Você está na página 1de 52

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE


PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A ARTETERAPIA E SEUS RECURSOS TERAPÊUTICOS


COM O IDOSO INSTITUCIONALIZADO, NA MELHORA
FÍSICA, COGNITIVA E EMOCIONAL.

KATIA NASCIMENTO DA ROSA

ORIENTADORA
Mª. DINA LÚCIA CHAVES ROCHA

Rio de Janeiro
2010
2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES


INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A ARTETERAPIA E SEUS RECURSOS TERAPÊUTICOS


COM O IDOSO INSTITUCIONALIZADO, NA MELHORA
FÍSICA, COGNITIVA E EMOCIONAL

Apresentação de monografia à
Universidade Candido Mendes como
requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Docência do Ensino
Superior.
Por: Katia Nascimento da Rosa

Rio de Janeiro
2010
3

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por me dar


força para chegar onde me encontro.
Ao meu marido, o meu grande amigo e
colaborador, pela compreensão de minhas
ausências ocasionadas pelo tempo destinado
ao meu aperfeiçoamento profissional.
Meu filho Victor Hugo pelo carinho e respeito.
A todos os meus idosos que fizeram e os que
fazem parte de minha vida.
Aos meus professores que me enriqueceram
com suas sabedorias, engrandecendo a minha
pós-graduação.
A Orientadora da monografia Dina Lúcia por
sua dedicação.
4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos os idosos que me


proporcionaram inspiração para que eu pudesse concluí-
lo, e a minha avó Maria Joaquina dos Prazeres
(póstumo), que participou da minha formação.
5

RESUMO

Este trabalho monográfico assinala principalmente a importância da atividade


na vida do idoso, de se sentir útil e independente, e por falta de motivação e
estímulo, passam a ter menos oportunidades de viverem novas situações e
novas aprendizagens. E o reflexo destas dificuldades no seu dia-a-dia, acaba
tornando-os indivíduos dependentes e tristes. Aborda também a importância da
ocupação, mostrando que o sujeito ativo, que faz uso de seu tempo e espaço,
vive em harmonia e equilíbrio com a sua realidade, manifestando qualidade de
vida e saúde, e a necessidade de entender este processo de vida e
transformação do idoso, valorizando-o a viver com dignidade e colaborando
para que o idoso mantenha sua posição junto a sua família e sociedade. A
atividade possui uma função catártica, que contribui para o alivio da ansiedade,
o grande diferencial é viabilizar tanto a expressão como a execução dos
sentimentos através da elaboração verbal e/ou escrita, que contribui para a
autonomia do idoso e a organização nas suas atividades de vida prática, diária
e lazer. A Arteterapia tem a sua contribuição, oferecendo o resgate da
autoestima, favorecendo uma velhice com confiança e a certeza de que a vida
ainda vale à pena, favorecendo através de seus recursos o resgate individual
do direito de se expressar, possibilitando-o a para que ele volte a se integrar
socialmente.
6

METODOLOGIA

A metodologia adotada neste trabalho consiste em pesquisas


bibliográficas, a sites na internet, ao Estatuto do Idoso. Sintetizando como
caráter de objetividade e riqueza de dados, para reflexão de obra de autores
sobre o tema A Arteterapia e seus Recursos Terapêuticos com o idoso
Institucionalizado, na melhora Física, Cognitiva e Emocional.
Relaciona também a Arteterapia como facilitador, de maneira a
integrar o idoso para a sociedade e para o seu convívio familiar. Em seguida
enfatizou-se a questão de alguns fatores de envelhecimento populacional e a
importância da atividade e a ocupação na vida do idoso.
7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO 1
A ARTETERAPIA COM IDOSOS

CAPÍTULO 2
CARACTERÍSTICAS PSÍQUICAS

CAPÍTULO 3
O IDOSO, A INSTITUIÇÃO E A FAMÍLIA

CAPÍTULO 4
A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE NA VIDA DO IDOSO PROPORCIONANDO
A INDEPENDÊNCIA

CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
WEBGRAFIA
ÍNDICE
8

INTRODUÇÃO

O idoso, ao ser institucionalizado, muitas vezes perde a identidade e


o contato com a realidade, sem falar das perdas de pessoas queridas, tendo de
se adaptar a outro contexto, além de modificar as suas relações interpessoais.
Também se percebe o abandono a que são sujeitos ao ingressar na instituição,
causando, na maioria dos casos, depressão e problemas de saúde em geral.

Constata que raramente encontram-se pessoas que possuem intacta


a memória e a imaginação. Envelhecer traz mudanças bastante acentuadas,
além das mudanças biológicas, quanto mais se envelhece, maior é o numero
de perdas, pelo qual o idoso tem que conviver.

Em virtude do aumento de perspectiva de vida, faz-se cada vez mais


necessário, um estudo que auxilie na manutenção da qualidade dessa vida,
sabendo-se que o envelhecimento traz alterações cognitivas, acarretando
limitações funcionais e instrumentais, e este abandono gradual de papéis pode
surgir no idoso uma ânsia de sentir-se inútil e frustra-o em sua necessidade de
estima pessoal.

As atividades podem ser um meio de trazer o idoso a convivência


social, ao mesmo tempo estimulando as áreas cognitiva, física e emocional, e
através desta vivência e de descobertas de habilidades, se sentirá integrado
reconhecendo suas potencialidades e possibilidades reais de desempenho das
atividades cotidianas.

Quando se trabalha com idosos, tem que se ter a preocupação como


esse indivíduo interage com o meio, se ele tem contato com amigos, vizinhos,
comunidade, pois a socialização é um grande requisito para uma boa qualidade
de vida psíquica. É importante que o idoso ocupe seu tempo livre de forma
significativa, e a inatividade não estará presente em sua vida, e os problemas
de tristeza, depressão, solidão, poderá ser amenizado e até vencido.

A arte é um meio de expressão e comunicação, bem como pode ser


uma atividade lúdica, que proporciona descobertas e aprendizagens. É nesse
processo que o homem revela seus sentimentos e emoções, assim como
acontece na arteterapia que pode auxiliar a diminuir alguns preconceitos, como
9

a pouca criatividade das pessoas idosas, apesar de suas limitações os idosos


são tão capazes de se expressar criativamente quanto a qualquer um, o que
falta e permitir e dar-lhe oportunidade.

Philippini (2004), a respeito da Arteterapia com idosos, aponta que


“os resultados encontrados têm sido, em nível geral: redefinição positiva de
papéis e funções; facilitação da recuperação da auto-estima de um segmento
da população marginalizada. Em nível individual, segundo depoimento de
participantes: sentimento de bem-estar a partir da ampliação de expectativas
socioculturais, diminuição de alguns sintomas apresentados durante o
processo de envelhecimento, tais como: omissão, medo de participar,
negativismo, depressão, rancor com os mais jovens; possibilidades de resgatar
reminiscências e abordar vivências conflitivas”.

A Arteterapia apresenta-se como uma possibilidade de enfatizar


aquilo que se tem de mais saudável: a capacidade de expressar, o que é viver,
desempenhar um papel no seu meio social o mais independente possível.
10

CAPÍTULO 1

A ARTETERAPIA COM IDOSOS

1.1 A Arteterapia em Grupo de Idosos com Demência


Senilidade é um substantivo que se refere á velhice, anos, idade.
Segundo o dicionário Aurélio, senil é “da velhice, decrépito”. Do ponto de vista
médico, ser senil é apenas estar velho, mas popularmente, o termo tem uma
conotação patológica, sugere a demência. A frase “fulano esta senil” costuma
ser usada como acusação de demência, de que determinada pessoa esta fora
de seu juízo normal.

Segundo Kastenbaum (1981), senilidade é o desgaste natural que


vai ocorrendo no ser humano, iniciando-se por volta dos 50 anos e acentuando-
se a partir dos 65 anos. De acordo com ele, este dado está defasado, pois,
com a evolução tecnológica, pessoas com acesso a melhores condições de
tratamento, acompanhamento e estimulação apresentam características de
senilidade bem depois desta idade.

A demência tipo Alzheimer é a mais comum entre vários tipos de


demência, e está muito ligada ao processo de envelhecimento.

Montaño (2005) refere que o diagnóstico clínico de Alzheimer segue


critérios de: provável, possível e definitivo.

No provável a demência é estabelecida por exame clínico e


documentada pelo Mini Mental State Examination (MMSE) ou Escala de
Demência de Blessed, ou outro exame similar confirmado por testes
neurológicos; déficits em duas ou mais áreas de cognição; progressiva piora da
memória e de outras funções, sem distúrbios de consciência; início entre 40 e
90 anos de idade, mais frequentemente acima de 65 anos; ausência de outros
distúrbios sistêmicos ou cerebrais, que poderiam ser as causas dos déficits de
memória e de cognição progressivos.

No diagnóstico possível, há a presença de síndrome demencial e a


ausência de outras anormalidades neurológicas, psiquiátricas ou sistêmicas
suficientes para causar demência; porém, há a presença de variações no início,
11

na apresentação e no curso clínico; ou há presença de doença secundária


sistêmica ou cerebral que poderia ser a causa do quadro, mas não é
considerada a causa.

No diagnóstico definitivo, o critério clínico da doença de Alzheimer


com evidência histopatológica é obtido por biópsia ou autópsia. Portanto, o
diagnóstico de doença de Alzheimer se fundamenta em critérios clínicos e
laboratoriais para a exclusão de outras causas de demência, sendo provável ou
possível e definitivo apenas com a confirmação anatomopatológica.

A demência pode ser notada principalmente pelas alterações de


raciocínio, como perda da capacidade de abstração e repetição continua de
idéias. Com o tempo, o idoso pode começar a repetir apenas uma palavra,
tornando-se incapaz de formar uma frase inteira.

São importantes ainda no quadro de demência a personalidade da


pessoa e o nível de estimulação física, mental e social que ela recebe ao longo
de sua vida.

A doença de Alzheimer causa alterações progressivas da memória,


do julgamento e do raciocínio intelectual do individuo. Além do
comprometimento da memória, que se inicia pela memória recente e evolui
para a defasagem e perda da memória do passado.

