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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES


Wi
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

ARTETERAPIA: REVOLUÇÃO NA PSIQUIATRIA

Denise Giagio

ORIENTADORA:

Profª. Fabiane Muniz

Rio de Janeiro
2010
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES


INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

ARTETERAPIA: REVOLUÇÃO NA PSIQUIATRIA

Denise Giagio

Apresentação de monografia ao Conjunto Universitário


Candido Mendes como condição prévia para a
conclusão do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em
Arteterapia em Educação e Saúde.

Rio de Janeiro
2010
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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos os professores do curso que


passaram e eficientes.
A toda a minha família e especialmente aos meus
pais. Aos amigos que colaboraram e acreditaram
toda a sua experiência e conteúdos de forma
carinhosa para que possamos ser professores ou
arteterapeutas criativos em mim e a Deus, que
me deu condições de chegar onde estou e
concluir mais esta etapa preciosa em minha vida.
4

DEDICATÓRIA

Dedico a toda minha família, pelo apoio e carinho


no período do meu curso e desenvolvimento
deste trabalho monográfico.
5

RESUMO

Esta pesquisa busca a relação entre a promoção da saúde mental


com o processo arteterapêutico, justificando a importância da arteterapia
através das variadas expressões artísticas tanto através da Psicanálise, da
Psicologia Analítica, quanto da Gestalt como forma do indivíduo expressar-se
criativamente, concretizando os conteúdos do inconsciente. Apresentam,
citações de experiências utilizadas no hospital psiquiátrico, por Nise da Silveira
como também experiências desenvolvidas por Jung, pela Gestalt e por
Winnicott que mesmo nos dias de hoje, ainda se utiliza estas técnicas
trabalhando-se de maneira eficaz.

Palavras-chave: inconsciente – desenho - expressão verbal - arteterapia.


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METODOLOGIA

Tendo como base de apoio estudo através de livros de autores


conceituados, respeitando a opinião do autor e acrescentando observações
quando necessárias.

O presente trabalho teve seu processo de produção baseado em


pesquisa bibliográfica e materiais adquiridos através da internet. Também foi
desenvolvido a partir da análise de diversos autores como Nise da Silveira, Carl
Gustav Jung, Maria Cristina Urrutigaray, Donald W. Winnicott que investigaram
o uso da arteterapia através do processo terapêutico.
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

A Psiquiatria no Brasil: o ontem e o hoje 10

CAPÍTULO II

Arteterapia: origem. O que é? Como? Por quê? 20

CAPÍTULO III

A prática da Arteterapia na educação, na clínica, no hospital e na


empresa 27

CONCLUSÃO 31

BIBLIOGRAFIA 32

WEBGRAFIA 32

ÍNDICE 33
8

INTRODUÇÃO

Este trabalho monográfico tem por objetivo demonstrar a importância


da contribuição da Reforma Psiquiátrica de Nise da Silveira, da psicologia
Analítica através de Jung , da técnica utilizada por Winnicott no tratamento com
crianças e adolescentes, e as variadas técnicas utilizadas através da
expressão artística no processo arteterapêutico.

A utilização de técnicas baseadas nas teorias de diferentes autores


e centrada na herança psicanalítica dentro dos conhecimentos da Psicologia
Analítica e da Gestalt, mostraram seu valor na funcionalidade. A utilização de
técnicas utilizando diferentes expressões artísticas. Expressões estas utilizadas
desde a época dos primórdios, as tornam especiais e simples ao mesmo
tempo.

O inconsciente coletivo tem uma representação arquetípica, nos


remota a toda herança cultural das diferentes civilizações nas diferentes
épocas existentes.

Baseando-se nessa relação do homem com a civilização é que


buscaremos fazer uma relação entre o sujeito e a Arteterapia.

A Arteterapia é um processo terapêutico que utiliza várias formas de


expressão artística permitindo ao indivíduo demonstrar através de símbolos
suas diferentes emoções, angústias e conflitos. A arteterapia tem por objetivo
a promoção, a prevenção e a expansão da saúde mental. A arteterapia auxilia
no resgate ampliação e fortalecimento dos potenciais criativos, através de
formas de expressão diversas, facilitando o autoconhecimento e através do
conhecimento de si mesmo, o sujeito possa a se relacionar melhor consigo,
com o próximo e com o mundo.

No capítulo I, A Psiquiatria no Brasil: o ontem e hoje, será feito um


apanhado histórico de como a arte se configurou em um processo terapêutico.
9

No capítulo II, Arteterapia: origem, o que é,como e por quê, serão


demonstradas as contribuições dos diversos teóricos dentro da Psicologia, de
que forma e quais os materiais utilizados no processo terapêutico.

No capítulo III, A prática da Arteterapia na: educação, clínica no


hospital e na empresa abordará as diferentes práticas em cada área através
das expressões artísticas.

Com isso, acredito que a Arteterapia facilita o autoconhecimento,


encontro do indivíduo com o seu eu interior, com tudo que norteia o
inconsciente, possibilitando assim o auto-conhecimento e levando-o a
solucionar tudo que lhe ameaça e causa conflitos.
10

CAPÍTULO I
A PSIQUIATRIA NO BRASIL: O ONTEM E O HOJE

1.1. Antes de Nise

Para compreendermos a organização histórica do conceito de


doença mental, não poderíamos deixar de citar a contribuição valiosa do
filósofo francês Michel Foucault. Nasceu em 15 de outubro de 1926 na cidade
de Poitiers e morreu em 25 de Junho de 1984, em Paris. A base de sua
pesquisa deu-se em documentos encontrados em hospícios, prisões e
hospitais. O autor deu início ao seu trabalho pelo Renascimento (séc. XVI,
período no qual o indivíduo louco vivia solto, era expulso das cidades e
entregue aos navegantes e peregrinos). O louco era visto como um indivíduo
que possuía um saber "esotérico" sobre o mundo e os homens, um saber
"cósmico" que revelava verdades secretas Nessa época, a loucura significava
descumprimento de regras morais e de conduta. No renascimento e na Idade
Média, raramente aconteciam internações de loucos em hospitais e, quando
isso ocorria, recebiam o mesmo tratamento que os demais doentes, com
purgações, sangrias, ventosas e banhos.

