização e de saúde, a democracia, descrita pelos
direitos garantidos pela constituição que cada cidadão
tem, entre eles vigilância sanitária.
E SE NÃO FOSSE O SUS?
Aula debate sobre o SUS
O documentário é iniciado pela seguinte pergunta; “a
senhora já teve COVID?”. Diversas respostas, poucas
palavras, mas apenas um sentimento. A tristeza de
quem teve seu lar invadido por um vírus que levou
embora pessoas queridas, deixando sequelas físicas e
psíquicas irreparáveis. Pelas narrativas dos usuários,
trabalhadores e profissionais da saúde, perpassam os
fatores desafiadores à atuação destes na crise da
pandemia, os corredores e leitos lotados, o trabalho em
lugares remotos, os próprios agentes de saúde
infectados. Como se não bastasse o caos sanitário
instalado, usuários relatam sobre o descaso político e o
descontrole social que marcaram os meses tribulados,
agravados com a luta pela vacina, ciência e combate à
disseminação de falsas notícias. É impossível pensar no
SUS em um contexto de pandemia sem lembrar das
batalhas travadas diariamente por profissionais da
linha de frente que deixaram suas famílias em casa se
arriscando para salvar outras, não consigo pensar em
um contexto mais forte de humanização que o período
em que vivemos, em que o caos nos faz perceber como
igualmente impotentes independendo de quem somos,
mas que também é um convite ao trabalho em
comunidade por um bem que se perpetuará.
DIÁRIO DE CAMPO

DIÁRIO DE CAMPO 1

Minhas visitas em campo desse período aconteceram no Instituto de


Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP) e mais
especificamente, no Centro de Reabilitação. A parte do centro que pude ter
contato trabalha com a PEP (Programa de Estimulação Precoce). A PEP foi
criada após o surto de contaminação pelo Zika Vírus no nordeste do Brasil,
oprojeto tinha como objetivo imediato prestar cuidadosmais específicos, e
dirimir as perdas no desenvolvimentodas crianças acometidas pelas
malformações decorrentes do vírus. Atualmente, o cenário felizmente não é
mais o mesmo, mas o PEP continua atuando na reabilitação de crianças,
pois, muitas são as questões que levam a criança ao centro de reabilitação.
A preceptora explicou que, o centro é um CER 4, o que significa que lá eles
têm especialidade nas quatro modalidades de reabilitação existentes
(física, intelectual, visual e a auditiva) abarcando todos os tipos de
necessidades.
Nesse primeiro dia, a atuação se voltou mais para o campo da observação
dos processos que aconteciam naquela manhã. Assim que cheguei,
acompanhada dos meus colegas de sala, fomos recebidos pela
preceptora, e logo convidados à entrar na sala onde os processos
terapêuticos já estavam acontecendo. Em atuação podemos observar
fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogas, e fonoaudiólogas em
trabalho com as crianças. Nesse sentido ficou claro, a importância do
trabalho interprofissional como gerador de um serviço de qualidade,
quanto à possibilidade de intervenção de todas as áreas que perpassam o
desenvolvimento do indivíduo em sua completude. Era possível notar a
harmonia entre profissionais que recebiam seus pacientes não só como
crianças, mas como um universo particular, cada um com suas
especificidades muito bem estabelecidas, seus gostos peculiares, os
profissionais pareciam saber a melhor forma de lidar com cada bebê e
cada acompanhante de forma que o processo fluísse com facilidade, mas
acima de tudo, com respeito à limitações individuais.
Por alguns momentos, me retirei da sala de terapia, para assim poder experienciar
um pouco do que seria a sala de espera em que pais e bebês aguardam para ser
atendidos. Prestando um pouco de atenção às conversas, me distanciei um pouco
da perspectiva do centro e passei a pensar nas realidades enfrentadas por esses
pais que acompanham esses bebês. Nos perguntamos em certos momentos
porque alguns pais pareciam não ter muita paciência com os filhos, de primeira
nos gerou um sentimento até de indignação mesmo pela forma que alguns eram
tratados, mas ao abrir a perspectiva e analisar um contexto pude perceber que as
coisas não são tão “preto no branco” sabe? A maioria dos que ali estavam, vieram
de longe, acordaram cedo ou talvez nem dormiram, muitas vezes são os
responsáveis por todo o funcionamento do lar e se sobrecarregam com diversas
questões, em sua maioria são mulheres e mães solo, a verdade, é que eu poderia
passar horas listando os possíveis motivos que as fizeram se encontrar em tal
situação, mas eu de fato não saberia responder. Não saberia responder pois minha
realidade me afasta da compreensão, e talvez ela nem se faça necessária. Mas
pensar nesses fatores me fizeram perceber que das vezes que elas tratam seus
filhos de forma não tão adequada, talvez seja a única e a melhor forma que restou
em uma mãe cansada e sobrecarregada dos fardos da vida.
PROPOSTA DE
INTERVENÇÃO
Após visitas em campo, fomos desafiados à olhar as
experiências vivenciadas por um viés mais crítico e de
possíveis intervenções. Utilizando do método de observação
participante, propomos fazendo uma articulação com a PNH
(Política Nacional de Humanização), a criação de uma
cartilha informativa que esclarece acerca dos serviços
oferecidos no Centro de Reabilitação Pediátrico e de como a
atuação dos profissionais pode beneficiar o desenvolvimento
cognitivo e psíquico dessas crianças. De modo que, ao
conscientizar e instruir os responsáveis sobre os processos
que acontecem no Centro de Reabilitação, a confiabilidade
dos mesmos será fomentada. Foi proposto a distribuição da
cartilha na sala de espera do Centro. Dessa forma, pais e
responsáveis ao acessarem conhecimento de valor
fundamental em seus cotidianos, estariam aptos à oferecer
os melhores cuidados possíveis à seus filhos.
VISITA AO SIS