O quadro demencial se caracteriza por transtornos cognitivos:


prejuízos na linguagem; incapacidade de realizar atividades motoras
complexas; falha em reconhecer ou identificar objetos e prejuízos das funções
executivas de planejamento, organização, seqüência e abstração.

O uso da Arteterapia em grupo como parte de tratamento de idosos


com demências do tipo Alzheimer (além de outras, como vascular e mista), tem
como objetivo retardar a progressão da doença e propiciar formas de
expressão e elaboração de sentimentos.

Os benefícios da Arteterapia vão muito além da estimulação e do


resgate de memória. A atividade possui uma função catártica, que contribui
para o alivio da ansiedade, o grande diferencial é viabilizar tanto a expressão
como a execução dos sentimentos através da elaboração verbal e/ou escrita,
12

que contribui para a autonomia do idoso e a organização nas suas atividades


de vida prática, diária e lazer.

Pikunas (1969,) teria dito, “(...) as idéias e as emoções envelhecem


e se embotam se não exercitamos, e se mantêm afinadas mediante a
discussão com outras pessoas”.

1.2 O Fazer, a Autonomia e a Arteterapia como Meio de


Convivência e Integração

A palavra autonomia tem origem grega (auto= eu; nomos= lei).


Pode-se dizer que uma pessoa tem autonomia quando consegue se
determinar, fazer suas próprias escolhas, tomar decisões. Ela pode não ter
independência em alguns aspectos, mas mantêm sua autonomia. Esta questão
é muito relevante no que se diz a respeito aos idosos. Existem alguns mitos
neste sentido, como o de que na velhice os filhos passam a ser pais dos
próprios pais, o que ocorre é a inversão de papéis, devido à perda da
autonomia, do comando, das condições de se determinar, de escolher suas leis
e objetivos.

Desde o dia em que se nasce, convive-se com muitas pessoas,


trafega-se por muitos grupos, ocupam-se deferentes papéis. Uma pessoa pode
ser ao mesmo tempo, filha, mãe, professora, vizinha, colega e amiga, podendo
viver diferentes papéis simultaneamente. Isso faz com que se sinta pertencer a
algo, a alguém, ter importância ao desenvolver este ou aquele papel. Há uma
troca permanente de afeto, de carinho, de idéias, de sentimentos, de
conhecimentos e dúvidas.

Outra questão de tamanha importância quanto à da convivência, é a


estimulação do pensar, do fazer, do dar, do trocar, do reformular, do aprender e
o da atualização da discussão, da busca de maiores conteúdos.

Em seu livro a necessidade da Arte, Fischer (1981) sinaliza que a


arte é uma atividade humana, uma forma que, apesar de modificar-se no tempo
e ser determinada socioeconomicamente, possui continuidades e nos permite
contemplar e aproveitar algo da produção dos homens de outras épocas, por
exemplo, na Grécia e nas pinturas rupestres. Ela é necessária ao homem em
13

sua necessidade de transcender limites, exercitar sua potencialidade e anseios


de totalidade. O autor também demarca que a arte serve para que esse homem
se esclareça e aos seus semelhantes e isso é possível por conta do
encantamento, da magia que propicia.

Para o autor, além dessa integração possibilitada pela arte, ela


também possui a capacidade de esclarecer os indivíduos a sua condição
(muitas vezes não percebida) de exploração.

Desse modo entende-se que a arte é capaz de integrar, informar e


encantar o homem, se prestando a conscientizá-lo.

Atualmente existem diversas modalidades e práticas terapêuticas


que se utilizam da arte como apoio e suas intervenções, a Arteterapia é uma
delas que se utiliza de saberes e práticas diversificadas, dando prioridade à
comunicação pelas expressões criativas, por um tipo de intervenção profundo e
não verbal.

De acordo com Philippini (2004), a Arteterapia se dar no encontro de


diversas modalidades teóricas e práticas voltadas para uma intervenção
terapêutica ampla e dinâmicamente integrada.

A Arteterapia tem sido um dos facilitadores e um dos meios de trazer


e integrar esse idoso para a sociedade, para o seu convívio familiar,
propiciando um canal de comunicação, claro e seguro que possibilita identificar
os sentimentos, os bloqueios, melhorar a autoestima, resgatar a confiança e
ajuda nos processos de transformação.

A autora considera que a Arteterapia pode ser compreendida como:

Um processo terapêutico, que ocorre através da utilização de


modalidades expressivas diretas. As atividades artísticas
utilizadas configurarão uma produção simbólica, concretizada,
em inúmeras possibilidades plásticas, diversas formas, cores,
volumes etc. Esta materialidade permite o confronto e
gradualmente a atribuição de significado às informações
provenientes de níveis mais profundos da psique, que pouco a
pouco serão apreendidas pela consciência. (PHILIPPINI, 2004,
p.13).
14

CAPÍTULO 2

CARACTERÍSTICAS PSÍQUICAS

2.1 A Involução do Cérebro no Processo de Envelhecimento

Com base no ponto de vista da biologia, o cérebro é um órgão


complexo, formado por mais de 15.000 milhões de células nervosas específica,
os neurônios, que se comunica entre si para garantir toda uma série de
funções: memória, pensamento abstrato, criatividade, linguagem, noção de
tempo e de espaço, coordenação dos músculos e etc.

O corpo percebe sinais (calor, tato, gosto, audição e etc.) que são
transmitidos ao cérebro na forma de estímulos específicos. Estes estímulos são
transmitidos de um neurônio a outro para serem decifrados, integrados e
tratados em zonas especiais do cérebro. A partir desses pontos de
convergências, são dadas ordens que, também transmitidas pelas cadeias de
neurônios, permitem ao homem responder apropriadamente ao meio e aos
sinais que recebeu.

Os neurônios se comunicam entre si por meio de mensageiros


químicos chamados de neurotransmissores. Essa comunicação depende do
bom funcionamento neuronal e da síntese e da disponibilidade dos
neurotransmissores.

É o cérebro que permite a aprendizagem. Desde que nasce e à


medida que cresce, a criança aprende a erguer a cabeça, a andar, a pegar
objetos, a utilizar e compreender as palavras, a armazenar informações em sua
memória, conhecer o tempo e o espaço, adquirir comportamentos sociais e a
compreender o significado dos símbolos. Quando adulto, o indivíduo utilizará
essas fontes de informações para desenvolver a sua vida cotidiana e
profissional.

Com o avançar da idade, ocorre, simultaneamente, uma série de


alterações, que se desenvolve de uma maneira progressiva: a quantidade de
sangue que irriga o cérebro diminui, o consumo de glicose e de oxigênio pelos
neurônios é reduzido em 10%, nos neurônios, aparecem corpúsculos de
15

lipofusina, ou “pigmentos de senilidade”, o número de neurônios diminui de 25


a 45% em nível córtex cerebral, aparecem modificações estruturais no nível
dos neurônios e suas conexões, os neurotransmissores diminuem.

Essas alterações nem sempre ocorre em pessoas de idade


avançada, alertas e inteligentes que conserva todas as faculdades mentais,
enquanto outras, mais jovens podem sofrer processos degenerativos.

Quanto mais áreas diferentes desenvolvermos ao longo da


vida, maior será o nosso potencial e melhor funcionamento do
nosso cérebro. Música, artes, atividades físicas, ciência,
filosofia, esportes, matemática, jogos, diversão, espiritualidade,
são alguns exemplos de áreas de desenvolvimento humano
que podem ser estimuladas ao longo da vida. (DUMARÁ, 1999,
p.76)

Não se pode estabelecer uma idade como ponto-limite no quais as


capacidades intelectuais começa a declinar, existe um processo involutivo no
desenvolvimento das capacidades físicas e psíquicas, cada pessoa tem a sua
própria evolução e involução. Deve-se estar alerta para a prevenção de
possíveis problemas, tentando adiar ao máximo.

Com a velhice, tem a ocorrência de problemas como: a demência


senil, doença típica dessa fase, tendo progressiva perda de memória,
dificuldade em manter a concentração, perda de linguagem ou capacidades
intelectuais. Existe outra doença neurológica (por exemplo, o mal de Alzheimer)
que afeta diretamente o cérebro e que não pode ser contida com uma
medicação adequada.

Acredita-se que 100.000 células nervosas sejam perdidas por dia.


Além disso, o turnover, capacidade de regeneração que tais estruturas,
começam a dar sinais de lentidão e menor vivacidade, instalando-se então,
processos degenerativos (NICOLA, 1986).

O trabalho com idoso não é desenvolver a inteligência, é prevenir e


manter as capacidades intelectuais vitais e tentar diminuir a velocidade do
processo de envelhecimento neurológico, desta forma há uma incidência
positiva nos aspectos cognitivos e afetivos, como por exemplo: a capacidade
de adaptação, a segurança e a confiança em si mesmo, a autoestima e a
valorização do que se é e se pode fazer.
16

2.2 Alguns Fatores do Envelhecimento

2.2.1 Fatores Sociais

O crescimento da população de idosos, em números absolutos e


relativos, é um fenômeno mundial e está ocorrendo a um nível sem
precedentes. Em 1950, eram cerca de 204 milhões de idosos no mundo e, já
em 1998, quase cinco décadas depois, este contingente alcançava 579 milhões
de pessoas, um crescimento de quase 8 milhões de pessoas idosas por ano.
As projeções indicam que, em 2050, a população idosa será de 1.900 milhões
de pessoas, montante equivalente à população infantil de 0 a 14 anos de idade.
Uma das explicações para esse fenômeno é o aumento, verificado desde 1950,
de 19 anos na esperança de vida ao nascer em todo o mundo.

E ainda, segundo as projeções, o número de pessoas com 100 anos


de idade ou mais aumentará 15 vezes, passando de 145.000 pessoas em 1999
para 2,2 milhões em 2050. Os centenários, no Brasil, somavam 13.865 em
1991, e já em 2000 chegam a 24.576 pessoas, ou seja, um aumento de 77%.

Os números mostram que, atualmente, uma em cada dez pessoas


tem 60 anos de idade ou mais e, para 2050, estima-se que a relação será de
uma para cinco em todo o mundo, e de uma para três nos países
desenvolvidos.

