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Sumário
Introdução ........................................................................................................ 3
O Arteterapeuta ............................................................................................. 10
REFERÊNCIAS ............................................................................................. 23
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FACUMINAS
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Fundamentos da Arteterapia
Introdução
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consequência a instituição que faz da arte uma metáfora, um lugar social onde o
individuo age “como se” fosse artista (2009, p. 17).
Porém, independente dos princípios que geram a definição do que vem a ser
a Arteterapia, em algum momento esses conceitos se encontram, quando avaliamos
e concluímos que “a finalidade da Arteterapia consiste em possibilitar a emergência
de uma imagem criada, a partir da utilização de materiais plásticos, que cedem sua
flexibilidade e maleabilidade a quem os utiliza, para expressar seus conteúdos
íntimos” (URRUTIGARAY, 2011, p. 27).
História da Arteterapia
O uso da arte como pratica terapêutica vem sendo realizada desde meados do
século XIX, quando psicólogos e psiquiatras, cada um a seu tempo, desenvolveram
pesquisas relacionadas a analises de pinturas e outros tipos de expressões artísticas
de pacientes, classificando-as de acordo com as patologias que os pacientes
apresentavam. Sendo assim, podemos ressaltar que a história da Arteterapia está
intimamente ligada a História da Arte, da Psicanálise e da Psiquiatria.
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pulsão criadora, uma necessidade de expressão instintiva, sobrevive à desintegração
da personalidade.
Além disso, a arteterapia conta ainda com pesquisas realizadas por Sigmund
Freud que considerava a arte como fruto de um processo de sublimação de desejos
sexuais, impulsos instintivos que, não poderiam ser satisfeitos na realidade, tornando
a arte, uma forma, não neurótica, de satisfação substitutiva. Segundo Otília
Rosângela silva de Souza, À luz da teoria psicanalítica nascente, no início do século
XX Freud se interessou pela arte e postulou que o inconsciente se manifesta através
de imagens, que transmitem significados mais diretamente do que as palavras.
Observou que o artista pode simbolizar concretamente o inconsciente na produção
artística, retratando conteúdos do psiquismo que, para ele, é uma forma de catarse.
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• Margaret Naumburg - 1941; Primeira a sistematizar a Arteterapia,
denomina seu trabalho de Arteterapia de Orientação Dinâmica.
• Florence Cane – Pioneira no trabalho da Arte- Educação.
• Hanna Yara Kiatkwaka – 1953; Trabalha com e famílias em Arteterapia.
• Edith Kramer – 1958; “O arteterapeuta deve possuir as atitudes
próprias do artista, do professor e do psicoterapeuta”.
• Janie Rhyne – 1973; aplica a teoria da Gestalt ao trabalho com arte.
• Natalie Rogers – 1974; Carl Rogers; Conexão Criativa.
A prática da Arteterapia, nomeada desta maneira, tem como grande precursora
em território norte-americano a psicóloga de orientação psicanalítica Margaret
Naumburg. Sua atuação foi intitulada de Artepsicoterapia e propunha a liberação de
expressão espontânea e incentivo à associação livre por parte do paciente. Sua irmã,
Florance Cane, era arte-educadora e desenvolveu uma prática no campo da
Arteterapia, denominada de Arte como terapia, que se apresentava como uma
estratégia de ensino da Arte a partir das funções movimento, pensamento e
sentimento.
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No Reino Unido, segundo Hogan (2001), tem-se uma diferenciação da
Arteterapia em três correntes. Na “analytic art therapy”, tem-se uma prática baseada
nas teorias psicanalíticas, com especial atenção à relação transferencial e,
consequentemente, à interpretação do encontro terapêutico. Na “art psychotherapy”,
dá-se ênfase na importância da análise verbal do material produzido nas sessões,
com situações em que a produção se torna algo adicional à psicoterapia verbal. Já na
“art therapy”, foca-se as produções sem considerar a análise verbal como algo
necessário no contexto arteterapêutico.
Arteterapia no Brasil
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alienados”, trabalho conclusão do curso de Medicina. O segundo nome foi de Osório
Cesar, que atuou no Hospital Psiquiátrico Juqueri, com compreensão a partir da
Psicanálise e interlocução com Sigmund Freud (Andriolo, 2003). É relatada a
existência, desde 1927, de setores de bordados e outros tipos de artesanato nos
pavilhões e colônias do hospital, além de haver a possibilidade de realizar pintura com
aquarela, modelagem em barro, dentre outras que necessitavam de ambiente,
material e técnica no citado hospital. Em 1943 é iniciada oficialmente a Oficina de
Pintura, enquanto que em 1949 tem-se a fundação da Escola Livre de Artes Plásticas
(Ferraz, 1998). Por fim, tem-se o trabalho de Nise da Silveira que fundou a Seção de
Terapêutica Ocupacional, em 1946 no Centro Psiquiátrico Engenho de Dentro. Esta
psiquiatra tinha sua compreensão baseada na Psicologia Analítica, com trocar com
Carl G. Jung.
