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A IMPORTÂNCIA DA ARTE COMO UM RECURSO TERAPÊUTICO

José Ribamar Santos Costa Júnior1


Francisco Robert Bandeira da Silva 2

Resumo
Este artigo pretende analisar algumas das contribuições da arte para a formação do
psicólogo. Esta análise teve com o base publicações e artigos sobre o tema a respeito
da utilização da Arte como instrumento psicoterapêutico. Observou-se desta forma
que a Arte tem se mostrado como um canal poderoso para a expressão da subjetividade
humana, pois permite acessar conteúdos emocionais e ressignificá-los. Entre artigos e
livros pesquisados ficou evidente que o usos da Arte constitui-se como ferramenta
indispensável no processo terapêutico independente a da abordagem psicológica
utilizada com os pacientes pelos psicólogos. Conclui-se a partir deste pesquisa, que a
Arte deve ser levada em conta no processo formação do psicólogo nas instituições
superiores.
Palavras-Chave: Psicologia, arte, formação de psicólogos.
Abstract

This article intends to analyze some of the contributions of art to the formation of the
psychologist. This analysis was based on publications and articles on the subject
regarding the use of art as a psychotherapeutic instrument. It was observed in this
way that Art has shown itself as a powerful channel for the expression of human
subjectivity, as it allows accessing emotional contents and re-signifying them.
Among the articles and books researched, it was evident that the uses of Art constitute
an indispensable tool in the therapeutic process, independent of the psychological
approach used with patients by psychologists. It is concluded from this research that
Art must be taken into account in the process of training the psychologist in higher
institutions.
Keywords: Psychology, art, training of psychologists.

1
Concludente do curso de Bacharelado em Psicologia na Faculdade Estácio de Teresina.
2
Prof. Orientador do Trabalho de Conclusão do Curso de Psicologia na Faculdade Estácio de Teresina.

1
1 INTRODUÇÃO.

Desde o início da humanidade, nossos ancestrais tem manifestados suas emoções


e desejos por meio da arte seja através da pintura, escultura, música dança ou teatro. Em
meados do século XX, o psicanalista Sigmund Freud se interessou pela arte e postulou
que o inconsciente se manifesta através de imagens, podendo o artista simbolizar e retratar
conteúdos psíquicos na produção artística, sem censuras, como por meio das palavras,
sendo esta uma forma de catarse. Já o psiquiatra suíço Carl Jung foi o primeiro a utilizar
a expressão artística no consultório, pois, considerava que a simbolização do consciente
coletivo e individual ocorre na arte. Desta forma, Jung é considerado um dos precursores
na utilização da arte no processo terapêutico por entender que a criatividade artística é
uma função psíquica natural e estruturante da pessoa (REIS, 2014).
No início do século XX, observou-se que a Arte tinha outros potenciais além de
levar prazer estático ao espectador. Ela começou a invadir os consultórios psiquiátricos e
psicológicos mostrando-se um valioso recurso para intervenções na área da Psicologia
Hospitalar, especificamente em relação aos enfermos oncológicos (SOUZA, 2016).
Observou-se desta forma, de acordo com algumas pesquisa realizadas por Carrano (2022)
que o contato com a arte seja produzindo ou apreciando, aproxima o indivíduo
primeiramente com ele mesma e depois com as outras pessoas. Além do mais, a arte tem
o poder de entrar em contato de uma forma sutil com as características constituintes da
condição humana, como alegria, medo, tristeza, angústia, saudade e esperança, ou seja, o
comportamento por meio das emoções, que é um dos objetivos do trabalho do psicólogo.
Pode-se dizer pois, que a Arte é um grande recurso a ser usado pelo psicólogo e
terapeuta dos mais diversos gêneros, no combate a traumas, transtornos e conflitos
emocionais. No livro a Psicologia da Arte, Vigotski (2015) faz uma análise sobre o
processo de criação e a apreciação artística do ponto de vista psicológico. Segundo esse
autor os signos produzidos pela humanidade (como a linguagem, o desenho, os sistemas
numéricos, entre outros.) dialeticamente apresentam a capacidade de transformar o
funcionamento mental, configurando as funções psicológicas superiores (memória
mediada, percepção mediada e outras) e também promovendo alterações qualitativas nas
mesmas. Essas funções encontram terreno fértil para seu desenvolvimento no contato com
as obras de arte. Ou seja, a vivência estética marca indelevelmente o comportamento
humano.