Atualmente, no Brasil, há cerca de 14 milhões de pessoas com 60


anos ou mais, correspondendo ao sétimo país em número absoluto de idosos
no mundo. Os idosos representam cerca de 9% de nossa população (IBGE,
2004).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2006), a faixa


etária de 60 anos ou mais é a que mais cresce em termos proporcionais no
Brasil. Acredita-se que dois fatores contribuam muito para este aumento, como
a queda na taxa do número de filhos das mulheres e o aumento na expectativa
de vida.

O envelhecimento populacional é algo que tem sido almejado e


alcançado, tanto nos países desenvolvido como naqueles que se encontra em
17

fase de desenvolvimento. Entretanto, há uma necessidade paralela às


modificações demográficas que está acontecendo, haja também
transformações sócio-econômicas profundas, que visa melhorar a qualidade de
vida dos idosos e aqueles que estão em processo de envelhecimento.

Nos países em desenvolvimento, contudo, este objetivo está longe


de ser atingido, pois além de serem economicamente dependentes de outros
países, possuem uma estrutura sócio-econômica arcaica que privilegiam
alguns, em prejuízo da maioria.

À medida que as pessoas vivem mais, as tecnologias avançam a


passos largos, os meios de comunicação bombardeiam com fatos e dados, as
mudanças acontecem rapidamente, as distâncias aumentam a cada dia, a vida
é cada vez mais agitada, o tempo cada vez menor e as condições econômicas
são mais difíceis, a sociedade passa por grandes modificações. Isto exige a
introdução de novos conceitos e maneiras diferentes de viver e uma grande
flexibilidade e capacidade de adaptação, que o idoso nem sempre tem, o que
leva a ter mais problemas.

O crescimento populacional da população idosa é acompanhado


pela falta de disponibilidade de riqueza ou de sua má distribuição. Tem ocorrido
um rápido processo de concentração urbana no Brasil. Neste, como todos os
da América Latina, está havendo um grande movimento migratório em direção
ás metrópoles, contradizendo a suposição de que o Terceiro Mundo a
população idosa localiza-se predominantemente na área rural. Embora esses
países ainda possuam número significativo de velhos em zonas rurais, a
proporção de idosos tem crescido em áreas urbana nas últimas décadas.

Transforma-se o Brasil numa sociedade predominantemente urbana


e que concomitantemente experimenta um intenso processo de
envelhecimento populacional, com conseqüências sócio-econômicas para toda
a população e em particular para os idosos.

O aumento do número de idosos no Brasil, até um pouco tempo


considerado um país de jovens, começa a dar lugar a uma realidade diferente e
traz a consciência de que a velhice existe e é uma questão social que pede
uma atenção muito grande.
18

Todas as estimativas demográficas do IBGE apontam para um


contingente aproximadamente 32 milhões de Brasil, por volta do ano 2025,
inter-relacionar-se com idosos ou ser um idoso deve ter como objetivo
primordial maximizar suas habilidades, de modo a preservar sua independência
e sua autonomia, manter a autoestima sempre elevada, realizar o maior
número de atividades diárias, realizar atividade de grupo, promovendo
situações agradáveis, explorando a convivência e a sociabilização. (BARRETO,
1992 e FARIA, 1985).

As principais causas da longevidade estão relacionadas às grandes


inovações científicas e tecnológicas, às melhores condições de vida da
população, à urbanização adequada das cidades, à melhoria nutricional, à
melhor higiene pessoal, a melhores condições sanitárias e, particularmente,
melhores condições ambientais no trabalho e nas residências (KALACHE,
1996).

Essa preocupação com a população idosa ensejou alguns avanços.


Em 1994, foi aprovada a Lei nº. 8.842, de 04 de janeiro de 1994, que dispõe
sobre a Política Nacional do Idoso. Essa lei foi regulamentada pelo Decreto nº.
1948 de 03 de julho de 1996 (BRASIL, 1997). Neste diapasão temos também a
entrada em vigor, em 2003, da Lei nº. 10.741, de 01 de outubro de 2003, do
Estatuto do Idoso.

Esta lei define como pessoa idosa o indivíduo maior de (60)


sessenta anos e determina que caberá a família, à sociedade, e ao Estado (
Município, Estado, União) o dever de garantir à pessoa idosa todos os direitos
da cidadania: - direito a vida, à dignidade, á alimentação, á saúde, ao lazer, á
segurança. Estabelece ainda que o processo de envelhecimento e as suas
conseqüências deverão ser divulgados para conhecimento e informação de
todos os brasileiros, sendo proibida a discriminação de qualquer natureza. Na
execução da Política Nacional do Idoso, os poderes políticos (Prefeitos
Municipais, os vereadores dos Municípios, o Governador do Estado, os
Deputados Estaduais, os Presidente da República, os Deputados Federais e
Senadores) deverão observar as diferenças econômicas, sociais e regionais,
as características do meio rural e urbano. (RORSCHACH, 1988).
19

A finalidade da Política Nacional do Idoso objetiva assegurar os


direitos sociais do idoso promovendo a sua maior participação
nas atividades sociais. Essa participação faz com que os
idosos procurem conhecer seus direitos, lutar por eles e pedir a
proteção do Estado através de ações judiciais quando se
sentirem prejudicados, tornando-se mais integrados e
participativos na sociedade brasileira. (RORSCHACH, 1988,
p.64).

O objetivo geral da política de proteção ao idoso no Brasil é


assegurar seus direitos sociais, criando condições para promover sua
autonomia, integração e participação efetiva na sociedade. Os princípios que
norteiam a política do idoso são a família, a sociedade e o estado, que têm o
dever de assegurar a este segmento todos os direitos de cidadania, garantindo
a sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem estar e
direito à vida.

Ser cidadão não é somente ser sujeito de deveres e direitos, mas


saber defendê-los entre as pessoas e entre os grupos sociais. A lei maior de
um país é a constituição, nela estão definidos os direitos, os deveres e as
garantias do cidadão. Entre estes direitos, estão incluídos os dos idosos.

São diretrizes da Política Nacional do Idoso, portaria n° 1395-GM em


10 de dezembro 1999:

Promoção do envelhecimento saudável;

Manutenção da capacidade funcional;

Assistência às necessidades de saúde do idoso;

Reabilitação da capacidade funcional comprometida;

Capacitação de recursos humanos especializados;

Apoio ao desenvolvimento de cuidados informais;

Apoio a estudos e pesquisas;

Criar alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso;

Participação do idoso através de suas organizações, na avaliação e execução


das políticas que lhe dizem respeito;
20

Priorização do atendimento ao idoso, através de sua família;

Formação de recursos humanos nas áreas de geriatria e gerontologia.

Tentando seguir essas diretrizes, o Estado busca programar sua


política através de programas nas áreas de previdência social, educação,
habitação e urbanismo, cultura, lazer, esportes e saúde

Outra questão que merece atenção é quanto ao envelhecimento


social da população e suas modificações no status do idoso e no
relacionamento dele com outras pessoas tendo como pontos negativos:

Crise de identidade, provocada pela falta de papel social, o que


levará uma perda de autoestima;

Mudanças de papéis na família, no trabalho e na sociedade, com


aumento de seu tempo de vida, tendo que se adequar a novos papéis;

Na aposentadoria, ainda restam á maioria das pessoas muitos anos


de vida, portanto, elas devem estar preparadas para não acabarem isoladas,
deprimidas e sem rumo;

Perdas diversas, que vão da condição econômica ao poder de


decisão, a perda de parentes e amigos, da independência e da autonomia;

Diminuição dos contatos sociais, que se tornam reduzidos em


função de suas possibilidades, distâncias, vida agitada, falta de tempo,
circunstâncias financeiras e a realidade da violência nas ruas.

Entende-se o quanto pode ser necessário um trabalho para que


sejam ajustadas suas relações sociais, com filhos, netos, colegas e amigos,
para que se criem novos relacionamentos e nesse aprendizado um novo estilo
de vida para que as perdas sejam minimizadas.

Os padrões de envelhecimento e qualidade de vida do idoso estão


em íntima relação com a situação econômica e social da comunidade.

Nos países que não contam com recursos suficientes para superar a
pobreza, a doença e o isolamento, o envelhecimento tem trazido um
incremento das necessidades do idoso. Mesmo em países industrializados, os
idosos mostram indicadores de renda e posição social e educação inferior,
21

contam com menos oportunidade de contato social, geralmente estão


aposentados, tem acesso a um repertório menor de opções de lazer e sua
mobilidade geográfica se vê reduzida.

2.2.2 Fatores Culturais

À medida que envelhece, o individuo é privado de papéis que


desempenhou durante a vida adulta. Os obstáculos á continuação da vida
produtiva, a falta de objetivos educacionais e de incentivos para exercer
habilidades, impõe limites para a manutenção e cultivo de competências
pelos mais velhos. A literatura mostra que tais práticas culturais guardam
relação com formas intensivas de uso da mídia na velhice.

A literatura internacional mostra que os idosos que não tiveram


acesso à educação formal, tendem a considerar a mídia como
instrumento de cultura e como meio preferido de obter
informações, já que a TV não exige habilidades de leitura, pré-
requisitos acadêmicos ou altos níveis de atenção. É
interessante lembrar que no Brasil, entre idosos, acerca de
40% dos homens e 48% das mulheres são analfabetos, e, dos
que alcançaram à escola, apenas 50% completaram as
primeiras séries do ensino fundamental (BERQUÓ, 2001, p.47).

Isoladas ou em conjunto, essas condições propiciam o consumo


intensivo da mídia, que pode comprometer o bem-estar e a sensação de
felicidade na velhice e induzir altos padrões de uso de TV. O uso intensivo da
televisão na velhice está intimamente relacionado ao poder aquisitivo do idoso,
e não puramente ás mudanças que acompanham a idade. Para o idoso de
baixa renda, ver TV constitui uma opção (quando não única) barata e imediata
de entretenimento.

A aposentadoria compulsória exerce um forte impacto psicológico


sobre as pessoas idosas e sobre suas famílias. Instala uma desvinculação que
aumenta a probabilidade do idoso procurar nexos e atividades alternativas na
mídia. Quando desvinculado, o idoso prefere a TV, e não o jornal, como fonte
de informação, e defrontam com a falta de jeito para usar o tempo livre.
22

Ver TV mais que outra atividade, acontece quando a pessoa não


tem nada para fazer, e não estão dispostas a se envolver em outras atividades
ou precisam ocupar lapsos de tempo entre atividades.