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Segundo Maciel e Carneiro, referente ao trabalho de Nise da Silveira, ressaltam que
grande importância era dada tanto ao processo criativo quanto ao simbolismo das
produções, mas sua atenção dirigia-se especialmente aos efeitos das obras sobre os
doentes (idem). Posteriormente, Nise escreveu um livro sobre imagens do
inconsciente e criou o Museu de Imagens do Inconsciente. Na década de 1960
começam a surgir os primeiros cursos de formação em Arteterapia.
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• estabelecer vínculos e parcerias com associações congêneres em
outros países;
• Tem também por finalidade mais ampla e geral:
• defender em âmbito nacional a identidade e interesses dos
arteterapeutas que a integram;
• propiciar o intercâmbio sobre a teoria e prática da Arteterapia entre os
diferentes estados brasileiros;
• auxiliar a organização de eventos de Arteterapia em nível regional,
nacional e internacional;
• organizar e difundir um banco de dados de publicações sobre
Arteterapia no Brasil, assim como informações sobre o campo a todos os
interessados;
• colaborar e fomentar o intercâmbio de projetos, publicações e pesquisas
com entidades congêneres representativas da Arteterapia em outros países.
Atualmente a Arteterapia no Brasil encontra-se em processo de expansão.
Segundo consta no site da UBAAT, “A Arteterapia, bem como a bibliografia específica
da área, tem crescido consideravelmente no Brasil nas últimas décadas. Já foram
realizados vários congressos nacionais que reuniram arteterapeutas de muitos
estados brasileiros, da Europa e EUA, onde é bastante difundida.”.
O Arteterapeuta
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Urrutigaray (p. 33) nos coloca que o papel do Arteterapeuta é o de estimular o
sujeito a criar ate a finalização de sua obra, observando neste percurso suas
atividades, reações e expressões orais, durante a execução do trabalho. Ou seja, o
profissional desempenha a função mediador do processo terapêutico, usando de
forma sintonizada as técnicas que serão escolhidas, o tipo material que será usado,
buscando fazer uma reflexão sobre o alcance de cada tipo de material e técnica de
acordo com os objetivos a serem atingidos.
O campo de atuação, como nos coloca Carneio (p. 41) abrange tratamentos,
avaliações, pesquisas e consultoria a profissionais de áreas afins, podendo atuar
individualmente ou em grupos nas distintas organizações das áreas de saúde,
Educação, Comunidade, empresas e em Ateliê Terapêutico particular. Tal
abrangência de atuação do Arteterapeuta exige do mesmo estudo constante de forma
a estar cada vez mais habilitado para exercer tal tarefa.
Para uma prática ser nomeada como Arteterapia, é então necessário que
esteja presente no contexto arteterapêutico o seguinte triângulo (Carvalho, 2006),
composto pelo processo expressivo ou pela produção, pelo indivíduo que participa do
processo e pelo arteterapeuta.
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Reil foi um contemporâneo de Pinel, que construiu no início do século XIX um
protocolo terapêutico almejando a cura psiquiátrica. Este era composto de três
estágios, que incluíam:
Por meio destes estágios buscava-se que o interesse do indivíduo pelo mundo
externo fosse despertado e que houvesse maior ligação entre este e meio que o
circunda. Compreendia-se que a expressão obtida nos desenhos, sons, texto,
movimentos se organizavam como uma forma de comunicação dos conteúdos
internos (Caterina, 2005).
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A ética em arteterapia
Sendo a arteterapia uma área de estudos ainda muito nova, novos também
são os questionamentos que se originam como fundantes de um compromisso com
uma ética profissional que assegure a qualidade dos serviços prestados.
CAPÍTULO II RESPONSABILIDADES
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SESSÃO I - PARA COM O CLIENTE:
[...]
Judith Rubin (1984), uma importante arteterapeuta americana, elenca três itens
fundamentais a se pensar, que são: o que o arteterapeuta precisa saber em que
precisa acreditar e quem precisa ser. Sobre o primeiro item, discorre sobre a
arteterapia como disciplina híbrida e, por isso, complexa, o que se aproxima
sobremaneira do paradigma atual, voltado à complexidade. Elenca similaridades
superficiais como a recreação e terapia ocupacional, e similaridades profundas como
a arte e terapias criativas (música, movimento, dança, poesia, fototerapia). Entende
que o diferencial da arteterapia está na criação, enquanto outros profissionais utilizam
a arte somente como ferramenta adjunta.