2
O conhecimento psiquiátrico trouxe a questão da loucura para o imaginário social,
que a interpretavam como algo perigoso, insano, perverso, etc. Criou-se então estigmas e
preconceitos que ainda hoje perduram mas que devem ser rompidos à medida que os
tratamentos avançam. Amarante (2015), comenta que foi a partir dos artistas que a
“loucura” e os “loucos” começaram a ser percebidos socialmente e assumiram um novo
significado. A loucura para os pintores, filósofos e escritores da época passa a ser
entendida como uma forma de expressão, ou seja, formas de comportamento até então
marginalizadas socialmente. Assim, contrários ao que o senso comum compreendia como
loucura - o qual considerava os lunáticos como doentes ou estranhos que fugiam da norma
ou do esperado - os artistas buscaram retratar a loucura para além dos estereótipos e
prejulgamentos estabelecidos.
No Brasil, uma das primeiras pessoas a buscar uma humanização terapêutica
através da Arte foi a médica psiquiátrica Nise da Silveira. Ela fez uso da Arte como um
valioso recurso terapêutico, o objetivo inicial dela era uma terapia ocupacional, ou seja,
um método que empregava atividades recreativas no tratamento de distúrbios psíquicos.,
mas posteriormente, influenciada pelas ideias do psiquiatra e psicoterapeuta suíço,
fundador da psicologia analítica. Carl Jung, Nise, por volta de 1940, começa a ver no
fazer artístico uma forma de expressão interior que faz surgir os conflitos internos dos
pacientes que atendia, principalmente os esquizofrênicos. Produção realizadas por seus
pacientes foram tantas e de tão boas qualidades que muitas foram expostas ao redor do
mundo.
Este tipo de tratamento, que utiliza apenas o fazer artístico, faz com que o os
pacientes a reconstruam simbolicamente seu mundo interno até então incessível. Nise
defendia que os psiquiatras deveriam buscar compreender as dimensões psicológicas de
seus pacientes e não focar somente nas questões orgânicas. Ela foi uma crítica ferrenha
do modelo médico cartesiano e os métodos agressivos e desumanas dos tratamentos dados
aos pacientes nos manicômios brasileiros.
Desta forma, a arte assume um papel imprescindível na manutenção da saúde
mental e seus benefícios mostram-se inestimáveis. O fazer artístico faz com que o
paciente entre em um estado sensível e contemplativo, minimizando seu transtorno.
Também estimula seu cérebro para o campo criativo que por sua vez, viabiliza uma
materialização do seu inconsciente. Outra observação importante a fazer é que: ao fazer
artístico é benéfico para o processo de reabilitação psicológica do paciente, visto que; é
um recurso de expressão livre, que ao mesmo que é envolvente, também o mantem focado