O inverso acontece com idosos que tem laços familiares ativos e


amigos íntimos, e se vêem frequentemente, pertencem a igrejas e as
organizações de trabalho voluntário, cultivam formas ativas de lazer no curso
da vida, sentem que a vida na velhice é melhor do que esperavam e tem a
auto-imagem positiva.

2.2.3 Fatores Ambientais

Idosos que moram em cidades manifestam temor á violência, que


pode levar a experiência de medo, de perda progressiva de contato com o
mundo exterior e até de reclusão.

Áreas urbanas apresentam obstáculos arquitetônicos que


dificultam o deslocamento dos idosos. A eles se somam as
dificuldades de acesso ao transporte. Tais fatos aumentam a
probabilidade de confinamento do idoso à residência e de
sentimento de solidão. Ambientes monótonos, que exigem
pouca atividade cognitiva ou juízo independente, diminuem o
funcionamento cognitivo. Quanto mais limitante for o ambiente
no qual o idoso vive, maior será o declínio de seu
funcionamento sócio-cognitivo. (BANDURA, 1977, p118).

Fatores como custo, segurança ou falta de oportunidade e restrições


de mobilidade, impede o idoso de participar de atividades de lazer. Mesmo
sendo a de desfrutar de um parque ou praça da cidade, pode exigir uma
enorme quantidade de esforço para um idoso.

2.2.4 Fatores Psicológicos

Além das alterações no corpo, o envelhecimento traz ao ser humano


uma série de mudanças psicológicas, que pode resultar em: dificuldade de se
adaptar a novos papéis; falta de motivação e dificuldade de planejar o futuro;
necessidade de trabalhar as perdas orgânicas, afetivas e sociais; dificuldade de
se adaptar às mudanças rápidas, que tem reflexos dramáticos nos idosos;
23

alterações psíquicas que exigem tratamento; depressão, hipocondria,


somatização, paranóia, suicídios; baixas autoestima e auto-imagem.

Segundo estudos internacionais, 15% dos idosos necessitam de


atendimento em saúde mental e 2% das pessoas com mais de 65 anos
apresentam quadros de depressão, que, muitas das vezes não são percebidos
pelos familiares e educadores, sendo encarados como características naturais
do envelhecimento, além da depressão são atingidos por estados paranóides,
hipocondria e outros transtornos.

As pessoas mais saudáveis e otimistas têm mais condições de se


adaptarem às transformações trazidas pelo envelhecimento. Elas estão mais
propensas a verem a velhice com um tempo de experiência acumulada, de
maturidade, de liberdade para assumir novas ocupações.

O envelhecimento é caracterizado pela diminuição do controle


sobre oportunidades e restrições, o que compromete o bem
estar e o autoconceito da pessoa idosa. Sabe-se que aqueles
com maior senso de controle interno têm saúde, memória e
funcionamento intelectual melhores, experimentam menos a
depressão, são mais liberais, flexíveis e assertivos (SCHAIE e
WILLIS, 1996, p.54).

Se o idoso consegue ajustar as suas atividades e suas limitações


físicas, e continua a participar da sociedade, a sua efetividade será mais
positiva. A redução da capacidade física no idoso existe, entretanto a sua
saúde mental será melhorada ou a sua involução será mais lenta quando
permanecem integrados socialmente.
24

CAPÍTULO 3

O IDOSO, A INSTITUIÇÃO E A FAMÍLIA

3.1 O Trabalho com Grupos

O individuo é por natureza um ser que vive em bando. Desde que


nasce, vive em ação mútua com outras pessoas e durante seu
desenvolvimento passa por diferentes grupos: família, trabalho, amigos, escola.

O idoso, no decorrer de sua existência, passa por todos esses


grupos, e tem a necessidade de se juntar a um grupo de pessoas iguais a ele.

Sigmund Freud (1921) ilustra o mencionado acima com o exemplo


dos porcos espinhos, em seu trabalho Psicoterapia de grupo e análise do ego.

Um grupo de porcos-espinhos apinhou-se apertadamente em


certo dia de frio de inverno, de maneira a aproveitarem o calor
uns dos outros, e assim salvaram-se da morte por
congelamento. Logo, porém, sentiram os espinhos uns dos
outros, coisa que os levou a se separarem novamente. Dessa
maneira, foram impulsionados, para trás e para frente, de um
problema para outro, até descobrirem uma distância
intermediária, na qual podiam mais toleravelmente coexistir.
(SIGMUND FREUD, 1921)

O processo do trabalho de grupo, através das múltiplas relações que


se dão entre os seus componentes, visa à integração do individuo no conjunto,
que possibilita a sua ampliação individual como membro operante de seu
grupo, de sua família e de sua comunidade.

A formação do vínculo como parte do grupo favorece a autoestima,


segurança, apoio, compreensão e liberdade, podendo alcançar a almejada
condição aos componentes do grupo para que se desenvolvam livre e
saudavelmente.

As pessoas agem e se comportam socialmente que permite a


interação humana, desenvolvendo-se a interação social, que é o processo pelo
qual as pessoas se influenciam mutuamente, pela troca de pensamentos,
sentimentos e reações.

É por meio das experiências das interações e das oportunidades de


vivencias que surgem mudanças no comportamento, tanto como indivíduos
25

quanto elementos do sistema, e é através dele que o individuo reconhece


valores e normas, tanto os seus como os do outro.

3.2 O idoso Institucionalizado

Quando os idosos precisam de assistência nas atividades de vida


diária, básicas e instrumentais, os cônjuges e filhos geralmente fornecem a
maior parte da ajuda, uma pequena parte desses serviços é geralmente
fornecida por cuidadores formais.

Tarefa difícil para a família quando a questão é colocar seu idoso em


uma Instituição, mas o que leva esta família internar seu idoso?

A internação de uma pessoa idosa pode acontecer por vários


motivos, desde a dificuldade de manter este idoso em seu domicilio, seja pela
perda de autonomia ou quando as condições do ambiente familiar são
inadequadas podendo levar o idoso a perdas morais, materiais e afetivas.

O convívio familiar durante o processo de envelhecimento faz com


que ele se sinta protegido e amado, e permite que este possa interagir no
ambiente familiar. Mas nem sempre esta é a realidade, muitas das vezes o
familiar encontra-se com dificuldades econômicas, físicas e emocionais de lidar
com esta situação.

Por questão de sobrevivência, hoje em dia na maioria das famílias,


quase todas as pessoas tem compromissos de trabalhar fora para contribuir
diretamente para o aumento da renda familiar, luta pelo avanço na
escolaridade, e dependendo de como está acontecendo este processo de
envelhecimento, pode existir a necessidade de que este idoso dependa da
ajuda de outras pessoas para atendê-lo.

Num processo de envelhecimento saudável, com maior


independência nas ABVD (atividades básicas de vida diária) e lucidez, tudo
pode se tornar mais fácil, muitas das vezes este idoso contribui nas tarefas
domésticas, cuidando de netos e bisnetos e supervisionando a casa. Quando
esse idoso possui uma vida social e afetiva, interage com a família e amigos,
sente-se produtivo, e a passagem do tempo torna-se mais ameno.
26

No Brasil, observa-se um crescimento, ainda que pequeno de


clínicas geriátricas e casas de repouso. São diversos motivos deste
crescimento: o envelhecimento da população, o número cada vez maior de
idosos que moram sozinhos, e que, por motivos de doença, solidão ou
dificuldade de morar com os filhos, prefere ir para uma Instituição.

O fato é escolher onde o idoso encontrar-se-ia melhor: em sua casa


ou na casa de um familiar, mesmo que mal cuidado, com cuidador em más
condições? Ou em uma casa de repouso com pessoas treinadas e preparadas
para atendê-los? Esta pode ser uma decisão difícil.

Seria um benefício, por parte dos órgãos governamentais e


instituições privadas, a criação de Centros-Dia, onde o idoso tivesse acesso a
uma equipe interdisciplinar, com atividades físicas, cognitivas, sociais, culturais,
atendimento médico de especialidade e suporte emocional durante um período
de seu dia-a dia, podendo facilitar ao mesmo tempo a vida de seus familiares
(permitindo que desta forma eles possam realizar seus afazeres diários) e
promover para que este idoso se integre no contexto social para uma qualidade
de vida digna em seu processo de envelhecimento.

O cumprimento destes recursos iria facilitar o desenvolvimento de


ações que orientem os idosos e os indivíduos em processo de envelhecimento
quanto à importância da melhoria constante de suas habilidades funcionais,
mediante a adoção precoce de hábitos saudáveis de vida.

Entre hábitos saudáveis, deverão ser destacadas a prática regular


de exercícios, alimentação adequada e balanceada, a convivência social
estimulante, e a busca em qualquer fase da vida de uma atividade ocupacional
prazerosa e de mecanismo de atenuação do stresse.

Os benefícios para as pessoas que praticam atividades físicas são


muitos, mas para o idoso abrangem desde o campo físico até o social.
Segundo Matsudo (1997), os efeitos benéficos da atividade física na terceira
idade são:

- Efeitos antropométricos e neuromusculares: diminuição de gordura


corporal; incremento da massa muscular; incremento da força muscular;
incremento da densidade óssea; incremento da flexibilidade.
27

- Efeitos metabólicos: aumento do volume sístólico; diminuição da


freqüência cardíaca em repouso e no trabalho submáximo; aumento no VO2
máxima; aumento da ventilação pulmonar; diminuição da pressão arterial;
melhora do perfil lipídico.

- Efeitos psicológicos: melhora do autoconceito; melhora da


autoestima; melhora da imagem corporal; diminuição do stress e da ansiedade;
diminuição da tensão muscular e da insônia; diminuição do consumo de
medicamentos; melhora das funções cognitivas e maior socialização.

3.3 Família

A palavra família vem do latim, 1. Grupo de pessoas ligadas entre si


por laços de casamento ou de parentesco- 2. Pai, mãe e filhos- 3. Pessoas do
mesmo sangue.