O SIS, (Sistema Integrado de Saúde) é uma unidade de saúde


especializada em práticas integrativas e complementares, nela
atua uma equipe interdisciplinar focada no tratamento feito
aliado ao de método tradicional. O SIS é um tripé comunitário,
de sustentação; Acadêmica (residente, estudantes, tudo que
envolve as faculdades) UCI (Unidade de Cuidados Integrais) e
de Acolhimento. A clínica conta com os cuidados emosteopatia,
auriculoterapia, acupuntura, biodança\bioenergética que serão
indicados para cada paciente com base nas demandas
apresentadas no momento do acolhimento. Acontecem
também, sessões de terapia em grupo semanais, sendo
ofertado para a população um espaço de escuta e possível
troca de experiências.
DIÁRIO DE CAMPO
DIÁRIO DE CAMPO 2

No meu segundo dia de prática no IMIP, tive a sorte de experienciar um dia especial e
que só acontece uma vez por ano no Centro de Reabilitação, um projeto nomeado de
Oficina do Brincar. O projeto foi elaborado por estagiários em colaboração com
residentes, assim como no primeiro dia, estavam presentes várias áreas da saúde
como a psicologia, terapia ocupacional, fonoaudiologia e fisioterapia. A intenção era
realmente sair da rotina, trazer uma nova forma de olhar para um lugar já conhecido,
então, os residentes decidiram por fazer uma experiência de imersão sensorial, que se
apresentaria pouco a pouco durante a condução dos diálogos. Assim que pais e bebês
entram na sala, já puderam experimentar da utilização de muitos sentidos de uma só
vez, a sala tinha um cheiro especial, uma luz baixa, música tranquila de fundo, flashes
coloridos no teto, um convite à atenção plena e focada nos detalhes. Diferentemente
do cotidiano no centro, nesse dia a atividade teve enfoque nos responsáveis pelas
crianças, enquanto elas se distraiam independentes dos pais. Logo de início, esse
movimento de deixar que as crianças ficassem sob a supervisão dos estagiários e sem
o acompanhamento lado a lado dos genitores causou certo estranhamento por
algumas mães que se mostravam um pouco mais protetoras, porém, sem maiores
dificuldades. Assim que encontraram um lugar confortável para ficar, deu-se início à
oficina.
Após todos se apresentarem, foi perguntado se elas haviam
sentido algo diferente na sala, todas falaram sobre o cheiro e a
música que eram muito agradáveis, transmitiam uma sensação
de tranquilidade e relaxamento. Continuando o estímulo dos
sentidos, haviam caixas escuras com objetos desconhecidos,
essas foram passando de mão em mão, depois tocaram com os
pés, para que elas pudessem sentir as diferentes texturas. De
começo, havia um certo estranhamento, principalmente pela
primeira pessoa da fila, pois não sabia o que esperar. Após o
estímulo sensorial a residente continuou a explicar para as mães
que o que elas acabaram de vivenciar, seus bebês passam todos
os dias, explorando um novo mundo por meio dos sentidos que
estão se desenvolvendo e por isso precisam de estímulos. A ideia
de colocar a caixa escura e convidá-las para colocar a mão
serviu perfeitamente para ilustrar o processo de introdução
alimentar, por exemplo. Pois, quando oferecido para a criança o
alimento direto na colher em direção à boca, é como tocar em
algo no escuro, fico restrito dos outros sentidos para conseguir
identificar, aumentando as chances de recusa dos alimentos.
Ficou claro que a dinâmica permitiu que as mães entendessem
um pouco mais de como funciona o desenvolvimento dos seus
bebês, ao experienciar na prática como eles percebem os novos
estímulos que são recebidas a cada instante, nesse período tão
importante para a maturação cognitiva e motora das crianças. É
verdade também, que ao adquirir esses conhecimentos e os
aplicar no dia a dia, a prática da terapia se faz mais completa e
imersiva. Ao final das dinâmicas houve espaço para discussões e
trocas de experiências entre as próprias mães, favorecendo um
ambiente seguro para compartilhamento de informações entre
pessoas que vivenciam questões semelhantes.
DIÁRIO DE BORDO
DESCOLONIZAÇÃO DO SABER