Na Época Clássica (séculos XVII e XVIII), ainda não se definia a


loucura por critérios médicos, não dependia de uma ciência médica a
nomeação de louco. Esta nomeação era concedida através da percepção que
instituições como igreja, a família e a justiça tinham a respeito do indivíduo. Os
critérios utilizados referiam-se à transgressão da moralidade e da lei.

Em 1656 (final do Século XVII), foi criado o Hospital Geral, em Paris.


Neste hospital iniciou-se uma intensa internação. A grande população
internada era variada, heterogênea, e podendo ser agrupada em quatro
categorias: os feiticeiros (profanadores), os devassos (doentes venéreos), os
libertinos e os loucos.
11

O Hospital Geral era uma instituição assistencial e não médica. O


tratamento não acontecia. Os loucos não eram considerados doentes e, por
isso, faziam parte do grupo que incluía todos os segregados da sociedade. O
critério de exclusão era baseado na inadequação do louco à vida social.

Neste período, havia uma busca em construir um conhecimento


médico a respeito da loucura, porém, a medicina da época, que se baseava no
modelo da história natural e o seu método classificatório (a descrição e a
taxionomia, classificação, da estrutura visível das plantas e animais, que eram
feitas com a finalidade de estabelecer semelhanças e diferenças) não
conseguia compreender a complexidade de manifestações da loucura.

Na segunda metade do século XVIII e início do XIX já estaríamos na


modernidade. Surgiu então o modelo asilar, a primeira instituição para reclusão
dos loucos. Na época, considerava-se injusta a convivência dos presos com os
loucos.

No asilo os métodos terapêuticos utilizados eram: o medo, a culpa, a


religião, o trabalho, a vigilância, o julgamento. O papel de autoridade máxima
era dado ao médico. A Psiquiatria tinha um papel moral e social; isto é, sua
função estava voltada para a normatização do louco, capaz de se recuperar.

Surge, então, a medicalização. A cura da doença mental, o novo


estatuto da loucura. Cura esta que se daria através de uma liberdade no
isolamento e vigiada. Surge então, o caminho para a psiquiatria.

A construção do modelo médico baseou-se na influência de


Descartes, no século XVII, no que se refere ao conceito das relações corpo-
psique, na medicina científica.

O corpo estaria comparado a uma máquina e as doenças seriam o


resultado do mau funcionamento dos mecanismos que compõem esta
12

máquina. O médico teria, a função de consertar, por meios físicos ou químicos,


os enguiços da máquina.

A razão, hierarquicamente falando, estaria acima, funcionando


independentemente do corpo e dirigindo emoções e sentimentos. Assim o
médico pouco teria que se preocupar com esses fenômenos.

A Psiquiatria Clássica compara os sintomas a um distúrbio orgânico.


Logo, doença mental é igual à doença cerebral. Nessa abordagem, a doença
mental é uma doença orgânica, e será tratada com medicamentos e produtos
químicos. Devemos lembrar que ao lado da medicação são usados os
eletrochoques, os choques insulínicos, o internamento psiquiátrico, para que os
medicamentos sejam controlados de forma intensiva.

Ao observarmos a periodização histórica para a compreensão da


doença mental, iremos verificar coerência nas pesquisas de Foucault, pois o
"poder" sempre existiu na construção de uma sociedade, nas instituições, nos
grupos.

Quando o poder é atribuído à ciência e aos profissionais torna-se um


pouco polêmico, pois através de um diagnóstico fornecido por um especialista
o destino do indivíduo pode ser taxado, quanto à questão da "normalidade".

Em sua obra Soberania e Disciplina, Foucault descreve a respeito do


poder quando afirma que:

“práticas reais e efetivas; estudar o poder em sua face


externa, onde ele se relaciona direta e imediatamente
com aquilo que podemos chamar provisoriamente de seu
objeto (...) onde ele se implanta e produz efeitos reais (...)
como funcionam as coisas ao nível do processo de
sujeição ou dos processos contínuos e interruptos que
sujeitam corpos, dirigem gestos, regem os
comportamentos” (FOUCAULT, 1979, p.182).
13

Assim, compreendemos os aspectos que envolvem o doente mental,


aquele que possui um sofrimento psíquico, pois muitas vezes tranca-se o
indivíduo no hospital psiquiátrico e retira-se a legitimidade de seu discurso
quando este contesta a ordem, transformando-0 em louco.

1.2. Depois da Nise

Nise da Silveira, renomada médica psiquiatra, nasceu em 15 de


fevereiro de 1906 em Maceió e morreu em 30 de outubro de 1999, aos
93 anos, no Rio de Janeiro. Dedicou sua vida à psiquiatria e manifestou-se
radicalmente contrária às formas agressivas de tratamento que os pacientes
recebiam na época, tais como: confinamento em hospitais psiquiátricos,
eletrochoque, insulinoterapia e lobotomia. O eletrochoque, que ainda hoje é
utilizado, surgiu em 1928, pelo psiquiatra Ugo Cerletti. Em suas pesquisas,
verificou a incompatibilidade entre a esquizofrenia e a epilepsia.