Como em todas as fases da vida, também na terceira idade a família


tem uma importância fundamental. Deve-se, no entanto considerar quem é a
família do idoso. Para um bebê, a família pode se resumir ao pai e à mãe. Para
um adolescente, ela será ampliada, acrescentando-se irmãos, tios, avós,
primos, etc. o mesmo acontece para o adulto jovem.

À medida que se envelhece, há uma alteração na família, em


especial, a posição de cada membro dentro dela. Os papéis vão se
modificando e a relação de dependência torna-se diferente. Para o idoso, a
família passa a ser os filhos, os netos, os bisnetos e outros parentes de idades
inferiores à dele. Ele, que já teve filhos sob seu cuidado e dependência, agora
é quem necessita de assistência e torna-se dependente.

A Constituição federal de 1988 apresenta a família como base da


sociedade e coloca como dever da família, da sociedade e do Estado, amparar
as pessoas idosas assegurando sua participação na comunidade, defendendo
sua dignidade e bem estar e garantindo-lhes o direito à vida.

Nesse sentido, cabe aos membros da família entender este idoso


em seu processo de vida, de transformações, conhecerem suas fragilidades,
modificar sua visão e atitude sobre a velhice e colaborar para que ele
mantenha sua posição junto ao grupo família e na sociedade.
28

Muitas vezes as famílias têm dificuldades para entender essas


mudanças de papéis e lidar com elas. A interação familiar é vital para o bem-
estar do idoso e ele próprio faz parte deste sistema. A família deve ajudar o
idoso a viver não só mais como melhor, de forma a não se tornar um peso para
si e para os que o cercam, e sim uma pessoa integrada no sistema familiar.

Um fato importante é que a família de hoje não é a mesma de ontem


e as fotografias literalmente retratam essa mudança. Se olhar às fotos das
famílias de 50 anos atrás, pode-se observar as expressões sérias e rígidas, a
formalidade no posicionamento, que deixa perceber claramente quem são os
pais e os filhos. Uma fotografia atual mostra o aumento da descontração e da
informalidade, com pessoas rindo, em atitudes informais e carinhosas umas
com as outras e posicionadas de maneira que às vezes é difícil definir quem é
quem com um simples olhar.

As pessoas das fotografias em preto e branco dão lugar a novos


personagens coloridos, expressando vida e movimento. Diante destas
observações, pode-se dizer que a família de antigamente tinha papéis mais
rígidos, mais demarcados, mais estáveis e definidos, com maior grau de
hierarquização, enquanto que a família de hoje é mais dinâmica e flexível, com
uma hierarquia menor e papéis que mudam com maior facilidade.

Não quer dizer que a família ficou melhor ou pior, alguns valores
para convivência foram sendo abandonados e outros criados. Na época deles,
em algumas situações havia mais tolerância, já que as pessoas dependiam
mais uma das outras e era comum família grande viverem todas juntas na
mesma casa, mesmo com filhos casados. Havia mais respeito a determinados
valores e pensava-se duas vezes antes de fazer ou dizer alguma coisa.

O que se enfatiza é que os idosos de hoje vêm de uma família que


não era como a atual. É comum haver choques de idéias entre pais, filhos e
netos, os tempos mudam e nem sempre as pessoas conseguem colocar-se
dentro da realidade na qual o outro foi formado ou esta vivendo. Cada época
tem suas necessidades e obrigações, assim como aspectos positivos e
negativos. A vida é uma constante mudança.
29

A família é um sistema ativo em constante transformação, ou


seja, um organismo complexo que se altera com o passar do
tempo para assegurar a continuidade e o crescimento de seus
membros componentes (ANDOLFI, 1983, p.58).

A mudança que ocorre nas representações de família nas novas


gerações, exige formas alternativas de convívio familiar e conseqüentemente
reformulação de valores e conceitos. A família brasileira do terceiro milênio
está cada vez mais distanciada do modelo tradicional, no qual o idoso ocupava
lugar de destaque.

Vive-se um importante período de transição e mudanças, se faz


necessário o entendimento das transformações sociais e culturais que vem se
processando nas últimas décadas, para enfrentar o próprio processo de
envelhecimento, dentro de expectativas condizentes com as novas formas de
organização familiar.

3.4 Problemas Criados Pela Internação

As Instituições para idosos normalmente provoca alguma polêmica.


Muitos as criticam por serem verdadeiros guetos, depósitos de velhos para
onde as pessoas são enviadas para morrer, sendo maltratadas, mal-
alimentadas e sofrendo de fala de carinho e atenção.

Na opinião de Zimermam (2000), em termos ideais ele é contra as


instituições para idosos, e considera que é um mal necessário, uma resposta
às necessidades da sociedade atual e conclui que ideal seria que não
precisassem existir e que todos os velhos pudessem permanecer com suas
famílias.

Existe a questão econômica, muitas pessoas não podem manter


seus idosos em casa, e alguns idosos sem família não teriam para onde ir se
não fossem as Instituições.

Famílias independentemente das questões econômicas é incapaz de


favorecer um ambiente agradável para seus idosos, e os idosos de
temperamento difícil, torna-se quase que impossível conviver.
30

Segundo Zimerman (2000, p.94), o que se pode fazer com os


problemas criados pela internação, é tentar mudar a mentalidade da sociedade
e das pessoas que administram e trabalham nas instituições, procurando fazer
com que o idoso seja entendido e respeitado nas suas necessidades, que as
pessoas consigam se colocar na sua posição, senti-lo, compreendê-lo e
atendê-lo.

Zimerman ainda completa dizendo (2000, p.96), que além da


dificuldade que o idoso tem para acostumar-se à nova realidade, que exige
uma boa preparação para a mudança e para a instituição que os abriga, podem
surgir problemas como:

- Mudança interna de parâmetros: o idoso está acostumado com o


lugar onde mora (e, muitas vezes, morou a vida inteira). Ele habituou-se a
localizar cada peça, as coisas em seus lugares, e sabe onde está cada objeto
em seu imóvel, o que tem e o que não tem. Mantém uma rotina, tem seus
horários e convive com pessoas que já conhece. Ao mudar-se para a
instituição, terá que se habituar a uma nova rotina, uma dinâmica diferente,
com pessoas desconhecidas, horários preestabelecidos para se alimentar,
fazer sua higiene, dormir e etc. Terá que aprender a se localizar na nova
dependência.

- Convivência: Na instituição podem surgir problemas que esteja


ligado aos relacionamentos que lá deverão ser formados. O idoso terá que lidar
com as diferenças sociais, econômicas, culturais, religiosa e de temperamento.
Vai encontrar pessoas que aceitaram a nova adaptação de forma positiva e
outras que não aceitam a sua ida para a instituição, queixam-se que estão
sempre doentes deprimidas e sempre inconformadas, sendo tudo motivo de
crítica.

O que é preocupante nas Instituições, é que elas, são na maioria


formada só por idosos, com exceção dos profissionais da área de saúde que ali
trabalha, e acaba por si criar uma situação muito diferente da que existe no
mundo real. Com o tempo, o idoso perde o contato com crianças, com os
jovens e com o sexo oposto.

Na opinião de Zimermam (2000), os administradores e aqueles que


planejam esses locais deveriam ter o cuidado de entender melhor o idoso e
31

procurar fazer com que a vida dentro das instituições fosse mais parecida com
o que é fora dela, já que o idoso não está lá de passagem e sim,
provavelmente, para o resto da vida. Deve-se proporcionar um intercâmbio com
pessoas diferentes, crianças, jovens e demais pessoas da comunidade,
evitando o isolamento dos idosos.

- Perdas: A morte é um acontecimento quase que diário nas


instituições para idosos, mas existe uma grande resistência em aceitá-la. A
negação em relação à morte é resultado da dificuldade de elaborá-la, o que
deve ser trabalhado. Para os idosos a morte é vista geralmente com maior
naturalidade, uma vez que já passaram por diversas situações de perda ao
longo da sua vida.

Faz-se necessário que os idosos institucionalizados, tenham


oportunidades de falar sobre a morte e trabalhar as questões da perda
constante de pessoas com quem criaram laços afetivos e também de sua
própria morte.

Eva L.Menkim (1979, p.63) em seu livro Envelhecer é viver, diz:


“Tememos a morte porque conscientemente não vivemos de modo total e a
vida nos parece incompleta. Se uma pessoa estiver totalmente viva e vivendo
cada momento, o que ela perde ao morrer? Já teria feito tudo?”. E conclui:
quanto mais se realiza, menos se morre. Só morre quem pára, por isso é
preciso preocupa-se sempre em crescer, em evoluir, em perseguir objetivos,
seja em que fase da vida for.

- Abandono: Pesquisas mostram que, de início, as famílias que


internam seus idosos em instituições, recebem visitas em média três vezes por
semana. Com o tempo, as visitas vão diminuindo, podendo chegar a uma a
duas vezes por ano.

Esse sentimento de abandono é um dos pontos que mais contribui


para a depressão e os problemas de saúde em geral. É importante que as
famílias estabeleçam meios para que seus idosos saibam que sempre podem
contar com alguém quando necessário e receba visitas periódicas, para que
não se perca este vínculo familiar.
32

Um dos grandes desafios do nosso tempo é, pois, manter os


idosos, cujo número e proporção cresce a cada ano,
integrados na sociedade, evitando que eles se marginalizem,
fiquem isolados e percam a motivação de viver. (VESENTINI,
2005, p.279).

O papel da família é fundamental, é importante terem em mente o


valor da estimulação, da socialização e do resgate da vontade de viver e
mudar, ainda que a capacidade cognitiva do idoso vá diminuindo que seu
mundo vá se tornando cada vez menor, a memória e o convívio social acabam
a parte afetiva continua viva por isso ela necessita receber carinho afeto e
atenção.
33

CAPÍTULO 4

A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE NA VIDA DO IDOSO


PROPORCIONANDO A INDEPENDÊNCIA

4.1 O Papel Central da Ocupação

Harold Bell Wright escreveu que “ocupação é a verdadeira vida da


vida” (1915, p.6). William Rush Dunton Jr. Difundiu uma crença que introduziu
seus pensamentos em um livro na terapia do período da guerra:

Que a ocupação é tão necessária para a vida como comida e


bebida. Que todo ser humano deveria ter ocupação tanto física
quanto mental... Que mentes doentes, corpos doentes, almas
doentes, poderia ser curador através da ocupação. (DUNTON,
1919, p.17).