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de uma forma prazerosa e divertida. Desta forma, ao empregar a Arte como método
terapêutico o psicólogo, consegue ter acesso ao psíquico inconsciente de seus pacientes,
pois o resultado de sua produção artística está impregnado de sua subjetividade
(CORREIA, 2016).
As produções dos pacientes de Nilse foram apresentadas ao público. Ela organizou
exposições em ateliês com as pinturas, esculturas, desenhos e demais produções artísticas.
Posteriormente todas as produções serviram de acervo para um “Museu do Inconsciente”,
instituição por ela idealizado ao final de sua vida.
No campo do uso da arte como ferramenta terapêutica encontra-se a Arteterapia,
que se propõe a realizar uma mediação entre a Psicologia e a arte, pautados em uma
concepção estética do sujeito, cuja própria vida pode ser transformada em uma obra de
arte. Faz com que o sujeito encontre uma possibilidade concreta de expressar não só
aquilo que ele é, mas também o que ainda pode vir a ser, construindo na arte outros modos
de objetivação e subjetivação e, a partir daí, reconstruindo-se na vida, a partir de um novo
olhar sobre si mesmo e sobre o mundo. Isso ocorre porque a vivência da arte traz sempre
uma abertura do eu ao outro.
Em relação a Arteterapia, tem se observado que ela está cada vez mais presente
em locais que buscam tratar pessoas com algum tipo de transtorno, como por exemplo
nos CAPS, clínicas psiquiátricas e hospitais. Este recurso inovador e criativo viabiliza a
reinserção de pacientes portadores de algum tipo de transtorno mental na família e na
sociedade como um todo, pois faz com que o paciente se sinta valorizado e compreendido,
o que o faz se sentir melhorar emocionalmente. Desta forma, pode-se dizer que, segundo
alguns profissionais dos CAPS, por exemplo, uma melhora significativa dos pacientes
após a utilização de técnicas de Arte seu processo terapêutico.
Vê-se pois, que as pessoas em sofrimento mental encontram na arte uma forma
criativa de expor suas histórias de vida. Por exemplo ao pintar um quadro, modelar,
desenhar, representar, cantar ou dançar, as pessoas vão reconstruindo suas experiências,
ao recontar suas histórias de vida, ela vão aos poucos ressignificando-as. Além disso, este
processo artístico viabiliza a reconstrução de uma identidade com mais autonomia e
autoestima. Como relata Correia (2016), a utilização da Arte como recurso terapêutico,
não significa produzir cura, ou simplesmente amenizar sintomas, mas sim, o de
proporcionar esperança e potencializar a vida dos pacientes.
Portanto, a utilização da arte enquanto recurso no processo terapêutico permite,
ultrapassar a perspectiva histórica excludente e higienista em relação às pessoas

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portadores de transtornos mentais. Outro aspecto interessante é eu a Arte proporciona ás
pessoas em processo terapêutico uma releitura dos seus afretamentos. Nesta perspectiva,
é importante lembrar que a arte estimula o potencial criativo dos pacientes, concedendo
a estes uma maior autonomia sobre si mesmos. Pode-se observar, desta forma, que a arte
assume um papel terapêutico muito importante.
Ciornai (2004), vê a Arte como uma área que se amplia na psicologia. Em sua
obra, ela traz um estudo sobre a utilização de recursos artísticos no trabalho psicoterápico
e os princípios que norteiam a atividade de supervisão no campo da Arteterapia.
Em sua pesquisar sobras as contribuições da arte para a formação do psicólogo,
Silva (2004), propôs um estágio supervisionado no âmbito da Psicologia Escolar, de
forma que pudessem vivenciar também as atividades artísticas desenvolvidas. Seu
objetivo foi identificar as possíveis mudanças comportamentais dos estagiários
envolvidos nas atividades de arte em suas diferentes linguagens. Para esta pesquisadora,
ficou evidente a necessidade de se pensar a importância da arte na formação do psicólogo,
não só nos anos finais, mas também desde sua jornada acadêmica no ensino superior de
Psicologia.
A Arte pode curar alguém? Não posso dizer que a arte por si só possa curar
alguém, porém quando utilizada de forma apropriada, no momento certo em um processo
terapêutico e que os pacientes se reconheçam como coparticipantes do processo criativo
que a arte proporciona, ela se torna uma poderosa ferramenta de cura. Esta temática é
abordada muito bem por Andrade (1995, p. 39-54), ao afirmar que: “o contato com a arte
possibilita rememorar vivências, experiências e conflitos associados ao adoecimento”.
Carvalho (2020) fez um estudo como o objetivo analisar a relação entre a
utilização de obras artísticas e a experiência emocional dos pacientes, para assim poder
inferir como como a Arte pode ajudar no enfrentamento psicológico de pessoas
portadoras de câncer. As conclusões que ela chegou a partir de sua pesquisa, foi de que,
a Arte se mostrou um instrumento psicoterapêutico altamente efetivo e uma prática
possível no ambiente hospitalar, pois favorece o contato com conteúdo inconsciente dos
pacientes e fortalece as funções egóicas e os processos de enfrentamento da doença.
Segundo Moreira (2011) A utilização da Arteterapia como forma de estimular a
expressão artística de pacientes portadores transtornos mentais, apresentou-se como uma
forma positiva como estratégia terapêutica. Além de atenuar os sintomas dos pacientes,
proporcionou o retorno destes no convívio social e consequentemente sua melhora quanto
qualidade de vida.