Através da investigação com animais, ao visitar um matadouro de


porcos em Roma, verificou que os porcos submetidos a choques elétricos
antes de serem abatidos apresentavam crises convulsivas. Concluiu que
poderia também provocar no homem, sem matá-lo, uma convulsão por corrente
transcerebral.

Outro tratamento muito recomendado dentro do modelo médico, foi o


choque hiploglicêmico ou coma insulínico (método de Sakel), que exigiria de
trinta a quarenta horas de coma, para ter eficácia. As pessoas submetidas a
esses tratamentos, eletrochoque e coma insulínico, apresentam profunda
regressão fisiológica, ficando com suas funções psíquicas superiores apagadas
com perda de memória. “Lamentavelmente, recrudesce uma onda de
tratamentos ainda ligados a métodos que já pareciam superados” (SILVEIRA,
1992, p.12).
14

A Lobotomia surgiu na terapêutica psiquiátrica em 1936, outra


conquista do modelo médico. Criada por Egas Moniz, a operação cirúrgica no
lobo frontal, tinha por objetivo aliviar os sintomas mentais, isto é, curar
pacientes que apresentavam idéias fixas e comportamentos repetitivos.

Embora no decorrer dos anos a técnica da lobotomia reduziu sua


área de ação e tenha se sofisticado (lobotomia trasorbital, leucotomia,
cingulotomia, topectomia etc.), mesmo assim a substância cerebral é atingida
de maneira irreversível. "Todas essas técnicas constituem, portanto um
atentado à integridade do homem em seu órgão mais nobre” (SILVEIRA, 1992,
p.12).

Os tratamentos citados perderam seus prestígios com o surgimento


da quimioterapia no início da década de 50. O cirurgião Laborit descobriu uma
substância, chorpromazina, que foi comercializada em larga escala.

Outras pesquisas de caráter químico foram realizadas, surgindo


várias drogas. Nise da Silveira dedicou parte de seu tempo a observar doentes
submetidos a neurolépticos e como se sentiam após o uso dessas
drogas,afirmando que:

”Verificamos nos doentes submetidos aneurolépticos, nos


diferentes setores de atividade da seção de Terapêutica
Ocupacional e Reabilitação (STOR),redução ou perda
total da capacidade criativa,como se pode verificarem
documentos existentes nos nossos arquivos."
(SILVEIRA,1992, p.13).

A crise da Psiquiatria revelou a inadequação do hospital psiquiátrico


e seus métodos terapêuticos, questionando-se também o lucro farmacêutico e
institucional proporcionado pelo indivíduo internado e re-internado.

Várias tentativas de mutação na psiquiatria ocorreram, como as


comunidades terapêuticas, melhorando o clima hospitalar sem atingir sua
15

estrutura e os hospitais-dia. Estes tiveram como objetivo quebrar parcialmente


o regime carcerário.

As tentativas e mutações foram realizadas com o princípio de abolir


totalmente os métodos agressivos, o regime carcerário, enfim, o confinamento
e visando a mudança de atitude frente ao indivíduo, deixando de ser "paciente"
para adquirir condição de pessoa respeitada.

Outra experiência de mutação, na década de 60, aconteceu com


Laing, Cooper e Esterson na Inglaterra. As bases teóricas foram estabelecidas
por Lain, propondo realmente uma mudança com embasamento psicológico e
social. Uma proposta na qual a pessoa é vista em sua totalidade. Embora
importante, a experiência de Laing durou apenas até 1970. O mais forte
empreendimento de mutação na área da Psiquiatria deu-se na Itália por Franco
Basaglia, com a negação da instituição psiquiátrica. A sua proposta atrai a
maioria dos espíritos renovadores da área.

Em oposição às abordagens tradicionais da doença mental surge a


anti-psiquiatria, como uma negação radical da Psiquiatria Clássica ou
tradicional. Anti-psiquiatria, de forma mais radical, e a Psiquiatria Social,
denunciaram a manipulação do saber científico, a desumanização no
tratamento com os loucos e o confinamento deles.

A Psiquiatria Social ou a Psiquiatria alternativa, embora questionem


as abordagens clássicas, tradicionais, da doença mental, não negam a
existência da doença. Afirma Basaglia:

“Eu penso que a loucura, como todas as doenças, são


expressões das contradições do nosso corpo, e dizendo
corpo,digo corpo orgânico e social. É nesse sentido que
direi que a doença, sendo uma contradição que se verifica
no ambiente social, não é um produto apenas da
sociedade, mas uma interação dos níveis nos quais nos
compomos: biológico, sociológico, psicológico”
(BASAGLIA, p.79).
16

Nise da Silveira, de 1936 a 1944, foi afastada do serviço público por


razões políticas. Ainda em 1944 é reintegrada ao serviço público e inicia seu
trabalho no Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, no Engenho de Dentro, no
Rio de Janeiro, onde retorna sua luta contra as técnicas psiquiátricas que
considera agressivas aos pacientes. Por discordar com os métodos adotados
nas enfermarias, recusando-se a aplicar eletrochoques em pacientes, Nise da
Silveira é transferida para o trabalho com terapia ocupacional, atividade então
menosprezada pelos médicos. Continua o forte desejo de alcançar a
verdadeira mudança no regime das instituições psiquiátricas, funda então a
Seção de Terapêutica Ocupacional no Centro Psiquiátrico de Engenho de
Dentro.
No lugar das tradicionais tarefas de limpeza e manutenção que
os pacientes exerciam sob o título de terapia ocupacional, ela cria ateliês de
pintura e modelagem com a intenção de possibilitar aos doentes relatar seus
vínculos com a realidade através da expressão simbólica e da criatividade,
revolucionando a psiquiatria então praticada no país.