Ocupações são coisas rotineiras e familiares em que pessoas se


envolvem e que fazem ao longo de suas vidas para preencher seu tempo e
lhes trazer significado. Envolve habilidade mental, dimensão física, sempre tem
um grau de significado pessoal, um contexto temporal, psíquico, social,
simbólico, cultural, étnico e/ou espiritual.

Para AOTA (1994), o termo ocupação é um termo de todos os seres


humanos, sem nenhuma diferenciação, não compreende os mundos da
incapacidade ou da deficiência e pode estar inserido em um contexto de
trabalho, lazer, cuidado pessoal e outros.

Para a Associação Canadense de Terapia Ocupacional (1994), o


termo ocupação se refere a qualquer atividade ou tarefa necessária para o
cuidado pessoal (vestir, comer...), produtividade (ir à escola, trabalhar, realizar
atividades domésticas...), ou tempo livre (lazer, atividade de recreação...). A
ocupação é considerada essencial para saúde.

Dunton (1955) também citou outros que usaram a ocupação como


parte do tratamento moral no século XIX, homens como o médico Brush:

A ocupação é, indubitavelmente, de fundamental importância


no tratamento do insano, mas a idéia de ocupação que é obtida
colocando um grupo de vinte pacientes para “catar” cabelos ou
fazer tapetes de fibra está muito distante do verdadeiro
propósito da ocupação. (DUNTON, 1955, p.17).
34

Harold Bell Wright escreveu que “Ocupação é a verdadeira vida da


vida” é tão antigo século, que permitiu a ciência ocupacional fincar raízes e
prosperar nos anos 90. (citado por DUNTON, 1915, p.6)

É possível entender que o homem é dotado de uma natureza


ocupacional, o que caracterizou como detentor ativo de
potencial de construção e transformação de sua realidade,
portanto, qualquer mudança ou situação que venha trazer
algum prejuízo ou disfunção ao homem, pode ser considerado
como conseqüência da ausência ou comprometimento de
atividade ou ocupação, através das atividades relacionadas ao
trabalho, de vida diária, de vida prática e de lazer.
(FRANCISCO, 1990, p.35).

Percebe-se que quando o homem se encontra numa situação de


harmonia e equilíbrio de sua realidade, fazendo uso ativo de seu tempo-
espaço, ele responde a uma manifestação de qualidade de vida e saúde.

A atividade humana é a atividade da consciência, que resulta da


relação entre a reflexão e a ação mediadas pela intencionalidade, vontade, e
liberdade.

Wood (1995) investigou o efeito da ocupação na saúde usando uma


definição de saúde derivada do trabalho de Pőrn (1993), a pesquisa integrou
métodos quantitativos e qualitativos para estudar como o meio ambiente
influenciou ocupações, adaptação e saúde de chipanzé em cativeiro. Wood
(1995) conclui que tanto seres humanos quanto chipanzés, na medida em que
dividem 97,6% de seu mapeamento genético, podem necessitar de ocupação
para se manterem saudáveis.

Vários estudos demonstraram que o engajamento em ocupações,


incluindo hobbies, clubes e atividades religiosas, esta correlacionado com a
saúde de adultos idosos, com a função cognitiva, e com o bem-estar subjetivo.

Como exemplo, Clarkson-Smith e Hartley (1990) descobriram que


adultos idosos que participavam de clube de bridge, em contraste com aqueles
que não o faziam, tinham maior pontuação nas medidas de memória de
trabalho e processamento cognitivo.

Similarmente, pesquisas sobre o envelhecimento bem-sucedido


sugerem que tanto a atividade produtiva remunerada como a não-remunerada
correlacionam-se com o bem-estar, seja físico seja psicológico dos idosos
35

(Herzog, House e Morgan, 1991; Adelmann 1994; Glass, Seeman, Herzog,


Kahn e Berkaman, 1995).

Para Chamone, (1990, p.13) “o substantivo atividades empregado


como ocupação/trabalho mantém o sentido original de qualidade de ativo;
aquilo que se opõe a passivo”.

O autor ainda afirma que as ocupações são compreendidas como um


modo ativo do indivíduo intervir no mundo e assim, ativamente, estar consigo e
com os outros. No percurso da sua vida sofrem mudanças gradativas, as quais
se pode acentuar ou declinar intensamente na velhice, podendo levar a perdas
de sua capacidade mental, uma diminuição do vigor físico e a tendência da
diminuição afetiva. (CHAMONE 1990,p.13)

O idoso, assim como a criança precisa de toque físico, estímulo que


é indispensável à existência para um desenvolvimento normal, juntamente com
o fato de ser reconhecido de forma verbal ou através de atitudes, deseja que os
outros mostrem que estão qualificando-os e que sua presença é importante e
pertinente naquele ambiente. Além disso, tem a necessidade de se assegurar
de que não perderá estas coisas, precisa estruturar o tempo no aqui e agora, a
médio e também em longo prazo, estas necessidades decorrem da fome de
estímulos e da necessidade de afeto e atenção.

As ocupações, ao que parece, são um dos mais importantes


veículos, através dos quais os valores culturais são aceitos e não deveriam ser
subestimados, em termos de seu poder. Embora possam aparecer leves e
festivas, as ocupações podem, na realidade, serem práticas normativas sutis
através de seu significado simbólico.

Como exemplo de como a ocupação reforça estruturas sociais,


DeVault (1991) mostrou como a prática de alimentar a família é crucial para
constituir famílias como unidades de interação e de ligação.

As ocupações são significativas para as pessoas, em parte porque


se tornam projetos através dos quais elas podem expressar emoções. O
antropólogo Renato Rosaldo citou John Lennon ao dizer “A vida é o que
acontece enquanto você faz outros planos” (ROSALDO, 1993, p.91).
36

Rosaldo sugere que isto significa que frequentemente a paixão, mais


do que a cognição, impele-nos para a ação.

O escultor J.Seward Johnson, que imortalizou pessoas em suas


ocupações através de esculturas de bronze ultra-realistas em tamanho real,
estabeleceu que: “Na ciência ocupacional e em sua aplicação terapêutica, nós
sabemos que o que fazemos descreve em grande parte quem nós somos”
(JOHNSON, 1996, p.25).

4.2 A Importância da Estimulação

Existem vários questionamentos em relação às pessoas que


permaneceram com papéis de responsabilidade e continuam trabalhando,
inclusive na velhice e não declinou tanto. O mesmo acontece com pessoas que
buscaram atividades prazerosas ou algum tipo de atividade física, mantendo o
corpo mais saudável, e ainda aquelas que mantiveram as amizades, fazem
cursos, trabalhos, passeios e viagens se mantendo mais atualizadas e felizes.
Observa-se que pessoas acompanhadas e estimuladas permanecem mais
ativas, mais participativas e com a autoestima mais elevada.

Com o avançar da idade existe menos confiança, mais dificuldade,


mais limitações e menos projetos para o futuro. O idoso precisa se libertar dos
complexos gerados pelo preconceito que vem dos outros e acaba sendo
introjetado nele. Deve criar forças para não se deixe levar pela pressão social,
que sempre existirá.

Um bom exemplo: Quando um jovem volta para buscar um agasalho


é porque esqueceu, mas se o idoso volta, é porque esta ficando esclerosado.
Tudo isso esta embasado no fato de que a mente apóia-se no conhecimento
dos outros, no afeto e se volta para a atividade e para a conduta.

Que diante deste exemplo, o idoso não se sinta intimidado e que


consiga acreditar que também tem o direito de esquecer o agasalho, sem que
isso seja encarado como sinal de velhice.

À medida que se envelhece há o desgaste normal da idade. Esse


desgaste não é apenas físico, mas também nas relações sociais, autoestima,
que vão diminuindo, que fica cada vez mais reduzido devido às perdas, às
37

dificuldades para sair, à falta de estímulo e as limitações físicas e psíquicas.


Por isso o trabalho de estimulação deve compreender em três aspectos: físico,
psicológico e social.

Não se pode pensar que estimulação esteja apenas restrita a


exercícios físicos: caminhada, corrida, natação, esteiras, bicicletas e
alongamentos. Este tipo de exercício serve para fortalecer os músculos para
melhor condicionar as articulações.

Cuidar da saúde não é apenas se preocupar com o físico, pouco se


fala em estimular à inteligência, a memória, a capacidade de aprendizagem, os
relacionamentos, os pensamentos, a autoestima, enfim, os aspectos da esfera
socioemocional.

A maneira mais eficaz de fazer com que o idoso tenha


qualidade de vida, a aceitação e a inserção na família e na
sociedade é a estimulação. Estimular, entre outras coisas,
quer dizer excitar, incitar, instigar, ativar, animar, encorajar.
Estimular é criar meios de manter a mente, as emoções, as
comunicações e os relacionamentos em atividade. A
estimulação é o melhor meio para minimizar os efeitos
negativos do envelhecimento e levar as pessoas a viverem em
melhores condições. (ZIMERMAM, 2000, p.133).

Estimular é criar postura de busca constante, de realizar atividades,


de sentir-se alguém, ser parte integrante e ativa de um grupo. É incentivar a
busca de satisfação nas realizações do dia-a-dia, a fim de ampliar o mundo
interno e externo, tornando-se satisfeito e integrado, para que não seja um
peso para si, para a família e para a sociedade.

Em cada idade se é movido por diferentes tipos de estímulos: a


criança quer aprender a caminhar, falar e escrever; o adolescente quer ser
adulto, quer saber quem é e o que vai ser, é estimulado pelo futuro, pela
formação, pela busca. O adulto tem como principais estímulos à profissão, o
casamento, a formação de uma família, os filhos, a criação de soluções para a
vida.

E para o idoso ainda que não tenha um longo futuro pela frente, a
motivação, o estímulo é viver bem intensamente no presente, ter satisfação
com a vida que leva agora e mostrar que podem e devem viver bem. Seus
38

estímulos são sua vida, a família, os amigos, manter atividades, criar, ter lazer,
querer ver mais e aprender mais.

Segundo Zimerman (2000), a melhor forma de ter uma velhice


saudável é a atividade, seja ela em que área for.