Em classe, nossa tutora trouxe a temática da descolonização do saber como pauta para
uma de nossas aulas. Particularmente, esse é o tipo de discussão que mais me instiga a
aprender, pois a reflexão acerca de pensamentos totalitários e convicções em pautas
étnicas se faz impreterível na compreensão do mundo e realidade em que vivemos,
onde confrontar um sistema racista é questão de sobrevivência.
Em tese, o Brasil deixa de ser colônia em 1822, e abandona o colonialismo como um
sistema econômico e político propriamente dito. Digo “em tese”, pois perduram os
padrões do colonizador, suas constituições psíquicas e subjetivas implantadas no
imaginário coletivo até os dias atuais. Não é por acaso a associação feita entre o
homem branco e o lugar de poder, a origem dessa ligação se dá muito antes do que
podemos imaginar, desde que o europeu dominou boa parte do mundo criando uma
geografia planetária de hegemonia própria. Com isso, a história da evolução mundial é
narrada pela ótica do próprio colonizador, em perspectiva de benfeitorias feitas para um
povo visto como selvagem e rudimentar. Mas será que se a história fosse narrada pelos
“colonizados”, o viés não seria diferente? Os colonizadores provavelmente não seriam
assim chamados, mas provavelmente, nomeados de ladrões, estupradores, etnocidas
ou intolerantes religiosos...
Em resposta à séculos de hierarquização de povos, se faz claro um inconsciente
movimento hodierno de aceitação à ocupação de papeis sociais menos preteridos,
devido à fixação de uma ideia coletiva de pertencimento à classes subalternizadas que
seguiriam a linhagem de antepassados escravizados. Os mesmos que, ao olhar para
indivíduos de destaque social, a perspectiva do colonizador se confirma, no sentido que
não encontram referências de representatividade, pois desde seu nascimento foram
ensinados que estão nessa sociedade para servir, e que o movimento de ascensão não
os pertencem.
Faz parte também, desse imaginário, o julgamento intelectual de pessoas de cor, para
elas ficou a classificação de ignorantes, burras e preguiçosas, de forma a desumanizar
suas capacidades mentais e encobrir a genialidade de descobertas feitas pelo povo.
Povos negros não deixaram de fazer descobertas científicas e tecnológicas, apenas
deixaram de ser divulgados por isso, pois enquanto o mundo se desenvolvia na África, os
relatos olham apenas para o ocidente.
CONCLUSÃO E
AGRADECIMENTOS
Por fim, chego aqui com o coração feliz, cheio de esperança
nessa nova geração de profissionais que está se formando,
que cuidará de uma sociedade que clama por
humanização, assim como foram cuidados com todo o
conhecimento passado e atenção prestada. Como falo no
início, minha caminhada iniciou agora, mas tenho plena
certeza, que iniciou da melhor forma, e com vontade de
fazer muito mais.

Para fechar este, gostaria de agradecer imensamente à


nossas colaboradoras diretas, Nathaly, Talitta e Luana. Me
faltam palavras para descrever o tanto que as admiro,
tenho plena consciência do trabalho cansativo que todas
executam, mas o realizam com maestria! Particularmente,
me sinto representada ao ver nossa tutora falando, me
identifiquei em diversos aspectos. Não poderia ter sido
melhor! Gratidão!

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