Nise da Silveira (1992) relata:

"A experiência em Engenho de Dentro demonstra a


validez da terapêutica ocupacional tanto no campo da
pesquisa do processo psicótico quanto na prática do
tratamento. Foram feitas pesquisas no campo da
psiquiatria clínica: experiência de solicitação motora por
meio da música em catatônicos; relação afetiva entre
esquizofrênicos e o animal; capacidade de aprendizagem
do esquizofrênico crônico. E pesquisas no campo da
expressão plástica: lobotomia e atividade criadora; a
estruturação do espaço; efeitos da música através da
pintura; inter-relação entre vivências individuais e imagens
arquetípicas etc." (SILVEIRA,1992, p.16)

Em 1952, ela funda o Museu de Imagens do Inconsciente, no Rio de


Janeiro, um centro de estudo e pesquisa destinado à preservação dos
trabalhos produzidos nos estúdios de modelagem e pintura que criou na
instituição, valorizando-os como documentos que abrem novas possibilidades
para uma compreensão mais profunda do universo interior do esquizofrênico.
17

O método de trabalho adotado por Nise da Silveira, no Museu do


Inconsciente, consiste no estudo de séries de imagens que possibilitem o
acompanhamento dos processos intrapsiquiátricos.

A terapêutica é o estabelecimento de conexões entre as imagens


que são colocadas para fora do inconsciente e a situação emocional vivida pelo
indivíduo. O objetivo é a reabilitação do indivíduo, recuperando-o para a
comunidade, melhor do que antes se encontrava.

Silveira (1992, p.19) comprovou que durante o tratamento o


indivíduo descobriu, nas atividades expressivas e criadoras, a possibilidade de
novas perspectivas de aceitação social através da expressão artística e
também um meio pelo qual poderá manter seu equilíbrio psíquico.

Em 1956, Nise da Silveira criou a Casa das Palmeiras, uma clínica


voltada à reabilitação de antigos pacientes de instituições psiquiátricas. Neste
local podem expressar sua criatividade diariamente, sendo tratados como
pacientes externos, entre a rotina hospitalar e reintegração à vida em
sociedade.

Nise incorporou os animais como co-terapeutas em seu trabalho ao


perceber que a responsabilidade de cuida de um animal e o desenvolvimento
de laços afetivos, contribuem pra reabilitação de doentes mentais,

Ao observar as relações emocionais entre pacientes e animas,


percebeu que este contato seria de grande valia na eficácia do tratamento.
Esta possibilidade foi considerada ao observar como um paciente a quem
delegara os cuidados de uma cadela abandonada no hospital melhorou tendo a
responsabilidade de tratar deste animal. Nise da Silveira expõe parte deste
processo em seu livro Gatos, A Emoção de Lidar, publicado em 1998.
18

Nise foi pioneira da psicologia junguiana no Brasil, divulgando-a,


estudou, no "Instituto Carl Gustav Jung" em dois períodos: de 1957 a 1958; e
de 1961 a 1962.

Jung a estimulou a apresentar uma das obras de seus pacientes que


recebeu o nome "A Arte e a Esquizofrenia", ocupando cinco salas no II
Congresso Internacional de Psiquiatria", realizado em 1957, em Zurique.
Formou o "Grupo de Estudos Carl Jung", que presidiu até 1968. Publicou em
1968 o livro" Jung:Vida e obra". Sua pesquisa em terapia ocupacional e o
atendimento do processo psiquiátrico através das imagens do inconsciente
deram origem a diversas exibições, filmes, documentários, simpósios,
publicações,cursos e conferências.

O trabalho e idéias de Nise da Silveira inspiraram a criação de


museus, centros culturais e instituições terapêuticas similares às que criou em
diversos estados do Brasil e no exterior, por exemplo:

§ Museu Bispo do Rosário, da Colônia Juliano Moreira (Rio de


Janeiro);
§ Centro de Estudos Nise da Silveira (Juiz de Fora, Minas
Gerais);
§ Núcleo de Atividades Expressivas Nise da Silveira, do
Hospital Psiquiátrico São Pedro (Porto Alegre, Rio Grande do
Sul);
§ Associação de Convivência Estudo e Pesquisa Nise da
Silveira (Salvador, Bahia);
§ Centro de Estudos Imagens do Inconsciente, da Universidade
do Porto (Portugal);
§ Association Nise de Silveira - Imagens de L'Inconscient (Paris
- França);
§ Museo Attivo delle Forme Inconsapevoli (Genova, Itália);
19

§ Centro Psiquiátrico Nacional do Rio de Janeiro recebeu em


sua homenagem o nome de "Instituto Municipal Nise da
Silveira".

Nise da Silveira é o maior nome no Brasil quando se fala em


tratamento por meio da arte. Ela mostrou que a prática de atividades artísticas
pode promover saúde e uma vida digna aos pacientes.
20

CAPÍTULO II
ARTETERAPIA:
ORIGEM. O QUE É? COMO? POR QUE?

O recurso da arte aplicado à psicopatologia originou-se quando Carl


Jung passou a trabalhar com o fazer artístico, em forma de atividade criativa e
integradora da personalidade: "Arte é a expressão mais pura que há para a
demonstração do inconsciente de cada um. É a liberdade de expressão, é
sensibilidade, criatividade, é vida" (Jung, 1920).