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O artigo de FariaI (2017), aborda uma reflexão sobre a concepção de arte
apresentada pelo psicólogo Vigotski em sua obra Psicologia da Arte. Sua pesquisa
evidencia a importância da utilização da arte como um mediador entre a expressão e
reelaboração emocional do ser humana. Segundo esta ideia, é através da percepção
estética que se processa a catarse de sentimentos e emoções internas do ser. A partir,
pois, das contribuições de Vigotski, este pesquisador, aponta o imenso potencial criativo
e transformador que uma pessoa desenvolve ao apreciar e manejar Arte. Isto tudo
contribui ainda para a sua identificação seu contexto histórico-cultural. Nesse sentido,
ressalta-se o papel da arte e da vivência artística como recursos indispensáveis ao
momento pós convide que estamos passando e que tanto tem afetado a nossa psique.
Correia (2016), realizou uma revisão sistemática sobre os efeitos da produção de
arte como recurso terapêutico no campo da saúde mental. Foram pesquisadas Vinte e oito
artigos que demonstravam os benefícios do uso da Arte, \Segundo o pesquisador ao
analisar todos os artigos pesquisados, identificou-se que a Arte tem um significativo
potencial terapêutico, ou seja, é capaz de proporcionar a pessoas com transtornos
psiquiátricos, uma melhora significativa e consequentemente sua inserção social.
Souza (2018) apresenta a arte, como uma proposta humanizada no qual o sujeito
é percebido de uma forma integral, em seus aspectos cognitivos, afetivos e emocionais.
Ou seja, a Arte é um valioso instrumento que o psicólogo pode se apoderar, e assim poder
ver o homem como um ser que pensar e interage com o mundo em sua volta.
. As conclusões apresentadas em seu artigo partem de preceitos de Vigotski,
apresentadas em sua obra “Psicologia da Arte”, no defende o potencial da linguagem
artística sobre as emoções, pensamentos e sentimentos. Ou seja a Arte, propicia o homem
um avanço em sua consciência de ser social que tem o poder de mudar a si mesmo e o
mundo.
O artigo de Vasques (2019) traz uma reflexão sobre a utilização da Arte como
instrumento com finalidade terapêutica e a importância da saúde psicológica para garantir
a qualidade de vida. Em sua revisão de literatura sobre a temática, foram encontrados os
benefícios que a Arteterapia proporciona aos pacientes em âmbitos da Psicologia. Ainda
segundo o autor a Arteterapia é um método eficaz para canalizar e converter conflitos
advindos do adoecimento mental, pois se constitui como um canal de expressão da
subjetividade humana permitindo acessar conteúdo internos e trabalhá-los. Conclui-se
que a Arteterapia propõe uma transformação das tradicionais formas de tratamento na
área da psicologia e se destaca como uma ferramenta importante no trabalho do psicólogo

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possibilitando a humanização, promoção da saúde mental e comodidade para os
pacientes.
Guerreiro (2022) ressaltar a importância do processo de inclusão da arte no âmbito
da saúde mental, pois segundo suas pesquisas bibliográficas, a arte apresenta significativo
papel terapêutico, constituindo-se como um poderoso que anda em direção contrária aos
tratamentos desenvolvia perspectiva manicomial. Como conclusão de seus estudos ela
recomenda mais estudos no campo da arte, visando o contínuo processo de construção de
reflexões e transformações nos âmbitos assistencial, cultural e conceitual.
Em seu livro, Freitas (2016) apresenta as relações psicológica com a apreciação e
criação artística. Para a autora a Arte possui um grande potencial que possibilita uma
sensibilização da percepção do ser humano sobre si mesmo e sobre o mundo. Com isso
ele desenvolve seu ´potencial criativo, sua imaginação que em muitos casos são vistos
sem interesse em algumas áreas psicológicas como a da Psicologia da Educação do. Para
essa autora o que deve ser feito é enfatizar a escuta das experiências individuais e
grupais através da arte em encontros de saúde mental.
Para Boston (2014), a Arte desempenha um papel muito maior que apenas a
apreciação estética, valores ou ideias. Ela também pode contribuir na solução de dilemas
do nosso cotidiano ligados a nossa mente, como por exemplo as questões dos transtornos
mentais, que afetam diariamente nossa vida. Ou seja, eles acreditam que a Arte possui
potencialidades terapêuticas e se apresenta como um valioso recurso para lidarmos cos as
situações estressantes e angustiantes do nosso dia a dia.
Este artigo teve como objetivo principal, analisar como a Arte pode ser um canal
poderoso para a expressão da subjetividade humana para o psicólogo, pois ela permite
que este, acesse os conteúdos emocionais dos pacientes e ressignificá-los, levando-os a
um melhor resultado no processo terapêutico. Como objetivo específico seria recomendar
a insersão da arte não currículo da graduação em Psicologia das instituições superiores.
A partir destas observações pode-se observar a possibilidade de unir a Arte e
Psicologia, já que o contato com conteúdos referentes à arte possibilita um outro olhar
de uma pessoa sobre si mesmo e o mundo, podendo conduzir a novos processos mentais
ao provocar diferentes formas de pensar e de ver o cotidiano, com isso, a pessoa
certamente passará por um processo de mudança de vida, pois estrá equilibrando
pensamentos, sentimentos e ações.

