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2021

ARTETERAPIA

A arteterapia é um método terapêutico baseado no uso de várias formas de


expressão artística como meio da expressão da subjetividade. O termo foi criado a partir
da junção dos das palavras “arte”, do latim “ars’’, que significa técnica e habilidade, e
“terapia”, do grego “therapheia”, que significa tratar, prestar cuidados médicos. A
arteterapia, em outras palavras, busca a comunicação de pensamentos e traumas pela
produção artística, ou seja, a expressão de fatores que muitas vezes o indivíduo não
consegue verbalizar e, a partir da utilização do artístico, o não verbalizado se transforma e
se exprime. Nesse processo, o terapeuta da arteterapia possui a função de facilitador com
foco na arte, que é a assimilação do conteúdo que está dentro do indivíduo. O
arteterapeuta escolhe as técnicas artísticas de acordo com a necessidade do
cliente/paciente, oferece o que melhor servir para despertar o criativo, trabalhando com
foco na avaliação, prevenção, tratamento e reabilitação desse indivíduo.

Usar a arte como meio de expressão da subjetividade se tornou uma forma de


terapia com inspirações vindas de grandes nomes como: Sigmund Freud (1856-1939), ao
afirmar que, por meio das imagens, o acesso ao inconsciente é favorecido, por haver
menos censura atuando sobre ele; Carl Gustav Jung (1875 – 1961), que através de suas
experiências com pacientes percebeu que a utilização de recursos artísticos facilitava o
contato com os conteúdos de sonhos e sentimentos; Osório César (1895 -1979), que se
tornou fundamental para o desenvolvimento do fazer arte como mecanismo para
proporcionar a cura e como meio de conexão com o mundo interno, que se relaciona com
o mundo externo. Segundo ele, o potencial criativo era independente do grau de saúde
mental. Acreditava que os impedimentos da manifestação artísticas dos indivíduos
resultavam das condições sociais. Em 1923, desenvolveu estudos sobre a arte dos
alienados e expôs mundialmente os seus conhecimentos através da publicação de
artigos, participações em congressos e organizando exposições com os trabalhos dos
pacientes, afirmando a dignidade humana deles. Manteve contato com Freud, o que o
permitiu analisar e observar os símbolos presentes nos trabalhos artísticos, relacionando-
os às representações de outras culturas, sendo o precursor no Brasil da expressão de
patologias em doentes mentais; Nise da Silveira (1905 – 1999), fundou a seção de
Terapia Ocupacional do Hospital Psiquiátrico D. Pedro II, no Engenho de Dentro (Rio de
Janeiro), em 1946, onde permitiu que seus pacientes utilizassem a arte como forma de

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tratamento e, com isso, resgatassem seus vínculos com a realidade. Em 1952, Silveira
criou um dos espaços mais importantes na área, o Museu do Inconsciente, no qual estão
conservados e organizados diversos trabalhos expressivos realizados em seus ateliês de
pintura. 

A arteterapia ganha forma em três abordagens: Psicanálise, Junguiana e Gestalt,


com técnicas de trabalho expressivas como: desenho (recorte, colagem), pintura (com
tintas guaches ou a óleo), modelagem, poesia, música (escutar sons, tocar instrumentos,
cantar), dança e dramatização (grupos de determinada dramatização, teatro). Possuindo
mais de um campo de atuação, a arteterapia pode ser trabalhada em cunho
organizacional, clínico, hospitalar e educacional.  

Vemos então a arte como um poderoso meio de expressão da subjetividade


humana, auxiliando o psicólogo a acessar conteúdos emocionais de seus pacientes, seja
com trabalho em grupo ou individual. Muitos temas podem ser abordados por um
psicólogo através da arte, como por exemplo: gênero e sexualidade, conflitos emocionais,
traumas, identidade pessoal ou coletiva e expectativas profissionais. A arteterapia pode
externalizar e amplificar formas de expressão, podendo ir além da abordagem tradicional,
que é fundamentada pela linguagem verbal. 

Sua prática se fundamenta na ideia de que a linguagem artística representa, em


alguns casos melhor que a verbal, nossas experiências internas, favorecendo uma
ampliação da consciência em relação aos fenômenos subjetivos.

No âmbito da arteterapia, as atividades expressivas não têm valor estético. Sua


produção artística não é analisada como a uma obra de arte tradicional. Na arteterapia, o
importante para o psicólogo é que a arte feita pelo indivíduo se torne instrumento de
reflexão. Por ser uma atividade terapêutica, o foco está em exercitar a criatividade, ou
seja, promover através de uma atividade criativa o desenvolvimento de modelos de
objetificação e subjetificação. Para tanto, pode ser utilizada como recurso dentro do
contexto clínico, educativo, junto à comunidade, saúde pública, empresas, com
intervenções na área de dificuldade física, cognitiva, emocional e social. 
GESTALT

O terapeuta da Gestalt encontra na arte mais uma ferramenta capaz de proporcionar a


seu cliente o encontro dele consigo. Não é importante apenas o exercício que a pessoa
pratica, o terapeuta ajuda seu cliente a sentir cada pedaço do que ele faz, cada momento,
cada segundo, como ele se sente enquanto se mexe? Como está a respiração? Quais
lembranças, sensações e sentimentos surgem em todo o processo do exercício proposto?