A prática da Arteterapia pode ser baseada em diferentes referenciais


teóricos, como a Psicanálise, a Psicologia Analítica, a Gestalt-terapia, dentre
outras abordagens advindas especialmente do campo da Psicologia, que
é fundamental a compreensão do arteterapeuta acerca do ser humano. Desta
forma, os conceitos em Arteterapia diferenciam-se amplamente conforme a
abordagem seguida pelo profissional arteterapeuta.

Na prática arteterapêutica pautada na Psicologia Analítica, aponta-


se que para Jung, a arte tem finalidade criativa, e a energia psíquica, consegue
transforma-se em imagens e através dos símbolos, colocar seus conteúdos
mais internos e profundos. De acordo com o pensamento junguiano, deve-se
observar os sonhos, pois são criações inconscientes que o consciente muitas
vezes consegue captar, e junto ao terapeuta pode-se buscar sua significação.

No volume XI de Obras Completas de Freud, ele relata que


freqüentemente experimentamos os sonhos em imagens visuais, sentimentos e
pensamentos, sendo mais comum na primeira forma. E parte da dificuldade de
se estimar e explicar sonhos deve-se à dificuldade de traduzir essas em
palavras. Muitas vezes, quando as pessoas sonham, dizem que poderiam mais
facilmente desenhá-los que escrevê-los. De acordo com escritos freudianos, as
imagens escapam com mais facilidade do superego de que as palavras,
alojando-se no inconsciente e por este motivo o indivíduo se expressa melhor
21

de forma não verbal. A necessidade da comunicação simbólica origina-se deste


pressuposto, como forma de autoconhecimento no tratamento terapêutico.
Quanto a Arteterapia de Orientação Psicanalítica, um autor que traz
importantes contribuições teóricas a é Donald Woods Winnicot. Ele foi um
pediatra e posteriormente um psicanalista inglês que desenvolveu uma teoria
sobre o desenvolvimento emocional que dava grande importância para a
criatividade como um elemento atrelado à saúde, Além disto, instaurou o
recurso do grafismo nos atendimentos que realizava, denominando a técnica
criada como Jogo do Rabisco. O jogo de rabiscos é uma técnica desenvolvida
para entrevistar crianças que se mostrou muito eficaz nos casos de tendência
anti-social, dentre outras situações clínicas.

Wlle propunha à criança uma atividade como se fosse um jogo e


ambos interagiam por meio de desenhos. Cada um tinha lápis e folhas de
papel à disposição. O psicanalista fazia um rabisco qualquer na folha e sugeria
à criança fazer um desenho a daquele traço, ao terminar ela deveria pegar
outra folha e fazer um traço ou rabisco para que Winnicott completasse o
desenho. Isso sucedia durante todo o tempo da entrevista. Quando atendia
uma criança anti-social, à medida que os desenhos iam se sucedendo parecia
ocorrer uma intensificação do envolvimento delas nas situações mais
favoráveis, cujo clímax era uma catarse.

É o autor que dá grande importância para a relação estabelecida


entre paciente e terapeuta, mais do que para a verbalização de interpretações
dos possíveis conteúdos inconscientes que podem estar presentes nas
produções.

Diante da pressão do número elevado de crianças e adolescentes


que buscavam atendimento, Winnicot dedicou-se a estudar a fundo os meios
de utilizar o espaço terapêutico de forma mais produtiva, a fim de obter os
melhores resultados possíveis. Desenvolveu então o "jogo dos rabiscos" e a
"consulta terapêutica", sob o seguinte argumento: "Quando posso, faço a
análise standard, se não faço algo orientado analiticamente...e por que não?
22

Como explicou sua mulher Clare: "Ele se esforçava por tornar a consulta
significativa para a criança, dando-lhe alguma coisa para levar e que pudesse
ser utilizada e/ou destruída.

No campo da psicanálise, Winnicot manteve sempre uma posição


independente, principalmente durante as controvérsias na sociedade Britânica
de Psicanálise, em torno da análise de crianças, e nos anos que se seguiram,
sem se envolver diretamente com nenhum dos dois grupos em contenda: nem
com os partidários de Melaine Klein (1882-1960) nem com os seguidores de
Anna Freud (1895-1982). Pelo contrário, acabou por manter uma relação
satisfatória com ambas.

Reconhecido por seus pares, foi eleito por duas vezes presidente
da Sociedade Britânica de Psicanálise, associada da Associação Psicanalítica
Internacional, instituição criada por Sigmund Freud. Winnicott manteve sempre
uma "filiação" dentro da tradição freudiana, desde seus primeiros anos de
formação até o fim da vida. Sua idéias, sem dúvida criativas e inovadoras,
foram desenvolvimentos do pensamento psicanalítico freudiano, na linha
percorrida por Sándor Ferenczi (1873-1933), Michael Balint (1896-1970) , entre
outros.

