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Arteterapia em Grupo com Idosos Asilados: Relato de Experiência

Rosemeire Kuchiniski Gomes


Janete Geromel Galera

Resumo

Trata-se de relato de experiência da Arteterapia em grupo com idosos asilados,


utilizando os recursos expressivos e artísticos com fins terapêuticos a fim de promover
a criatividade e enriquecer a qualidade de vida dos participantes. O processo de
institucionalização impõe ao idoso a perda da identidade e o contato com a realidade
tendo que se adaptar a outro contexto, além de modificar as suas relações interpessoais,
ocasionando muitas vezes o sentimento de abandono ao ingressar na instituição, que
acrescentado ao alto índice de problemas de saúde da terceira idade relacionados à
perda de memória, comprometimento cognitivo, motor e a depressão, pode interferir no
agravamento de doenças degenerativas, no isolamento social, problemas de apetite e
sono, perda de memória de médio, longo prazo e memórias mais complexas, perda de
processamento visual e auditivo, comprometimentos cognitivos e uma infinidade de
moléstias da alma e do corpo. Dentro deste contexto a arteterapia se configura como
uma alternativa de atendimento psicológico aos idosos asilados, a fim de facilitar sua
adaptação no processo de institucionalização e melhorar a qualidade de vida.
Metodologia: foram realizados 16 encontros de arteterapia na instituição, utilizando
recursos expressivos e artísticos, com duas horas de duração cada, no período de 10
meses com grupo de idosos asilados, de ambos os sexos, na faixa etária de 60 a 93
anos, na cidade de São Caetano do Sul - SP. O desenvolvimento e as consequentes
transcrições das observações dos terapeutas foram submetidos a tratamento qualitativo,
por meio de análise de conteúdo. Resultados: no início das atividades, a maioria dos
idosos apresentaram queixas de solidão, sentimento de abandono e saudades dos
familiares e moradias anteriores, sendo que ao longo das mesmas, seus relatos foram
modificados para a percepção dos benefícios que a participação no grupo de arteterapia
tinham lhes trazido para a atividade cotidiana. Tal percepção se deu em razão do
estímulo propiciado durante os encontros através do exercício da criatividade,

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facilitando a expressão dos sentimentos, motivando a comunicação entre os
participantes, ampliando o conhecimento de si mesmo e a compreensão das limitações
pessoais presentes nessa fase de vida. O exercício da criatividade possibilitou ainda o
resgate da identidade e autoestima, valorizando habilidades desconhecidas, estimulou a
capacidade criativa, ofereceu troca de experiências, atenuando a angústia e a saudades
relacionadas às perdas vividas, promovendo a integração e melhor adaptação ao idoso
asilado e contribuindo para sua melhoria na qualidade de vida.
Palavras-chave: Arteterapia; Envelhecimento; Criatividade; Qualidade de vida; Idoso
asilado.

Abstract

It is experience of the art therapy group with institutionalized elderly, using the
expressive and artistic resources for therapeutic purposes to promote creativity and
enrich the quality of life of participants. The institutionalization of the elderly requires
the loss of identity and contact with reality having to adapt to another context, and
modify their interpersonal relationships, often causing the feeling of abandonment when
enrolling at the institution, which added to the high rate of health problems of old age-
related memory loss, cognitive impairment, motor and depression, may interfere with
the aggravation of degenerative diseases, in social isolation, poor appetite and sleep,
memory loss, medium and long term memories and more complex, loss of visual and
auditory processing, cognitive impairment and a host of diseases of the soul and body.
Within this context, art therapy can be construed as an alternative to institutionalized
elderly psychological care in order to facilitate their adaptation in the process of
institutionalization and improve quality of life. Methodology: 16 meetings were held in
the institution of art therapy, using expressive and artistic resources, with two hours
duration each, in 10 months with a group of institutionalized elderly of both sexes, aged
from 60 to 93 years in city of Sao Caetano do Sul - SP. The development and the
resulting transcripts of the comments of the therapists were treated qualitatively, using
content analysis. Results: At the start of activities, most of the elderly complain of
loneliness, feelings of abandonment and longing for family housing and earlier, and
along the same, their reports were modified to the perceived benefits that participation
in group art therapy had brought them to the daily activity. This perception occurred due

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to the stimulus afforded during the meetings through the exercise of creativity,
facilitating the expression of feelings, encouraging communication among participants,
expanding the knowledge of self and understanding of personal limitations present in
this phase of life. The exercise of creativity also allowed the recovery of identity and
self-esteem, enhancing skills unknown, stimulated the creativity, exchange of
experiences offered by alleviating the anguish and longing related losses experienced
ace, promoting integration and better adaptation to the elderly living and contributing to
improved quality of your life.
Keywords: Art Therapy; Aging; Creativity, Quality of life; Elderly asylum.