A necessidade de exercícios físicos está mais do que provado pelos


cardiologistas, reumatologistas ou profissionais de outras áreas de saúde. O
exercício físico melhora as condições articulares, musculares e respiratórias,
contribuindo para retardar o declínio dos sistemas fisiológicos. Adverte
Zimerman (2000, p.136), “Quem pára, enferruja!”.

A estimulação faz com que as pessoas vivam mais a vida, use mais
a memória e a criatividade para criar situações, atividades, felicidade e alegria.
Com a estimulação tudo revive: o corpo não-usado, a mente parada, os afetos
anestesiados, os amigos esquecidos.

Quem vive mais intensamente sofre menos. Quem se mantém ativo,


está sempre em busca de algo novo, tem ego mais estruturado e a autoestima
fortalecida. Quem não tem a atividade como hábito está mais sujeito à
depressão e mais vulnerável à frustração causada pelas perdas.

Como afirma Zimerman (1999, p.138), “(...) toda pessoa,


independente da idade ou da condição social, tem uma necessidade vital de
ser reconhecida pelas demais pessoas como sendo alguém que é aceito,
respeitado, valorizado e querido pelas demais pessoas com quais convive”.

4.3. Estimulação Física, Psíquica e Social

O corpo humano é como uma máquina; uma máquina que, se não


utilizada nem lubrificada, com o passar do tempo, vai se danificando,
enferrujando, ficando cada vez mais difícil de fazer com que ela se mova e
funcione, já que acaba deteriorando.

Como as máquinas, o organismo necessita ser lubrificado e estar em


movimento. Tanto os ossos, os tendões e os músculos como a mente e os
órgãos internos devem ser cuidados e atendidos da melhor forma possível,
sem caírem no esquecimento. Cada uma dessas partes necessita de
39

movimento. Se o movimento for limitado às atividades diárias, como caminhar,


sentar e levantar, subir e descer escadas, brincar com os netos, etc., ele ficará
cada vez mais reduzido, o que fará com que, progressivamente, o corpo se
atrofie.

Com uma atividade física adequada, as articulações ganham à


capacidade de movimento que merecem os músculos e os ligamentos são
reforçados, a capacidade de oxigenação dos pulmões é aumentada, o sangue
circula mais facilmente pelo organismo, além de aumentar a resistência física,
fazendo com que a fadiga demore mais tempo para ocorrer.

Além disso, relacionamentos e as comunicações serão feitos com


um grupo de pessoas com problemas afins, com assuntos comuns para discutir
e falar, a sensação de solidão será menor e da companhia maior, a capacidade
de prestar atenção e a memória serão exercitadas.

O corpo é o instrumento que permite que a pessoa se desloque, se


relacione, se expresse e intervenha em seu meio de vida. É necessário
dedicar-lhe um tempo e cuidá-lo bem. Em qualquer idade, deve-se fazer
atividade física, pois é importante cuidar tanto do corpo quanto da mente.
Busca-se uma educação permanente ao longo da toda a vida que seja
adaptada a cada momento.

(...) Educação permanente, isto é, educação para se saber


viver plenamente consigo mesmo e com os demais durante a
vida, não se deve apontar só ao esplendor de uma época, mas
também à satisfação e a vida prazerosa na terceira idade,
inclusive mais profunda velhice; riqueza de existência pessoal
que fecundar, por sua vez, no diálogo social. A figura do idoso
equilibrado e otimista como elemento de integração e de
enriquecimento social foi proverbial em algumas culturas. A
educação predominante do tempo atual visa, exclusivamente,
ao período cronológico de esplendor humano, que começa
com a juventude e vai até a primeira maturidade. Isto é injusto
tanto como a infância, na qual se age, educadativamente, só
em função do modelo adulto, quanto com a terceira idade, pois
nessa fase se é considerado inútil e incapaz. Uma educação
corporal sem grandes desejos de campeonismos,
performances, nem modelos físicos esplendores pode
significar um dos elementos retificadores da avaliação
educativa. (CAGIGAL, 1981, p.229)
40

Objetivos da Atividade Física:

-Melhorar as condições musculares (força e resistência) e articulares


(mobilidade);

- Melhorar a flexibilidade;

- Prevenir e melhorar as condições cardiorespiratórias, bem como a circulação


periférica;

- Prevenir a descalcificação óssea (osteoporose);

- Melhora a postura, a coordenação motora e o equilíbrio;

- Desenvolver a autoconfiança, a auto-imagem e a socialização, quando os


exercícios são feitos em grupo;

- Manter e promover a independência;

- Manter o corpo ativo;

- Manter o peso corporal;

- Manter o equilíbrio físico e emocional;

- Manter os sentidos mais ágeis e vigilantes;

-Manter e fortalecer as capacidades intelectuais, tais como memória,


capacidade de atenção e retenção, linguagem;

- Ficar bem consigo mesmo;

- Aumentar a sensação de bem- estar;

Atividades indicadas:

- Ginástica (suave e criativa);

- Natação;

- Caminhada;

- Dança (Salão e populares);

- Jogos Recreativos;

- Esteira e bicicleta ergométrica;


41

- Jogos com bola;

- Trabalho de respiração;

- Trabalho de relaxamento;

- Atividades de expressão corporal e mímica;

- Ioga;

- Passeios;

- Banhos de sol e na água;

Sinais de Diminuição da Atividade Física

A família, o cônjuge e o próprio idoso devem estar atentos à


presença de alguns sinais que indicam a diminuição da atividade física. É
natural que, com o passar dos anos, o corpo apresente algumas alterações
relacionadas à força, à resistência, à flexibilidade, á coordenação motora e ao
equilíbrio.

Visa-se um envelhecimento com qualidade para tratar e prevenir o


agravamento de pequenos problemas, e deve-se ficar atento quando o idoso
apresentar alguns dos seguintes sinais:

Durante a Caminhada:

- Apresentar dificuldade em elevar os pés do chão;

- Dá passos pequenos;

- Caminha com flexão de joelhos;

- Desequilibra-se, utilizando móveis e paredes como apoio;

- Apresenta aumento da cifose dorsal.

Na Cadeira, Poltrona ou Sofá:

- Senta-se com má postura;

- Tenta levantar-se muitas vezes até conseguir;

- Não consegue afastar o tronco do encosto;


42

- Quando senta solta o corpo, sem conseguir sustentá-lo;

- Solicita auxílio para sentar-se e levantar-se.

Na Cama:

- Demonstra medo ao deitar-se;

- Apresenta pouca mobilidade para trocar de posição;

- Tem dor na coluna vertebral;

- Queixa-se de frio ou calor (dificuldade no manejo da roupa de cama);

- Tem dificuldade para deitar-se ou sair da cama.

No Banho, para vestir-se ou alimentar-se:

- Deixa de gostar do banho;

- O corpo permanece molhado após enxugar-se;

- Corta-se facilmente ao fazer a barba;

- Deixa cair copos ou talheres;

- Alimenta-se com dificuldade, deixando cair alimento no trajeto prato/boca;

- Apresenta dor e limitação de movimentos que dificultam o vestir-se/despir-se.

Estudos em gerontologia têm demonstrado que a atividade física, junto


com a hereditariedade, alimentação adequada e hábitos de vida apropriados
podem melhorar em muito a qualidade. De acordo com vários autores – dentro
os quais cita-se Berger (1989) e Shephard (1991) -, o declínio linear das
capacidades funcionais, que se inicia ao redor dos 30 anos, pode ser
substancialmente modificado pelo exercício, pelo controle de peso e dieta.
Evidências demonstram que mais da metade do declínio da capacidade física
dos idosos é devido ao tédio, à inatividade e a expectativa de enfermidade.

Pesquisas sugerem que 50% do declínio, freqüentemente atribuído ao


envelhecimento biológico, na realidade é provocado pela atrofia por desuso,
43

resultante da inatividade física que caracteriza os países industrializados.


(SPIRDUSO, 1989; PAFFENBARGER et al. 1994).

Nos últimos aos, os profissionais de saúde têm enfatizado a


necessidade de prevenir ou retardar o desenvolvimento das doenças crônicas
que acometem a população idosa, numa tentativa de aumentar a expectativa
de vida ativa, através da manutenção do bem-estar funcional. Para Pescatello
e Di Pietro (1993), muitas alterações nas estruturas e funções fisiológicas que
ocorrem com a idade resultam da inatividade física. Como exemplo, as autoras
citam a alteração na sensibilidade à insulina, na massa corpórea magra, na
taxa metabólica basal e na capacidade aeróbica. Além disso, apontam o
impedimento que muitos idosos podem ter para manter suas atividades diárias
por problemas de diminuição de resistência física (diminuição da capacidade
aeróbica), fraqueza generalizada ou quedas sistemáticas (diminuição de força).

A perda da capacidade funcional leva à incapacidade para realizar as


Atividades Básicas de Vida Diária (ABVD) e as Atividades Instrumentais de
Vida Diária (AIVD). A primeira refere-se às atividades de cuidados pessoais
básicos, como vestir-se, banhar-se, levantar-se da cama e sentar-se numa
cadeira, utilizar o banheiro, comer e caminhar uma pequena distância. A
segunda refere-se às tarefas mais complexas do cotidiano e incluem,
necessariamente, aspectos de uma vida independente, como fazer compras,
cozinhar, limpar a casa, lavar a roupa, utilizar meios de transportes e usar o
telefone.

São as perdas do domínio cognitivo a as disfunções físicas que


contribuem para maior redução da independência do idoso, limitando suas
possibilidades de viver confortável e satisfatoriamente, além de restringir sua
atuação na sociedade. Isto por sua vez, fatalmente tem reflexos nos domínios
sociais e psicológicos.

Do ponto de vista do modelo médico, tais limitações têm sido


tradicionalmente vistas como resultantes, predominantemente, de condições
patológicas, a ponto de o Committee on a National Agenda for Prevention of
Disabilities afirma que “a incapacidade sempre tem origem numa condição
patológica” (Phillips e Haskell 1995, p.262). De acordo com esses autores, há
estudos que apontam à artrite, as doenças cardíacas, a cegueira-diminuição de
44

visão, a perda da força de membros inferiores e as doenças cérebro-vasculares


como as cinco principais causas de incapacitação e de limitações das
atividades das pessoas entre 70 e 80 anos, isto sem considerar que um mínimo
de aptidão física é necessário para a realização das ABVD e AIVD.