A concepção de que o pensamento de Winnicott representou uma


ruptura com a psicanálise freudiana, antes de representar um reconhecimento
teórico e clínico do autor nos remete à conhecida e antiga resistência ao
conhecimento psicanalítico. O próprio Winnicot escreveu "Ninguém pode ser
original senão baseado na tradição”. Ele foi, fundamentalmente, um clínico,
nunca pretendendo ser um mestre, como Klein ou Jacques Lacan (1901-1981),
ou, ainda, um grande teórico. Para ele, a experiência e a clínica eram
soberanas, e não pretendia fazer "filosofia", advertindo, aliás, em O brincar e a
Realidade (1971), que tomássemos cuidado com os "filósofos de poltrona".
23

Segundo o psicanalista brasileiro Sérvulo Figueira, em texto de 1990


para o primeiro dos dois números da Revista Brasileira de Psicanálise dedicada
ao autor inglês:

"No caso de Winnicott ser um Englishman significa que


ele encarna em sua vida os valores básicos da cultura
inglesa na área de organização da subjetividade: o cultivo
da diferenciação individual e do lado positivo da
idiossincrasia, o cultivo da onde pendência do
pensamento, e de julgamento, o respeito pela opinião,
pela liberdade e pela autonomia do o outro, a valorização
da experiência e da observação, em suma, o cultivo da
diferenciação" (FIGUEIRA, 1990, Revista Brasileira de
Psicanálise).

Partindo do princípio de que muitas vezes não se consegue falar a


respeito de conflitos pessoais, a Arteterapia propõe recursos artísticos para que
sejam projetados e analisados todos esses processos, obtendo-se uma melhor
compreensão de si mesmo, e podendo ser trabalhado no intuito de uma
libertação emocional.

Através da Arteterapia o sujeito tem possibilidade de ampliar o


conhecimento a respeito de si mesmo e a respeito dos outros, aumentar a
auto-estima, lidar melhor com os sintomas, stress e experiências traumáticas,
desenvolver recursos físicos, cognitivos, emocionais.

As linguagens plásticas, poéticas e musicais, dentre outras, podem


ser mais adequadas à expressão e elaboração do que é apenas vislumbrado,
ou seja, esta complexidade implica na apreensão simultânea de vários
aspectos da realidade. Esta é a qualidade do que ocorre na intimidade
psíquica; um mundo de constantes percepções e sensações, pensamentos,
fantasias, sonho se visões, sem a ordenação moral da comunicação verbal do
cotidiano.

Uma obra de arte consegue, por si só, transmitir sentimentos como


alegria, desespero, angústia e felicidade, de maneira única e pessoal,
24

relacionadas ao estado espiritual em que se encontra o autor no momento da


criação.

A biografia de Van Gogh é uma referência importante para os


estudiosos interessados em compreender as possibilidades terapêuticas do
trabalho criativo frente às perturbações emocionais.

A arteterapia é um processo terapêutico que utiliza-se de recursos


expressivos a fim de conectar os mundos internos e externos do indivíduo,
através de simbologia.

Diversos autores definem os conceitos no que diz respeito à auto-


expressão. Arte livre associada ao processo terapêutico, transformando a
arteterapia em uma técnica especial.

A Arteterapia utiliza-se das diferentes modalidades expressivas


como: dança, música, teatro, literatura aliadas às artes plásticas possibilitando
a expressão, comunicação, o desenvolvimento e resgate do potencial criativo.

A utilização dos diferentes materiais plásticos aliados ás técnicas


de artes como desenho, modelagem, pintura, colagem, construção com
sucatas entre outras que permitiram a materialização de conteúdos simbólicos.

O sujeito, durante o processo terapêutico é levado a um trabalho de


construção no que diz respeito a criatividade no seu mundo interno e externo.

A arte é uma atividade milenar, ela é a expressão e o registro mais


antigo dos diferentes potencias humanos. Ao se expressar através e com a
arte, o homem faz por inteiro, seu corpo, sua percepção, sua intuição, sua
emoção estão presentes e atuantes deixando sua marca, fazendo-se conhecer.

O objetivo da arteterapia é resgatar, desenvolver e ampliar o


potencial criativo do sujeito, através do processo terapêutico tendo a arte como
25

fator essencial fundamental do seu existir. Busca a psique saudável e estimula


a autonomia e transformação interna para a reestruturação do ser. Propõe-se
então, a estruturação da ordenação lógica e temporal da linguagem verbal, de
indivíduos que preferem ou de outros que se conseguem expressões
simbólicas. A busca da terapia da arte é uma maneira simples e criativa para a
resolução de conflitos internos, é a possibilidade de catarse emocional de
forma direta e não intencional.

A arteterapia utiliza-se de conhecimentos das áreas da psicologia e


das artes plásticas. Sua prática, sua metodologia e fundamentação teórica
estão se estruturando em um saber próprio, com formação específica. Tem
hoje uma presença marcante nos estudos e utilização prática por
arteterapeutas de vários países.

Como já foi dito em parágrafos anteriores, a Arteterapia utiliza-se de


abordagens e intervenções da Psicologia Analítica, Junguiana, e também da
Gestalt. "A Arte de pintar exterior é bem diferente do que pintar de dentro para
fora” (Jung, 1985, p. 45).

O foco da Psicologia Analítica se dá em face do processo de


individuação, a busca da totalidade psíquica, que acontece através da
integração de conteúdos do inconsciente pelo consciente.

Para Jung a "individuação significa tornar-se um ser único, na


medida em que por ”individualidade" entendermos nossa singularidade" mais
íntima, última e incomparável, significando também que nos tornamos o nosso
próprio si-mesmo (verselbstung) ou o "realizar-se do si-mesmo" (Selbstver-
Wirklichung). A individuação é um movimento em direção da compreensão do
ser como um todo, na sua individualidade.

Para Jung: "o inconsciente consiste de processos naturais, que


ultrapassam a instância humanamente pessoal. Só nossa consciência é
"pessoal". (Jung, 1984, p.109).
26

A visão a respeito do consciente, inconsciente e inconsciente


coletivo (as camadas mais profundas do inconsciente com partes estruturais
comuns a todos os homens), foram temas trabalhados e utilizados por Jung.