Introdução

O processo de institucionalização impõe ao idoso a perda da identidade e o


contato com a realidade tendo que se adaptar a outro contexto, além de modificar as
suas relações interpessoais.
Muitas vezes surge o sentimento de abandono, ao ingressar na instituição, que
juntamente com o alto índice de problemas de saúde da terceira idade relacionados à
perda de memória, comprometimento cognitivo, motor e a depressão podendo interferir
no agravamento de doenças degenerativas, isolamento social, problemas de apetite e
sono, perda de memória de médio e longo prazo e memórias mais complexas, perda de
processamento visual e auditivo, comprometimentos cognitivos e uma infinidade de
moléstias da alma e do corpo.
Dentro deste contexto a arteterapia se configura como uma alternativa de
atendimento psicológico aos idosos asilados, já que as produções artísticas dos idosos
oferecem informações ao arteterapeuta, que poderiam não ser obtidas através de meios
verbais, beneficiando o idoso que necessita de intervenção e compreensão, facilitando
sua adaptação no processo de institucionalização.
A arteterapia é a utilização dos recursos artísticos e materiais plásticos com fins
terapêuticos, proporcionando a oportunidade de exploração de problemas e de
potencialidades através da expressão verbal e não-verbal, contribuindo para o
desenvolvimento e aprendizagem de diversas habilidades.

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Arteterapia

A arteterapia e seus recursos expressivos surgem como um novo campo a ser


explorado dentro da multidimensionalidade e interdimensionalidade existente em todas
as áreas de conhecimento e como uma alternativa no tratamento auxiliar e adaptativos
das inúmeras patologias encontradas no público da terceira idade.
A arteterapia tem na expressividade seu principal veículo terapêutico para
harmonizar emoções e sentimentos, onde a arte passa a ser um instrumento de
expressão, de auto-conhecimento e de conhecimento do outro. Com forte base
conceitual, que associa o poder criativo ao curativo, a arteterapia, como uma terapia
expressiva, pode utilizar recursos de artes plásticas e outras expressões como som,
movimento, dança, expressão corporal, dramatização, escrita com fins terapêuticos.
(Andrade, 2000).
A arteterapia utiliza essencialmente os recursos artísticos com finalidade
terapêutica, o fazer arte dentro do processo psicoterapêutico, considerando-se que a arte
em si pode ter valor terapêutico, se serve do recurso expressivo a fim de conectar os
mundos internos e externos do indivíduo, através de sua simbologia, integrando no
contexto psicoterapêutico mediadores artísticos originando uma relação terapêutica
particular, utilizando a interação entre o sujeito (criador), o objeto de arte (criação) e o
terapeuta. O recurso à imaginação, ao simbolismo e a metáforas enriquece e incrementa
o processo (Carvalho, 2004).
Através de várias modalidades expressivas com propriedades terapêuticas
inerentes e específicas, a arteterapia proporciona ao arteterapeuta a criação de um
repertório de informações, com o intuito de adequar essas modalidades e materiais às
necessidades do cliente a serem atendidas.
Pela essência de sua ação terapêutica, a arteterapia pode possibilitar atividades
preventivas tanto no âmbito psicopedagógico, quanto no contexto de re-significações de
atitudes pessoais”, o processo de criação sempre confere novas formas de significação
(Urrutigaray, 2003).
As técnicas de arteterapia são baseadas no conhecimento que todo indivíduo tem
uma capacidade latente para projetar seus conflitos interiores em formas visuais e assim,
tornam-se mais desenvolvidos verbalmente. Algumas pessoas as vezes encontram-se
com o discurso muito bloqueado para poderem explicar suas sensações, seus