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2 A ARTETERAPIA E A ARTE NA TERAPIA

Pode-se definir a Arteterapia como uma área de atuação profissional que utiliza
recursos artísticos com uma finalidade terapêutica. A maneira como esse método se
desenvolve tem a ver com nossa percepção estética que carregamos intrinsicamente desde
o nascimento. O ato de criar artisticamente é uma forma não só de se expressar, mas
também de sobreviver. Ou seja, a Arteterapia, ao proporcionar um contato do ser com a
arte de uma forma subjetiva sem interesses outros, que não de se expressar se torna uma
poderosa ferramenta de equilíbrio mental.
Para a Associação Brasileira de Arteterapia - ABA, a Arteterapia é se apresenta
como uma especialização para profissionais da área da saúde, como por exemplo,
Fisioterapia, Psicólogos e Enfermagem. Contudo, também pode ser desenvolvida por
profissionais da educação, artistas, etc. Desde que não a desenvolva com um enfoque
clínico.
Arteterapia faz uso de elementos da atividade artística como forma de intervenção
profissional. Esta é direcionada à qualidade de vida e melhora da saúde. Na relação de
modalidades artísticas mais utilizadas, temos a pintura, a dança, a escultura, a literatura,
a música, o dramatização, entre outros.
Assim, por meio das expressões artísticas, o profissional enxergar nas diferentes
manifestações do praticante outras questões que possam se apresentar como transtornos
mentais, doenças degenerativas, lutos, acidente ou acontecimentos traumáticos, solidão,
inserções sociais, entre outros. A Arteterapia pode de maneira mais rápida e eficiente
apresentar um diagnóstico de uma determinada pessoa em tratamento para cada um. Além
disso, vale dizer que o objetivo da Arteterapia não é desenvolver um sabem como ajuda-
la na superação do momento que está vivenciando. Vê-se pois, que este recurso que pode
mais facilmente emitir que uma pessoa deixe fluir seus sentimentos ao produzir uma
forma de arte. O aspecto verbal neste método é posterior a obra e feito de um a forma
mais solta não tradicional como ocorre entre os psicoterapeutas nas clínicas onde
desenvolvem seus atendimentos.
A Arteterapia ao utilizar o recurso da arte em sua metodologia, não tem em sua
função avaliar o resultado estético da arte produzida, e nem o domínio técnico, nem o
produto final ou sua comercialização. O mais importante é o processo, o fazer artístico,
o desenvolvimento das ideias e os sentimentos empregados durante sua produção