A criatividade é um tema básico da psicologia analítica de Jung, para


ele..."a natureza nos servirá de guia e a função do médico será muito mais
desenvolver os germes criativos existentes dentro do paciente do que
propriamente tratá-los." (Jung, 1985, p.39).

O recurso artístico como a pintura ou o desenho "faz com que o


paciente se esforce para traduzir o indizível em formas visíveis,
desajeitadamente, como uma criança." (Jung 1985, p.46).

Para a compreensão de conteúdos oníricos Jung diz:...”estimulo


meus pacientes, nessas horas, a pintar de verdade o que viram no sonho ou
fantasia". (Jung, 1985 p.45).
27

CAPÍTULO III
A PRÁTICA DA ARTETERAPIA NA EDUCAÇÃO, NA
CLÍNICA, NO HOSPITAL E NA EMPRESA

A prática da arteterapia não se restringe à função puramente clínica


ou psicoterápica, a área educacional é um grande campo para a aplicação. A
educação permite o desabrochar do imaginário a partir das práticas
expressivas.

Os educadores têm a função de colaborar com seus alunos pra que


estes definam seus pensamentos limitadores, e reconheçam seus limites,
medos, sentimentos e desejos.

Os alunos sentem-se apoiados quando convidados a vivenciar


experiências nas oficinas de arte, sem críticas e julgamentos. Como a saúde é
resultado de mudanças de maus hábitos ou permanência dos bons, os
educadores devem estimular o auto-conhecimento dos alunos.

Como afirma Urrutigaray (2008),

"Como a saúde decorre de um processo de educação, ou


seja, o de auto-regulação proveniente de um
autoconhecimento de si mesmo, o papel do educador,
atualmente, assume uma dimensão que transcende a
passagem de informações para direcionar o indivíduo
para a vida." (Urrutigaray, 2008, p.39).

A Arteterapia passa a ser um instrumento para minimizar os


problemas de aprendizagem ou de tratamento de dificuldades para aprender.

A utilização de materiais permite vivenciar experiências libertadoras,


podendo retirar bloqueios, traumas, preconceitos. "Promovendo a busca pelo
aprimoramento em direção ao autoconhecimento, em função de se ater ao
28

resgate dos valores essenciais ao homem. agentes de sua transformação,


como sentido de aprendizagem." (Urrutigaray, 2008, p.40).

O objetivo da atividade escolar tem como princípio o


desenvolvimento do potencial criativo. O trabalho tem por critério utilizar
diversos materiais, como sucatas dentre outros, para que sejam estimulados
os processos cognitivos, e despertar a motivação pela busca interior.

Para trabalhar o desenvolvimento intuitivo é necessária a utilização


de materiais como: revistas, jornais, colas, arames em um processo de
construção ou desconstrução. Desta forma trabalha-se também a auto-estima,
as potencialidades individuais, a autenticidade e espontaneidade. Tanto os
docentes quanto os alunos: refletem sobre o processo, permitindo novas
perspectivas. A pesquisa deve ser constante para que a possibilidade de
colaboração seja eficaz. Verificando o cotidiano da escola e colaborando para a
sua transformação. Finalmente a arteterapia pode ser utilizada como elo de
interação entre os vários campos de conhecimento, colaborando na construção
da interdisciplinaridade no âmbito da escola, elaborando a comunicação entre
as possibilidades e limites próprios da ciência e da expressividade, da criação
da arte; fazendo ligações entre anseios gerados pelo mundo atual com o mais
remoto passado, enfim promovendo o desenvolvimento do potencial humano
através de situações que favoreçam a leitura do mundo de maneira ampla, rica
e profunda.

Na atividade clínica a preocupação é quanto ao diagnóstico e


desenvolvimento terapêutico. Através da projeção de conteúdos inconscientes
nas imagens produzidas, o profissional conduzirá o tratamento e fará a
interpretação analítica nas emoções contidas, de acordo com a sua área de
atuação.

Os critérios de trabalho dizem respeito a necessidade da


diversidade de materiais para diferentes atuações como desenho, colagem,
pintura, modelagem e outros.
29

O cliente deve estar à vontade para escolher trabalhar com os


materiais, ou não. Muitas preferem manter-se na terapia verbal. O importante é
o processo analítico; os meios ou materiais são os facilitadores no processo
(Urrutigaray, 2008).

Na atividade hospitalar o objetivo é proporcionar uma catarse


através da manipulação de materiais. Proporcionar um alívio das tensões e
angústias causadas pela internação e tratamento. Tem por critério a
conscientização do profissional quanto a prática arteterapeutica vinculada ao
espaço e tempo de internação. A sua finalidade é unicamente aliviar as
tensões. O material a ser utilizado deve ser, previamente combinado com o
cliente, já que o ambulatório e as enfermarias não tem espaço para guardá-los.
Deve-se verificar a limitação tanto física quanto espacial do cliente, a
possibilidade de mobilidade do mesmo e o horário estabelecido pelas
enfermarias. Afirma Urrutigaray (2008) que o profissional deverá entender: "...
que precisa estar preparado para trabalhar com a frustração: as saídas
inesperadas do paciente sejam por melhora do mesmo (alta) ou por sua morte"
(Urrutigaray, 2008, p.98).