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sentimentos, suas vivências e através da expressão gráfica ou plásticas as pessoas
começam a desenvolver a verbalização ao explicar e falar a respeito de suas produções
artísticas (Andrade, 2000).
Através do trabalho com recursos vivenciais e expressivos, a arteterapia
aplicada aos diferentes contextos (escolas, comunidade, psicoterapia, organizações e
instituições, etc.) promove a qualidade de vida ao relacionar significativamente o
mundo interno e o externo, propiciando o reconhecimento e desenvolvimento de
potenciais, o autoconhecimento, a aprendizagem significativa e o crescimento psíquico.
Os processos de transformação são desencadeados pelo processo criativo, sendo que o
estabelecimento de um relacionamento criativo com a realidade só é possivel se existir
uma certa plasticidade psíquica que permita ao ego suportar o confronto com o
desconhecido sem categorizá-lo de antemão dentro de regras e normas estabelecidas.
Também é necessário haver a capacidade de autorreflexão, para viabilizar o emergir da
experiência e a busca de seu significado, conferindo-lhe assim uma representação
(plástica, verbal, corporal, etc.) adequada e condizente com o vivido. O conhecimento
gerado por meio desse relacionamento acarreta necessariamente uma transformação, o
que corresponde a uma mudança de nível de consciência, trazendo à tona novas
questões e gerando novas configurações existenciais (Bernardo, 2006).
A arteterapia assim como a própria arte pode estar presente em todos os campos
da saúde mental, na prevenção, no tratamento, na reabilitação, nos casos crônicos e nos
processos terminais (Francisquetti, 2005).
Cada recurso expressivo utilizado nas técnicas arteterapêuticas, traz consigo
possibilidades latentes que o tornam especialmente indicado para trabalhar
determinadas questões internas e temas significativos para o crescimento pessoal.
Conhecendo-se a especificidade de cada material e técnica em sua correlação com
forças psíquicas, pode-se propor e\ou criar recursos que permitem atingir objetivos
terapêuticos específicos como a elaboração do luto, perdas ou separação; trabalhar a
cooperação e o respeito à diversidade, valorizando-se as contribuições individuais num
grupo, entre outras (Bernardo, 2008).
Nesse sentido, o lúdico pode ser enfatizado como importante e significativa
estratégia de alívio de experiências dolorosa e conquista de equilíbrio emocional.
A arteterapia através da utilização de recursos expressivos também encontra na
ludicidade uma contribuição para a promoção de saúde, assim, podendo minimizar os

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sintomas da depressão e ansiedade na medida em que o poder curativo e o poder
criativo são incentivados e acionados a fim de promover e prevenir a saúde. A
brincadeira proporciona a abertura ao meio, compensando e reequilibrando o organismo
após situações de frustração, tensão e conflito. (Oliveira, 2005). Facilita uma adaptação
saudável e o resgate de vivências conflituosas ou sofridas. Ao mesmo tempo, os rituais
e as brincadeiras englobam os aspectos pessoais e sociais. Assim o brincar pode ser
visto como uma estratégia privilegiada, pois se caracteriza por ser uma atividade
natural, espontânea, criativa e universal do ser humano (Oliveira, 2006).
Objetivos
Através da arteterapia incentivar a capacidade de reinventar, improvisar e criar
transformando vidas, minimizando o sofrimento das doenças e os sintomas depressivos,
originando uma maior alegria de viver e um sentimento de realização e paz, bem como
promover a adaptação diante das mudanças físicas, psicológicas e sociais sofridas pelo
idoso asilado.

Objetivos Específicos

Proporcionar aos idosos asilados:


1. Melhoria na qualidade de vida.
2. Facilitar a expressão dos sentimentos, anseios e desejos, motivando a
comunicação.
3. Ampliar o conhecimento de si mesmo, conscientização e compreensão das
limitações presentes nessa fase de vida.
4. Resgatar a autoestima, autonomia, e a motivação.
5. Possibilitar o resgate da identidade, valorizar habilidades e fazê-los vivenciar
novas descobertas, potenciais e a capacidade criativa.
6. Oferecer a troca de experiências, integração e melhor adaptação ao idoso
asilado.
7. Atuar na atenuação ou supressão da ansiedade, estresse e angústia com
relação ás perdas efetivas ou possíveis faltas.
Metodologia
Participantes