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artístico. Ou seja, o objetivo maior é a expressão do seu self. Contudo, as técnicas de
utilização dos materiais, acima
A professora americana Margareth Naumburg é considerada a criadora da
Arteterapia, em 1941 ela desenvolveu uma metodologia chamada Arteterapia de
Orientação Dinâmica, ela crio esse método com vase na teoria psicanalítica de Carl
Gustav Jung, psiquiatra e psicoterapeuta suíço, criador da psicologia analítica. Segundo
Margareth Naumburg, o fazer artístico produz muitas informações de uma pessoa, que se
encontram em seu inconsciente. Ela também buscou na teoria dos sonhos de Fresas sua
metodologia. Segundo ela, os pensamentos são melhores expressados pelas imagens do
que por verbalizações. Dessa forma, há uma melhor comunicação entre terapeuta e
paciente.
No Brasil, a Arteterapia tem seus primários passos a partir da primeira metade do
século XX. Ela surgiu dentro do campo psiquiátrico muito influenciado pela corrente
psicanalítica de Jung. Os dois nomes que se destacam no início da Arteterapia no Brasil
são: Osório Cesar e Nise da Silveira, psiquiatras e iniciadores no método que usa a Arte
como ferramenta terapêutica.com pacientes em instituições de saúde mental.
Estes estudiosos buscavam com essa metodologia, fazer frente aos métodos
agressivos de contenção utilizados na época para acalmar os pacientes com transtornos
mentais, como por exemplo o eletrochoque, isolamento e medicação forte. Com isso
abriram caminho para uma nova possibilidade de tratar os problemas mentais da época.
De acordo com Silveira (2001), a Arte constituiu-se neste período um caminho alternativo
e mais humanizado. Com o tempo este método mostrou-se mais eficaz, com ótimos
efeitos terapêuticos na recuperação dos pacientes.
Embora seja considerada uma pioneira na história da Arteterapia no Brasil, Nise
da Silveira não concordava com denominação ao seu trabalho de Arteterapia, ela preferia
chama-la de terapêutica ocupacional, pois considerava que a utilização do termo Arte
produzia uma conotação de agregar valor e apreciação estética ás produções dos
pacientes. Ou seja, ela não via com bons olhos, enfatizar o fazer estético das produções
de seus paciente (SILVEIRA, 2001).

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3 MÉTODO

Para a realização deste estudo foi utilizada a pesquisa qualitativa de revisão


sistemática de literatura, que do ponto de vista dos procedimentos técnicos, destitui-se de
uma pesquisa bibliográfica que é uma das mais comuns ela consiste na coleta de
informações a partir de textos de livros, artigos e demais materiais de caráter científico.
Esses dados são usados no estudo sob forma de citações e referências, e servem de
embasamento para o desenvolvimento do assunto pesquisado. Ou seja, trata-se de um
método teórico focado em analisar os ângulos distintos que um mesmo problema pode
ter, e onde são consultados autores com diferentes pontos de vista sobre um mesmo
assunto. Segundo Godoy (2000), esta forma de pesquisa possui caráter amplo e se propõe
a descrever o desenvolvimento de determinado assunto, sob o ponto de vista teórico ou
contextual, mediante análise e interpretação da produção cientifica existente. Essa síntese
de conhecimentos a partir da descrição de temas abrangentes favorece o reconhecimento
de lacunas de conhecimento para subsidiar a realização de novas pesquisas. Ademais, sua
operacionalização pode se dar de forma sistematizada com rigor metodológico.
Foi realizada desta forma uma análise e interpretação da literatura publicada em
livros e artigos científicos, que foram selecionados nas bases de dados do Sacie-lo,
PepSic, da plataforma Google acadêmico. Pesquisou-se doze artigos, divididos em três
categorias, entre elas: arte e saúde mental, Arteterapia e psicologia. Estas categorias
abordaram primeiramente o conceito de arte, a Arteterapia e sua prática

4 RESULTADO E DISCUSSÃO

A partir do levantamento bibliográfico realizado no presente estudo que contou


com quinze fontes. As informações levantadas foram comparadas, analisadas e, a partir
de então, construiu-se as observações e conclusões aqui apresentadas.
A análise das obras consultadas, foi possível observar o potencial psicoterapêutico
da utilização da arte. Os diversos materiais consultados ressaltaram que a abordagem
psicoterápica da arte, ou simplesmente Arteterapia, encontra aplicação para o tratamento
de diversas patologias, a partir de sua aplicação nas distintas abordagens que compõem o
conhecimento psicológico. A arte enquanto estratégia psicoterápica é um recurso que
pode ser utilizado por meio de diferentes métodos e ainda a partir de distintas abordagens
da psicologia. O estudo demonstrou que o paradigma estético, mecanismo propulsor do