Na empresa o pensar no dia-a-dia corporativo nos traz à lembrança


de um ambiente cheio de tensão, onde os funcionários passam muitas horas
no ambiente profissional. Gastam tempo para a ida ao trabalho, e ao chegar
precisam desenvolver, desempenhar suas tarefas com sucesso, dentro de um
equilíbrio mental. Diante de tantas turbulências, problemas diversos, tanto no
campo profissional como pessoal, tanto o potencial criativo, como e de
tomadas de decisões sofre um enfraquecimento significativo, levando a uma
redução da produtividade. Os funcionários deixam de ser criativos, ficam de
mau humor, desmotivados, o que atrapalha a interação e o trabalho da equipe.
Tais situações podem afetar principalmente, os lucros da empresa.
No atual sistema globalizado, é essencial para uma empresa possuir
funcionários ativos. Quanto mais criativos se tornam, mais soluções
descobrem. Os empresários ganham funcionários mais motivados e que
trabalham melhor em equipe. A Arteterapia tem se tornado uma aliada para os
30

profissionais que trabalham no RH. Pois é uma técnica que resgata o potencial
criativo, trabalha a autoconfiança amplia a capacidade mental. Como o jogo de
xadrez a Arte desenvolve a criatividade, o raciocínio e trabalha pela busca de
novas soluções e alternativas. A técnica utiliza, na empresa, através de um
processo cognitivo, instrumentalizar os funcionários para a busca de novas
saídas para questões existentes no cotidiano organizacional.

A empresa ganha funcionário mais habilidoso, criativo, seguro,


importante para o mundo corporativo. Outra vantagem da aplicação da técnica
é seu baixo custo, pois os materiais, são materiais de baixo custo, como tintas,
pincéis, lápis de cor, giz de cera,cola sucata, dentre outros.

A escolha dos materiais, as atividades a serem aplicadas, assim


como sua interpretação, devem ser realizadas por profissionais que tenham o
domínio das teorias e técnicas de Arteterapia (Junguiana e/ou Arte terapia
Gestalt), ou estejam supervisionados por especialista.
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CONCLUSÃO

No decorrer dessa pesquisa pude perceber o quanto a Arteterapia


pode auxiliar o ser humano. No processo arteterapêutico a argila pode auxiliar
no processo arteterapêutico, ela nos remonta a nossa origem, dando a
possibilidade do encontro com o nosso verdadeiro eu.

A argila por ser um material natural carregado de significado, auxilia


no diálogo entre o consciente e inconsciente, possui um poder alquímico que
nos faz estarmos mais próximo da mãe-terra que nos acolhe e nutre de
sentimentos e criatividade.

Quando utilizamos a argila, percebemos que ela auxilia o


desenvolvimento da criatividade, conduzindo a um relaxamento e a uma
condição de paz, na medida em que libera agressividade e tensões. Esse
relaxamento propicia uma interiorização, nos conduzindo para nós mesmos,
proporcionando o autoconhecimento o que viabiliza a reorganização e a
integração de nossas idéias.

Em busca da reafirmação do meu pensamento e sentimento com


relação ao uso da argila terapeuticamente, pesquisei vários autores que
acabaram por validar essa constatação que dentro de mim, a muito já estava
explícita, o quanto pode ser rica a utilização da argila na arteterapia.

Transformar a argila em um objeto traz a sensação de sermos


especiais, de sermos o criador, fortalecendo assim a auto-estima.

Durante o processo de criação o indivíduo passa por diversas


etapas, desenvolvendo a capacidade de perceber e aceitar os limites que a
argila impõem; exercita o desapego, pois a criação sai de você e pertence
agora ao mundo; relaciona-se com a perda que ocorre durante a queima; o
fazer artístico com a argila é desnudar-se, para se ver refletido no objeto.
32

BIBLIOGRAFIA

BOCK, Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair; TRASSITEIXEIRA, Mª de


Lourdes. Psicologias, Uma Introdução ao Estudo de Psicologia. 13ª ed., São
Paulo: Saraiva, 1999.
FOUCAULT, Michel. Soberania e Disciplina. (1976). In: Microfísica do poder.
Roberto Machado (Org. e trad.) 9ª ed., Rio de Janeiro: Graal, 1990.
FRANZ, Marie- Louise. Mitos da Criação. Tradução Maria Silva Mourão. São
Paulo: Paulus, 2003.
JUNG, Carl G. A prática da Psicoterapia. Tradução de Maria Luiza Appy.
Petrópolis: Vozes, 1985.
SILVEIRA , Nise da .O Mundo das Imagens. São Paulo: Ática,1992.
URRUTIGARAY, Maria Cristina. Arteterapia, A Transformação Pessoal Pelas
Imagens. 4ª ed., Rio de Janeiro: Wak, 2008.

Webgrafia

<http//www.artigos..com/artigos/...Arteterapia.../artigo/.Em cache>Os benefícios


da Arteterapia como auxílio pedagógico. Acesso em 25 fev 2010.
CÂMARA, Fernando Portela. Vida e Obra de Nise da Silveira. Disponível em:
<http//www.Wikipedia> Acesso em 07 de fev 2010.
FOUCAULT, Michel. Soberania e disciplina. 1979. Disponível:
<http//www.wikipedia> Acesso em: 07 de fevereiro 2010.
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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTOS 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I
A Psiquiatria no Brasil: o ontem e o hoje 10
1.1. Antes de Nise 10
1.2. Depois de Nise 13

CAPÍTULO II
Arteterapia: origem. O que é? Como? Por quê? 20

CAPÍTULO III
A prática da Arteterapia na educação, na clínica, no hospital e na
empresa 27

CONCLUSÃO 31
BIBLIOGRAFIA 32
WEBGRAFIA 32
ÍNDICE 33

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