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Já no que se refere ao quem o arteterapeuta precisa ser, discorre sobre a
qualidade de um pensamento criativo que abarca as seguintes características:
fluência, flexibilidade, originalidade, habilidade para lidar com riscos e tolerar
ambiguidade. Também declara que é de fundamental importância que tenha
exercitado o processo criativo antes de o fazer com o outro, pois agindo assim terá
se conhecido melhor e estará apto a perceber as limitações do processo criativo
daqueles com quem vier a trabalhar.
[...]
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CAPÍTULO V
MEDIDAS DISCIPLINARES
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As imagens postas em jogo no cotidiano instauram a necessidade de
interpretação, isso porque são formas criadas a partir de certa cultura, dentro de uma
ideologia, ou seja, não são neutras.
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• Elementos da visualidade: ponto, linha, forma, espaço, volume, textura,
cor observando a relação entre eles e dando uma especial atenção à composição,
ritmo, variação, contrastes, harmonia, tensão.
• Estilo: figurativo, não figurativo, abstrato, naturalista.
• Técnica: desenho, pintura, escultura, gravura, grafite, instalação,
fotografia.
• Artista: informações sobre suas principais obras, traços de
personalidade, curiosidades.
• Período: pré-histórico, antigo, medieval, moderno ou contemporâneo.
A arte é uma ponte que nos leva a conhecer e expressar os sentimentos, e a
forma de nossa consciência apreendê-los é por meio da experiência estética. Na arte,
busca-se concretizar os sentimentos numa forma, que a consciência capta de
maneira mais global e abrangente do que no pensamento rotineiro (DUARTE JR,
2000).
A imaginação é o que diferencia o homem de qualquer outro ser vivo, por meio
dela é possível transcender ao imediatismo das coisas e projetar o que ainda não
existe. Certamente somos movidos pela possibilidade do “vir a ser”, é a dimensão da
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utopia, a capacidade de projetar algo novo sobre as antigas estruturas tanto internas
como externas.
A arte é muito mais que um simples passatempo, busca-se por meio das
diferentes expressões artísticas desenvolver uma consciência estética, ou seja, uma
atitude harmoniosa e equilibrada perante o mundo, em que os sentimentos, a razão
e a imaginação se integram.
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cada homem e mulher, coparticipantes na árdua tarefa de reconstruir os caminhos da
própria sensibilidade, emoção e intuição” (SANTOS, 2006).
Isso quer dizer que a vida animal é, em grande medida, uma repetição do
padrão básico vivido por sua espécie. Já o ser humano tem, individualmente e como
espécie, a capacidade de romper com boa parte do seu passado, questionar o
presente e criar a novidade futura. E a arte é prova disso, ou melhor, a arte pode
servir como instrumento de interpretação deste universo cultural humano que o
distingue dos outros seres vivos na face da terra.
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Não é preciso negar totalmente a validade de cada uma dessas concepções
para reconhecer na atividade artística outra característica importante: o fato de que a
arte é um fenômeno social. Isso significa que é praticamente impossível situar uma
obra de arte sem estabelecer um vínculo entre ela e determinada sociedade
(MAGALHÃES, 2008).
A arte é um fenômeno social, pois o artista é um ser social. Como ser social, o
artista reflete na obra de arte sua maneira própria de sentir o mundo em que vive, as
alegrias e as angústias, os problemas e as esperanças de seu momento histórico.
Tais mudanças na arte refletem as transformações que se processam na realidade
social. A arte evidencia sempre o momento histórico do homem, cada época, com
suas características, contando o seu momento de vida faz um percurso próprio na
representação, como questão de sobrevivência (SANTOS, 2006).
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A obra de arte é percebida socialmente pelo público – por mais íntima e
subjetiva que seja a experiência do artista deixada em sua obra, esta será sempre
percebida de alguma maneira pelas pessoas. A obra de arte será, então, um elemento
social de comunicação da mensagem de seu criador. No que diz respeito ao artista,
as relações de sua arte com a sociedade podem ser de paz e harmonia, de fuga e
ilusão, de protestos e revolta. Quanto à sociedade – considerando principalmente os
órgãos do Estado, seu relacionamento com determinada arte pode ser de ajuda e
incentivo ou de censura e limitação à atividade criadora (MAGALHÃES, 2008).
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REFERÊNCIAS
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