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Os grupos de encontro foram constituídos por pessoas residentes numa
Instituição de Longa Permanência, privada, na cidade de São Caetano do Sul – SP,
compostos por conveniência, na qual os participantes são selecionados por serem mais
acessíveis. Os participantes são de ambos os sexos, na faixa etária de 60 a 93 anos.
Local
Instituição de Longa Permanência Privada (asilo), na cidade de São Caetano do
sul – São Paulo .As atividades foram realizadas numa sala no interior da Instituição
referida (Sala de Convivência), no andar superior, equipada com mesa de reunião,
cadeiras, sofá e cômoda com gavetas.
Material e Técnicas:
Foram utilizados diversos materiais expressivos, artísticos e lúdicos selecionados
de acordo com a técnica a ser utilizada e com os objetivos propostos inicialmente,entre
eles: papel sulfite branco, tesouras sem pontas, cola branca, lápis de cor, giz de cera, giz
pastel, tinta guache de diversas cores, massa de modelar de diversas cores, lápis preto,
apontador para lápis, colas coloridas, canetas hidrocor de diversas cores, pincéis de
diversos tamanhos, duréx transparente e de diversas cores, páginas de revistas coloridas,
folhas secas, penas, fitas coloridas, fios de diversas cores, lãs de diversas cores,
barbantes de diversas cores, contas plásticas de diversas formas e cores, conchas de
tamanhos variados, sementes diversas (milho, girassol, ervilha, feijão, grão de café, etc),
retalhos de tecidos diversos, pedras de diversas formas e tamanho, cartolinas,
lantejoulas e gliter de diversas cores, pratos de papelão, etc. Entre os materiais lúdicos
utilizados, podemos citar o uso de bolas, bonecas, carrinhos, bichos de diversas formas
e textura, etc.
As técnicas de arteterapia foram utilizadas de forma focal ou em suas múltiplas
intersecções, fundamentada nas publicações de diversos autores existentes, através de
realização de exercícios práticos e apresentação do conteúdo envolvido no processo
objetivando a reflexão e análise dos participantes.
Com a finalidade de atingir os objetivos propostos, as técnicas foram
selecionadas e os encontros semi-estruturados. Entre as atividades realizadas, podemos
citar: “Bastão que fala”, “Colagens e histórias”, “ Construção de mandalas” com
diversos materiais, “ Pinturas em Pedra”, “Saco de brinquedos e histórias”, “ O que se
vê da Janela”, “Histórias e massa de modelar”, “Rosas porcelanizadas”, “Peixes e
aquário de sentimentos I”, entre outras.

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Procedimento
Os participantes foram convidados oralmente pelas arteterapeutas e pelos
funcionários da instituição nos dias em que os encontros aconteceram. As atividades
aconteceram em 16 encontros previamente estabelecidos quinzenalmente, salvo feriados
e alterações no calendário.
Seguindo um roteiro pré-estabelecido pelas arteterapeutas, os encontros foram
semi-estruturados e as técnicas selecionadas de acordo com os objetivos propostos e o
devido desenvolvimento do grupo, através das observações e análise qualitativa dos
relatos dos participantes. Algumas sessões foram fotografadas, respeitando-se o
anonimato e a privacidade dos participantes. Em todas as sessões foram utilizadas
recursos auditivos, técnicas de relaxamento envolvendo exercícios de meditação,
respiração e autorreconhecimento sensorial selecionados de acordo com a atividade
proposta e os objetivos a serem atingidos.
Roteiro de Procedimentos dos Encontros
1. Local: Sala de Convivência no piso superior na Instituição.
2. Duração: Cada encontro foi realizado com a duração máxima de 120 minutos, com
horário predeterminado das 9:00 às 11:00 horas,
3. Frequência: Os encontros ocorreram quinzenalmente, sempre as segundas-feiras.
4. Participação: A presença no grupo não era obrigatória e sim de livre escolha, não
obedecendo a nenhum critério de exclusão.
5. Número de participantes: O grupo contou com uma média de 8 participantes, com
uma variação de 7 a 10 participantes.
6. Material utilizado nos procedimentos: o material utilizado para as atividades em
grupo era disposto na mesa para livre escolha, selecionado com base na especificidade
de cada material e técnica em sua correlação com forças psíquicas, pode-se propor e\ou
criar recursos que permitem atingir objetivos terapêuticos específicos, de acordo com a
teoria e diversos autores de arteterapia publicados.
7. Plano Geral dos Encontros.
Cada encontro contou com três momentos, a saber:
Primeiro momento: duração aproximada de vinte minutos com todos os
participantes sentados ao redor da mesa, inicialmente foi abordado o objetivo do
encontro, explicando-se tratar de um período a ser utilizado para relaxarem de forma
prazerosa, visando descontração e posteriormente a realização de uma atividade

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envolvendo alguns materiais. Foram utilizados recursos auditivos, técnicas de
relaxamento envolvendo exercícios de meditação, respiração e autorreconhecimento
sensorial, selecionados de acordo com a atividade proposta e os objetivos a serem
atingidos.
Segundo momento: duração de aproximadamente quarenta minutos. O material
selecionado de acordo com a atividade proposta do encontro a ser utilizado era disposto
na mesa pelas arteterapeutas, a seguir era solicitado aos participantes a realização da
atividade proposta.
Terceiro momento: duração de aproximadamente quarenta minutos. Após todos
os participantes realizarem a atividade proposta, era sugerido a conversa para
discussão sobre o tema do encontro e a atividade realizada (colagem, desenho, pintura,
modelagem, montagem tridimensional, etc) e os sentimentos e as emoções surgidas,
compartilhadas com os demais participantes no grupo.
Análise dos Dados
Foi realizado no decorrer dos encontros, análise de conteúdo, através da observação dos
participantes e dos seus respectivos relatos.

