Janie Rhyne foi pioneira na Arteterapia na abordagem Gestaltica, sintetizou em seu
livro The Gestalt Art Experience escrito em 1973, publicado no Brasil em 2000 com o título Arte e Gestalt: Padrões que convergem. Neste Escrito, Rhyne promove conceitos da Psicologia da Gestalt a diversas técnicas artísticas, utilizando estes nos campos psicoterapêuticos e educacionais, sendo trabalhados de forma individual ou em grupo. Essa abordagem originalmente visa teoria da percepção, esse é um conceito central na arteterapia gestáltica, na qual a vivência artística tem como finalidade ampliar a percepção do sujeito sobre si mesmo. Gestalt palavra alemã para o que seria configuração o modo particular de organização particular das partes individuais que entram em sua composição (Perls, 1988, p.19). Partindo disso Rhyne utiliza o termo para se referir à percepção de uma configuração total, apresentando ao indivíduo uma consciência de sua subjetividade, levando em consideração características que o compõem e o fazem um ser único, com uma visão distinta do mundo que o cerca. Trata se um processo que a arte promove nesta abordagem, que consiste em perceber se oque se passa consigo mesmo no momento vivido, (awareness – Termo chave na Gestalt terapia). Janie Rhyne define a experiência gestáltica de arte, então, como o seu eu pessoal complexo fazendo formas de arte, envolvendo-se com as formas que você está criando como fenômenos, observando o que você faz, e, possivelmente, espera, percebendo por meio de suas produções gráficas não apenas como você é agora, mas também modos alternativos que estão disponíveis para que você possa se tornar a pessoa que gostaria de ser (2000, p.44). Desse modo, a vivencia de criar a arte promove o descobrimento de sentimentos e qualidades pessoais desenvolvendo potencial único de cada indivíduo, e os resultados dessa expressão, (sejam elas pinturas, desenhos, escultura e etc.) levam ao sujeito em questão a reconhecer se, perceber se e visualizar novas possibilidades que antes não foram percebidas ou até mesmo levadas em consideração. A autora entende a atividade artística como um modo consciente de integração entre a realidade e a fantasia, que se encontram de maneira única e criativa na obra criada. Ao discutir a arteterapia Gestaltica, Selma Ciornai complementa que “Tanto na arte quanto na terapia manifesta-se a capacidade humana de perceber, figurar e reconfigurar suas relações consigo, com os outros e com o mundo” (CIORNAI, 2004, p.36). A Gestalt terapia representa o trabalho de desenvolvimento pessoal de uma forma holística e integradora onde a arte, o corpo e a palavra favorecem a expressão e integração de aspectos menos conhecidos de nós mesmos. Dentro da arteterapia da abordagem em questão se estabelece uma relação horizontal entre o terapeuta ou arteterapeuta e o indivíduo, inquirindo ao sujeito a responsabilidade e as chaves da sua própria vida. O terapeuta tem a função de ser um companheiro e facilitador do processo terapêutico. É importante ressaltar que não há interpretação ou necessidade de habilidade especifica para a produção artística no contexto terapêutico orientado pela abordagem gestáltica. Terapeuta e Cliente exploram as expressões captadas na obra, discutem sobre ela, mas sua interpretação parte do autor desta, a partir de sua experiencia. É fundamental lembrar que os experimentos devem ser propostos e nunca impostos. Devem ser flexíveis, pois acompanham o processo criativo do cliente. Oque importa é o que o indivíduo deseja comunicar através de cada obra e a experiencia na produção. Desse modo promover o encontro do sujeito durante o processo criativo com suas emoções, sentimentos, sensações, pensamentos etc. Do encontro e do arranjo entre sujeito e objeto ou acontecimento resulta algo que ainda não existia, resulta um efeito novo: um sentimento, um gosto, um estado que apenas existia enquanto possibilidade, como porvir. Ao entrar em jogo com o objeto ou o acontecimento, eles deixam de ser exteriores ao sujeito e passam a constituir o campo da experiência. E é aí que começa a criação, a experiência estética (PEREIRA, 2011, p.115).
Diversos podem ser os recursos utilizados nos chamados experimentos, porem
possuem, uma certa estruturação passando por: sensibilização; experimentação criativa; registro; e compartilhamento.
Referencias
PEREIRA, Marcos Villela. Contribuições para entender a experiência estética. Revista Lusófona de Educação, 18, 2011, pp. 111-123.
Ciornai, S. (1995). Arte-terapia: o resgate da criatividade na vida. In M. M. M. J Carvalho
(Org.), A arte cura? Recursos artísticos em psicoterapia (pp. 59-63). Campinas, SP: Editorial Psy II.
Arteterapia: a arte como instrumento no trabalho do Psicólogo = Scielo Brasil