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ALUNA: LUÍZA
DECONTO
PORT-
OFICINA DE
HUMANIZAÇÃO EM
SAÚDE
-
SEGUNDO PERÍODO DE
PSICOLOGIA
FACULDADE
PERNAMBUCANA DE
SAÚDE
FÓLIO
PARTE 2
TUTORA: NATHALY
Luíza Deconto
CARTA DE APRESENTAÇÃO
PORQUE A PSICOLOGIA?
Me formei há pouco tempo na escola onde
durante toda a minha trajetória a psicologia
nunca foi uma opção, na verdade eu não
NISE DA SILVEIRA tinha uma opção, mas sim transitava entre
várias, ao mesmo tempo que me encaixava
“O que melhora o atendimento em muitos lugares nenhum deles fazia meus
é o contato afetivo de uma olhos brilharem. O caminho que me fez
pessoa com a outra. O que chegar aqui começa no 3º ano do ensino
cura é a alegria, o que cura é a médio, momento em que percebi que para ser
falta de preconceito.” legitimamente feliz e realizada na minha
Dentre as várias personalidades
profissão teria de deixar de lado crenças
que admiro, Nise, merece antigas e me entregar para o que de fato
atenção especial por fosse para mim. A única condição a qual
transparecer em sua história sempre me apeguei, mesmo antes de saber
que seria a psicologia minha nova forma de
valores semelhantes aos meus.
ser agente ativo na sociedade, era que
Nise foi uma das poucas mesmo minimamente eu iria salvar vidas,
mulheres dentre os pioneiros no ficar marcada, e ajudar a construir histórias
cuidado à saúde mental de felizes.
forma humanizada, Nise foi olhar
afetuoso por meio da arte, como
forma de acolhimento às
pessoas marginalizadas, Nise foi
indignação ativa em meio a uma
realidade violenta, Nise foi
revolução histórica!
APRESENTAÇÃO
VIGILÂNCIA SANITÁRIA
DIÁRIO DE CAMPO 1
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
VISITA AO SIS
DIÁRIO DE CAMPO 2
DESCOLONIZAÇÃO DO SABER
APRESENTAÇÃO
Este portfólio é composto por atividades realizadas por mim na
Oficina de Humanização em Saúde durante o segundo período do
curso de psicologia, tendo início em 2022.2 na Faculdade
Pernambucana de Saúde (FPS)
PORT-
OFICINA DE
HUMANIZAÇÃO EM
SAÚDE
-
SEGUNDO PERÍODO DE
PSICOLOGIA
FACULDADE
PERNAMBUCANA DE
SAÚDE
FÓLIO
VIGILÂNCIA SANITÁRIA
Em mais uma rica vivência em classe, nossa tutora nos
apresentou uma cartilha sobre a vigilância sanitária. Essa
me fez refletir como a humanização precisa estar presente
no poder público e na gestão das cidades, pois, entende-se
por vigilância sanitária o movimento de prevenção das
ameaças à saúde da população aliado à prestação de
serviços no viés da saúde. Esse conceito me fez lembrar da
definição de saúde pela OMS, que fala não só sobre a
ausência da doença, mas sim sobre um estado de bem
estar em sua totalidade. Se liga também ao conceito de
humanização e de saúde, a democracia, descrita pelos
direitos garantidos pela constituição que cada cidadão
tem, entre eles vigilância sanitária.
E SE NÃO FOSSE O SUS?
Aula debate sobre o SUS
O documentário é iniciado pela seguinte pergunta; “a
senhora já teve COVID?”. Diversas respostas, poucas
palavras, mas apenas um sentimento. A tristeza de
quem teve seu lar invadido por um vírus que levou
embora pessoas queridas, deixando sequelas físicas e
psíquicas irreparáveis. Pelas narrativas dos usuários,
trabalhadores e profissionais da saúde, perpassam os
fatores desafiadores à atuação destes na crise da
pandemia, os corredores e leitos lotados, o trabalho em
lugares remotos, os próprios agentes de saúde
infectados. Como se não bastasse o caos sanitário
instalado, usuários relatam sobre o descaso político e o
descontrole social que marcaram os meses tribulados,
agravados com a luta pela vacina, ciência e combate à
disseminação de falsas notícias. É impossível pensar no
SUS em um contexto de pandemia sem lembrar das
batalhas travadas diariamente por profissionais da
linha de frente que deixaram suas famílias em casa se
arriscando para salvar outras, não consigo pensar em
um contexto mais forte de humanização que o período
em que vivemos, em que o caos nos faz perceber como
igualmente impotentes independendo de quem somos,
mas que também é um convite ao trabalho em
comunidade por um bem que se perpetuará.
DIÁRIO DE CAMPO
DIÁRIO DE CAMPO 1
No meu segundo dia de prática no IMIP, tive a sorte de experienciar um dia especial e
que só acontece uma vez por ano no Centro de Reabilitação, um projeto nomeado de
Oficina do Brincar. O projeto foi elaborado por estagiários em colaboração com
residentes, assim como no primeiro dia, estavam presentes várias áreas da saúde
como a psicologia, terapia ocupacional, fonoaudiologia e fisioterapia. A intenção era
realmente sair da rotina, trazer uma nova forma de olhar para um lugar já conhecido,
então, os residentes decidiram por fazer uma experiência de imersão sensorial, que se
apresentaria pouco a pouco durante a condução dos diálogos. Assim que pais e bebês
entram na sala, já puderam experimentar da utilização de muitos sentidos de uma só
vez, a sala tinha um cheiro especial, uma luz baixa, música tranquila de fundo, flashes
coloridos no teto, um convite à atenção plena e focada nos detalhes. Diferentemente
do cotidiano no centro, nesse dia a atividade teve enfoque nos responsáveis pelas
crianças, enquanto elas se distraiam independentes dos pais. Logo de início, esse
movimento de deixar que as crianças ficassem sob a supervisão dos estagiários e sem
o acompanhamento lado a lado dos genitores causou certo estranhamento por
algumas mães que se mostravam um pouco mais protetoras, porém, sem maiores
dificuldades. Assim que encontraram um lugar confortável para ficar, deu-se início à
oficina.