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processo de criação artística, representa uma fonte de autoafirmação existencial, o que
torna a arte um espaço de construção e reconstrução essencial para o processo
psicoterápico. Neste sentido, a arte, através de suas diferentes expressões sejam teatrais,
musicais ou plásticas, tem a capacidade de eclodir no ser humano potenciais,
sentimentos e sensações até então não expressadas.
Durante a pesquisa, constatou-se o grande número de artigos que parecem
apresentar intervenções no campo da arte, mas que, na verdade, foram produzidos por
terapeutas da arte sem nenhuma formação específica no campo da psicologia, psiquiatria
ou profissionais da área da saúde mental sem nenhum conhecimento mais aprofundado
no campo das artes, restringiam a arte a uma intervenção terapêutica de uma única sessão,
o que não é considerado terapia.
Observa-se que a Arte é um valioso recurso no cenário do processo terapêutico
produzindo vários benefícios aos pacientes com portadores de transtornos mentais como
a humanização de seus tratamentos. Com isso, vê-se a importância de pesquisas como
estas são muito importantes para e melhoria em todos os campos da saúde, principalmente
a mental, é objetivo também desta pesquisa, difundir a importância da arte no tratamento
terapêutico bem como incentivar a pesquisa neste campo, que ainda se encontra pouco
explorada. Espera-se com isso os futuros psicólogos possam ver a Arte como um valioso
recurso em seu fazer terapêutico.
Apesar das poucas pesquisas abordadas aqui neste artigo, pôde-se observar que a
utilização da arte no processo terapêutico é um caminho sem volta e agora isso ficou
muito evidente no período pandêmico que passamos.
Com o isolamento social causado pelo novo Corona vírus, muitas pessoas
começaram buscar na arte uma forma de superação do momento. Isto se deu basicamente
de três formas: na produção de Arte em casa pintando, desenhando, cantando, dançando,
etc. Outra forma foi de apreciar arte principalmente através da internet, que se tornou a
principal ferramenta de diálogo e entretenimento, assistindo filmes, séries, transmissões
de orquestras, apresentações musicais ou mesmo releituras de clássicos da música
especialmente para o ambiente virtual, etc. E por fim consumindo produções artísticas.
Observou-se pois, que muitas pessoas neste período despertaram talentos latentes até
então desconhecidos de si. Muitos artistas surgiram e com obras que refletem o momento
pandêmico em que conviveram. Até um museu dedicado ao Corona vírus, com um acervo
de obras virtuais sobre a pandemia, foi criado. Pode-se pois concluir que, a arte esteve tão

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envolvida com o estado mental das pessoas na pandemia, que muitos terapeutas buscam
dar continuidade a este habito do fazer e apreciar artístico.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo permitiu-se verificar que como a utilização da arte no processo


terapêutico constitui-se como um recurso muito valioso, já que uma vez que possibilita
enfrentar bloqueios emocionais e favorecer o autoconhecimento e a expressão da
individualidade. É, portanto, um mecanismo de transformação e reequilíbrio psíquico do
sujeito que deve, sempre que possível, ser utilizado enquanto estratégia de atuação do
psicólogo.
Hoje já é possível verificar que, mesmo com pouca divulgação, a utilização de
atividades artísticas vêm crescendo entre psicólogos e derrubando barreiras do
preconceito que ainda existe. Há muito ainda a ser feito, porém uma porta já se abriu para
as transformações das tradicionais formas de tratamento na área da psicologia. É um
caminho sem volta, e isso ficou muito evidente durante a pandemia, onde mesmo distante
dos consultórios, milhares de pessoas buscaram algum recurso artístico pra amenizar seus
sofrimentos mentais. Foi desta foram, través de experiências criativas na arte que do
muitos se sentiram acolhidos.
Como podemos observar a Arteterapia é um instrumento valioso no cuidado a
saúde mental contendo diversos recursos artísticos em diferentes aplicações e formas de
abordagens. Constitui-se uma ferramenta de transformação subjetiva que deve ser
explorada e difundida na atuação do psicólogo para favorecer a humanização, a
socialização e qualidade de vida.
Como foi observado no resultado das pesquisas que boa parte dos psicólogos
desconhecem o poder terapêutico da arte por falta de um aprofundamento teórico ,
apresento aqui a sugestão de se implantarem nos cursos de graduação de psicólogos
disciplinas que possam abordar o conhecimento das artes como um poderoso instrumento
terapêutico, pois como foi visto a arte pode não só fazer com que o psicólogo aprofunde-
se mais no subconsciente do paciente como obter uma melhora mais significativa e rápida.

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