Principais Resultados

O desenvolvimento e as consequentes transcrições das observações dos terapeutas


foram submetidos a tratamento qualitativo, por meio de análise de conteúdo.
No início das atividades, a maioria dos idosos apresentou queixas de solidão,
sentimento de abandono e saudades dos familiares e moradias anteriores, sendo que ao
longo das mesmas, seus relatos foram modificados para a percepção dos benefícios que
a participação no grupo de arteterapia tinham lhes trazido para a atividade cotidiana.
Tal percepção se deu em razão do estímulo propiciado durante os encontros através do
exercício da criatividade, facilitando a expressão dos sentimentos, motivando a
comunicação entre os participantes, ampliando o conhecimento de si mesmo e a
compreensão das limitações pessoais presentes nessa fase de vida. O exercício da
criatividade possibilitou ainda o resgate da identidade e autoestima, valorizando
habilidades desconhecidas, estimulou a capacidade criativa, ofereceu troca de
experiências, atenuando a angústia e a saudades relacionadas às perdas vividas,

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promovendo a integração e melhor adaptação ao idoso asilado e contribuindo para a
melhoria da sua qualidade de vida.
A produção plástica facilita a abertura de canais de comunicação de percepção e
sensibilidade, a expressão das emoções e sentimentos, proporcionando ao idoso uma
melhor aceitação de si e de sua realidade.
A arteterapia permite que as potencialidades criativas se desenvolvam por meio
de um processo onde este canal criativo seja revisto e reconhecido, descoberto e
redescoberto, ampliado e enriquecido por meio de variados recursos expressivos.
Ao final dos encontros, um ou mais participantes, se propuseram a realizar
atividades diferentes para o encerramento, entre elas: declamação de poemas e poesias
recordadas, entoação de canções, orações e agradecimentos.
As atividades artísticas se configuram como catalisador de um processo de
resgate de qualidade do viver, valorizando a sua autoestima facilitando assim a
expressão dos sentimentos e anseios, promovendo o enfrentamento nessa fase de vida
que apresenta mudanças tanto físicas quanto psicológicas, bem como modificações de
papeis sociais e na desesperança quanto ao futuro, levando ao reconhecimento dessa
etapa como parte de um ciclo de vida.
A terceira idade é uma etapa da vida com características próprias, na qual ainda
há possibilidade de mudanças e realização pessoal contando que nessa etapa da vida as
pessoas têm maiores disponibilidades de tempo e liberdade, e pode ser um período
interessante de descobertas e renovação de existência.

Conclusões

Através do exercício da criatividade, o dia-a-dia do idoso asilado é


transformado, revelando o potencial ilimitado que habita em cada ser humano,
possibilitando a superação de situações limites e obstáculos aparentemente
intransponíveis.
O trabalho de arteterapia é um diferencial na qualidade de serviços prestados
tanto na saúde pública quanto na rede privada proporcionando melhoria da imagem na
instituição, garantindo maior satisfação do público atendido.

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Referências

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Artística . São Paulo. Vetor .

Bernardo, P. P.(2006) Arteterapia: a arte a serviço da vida e da cura...In Arcuri, I.G.


(org.), Arteterapia: um novo campo do conhecimento. 1.ed. São Paulo, Vetor.pp. 73-
116.

Bernardo, P. P.(2008) A Prática da Arteterapia : correlações entre temas e recursos.


volume I: tema centrais em arteterapia. São Paulo: Ed. Do Autor.

Carvalho, M..M.M. J. (2004) . Conceituando o Uso da Arte em Psicoterapia. In Eliezer,


J. A Arte Cura? Recursos artísticos em psicoterapia. São Paulo, Livro Pleno, 1 edição,
pp. 23-27.

Franscisquetti, A. (2005) Arte reabilitação em enfermaria infantil. In Ciornai, S. (org.)


Percursos em Arteterapia: arteterapia e educação, arteterapia e saúde. São Paulo:

Summus,pp. 221-237.

Liebmann, M.(2000). Exercícios de arte para grupos: um manual de temas, jogos e


exercícios.Tradução Rogério Miglioni. São Paulo. Summus.
Oliveira, V. B.(2005) Jogos de regras e a resolução de problemas. Petrópolis: Vozes.

Oliveira, V.B.(2006). Rituais e brincadeiras. Petrópolis: Vozes.

Urrutigaray, M.C. (2003). Arteterapia: a transformação pessoal pelas imagens. Rio de


Janeiro: Wak.

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