Após todos se apresentarem, foi perguntado se elas haviam
sentido algo diferente na sala, todas falaram sobre o cheiro e a
música que eram muito agradáveis, transmitiam uma sensação
de tranquilidade e relaxamento. Continuando o estímulo dos
sentidos, haviam caixas escuras com objetos desconhecidos,
essas foram passando de mão em mão, depois tocaram com os
pés, para que elas pudessem sentir as diferentes texturas. De
começo, havia um certo estranhamento, principalmente pela
primeira pessoa da fila, pois não sabia o que esperar. Após o
estímulo sensorial a residente continuou a explicar para as mães
que o que elas acabaram de vivenciar, seus bebês passam todos
os dias, explorando um novo mundo por meio dos sentidos que
estão se desenvolvendo e por isso precisam de estímulos. A ideia
de colocar a caixa escura e convidá-las para colocar a mão
serviu perfeitamente para ilustrar o processo de introdução
alimentar, por exemplo. Pois, quando oferecido para a criança o
alimento direto na colher em direção à boca, é como tocar em
algo no escuro, fico restrito dos outros sentidos para conseguir
identificar, aumentando as chances de recusa dos alimentos.
Ficou claro que a dinâmica permitiu que as mães entendessem
um pouco mais de como funciona o desenvolvimento dos seus
bebês, ao experienciar na prática como eles percebem os novos
estímulos que são recebidas a cada instante, nesse período tão
importante para a maturação cognitiva e motora das crianças. É
verdade também, que ao adquirir esses conhecimentos e os
aplicar no dia a dia, a prática da terapia se faz mais completa e
imersiva. Ao final das dinâmicas houve espaço para discussões e
trocas de experiências entre as próprias mães, favorecendo um
ambiente seguro para compartilhamento de informações entre
pessoas que vivenciam questões semelhantes.
DIÁRIO DE BORDO
DESCOLONIZAÇÃO DO SABER
Em classe, nossa tutora trouxe a temática da descolonização do saber como pauta para
uma de nossas aulas. Particularmente, esse é o tipo de discussão que mais me instiga a
aprender, pois a reflexão acerca de pensamentos totalitários e convicções em pautas
étnicas se faz impreterível na compreensão do mundo e realidade em que vivemos,
onde confrontar um sistema racista é questão de sobrevivência.
Em tese, o Brasil deixa de ser colônia em 1822, e abandona o colonialismo como um
sistema econômico e político propriamente dito. Digo “em tese”, pois perduram os
padrões do colonizador, suas constituições psíquicas e subjetivas implantadas no
imaginário coletivo até os dias atuais. Não é por acaso a associação feita entre o
homem branco e o lugar de poder, a origem dessa ligação se dá muito antes do que
podemos imaginar, desde que o europeu dominou boa parte do mundo criando uma
geografia planetária de hegemonia própria. Com isso, a história da evolução mundial é
narrada pela ótica do próprio colonizador, em perspectiva de benfeitorias feitas para um
povo visto como selvagem e rudimentar. Mas será que se a história fosse narrada pelos
“colonizados”, o viés não seria diferente? Os colonizadores provavelmente não seriam
assim chamados, mas provavelmente, nomeados de ladrões, estupradores, etnocidas
ou intolerantes religiosos...
Em resposta à séculos de hierarquização de povos, se faz claro um inconsciente
movimento hodierno de aceitação à ocupação de papeis sociais menos preteridos,
devido à fixação de uma ideia coletiva de pertencimento à classes subalternizadas que
seguiriam a linhagem de antepassados escravizados. Os mesmos que, ao olhar para
indivíduos de destaque social, a perspectiva do colonizador se confirma, no sentido que
não encontram referências de representatividade, pois desde seu nascimento foram
ensinados que estão nessa sociedade para servir, e que o movimento de ascensão não
os pertencem.
Faz parte também, desse imaginário, o julgamento intelectual de pessoas de cor, para
elas ficou a classificação de ignorantes, burras e preguiçosas, de forma a desumanizar
suas capacidades mentais e encobrir a genialidade de descobertas feitas pelo povo.
Povos negros não deixaram de fazer descobertas científicas e tecnológicas, apenas
deixaram de ser divulgados por isso, pois enquanto o mundo se desenvolvia na África, os
relatos olham apenas para o ocidente.
CONCLUSÃO E
AGRADECIMENTOS
Por fim, chego aqui com o coração feliz, cheio de esperança
nessa nova geração de profissionais que está se formando,
que cuidará de uma sociedade que clama por
humanização, assim como foram cuidados com todo o
conhecimento passado e atenção prestada. Como falo no
início, minha caminhada iniciou agora, mas tenho plena
certeza, que iniciou da melhor forma, e com vontade de
fazer muito mais.