As atividades que proporcionam estimulação psicológica são aquelas


que trabalham com:

- Afeto;

- Autoestima;

- Sentimento de identidade;

- Conduta;

- Pensamento;

- Juízo Crítico;

- Memória;

- Atenção;

- Percepção;

- Discernimento;

- Capacidade de Tomar decisões;

- Capacidade de adaptação a novas situações.

A estimulação social tem como base:

- Comunicação;

- Intercâmbio Afetivo;

- Convivência - Sentimento de pertencer (sentir-se respeitado, valorizado e


aceito em seus grupos de convívio).
45

Através da interação social realizada pelo indivíduo muitas


transformações ocorrem e o significado de cada ação
efetivada possibilitará a cada um construir novos laços de
realizações, novas formas de compartilhar o aprendizado com
outros indivíduos. (MONTEIRO, 2003, p. 54).

Um novo Método de estímulo foi à descoberta da Neurociência, que


revela que o cérebro mantém a capacidade extraordinária de crescer e mudar o
padrão de suas conexões.

Os autores desta descoberta, Lawrence Katz e Manning Rubin


(2000), revelam que “neuróbica, a aeróbica dos neurônios”, é uma nova forma
de exercício cerebral projetada para manter o cérebro ágil e saudável, criando
novos e diferentes padrões de atividades dos neurônios em seu cérebro.

O desafio da neuróbica é fazer tudo aquilo que contraria as rotinas,


obrigando o cérebro a um trabalho adicional.

Qualquer demência, ou déficit cortical global, como a demência senil


ou causada pela hipertensão associada à diabetes como o mal de Alzheimer
pode se beneficiar da neuróbica além de permitir aos idosos melhor qualidade
de vida.

Mas não é apenas quem já chegou à terceira idade que pode se


beneficiar da neuróbica, qualquer pessoa manterá o cérebro funcionando
melhor utilizando-se desta técnica.

A proposta é mudar o comportamento rotineiro, fazendo alguma


coisa diferente com seu outro lado e estimulando o seu cérebro. O simples
gesto de trocar de mão para escovar os dentes, que contraria a rotina e obriga
à estimulação do cérebro, é uma nova técnica para melhorar a concentração,
treinar a criatividade e a inteligência e, assim, realizar um exercício de
neuróbica:

- Usar o relógio do pulso no braço direito;

- escovar os dentes com a mão contraria da de costume;

- andar pela casa de trás para frente;

- vestir-se de olhos fechados;

- estimular o paladar com coisas diferentes;


46

- ver fotos ou ler um texto de cabeça para baixo;

- ver as horas em um espelho.


47

CONCLUSÃO
O estudo aqui apresentado tem como objetivo principal a
preocupação com a pessoa idosa, alertando-nos para uma demanda nova e
crescente em nosso meio, que não pode ser ignorada e sim valorizada.

A importância da ocupação, do fazer e da estimulação criando novas


condições de vida, satisfação, alegria e prazer, contribuindo para retardar o
declínio dos sistemas fisiológicos.

Destaca a importância da atividade trazendo o idoso para o convívio


social, e ao mesmo tempo as áreas cognitiva, física e emocional recebendo
estímulos, passando assim a melhorar a autoestima, a autonomia e
independência. Mostra que a atividade é vital ao ser humano e a privação
desta pode gerar infelicidade, tornando-o o indivíduo apático e sem motivação
para desenvolver as suas atividades do dia-a-dia.

Todo ser humano deveria ter ocupação tanto física como mental,
como já dizia Harold Bell Wright, “Que mentes doentes, corpos doentes, Almas
doentes poderiam ser curados através da ocupação”.

Quando se trabalha com idoso é fundamental observar como este


interage com o meio social, se tem amigos, família, comunidade, pois a
socialização é um grande requisito para uma boa qualidade de vida psíquica.

Favorecer, permitir e promover para que este idoso ocupe seu


tempo de forma significativa, para que a inatividade não esteja presente em
sua vida, e os problemas de tristeza, depressão, solidão poderá ser trabalhado
e até superado.

A presença e a contribuição da Arte é uma realidade tanto nas


sociedades atuais como em toda história. Se desde os primórdios, o homem se
fazia representar pela sua dança, seus instrumentos, hoje a arte pode atingir
um pensamento macro em prol de resultados reais de qualidade de vida. Esta
qualidade é refletida na face emocional do indivíduo bem como na integração
de grupos sociais com limitações ou ausência de oportunidades.

É fato que a arte é um modo altamente eficaz na inclusão social,


projetos são realizados com diversos públicos, utilizando diferentes linguagens
48

artísticas, e comprovadamente assumindo os benefícios trazidos pela arte. A


descoberta deste “novo mundo” faz mudar as expectativas de vida de várias
pessoas. A autoestima elevada, tornando possível o realizar, o fazer. O
desenvolvimento da criatividade dá o indivíduo à possibilidade de encontrar
novas maneiras de resolver as situações do seu cotidiano e principalmente
sonhar e saber como tornar os seus sonhos numa realização concreta.
49

BIBLIOGRAFIA

CALDAS, Célia Pereira. Processo de Envelhecimento, In CALDAS, Célia


Pereira (org). A saúde do idoso: A arte de Cuidar, Rio de Janeiro: UERJ,

1998.

PHILIPPINI, A Arteterapia, um caminho. In Imagens de Transformações,


1994.

VERAS, Renato (org). Terceira Idade: Alternativas para uma sociedade em


transição, Rio de Janeiro, 1999, Editora: Relume Dumará.

WILLIARD & SPACKMAN, Terapia Ocupacional, Rio de Janeiro, 2002,


Editora Gabara Koogan S.A.

MELMAN, Jonas, Familia e Doença Mental- Repensando a relação entre


profissionais de saúde e familiares, São Paulo, 2001, Editora: Escritura.

NETTO, Mateus Papaléo & Filho, Eurico Thomaz de Carvalho, Geriatria-


Fundamentos Clinica Terapêutica, São Paulo, 2000, Editora: Atheneu.

NETTO, Antonio Jordão, Freitas, Elizabeth V, PY, Ligia cansado, NERI, Anita L,
ET AL, Geriatria Básica- Tratado de geriatria e Gerontologia, São Paulo,
2002, Editora: Guanabara.

DUARTE, Yeda Aparecida de Oliveira & DIOGO, Maria José D’Elboux,


Atendimento Domiciliar- Um Enfoque Gerontológico, São Paulo, 1999,
Editora: Guanabara.

ZIMERMAN, Guite I, Velhice-Aspectos Biopsicossociais, Porto Alegre, 2000,


Editora: Artemed.

MONTEIRO, Pedro Paulo, Envelhecer- histórias, encontros,


transformações. 2ª edição, Belo Horizonte, Editora: Autêntica, 2003.

PONT GÉIS, Pilar, Atividade Física e Saúde na Terceira Idade, Teórica e


Prática, 5ªedição, Porto Alegre, 2003, Editora: Artemed.

PONT GÉIS, Pilar & RUBI, Maika, Terceira idade- atividades Criativas e
Recursos Práticos, Porto Alegre, 2003, Editora: Artemed.
50

COUTINHO, Vanessa, Arteterapia com Idosos: ensaios e relatos, Rio de


Janeiro, 2008, Editora: Wak.

OLIVER, Lou de, Psicopedagogia e Arteterapia: teoria e prática na


aplicação em clínicas e escolas, 2ª edição, Rio de Janeiro, 2008, Editora:
Wak.

LIEBMANN, Marian, Exercicios de Arte para grupos: um manual de temas,


jogos e exercícios, São Paulo, 2000, Editora: Summus.

Associação de Arteterapia do Rio de Janeiro, Estudos em Arteterapia:


diferentes olhares sobre arte, Rio de Janeiro, 2009, Editora: Wak.

ESTATUTO DO IDOSO, Senado Federal, Comissão Diretora. Parecer nº1301,


Brasília, 2003.

CAMPBELL, Selma Inês, Múltiplas Faces da Inclusão, Rio de Janeiro, Editora


Wak, 2009.

OKUMA, Silene Sumire, O idoso e a Atividade Física, Rio de Janeiro, Editora


Papirus, 5 edição, 2009.
51

WEBGRAFIA

ANUÁRIO ESTATÌSTICO: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,


IBGE 1990 e Censo IBGE 2000, www.ibge.gov.br, acesso dia 21-06-2010 ás
22h.31min.

DIREITO DO IDOSO: Disponível em: http/www.ahau.org/direito_idoso.O.html,


acesso em: 23/06/2010 Hora: 23h:46min.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, disponível em


http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/25072002pidoso.shtm,
acesso em: 20/06/2010, Hora: 21h. 37min.

POLÌTICA NACIONAL DO IDOSO:


http://www.ufrgs.br/3idade/portaria1395gm.html, em 06-08-2010 ás 23h.39min.
52

ÍNDICE

AGRADECIMENTOS
DEDICATÓRIA
RESUMO
METODOLOGIA
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO

CAPÍTULO 1
A ARTETERAPIA COM IDOSOS
1.1 A Arteterapia em Grupo de Idosos com Demência
1.2 O Fazer, a Autonomia e a Arteterapia como Meio de Convivência e
Integração.

CAPÍTULO 2
CARACTERÍSTICAS PSÌQUICAS
2.1 A Involução do Cérebro no Processo de Envelhecimento
2.2 Alguns Fatores do Envelhecimento em nosso País
2.2.1 Fatores Sociais
2.2.2 Fatores Culturais
2.2.3 Fatores Ambientais
2.2.4 Fatores Psicológicos

CAPÍTULO 3
O IDOSO, A INSTITUIÇÃO E A FAMÍLIA
3.1 O Trabalho com Grupos
3.2 O Idoso Institucionalizado
3.3 Família
3.4 Os Problemas Criados Pela Internação

CAPÍTULO 4
A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE NA VIDA DO IDOSO PROPORCIONANDO
A INDEPENDÊNCIA
4.1 O Papel Central da Ocupação
4.2 A Importância da Estimulação
4.3 Estimulação Física, Psíquica e Social.

CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
WEBGRAFIA
ÍNDICE

Você também pode gostar