A Gestalt com seus experimentos ajuda o cliente a conhecer a si e depois se encontrar no


“todo”, primeiro quem ele é, como se enxerga, com sente, quais seus gostos e valores,
onde se encaixa, de que forma quer se colocar no mundo. O cliente passa entender que
não importa o que os outros dizem, e que não precisa se modificar para entrar em algum
grupo específico. O que importa é se aceitar como é, evoluir comparado a si e não a outra
pessoa.

O experimento pode ser subdividido em estágios sobrepostos, o terapeuta primeiro


começa a observar situações na fala do cliente em que exista algo travado, mal resolvido,
repetitivo. Quando observada alguma situação desse modelo, o terapeuta, baseado em
sua experiência, conhecimento e intuição, decide quando e qual experimento fará com o
cliente para expandir sua awareness, mudando a energia em que ele se encontra,
descobrindo novas formas de estar consigo e com o mundo.

É preciso analisar com calma o que o cliente vai enfrentar, descobrir se ele está desposto
a tentar algo novo dentro do processo terapêutico. Se disposto, o terapeuta precisa
estabelecer o nível do exercício, o quanto pode mexer no determinado problema, “o
simples para um indivíduo pode ser muito pesado para outro”.

A partir dessas decisões se desenvolve um experimento. ”A regra básica é a de transmitir


uma atitude não crítica com relação ao experimento, estar preparado não só para parar a
qualquer momento como também a mudar totalmente a direção do exercício se for essa a
demanda. Não existe nenhum resultado certo”.

Convidar o cliente a exagerar a forma que ele se comporta, ou se concentrar em cada


sentimento e sensação que cada simples movimento que ele faça, em cada coisa que ele
pensa no momento do exercício, provocam a expansão da awareness.

O cliente pode ainda usar a imaginação, cheia de detalhes, com todos os seus sentidos.
Pode usar materiais artísticos, música, voz, dança, representação, onde pode criar uma
nova reação, uma nova sensação, onde se pode ressignificar algo que esteja empacado
na vida dessa pessoa. A cadeira vazia e a caixa de areia são excelentes experimentos
para essas situações. Proporcionam um trabalho imaginativo com potencial de
ressignificar situações reais. A pessoa pode por exemplo imaginar a mãe na cadeira vazia
e não só falar tudo o que estava trancado em seu emocional, como também pode
imaginar a mãe lhe respondendo aquilo que o cliente realmente gostaria de ouvir, gerando
uma mudança significativa na forma como o sujeito se enxergava até aquele momento de
uma forma positiva.
BIBLIOGRAFIA

Sites:

http://www.santacasamaringa.com.br/noticia/334/arteterapia-definicao-e-beneficios

https://namu.com.br/portal/o-que-e/arteterapia/

vídeos:

https://youtu.be/bOrymJuwVvI

https://www.youtube.com/watch?v=ILDKTnNdXrw

https://youtu.be/mDgvW7g_FI0

https://youtu.be/0JviE1a-26E

Artigos:

REIS, Alice Casanova dos. Arteterapia: a arte como instrumento no trabalho do Psicólogo. Psicol. cienc.
prof., Brasília, v. 34, n. 1, p. 142-157, Mar.  2014.   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S1414-98932014000100011&lng=en&nrm=iso>. access on 18 May 2021. 
https://doi.org/10.1590/S1414-98932014000100011. Link: https://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S1414-98932014000100011#*a

REIS, Alice Casanova dos. Arteterapia: a arte como instrumento no trabalho do Psicólogo. Psicol. cienc.
prof., Brasília, v. 34, n. 1, p. 142-157, Mar.  2014.   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S1414-98932014000100011&lng=en&nrm=iso>. access on 18 May 2021. 
https://doi.org/10.1590/S1414-98932014000100011. Link: https://www.scielo.br/scielo.php?
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MARIANE COIMBRA, Silva; EDUARDO MOURA DE, Carvalho; RAFAELA DIAS DE, Lima. Arteterapia Gestáltica
e suas relações com o processo criativo. IGT rede, Rio de Janeiro, v. 10, n. 18, p. 01-19, 2013.   Disponível
em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1807-
25262013000100003&lng=pt&nrm=iso>. Acessos em 18 maio 2021. Link:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1807-25262013000100003

ANDRIOLO, Arley. A "psicologia da arte" no olhar de Osório Cesar: leituras e escritos. Psicol. cienc. prof., 
Brasília ,  v. 23, n. 4, p. 74-81,  Dec.  2003 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S1414-98932003000400011&lng=en&nrm=iso>. access on  18  May  2021. 
https://doi.org/10.1590/S1414-98932003000400011. Link: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-
98932003000400011&script=sci_abstract&tlng=es

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